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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)

Faculdade de Ciências e Letras, Departamento de História – Câmpus de Assis


Curso de Graduação em História (Licenciatura)

Lara Pires dos Santos


Turno: diurno

A QUESTÃO DA ALTERIDADE NO CONTATO ENTRE O EUROPEU E O


NOVO MUNDO
Diálogo entre Nobert Elias e Tzvetan Todorov

Assis – SP
2018
Lara Pires dos Santos
Turno: diurno

A QUESTÃO DA ALTERIDADE NO CONTATO ENTRE O EUROPEU E O


NOVO MUNDO
Diálogo entre Nobert Elias e Tzvetan Todorov

Ensaio apresentado no curso de Graduação em


Assis da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (UNESP)
Professor Responsável: Eduardo José Afonso

Assis – SP
2018
RESUMO

O presente ensaio objetiva realizar diálogo entre o segundo capítulo do primeiro


volume da obra O Processo Civilizador, de Nobert Elias, e o nono capítulo do livro O
Homem Renascentista denominado Viajantes e Indígenas, cuja autoria pertence a
Tzvetan Todorov. A análise de ambos os trabalhos permitirá compreender o tema
central aqui desenvolvido: a questão da alteridade no contato entre o europeu e o Novo
Mundo, a partir do século XV e XVI. O encontro entre essas diferentes culturas é
marcado pela distinção entre “o que é estranho” e “o que não é”, em outras palavras, o
Novo Mundo apresenta-se como um reflexo do que é familiar ao europeu ao destacar
tudo aquilo que o é estranho. Nesse sentido, a compreensão de Nobert Elias será
realizada para expor o processo formador do padrão do eu europeu, do civilizador, o
qual a partir do século XV entra em contato com o outro, ou seja, as populações do
Novo Mundo. Portanto, O Processo Civilizador servirá como ponto de partida para a
compreensão da temática da alteridade abordada em Todorov, pois enfatiza a mudança
nas estruturas de personalidade e comportamento dos indivíduos da sociedade europeia,
como por exemplo, dos viajantes europeus abordados em Viajantes e Indígenas.
Palavras-chave: Alteridade; Nobert Elias; Tzvetan Todorov
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................5

2 DESENVOLVIMENTO.................................................................................................9

2.1 O Processo Civilizador: a Civilização como Transformação do Comportamento


Humano.............................................................................................................................9

2.2 Viajantes e Indígenas: a Questão do Outro...............................................................12

3 CONCLUSÃO..............................................................................................................16

4 BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................19
5

1 INTRODUÇÃO

Norbert Elias, sociólogo alemão, nasceu em Breslau em 1897 e estudou


medicina, filosofia e psicologia nas Universidades de Breslau e Heidelberg. Seu
trabalho mais conhecido é O Processo Civilizador, publicado em 1939, no qual analisa
os efeitos da formação do Estado Moderno sobre os costumes e a moral dos indivíduos.
Segundo Landini, quando esse trabalho foi lançado fez muito pouco sucesso, pois aquela
realmente não era uma boa hora para o lançamento de um livro escrito em alemão, por um
judeu e que, sobretudo, falava sobre civilização. 1
O contexto intelectual e científico no qual Elias produziu a presente obra estava
impregnado das discussões acerca da eugenia e, consequentemente, dos conceitos de
civilização e barbárie. Os estudos desenvolvidos por Francis Galton (1822-1911) e
Alfred Ploetz (1860-1940) acerca da superioridade racial de algumas “espécies
humanas” em detrimento de outras, ou seja, a existência de uma raça possuidora de
certas características definidoras do “homem civilizado”, em contraposição a uma raça
inferior caracterizada pela barbárie, estavam disseminados na ciência experimental
européia.2
Por outro lado, a publicação das obras de Sigmund Freud (1856-1939) e as suas
descobertas no âmbito da psicanálise, influenciaram boa parte da sociologia da década
de 1930-1940, em especial a presente obra de Norbert Elias. A grande influência de
Freud em O Processo Civilizador se deve a descoberta do superego e da consciência e,
principalmente, ao caráter social da formação psicológica do indivíduo.3
Além das teorias científicas desenvolvidas nessa época, o contexto histórico
também marca diretamente essa obra. Na Alemanha, a ascensão do nazismo em 1933 e
a aplicação da lei racial alemã de 1937 têm um grande peso na elaboração da obra de
Elias. Pois, tais acontecimentos interferiram diretamente em sua vida, sendo o
intelectual alemão residido na Alemanha nazista e autor de trabalhos acerca da
civilização.
Apesar de seu reconhecimento em vida tenha sido posterior à elaboração da
presente obra, é indiscutível sua contribuição para a sociologia contemporânea.
Ademais, embora na introdução de seu livro A Sociedade de Corte, publicado em 1969,
1
LANDINI, T. S. A sociologia processual de Norbert Elias. IX Congresso Internacional
Processo Civilizatório – Tecnologia e Civilização. Ponta Grossa, 2005, p. 1.
2
Salgado-Neto, Geraldo & Salgado, Aquiléa. (2011). Sir Francis Galton e os extremos superiores da
curva normal. Revista de Ciências Humanas. 45. 223-239.
3
COSTA, André Oliveira; ENDO, Paulo César. Corpo, transmissão e processo civilizador:
Sigmund Freud e Norbert Elias. Trivum,  Rio de Janeiro ,  v. 6, n. 2, p. 16-32, dez.  2014 
6

