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08/11/2023, 02:39 Interface DTE/DCE

Interface DTE/DCE
André Moreira (andre@dei.isep.ipp.pt)
Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Informática do ISEP

Muitas vezes os equipamentos processadores (por exemplo os computadores) não possuem


internamente meios que permitam a codificação/modulação dos dados de modo a obter o
sinal adequado a colocar no meio de transmissão. Geralmente os dados são gerados e
recebidos numa codificação NRZ, este tipo de codificação é extremamente limitada.

Nestes casos é necessário a interposição de um dispositivo separado que transforma o sinal


digital NRZ num sinal digital mais eficiente ou num sinal analógico (por exemplo um usando
um MODEM):

Os equipamentos processadores (geram e recebem os dados) são conhecidos por DTE (“Data
Terminal Equipment”) os equipamentos que se encarregam de codificar ou modular os dados
de uma forma adequada às condições do meio de transmissão são conhecidos por DCE
(“Data Circuit-terminating Equipment”).

Fora do domínio das redes de computadores existem diversos tipos de equipamento que
podem assumir o papel de DCE recebendo e enviando dados ao DTE, é o caso dos terminais
e das impressoras.

A comunicação entre o DTE e o DCE envolve geralmente vários condutores já que além de
dados também à necessidade de circular bastante informação de controlo. Trata-se da
interface DTE-DCE, existindo várias implementações standard das quais uma das mais
importantes é o RS-232-C.

Nem sempre existe uma separação DTE/DCE, como geralmente as interfaces incluídas de
fábrica nos DTE têm fortes limitações, é habitual que o DCE funcione como um dispositivo
periférico directamente ligado ao barramento I/O do DTE.

A figura seguinte ilustra esta situação, à esquerda é usada uma interface DTE-DCE, do lado
direito não existe interface:

Nestes casos pode dizer-se que o barramento I/O é a interface DTE/DCE, esta tem sido a
grande tendência presente com várias vantagens em termos de custos e eficiência.

RS-232C

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A interface RS-232-C é uma das mais populares, sendo incluída em todos os tipos de DTE
mais comuns. A troca de informação de controlo e dados baseia-se em níveis eléctricos: uma
voltagem acima de +3 V é considerada um 0; uma voltagem abaixo de -3 V é considerada um
1.

As limitações deste tipo de interface são uma distância inferior a 15 metros e uma taxa
inferior a 20 Kbps. A taxa máxima atingida está obviamente relacionada com a distancia.
Utilizando hardware apropriado é actualmente possível atingir taxas superiores. O “standard”
especifica conectores D de 25 pinos, a figura seguinte apresenta este conector bem como as
designações dos circuitos.

Todos os sinais são interpretados relativamente ao potencial de referência (0 V) no pino 7


(“Signal Ground”). Seja qual for o tipo de ligação, os pinos 7 devem estar sempre
interligados.

O circuito BA é normalmente conhecido por “Transmitted Data” ou TxD, destina-se ao envio


de dados do DTE para o DCE. O circuito BB (“Received Data” ou RxD) permite a
transferencia de dados em sentido inverso. A existência de dois circuitos paralelos permite a
transmissão em “full-duplex”.

Os circuitos D são circuitos de relógio destinados às transmissões síncronas. As transições de


nível nestes circuitos correspondem ao centro dos bits que estão a ser transmitidos nos
circuitos de dados. O circuito DA e DB transmitem o sinal de sincronismo associado ao
circuito BA (DTE para DCE). O circuito DD transmite o sinal de sincronismo associado ao
sinal BB (DCE para DTE). O sinal DA é emitido pelo DTE e pode ser usado pelos DCE para
sincronização do circuito BB (relógio externo), nesse caso o DCE não necessita de gerar o
sinal de sincronização no circuito DD.

Os restantes circuitos são normalmente divididos em dois grupos: Grupo A (CC, CD e CE) e
o Grupo B (CA, CB e CF). Os circuitos de grupo A determinam a disponibilidade geral do
DTE e do DCE. Os circuitos do grupo B determinam a disponibilidade do DTE e DCE para
transferir dados.

Circuito Designação Sentido Finalidade


DCE para
CC Data Set Ready O DCE está pronto (operacional)
DTE
Data Terminal DTE para
CD O DTE está pronto (operacional)
Ready DCE
DCE para Indica que o DCE está a receber um sinal de
CE Ring Indicator
DTE chamada
DTE para
CA Request to Send O DTE pretende transmitir
DCE

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DCE para
CB Clear to Send O DTE pode emitir (resposta ao sinal anterior)
DTE
DCE para
CF Carrier Detect O DCE está a receber uma portadora
DTE

Quando as distancia entre dois DTE é reduzida (inferior a 15 metros) é possível usar este tipo
de interface para interligar directamente os dois, eliminando os dois DCE. Este tipo de
ligação é conhecida por “null-modem”:

A interface RS-232 possui fortes limitações, no sentido de as ultrapassar a EIA definiu um


conjunto de “standards”: RS-449; RS-422-A e RS-432-A.

