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Instituto Médio Agro-Industrial de Gurué

Curso: Agropecuária

Guião Para Experimentos Zootécnicos


O modelo DBC

Para Estagiários do CV4 e CV5 em Pecuária.

Autor:
Engº. Caná Gomes Alferes1
Canagomes3@gmail.com

Revisão textual:
Dr. Hermenegildo Lucas.
Presidente da Comissão Científica do IMAIG

Janeiro de 2022.
ÍNDICE

I. Introdução ............................................................................................................................ 1

2. DELINEAMENTO EM BLOCOS CAUSALIZADOS......................................... …….…2

2.1. Experimento em Blocos ao Acaso ................................................................................... 2

3. CARACTERISTICAS DO DBC ........................................................................................ 4

3.1. Principais vantagens:........................................................................................................ 4

3.2. Principais desvantagens: .................................................................................................. 4

4. COMO ESCOLHER ANIMAIS PARA O SEU EXPERIMENTO? .................................. 4

5. O QUE É LAY-OUT?......................................................................................................... 5

5.1. COMO POSSO IMPLANTAR O MEU LAY-OUT? .................................................. 5

5.2. COMO FAÇO PARA LEVANTAR DADOS DA MINHA PESQUISA? ................. 5


1. Introdução

Caro leitor,
O autor tem a satisfação de encaminhar à toda comunidade académica, em particular aos
formandos em Pecuária (CV4 e CV5) do Instituto Médio Agro-industrial de Gurué (IMAIG) este
pequeno Guião para experimentos Zootécnicos. O presente guião aborda objectivamente a
problemática dos modelos experimentais (Delineamento de Blocos Casualizados), discorrendo
sobre o ponto chave a insegurança da noção sobre o DBC em uma pesquisa cientifica.

A frequência de estágios e o número de estagiários tende a aumentar no IMAIG desde que deu
entrada o modelo de ensino modular em 2019. Cerca de mais de 60 formandos realizaram estágios
na área agrária e simplesmente 24 tiveram estágio na área pecuária.

Segundo pesquisas desenvolvidas pelo autor, desde o ano de 2019, 90 a 98% dos formandos
submetidos aos diferentes estágios chegam até ao fim do processo ainda com a mente "aérea",
desconhecendo o seu próprio tema, os objetivos da pesquisa e o modelo de experimentação usado.

O autor almeja que este guião dê um contributo valioso e contínuo aos estagiários da área de
Pecuária servindo-lhes como um manual de consulta de rotina ao longo de todo o processo de
aprendizagem, e não só!

1 Engo. Ambientalista; Diretor Adjunto de Produção Escolar; Membro do Departamento de Pecuária; Pesquisador anónimo em Fitoterapia animal;

Formador em diversos módulos ligados a Pecuária. 1


2. DELINEAMENTO EM BLOCOS CAUSALIZADOS
Em certos experimentos Zootécnicos, e não só, observamos factores que interferem na variável
resposta, mas que não são de interesse. Às vezes esse factor pode ser desconhecido ou não
controlável. Neste caso, a aleatorização (casualização) é a técnica utilizada para se precaver da
influência desses fatores.

Quando a proveniência de variabilidade desse factor de interferência é conhecida ou controlável,


então se pode utilizar o projeto experimental em Blocos para eliminar seu efeito nas comparações
estatísticas entre os tratamentos.

2.1.Experimento em Blocos ao Acaso


É o delineamento para ser usado quando as unidades experimentais apresentarem alguma
heterogeneidade.

O grupo formado com as unidades similares existentes é chamado de BLOCO. Nesse caso, o
sorteio do tratamento é feito em cada bloco.

Neste delineamento, deve-se subdividir os animais em blocos de tal forma que cada bloco possa
ser homogêneo dentro de si.
 Exemplo: idade, peso, raça, galpão, sexo, etc.
O importante é que reúnam unidades similares e que haja variabilidade entre os blocos.
Quem decide se a variabilidade entre blocos justifica a criação deles é o pesquisador e não o
estatístico.

Vamos a um exemplo prático!!


Com a finalidade de controlar a Sarna sarcótica em Suínos, por meio de plantas com propriedades
medicinais (a Mellia azadrachta), estudantes estagiários do IMAIG separaram 20 animais.

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Como eram de idades diferentes eles foram divididos em cinco grupos (Blocos), de modo que
dentro de cada grupo existiam quatro Suínos com idade similar e homogêneos para as demais
características.
Em cada bloco foi realizado um sorteio para distribuir inteiramente ao acaso quatro tipos de
tratamentos (A, B, C e D).

Estes esquemas, são um experimento


B D A D C
completo em blocos ao acaso:
C B a. Completo, porque cada bloco contém
B todos os tratamentos;
A C
A b. Ao acaso, porque os tratamentos
D C foram designados às parcelas por
C A
processo aleatório (ao acaso).
A
B D D B

B D A C B1 Note que ambos modelos de


Lay-out, dentro de cada
C A B D B2
bloco, temos os quatro
A C D B B3 tratamentos, sorteadas ao

D B C A B4 acaso.

C B A D B5

O delineamento em blocos casualizados (DBC) é o mais utilizado dos delineamentos


experimentais.
 Utiliza os princípios da repetição, da casualização e do controle local.
 Sempre que houver dúvidas a respeito da homogeneidade das condições experimentais
deve-se utilizar o princípio do controle local, criando blocos com parcelas homogêneas.

