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Psicologia e
Juventudes
Conselho Regional de Psicologia Minas Gerais (CRP-MG)
Comissão de Orientação em Psicologia e Juventudes (COP Juv)
Psicologia e
Juventudes
Belo Horizonte
2024
© 2024, Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais
Organizadoras/es:
DIRETORIA
CONSELHEIRAS(OS)
DIRETORIA
CONSELHEIRAS(OS)
Para pensar as
juventudes: uma
introdução
Referências
Sobre as autoras
O vazio existencial
entre os jovens:
um estudo sobre a
influência familiar
The existential void among young
people: a study on family influence
Resumo
A contemporaneidade aponta múltiplas mudanças de comportamentos
e valores, tais como relativismo moral e a vertiginosa velocidade
das mudanças sociais que direcionam a diferentes percepções e
compreensões quanto à constituição dos “sentidos da vida”. Neste
cenário é possível reconhecer uma parcela significativa da juventude
apresentando comportamentos de risco e nocivos para sua saúde e
para a sociedade, como: drogadição, criminalidade e violência, além
de outros envolvimentos sociais. Esse quadro é indicativo de que
muitos jovens vivenciam um vazio existencial, problema complexo e
multifatorial que sofre influência de aspectos individuais, familiares,
do grupo de pares e do contexto social e cultural. No âmbito da
literatura especializada, o grupo e a estrutura familiar dos jovens têm
sido considerados de destacada relevância, tanto pela importância
em oferecer condições para um desenvolvimento saudável para
os jovens quanto pela necessidade de participar de intervenções
visando à superação das dificuldades experimentadas por ele. O
presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica, abordando
especialmente Viktor Frankl e o sociólogo polonês Zygmunt Bauman
para a análise da realidade social contemporânea. Os estudos
selecionados objetivaram o entendimento das relações entre o vazio
existencial da juventude e a influência dos aspectos familiares e sociais
da atualidade, possibilitando compreender o papel da família, que deve
ser considerada como fator de risco ou de proteção e fornecer bases e
referências saudáveis. Este trabalho possibilitou também reconhecer,
além da família, a importância da participação da sociedade e da
Psicologia em intervenções de prevenção ou enfrentamento do vazio
existencial da juventude.
Abstract
A significant portion of youth today has risky and harmful behaviors
for their health and for society, such as: drug addiction, involvement
with crime and violence. This picture is indicative that many young
people experience an existential void. It is a complex and multifactorial
problem that is influenced by individual, family, peer groups and the
social and cultural context. In the context of specialized literature, the
group and family structure of young people has been considered a
factor of outstanding relevance, both for the importance of offering
conditions for healthy development for young people and for the need
to participate in interventions aimed at overcoming the difficulties
experienced by them. The present work presents a bibliographic
review of works by authors who contributed to the understanding
of the so-called existential void, especially Viktor Flank. Sociologist
Zygmunt Bauman contributions to the understanding of contemporary
social reality were also raised. The studies selected for this research
aimed to investigate the relationship between the existential void of
youth and the family and social aspects of today. It was found that
several values and characteristics of the current times, such as moral
relativism and the dizzying speed at which social changes take place,
can negatively influence young people regarding their choices, which
may be a risk factor for the constitution of meaning for their lives.
To sum up, the importance of the participation of the family, society
and psychology in interventions to prevent or confront the existential
void of youth today is highlighted.
1. Introdução
6. Considerações finais
Procurou-se apresentar, ao longo deste trabalho, a relação entre
a formação de sentido para a vida na juventude da atualidade, as
principais características do mundo em que vivemos que vimos estar
marcado pela liquidez de valores, consumismo e hedonismo e os valores
familiares, principalmente sob a perspectiva social e psicológica.
A família é ainda uma instituição muito importante para a educação, o
fornecimento de referenciais e o desenvolvimento de valores saudáveis
para a juventude. Quando as funções educacionais e referenciais da
família são abaladas, pode-se pensar que os jovens poderão sofrer
sérias consequências, manifestas em: drogadição, desmotivação, uso
excessivo de bebidas alcoólicas, violência e até mesmo suicídio. A esse
quadro chamamos vazio existencial da juventude.
A família não pode ser responsável integralmente pela realidade
bastante comum de vazio existencial da juventude, pois ela também
tem sido contaminada pelos valores de um mundo líquido, marcado
pela exaltação da imagem externa, pelo consumismo e pela relativização
dos valores, valores esses que, no entanto, devem ser repensados, pois
podem ter influência negativa na tarefa dos jovens em construir um
sentido para suas vidas (FLANK, 2005). Há diversas medidas que podem
ser tomadas, dentre elas: campanhas de conscientização, melhoria do
sistema educacional, oportunidades de emprego, lazer e esportes.
Como ciência que busca compreender, de diversas perspectivas,
o comportamento e as motivações humanas, a atuação da Psicologia
é indispensável para o esclarecimento das influências que o mundo
líquido atual exerce sobre as famílias e o modo como estas estão
influenciando, por sua vez, a juventude. O esclarecimento por
parte da Psicologia sobre essa situação deve ser acompanhado por
programas de orientação e intervenções que possam contribuir para
que os jovens sejam capazes de construírem sentidos saudáveis para
sua vida, principalmente com base no desenvolvimento de propósitos
e objetivos também saudáveis.
Os levantamentos realizados indicam que há poucos estudos
realizados e disponíveis sobre a problemática do sentido da vida entre
a juventude da atualidade. Há estudo que indica a eficiência de grupos
terapêuticos, que podem então ser considerados como importante
34 Comissão de Orientação em Psicologia e Juventudes
O vazio existencial entre os jovens: um estudo sobre a influência familiar
Referências
ALMEIDA, L. M. C. et al. As relações entre mídia e pós-modernidade
na visão de professores universitários da cidade de Viçosa, MG.
