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CURSO DE

CRISTOLOGIA
LECIONADO PELO PE. JACINTO FARIAS
MODERAÇÃO DO PE. RICARDO FIGUEIREDO

20/02/2024 | Aula 3
SUMÁRIO

01 02 03 04
Int roduç ão As genealo - Anúnc io dos Jesus aos 12
gias (Mt e Lc ) nasc iment os anos no
(Jesus e João) Templo
INTRODUÇÃO
Nas aulas anteriores vimos como, sobretudo no
evangelho de S. Marcos, há uma curiosa
inquietação sobre a origem de Jesus, sobre a
origem da sua autoridade e do seu poder, na
doutrina e nas suas atitudes, que não se explica
pela sua procedência reconhecida de Nazaré,
donde não pode sair nada de bom (cf. Jo 1, 46). A
questão fica no ar, em S. Marcos, sendo a
resposta dada no fim, no testemunho do
Centurião romano, que vendo -O morrer assim ,
confessa que Aquele homem, que morre assim,
só pode ser Filho de Deus: «verdadeiramente
este homem era Filho de Deus» (Mc 15, 39).
INTRODUÇÃO
Mas a mesma questão aparece em Jo, durante o
processo de Jesus perante Pilatos: Mas donde
vens? Quem és Tu? (cf. Jo 19, 9). A resposta de S.
João é dada no prólogo: Ele é o Verbo de Deus
incarnado! (cf. Jo 1, 14); O Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo, na indicação de João
Baptista (cf. Jo 1, 36).

A resposta de S. Mateus e de S. Lucas é dada nas


narrativas da infância de Jesus, no Evangelho da
Infância, baseada esta resposta nas memórias da
família de Jesus, S. José e Nossa Senhora.
GENEALOGIAS
segundo São Mateus
e São Lucas

Estes dois evangelhos


apresentam a genealogia de
Jesus: S. Mateus, logo no
início, precedendo o relato
do nascimento de Jesus; S.
Lucas, depois das tentações
de Jesus no deserto.
GENEALOGIA SEGUNDO
SÃO MATEUS

S. Mateus: elabor a uma genealogia descente, de Abraão, passando por David até Jesus:
as figur as fundamentais da genealogia de Jesus são Abraão e David. A genealogia
organiza -se em 3x 14 gerações, que visa sobretudo mostrar que Jesus, atr avés de S. José,
é Filho de David, que r ealiza as promessas de Deus feitas a David, atr avés do pr ofeta
Natan. As letr as hebr aicas do nome de David totalizam o valor numér ico de 14. O nome
de David e a sua promessa caracterizam o caminho de Abraão até Jesus. (os 150 peixes
da pesca milagr osa depois da ressurreição, o número 150 é o cor r espondente ao nome
de Deus: Jo 21, 11).

O momento decisivo da genealogia é a sequência final: Jacob ger ou José, esposo de


Mar ia da qual nasceu Jesus (Mt 1,16). Há aqui um salto qualitativo na histór ia da
salvação, porque Jesus é Filho de Deus.

Na genealogia de S. Mateus aparecem quatro mulheres, das quais nenhuma é judia:


Tamar , Raab, Rute e «a mulher de Urias». Por intermédio delas, entr a na genealogia
de Jesus o mundo dos pagãos, torna -se visível que a sua missão se destina a judeus e
pagãos.
GENEALOGIA SEGUNDO
SÃO LUCAS

S. Lucas: a sua genealogia introduz a vida pública de Jesus. Nesta genealogia, são
poucos os nomes em que concordam S. Mateus e S. Lucas, não tendo em comum
sequer o nome do pai de José. Para ambos evangelistas não são os nomes que contam,
mas o lugar que Jesus ocupa na história: Ele assinala um novo início na histór ia da
salvação, que em S. Lucas a genealogia é ascendente, vai de Jesus até Adão ( Lc 3, 38).
Comum aos dois evangelistas é o facto de que a genealogia se interrompe, insinuando
uma mudança com José: «Ao iniciar o seu ministério, Jesus tinha cer ca de 30 anos.
Supunha -se que er a filhos de José» ( Lc 3, 23).

Enquanto S. Mateus tem três séries de 14 gerações, S. Lucas apr esenta 76 nomes sem
qualquer ar ticulação r econhecível. Contém 11 vezes sete elementos que poder ia ser
uma alusão discreta à chegada da plenitude dos tempos com a vida de Jesus: Ele é o
novo Adão que r ecapitula em si toda a história (Sto. Ireneu).
O TEMA EM SÃO JOÃO