Elias oponha a sociologia à história, realizando crítica radical à abordagem histórica, de


muito seu trabalho contribuiu também à historiografia. Pois, segundo Chartier, o qual
propõe uma leitura histórica de A Sociedade de Corte (1969),
“(...) a sociologia não consiste, ou não consiste apenas, no
estudo das sociedades contemporâneas, antes devendo dar conta
das evoluções de longa, e mesmo muito longa duração, que
permitem compreender, por filiação ou por diferença, as
realidades do presente, O seu objecto é inteiramente histórico,
no sentido em que se situa (ou pode ser situado) no passado
(...)”.4

Já Tzvetan Todorov foi filósofo, linguista, historiador e escritor nascido na


cidade de Sofia na Bulgária em 1939. Filho de um professor universitário e de uma
bibliotecária que se formou em Filologia, mudou-se para a França onde realizou
doutorado na Universidade de Paris orientado por Roland Barthes. Foi um pesquisador
do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e também professor visitante
das universidades de Yale, Harvard, Columbia e Berkeley. Entre diversos livros,
publicou A gramática do Decameron (1969), A conquista da América (1982), Teorias
do Símbolo (1977), Os Géneros do Discurso (1978) e Os inimigos íntimos da
democracia (2012).
Com a publicação de A Conquista da América, em 1982, Todorov expõe suas
pesquisas a respeito do conceito de alteridade, existente na relação de indivíduos
pertencentes a grupos sociais distintos. Esse tema pode encontrar justificativa na
situação do próprio autor, imigrante na França, país onde supostamente a relação entre
nacionais e estrangeiros é historicamente marcada por um xenofobismo não declarado.
Dito isso, seu discurso vem ressignificar os termos “civilizado” e “bárbaro”, nesse
sentido,
“Além de legítimo, o conceito de barbárie pode servir para
designar, em qualquer época ou lugar, os atos e as atitudes
daqueles que, em um grau mais ou menos elevado, lançam os
outros para fora da humanidade, ou os julgam radicalmente
diferentes de si mesmos, ou infligem-lhes um tratamento
ofensivo. Considerar os outros como desumanos, monstros ou
selvagens, é uma das formas dessa barbárie.”5

Já o mais civilizado,

4
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre prática e representações. Trad. de Maria Manuela
Galhardo. Lisboa: Difusão Editora, 1988, p. 91-92.
5
TODOROV, Tzvetan. O medo dos bárbaros: para além do choque das civilizações. Petrópolis: Editora
Vozes, 2010. p 27.
7

“(...) é aquele que conhece melhor seus códigos e suas tradições


porque tal conhecimento permite-lhe compreender os gestos e
atitudes dos outros membros de seu grupo, portanto, aproximá-
los de sua própria humanidade.”6

Por fim, conclui seu raciocínio:


“(...) Ninguém é definitivamente bárbaro ou civilizado e cada
um e cada um é responsável por seus atos. Mas nós, que hoje
recebemos essa grande honra, temos a responsabilidade de
avançar um passo a mais no sentido de civilização.”7

Seu trabalho em questão, nono capítulo da obra O Homem Renascentista (1988)


organizado por Eugenio Garin, intitulado de Viajantes e Indígenas, Todorov sintetiza as
ideias de A Conquista da América (1982).
Para desenvolver a discussão proposta neste ensaio, parte-se da ideia defendida
pelo antropólogo brasileiro Gilberto Velho:
“A noção de outro ressalta que a diferença constitui a vida
social, à medida que esta efetiva-se através das dinâmicas
socais. Assim sendo a diferença é, simultaneamente, a base da
vida social e fonte permanente de tensão e conflito.”8

