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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciência Sociais e Humanas


Curso de Licenciatura de Direito

Orientação para a Participação nas Praticas Jurídicas

Nome: Brichaneve Lucas


Código 91231352

CR₋Pemba Setembro de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

Departamento de Ciência Sociais e Humanas

Curso de Licenciatura de Direito

Orientação para a Participação nas Praticas Jurídicas

Nome: Brichaneve Lucas

Código 91231352

Trabalho de campo a ser submetido


na coordenação do curso de
Licenciatura em Direito.
CR₋Pemba Setembro de 2023

Índice
CAPITULO I: DISPOSIÇÕES INICIAIS.................................................................................0

1.1. Introdução....................................................................................................................0

1.2. Objectivo.....................................................................................................................1

1.2.1. Objectivo geral.........................................................................................................1

1.2.2. Objectivos específicos.............................................................................................1

1.2.3. Estrutura do relatório...............................................................................................1

CAPÍTULO II: ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO, FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL


COMUNITÁRIO E A SUA FORMA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS...........................1

2.1. Estrutura, composição e funcionamento dos tribunais comunitários..............................1

2.2. A forma de resolução de conflitos nos tribunais comunitários.......................................2

CAPITULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................3

3.1. Conclusão........................................................................................................................3

Anexos....................................................................................................................................5
CAPITULO I: DISPOSIÇÕES INICIAIS
1.1. Introdução
O presente relatório do Módulo de História de Direito reflecte as actividades de recolha de
dados nos tribunais comunitários desenvolvidas no âmbito das Práticas Jurídicas.

1.2. Objectivo
1.2.1. Objectivo geral

 Fazer o levantamento de dados relativo a estrutura, a composição, o funcionamento do


tribunal comunitário e a sua forma de resolução de conflitos

1.2.2. Objectivos específicos

 Conhecer de forma real e prática o funcionamento dos tribunais comunitários;


 Descrever a estrutura, funcionamento e composição dos tribunais comunitários;
 Entender a forma de resolução de conflitos nos tribunais comunitários.

1.2.3. Estrutura do relatório


Este relatório está estruturado ou organizado em (3) três capítulos: primeiro capítulo
Disposições – esse é composto pela introdução e objectivo; segundo capítulo o relatório
propriamente dito – esse é constituído pelos dados colhidos nos tribunais comunitários
(estrutura, composição e funcionamento dos tribunais comunitários e a forma de resolução
dos conflitos); e o terceiro capítulo Considerações finais – composto pela conclusão e anexos.
CAPÍTULO II: ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO, FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL
COMUNITÁRIO E A SUA FORMA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
2.1. Estrutura, composição e funcionamento dos tribunais comunitários
De acordo com a colecta de dados que foi feita nas duas comunidades, relativamente a
estrutura e composição dos tribunais comunitários está em conformidade com a Lei que cria
os Tribunais Comunitários.

Igualmente para a questão do funcionamento, ou seja, basta (2) dois membros do tribunal,
nomeadamente o presidente (o juiz) e um outro membro é suficiente para a deliberação.

No que concerne aos mecanismos e prazos estabelecidos para a eleição dos tribunais
comunitários não são tidos em consideração, ou seja, são totalmente violados. No entanto,
verifica-se eleições feitas sem controlo dos tribunais judiciais e membros exercendo as
funções com o mandato terminado.

Na mesma senda de funcionamento dos tribunais comunitários, constatou-se que em muitas


aldeias e bairros do distrito de Ancuabe não tem tribunais comunitários e nas que tem,
instalações foram construídas através das receitas dos próprios tribunais comunitários, ou
seja, as próprias autoridades locais e que tem criado condições para o efeito e por esta razão,
em alguns casos os secretários das aldeias ou chefes das aldeias e líderes resolvem conflitos,
isto é, desempenham o papel do tribunal comunitário.

Importa referir que, não há compensação para os membros do tribunal comunitários. Os


membros do tribunal comunitário cobram um valor monetárias cada caso que resolvem.

2.2. A forma de resolução de conflitos nos tribunais comunitários

Com base na pesquisa feita, os tribunais comunitários resolvem conflitos extrajudiciais


somente de natureza civil sobretudo conflitos de terra, partilha de bens em caso de dissolução
de união de facto, assuntos relacionados a divida, questões de índole familiar e sucessões, etc.

Relactivamente as questões de natureza criminal, esses não são resolvidos nos tribunais
comunitários, esses casos são directamente encaminhados a procuradoria, independentemente
de serem de menor ou maior gravidade.
No âmbito da resolução dos conflitos, os tribunais tentam conciliar as partes de modo a
chegarem a um acordo e que há situações em que não é as partes chegarem a um acordo.
Quando não é possível as partes chegarem a um acordo, o caso é transferido para o IPAJ –
Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica, mas apenas quando se trate de casos de índole
civil. E quanto aos casos criminais, os tribunais comunitários não resolvem, ou seja,
encaminha a PRM ou a Procuradoria.

