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Lista de bibliografia recomendada

A lista seguinte pretende apenas fornecer uma ajuda para quem, no futuro, pretenda aprofundar o
seu conhecimento de autores e temas sociologicamente relevantes – e, provavelmente, tirar grande
prazer intelectual neste esforço. Com duas excepções, todos os livros listados têm traduções em
português (em Portugal ou no Brasil), ainda que algumas possam estar esgotadas.

Autores clássicos da sociologia

Marx, Karl; Engels, Friedrich (1997), O manifesto do partido comunista. Lisboa: Edições Avante!.
Edição original 1848.

Marx, Karl; Engels, Friedrich (2004), “A ideologia alemã”, in Manuel Braga da Cruz (org.), Teorias
Sociológicas. Os fundadores e os clássicos. Vol. I. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 11-60. Edição
original: 1932; redigido em 1846.

Mauss, Marcel (2008), Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. Lisboa:
Edições 70. Edição original 1923-1924.

Michels, Robert (2001), Para uma sociologia dos partidos políticos na democracia moderna. Lisboa:
Antígona. Edição original 1911.

Simmel, Georg (1983), “O estrangeiro”, in idem, Sociologia. São Paulo: Ática, 182-188. Edição original
1908.

Simmel, Georg (2008) Les pauvres. Paris: PUF. Edição original 1908.

Simmel, Georg (), “As grandes cidades e a vida do espírito”, in idem, Psicologia do dinheiro e outros
ensaios. Lisboa: Texto & Grafia, 79-97. Edição original: 1903.

Weber, Max (2015), A ética protestante e o espírito do capitalismo. Barcarena: Presença. Edição
original 1904-1905.

Não conheço tradução portuguesa do segundo texto de Simmel, mas há traduções inglesas.

1
Colectâneas de textos de autores clássicos

Braga da Cruz, Manuel (2004), Teorias Sociológicas. Os fundadores e os clássicos (Antologia de textos).
I volume. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

O livro organizado por Braga da Cruz é útil na biblioteca pessoal de qualquer pessoa interessada nos
clássicos da sociologia. Algumas das obras clássicas indicadas têm excertos reproduzidos neste livro.

Obras sobre o pensamento dos autores clássicos

Aron, Raymond (2000), As etapas do pensamento sociológico. Lisboa: Dom Quixote. Edição original
1965.

O livro de Aron é muito útil como introdução para o estudo sistemático dos autores clássicos.

Autores do século XX

1. Introdução à sociologia

Mills, Charles Wright (1982), A imaginação sociológica. Rio de Janeiro : Jorge Zahar. Edição original
1959.

A par da obra Introdução à sociologia, de Elias, listada abaixo, este livro clássico de Wright Mills é
uma das melhores entradas na disciplina que conheço.

2. Interaccionismo simbólico da segunda metade do século XX

Becker, Howard Saul (2008), Outsiders. Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Edição original 1963.

Becker, Howard Saul (s.d.), Mundos da arte. Lisboa: Livros Horizonte. Edição original 1982.

2
Goffman, Erving (1993). A apresentação do eu na vida de todos os dias. Lisboa: Relógio D’Água. Edição
original 1956.

3. Norbert Elias

Elias, Norbert (2004), A sociedade dos indivíduos. Lisboa: Dom Quixote. Edição original 1987.

Elias, Norbert (2005), Introdução à sociologia. Lisboa: Dom Quixote. Edição original 1970.

Elias, Norbert (2006), O processo civilizacional. Investigações sóciogenéticas e psicogenéticas. Lisboa:


Dom Quixote. Edição original 1939.

Elias, Norbert; Scotson, John (2000), Os estabelecidos e os outsiders. Sociologia das relações de poder
a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Edição original 1965.

Elias é um dos autores fundamentais da disciplina, ainda que seja menos falado do que outros.

4. Michel Foucault

Foucault, Michel (1994), História da sexualidade I. A vontade de saber. Lisboa: Relógio D’Água. Edição
original 1976.

Foucault, Michel (2021), Vigiar e punir. História da prisão. Lisboa: Edições 70. Edição original 1975.

Scott, James C. (2013), Dominação e a arte da resistência. Discursos ocultos. Lisboa: Letra Livre.
Edição original 1990.

