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Elogios a ‘Sara, Livro 1’

Um autor escreve:

"Sara é um romance comovente sobre uma menina que descobre os segredos para criar
uma vida feliz. E como Sara descobre como criar uma carta de vida para si mesma,
começando exatamente onde ela mora , o leitor também aprende as mesmas lições.
Magicamente, ambos são transformados.

“A leitura desse livro revigorante e inspirador pode despertar em todos os leitores o


poder interior que eles já têm para criar o tipo de vida que eles sempre desejaram.

“Sara é um livro que você quererá dar à sua família e amigos porque ele transmite
poderosas mensagens sobre a vida de uma maneira que é de fácil compreensão e
assimilação.

“A escrita inspirada pelos autores tece uma magia encantadora que pode mudar vidas
somente pela leitura. E embora não seja especificamente um livro para crianças, Sara é
uma historia de transformação de vida para a criança em cada um de nós.

“Poderoso. Mágico. Capacitador. Leia-o.”

Um contador escreve:

“Sara é maravilhoso. Estou em minha terceira leitura! Há bastante coisa a aprender com
ele. Me proporciona uma maravilhosa alavancagem!”

Uma criança de dez anos de idade escreve:


“Acabei de ler seu livro... é o melhor livro que já li em toda minha vida. Apenas queria
lhe agradecer por tê-lo escrito, pois ele fez a maior das mudanças de toda minha vida.”

Uma avó diz:

“Estou sentindo uma avalanche de alegria e apreciação. Minha neta agora continua
lendo partes dele para nós e para seus amigos...tão claro e delicioso!”

“Esse pequeno maravilhoso livro é uma gema, elegante em sua clareza de mensagem.
Seus ensinamentos voam direto ao coração, conectando-nos à Sara em cada um de nós!
Uma história delicada encantadora, por vezes engraçada, muitas vezes pungentes, e na
maior parte, maravilhosamente alegre. Certamente ele será uma cartilha para os
estudantes do bem-estar.”

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(Audrey Harbur Bershen, Psicoterapeuta)

E os Abraham dizem:
Este livro lhe ajudará a se lembrar de que você é um ser eterno...e ele lhe ajudará a
descobrir a ligação eterna que conecta os amados uns aos outros.

Sara recebe o Prêmio Excelência

A revista „Corpo, Mente, Espírito‟, uma das maiores editoras de materiais da Nova Era,
recentemente nos informou que nosso amado livro „Sara‟ recebeu o „Prêmio
Excelência‟ como um dos mais excelentes livros publicados no ano passado. E, como
tal, foi incluído como um dos 46 livros reconhecidos pela seção da revista „Livros
Vivos‟.

Esther e eu estamos muito contentes por saber que nosso querido amigo da Hay House
Publication, de nossa querida amiga Louise Hay, Alan Cohen, também recebeu o
reconhecimento por seu livro „A Deep Breath of Life‟.

“Caros Sr. e Sra. Hicks, é meu prazer informar-lhes que esse livro recebeu o Prêmio
Excelência de 1997 da Revista Corpo, Mente, Espírito como um dos melhores livros
impressos em 1996.
Escolhido entre centenas de livros excelentes publicados na área de espiritualidade, cura
natural, relacionamento e criatividade...cada livro é responsável pela valiosa
contribuição relativa a nosso autoconhecimento e autotransformação...Felicitamos os
autores por esse trabalho vanguardista...”

Esther e eu apreciamos e somos abençoados pelo reconhecimento de nosso Sara.

Jerry Hicks

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SARA, Livro 1

Sara Aprende o Segredo sobre


a Lei da Atração

Este livro é dedicado a todos aqueles que, em seu desejo de iluminação e Bem-estar,
fizeram as perguntas que este livro responde...e para as quatro crianças encantadoras
de nossas crianças, que são exemplos do que este livro ensina...que ainda não estão
perguntando porque ainda não esqueceram.

Prefácio
Eis um livro inspirador e inspirado sobre a experiência da jornada de uma criança rumo
à alegria ilimitada. Sara é uma tímida garota de dez anos de idade, que não é muito feliz.
Ela tem um irmão detestável que a provoca constantemente, colegas de classe cruéis e
insensíveis, e uma atitude apática em relação a sua escola. Em resumo, ela representa
várias crianças em nossa sociedade atualmente. Quando comecei a ler esse livro fiquei
impressionada com as semelhanças entre Sara e eu mesma com dez anos de idade. Sara
é realmente um composto de todas as crianças.

Sara quer se sentir bem, e feliz e amada, mas quando ela olha ao redor, ela não encontra
muita coisa com a qual se sentir bem. Tudo isso muda quando ela conhece Salomão,
uma velha coruja sábia, que lhe mostra como ver as coisas de modo diferente através
dos olhos da liberdade incondicional. Salomão mostra a Sara como estar sempre numa
atmosfera de pura energia positiva. Ela vê pela primeira vez quem ela realmente é e seus
potenciais ilimitados. Você, como o leitor, perceberá que essa é muito mais que uma
história para crianças. É um plano para alcançar a alegria e felicidade que são seus por
direito.

Toda minha família leu esse livro, e nunca mais fomos os mesmos desde então. Meu
marido, talvez, foi o mais tocado por ele. Ele na verdade disse que esse livro teve um
impacto tão grande sobre ele que o faz olhar a vida com novos olhos. É como ter sido
míope a vida inteira e, então, finalmente, começar a usar óculos. Tudo se torna claro
como cristal.

Não consigo dizer coisas boas o suficiente sobre esse livro transformador de vidas.
Você participará dos altos e baixos de Sara no caminho para níveis mais altos de
satisfação e saberá que há uma Sara em todos nós. Se você tiver que comprar um livro,
esteja certo de ser este (ele é para todas as idades). Você não se arrependerá!

- Denise Tarsitano, na Série „Rising Star‟

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Introdução

"As pessoas preferem se divertir do que informar." Essa foi, creio, uma observação do
eminente editor William Randolph Hearst. Se sim, então, informar de uma forma
divertida parece ser o modo mais eficaz de transmitir uma informação, até mesmo
informações de grande valor pessoal.

„Sara descobre o segredo sobre a Lei da Atração‟ tanto entretém e informa enquanto flui
para você – como por um estado de atração – através do processo da tradução do
pensamento universal de Esther e de seu processador de texto. Fluxos de impecável
sabedoria e amor incondicional – gentilmente ensinado pelo muito divertido mentor de
penas de Sara – misturados com as experiências atuais esclarecedoras de Sara com sua
família, colegas, vizinhos e professores para lhe alavancar a uma nova consciência de
seu estado natural de bem-estar, e de seu conhecimento de que tudo está realmente bem.

Considere quem você é e o motivo pelo qual você está aqui enquanto considera estudar
esse livro e, então, após a conclusão de sua primeira leitura por lazer, tome notas de
quão longe e quão rápido você progrediu em direção a tudo o que é importante para
você.

Como resultado das perspectivas mais claras que você obterá desse simples, breve,
instigador romance, espere vivenciar um novo nível de alegre realização.

Jerry Hicks

Parte 1,
Sara Aprende o Segredo sobre a Lei da Atração

CAPÍTULO 1

Sara franziu a testa enquanto estava deitada em sua cama quentinha, decepcionada por
encontrar-se acordada. Ainda estava escuro lá fora, mas ela sabia que era hora de
levantar. Odeio estes dias curtos de inverno, Sara pensou. Eu gostaria de ficar aqui até
que o sol viesse.

Sara sabia que tinha sonhado. Foi algo muito prazeroso, embora ela não tivesse idéia
agora sobre com o que sonhara. Eu não quero acordar ainda, Sara pensou, enquanto
tentava se ajustar do sonho prazeroso para a fria manhã de inverno não tão agradável.
Sara se aconchegou bem fundo em sua cama quentinha e apurou os ouvidos para ouvir

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se sua mãe estava acordada e andando pela casa. Ela puxou o cobertor sobre sua cabeça
e fechou seus olhos tentando se lembrar de um pouquinho do sonho agradável do qual
tinha acordado. Tinha sido tão delicioso que Sara queria mais.

Poxa. Eu realmente preciso ir ao banheiro. Vou ficar quieta e relaxar, e talvez eu não
perceba. Sara mudou de posição tentando adiar o inevitável. Não está funcionando. Está
bem. Desisto. Outro dia. Grande coisa.
Sara saiu na ponta dos pés pelo corredor para o banheiro, pisando com cuidado sobre a
mancha no chão, que sempre rangia, e calmamente fechou a porta. Ela decidiu não dar a
descarga do vaso sanitário para que pudesse desfrutar do luxo de estar realmente
desperta e sozinha. Apenas mais cinco minutos de paz e tranquilidade, Sara pensou.

“Sara? Você já levantou? Venha aqui e me ajude!”


“É melhor dar a descarga”, Sara murmurou.
“Ok, já estou indo!”, ela respondeu à mãe.

Ela nunca conseguiria entender como sua mãe sempre parecia saber o que todos na casa
estavam fazendo. Ela devia ter escutas escondidas em cada cômodo, Sara concluiu
amargamente. Ela sabia que não era verdade, mas sua agitação mental negativa estava
bem no caminho, e parecia que não havia como detê-la.
Vou parar de beber qualquer coisa antes de ir pra cama. Melhor ainda, a partir do meio-
dia não vou beber mais nada. Assim, quando eu acordar, posso ficar na cama e pensar,
só para mim e ninguém vai saber que estou acordada.
Fico pensando, quantos anos a gente tem quando para de curtir os próprios
pensamentos? Sei que isso acontece porque ninguém é sempre tranquilo. Eles não
podem escutar aos próprios pensamentos porque sempre estão falando ou assistindo
televisão, quando entram no carro, a primeira coisa que fazem é ligar o rádio. Ninguém
parece gostar de estar sozinho. Eles sempre querem estar com alguém. Eles querem ir a
uma reunião, ou a um cinema, ou a uma danceteria, ou a um jogo de bola. Eu gostaria
de colocar um manto de silencio sobre tudo que eu pudesse, só por um pouquinho, me
ouvir pensar. Imagino se é possível estar acordada e não ser bombardeada com os
barulhos das outras pessoas.

Vou organizar um clube. Pessoas contra OPN. Os requisitos dos membros incluem:
você pode ser como os outros, mas não precisa falar com eles. Você pode gostar de ver
os outros, mas não precisa explicar aos outros o que você viu. Você tem que gostar de
estar sozinho às vezes só para pensar seus próprios pensamentos. Tudo bem querer
ajudar os outros, mas você deve estar disposto a manter isso no mínimo, pois isso é uma
armadilha que com certeza lhe estragará. Se você for muito útil, está acabado. Eles lhe
consumirão com as idéias deles e você não terá tempo para si mesmo. Você deve estar
disposto a ficar tranquilo e olhar os outros sem eles estarem cientes de você.

Fico imaginando se todo mundo gostaria de se unir ao meu clube. Não, isso o
arruinaria! Meu clube tem a ver com não precisar de clubes! Tem a ver com a vida ser
importante o bastante, interessante o bastante, divertida o bastante, que eu não precise
de mais ninguém.

“Sara!”

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Assustada, Sara piscou enquanto retomava a consciência de que estava de pé em frente
à pia do banheiro, olhando o vazio no espelho, com sua escova de dentes movendo-se
sem entusiasmo em sua boca.

“Você vai ficar aí o dia todo? Mexa-se. Temos muitas coisas a fazer!”

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CAPÍTULO 2

"Sara, você queria dizer algo?”

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Sara pulou, tornando-se ciente quando o Sr.Jorgensen disse seu nome.

“Sim, senhor. Quero dizer, sobre o que, senhor?”


Sara gaguejou enquanto os outros 27 alunos da sala de aula riam.

Sara nunca tinha entendido o motivo pelo qual eles tinham tal prazer com o
constrangimento de alguém, mas eles nunca falhavam em fazer isso, rindo ruidosamente
como se algo realmente divertido houvesse acontecido. O que há de engraçado em
alguém se sentir mal? Sara simplesmente não conseguia adivinhar a resposta a isso,
mas, de qualquer forma, agora não era a hora de pensar sobre isso, pois o Sr.Jorgensen
ainda estava mantendo-a no inacreditável centro do desconforto enquanto seus colegas
de escola observavam com exagerada alegria.

“Você pode responder à pergunta, Sara?”

Mais gargalhadas.

“Levante-se, Sara, e nos dê sua resposta.”

Por que ele é tão rude? Isso é realmente tão importante?

Cinco ou seis mãos ansiosas se levantaram na sala, como se mostrando que os alunos
tivessem prazer em fazer Sara parecer mal.

“Não, senhor”, Sara murmurou, afundando em sua cadeira.

“O que você disse, Sara?”, o professor vociferou.

“Eu disse, não, senhor, eu não sei a resposta à pergunta”, Sara disse, um pouco mais
alto. Mas o Sr.Jorgensen ainda não tinha terminado com Sara – não ainda.

“Você sabe a pergunta, Sara?”

O rosto de Sara ficou vermelha de vergonha. Ela não tinha a menor idéia de qual era a
pergunta. Ela tinha estado aprofundada em seus próprios pensamentos, na verdade em
seu próprio mundo.

“Sara, posso lhe dar uma sugestão?”

Sara não olhou para cima, pois sabia que dar ou não sua permissão não faria o
Sr.Jorgensen parar.

“Sugiro, minha jovem, que você gaste mais tempo pensando sobre as coisas importantes
que são discutidas aqui nessa sala, e menos tempo olhando para fora da janela perdendo
seu tempo no ócio, com pensamentos inúteis. Tente colocar algo nesta sua cabeça
vazia”.

Mais gargalhadas.

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Essa aula não vai terminar nunca?

E então o sino, finalmente o sino.

Sara caminhou lentamente para casa, olhando suas botas vermelhas afundando na
branca neva. Grata pela queda da neve. Grata pela calma. Grata pela oportunidade de se
retirar para a privacidade de sua própria mente conforme começava sua caminhada de
duas milhas para casa.

Ela percebeu que a água embaixo da ponte da Rua Principal estava quase que
completamente coberta com gelo, e ela pensou em correr pela margem do rio para ver a
espessura do gelo, mas decidiu fazer isso em outro dia. Elas era capaz de ver a água
fluindo embaixo do gelo, e sorriu conforme considerava quantos rostos diferentes esse
rio mostrava durante o ano. Essa ponte, cruzando esse rio, era sua parte favorita em seu
caminho para casa. Sempre havia algo interessante acontecendo aqui.

Depois de atravessar a ponte, Sara olhou para cima pela primeira vez desde que deixou
o pátio da escola, e ela sentiu uma pontada de tristeza quando percebeu que sua calma
caminhada solitária estava há apenas dois blocos de terminar. Ela diminuiu o ritmo para
saborear a paz que tinha redescoberto, e então se virou e andou um pouco para trás,
olhando para a ponte.

“Oh, bem”, ela suspirou baixinho enquanto entrava na estrada baixa para sua casa. Ela
fez uma pausa nos degraus para chutar um grande monte de folhas de gelo, soltando-o
com suas botas e chutando-o para um banco de neve. Então ela tirou suas botas
molhadas e entrou em casa.

Silenciosamente, fechando a porta e pendurando seu pesado casaco molhado no gancho,


Sara fez o mínimo de barulho possível.

Ela não era nada parecida aos outros membros de sua família que normalmente
chegavam falando algo “estou em casa!” ao entrar. Eu gostaria de ser um eremita, ela
concluiu, atravessando a sala para a cozinha. Um ermitão calmo, feliz, pensador, falante
ou não falante, escolhendo tudo em relação ao meu dia. Sim!

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CAPÍTULO 3

Sua única consciência – quando ela se estatelou em frente ao seu armário de escola, no
chão riscadinho – foi que seu cotovelo estava doendo, doendo muito.

Cair é sempre um choque. Acontece tão rápido. Num momento você está de pé, se
movendo rapidamente adiante com alguma intenção bastante deliberada de sentar-se em
sua cadeira quando o sino final tocar, e no próximo minuto você está deitado de costas,
imobilizado, atordoado e ferido. E a pior coisa em todo mundo é cair na escola, onde
todo mundo pode ver você.

Sara olhou para um mar de rostos alegres rindo, dando risinhos furtivos, ou rindo bem
alto. Eles agem como se nada igual tivesse acontecido a eles alguma vez.

Quando eles perceberam que não aconteceu nada tão excitante como um osso quebrado
ou um machucado, ou uma vítima se contorcendo de dor, a multidão se dissolveu e seus
macabro colegas de escola seguiram suas próprias vidas, voltando para suas salas de
aula.

Um braço vestido num casaco azul estendeu a mão e tomou a mão dela, puxando-a para
uma posição sentada, e uma voz de garota disse “Você está bem? Você quer se
levantar?”

Não, Sara pensou, eu quero desaparecer, mas já que já que a multidão já havia quase
desaparecido Sara sorriu fracamente e Ellen a ajudou a se levantar.

Sara nunca havia falado com Ellen antes, mas ela a tinha visto nos corredores. Ellen
estava a duas séries à frente de Sara e ela estava na escola há cerca de um ano.

Sara realmente não sabia muito sobre Ellen, mas isso não era incomum. Crianças mais
velhas nunca interagem com as mais novas. Havia um tipo de código não escrito contra
isso. Mas Ellen sempre sorria facilmente, e muito embora ela não parecesse ter muitos
amigos e se virar por si mesma, ela parecia perfeitamente feliz. Talvez por causa disso
Sara tinha percebido Ellen. Sara era uma solitária também. Ela preferia assim.

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“Estes pisos ficam tão escorregadios quando está molhado lá fora”, Ellen disse. “Estou
surpresa por mais pessoas não caírem aqui”.

Ainda um pouco atordoada e constrangida no torpor, Sara não estava conscientemente


focada nas palavras que Ellen estava falando, mas algo na oferta de Ellen fazia Sara se
sentir bem melhor.

Era um pouco perturbador para Sara se pegar tão tocada por outra pessoa. Era realmente
uma rara ocasião para ela preferir as palavras faladas de outra pessoa ao calmo retiro de
seus próprios pensamentos. Parecia estranho.

“Obrigada”, Sara murmurou conforme tentava tirar um pouco da sujeira de sua saia.

“Acho que não vai ficar tão ruim quando secar um pouco”, Ellen disse.

E, novamente, não eram as palavras que Ellen falava. Elas eram normais, palavras
comuns, mas era algo mais. Algo sobre o jeito como ela falava.

A calma de Ellen, sua voz clara parecia aliviar a sensação de tragédia e drama que Sara
estava sentindo, e seu enorme constrangimento acabou desaparecendo, deixando Sara se
sentindo mais forte e melhor.

“Oh, realmente não importa”, Sara respondeu. “É melhor a gente se apressar ou vamos
chegar tarde”.
E quando ela se sentou – cotovelos latejantes, roupas enlameadas, cadarços
desamarrados, e seus cabelos castanhos caindo nos olhos – ela se sentia melhor do que
já jamais se sentira sentada nessa cadeira. Não era lógico, mas era verdade.

A caminhada a pé de Sara da escola para casa foi diferente naquele dia. Ao invés de se
retirar para seus próprios calmos pensamentos, percebendo não muito mais que o
estreito caminho na neve diante dela, Sara se sentia viva e alerta. Ela sentia vontade de
cantar. Então foi o que fez. Cantarolando uma melodia familiar, ela se moveu
alegremente por seu caminho, olhando os outros em seus caminhos pela pequena
cidade.

Enquanto passava pelo único restaurante da cidade, Sara pensou em parar para um
lanche após a escola. Normalmente uma rosquinha de geléia e creme, ou um cone de
sorvete de creme, ou uma pequena cesta de batatas fritas, eram as coisas que a distraiam
temporariamente do longo e cansativo dia que ela havia passado na escola.
Eu ainda tenho todas as licenças da semana, Sara pensou, de pé na calçada em frente ao
pequeno café. Mas ela decidiu não gastá-las quando se lembrava das constantes palavras
da mãe: “Não estrague seu jantar”.

Sara nunca tinha entendido estas palavras porque ela estava sempre pronta a comer se o
que era oferecido fosse bom. Era só quando o jantar não parecia bom, ou, mais
importante, quando não cheirava tão bem, que ela achava desculpas para não jantar, ou
pelo menos para comer com moderação. A mim parece que todo mundo é que estraga o
jantar. Sara riu para si mesma enquanto continuava caminhando para casa. Ela
realmente não precisava de nada hoje, de qualquer modo, afinal, hoje, tudo deu
realmente certo no mundo de Sara.

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CAPÍTULO 4

Sara parou no topo da Ponte da Rua Principal, olhando para o gelo embaixo para ver se
ele parecia grosso o bastante para atravessar sobre ele. Ela viu que algumas aves
estavam em pé sobre o gelo e percebeu algumas pegadas de cães grandes na neve sobre
o gelo, mas ela não achou que o gelo estivesse bem pronto para todo o seu peso,
inclusive seu casado pesado, suas botas e uma sacola cheia de livros. Melhor esperar um
pouco, Sara pensou, conforme olhava para baixo, para o rio gelado.

Ao debruçar-se sobre o gelo, apoiada pelos trilhos enferrujados, que Sara acreditava
estarem ali só para seu próprio prazer pessoal, e sentindo-se melhor do que já havia se
sentido há tanto tempo, ela decidiu ficar por um pouco para olhar para seu maravilhoso
rio. Ela deixou cair sua bolsa de livros a seus pés e se encostou na grade de metal, seu
lugar favorito em todo o mundo.

Descansando e se inclinando, e apreciando seu lugar, Sara sorria enquanto se lembrava


do dia em que este velho gradeamento se transformou no poleiro perfeito pelo caminhão
do Sr.Jackson quando ele pisou no freio na estrada molhada de gelo para evitar bater em
Harvey, o cão bassê da Sra.Peterson. Todos na cidade falaram sobre meses a respeito da
sorte que o caminhão teve de não ir direto para dentro do rio. Sara estava surpresa como
as pessoas sempre estavam especulando as coisas fazendo-as parecer maior e piro do
que elas realmente eram. Se o caminhão do Sr.Jackson tivesse caído no rio, bom, seria
bastante diferente. Isso justificaria a grande confusão que todo mundo fazia. Ou se ele
tivesse caído no rio e tivesse se afogado, isso seria mais uma razão para falarem. Mas
ele não caiu no rio.

Tanto quanto Sara podia entender, nenhum dano tinha vindo dele. Seu caminhão não foi
danificado. O Sr.Jackson não tinha se machucado. Harvey ficou amedrontado e ficou
em casa por vários dias, mas ele não estava machucado de nenhum modo. As pessoas
simplesmente gostam de se preocupar, Sara concluiu. Mas Sara ficou exultante quando
descobriu seu novo poleiro inclinado. Grandes postes de aço com bitolas pesadas

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estavam agora dobradas sobre a água. Tão perfeitas, era como se tivessem sido feitas
especialmente para agradar e encantar Sara.

Debruçando-se sobre o rio e olhando para o fluxo abaixo, Sara podia ver o grande toco
esticado ao longo do rio, e isso a fazia sorrir também. Aquele era outro “acidente” que
lhe convinha perfeitamente.

Uma das grandes árvores que cobriam as margens do rio havia sido seriamente
danificada por uma tempestade de vendo. Então o fazendeiro que era dono da terra
reuniu alguns voluntários da cidade e eles apararam todos os ramos da árvore,
preparando-se para cortá-los. Sara não estava certa do motivo pelo qual havia tanta
excitação em torno disso. Era apenas uma grande árvore antiga.

O pai de Sara não a deixava chegar perto o bastante para ouvir muito do que estavam
falando, mas Sara ouviu alguém dizer que estavam preocupados porque as linhas de
energia poderiam estar muito próximas. Mas então as grandes serram começaram a se
movimentar novamente e Sara não conseguiu escutar nada mais, então ela ficou
distante, como a maioria de todo mundo da cidade, para ver o grande evento.

De repente, as serras ficaram quietas e Sara ouviu alguém gritar “Oh, não!”. Sara se
lembrou de cobrir as orelhas e apertar os olhos fechados. Parecia que toda a cidade
tremeu quando o imenso toco caiu livre, mas quando Sara abriu seus olhos, ela gritou
com prazer quando teve seu primeiro vislumbre de sua perfeita ponte de toco ligando os
caminhos de terra em cada lado do rio.

Enquanto Sara se deliciava em seu ninho mental, saindo por cima do rio, ela respirava
profundamente, querendo sorver daquele bom cheiro do rio. Era hipnótico. As
fragrâncias, o constante som da água. Eu amo esse velho rio, Sara pensou, ainda
olhando para seu grande toco, que cruzava a passagem do fluxo do rio.

Sara amava esticar as mãos buscando equilíbrio e ver quão rápido ela podia fugir
através do toco. Ela nunca tinha medo, mas sempre estava consciente de que o menor
deslize podia fazer com que ela caísse no rio. E Sara nunca cruzava o toco sem ouvir as
palavras cautelosamente desconfortáveis de sua mãe soar em sua mente, “Sara, fique
longe daquele rio! Você pode se afogar!”

Mas Sara não prestava muita atenção a essas palavras, não mais, de qualquer maneira, porque
ela sabia algo que a mãe não sabia. Sara sabia que não tinha como se afogar.

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Relaxada, e em harmonia com o mundo, Sara estava em seu poleiro e se lembrava do
que tinha acontecido àquele toco há apenas dois verões atrás. Foi no final da tarde, e
todas as tarefas de Sara tinham sido feitas, então ela desceu para o rio. Ela tinha
encostado-se em seu poleiro de metal por um pouco e então seguiu o caminho até o
toco. O rio, cheio pelo derretimento da neve derretida, mais alto que o normal, e água
estava na verdade lambendo o toco. Ela tinha se perguntado se era ou não uma boa idéia
atravessar. Mas então, com um estranho entusiasmo lunático, ela decidiu atravessar a
precária ponte de toco. Assim que ela chegou perto do meio, ela pausou por um
momento e virou-se lateralmente no tronco com os dois pés virados para o fluxo,
oscilando para frente e para trás bem suavemente, assim ganhou seu equilíbrio e
coragem. E, então, do nada, apareceu o sarnento vira-lata Fuzzy, de Pittsfield, pulando
na ponte, reconhecendo Sara com alegria, e pulando nela com força suficiente para
derrubá-la no rio veloz.

Bom, é isso, Sara pensou. Como minha mãe avisou, vou me afogar! Mas as coisas
aconteceram tão rápidas para Sara que nem deu tempo de ela pensar muito nisso. Pois
Sara se viu numa corrida tão maravilhosa e surpreendente conforme flutuava
rapidamente fluxo abaixo, de costas, com os olhos olhando para cima, tendo uma das
mais bonitas vistas que já tinha presenciado.

Ela havia caminhado nestas margens centenas de vezes, essa visão era bastante diferente
da que ela tinha percebido antes. Gentilmente carregada nesse surpreendente curso
incrível de água ela podia ver o céu azul lá em cima, emoldurado por árvores de formas
perfeitas, mais densas e esparsas, mais grossas e mais finas. Tantos tons belos de verde.

Sara não estava ciente de que a água estava muito fria, ao invés disso ela sentia como se
estivesse flutuando num tapete mágico, suave e silenciosamente, e com segurança.

Por um momento lhe pareceu estar ficando mais escuro. Enquanto Sara flutuava num
bosque espesso de árvores ladeando o rio, ela quase não podia ver o céu.

“Uau, estas árvores são lindas!”, Sara disse bem alto. Ela nunca tinha andado tão longe
pelo fluxo. As árvores eram exuberantes e encantadoras, e alguns de seus ramos
estavam mergulhados dentro do rio.

E então, um longo e amigável ramo pareceu alcançá-la na água para lhe dar a mão.

“Obrigada, árvore”, Sara disse docemente, saindo do rio. “Isso foi muito gentil de sua
parte.”

Ela ficou na beira do rio, tonta mas alegre, e tentou se orientar.

Uau! Sara murmurou quando avisou o grande celeiro vermelho dos Petersons. Ela mal
podia acreditar no que estava vendo. Ao que parecia para Sara apenas um ou dois
minutos, ela tinha flutuado por cinco milhas pelas pastagens e áreas agrícolas. Mas Sara
não se importava nem um pouco com a longa caminhada para casa. Com delicioso
entusiasmo pela vida, Sara se pôs a caminho de casa.

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Assim que pode, ela tirou as roupas sujas e molhadas e as colocou na máquina de lavar,
e rapidamente correu para um bom banho morno. Nada de dar à mãe mais uma coisa
com a qual se preocupar, ela pensou. Isso não a faria se sentir mais segura.

Sara deitou-se na água morna, sorrindo, com todos os tipos de folhas, e lama, e
bichinhos do rio, fora de seu cabelo castanho encaracolado, sabendo com certeza que
sua mãe estivera errada.

Sara sabia que nunca se afogaria.

CAPÍTULO 5

"Sara, espere!" Sara parou no centro do cruzamento e esperou que seu irmão mais novo
corresse a toda velocidade em sua direção.

"Você tem que vir, Sara, é muito bacana!"

Vou deixar que seja, Sara pensou, refletindo sobre as últimas coisas “realmente
bacanas” que Jason jogara sobre ela. Lá estava o rato de celeiro que ele havia prendido
em sua própria armadilha manual, que “realmente estava vivo da última vez em que o
vi”, Jason tinha jurado. Por duas vezes ele a havia pego desprevenida, enganando-a ao
colocar na própria bolsa de escola algum pássaro inocente ou um ratinho que tinha caído
presa de Jason e de seus pequenos amigos sujinhos, animados e ansiosos para usar as
novas armas de brinquedos do natal.

O que há com os meninos?, Sara ponderou enquanto Jason, cansado, tinha agora
diminuído seu passo, vendo que Sara realmente estava esperando por ele. Como eles
podem realmente ter prazer em ferir os pobres e indefesos animaizinhos? Eu gostaria de
pegá-los numa armadilha e ver se eles gostariam disso, Sara pensou. Lembro-me
quando suas brincadeiras eram menos cruéis e até divertidas às vezes, mas Jason
simplesmente parecia mais e mais desprezível.

Sara ficou no meio da tranqüila estrada à espera que seu irmão a alcançasse. Ela
reprimiu um sorrio quando se lembrou da brincadeira esperta que Jason tinha feito ao
deitar a própria cabeça sobre a mesa, escondendo seu vomito de borracha brilhante e
então olhando com seus grandes olhos castanhos, expondo seu premio doentio enquanto
sua professora olhava para ele. A Sra.Johnson correu da sala para falar com o zelador
para limpar a sujeira, mas quando voltou Jason anunciou que tinha cuidado daquilo e a
Sra.Johnson ficou tão aliviada que nem mesmo fez perguntas. Jason foi dispensado para
ir para casa.

Sara ficou espantada com quão ingênua a Sra.Johnson tinha sido, nem mesmo
imaginando como aquele vômito que parecia fresco e escorrido conseguiu ficar de pé
como uma pequena poça na mesa com aquela inclinação. Mas daí a Sra.Johnson nem
tinha muita experiência com Jason como Sara tinha e, ela admitia, ele tinha enganado-a

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mais que uma vez em seus dias mais ingênuos, mas não mai. Sara estava de olho no
irmão.

“Sara!”, Jason gritou, sem fôlego e animado.

Sara deu um passo atrás, “Jason, você não precisa gritar, estou há apenas pouca
distancia de você.”

“Desculpe”. Jason engoliu em seco enquanto tentava recuperar sua respiração. “Você
tem que vir! Salomão voltou!”

"Quem é Salomão?", Sara perguntou, lamentando ter perguntado assim que verbalizou a
pergunta; ela não queria mostrar nem um pingo de interesse no que quer que Jason
estivesse tagarelando.

“Salomão! Você sabe, Salomão. O pássaro gigante da Trilha Thacker.

“Eu nunca ouvi nada sobre um pássaro gigante na Trilha Thacker”, Sara disse, reunindo
o máximo de tédio que conseguiu diante de tal notícia. “Jason, não estou interessada em
mais nenhum de seus estúpidos pássaros.”

"Este pássaro não é estúpido, Sara, é gigantesco! Você deveria ver isso. Billy disse que
é maior do que o carro do pai dele. Sara, você tem que vir, por favor."

"Jason, um pássaro não pode ser maior do que um carro."

"Sim, pode! Você pode perguntar ao pai do Billy! Um dia, quando ele estava dirigindo
pra casa, ele disse que viu uma sombra tão grande que pensou que era um avião
passando em cima dele. A sombria cobria todo o carro. Mas não era um avião, Sara, era
Salomão!”.

Sara teve que admitir que o entusiasmo de Jason com Salomão estava atingindo-a um
pouco.

“Eu irei em outra ocasião, Jason. Tenho que ir pra casa”.

"Oh, Sara, por favor, venha! Salomão poderia não aparecer novamente. Você tem que
vir, Sara, você tem que vir!"

A persistência de Jason estava começando a deixar Sara preocupada. Normalmente ele


não era tão intenso. Normalmente, quando ele sentia que Sara não estava dando
importância, ele simplesmente desistia e esperava por outra oportunidade de pegá-la
desprevenida. Ele tinha aprendido, através de muita experiência, que quanto mais ele a
pressionasse a fazer algo que ela não queria, mais resistente ela ficava. Mas havia algo
diferente aqui. Jason parecia impulsionado de um modo que Sara nunca havia visto
antes, e então, para grande surpresa e prazer de Jason, Sara concordou.

“Oh, está bem, Jason. Onde está esse pássaro gigante?”

“O nome dele é Salomão.”

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“Como você sabe o nome dele?”

“O pai de Billy deu esse nome a ele. Ele disse que é uma coruja. E corujas são sábias.
Então seu nome só podia ser Salomão.”

Sara ajustou o ritmo para tentar acompanhar Jason. Ele realmente estava entusiasmado
por causa desse pássaro, ela pensou. Isso é estranhou.

"Ele está aqui, em algum lugar", disse Jason. "Ele vive aqui".

Muitas vezes Sara via com diversão a assumida confiança de Jason quando sabia que ele
sabia que realmente não sabia do que estava falando. Mas, muito frequentemente, Sara
continuava, fingindo que não tinha percebido. Era mais fácil desse modo.

Eles olhavam para o mato escasso, agora coberto com neve. Eles andavam ao longo de
uma fila de cerca velha, seguindo um caminho estreito na neve, esculpido por um cão
solitário que aparentemente tinha caminhado ali não muito antes deles...

Sara quase nunca andava por esse caminho no inverno. Era fora de seu caminho
habitual entre a escola e a casa. Este era, no entanto, um lugar onde Sara tinha gasto
incontáveis horas deliciosas no verão. Sara caminhava, observando todos os cantos
familiares, sentindo-se bem por estar revisitando seu velho caminho. O melhor desse
caminho, Sara pensou, é que eu o tinha na maior parte para mim mesma. Nenhum carro
passando, nem vizinhos. Este é um caminho tranquilo. Eu deveria andar por aqui mais
vezes.

“Salomão!” A voz de Jason soou, surpreendendo Sara. Ela não estava esperando que ele
gritasse.

“Jason, não grite para Salomão. Se ele estiver aqui, não vai continuar se você ficar
gritando.”

“Ele está aqui, Sara. Eu te disse, ele vive aqui. E se ele tivesse ido embora, nós o
veríamos. Ele é realmente grande, Sara, realmente grande!”

Sara e Jason entraram mais e mais profundamente no matagal, esquivando-se sob um


abrigo de arame enferrujado, um dos últimos remanescentes da cerca velha e quebrada.
Eles andavam lentamente, sentindo o caminho com cuidado, sem certeza do que
pudesse estar enterrado nesta neve que dava até os joelhos.

"Jason, eu estou ficando com frio."

"Só um pouco mais, Sara, por favor."

Foi mais por curiosidade do que pelo estímulo de Jason, mas Sara concordou. “Está
bem, Jason, mais cinco minutos!”
Sara gritou quando pisou numa vala, até a cintura, de irrigação camuflada pela neve. A
neve, fria e úmida, tocou a pele de Sara por baixo do casaco d da blusa. “Bom, Jason, é
isso! Vou pra casa”!

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Jason ficou desapontado por não ter encontrado Salomão, mas a irritação de Sara o
distraiu disso. Não havia muito que o agradasse mais do que a irritação da irmã. Jason
riu gostosamente quando Sara sacudiu a neve fria e molhada de sob sua roupa.

“Oh, você acha divertido, não é Jason? Você provavelmente fez essa coisa toda de
Salomão só pra me molhar e me deixar maluca!”

Jason riu quando correu na frente de Sara. Embora ele gostasse de ver a irritação dela,
sabiamente tinha aprendido a manter uma distancia segura. “Não, Sara, Salomão é real.
Você vai ver.”

“Sim, certo!” Sara retrucou.

Mas, por alguma razão, Sara sabia que Jason estava certo.

CAPÍTULO 6
Sara não conseguia se lembrar de um tempo em que tivesse sido fácil para ela se
concentrar no que estava acontecendo na sala de aula. A escola realmente era o lugar
mais chato na terra, ela tinha concluído isso há muito tempo. Mas hoje, sem exceção,
era o dia mais duro que ela tinha vivenciado. Ela não conseguia manter na mente o que
o professor estava dizendo. A mente dela ficava voltando para o mato. E assim que o
último sino tocou, ela colocou sua sacola de livros no armário de escola e foi
diretamente para lá.

“Provavelmente estou louca”, Sara murmurou para si mesma, conforme entrava mais e
mais para dentro da floresta, fazendo uma trilha conforme andava. “Estou procurando
por um pássaro bobo que provavelmente nem é real. Bom, se eu não o vir logo, vou
embora. Não quero que Jason saiba que estou aqui, nem que estou interessada nesse
pássaro.”

Sara parou para escutar. Ficou tão quieta que conseguiu ouvir a própria respiração. Ela
não conseguia ver nenhuma outra viva criatura. Nem um pássaro, nem um esquilo.

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Nada. De fato, se não fosse pelas pistas que Sara e Jason e o cão solitário tinham
deixado ali ontem, ela poderia pensar que era, realmente, o único ser vivo do planeta.

Esse era realmente um lindo dia de inverno. O sol tinha brilhado toda a tarde, e a crosta
superior da neve estava derretendo lentamente. Tudo estava brilhando. Normalmente,
um dia como esse faria o coração de Sara cantar. O que poderia ser melhor do que estar
sozinha, com seus próprios pensamentos num lindo dia como esse? Mas Sara se sentia
irritada. Ela tinha esperado que fosse fácil ver Salomão. De alguma forma, pensar sobre
o mato e a possibilidade de descobrir este pássaro misterioso despertou o interesse de
Sara, mas agora, ali sozinha, com a neve até os joelhos, Sara começou a se sentir tola.
“Onde está esse pássaro? Oh, esqueça isso! Vou pra casa!”

Em sua frustração, Sara ficou no meio do mato, sentindo-se irritada e oprimida, e de


alguma forma confusa. Ela começou a recuar para fora do mato, pelo caminho que tinha
entrado, mas então parou para considerar atravessar o pasto que tantas vezes usara como
um atalho nos meses de verão. Estou certa de que o rio está congelado por agora. Talvez
eu possa atravessá-lo aqui de algum lugar onde ele é estreito, Sara pensou enquanto se
abaixava sob a cerca de único fio.

Sara estava surpresa sobre quão desorientada ela ficava aqui no inverno. Ela tinha
passado por estas pastagens centenas de vezes. Essa era a pastagem onde seu tio
mantinha o próprio cavalo durante os meses de verão, mas tudo parecia bem diferente
com todas essas referencias familiares enterradas sob a neve. O rio estava
completamente congelado ali, e estava coberto por vários centímetros de neve. Sara
parou, tentando lembrar onde era o ponto mais estreito. E então ela sentiu o gelo ceder
sob seus pés e, antes que percebesse, ela estava deitada de costas no gelo com água fria
tentando encharcar suas roupas. Sara se lembrou do surpreendente passeio que esse rio
havia dado a ela antes, e, por um momento, sentiu verdadeiro pânico, imaginando uma
repetição daquele passeio, mas nessa água gelada, sendo carregada fluxo abaixo para
uma morte congelada.

Você se esqueceu que não pode se afogar? Um tipo de voz falou de algum lugar sobre a
cabeça de Sara.

“Quem está ai?” Sara perguntou, olhando ao redor, para as árvores nuas, apertando os
olhos diante do brilho do sol que iluminava e refletia tudo coberto de neve ao redor
dela.
Seja quem for, por que você não me ajuda aqui? Sara pensou enquanto estava deitada
sobre o gelo rachado, amedrontada de que qualquer movimento pudesse fazer com que
o gelo cedesse a seus pés.

O gelo vai segurar você. Basta rolar sobre seus joelhos e rastejar por aqui, seu
misterioso amigo disse.

Então, sem olhar para cima, Sara rolou sobre sua barriga e muito lentamente se puxou
para cima dos joelhos.

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E, então, devagar, ela começou a engatinhar na direção da voz.

Sara não estava com disposição para conversar. Agora não. Ela estava
molhada e com muito frio, e realmente furiosa consigo mesma por ter feito
algo tão estúpido. Agora ela estava mais interessada em chegar em casa e
trocar de roupa antes que alguém viesse para casa e a pegasse em suas roupas
reveladoras.

O que ela estava mais interessada, agora, era chegar em casa e mudar antes que alguém
chegou em casa e pegou em suas roupas reveladoras.

"Eu tenho que ir", disse Sara, olhando para o sol na direção de quem tinha falado.

Ela começou a pegar o caminho de volta através de sua própria trilha, e irritada pela
decisão de tentar atravessar o rio bobo. E então ela ficou surpresa. “Ei, como você sabe
que eu nunca me afogaria?”
Nenhuma resposta chegou até ela.

“Aonde você vai? Ei, aonde você está?”, Sara chamou.

E então o maior pássaro que Sara já tinha visto voou da copa da árvore, subiu bem alto
no céu, circulou o mato e as pastagens abaixo e desapareceu no sol.

Sara ficou espantada, olhando para o sol. Salomão!

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CAPÍTULO 7

Sara despertou na manhã seguinte e, como de costume, abaixou-se para trás sob as
cobertas, preparando-se para o começo de outro dia. Então se lembrou de Salomão.

Salomão, Sara pensou, eu realmente o vi ou sonhei?

Mas assim que Sara despertou mais, ela se lembrou de ter ido à floresta após a escola
para procurar por Salomão e do gelo cedendo sob seus pés. Não, Salomão, você não era
um sonho e Jason estava certo. Você é real.

Sara estremeceu quando pensou em Jason e Billy gritando no caminho pela floresta,
olhando para Salomão. E então aquele sentimento pesado perturbando-a, que Sara
sempre sentia quando pensava em Jason entrando como um tufão em sua vida tomou
conta dela.

Não direi a Jason nem a ninguém que eu vi Salomão. Esse é meu segredo.

Sara lutou durante todo o dia para dar atenção a seu professor. Sua mente continuava
voltando para o bosque cintilante e esse pássaro gigante, mágico. Salomão realmente
havia falado comigo? Sara ponderou. Ou eu apenas imaginei? Talvez eu estivesse
inconsciente e tenha sonhado. Ou aconteceu mesmo?

Sara mal podia esperar para ir para a floresta novamente para descobrir se Salomão era
real.

Quando o último sino tocou Sara parou perto de seu armário para guardar seus livros e
então empurrou sua bolsa com eles. Era o segundo dia já que ela não levava todos os
seus livros para casa. Ela tinha descoberto que uma braçada de livros parecia protegê-la
de seus colegas intrusivos. De alguma forma eles lhe davam uma barreira que mantinha
os frívolos intrusos, brincalhões, fora de seu caminho. Mas hoje Sara não queria que
nada a atrasasse. Ela bateu as portas como um tiro, indo direto para a Trilha Thacker.

Assim que Sara deixou a rua pavimentada e começou a descer a trilha, ela viu uma
coruja muito grande sentada visivelmente numa parte do muro aberto. Quase parecia
como se a coruja estivesse esperando por ela. Sara ficou surpresa por encontrar Salomão
tão facilmente. Ela tinha passado muito tempo procurando esse misterioso pássaro

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ilusório e agora cá estava ele, sentado ali como se sempre houvesse estado exatamente
ali.

Sara não sabia exatamente como abordar Salomão. O que eu devo fazer? Sara pensou.
Parece estranho simplesmente ir até uma grande coruja e dizer “Oi, como vai?”

Oi, como vai?, a grande coruja disse a Sara.

Sara saltou para trás. Salomão riu amorosamente. Eu não quis assustá-la, Sara. Como
vai?

“Estou bem, obrigada. Só não estou acostumada a falar com corujas, isso é tudo”.

“Oh, isso é muito ruim”, disse Salomão. “Alguns de meus melhores amigos são
corujas.”

Sara riu. “Salomão, você é divertido.”

“Salomão, hummmmm”, a coruja disse. “Salomão é um bom nome. Sim, acho que
gosto.”

Sara corou de vergonha. Ela tinha se esquecido de que eles nunca foram realmente
apresentados. Jason tinha dito a Sara que a coruja se chamava Salomão. Mas o pai de
Billy tinha escolhido esse nome. “Oh, me desculpe”, Sara disse. “Eu deveria ter
perguntado seu nome a você.”

“Bom, eu realmente nunca pensei sobre isso”, a coruja disse. “De qualquer forma,
Salomão é um bom nome. Eu gosto mesmo.”

“O que você quer dizer, você nunca pensou sobre isso? Você não tem um nome?”

“Não, não realmente”, a coruja respondeu.

Sara não podia acreditar no que ouvia. “Como é que você pode não ter um nome?”

“Bom, Sara, você sabe, apenas as pessoas precisam de rótulos para identificar as coisas.
O resto de nós simplesmente parece saber quem são, e os rótulos não são assim
importantes para nós. Mas eu gosto do nome Salomão. E já que você está acostumada a
chamar os outros pelo nome, esse nome será bom para mim. Sim, eu gosto desse nome.
Salomão, assim é.

Salomão parecia tão contente com seu nome que o constrangimento de Sara foi embora.
Com nome ou sem nome, esse pássaro certamente era alguém agradável com quem
conversar.

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“Salomão, você acha que eu deveria contar a todo mundo sobre você?"

“Talvez. Com o tempo.”

“Mas você acha que eu devo manter você como um segredo por agora, certo?”

“Isso é o melhor por enquanto. Até que você descubra o que diria”.

“Oh, sim, eu acho que soaria muito boba. Eu tenho esse amigo coruja que fala comigo
sem mover seus lábios”.