IV SIMPAC, Anais eletrônicos. Viçosa-MG, v. 4, n. 1, p. 17-22, 2012.
Disponível em <https://academico.univicosa.com.br/revista/index.
php /RevistaSimpac/article/viewFile/184/346>. Acesso em: 20 fev
2020.
Sobre a autora
Estéticas da existência e
transformações no âmbito
das juventudes: cenas de
um estudo com jovens
vivendo com HIV/AIDS
Aesthetics of existence and
transformations in the framework of
youth: scenes of a study with young
people living with hiv/aids
Lara Brum de Calais
Juliana Perucchi
Resumo
Abstract
1. Introdução
ção das juventudes. Nesse sentido, o manuscrito parte das (ou situa-se
dentre as) problematizações sobre os modos de se produzir política e
as condições de possiblidade de que as juventudes possam atuar na
reinvenção de modelos políticos que operam a/na sociedade.
O intento abordado por esse capítulo tem como base inicial as aná-
lises realizadas em uma pesquisa de doutorado de uma das autoras,
trazendo recortes ilustrativos do campo de pesquisa junto a jovens vi-
vendo com HIV/Aids, especialmente aqueles/as que participam de co-
letivos e/ou movimentos sociais. Superando o próprio escopo da tese,
as discussões aqui ampliadas trazem reflexões sobre o tema para a plu-
ralidade das juventudes existentes. Assim, reúnem-se aqui temáticas
relacionadas à estética, política e juventudes, articulando análises e
sínteses que possam gerar pontos de inflexão para a abertura de alter-
nativas na concepção do dissenso como acontecimento com potencial
de fissura nas formas hegemonicamente instaladas dos modos de se
fazer política.
As problematizações apresentadas assumem posição crítica, circu-
lando entre os estudos da Psicologia Política, associados a leituras so-
bre processos de subjetivação e sociedade. Para tanto, as discussões
sobre estética e política se dão apoiadas, sobretudo, na perspectiva do
filósofo Jacques Rancière. Com isso, as linhas que desenham o capítu-
lo versam sobre três sínteses que reúnem recortes de análises sobre
as temáticas sinalizadas, circunscrevendo-as mais especificamente: na
compreensão da dinâmica da partilha sensível (1); no nó de instalação
da cena polêmica dissensual (2); nas fissuras na estética sensível (3).
Essas, atravessadas por discussões que compõem a existência das ju-
ventudes no cenário contemporâneo.
3. Aspectos metodológicos
5. Considerações finais
Referências
______. Nossa ordem policial: o que pode ser dito, visto e feito.
URDIMENTO – Revista de estudos em Artes Cênicas. Florianópolis v.
1, n. 15, p. 81-90, 2010a.
Sobre as autoras
Juliana Perucchi
Professora Associada II do Departamento de Psicologia da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF)
E-mail: jperucchi@gmail.com
lattes: http://lattes.cnpq.br/9564862150352141
O (im)possível da
clínica frente ao real
da pandemia
The (im) possible in the
clinic against the real
of the pandemic
Resumo
Abstract
1. Introdução
2. O (im)possível da clínica
6. Considerações finais
Referências
Sobre as autoras
A vida frente as
telas: configurações
da adolescência
e juventude na
virtualidade
The teenager in front of
the screen: the adolescence
configurations in the virtuality
Resumo
Abstract
“[...] é preciso dar liberdade, e para isso existe dois caminhos: dar
uma liberdade sem limites, que é o mesmo que abandonar um
filho; ou dar uma liberdade com limites, que impõe cuidados,
cautela, observação, contato afetivo permanente, diálogo,
para ir seguindo passo a passo a evolução das necessidades e
das modificações do filho.” (ABERASTURY; KNOBEL; 1981, p. 22,
grifo nosso)
4. Considerações e (in)conclusões
pais.
Finalmente, cabe dizer que, tanto em Aberastury e Knobel (1981),
quanto em Le Breton (2017), há uma certa cautela em patologizar
os fenômenos da adolescência. Apesar de toda marginalização e
inconformidade social, de toda turbulência e confusão do processo
e de toda provocação e transformação que a adolescência provoca
em seu meio, ela não é um processo necessariamente patológico,
não necessitando de tratamento. Assim como os psicanalistas
afirmaram há quase 40 anos ser difícil assinalar o limite entre o
normal e o patológico na adolescência, considerando toda a oscilação
e instabilidade deste período de vida como normal, Le Breton (2017)
considera que a patologização e a medicalização da adolescência
deve ser compreendida dentro do modelo de sociedade na qual nos
inserimos. Além disso, verifica-se na nossa sociedade, “(...) o aumento
do uso de vocabulário patologizante para evocar comportamentos
singulares” (LE BRETON, 2017, p. 29).
Referências
Sobre a autora
Psicologia e juventudes:
entre concepções e
metodologias, a escuta
com jovens em contextos de
(pós) distanciamento social
Psychology and youth(s): between
conceptions and methodologies,
listening with young people in contexts
of (post) social distance
Resumo
Abstract
1. Introdução
2 Os filhos da personagem Ana do Jacinto são jovens moradores de uma favela destruída por política urbana
de desfavelamento na metrópole. Na sua escrevivência, escrita implicada com a vida e experiências da popu-
lação negra, sobretudo de mulheres negras, Conceição Evaristo faz-nos ver conexões entre sua literatura e sua
trajetória negra feminina. Ex-moradora da Favela do Pindura Saia, em Belo Horizonte, espaço removido para
construção de avenidas, ruas e do Mercado do Cruzeiro (ponto turístico da capital), a professora e escritora
mineira trabalhou como empregada doméstica durante sua juventude. Quando conseguiu formar-se no curso
normal, foi desencorajada por uma das patroas, a qual afirmou que pouco adiantaria para jovens mulheres
negras como ela estudarem, pois nunca conseguiriam ser indicadas para trabalho como professora. Conceição
Evaristo mudou-se para o Rio de Janeiro, foi aprovada em concurso de magistério, deu aulas, concluiu mestrado
e doutorado. O reconhecimento de sua escrita veio apenas quando já era idosa, o que nos ajuda a desconstruir
discursos de meritocracia e a enxergar interdições impostas pelo racismo associado ao sexismo.