Em outros termos, Gilberto Velho mostra como a interação entre a parte interior


do indivíduo e o outro forma o cerne da vida social: ao interagirem, os indivíduos
reafirmam o que faz parte de si mesmo e o que faz parte do mundo externo. Esse
processo de diferenciação é parte também da construção da identidade do sujeito, o qual
se molda a partir da distinção entre “o que eu sou” e “o que eu não sou”. Esse ponto
leva-nos ao problema fundamental da questão: a impossibilidade da existência do eu
sem o conflito com o diferente, o estranho, o outro.
A alteridade volta-se também para a observação do contato cultural entre grupos
étnicos diferentes e dos conflitos conseqüentes desenvolvidos sob diferentes
perspectivas. A descoberta do “Novo Mundo”, isto é, o início da colonização europeia
nas Américas, parece ser o ponto de partida para os questionamentos que envolvem a
ideia de alteridade. O encontro com o outro é marcado pelo medo e pelo fascínio,
pela distinção clara entre o que é estranho e o que não é. O contraste cultural, de certa
forma, acaba fortalecendo a noção de que “aquilo que sou é diferente daquilo que não
6
TODOROV, Tzvetan. O medo dos bárbaros: para além do choque das civilizações. Petrópolis: Editora
Vozes, 2010. p 35.
7
Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris. Folha de São Paulo, 2012, acesso
em 17 de novembro de 2018. Disponível em < http://folha.com/no1856526>.
8
VELHO, G. Individualismo e Cultura: notas para uma antropologia da sociedade contemporânea. 8.ed.
Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2008. p. 22.
8

sou”, o que, em outras palavras, significa dizer que o mundo estranho é um enorme
espelho que reflete o que é familiar ao destacar tudo aquilo que nos é estranho.
Nessa perspectiva, as ideias de Nobert Elias serão aqui apresentadas no sentido
de expor as transformações formadoras da referência do eu europeu, do civilizador, o
qual a partir do século XV entra em contato com o outro, ou seja, as culturas do Novo
Mundo. Portanto, o texto de O Processo Civilizador será tido como ponto de partida
para a compreensão da temática da alteridade abordada em Todorov, uma vez que
descreve o processo civilizador europeu e enfatiza as mudanças nas estruturas de
personalidade e comportamento dos indivíduos da sociedade europeia. Isto é, Elias
analisa um processo influente, por exemplo, nos viajantes referidos em Viajantes e
Indígenas.
9

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O Processo Civilizador: a Civilização como Transformação do Comportamento


Humano

A obra O Processo Civilizador de Nobert Elias divide-se em dois volumes,


sendo o primeiro o discutido neste ensaio. Nele, o autor analisa o desenvolvimento dos
diferentes conceitos de cultura e civilização na Alemanha, Inglaterra e na França.
Posteriormente, explora a civilidade como transformação dos costumes: nos costumes
das pessoas à mesa, no momento das refeições, na forma de comer, em relação às
funções corporais, tais como espirrar ou tossir, escarrar, arrotar ou expelir gazes, até o
comportamento no quarto de dormir ou no controle da agressividade. Para esta análise,
é tomado como base livros de boas maneiras, além de pinturas, literaturas e documentos
históricos.
Segundo Oliveira e Mendes,
“Uma das primeiras práticas docentes realizadas na
modernidade foi efetuada por Erasmo de Roterdã (1469-1536),
especialmente nas duas obras destinadas à educação do filho de
um príncipe. Trata-se de De Pueris e Civilidade Pueril, nas
quais procura ensinar como a criança deve se comportar no
convívio social. Essas duas obras, ou manuais, tinham como
objetivo mostrar que o comportamento social necessita de
polidez, etiqueta e requinte. Outra obra importante desse período
é o manual de Giovanni Della Casa (1503-1556), Galateo. Nela,
o autor insiste na necessidade de se ter “bons modos” à mesa,
nos salões; enfim, deve-se aprender a conviver socialmente.
Esses dois autores expressam uma nova exigência histórica, a de
que os homens tinham que aprender a se comportar dentro de
novas condições sociais. Com efeito, o mundo feudal findara-se
e com ele a forma social de comportamento que o expressava. A
educação estava voltada, assim, para preparar o indivíduo para a
nova sociedade que estava sendo produzida.”9

Estes manuais de boas maneiras visavam uma transformação na educação


juvenil condizente com os desejos da classe que, no final da Idade Média, tomara o
poder. Ao analisar as transformações nos costumes, Elias estuda diversas obras,
especialmente as de Giovanni Della Casa e Erasmo de Roterdã.
A obra A Civilidade Pueril, publicada pela primeira vez em 1530, de Erasmo de

9
OLIVEIRA, T. MENDES, C.M.M. A prática docente como ação política: um olhar histórico. Educere
et Educare - Revista de Educação. Vol 2, n. 4, jul/dez 2007, p. 327 – 340. p. 328.
10

Roterdã é abordada no segundo capítulo do volume I de O Processo Civilizador.