S. João: não tem genealo gia d e J esus, mas a q uestão d a o rigem d e J esus o c o rre
no seu evangelho, dando a resposta que conhecemos no pró logo do Evangelho :
«N o princ ípio era o Verb o ; o Verb o estava junto d e Deus e o Verb o era Deus. E o
Verbo fez - se c arne e ergueu a sua tend a no meio d e nó s» ( 1, 14) . P ara d ar a
q uantos O rec eberam a p o ssib ilidade d e se to rnarem filho s d e Deus. «e estes
não nasc eram do sangue, nem d a vo ntad e d a c arne, nem d a vo ntad e d o
homem, mas nasceram de Deus» ( J o 1, 12 - 13).
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Anúncio do nascimento de João Baptista : Zacarias (as
memórias de Zacarias e Isabel) (Lc 1, 5-25)

No tempo de Herodes, rei da Judeia, havia um sac erdote c hamado


Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa e r a d a d e sc endência d e
Aarão e se chamava Isabel. Ambos eram justos d iante d e D e us,
cumprindo irrepreensivelmente todos os mand amentos e p r e ce itos
do Senhor. Não tinham filhos, pois Isabel e r a e sté ril, e os d ois e r am
de idade avançada. Ora, estando Zacarias no e x e rcício d as funç õe s
sac erdotais diante de Deus, na ordem da sua classe, coube -lhe,
segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário d o Se nhor p ar a
queimar o incenso. Todo o povo estava d a p ar te d e for a e m or aç ão, à
hora do incenso. Então, apareceu -lhe o anjo d o Se nhor , d e p é , à
direita do altar do incenso. Ao vê -lo, Zacarias fic ou p e r turbado e
enc heu -se de temor.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Anúncio do nascimento de João Baptista : Zacarias (as
memórias de Zacarias e Isabel) (Lc 1, 5-25)

Mas o anjo disse -lhe: «Não temas, Zac arias: a tua súplica foi
atendida. Isabel, tua esposa, vai dar -te um filho e tu vais c hamar -lhe
João. Será para ti motivo de regozijo e d e júb ilo, e muitos se
alegrarão com o seu nascimento. Pois ele se r á gr ande d iante d o
Senhor e não beberá vinho nem bebida alc oólica; se r á c he io d o
Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe e r e c onduzirá muitos
dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. I r á à fr e nte, d iante d o
Senhor, com o espírito e o poder de Elias, p ar a faz e r voltar os
corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sab e doria d os justos,
a fim de proporcionar ao Senhor um povo c om b oas d isp osições».
Zacarias disse ao anjo: «Como hei -de ver ificar isso, se e stou ve lho e a
minha esposa é de idade avanç ada?» O anjo respondeu:
«Eu sou Gabriel, aquele que está diante d e D e us, e fui e nviad o p ar a
te falar e anunciar esta Boa -Nova. Vais fic ar mud o, se m p od e r falar ,
até ao dia em que tudo isto acontecer, p or não te r e s ac r editado nas
minhas palavras, que se cumprirão na altur a p r ópria».
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Anúncio do nascimento de João Baptista : Zacarias (as
memórias de Zacarias e Isabel) (Lc 1, 5-25)

O povo, entretanto, aguardava Zacarias e ad mirava -se p or e le se


demorar no santuário. Quando saiu, não lhe s p od ia falar e e le s
compreenderam que tinha tido uma visão no santuário. Faz ia -lhes
sinais e continuava mudo.
Terminados os dias do seu serviço, regressou a c asa. Passados e sse s
dias, sua esposa Isabel concebeu e, durante c inc o me se s,
permaneceu oc ulta. Diz ia ela: «O Senhor procedeu assim para
comigo, nos dias em que viu a minha ignomínia e a e liminou
perante os homens».
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Anúncio do nascimento d e Jesus: a Maria (as
memórias de Maria) (Lc 1, 26-38)

Ao sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado p or D e us a uma c id ade d a


Galileia c hamada Naz aré, a uma virgem desposada com um homem
chamado José, da casa de David; e o nome d a vir gem e r a M ar ia.
Ao entrar em casa dela, o anjo disse -lhe: «Salve , ó c he ia d e gr aça, o
Senhor está contigo». Ao ouvir estas palavras, e la p e r turbou -se e
inquiria de si própria o que significava tal saud ação. D isse -lhe o
anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça d iante d e D e us. Hás -d e
conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao q ual p or ás o nome d e
Jesus. Será grande e vai chamar -se Filho d o Altíssimo. O Se nhor
Deus vai dar -lhe o trono de seu pai David , r e inará e te r namente
sobre a casa de Jacob e o seu reinado não te r á fim».
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Anúncio do nascimento d e Jesus: a Maria (as
memórias de Maria) (Lc 1, 26-38)

Maria disse ao anjo: «Como será isso, se e u não c onhe ç o home m?» O
anjo respondeu -lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do
Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aq ue le q ue vai
nascer é Santo e será chamado Filho de D e us. Tamb é m a tua
parente Isabel concebeu um filho na sua ve lhic e e já e stá no se x to
mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nad a é imp ossível a
Deus». Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça -se em mim
segundo a tua palavra». E o anjo retirou -se d e junto d e la.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Visitação de Maria a sua prima Isabel (Lc 1, 39-45)