3 Não desejamos generalizar e reconhecemos que muitas escolas particulares de médio e pequeno porte en-
frentaram muitas dificuldades, inclusive algumas encerrando suas atividades ou perdendo muitos alunos em
razão das dificuldades de se adequarem à realidade do ensino remoto. Neste momento do texto, nos referimos
especialmente às escolas particulares de médio e grande parte que, em comparação às particulares de peque-
no porte, e à rede pública, responderam bem mais rapidamente.
Referências
Sobre os autores
Psicologia, adolescências,
juventudes e desigualdade
social: um diálogo necessário
para a visualização do
sujeito e da sua
subjetividade
Psychology, adolescence, youth and
social inequality: a necessary dialogue
for the realization of the subject
and its subjectivity
Núbia Vieira de Souza
Resumo
Abstract
1. Introdução
esforço de produzir esse item buscou levantar esses desafios nos quais
me senti convocada a participar nos enfrentamentos das contradições
sociais que se colocam na prática social e acadêmica principalmente
no encontro com adolescentes e jovens em cumprimento de medida
socioeducativa de privação de liberdade.
4 Os dados empíricos utilizados são resultado da pesquisa da tese de doutorado intitulada: A música entra em
cena: o rap e o funk na socialização da juventude em Belo Horizonte, apresentada na Faculdade de Educação
da USP em julho de 2001.
5. Considerações finais
Referências
Sobre a autora
Produzindo
questionamentos sobre
o/a jovem chamado/a
‘‘nem nem’’ a partir de
pesquisas sobre juventude
e das experiências de
jovens pobres
Producing questions about the so-
called nem nem youngsters in researches
about youth considering Brazil poor
youngsters’ experience
Paulo Roberto da Silva Junior
Claudia Mayorga
Conselho Regional de Psicologia Minas Gerais (CRP-MG) 131
Paulo Roberto da Silva Junior, Claudia Mayorga
Resumo
Abstract
5 O salário mínimo em 2011 foi fixado em R$ 545,00, de acordo com a Lei nº 12.382, de 2011.
considerados de risco.
Como campo de intervenção social, os/as jovens pobres
participaram de ações voltadas para a profissionalização e a aquisição
de conhecimentos, reconhecem a importância delas em suas vidas, mas
frustram-se por elas não cumprirem o objetivo, seja pela precariedade
da formação, pela reprodução de trajetórias profissionais desvalorizadas
socialmente ou pelos impasses colocados pelo mundo do trabalho,
que repele os/as jovens a partir dos preconceitos contra o/a jovem
preto/a, pobre, periférico/a. Assim, as noções compartilhadas sobre
os/as jovens chamados/as nem nem parecem produzir estratégias
que reforçam a identidade que querem, pelo menos na letra do papel,
desconstruir.
Em relação aos direitos educação e trabalho, destacamos a
importância de ambos na construção da mudança social a partir do
aprendizado e da transmissão de conhecimentos, valores, ideologias e
atitudes capazes de produzir a autonomia e emancipação dos sujeitos,
e estes provocarem mudanças na sociedade.
As instituições educacionais permitem, assim, construção do
conhecimento, espaços de diálogo, troca de experiências, convivência
com a diversidade e produção de estratégias políticas para garantir o
acesso aos direitos sociais. O direito à escola não pode se resumir ao
debate do ensino propedêutico ou técnico, pois é um espaço coletivo,
de relação entre os sujeitos diversos, um lócus social onde se concretiza
a reprodução do velho e a construção no novo.
Em relação ao trabalho, temos vivenciado um contexto marcado
pela insegurança ocupacional dos indivíduos, reforçada pelo fim
da equiparação entre trabalho e emprego, por uma flexibilização
das leis trabalhistas que garante o lucro dos empresários através
da expansão da mais-valia e retira direitos dos/as trabalhadores/as.
A impossibilidade cada vez mais presente de construir biografias e
identidades centradas no trabalho protegido pelas leis trabalhistas
pode ser vista, nesse sentido, como um elemento que tem sustentado
o trabalho como um tema de debate, objeto de interesse e questão
de preocupação no nosso contexto social. Não seria diferente essa
preocupação por parte e para os/as jovens, especialmente os/as mais
pobres. O tema do trabalho encontra-se, assim, na pauta de interesses
Referências
Sobre os autores
Claudia Mayorga
Doutora em Psicologia Social pela Universidade Complutense de Madri. Professora do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais/
UFMG e coordenadora do Núcleo Conexões de Saberes na UFMG. Brasil.
E-mail: claudiamayorga@ufmg.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8982681063835719
Grêmio Estudantil e
protagonismo juvenil:
ações diante dos
desafios
Student Council and youth
protagonism: actions in the
face of challenges
Resumo
Abstract
1. Introdução
2. Metodologia
3. Resultados e discussão
4. Considerações finais
Referências
MELO, Luciano Plez de; SALLES, Leila Maria Ferreira. Escola, juventude
e perspectivas de futuro: alguns apontamentos. Cadernos CEDES,
Campinas, v. 40, n. 110, p. 86-96, 2020.