“E devo lhe dizer sabiamente, Sara, que corujas não têm lábios.”
Sara riu. Esse pássaro era muito divertido. “Oh, Salomão, você sabe o que quero dizer.
Como você fala sem usar sua boca? E como eu nunca ouvi ninguém por aqui falando
sobre você?”

“Ninguém aqui já me escutou. Não é o som de minha voz que você está escutando,
Sara. Você está recebendo meus pensamentos.”

“Não entendo. Eu posso escutar você!”

“Bom, parece como se você estivesse me escutando, e, sinceramente, você está, mas não
com seus ouvidos. Não do modo como você escuta algumas outras coisas.”

Sara puxou o lenço ao redor de seu pescoço e puxou seu gorro para baixo, sobre suas
orelhas, já que uma rajada de vento frio girou em torno dela.

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Estará escuro logo, Sara. Podemos nos encontrar amanhã. Pense sobre o que
falamos. Enquanto você estiver dormindo essa noite, perceba que você pode
ver. Mesmo que seus olhos estejam fechados, você verá em seus sonhos.
Então, se você não precisa de seus olhos para ver, você também não precisa de
seus ouvidos para escutar.

Antes que Sara pudesse sinalizar que os sonhos são diferentes da vida real,
Salomão disse „Adeus, Sara. Não está um dia adorável?”

E com isso Salomão saltou para o ar, e puxando suas asas poderosas ele subiu sobre o
bosque e sobre seu poste na grade, deixando sua pequena amiga abaixo.

Salomão, Sara pensou, você é gigantesco!

Sara se lembrou das palavras de Jason: "Ele é gigantesco, Sara, você tem vir vê-lo!"
Enquanto ela fazia seu caminho para casa através da neve, ela se lembrou como ele
quase a arrastou para a floresta, literalmente correndo com entusiasmo, tornado difícil
Sara acompanhá-lo.

Estranho! Sara ponderou, ele estava tão convicto para que Sara visse o pássaro gigante,
e agora, passados três dias, ele não tinha dito uma palavra a respeito. Estou surpresa por
ele e Billy não terem ido lá todos os dias à procura de Salomão. Era como se ele tivesse
se esquecido de tudo. Terei que lembrar-me de perguntar a Salomão a respeito disso
amanhã.

Nos próximos dias Sara se pegou diversas vezes dizendo a si mesma “Tenho que
perguntar a Salomão sobre isso”. Na verdade, ela começou a carregar um pequeno
caderno no bolso de maneira a tomar notas sobre os temas dos quais queria falar.

Parecia que nunca havia tempo suficiente para falar com Salomão sobre todas as coisas
que ela queria perguntar a ele. A estreita janela do tempo entre o fim da aula na escola e
a necessidade de Sara de estar em casa para terminar seus trabalhos escolares antes de
sua mãe vir do trabalho para casa era pouco mais que 30 minutos.

~~~~~

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Não é justo, Sara começou a pensar. Eu gasto todo o dia com professores chatos que
não são um décimo de inteligência quanto Salomão e misera meia hora com o mais
inteligente dos professores que já tive. Hummm, professor. Tenho uma coruja como
professor.
Isso fez Sara rir bem alto.
“Tenho que falar com Salomão sobre isso.”

CAPÍTULO 8

"Salomão, você é um professor?"

Sim, de fato, Sara.

"Mas você não fala sobre coisas que os professores “de verdade” falam, desculpe-me,
que os “outros” professores falam. Quero dizer, você fala sobre coisas nas quais estou
interessa. Você fala sobre coisas legais”.

Na verdade, Sara, eu falo apenas sobre o que você fala. Só quando você faz uma
pergunta é que a informação que eu posso oferecer é de valor para você. Todas estas
respostas que são oferecidas sem que uma pergunta tenha sido feita são na verdade um
desperdício de tempo para todo mundo. Nem o aluno, nem o professor, se divertem
muito com isso.

Sara pensou sobre o que Salomão tinha dito e percebeu que a menos que ela
perguntasse, Salomão não falava muito sobre nada. “Mas, espere, Salomão. Eu me
lembro de algo que você disse sem que eu perguntasse.”

E o que foi, Sara?

“Você disse “você esqueceu que não pode se afogar?” Foi a primeira coisa que você me
disse, Salomão, sem eu lhe dizer nada. Eu estava deitada ali no gelo, mas não estava
fazendo uma pergunta.”

Ah, parece que Salomão não é o único aqui que fala sem mover seus lábios.

“O que você quer dizer?”

Você estava perguntando, Sara, mas sem palavras. Perguntas são sempre perguntadas
com palavras.

“Isso é estranho, Salomão. Como você pode perguntar algo se não está falando?”

Pensando sua pergunta. Muitos seres e criaturas se comunicam através do pensamento.


De fato, a maioria se comunica mais desse modo do que com palavras. As pessoas são

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as únicas que usam palavras. Mas mesmo eles fazem muito mais de suas comunicações
com pensamentos do que com palavras. Pense sobre isso.

Você vê, Sara, sou um velho professor sábioooooooo queeeeeeeeeee aprendeu há muito
tempo que dar ao estudante a informação que ele não está perguntando é uma perda de
tempo.

Sara riu da ênfase exagerada que Salomão deu à palavra „sábio‟ e ao „que‟. Eu amo esse
pássaro doido, Sara pensou.

Eu também amo você, Sara, Salomão respondeu.

Sara corou, já tendo esquecido que Salomão podia ouvir seus pensamentos.

E então, sem mais palavras, Salomão se ergueu poderosamente para o céu e sumiu da
vista de Sara.

CAPÍTULO 9

"Eu gostaria de poder voar como você, Salomão".

Ora, Sara? Por que você gostaria de voar?

"Oh, Salomão, é tão chato ter que andar aqui embaixo no chão todo o tempo. É tão
lento. Leva uma eternidade para chegar aos lugares, e você não pode ver muita coisa
também. Só essas coisas daqui de baixo com você. Coisas chatas”.

Bem, Sara, parece que você realmente não respondeu à minha pergunta.

"Sim, eu respondi, Salomão. Eu disse que quero voar porque..."

Porque você não gosta de andar aqui embaixo na terra chata. Você vê, Sara, você não
me disse por que quer voar. Você me disse o motivo pelo qual você não quer, não do
voar.

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“Há uma diferença?”

Oh, sim, Sara. Uma grande diferença. Tente novamente.

Um pouco surpresa com a nova decisão de Salomão de ser detalhista, Sara começou
novamente. “Está bem. Eu quero voar porque andar não é muito divertido, e leva muito
tempo para andar por aqui embaixo no chão.”

Sara, você não consegue ver que ainda está falando sobre o que você não quer e o
motivo pelo qual não quer? Tente novamente.

“Está bem. Eu quero voar porque....eu não consigo, Salomão. O que você quer que eu
diga?”

Eu quero que você fale sobre o que você quer, Sara.

“Eu quero voar!”, Sara gritou, sentindo-se irritada com a incapacidade de Salomão
entende-la.

Agora, Sara, diga-me por que você quer voar. Como seria? Como você se sentiria? Faça
isso parecer real para mim, Sara. Descreva para mim, como seria poder voar? eu não
quero que você me diga como é aqui no chão, ou como é não voar. eu quero que você
me diga como é voar.

Sara fechou seus olhos, agora pegando o espírito do que Salomão estava mostrando, e
começou a falar. “Voar parece ser algo de muita liberdade, Salomão. É como flutuar,
mas mais rápido”.

Diga-me, como você veria se estivesse voando?

“Eu veria toda a cidade lá embaixo, do alto. Eu veria a Rua Principal e os carros se
movendo, e as pessoas andando. Eu veria o rio. Eu veria minha escola.”

Como você sentiria voando, Sara? Descreva como se faria sentir o voar.

Sara pausou com seus olhos fechados e fingiu que estava voando bem acima de sua
cidade. “Seria muito divertido, Salomão! Voar tem que ser simplesmente muito
divertido. Eu subiria tão rápido quanto o vento. Eu me sentiria tão livre. Eu me sentiria
tão bem, Salomão”. Sara continuou, agora completamente absorta em sua visão
imaginada.

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E de repente, então, com o mesmo senso de poder que ela tinha sentido nas asas de
Salomão quando ela o via elevar as asas da cerca dia após dia, Sara sentiu uma lufada
dentro dela que a fez perder o fôlego. Seu corpo sentiu, por um momento, com se
pesasse cinco mil quilos e, então, instantaneamente, ela se sentiu absolutamente leve.
Sara estava voando.

"Salomão", Sara gritou com prazer, “olhe para mim, estou voando!”

Salomão estava voando à direita dela, junto com ela, e juntos eles subiram muito acima
da cidade de Sara, a cidade onde Sara havia nascido, a cidade pela qual Sara andava
quase todo metro quadrado, a cidade que agora Sara estava descobrindo sob um ponto
vantajoso que ela nunca sonhou ser possível

“Uau! Salomão, isso é ótimo! Oh, Salomão, eu amo isso!”

Salomão sorria e desfrutava do extraordinário entusiasmo de Sara.

“Onde estamos indo, Salomão?”

Podemos ir a qualquer lugar que você queira ir.

“Oh, uau! Sara deixou escapar, olhando para sua pacata cidade. Ela nunca tinha
parecido tão linda antes.

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Sara tinha visto sua cidade do ar uma vez quando seu tio a levou, e à sua família, em seu
pequeno avião, mas ela realmente não foi capaz de ver tanta coisa. As janelas do avião
eram tão altas, e toda vez que ela ficava sobre os joelhos para encostar o rosto à janela
para ver melhor, seu pai lhe dizia para se sentar e fechar seu cinto de segurança. Ela
realmente não teve muita diversão naquele dia.

Mas isso agora era muito diferente. Ela podia ver tudo. Ela podia ver todas as ruas e
prédios de sua cidade. Ela podia ver os pequenos comércios esparramados ao longo da
Rua Principal...o armazém do Hoyt e a farmácia de Pete e o Correio...ela podia ver seu
lindo rio sinuoso através da cidade. E alguns carros estavam se movendo, e um punhado
de pessoas estava andando ali e ali.

“Oh, Salomão”, Sara disse ofegante, “essa é melhor coisa que já aconteceu pra mim.
Vamos à minha escola, Salomão. Vou lhe mostrar onde passo meus dias...” A voz de
Sara sumiu enquanto ela saiu em disparada em direção à sua escola.

“A escola parece diferente daqui!”, Sara estava surpresa com quão grande a escola
parecia. O teto parecia que nunca terminava. “Uau!”, Sara exclamou. “Podemos chegar
mais perto ou temos que ficar aqui no alto?”

Você pode ir aonde quer ir, Sara.

Sara gritou mais uma vez e desceu sobre o campinho, e lentamente passou pela janela
de sua sala de aula. “Isso é ótimo! Olhe, Salomão! Você pode ver minha mesa e ali o
Sr.Jorgensen.”

Sara e Salomão subiram de um dos extremos da cidade até o outro, descendo próximo
ao chão e depois subindo, quase tocando as nuvens. “Olhe, Salomão, lá estão Jason e
Billy.”

“Ei, Jason, olhe para mim, estou voando!”, Sara gritou. Mas Jason não a escutou. “Ei,
Jason!”, Sara gritou novamente, mais alto. “Olhe para mim! Estou voando!”

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Jason não pode ouvir você, Sara.

“Mas, por que não? Eu posso ouvi-lo.”

É muito cedo para Jason, Sara. Ele não está pedindo ainda. Mas ele irá. Com o tempo.

Agora Sara entendia mais claramente por que Jason e Billy não tinham visto Salomão
ainda. “Eles não podem ver você também, não é Salomão?”

Sara estava contente por Jason e Billy não poderem ver Salomão. Eles se colocariam no
caminho se pudessem, ela pensou.

Sara não conseguia se lembrar de ter tido um dia mais maravilhoso. Ela subiu bem alto
no céu, tão alto que os carros na Rua Principal pareciam como pequeninas formigas
andando. E, então, com o que pareceu nenhum esforço, ela desceu rapidamente para
baixo, bem próxima do chão, gritando enquanto ficava surpresa com a velocidade de
seu vôo. Ela desceu exatamente sobre o rio, com seu rosto tão perto da água que podia
sentir o doce cheiro do musgo, logo abaixo, sobre a Ponte da Rua Principal, e o foco do
outro lado. Salomão manteve o ritmo perfeito com ela, como se eles tivessem praticado
esse vôo centenas de vezes.

Eles subiram ao que pareceu horas, e então, com o mesmo entusiasmo que fez Sara voar
para cima, ela voltou para seu corpo e, de volta, ao chão.

Sara estava tão animada que mal podia respirar. Essa tinha sido realmente uma
experiência excepcional em sua vida. “Oh, Salomão, isso foi maravilhoso!”, Sara gritou.
Parecia a ela como se eles tivessem voado por horas.

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“Que horas são?”, Sara deixou escapar, olhando seu relógio, certamente estaria em
apuros por estar tão atrasada hoje, mas seu relógio mostrava que apenas alguns poucos
segundos haviam passado.

“Salomão, você vive uma vida estranha, sabia? Nada é como supostamente deveria ser.”

O que você quer dizer, Sara?

“Bom, isso, como podermos voar toda a cidade e o tempo não passar. Você não acha
isso estranho? E como eu ser capaz de ver e falar com você, mas Jason e Billy não
poder lhe ver ou falar com você. Você não acha isso estranho?”

Se o desejo deles fosse forte o suficiente, eles poderiam Sara, ou se meu desejo fosse
forte o bastante, eu poderia influenciar o desejo deles.

“O que você quer dizer?”

Foi o entusiasmo deles por algo que eles na verdade não viram que trouxe você ao meu
bosque. Eles foram um elo muito importante no desenrolar de nosso encontro.

“Sim, eu acho.” Sara realmente não queria dar nem um pouco de crédito a seu irmão por
essa experiência extraordinária. Ela ficava mais confortável deixando-o manter a
própria posição incomoda. Mas uma chave para sua feliz iluminação? Isso era muito por
enquanto.

Bom, Sara, diga-me, o que você aprendeu hoje? Salomão sorria.

“Aprendi que posso voar por toda a cidade que o tempo não passa?”, Sara colocou de
maneira questionadora, pensando se era aquilo que Salomão queria ouvir. “Aprendi que
Jason e Billy não podem me ver ou escutar quando eu vôo, pois eles são muito jovens,
ou por não estarem prontos? Aprendi que não é frio lá em cima quando você voa?”

Tudo isso é muito bom, e podemos falar sobre isso depois; mas, Sara, você percebeu
que enquanto continuava falando sobre o que não queria, você não pode fazer o que
queria? Mas quando você começou a falar sobre o que queria – ainda mais importante,
quando você foi capaz de começar a sentir o que queria – então aquilo aconteceu
instantaneamente?

Sara estava quieta, tentando se lembrar. Mas não era fácil pensar sobre algo que ela
estava pensando ou sentindo antes de estar voando. Ela preferiria pensar sobre a parte
do vôo.

Sara, pondere nisso tanto quanto puder, e pratique isso tanto quanto puder.

“Você quer que eu pratique voar? Tudo bem!”

Não apenas voar, Sara. eu quero que você pratique pensar sobre o que você quer e
pensar sobre o motivo pelo qual você quer o que quer – até que você seja capaz de
realmente sentir isso. Essa é a coisa mais importante que você aprenderá de mim, Sara.
Divirta-se com isso.

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E com isso, Salomão estava no alto e longe.

Esse é o melhor dia de minha vida!, Sara penou. Hoje eu aprendi a voar.

CAPÍTULO 10

"Ei, querida, você ainda faz xixi na cama?"

Sara sentiu raiva, enquanto observava os colegas zombando de Donald. Tímida demais
para interferir, ela tentou desviar o olhar para não perceber o que estava acontecendo.

"Eles acham que são tão espertos", Sara murmurou baixinho. "Eles estão apenas sendo
maus."

Um grupo de garotos “muito legais para estarem vivos” da sala de aula de Sara, que
quase sempre eram vistos juntos, estavam fazendo troça de Donald, um garoto novo,
que estava na sala há apenas alguns dias. A família dele tinha acabado de se mudar para
a cidade e tinham alugado a velha casa no final da rua onde Sara vivia. A casa estava
vazia há meses, e a mãe de Sara estava feliz por ver que alguém finalmente se mudara
para lá. Sara tinha percebido o velho caminhão deteriorado sendo descarregado e tinha
imaginado se o pouco mobiliário quebrado era realmente tudo o que eles possuíam.

Já era difícil o bastante ser novo na cidade e não conhecer ninguém, mas ter esses
provocadores mexendo com ele, bom, isso era demais. Parada ali no corredor, olhando
Lynn e Tommy deliberadamente fazendo Donald se sentir mal, os olhos de Sara se
encheram de lágrimas. Ela se lembrava da explosão de gargalhadas na sala de aula
ontem, quando foi pedido a Donald para ficar de pé e se apresentar para seus novos
colegas de classe, e quando ele se levantou ele estava segurando uma brilhante caixa
plástica vermelha de lápis. Sara admitia que não era a coisa mais legal para fazer – mais
apropriado para crianças da idade de seu irmão, mas ela certamente não acreditava que
isso merecesse esse tipo de humilhação.

Sara percebeu que aquele tinha sido o ponto crítico da virada para Donald. Se ele tivesse
sido capaz de lidar com aquele primeiro momento de um jeito diferente, talvez ficando
em pé bravamente e sorrindo de volta, não se importando com o que a podre classe
pensasse sobre ele, talvez as coisas tivessem começado com um pé diferente. Mas não
era para ser. Pois Donaldo, constrangido e verdadeiramente assustado, caiu em sua
cadeira, mordendo seus próprios lábios.

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O professor de Sara repreendeu a classe, mas não fez nenhuma diferença. A classe não
parecia se importar com o que o Sr.Jorgensen pensava sobre eles, mas Donald
certamente se importava com o que a classe pensava sobre ele.

Quando ele saiu da sala de aula ontem, Sara o viu derrubar seu porta-lápis brilhante no
cesto de lixo perto da porta. Assim que Donald estava fora de vista, Sara recuperou seu
estojo e o colocou na própria bolsa de escola.

Sara olhou quando Tommy e Lynn desceram o corredor. Ela os escutou descendo as
escadas. Ela podia ver Donald em frente de seu armário, parado ali, olhando para
dentro, como se devesse haver algo ali que não faria as coisas melhores de nenhuma
forma, ou como se ele quisesse rastejar para o armário para evitar o que estava ali fora.
Sara sentiu o estomago doer. Ela não sabia o que fazer, mas queria fazer algo para fazer
Donald se sentir melhor. Após olhar para baixo, para o corredor, para ter certeza que os
valentões tinham realmente ido embora, ela puxou a caixa vermelha de sua bolsa e
correu até Donald, que agora estava fazendo um estardalhaço em torno de seus livros,
numa tentativa constrangida de recuperar a compostura.

“Ei, Donald, eu vi você deixar cair isso essa manhã”, Sara disse com simplicidade.
“Acho isso legal. Acho que você deveria continuar com ele.”

“Não, eu não quero!”, Donald retrucou.

Chocada, Sara recuou e mentalmente tentou recuperar seu equilíbrio.

“Se você acha tão legal, fique com ele!”, Donald gritou para Sara.

Rapidamente ela colocou o estojo na própria bolsa, esperando que ninguém tivesse visto
ou ouvido essa troca embaraçosa; Sara se apressou para o pátio da escola e foi para
casa.

“Por que não posso ficar fora das coisas?”, Sara se repreendeu. “Por que eu não
aprendo?”

32
CAPÍTULO 11

Salomão, porque são pessoas são tão más? ", Sara perguntou.

Todas as pessoas são más, Sara? Eu não tinha percebido.

“Bom, não todas elas, mas várias são e eu não entendo a razão. Quando eu sou má, eu
me sinto horrível.”

Quando você é má, Sara?

"Na maioria das vezes quando alguém é mau primeiro, eu acho que fico tipo má para
me vingar delas.”

Isso ajuda?

“Sim”, Sara disse defensivamente.

Como assim, Sara? Se vingar dos outros faz você se sentir melhor? Isso muda as coisas
ou faz a maldade retroceder?

“Bom, não, acho que não.”

É verdade, Sara, o que eu tenho visto é que só adiciona mais maldade ao mundo. É um
pouco como se juntar à cadeia dos pares. Eles estão sofrendo e então você está sofrendo,
e então você ajuda alguém a sofrer, e por aí vai.

33
“Mas, Salomão, quem começou essa cadeia de dor terrível?”

Realmente não importa onde começou, Sara. Mas é importante o que você faz com isso
se isso vem pra você. O que tem a ver, Sara? O que lhe contundiu para que você se
juntasse a essa cadeia de pares?

Sara, sentindo seu estomago doer bastante, contou a Salomão sobre o novo garoto,
Donald, e sobre o primeiro dia dele na sala. Ela contou a Salomão sobre os
provocadores que parecem achar intermináveis coisas para chatear Donald. Contou a
Salomão sobre o incidente alarmante que tinha acabo de acontecer no corredor. E
enquanto revivia o que tinha acontecido, conforme contava a Salomão, ela sentiu sua
raiva dolorosa crescer novamente e uma lagrima rolou de seus olhos até sua bochecha.
Ela limpou a lágrima furiosamente com as costas de sua luva, verdadeiramente irritada
pois ao invés de sua habitual tagarelice feliz com Salomão, agora ela estava fungando e
chorando. Este não era o modo como as coisas deveriam ser com Salomão.

Salomão ficou quieto por um longo tempo como se disperso, como se os pensamentos
não estivessem ligados à mente de Sara. Sara podia sentir Salomão olhando-a com seus
grandes e amorosos olhos, mas ela não se sentia constrangida. Quase parecia como se
Salomão estivesse puxando algo dela.

Bom, está muito claro o que eu não quero, Sara pensou. Eu não quero me sentir assim.
Especialmente quando estou falando com Salomão.

Isso é muito bom, Sara. Você, conscientemente, deu o primeiro passo para terminar a
corrente da dor. Você, conscientemente, reconheceu o que você não quer.
“E isso é bom?”, Sara questionou. “Não me faz sentir tão bem”.

É apenas porque você apenas deu o primeiro passo, Sara. Há três mais.

“Qual é o próximo passo, Salomão?”

Bem, Sara, não é difícil entender o que você não quer. Você concorda com isso?

“Sim, acho que sim. Quer dizer, acho que normalmente eu sei disso.”

Como você sabe que você está pensando sobre o que não quer?

“Eu simplesmente posso dizer isso.”

Você pode dizer pelo modo como você se sente, Sara. quando você está pensando nisso,
ou falando nisso, em algo que você não quer – você sempre sente emoção negativa.
Você sente raiva, ou decepção, ou vergonha, ou culpa, ou medo. Você sempre se sente
mal quando está pensando em algo que você não quer.

Sara pensou sobre os últimos dias, durante os quais tinha experienciado mais emoção
negativa do que o normal. “Você está certo, Salomão”, Sara anunciou. “Tenho sentido
mais disso nessa última semana, olhando aqueles garotos com Donald. Eu tenho sido
tão feliz desde que me encontrei com você, Salomão, e então fiquei tão chateada com

34
aqueles meninos troçando do Donald. Posso ver como o modo como me sinto tem a ver
com o que estou pensando.”

Bom, Sara. Agora, vamos falar sobre o passo dois. Sempre que você sabe o que você
não quer, é mais fácil compreender sobre o que você quer.

“Bom....” Sara parou, querendo entender, mas ainda insegura.

Quando você está doente, o que é que você quer?

“Eu quero me sentir melhor”, Sara replicou facilmente.

Quando você não tem dinheiro o suficiente para comprar algo que você quer, então o
que você quer?

“Eu quero mais dinheiro”, Sara respondeu.

Você vê, Sara, esse é o passo dois para quebrar a corrente da dor. O passo um é alguém
reconhecer o que não quer. O passo dois é então decidir o que quer.

“Bem, isso é bastante fácil”. Sara estava começando a se sentir melhor.

O passo três é o passo mais importante, Sara, e é o passo no qual a maioria das pessoas
perde completamente. O passo três é esse: uma vez que você tenha identificado o que é
que você quer, você tem que fazer isso se sentir real. Você tem que falar sobre o motivo
pelo qual quer, descrever como seria ter aquilo, explicar aquilo, fingir aquilo, ou
lembrar de outro tempo como aquele – mas manter-se pensando sobre aquilo até que
você encontre aquele estado de sentimento. Continuar falando consigo mesmo sobre o
que é que você quer até que você se sinta bem.

Conforme Sara escutava Salomão, na verdade encorajando-a a gastar tempo no


propósito, imaginando as coisas em sua própria mente, ela mal podia acreditar em seus
ouvidos. Ela tinha entrado em sérios problemas pela mesma coisa em mais que uma
vez. Parecia que o que Salomão estava lhe dizendo era exatamente o oposto do que seus
professores na escolha lhe diziam. Mas ela tinha que acreditar em Salomão. E
certamente estar disposta a tentar algo diferente. O modo deles, obviamente, não
funcionava.

“Por que o passo três é o passo mais importante, Salomão?”

Porque até que você mude o modo como se sente, você realmente não mudou nada.
Você ainda é parte da corrente de dor. Mas quando você muda o modo como se sente,
você é parte de uma corrente diferente. Você se junta então à corrente de Salomão, por
assim dizer.

“O que você chama de sua corrente, Salomão?”

Bem, eu realmente não chamo de nada. Isso tem mais a ver com sentir. Mas você pode
chamar isso de Corrente-do-Contentamento, ou Corrente-do-Bem-Estar. A Corrente-do-
Sentir-Se-Bem. É a corrente, natural, Sara. É verdadeiramente quem nós todos somos.

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“Bem, se é natural, se é quem realmente todos somos, por que a maioria de nós não se
sente bem na maior parte do tempo?”

As pessoas realmente querem se sentir bem, e a maioria das pessoas querem bastante se
sentir bem. E essa é uma grande parte do problema.

“O que você quer dizer? Como querer se sentir bem pode ser um problema?”

Bom, Sara, as pessoas querem se sentir bem, então elas olham ao próprio redor para o
modo como os outros estão vivendo de maneira a decidir o que é bom. Elas olham as
condições que as cercam, e elas vêem coisas que acreditam serem boas, e elas vêem
coisas que acreditam serem ruins.

“E o que é ruim? Eu não vejo o que é ruim em relação a isso, Salomão.”

O que percebo, Sara, é que quando elas olham para as condições, boas e más, a maioria
das pessoas não estão cientes de como estão se sentindo. E é isso o que é errado para a
maioria delas. Ao invés de estarem cientes de que o que estão olhando as estão afetando
no pedido delas por sentirem-se bem, elas se mantém procurando o que é ruim e
tentando se debater para fora daquilo. O problema com isso, Sara, é que o tempo todo
em que elas estão tentando se debater para longe daquilo que pensam que é ruim – elas
estão se juntando à corrente de dor. As pessoas estão muito mais interessadas em olhar
para aquilo e analisar e comparar condições do que estão cientes de como estão se
sentindo. E frequentemente a condição as puxa para a corrente de dor.

Sara, pense sobre os últimos dias e tente se lembrar de alguns dos fortes sentimentos
que você teve. O que estava acontecendo quando você estava se sentindo mal nessa
semana, Sara?

“Eu me senti horrível quando Tommy e Lynn estavam chateando Donald. Eu me senti
horrível quando as crianças riram de Donald na sala, e eu me senti pior ainda quando
Donald gritou comigo. Tudo o que eu estava tentando era ajudá-lo, Salomão.”

Bom, Sara. Vamos falar sobre isso. Durante aquele tempo em que você estava se
sentindo tão mal, o que você estava fazendo?

“Eu não sei, Salomão. Eu realmente não estava fazendo nada. Eu estava apenas
assistindo, eu acho.”

Isso é absolutamente correto, Sara. Você estava observando as condições – mas as


condições que você estava escolhendo observar eram do tipo que faz você se juntar à
corrente de dor.

“Mas, Salomão”, Sara retrucou, “como você pode ver algo que está errado e não se
sentir mal quando vê aquilo?”

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Essa é uma questão muito boa, Sara, e lhe prometo que, com o tempo, eu a responderei
completamente para você. e a razão pela qual é difícil entender no começo é porque
vocês têm sido treinados a observar condições, mas vocês não têm sido treinados a
prestar atenção a como se sentem quando estão observando – e, assim, as condições
parecem controlar suas vidas. Se você está observando algo bom, você tem uma
resposta de bom sentimento, e se está observando algo ruim, você tem uma resposta de
sentimento ruim. Quando as condições parecem controlar suas vidas, isso é frustrante
para a maioria de vocês, e é isso que faz com que tantas pessoas continuem a se juntar à
cadeia da dor.

"Então, como posso ficar de fora da cadeia da dor para que eu possa ajudar alguém se a
pessoa estiver nela?"

Bem, Sara, há muitos modos de fazer isso. Mas o meu modo favorito – o que funcionar
mais rápido de todos – é esse: Tenha pensamentos de apreciação.

“Apreciação?”

Sim, Sara, se foque em algo, ou em alguém, e tente encontrar pensamentos que façam
você se sentir o máximo. Aprecie tanto quanto você puder. Esse é o melhor modo de se
juntar à Cadeia-do-Contentamento.

Lembre-se, o passo um é?
"Saber o que eu não quero", Sara respondeu orgulhosamente. Ela tinha entendido aquele
passo perfeitamente.

E o passo dois é?

“Saber o que eu não quero.”

Muito bom, Sara. E o passo três é?

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“Oh, Salomão, eu esqueci”, Sara lamentou, desapontada consigo mesmo por esquecer
tão cedo.

O passo três é encontrar o estado do sentimento do que você quer. Falar sobre o que
você quer até que você sinta que já está ali.

“Salomão, você nunca me disse qual é o passo quatro”, Sara se lembrou animadamente.

Divertir-se com isso, Sara. Não tentar se lembrar tão arduamente disso tudo.
Simplesmente pratique a apreciação. Essa é a chave. Seria bom você ir agora, Sara.
Podemos falar mais sobre isso amanhã.

Apreciação, Sara pensou. Eu tentarei pensar em coisas para apreciar. Seu pequeno
irmão, Jason, foi a primeira imagem que veio à mente dela. “Rapaz, isso vai ser difícil”,
Sara pensou quando começou a sair do bosque de Salomão.

Comece com algo mais fácil! – Salomão alertou enquanto se levantava de seu posto.

“Certo, está bem.” Sara riu. “Eu amo você, Salomão”, ela pensou.

Eu amo você também, Sara.


Sara escutou a voz de Salomão claramente, muito embora ele já tivesse voado para
longe de sua visão.

~~~~

CAPÍTULO 12

Algo fácil, Sara pensou, eu quero apreciar algo fácil.

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De longe, Sara podia ver podia o cachorro do vizinho brincando na neve. Ele estava
pulando, e correndo, indo e voltando, obviamente feliz por estar vivo.

“Brownie, você é um cachorro feliz! Aprecio você”, Sara pensava, há mais de 100
metros de distancia. Naquele momento, Brownie começou a correr em direção a Sara
como se ela fosse seu dono e tivesse chamado seu nome. Balançando o rabo, ele deu
duas voltas completas em torno de Sara e, em seguida, com as patas nos ombros dela, o
grande cão sarnento de pelos compridos empurrou Sara para uma posição sentada numa
pilha de neve que foi deixada pela máquina de limpar neve naquela semana – e ele
lambeu o rosto de Sara com sua língua quente e úmida. Sara estava rindo tanto que mal
podia se levantar. “Oh, você me ama também, não é Brownie?”

Naquela noite Sara se deitou em sua cama pensando em tudo o que tinha acontecido
naquela semana. Eu me sinto como se estivesse numa montanha russa. Eu me senti
melhor do que já havia me sentido e pior do que já havia me sentido, tudo numa curta
semana. Adoro minhas conversas com Salomão e, oh, como eu amo aprender a voar,
mas eu fiquei muito maluca nessa semana também. Isto é tudo muito estranho.

Ter pensamentos de apreciação. Sara podia jurar que ouvira a voz de Salomão em seu
quarto.

“Não, não pode ser”, Sara concluiu. “Estou apenas me lembrando do que Salomão
disse”. E com isso Sara se virou para o lado, pensando. Aprecio essa boa cama
quentinha, isso com certeza, Sara pensou, enquanto puxa os cobertores por cima dos
ombros. E meu travesseiro. Meu travesseiro macio, amassado. Aprecio isso, Sara
pensou, envolvendo seus braços ao redor do travesseiro e enterrando o rosto nele.
Aprecio minha mãe e meu pai. E Jas...e Jason também.

Não sei, Sara pensou. Não acho que estou encontrando aquele estado de sentimento.
Talvez eu esteja muito cansada. Trabalharei nisso amanhã. E com esse ultimo
pensamento consciente, Sara adormeceu.

“Estou voando de novo! Estou voando de novo!”, Sara gritou enquanto subia para o alto
de sua casa. Voar não é exatamente a melhor palavra para isso, ela pensou. Mais
parecido a flutuar. Posso ir a qualquer lugar que eu quiser ir!
Sem nenhum esforço, só identificando aonde queria ir, Sara se moveu facilmente pelo
céu, fazendo uma pausa aqui e ali para observar algo que não tinha percebido antes, de
vez em quando descendo bem próxima ao chão e, então, subindo novamente. Opa! Opa!
Opa! Ela descobriu que se quisesse descer, tudo o que tinha afazer era estender um dedo
do pé em direção ao chão, e desceria. Quando ela estava pronto para voltar, ela
simplesmente olhava para cima e para cima ela ia.

Eu quero voar para todo o sempre!, Sara concluiu.

Vamos ver, Sara se confundiu, aonde eu deveria ir agora? Sara se moveu adiante, sobre
sua pequena cidade, vendo as luzes piscando aqui e ali conforme família a família, casa
a casa, se preparavam para dormir. Estava começando a nevar muito levemente e Sara
estava entusiasmada com quão quente e segura ela se sentia flutuando sobre o meio da
noite com seus pés descalços e em camisola de flanela. Não está frio, Sara percebeu.

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Quase todas as casas estavam escuras agora, e apenas algumas luzes da cidade, na rua,
estavam brilhando, mas do outro lado da cidade Sara conseguiu ver uma casa ainda
iluminada. E, então, ela decidiu ir até ali para ver quem ainda estava acordado.
Provavelmente alguém que não tinha que acordar logo cedo, Sara pensou, se
aproximando e esticando o dedo de seu pé para baixo, provocando uma descida rápida e
perfeita.

Ela caiu em uma janela pequena da cozinha, feliz pelas cortinas estarem tão
abertas para que ela pudesse espiar por dentro. E ali, sentado à mesa da
cozinha, com papeis espalhados por todo lugar, estava o Sr.Jorgensen, o
professor de Sara. Metodicamente, o Sr. Jorgensen pegava um papel após
outro, lendo-o, e passando a outro. Sara ficou paralisada ao vê-lo. Ele parecia
tão sério no que estava fazendo.

Sara começou a sentir-se um pouco culpada por estar espiando seu professor
assim. Mas, ao menos, essa é a janela da cozinha, Sara percebeu, não o
banheiro ou o quarto, ou algo privativo assim.

Agora o Sr.Jorgensen estava sorrindo, parecendo realmente estar gostando do que quer
que estava lendo. Agora ele estava escrevendo algo no papel. E, então, de repente, Sara
percebeu o que o Sr.Jorgensen estava fazendo. Ele estava lendo os trabalhos que a
classe de Sara tinha feito no final daquele dia. Ele estava lendo cada um deles.

Muitas vezes Sara via algo escrito na parte superior ou na parte de trás dos papeis que
ele devolvia para ela, e ela nunca apreciava muito isso. Você simplesmente não
consegue agradá-lo, Sara tinha pensado muitas vezes quando lia as notas dele nos papeis
dela.

40
Mas olhando esse homem, lendo e, depois, escrevendo, lendo e depois escrevendo,
enquanto quase todo mundo na cidade agora estivesse dormindo, deixou Sara com uma
sensação muito estranha. Ela quase se sentia tonta enquanto sua antiga perspectiva sobre
o Sr.Jorgensen e sua nova perspectiva sobre ele estavam como que colidindo dentro de
sua cabeça. “Uau!”, Sara disse enquanto olhava para cima, fazendo com que seu
pequeno corpo subisse por sobre a casa de seu professor.

Uma quente rajada de vento parecia vir de dentro de Sara, envolvendo todo seu corpo e
lhe dando pancadas em sua pele. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração deu
uma batida feliz, e ela disparou tão alto no céu, olhando sua bela e adormecida, ou
quase adormecida, cidade.

Sinto apreciação por você, Sr.Jorgensen, Sara pensou enquanto fazia uma última
disparada sobre a casa dele e voltava para casa. E quando Sara olhou de volta, para a
janela da cozinha do Sr.Jorgensen, ela teve certeza de que o viu ali parado, olhando para
fora.

CAPÍTULO 13

"Olá, Sr. Matson'', Sara ouviu sua própria voz dizer enquanto cruzava a ponte da Rua
Principal em seu caminho para a escola. O Sr.Matson olhou de cima do capô do carro
no qual ele estava trabalhando. Durante os anos em que ele trabalhara no único posto de
combustível da cidade, na esquina da Rua Principal com a Rua Central, por centenas de
vezes ele havia visto Sara em seu caminho para a escola, mas ela nunca havia falado
com ele daquele modo antes. Ele realmente não sabia bem como responder, então ele
fez um tipo de aceno em sua surpresa. Na verdade, a maioria das pessoas que conhecia
Sara estava começando a perceber surpreendentes diferenças no comportamento dela,
normalmente introvertido. Ao invés de olhar para baixo, observando seus pés e imersa

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profundamente em seus próprios pensamentos, Sara estava estranhamento interessada
em sua cidade montanhosa, excepcionalmente atenta e surpreendentemente interativa.

“Há tantas coisas para apreciar!”, Sara reconhecia discretamente, meio à própria
respiração. A máquina de limpar neve já tinha limpado a maior parte das ruas. Isso é
uma coisa muito boa, Sara pensou. Eu aprecio isso.

Ela viu um caminhão utilitário em frente da Loja do Bergman com a extensão de sua
escada para fora. Um homem estava no topo da escada, trabalhando num mastro de
energia, enquanto outro homem olhava atentamente de baixo. Sara pensou no que eles
estavam fazendo, e concluiu que provavelmente estavam consertando uma das linhas de
energia que tinha ficado muito pesada com os pingentes pendurados nela. Isso é
realmente bom, Sara pensou. É tão maravilhoso que estes homens estejam aptos a
manter nossa eletricidade funcionando. Eu aprecio isso.

Um ônibus escolar cheio de crianças dobrou a esquina quando Sala caminhava para o
pátio da escola. Sara não conseguiu ver o rosto de nenhuma delas, pois as janelas
estavam todas embaçadas, mas Sara estava bem familiarizada com a rotina: o motorista
do ônibus, que havia reunido sua carga indisposta desde antes do amanhecer por todo o
município, agora estava liberando cerca de metade dela na escola de Sara. Ele
descarregaria a outra metade na antiga escola de Sara, na Rua Principal. Isso é uma
coisa boa que o motorista do onibus faz, Sara pensou. Eu realmente aprecio isso.

Sara tirou o casaco pesado enquanto caminhava no interior da escola, percebendo quão
confortavelmente quente a escola estava por dentro. Eu aprecio esse prédio, a fornalha
que o mantém quentinho, e o zelador que cuida da fornalha. Ela se lembrou de tê-lo
visto alimentando a fornalha com a pá que carregava pedaços de carvão para a parte que
alimentava o fogo por mais algumas horas, e ela o tinha visto remover as grandes brasas
vermelhas da fornalha. Eu aprecio esse zelador que faz seu trabalho para nos manter
aquecidos.

Sara estava se sentindo maravilhosa. Realmente estou pegando esse bem esse negócio
de apreciação, ela pensou. Fico pensando por que não tinha imaginado isso antes. Isso é
ótimo!

“Ei, Bebezão”, Sara ouviu uma voz chorosa artificial provocando alguém. As palavras
lhe soaram tão terríveis que Sara estremeceu quando as ouviu. Era chocante vir de um
estado de sentimento tãooooooo maravilhoso para a percepção doentia de que alguém
estava chateando alguém.

Oh, não – Sara pensou. Não Donald de novo. Mas com certeza, os dois agressores
estavam naquilo novamente. Eles tinham encurralado Donald no corredor. O corpo de
Donald estava pressionado contra o próprio armário e Sara podia ver os rostos
sorridentes de Lynn e de Tom há apenas alguns centímetros do de Donald.

De repente Sara já não estava mais tímida. “Por que vocês não vão procurar alguém do
tamanho de vocês para zoarem? Bom, isso não era exatamente o que Sara queria dizer,
já que Donald na verdade era um pouco mais alto do que os dois outros, mas a
confiança que eles pareciam ter por estar sempre em bandos deixava Donald, ou
qualquer outro escolhido no momento, em aparente desvantagem.

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“Oh, Donald tem uma namorada, Donald tem uma namorada”, os meninos gritaram em
uníssono. O rosto de Sara ficou vermelho de vergonha e, depois, mais vermelho de
raiva.

Os garotos riram e saíram pelo corredor, deixando Sara parada ali, corada e se sentindo
muito quente e desconfortável.

"Eu não preciso de você para ficar me defendendo”, Donald gritou, novamente fazendo
Sara esconder suas lágrimas de vergonha.

Bem feito, Sara pensou, estou fazendo isso de novo. Eu simplesmente não aprendo.

Bom, Donald, Sara pensou, eu aprecio você também. Você está, mais uma vez, me
ajudando a perceber que sou uma idiota. Uma idiota que não aprende

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CAPÍTULO 14

"Oi, Salomão”, Sara falou categoricamente, pendurando sua bolsa de livros perto do
poste da coruja.

Um bom dia, Sara. Está um dia lindo. Não concorda?

''Sim, acho que sim", Sara respondeu inexpressivamente, sem realmente perceber, ou
sem se importar pelo sol estar brilhando novamente. Sara soltou o lenço de seu pescoço
e o puxou colocando-o em seu bolso.

Salomão esperou tranquilamente que Sara reunisse seus pensamentos e começasse seu
habitual dique de perguntas, mas Sara estava incomumente mal-humorada hoje.

“Salomão”, Sara começou, “eu não entendo”.

O que você não entende, Sara?

“Eu não entendo que bem alguém faz para mim para eu sair apreciando as coisas. Quero
dizer, eu realmente não vejo que bem isto está fazendo.

O que você quer dizer, Sara?

“Bom, quero dizer, eu estava indo bastante bem nisso. Pratiquei durante toda a semana.
Primeiro foi bastante difícil, mas então ficou mais fácil. E hoje eu estava apreciando
exatemente tudo até que eu entrei na escola e escutei Lynn e Tommy chateando o pobre
Donald novamente.

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Entao o que aconteceu?

“Entao eu fiquei doida. Eu fiquei tão doida que gritei com eles. Eu só queria que eles
deixassem o Donald em paz para ele ficar feliz. Mas eu fiz isso novamente, Salomão.
Eu me juntei à corrente de dor deles. Eu não aprendi nada. Eu simplesmente odeio
aqueles meninos, Salomão. Eu os acho horríveis.

Por que você os odeia?

“Porque eles arruinaram meu dia perfeito. Hoje eu ia apreciar as coisas. Quando acordei
de manhã eu apreciei minha cama e depois meu café da manhã, e minha mãe e pai, e até
Jason. E ao longo de todo o caminho para a escola eu encontrei tantas coisas para
apreciar, e então eles arruinaram o dia, Salomão. Eles me fizeram me sentir horrível
novamente. Como antes. Exatamente como antes de eu aprender como apreciar.”

Não admira que você esteja doida com eles, Sara, pois você está numa armadilha
terrível. Na verdade, esta é simplesmente a pior armadilha do mundo.

Sara não gostou muito de como aquilo soou. Ela tinha visto o suficiente das armadilhas
caseiras de Jason e Billy, e tinha libertado muitos ratinhos, esquilos e pássaros que,
contentes, eles tinham capturado. A idéia de alguém colocá-la em uma armadilha fez
Sara se sentir terrível. “O que você quer dizer, Salomão? Que armadilha?”

Bom, Sara, quando sua felicidade depende do que os outros fazem ou não fazem, você
está numa armadilha, pois você não pode controlar o que eles pensam, ou o que eles
fazem. Mas, Sara, você descobrirá a verdade liberdade – uma liberdade além de seus
sonhos mais selvagens – quando você descobrir que seu contentamento não depende de
ninguém. Seu contentamento depende do que você escolhe para dar sua atenção.

Sara escutou em silêncio, com lágrimas escorrendo por suas bochechas rosadas.

Você se sente numa armadilha agora porque você não vê como pode responder de
maneira diferente ao que você viu acontecer. Quando você testemunha algo que faz
você se sentir desconfortável, você está respondendo a estas condições. E você pensa
que o único modo de se sentir melhor é se as condições ficarem melhores. E já que você
não pode controlar as condições, você se sente numa armadilha.

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Sara limpou o rosto com a manga da roupa. Ela se sentia muito desconfortável. Salomão
estava certo. Ela se sentia numa armadilha. E ela queria estar livre da armadilha.

Sara, só trabalhe na apreciação – e você começará a se sentir melhor. Bom, vamos


resolver isso um pouco de cada vez. Você verá. Isso não será difícil para você entender.
Continue se divertindo. Falaremos mais sobre isso amanhã. Durma bem.

CAPÍTULO 15

Salomão estava certo. As coisas simplesmente parecem ficar melhores e melhores. Na


verdade, as próximas semanas foram as melhores de que Sara podia se lembrar. Tudo
parecia estar indo bem. Os dias na escola pareciam ficar mais e mais curtos, e para a
surpresa de Sara, ela estava realmente começando a gostar da escola. Mas Salomão
continuava sendo o melhor do coração do dia de Sara.

“Salomão”, Sara disse, “Estou tão contente por ter encontrado você aqui nesse bosque.
Você é meu melhor amigo.”

Estou contente também, Sara. Somos pássaros de uma mesma pena, você sabia?

“Bom, você está meio certo de qualquer maneira, Sara riu, olhando para o belo casado
de penas de Salomão e sentindo o vento quente da apreciação fluindo através dele. Ela
tinha escutado sua mãe dizer “Pássaros de mesma pena voam juntos”, mas ela nunca
tinha pensado muito sobre o que aquilo significava e ela certamente nunca esperava que
fosse estar com pássaros.