No âmbito da forma de resolução de conflitos por parte dos tribunais comunitários é


importante referenciar os seguintes aspectos negativos;

 Desvalorização dos tribunais comunitários;


 Incumprimento de algumas decisões dos tribunais comunitários
 Resolução de conflitos que não sejam da sua competência;
 Tomada de medidas em desconformidade com a LTC.
 Falta do poder decisório das medidas aplicadas nos tribunais comunitários muitas das
vezes não são executadas ou cumpridas e consequentemente são recorridas para
outras instâncias.
 Violação das obrigações constantes na LTC.
CAPITULO III: CONSIDERAÇÕES FINAIS
3.1. Conclusão

O presente relatório do Módulo de História de Direito abordou sobre as actividades de


colecta de dados nos tribunais comunitários desenvolvidas no âmbito das Práticas Jurídicas.
Essa actividade foi realizada em (02) dois tribunais comunitários do bairro de Ntuto e aldeia
de Intutupue do distrito de Ancuabe.

Com base nos dados colhidos e apresentados nesse relatório, conclui-se que a estrutura, a
composição e o funcionamento dos tribunais comunitários visitados, está em conformidade
com a LTC. No que concerne a forma de resolução de conflitos, constatou-se que em algum
momento os tribunais comunitários aplicam medidas diversas ou que excedem as atribuições
que lhes são conferidas pela LTC.

Cumpriu-se todos objectivos que tinham sido propostos e que essa actividade de colecta de
dados foi muito importante para o nosso conhecimento, compreensão e aprofundamento dos
procedimentos para a participação nas Praticas Jurídicas,
Anexos
Anexo 1: dados colhidos