Sobre os autores
A revolução é coletiva:
influência do coletivo
"Vozes da Rua" no
empoderamento e
protagonismo juvenil
The revolution is collective: the
influence of “Vozes Da Rua”
collective on empowerment and
youth protagonism
Izabella Figueira Carlos
João Paulo Soares Fernandes
Juliane Ramos de Souza
Paulo Martim Santos
Orientadoras: Adriana Woichinevski Viscardi,
Ana Luísa Marlière Casela
168 Comissão de Orientação em Psicologia e Juventudes
A revolução é coletiva: influência do coletivo "Vozes da Rua" no empoderamento e protagonismo juvenil
Resumo
Abstract
1. Introdução
2. Métodos e procedimentos
3. Análise de dados
4. Resultados
6 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
7 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
8
Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
9 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
10 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
ele não arrumasse o corre dele pra ganhar dinheiro ele ia passar fome.
Então, ele era um moleque que já 13 anos de idade ele já traficava. Ele
fazia pequenos tráficos pra poder comer. ” (P3) O P3 pontuou nesta
fala sobre o descaso que a periferia sofre, e as estratégias que pessoas
em situação de vulnerabilidade criam para sobreviver ao sistema.
Outro participante trouxe uma reflexão acerca da culpabilização
que o Estado designa para a periferia: “Outro dia eu estava assistindo
um clipe de um Mc e ele falava: “Na periferia conflito é claro que
tem, mas a demanda, de onde vem”? Tipo eles jogam para nós sabe,
mas a periferia não fabrica fuzil, não fabrica armamento. Esses dias
foi preso um policial com carro com 8 fuzil, 7 pistolas automáticas,
material que na comunidade não é fabricado. Aí a gente vê políticos aí
falando: “Vamos acabar com a violência, vamos acabar com o tráfico
de drogas!” Aí eles entram na comunidade dando tiro em todo mundo,
e fala que isso é acabar com a violência, sendo que os moleques do
morro só vendem o que eles entregam. (...)essa desigualdade aí que
a gente tem que combater, que a gente tem que espalhar, entende?
É uma demanda que tem que ser trabalhada pela sociedade”. (P7)
“Bezerra da Silva que fala “Ladrão é o pessoal de colarinho”, vai um
favelado roubar uma galinha mano, é cadeia na hora, entende?” (P5)
Com essas considerações é possível notar que os participantes têm
consciência de que a periferia é segregada pelo próprio Estado, que
violenta ainda mais a periferia. Ainda é possível ver que os mesmos
enxergam os agentes do Estado como parte do problema estrutural.
11 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
12 Dados da Entrevista. Pesquisa de Campo realizada com o Coletivo “Vozes da Rua” em 2019.
5. Discussão
6. Considerações finais
Referências
Sobre os autores
Orientadoras:
Resumo
Abstract
1. Introdução
13 Ver mais em: Abramovay (2006); Abramo e Venturi (2000); IBGE (2010, 2019).
14 O programa BH Cidadania foi criado no ano de 2000 pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH). Em
2002, uma experiência-piloto foi implantada em áreas de grande vulnerabilidade social, localizadas nas noves
regiões administrativas da cidade, posteriormente se expandindo por várias vilas e favelas. O programa visava
promover a inclusão social da população residente nessas áreas, através de um trabalho intersetorial. A atu-
ação, de 2002 a 2008, da Fundação Municipal de Cultura (FMC) teve como objetivo contribuir para a inclusão
social das comunidades, ampliando seu acesso aos bens e manifestações culturais da cidade, através da reali-
zação de oficinas e mostras artístico-culturais
15 A entrevista realizada com Bruno foi gravada, em áudio, no dia 13 de novembro de 2010, na cidade de Belo
Horizonte e, posteriormente, transcrita na íntegra. As falas citadas do entrevistado referem-se a essa entrevista
e estão identificadas como transcrição de gravação de entrevista.
“[...] nó fiquei cinco anos (no grupo lá), ali eu vi muita coisa
diferente, eu já via tanta coisa na televisão aquele programa
Raul Gil (aqueles grupos que ele chamava ali) eu ficava olhado
aquilo, eu ficava vendo, ia pra festival de dança, eu via muito
estilo diferente nossa (a gente já tava desgastado) eu queria mais
e nisso eu fui procurar mais, fui, mas na época o meu professor
ele não aceitou eu procurar mais, pegô e fez reunião com o
grupo todo e queria me tirar do grupo [...] isso porque...quis
sair pra outro rumo né, "ah o Bruno não pode ter outro grupo
ainda", sei que ele falou comigo que eu não tinha capacidade
de ir pra frente e nisso ai eu falei com ele "não, eu tenho, eu
acho que eu tenho" ainda falei brincando, acho que eu tenho.
Minha mente foi passando tanta coisa sabe, tanta dança que
eu via, eu precisava criar pra mim eu brincava lá em casa de
montar coreografia, montava algumas coisinhas simples e foi
“[...] dei aula nesse grupo sem saber nada, consegui montar
minha primeira coreografia nesse grupo, que era um grupo
que era de uma ONG nessa época.” (transcrição de gravação
de entrevista)
“[...] gente juntava, a gente, ah, vamos pro Festival, nós temos
uma tanto de dinheiro, deu um tanto da van e um tanto da
nossa inscrição, nós vamos, e pra gente comer.” (transcrição de
gravação de entrevista)
“[...] aí certo tempo esse grupo vem ensaiar aqui no NAF, (...)
nisso tudo a gente vinha, dançava nas comemorações que tinha
aqui, na vila, o pessoal passou gostar muito da gente(...) fui
taxado como referência.” (transcrição de gravação de entrevista)
Bruno disse ter passado por muitas dificuldades, mas que encontrou
uma estrutura de grupo, acolhimento, reconhecimento e uma
continuidade das oficinas naqueles projetos dos quais que participou.