“O que significa isso, Salomão?”

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As pessoas usam esta expressão para assinalar a consciencia delas de que as coisas
similares se juntam. Aquilo que é similar se atrai.

“Você quer dizer, como os tordos que ficam juntos, e corvos que ficam juntos, e
esquilos que ficam juntos?”

Bom, sim, desse jeito. Mas na verdade todas as coisas que são similares, Sara. mas a
similaridade não é sempre o que você pensa que é. Não é normalmente algo óbvio que
você possa ver.

“Eu não entendo, Salomão. Se você não pode ver, como você sabe que eles são iguais
ou diferentes?”

Você pode sentir, Sara. Mas é necessário prática, e antes que você possa praticar você
tem que saber o que você está procurando, e já que a maioria das pessoas não entende as
regras básicas, elas não sabem o que estão procurando.

“Regras, como nas regras de um jogo, Salomão?”

Sim, algo assim. Na verdade, um nome melhor seria “A Lei da Atração”. A Lei da
Atração diz: semelhantes se atraem.

“Oh, entendo”. Sara se iluminou. “Como pássaros de mesma plumagem voarem juntos.”

É isso, Sara. E todo mundo e todas as coisas em todo o Universo é afetado por essa Lei.

“Eu ainda não entendo realmente isso, Salomão. Fale-me mais, por favor.”

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Amanhã, conforme você estiver se movendo através de seu dia, olhe por evidencias
dessa lei. Mantenha seus olhos e ouvidos abertos e, mais importante, preste atenção ao
modo como você se sente quando observa as coisas, pessoas, animais e situações ao seu
redor. Divirta-se com isso, Sara. Falaremos mais sobre isso amanhã.

Hummm, pássaros de mesma pena voam juntos, Sara considerou. E enquanto estas
palavras rolavam por sua mente, um grande bando de gansos saíram em debandada do
pasto e voaram sobre a cabeça de Sara. Sara sempre amou olhar estes gansos no
inverno, e ela sempre ficava surpresa com os padrões que eles faziam quando voavam
pelo céu. Sara riu com a aparente coincidência de ter falado sobre pássaros reunidos e
então imediatamente encontrar o céu cheio deles.

Hummmm....a Lei da Atração.”

CAPÍTULO 16

O brilhante Buick antigo do Sr.Pack abrandou quando passou por Sara. Ela acenou para
o Sr. e Sra.Pack e eles sorriram e acenaram de volta.

Sara se lembrou dos comentários de seu pai a respeito dos vizinhos idosos. “Estes
velhotes são muito parecidos.”

“Eles até parecem ser iguais”, sua mãe acrescentou.

Hum..., Sara ponderou, eles são muito parecidos. Sara pensou sobre o tempo que
conhecia estes vizinhos. “Eles são tão ordenadozinhos como botões”, sua mãe tinha
percebido desde o começo. O carro do Sr.Pack sempre era o mais brilhante da cidade.
“Ele deve lavá-lo todo dia”, o pai de Sara suspirou, não apreciando o contraste entre o
carro do Sr. Pack, sempre limpo, com o dele normalmente sempre sujo. O gramado e o
jardim do Sr.Pack sempre estavam aparados no verão, e plantados à perfeição, e a
Sra.Pack era tão arrumadinha quanto o seu marido. Sara não tinha muita oportunidade
de estar dentro da casa deles, mas na rara ocasião que ela tinha entrado lá para dar um
recado para sua mãe que estava lá, Sara sempre ficava impressionada com a casa,

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sempre arrumada e limpa, nunca estando uma única coisa fora de lugar. Ah, a Lei da
Atração, Sara concluiu.

O irmão de Sara, Jason, e seu amigo indisciplinado, Billy, aceleraram suas bicicletas,
cada um chegando tão perto de Sara quanto possível, sem na verdade baterem nela. “Ei,
Sara, é melhor olhar por onde está andando”, Jason a censurou. Sara pode escutá-los
rindo enquanto eles desciam pela rua.

“Chatos”, Sara pensou enquanto recuperava seu lugar de volta na rua, irritada por ter
sido forçada a sair do caminho deles.
''Eles foram feitos um para o outro'', resmungou Sara. "Eles têm prazer em criar
confusão.” Sara parou seus passos em sua trilha. “Pássaros de uma mesma plumagem.”
Sara se iluminou.
“Eles são pássaros de mesma pena! Essa é a Lei da Atração!”

E todo mundo e tudo no Universo é afetado por ela! Sara se lembrou das palavras de
Salomão.

No dia seguinte Sara passou tanto tempo quanto possível buscando por evidencias da
Lei da Atração.

Ela está em todo lugar!, Sara concluiu conforme observava os adultos, as crianças e os
adolescentes se deslocando por sua cidade.

Sara parou na Loja do Hoyt, um tipo de loja de armazém geral no meio da cidade e um
pouco fora do caminho de Sara para a escola. Ela comprou uma borracha nova para
substituir a que alguém havia tomado emprestado no dia anterior e não tinha devolvido,
e uma barrinha de doce para comer após o almoço.

Sara sempre gostava de vir a essa loja. Ela sempre fazia Sara se sentir bem. A loja era
de três homens alegres que sempre estavam prontos e dispostos a entreter quem entrasse
nela. Era um lugar sempre muito movimentado, já que era a única mercearia na cidade,
mas mesmo quando as filas eram longas, estes três homens conseguiam fazer piadas e
brincar com as crianças de qualquer um que estivesse disposto a brincar junto.

“Como vai, garota?”, o mais lato dos três cumprimentou Sara.

O entusiasmo dele surpreendeu Sara um pouquinho. Eles nunca tinham brincado muito
com Sara, o que para ela sempre se ajustou muito bem, mas hoje eles tinham a intenção
clara de fazer Sara tomar parte da diversão deles.

“Tudo bem”, Sara respondeu corajosamente.

“Bom, é isso o que eu gosto de ouvir! O que vamos comer primeiro, a barrinha de doce
ou a borracha?”

Sara disse, rindo de volta: “Acho que vou comer a barrinha de doce primeiro. Vou
guardar a borracha para a sobremesa!”

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O Sr.Hoyt riu alto. Sara realmente tinha sido pega desprevenida com o próprio senso de
humor. A resposta esperta de Sara também a pegou de surpresa.

“Bom, tenha um ótimo dia, querida! Continue se divertindo.”

Sara se sentia maravilhosa conforme caminhava de volta para a Rua Principal. Pássaros
de mesma plumagem, Sara considerou. A Lei da Atração. Está em todo lugar!

Que dia lindo! Sara apreciou, voltando-se para o ponto de inclinação: olhando para
cima, para o céu azul brilhante desse dia de inverno excepcionalmente morno. As ruas
normalmente geladas e as calçadas estavam brilhantemente úmidas, e pequenos fluxos
de água escorriam no caminho de Sara, formando pequenas poças aqui e ali.

“Vruuummmmm!”, Jason e Billy gritaram em uníssono quando passaram por Sara,


correndo em suas bicicletas, tão rápidos e próximos a ela quanto podiam sem bater nela.
A água suja espirrou nas pernas de Sara.

“Monstros!”, Sara gritou, respingada de água suja e fervendo de raiva. Isso


simplesmente não faz sentido. Eu tenho que perguntar a Salomão a respeito disso.

Suas roupas molhadas secaram e a maior parte das marcas de lama foi afastada, mas
pelo fim do dia Sara ainda estava confusa e com raiva. Ela estava louca com Jason, mas
afinal não havia nada de novo nisso, Sara se sentia com raiva de Salomão também, e da
Lei da Atração, e dos Pássaros de Mesma Pena, e das pessoas más. Na verdade, Sara
estava muito brava com todo mundo.

Como sempre, Salomão estava empoleirado em seu poste, esperando pacientemente


pela visita de Sara.

Você parece extraordinariamente animada hoje, Sara. Sobre o que você gostaria de
falar?

“Salomão!”, Sara deixou escapar, “Algo está realmente errado com essa coisa de Lei da
Atração!”

Sara aguardou, esperando que Salomão a corrigisse.

Continue, Sara.

“Bem, você não disse que a Lei da Atração diz que os semelhantes se atraem? E Jason e
Billy são realmente podres, Salomão. Eles passam todo o dia, na maior parte do tempo,
buscando por jeitos de fazer as pessoas se sentirem mal”. Sara fez uma pequena pausa,
ainda esperando que Salomão a interrompesse.

Prossiga.

“Bom, Salomão, eu não sou podre. Quero dizer, eu não jogo lama nas pessoas nem as
ameaço com minha bicicleta. Eu não prendo ou mato os animaizinhos ou tiro o ar dos
pneus dos carros das pessoas, então como pode Jason e Billy continuar comigo? Nós
não somos pássaros de mesma pena, Salomão. Nós somos diferentes!”

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Você acha que Jason e Billy são realmente podres, Sara?

''Sim Salomão, eu acho.''

Eles são malandros, eu concordo com você aqui, Salomão assentiu com a cabeça. Mas
eles são muito parecidos com todo mundo e com tudo no Universo. Eles têm o que é
desejado, e a falta também, tudo misturado. Você já percebeu seu irmão fazendo algo
bom?

“Bom, sim, eu acho. Mas raramente.”, Sara gaguejou. “Eu teria que pensar sobre isso.
Mas, Salomão, eu ainda não entendo. Por que eles continuam me incomodando? Eu não
os incomodo!”

Bem, Sara, esse é o modo como isso funciona. Em cada momento você tem a opção de
olhar para algo que você que, ou para a falta daquilo. Quando você está olhando para
algo que você quer – só por observar aquilo – você começa a vibrar como se fosse.
Você se torna o mesmo que aquilo tem, Sara. Você entende?

“Você quer dizer que só por olhar alguém que é podre, eu sou podre também?”

Bom, não exatamente, mas você está começando a entender. Imagine uma tabua
iluminada, mais ou menos do tamanho de sua cama.

“Uma tabua iluminada?”

Sim, Sara. Uma tabua com milhares de pequenas luzes, como as luzes da árvore de
natal, projetando-se da tabua. Um mar de luzes. Milhares delas, e você é uma destas
luzes. Quando você dá atenção a algo, só por dar sua atenção àquilo, sua luz na tabua se
acende e, naquele momento, todas as outras luzes na tabua – que estão em harmonia
vibracional com sua luz – se acendem também. E aquelas luzes representam seu mundo.
Estas são as pessoas e experiências a que agora você acessa vibracionalmente.

Pense sobre isso, Sara. Em todas as pessoas que você conhece, quem seu irmão Jason
chateia e incomoda mais?

Sara respondeu instantaneamente. “A mim, Salomão. Ele está sempre me chateando.”

E de todas as pessoas que você conhece quem você acha que é mais incomodado pelas
chateações de seu irmão Jason? Quem você acha que acende suas lâmpadas em suas
tabuas de luz em harmonia vibracional com estes malandros, Sara?

Sara riu, agora começando a entender. “Sou eu, Salomão, eu sou a mais incomodada. Eu
continuo acendendo minha tabua iluminada observando Jason e ficando maluca com
ele.”

Então você vê, Sara, quando você vê algo de que não gosta, e fica percebendo e se
debatendo contra aquilo e pensando sobre aquilo – você acende sua luz na tabua, então
você continua obtendo mais daquilo. Frequentemente você está vibrando ali mesmo
quando Jason não está nem aí. Você fica só se lembrando da última coisa que

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aconteceu quando ele estava por perto. A boa coisa sobre tudo isso, Sara, é essa: você
sempre pode dizer, pelo modo como está se sentindo, com o que você está alcançando
harmonia vibracional.

''O que você quer dizer? "

Sempre que você está feliz, sempre que está sentindo gratidão, sempre que está
percebendo os aspectos positivos de algo ou alguém, você está vibrando em harmonia
com o que você quer. Mas sempre que você sentir raiva ou medo, sempre que se sentir
culpada ou decepcionada você está em - naquele exato momento – alcançando a
harmonia com o que você não quer.

''Toda vez, Salomão?''

Sim. Toda vez. Você sempre pode confiar no modo como se sente. É o seu Sistema de
Orientação. Reflita sobre isso, Sara. Nos próximos dias, quando você estiver
observando os que estão ao seu redor, preste atenção particular à maneira como você
está se sentindo. Mostre a si mesma, Sara, com o que você está alcançando harmonia
vibracional.

“Está bem, Salomão. Vou tentar. Mas isso é muito complicado, você sabe. Tem que ter
muita prática.”

Concordo. É bom que haja muitos outros ao seu redor para lhe dar uma oportunidade de
praticar. Divirta-se com isso.

E, com isso, Salomão subiu e foi embora.

“Fácil para você dizer, Salomão”, Sara pensou. Você pode escolher com quem você
passa o tempo. Você não está preso com Lynn e Tommy. Você não tem que viver com
Jason.

Então, tão claramente como se Salomão estivesse sentado exatamente ali,


falando diretamente aos ouvidos de Sara, ela escutou: Quando sua felicidade
depende no que os outros fazem ou não fazem, você está numa armadilha,
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pois você não pode controlar o que eles pensam ou o que fazem. Você
descobrirá uma verdadeira liberação, uma felicidade além de seus sonhos
mais selvagens, quando você descobrir que seu contentamento não depende
de ninguém. Seu contentamento depende apenas daquilo para o
qual você escolhe dar sua atenção

CAPÍTULO 17

"Que dia!", Sara pensou enquanto caminhava em direção ao bosque de Salomão.

“Eu odeio a escola”, Sara deixou escapar em voz alta enquanto deslizava de volta para o
sentimento de raiva que tinha começado no mesmo momento em que ela caminhava
para o terreno da escola. Ela continuou caminhando, na maior parte das vezes olhando
para seus pés, lembrando-se dos detalhes desse dia miserável.

Ela tinha chegado ao portão da frente no mesmo momento em que o ônibus escolar
chegava, e quando o motorista do ônibus abriu as portas, um rebanho de meninos
desordeiros quase a fez cair, chocando-se com ela de todas as direções, fazendo com
que ela derrubasse os livros, derrubando todas as coisas de sua bolsa. E, pior de tudo,
seus papeis com o trabalho para o Sr.Jorgensen literalmente foram pisoteados. Sara
juntou os papeis amassados, enlameados, numa pilha e os enfiou em sua bolsa. “É isso o
que ganho por cuidar da aparencia desses papeis idiotas”, Sara resmungou, agora se
arrependendo de ter gasto tempo reescrevendo antes de arrumá-los cuidadosamente e
colocá-los em sua bolsa.

Ainda tentando arrumar as coisas juntas conforme atravessava os grandes portões da


frente, Sara não estava indo rápido o bastante para a Srta.Webster. “Ande logo, Sara, eu
não tenho o dia todo!”, a elegante, e bastante odiada, professora da terceira série
apressou Sara.

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“Desculpe-me por estar viva!”, Sara murmurou baixinho. “Que lástima!”

Sara deve ter olhado para seu relógio umas cem vezes durante o dia, contando os
minutos para se libertar daquela avalanche de maldades.

E então, finalmente, o último sino tocou e Sara estava livre.

“Eu odeio a escola. Eu realmente odeio a escola. Como algo tão terrível pode ser de
valor para alguém?”

Por força do hábito, Sara fez seu caminho até o bosque de Salomão e conforme fez a
última volta para a Trilha Thacker, Sara pensou “esse é pior estado de humor que já
tive. Particularmente desde que conheci Salomão.

''Salomão'', Sara queixou-se, “eu odeio a escola. Eu acho que ela é uma perda de
tempo”.

Salomão ficou bastante quieto.

“É como uma gaiola da qual você não pode sair, e as pessoas na gaiola são más e vivem
procurando jeitos de ferir você durante todo o dia.”

Ainda sem comentários por parte de Salomão.

“É muito ruim quando as crianças são más umas com as outras, mas os professores
também são maus, Salomão. Acho que eles também não gostam de estar lá.”

Salomão ficou lá sentado, olhando. Apenas o ocasional piscar de seus grandes olhos
amarelos deixavam Sara saber que ele não estava dormindo.

Uma lágrima deslizou pelo rosto de Sara enquanto sua frustração brotava de dentro dela.
“Salomão, eu só quero ser feliz. E eu acho que nunca serei feliz na escola”.

Bem, então, Sara, eu acho que seria melhor você sair da cidade também.

Sara olhou para cima, espantada com o comentário repentino de Salomão.

“O que você disse, Salomão? Sair da cidade também?”

Sim, Sara, se você está deixando a escola porque há algumas coisas negativas lá, então
eu acho que você deveria sair da cidade também, e sair desse estado e também sair
desse país e sair da face dessa Terra, até mesmo sair desse Universo. E, agora, Sara, eu
não sei para onde mandar você.

Sara estava confusa. Esta não parecia ser a solução encontrada pelo Salomão que ela
conhecia e amava.

“Salomão, o que você está dizendo?”

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Bem, Sara, descobri que em cada partícula do Universo há o que é desejado e a falta do
que é desejado. Em cada pessoa, em cada situação, em cada lugar, em cada momento –
estas escolhas estão sempre ali. Sempre presentes. Então você vê, Sara, se você deixar
uma situação ou uma circunstancia porque há negatividade nela, o próximo lugar para
onde você for praticamente será a mesma coisa.

“Você não está me fazendo sentir melhor, Salomão. Isso me faz sentir sem esperanças.”

Sara, seu trabalho não é buscar pelo lugar perfeito onde só existam as coisas que você
quer que existam. Seu trabalho é procurar pelas coisas que você quer em todo lugar.

“Mas, por quê? Que bem isso faz?”

Bem, por um lado, você se sentiria melhor e, por outro lado, quando você começa a
perceber mais coisas que você deseja ver, mais destas coisas começam a se tornar
parte de sua experiência. Fica mais e mais fácil, Sara.

“Mas, Salomão, alguns lugares não são bastante piores do que outros? Quero dizer, a
escola é simplesmente o pior lugar do mundo para estar.”

Bem, Sara, é mais fácil encontrar coisas positivas em alguns lugares do que outros, mas
isso pode vir a ser uma armadilha muito grande.

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''O que você quer dizer? "

Quando você vê algo de que você não gosta e você decide ir para outro lugar para ficar
longe daquele, você normalmente se leva consigo.

“Mas, Salomão, eu não levaria aqueles professores ruins ou aquelas crianças podres
comigo.

Bem, talvez não exatamente aquelas, Sara, mas você encontraria outras, muito parecidas
a elas, em todos os lugares por onde você fosse. Sara, lembre-se, “Pássaros de Mesma
Plumagem”.
Lembre-se da “Tabua Iluminada”. Quando você vê coisas que não gosta e pensa nelas e
fala sobre elas, você se torna como elas e, então, para todos os lugares aonde você vai,
elas estão ali também.

“Salomão, eu continuo me esquecendo de tudo isso”.

Bom, Sara, é natural esquecer isso porque você é como a maioria das pessoas que
aprenderam a responder às condições. Se as boas condições estão à sua volta, você
responde sentindo-se bem, mas se as condições ruins estão ao seu redor, você responde
se sentindo mal.

A maioria das pessoas pensa que deve primeiro encontrar as condições perfeitas e, uma
vez que elas tenham encontrado estas condições perfeitas, então elas podem responder
sendo felizes. Mas isso é muito frustrante para as pessoas, pois elas descobrem, bem
cedo, que não podem controlar as condições.

O que você está aprendendo, Sara, é que você não está aqui para encontrar as condições
perfeitas. Você está aqui para escolher coisas para apreciar – o que faz com que você
vibre como as condições perfeitas, assim você pode então atrair as condições perfeitas.

“Entendo”, Sara suspirou. Tudo isso parecia muito grande para entender.

Sara, realmente não é tão complicado quanto parece. Na verdade, as pessoas fazem isso
mais complicado quando tentam dar sentido a todas as condições que as cercam. Pode
ficar muito confuso se você tentar entender como cada condição é criada, ou quais
condições são as certas e quais são as erradas. Você pode ficar maluca se tentar
organizar tudo isso. Mas se você simplesmente prestar atenção à sua válvula estar aberta
ou fechada, então sua vida será muito mais simples e muito mais feliz.

“Minha válvula? O que você quer dizer?”

Sara, a todo o momento, um fluxo de pura energia positiva está fluindo para você. Você
pode dizer que é um pouco como a pressão da água em sua casa. Essa pressão da água
está sempre ali, contra sua válvula. E quando você quer água em sua água, você abre a
válvula e deixa a água fluir. Mas quando a válvula está fechada, a água não flui. É seu

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trabalho manter essa válvula aberta para o Bem-Estar. Ele está sempre ali para você,
mas você tem que permiti-lo.

“Mas, Salomão”, Sara protestou, “que bem me faz manter minha válvula aberta numa
escola onde todo mundo está com raiva e é mau?”

Primeiro, quando sua válvula está aberta, você não percebe tanta mesquinharia e um
pouco dela mudará diante de seus olhos. Há muitas pessoas que são do tipo oscilante à
beira de uma válvula aberta ou fechada, e quando elas entram em contato com você e
sua válvula está bastante aberta, elas se juntam a você facilmente num sorriso, ou num
bom intercambio. Além disso, é preciso se lembrar que uma válvula aberta não apenas
afeta o que está acontecendo agora. Afeta o amanhã e o dia seguinte. Então, quanto mais
hojes você tiver se sentindo bem, mais as condições de amanhãs e de próximos dias lhe
agradarão.

Pratique isso, Sara.

Tome uma decisão de que nenhuma condição, não importa quão ruim possa parecer a
você naquele momento, vale você fechar sua válvula. Decida que manter sua válvula
aberta é a coisa mais importante.

Eis algumas palavras a se lembrar, Sara, e para dizer, tanto quanto você puder: manterei
minha válvula aberta de qualquer forma.

“Bem, está bem, Salomão”, Sara disse humildemente, sentindo-se hesitante sobre tudo
aquilo, mas lembrando-se quantas coisas melhores, no geral, estava acontecendo desde
que ela tinha tentado algumas das outras técnicas que Salomão havia oferecido.

“Vou praticar isso. Espero que funcione”, Sara falou por cima do ombro enquanto
deixava o bosque de Salomão. Certamente seria bom ser capaz de se sentir bem
independente do que acontecesse. Isso é realmente o que eu quero.

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CAPÍTULO 18

O carro da mãe de Sara estava na garagem. Aquilo era estranho, Sara pensou. Ela não
deveria estar em casa tão cedo.

“Oi, cheguei”, Sara gritou enquanto abria a porta da frente, surpresa com esta forma
incomum de anunciar a própria chegada. Mas nenhuma resposta veio. Sara colocou seus
livros na mesa da sala de jantar e chamou novamente, andando através da cozinha para
o corredor que levava aos quartos. “Alguém em casa?”

“Estou aqui, querida”, Sara ouviu a voz tranqüila de sua mãe. As cortinas no quarto de
sua mãe estavam fechadas e a mãe estava deitada na cama com uma toalha rosa sobre os
olhos e a testa.

“O que está acontecendo, mãe?”, Sara perguntou.

“Oh, só uma dor de cabeça, querida. Minha cabeça está doendo durante todo o dia, e
finalmente decidir que não conseguiria ficar no trabalho mais um minuto e então vim
para casa.”

“Está melhor agora?”

“Fica melhor com os olhos fechados. Ficarei aqui mais um pouquinho. Mais tarde
sairei. Feche a porta para mim e quando seu irmão chegar diga a ele que logo me
levantarei. Se eu conseguir dormir um pouco talvez me sinta melhor.”

Sara saiu na ponta dos pés e fechou a porta devagarzinho. Ela parou no corredor escuro
por um pouco tentando decidir o que fazer em seguida. Ela sabia que tarefas fazer, já
que fazia estas mesmas tarefas todos os dias tanto quanto podia se lembrar, mas tudo
parecia diferente de algum modo.

Sara não conseguia se lembrar da última vez em que sua mãe tinha ficado em casa,
doente, e havia algo muito perturbador nisso tudo. Sara tinha um nó em seu estomago e
se sentia desorientada. Ela não tinha percebido como a estabilidade habitual e o bom
humor de sua mãe tinha uma influencia estabilizadora em seu próprio dia.

“Não gosto disso”, Sara disse em voz alta. “Espero que mamãe se sinta melhor, rápido.”

Sara. Sara escutou a voz de Salomão. Sua felicidade depende das condições ao seu
redor? Esta pode ser uma boa oportunidade para praticar.

“Está bem, Salomão. Mas como pratico? O que devo fazer?”

Apenas abra sua válvula, Sara. Quando você se sente mal, sua válvula está fechada.
Então tente ter pensamentos que a façam se sentir melhor até que você sinta sua válvula
aberta novamente.

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Sara foi para a cozinha, mas seus pensamentos, em sua maioria, estavam ainda em sua
mãe deitada na cama no quarto ao lado. A bolsa de sua mãe estava na mesa da cozinha,
então Sara não conseguia parar de pensar nela.

Tome uma decisão de fazer algo, Sara. Pense sobre suas tarefas, e decida fazê-las em
tempo recorde essa noite. Pense sobre fazer algo extra, algo além de suas tarefas
normais.

E com essa idéia, Sara foi inspira à ação imediata. Ela se moveu certeira e rapidamente,
pegando as coisas pela casa, que tinham sido tiradas do lugar aos poucos por vários
membros da família durante muitas horas na noite anterior antes de irem dormir. Ela
juntou e empilhou os jornais que pareciam cobrir a maior parte do chão da sala e depois
limpou o tampo da mesa da sala de estar. Ela limou a pia e a banheira no único banheiro
da família. Esvaziou os cestos de lixo da cozinha e do banheiro. Arrumou os papeis
espalhados na mesa de carvalho do pai, que estranhamente estavam amontoados no
canto da sala de visitas, tomando cuidado para não mudar muito nada do lugar onde seu
pai tinha colocado.

Ela nunca tinha certeza se havia uma ordem para a desordem dele, mas ela não queria
causar nenhum problema. Seu pai realmente gastava pouco tempo naquela mesa e
muitas vezes Saara ficava pensando o motivo pelo qual um grande pedaço da sala tinha
que ser dedicada a isso. Mas isso parecia dar a seu pai um lugar para pensar e, mais
importante, um lugar para guardar as coisas nas quais ele não queria pensar naquele
momento.

Ela estava se movimentando rapidamente, com forte determinação e propósito, e, até


que tomasse a decisão de não usar o aspirador de pó no carpete da sala, pois não queria
incomodar sua mãe, percebeu quão bem estava se sentindo num curto espaço de tempo.
Mas, ao decidir não usar o aspirador de pó e talvez perturbar sua mãe, sua atenção foi
puxada para a condição negativa; e aquele sentimento desagradável, triste, voltou para
seu estomago.

Uau!, Sara considerou. Isso é surpreendente. Eu posso realmente ver que o modo como
me sinto tem a ver apenas com aquilo par ao qual estou dando minha atenção. As
condições não mudaram, mas minha atenção sim!

Sara se sentiu jubilosa. Ela percebeu algo muito importante. Ela tinha descoberto que
seu contentamento realmente não dependia de alguém ou de alguma coisa.

Então Sara ouvir a porta do quarto de sua mãe se abrir e sua mãe apareceu vindo do
corredor para a cozinha. “Oh, Sara, tudo parece ótimo!”, sua mãe exclamou, obviamente
se sentindo muito melhor.

“Sua dor de cabeça foi embora, mãe?”, Sara perguntou ternamente.

“Estou muito melhor agora, Sara. Consegui descansar um pouco porque sabia que você
estava aqui cuidando das coisas. Obrigada, querida.”

Sara se sentiu maravilhosa. Ela sabia que não tinha realmente feito muito mais do que
fazia todo dia após a escola. Sua mãe não estava apreciando Sara por sua ação. Sua mãe

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estava sensibilizada por Sara estar com a válvula aberta. Eu posso fazer isso, Sara
concluiu. Eu posso manter minha válvula aberta não importando as condições.

Sara se lembrou da afirmação de Salomão: Manterei minha válvula aberta de qualquer


maneira!

CAPÍTULO 19

"Muito bom, Sara – uma nota A".

Sara leu as palavras no topo de seu trabalho de ontem, recém devolvido a ela pelo
Sr.Jorgensen.

Sara tentou reprimir um sorriso de orelha a orelha enquanto lia as palavras escritas em
brilhantes letras vermelhas. O Sr. Jorgensen olhou para Sara quando deu à menina o
papel com a frente voltada para ela, e quando os olhos de Sara se encontraram com os
ele, ele deu uma piscadinha para ela.

Sara sentiu seu coração saltar. Ela se sentia muito orgulhosa de si mesma. Este era um
sentimento novo para Sara e um sentimento, ela percebeu, do qual ela gostava muito.

Sara mal conseguia esperar para ir ao bosque para falar com Salomão.

“Salomão, o que aconteceu com o Sr.Jorgensen?”, ela perguntou. “Ele parece um


homem diferente.”

Ele é o mesmo homem, Sara; você é que está percebendo as coisas de modo diferente.

“Não acho que eu esteja percebendo as coisas de modo diferente; acho que ele está
fazendo coisas diferentes.”

Como o que, Sara?

“Bom, como sorrir mais do que costumava fazer. E às vezes ele assovia antes de o sino
tocar. Ele nunca fez isso. Ele até piscou pra mim! E ele tem contado melhores estórias

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em sala de aula, fazendo a classe rir mais. Salomão, ele simplesmente parece bastante
mais feliz do que costumava ser.”

Bem, Sara. Parece que seu professor pode amar se juntar à sua cadeia-de-
contentamento.

Sara estava atordoada. Salomão estava realmente tentando dar crédito à Sara pela
mudança de comportamento do Sr. Jorgensen?

“Salomão, você está dizendo que eu fiz o Sr.Jorgensen mais feliz?”

Bem, não é apenas você, Sara, pois o Sr.Jorgensen realmente quer ser feliz. Mas você o
ajudou a se lembrar que ele quer ser feliz. E, para começar, você o ajudou a se lembrar
do motivo pelo qual ele decidiu se tornar um professor.

“Mas, Salomão, eu não falei com o Sr.Jorgensen de nada disso. Como eu posso tê-lo
ajudado a se lembrar disso?”

Você fez tudo isso, Sara, com sua apreciação ao Sr.Jorgensen. Você vê, toda vez que
você mantém alguém, ou algo, como seu objeto de atenção, e ao mesmo tempo você
sente este maravilhoso sentimento de apreciação – você soma ao estado deles de Bem-
Estar. Você os lava com sua apreciação.

“Como borrifá-los com a mangueira do jardim?”, Sara riu, satisfeita com sua própria
analogia tola.

Sim, Sara, é bem similar a isso. Mas antes de você realmente poder borrifá-los, você
tem que colocar sua mangueira na torneira e virá-la. E é isso o que a apreciação faz.
Sempre que você estiver sentindo apreciação ou amor, sempre que você estiver vendo
algo positivo sobre alguém ou algo, você está se ligando à torneira.

“Quem coloca a apreciação na torneira, Salomão? De onde ela vem?”

Ela sempre está ali, mocinha. Ela simplesmente está ali, naturalmente.

“Bem, então porque não há mais pessoas borrifando por aí?”

Bom, porque a maioria das pessoas se desconecta da torneira, Sara. Não


intencionalmente, mas elas simplesmente não entendem como permanecer conectadas.

“Está bem, então, Salomão, você está dizendo que eu posso me ligar à torneira a
qualquer hora que eu quiser e que eu posso borrifar por aí, em qualquer lugar, a
qualquer hora, em qualquer coisa que eu quiser?”

Certo, Sara. E sempre que você borrifar sua mangueira de apreciação, você começará a
perceber mudanças muito óbvias.

“Uau!”, Sara sussurrou, mentalmente tentando dimensionar a magnitude do que ela


tinha acabado de aprender. “Salomão, isso é como mágica!”

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Inicialmente parece mágica, Sara, mas com o tempo começa a parecer muito natural.
Sentir-se bem – e então começar a ser um catalisador para ajudar os outros a se sentir
bem – é a coisa mais natural que você aprenderá a fazer!

Sara pegou sua bolsa de livros e sua jaqueta, se aprontando para se despedir de Salomão
naquele dia.

Lembre-se apenas, Sara, seu trabalho é se manter grudada à torneira.

Sara parou e se voltou para Salomão, percebendo repentinamente que aquilo poderia
não ser tão fácil ou tão mágico quanto Salomão fez parecer no começo.

“Há um truque para isso, Salomão, para estar grudada na torneira?”

Pode precisar de um pouco de prática no início. Você ficará melhor e melhor nisso.
Pelos próximos dias, simplesmente pense sobre algo e então preste atenção a como você
se sente. Você perceberá, Sara, que quando você está apreciando, ou desfrutando, ou
aplaudindo, ou vendo aspectos positivos, você se sentirá maravilhosa, e isso significa
que você está grudada na torneira. Mas quando você estiver culpando, ou criticando, ou
buscando defeitos, você não se sentirá bem. E isso significa que você não está grudada
na torneira, ao menos enquanto estiver se sentindo mal. Divirta-se com isso, Sara.

E com estas últimas palavras, Salomão se foi.

Sara se sentiu tão entusiasmada conforme voltava para casa naquele dia. Ela já tinha
gostado do jogo de apreciação de Salomão, mas a idéia de apreciar com a intenção de se
manter ligada a essa maravilhosa torneira a deixou mais entusiasmada ainda. De algum
modo isso deu a Sara mais uma razão para apreciar.

Sara virou a esquina para o último trecho de sua caminhada para casa e viu a
idosa tia Zoie andando bem devagar. Durante todo o inverso Sara não a havia
visto e estava surpresa por vê-la fora. A tia Zoie não viu Sara, então Sara não

62
pode chamá-la, não querendo assustá-la e também não querendo se
envolver na longa conversa que provavelmente se seguiria. A tia Zoie falava
muito devagar e durante os anos Sara havia aprendido evitar a frustração de
vê-la procurando palavras para expressar pensamentos. Era como se a mente
dela trabalhasse tão mais rápido que sua boca que ela misturava tudo o que
estava dentro do pensamento.
Quando Sara tentava ajudá-la com uma palavra aqui e outra ali, isso apenas irritava a tia
Zoie. Então Sara havia decidido que evitá-la era a melhor solução – embora aquilo
nunca a fizesse se sentir bem também. Sara se sentia triste quando olhava essa pobre
idosa mancando subindo as escadas. Ela estava segurando o corrimão com toda a força,
dando um passo por vez, muito devagar, um conjunto de quatro ou cinco degraus em
frente à varanda.

Espero que eu não fique assim quando estiver velha, Sara pensou. E então Sara se
lembrou de sua última conversa com Salomão. As torneiras! Vou borrifá-la com a
torneira! Primeiro eu me grudo à torneira e então eu espirro na tia Zoie. Mas o
sentimento não estava ali. Está bem, tentarei novamente. Contudo, nenhum sentimento
de estar grudada. Sara sentiu uma frustração instantânea. “Mas, Salomão”, ela implorou,
“isso é realmente importante. A tia Zoie precisa ser borrifada”. Nenhuma resposta de
Salomão. “Salomão, aonde você está?” Sara gritou alto, sem nem mesmo perceber que a
tia Zoie agora tinha percebido-a e estava parada no pé da escada olhando para ela.

“Com quem você está falando?”, a tia Zoie gritou.

Sara ficou assustada e constrangida. “Ah, com ninguém”, ela respondeu. E saiu
correndo rapidamente pelo caminho, passando pelo jardim da tia Zoie, agora apenas um
campo enlameado esperando pelo novo plantio da primavera. Com os rosto vermelho e
irritada Sara foi para casa.

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CAPÍTULO 20
"Salomão, onde você estava ontem?", Sara lamentou quando o encontrou em seu poste.
“Eu precisava que você me ajudasse a me grudar na torneira para eu poder ajudar a tia
Zoie a se sentir melhor.”

Você entende porque estava tendo problemas para se grudar, Sara?

“Não, Salomão. Por que eu não pude me grudar? Eu realmente queria.”

Por quê?

“Eu realmente queria ajudar a tia Zoie. Ela é tão idosa e tão confusa. A vida dela não
pode ser divertida.”

E então você queria se ligar ao fluxo, para banhar a tia Zoie, para consertar o que está
errado com ela, para que ela possa ser feliz?

“Sim, Salomão. Você me ajudá?”

Bem, Sara, eu gostaria de lhe ajudar, mas temo que isso seja impossível.

“Por que não, Salomão? O que você quer dizer? Ela realmente é uma senhora boa. Você
gostaria dela, eu acho. Estou certa de que ela nunca fez nada de errado...”

Sara, estou certo de que você está correta. A tia Zoie é uma mulher maravilhosa. A
razão pela qual nós não podemos ajudá-la, sob estas condições, não tem nada a ver com
ela; é com você, Sara.

“Comigo?! O que eu fiz, Salomão? Eu só estou tentando ajudá-la!”

Sim, com certeza, Sara. É o que você está querendo. É só que você está querendo fazer
algo de um modo que não funciona. Lembre-se, Sara, seu trabalho é se conectar à
torneira.

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“Eu sei disso, Salomão. É por isso que eu precisava de você. Para me ajudar a me
conectar.”

Mas, veja, Sara, eu não poderia lhe ajudar também. Você tem que encontrar aquele
estado de sentimento.

“Salomão, eu não entendo.”

Lembre-se, Sara, você não pode ser parte da cadeira de dor e se ligar à torneira do Bem-
Estar ao mesmo tempo. Ou é um ou é outro. Quando você está observando uma
condição indesejada que faz com que você não se sinta bem, esse sentimento ruim é
como você sabe que está desconectada. E quando você não está conectada ao fluxo
natural de Bem-Estar, você não tem nada para dar ao outro.

“Que lástima, Salomão, isso parece impossível. Se eu vejo alguém que precisa de ajuda,
basta vê-los precisando de ajuda para me fazer vibrar de um jeito que eu não possa
ajudá-los. Isso é simplesmente horrível. Como eu poderei ajudar alguém?”

Você tem que se lembrar que a coisa mais importante é se manter conectada à torneira
do Bem-Estar, então você tem que manter seus pensamentos numa posição que lhe
mantenha se sentindo bem. Em outras palavras, Sara, você tem que estar mais ciente de
sua conexão à torneira do Bem-Estar do que ciente das condições temporais. Essa é a
chave.

Sara, pense sobre o que aconteceu ontem. Diga-me o que aconteceu com a tia Zoie.

“Está bem. Eu estava andando da escola para casa e eu vi a tia Zoie mancando em sua
calçada da frente de casa. Ela é toda aleijada, Salomão. Ela mal pode andar. Ela tem
aquela velha bengala feita de madeira de verdade que ela usa para se apoiar.”

E então o que aconteceu?

“Bom, nada aconteceu realmente. Eu apenas fiquei pensando como é triste ela ser tão
aleijada...”

E entao o que aconteceu?

“Bem, não aconteceu nada, Salomão...”

Como você estava se sentindo entao, Sara?

“Bom, Salomão, eu me senti realmente mal. Eu senti muita pena da tia Zoie. Ela mal
conseguia se puxar para cima dos degraus. E então eu me senti amedrontada por ficar
como ela quando eu ficar velha também.”

Agora, eis o ponto mais importante de toda essa coisa, Sara. Quando você percebe que
está se sentindo mal é assim que você sabe que você está olhando para uma condição
que lhe desconecta da torneira. Você vê, Sara, na verdade, você está naturalmente ligada
à torneira. Você não tem que trabalhar para ficar ligada à ela. Mas é importante prestar

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atenção a como você está se sentindo para saber quando está desconectada. É isso o que
a emoção negativa é.

“Mas, o que eu deveria ter feito para continuar ligada, Salomão?”

Eu percebo, Sara, que quando é prioridade de vocês permanecerem conectados, vocês


encontram mais e mais pensamentos para se manterem conectados. Mas até que
verdadeiramente vocês entendam que isso é o que é mais importante, a maioria de vocês
se desconectará diante de todos os tipos de questões infrutíferas.

Vou lhe oferecer uma série de pensamentos, ou declarações, e quando você os escutar,
preste atenção ao modo como se sente. Diga se as declarações lhe conectam ou lhe
desconectam da torneira.

“Certo”.

Olhe aquela pobre velha mulher. Ela mal pode andar.

“Bom, isso me faz sentir mal, Salomão.

Eu não sei o que vai acontecer com a tia Zoie. Ela mal pode subir as escadas agora. O
que ela fará quando ficar pior?

“Isso me desconecta, Salomão. Essa é fácil.”

Fico pensando onde seus filhos podres estão. Por que eles não vêm aqui e cuidam dela?

“Eu pensei isso, Salomão. E você está certo. Isso me desconecta também.”

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A tia Zoie é uma senhora forte. Acho que ela gosta de sua independência.

“Hummm...Esse pensamento me faz sentir melhor.”

Mesmo que alguém tentasse cuidar dela, ela provavelmente não gostaria disso.

“Sim. Esse pensamento me faz sentir melhor também. E isso provavelmente é verdade,
Salomão. Ela fica maluca comigo quando eu tento fazer as coisas por ela”. Sara se
lembrou de quão chateada a tia Zoie ficou quando Sara tentava impacientemente
terminar as sentenças por ela.

Essa maravilhosa senhora tem vivido uma vida longa, completa. Eu não tenho como
saber se ela é infeliz.

“Isso me faz sentir bem.”

Ela pode muito bem estar vivendo exatamente como quer viver.

“Isso me faz sentir bem também.”

Aposto que ela tem um monte de boas historias para contar sobre as coisas que ela tem
visto. Vou parar e visitá-la de vez em quando e descobrir isso.

“Isso me faz sentir bem, Salomão. Eu acho que a tia Zoie gostaria disso.”

Você vê, Sara, você pode olhar para o mesmo tema, nesse caso o tema da tia Zoie, e
encontrar muitas condições diferentes nas quais se focar. E você pode dizer pelo modo
como você se sente se você está escolhendo uma condição que é de ajuda ou uma que
não é.

Sara se sentia muito melhor. “Acho que estou começando a entender isso, Salomão.”

Sim, Sara, acredito que você está. Agora você está querendo conscientemente entender
isso, é minha expectativa que você terá muitas oportunidades para entender isso.
Divirta-se com isso, Sara.

CAPÍTULO 21

As coisas simplesmente pareciam estar ficando melhores e melhores. Cada dia parecia
ter mais coisas boas em si do que coisas ruins.

Estou tão contente por ter encontrado Salomão. Ou por Salomão ter me encontrado,
Sara considerou, conforme caminhava para casa vinda de um dia de escola que não
tinha incluído nenhum incidente negativo. A vida realmente está ficando melhor para
mim.

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Sara parou em sua cerca inclinada sobre a ponte da Rua Principal e, pendurando-se
sobre o rio em rápido movimento, sorriu largamente. Seu coração estava realmente
cantando, e tudo estava vem no mundo de Sara nesse dia.

Ouvindo os altos gritos dos meninos, Sara olhou e viu Jason e Billy correndo tão rápido
quanto ela nunca vira antes. Eles estavam se movendo muito rápido, quando passaram
por ela, que ela concluiu que eles não perceberam que ela estava ali. E ela os viu
segurando seus chapéus, rodando em alta velocidade, passando pela loja do Hoyt. Algo
no jeito que eles estavam correndo fez Sara rir um pouco. Eles realmente pareciam
tolos, correndo tão rápido que tinham que segurar os próprios chapéus. Aqueles dois
sempre estavam tentando quebrar a barreira do som, Sara sorriu, mas ela percebeu que
eles não a estavam chateando mais como costumavam fazer. Eles não tinham mudado
muito, ou na verdade não tinham mudado nada, mas não a enervavam mais. Não como
antes.

Sara acenou para o Sr.Matson, que, como sempre, tinha sua cabeça sob o capô do carro
de alguém, e então retomou seu ritmo em direção ao bosque de Salomão. “Que dia
lindo!”, Sara falou em alto som, olhando para cima, para um belo céu azul vespertino e
respirando o fresco ar da primavera. Ela normalmente ficava com o espírito elevado
assim que a última neve se derretia e a grama da primavera e as flores começavam a
crescer. O inverno ficou bastante tempo aqui, mas não era a passagem do inverno que
alegrava Sara assim, mas a passagem da escola. Três meses de liberdade, se revelando
no futuro imediato, sempre era uma razão para Sara ficar contente. Mas de algum modo
Sara sabia que esse coração feliz não tinha a ver com a escola trazer outro final de ano.
Tinha a ver com a descoberta dela sobre sua válvula. Ela tinha aprendido a mantê-la
aberta a qualquer maneira.

Era tão bom ser livre, Sara pensou. É tão bom se sentir bem. É tão bom não ter medo de
nada.

“Êêêêêêêê”, Sara gritou


quando se viu saltando alto no ar para evitar pisar direto na maior cobra que ela já tinha
visto, estendida em sua extensão completa, que parecia interminável, ao longo da
estrada.

Descendo bem do outro lado da cobra, Sara se viu correndo numa corrida cega, a uma
quadra completa, sem parar, ao menos até que estivesse certa que tinha deixado aquela
cobra bem longe atrás de si.

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“Bom, talvez eu não seja tão corajosa como pensei que fosse”, Sara riu para si mesma.
E então ela começou a rir ainda mais alto quando percebeu o que fez Jason e Billy
explodir em velocidade sem parar para importuná-la. Sara ainda estava rindo e ofegando
quando caminhou para o bosque de Salomão.

Salomão estava esperando, com expectativa e paciência, por Sara.

Bem, Sara, você está plena de um entusiasmo recém-descoberto hoje?

“Salomão, coisas estranhas estão me acontecendo esses dias. Acho que eu realmente
entendo que algumas coisas acontecem para me fazer perceber que eu não entendo tudo
afinal. Assim que eu decido que sou verdadeiramente corajosa e sem medo de nada,
algo aparece e me amedronta até a morte. As coisas são muito estranhas, Salomão.”

Você não precisa ficar amedrontada até a morte, Sara.

“Bom, eu exagerei um pouco, Salomão, pois, como você pode ver, não estou morta....”

O que eu quero dizer é que você não parece estar amedrontada. Você parece estar indo
mais do que tudo.

“Bem, eu estava rindo agora, Salomão, mas eu não estava quando uma grande cobra
estava deitada no meu caminho, só esperando para me morder. Eu tinha acabado de me
sinalizar quão corajosa e sem medo eu era agora e então, no próximo momento, eu
comecei a correr pela minha vida.”