Destinada a Henrique de Borgonha, filho de Adolfo, príncipe de Veere, objetivava
trazer ao público lições de boas maneiras e pretendia atingir a grande parte daqueles que
não tiveram a oportunidade de serem educados por um pedagogo particular nem de
frequentar cursos reservados aos detentores de fortunas. Erasmo acreditava na
popularidade de seu trabalho entre todos os outros meninos, justamente, porque fora
dedicado a uma criança da classe alta e de grande futuro.
Com o passar do tempo, esses padrões de comportamento presentes, por
exemplo, nos livros de etiqueta, deixam de ser conscientes, e, segundo o autor,
provocam mudanças na estrutura da personalidade. Com isso, outro fator importante é o
autocontrole, fruto do processo educacional e civilizatório, pois diminui a necessidade
de uma influência externa: quando o homem se educa, torna-se capaz de controlar seus
impulsos, suas paixões, e assim, a convivência em sociedade é facilitada. Desta
maneira, no decorrer do processo de civilidade, ocorre uma alteração no equilíbrio entre
o controle externo e o autocontrole, favorecendo esse último.
O processo civilizador constitui uma mudança em longo prazo na conduta e
sentimentos humanos rumo a uma direção específica, no entanto, essa mudança não é
planejada, consciente ou racional. Isto posto, ela vai em direção ao equilíbrio entre os
interesses individuais e os coletivos na sociedade, produto do autocontrole; em outras
palavras, é preciso satisfazer as necessidades e desejos pessoais, porém, sem destoar das
regras da sociedade. Se a estrutura das configurações humanas tiver essas
características, se a coexistência delas, condição da existência individual de cada uma,
funcionarem de modo possível a todos os assim interligados alcançar tal equilíbrio,
então poderão os seres humanos dizer a respeito de si mesmos que são civilizados.
As direções dos processos civilizadores incluem o aumento da distinção entre
instintos e controle dos instintos; aumento da pressão pelo desenvolvimento da
previsibilidade; psicologização e racionalização; avanço no limite entre vergonha e
repugnância; ajuste de comportamentos e contrastes emocionais. Elias conclui seu
pensamento da seguinte forma:
“Se analisamos em sua totalidade esses movimentos do passado,
o que vemos é uma mudança em direção bem definida. Quanto
mais profundamente penetramos na riqueza de fatos particulares
a fim de descobrir a estrutura e regularidades do passado, mais
solidamente emerge um contexto firme de processos dentro dos
quais são reunidos os fatos dispersos. Da mesma forma que, no
passado, quem observava a natureza, após seguir numerosas
11

hipóteses que em nada deram, gradualmente começou a


distinguir uma visão coerente dela tomando forma diante de seus
olhos, hoje os fragmentos do passado humano reunidos em
nossa mente e em nossos livros pelo trabalho de muitas
gerações, começam, aos poucos, a se encaixar num quadro
consistente da história e do universo humano em geral.”10

A civilização está constantemente ameaçada pelo processo de degeneração,


sendo necessárias reformas que evitem a sua decadência, porém as nações civilizadas
compreendem sua condição de ápice civilizatório como a-histórica; isto é, como se os
comportamentos e as maneiras “civilizadas” fossem constantes. Interessante observar
como Elias contesta essa noção, a qual na década de 1930 era tida como consenso, ao
demonstrar o “refinamento” dessas maneiras e comportamentos como resultados de
vários processos graduais de transformações estruturais no comportamento,
mentalidade, emoções e, finalmente, da personalidade dos indivíduos que se consideram
civilizados. Em outros termos,
“A “civilização” que estamos acostumados a considerar como
uma posse que aparentemente nos chega pronta e acabada, sem
que perguntemos como viemos a possuir-la, é um processo ou
parte de um processo em que nós mesmos estamos envolvidos.
Todas as características distintivas que lhe atribuímos – a
existência de maquinaria, descobertas científicas, formas de
Estado, ou o que quer que seja – atestam a existência de uma
estrutura particular de relações humanas, de uma estrutura social
particular, e de correspondentes formas de comportamento.”11

De modo a sustentar tal tese, é aplicada a metodologia de análises de processos


de longa duração com resultados não previstos pelos agentes da ação inicial. Dessa
forma, o autor perpassa por diversos períodos históricos discutindo como se dá o
refinamento das ações diante dos outros indivíduos e a transposição de ações
consideradas vergonhosas e nojentas apenas para o plano privado da vida individual.
Essa introspecção de determinadas ações é o resultado da coação entre os
indivíduos, advinda de uma maior observação, pelas outras pessoas, de como se porta o
outro (ELIAS, 1994, p. 91). Longe de ser um desenvolvimento racional (ELIAS, 1994,
p. 214), o processo civilizador se constitui como o aumento do sentimento de vergonha
sobre determinados comportamentos, resultando em uma modificação na estrutura