Referências
Sobre a autora
Os jovens e as medidas
socioeducativas: o funk
como ferramenta de
emancipação
The youngsters and the social-
educational measures: the funk
as a emancipation tool
Resumo
Abstract
2. Cultura e criminalização
3. Metodologia
como pode servir como uma força de legitimação desse discurso que
não entende as diferenças culturais dentro de um mesmo sistema.
5. Considerações finais
Referências
materias/2017/09/13/criminalizar-funk-e-discriminar-juventude-das-
periferias-avaliam-debatedores-na-cdh/>. Acesso em: 19 de jul de
2020
Sobre os autores
Juventudes e acolhimento
institucional em
repúblicas: a Psicologia
no enfrentamento
das desigualdades
raciais e sociais
Youths and institutional shelter in
republics: Psychology in facing
racial and social inequalities
Resumo
Abstract
The present work is about the theme of Youth who lived in Republics, a policy
addressed to young people aged 18 to 21 years old who have come from
institutional care. In the survey on Psychology productions, a shortage of
material was found. Therefore, the discussion was carried out based on a non-
systematic search for regarding issues that pervade the integral protection
practices addressed to youth. We go through the complexity of the concept
of youth and the centrality of the right to family life in order to question how
protection practices are addressed to this youth, with the horizon of the
prolongation of the pandemic and considering the crossing of race and class.
Finally, the work points to the need for productions about the theme in order
to support the ethical practice of psychology and to promote practices built in
conjunction with this population, as one of the ways of facing racial and social
inequalities.
1. Introdução
16 Definiu-se a instituição com o uso da palavra projeto devido ao fato da dissertação ser anterior a promulgação
das normativas sobre os serviços de acolhimento (BRASIL, 2009).
O ECA define em seu artigo 101 que, em casos de violação de direitos das
crianças e adolescentes, deve-se aplicar medidas de proteção, dentre elas
destacamos o acolhimento institucional (BRASIL, 1990). Em 1993, temos a
criação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) (BRASIL, 1993), buscando
inaugurar um novo momento da assistência social. Em 2004, com o intuito
de operacionalizar e padronizar nacionalmente a rede de proteção e de
garantia de direitos, temos a promulgação do Plano Nacional de Assistência
Social (PNAS). Esse Plano criou diretrizes nacionais e propôs a atuação
descentralizada, ou seja, a necessidade de atuar com as famílias a partir de
seus territórios e suas particularidades (BRASIL, 2004). Assim, a política de
assistência social foi dividida em dois níveis de atuação: a Proteção Social
Básica (PSB) e a Proteção Social Especializada (PSE).
A partir dessa organização o fluxo de atendimentos às famílias e seus
houve a formação de uma nova maneira de ser e de agir, que necessitava ser
definida, sendo a Psicologia uma das áreas elencadas para estudar e definir
essa população (GROPPO, 2000).
A partir desse viés temos a elaboração de estudos da Psicologia voltados
para o desenvolvimento humano, que concebeu essa faixa etária enquanto
um período de transição para a vida adulta, criando assim o conceito de
adolescência, elencando as transformações dessa faixa etária, seus problemas
e quais as formas adequadas de enfrentá-los (NOVO; MENANDRO, 2000).
Contudo, essa abordagem criou critérios ambíguos para essa população,
pois ela é concebida sobre a problemática do conflito e a partir de uma
tentativa generalizante do que é ser adolescente, o que trouxe a esse grupo a
irresponsabilidade como característica. Essa mesma questão é observada na
pesquisa nacional de Abramo e Branco (2005), que criticou essa perspectiva
demonstrando como os jovens, a partir de suas próprias opiniões, estão
envolvidos com a transformação social, ao mesmo tempo que há uma visão
de outros grupos que evocam o viés da irresponsabilidade e de ser uma fase
de transição.
Em estudo sobre os discursos midiáticos relacionados à violência entre
jovens, tendo como fonte jornais de grande circulação na cidade de Brasília
e Pernambuco, Almeida, Almeida, Santos e Porto (2008) evidenciaram
mudanças no discurso, conforme o recorte de classe dessa população. Para
os jovens pertencente às classes médias, as matérias jornalísticas trouxeram
uma extensa história de forma a sensibilizar seus leitores e enumerar causas
da violência externas a quem as cometeu. Por outro lado, no caso dos jovens
de classes populares, sua história é apagada completamente e até mesmo
seus nomes, sendo citados como menores e localizados em uma dinâmica de
violência que tem por base explicativa a pobreza e a culpabilização individual
(ALMEIDA et al. 2008).
Ao levarmos esse debate para o campo das políticas públicas, em
específico para o acolhimento institucional, começamos a identificar questões
históricas relacionadas às classes populares, como o extenso relato de práticas
coercitivas e asilares, destinadas a uma população marcada pela pobreza e
predominantemente negra, desde o período Colonial até a Ditadura Militar
(PEREZ;PASSONE, 2000), e que ainda ressoa em práticas individualizantes e
preconceituosas nas políticas de acolhimento (ASSIS; FARIAS, 2013). Partindo-
se da noção de periculosidade, de delinquência e a promoção do constante
5. Considerações finais
Referências
KEHL, Maria Rita. A juventude como sintoma da cultura. In: NOVAES, Regina;
VANNUCHI, Paulo (orgs.). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura
e participação. São Paulo: Perseu Abramo, 2004.
MOREIRA, Maria Ignez Costa., CARELLOS, Soraia Dojas M.S (org.). Famílias em
vulnerabilidade social: é possível auxiliar sem invadir? 1. Ed. – Curitiba, PR:
CRV, 2012.
RIZZINI, Irene. Vida nas ruas: crianças e adolescentes nas ruas: trajetórias
inevitáveis.Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2003.