Oh, eu vejo, Salomão respondeu. Sara, não seja tão dura consigo. É perfeitamente
normal ter como resposta um forte sentimento quando você se vê em uma condição que
não lhe agrada de alguma forma. Não é sua resposta inicial a algo que estabelece o
tom de sua vibração – ou de seu ponto de atração – é o que você faz com isso depois
que tem um efeito duradouro.

“O que você quer dizer?”

Por que você acha que a cobra amedrontou tanto você, Sara?

“Porque é uma cobra, Salomão. Cobras são amedrontadoras. Cobras lhe mordem e lhe
deixam doente. Elas até podem matar você. Algumas delas lhe envolvem e quebram
suas costelas, e sufocam tanto você que você não consegue respirar”, Sara relatou
orgulhosamente, lembrando os detalhes do filme sobre a natureza amedrontadora, que
ela tinha visto na escola.

Sara parou para tomar fôlego e tentou se acalmar um pouco. Seus olhos estavam
brilhando e seu coração estava batendo.

Sara, você acha que estas palavras que você está dizendo aqui estão fazendo você se
sentir melhor ou pior?

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Sara teve que parar e pensar por um momento, pois ela não estava nem pensando sobre
como suas palavras a estavam afetando. Ela só estava animada para explicar como ela
se sentia sobre as cobras.

Você vê, Sara, é isso o que eu quis dizer quando disse que é o que você faz em seguida
que é mais importante. Quando você está falando e falando sobre essa cobra e outras
cobras e todas as coisas ruins que as cobras podem fazer, você está se mantendo naquela
vibração – e é cada vez mais provável que você atraia outras experiências
desconfortáveis com cobras.

“Mas, Salomão, o que eu deveria fazer? Quero dizer, aquela grande cobra velha estava
exatamente deitada ali. E então eu a vi. Eu quase pisei nela. E então não tem nem como
dizer o que ela faria comigo...”

Lá vem você de novo, Sara, você ainda está imaginando – e mantendo como sua
imagem de pensamento – algo que você não quer.

Sara se aquietou. Ela sabia o que Salomão queria dizer, mas ela não sabia o que fazer
sobre aquilo. O fato de a cobra ser tãooooo grande e estar tãooooo perto e ser tãooooo
amedrontadora fazia com que ela não encontrasse outro modo de abordar o tema. “Está
bem, Salomão, me diga o que você faria se fosse uma garotinha que quase pisou numa
grande cobra.”

Bem, antes de tudo, Sara, você tem que se lembrar que seu objetivo é, primeiro e antes
de tudo, encontrar um estado de melhor sentimento. Se você tiver outros objetivos você
sairá da trilha. Se você tentar descobrir onde todas as cobras estão, você se sentirá pior.
Se você decidir ficar tão alerta a ponto de nunca mais ver outra cobra tão perto, você se
sentirá sobrecarregada. Se você tentar aprender a identificar todas as cobrar de maneira
a rotulá-las como boas ou más, você sentirá como é impossível a tarefa de classificar
todas elas. Selecionar através das condições apenas fará as coisas piores. Seu único
objetivo é tentar abordar esse tema de um modo que lhe faça se sentir melhor do que se
sentia quando estava pulando e fugindo da cobrar.

“Como eu faria isso, Salomão?”

Você poderia dizer algo a si mesma, como “Essa grande cobra velha está lá deitada se
divertindo. Ela está feliz pelo inverno ter acabado e está se sentindo bem por causa do
sol nela, assim como comigo”.

“Eu ainda não me sinto melhor, no entanto.”

Você poderia dizer algo como: “Essa grande cobra velha não está nem um pouco
interessada em mim. Ela nem me olhou quando eu corri. Ela tem muitas outras coisas
para fazer do que ficar mordendo garotinhas.”

“Bom, isso me faz sentir um pouquinho melhor. O que mais?”

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“Com certeza estou alerta”, Salomão continuou, “é bom que eu tenha visto a cobra, ou
percebido-a, e tenha pulado sobre ela, assim eu não a chateio. A cobra faria a mesma
coisa por mim”.

“Mas ela faria mesmo, Salomão? Como você sabe disso?”

As cobras vivem ao ar livre, por perto, Sara. Elas estão no rio. Elas estão na grama por
onde você anda. Quando você passa por elas, elas saem de seu caminho. Elas entendem
que há espaço o suficiente para todo mundo. Elas entendem o perfeito equilíbrio de seu
planeta físico. Elas amam as próprias válvulas abertas, Sara.

“As cobras têm válvulas?!”

Com certeza elas têm. Todos os animais de seu planeta têm suas válvulas. E as válvulas
deles estão amplamente abertas na maior parte do tempo.

“Hummm”, Sara considerou. Ela estava se sentindo muito melhor agora.

Você vê, Sara, quão melhor você sente? Nada mudou. A cobrar ainda está deitada onde
você a viu. A condição não mudou. Mas o modo como você se sente certamente mudou.

Sara sabia que Salomão estava certo.

Sara, de agora em diante, quando você pensar em cobrar, você sentirá emoção positiva.
Sua válvula estará aberta, a válvula das cobras estarão abertas. E você continuará a viver
em harmonia.

Os olhos de Sara brilhavam iluminadamente com sua nova compreensão. “Está bem,
Salomão. É melhor eu ir. Vejo você amanhã.”

Salomão sorriu enquanto Sara saltava para seu caminho. Então Sara parou e gritou por
cima do ombro: “Salomão, você acha que eu ficarei com medo de cobras novamente?”

Bom, talvez, Sara. Mas se você ficar com medo, você sabe o que fazer a respeito disso.

“Sim”, Sara riu, “eu sei”.

E, finalmente, Salomão acrescentou: seu medo desaparecerá completamente. Não


apenas de cobras, mas de todo o resto.

71
Conforme Sara voltava para casa, saindo do
bosque, ela olhava para a nova grama de primavera ao longo da estrada, e ela ficou
imaginando quantas cobras estavam escondidas por ali.

No começo ela tremeu um pouco com o pensamento amedrontador de que cobras


estavam escondidas nos arbustos ao longo de todas as trilhas privadas de Sara, mas
então ela pensou sobre quão bom era elas todas estarem escondidas e fora do caminho
de Sara. quão bom era que elas todas não pulassem de uma vez e amedrontassem Sara
como Jason e Billy tão constantemente faziam.

Sara sorria enquanto caminhava até sua garagem e seu jardim. Ela se sentia triunfante e
forte. Era bom deixar os medos para trás. Ela se sentia muito, muito bem.

CAPÍTULO 22
"Sara! Sara! Uau, Sara! Adivinha! Encontramos Salomão!''

“Oh, não, não pode ser!”, Sara pensou, ficando gelada, parada na rua aonde Jason e
Billy vinham correndo em suas bicicletas em direção a ela.

“O que vocês querem dizer, vocês encontraram Salomão? Encontraram-no onde?”

“Nós o encontramos na Trilha Thacker, Sara. E adivinha o que mais?”, Jason anunciou
orgulhosamente. “Nós atiramos nele”.

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Sara se sentiu tão fraca que pensou que cairia. Seus joelhos quase se dobraram sob ela.

“Ele estava sentando ali, naquele poste, Sara. Então nós o espantamos para o céu e então
Billy atirou nele com sua arma de chumbinho. Foi lindo, Sara! Mas ele não é tão grande
quanto a gente pensou que era. Ele é praticamente penas.”

Sara não podia acreditar em seus ouvidos. O impacto do que estava escutando era tão
intenso, tão importante, e Jason estava tagarelando sobre Salomão não ser tão grande
quanto ele achava que era? Sara sentiu que sua cabeça ia explodir. Sua bolsa de livros
caiu no chão e ela começou a correr tão rápido quanto já tinha corrido em sua vida, para
o bosque de Salomão.

“Salomão! Salomão! Onde você está, Salomão?!”, Sara gritava freneticamente.

Aqui, Sara, estou aqui. Não se assuste.

E ali, deitado numa moita retorcida, estava Salomão.

“Oh, Salomão!”, Sara chorava, caindo com os joelhos na neve. “Olhe para você! O que
eles fizeram com você!”
Salomão estava realmente maltratado. Suas penas sempre bem ordenadas estavam
amassadas e parecia que iam correr para todas as direções, e a neve puramente branca
ao redor de Salomão estava vermelha de sangue.

“Salomão, Salomão, o que eu devo fazer?”

Sara, isso não é grande coisa, sério.

“Mas, Salomão, você está sangrando. Olhe para todo esse sangue. Você vai ficar bem?”

Claro, Sara. tudo está sempre bem.

“Oh, Salomão, por favor, não me dê mais desse lixo de “tudo-está-bem”. Posso ver,
muito bem, com meus próprios olhos, que tudo não está bem!”

Sara, venha aqui comigo - Salomão disse.


Sara se arrastou para bem perto de Salomão e colocou a própria mão nas costas dele,
acariciando as penas sob o queixo dele.
Na verdade aquela era a primeira vez que Sara tocava Salomão, e ele parecia tão macio e
vulnerável. Lágrimas rolavam pelo rosto de Sara.

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Sara, não confunda essa pilha de
ossos e penas bagunçadas com quem Salomão realmente é. Esse corpo é apenas um
ponto focal – ou uma pintura da perspectiva – para que algo muito maior veja através
dele.

Seu corpo é a mesma coisa, Sara. ele não é realmente quem você é. É apenas a
perspectiva que você usa, por agora, para permitir a quem você realmente é brincar e
crescer e se alegrar.

“Mas, Salomão, eu amo você. O que eu vou fazer sem você?”

Sara, de onde você tira essas coisas? Salomão não vai a lugar nenhum. Salomão é
eterno!

“Mas, Salomão, você está morrendo!”, Sara deixou escapar, provocando mais dor do
que podia se lembrar de ter provocado.
Sara, me escute. Não estou morrendo porque não há tal coisa como a morte. É verdade,
eu não usarei esse corpo, por agora, mas ele estava ficando velho e um pouco duro de
qualquer maneira. Eu tenho tido um torcicolo de verdade em meu pescoço desde o dia
em que tentei virar toda minha cabeça para agradar os netos dos Thackers.

Sara riu por entre lágrimas. Salomão sempre conseguia fazê-la rir, mesmo na pior das
situações.

Sara, nosso amizade é eterna. E isso significa que a qualquer hora que você quiser
conversar com Salomão, tudo o que você tem que fazer é identificar o que você quer
falar, se focar nisso, trazer-se para um estado de muito bom sentimento – e eu estarei
aqui com você.

“Mas eu verei você, Salomão? Eu serei capaz de ver você e de tocar você?”

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Bom, provavelmente não, Sara. Não por um momento, de qualquer forma, mas, Sara,
nossa relação não tem a ver com isso de qualquer modo.
Somos amigos mentais, eu e você.

E com estas últimas palavras, o corpo amassado de Salomão relaxou na neve e seus
grandes olhos se agitaram, fechando-se.

“Não!!!!!”, a voz de Sara ecoou pelo pasto.

“Salomão, não me deixe!”

Mas Salomão estava tranquilo.

Sara se levantou, olhando para o corpo de Salomão. Ele parecia tão pequenino, deitado
ali na neve, suas penas se movendo suavemente ao vento.
Sara tirou seu casado e o colocou na neve, perto de Salomão. Ela o levantou e o colocou
gentilmente sobre o casaco, enrolando o casado em volta de Salomão. E então, sem
perceber que estava realmente muito frio, Sara carregou Salomão para baixo da trilha
Thacker.

Sara, nossa amizade é eterna. E isso significa que a qualquer hora que você quiser
conversar com Salomão, tudo o que você tem que fazer é identificar o que você quer
falar, se focar nisso, trazer-se para um estado de muito bom sentimento – e eu estarei
aqui com você; Salomão disse novamente.
Mas Sara não conseguia ouvir.

CAPÍTULO 23
Sara não sabia o que fazer ou por onde começar para explicar a seus pais quem era
Salomão, ou quão importante amigo ele tinha vindo a se tornar para ela. Sua mente
estava girando, e ela estava cheia de pesar por não ter dito à sua família mais sobre sua
amiga coruja, pois agora ela não tinha como explicar a tragédia que tinha se abatido
sobre ela. Ela tinha se virado inteiramente para Salomão por orientação e conforto e
tinha cortado todos os tipos de laços com sua própria família, e agora ela se encontrava
diante da perda de Salomão. Ela realmente se sentia sozinha, sem ter para onde se
voltar.

Ela não sabia o que fazer com Salomão. O chão estava tão Geraldo e duro que ela não
sabia como cavar uma sepultura para ele. O pensamento de jogá-lo numa fornalha fria,
na sala da fornalha, como ela havia visto seu pai fazer com pássaros mortos ou com os
ratos, era simplesmente horrível demais para sequer pensar.

Sara ainda estava sentada nos degraus da frente de casa, segurando Salomão em seus
braços, com as lágrimas inundando sua face, quando o carro de seu pai derrapou numa
rápida parada na entrada de cascalhos. Ele saiu correndo do carro carregando a bolsa de
livros molhada de Sara com a pilha amassada de livros.

Sara tinha esquecido tudo de suas coisas, tinha deixado tudo ao lado da estrada.

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“Sara, a Sr.Matson me telefonou no trabalho.
Ela encontrou sua bolsa e seus livros ao lado da estrada. Pensamos que tinha acontecido
algo com você! Você está bem?”

Sara limpou o rosto molhado, envergonhada por seu pai vê-la daquele jeito. Ela queria
de alguma forma esconder Salomão, continuar mantendo-o em segredo, e ao mesmo
tempo ela queria muito, de algum modo, encontrar algum conforto ao contar tudo a seu
pai.

“Sara, o que aconteceu? O que há de errado, querida?”

“Oh, papai!”, Sara desabafou. “Jason e Billy mataram Salomão.”

“Salomão?”, seu pai questionou, enquanto Sara abria seu caso para deixá-lo ver o amigo
morto.

“Oh, Sara, sinto muito.” Ele não tinha idéia do porque essa coruja morta era tão
importante para ela, mas estava claro que Sara estava vivenciando um trauma real. Ele
nunca tinha visto sua filha assim antes. Ele queria carregá-la em seus braços, e beijá-la,
levando a dor para longe, mas ele sabia que o que quer que tivesse acontecido era muito
grande para isso. “Sara, dê Salomão pra mim. Eu cavarei uma sepultura para ele atrás do
galinheiro. Entre em casa e se aqueça.

Só então Sara percebeu quão gelada ela estava. Relutantemente ela liberou seu precioso
pacote e colocou Salomão nos braços do pai. Sara sentia-se fraca, tão triste e tão
cansada. Ela ficou sentada na escada enquanto observava seu pai pegar cuidadosamente
seu lindo Salomão para levá-lo dali. Ela sorriu frouxamente meio às lágrimas quando
percebeu quão séria e delicadamente seu pai carregava esse pacote de pensa, de alguma
forma parecendo compreender quão valioso ele era.

Sara se afundou em sua cama, ainda vestida. Chutou seus sapatos para o chão e chorou
em seu travesseiro, e então adormeceu.

76
CAPÍTULO 24
Sara viu-se parada em um estranho bosque, cercada por lindas flores de primavera, com
pássaros coloridos e borboletas voando ao seu redor.

Bom, Sara, parece que você tem bastante coisa a falar hoje, Salomão brincou.

“Salomão!”, Sara gritou com alegria. “Salomão, você não está morto, você não está
morto! Oh, Salomão, estou tão contente por você ver!”

Sara, por que você está tão surpresa? Eu lhe disse que não existe morte.

Agora, Sara, sobre o que você quer falar? Salomão falou calmamente, como se nada de
extraordinário houvesse acontecido.

“Salomão, eu sei que você disse que não há tal coisa como a morte, mas você parecia
morto. Você estava sem energia e pesado, seus olhos estavam fechados e você não
estava respirando.”

Bom, Sara, você apenas se acostumou a ver o Salomão de um único modo. Mas agora
você tem uma oportunidade, por seu desejo ser muito maior do que antes, de ver o
Salomão de um modo mais amplo. Um modo mais universal.

“O que você quer dizer?”

Bem, a maioria das pessoas vê as coisas somente através de seus olhos físicos, mas
agora você tem a oportunidade de ver as coisas através de olhos mais amplos - mais
através dos olhos da verdadeira Sara, que viver dentro da Sara física.

''Quer dizer que há uma outra Sara vivendo dentro de mim, como você é o Salomão que
vive dentro de meu Salomão?''

Sim, Sara, é isso. E essa Sara Interior vive para todo o sempre. A Sara Interior nunca
morrerá, assim como esse Salomão Interior que você vê nunca morrerá.

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“Bem, isso soa muito bom para mim,
Salomão. Eu o verei na trilha Thacker amanhã?”

Não, Sara, eu não vou estar lá.

Sara franziu o cenho.

Mas pense bem, Sara! Sempre que você quiser conversar com Salomão, você pode. Não
importa onde você esteja. Você não tem mais que caminhar até o bosque. Você só tem
que pensar no Salomão - e lembrar-se como é visitar o Salomão - e eu vou estar aqui
para conversar com você.

"Bem, isso soa bem, Salomão. Mas eu amava nossos encontros no bosque. Tem certeza
de que você não voltará para lá logo, como antes?”'

Sara, você vai gostar de nosso novo modo de interagir, ainda mais do que amava nossa
diversão no bosque. Não há nenhuma limitação em nosso novo modo de interagira.
Você verá. Vamos nos divertir bastante.

“Está bem, Salomão. Eu


acredito em você.”

Boa noite, Sara.

"Salomão" Sara gritou, não querendo deixar Salomão tão cedo.

Sim, Sara?

“Obrigada por não estar morto.”

Boa noite, Sara. Tudo está bem.

78
Parte II

O Final Feliz Pós Vida de Sara e Salomão

CAPÍTULO 25

"Salomão, você não está bravo com Jason e Billy por terem atirado em você?"

Por que, Sara? Por que eu estaria com raiva deles?

''Bem, Salomão, eles atiraram em você!", Sara respondeu com espanto. Como Salomão
podia não entender sua pergunta e como ele não podia estar com raiva deles por terem
feito algo tão terrível?

Não, Sara. Sempre que penso em Jason e Billy, eu só os aprecio por terem trazido você
a mim.

“Mas, Salomão, você não acha que atirar em você é mais significativo do que isso?”

Sara, a única coisa que é importante é que eu me sinto bem. E eu não consigo sentir
raiva deles e me sentir bem ao mesmo tempo. Manter minha válvula aberta é mais
significativo, Sara – então, eu sempre escolho pensamentos que me façam sentir-me
bem.

“Salomão, espere um minuto. Você está dizendo que não importa o quão ruim alguém é,
e não importa que tipo de coisas horríveis eles façam, você não pensa sobre estas
coisas? Que ninguém nunca faz algo suficientemente ruim o bastante para deixar você
com raiva deles?”

Sara, todos eles têm boa intenção.

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“Oh, Salomão, por favor. Eles atiraram em você! Quão ruim tem que ficar antes de você
entender quão ruim isso é?”

Sara, me deixe fazer algumas perguntas. Você acha que se eu realmente estivesse com
raiva de Jason e Billy por atirarem em mim, eles parariam de atirar nas coisas?

Sara estava em silencio. Ela não achava que a raiva de Salomão fizesse qualquer
diferença. Ela tinha estado com raiva dos meninos por incontáveis vezes por atirarem
nas coisas e aquilo nunca os tinha sequer abrandado.

“Não, Salomão. Acho que não.”

Você pode pensar em algum propósito ao qual minha raiva serviria?

Sara pensou sobre isso também.

Se eu ficar com raiva deles isso pode fazer você se sentir mais justificada em sua raiva,
Sara, mas então eu estaria apenas me juntando à sua cadeia de dor e nenhum bem viria
disso.

“Mas, Salomão”, Sara protestou, “isso parece como...”

Sara, Salomão interrompeu, poderíamos falar por dias e noites sobre quais açoes são
certas e quais são as erradas. Você poderia gastar o resto de sua vida tentando definir
quais os comportamentos são os apropriados e quais não são, e sob que condições eles
são apropriadas e sob quais condições eles não são apropriados. Mas o que eu aprendi é
que qualquer momento gasto, mesmo que seja um minuto, tentando se justificar por que
eu me sinto mal, é um desperdício de vida. E eu também aprendi que quanto mais
rápido eu entro num estado de bom sentimento, melhor minha vida é – e mais eu tenho
a oferecer aos outros.

Então, através de muitas vidas e muitas experiências eu comecei a saber que eu posso
escolher os pensamentos que fecham minha válvula ou eu posso escolher os
pensamentos que abrem minha válvula – mas em todo caso, isso é escolha minha. E,
assim, eu parei de culpar os Jasons e os Billys há muito tempo, pois isso não me ajuda –
e isso não os ajuda.

Sara estava em silencio. Ela teria que pensar sobre esse. Ela já tinha decidido que nunca
perdoaria Jason por esse crime terrível, e cá estava Salomão, indisposto a juntar-se a ela,
mesmo que fosse um pouquinho, em sua censura.

Lembre-se, Sara, se você deixar as condições que lhe cercam controlar o modo
como você se sente, você sempre estará numa armadilha. Mas quando você é capaz
de controlar o modo como se sente – pois você controla os pensamentos que emite –
então, você realmente está livre.

Sara se lembrou de ter escutado algo como aquilo de Salomão antes, mas nada tão
grande os estava desafiando. De alguma forma isso parecia muito grande para perdoar.

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Sara, nesse grande mundo onde tantas pessoas têm idéias diferentes do que é certo e
errado, muitas vezes você será confrontada como testemunha de um comportamento que
você pode sentir como inapropriado. Você exigirá que todas estas pessoas mudem seus
modos só para lhe agradar? Você gostaria de fazer isso mesmo se pudesse?

A idéia de todo mundo se comportando de um modo que lhe agradasse soou como um
apelo para Sara, mas ela realmente não queria pensar que aquilo fosse algo provável.
“Bom, não, acho que não.”

Então qual é a alternativa? Você se esconderá, protegendo-se de testemunhar o


comportamento diverso deles, se fazendo prisioneira nesse lindo mundo?

Bem, aquela opção realmente não era do seu agrado, mas Sara reconheceu
remanescentes daquele comportamento em seu passado não tão distante quando ela,
muitas vezes, mentalmente, tinha se retirado dos outros, rastejando em sua própria
mente, mantendo todos fora, ou a maioria deles. Aqueles foram tempos infelizes, Sara
se lembrou.

Sara, você vivenciará o contentamento quando você for capaz de manter sua válvula
aberta, de qualquer maneira. Quando você for capaz de reconhecer que muitas pessoas
estão escolhendo coisas diferentes, acreditando em coisas diferentes, querendo coisas
diferentes, agindo diferente, e quando você entender que tudo isso acrescenta a um todo
perfeito, no qual nada disso ameaça você – pois a única coisa que afeta você é o que
você está fazendo com sua própria válvula –, então você se moverá livremente com
alegria.

“Mas, Salomão, Jason e Billy fizeram mais do que lhe ameaçar. Eles atiraram em você.
Eles mataram você!”

Sara, você ainda não superou isso, superou? Você não pode ver que eu não estou morto?
Sara, eu estou muito vivo. Você acha que eu iria querer viver naquele corpo de coruja
cansado, velho, para sempre? Sara sabia que Salomão estava brincando com ela, pois
ele não estava aparentemente cansado ou velho.

É com grande alegria que eu liberei aquele corpo físico, sabendo que sempre que eu
quiser, eu posso emanar minha Energia em outro corpo, mais jovem, mais forte, mais
rápido.

“Você quer dizer, você queria que eles atirassem em você?”

Isso é co-criação, Sara. É por isso que eu deixei que eles me vissem. Assim eles podiam
co-criar essa mesma experiência importante. Não apenas por mim, mas por você
também, Sara.

Sara estava tão sobrecarregada com tudo o que tinha acontecido desde que tinham
atirado em Salomão que ela não tinha tido tempo par apensar como era para Jason e
Billy terem sido capazes de ver Salomão.

Sara, o importante a ser entendido, em primeiro lugar, é: Tudo está


verdadeiramente bem, não importa como possa parecer a você a partir de sua

81
perspectiva física. E, segundo, sempre que sua válvula está aberta, apenas coisas
boas podem vir para você.

Sara, tente apreciar Jason e Billy, assim como eu. Você vai se sentir muito melhor.

Quando os porcos voarem, Sara pensou. E então ela riu de sua própria resposta
negativa. “Vou pensar nisso por você. Mas isso é diferente de tudo que eu já tenha
pensado antes. Eu sempre fui ensinada que quando alguém faz algo errado, a pessoa
deve ser punida.”

O problema com isso, Sara, é que todos vocês têm um tempo difícil decidindo quem
tem que decidir o que é errado. A maioria de vocês acredita que você está certo, e que
então os outros devem estar errados. Os seres físicos têm matado uns aos outros por
anos argumentando sobre qual está certo. E com guerras e matanças que têm acontecido
em seu planeta por milhares de anos, vocês ainda não chegaram a nenhum acordo.

Vocês todos fariam muito melhor se apenas prestassem atenção às suas próprias
válvulas. A vida seria muito melhor, exatamente agora.

“Você acha que as pessoas serão capazes de aprender sobre suas válvulas? Você acha
que todo mundo vai aprender isso?”, Sara se sentia oprimida com a enormidade desse
esforço.

Isso não importa, Sara. Pois a única coisa que importa para você é que você aprenda
isso.

Bem, isso não parece tão grande. “Está bem, Salomão, eu vou trabalhar nisso um pouco
mais”.

Boa noite, Sara. Eu gostei imensamente de nosso encontro.

“Eu também, Salomão. Boa noite.”

CAPÍTULO 26
Jason e Billy passaram correndo por Sara em suas bicicletas, gritando algo desagradável
e inaudível. Sara sorriu quando eles passaram por ela, e então se sentiu um pouco
surpresa quando percebeu que eles a desapontariam se falhassem em serem tão maus
quanto pudessem ser e nisso, de um modo estranho, eles três não eram co-criadores
nesse jogo que sempre jogavam juntos. O jogo era “eu sou seu pequeno irmão podre e
este é meu pequeno amigo podre, desagradável, e é nossa tarefa fazer sua vida miserável
de todo modo que pudermos, e seu trabalho é nos responder de maneira miserável”.

Isso é estranho, Sara pensou. Não estou destinada a gostar deles. O que poderia estar
acontecer aqui?

Enquanto Sara continuava a caminhar para casa, por força do hábito ela quase virou na
esquina para ir até o bosque de Salomão, esquecendo-se temporariamente que aquele

82
não era mais o lugar onde eles se encontravam. Aquele pensamento lembrou Sara de
que haviam atirado em Salomão, e aquele pensamento a lembrou da resposta de
Salomão por ter levado um tiro desses dois pequenos garotos podres. E, então, uma
consciência muito forte se apossou de Sara.

Jason e Billy atiraram em Salomão, e Salomão ainda os ama. Salomão é capaz de


manter a própria válvula aberta mesmo sob aquelas condições, então talvez eu esteja
aprendendo a manter minha válvula aberta também. Talvez minha vida seja finalmente
importante o bastante para mim de maneira que eu não estou mais chateada pelo que os
outros fazem ou dizem.

Um arrepio passou por todo o corpo de Sara. ela se sentia leve e seu corpo formigava
inteiro – e ela soube que tinha entendido algo que era muito significativo.

Isso é bom, Sara. Eu concordo com você plenamente. Sara ouviu a voz de Salomão.

“Oi, Salomão. Onde você está?”, Sara perguntou, ainda com o anseio de um Salomão
visual para contemplar enquanto falava.

Estou aqui, Sara - Salomão respondeu, mudando de assunto rapidamente, e entrando


num assunto mais importante. Sara, você acabou de declarar o segredo mais importante
da vida. Você está começando a entender o que realmente é o amor incondicional.

“Amor incondicional?”

Sim, Sara, você está começando a entender que você é uma amante, você é uma
extensão física de pura Energia Não-Física positiva, ou amor. E quando você é capaz de
permitir que esta pura Energia de amor aconteça, não importa no que, a despeito das
condições que lhe cercam – então você alcançou o amor incondicional. Você é
verdadeiramente então, e só então, a extensão de quem você realmente é e de quem
você veio aqui para ser. Você está verdadeiramente então, e somente então, cumprindo
seu propósito de ser. Sara, isso é muito bom.

Sara se sentiu lisonjeada. Ela não tinha entendido completamente a magnitude do que
Salomão estava dizendo, mas ela podia dizer, pelo entusiasmo com que ele estava
dizendo aquilo, que aquilo devia ser realmente importante, e ela estava certa de que
Salomão estava muito satisfeito com ela.

Bem, Sara, eu sei que isso soa um


pouco estranho para você no início. É uma orientação inteiramente nova para a maioria

83
das pessoas, mas até que você entenda isso, você nunca será verdadeiramente feliz. Não
por muito tempo de qualquer maneira.

Sente-se aqui e escute um pouco, e eu lhe explicarei como isso tudo funciona.
Sara encontrou um local seco, onde batia sol, e se estatelou para escutar Salomão. Ela
amava escutar o som da voz dele.
Há um Fluxo de pura Energia positiva que flui para você todo o tempo. Alguns podem
chamá-lo de Força de Vida. Ele é chamado de muitas coisas diferentes, mas, para
começar, ele é o Fluxo de Energia que criou seu planeta. E é o Fluxo de Energia que
continua a suster seu lindo planeta. Esse fluxo de Energia mantém seu planeta girando
em sua órbita em perfeita proximidade com os outros planetas. Esse Fluxo mantém o
perfeito equilíbrio de sua microbiologia. Esse Fluxo mantém o perfeito equilíbrio da
água em seu planeta. Esse é o Fluxo que mantém seu coração batendo, mesmo quando
você está dormindo.

Esse é um Fluxo maravilhoso, poderoso, de Bem-Estar, Sara, e esse Fluxo flui para cada
um de vocês a cada minuto de seu dia e noite.

''Uau'', Sara suspirou enquanto tentava entender esse maravilhoso, poderoso Fluxo.

Como uma pessoa vivendo em seu planeta, Sara, a qualquer momento você pode
permitir ou resistir a esse maravilhoso Fluxo. Você pode deixá-lo fluir para você e
através de você, ou você pode não permitir o Fluxo.

“Por que ninguém quer esse Fluxo?”

Oh, todo mundo o quer, Sara, se eles o entendessem.

E ninguém resiste a ele de propósito. As pessoas simplesmente têm hábito que


aprenderem uns dos outros que fazem com que resistam a esse Fluxo de Bem-Estar.

“Como o que, Salomão?”

Bem, Sara, o principal que faz com que as pessoas sejam resistentes ao Fluxo do
Bem-Estar é elas buscarem a evidencia do que foi criado pelas outras que têm sido
resistentes ao Fluxo do Bem-Estar.

84
Sara parecia confusa. Ela não estava
realmente entendendo isso ainda.

Você vê, Sara, sempre que você dá sua atenção a algo, apenas pela observação daquilo,
você começa a vibrar como aquilo é – enquanto você está observando. Então, se você
está olhando para a doença, por exemplo, no momento em que você está olhando ou
falando a respeito, ou pensando a respeito da doença, você não está permitindo o Fluxo
do Bem-Estar. Você tem que olhar para o Bem-Estar para permitir o Bem-Estar.

Sara começou a ter mais clareza. “Ah! Isso é como a coisa dos pássaros de mesma
plumagem que nós falamos antes, não é?”
Certo, Sara. Isso é sobre a Lei da Atração. Se você quer atrair o bem-estar, você tem que
vibrar com bem-estar. Mas se você dá sua atenção à doença de alguém, você não pode
permitir o bem-estar ao mesmo tempo.

Sara começou a enrugar a testa enquanto pensava sobre o que Salomão estava dizendo.
“Mas, Salomão, eu pensei que eu devia ajudar as pessoas que estão doentes. E como eu
posso ajudá-las se eu não olhar para elas?”

Você pode olhar para elas, Sara, mas não vê-las como doentes. Veja-as ficando
melhores. Melhor ainda, veja-as como boas, ou lembre-se delas como quando elas
estavam bem. Desse modo você não as usa como sua razão para parar o Fluxo de tempo
de fluir para você.

Não é fácil para as pessoas escutar isso, Sara, pois elas são muito condicionadas a
observar tudo ao próprio redor. Se elas apenas soubessem que quando estão olhando
para as coisas que as fazem sentir emoção negativa, que aquele sentimento que sentem é
o sinal delas de que acabaram de desabilitar o Fluxo do Bem-Estar, eu acho que muitas
delas não estariam tão dispostas a olhar para muitas coisas que as fazem se sentir mal.

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Sara, só por um momento aqui, não tente entender o que a maioria está fazendo. Apenas
escute isso. Há um Fluxo de Bem-Estar constante, estável, e ele está fluindo para você
todo o tempo. Quando você se sente bem você está permitindo o Fluxo e, quando você
se sente mal, você não está permitindo o Fluxo. Agora, quando você entende isso, o que
é que você mais quer fazer?

“Bem, eu quero me sentir bem tanto quanto eu puder.”

Bom. Agora, digamos que você está assistindo a televisão e você vê algo que faz você
se sentir mal.

“Sim, como quando alguém atira ou mata ou fere num acidente?”

Sim, como isso. Quando você vê isso, Sara, e você se sente mal, você entende o que
está acontecendo?

Sara sorriu brilhantemente. “Sim, Salomão, eu estou resistindo ao Fluxo.”

Você entendeu, Sara! Sempre que você está se sentindo mal, você está resistindo ao
Fluxo. Sempre que você está dizendo „não‟, você está se debatendo contra aquilo e,
consequentemente, resistindo ao Fluxo.

Sara, quando alguém diz „não‟ ao câncer, a pessoa na verdade não está permitindo o
Fluxo de Bem-Estar. Quando alguém diz „não‟ aos assassinos, a pessoa na verdade está
desabilitando o Fluxo do Bem-Estar. Quando alguém diz „não‟ à pobreza, ele está na
verdade resistindo ao Fluxo de Bem-estar, pois quando você está dando sua atenção ao
que você não quer, você está vibrando com aquilo, o que significa que você está
resistindo ao que você quer. Então, a chave é identificar o que você não quer,
brevemente, mas então se virar para o q eu você quer e dizer „sim‟.

“É isso?! É só isso que temos que fazer? Só dizer „sim‟ ao invés de „não!”, Sara não
conseguia acreditar quão simples soava tudo isso. Ela se sentia encantada. “Salomão,
isso é tão fácil! Eu posso fazer isso! Eu acho que todo mundo poderia fazer isso!”

Salomão desfrutava do entusiasmo de Sara sobre esse novo conhecimento. Sim, Sara,
você pode fazer isso. E é isso para o qual você veio a fim de ensinar aos outros. Pratique
isso por alguns dias. Preste atenção a si mesma e aos outros ao seu redor e perceba quão
habituados vocês estão em dizer „não‟ às coisas muito mais frequentemente do que
„sim‟. Conforme você observar, por um pouco de tempo, você começará a entender os
tipos de coisas que as pessoas fazem para resistir ao Bem-estar que é natural. Divirta-se
com isso, Sara.

86
CAPÍTULO 27
Durante todo o dia seguinte os pensamentos de Sara se voltaram para o que ela e
Salomão tinham conversado. Sara estava realmente animada para começar a entender
algo que Salomão parecia pensar ser muito importante, mas quanto mais o tempo
passava desde a conversa com Salomão, mais ela fica incerta sobre tudo o que tinha
entendido do que Salomão estava tentando ensiná-la. Sara se lembrava, no entanto, que
Salomão a encorajara a observar os outros para ver a constancia com a qual eles diziam
„não‟ ao invés de „sim‟, então Sara decidiu prestar mais atenção a isso.

“Sara,e u não quero que você se atrase essa noite”, sua mãe avisou. “Vamos ter visita
para o jantar e vou precisar de você. não queremos receber nossas visitas numa casa
bagunçada agora, queremos?”

“Está bem”, Sara suspirou relutantemente. A visita não era a coisa favorita de Sara.
Nem de perto.

“Agora, Sara, eu estou falando sério. Não se atrase!”

Sara parou na porta, em feliz surpresa por ter encontrado alguma evidencia, e logo de
manhã, que reafirmava o que Salomão tinha dito. Ela se moveu lentamente, meio que
olhando para longe como se estivesse revisado o que podia se lembrar das palavras de
Salomão, inadvertidamente deixando o ar frio entrar na sala enquanto ficava parada na
porta de entrada.

“Sara! Não fique aí deixando o frio entrar! Por favo, Sara, entre. Você vai se atrasar
para a escola.”

“Uau!”, Sara observou. Era incrível. Sua mãe tiinha acabado, nos dois últimos minutos,
de emitir cinco declarações claras do que ela não queria, e Sara não conseguia se
lembrar nem mesmo de uma única declaração sobre o que sua mãe queria. E o
interessante era que sua mãe nem ao menos havia percebido o que estava fazendo.

O pai de Sara tinha acabado de empurrar a neve da calçada da frente quando Sara saltou
os degraus da escada. “Cuidado, Sara. A calçada está escorregadia. Você não quer cair.”

Sara riu de orelha a orelha. Isso é incrível!

87
“Sara, você me escutou? Eu disse para prestar atenção ou você vai cair.”

Sara na verdade havia escutado seu pai dizer „não‟ a nada, mas suas palavras certamente
apontavam para algo que ele não queria.

A mente de Sara estava girando. Ela queria falar sobre o que ela queria. “Está bem,
papai”, ela disse. “Eu não vou cair”.
“Ops”, Sara pensou. Isso não era dizer exatamente „sim‟.

Querendo ser o melhor exemplo que poderia ser para seu pai, Sara parou e se virou
diretamente para o pai e disse “Obrigada, papai, por manter a calçada limpa para nós.
Isso faz com que fique fácil eu não cair.”

Sara riu tão alto quando se escutou, mesmo quando estava deliberadamente tentando
dizer „sim‟, ainda falou sobre não cair. “Rapaz”, Sara pensou, “isso não vai ser fácil”. E
então, novamente, ela riu e disse alto, surpresa consigo mesma, “Não vai ser fácil? Que
lástima, Salomão, eu percebo o que você quis dizer.”

Sara estava apenas a cerca de 200 metros da garagem quando ouviu a porta da frente de
sua casa bater e se fechar, e ela se virou para ver Jason correndo em alta velocidade
segurando sua bolsa de livros numa mão e seu chapéu com a outra, aproximando-se
rapidamente dela. Sara conseguiu ver, pela movimento rápido e pelo brilho nos olhos de
Jason , que ele estava prestes a chocar-se com ela a partir de trás como havia visto
dezenas de vezes antes, só o suficiente para fazê-la perder o equilíbrio e deixá-la com
raiva. E, antecipadamente, Sara gritou: “Jason, não ouse...” Jason, não, seu danado,
Jason, não faça isso!!!”
Sara gritou com toda sua força.

“Que lástima”, Sara pensou. Estou fazendo isso novamente. O “não” continua vindo de
mim, mesmo quando não quero. “Não” queria? Cá estou novamente. Sara se sentia
quase frenética. Ela não conseguia controlar suas próprias palavras.

Jason esbarrou em Sara e continuou correndo, e como ele agora estava há um bloco na
frente dela, ela começou a relaxar em sua própria caminhada tranqüila para a escola e a
refletir sobre os surpreendentes acontecimentos que havia observado nos últimos dez
minutos.

Sara tinha decidido fazer uma lista de “nãos” que tinha escutado de maneira a falar
sobre isso com Salomão mais tarde. Tirando seu pequeno caderno de notas da bolsa de
livros, Sara escreveu:

NÃO SE ATRASE.
NÃO QUERO UMA CASA BAGUNÇADA.
NÃO DEIXE O FRIO ENTRAR.
NÃO SE ATRASE PARA A ESCOLA.
NÃO VÁ CAIR.
NÃO VÁ TÃO DEVAGAR.
JASON, NÃO OUSE.

88
Sara ouvi o Sr.Jorgensen gritando com dois garotos na sala de aula. “Não corra no
corredor!”, Sara escreveu em seu caderno. Ela estava encostada em seu armário quando
outro professor, de outra classe, passou por ela e disse “Ande logo; você vai se atrasar”.
Sara escreveu isso também.

Sara sentou-se em sua cadeira, tentando se adequar em outro longo dia escolar quando
viu o sinal mais surpreendente postado na frente da sala de aula. O sinal havia estado ali
por todo esse ano escola, mas Sara não o havia percebido antes. Não como estava
percebendo agora. Ela mal podia acreditar em seus olhos. Ela tirou seu caderninho da
bolsa e começou a escrever o que estava lendo:

NÃO FALE NA SALA DE AULA.


NÃO MASQUE CHICLETE.
NÃO COMA OU BEBA NA SALA DE AULA.
NÃO É PERMITIDO BRINQUEDOS.
NÃO USE BOTAS DE NEVE NA SALA DE AULA.
NÃO FIQUE NA JANELA.
NÃO É PERMITIDO ENTREGAR TRABALHOS ATRASADOS.
NÃO É PERMITIDO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA SALA DE AULA.
NÃO É PERMITIDO ATRASOS.

Sara estava atordoada. Salomão estava certo. A maioria de nós resiste a nosso Bem-
estar.

Sara estava ávida para escutar e observar tanto quanto podia naquele dia. Durante o
horário do lanche ela se sentou distante das outras crianças, escutando às conversas que
dois professores estando tendo na mesa ao lado dela. Ela não os podia ver, mas podia
escutá-los claramente.

“Oh, eu não sei”, um professor disse. “O que você acha?”

“Bem, eu não faria isso se fosse você”, o outro professor respondeu. “Você nunca sabe.
Você poderia terminar pior do que está agora”.

“Uau”, Sara pensou. Ela não fazia idéia do que eles estavam conversando, mas uma
coisa estava absolutamente clara, o aviso era „não‟ para o que quer que fosse.

Sara acrescentou à sua lista:


EU NÃO SEI.
EU NÃO FARIA ISSO SE FOSSE VOCÊ.

89
Sara não estava nem no
meio de seu dia na escola e já tinha duas páginas de “nãos” para discutir com Salomão.

A tarde de Sara se provou tão frutífera quanto sua manhã enquanto ela somava à sua
lista:
NÃO JOGUE ISSO!
PARE COM ISSO!
EU DISSE NÃO!
VOCÊ NÃO ME ESCUTOU?
NÃO ESTOU SENDO CLARO?
NÃO PRESSIONE!
NÃO VOU FALAR DE NOVO!

Pelo fim do dia Sara estava absolutamente exausta. Parecia para Sara que o mundo todo
estava resistindo ao próprio Bem-estar.

“Rapaz, Salomão, você está sempre certo. A maioria das pessoas diz „não‟ ao invés de
„sim‟. Até eu, Salomão. Eu sei que o que eu devia fazer, mas até eu faço isso.”

“EU NÃO POSSO FAZER ISSO”, Sara escreveu em sua lista.

Que dia tinha sido esse!

Olha que boa lista você tem aí, Sara. Você deve ter tido um dia ocupado.

“Oh, Salomão, você não sabe nem a metade dela. Isso é apenas o que eu ouvi hoje. A
maioria das pessoas diz “não”, Salomão. E elas nem percebem isso! E eu também,
Salomão. Isso é difícil.”

90
Bem, Sara, na verdade não é tão difícil uma vez que você saiba pelo que buscar e uma
vez que você perceba qual é sua meta. Sara, leia algo de sua lista para mim, e eu lhe
mostrarei o que quero dizer.

“NÃO SE ATRASE.”
Esteja no horário.

“NÃO QUERO UMA CASA BAGUNÇADA.”


Queremos uma casa confortável para nossas visitas.

“NÃO DEIXE O FRIO ENTRAR.”


Mantenhamos nossa casa agradável e quentinha.

“NÃO SE ATRASE PARA A ESCOLA.”


Estar no horário é realmente melhor.

“NÃO VÁ CAIR.”
Permanece focada e coordenada.

“NÃO VAI SER FÁCIL.”


Vou conseguir isso.

“NÃO CORRA NO CORREDOR.”


Seja atenciosa com os outros.

“NÃO CORRA NO CORREDOR.”


Seja atenciosa com os outros.

“NÃO FALE NA SALA DE AULA.”


Vamos estudar e aprender juntos.

“NÃO FIQUE NA JANELA.”


Sua completa atenção com certeza será de grande benefício para você.

“NÃO É PERMITIDO ENTREGAR TRABALHOS ATRASADOS.”


Vamos nos manter em dia e trabalhar juntos.

“NÃO É PERMITIDO ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO NA SALA DE AULA.”


Seus bichinhos são muito mais felizes em casa.

“Caramba, Salomão, você é realmente bom nisso!”

Sara, você ficará boa nisso também. Tem apenas que praticar. E, Sara, as palavras que
você usa não são tão importantes. É o sentimento de se „empurrar contra‟ que é
prejudicial. Quando sua mãe disse „não deixe a porta aberta‟, ela estava certamente se
„empurrando contra‟ o que ela não queria. Mas mesmo que ela dissesse „feche a porta‟
ela ainda estaria mais ciente do que ela não queria e, consequentemente, ainda, a
vibração dela teria sido uma de se debater contra as coisas.

91
Eu gostaria de chegar à idéia do relaxamento em direção do que você quer, ao invés de
se debater contra o que você não quer.

Certamente suas palavras são um indicador de sua direção, mas o modo como você se
sente é ainda uma indicação mais clara de sua permissão ou resistencia.

Apenas divirta-se com isso, Sara. quando você se debate contra dizendo „não‟, você
ainda está se empurrando contra. A idéia é apenas falar mais e mais sobre o que você
quer. E quando você faz isso, as coisas simplesmente ficam melhores e melhores. Você
vai ver.

CAPÍTULO 28
Sara voltou para casa neste último dia de escola desse ano com uma estranha
combinação de sentimentos. Normalmente essa era a época mais feliz de seu ano, tendo
um verão completo de solidão à sua frente, não sendo obrigada a ter que se misturar
numa sala cheia de alunos diferentes e muitas vezes não agradáveis. Mas esse ano, o
último dia, parecia muito diferente para Sara. Ela tinha mudado tanto nesse curto ano.