10
ELIAS, N. O processo civilizador: Formação do Estado e Civilização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
1993, v. II. p. 263.
11
ELIAS, N. O processo civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, v
I. p. 73.
12

mental e emocional. O resultado final desse processo é o desenvolvimento de um, já


citado anteriormente, autocontrole de suas ações e emoções e uma transformação na
estrutura da personalidade dos indivíduos.
A síntese desse trabalho de Norbert Elias poderia ser caracterizada pela evolução
conceitual de determinados tipos de estruturas desenvolvidos pelo autor:
comportamento, mental e emocional e, finalmente, de personalidade. O tratamento dado
a esses conceitos decorre, juntamente, com o aprofundamento e a interiorização do
processo civilizador, passando dos estágios mais superficiais desse processo às
instâncias humanas mais profundas.
Dentro das variadas mudanças analisadas nos costumes e na educação da Idade
Média à Contemporânea em O Processo Civilizador, a título de exemplo se é possível
citar as atitude nas relações entre os sexos. Nesse parâmetro, o sentimento de vergonha
foi aprendido e naturalizado pela sociedade, entretanto, esse sentimento foi ensinado e
construído nas relações sociais. De acordo com a análise das transformações dos
costumes, é evidenciado que as mudanças não ocorrem de forma aleatória, mas sim com
um sentido pré-determinado, relacionando ao aumento do sentimento de vergonha e
repugnância as novas noções de refinamento e civilização. Assim,
“Na sociedade aristocrática de corte, a vida sexual era por certo
muito mais escondida do que na sociedade medieval. O que o
observador de uma sociedade industrializada-burguesa amiúde
interpreta como “frivolidade” da sociedade de corte nada mais é
do que essa orientação rumo à privacidade. Não obstante,
medidos pelo padrão de controle dos impulsos na própria
sociedade burguesa, o ocultamento e a segregação da
sexualidade na vida social, tanto quanto na consciência, foram
relativamente sem importância nessa fase. Aqui, também, o
julgamento de fases posteriores é com freqüência induzido em
erro porque os padrões, da pessoa que julga e da aristocracia de
corte, são considerados como absolutos e não como opostos
inseparáveis, e também porque o padrão próprio é utilizado
como medida de todos os demais.”12

2.2 Viajantes e Indígenas: a Questão do Outro

O trabalho em questão, nono capítulo da obra O Homem Renascentista,


intitulado de Viajantes e Indígenas, possui a mesma temática do livro A Conquista da
América, também de Todorov. Em ambos, o autor objetiva apontar a questão da
alteridade e o meio encontrado para isso foi a análise das viagens à América, ao mesmo
12
ELIAS, N. O processo civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, v
I. p. 178.
13

tempo em que faz reflexão sobre os signos, a interpretação e a comunicação. Porém,


apesar de se utilizar de fontes históricas, o que se é pretendido é recontar a história da
descoberta para fazer uma reflexão acerca da alteridade, e não realizar uma análise
histórica dos acontecimentos com contextualização dos fatos, e discussão do sentido da
colonização.
Pode-se perceber, na análise de Todorov, certa tendência em associar análise
literária com analise de discurso, ao avaliar os elementos linguísticos e históricos
sociais, e ao procurar sentido ao discurso dos europeus em terras americanas. Essa
interpretação do autor com a seguinte definição de discurso:
“Discurso é a prática da linguagem, uma narrativa construída a
partir de condições históricas e sociais específica, todo discurso
materializara determinada ideologia na fala a partir de um
idioma específico, cada discurso é assim uma representação do
imaginário no qual o autor esta inserido [...]. Não é ler um texto
analisando seu conteúdo, mas saber como ele diz, ou seja,
analisar os elementos linguísticos, históricos e sociais, fazendo
sentido em conjunto.”13