Sobre os autores
O racismo e o genocídio
da juventude negra
no Brasil: perspectivas
necropolíticas
Racism and the genocide of black in
Brazil: perspectives necropolitics
Resumo
Abstract
Epígrafe
Introdução
17 Deixa-se aqui os agradecimentos aos envolvidos e à toda equipe de produção audiovisual; a música e seu
videoclipe completo podem ser encontrados neste link: https://www.youtube.com/watch?v=WN-FgwTkqhY
18 Evento ocorrido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O 4º Colóquio Internacional - Direito e
Psicanálise: Instituições e Poder, realizado no dia 22 de agosto de 2019, trouxe diversas perspectivas relacionando
a teoria psicanalítica lacaniana com os debates acerca da criminalidade e da criminalização da população bra-
sileira; enfoca-se, particularmente, a discussão tratada pela Dra. Vera Malaguti (UERJ - Universidade do Estado
do Rio de Janeiro) sobre Crime e Guerra no Brasil Contemporâneo.
20 Deixa-se aqui menção e agradecimento ao doutor, mestre e professor Fábio Roberto Rodrigues Belo (UFMG),
assim como ao restante da equipe orientada pelo mesmo nas reuniões do grupo Psicanálise e Política (Inicia-
ção Científica e Pós-Graduação); ademais, segue como sugestão complementar à discussão sua playlist do
Youtube do Grupo de estudos e leitura: Crítica da razão negra, do Achille Mbembe. https://www.fabiobelo.
com.br/?p=1193.
Considerações finais
Referências
Sobre os autores
A experiência de estágio
como espaço de apreensão
dos territórios e das
múltiplas realidades
sociais de jovens da
regional Barreiro
The internship experience as a space for
apprehending the territories and the
multiple social realities of young people
from the Barreiro region
Cérise Alvarenga
Luiz Felipe Viana Cardoso
Resumo
Abstract
Introdução
21 Essa Emenda alterou a denominação do Capítulo VII do Título VIII, modificando seu art. 227, para cuidar dos
interesses da juventude, entrando em vigor em 13 de julho de 2010.
Método e procedimentos
22 Como Centro Referência da Juventude (CRJ); Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de
Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), Unidades Básicas de Saúde (UBS), Organizações Não
Governamentais (ONGs), dentre outras.
Considerações finais
Referências
Sobre os autores
Cérise Alvarenga
Psicóloga pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Doutora pela Universidade
de São Paulo (USP). Professora do curso de Psicologia do Centro Universitário UNA.
Gestora em projetos e serviços nas áreas de Assistência social, Educação e Cultura.
E-mail: cericealvarenga@yahoo.com.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2357764743125534
Juventudes do campo:
olhares a partir da
Psicologia
Rural youth: views from Psychology
Resumo
Abstract
Apresentação
Considerações Finais
24 No Chile, as escolas rurais recebem uma subvenção para que se contratem profissionais diversos para atuar
nas escolas e garantir uma melhoria nos processos de ensino-aprendizagem. É comum que se contratem uma
dupla psicossocial, composta por profissionais de Psicologia e Assistência Social, ou outros profissionais da
área das Ciências Sociais e Humanidades.
Referências
Sobre os autores
Posso me tatuar ou
devo ser pai e trabalhar?
Os significados das
tatuagens de jovens
moradores de periferias
e bairros populares
Can I get a tattoo? The meanings
of tattoos by young people living in
ghettos and popular neighborhoods
Resumo
Abstract
The following text aims to present the data and reflections produced
from an exploratory study, which aimed to investigate the meanings of
tattoos young man´s bodies, residents of popular neighborhoods, and
the possible relationship between these meanings and the construction
of male identities. Two sources were used in the data collection: a) ten
interviews with young men, aged 18 to 28, living in neighborhoods of
lower income classes in the cities of Belo Horizonte and Santa Luzia
in Minas Gerais and; b) 63 tattoos photographs of young people
interviewed. With the purpose of understanding and analyzing how
the masculinities of these young people are expressed, we started from
the meanings attributed by them to their tattoos and from the analysis
of images. It was concluded that, for the young people interviewed,
being a young tattooed man, in the society we live in, with the ages
they have, with the social conditions they have, both affirms situations
that involve stereotypes and prejudices related to masculinities and
ghetto youths, how you can present new possibilities and expectations
for your male and youth identities, especially in aspects related to
insertion in work and family. Tattooing has also shown itself as one of
the possibilities of saying who you are, of being judged, of disagreeing,
resisting or simply being free to express new answers on your skin, in
addition to saying what you think and what you want for the world
you live in.
1. Introdução
2. Desenvolvimento
3. Conclusão
Referêncaias
Sobre a autora
Resumo
Esse estudo tem por objetivo lançar luz sobre a violência contra mu-
lheres jovens praticadas por parceiro íntimo. Busca compreender as
diversas formas de juventudes, e, de modo especial, as experiências da
ralé brasileira, envolvendo as desigualdades sociais e a vulnerabilidade
em correlação com a violência. Para isso, utiliza-se a revisão bibliográ-
fica sobre os temas propostos. Percorre-se as características da juven-
tude brasileira em associação com a violência e suas consequências,
exibindo dados de documentos produzidos por instituições federais e
internacionais. Os dados também são comparados com os contextos
descritos no texto Ralé Brasileira de Jessé Souza. Conclui-se que, de
modo especial, as mulheres são mais afetadas pelas responsabilidades
da vida doméstica, bem como no contexto da vida amorosa, pelos inú-
meros desafetos vividos desde a infância. A violência e vulnerabilidade
atingem de modo ainda mais grave a mulher negra. A promoção da
igualdade de gênero e racial e a intolerância à violência podem ajudar
na prevenção da violência praticada por parceiro íntimo. A(o) psicoló-
ga(o) deve agir com uma escuta acolhedora, sem responsabilizar uni-
camente a jovem pela situação em que vive. É necessária uma abor-
dagem interdisciplinar e intersetorial, pois ações de responsabilização
individual não rompem com relações de poder. As notórias conquistas
através dos movimentos sociais revelam que ações que promovam um
feminismo plural podem ser o caminho para que se rompa a opressão.