Sara caminhava a passos largos, respirando o maravilhoso ar da primavera, olhando


para frente e, então, dando alguns passinhos para trás. Ela estava ávida para ver tudo e
todo mundo. O céu estava mais bonito do que ela se lembrava de ter visto antes. Mais
azul. Mais profundo em termos de cor. E as brancas nuvens fofas com um contraste
absolutamente deslumbrante. Sara podia ouvir a doces e claras canções dos pássaros que
estavam tão distante que ela não os podia ver, mas suas canções perfeitas alcançavam os
ouvidos de Sara de qualquer forma. A sensação do ar maravilhoso sobre sua pele era
realmente deliciosa. Sara estava andando em estado de puro êxtase.

Você vê, Sara, o Bem-estar realmente abunda.

“Salomão, é você!”

Está em todo o lugar. As claras palavras de Salomão continuavam na cabeça de Sara.

“Está em todo lugar, Salomão. Eu posso ver e sentir!”

De fato, está em todo o lugar que é permitido. Um constante Fluxo de Bem-estar,


estável, flui para você a todo o momento e a qualquer momento você está permitindo ou

92
resistindo a ele. E você é a única pessoa que pode permitir ou resistir a esse constante,
estável, Fluxo de Bem-estar.

Em todo tempo que estivemos juntos, a coisa mais importante que eu queria que você
aprendesse é o processo de reduzir, ou eliminar, os padrões de resistencia que você
aprendeu de outras pessoas físicas. Pois, se não fosse pela resistencia que você
assimilou ao longo dessa jornada física, o Bem-estar, que é natural a você, certamente o
Bem-estar que você merece fluiria naturalmente para você. Para todos vocês.

Sara pensou em todas aquelas maravilhosas conversas que havia tido com Salomão.
Que interações maravilhosas haviam sido! E Sara percebeu que em cada caso, em cada
conversa singular que eles tinham vivenciado juntos, Salomão havia estado ajudando
Sara a diminuir a resistencia.

Ela pensou nas técnicas, ou jogos, que Salomão tinha lhe passado dia após dia e, agora,
a partir de sua perspectiva mais clara, ela percebia que, durante todo o tempo, Salomão
havia ensinado a ela processos para diminuir a resistencia.

Pouco
a pouco Sara havia aprendido a deixar a resistencia para trás.

Você também é uma professora, Sara.

Os olhos de Sara se arregalaram e ela se sentiu quase sem ar quando seu professor
favorito de todos os tempos lhe disse que ela, como ele, era uma professora. Sara sentiu
aquele sentimento agradável de apreciação varrer-se por ela e ao redor dela.

93
E o que você ensina, Sara, é que tudo realmente está bem. Através da clareza de seu
exemplo muitos outros começarão a entender que realmente não há nada contra o qual
se empurrar. E isso, na verdade, o empurrar-se contra algo, é a razão para a não
permissão do Bem-estar.
Sara podia sentir uma intensidade especial nas palavras de Salomão. As palavras dele
emocionaram Sara. ela não sabia o que dizer.

Ela caminhou até a garagem de cascalhos e para a frente do jardim se sentindo tão
maravilhosa que tinha vontade de saltar no ar. Então, ela subiu a escada da frente e
entrou em casa.

“Olá, estou em casa!”, Sara gritou para qualquer um que pudesse estar dentro da casa.

CAPÍTULO 29
Sara foi cedo para a cama, ansiosa para voltar à sua conversa com Salomão. Ela fechou
seus olhos e respirou profundamente enquanto tentava encontrar aquele estado
maravilhoso onde ela e Salomão tinham parado. “Tudo realmente está bem”, Sara disse
alto, com uma voz clara, calma, de absoluta compreensão.

E então ela abriu seus olhos com surpresa.

Salomão, a quem Sara não


havia visto por semanas, estava agora pairando um pouco acima de sua cama. Mas suas
asas não estavam se movendo. Era como se ele estivesse suspenso no ar, sem esforço,
pendurado logo acima da cabeça de Sara. “Salomão!”, Sara gritou de alegria. “Estou
tãooooo feliz por ver você!”

Salomão sorriu e acenou.

“Salomão, você está tão bonito!”


As penas de Salomão agora estavam brancas como a neve e brilhavam como se cada
uma fosse um pequeno projetor. Ele parecia tão maior e tão mais brilhante, mas era o
Salomão de Sara. Ela podia dizer pelo profundo olhar nos olhos dele.

Venha voar comigo, Sara! Há tanta coisa que eu quero que você veja!

94
E mesmo antes de Sara poder concordar, ela sentiu aquela alegria incrível que havia
sentido antes quando tinha voado com Salomão, e eles voaram, mas dessa vez eles
estavam no alto, sobre a pequena cidade de Sara. na verdade, eles estavam tão alto sobre
a cidade que ela não reconhecia nada do que via.

Os sentidos de Sara estavam dramaticamente ampliados. Tudo que ela viu era
surpreendentemente bonito. As cores eram mais profundas e mais maravilhosas do que
ela tinha visto alguma vez. O cheiro no ar era inebriante, Sara nunca tinha sentido essas
fragrâncias maravilhosas. Sara podia ouvir lindos sons de pássaros cantando e água
fluindo e o vento assoviando. Os sons do vento e as vozes felizes das crianças
flutuavam ao redor dela. A sensação do ar em sua pele era suave, reconfortante e
estimulante. Tudo parecia, cheirava, soava e tinha a sensação de delícias.

“Salomão”, Sara disse, “isso é tudo tão lindo!”

Sara, quero que você conheça o máximo Bem-estar de seu planeta.

Sara não podia imaginar o que Salomão tinha reservado para ela, mas ela estava pronta
e disposta a ir a qualquer lugar que ele quisesse que ela fosse. ''Estou pronta!'', Sara
exclamou.

E num piscar de olhos, Sara e Salomão voaram para longe do plano Terreno, além,
além, além da lua, além dos planetas, e até além das estrelas. Num instante, eles tinham
viajado o que deveria ser anos-luz, para onde Sara podia ver seu lindo planeta girando e
brilhando distantemente, movendo-se num tipo de ritmo perfeito com a lua e os outros
planetas e as estrelas e o sol.

Quando Sara olhou para o planeta Terra, uma sensação de Bem-estar total preencheu
seu pequenino corpo. Ela olhava com um sentimento de orgulho pela Terra girar
constantemente e, certamente, em seu eixo, como se a Terra estivesse dançando com
outros parceiros, todos que sabiam exatamente suas partes na dança magnífica.

Sara engasgou com espanto.

Olhe para isso, Sara. E saiba que tudo está bem.

Sara sorriu e sentiu o vento quente da apreciação envolvê-la.

Para começar, a mesma Energia que criou seu planeta ainda flui para seu planeta para
sustentá-lo. Um fluxo interminável de pura Energia positiva está fluindo para todos
vocês em todos os momentos.

Sara olhou para seu planeta com total compreensão de que isso era verdade.

Vamos dar uma olhada mais próxima agora, Salomão disse.

Agora Sara não conseguia ver nenhum dos outros planetas, só o planeta Terra brilhando
radiantemente em seu campo de visão.

95
Ela podia ver claramente a definição dramática entre a terra e o mar. As linhas costeiras
pareciam como se tivessem sido enfatizadas com uma caneta marca-texto gigante, e a
água reluzia como se não houvessem milhões de luzes sob ela, iluminando o mar só
para que ela visse a partir de sua perspectiva celestial.

Você sabe, Sara, que a água que vem alimentando o seu planeta há milhões de anos é a
mesma água que alimenta o seu planeta hoje? Isso, Sara, é o Bem-estar de imensa
proporção.

Pense sobre isso, Sara. Nada novo está sendo transportado ou indo para seu planeta. Os
imensuráveis recursos que existem continuam a ser redescoberto por geração após
geração. O potencial para a gloriosa vida permanece constante. E os seres físicos
descobrem, em vários graus, essa perfeição.

Vamos dar uma olhada mais de perto.

Salomão e Sara desceram sobre o mar. Sara podia sentir o cheiro maravilhoso do ar
marítimo e ela sabia que tudo estava bem. Eles subiram mais rápido que o vento sobre o
grande Grand Canyon – uma grande abertura, muito irregular, na crosta da Terra.

“O que é isso?!”, Sara engasgou em espanto.

Isso é a evidencia da constante habilidade de sua Terra em manter seu equilíbrio. Sua
Terra está buscando equilíbrio continuamente. Isto é a prova disso.

Agora, voando na mesma distancia da Terra que os aviões voavam, Sara desfrutava da
incrível paisagem abaixo deles. Tanto verde, tanta beleza, tanto Bem-estar.

96
“O que é
aquilo?”, Sara questionou, apontando para um pequeno cone protuberante na superfície
da Terra que soprava grandes nuvens de fumaça cinza e preta.

Aquilo é um vulcão, Salomão respondeu. Vamos dar uma olhada mais de perto.

E antes que Sara pudesse dizer algo, lá foram eles, mergulhando mais próximos da
Terra, voando pela fumaça e poeira.

“Uau!”, Sara gritou. Ela estava admirada com a sensação de absoluto Bem-estar, muito
embora a fumaça fosse tão densa que ela não podia ver nada à sua frente. Eles voaram
por cima e para fora da fumaça, e Sara olhou para baixo para ver esse surpreendente
vulcão cuspindo e vomitando lavas.
Esta é mais uma evidencia de Bem-estar, Sara. este é outro sinal de que sua Terra está
conseguindo manter o perfeito equilíbrio.

E então, eles voaram, alto, alto, alto, novamente, e para outra visão surpreendente. Era
um incêndio. Um grande incêndio. Sara podia ver o que parecia quilômetros de chamas
vermelhas e amarelas, às vezes escondidas pelas nuvens de fumaça. O vento soprava
forte e a fumaça às vezes ficava clara, deixando uma visão bastante boa das chamas, e
depois tão densas que Sara não conseguia ver as chamas momentaneamente. Aqui e ali,
Sara tinha um vislumbre de um animal correndo muito rápido para longe do incêndio e
ela se sentia triste pelo fogo estar destruindo a linda floresta e as casas de tantos
animais.

97
“Oh, Salomão isso é terrível”, Sara murmurou, respondendo às condições que estava
testemunhando.
Isso é apenas mais evidencia do Bem-estar, Sara. isto é mais evidencia de que sua Terra
está buscando o equilíbrio. Se pudéssemos ficar aqui por bastante tempo você veria
como o fogo irá acrescentar bastante nutrição necessária ao solo. Você veria novas
sementes germinando e prosperando e, com o tempo, você veria o valor precioso desse
fogo, que é parte do equilíbrio geral de seu planeta.

“Eu só fico triste pelos animais que estão perdendo suas casas, eu acho.”

Não fique triste por eles, Sara. eles estão

''Eu só estou triste para os animais que estão perdendo suas casas, eu acho. "

Não fique triste por eles, Sara. Eles são guiados até novas casas. Eles não sentem a falta.
Eles são extensões de pura Energia positiva.

''Mas, alguns deles vão morrer, Salomão'', Sara protestou.

Salomão apenas sorriu e, em seguida, Sara sorriu também.

É difícil superar essa "coisa da morte", não é? Tudo está muito bem aqui, Sara. Vamos
explorar um pouco mais.

Sara adorava a sensação de Bem-estar que a estava envolvendo. Ela sempre pensou no
mar como traiçoeiro, com tubarões e naufrágios. As reportagens da televisão que ela
tinha visto sobre vulcões vomitando fogo sempre a assustaram. As notícias eram sempre
cheias de incêndios florestais e desastres, e Sara percebia agora que ela havia estado se
empurrando contra todas elas.

Este novo ponto de vista parecia muito melhor. Estas coisas que Sara sempre assumiu
como terríveis, tragédias, agora assumiam um novo significado completamente
diferente quando ela via através do fresco olhar que Salomão lhe proporcionava.

Sara e Salomão voaram a noite toda, parando para observar o incrível Bem-estar do
planeta de Sara. Eles viram um bezerrinho bebê nascendo e os bebezinhos das galinhas
quicando de seus ovos. E eles viram milhares de pessoas dirigindo seus carros e apenas
algumas delas batendo umas nas outras. Eles viram milhares de aves se deslocando para
climas mais quentes e alguns animais de fazenda com seus pelos crescendo para o
inverno. Eles viram jardins sendo colhidos e outros sendo plantados. Eles viram novos
lagos e novos desertos se formando. Eles viram pessoas e animais nascendo, e eles
viram pessoas e animais morrendo – e em cada coisa de cada coisa de tudo isso, Sara
sabia que tudo estava realmente bem.

“Salomão, como explicarei isso para alguém? Como eles conseguirão entender tudo
isso?”

Sara, esse não é seu trabalho. É o bastante, querida, que você compreenda.

98
Sara suspirou num grande sinal de alívio e, então, ela sentiu sua mãe balançando-a.
“Sara, levante-se! Temos muita coisa a fazer.”

Sara abriu seus olhos e viu sua mãe curvada sobre ela, e enquanto ela despertava para a
vigília, ela puxava as cobertas sobre sua própria cabeça, querendo se esconder desse dia.

Tudo realmente está bem, Sara. Sara ouvia as palavras de Salomão. Lembre-se de nossa
jornada.

Sara puxou as cobertas para baixo de sua cabeça e deu o sorriso mais bonito para sua
mãe.

''Obrigada, mamãe!'', Sara exclamou. “Serei tão rápida quanto o vento. Tudo estará bem.
Você vai ver. estarei pronta num piscar de olhos”.

Sua mãe ficou espantada enquanto observava Sara em sua cama se mover com destreza
e clareza e, mais obviamente, com alegria.

Sara abriu as cortinas, levantou a janela e estendeu os braços com um grande sorriso no
rosto. ''Que dia lindo!'', exclamou, com tal entusiasmo que sua mãe ficou perplexa
coçando a cabeça.

99
''Sara, você está bem, querida? "

''Eu estou perfeito!'', Sara falou com clareza. ''Tudo está realmente bem!''

“Bem, se você diz que sim, querida...”, a mãe de Sara disse timidamente.

''E eu digo", disse Sara, correndo para o banheiro e sorrindo de orelha a orelha. ''Eu digo
que sim! "

FIM

100
O LIVRO DE SARA II

Introdução
Raramente tem alguma coisa que eu leio que me faz dar gargalhadas. Mas eu estive revisando
esta nova estória de Sara, e Esther frequentemente me chama de seu escritório “Do que você
está rindo?” à medida que sou pego de novo e de novo pelo humor inteligente do meu velho
amigo Salomão e do novo brilhante amigo de Sara, Seth.

“Os bons amigos sem penas de Salomão” é o livro que promete levar você numa jornada
emocional às alturas da compreensão e do bem-estar que vão repetidamente e para sempre
prosperar e deliciar você.

A diversão que você terá com Sara e Seth enquanto você descobre a pura e prática fórmula para
preencher seu propósito de vida será uma experiência que você poderá compartilhar com todos
que você ama. Não importa quão bem você se sente agora, você se sentirá ainda melhor uma
vez que você experiencie este novo livro de Sara. Nós garantimos que você vai se deliciar nesse
novo passo gigante na sua jornada de tornar-se mais alegre.

Jerry Hicks.
Capítulo 1
Alcançando a felicidade

- Seth, sua casa está em chamas!


- Sim, claro – Seth zombou, estressando-se contra outra investida de zombarias às suas custas.
A corrida de oito quilômetros para casa no ônibus da escola parecia ser de cem quilômetros. O
estresse sempre começava logo que embarcava no ônibus e durava sem descanso até o
desembarque.

Começou em março passado, no seu primeiro dia na nova escola, quando sua família mudou-se
para o lugar do velho Jonhson no alto da colina. A casa estivera vazia por algum tempo até se
mudarem para lá. E mesmo já morando na casa por alguns meses, não parecia muito diferente
agora de quando ninguém estava morando lá. As mesmas cortinas puídas estavam na janela da
cozinha, a única janela que ainda tinha cortinas. O piso de madeira estava áspero e gasto e as
paredes eram cobertas de marcas e rachaduras e furos de pregos e todos os tipos de evidências
dos muitos inquilinos que viveram brevemente por lá.

Ninguém na família parecia importar-se com a aparência da casa, afinal. Não se importaram
com a anterior também, nem com a outra antes daquela. Era com a terra que seus pais estavam
mais interessados. Terra para jardins e vacas leiteiras e cabras. Terra requisitando incessante e
constante trabalho. Terra que produzia pouco mais que o necessário para a família sobreviver.
Seth não se sentou. Continuou deitado de costas, aninhado apertadamente no pequeno ônibus
com seu suéter sobre o rosto, fingindo que estava dormindo.

Ele não recuou mais da cobra de borracha do Patrick. Você pode morrer de medo tantas vezes
com o mesmo truque bobo. Nem desde o primeiro ou segundo dia no ônibus Seth sentou sobre
algo afiado ou molhado. Com experiência suficiente, você aprende a olhar onde você senta ou
pisa. (Só uma vez ele jogou-se despreocupadamente no seu assento esperando que ele o
segurasse como todo ônibus em que estivera antes desse, só para descobrir – enquanto seu
assento escorregava para trás esmagando os joelhos das meninas sentadas atrás dele, que
gritaram com raiva – que seus maliciosos colegas de ônibus trabalharam por todo o trajeto do
ônibus naquela manhã para desparafusar o assento planejando deixa-lo livre e disponível para
Seth na volta para casa no fim do dia).

De aranhas falsas a verdadeiras, de poças de água a poças de mel em seu assento, Seth agora
acreditava que ele viveu para descobrir o arsenal de truques limitado e sem imaginação desses
valentões. E essas corridas de ônibus, enquanto certamente longe de prazerosas, não mais
produziam reais emoções nele.

- Seth, sua casa está em chamas! Sério Seth, olhe!

Seth continuou deitado em seu assento, olhos fechados, sorrindo, aproveitando que por uma
vez, parecia, ele tinha algum domínio sobre as coisas. Ele podia ouvir alguma coisa nova nas
vozes deles. Eles realmente queriam alguma coisa dele que ele agora podia recusar. Talvez as
coisas estivessem mudando. Talvez seu pai estivesse certo e o tempo fez as coisas melhorarem.
- Seth! – a voz do motorista do ônibus explodiu – Levante! Sua casa está em chamas!
O coração de Seth parou. Ele não hesitou mais. Sentou-se e olhou para a encosta da colina e viu
sua casa assim como estava, completamente envolvida em chamas.

O motorista desviou para o lado da estrada e abriu a porta do ônibus. Seth ficou congelado
olhando pela janela para a fumaça ondulando para cima. A fumaça era tão densa que não dava
para ver o dano causado, e ele não via ninguém por perto.

Não havia um carro de bombeiros vindo ao resgate, nem vizinhos clamando por ajuda. Tudo ao
redor parecia como sempre esteve. As vacas continuavam a pastar, a velha cabra estava
amarrada à árvore, e as galinhas ciscavam no jardim enquanto a casa queimava.

Trixie, a mais velha e amigável dos três cães da família desceu a colina e passou por baixo do
portão para receber Seth. Ela lambeu seus dedos e então farejou seus bolsos procurando algum
agrado. Mas Seth não a notou. Ele ficou entorpecido assistindo a casa queimar.

O motorista do ônibus partiu, dizendo a Seth que ele iria pedir socorro na próxima parada, e
Seth acenou hesitante. Não havia realmente sentido em chamar socorro. Ele pode ver, conforme
o vento mudou e a fumaça saiu da frente, que a casa tinha queimado completamente até o chão.
A única coisa ainda em pé era a coluna de tijolos que foi uma lareira e sua chaminé. Seth pode
ouvir alguns cliques suaves de alguma madeira ainda queimando e algum pop, pop ocasional,
como se alguma lata de alguma coisa explodisse no cascalho.

Seth sentiu-se estranho enquanto ficou observando os pedaços de madeira que sobraram em
brasa. O que ele sentia não era tristeza – nem mesmo um grande senso de perda que se poderia
esperar numa situação dessas – apenas um estranho sentimento de vazio. Não havia nenhuma
razão para algum real senso de perda porque, na verdade, muito pouco foi realmente perdido.
Ele não estava temeroso que algum membro da família tivesse ficado preso lá dentro, pois seus
pais estavam na feira todas as terças e quartas, e seu irmão menor Samuel esteve com ele no
ônibus até descer na residência da Sra. Whitaker para trabalhar em seu jardim. E não havia
sensação de perda de posses valiosas, pois não tinham nenhuma. Tinha um livro da biblioteca
que foi retirado e não devolvido, e Seth sentiu uma ponta de culpa, pois agora não poderia mais
devolvê-lo.

Embora ele não pudesse identificar claramente para si mesmo neste traumático momento, o que
Seth estava sentindo era mais um senso de perda por não ter nada para perder. Essa experiência
extrema de má sorte não era, de modo algum, um incidente isolado na família Morris. Parecia
que as coisas sempre ficavam ruins, cedo ou tarde.

Seth sentou no toco da árvore de costas para o sol da tarde, com sua sombra alongando-se pelo
jardim até onde sua casa esteve. Ele ficou imaginando por que demorava tanto para alguém
responder ao aviso do motorista do ônibus de que a casa estava em chamas. Ele queria que seus
pais chegassem.
Sentado ali sentindo-se vazio e solitário, ele começou a relembrar a longa corrente de má-sorte
que sua família tem vivido. Em sua curta vida, sua família já morou em mais de duas dúzias de
casas, a maioria pequenas fazendas e a maioria sem os confortos da vida moderna; muitas sem
encanamento e várias sem nem mesmo eletricidade. Sua família mudava-se de fazenda para
fazenda, cultivando o que podiam, comendo qualquer coisa que pudessem cultivar ou matar, e
vendendo qualquer coisa que as pessoas nas cidades vizinhas comprassem para poder comprar
as coisas que não pudessem cultivar. Seus pais, embora jovens, pareciam velhos e ele não podia
se lembrar da última vez que qualquer um deles pareceu feliz por qualquer coisa.

Parecia para Seth que ele e seu irmão Samuel estavam sempre metidos em problemas. Seth
sempre imaginou se sua fonte primária dos seus problemas seria por eles desejarem ser felizes
num mundo que seus pais decidiram que não era feliz. Era como se seus pais estivessem
determinados a prepara-los apropriadamente para os infelizes apuros do seu futuro, e quanto
antes eles pudessem ter uma mórbida insatisfação com a vida, mais fácil seria para eles.
Nenhum sonho era encorajado, diversão era minimamente tolerada, e nada frívolo era
permitido.
Mas a toda hora as circunstâncias simplesmente pediam isso, e os meninos – que eram meninos
afinal – agiam enquanto seus pais olhavam com desaprovação.

Enquanto as cinzas fumegavam, Seth fitava inexpressivamente a fumaça relembrando a última


fazenda. Era talvez o pior lugar onde já viveram. A casa não era afinal uma casa de modo
algum, mas um velho celeiro sem janelas e uma grande porta. O chão era de madeira elevada
alguns centímetros acima da sujeira, e as rachaduras eram tão grandes que grandes roedores
não tinham problema de ir e vir por elas, e o faziam frequentemente. Em tempo, nenhum
esforço era feito para contê-los; a família cresceu acostumada a vê-los e era parte da vida.

Uma vez que a casa, ou celeiro, ou qualquer que seja o nome, era a única estrutura na
propriedade, tudo que era visto com algum valor era colocado ali dentro; mesmo sacas de ração
dos animais eram empilhadas ao longo de uma parede perto da porta grande. Um dia quando
ninguém estava em casa a mula da família literalmente derrubou a porta da frente e
alegremente devorou a farinha, melado e aveia. Ela conseguiu causar tanto dano à porta e ao
batente que a frente da estrutura estava perigosamente inclinada. Então a família mudou-se para
uma barraca até os reparos no celeiro serem feitos.

Seth lembrou de estar feliz porque estavam fora do celeiro fedido e desejando que a coisa toda
desabasse. Durante a noite, enquanto estavam dormindo na barraca ele teve seu desejo: a
construção pegou fogo, ninguém sabe como, e queimou até o chão.

Poxa, o que há conosco e com essas casas velhas se incendiando? Seth pensou enquanto estava
empoleirado no toco olhando a fumaça subindo. O vento mudou e a fumaça do cascalho em
brasa envolveu Seth, fazendo seus olhos lacrimejarem. Ele saiu da fumaça e sentou-se numa
tora sob uma grande árvore ao lado da casa e continuou a relembrar seu passado sombrio.

A barraca, mostrou-se prover um refúgio muito menos que satisfatório para a família, pois
Judy, a mula, achou muito mais fácil de derrubar o celeiro para buscar aveia. Em apenas duas
semanas ela rasgou a barraca cinco vezes e os pais de Seth estavam procurando uma nova
solução. E Judy, importante para a fazenda porque puxava o arado e a carroça, não foi morta
apesar da mãe de Seth ameaça-la várias vezes.

Assim foi que Seth e sua família acabaram morando numa caverna. Seth e seu irmão sabiam da
caverna há meses. Eles sempre iam lá para escapar das intermináveis tarefas que seus pais
inventavam. Nunca havia um tempo para a família apenas sentar improdutivamente, e apenas
ser. Isso era visto como tão inútil quanto desperdiçar farinha, sabão ou dinheiro. Mesmo a água
era usada cuidadosamente, uma vez que era guardada num barril na carroça atrás de Judy.
Nenhum desperdício era permitido. E nenhum tempo era desperdiçado.

Mas os meninos descobriram a caverna numa tarde enquanto procuravam Judy, que tinha
sumido de novo. Ficava na parte de trás da propriedade, perto do campo usado para plantar
aveia, mas não à vista do campo. Você tinha que saber que a caverna estava lá para acha-la,
pois ervas e arbustos altos cobriam completamente a entrada. Seth e Samuel mantiveram a
caverna em segredo, prometendo a si mesmos que não importasse o motivo, permaneceria
sendo seu refúgio especial. Eles sempre falavam sobre a sorte de terem descoberto um lugar tão
bom para se esconder. E mesmo que raramente fossem à caverna, e dificilmente iam juntos,
ambos sabiam que estava lá e ambos amavam saber que estava lá.

- Vocês garotos viram alguma caverna nessa terra? – rosnou o pai de Seth.

Os olhos de Seth imediatamente olharam para baixo, e ele segurou a respiração esperando que
Samuel não entregasse seu precioso segredo. Ele curvou-se e pegou um prego do chão e
brincou com ele entre os dedos como se fosse tão importante que ele não pudesse focar nas
palavras do pai e fazer essa coisa importante ao mesmo tempo.
Samuel estava quieto. Seus olhos dardejavam Seth, e Seth tentou ficar frio.

- Ed Smith disse que há uma velha caverna lá atrás nas moitas na base do penhasco – seu pai
continuou – Ele diz que tem um bom tamanho e seria um bom abrigo. Vocês viram?

Seth pensou em negar que soubessem alguma coisa sobre a caverna, pois certamente estariam
em apuros por manter esse segredo, pois certamente era evidência de que estiveram
desperdiçando tempo. (Pro outro lado, quando seu pai descobrisse a caverna, e certamente
descobriria, se eles negassem saber dela e seu pai encontrasse suas pilhas de pedras e a manta
de sela velha de Judy que misteriosamente desaparecera algumas semanas atrás e proporcionou
um confortável canto de repouso para os garotos, junto com uma variedade de revistas e
bugigangas que eles recolheram e deixaram por lá, isso seria uma grande encrenca. O tipo de
encrenca que Seth nunca contou a ninguém. O tipo de encrenca que ele nem gostaria de
pensar).

- Sim, nós vimos. – disse Seth fingindo desinteresse. – É bastante assustadora.

O corpo de Samuel balançou surpreendido por seu irmão mais velho ter entregado tão
facilmente. Ele olhou para Seth com descrédito e então olhou para o chão para que ninguém
notasse que seus olhos se enchiam de lágrimas. Agora o segredo estava revelado, e o refúgio se
fora.

- Posso mostra-la se quiser, mas não gostará dela. É escura e fedida. E quem sabe que animais
vivem lá dentro.
- Não me importo quanto assustadora seja – seu pai resmungou – Vai demorar semanas para
reconstruir a casa, e a maldita mula fica derrubando a barraca. A caverna é uma boa ideia. Será
mais quente, não tomaremos chuva e já está construída. Onde é?
- Você quer ir agora? – questionou Seth tremendo interiormente de medo. Ele precisava de
algum tempo para ir lá e esconder as evidências de quanto estavam realmente envolvidos com
essa caverna.
- Não há tempo melhor do que agora – disse seu pai, bebendo um longo gole de água do barril
com a caneca e limpando o rosto com a manga. – Vamos.

Seth e Samuel olharam-se e seguiram o pai. Eu vou morrer, pensou Seth enquanto seguia.
Sentiu os joelhos fraquejarem, e sentiu enjoar o estômago. Sua mente estava disparada. O que
estou fazendo?

Um caminhão veio derrapando até parar no portão e um fazendeiro furioso pisou pesadamente
no estribo e gritou para o pai de Seth:
- Seu maldito touro rasgou minha cerca novamente! Eu já lhe disse que vou atirar naquela coisa
maldita assim que o vir! Melhor tirá-lo da minha pastagem agora! E quero a cerca consertada
também!

Os olhos de Seth dançaram e seu coração começou a cantar. Aquele “touro maldito”, como o
vizinho chamou, tinha simplesmente salvado a sua vida!
O pai de Seth parou onde estava, resmungou qualquer coisa, e foi para o barracão de
ferramentas buscar arame farpado e ferramentas.

- vou com você – cantarolou Seth.


- Com o que você está tão contente? – grunhiu o pai.
- Nada – disse Seth – Nada.

Capítulo 2
Mudando-se novamente

Seth ouviu a batida das portas do caminhão e isso o jogou de volta ao presente. Ele olhou para
o que fora uma casa, agora apenas uma pilha de entulho. Impressionante o pouco tempo que
levou para uma casa inteira queimar até o chão.

Seth ouviu sua mãe engasgar, e então ele ouviu alguma coisa que ele não lembrava de ter
ouvido antes. Sua mãe estava chorando.
Seu pai subiu pela colina e sentou-se no tronco ao lado de Seth, e sua mãe sentou-se arrasada
no estribo do caminhão, soluçando silenciosamente, seu pequeno corpo sacudindo tanto que o
caminhão balançava em sua molas.
Uma tristeza muito profunda pesou sobre Seth. Ele realmente não se importava com a casa
velha horrorosa, mas era claro que sua mãe experimentou uma grande perda. Ela parecia tão
cansada, tão derrotada.
Seth nunca viu sua mãe assim. Ele sabia que não deveria tentar confortá-la.

- Melhor que apenas deixe estar – disse seu pai.

Por mais que Seth odiasse a teimosia e a força geniosa de sua mãe, certamente ele preferia isso
a vê-la assim. Sua mãe era sempre forte, independente de tudo.
Ele lembrou de quando voltava a pé da escola com um vizinho alguns anos atrás. Roland, seu
companheiro de caminhada era um ou dois anos mais velho e cheio de sabedoria, que Seth era
ansioso por absorver.

Um dia Roland puxou uma caixa de fósforos do seu bolso. Ele mostrou para Seth como atirar
um fósforo da forma certa, assim como uma lança, e se você conseguisse acertar em algo duro
como uma pedra do jeito certo o fósforo acenderia. Era difícil de fazer, mas era realmente
divertido.

Roland e Seth praticaram de atirar fósforos em pedras todo dia. Estavam ficando bons nisso.
Então um dia um fósforo aceso rolou para a grama seca, que pegou fogo. Aconteceu tão rápido.
Seth e Roland pisotearam as chamas, mas estava ventando e as chamas espalharam-se rápido, e
havia muitas chamas para os garotos pisotearem. O fogo alastrou-se de fazenda em fazenda,
queimando acre após acre. Seth podia lembrar dos seus pais chegando em casa depois de horas
lutando com o fogo, com sua pele e roupas cobertos de fuligem. Estavam tão exaustos que mal
podiam impelir seus corpos pra frente. Arrastados pelo chão atrás deles estavam sacos
queimados, sujos e molhados que eles usaram para apagar as chamas.
Seth jamais esqueceria o olhar em seus rostos. Desapontamento, raiva, desgosto, tudo
silenciado pela agonizante exaustão física. Seth nunca compreendeu porque permitiriam que ele
continuasse a viver depois de fazer algo tão, tão ruim, quando tantas outras infrações
relativamente menores lhe trouxeram tantas surras e punições. Mas entretanto ele era esperto o
bastante para não tentar descobrir. Ele decidiu que estava bem deixar isso como um dos
grandes mistérios do Universo.

Enquanto Seth lembrava daqueles dias mais negros, ele na verdade desejava que sua mãe
estivesse com raiva ou exausta agora, em vez de como estava. Ele aprendeu a lidar com a raiva
dela, mesmo quando era dirigida a ele, mas ele nunca a vira tão quebrada.

- Onde está Samuel? – Seth ouviu a voz de sua mãe.


Seth ficou tão feliz que sua mãe perguntou, que teve que parar pra pensar onde seu irmão
menor estava.
- Ele desceu do ônibus na residência da Sra. Whitaker. Hoje é o dia que ele corta o seu
gramado. Ela disse que o traria em casa quando terminasse o serviço se estivesse chovendo.
Quer que eu vá busca-lo?
- Não, ele estará bem. Pegue aquela escova grande e veja se pode limpar o refeitório no celeiro.
Vamos por um cobertor em cima da porta. E veja se algum daqueles lampiões velhos ainda
funcionam. Vou pegar um balde e ordenhar a cabra. Terei que ser cuidadosa com o leite. – Seth
ouviu sua mãe murmurar – Será tudo o que teremos para o jantar.

Seth sempre se impressionava como sua mãe lidava com as crises. Ela era como um velho
sargento, ditando ordens e pondo ordem nas coisas. E por enquanto Seth não se importava. As
circunstâncias de alguma foram pareciam criar um novo sentimento de clareza e Seth colocou-
se em ação, sentindo-se vivo e estimulado. Ele viu sua mãe começando a ordenhar a cabra.
“Minha mãe tem algo a mais” pensou Seth.

Reconstruir a casa não era uma possibilidade. Precisaria de muito mais recursos do que a
família Morris tinha, e além do mais a terra não era deles afinal. O dono da propriedade não
tinha um seguro da velha cabana e absolutamente não desejava reconstruí-la, então os pais de
Seth decidiram, uma vez mais, que iriam se mudar.

Capítulo 3
Quem é Salomão?

Era uma tarde quente e ensolarada na cidade montanhosa de Sara. De fato, Sara decidira mais
cedo que este seria o dia mais lindo daquele ano. E para celebrar esse dia extra lindo ela decidiu
ir para o seu local favorito em toda a cidade, seu poleiro inclinado. Ela chamou de seu poleiro
inclinado porque ninguém mais na cidade jamais pareceu ter notado sua existência. Sara não
podia vir a esse ponto sem lembrar de como passou a existir. Como os trilhos de metal no topo
da ponte da Rua Principal tinham sido dobrados sobre o rio quando um fazendeiro local perdeu
o controle do seu caminhão ao tentar evitar atropelar Harvey, um cão amigável e sempre
errante que todo dia trançava seu caminho dentro e fora do trânsito, sempre esperando que
alguém parasse ou desviasse para abri passagem para ele. E até então sempre funcionou assim.
Sara sentia-se aliviada que ninguém ficou ferido naquele dia, nem mesmo Harvey, que muitos
achavam que merecia ser atropelado. “Já ouvi falar em gatos terem nove vidas” pensou Sara,
“mas não cães”.

Ela inclinou-se ali, preguiçosamente olhando o rio fluir abaixo dela. Ela respirou
profundamente e apreciou o maravilhoso odor desse rio delicioso. Ela não podia se lembrar de
ter se sentido tão bem. “Eu amo minha vida!” disse Sara bem alto, sentindo uma exuberância
fresca e ansiando por mais.

“Bem, melhor ir andando”, disse Sara para si mesma subindo de volta do seu poleiro e pegando
sua mochila e sua jaqueta que ela havia deixado na ponte. Ela ainda estava na ponte quando o
caminhão sobrecarregado, inclinado e sacolejante da família Morris passou por ela. Não foi o
barulho do motor desajustado, nem os engradados de galinhas amarrados ao teto, nem a cabra
balançando na traseira do caminhão que chamou a atenção de Sara, mas o olhar interessado e
intenso do garoto montado ali atrás. Seus olhos travaram nos de Sara e por um instante
sentiram como se tivesses encontrado um velho amigo. Então o caminhão foi barulhentamente
pela estrada. Sara então jogou a mochila sobre os ombros e correu pela estrada até a
encruzilhada, procurando ver onde o caminhão ia. “Parece que vai para o velho sítio Thacker”,
ela pensou. Hummm...

Sara apertou o passo enquanto tomava o caminho para a casa dos Thacker. Ela estava
intensamente curiosa sobre o que ela encontraria.
Sara ouviu que a velha avó Thacker morrera, mas não deu muita importância ao que
aconteceria com sua velha casa. Seu marido morrera antes mesmo de Sara nascer, e lhe parecia
que a Sra. Thacker acenara “Olá” para Sara a vida toda. Sara nunca conheceu seus filhos, pois
todos já eram crescidos e tinham partido antes de Sara ter idade para caminhar pela cidade por
conta própria. Ao longo dos anos, Sara aprendeu os padrões da vida dessa senhora
independente e agora que ela partiu, sentia um vazio.

Sara ouviu alguém conversando na farmácia sobre a avó Thacker. (Todos na cidade chamavam-
na assim). “Seus malditos filhos nem se importaram em vir para o funeral”, ela ouviu o
farmacêutico reclamar. “Aposto que virão rapidinho para pegar algum dinheiro que ela tenha
deixado. Espera pra ver”.

Enquanto andava, Sara ia sentindo-se mal e pior. E ela sabia bem porque.
- Salomão, eu não queria ninguém se mudando para a casa da avó Thacker – ela reclamou. –
Salomão, pode me ouvir?

- Quem é Salomão? Com quem você está falando? – Sara ouviu a voz de um garoto atrás dela.

Ela virou-se, surpresa por ter sido ouvida. Tinha certeza que seu rosto estava ficando vermelho.
“De onde será que ele surgiu?” ela pensou, com a mente atrapalhada. Sara não podia crer que
isso aconteceu. Pela primeira vez ela foi pega falando com Salomão.

Sara não estava disposta a responder. Ela nunca tinha contado sobre Salomão para ninguém, e
certamente não estava a fim de contar para alguém totalmente estranho este segredo tão
importante.

Era uma história incrível. Ela nem sabia como faria alguém acreditar que ela encontrou uma
coruja, no ano passado na trilha Thacker; a coruja podia falar, e se chamava Salomão. E que
mesmo depois que seu irmão menor Jason e seu amigo Billy atiraram e mataram Salomão ela
ainda era capaz de conversar com ele. Sara sabia que ninguém acreditaria que ela podia ouvir a
voz de Salomão dentro da sua cabeça.

Houve tempos em que Sara desejou ter alguém para compartilhar essa experiência
extraordinária, mas achou muito arriscado. Se não compreendessem, poderiam arruinar as
coisas. E Sara gostava das coisas do jeito que eram com Salomão. Ela gostava de ter um amigo
especial só para ela – um amigo sábio e maravilhoso que tinha resposta para tudo que ela podia
perguntar – um professor que sempre pareceu surgir na hora certa para ajudar a esclarecer
alguma coisa que Sara estava tentando compreender.

- Não fique envergonhada. Eu falo sozinho o tempo todo também – disse Seth. – Dizem que
não há motivo para se preocupar a menos que você comece a responder para si também.
- É, acho que sim – Sara gaguejou, ainda enrubescida e envergonhada e parecendo triste. Ela
respirou fundo e levantou os olhos. E lá estavam aqueles olhos novamente, olhos familiares
como os de um velho amigo.
- Eu sou Seth. Eu acho que nós vamos morar aqui, ou melhor, logo ali – ele disse apontando na
direção da velha casa da avó Thacker.
- Eu sou Sara. Moro depois do rio, um tanto abaixo da estrada – a voz de Sara tremia enquanto
falava. Isso realmente a deixou desequilibrada.
- Meu pai mandou eu ver se a água do afluente é limpa e a que distância está. Acho melhor eu
voltar.

Sara estava aliviada. Tudo o que ela queria era fugir, tão longe quanto possível, desse estranho
garoto novo que não estava na cidade nem por uma hora e já tinha conseguido se intrometer no
segredo mais importante de toda sua vida.

Capítulo 4
Tudo está bem

- Sara! – Seth chamou.


Sara continuou, virando-se e andando de costas para ver quem era.
- Ei, como vai? – perguntou.

Ela parou e esperou que Seth a alcançasse, mudando a mochila de um ombro para o outro. Ela
sentiu uma estranha mistura de emoções. Parte dela estava sinceramente atraída por Seth,
embora ela não soubesse porque; ela mal o conhecera e realmente não sabia nada sobre ele.
Outra parte dela só queria que ele fosse embora – pra fora da casa da avó Thacker, fora da trilha
Thacker, e fora de saber qualquer coisa sobre Salomão.

Seth correu para alcança-la, e quando chegou até ela ele tirou sua jaqueta e jogou-a sobre o
ombro. Sara sentiu-se tensa, fortalecendo-se para a próxima pergunta inevitável “Quem é
Salomão”?

- Carrego isso pra você se quiser – disse Seth educadamente.


Sara gaguejou por um instante. Ela estava tão certa que ele perguntaria sobre Salomão que ela
não tinha certeza do que tinha ouvido.

- O quê?
- Eu me ofereci para carregar a sua mochila.
- Ah não, obrigada. Eu levo – Sara respirou fundo e relaxou um pouco.
- Mora aqui há muito tempo?
- Sim, a vida toda.
- A vida toda? Mesmo? Isso é incrível!
Sara não estava certa se era incrível no bom ou mau sentido.
- Por que você está tão surpreso? – perguntou Sara. – Muitas das pessoas que moram aqui
sempre moravam aqui.

Seth estava quieto. Ele estava pensando sobre em quantos lugares diferentes sua família morou
em sua curta vida. Ele mal podia imaginar o que seria morar num mesmo lugar pela vida toda.
Ele gostaria dessa estabilidade. Ele sequer viveu um mesmo lugar por um ano escolar inteiro.
Ele não podia se imaginar estando em uma sala de aula com os mesmo colegas ano após ano.

- Deve ser legal ter tantos amigos – disse Seth


- Bem, não são realmente agimos – suspirou Sara. – Só porque conheço seus nomes isso não
faz deles meus amigos. De onde você é?
Seth riu zombeteiramente.
- De onde? De lugar nenhum!
- Ora, vamos! – provocou Sara. – Você tem que ter vindo de algum lugar! Onde você morava
antes de vir para cá?
- Arkansas. Mas não moramos lá por muito tempo. Nunca moramos num lugar por muito
tempo.
- Deve ser divertido – disse Sara, pensando em quanto completamente já tinha explorado sua
pequena cidade montanhosa. – Eu adoraria morar em diversos lugares. Este lugar é tão
pequeno, e há tanta coisa no munda para ver.

Seth gostou que Sara estivesse interessada em sua vida instável. Sara acalmou-se também
porque Seth não estava perguntando sobre Salomão.
Eles pararam no meio do cruzamento. Essa era a esquina onde Seth dobrava para ir para sua
casa e Sara seguia reto outro quarteirão até a sua.

- Eu gostaria de ouvir sobre alguns dos lugares onde você morou.


- É... – disse Seth hesitante. Ele realmente não gostaria de contar para Sara sobre nenhum deles.
Ele não gostava muito disso. – Talvez você possa mostrar-me os arredores daqui. Tenho certeza
que há coisas legais para ver.
- Certamente – Sara respondeu apesar de estar certa de que tinha muito pouca coisa nesta
pequena cidade para mostrar para Seth. Ele morou em tantos lugares diferentes. “É, vamos
caminhar por uma hora e lhe mostrarei todos os lugares que conheço” – pensou Sara
sarcasticamente.
- Até mais! – disse Seth enquanto dobrava a esquina.
- Até! – disse Sara.

- Olá, Sara! – Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça. Ela olhou rapidamente pra Seth. Ela
estava tão acostumada a ouvir a voz de Salomão que por um breve instante pensou que Seth
tinha ouvido também.
Naquele momento Seth estava olhando para Sara, e Sara fez um tímido meio aceno; e Seth
também.
- Ah não... De novo, não... – sussurrou Sara. Como Seth continuava entrando no meio das suas
conversas com Salomão?
Sara não acreditava realmente que Seth tivesse ouvido a voz de Salomão, pois ninguém mais
podia escutar essa voz, mas o conjunto das circunstâncias e o momento da chamada de
Salomão deixaram-na confusa.
Sara queria estar certa que Seth já tinha ido embora, então esperou até que ele dobrasse outra
esquina e ficasse fora de vista.

- Oi Salomão.
- Vejo que você conheceu Seth.
- Você conhece Seth? – falou Sara, e então sorriu lembrando que Salomão sabia de tudo.
- Ah sim, Sara, conheço há um bom tempo. Fiquei satisfeito com o encontro de vocês mesmo
antes desse encontro realmente acontecer.
- Você sabia que nos encontraríamos?
- As experiências de vida de Seth provocaram muitos questionamentos intensamente
focalizados. Pude senti-lo encaminhando-se à minha experiência e então, claro, é lógico que
também se encaminharia para a sua experiência, Sara. Somos todos aves da mesma plumagem,
você sabe.
- É verdade Salomão? Seth é como eu e como você?
- Sem dúvida é, Sara. Um buscador intenso, um alavancador nato, e um verdadeiro mestre.

Sara sentiu uma ponta de desconforto. Ela adorava sua relação com Salomão. Ela não estava
certa de que queria compartilhar isso com esse novo garoto estranho.

- Tudo está bem, Sara. Tudo está muito bem. Todos nós teremos tempos maravilhosos juntos.
- Bem, se você diz, Salomão.

Sara pode ver seu irmão menor Jason correndo para alcança-la, mas ela já tinha tido o bastante
de pessoas ouvindo suas conversas com Salomão.
- Obrigada, Salomão. Nos falamos depois.
Salomão sorriu. Sara estava crescendo tão rápido.

Capítulo 5
Seth encontrou a trilha de Thacker

- Ei Sara, o que está fazendo?

Sara levantou os olhos do seu livro e sorriu enquanto Seth deslizava para a cadeira ao lado dela
na pouco usada biblioteca do andar de cima da escola. A bibliotecária lançou um olhar sério
desejando calar esses dois que conversavam abertamente na biblioteca.

- Ah, nada de mais – sussurrou Sara.