O RS-449 define os sinais e procedimentos, na sua essência é muito semelhante ao RS-232,


são mantidos todos os circuitos, com excepção do AB (“signal ground”) e são adicionados
dez novos circuitos que permitem um maior controlo do DTE sobre o DCE.

As grandes vantagens relativamente ao RS-232 estão contudo nas características eléctricas da


transmissão do sinal, definidas nas normas RS-422-A e RS-423-A.

O “standard” RS-232 especifica que os bits são representados por níveis de tensão e que
existe uma linha comum para retorno do sinal (“signal ground”), este tipo de transmissão diz-
se não balanceada. Por oposição, se cada sinal tem uma linha de retorno independente a
transmissão do sinal é balanceada.

No modo balanceado os bits são representados por diferenças de tensão entre o par de
condutores. O modo balanceado tolera melhor as interferências e ruído externo, o ruído tende
a afectar de modo idêntico as duas linhas, logo a diferença de tensão não sofre qualquer
alteração. Este modo é uma norma em todas as cablagens tipo par entrançado sem blindagem
(UTP).

O modo não balanceado apenas pode ser aplicado com cabos blindados, ou UTP a distancias
menores.

A norma RS-423-A especifica cablagens em modo não balanceado e permite ao RS-449 a


obtenção dos seguintes resultados: 3 Kbps a 1000 m e 300 Kbps a 10 m. A norma RS-422-A
usa o modo balanceado e permite a obtenção de 100 Kbps a 1200 m e 10 Mbps a 12 metros.

Para obter altas taxas de transmissão, nem todos os sinais têm de ser transmitidos sobre um
par entrançado, apenas 10 dos circuitos são de categoria I e necessitam de obedecer à norma
RS-422-A:

(SD) “Send Data” - equivalente ao circuito BA do RS-232


(RD) “Receive Data” - equivalente ao circuito BB do RS-232
(TT) “Terminal Timing” - equivalente ao circuito DA do RS-232
(ST) “Send Timing” - equivalente ao circuito DB do RS-232
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(RT) “Receive Timing” - equivalente ao circuito DD do RS-232


(RS) “Request to Send” - equivalente ao circuito CA do RS-232
(CS) “Clear to Send” - equivalente ao circuito CB do RS-232
(RR) “Receiver Ready” - equivalente ao circuito CF do RS-232
(TR) “Terminal Ready” - equivalente ao circuito CD do RS-232
(DM) “Data Mode” - equivalente ao circuito CC do RS-232

Devido a toda esta multiplicação de ligações, o RS-449 usa conectores de 37 pinos, com a
possibilidade de um conector adicional de 9 pinos.

Interface DTE/DCE do “standard” X.21


O “standard” X.21 é uma especificação completa para os níveis 1, 2 e 3 do MR-OSI para
redes de comutação de circuitos. Entretanto interessa aqui abordar o seu nível físico já que foi
adoptado por outros “standards”, tais como o X.25.

A interface RS-449 consegue um notável aumento de performance relativamente ao RS-232-


C, contudo tal é conseguido com um aumento substancial do número de ligações necessárias.

A interface DTE/DCE X.21 representa uma evolução em sentido contrário. É indicado um


conector de 15 pinos, mas nem todos são usados. A tabela seguinte apresenta os circuitos
usados:

Circuito Designação Sentido


G Signal Ground -
Ga DTE Common Return DTE para DCE
T Transmit DTE para DCE
R Receive DCE para DTE
C Control DTE para DCE
I Indicator DCE para DTE
S Signal Element Timing DCE para DTE
B Byte Timing DCE para DTE

Como são usados menos linhas, necessariamente a lógica de controlo é mais complexa. O
X.21 apenas admite o modo síncrono, o circuito S fornece um sinal de sincronização de bit,
enquanto o circuito B fornece um sinal de sincronização de byte, mas raramente é utilizado.
A transmissão pode ser balanceada ou não, atingindo-se performances idênticas às do RS-
449.

Os circuitos T e R são usados para transmissão de dados e informação de controlo,


dependendo do estado dos circuitos C e I. Os circuitos C e I são fundamentais, o seu estado
tem diferentes significados conforme o contexto, genericamente o circuito I assinala que o
DCE está pronto a receber dados ou terminou o seu envio. O circuito C é usado pelo DTE
com o mesmo objectivo.

O funcionamento exacto não está muito definido, ficando essa tarefa para o nível de ligação
lógica. Esta postura tem a vantagem de não criar uma excessiva dependência de um
determinado nível 2 em particular.

Na altura do seu desenvolvimento foram depositadas grandes esperanças na interface X.21,


contudo está largamente ultrapassada e tende a desaparecer.

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