Abstract
This study aims throw light at the violence against young women prac-
ticed by an intimate partner. It seeks to understand the different forms
of youth, and, in a special way, the experiences of Brazilian commo-
ner, involving social inequalities and vulnerability in correlation with
violence. For this, a bibliographic review on the proposed themes is
used. It examines the characteristics of Brazilian youth in association
1. Introdução
2. Método
3. As juventudes brasileiras
com um teto que deixa a chuva passar e com restos de tintas de outras
obras, conseguidos por parentes. E depois de todo esse contexto ainda
é incompreendido como essa pele é insensível aos toques mais suaves.
O início da vida sexual é exigido como prova de amor pelo parceiro.
Com um misto de culpa e medo por ter se entregado fácil demais, essa
jovem não sente que alguém possa lhe dar consolo. Como agravante
ainda pode descobrir que companheiro usa drogas, ou mesmo correr
uma gravidez indesejada, já que ninguém lhe deu orientações sobre
seu copo. A juventude lhe foi roubada, a antiga menina digna de
um corpo erotizado e cobiçado se transforma em uma jovem mãe,
descartada por seu companheiro e candidata ao abuso de todos os
homens. Ao invés de conversas sobre o corpo e sobre sexualidade
desde a tenra idade, as mães ensinam o jogo da dissimulação com
palavras e gestos, já que elas próprias nunca puderam relaxar e brincar
em sua própria vida sexual. Diferente das jovens de classe média que
possuem fontes de afeto tais como as amizades e o reconhecimento
social pelos estudos e trabalho, a esperança da jovem da ralé se dá na
vida sexual e na busca por um parceiro. O desvalor de ser mulher pobre
condensa-se como produto de dupla dominação: primeiramente de
gênero e depois de classe (SOUZA, 2009).
6. A via do feminismo
7. Discussão
8. Considerações finais
Referências
Sobre a autora
Autolesão, violência
autoprovocada ou
automutilação em
jovens: qual a
nomenclatura
mais apropriada?
Self-injury, self-inflicted violence or
self-harm in young people: what is
the most appropriate nomenclature?
Resumo
Abstract
Introdução
Referencial Teórico
Metodologia
Resultados
Discussão
Considerações Finais
Referências
Sobre a autora
Resumo
Abstract
1. Introdução
Miguel, tal qual Afrodite, conta que a tentativa não foi planejada,
mas aconteceu num momento em que ele se sentia como panela de
pressão. A tentativa foi “de uma hora para outra” pois queria “colocar
um fim em tudo”. Esclarece que “Na hora, eu não estava pensando em
nada não... Só em suicidar mesmo”, diz que “a situação [emocional]
estava muito difícil, não estava dando mais para segurar a onda, não.
De tudo. Emocional” (Miguel, entrevista 2).
Braga e Dell’Aglio (2013) observaram que, geralmente, o tempo
de latência entre a tomada de decisão e a efetivação do ato não é
grande – tal qual ocorre com esses três jovens participantes desta
pesquisa. Avanci, Pedrão e Costa Júnior (2005) registram que a maior
frequência de tais tentativas acontece nas próprias residências dos
sujeitos – mais uma vez tal qual ocorreu com os jovens entrevistados.
A intencionalidade para a tentativa de suicídio (BOTEGA, 2015)
envolve ideias de morte, ideias de suicídio, tentativa prévia de suicídio
e plano suicida, ou seja, podem estar presentes no sujeito ideias sobre
a possibilidade, mas com rejeição de sua realização (ideias de morte),
ideias mais persistentes com vistas ao alívio de determinada situação
(ideias de suicídio – como o “plano B” de Marcos) até o plano para
o suicídio, que pode envolver o preparo (conhecer as formas e sua
efetividade), adquirir os meios e tomar providências, como deixar
cartas ou despedir-se de pessoas.
As tentativas de suicídio, sem “pensar em nada” mais, aparecem
como forma de encerrar uma situação insuportável, representando
uma saída, uma forma de encerrar a dor. A gota d’água – o fator
desencadeante, em linguagem médica (BOTEGA, 2015) – pode ser o
dia muito cansativo de Afrodite, o rompimento amoroso de Marcos
ou nem ser claramente identificado, como no relato de Miguel. Mas,
ao ouvir os relatos sobre seus modos de vida, identificamos situações
extenuantes: o “trabalho + estudo” de Afrodite e a pressão de “passar
de primeira”; a cidade nova em que Marcos morava, o curso que
lhe exige muita dedicação para ter um desempenho próximo ao da
turma, e não mais extremamente superior como ocorrera no ensino
fundamental e médio.
No mundo contemporâneo, a aceleração do cotidiano é perceptível
e, nesse contexto, espera-se que decisões como a escolha da carreira
Sandro também fez uma tentativa após uma briga. No seu caso,
com os amigos virtuais, com quem joga e assiste filmes e séries, após
ingestão de bebida alcóolica. Ele conta: “Eu tentei suicídio. Eu ia colocar
carvão no banheiro. Ia tentar pôr… fumaça. Tira o oxigênio do cérebro
e eu... Eu só peguei e fiz. Eu não estava pensando muito, eu só, eu só
agi por impulso. Estava muito triste. Aí eu tinha bebido. E eu fiz por
impulso” (Sandro, entrevista 1)
Os relacionamentos abusivos, como Hamilton classifica algumas
de suas relações afetivas, foram os eventos que o levaram a mais de
uma tentativa de suicídio: “Tive dois relacionamentos extremamente
abusivos [...] que me deixaram bastante magoado. Todos os términos
que eu tive, depois deles, eu tentei suicídio. Uma tentativa depois de
cada” (Hamilton, entrevista 1).