Não querendo que Seth se envolvesse com sua revista, Sara fechou o livro rapidamente. Uma
das coisas que Sara mais amava na escola era montar uma revista sobre algum tema especial
para uma das suas aulas. Apesar de não ser realmente uma boa artista, ela adorava selecionar
artigos, imagens e qualquer outra coisa associada ao assunto e arrumá-los caprichosamente nas
páginas para a sua aula. Suas revistas eram frequentemente classificadas como excelentes pelos
seus professores, e eram quase sempre igualmente desprezadas por seus colegas. Ela sabia que
normalmente era deixada de lado, mas a aprovação dos professores de alguma forma
compensava a desaprovação dos colegas, então alegremente Sara continuava com as revistas.

Essa revista era sobre folhas. Sara recolheu centenas de folhas de árvores e arbustos e de flores
de jardim, e agora estava fazendo o melhor que podia para identifica-las. Ela tinha livros sobre
folhas espalhadas por toda a mesa, mas tinha identificado apenas uma fração delas. Ela estava
surpresa com quão pouco ela realmente sabia sobre as coisas que estavam ao seu redor, e
estavam lá por toda a sua vida. Há tanto para aprender!

- Você gosta de folhas? – perguntou Seth vendo os livros abertos à frente de Sara.
- Sim, eu acho – respondeu Sara fingindo tédio. – Na verdade eu estava apenas tentando
descobrir que tipos de folhas eu recolhi. É para uma aula. Não sou muito boa nisso.
- Eu sei sobre folhas – ofereceu-se Seth. – Ao menos eu seu sobre as folhas de onde eu morava.
Elas são diferentes aqui, mas algumas são iguais. Posso acompanha-la e mostrar as folhas que
eu conheço. Se você quiser, claro.

Na verdade Sara não gostou da ideia de alguém se envolvendo em um dos seus projetos. Isso
não tinha funcionado direito pra ela no passado. Sara sempre se descrevia como “tudo ou
nada”, significando que ela se virava muito bem sozinha quando estava envolvida em um
projeto, ou se o projeto não lhe interessava, ela nem o tocaria. E raramente alguém
compartilhava com ela o entusiasmo exagerado – ou a absoluta falta de entusiasmo – por algum
assunto. E quase sempre sentimentos eram feridos.

- Ah, não sei... – Sara hesitou. – Provavelmente eu me vire melhor sozinha.


- Ok, entendo – disse Seth. – Mas se mudar de ideia é só dizer. Certamente é muito mais fácil
de achar em um livro algo que você tem ideia de como se chama, e eu sei o nome de muitas
árvores e arbustos e coisas assim. Meu avô conhece tudo sobre isso. Ele faz remédios com isso
e também come. Ele costuma dizer que tudo o que você pode precisar cresce aí fora onde
qualquer um pode encontrar, mas ninguém nem sabe que existe.

Seth deu um bom argumento. Sara usou a maior parte do seu horário de almoço olhando livro
após livro até encontrar uma foto de uma grande folha vermelha que ela tinha colocado em sua
revista. Seth poderia economizar lhe muito tempo, e ele lhe pareceu simpático o bastante, nem
muito intrometido nem nada assim.

- Bem, está bem então. Pode ser hoje depois da escola?


- Ok, - disse Seth – Eu encontro você no mastro da bandeira. Encontrei um lugar legal no fim
de semana passado, não muito longe daqui, depois da nascente, não muito longe da travessia
das árvores. É uma trilha legal, cheia de grandes árvores antigas e arbustos. Iremos lá.
A Sra. Horton estava carrancuda. Já era bastante que Seth e Sara estivessem conversando alto,
mas agora Seth estava falando alto pela sala toda.
A porta bateu e o corpo de Sara pulou ao perceber que Seth estava falando sobre a trilha
Thacker. Seth encontrou a trilha Thacker!

Capítulo 6
Voltando à vida?

Sara esperou perto do mastro da bandeira.


- Não posso acreditar que concordei em fazer isso. – Sara resmungou. – Quer dizer, a trilha
Thacker é o meu lugar secreto... Acho que eu sabia que ele iria encontra-la cedo ou tarde. Só
que achei que seria mais tarde.

Ela olhou para seu relógio e disse para si: “Onde está ele?” Então ela notou um pedaço de papel
dobrado colado na base do mastro com “Sara” escrito em letras miúdas. Ela abriu e leu o
bilhete: “Sara, encontre-me na nossa esquina. Tenho algo legal para mostrar-lhe. É uma trilha
na selva coberta de folhas. Até mais”.

Sara sentiu uma mistura de emoções estranhas. Ela realmente já tinha começado a gostar de
Seth. E ela gostou da ideia de alguém que já tinha morado em tantos lugares acharia algo que
lhe interessasse nessa pequena cidade montanhosa que Sara conhecia por toda a vida. Mas a
ideia de ele descobrir seu lugar secreto especial tão cedo não pareceu boa para Sara.

Quando Sara chegou na esquina em que Seth sempre virava para ir para a casa dele, ela viu
uma pedra bem no meio do cruzamento com outro pedaço de papel balançando ao vento. “Mas
que coisa”! Sara riu. “Esse garoto é muito estranho”.

O bilhete dizia: “Vire à direita, atravesse a ponte, passe pela minha casa e então imediatamente
à esquerda. Há uma trilha difícil de ver, mas está lá. Siga-a. Eu a encontrarei lá”.

Bem, não havia dúvida agora. Seth encontrou a trilha Thcker.

- Bem, claro que encontrou. Como não poderia? Ele praticamente mora nela! – Sara
resmungou, sentindo-se ressentida que o inevitável acontecera.

Sara embolou o bilhete e pôs no bolso: “Como se seu precisasse de orientação para encontrar a
minha trilha”! disse alto. Ela cruzou a ponte e passou pela casa de Seth e desceu para a sua
amada e oh tão familiar trilha Thacker.

Enquanto andava, as lembranças dessa trilha começaram a passar pela sua mente de forma tão
clara como se ela estivesse assistindo um filme. Ela lembrou de sua relutante jornada até lá pela
insistência do seu irmão menor Jason, que pareceu impelido de uma forma que Sara nunca
tinha visto, e como ele insistiu que ali havia uma coruja gigante chamada Salomão escondida
em algum lugar da floresta. Ela lembrou que procuraram em vão, e de como ficou desapontada
por não encontrar nenhuma coruja, mas ela nunca admitiria seu desapontamento para seu
desagradável irmãozinho.

Enquanto Sara seguia pelo longo caminho escuro, ela começou a relaxar com a quietude e paz
da trilha. Então ela abriu um grande sorriso quando ela fez uma curva e viu o poste da cerca
onde Salomão estava pousado naquele dia. Seus olhos encheram de lágrimas enquanto ela
lembrava dessa grande, doce, amável, e tão sábia coruja pousada ali aguardando por ela.

- Estranho – pensou Sara. – Salomão ainda é uma parte da minha vida. Quer dizer, ainda nos
comunicamos todos os dias. Mas ainda sinto falta de ver seu lindo corpo e de olhar em seus
maravilhosos olhos.

Sara sentiu-se um pouco envergonhada que ainda sentisse falta da forma física de Salomão. Ela
compreendeu o que Salomão quis dizer quando explicou que “não existe morte”, e ela
certamente sabia que seu relacionamento continuaria. E na maioria dos dias Sara nunca sequer
pensou no velho Salomão e ela absolutamente apreciava seu Salomão de agora. Mas estar ali,
onde se encontraram pela primeira vez, apenas a alguns passos de onde Billy e Jason atiraram
nele estava pondo Sara fora do seu equilíbrio, e ela estava com saudade do seu velho amigo
emplumado físico.

Com o canto dos olhos, Sara notou algo movendo-se nas folhas e seu coração pulou para a
garganta quando percebeu que o movimento estava bem onde Salomão havia morrido, Por um
instante Sara pensou “Talvez ele tenha decidido voltar à vida”.

- Mas o que é isso? – Sara esticou os olhos tentando descobrir o que estava se movendo entre as
folhas nas sombras do matagal.

Quando Sara chegou mais perto, ela engasgou e deu um salto para trás. Ali, deitado nas folhas
no mesmo local onde Salomão morreu estava Seth. Meio encoberto de folhas, com os olhos
fechados e a língua pendendo do lado da boca.

Sara não podia falar. Ela apenas ficou ali paralisada.

- Ss... sss... Seth – ela gaguejou. – Você está bem?

Ela sabia que ele não podia estar bem. Ele parecia terrível. Sara fitava-o parada; e mordeu seu
lábio tão forte que sangrou e lágrimas rolaram em seu rosto.

- Caramba Sara, não leve tão a sério. Eu só estava brincando – disse Seth com sarcasmo
enquanto levantava e sacudia as folhas dos cabelos.
- Eu te odeio! – Sara explodiu virando-se e correndo pra longe de Seth e do matagal. – Como
pode fazer isso comigo? – Ela chorou enquanto corria o mais rápido que podia.

Seth estava aturdido. Ele não tinha ideia que Sara reagiria daquele jeito. Ele não tinha ideia
porque se sentiu compelido a deitar no chão, meio cobrindo seu corpo com folhas, fingindo
estar morto ou seriamente ferido. A ideia simplesmente surgiu do nada. Uma péssima ideia,
percebeu.

- Sara, espere, qual é o problema? – Seth chamou. – Ei, não pode aceitar uma brincadeira? Ei,
não quer procurar folhas?
Sara não respondeu.

Capítulo 7
Um alavancador nato

O dia pareceu muito longo na escola.


Sara sabia que Seth estava correndo para alcança-la, mas ela decidiu não parar para esperar por
ele. Ela ainda estava furiosa com ele pela traquinagem de ontem, e ela não iria ceder tão
facilmente. Na verdade, estava decidida a nunca mais falar com ele.

Seth não compreendia porque o que lhe parecia ser uma traquinagem inocente e até divertida
tinha afetado Sara tão negativamente. Ele não tinha como saber que o lugar que ele escolheu
era exatamente onde o amado Salomão de Sara tinha morrido.

Seth alcançou Sara.


- Ei... – disse Seth suavemente.

Sara não respondeu.


Eles caminharam sem dizer nada. Seth pensou em muitas coisas que poderia dizer, mas ao
ensaiá-las em sua mente todas pareceram erradas.

Jason, o irmão menor de Sara, e seu amigo Billy corriam em suas bicicletas.
- Sara tem namorado! Sara tem namorado! – eles gozaram em uníssono quando passaram.
- Calem-se! – Sara gritou.

Um gato disparou da calçada bem em frente de Sara e Seth. O gato assustou Seth e ele deu um
pequeno salto engraçado no ar. Sara conseguiu conter sua risada, mas não pode conter seu largo
sorriso. Isso quebrou a tensão gelada.

- Aquele gato lembrou um que eu tive – disse Seth.

Sara olhou o gato desaparecer nos arbustos. Ela tinha tentado pegar aquele gato muitas vezes,
mas nunca conseguiu. Ele era selvagem, tinhoso e rápido.

- Ah, é? – Sara disse, esforçando-se para permanecer brava com Seth.


- Nós o chamávamos Cavalete – disse Seth, esperando conseguir algum tipo de resposta de
Sara.
Funcionou.
- Cavalete? – Sara perguntou e riu ao mesmo tempo. – Que nome estranho.
- Bem, - Seth disse olhando para baixo com expressão triste – Ele tinha só três pernas.

Sara desandou a gargalhar. Não era legal rir de um pobre gato aleijado, mas a combinação de
um gato com três pés com o nome de três pés era demais para Sara se conter.
Seth estava satisfeito que Sara estivesse conversando com ele novamente.

- O que houve com a perna do Cavalete? – perguntou Sara.


- Nunca descobrimos. Provavelmente foi preso numa armadilha ou coisa assim. Talvez uma
cobra.

Sara estremeceu.

- É, e nós tivemos um gato com duas pernas uma vez também – disse Seth com grande
seriedade. – Nós o chamávamos Roo, você sabe, apelido de canguru.
Sara riu, imaginando um gato saltando por aí em suas pernas traseiras, mas ela começou a
suspeitar que Seth estava inventando isso. Que coisa estranha essa de ter gato com três pernas e
outro com duas?
- Caramba, sua família é azarada com gatos!
- É, - disse Seth, muito seriamente. – Uma vez tivemos um gato com uma só perna também.
- Ah, tá – Sara zombou. Agora ela tinha certeza que Seth estava inventando aquilo. – E como
chamavam o gato? Pula-pula?
- Não, chamávamos Ciclope. Ele só tinha um olho também.

Sara desandou a rir. Era muito melhor divertir-se com Seth do que ficar brava com ele.

Eles chegaram à esquina onde Seth virava para sua casa. Seth sorriu sentindo-se feliz por ter
conseguido fazer Sara rir e brincar com ela de novo. E Sara prosseguiu pela estrada até sua
casa. Ela riu e riu e riu. Ela não tinha certeza se Seth tinha uma estranha habilidade para
transformar tragédia em comédia ou se ele era apenas a pessoa mais divertida que ela já
encontrara. Em qualquer caso, Sara não se lembrava de ter rido tanto. “Provavelmente ele
nunca nem teve gato”. Sara sorriu.

- Ei Sara, aquele era seu irmão mais novo, na bicicleta? – Seth gritou para ela.
- Sim, era ele – Sara gritou de volta. – Eu sabia que você o encontraria cedo ou tarde. Só queria
que fosse tarde, muito mais tarde.
- Ei Seth – Sara chamou bem alto, incerta se Seth estava muito longe para ouví-la.
Seth voltou, sorrindo, e parou.
- Pensei que gatos tinham nove vidas.
- Ah, nó não os matamos, só mutilamos eles – Seth retornou. – E eu acho que são umas 14
vidas, mas eu perdi a conta com alguns deles.

Sara riu de novo.


- Acho que vale para as pessoas também – Seth gritou.
Sara prosseguiu pela estrada. Ela não sabia o que fazer com Seth. Sua vida parecia misteriosa e
de alguma forma trágica, mas ele era muito interessante. E ele era divertido. Ele inventava para
ser divertido, ou ele fazia ser divertido para deixar de ser trágico? E o que era aquilo sobre 14
vidas? Estava brincando sobre aquilo também?

“Somos todos aves da mesma plumagem, você sabe”. Sara lembrou as palavras de Salomão:
“Seth é um buscador intenso, um alavancador nato e um verdadeiro mestre”.
Sara sorriu. “Isso vai ser interessante” ela disse alto.

Capítulo 8
Salomão espreita

Sara sentou na varanda da frente curtindo estar sozinha em casa. Seus pais estavam
trabalhando, e seu irmão mais novo quase sempre achava alguma coisa para fazer depois da
escola. Ela encostou-se na coluna e pensou em Salomão.

- Ei, Salomão, sentiu minha falta?


- Não Sara, de modo algum – Sara ouviu a voz de Salomão responder-lhe.

Sara riu. Ela e Salomão tinham trocado essas palavras muitas vezes. A primeira vez que
Salomão respondeu dessa forma, Sara sentiu-se surpresa e mesmo ferida. “O que você quer
dizer com não sentiu minha falta de modo algum”? ela perguntara.

Salomão explicou então que ele sempre estava ciente de Sara, mesmo se ela não estivesse
pensando nele ou conversando com ele, ele estava sempre completamente ciente de Sara.
Portanto não havia razão para sentir sua falta pois ela nunca estava ausente de sua consciência.
Sara gostou daquilo.

A princípio parecia estranho alguém ter consciência dela o tempo todo. Ela não gostou muito
da ideia de, não importasse onde ela estava ou o que estivesse fazendo, Salomão estaria
espreitando. Mas com o tempo, uma vez que Sara conheceu Salomão melhor, ela descobriu que
não se importava com ele espreitando sua vida de modo algum, pois Salomão sempre parecia
satisfeito com o que via. Ele nunca censurou Sara por um comportamento inapropriado, ele
nunca pareceu insatisfeito com algo que ela tivesse feito. Pelo contrário, Salomão continuava a
oferecer seu amor incondicional e guiava Sara apenas quando ela lhe pedia orientação.

- Como você tem passado? – cutucou Sara, sabendo muito bem o que Salomão responderia,
mas querendo ouvir de qualquer forma pois sempre sentia-se bem.
- Estou esplêndido, Sara, e vejo que você também.
- É! – respondeu Sara alegremente. Ela não podia se lembrar de estar mais feliz.
- Eu tenho reparado que você e seu novo amigo Seth tem passado momentos maravilhosos
juntos. Isso é muito bom.
- Temos sim, Salomão. Nunca me diverti tanto com alguém. Ele não é como ninguém que
conheci antes. Ele é sério, mas divertido, ele é muito esperto, mas bobo e brincalhão, e ele tem
realmente uma vida dura em casa, mas ele é leve e agradável quando está comigo. Não consigo
entende-lo.
- Ele é um desses raros humanos que aprenderam a viver no presente. Em vez de levar adiante a
sensação de algo que aconteceu antes, ele está se permitindo responder com a clareza do seu
momento junto com você. Ele também gosta de estar com você, Sara.
- Ele lhe disse isso? – Então Sara riu, imediatamente percebendo que Salomão não precisava de
conversar com ninguém para saber seus pensamentos. Ele sempre sabia o que as pessoas
estavam pensando e sentindo.
- Seth deseja mais que algo para sentir-se bem, então estar com você parece perfeito para ele.
Você desperta o melhor dele, Sara.
- Sim, é o que quero fazer. Mas eu não estou tentando fazer isso, Salomão. Simplesmente
acontece. Acho que ele desperta o melhor de mim.
- Bem, fico muito satisfeito que vocês dois estejam tendo momentos maravilhosos juntos. É
sempre bom encontrar alguém que também queira sentir-se bem. Quando duas pessoas estão
juntas e ambas tem o mesmo desejo de sentir-se bem, grandes coisas acontecem a partir disso.
Vocês dois são alavancadores, Sara, e nada satisfaz mais um alavancador que ajudar outro a
sentir-se melhor. Isso é alavancagem. Vocês terão momentos maravilhosos, Sara. Tenho
certeza disso.

Capítulo 9
Gerônimooooooooooooo....... Plaft!

O último sinal tocou há quase quinze minutos, e Sara aguardava ao lado do mastro na frente da
escola. Ela via as grandes portas abrirem e baterem à medida que cada estudante saía do prédio.
Ela prometeu esperar por Seth, ele disse que tinha algo para lhe mostrar que ele tinha certeza de
que ela realmente ia gostar. Ela olhou para o relógio, imaginando se de alguma forma ela não
tinha entendido os planos de se encontrarem, e então, uma vez mais, as portas se abriram e ali
estava Seth. Até que enfim!

- Desculpe, Sara. Cometi o erro de dizer alô para a Srta. Ralph e ela pediu se eu podia ajuda-la
a carregar o carro. Disse que ajudaria, mas não fazia ideia que o carro estava estacionado a um
quilômetro e meio daqui, e nem tinha ideia de que ela tinha 47 caixas de coisas para levar. Eu
sabia assim que disse o alô que tinha cometido um grande erro, mas não pude voltar atrás.

Sara riu. Ela mesma já havia feito um monte dessas viagens até o carro da Srta. Ralph. Ela era a
diretora de arte da escola e parecia que ela carregava metade de suas posses de casa para a
escola e então de volta para casa todo dia.

- Eu nunca ando perto da sala dela – disse Sara. – Costumava passar, mas agora fico longe – ela
riu de novo.
- Eu achei o corredor estranhamente vazio – disse Seth. – Acho que todos menos eu sabiam que
ela estava espreitando à procura de uma ajudante.
Sara realmente não se importava em ajudar a Srta. Ralph. Sara nunca teve aulas com ela, mas
ela estava realmente bastante impressionada que essa professora tão nova desejasse trabalhar
tanto para oferecer um bom programa de artes.

- Não me importo de ajuda-la – disse Seth. – Com certeza ela trabalha duro.

Sara sorriu. Era como se ele tivesse lido seus pensamentos.

- Só não achei que fosse demorar tanto, e eu não queria deixa-la esperando. Pronta?
- Sim – disse Sara. – O que é?
- É uma surpresa.
- Conte logo! – disparou Sara.
Seth riu.
- Não, você tem que ver isso. Não é longe da trilha Thacker.

Sara sentiu uma ponta de desconforto novamente. Ninguém mais, pelo que Sara sabia, passava
algum tempo na trilha Thacker ou perto dela. E isso era adequado para Sara, ela gostava de ter
aquilo tudo só para ela.
Eles caminharam pela estrada e então saíram para a trilha Thacker.

- Sabe, - disse Seth – Devíamos achar outro caminho para aqui. Não queremos esse caminho
ficando tão óbvio.
Sara sorriu. “Ele lê minha mente”. Pensou.

Sara seguiu atrás de Seth pelo caminho estreito. Ele segurava os ramos para que não batessem
no rosto dela, e ocasionalmente sacudia a mão acima da cabeça para tirar alguma teia de aranha
do caminho.

- Ei, isso é demais! – disse Sara.


- O quê?
- Seguir você. O jeito que as teias de aranhas acabam no seu cabelo, não no meu.
Seth riu, tirando uma teia de aranha do rosto.
- Quer ir na frente? – ele provocou.
- Não obrigada. Você está indo bem.

Eles chegaram à primeira de várias bifurcações da trilha e Seth seguiu em direção ao rio. Sara
seguiu de perto animadamente.
A trilha tornou-se inexistente, e Seth e Sara pisaram numa grama seca e profunda. E justo
quando Sara estava prestes a parar para tirar os carrapichos das suas meias eles chegaram à
saída para a margem do rio.

- Oh, esse é um ótimo local – disse Sara – Tinha esquecido como o rio é bonito aqui. Não
venho aqui faz muito tempo.
- Ok, aqui está! – disse Seth, orgulhoso.
- Aqui está o quê? – Sara perguntou olhando ao redor procurando algo diferente.
- Aqui atrás – disse Seth, guiando sara até atrás de uma árvore. Sara olhou para a gigantesca
árvore.
- Uau! Você fez isso?
- Sim, você gostou? – perguntou Seth.
- Isso é incrível! – Sara mal podia acreditar no que estava vendo. Seth tinha pregado tábuas a
cada 20 centímetros desde a base até a copa da árvore. Eram longas o bastante para
estenderem-se além da largura do tronco. Não eram apenas excelentes degraus, mas enquanto
você estava pisando num deles, podai usar outro acima para segurar com as mãos

- Esta é a melhor escada de árvore que eu já vi.


- Eu lixei muito bem para não entrarem farpas nas suas mãos – Seth disse orgulhosamente.
- Isso é demais! Vamos subir!

Seth pisou na primeira tábua e alcançou a segunda para subir. Ele subiu facilmente, pra cima,
pra cima, pra cma...
Sara deu uma risadinha de prazer. Ela amava subir em árvores e mal podia acreditar que Seth
tinha tornado tão incrivelmente fácil subir nesta grande árvore.
Eles subiram bem alto na árvore.

- Eu amo isso! – Sara disse. – O mundo todo parece diferente daqui de cima, não acha?

Seth concordou enquanto se apoiava em um galho indo na direção do rio. Sara notou quanto
seguro de si ele parecia estar, apesar do rio estar muito baixo. Sara não podia ver o que ele
estava fazendo porque o que quer que fosse, seu corpo escondia. Então ela viu uma longa e
pesada corda descer do galho até quase a água.

- Não creio nisso! – Sara gritou em êxtase.


- Quer tentar? – Seth mal podia se conter.
- Pode apostar!
- Como é seu equilíbrio? – Seth perguntou.
- Muito bom, acho. Por quê?
- Porque agora nós temos que chegar até ali!

Sara olhou para onde Seth estava apontando.

- Uma casa na árvore! Seth, você construiu uma casa na árvore!


- Essa é nossa plataforma de lançamento – disse Seth, cuidadosamente rastejando com suas
mãos e joelhos até um grande galho. Ele rastejou bastante e então levantou.

Sara ajoelhou-se e então cuidadosamente rastejou até a casa da árvore. “Espero que seja grande
o bastante para os dois”. Ela pensou. Mas quando chegou e se levantou, ficou agradavelmente
surpresa com quanto era grande. Seth tinha feito até parapeitos para segurança e suporte, e dois
pequenos bancos para se sentarem.
Sara assistiu com prazer enquanto Seth demonstrava como aquilo funcionava. Tinha um
barbante amarrado num prego. Ele desamarrou do prego e então começou a enrolar em torno de
uma vara que estava presa na casca.

- Você pensou em tudo! – disse Sara deliciando-se.

Seth tinha amarrado o barbante na ponta da pesada corda que estava balançando sobre a água
abaixo. À medida que ele enrolava o barbante na vara, ele puxava a grande corda para cima da
árvore, bem onde estavam. Na ponta da corda Seth fez um laço. E Sara observou enquanto Seth
sentou em um dos bancos e pôs seu pé no laço. Havia três nós na corda acima do laço. Seth
agarrou o nó de cima e disse:

- Ok, deseje-me sorte.


- Tenha cuidado... – Sara começou, mas antes que pudesse terminar a frase Seth saltou da
plataforma. Ele balançou na direção do rio, gritando “Gerônimoooo....” enquanto voava. Sara
perdeu o fôlego só de ver. Ele balançou para frente e para trás, diminuindo a distância
percorrida a cada passagem.

- Agora é a parte complicada – gritou Seth. – Você tem que saltar antes que a corda pare de
balançar, senão terá que sair do rio.

Sara viu enquanto ele lutou para livrar seu pé do laço, travando seus joelhos em torno do nó
mais baixo da corda. E quando ele balançou para perto da margem do rio ele saltou da corda e
caiu sobre uma pilha de folhas.

- Ai... – Sara ouviu sua voz abafada. – Essa parte ainda precisa de aperfeiçoamento.
Sara riu, satisfeita com tudo o que viu.
- Ok, é a minha vez. – Sara disse excitadamente, enquanto Seth subia novamente na árvore.
- Não sei, Sara. A aterrissagem é um tanto dura. Talvez você deva esperar até que eu ache...
- Negativo, eu vou. Se você pode fazer isso, eu também posso. – De jeito algum Sara deixaria
de balançar sobre o rio.

Sara esperou excitada enquanto observava Seth subindo na árvore. “Ele é um garoto esperto”
pensou Sara enquanto percebia que Seth trazia com ele a ponta do barbante de volta para a
árvore para que pudesse novamente puxar a grande corda para a plataforma.
Sara sentou no banco e Seth segurou a corda pesada para que Sara pudesse por seu pé no laço.

- Eu fiz esse nó para você, Sara – disse Seth, apontando para o segundo nó, que parecia perfeito
para o tamanho do corpo de Sara.
- Ok, eu estou indo – disse Sara ainda em pé na plataforma. – Ok, aqui vou eu... Estou pronta
agora... Eu vou agora... Eu volto logo... Aí vou... Estou aqui! – Sara riu. Ela queria tanto ir que
mal podia suportar, mas a ideia de pular da árvore fez seu estômago doer de excitação – e ela
simplesmente não conseguia se mover.
Seth observava e sorria, curtindo a excitação de Sara. Ele não tomaria essa decisão por ela.
- Não há pressa, Sara. Essa corda estará aqui amanhã, e no dia seguinte, e no dia seguinte...

Mas Sara não ouviu o que Seth dizia porque no meio de dar a ela uma desculpa para não pular
ela saltou fora da plataforma e voou no ar.

- Gerônimoooooo... – ela gritou estridentemente enquanto voava sobre o rio.


- Isso aí! – gritou Seth, tão satisfeito que Sara deu seu primeiro mergulho, e lembrando seu
próprio prazer imenso no seu primeiro balanço assustador sobre um rio. Ele podia ouvir Sara
rindo e gritando enquanto voava pra frente e para trás sobre o rio, e então ele observou
enquanto ela tirava o pé do laço.

- Que garota! – ele murmurou satisfeito que ela aprendeu tão rapidamente como descer. Mas os
braços de Sara não eram tão fortes quanto o dele, e uma vez que seu pé estava fora do laço Sara
teve grande dificuldade para segurar-se na corda balançante. Ela conseguiu segurar até seu
corpo estar perto da margem do rio, mas então ela soltou e foi voando pelo ar até o banco
lamacento do rio. Plaft! Água borrifada. Lama voando pelo ar. E Sara gargalhando. Ela
levantou-se, encharcada da cabeça aos pés e coberta de lama, gargalhando, gargalhando,
gargalhando...

Seth assistiu horrorizado, e então começou a rir aliviado. “Que senso esportivo tem essa
garoto”! Ele sentia-se responsável pelo passeio e pela segurança dela, então estava
verdadeiramente aliviado que tudo acabou bem.

- Seth, isso é demais! Mal posso esperar para fazer isso de novo! Mas você tem que me ensinar
como sair disso direito.
- É questão de sincronizar seu salto. Eu me molhei da primeira vez que fiz isso também.
- Não se molhou não – Sara sabia que Seth sabia exatamente o que estava fazendo quando
saltou. Mas ela gostou da ideia de ele estar tentando fazê-la sentir-se mais adequada parecendo
ser não tão adequado.
- Ok, fico feliz que você seja bom nisso. Ficarei boa nisso também. Praticaremos todo dia.
Amei isso, Seth! Obrigada por ter feito isso para nós!

Seth não sabia o que fazer com Sara. Era tão bom estar com ela. Ela era impaciente e desejosa
de fazer qualquer tipo de coisa. Ela tinha senso esportivo, ela ria facilmente, e não lhe
importava que alguém fosse melhor do que ela em alguma coisa. Seth nunca conheceu alguém
como Sara.

- Melhor eu ir para casa. Estou emporcalhada – disse Sara, arrastando-se da água e puxando sua
roupa molhada e enlameada. – Vejo você amanhã!
- Amanhã é sábado – Seth lembrou Sara, lembrando que seus pais não lhe permitiam tirar
tempo do ocupado fim de semana, cheio de tarefas a cumprir. Ele construiu essa casa na árvore,
quase sempre à luz da lua, por um período de muitas semanas. Seus pais nunca permitiriam
esse tipo de comportamento frívolo.
- Poderemos balançar novamente na segunda-feira.
- Oh – disse Sara, desapontada. Ela não sabia como poderia esperar até segunda-feira para ter
mais dessa diversão. – Ok mas eu acho que virei aqui amanhã por minha conta praticar minha
descida. Na segunda, quando no vemos, já terei mais prática.

Seth não gostou da ideia nem um pouco. E se Sara saltasse errado e quebrasse uma perna, ou
batesse a cabeça ou coisa pior?
- Não Sara, você pode se afogar – Seth disparou, sentindo-se um pouco envergonhado com as
palavras que saíram de sua boca.

Sara fez uma pausa e olhou para Seth, sentindo a intensidade da sua fala. Ele projetou sua
preocupação de um modo claro e forte.
- Não Seth – Sara disse suavemente. – Eu não posso me afogar.

Seth sentiu em Sara uma intensidade que nunca sentira antes. “Como poderia estar tão certa de
que não vai se afogar”?
- Mas eu esperarei até segunda. Como você encarou todo esse esforço de fazer esse excelente
lugar para nós, o mínimo que posso fazer é esperar por você para compartilharmos juntos.

Seth estava aliviado.


- Vejo você na segunda-feira. – Disse Sara. – Esperarei na primeira bifurcação da trilha.

Seth sorriu. Sara leu sua mente. Ele não queria que seus encontros fossem tão óbvios que outros
ficassem imaginando onde eles estavam indo. Seth e Sara gostaram da ideia de manter esse
maravilhoso refúgio todinho só para eles.

Capítulo 10
Cobras não vão incomodar você

Sara esperava por Seth na primeira bifurcação da trilha. Ela elogiou-se mentalmente por estar
usando roupas marrons e cáqui, que mesclavam-se bem com o ambiente. Ela riu enquanto se
agachava, secretamente esperando encontrar seu parceiro. Ela via de vez em quando algum
brilho através dos arbustos, reflexos dos carros que passavam pela estrada e refletiam o Sol na
sua direção. Ela gostava da ideia de que ela podia ver os carros, mas seus ocupantes não tinham
conhecimento dela. “Espero que a Srta. Ralph não tenha ocupado ele de novo”. Murmurou
Sara.
Seth surgiu correndo entre as árvores, quase atropelando Sara. Ambos deram um grito de susto,
e logo começaram a rir.

- Caramba Sara! Não vi você aqui!


- Muito bom hein? – Sara riu, sentindo-se orgulhosa de sua camuflagem.
-É, você se escondeu bem aí. Se fosse uma cobra teria me pegado com certeza.
- Bah, cobras não vão incomodar você – disse Sara com segurança.
- Você não tem medo de cobras? – Seth estava surpreso. Ele pensou que todo mundo tivesse
medo de cobras. Especialmente as garotas.
- Eu tinha, mas não tenho mais. Vamos indo. Quero balançar entre as árvores.

Seth não podia evitar de perceber que Sara tinha a mesma intensa certeza sobre não temer
cobrar e sobre não poder se afogar.

- Ei, Sara, como você pode ter tanta certeza de que nunca vai se afogar?

Sara quase tropeçou no caminho. A pergunta de Seth pegou-a de surpresa. Lá vinha ele de
novo, zerando naquilo que talvez fosse a experiência mais importante – e também o maior
segredo – da sua vida.

- Ah, é uma longa história. – Disse Sara – Eu lhe conto depois.

Seth sentiu que Sara queria lhe contar algo, ele queria ouvir.
- Bem, se é uma longa história, você poderia dividi-la em partes. Sabe, contar um pouco a cada
dia.

Sara sentiu-se desconfortável com o incitamento de Seth. Ela não tinha certeza o que ele
acharia dela se ela explicasse os detalhes da sua experiência com Salomão. Mas havia uma
intensidade em Seth que a compelia. Então Sara começou:
- Bem eu nunca pensei mesmo que me afogaria, mas minha mãe preocupava-se com isso o
tempo todo. Ela me avisava sobre isso quase todo dia, para ficar longe desse rio. Eu não sei por
que ela tem tanto medo desse rio. Nunca ouvi falar de ninguém que tivesse se afogado nesse
rio. Mas ela se preocupa com tudo, especialmente com esse rio. Então um dia eu estava
sozinha, eu estava em pé no tronco que atravessa o rio e a água estava bem alta, sabe? Estava
até quase passando sobre o tronco, quando aquele velho cachorrão peludo surgiu do nada e me
jogou no rio.

- Uau, Sara! E o que você fez?


- Bem, não havia nada que eu pudesse fazer. A água estava se movendo bem rápido e
simplesmente me levou. Primeiro eu pensei “Oh não, minha mãe estava certa. E cara, ela vai
ficar louca comigo se eu me afogar”. Mas aí eu só flutuei e percebi como tudo estava tão
bonito. E então eu passei sob um galho de uma árvore que estava pendendo quase tocando a
água, e eu me puxei para fora da água. Desde então eu sei que eu nunca me afogaria.

- É só isso? Por isso você sabe que nunca vai se afogar? Sara, pra mim parece que você teve
muita sorte de ter flutuado por baixo dessa árvore. Você podia ter se afogado, sabia?

Sara observou Seth enquanto ele deixava sua imaginação negativa correr livre, e então ela
sorriu.
- Parece minha mãe falando.

Seth riu.
- Acho que sim.
- Você nunca sabe as coisas? Quero dizer, você nunca só soube de algo, e soube com tanta
clareza que não tem importância o que os outros pensam a respeito? Você sabe porque você
sabe. E só porque os outros não sabem não significa que você não sabe. Entende o que eu quero
dizer?

Seth ficou quieto enquanto Sara falava. Ele entendia o que ela queria dizer. Ele sabia
exatamente o que ela queria dizer.
- Você está certa, Sara. Eu sei do que você está falando. E de agora em diante, se você disser
que nunca vai se afogar, vou acreditar em você.

Sara ficou aliviada que Seth aceitou sua explicação parcial e que ela não precisaria explicar
mais.
- Ótimo – disse Sara, triunfante. Ela quis mudar de assunto. – E cobras não vão lhe incomodar
também.

Seth riu.
- Bem, vamos acabar com um medo mortal de cada vez, Sara.

Capítulo 11
Praticar na mente?

Sara e Seth contornaram a última curva na trilha e chegaram à clareza onde a maravilhosa casa
na árvore e a corda-balanço de Seth pareciam estar pacientemente aguardando pelo retorno
deles.

- Ok, eu vou primeiro – disse Sara enquanto subia rapidamente na árvore. Ela arrastou-se pelo
grande galho e se posicionou na plataforma enquanto Seth a alcançava. – Ok, eu vou fazer isso
direito. Eu pratiquei.

Seth estava desapontado que ela não manteve sua palavra.


- Sara, você disse que esperaria por mim.
- Eu esperei por você. Eu pratiquei na minha mente. Várias vezes eu me vi balançando sobre o
rio, e então no momento perfeito, eu soltava a corda e aterrissava perfeitamente na grama do
outro lado. Eu estou pronta, Seth. Dê me um bom empurrão.
- Acho que não precisa de um empurrão, Sara. Apenas caia da árvore. Será suficiente.

E lá foi Sara. “Iahuuuuuu...” ela gritou enquanto voava pelo ar, com seus lindos cabelos
castanhos soprados para trás pelo vento. Ela balançou pra frente e pra trás, pra frente e pra trás,
diminuindo um pouco a cada passagem sobre o rio. Ela tirou o pé do laço e então, no momento
perfeito, soltou da corda e aterrissou na grama exatamente no ponto onde ela havia praticado
aterrissar em sua mente. Seu pouso foi tão perfeito que ela nem caiu, mas absorveu o choque do
salto com os joelhos. “Isso”! ela gritou com satisfação.

Seth aplaudiu da casa da árvore. Ele estava impressionado.


Seth balançou da árvore e então saltou da corda e caiu entre as folhas como da outra vez.
- Isso não foi suave – ele notou. Sara sorriu.
- Você tem que praticar em sua mente. Só isso. Não demora muito. E é quase tão divertido
quanto pular de verdade.
- Ok – Seth parecia distraído. – Mas por enquanto eu vou praticar com a árvore, e o rio e a
corda. – E ele subiu na árvore de novo.

Sua aterrissagem dessa vez foi ainda pior que as duas últimas vezes. Ele não estava satisfeito.
Sara riu e então cobriu seu rosto com a mão, fingindo que estava tossindo. Ela não queria ferir
seus sentimentos, e não queria deixa-lo bravo.
Seth subiu na árvore outra vez e de novo sua sincronia foi fora e ele rolou pelas folhas.
E subiu na árvore de novo, e dessa vez Sara foi logo atrás.

- Seth – disse Sara enquanto ele punha o pé no laço e se preparava para saltar no ar novamente.
– Espere um minuto. Pare e feche seus olhos e imagine-se subindo na árvore de novo, bastante
feliz por ter feito um pouso perfeito. Finja que estou sorrindo e aplaudindo.
- E rindo e tossindo – Seth provocou.
- Não, apenas sorrindo e aplaudindo – Sara sorriu. Seth não deixa passar nada – ela pensou. –
Agora se veja soltando da corda e pulando na margem. Como se saltasse com um paraquedas e
pousando suavemente no chão.

Seth sorriu enquanto imaginava.


- Agora vá! – disse Sara, tocando suavemente as costas de Seth e dando-lhe um leve impulso. E
ele foi.

Ele balançou sobre o rio. Então, no momento perfeito ele soltou da corda e aterrissou
perfeitamente na grama e então ele pulou batendo os calcanhares. “Isso”! Ele gritou ao mesmo
tempo de Sara. “Isso”!

- Cara, isso funciona mesmo! Onde você aprendeu a fazer isso?


- Ah, um passarinho me contou – brincou Sara. – É realmente uma longa história, Seth – e
antes que Seth pudesse dizer qualquer coisa, Sara continuou – Eu sei, eu sei. Vou dividir em
pequenos capítulos e contar um pouco a cada dia. Se você realmente quiser saber, Seth, eu vou
lhe contar a história toda, mas você tem que prometer que não vai rir. E você tem que prometer
que não vai contar pra ninguém.
- Eu prometo – disse Seth. Ele nunca vira Sara tão energética antes. – Eu prometo, agora conte.
- Depois – disse Sara. – Tenho que praticar na minha mente primeiro.
Seth sorriu.
- Vejo você depois.
- É, vejo você amanhã.
Capítulo 12
Esquisito no bom sentido

Sara sentou-se em uma confortável bifurcação no alto da árvore do balanço. Ela subiu a escada
até o topo e depois subiu mais ainda uns três metros até uma larga bifurcação, grande o bastante
para duas pessoas sentarem. “Essa árvore é incrível” pensou Sara, enquanto aguardava
calmamente por Seth.

Sua última aula do dia era de trabalhos com madeira. “Aposto que ele é bom nessa aula. Ele
provavelmente está ajudando o professor a limpar a oficina”. Pensou Sara, olhando para o
relógio. “Ele é tão bom. As pessoas se aproveitam dele”.
Sara reclinou-se na árvore e tentou imaginar-se explicando sua incrível história para Seth. Ela
achava mesmo que ele realmente estava pronto para ouvir a história, mas ela também sentia um
risco. Ele tornou-se um ótimo amigo. De fato, ele era o melhor amigo que Sara jamais tivera, e
ela certamente não gostava da ideia de afastá-lo de medo. Ela não tinha nenhuma certeza de
como ele reagiria ao seu segredo.
Uma lufada de vento passou pelas árvores, movendo as folhas e os galhos menores, e poeira e
folhas choveram de mais acima.

“Você também é uma professora” Sara lembrou das palavras fortes de Salomão para ela. “E
você saberá quando for o tempo certo”.
“Acho que é o tempo certo” pensou Sara. “Mas como ter certeza”?
“Quando há pedido, o tempo é o certo”. Sara lembrou o conselho de Salomão. “Bem, Seth
certamente tem pedido”. Pensou Sara. “Acho que é a hora”.

Sara ouviu um ruído abaixo na trilha. Ficando de pé e segurando-se firmemente num grande
galho acima dela, ela inclinou-se o quanto pode para tentar ver quem vinha. Seth veio por entre
os arbustos e chamou sem fôlego:

- Oi, desculpe por ter demorado! – Ele estava tão exausto que Sara percebeu que ele viera
correndo.

Ele subiu pela árvore e parou no grande galho que leva à plataforma.
- Devo subir até onde você está ou você quer descer?
- Suba aqui. É ótimo. E tem bastante espaço – Sara respondeu. Ela gostou do grande senso de
privacidade lá no alto da árvore

Seth subiu e escorou-se em um grande V na frente de Sara.


- Então – Seth começou logo – Conte-me.
- Ok. Mas lembre-se: é o nosso segredo.
- Sara, não se preocupe. De qualquer forma, você é a única com quem converso.

Sara respirou fundo, e tentou achar um ponto de partida. Tinha tanta coisa pra contar que ela
realmente não sabia por onde começar.
- Ok, Seth. Aconteceu assim. Mas estou lhe avisando, vai soar estranho para você.
- Sara – Seth estava impaciente – Eu não vou achar esquisito. O que é?
- Bem, um dia eu estava voltando da escola para casa, quando meu irmão Jason veio correndo,
mais excitado que nunca, tagarelando que tinha uma coruja gigante na trilha Thacker e que eu
tinha que ir lá ver. Estava tão eufórico que me assustou. E ele meio que me arrastou até a trilha.
- Adoro corujas – comentou Seth tentando encorajar Sara.

- Bem, de qualquer forma a neve estava alta e era um dia muito frio. Nós procuramos por um
bom tempo, mas não vimos nenhuma coruja. Eu disse a Jason que ele estava inventando aquilo
tudo e que eu não me importava mesmo com a ave estúpida. Mas no dia seguinte na escola eu
não pude parar de pensar naquela coruja. E eu não podia entender porque eu estava tão
interessada, a coisa toda parecia tão estranha pra mim. De qualquer forma, depois da escola eu
vim para o bosque sozinha procura-la de novo, mas não encontrei. Estava ficando escuro, e eu
estava me sentindo boba e eu tentei pegar um atalho andando no gelo sobre o rio, mas o gelo
cedeu sob meus pés e eu caí. Pensei que fosse mergulhar através do gelo e me afogar. Então eu
ouvi uma voz vinda da árvore que disse: “Você esqueceu que não pode se afogar”? E depois
disse: “O gelo vai sustentar você. Rasteje até aqui”.

- A princípio eu me senti idiota porque eu deveria saber sair do gelo daquele jeito, depois fiquei
brava com quem quer que estivesse falando comigo porque não vinha para onde eu pudesse ver
e me ajudar. Então me deu um estalo. Como sabia que eu não ia me afogar? Eu não tinha
contato a mais ninguém sobre aquilo. Então eu o vi.
- Viu quem? – perguntou Seth.
- Vi Salomão. Essa gigantesca, linda e mágica coruja. Ele voou da árvore e circulou pelo pasto
devagar e delicado, para que eu pudesse vê-lo bem, e então foi embora. E eu sabia que tinha
encontrado Salomão.
- Agora eu entendo porque você sabia que não ia se afogar. Caramba, Sara, isso é esquisito.
Mas esquisito no bom sentido – completou rapidamente.

Sara sentou quase sem fôlego. Ela engoliu e respirou fundo e olhou para Seth. Ela queria
contar-lhe sobre Salomão. Como se encontraram, e tudo o que ele lhe ensinou, e como seu
irmão Jason e Billy atiraram e mataram ele, e como mesmo estando morto Sara ainda era capaz
de conversar com ele.

- Você o encontrou de novo? – perguntou Seth.


- Sim, eu o vi um montão de vezes. Mas então...
- Então o quê? – Seth estava interessadíssimo na história.

Sara simplesmente não conseguiu continuar.


- Eu lhe contarei mais tarde.

Seth estava desapontado. Ele sabia que Sara tinha muito mais para contar, ele podia sentir. Mas
ele também sabia que este era um assunto delicado para Sara e não quis forçar.

- Bem, eu disse que contaria um pouco a cada dia. Então, vejo você amanhã?
- Sim, amanhã.
- Quer balançar uma vez antes de irmos?
- Acho que já tive excitação suficiente por hoje – provocou Seth.
- É, eu também – disse Sara.
- Até mais!

Capítulo 13
Amigos de penas

“Está claro como o dia” murmurou Sara enquanto reclinava-se contra o corrimão da varanda,
contemplando o céu noturno. Ela sentia-se irritada, mas não sabia por quê.
O céu estava nublado e os holofotes do campo de futebol do colégio resplandeciam
brilhantemente. Parecia que as luzes iluminava cidade toda.