Dito isso, é com o objetivo de fomentar o diálogo sobre a questão da alteridade


que Todorov ergue sua tese sobre o desconhecimento do outro pelos espanhóis, ao
narrar a descoberta da América e sua conquista; mas não só: vê no ano de 1492, com a
chegada de Colombo ao solo americano, um mundo constituído de partes as quais não
formavam o todo, fechar-se em sua totalidade. Além disso, os europeus sabiam da
existência da África, da China e da Índia, por exemplo, de forma que o encontro entre
eles não se deu num contexto de surpresa absoluta, já em relação às populações
indígenas mesoamericanas a estranheza é completa. Os espanhóis nada conhecem sobre
os índios: este é, pois, um encontro exemplar e, assim, axiologicamente paradigmático.
Viajantes e Indígenas é, portanto, iniciado com a apresentação da situação
predominante do mundo no final do século XV e início do XVI. Para tanto, entre outras
coisas, se é destacado o grande desenvolvimento em diversas áreas do conhecimento.
Também se é lembrado que é nesse contexto que se iniciam as grandes navegações e
ressaltado a importância dos relatos de viajantes para o entendimento, mesmo de modo
superficial, de como os nativos vivam e de como receberam os europeus em suas terras.
Dentre os inúmeros viajantes, Todorov se detêm às viagens realizadas à
América, com foco em Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, Fernando Cortez,

13
SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel H. Discurso. In: SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel H. (Org.).
Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2005. p. 101.
14

Bartolomeu de Las Casas e Bernardino de Sahagún.


Se é, primeiramente, apresentado Colombo, um sujeito de mentalidade medieval,
o qual em nada antecipa o homem moderno. De raciocínio finalista, suas interpretações
guiam-no, sempre, rumo a um resultado concebido a priori, sendo, portanto,
desprovidas de cientificidade. Seu interesse é a natureza, e os nativos americanos lhe
interessam apenas no sentido de integrarem a paisagem recém-descoberta: a eles dedica
a mesma apreciação pragmática de sua admiração aos elementos naturais.
Seu desconhecimento em relação aos nativos o leva a um comportamento
ambíguo em relação a eles: ora os declara pessoas extremamente bondosas e dóceis, e
ora os taxa de “cães imundos”, porque não entende suas práticas culturais distintas,
sobretudo o canibalismo ritual, e não admite suas preferências em seus cultos religiosos
ao cristianismo, constituindo-se, assim, em potenciais escravos. Esta ambiguidade
expressa nos escritos e no comportamento de Colombo, é a marca particular da história
da descoberta da América, entendida como o primeiro episódio da conquista: a
alteridade humana é afirmada e rejeitada simultaneamente. Este duplo movimento é
simbolizado, na história hispânica, pelo peculiar ano de 1492: ao mesmo tempo em que
recusa seu Outro interior, ao expulsar de seu país os infiéis mouros e forçando os judeus
a imigrarem, descobre o Outro interior, no vasto território americano; e o próprio
Colombo liga ambos os eventos em carta aos reis católicos de Espanha.
Vespúcio produziu vários textos muito mais literários que documentais com o
intuito de apresentar as novas terras aos europeus, duas cartas dele se destacam:
Mundus Novus e Quatuor navigationes. Em relação a Cortez, o autor destaca que foi um
conquistador muito influente devido ao êxito que teve quando dominou os povos
astecas, foi uma pessoa que usou de diversos símbolos para influenciar os indígenas e
buscou conhecer ao máximo a cultura desses povos para usá-la em seu favor.
A primeira atitude de Cortez é encontrar intérpretes, com vistas a amalgamar o
maior número possível de informações sobre os indígenas. Malinche lhe é fundamental,
pois conhece as línguas maia e inca, aprende rápido o espanhol e escolhe permanecer ao
lado dos hispânicos. Ela traduz ao espanhol não apenas a fala dos nativos, bem como
ensina sua cultura, o significado de seus ritos, o funcionamento de sua sociedade, o que
garante a Cortez inestimável vantagem em relação aos nativos: preocupa-se muito com
a recepção de seus discursos pelos indígenas, adota ações espetaculares por seu efeito
simbólico e age de modo dissimulado para confundir os índios. É também por meio de
seus intérpretes que descobre as rivalidades internas entre as várias comunidades nativas
15

pertencentes ao Império Inca e se valerá delas para fazer alianças para garantir o apoio
de um considerável número de guerreiros índios.
A linguagem é, pois, um instrumento equívoco, podendo ser utilizada tanto para
integrar-se à comunidade, como para manipular outrem. Montezuma privilegia a
primeira função, Cortez a segunda. Embora os incas venerassem o domínio simbólico
da linguagem, apenas os espanhóis perceberam a utilidade prática da língua, utilizando-
a como instrumento político de manipulação e controle sobre o outro.
O padre Las Casas difere-se pelo fato de acreditar em uma colonização pacífica
e difundir amplamente o cristianismo entre os nativos, pois acreditava no igualitarismo
e defendia que o poder espiritual deveria sobrepor o temporal. Porém, não pretendia
interromper a anexação dos índios, a proposta era apenas a de que esta anexação fosse
realizada pelos padres ao invés de soldados. Com isso, aponta Todorov,
“Se a compreensão não for acompanhada de um reconhecimento
pleno do outro sujeito, então essa compreensão corre o risco de
ser utilizada com vistas à exploração, ao ‘tomar’; o saber será
subordinado ao poder.”14