Aos 21, Hamilton já havia tentado suicídio quatro vezes, num
intervalo de setes anos:
por meio de atos que muitos anunciam que algo em suas relações não
vai bem. Marcos, Miguel, Rita, Sandro e Hamilton tinham um histórico
de duas ou mais tentativas de suicídio. Para Botega (2014), ter uma
tentativa prévia deve funcionar como um alerta para o cuidado, sendo
importante estratégia para prevenção dos suicídios.
fato de ela “ser muito fechada”, do que ela discorda: “Eu tenho amigos,
não é que eu seja sozinha, mas é só os que tem. Eu não faço nenhum
outro tipo de amizade, eu não gosto de me envolver, relacionamento
é a última coisa que eu quero agora... eu prefiro me manter sozinha e
me virar sozinha...” (Afrodite, entrevista 1).
Sua dificuldade em confiar nas pessoas tem origem, segundo ela
conta, após a morte da avó e do momento em que o pai saiu de casa:
“desde meus oito anos de idade, quando eu perdi meu pai e minha avó
[...] eu sou assim. Então, eu não sei te falar quem é a outra Afrodite...
eu virei assim, me tornei isto” (Afrodite, entrevista 1). “Isto” refere-se
a alguém com dificuldade em confiar nas pessoas e deixar que elas se
aproximem, o que explica os poucos amigos e namoros.
Quanto à rede de suporte de Marcos no período em que a tentativa
ocorreu, ele diz que seus amigos estavam próximos, mas esperava o
suporte de uma pessoa específica, o que não ocorreu: “[...] A minha
família não estava próxima e, na época que eu fiz a cirurgia, eu ainda
estava com aquele rapaz e eu esperava um certo suporte dele que eu
não tive, e isso também foi uma coisa que pegou e também a família
estava longe...” (Marcos, entrevista 1).
Marcas da infância que ainda causam dor, rede de apoio frágil e
restrita, e situação de violência na trajetória de vida apontam para
uma condição de vulnerabilidade social desses jovens.
A rede de apoio destes, aparentemente, é pequena. Todos trazem
a dificuldade de encontrar alguém de confiança para conversar. Miguel
e Afrodite apontam a mãe como a principal e quase única referência,
enquanto Marcos relata a dificuldade de se expor até mesmo
para profissionais de saúde, por acreditar que suas falas seriam
desacreditadas. Em outro estudo, os jovens também se queixavam
da falta de oportunidade para refletir e conversar com pessoas de
confiança sobre as situações que vivenciavam no cotidiano e sobre
seus sentimentos. Queixavam-se sobre, muitas vezes, não serem
escutados, mesmo quando procuravam ajuda (BENINCASA; REZENDE,
2006). Teixeira (2004) aponta que o vínculo familiar e o escolar podem
ser tanto fatores de risco quanto fatores de proteção para os jovens.
Vínculos afetivos positivos e relacionamentos familiares podem ser
fatores protetivos, segundo Christante (2010). Os vínculos familiares
“É quando está tudo muito... está tudo muito [faz gestos com
as mãos, se aproximando] ... fechando muito... me deixando
meio atribulado igual panela de pressão, aí eu penso, mas...
eu penso na minha mãe, na minha filha e eu não quero não.”
(Miguel, entrevista 2)
5. Considerações finais
Referências
CLARKE, V. Thematic analysis: What is it, when is it useful, & what does
“best practice” look like? YouTube, 9 de dezembro de 2017. Disponível
em<https://www.youtube.com/watch?v=4voVhTiVydc&feature=you-
tu>. Acesso em: 27 ago 2020.
Sobre as autoras
Juventude,
homossexualidade
e família: uma
experiência dentro
e fora do armário
Youth, homosexuality and family:
anexperience in and out of the closet
Resumo
O artigo discute as questões da juventude e da diversidade sexual,
articulando-as com as concepções de família. Enfatizamos as tensões
em relação à afirmação da homossexualidade dos jovens no âmbito
familiar. A reflexão ganhou corpo por meio de relatos de experiências
de jovens homossexuais, que participam de um coletivo de graduandos
do curso de Psicologia. A revisão teórica se debruça sobre os aspectos
apontados por estes relatos, refletindo o processo vivido por jovens
homossexuais no contexto familiar. Assim, discutimos as dificuldades em
relacionamentos com os pais, preconceito, pressões internas e externas
além de invisibilidades durante a construção da subjetividade destes
jovens. Concluímos, segundo os aportes teóricos que fundamentam
esse artigo, que o jovem homossexual que encontra apoio familiar tem
melhores possibilidades de se constituir como protagonista de suas
vidas, lidando melhor com as dificuldades atreladas à experiência da
juventude homossexual no contexto brasileiro.
Abstract
1. Introdução
25 Os depoimentos foram enviados para os autores do trabalho como gravações de áudio que foram posterior-
mente transcritas para este trabalho. Mantivemos a grafia respeitando a oralidade dos relatos. Os nomes dos
depoentes foram trocados para manter a confidencialidade dos mesmos.
26
Relato enviado por Henrique para os autores deste artigo em agosto de 2020.
27 Relato enviado por Luiz para os autores deste artigo em agosto de 2020.
28 Relato enviado por Jessie para os autores deste artigo em agosto de 2020.
29 Relato enviado por David para os autores deste artigo em agosto de 2020.
30 Relato enviado por Camila para os autores deste artigo em agosto de 2020.
31 Relato enviado por Pedro para os autores deste artigo em agosto de 2020.
4. Considerações finais
Referências
Sobre os autores