“Que desperdício de eletricidade” murmurou Sara entrando na casa e deixando a porta da


varanda bater atrás de si. Esse era o primeiro jogo da temporada, e a velha irritação de Sara
irrompeu sobre ela pegando-a de surpresa. Ela foi para o seu quarto e fechou a porta. Era como
se Sara estivesse tentando por tantas portas fechadas entre ela e o jogo de futebol quanto ela
conseguisse.

“Caramba” disse para si mesma em voz alta, “Qual é o meu problema”?

Sara não via qualquer utilidade para a temporada de futebol. Não era incomum que a maior
parte da cidade fosse para esses jogos nas sextas à tarde, e muitos ainda viajavam para as
cidades vizinhas quanto o time tinha algum jogo fora. Sara nunca foi assistir um jogo, não
importava onde era. Ela jogou um livro na cama e deitou de bruços, virando as páginas. Ela não
estava interessada no livro também.

Sara desejou poder ir para o rio e balançar na árvore, ela queria aliviar-se dessa inquietação,
desse sentimento irritado. Ela sabia que não era boa ideia caminhar pelo bosque à noite, mas a
ideia de balançar da árvore no escuro a fez sentir-se um pouco melhor. “O céu está tão claro”
pensou Sara, “que talvez não esteja tão escuro”.

Ela abriu a porta do quarto e viu sua mãe ainda na cozinha, arrumando tudo após o jantar.
- Pode deixar que eu acabo, mãe.
- Oh, obrigada, querida. Janet reservou lugares para nós, então não temos pressa. Porquê não
vem conosco, Sara? Será divertido.
- Não, eu tenho coisas para fazer para a escola – disse Sara. (Há uma coisa boa na escola: lições
de casa é sempre um bom álibi. Podem se estender até ocupar um fim de semana inteiro ou
podem encolher a nada, e seus pais, por algum estranho motivo, nunca questionaram isso).

Sara voltou para o quarto, agora ansiosa pela saída da família para o jogo de futebol. A ideia de
ir ao matagal e ter essa estranha nova experiência de balançar na árvore na escuridão estava
parecendo cada vez mais com uma grande aventura.
Sara abriu sua gaveta de baixo, cavocou lá no fundo procurando por sua roupa de baixo longa.
Ela sorriu ao pensar como ela se sentia engraçada usando aquilo, mas ela tinha que admitir que
fazia uma tarde de lazer brincando na neve ser muito prazerosa.

Ela esperou até ouvir o último “Até mais, Sara” e o rangido alto da grande porta de metal da
garagem abrindo-se, antes de pegar a roupa de baixo da gaveta e vesti-la. Ela deu risinhos
enquanto olhava-se no espelho, virando-se para ver a abertura no traseiro. “Quem faz essas
coisas”? ela riu. “Imagina o que as pessoas falariam de mim se soubessem que eu estava
balançando de árvores no meio da noite usando isso”?

Sara acabou de se vestir, pegou o casaco, o chapéu e as luvas e saiu pela porta dos fundos.
Enquanto caminhava, sua irritação desapareceu, e sua usual avidez pela vida voltou.
“Vou pegar um atalho pelo campo” decidiu Sara. “Metade da cidade vai querer me dar uma
carona para o jogo de futebol se eu andar pela estrada”!

Parecia tão claro enquanto ela caminha pelo pasto, mas quando Sara adentrou na trilha e
aprofundou-se no bosque ela mal podia enxergar alguma coisa.
Pareceu estranho estar fora e sozinha no escuro. “No que eu estava pensando”? resmungou
Sara, desejando que ela tivesse pensado em trazer uma lanterna. Ela se virou e olhou para trás,
para a trilha que ela já tinha caminhado, e então para a frente, para a trilha ainda mais escura.
Nenhuma direção parecia uma escolha confortável para ela, ela sentiu-se paralisada pela
indecisão. Quanto mais ela se esforçava para enxergar, mais escuro tudo parecia. Então Sara ou
viu um som vindo da direção da casa da árvore. Era o som familiar de alguém balançando na
árvore.

Sua indecisão desapareceu imediatamente e ela começou a andar na direção da casa da árvore.
Não estava mais claro agora do que antes, mas Sara não teve dificuldade em seguir rapidamente
pelo caminho. Quando ela chegou na clareira no rio ela viu uma forma balançando sobre o rio.
Ela ouviu um baque e então a voz de Seth dizendo “Isso, perfeito”!

- Seth? – Sara chamou, feliz por perceber que era ele e surpresa por encontra-lo aqui no escuro.
– É você?
- Caramba, Sara! Você quase me mata de susto! – Seth respondeu. – O que você está fazendo
aqui Pensei que estaria no jogo.
- Nem – Sara respondeu, sem querer tentar explicar para Seth como ela se sentia sobre essas
coisas. – Eu nunca vou.
- Nem eu – Seth respondeu rápido.
- Por que não? – Sara envergonhou-se da sua pergunta rápida e curiosa. Ela realmente não
gostava quando os outros a pressionavam com perguntas sobre suas decisões, e aqui estava ela
fazendo isso com Seth. Mas ele não pareceu se importar.
- Ah, não sei. Nunca me senti realmente parte de nenhuma escola. Quando eu ia ver uma
grande corrida eu ia torcer. Mas eu sempre me metia em problema porque metade do tempo
eles estavam no time errado. Eu cansei disso.
Sara estava fascinada. Seth tinha apontado exatamente o que a incomodava nos jogos de bola:
ela não gostava da sensação de que ela tinha que aprovar tudo o que seu time fazia só porque
era o seu time, e ela não gostava da ideia de ter que desaprovar tudo o que o outro time fazia,
fosse o que fosse, só porque era o outro time. Sara não conhecia mais ninguém que se sentisse
da mesma forma que ela sobre jogos de bola. Ela sentiu-se muito feliz por ter Seth como
amigo.

- Há quanto tempo você está aí? – perguntou Sara.


- Desde o anoitecer. – respondeu Seth.
- Você não está com frio?
- Nem, eu estou com... – Seth parou no meio da frase. Ele realmente não queria contar para
Sara sobre sua roupa de baixo térmica. Ele se sentiu ridículo ao vesti-la. Espetou que ela não
tivesse ouvido.
Mas ela ouviu, e agora começou a rir.
Sua risada era tão contagiosa que ele começou a rir também.

- É vermelha? – Sara sussurrou.


Seth riu alto.
- É, como você sabe?
- Ah, eu não sei – Sara riu. – Foi só um palpite. Seth, nós somos amigos de penas...
esquivamo-nos de jogos, balançamos em árvores, amigos de penas flanelados de vermelho.

Eles riram tanto que seus olhos lacrimejaram. É tão bom ser completamente compreendido por
outro. Realmente muito bom.

Capítulo 14
Procurando cavernas

Sara achou o bilhete de Seth no seu armário na escola:


“Sara, vejo você na casa da árvore. Mas não suba até eu chegar lá. Tenho uma surpresa para
você”.

Sara esperou na base da árvore. Ela deliberadamente não olhou para cima da árvore porque ela
não queria estragar a surpresa.
Seth irrompeu através dos arbustos.

- Você não subiu lá, né?


- Eu queria, mas esperei por você. Qual é a surpresa?
- Suba. Logo estarei lá – disse Seth. Ele tinha uma sacola de papel sob o braço e um brilho
incomum nos olhos.

Sara escalou a árvore e Seth estava logo atrás dela. Eles sentaram empoleirados na árvore. Sara
olhou ao redor.
- Ok, estou pronta – ela não via nada diferente.
- Ok, feche os olhos.

Sara fechou os olhos e Seth desamarrou uma corda que estava escondida atrás da árvore. Ele
pôs a corda em suas mãos e disse:
- Muito bem, agora segure isso firme e abra os olhos.

Sara abriu os olhos e riu.


- Mas o que é isso?
- Não solte. Puxe a corda gentilmente.

Seth amarrou algumas polias aos galhos de cima e passou uma longa corda por elas. Quando
Sara puxou a corda, fez subir um grande balde contendo uma garrafa de água, alguns
chocolates, copos de papel, a pesada mochila de Sara, e alguns sacos plásticos para lixo.

- É muito mais fácil puxar isso pra cima depois de subirmos do que carregar pela escada. –
disse Seth, esperando um elogio de Sara.
- É engenhoso! Amei isso! Onde você conseguiu as polias e a corda?
- O professor de ginástica as deu pra mim. Ele disse que estavam numa caixa na sala de
equipamentos por anos e que ia jogar fora.

Sara sorriu. Ela reparou como as pessoas frequentemente se abriam para Seth. Ela nunca
conheceu alguém como ele. Ele simplesmente parecia despertar o melhor das pessoas, e elas
sempre se estendiam de formas que ela nunca tinha visto antes. Esse treinador de ginástica era
visto pela maioria como muito rigoroso, geralmente desagradável, resmungão. E no entanto ele
estava dando para Seth exatamente o que ele queria para fazer esse refúgio secreto ainda mais
perfeito. “Acho que todos gostam de Seth” pensou Sara.

- De onde você tira essas ideias?


- Ah, não sei, acho que já tive muitos esconderijos.
- Quantos? Conte-me sobre alguns deles.
- Ah não sei... – Seth estava embaraçado. Nenhum deles foi muito excitante, nenhum foi tão
demais quanto esse, e nenhum foi compartilhado com uma garota antes. Geralmente ele não
compartilhava com ninguém. Seu irmão menor descobriu um ou dois deles, mas não era
intenção de Seth. Um esconderijo é algo muito particular.

Os olhos de Sara estavam faiscando enquanto ela tentava imaginar todos os lugares
maravilhosos onde Seth morou e todos os esconderijos maravilhosos que ele criou nos bosques.
Seth viu seu olhar de grande expectativa. Ele riu ao sentir o incitamento dela por mais detalhes,
e ele certamente não queria desapontá-la. Ele sabia que Sara nunca veria seus velhos
esconderijos. Ele sabia que nunca os veria novamente também, e ele considerou por alguns
momentos, oferecer uma versão aumentada deles, desejando que suas histórias satisfizessem as
expectativas de Sara. Mas o exagero não era o estilo de Seth. Na verdade, ele costumava
diminuir sua criatividade em vez de aumenta-la. Mas havia algo mais. No curto período
enquanto ele e Sara se encontravam, balançaram e riram e brincaram e conversaram, ele passou
a confiar nela de um jeito que nunca tinha confiado em mais ninguém. Ele não queria fazer
nada que estragasse isso.
Sara puxou os joelhos perto do peito e aguardou. Seth riu. Era impossível negar-lhe.

- Bem, não eram grande coisa, Sara. A maioria apenas lugares onde eu podia ficar sozinho,
muitos tinham que ser perto e eu não podia ficar muito tempo em nenhum deles. Mas eu me
sentia bem apenas sabendo que estavam lá.
- É, eu sei o que você quer dizer.
- O primeiro eu achei por acaso. Era na parte de trás da propriedade do nosso vizinho. Ele tinha
uma propriedade grande, digo, algo como centenas de acres, e muito longe da casa, muito longe
dos pastos e celeiros eu encontrei uma casa numa árvore.
- Uau! – disse Sara. – Era legal como essa qui?
Seth riu.

- Era muito maior que esta aqui. Era num bosque de árvores, e o assoalho estava conectado a
três árvores diferentes. Não sei quem construiu, nunca vi mais ninguém por perto dali, e nunca
contei pra ninguém sobre ela. Eu odiei deixar aquele lugar, mas nós só moramos ali por uns
seis meses. Acho que aquela grande casa de árvore velha ainda está lá apodrecendo.
- O que mais?
- Então nos mudamos para um lugar perto de uma fazenda que tinha muitos celeiros e
barracões. Criavam porcos e vacas leiteiras. Os celeiros eram conectados com cercas e currais,
e era um lugar divertido de estar porque você podia ir de celeiro em celeiro andando nas cercas
e telhados sem nunca tocar os pés no chão. Eles guardavam fardos de feno em dois celeiros
grandes. Era divertido rearranjar os fardos, eles formavam ótimas paredes. Aquele era um lugar
divertido. Nunca contei a ninguém sobre o lugar também. Era só eu e alguns gatos que
perambulavam caçando ratos.
- E então? – Sara estava curtindo suas imagens mentais desses lugares todos.
- Alguns eram cavernas. As cavernas eram ótimas. Algumas vezes um tanto assustadora porque
você nunca sabe quem mais mora ali com você, mas nunca vi nada assustador.
- Cavernas? Hummm. Não temos cavernas por aqui.
- Ah certamente que tem. Provavelmente há muitas cavernas pelas encostas.
- Sério? – Sara estava surpresa – Acho porque nunca vi nenhuma, não significa que não
existam. Acha que podemos encontrar alguma?
- Sim, provavelmente podemos – Seth disse um pouco hesitante, preocupado com o tempo que
levaria somente para chegar ao pé das montanhas.
- Eu adoraria encontrar uma caverna! – Os olhos de Sara brilhavam de excitação. – Por favor,
Seth, diz que sim!
- Ok – Seth sorriu, - Encontraremos uma caverna. Mas acho que não poderemos ir lá com muita
frequência.
- Ah, eu sei – disse Sara excitadamente. – Não temo que ir muito lá. Eu só quero encontrar uma
caverna.

Seth sabia que seu pai ficava sempre irritado se ele chegasse tarde em casa. Mesmo não tendo
tantas tarefas familiares para fazer aqui como em outros lugares em que moravam, seus pais
ainda esperavam que Seth fizesse sua parte para ajudar. E mesmo quando não havia muita coisa
para fazer, seus pais sempre encontravam alguma coisa para Seth e seu irmão fazerem.

- Não sei Sara. Levaria muitas horas. Não tenho certeza...


- Nós poderíamos faltar na escola – disse Sara.
- É poderíamos – sorriu Seth.
- Ninguém saberia, eu nunca falto à escola – disse Sara. – Ninguém suspeitaria de nada. Vamos
lá, Seth, por favor!

A ideia de ter um dia todo para explorar e inspecionar com Sara era tentadora. Não havia nada
que Seth desejasse mais que liberdade para fazer o que quisesse.

- Espero que você saiba o que está fazendo. Ok, quando iremos?
- Na próxima semana. Vamos na terça.

Sara ficou tão feliz! A ideia de passar o dia todo explorando, procurando por cavernas soou
deliciosa. Ela levantou, agarrou a corda de balançar e mesmo sem por o pé no laço saltou no ar
balançando sobre o rio.

- Caramba Sara! – Seth disse quase sem fôlego, com medo até de olhar, temendo que Sara não
aguentasse segurar a corda e caísse no rio.

Mas Sara segurou a corda firme, e enquanto ela balançava sobre o rio irradiava alegria. Ela não
se lembrava de sentir-se melhor. “Tudo está realmente bem” pensou Sara. Ela sentiu o tempo
certo de saltar da corda e fez outra aterrissagem perfeita.

Sara ficou em pé na margem, e observou Seth enquanto ele puxava a corda para a árvore. Ele
recolheu os papéis dos chocolates, pegou a jaqueta de Sara e sua mochila e colocou no balde, e
então desceu-o cuidadosamente. Então com Sara observando do chão, ele pegou a corda e
saltou no ar e balançou sobre o rio. Ele também fez uma aterrissagem perfeita e olhou para
Sara. Eles se entreolharam, lembrando os primeiros pousos desastrosos. Eles evoluíram muito
rapidamente. Eles voltaram para a árvore, subiram o balde vazio e amarraram a corda num
prego atrás do tronco. Sentiram-se sortudos porque ninguém tinha descoberto o seu
maravilhoso esconderijo.

- Seth essa casa na árvore é tão maravilhosa!


Seth sorriu.

Capítulo 15
Salvos por uma coruja

Sara acordou e imediatamente sentiu-se exultante. Era terça-feira, e esse era o dia que ela e
Seth combinaram de se encontrar na casa da árvore. Eles iam explorar a encosta das montanhas
procurando por cavernas.
A mãe de Sara estava ocupada na cozinha.

- O que há, Sara? – ela perguntou quando Sara entrou.


- O que você quer dizer? – Sara perguntou. Que coisa estranha para sua mãe perguntar. Sara
olhou para longe, não querendo olhar nos olhos da mãe.
- Bem, você acordou bem cedo, não é? – sua mãe respondeu.
- Ah é, acho que sim – disse Sara aliviada. – Precisei ir ao banheiro – ela disse, tentando
justificar sua mentirinha com o fato de que realmente precisava ir agora. Sara não imaginou sua
mãe interessada demais, justo no dia de sua grande escapada.
- Bem, se você tiver um tempo extra, podia me dar uma ajudinha aqui, querida?
Sara não tinha planejado isso também.
- Ok, vou num minuto.

“O que há com os pais”? pensou Sara. “Eles sempre parecem adivinhar quando há algo
excitante que você quer fazer e então arranjam alguma tarefa chata que acaba estragando as
coisas”.

Sara tomou um banho e parou na frente do armário tentando decidir o que vestir. “Tem que
parecer que estou indo para a escola”, ela pensou, “e velho o bastante pois se rasgar ou coisa
assim não terá importância. E algo que não chame a atenção”.

“Verde fica bem”, murmurou Sara enquanto pegava um pulôver que ela não usava desde o ano
passado. Não estava tão folgado quanto ela gostaria, ela tinha crescido um tanto, mas ainda
parecia a melhor escolha. Sara amarrou o cabelo para trás num rabo-de-cavalo, e foi encontrar
sua mãe na cozinha.

- Você parece bem hoje. – disse sua mãe. – Faz tempo que não vejo você usar pulôver.
“Caramba” pensou Sara. “Devo estar com um cartaz dizendo olhe para mim, vou fazer algo
diferente hoje”!

Sara lavou duas dúzias de jarras enquanto sua mãe descascava e descaroçava maçãs.
- Se eu esperar mais ficarão passadas. – sua mãe disse.

Sara não respondeu. Estava mergulhada em pensamentos imaginando se ela e Seth


encontrariam alguma caverna hoje.

- Ok, Sara é tudo o que preciso. Obrigada, querida. É melhor você ir agora.
- Ah é, - Sara respondeu. – Melhor eu ir agora.

Sua mãe observou sorrindo, curtindo os diferentes humores da sua filha que crescia rápido.

Sara e Seth planejaram ir à escola para a primeira ou segunda hora. Depois sairiam “ não se
sentindo muito bem”, para se encontrarem na casa da árvore. Ninguém estranharia de vê-los
andando naquela direção pois era o caminho normal para sua casas. Então seguiram pela
margem do rio, onde dificilmente encontrariam alguém até que pudessem voltar adiante da
escola. Uma vez lá, poderiam seguir por várias trilhas acima da montanha, passando o depósito
de lixo, passando o velho moinho que não era usado desde que Sara nasceu, e chegando às
montanhas além da cidade. Se ficassem longe da estrada, ninguém os veria.

O segundo sinal tocou, e Sara dirigiu-se para a Sala do Sr. Marchant.


- Sr. Marchant, eu queria ir para casa, não estou me sentindo bem – mentiu Sara para o diretor.
- Lamento ouvir isso, Sara. Quer que eu telefone para sua mãe?
- Não, tudo bem. Não é uma longa caminhada. E não quero atrapalhar minha mãe no serviço.
Falarei com ela quando chegar em casa.
- Bem está bem. Cuide-se.

Sara saiu da escola, exultante e envergonhada. Era só porque ela era visto como uma boa
menina que ela estava se saindo bem com isso. Pareceu estranho estar usando tão mal sua
reputação, mas o seu entusiasmo por um dia excitante à frente ultrapassou o momentâneo
sentimento de culpa enquanto Sara caminhava na direção de casa.

E, como ela imaginou, ninguém falou com ela, ninguém ofereceu carona, ninguém pareceu
nota-la.
Ela subiu a escada da árvore do balanço e mal tinha sentado quando Seth apareceu entre os
arbustos. Ela riu quando viu ele com sua camisa verde-escuro e jeans surrados; Ela sabia que
ele escolheria uma boa camuflagem também.
Ele subiu na árvore, sorrindo de orelha a orelha. Parece que ambos se saíram bem, e esse dia
pertenceria inteiramente a eles. Esse momento era como um tesouro para eles, mas mais
especialmente para Seth.
Seth abriu a tampa do banco e tirou dois pares bem usados de botas de pescador.

- Elas são grandes – ele disse. – Mas manterão nossos pés secos enquanto subirmos o rio.
- Onde você conseguiu isso?
- São do meu pai – Seth disse. – Eu trouxe ontem à noite. Ele me mata se souber que eu peguei
isso, mas ele não vai usar hoje, e nos ajudarão a sair da cidade.

Sara sorriu, mas sentiu uma ponta de desconforto no estômago. A trama estava engrossando
enquanto mentirinhas se tornavam mentiras verdadeiras e agora roubo, ou ao menos um
empréstimo forçado. Ela podia imaginar pela conduta de Seth que ele não estava brincando
sobre estar numa enrascada se seu pai sentisse falta das botas. Ela estremeceu ao imaginar
como ele sentiria a respeito da casa da árvore ou cabular a aula.

- Ei, Sara, será divertido. Não se preocupe, ninguém saberá.

Sara se iluminou.
- Você está certo. Vamos.

Eles baixaram suas jaquetas e as botas no balde, desceram pela escada e então puxaram o balde
vazio de volta para o alto. Sara calçou suas grandes botas. Deu uns gritinhos enquanto calçava,
pois estavam frias por dentro e pareciam viscosas. Seth calçou suas botas também e ambos
partiram.

- Vamos ficar na margem do rio o quanto pudermos. Só sairemos se for preciso.


- Tudo bem pra mim – disse Sara.

Eles caminharam lentamente para a margem do rio, pisando a grama fundo e curvando-se sob
galhos. Seth foi na frente, fazendo o melhor que podia para criar uma trilha para Sara. Ele
acidentalmente soltou um galho muito cedo, deixando que ele batesse em Sara. Sara riu alto, e
ele também.
Um grande pássaro saiu dos arbustos e voou para o céu.

- Ei, - disse Seth, - Parece uma coruja. Sara, acha que é a sua coruja?
- Não é ele.
- Como você sabe? – perguntou Seth. – Como você pode ter certeza que não é a mesma coruja?
- Porque minha coruja está morta! – disparou Sara.

Ela sentiu-se envergonhada por ter reagido de forma tão forte.


- Bem, quero dizer, ele não está realmente morto... – Sara parou. Ela não estava realmente
pronta para tentar explicar para Seth tudo que ela tinha aprendido sobre a morte, que não é
como a maioria das pessoas pensa.
- Billy e Jason atiraram nele... no matagal... ele morreu nos meus braços, na trilha Thacker.

Seth estava quieto. Ele estava arrependido de ter perguntado. Era claro que Sara tinha vivido
um grande trauma com a morte daquela coruja. E então teve um estalo: “Ele deve ter morrido
bem no mesmo lugar da trilha Thacker onde eu fingi que estava morto! Não é atoa que Sara
ficou tão brava naquele dia”!

Sara enxugou uma lágrima do seu rosto. Ela estava envergonhada por Seth vê-la chorar, e ainda
mais envergonhada por ainda estar incomodada pela morte de Salomão.
Naquele momento, a coruja voou sobre o rio e então de volta na direção da árvore do balanço;
voou para cima e então pousou na plataforma que Seth construiu, e olhou para o rio, na direção
de Sara e Seth.

- Ei, ele está na nossa casa na árvore – disse Seth.


- É – disse Sara suavemente – Ele está.

Sara lembrou-se das palavras de Salomão quando morreu: “É com grande alegria que me
desprendo desse corpo físico, sabendo que quando eu quiser eu poderei focar minha energia em
outro corpo, mais jovem, mais forte, mais rápido...”.
Sara contraiu os olhos, tentando focar a coruja. A coruja voou da árvore, seguindo a mesma
trajetória do balanço de Seth e Sara na corda, e então subiu alto no céu ficando fora de vista:
“Salomão”! pensou Sara “É você”?
Sara sentiu uma tamanha excitação que mal podia respirar. Seria possível que Salomão decidira
voltar para estar com ela na trilha Thacker? E se fosse ele, porque não lhe contou que estava
voando? “Salomão” chamou Sara em sua mente.
Nenhuma resposta. Sara nem lembrava quando foi sua última conversa com seu querido amigo
falecido.

- Acho que vamos ter que entrar na água aqui – disse Seth.

A voz dele trouxe a consciência de Sara de volta para o presente, e ela seguiu a liderança de
Seth enquanto ele cuidadosamente seguia pela água rasa perto da margem do rio. O rio era
largo aqui, e a correnteza não era forte, então eles não deveriam ter problemas para contornar
algumas árvores e moitas densas. Sara olhou para trás para as moitas e pensou pela primeira
vez que talvez estivesse cometendo um erro. Ela preocupou-se que poderiam chegar em outros
locais onde não pudessem passar pelas árvores nem pelo rio, mas Seth parecia bastante
confiante, então ela seguiu quieta.

Era uma empreitada difícil, caminhando pesadamente com as botas grandes. Sara desejou que
tivessem escolhido um caminho diferente. Ela estava começando a ficar cansada, e estava feliz
porque Seth é que estava carregando a mochila pesada com a garrafa de água, frutas e doces.

- Há uma clareira ali adiante – avisou Seth. – Vamos parar ali para descansar.

Sara sorriu. Seth estava lendo sua mente de novo.


- Eu trouxe alguns chocolates – ele disse. – Vamos parar e comê-los.

Isso pareceu bom para Sara.

- Quanto nó já avançamos? – perguntou Sara.


- Não muito – disse Seth. – Olhe ali, não é o topo da placa do posto de gasolina?
- Ah caramba – murmurou Sara. Era realmente desencorajador ver a curta distância que
avançaram. O posto de gasolina não era nem perto do limite da cidade. – Isso está indo muito
devagar. Queria poder sair na rua e andar. Essa trilha aqui é muito difícil.
Seth riu.
- vamos seguir pelo rio um pouco mais e depois saímos para o pasto atrás de cemitério. Não
acho que alguém ali vá nos ver.
- Não aposte isso – Sara riu. Ela tinha um novo respeito pelos mortos. Afinal, não estavam
mortos quanto ela sempre pensou. Ela lembrou de Salomão novamente.
Eles acabaram com os chocolates, beberam água, calçaram novamente as grandes botas e
prosseguiram sua jornada rio acima. E logo adiante, como Seth imaginou, o rio fazia uma curva
e seguia bem na direção do cemitério.

- Quanto mortos você acha que estão ali? – perguntou Seth.


- Acho que todos eles – brincou Sara.
- Sara – Seth resmungou.
Sara deu uma risadinha.
- Bem, vale a pena desenterrar algumas piadas velhas de vez em quando, não acha?
Seth resmungou de novo.
- Algumas piadas parecem ganhar vida própria.
- Sara, pare, eu estou lhe implorando.
- Algumas piadas parecem viver pra sempre – Sara riu.
- Sara, estou morrendo aqui. Por favor, pare!
Sara riu. Seth riu também.
- Há algumas lápides bem legais por aqui. Quer ir ver? – perguntou Sara.
- Nem. Hoje não. Talvez mais tarde. Melhor irmos andando se quisermos encontrar alguma
caverna.

Sara estava aliviada. Ela nunca gostou de ir ao cemitério. Sempre se sentia estranha. Não por
causa dos mortos, mas por causa dos adultos que visitavam ali, sempre tão tristes e deprimidos.
A visão de Sara sobre a morte mudara dramaticamente graças a Salomão, mas ela podia sentir,
especialmente quando visitavam o cemitério, que as outras pessoas tinham sérias dificuldades
com o assunto.

- Ei, Sara, olhe! Lá está aquela coruja novamente.

Sara olhou para o cemitério e no topo do monumento mais alto... de fato o único monumento
no cemitério era a coruja. Pousada ali como uma estátua, como se fosse parte do monumento
também.

- Parece que está nos seguindo – disse Seth, surpreso.


- É, parece mesmo – Sara concordou, e quando olhou de novo já não estava mais lá – Ele voou?
– ela perguntou.
- Não vi para onde foi. Pronta para continuar? – Seth perguntou, sem estar nem perto do
interesse que Sara estava pela coruja. – Me dê suas botas, Sara. Carrego pra você. – ele as
amarrou juntas e jogou sobre o ombro junto com as suas. Sara sentiu-se aliviada.

- Você acha que voltaremos por este mesmo caminho? – perguntou Sara.
- Provavelmente. Mas quando você sobe numa montanha é comum que do alto veja um
caminho melhor para a volta. Por quê?
- Eu só pensei que poderíamos esconder as botas aqui e pegá-las na volta. São tão pesadas, e
não diga isso ao seu pai, mas elas fedem.
Seth riu.
- Seu segredo está seguro comigo, Sara. Essa é uma boa ideia – Seth olhou ao redor buscando
um lugar para esconder as botas – Vejamos aquela árvore ali adiante! – com certeza, como Seth
imaginou, aquela árvore tinha um grande oco na parte de trás.
- O que faz uma grande árvore como essa morrer afinal? – Sara perguntou.
- Ah, não sei. Um monte de coisas, acho. Essa parece que foi atingida por um raio – disse Seth.
- Hummm – Sara murmurou. Ela nem sabia de algum raio que tivesse caído na região.
- Às vezes ficam doentes e morrem, ou apensas ficam velhas. Nada vive para sempre, você
sabe.
- É o que dizem – disse Sara.
Seth enfiou as botas no oco da árvore e eles se foram. Eles rastejaram sob algumas cercas entre
um pasto e outro, felizes por não encontrar nenhum fazendeiro ou alguém mais em duas horas
de caminhada. Exceto a coruja.

- Como você sabe onde procurar? – Sara perguntou. Ela estava começando a imaginar se essa
coisa toda de caverna era mesmo uma boa ideia. Ela não tinha se dado conta que seria uma
caminhada tão longa.
- Vê aquele ponto escuro bem acima delas? Acho que é uma caverna. Não posso te dizer com
certeza, mas já vi um monte de encostas rochosas, e aquelas parecem ter cavernas.
- Ok – Sara sorriu. – Espero que esteja certo. Quanto ainda falta para chegarmos?
- Não muito. Estaremos lá em menos de uma hora. Quer descansar de novo?
- Não, estou bem. Só perguntei.

Eles marcharam silenciosamente, sem conversar muito. “Engraçado”, Sara pensou “achei que
seria bem mais divertido que isso”. Ela não esperava que demorasse tanto, e não esperava ficar
tão cansada. Era uma subida bem mais íngreme agora, e seu dedinho estava começando a doer.
Ela queria parar para tirar o sapato e esticar a meia que havia embolado e estava
desconfortável. “Caramba, qual o meu problema”? Aposto que Seth nunca mais vai cabular
aula com uma garota de novo”.

- Vamos sentar aqui por um instante Sara. Se pararmos para descansar e comer e beber com
frequência manteremos melhor nossa energia.
- Ah que bom – disse Sara tirando seu sapato. Que doce alívio! Ela tirou a meia e calçou
novamente. “Muito melhor”, pensou.

Seth sorriu enquanto lhe jogou uma maçã. Seu lançamento foi rápido e preciso, e Sara
acompanhou rápido e agarrou a maçã no ar com a mão esquerda.
Ambos riram.
Eles comeram as maçãs e agora refrescados e recuperados, prosseguiram.

- Sabe, - disse Sara – está realmente um dia bonito. – Ela tinha recuperado o fôlego, sua culpa
tinha cedido e logo à frente estava a encosta que viram lá do pasto.
- Oh, oh... – disse Sara quando viram a vegetação densa ao longo do pé da encosta. – E agora?
- Espere aqui – disse Seth. – Vou ver se há um caminho mais fácil para atravessar.
Sara realmente não gostava da ideia de esperar ali sozinha, mas também não queria ficar toda
arranhada.
- Ok – ela disse relutante.
- Se não achar algum caminho logo, voltarei rápido – Seth disse enquanto desaparecia nos
arbustos.
- Bom – Sara disse para si, sentando numa pedra, agarrando seus joelhos e olhando para trás
para o vale. Ela ficou interessada em ver se conseguia identificar pontos de referência pelo
vale, quando Seth retornou pelos arbustos,
- Venha Sara. Você vai amar isso. É uma das melhores cavernas que já vi.
- Serio?
- É, é demais! É um pouco difícil atravessar aqui, mas depois o caminho está livre – Seth disse
enquanto puxava os arbustos para Sara poder entrar. Eles andaram cerca de cem metros e logo
à frente deles estava a entrada de uma grande caverna.
- Uau! – disse Sara. – Não posso acreditar que nenhum garoto da cidade jamais encontrou isso
aqui!
- Bem, pelas marcas nas paredes eu não diria que somos os primeiros aqui, mas somos os
únicos aqui hoje, ou pelos últimos tempos. Acho que ninguém bem aqui há anos. Olhe como a
escrita está apagada.

Seth e Sara pararam na entrada.


- Não posso acreditar nisso! – disse Sara. – É um lugar enorme!

A entrada da caverna tinha um metro e meio de diâmetro, mas depois de passar por ela o
espaço aumentava. O teto da caverna parecia estar a pelo menos sete metros de altura, e por
todas as paredes e até mesmo o teto dessa primeira sala estava cobertos por pinturas, na
verdade nada talentosas, nomes e bonecos de palito – e até uma cara risonha.

- Quem quer que pintou isso não tinha muito mais talento do que eu – disse Sara.
- É, e também nenhum respeito pela beleza natural – disse Seth. Sara percebeu que Seth não
aprovava a descaracterização dessa bela caverna.
- Quer entrar mais fundo? – perguntou Sara, desejando ver mais e ao mesmo tempo realmente
esperando que Seth dissesse “Mais tarde” ou “Da próxima vez” ou “Não, realmente não quero
entrar mais fundo”.
- Sim – respondeu Seth. Ele pareceu genuinamente interessado em ver mais da caverna. Seu
entusiasmo contagiou Sara, dando lhe alguma coragem, mas ela ainda sentia-se bem relutante
em seguir adiante nesse território escuro e desconhecido.
Ela certamente não queria ser uma estraga-prazeres, mas a cada passo que avançavam Sara
sentia uma resistência cada vez maior a dar o próximo passo.

Seth também não estava com pressa. Ele estava bastante orgulhoso de ter encontrado uma
caverna tão rápido e fácil para sua nova amiga, mas ele também sentia alguma relutância em
penetrar nessa desconhecida escuridão. Mas ele não desapontaria Sara. Afinal, já chegaram até
aqui.
Seth tirou sua mochila e pegou a lanterna que trouxera. Era velha e não iluminava muito, mas
era melhor que nada, e ele apontou sua luz fraca para a caverna.

- Caramba, essa caverna não tem fim! – sua luz não era forte o bastante para chegar até a
parede do fundo da caverna. – Sara eu nunca vi uma caverna como essa, isso é incrível!

Aquelas palavras não foram realmente reconfortantes para Sara. Ela preferia que Seth tivesse
dito algo como “Sim, Sara, eu explorei muitas cavernas exatamente como essa e elas são
sempre a mesma coisa: seguras, sem nada de assustador e realmente divertidas de explorar”.
Mas ela podia perceber no tom de voz de Seth que ele estava tão inseguro sobre esta caverna
quanto ela.
Seth lançou a luz fraca ao redor, procurando encontrar o teto ou a parede do fundo da caverna,
mas a luz parecia ser incapaz de encontrar o teto ou o fundo desse lugar enorme. Seth então
apontou a luz para o chão e então parou morto de medo.

- Ssssssshhh... Não se mexa. – disse suavemente.

Sara congelou. O que Seth viu? Então subitamente houve uma agitação de poeira, e Sara ouviu
a voz de Seth dizer “Mas que diabos...”.

Ele virou-se olhando para a entrada da caverna atrás do rosto assustado de Sara e gritou:
- Olhe, Sara é a coruja! É a coruja!

Sara e Seth correram para a entrada da caverna a tempo de ver a grande coruja voando com
uma enorme serpente pendurada no bico.

- Sara, - Seth gritou – A coruja nos salvou! Aquela serpente estava enrodilhada prestes a dar um
bote! Se a coruja não estivesse lá certamente teria me pegado!
- Vamos sair daqui – exclamou Sara correndo para fora da caverna, seguida por Seth. Sara não
teve dificuldade para atravessar os arbustos e achar o caminho de volta para o pasto. Ela sequer
parou para olhar pra trás e ver se Seth a seguia até estar de volta ao pasto e pronta para
atravessar a primeira cerca.
- Pensei que você disse que não tinha medo de cobras – disse Seth sorrindo.
- Mudei de ideia – retrucou Sara, sem fôlego. – E mudei de ideia sobre cavernas também.
Seth riu.
- Sim, eu também. Ao menos por enquanto. Mas aquela caverna é incrível, Sara. Geralmente
serpentes não incomodam você, elas ficam fora do seu caminho, mas acho que a
surpreendemos. Ei, e aquela coruja? Acreditou naquilo?
- Bem, sim, acho que sim. (Ah, tinha tanto para contar para Seth)
- É melhor voltarmos – disse Seth olhando para o relógio. – O tempo voa quando estamos nos
divertindo.
- É, ou qualquer coisa parecida.

Era muito mais fácil descer para o vale do que foi subi-lo, e Sara e Seth tinham uma nova
energia que os impelia. Sara apreciou que Seth estava contendo seu passo num ritmo que ela
pudesse acompanhar, e Seth estava contente que Sara o acompanhasse facilmente. Eles
andaram e algumas vezes correram vale abaixo.

- Essas cercas velhas não parecem segurar muita coisa – disse Seth enquanto pisavam num
arame abaixando-o e puxava outro arame para cima, criando uma abertura para Sara passar.
Uma vez do outro lado, Sara fazia o mesmo para Seth passar.
- É tanto melhor para nós – Sara riu.

Eles alegremente fizeram o caminho de volta pelos pastos até a árvore morta onde esconderam
as botas. À medida que se aproximavam da árvore, Sara sentiu alguma relutância. Ela
realmente não gostava da ideia de calçar aquelas velhas botas fedidas. E a ideia de caminhar
pelo rio abaixo de volta também não era nem um pouco atraente. Seth sentiu isso também.
Sara não disse o que estava sentindo; ela guardou enquanto Seth pegava as botas dentro da
árvore.

- Sabe, Sara, os alunos estarão saindo da escola daqui a alguns minutos. Nós poderíamos passar
logo depois da escola e nos misturarmos com os outros que estão indo pra casa. O que você
acha? Gostaria de tentar?
- Sim – disse Sara excitadamente. Ela gostou muito mais dessa ideia do que seguir pelo rio. E
um jogo de esconde-esconde, ou ao menos um jogo de “eu sou invisível, você não vai me
notar” era excitante.
- Voltarei mais tarde então para pegar as botas.

Sara sentiu-se bastante aliviada.


- Bem, então vamos andando – ela disse alegremente, perfeitamente feliz por deixar para trás
aquelas botas fedidas.

Enquanto cruzavam o último pasto acima do pátio da escola, puderam ver que estava vazio.
Ninguém estava se movendo por lá. Então o sinal tocou, as portas se abriram e o pátio e o
estacionamento da escola se encheram de alunos e professores, espalhando-se do prédio como
prisioneiros em fuga. Sara sentiu algum desconforto, ou talvez fosse excitação – ou talvez fosse
culpa. Era difícil apontar exatamente o que ela estava sentindo enquanto via seus colegas
saindo da escola após um longo dia, exatamente como ela sabia que devia estar também
naquele momento.

- Ok, - disse Seth – vou seguir adiante. Não devemos ser vistos juntos.
- Ok, vai querer me encontrar na casa da árvore depois?
- Sim, nos vemos lá – Seth foi em direção à escola.

Sara observou Seth até que desapareceu atrás do prédio. Ela amarrou os sapatos, pôs a blusa
para dentro, tirou o elástico do cabelo e passou os dedos por eles para deixa-los em ordem. Ela
riu quando encontrou um galho de bom tamanho espetado no cabelo. “Ah, que legal, há quanto
tempo será que está aí”? ela falou alto, sentindo-se consciente de sua própria aparência. Ela pôs
de volta o elástico no cabelo e seguiu para atrás da escola

O Sr. Marchant saiu do prédio bem na hora que Sara dobrou a esquina. Ele olhou para Sara e
acenou.
O coração de Sara parou. “Oh, oh...” ela pensou.
Mas o Sr. Merchant entrou no seu carro, saiu do estacionamento e desapareceu na esquina.

“Ou ele não me viu, ou esqueceu que eu fui para casa doente, ou todos somos parecidos para
ele, ou estou numa grande enrascada e ele está brincando comigo”. A boca de Sara estava seca,
e ela sentiu um calor repentino. “Ah, bem” ela disse “O que está feito está feito”.
Sara caminhou rapidamente até a árvore do balanço. Ela sentiu-se mais notável do que nunca.
“Provavelmente vou brilhar no escuro” ela murmurou.

Sara não lembrava de ter vivido um dia mais de pernas para o ar como aquele em toda a sua
vida. Tinha começado prometendo tanto. Um dia inteiro para escapar e explorar com seu
melhor amigo. Mas não foi nada como ela imaginou que seria. Foi muito difícil caminhar pela
margem do rio, e as botas fedidas não adicionaram nada ao prazer do dia. Encontrar a caverna
foi ótimo, mas ser escorraçada de lá por uma enorme serpente malvada foi verdadeiramente
assustador! E então ser vista pelo Sr. Marchant... Bem, se o dia ter um fim pior, Sara não podia
imaginar como seria.

Capítulo 16
Siga o seu coração.

Sara correu praticamente o caminho todo até a trilha Thacker. E saiu da estrada e entrou pelos
arbustos meio andando meio correndo até a casa da árvore. Ela estava ansiosa para falar com
Seth e contar-lhe como tinha sido flagrada pelo diretor da escola. De todas as pessoas no
mundo para vê-la, porque tinha que ser justo a única pessoa para quem tinha mentido?

- Ei Seth – Sara chamou.


Sem resposta.

- Ele devia estar aqui há algum tempo – disse Sara em voz alta. – Seth! – ela chamou de novo,
esperando que sua voz de alguma forma alcançasse onde seus olhos não podiam ver e chegasse
a ele.

Sara sentou no chão da casa da árvore, puxou suas pernas contra o peito e descansou o queixo
sobre os joelhos. Ela estava absolutamente exausta.

- Salomão? – chamou Sara baixinho. – Pode me ouvir?


- Sem dúvida que posso, Sara. É bom ter uma oportunidade para uma prosa. Sobre o que você
quer falar?

Sara fechou os olhos e sentiu-se confortável. Ela aprendeu, com muita prática, que se ela tinha
algo realmente importante sobre o que queria falar, então ela podia ouvir a voz de Salomão em
sua cabeça tão claramente quanto seu rádio com fones de ouvido podia tocar música em seus
ouvidos. Sara tinha tanta coisa que queria conversar com Salomão.

- Salomão, onde está Seth? Ele devia estar aqui agora. Você acha que ele foi pego? Acha que
está com problemas? Ele provavelmente está tão enrascado quanto eu. Ah, Salomão, porque
nós decidimos escapar da escola?

Salomão ouviu enquanto Sara derramava suas preocupações. Quando ela finalmente parou,
Salomão começou:
- Bem, Sara, estou certo que não é nada tão mal assim. Não exagere as coisas.
- Mas Salomão, o Sr. Marchant me viu voltando por trás da escola. Acha que ele lembrou que
eu disse que ia para casa porque me sentia mal?
- Bem, Sara, essa é uma possibilidade.
- Acha que ele me reconheceu?
- Provavelmente, Sara. Você é uma das estudantes favoritas dele. Não acho que ele se
esqueceria de quem você é.
- Que ótimo, Salomão. Sou uma das alunas favoritas dele, e agora estou em apuros.
- O que lhe dá certeza de que você está em apuros, Sara?
- Eu posso sentir. Sinto-me péssima. Queria que só tivéssemos ido à escola hoje como
devíamos. Acho que sou realmente uma má pessoa, Salomão. Você está bravo comigo?
- Sara, não há nada que você possa fazer que vá deixar-me bravo com você. Meu amor por você
não é dependente do seu comportamento. Meu amor por você é constante.

Sara apreciou as palavras amáveis de Salomão, mas certamente não sentia que as merecia.

- Quer dizer que não importa quanto má eu seja, você ainda me amará?

Salomão sorriu.

- Sara, eu não acredito que você possa ser má.


- Hmmm – Sara sentiu-se confusa. Ela nunca conheceu alguém como Salomão.
- Sara, eu não desejaria que você mudasse seu comportamento para obter minha aprovação. Eu
na verdade preferiria que você buscasse encontrar harmonia com seu próprio sistema de
orientação, que existe dentro de você. Eu quero que você tome suas decisões baseadas em
como elas parecem para você, não porque você está preocupada com o que eu possa pensar de
você.

Sara estava começando a se sentir melhor. Era reconfortante que seu querido Salomão não
perdera a fé nela.

- Tenho percebido, Sara, que na base da maior parte das decepções geralmente há boas
intenções.
- O que você quer dizer?
- Por que você quer manter segredo da sua exploração na caverna? Por que não quer que seus
pais ou o Sr. Marchant saibam sobre isso?
- Porque ficariam bravos comigo se soubessem.
- É importante pra você que eles a amem?
- Sim.
- Você se acha numa situação desconfortável, Sara. Você quer que eles a amem, mas você
também quer explorar cavernas. Não contando seus planos a eles, você tentou satisfazer ambas
as intenções ao mesmo tempo. Veja, Sara, se você está tentando agradas a uma só pessoa, com
o tempo, com esforço suficiente, você pode ser capaz de ter em sua cabeça várias maneiras de
satisfazer a ele ou ela. Mas se há duas pessoas diferentes, ou três, ou mais, rapidamente isso
fica demais para controlar. A única alternativa real para você é descobrir o seu sistema de
orientação interior, que existe dentro de você.
Resumindo, Sara, você deve seguir somente o seu coração.

Sara continuava sentindo-se melhor.