O livro de James Scott é influenciado pelas investigações de Foucault sobre o poder e a resistência,
ainda que seja uma investigação etnográfica profundamente original. Scott usa também um quadro
teórico com semelhanças ao de Goffman em alguns pontos, nomeadamente, no tocante à diferença
dos desempenhos dos sujeitos dominados no palco e nos bastidores .

5. História da pobreza na Europa

3
Geremek, Bronislaw (1986), A piedade e a forca. História da miséria e da caridade na Europa. Lisboa:
Terramar.

6. Teoria sociológica do final do século XX e início do século XXI

Bauman, Zygmunt (1998), O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Edição
original 1997.

Bauman, Zygmunt (2001), Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Edição original 2000.

Bauman, Zygmunt (2006), Amor líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Lisboa: Relógio
D’Água. Edição original 2003.

Beck, Ulrich (2010), A sociedade do risco. Rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34.
Edição original 1986.

Castel, Robert (1998), As metamorfoses da questão social. Uma crónica do salário. Petrópolis: Vozes.
Edição original 1995.

Harvey, David (2005), Neoliberalismo. História e implicações. São Paulo: Loyola.

Pais, José Machado (2001), Ganchos, tachos e biscates. Jovens, trabalho e futuro. Porto: Âmbar.

Sennett, Richard (2007a), A corrosão do carácter. As consequências pessoais do trabalho no novo


capitalismo. Lisboa: Terramar. Edição original 1999.

Sennet, Richard (2007b), A cultura do novo capitalismo. Lisboa: Relógio D’Água. Edição original 2006.

7. Investigações histórico-políticas extra-europeias

Castro-Gómez, Santiago (2021), A pós-colonialidade explicada às crianças. Belo Horizonte:


Letramento. Edição original 2005.

4
Lander, Edgardo (Org.) (2005), A colonialidade do saber. Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas
latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO.

O cânone da sociologia, como das demais ciências sociais, é eurocêntrico e patriarcal. Quem quiser
explorar uma contextualização histórica, política e filosófica das ciências sociais e, em geral, do
mundo em que vivemos, poderá começar por ler estes textos da escola latino americana da
modernidade/colonialidade.

Ficção e relatos biográficos com interesse sociológico:

Houellebecq, Michel (2006), A possibilidade de uma ilha. Lisboa: Dom Quixote. Edição original 2005.

Kafka, Franz (2012), O processo. Lisboa: 11x17. Edição original 1925.

Le Guin, Ursula K. (1973), “The ones who walk away from Omelas”, New Dimensions 3. New York:
Nelson Doubleday/SFBC

Le Guin, Ursula K. (2017), Os despojados. Porto Salvo: Saída de Emergência. Edição original 1974.

London, Jack (2002), O povo do abismo. Lisboa: Antígona. Edição original 1903.

London, Jack (2021), A praga escarlate. Lisboa: Antígona. Edição original 1912.

Orwell, George (2003), Na penúria em Paris e em Londres. Lisboa: Antígona. Edição original 1933.

Orwell, George (2007), 1984. Lisboa: Antígona. Edição original 1949.

Quem pretender compreender a diferença entre a modernidade sólida e a modernidade líquida terá
um excelente apoio na leitura de 1984 (mas também de O processo) seguida de A possibilidade de
uma ilha. Enquanto que o livro de Orwell apresenta uma visão distópica do pior que a modernidade
sólida poderia trazer, o livro de Houellebecq examina uma outra distopia, profundamente diferente:
a do isolamento total dos indivíduos, a tentarem encontrar com quem comunicar à distância,
enquanto se encontram sitiados por uma parte da humanidade que que foi excluída sequer da
possibilidade de ter os benefícios materiais que estão associados a este isolamento.

5
O povo do abismo e Na penúria em Paris e em Londres são exemplares monografias biográficas da
experiência de vida em situação de pobreza extrema. Não se afirmando como sociologia, nenhum
sociólogo fez melhor trabalho etnográfico sobre este tema do que London ou Orwell.

A praga escarlate é um minúsculo e extraordinário livro de London sobre uma sociedade distópica
após a catástrofe que foi uma pandemia devastadora. Escrito em 1912 como uma história de ficção
científica, o livro não pode deixar indiferente nenhum leitor que tenha vivido a pandemia da Covid-
19.

Os textos de Le Guin são ensaios políticos magistrais levemente disfarçados de ficção científica. Não
conheço nenhuma tradução oficial em português de The ones who walk away from Omelas, mas
encontram-se online traduções informais.

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