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3. CARACTERÍSTICAS DO DBC
a) As parcelas são distribuídas em grupos ou blocos (princípio do controle local), de tal forma
que elas sejam o mais uniforme possível dentro de cada bloco.
b) Para se ter blocos completos casualizados, o número de parcelas por bloco deve ser igual
ao número de tratamentos.
c) Os tratamentos são designados às parcelas de forma casual, sendo essa casualização feita
dentro de cada bloco.

3.1. Principais vantagens:


a) Se o controle local se fizer necessário, este delineamento é mais eficiente que o
inteiramente casualizados (DIC), pois a formação dos blocos isola as variações
controláveis que causam a heterogeneidade, diminuindo sensivelmente a variação ao acaso
(aleatória ou erro experimental).
b) O delineamento não tem restrições de uso, tanto em relação ao número de tratamentos
quanto em relação a uniformidade das condições experimentais.

3.2.Principais desvantagens:
a) O delineamento perde eficiência quando o controle local for dispensável, uma vez que o
número de graus de liberdade do resíduo será menor ao que se obteria caso o delineamento
utilizado fosse o inteiramente causalizado;
b) Este delineamento exige que todos os tratamentos tenham o mesmo número de repetições.
Logo, quando há perda de parcela a soma de quadrados por tratamento é aproximada.

4. COMO ESCOLHER ANIMAIS PARA O SEU EXPERIMENTO?


Certamente não existe um modelo genérico internacionalmente padronizado para a selecção dos
animais. Porém, é importante considerar o tipo de experimento (a pesquisa), pois este é que dita
as caraterísticas animais a serem consideradas. Quer dizer, a escolha depende dos propósitos da
pesquisa.

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Exemplo: Se um estudante decide iniciar o seu estágio, deve procurar compreender ou observar
os variados problemas ou qualquer factor que esteja a interferir negativamente. Feito isso, chega-
se a elaboração do tema e dos objectivos (Geral e Específicos).
Com o factor (problema) descoberto, o tema, assim como os objetivos construídos, segue-se à fase
da escolha ou selecção dos animais.

Atenção!!
Se o problema descoberto se refere à contaminação do leite devido à existência da Mastite na
exploração, por exemplo, logicamente não se deve seleccionar machos e crias desmamadas, porque
um dos exames a ser feito durante a pesquisa é o exame do ubere e do leite. Apenas dever-se-á
trabalhar com fêmeas em estado reprodutivo activo (vacas gestantes ou lactantes)

5. O QUE É LAY-OUT?
O Layout é um termo inglês que significa "esboço" ou “esquema”.
Este esquema que se refere é como, meu caro formando, vai estar a sua área de investigação no
papel e no terreno.

5.1. COMO POSSO IMPLANTAR O MEU LAY-OUT?


Em Zootecnia, a construção de todo layout numa pesquisa científica depende do modelo de estudo
a ser considerado e o foco de pesquisa. Lembrando que, neste pequeno guião, o autor retrata apenas
do modelo DBC (Veja as características do DBC – Pág. 04).

5.2. COMO FAÇO PARA LEVANTAR DADOS DA MINHA PESQUISA?


Os dados podem ser qualitativos ou quantitativos. É obrigatório ter sempre consigo um bloco de
anotações, uma esferográfica, uma calculadora e uma câmera fotográfica ou celular com câmera
em perfeitas condições. E como vou mesmo colher os dados com este material?

Saiba exactamente o que pretende colher.


Exemplo: Morbilidade, natalidade, cor dos olhos, perímetro peniano, comprimento do couro,
frequência de saltos, conversão alimentar, etc.

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Se o tema da Pesquisa procura compreender o comportamento dos machos perante as fêmeas com
mastite, por exemplo, certamente que este estudo é do tipo Qualitativo.

É sempre importante construir uma tabela de dados, que irá dividí-la em função das variáveis que
serão observadas. Para cada variável, deverá indicar a acção observada e é esta acção que irá
enriquecer a sua investigação. Veja o quadro:
COPORTAMENTO CARACTERÍSTICAS RISCOS A Variável
OBSERVADO DO MACHO FÊMEA
Agressividade Raivoso, Robusto, Pode contrair
Coiçadas grande e alto, ferimentos,
Perseguição Pode induzir
ao abordo no
1º trimestre, Acão
devido as observada
constantes
agressões e
coicçadas que
sofre

Caro formando, observe que neste quadro os dados colhidos não são expressos em números. Esta
forma de colecta de dados é do tipo Qualitativo. Pode se dar o caso de querer saber quantos machos
agressivos existem na exploram, por expemplo. Quando for na mesma pesquisa, esta será do tipo
Mista.

Animais curados, após o tratamento com Neem


Bloco T1 T2 T3 T4 Ani. Cur/Bloc
I 0 4 2 1 7
II 3 4 4 3 14
III 2 4 4 4 14
IV 3 4 4 4 15
V 1 3 4 3 11
Total 9 19 18 15 61

Observe que nesta segunda tabela há quantificação nos blocos, ilustrando qual foi o
comportamento de cura em cada tratamento dentro do bloco. Numa situação como esta em que os
dados são expressos de forma numérica ou quantificada, estamos perante uma pesquisa
Quantitativa.

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É importante também anotar os dados, os números encontrados em cada tratamento e bloco, todos
os dias, semanalmente ou quinzenalmente no seu bloco de anotações e posteriormente processá-
los em uma folha Excel ou outro pacote estatístico.

Importante!
Num experimento zootécnico, admite-se até 5% de erro ou falhas. Mas, a diferença de precisão
dos resultados deve estar sempre abaixo dos 20%. Sempre que estiver a cima dos 20%, o ensaio
considera-se NÃO PRECISO.

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