Por fim, mas não menos importante, se é analisado o franciscano Sahagún, o


qual dedicou boa parte de sua vida para ensinar latim aos indígenas e ao mesmo tempo
aprender a língua e os costumes deles com o intuito de mais facilmente conseguir
catequizá-los, foi responsável por produzir um livro muito importante que só veio a ser
lançado séculos depois: Historia General de las Cosas de la Nueva España.
Dessa forma, nem entre os que buscam preservar os índios existe quem de fato
os compreenda, pois a compreensão ocorre apenas quando se reconhece o Outro
enquanto completamente distinto do Eu que o concebe. Isso implica, não apenas no
reconhecimento da alteridade, mas do respeito a ela, isto é, não pode haver
hierarquização entre os sujeitos, os quais são distintos, porém coexistem no mesmo
plano; aqui há o contato que leva à compreensão. Qualquer tentativa de assimilação por
uma das partes, entretanto, pressupõe a presunção de superioridade cultural por esta,
que procura encaixar o Outro em seu sistema de valores, resultando numa
hierarquização dos sujeitos; aqui, há o contato que leva à destruição.
Sendo assim, Todorov propõe essa reflexão atordoante:
“(...) compreender leva a tomar, e tomar a destruir... A
compreensão não deveria vir junto com a simpatia? E ainda, o

14
TODOROV, Tzvetan. Amar. In: A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins
Fontes, 2003. p. 190.
16

desejo de tomar, de enriquecer à custa do outro, não deveria


predispor à conservação desse outro, fonte potencial de
riqueza?”15

3 CONCLUSÃO

A formação do eu/nós (europeu) a partir do processo civilizador opõe-se ao


ele/ela/outro (eles/elas/outros) ao entrar em contato com o Novo Mundo, e essa
oposição repercute na legitimação do mito violento da modernidade na medida em que
reforça e ajuda a construção da identidade europeia desde a diferença, ou seja, desde a
supressão/ocultação da subjetividade criadora que existe no outro/outra. A presunção de
inferioridade de tudo referido ao outro/outra, seu comportamento bárbaro, seus
costumes selvagens, sua religião demoníaca, estão ligadas à marginalidade de sua
posição geográfica e epistemológica: a Europa é centro dos acontecimentos, da
produção intelectual, artística, literária, dos comportamentos e costumes. Logo, se há
um centro, há uma periferia; o centro “cria” a periferia ao ver-se superior em todos os
aspectos relevantes para a modernidade.
Ademais, o outro/outra é inferiorizado até o ponto do seu encobrimento em dois
momentos: quando seu mundo não é reconhecido enquanto mundo, mas como
aberração, escândalo, e quando, feita tabula rasa de sua alteridade, o mito da violência
erige a ideia do bárbaro que necessita ser colonizado/cristianizado/civilizado. Há, então,
a conquista, processo militar e prático de sujeição do outro/outra ao mundo totalizante
do eu/nós (europeu), e há, em adição, o simbólico “encontro” desigual de dois mundos,
do qual, como resultado, nasce o mundo moderno.
A utilização do termo “encontro” para caracterizar as relações Europa/América a
partir do final do século XV é problemática, pois
“O conceito de ‘encontro’ é encobridor porque se estabelece
ocultando a dominação do ‘eu’ europeu, de seu ‘mundo’, sobre
o ‘mundo do Outro’, do índio. Não podia ser então ‘encontro’ de
duas culturas – uma ‘comunidade argumentativa’ onde os
membros fossem respeitados como pessoas iguais –, mas era
uma relação assimétrica, onde o ‘mundo do Outro’ é excluído de
toda racionalidade e validade religiosa possível. De fato, esta
exclusão se justifica por uma argumentação encobertamente
teológica: trata-se da superioridade – reconhecida ou