Por aqueles dias, Maria pôs -se a caminh o e dirigiu -se à pressa
para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de
Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, o menino saltou -lhe de alegria no seio e Isabel ficou
cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamo u:
«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu
ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do
meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua
saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti
que acredit aste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito
da parte do Senhor».
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Magnificat (Lc 1, 46b-49)

A minha alma glorifica o Senhor


e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvado r.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
De hoje em diante, me chamarão bem -aven t ur a da
todas as gerações.
O Todo -poderoso fez em mim marav ilh as.
Santo é o seu nome.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Conceção e nascimento de Jesus, segundo S. M ateus
(as memórias de José) (Mt 1, 18-25)

Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: M ar ia, sua mãe , e stava
desposada com José; antes de coabitarem, notou -se q ue tinha
concebido pelo poder do Espírito Santo. José , se u e sp oso, q ue e r a
um homem justo e não queria difamá -la, resolveu deixá -la
secretamente. Andando ele a pensar nisto, e is q ue o anjo d o Se nhor
lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José , filho d e D avid , não te mas
receber Maria, tua esposa, pois o que ela c onc e beu é ob r a d o
Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao q ual d ar ás o nome d e
Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus p e c ados». Tud o isto
aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha d ito p e lo p r ofeta:
Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hã o -d e c ha má -
lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco . D e spertando d o sono,
José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor , e r e c ebeu sua e sp osa.
E, sem que antes a tivesse conhecido, ela d e u à luz um filho, ao q ual
ele pôs o nome de Jesus.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO
DE JOÃO E DE JESUS
Parto Virginal : história e teologia

Mistério do sonho de Deus realizado.

Este é o sentido profundo do dogma da vir gindade p e r pétua d e


Nossa Senhora, antes, durante e depois d o p ar to:
«O Menino que nasceu
Da Virgem c heia de graça,
Entrou e saiu por ela
Como o sol pela vidraça»
(Melodia tradicional de Natal: «Ale gr em -se os c é us e a te r r a»).
JESUS AOS 12 ANOS NO
TEMPLO
O rito da iniciação à vida adulta (BAR MITZVAH)
(Lc 2, 41-52)
«Os pais de Jesus iam todos os anos a Je r usalém, p e la fe sta d a
Pásc oa. Quando Ele c hegou aos doz e anos, subiram até lá, segundo
o costume da festa. Terminados esses dias, r e gressaram a c asa e o
menino ficou em Jerusalém, sem que os p ais o soub e ssem.
Pensando que Ele se encontrava na caravana, fiz e r am um d ia d e
viagem e começaram a procurá -lo entre os p ar ente s e c onhe cidos.
Não o tendo enc ontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Três
dias depois, encontraram -no no templo, se ntad o e ntr e os d outores,
a ouvi -los e a fazer -lhes perguntas. Todos q uantos o ouviam,
estavam estupefactos com a sua inteligê ncia e as suas r e sp ostas. Ao
vê -lo, ficaram assombrados e sua mãe disse -lhe : “Filho, p or que nos
fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua p r ocura!”
Ele respondeu -lhes: “Porque me procuráve is? Não sab íe is q ue d e via
estar em casa de meu Pai?” Mas eles não c omp re enderam as
palavras que lhes disse. Depois desceu c om e le s, voltou p ar a Naz ar é
e era -lhes sub misso. Sua mãe guardava tod as e s tas c ois as no s e u
coração. E Jesus crescia em sabedoria, e m e statura e e m gr aça,
diante de Deus e dos homens.
JESUS AOS 12 ANOS NO
TEMPLO
O rito da iniciação à vida adulta (BAR MITZVAH)
(Lc 2, 41-52)

«Jesus não veio abolir, mas levar à perfe ição ( c f. M t 5,17 ). É


precisamente esta união – d e r ivada d o s e u s e r Filho – e ntr e uma
inovação radical e uma fidelidade igualme nte r ad ical, q ue se
manifesta na breve narração sobre Jesus aos 12 anos; d ir ia até q ue
tal união é o verdadeiro conteúdo teológico q ue a nar rativa te m e m
vista».

«A Torah prescrevia que cada israelita, por oc asião d as tr ê s gr ande s


festas – da Pásc oa, das Semanas (Pentecostes) e da Cabanas – se
devia apresentar no Templo (cf. Ex 23,17; 34 ,23 -24 ; D t 16 ,16 -17). Se as
mulheres também estavam obrigadas a e sta p e r egrinação ou não
era objeto de discussão entre as escolas d e Shammai e Hille l. Par a
os adolescentes, a obrigação vigorava de p ois d e c omp le tare m 13
anos; entretanto, valia também a prescrição de que eles deviam
habituar -se pouco a pouco aos mandame ntos e q ue , p ar a isso, p od ia
servir a peregrinação já aos 12 anos»
QUESTÕES

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