Questões em Previsão legal Realidade Efeitos/consequências


análise
Local de Os tribunais comunitários Em muitas aldeias e - Encaminhamento
funcionamento funcionam nas sedes posto bairros não tem imediato dos casos a
(edifícios) administrativo ou tribunais PRM, tribunais judicias,
localidade, nos bairros ou comunitários. procuradoria e IPAJ
nas aldeias (n⸰ 2 do art. 1 As instalações foram mesmo que sejam de
da lei n⸰ 4/92 de Maio – construídas através menor gravidade.
LTC. das receitas dos - A falta de tribunais
próprios tribunais comunitários em
"A instalação dos tribunais
comunitários, ou seja, algumas aldeias e
comunitários constituirá
as próprias bairros faz com que
responsabilidade directa dos
autoridades locais e alguns casos os
governos provinciais" (art.
que tem criado secretários das aldeias
12 da LTC).
condições para o ou chefes das aldeias e
efeito. líderes resolvam
conflitos, isto é,
desempenham o papel
do tribunal comunitário.
Composição dos "Os tribunais comunitários A composição dos - Eleições feitas sem
tribunais serão compostos por oito tribunais comunitários controlo dos tribunais
comunitários e membros, sendo cinco está em conformidade judiciais;
quorum efectivos e três suplentes" com a LTC. - Membros exercendo
(n⸰ 1 do art. 7 da LTC. Basta dois membros as funções, mas com o
do tribunal, o mandato terminado.
Os TCs podem deliberar
presidente (o juiz) e
sem que estejam presentes
um outro membro é
pelo menos três membros
suficiente para a
contado com o presidente
deliberação.
(art. 8 da LTC). Compete ao
Os mecanismos e
prazos estabelecidos
governo estabelecer os
para a eleição dos
mecanismos e prazos para a
tribunais comunitários
eleição dos membros dos
não são tidos em
TCs (art. 13). A eleição será
consideração, ou seja,
feita pelos órgãos
são totalmente
representativos locais
violados.
controlados pelos tribunais
judiciais de distrito (art. 9/2
e art. 14 da LTC).
Compensação aos A lei atribui aos governos Não há compensação A falta de compensação
membros dos
provinciais a competência para os membros do para os membros dos
tribunais
comunitários. de fixar uma compensação tribunal comunitários. tribunais comunitários
aos membros dos tribunais Os membros do contribui no aumento
comunitários, mediante a tribunal comunitário de casos de cobranças
proposta dos tribunais cobram um valor ilícitas e
judiciais de província (art. monetárias cada caso estabelecimento de
11 da LTC). que resolve. taxas em discordância
com a lei.
Casos apreciados Compete aos TCs "deliberar Os tribunais Apreciação de casos
nos tribunais sobre pequenos conflitos de comunitários resolvem sema a devida
comunitários. natureza civil e sobre conflitos extrajudiciais atribuição legal;
questões emergentes de somente de natureza Aplicação de medidas
relações familiares que civil sobretudo contrárias a lei ou
resultem de uniões conflitos de terra, diversa da que tem
constituídas segundo os partilha de bens em competência;
usos e costumes …, e de caso de dissolução de
delitos de pequena união de facto,
gravidade, que não sejam assuntos relacionados
passíveis de penas a divida, questões de
privativas de liberdade e a índole familiar e
que se ajustem medidas" sucessões, etc.
menos graves (n⸰ e 2 do art. Relactivamente as
3 da LTC). questões de natureza
criminal não são
resolvidos nos
tribunais
comunitários, esses
casos são
directamente
encaminhados a
procuradoria,
independentemente de
serem de menor ou
maior gravidade.
Medidas tomadas "Os tribunais comunitários No que tange às A falta do poder
nos tribunais sempre procurarão que em questões civis, os decisório das medidas
comunitários todas as questões que lhe tribunais comunitários aplicadas nos tribunais
sejam levadas ao seu optam pela mediação comunitários muitas das
conhecimento as partes se com a finalidade das vezes não são
reconciliem, não se partes chegarem a um executadas ou
conseguindo a reconciliação acordo, e o tribunal cumpridas e
ou não sendo possível, o nunca pode tomar uma consequentemente são
tribunal comunitário julgará decisão diversa da recorridas para outras
com equidade, o bom senso pretendida pelas instâncias.
e com a justiça" (n˚ 1 e 2 do partes envolvidas no Violação das
art. 2). Em matérias conflito. obrigações constantes
criminais os tribunais De acordo com a na LTC.
comunitários podem tomar realidade, os tribunais
como medida: a crítica comunitários aplicam
pública, prestação de multas que excedem
serviços a comunidade por 10.000,00 Mt (dez mil
período não superior a trinta meticais).
dias, multa cujo valor não Os tribunais
exceda 10.000,00 Mt, comunitários não
privação por período não aplicam nenhuma
superior a trinta dias do medida sobre casos de
exercício de direito cujo uso natureza criminal
imoderado originou o delito porque são
e a indeminização de imediatamente
prejuízos causados pela encaminhados a
infração. procuradoria.
Divulgação da lei A LTC foi promulgada e Os membros dos - Resolução de conflitos
que regula os publicada em 6 de Maio de tribunais comunitários que não sejam da sua
tribunais 1992, será que os membros não dominam a LTC e competência;
comunitários dos tribunais comunitários outros nem sabem da - Tomada de medidas
dominam o conteúdo desta existência da mesma em desconformidade
lei? lei. com a LTC.
Grau de satisfação "…Quando houver Quando não é possível - Desvalorização dos
da comunidade discordância em relação a as partes chegarem a tribunais comunitários;
com medidas medida adoptada pelo um acordo, o caso é - Incumprimento das
tomadas pelos tribunal comunitário, transferido para o decisões dos tribunais
tribunais qualquer das partes poderá IPAJ – Instituto de comunitários.
comunitários introduzir a questão no Patrocínio e
tribunal judicial Assistência Jurídica,
competente" e quanto a mas apenas quando se
matéria criminal, “sempre trate de casos de
que se verificar falta de índole civil. E os
concordância com a medida casos criminais,
adoptada, cabe o tribunal conforme supradito,
comunitário elaborar auto e os tribunais
remetê-lo ao competente comunitários não
tribunal de Direito" (art. 4 resolvem.
da LTC).
Acesso à justiça "A edificação de uma Bairros e aldeias onde - Falta de acesso a
nos tribunais sociedade de justiça social, tem tribunais justiça ou acesso a
comunitários a defesa e a preservação da comunitários, os justiça limitada para
igualdade de direitos para cidadãos sempre que algumas zonas pelo
todos os cidadãos, o reforço se sentem violados os factor distancia para as
da estabilidade social e a seus direitos ou instituições
valorização da tradição e interesses legítimos competentes resolver
dos mais valores sociais e encaminham um litígio;
culturais constituem grandes imediatamente os seus - Violação frequente
objectivos na República de casos a essas das normas;
Moçambique" 1˚ paragrafo instâncias e são - Muitos litígios não
do preambulo da LTC. resolvidos com base resolvidos.
nos bons costumes
daquela comunidade,
mas desde que não
estejam em
contrariedade com a
lei. Portanto, a esses
cidadãos tem acesso a
justiça.
Diferentemente dos
bairros e aldeias que
não tem tribunais
comunitários, a
garantia de acesso a
justiça é muito
limitada, pois é
necessário percorrer
longas distâncias para
o efeito e por essa
razão, preferem
resolver através de
diálogo ou mesmo se
conformar.
Anexo 2: imagens dos tribunais comunitários visitados

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