15
TODOROV, Tzvetan. Amar. In: A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins
Fontes, 2003. p. 183.
17

inconsciente – da ‘Cristandade’ sobre as religiões indígenas.”16

Deste modo, as relações abordadas no presente ensaio, desde a análise do


processo civilizador de Nober Elias, aqui tido como a base da formação do eu/nós
europeu, até a questão abordada por Todorov acerca da alteridade, potencializadora da
formação desse eu e esclarecedora das relações entre a Europa e o Novo Mundo,
possuem consequências as quais perpassam o século XV e XVI. Nesse sentido, o
desdobramento desses eventos eclodiu, no século XIX e XX, na incorporação de
distinções hierárquicas de povos, fundadas em construções de raça e cultura, retratadas,
por exemplo, nas concepções teóricas que fundamentaram práticas colonialistas e
imperialistas.
A consagração da missão civilizatória, muito presente no século XIX, inspirou o
poeta inglês Rudyard Kipling ao escrever O Fardo do Homem Branco (1899). Neste
poema, congratula os Estados Unidos da América ao tempo em que este conquistara as
Ilhas Filipinas e, com isso, tornava-se responsável pela administração e progresso desse
território. Kipling enaltece os esforços, a vocação e o dever que guiarão o homem
branco no melhoramento de povos do mundo distantes da civilização: por meio das
“selvagens guerras da paz”, estes povos, “metade demônio e metade criança”, se
beneficiarão da vocação quase divina do “homem branco”.17
Por fim, outro exemplo é o artigo acadêmico, escrito em 1927 pelo Capitão do
Exército Norte Americano Elbridge Colby, intitulado How to Fight Savage Tribes,
publicado em renomado periódico. Na condição de especialista militar, Colby se coloca
a tecer considerações sobre a aplicabilidade das leis da guerra – Direito Humanitário –
na regulação da conduta de Estados civilizados quando em confronto com povos não
civilizados ou selvagens. Disposto a defender a tese de que, no âmbito do Direito
Internacional, as leis da guerra não se aplicam para conflitos entre povos civilizados e
não civilizados, Colby baseia sua hipótese em questões de fato e de direito. As primeiras
envolvem as diferenças em graus, ou estágios, de desenvolvimento civilizacional.
Escreve que, “de fato, entre os selvagens, a guerra envolve a todos (...) não há
distinção entre combatentes e não combatentes” (COLBY, 1927, p. 281), ao passo que,
entre os povos civilizados, “(...) o moderno e então conhecido método ‘civilizado’ tenta

16
DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro. A origem do mito da modernidade. Petrópolis:
Editora Vozes, 1993. p. 64-65.
17
DE HOLANDA CAVALCANTE, Daniel Sousa. Espaços do Mal X Espaços do Bem: os Estados
Unidos e a Guerra contra o Terror no início do século XXI. Anais do XXVI Simpósio Nacional de
História – ANPUH • São Paulo, julho 2011. p. 1.
18

fazer uma distinção entre combatentes e não combatentes.” (COLBY, 1927, p. 281). A
partir dessas colocações, e após mencionar as ações britânicas na África do Sul durante
a Guerra do Boer, qualificada por alguns comentaristas como “brutais”, Colby intercede
em defesa dos britânicos: “(...) contra ardilosos povos selvagens e semi-selvagens, e
contra unidades tribais que guerreiam como tribos completas, o método deve ser (...)
‘mais brutal’.” (COLBY, 1927, p. 283).
Em face desse cenário, métodos militares modernos, como os bombardeios, são
justificáveis mediante a selvageria do inimigo, sendo esta a tônica geral das ações
britânicas no Afeganistão, prossegue o autor. Do mesmo modo, e em vista da disposição
de tribos selvagens em devastar e aniquilar seus inimigos, “ideias humanitárias
excessivas” não devem impedir reações mais rígidas e métodos mais adequados à
selvageria encontrada. Quando confrontado com o argumento de que a Alemanha fez
uso de gás venenoso no curso da Primeira Grande Guerra, e o consequente uso em
resposta de armas químicas similares pelos Aliados, Colby pondera que não se trata de
um ato de selvageria e que as leis da guerra permanecem válidas nesse caso, ocorrendo,
tão somente, um temporário afastamento dessas.
A suspensão da aplicação da lei da guerra no trato de selvagens ou povos não
civilizados atende, ademais, a critérios econômicos, evitando maiores esforços e perdas
desnecessárias. Talvez mais importante para fins de análise da legalidade das ações das
nações civilizadas é a conclusão de que os povos não civilizados não desfrutam do
status de pessoa jurídica de Direito Internacional – não são reconhecidos como Estados
e, desse modo, não se beneficiam das provisões legais aplicáveis aos Estados já
reconhecidos:
“(...) em puro sentido legal, ele (o comandante Ocidental) não
está vinculado a obedecer os preceitos do direito internacional
contra qualquer nação que não é parte nas convenções relativas
a qualquer ponto particular em questão.”18

18
COLBY, Elbridge. “How to Fight Savage Tribes.” The American Journal of International Law, vol. 21,
no. 2, 1927, p. 279-288. p. 287.
19

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