- Ninguém mais pode realmente saber quais são as melhores escolhas para você. Você é a única
que pode saber isso.
- Com certeza parece que tem um monte de pessoas que acham que sabem melhor.
- Eles tem boas intenções, Sara. A maioria tem as melhores intenções quando tentam guiar
você. Mas lembre a Lei da Atração realmente está por trás de tudo que vem até você ou que
acontece com você. Assim, se você é um equivalente vibratório de boas coisas, então somente
boas coisas virão para você. Nada tão terrível aconteceu. Eu estou até feliz que você dois
tiveram um dia tão interessante. Você terá muito mais proveito dessa exploração na caverna do
que teria se você tivesse estado na escola o dia todo.
- Então você acha que está Ok eu ter escapado da escola hoje? E ter mentido para o Sr.
Marchant?
- Bem, vejamos, Sara, vamos conferir com o seu próprio sistema de orientação. Como você se
sentiu quando disse ao Sr. Marchant que ia para casa por sentir-se mal?
- Hmm... Eu não me senti bem naquele momento. Senti-me culpada. Incomodou-me que ele
acreditou em mim.
- Então seu sistema de orientação disse a você que aquela ação não era equivalente ao seu
desejo de ser confiável.
- Quando você pensou num dia para escapar da escola e explorar cavernas, como você se
sentiu?
- Eu me senti ótima, Salomão. Senti-me feliz e excitada.
- Bom, então seu sistema de orientação lhe disse que era uma boa ideia.
- Mas Salomão, eu não compreendo. Como eu poderia conseguir algo que eu queria, como
explorar cavernas, sem fazer algo que eu não queria, como mentir?
- Antes que eu responda isso, Sara, deixe que eu lhe faça algumas perguntas. Como foi seu dia
de exploração? Foi glorioso? Foi divertido? Foi maravilhoso? Foi um dia perfeito?
- Bem, uma parte foi maravilhosa. Em alguns momentos eu me senti realmente muito, muito
bem, mas houve momentos difíceis, e outros assustadores. Foi uma mistura.
- Na verdade, Sara, seu dia foi um equivalente perfeito de como você estava se sentindo sobre
ele. Você sentiu-se tanto bem como mal sobre ele, e seu dia foi um equivalente perfeito do
modo como você estava se sentindo.
- Quer dizer que se eu tivesse me sentido apenas bem a respeito desse dia de exploração, o dia
teria sido apenas bom?
- Exatamente correto, Sara. A Lei da Atração é sempre exata.
- Então eu não tinha que dizer uma mentira para conseguir ir?
- Correto. Uma vez que vocês dois decidiram que queriam ir explorar cavernas, vocês poderiam
ter mantido a ideia, puramente, e um modo de aquilo acontecer, sem violar outros desejos, teria
se aberto para vocês. Na verdade Sara, nunca é tarde para encontrar um ponto de bem-sentir
sobre qualquer coisa. As coisas mudarão constantemente para combinar com o sentimento que
você traz dentro de si.
- Quer dizer, se eu encontrar um ponto de bem-sentir agora eu ainda posso evitar que o Sr.
Marchant fique desapontado comigo?
- Sem dúvida. Você só tem que pensar nele compreendendo-a e amando-a. Lembre, Sara, você
pode saber como você está indo pelo jeito como está se sentindo. Se seus pensamentos parecem
bons, então coisas boas virão para você. Tente encontrar pensamentos que pareçam bons.
- Ok Salomão. Vou trabalhar nisso. Melhor eu ir andando. Espero que esteja tudo bem com
Seth.
- Imagine que está tudo bem.
- Ok, grata pela ajuda.

Capítulo 17
São boas crianças?

Sara deitou em sua cama, pensando sobre o Sr. Marchant. Ela tinha um nó no estômago e um
forte sentimento de medo pulsava nela.
“Eu daria qualquer coisa para não ter que ir à escola hoje” ela disse em voz alta.
“Se o seu pensamento parece bom, então boas coisas virão para você” Sara lembrou as palavras
de Salomão.
Estava difícil achar um pensamento bom.

Imagens preocupantes sobre porque Seth não tinha ido à casa da árvore, o que o Sr. Marchant
estaria pensando dela e o que seus pais fariam se eles descobrissem pareciam dominar Sara.

As palavras de Salomão vieram à cabeça de Sara: “Sara, nunca é tarde para encontrar um lugar
de bem-sentir sobre qualquer coisa. As coisas mudarão constantemente para combinar com o
sentimento que você traz dentro de si”.

Sara sentou-se na cama e pegou uma caneta e um caderno da mesa ao lado. Ela começou a
fazer uma lista das coisas que sempre faziam ela sentir-se bem. E ela descreveu com letras bem
grandes no alto da folha: CASA DA ÁRVORE.
Ela sorriu. Pensar na casa da árvore sempre fazia Sara sentir-se bem. Então ela escreveu mais:

A ESCADA PARA A CASA


A CORDA DE BALANÇAR
AS POLIAS DE SETH E O BALDE

Sara pensou como Seth ficou excitado ao mostrar para ela a casa da árvore, e como ela ficou
feliz ao descobri-la. Ela lembrou como foi entusiasmante o seu primeiro balanço sobre o rio, e
ela riu ao lembrar o seu primeiro pouso na lama. E enquanto ela pensava no dia que Seth lhe
mostrou as polias e o balde, e na noite em que eles balançaram no escuro enquanto o jogo de
futebol acontecia sem eles, seu desconforto desapareceu completamente. Ela sentou-se na cama
preenchida com um renovado sentimento de bem-estar.
Ela pensou no Sr. Marchant e como ele sempre tinha um sorriso e uma palavra agradável
sempre que encontrava com ela no corredor. Ela pensou em como ele sempre tinha um brilho
nos olhos quando estava fingindo ser rude ao disciplinar alguém.
Ela lembrou de vê-lo no gramado da frente pegando papéis de balas, e no corredor fechando
algum armário que algum estudante tinha esquecido aberto. Ela pensou sobre as longas horas
que ele trabalhava, e como algumas vezes nos sábados seu carro era o único no estacionamento.
“Ele deve gostar de ser nosso diretor” pensou Sara.

Sara decidiu pegar o caminho longo para a escola indo por uma sinuosa trilha pelo bosque que
saía no terreno da escola no lado de trás do prédio da administração.

De repente ela ouviu ruídos entre os arbustos. Alguém estava vindo, e rápido! Ela parou e
olhou ao redor, ansiosa e ao mesmo tempo não ansiosa para descobrir quem estava correndo na
direção dela. Por um breve momento, ela sentiu-se como Chapeuzinho Vermelho escapando
pela floresta, e ela pensou por um momento que algo assustador como um grande lobo mau
poderia irromper entre os arbustos pronto para devorá-la viva. E antes que ela pudesse rir da
sua fantasia tola, Seth surgiu de entre os arbustos.

- Seth! – exclamou Sara alegremente. – Que bom ver você! O que aconteceu com você ontem?
Porque não foi para a casa da árvore?
- Porque o Sr. Marchant me viu atravessando o pátio da escola. Eu tinha planejado misturar-se
com os outros alunos, mas em vez disso fui bem na direção dele. Eu estava correndo pelo
gramado da frente quando ele saiu do prédio da administração. Só tive sorte de não atropelá-lo.

Sara começou a rir. Ela não conseguia parar de rir.


Seth riu também. Ele não tinha certeza do que é que ele estava rindo, mas ele estava curtindo
tanto a risada de Sara que ele não podia ficar sem rir também.
Finalmente Sara tomou fôlego e conseguiu articular algumas palavras:

- Seth, você não vai acreditar, mas o Sr. Marchant me viu também!
- Não, você está inventando! – Seth riu.
- Não, sério. Eu vinha contornando o prédio e ele olhou direto pra mim. Eu sei que ele me viu.
- O que ele disse?
- Nada. Ele só olhou pra mim, acenou e foi para o seu carro.
- Puxa vida! Sara, dá para acreditar? Quais são as chances? O que você acha que vai acontecer
com a gente?
- Bem, provavelmente ele não vão nos matar – disse Sara procurando deixar a situação leve.
- Eles provavelmente não, mas meus pais vão – disse Seth.

Sara queria contar para Seth tudo o que ela tinha aprendido com Salomão sobre encontrar um
ponto de sentir-se melhor sobre a Lei da Atração. Mas não havia tempo para tudo aquilo agora.
Eles aproximaram-se do terreno da escola, e quando eles passavam pela cerca na parte de trás
do prédio da administração, Sara deixou sua mochila no chão e sentou nela, então tirou um
sapato e o sacudiu, e uma pequena pedra caiu de dentro dele.
Seth parou e esperou por ela. Enquanto ele estava ali à sombra do grande prédio, ele pode ouvir
vozes pela janela aberta acima deles.

- Sssshhh – ele sussurrou para Sara fazendo sinal de silêncio.


- Quê? – ela sussurrou de volta. Quando ela levantou ela pode ouvir o Sr. Marchant e outro
professor conversando e então rindo.
- Acho que ouvi o Sr. Marchant dizer o meu nome e o seu.
- Não diga – Sara sussurrou.
- Sssshhh, ouça...

Sara e Seth agacharam perto do prédio e escutaram atentamente. O coração de Sara estava
batendo tão forte que ela achou que sairia pela boca. Ela não sabia o que era pior – o diretor da
escola falando sobre eles ou eles escutando a conversa debaixo da janela.

- Bem o que você vai fazer a respeito? – perguntou o Sr. Jorgensen.


- Eu pensei muito sobre o assunto. De fato passei quase a noite toda pensando nisso. E vou lhe
dizer, meu instinto diz para não fazer nada.
- Sei.

Sara e Seth se olharam. Eles mal podiam acreditar no que estavam ouvindo, ou mesmo que
estavam bem debaixo da janela para ouvir aquilo.

- Você sabe, Chuck, - continuou o Sr. Marchant – tenho pensado sobre as crianças de hoje.
Suas vidas são tão diferentes de quando nós éramos meninos. Eles mal tem um momento livre
para si. Parece que quando éramos crianças – mesmo quando tínhamos muito trabalho para
fazer – também tínhamos mais tempo para nós mesmos. Eu me lembro de ficar deitado no
pomar de maçãs, algo como horas por dia, só olhando as nuvens passar. E o máximo com que
tinha que me preocupar era não ser pisoteado pelo cavalo que comia as maçãs da árvore acima
de onde eu estava. Eu não lembro onde achávamos tempo, nem me lembro de alguém
oficialmente concedendo tempo livre pra mim, mas eu tinha tempo para pensar e sonhar e
planejar. Tempo para explorar e... Eu não vejo muitas crianças de hoje curtindo serem crianças.
Nós as deixamos tão ocupadas. Parece que decidimos que elas não tem senso próprio, então
temos que tomar as decisões por elas. Então agendamos seu tempo na escola e seu tempo
depois da escola. Não sei como aguentam. Eu vou lhe dizer, Chuck, se eu fosse criança hoje,
acho que enlouquecia. E eu fugiria a toda hora também.

- Sei o que quer dizer.


- São boas crianças. Eu conheço Sara a vida toda dela. Tenho visto ela desviar do seu caminho
tantas vezes para ajudar os outros ou fazer alguém sentir-se melhor. E esse garoto novo, Seth é
o nome dele, não é? Tenho ouvido coisas boas sobre ele também. Essas crianças são especiais,
Chuck. Não vou criar um caso por isso. Não acho que farão disso um hábito.
Quero dizer, o que há de mal em querer um tempo para serem crianças?
O primeiro sinal tocou, e Seth e Sara levantaram tão rápido que bateram as cabeças. Eles
cobriram a boca com as mãos para abafar as risadas e então seguraram o fôlego esperando não
serem detectados.

- Eu gostaria que não comentasse com ninguém, Chuck. Não quero que digam que estou
amolecendo ou coisa assim. E não quero abrir precedentes. Amanhã posso resolver pensar
diferente sobre tudo isso. É apenas como vou lidar com isso agora, entende?
- Entendo, Keith, e concordo com você. Ei, tenha um bom dia.
- Você também.

Sara e Seth se olharam com satisfação.

- Verei você na casa da árvore – sussurrou Seth.


- Sim – sussurrou Sara de volta. – Até mais.

Capítulo 18
Uma amizade para sempre

Eles combinaram de se encontrar na casa da árvore todo dia depois da escola, mas por algum
motivo Sara sentiu-se compelida a esperar junto ao mastro da bandeira. “Ninguém vai reparar
se caminharmos juntos vez ou outra. Há muitas crianças que andam juntas indo pra casa”,
justificou Sara.
A porta grande bateu ao fechar e Seth saltou os degraus da frente. Ele abriu um largo sorriso
quando viu Sara esperando por ele.

- Sara, estou feliz que tenha me esperado. Eu consegui...


- E aí, esquisitão! – Sara ouviu a voz zombeteira de Len atrás deles.

Sara virou-se para ver Len e Tommy, os dois garotos mais desagradáveis da cidade, não, do
mundo todo parados atrás deles. Eles nunca dirigiram a ela suas observações depreciativas, mas
Sara já testemunhara suas provocações maliciosas em muitas ocasiões, e com a ajuda de
Salomão ela finalmente conseguiu muito bem sintonizá-los fora de sua experiência. Mas ela já
vira ele levarem muitos colegas da escola às lágrimas, ou perto disso, com suas grosserias. Eles
não eram espertos, não tinham boas notas, não vinham de famílias prósperas. Sara nunca
compreendeu como ficaram tão poderosos.

- Sara, quem é seu novo amigo esquisito? – provocou Tommy.


- Ei, meu nome é Seth. E eu sempre fui esquisito. Pelo menos até onde eu me lembre. Eu já me
acostumei faz tempo. Dê um tempo e você vai se acostumar também. Quem é você? – Seth
moveu-se rápido, pegando a mão de Tommy e sacudindo-a vigorosamente.
- Tom – ele respondeu sem graça.
Seth sacudiu a mão com vontade, e de fato ele sacudiu, e sacudiu, e sacudiu. Sara sufocou uma
risada. Seth tinha encarnado a atuação de algum comediante ao continuar a sacudir a mão de
Tommy num gesto patético de amizade. Seth finalmente soltou a mão de Tommy.

- E qual seria o seu nome? – perguntou Seth agora tentando alcançar a mão de Len.

Len saltou para trás como se Seth fosse um leão prestes a devorá-lo. Segurando as duas mãos
para cima e para trás, como se alguém tivesse gritado “Mãos ao alto”! Ele andou para trás
balbuciando alguma coisa como “Não, tudo bem”.
Len e Tommy saíram correndo como se aquele leão estivesse caçando-os agora.
Sara ria e gargalhava.

- Que foi? – Seth riu.


- Você é um gênio, Seth Morris. Nunca tinha visto nada assim antes.
- Eu não sei do que você está falando – Seth riu.
- Sim, claro! – Sara riu

- Ei Seth! Tudo certo! – alguém gritou de um carro que passava.


Seth parou de rir.

- O que foi? – Sara perguntou. Ela não entendeu porque Seth não estava satisfeito com a
saudação que atraiu.
- Sara, não quero fazer inimizade com aqueles dois, e não quero ninguém me seguindo e me
usando como um defensor para lutar as suas batalhas. Mas já vi um monte de garotos como
aqueles dois. Eles se sentem tão mal sobre si próprios que o único modo de se sentirem melhor
é por os outro pra baixo. Não funciona. Não faz eles se sentirem melhor, então eles só ficam
pior e pior. Só o que eu quis fazer foi mostrar para eles que não sou um bom alvo para a sua
diversão. Só queria que eles me deixassem em paz. Não é trabalho meu salvar a escola deles.
Todo mundo pode se cuidar sozinho.

Sara estava surpresa por Seth levar o assunto tão a sério. Era óbvio que aquela experiência não
era nova para ele, e que ele já tinha pensado muito sobre isso. Enquanto Sara ouvia a fala de
Seth, ela não pode evitar de perceber que de alguma forma era muito semelhante ao que
Salomão lhe ensinara. Mas Sara notou que ele ainda tinha problemas com o tema.

“Seth” – pensou Sara – “tenho que lhe contar sobre Salomão”.

Sara lembrou que Seth tinha começado a lhe contar algo quando Len e Tommy interromperam
rudemente.

- Ei, o que é que você ia me contar?

Sara pode ver Seth rebobinando os pensamentos tentando lembrar o que ele estava tão ansioso
para lhe contar.
- Ah, nada. Nada que não possa esperar. Sara, melhor eu ir. Vejo você amanhã.
- Ok – Sara percebeu que essa não era uma boa hora para insistir, mas ela estava perplexa. Seth
parecia tão feliz quando saiu da escola. Ele parecia forte, confiante e controlado, e mesmo
jubilante enquanto lidava tão perfeitamente com Len e Tommy, mas seu humor mudou
abruptamente quando os garotos o aprovaram, gritando do carro que passava. “Por que isso
incomodou tanto Seth”?

Seth não contou pra ela sobre suas miseráveis viagens de ônibus e os garotos desagradáveis da
sua última escola. Ele tinha afastado muito bem isso da mente – que dizer, até hoje.

- Triste – Sara murmurou, sentindo-se deprimida porque Seth não iria com ela até a casa da
árvore. Ela foi para lá de qualquer jeito, e silenciosamente subiu a escada até a plataforma
construída por Seth, e deitou sobre o banco usando sua mochila como travesseiro.

- Salomão – Sara disse em voz alta – Pode me ouvir? Preciso conversar sobre algo.
Nenhuma resposta de Salomão.

Sara lembrou das palavras de Salomão para ela quando ele fez a transição de seu amigo físico
emplumado para seu amigo não-físico sem penas. “Sara, nossa amizade é para sempre. E isso
significa que a qualquer momento que você quiser conversar com Salomão, tudo o que você
precisa fazer é identificar sobre o que você quer conversar e focar nisso. Coloque-se numa
situação de sentir-se muito bem e eu estarei bem aqui com você”.

Capítulo 19
Morto... ou vivo?

Sara abriu seus olhos, sentindo-se bem desorientada.

- Bem, isso foi inédito – ela disse em voz alta. – Não costumo dormir no alto de árvores.
- Mas eu sim – Sara ouviu uma voz clara e familiar vinda de um galho sobre sua cabeça. Seu
coração disparou.
- Mas o quê? Salomão, é você? É você?
- Olha, Sara. Como vai você hoje?

Lágrimas começaram a rolar pela face de Sara, enquanto ela espreitava através das folhas,
espiando uma grande e linda coruja pousada num galho da sua árvore.

- Essa é uma casa de árvore muito legal, Sara. Posso ver porque você passa tanto tempo aqui.
- Salomão, Salomão, ah Salomão! Você voltou! Você voltou!
- Sara, realmente eu não sei porque você está tão excitada. Eu nunca fui embora.
- Mas Salomão, eu posso ver você. Você tem penas. Você voltou!

Salomão sorriu, muito satisfeito em ver a satisfação de Sara.


- Bem, Sara, eu pensei que seria mais fácil para Seth experienciar a mim se pudesse me ver da
mesma forma que você no início. Além do mais, eu queria passar um tempo na sua casa da
árvore.

Sara riu. Era seu querido, doce, divertido Salomão muito bem. Sara sentiu-se mais feliz do que
nunca.

- Ah, Salomão, estou tão feliz que esteja de volta!


- É difícil deixar de lado essa coisa de vivo ou morto, não é, Sara? Lembre, você não está viva
ou morta. Você está sempre viva. O que há com minhas penas afinal que é tão importante para
vocês mortais?

Sara riu. Ela entendeu o que Salomão lhe ensinara, que não há morte e que todos os Seres
vivem para sempre. Mas não tinha como evitar. Sara amava ser capaz de ver Salomão enquanto
o ouvia. Ela amava espiar seus olhos sábios e maravilhosos e contemplar suas lindas penas
movendo-se suavemente com a brisa. Ela amava vê-lo abrir suas incríveis e grandes asas e
erguer-se poderosamente acima no céu.

- Sara, teremos momentos maravilhosos enquanto ajudarmos Seth a lembrar quem ele é. Ele
está ponderando muitas coisas importantes, e é por essa razão, em resposta aos pedidos dele,
que eu retornei.

Sara sorriu. Ela sentiu tamanha alegria e tamanho amor, e um excitado sentimento de
ansiedade.

- Sara, eu vou deixar que você nos apresente.


- Mas Salomão, o que devo dizer?
- Use seu próprio julgamento. Tenho certeza que você pensará a coisa certa a dizer. Conte para
Seth sobre mim amanhã e no momento certo eu me juntarei a vocês. Tenha uma boa noite, doce
Sara. Verei você mais tarde.
- Salomão, estou tão feliz de vê-lo novamente!
- Bem, Sara, é legal ser visto.

Sara riu.
Salomão alçou voo do galho, fez um grande círculo no céu e voou para fora da vista de Sara.

- Iupiiiiii! – a voz de Sara ecoou pelas árvores. Ela correu e saltitou todo o caminho até sua
casa.

Capítulo 20
Sem retorno

“Oh, puxa, está chovendo”! Sara nem podia acreditar. Quase nunca chovia naquela cidade.
Durante o inverno havia muita neve, e então durante a primavera e o verão a neve derretia
lentamente, provendo toda a água que a comunidade de Sara e outras rio abaixo necessitavam.
Chuva era raro.
Com tantos dias para chover... Esse era o dia que Sara planejava contar sobre Salomão para
Seth. “Mas não podemos ir para a casa da árvore na chuva” Sara reclamou silenciosamente.
O último sinal tocou e Sara esperou dentro do pátio. Ela riu enquanto olhava para o pátio da
escola, observando os estudantes correndo aqui e ali como galinhas sem cabeça. Ninguém tinha
guarda-chuva. Alguns seguravam suas jaquetas sobre a cabeça, alguns tentavam se proteger
com livros, e todos pareciam desorientados e desajeitados.

“Que coisa” Sara pensou “é só um pouco de água. Ninguém vai derreter ou coisa assim”.

- Ei Sara – Seth chamou enquanto descia a escada na direção dela. – Estou contente que me
esperou. Tive receio que fosse pra casa por causa da chuva.
- É, tristeza. Acho que não vamos poder balançar na árvore hoje – de qualquer forma, Sara não
planejaria ficar balançando muito hoje. O que ela realmente queria era sentar e conversar com
Seth.
- Provavelmente não poderemos balançar hoje, mas podemos ir até a casa da árvore assim
mesmo. Eu pus uma cobertura sobre ela hoje de manhã antes de vir para a escola. Deve estar
bem seco ali embaixo. Minha mãe disse que posso demorar uma meia hora extra hoje. Como
está tudo molhado, não tenho tarefas para fazer. Quer ir?
- Quer Sim! – Sara estava sorrindo de orelha a orelha. Não apenas a chuva não era mais um
problema, como se tornava uma ajuda.
- Ei, o que fez você pensar numa cobertura? Não estava chovendo de manhã.
- Minha mãe disse que choveria antes do fim do dia. Ela diz que pode sentir isso no cotovelo.
Ela nunca erra. É um dom.
- Você tem uma mãe bem esquisita – Sara disse rindo.
- Só vendo pra conhecer! – Seth riu de volta.

Sara riu. “Bem, ele logo vai saber o quanto eu sou esquisita”.
Mas por algum motivo Sara não estava muito preocupada com isso. De fato, parecia que uma
série de circunstâncias estranhas havia montado o cenário perfeito para sua conversa com Seth,
que ela devia faz tempo. Ela podia sentir que a oportunidade para isso era perfeita. A coisa toda
parecia ter um senso de inevitabilidade. Era como tudo estivesse se movendo nesse sentido e
não houvesse volta – e nenhum desejo de voltar atrás.

Esse sentimento lembrou Sara de estar sentada num trenó de saco de estopa no alto. de um
escorregador gigante na sua primeira visita ao parque de diversões. Ela lembrou que ficou tão
hesitante, como não se sentia pronta, mas então seu irmão Jason lhe deu um empurrão por trás e
num instante ela estava deslizando pelo escorregador. Ela sabia que não tinha como voltar
atrás, e na diversão da descida nem queria voltar.

Tudo isso parecia ser assim, e Sara sabia que estava prestes a começar sua descida pelo
escorregador.
Capítulo 21
A coruja que ensina

Sara e Seth sentaram no alto da árvore.

- Você acha que seus pais sabem sobre este lugar? – perguntou Sara.
- Não tenho certeza. Mas acredito que se soubessem eles provavelmente estariam achando
coisas para eu fazer para não ficar desperdiçando tempo aqui. E acho até que nem descobriram
que vou a algum lugar depois da escola.

Sara sentou encostando-se na árvore e puxou as pernas perto do peito, e então pôs sua jaqueta
sobre as pernas. Ela sempre ficava fascinada pelas histórias que Seth contava sobre sua vida em
casa. Era difícil para Sara imaginar ter pais tão severos. Não que Sara não tivesse
responsabilidades, ela tinha muitas. Mas sempre pareceu que era importante para seus pais que
ela tivesse uma vida boa e agradável. Ela nunca sentiu que eles estivessem tentando ficar entre
ela e uma boa vida.
Eles não tinham ideia fixa de fazer a vida de Sara ser perfeita – nada disso, mas também não
ficavam no caminho.
Parecia que os pais de Seth deliberadamente faziam sua vida difícil. Como se uma vida dura
fosse fazê-lo melhor, ou mais forte, ou coisa assim.

- Nós só temos que nos divertir tanto quanto possível enquanto podemos, Sara – disse Seth.

“Bem, esse é um momento bom como qualquer outro” pensou Sara. “Aí vai” Sara engasgou.
Ela simplesmente não achava as palavras para começar.

Salomão estava ciente da dificuldade de Sara.

- Sara – Salomão disse em sua mente – você está preocupada que Seth a desaprove?
- Pode ser – Sara disse em voz alta.
- Pode ser o quê? – perguntou Seth.

Sara estava tão concentrada no que Salomão poderia dizer que ela nem percebeu que Seth tinha
falado com ela.

- Sara, em vez de ficar preocupada com a aprovação e Seth, pense no valor do que está dando a
ele.

O medo de Sara desapareceu. Uma corrente de memórias maravilhosas percorreu a mente de


Sara enquanto ela percebia, naquele momento o valor extraordinário que ela descobriu ao
conhecer Salomão.

- Claro – disse Sara em voz alta.


- Claro o quê? – disse Seth. – Sara, você está começando a me assustar.
Sara retornou sua atenção para a casa da árvore e para o amigo sentado à sua frente.

- Bem, Seth, você está pronto para o próximo capítulo da minha vida estranha mas
maravilhosa?

Seth sorriu. Ele estava morrendo de curiosidade para ouvir mais sobre sua experiência com a
coruja, mas ele decidiu deixa-la ter a iniciativa de prosseguir.

- Pode apostar que sim!


- Ok, aí vai. Lembra que eu contei como caí no gelo, e como ouvi uma voz que disse “Você
esqueceu que não pode se afogar”?
- Lembro.
- E de como eu vi aquela incrível coruja gigante?

Seth acenou com a cabeça, impaciente.

- Bem, no dia seguinte eu voltei ao matagal pra ver se poderia encontra-lo novamente. E
quando eu cheguei à mata lá estava ele, pousado bem ali no poste da cerca, bem na frente do
meu rosto.
- Eu já vi um monte de corujas, mas nunca assim tão de perto. Você ficou assustada?

Sara respirou fundo tornando fôlego.

- Não, eu não fiquei assustada porque tudo estava acontecendo tão rápido. Ele me disse: “Olá
Sara, está um dia adorável hoje, não”?

Sara falou lentamente, estudando a expressão de Seth e esperando por algum tipo de reação,
mas Seth estava quieto. Isso era ainda pior. Ela preferia que ele risse, então ela poderia fingir
que estava inventando aquilo só para provoca-lo, então poderiam apenas balançar da árvore e
esquecer tudo isso.

- Continue – disse Seth lentamente.


- Bem, sua boca não se movia ou coisa assim, mas eu podia ouvir o que ele estava pensando.
Ele sabia o meu nome, e disse que estava esperando por mim. Ele disse que era um mestre e
que eu sou mestra também. Ele conhece tudo, Seth. Ele é tão divertido e tão esperto e conversa
sobre qualquer coisa que eu queira conversar. Ele diz que tudo está bem, e que não importa o
que aconteça em nossas vidas é porque nós estamos fazendo acontecer.

A boca de Sara estava tão seca que ela quase entrou em pânico. Ela tinha avançado demais para
voltar atrás, mas ela estava paralisada para poder prosseguir com a história também. Ela nunc
atinha contado nada disso para ninguém antes.

- Sara, não creio nisso! É esquisito demais!


- Eu não devia ter lhe contado!
- Não, Sara, eu acredito em você. Eu acredito em você! Eu quis dizer que é esquisito porque
uma vez um pássaro conversou comigo também. Só aconteceu uma vez, e então depois eu
pensei que tinha sonhado aquilo, ou alucinado, ou coisa assim. Eu nunca contei isso pra
ninguém. Teriam me achado louco.

Sara sentiu um alívio enorme.


- Verdade? Um pássaro conversou com você?
- Era um canário vermelho. Um dia eu estava caçando alguma coisa para o jantar, nós
costumávamos comer qualquer coisa que pudéssemos atirar ou prender.
- Hum – Sara murmurou. A vida dele era bem diferente da dela.
- ...e um dia eu estava sentado num toco no pasto, só esperando que algo aparecesse, e esse
grande canário vermelho pousou na cerca bem perto de mim. Então eu mirei nele, e bem
quando ele estava olhando pra mim eu atirei. Ele só caiu da cerca na neve. Era tão vermelho,
deitado ali na neve branca. Eu fui ver de perto e pensei “Caramba, porque eu fiz isso? É tão
pequeno para comer”. Eu me senti realmente mal. Pareceu um terrível desperdício.

Uma lágrima rolou pelo rosto de Seth.


- Então o pássaro falou comigo. Ele até sabia meu nome.
- O que ele disse?
- Ele disse: “Seth, não há motivo para sentir-se mal. Porque não há desperdício, e não há morte.
Tudo está bem aqui. Tudo está bem”. Mas também ele foi o último ser em que atirei.
- Uau! – os olhos de Sara encheram-se de lágrimas também. – Isso parece muito com algo que
Salomão diria.

Seth enxugou o rosto com a manga, e Sara fez o mesmo, e ambos ficaram aconchegados
sentados na árvore, sobrecarregados de emoção. Não disseram nada.
Salomão circulou sobre a casa da árvore, aguardando para fazer sua entrada perfeita.

- Não haverá melhor momento que esse – disse Salomão enquanto mergulhava do céu direto
para baixo como se fosse mergulhar no rio, mas então ele se elevou rapidamente no último
instante e subiu até a casa da árvore, e pousou num galho bem perto de Sara e Seth.
- Caramba, Louise! – gritou Seth saltando de pé.
- Louise é um belo nome, mas Sara me chama Salomão.

Seth deixou-se cair no banco como se suas pernas não pudessem sustenta-lo, e olhou para Sara
extasiado.
Sara sorriu e encolheu os ombros.

- O que posso dizer?

Sara foi para a cama aquela noite sentindo um contentamento além de tudo que já sentira antes.
A emoção der ter Salomão de volta em sua forma física, que ela podia ver e tocar, era quase tão
maravilhosa que ela nem podia acreditar. E coroando tudo ter os seus dois melhores amigos no
mundo agora se conhecendo um ao outro, bem, simplesmente não poderia existir nada melhor
que isso. E parecia óbvio para Sara que a apreciação de ambos era mútua.
Sara encolheu-se fundo na cama e puxou as cobertas sobre a cabeça. Ela estava tão, tão, tão
feliz!

Capítulo 22
Vamos voar juntos

Sara acordou no meio da noite. Seu quarto estava muito escuro, e ela ficou deitada imaginando
porque estaria acordada. Então, do outro lado do quarto, no canto de cima, ela notou uma luz
branca suave. “Mas que será isso”? disse Sara sentando-se na cama e esfregando os olhos para
tentar focalizar melhor.
O brilho tornou-se mais intenso, e quando Sara abriu os olhos ela pode ver a essência de
Salomão. Era como ver uma versão fantasma do seu bom amigo emplumado.

- Salomão? É você? – Sara perguntou.


- Boa noite, Sara. Espero que não se importe de eu ter lhe acordado. Estava imaginando se você
gostaria de vir voar conosco.
- Sim, claro. Pode apostar, estou pronta... conosco? Com mais quem?
- Seth está na casa da árvore agora. Ele está balançando na árvore. Está tão feliz que não
conseguiu dormir. Pensei que seria uma boa oportunidade para um voo noturno. O que você
acha?

O coração de Sara estava tão feliz que ela pensou que fosse explodir. Ela nunc esqueceu os
voos noturnos acompanhados por Salomão, mas já fazia algum tempo desde a última vez. Nada
em sua experiência antes ou depois jamais chegou perto da beleza desses voos. E agora
Salomão estava convidando ela de novo, e o melhor de tudo, seu amigo Seth iria junto.

- Vista-se e vá até a casa da árvore, Sara. Seth ficará feliz em vê-la. Encontrarei vocês lá.
- Demais, Salomão. Nos veremos lá.

Salomão desapareceu.

Sara deslizou fora da cama e vestiu-se silenciosamente. Ela lembrou de voar com Salomão e
como tinha se sentido confortável com sua camisola, mesmo que fosse na metade do inverno.
Ela não tinha certeza porque estava se agasalhando tanto, mas pareceu a coisa certa a fazer,
pois ela estava certa de que estava menos de 4ºC lá fora. Ela silenciosamente deslizou a porta
dos fundos, atravessou o quintal e foi para a trilha Thacker.

Não havia luar, e estava escuro. Mas enquanto andava, os olhos de Sara ajustaram-se à
escuridão e ela percorreu o caminho tão familiar guiando-se ou sentindo o caminho pelas
árvores. Ela sorriu ao perceber que mesmo estando sozinha no meio da noite ela não sentiu nem
um pouco de medo.

Ela ouviu um tipo de “vuupt” nas árvores. Ela parou e aguçou os ouvidos esperando ouvir
novamente. Então, “vuupt”... “vuupt”... “vuupt”... e um “tump”. Sara sorriu.
Bem como Salomão disse, Seth estava balançando na árvore. Sara ficou parada, oculta nas
sombras. Como poderia mostrar que estava ali sem assustar Seth?
Ela fez um copo com as mãos na frente da boca e chamou: “U-uuu... u-uuu... u-uuu...” tentando
imitar uma coruja.
Seth ouviu o som de coruja e ficou congelado no lugar.
“U-uuu... u-uuu... u-uuu...” Sara chamou de novo.

- Salomão, é você? – Sara ouviu Seth perguntar, e riu baixinho.

Seth fez copo com as mãos e chamou de volta: “U-uuu... u-uuu... u-uuu...”
“U-uuu... u-uuu... u-uuu...” Sara respondeu.
“U-uuu... u-uuu... u-uuu...” Seth respondeu de volta.

- Queeem é vocêêê? – arrulhou Sara, depois riu.

Seth reconheceu a voz de Sara.


- Sara, mas o que você está fazendo aqui?
- Eu devia lhe perguntar a mesma coisa – Sara riu. – Desculpe pela imitação de coruja, mas eu
não queria apavorar você.
- Eu não consegui dormir, Sara. Esse assunto do Salomão é tão incrível. Mal posso acreditar
que esteja acontecendo, fiquei imaginando se sonhei isso.
- Eu sei, a primeira vez que encontrei Salomão eu acordei na manhã seguinte achando que tinha
sonhado, ou que talvez tivesse enlouquecido. E nem contei pra mais ninguém porque tinha
certeza que iam pensar que eu estava louca. Mas não é loucura, Seth. É maravilhoso, e é real.
- Eu sei. É legal, Sara, mas é tão esquisito. Fico feliz que possamos conversar isso juntos.
- Tenho uma ideia que parecerá ainda mais louca.
- O que você quer dizer, Sara?
- Bem, Salomão me acordou há cerca de uma hora, e disse que você estava aqui na árvore e que
se eu encontrasse você aqui, nós três poderíamos voar juntos.

De cima de suas cabeças Sara e Seth ouviram: “U-uuu... u-uuu... u-uuu...”. Sara riu. Ela sabia
que era Salomão. No entanto por todo o tempo que Sara conheceu Salomão essa era a primeira
vez que ele disse “U-uuu... u-uuu... u-uuu...”.

- Ei Salomão! – disse Sara. Ela sabia que Salomão estava falando corujês para provoca-los.
- Boa noite, meus pequenos amigos de corujas. Estão prontos para vir voar comigo? – Salomão
voou para baixo até um galho logo acima deles.
- Sério, Salomão? – perguntou Seth espantado. – Podemos voar com você? Cara, nem posso
acreditar!
- Seth você já voou antes, não? Parece-me que posso recordar muitos voos na região rural
olhando de cima as fazendas
- Ah, você quer dizer voar em sonho. Ah, sim, eu costumava fazer isso o tempo todo, na
verdade toda noite eu ia voar nos meus sonhos. Então os sonhos pararam. Não tenho certeza,
mas creio que foi por conta de algo que a Sra. Gilliland disse.
- O que foi que ela disse? – perguntou Sara.
- Ela disse que sonhar com voos era errado.
- O que poderia haver de errado em sonhar com voos? – Sara admirou-se. – São o melhor tipo
de sonho que alguém poderia ter.
- Ela disse que sonhar com voos significa sexo. – disparou Seth, e então ele corou. Ele nem
acreditava que disse isso na frente de Sara. Sara corou também.
- Na noite seguinte eu estava sonhando que voava, como sempre, sobre a fazenda e o lago e
arredores, então eu voei para dentro de uma caverna. À medida que voava, a caverna ia ficando
cada vez mais estreita, mas eu continuei indo cada vez mais fundo nela até que ela acabou
numa estreita fenda; e lá estava eu entalado na fenda.
- E então o que aconteceu? – Sara perguntou.
- Acordei. E esse foi o último sonho em que voei.

Sara estava com os olhos arregalados.


Salomão sorriu.

- Bem, Seth, eu acho que é hora de você se libertar da escravidão dessa caverna, e da
escravidão do que as outras pessoas pensam. Já é tempo de você voar novamente.
- Estou pronto. O que devo fazer?
- Sara, porque não explica para Seth?
- bem, - Sara hesitou, tentando relembrar as instruções do seu primeiro voo. – Primeiro você
tem que realmente desejar voar.
- Ah, eu desejo!
- E então você tem que encontrar o ponto de sentir de voar – Sara continuou.
- O que você quer dizer com encontrar o ponto de sentir?
- Bem, tipo, você tem que lembrar como é o sentimento de voar, ou pensar sobre como é
divertido voar.
- Isso é fácil – disse Seth. E num instante Seth e Sara sentiram um “vupt” dentro deles que lhes
arrancou o fôlego, e eles foram acima, acima, acima... até alcançarem o topo da árvore.

Sara e Seth riram muito enquanto eles subiam cada vez mais alto e então flutuaram sobre o
topo da árvore.

- Pensei que balançar na árvore era ótimo, mas Sara isso é incrível!

Sara estava radiante. Por mais que ela adorasse voar com Salomão, observar Seth voando pela
primeira vez era ainda melhor.

- Sara, vou deixar você mostrar a cidade para Seth esta noite. Conversaremos mais amanhã.

Salomão voou para longe.

- Para onde? – Seth perguntou, com uma excitação na voz que Sara nunca tinha ouvido antes.
- Você pode ir para qualquer lugar que queira – Sara lembrou as palavras de Salomão para ela
no seu primeiro voo.
- Vamos para a caverna – disse Seth virando-se naquela direção.
Sara seguiu logo atrás. Ela riu.

- É algo como voltar para o cavalo depois de ter caído? – ela achou engraçado que Seth
quisesse voltar justo para uma caverna quando seu último sonho terminou tão terrivelmente,
entalado numa fenda numa caverna.
- É, algo assim – respondeu Seth.

Eles planaram pelo céu noturno mergulhando perto do rio para rapidamente encontrar o
caminho até a caverna.

- Isso com certeza é muito melhor que andar pelo rio.


- Sem dúvida – Sara concordou.

Seth mergulhou para a entrada da caverna. Sara seguiu ele. Nenhum deles sentiu medo.

- Olá, olá!
- Olá, olá! – a caverna ecoou de volta.

Eles lentamente penetraram fundo na caverna, onde o túnel estreito saía em uma sala enorme.
Eles pararam e flutuaram, olhando para o vasto espaço ao redor.
Nas paredes e no teto da caverna estavam pinturas de animais.

- Como será que subiram tão alto para fazer essas pinturas?
- Quer dizer aqui em cima onde nós estamos? – Sara riu. – Talvez não sejamos os primeiro a
voar dentro dessa caverna.

Sara e Seth voaram mais para o fundo da caverna.

- Seth, essa caverna é enorme! Deve continuar por quilômetros!

Eles seguiram por outro corredor estreito, que abriu-se novamente noutra sala enorme. Então
por outro corredor, e outro, e outro. Sara seguia logo atrás de Seth, sentindo espanto que algo
tão extraordinário estivesse bem ali na montanha acima da cidade por toda sua vida sem que ela
soubesse a respeito.
Voaram cada vez mais fundo. “Espero que saiba o que está fazendo, Seth” pensou Sara,
lembrando do sonho assustador de Seth e sentindo-se um pouco claustrofóbica ao reparar que
os túneis ficavam cada vez mais estreitos.
Ao virar a próxima curva, Sara prendeu a respiração. O túnel parecia terminar de repente. Mas
Seth continuou a voar em frente dentro da caverna. Sara abriu a boca para gritar, pois parecia
que Seth ia dar uma cabeçada na parede de pedra, quando ele repentinamente desapareceu da
vista de Sara. O túnel curvou-se para cima, e Seth disparou para o alto e para fora à luz do luar.
Sara foi logo atrás de Seth.
Os gritos alegres de Seth ecoaram pelo vale.

“Bem, acho que Seth libertou-se do sonho da caverna” pensou Sara.


- Ei, Sara, olhe! A lua está brilhando! – gritou Seth enquanto retornava através do vale. – Sara,
quero voar para todo o sempre!

Sara lembrou de ter dito exatamente as mesmas palavras no seu primeiro glorioso voo.

- Mas acho que devemos voltar antes que alguém dê por nossa falta. Está quase amanhecendo.
- Vou chegar na casa da árvore primeiro que você – disse Sara enquanto disparava pelo céu.
- Não é justo! – disse Seth fazendo esforço para alcança-la.

Quando Seth alcançou Sara, ela estava flutuando sobre a casa da árvore. Seth voou ao lado dela
e ambos riram enquanto flutuavam ali juntos.

- Ok, Seth, deixei eu mostrar um jeito legal de descer. Só aponte o pé para baixo e você desce.

Sara e Seth deram as mãos e apontaram um pé para baixo e desceram, desceram, desceram até
pousarem na casa da árvore.

- Uau! – disse Seth.


- Eu sei – respondeu Sara.
- Se eu não tiver outra experiência legal como essa enquanto eu viver, essa já terá sido
suficiente!
- Eu costumava dizer isso – Sara riu – mas descubro que quanto melhor fica, eu ainda quero
mais. Salomão diz que isso é normal, que não é ganância tampouco. Salomão diz que
supostamente devemos ter vidas espetaculares.
- Parece bom pra mim, Sara. Quer que eu a acompanhe até sua casa?
- Não, tudo bem. Vejo você amanhã.
- Bem, Sara, até mais. E obrigado.

Capítulo 23
A Lei da Atração

Sara e Seth sentaram-se empoleirados na casa da árvore, no alto da sua árvore, olhando o rio
abaixo. A luz do Sol filtrava entre as folhas, fazendo padrões de luz e sombra que se moviam
na plataforma onde eles estavam. Sara moveu-se um pouco para pegar mais raios de Sol em seu
corpo, ela amava a sensação de sentir-se apenas um pouco fria para então encontrar um raio de
Sol para se aquecer.

Seth observou-a acomodando-se perfeitamente. Ele não podia evitar de notar como ela estava
tranquila. Ele, por outro lado, não estava nada tranquilo. Ele se contorcia, primeiro no banco,
depois sentado na plataforma e apoiando as costas no banco. “Não sei com o que estou tão
nervoso” ele pensou.

Salomão acomodou-se num galho bem acima deles, esperando que se ajeitassem. Salomão
sorriu ao observar Sara, sua aluna antiga, relaxada e aquecendo-se ao Sol, ainda que ansiosa
pela conversa com Salomão que logo se iniciaria, enquanto Seth, seu mais novo aluno, parecia
debater-se com ansiedade.

“Isso também deve passar” pensou Salomão, e enquanto seu pensamento se derramava como os
raios de Sol sobre os alunos que aguardavam, Seth respirou fundo, recostou-se e relaxou.

- Bem, meus bons amigos sem penas, sobre o que gostariam de conversar hoje? – começou
Salomão.

Sara e Seth riram.

- Está, sem dúvida, um lindo dia – Salomão respondeu.


- Está mesmo – disse Seth.

Sara sorriu. Ela sabia que Seth estava para receber um tratamento maravilhoso. Ela amava suas
conversas com Salomão e sabia que Seth sentiria o mesmo. Sara descobriu logo na sua
experiência com Salomão que seu sábio amigo não tinha muito a dizer a menos que ela tivesse
algo para conversar com ele. Ela também descobriu que nunca era difícil pensar em algo para
discutir.

Sua experiência de vida na escola e em casa sempre pareceu prover situações que pediam
algum esclarecimento, e ela descobriu que qualquer que fosse o assunto sobre o qual ela
precisasse de esclarecimento ou respostas difíceis, Salomão estava sempre pronto, desejoso e
capaz para ajudar.
Sara recordou que no início havia muitas coisas que ela não compreendia, muitas coisas que
pareciam injustas ou desleais ou simplesmente erradas. Mas com o tempo, conversando com
Salomão sobre várias situações, Sara compreendeu a base da filosofia dele, e com o tempo, ela
tornou-se capaz de encontrar suas próprias respostas para muitas questões que chegavam no seu
dia-a-dia.
A coisa mais significante que Sara percebeu que ocorreu em sua vida desde que conheceu
Salomão, era que ela tinha um contínuo senso de bem-estar. Salomão ajudou Sara a
compreender que não importa como as coisas parecem surgir a qualquer momento a verdade é
que tudo está realmente bem. E mesmo Sara brigando com esse entendimento às vezes, até
mesmo argumentando com Salomão, ela sabia que isso era verdade.
Salomão aguardava. Seth não estava certo sobre o que deveria acontecer. Sara começou.

- Então, Seth, você pode perguntar qualquer coisa para Salomão. Ele tem respostas para tudo.

Seth mudou de posição.

- Tem alguma coisa importante sobre a qual tenha pensado? – continuou Sara.

Seth dobrou suas pernas e inclinou-se para a frente, brincando com os polegares. Ele parecia
mergulhado em pensamentos.
- Bem, sim, eu tenho pensado sobre muitas coisas. Eu tenho perguntas acumuladas desde os 4
anos de idade.

A mente de Seth estava rodopiando e ele sentia dificuldade para focar. Ele mal podia acreditar
que alguém, mesmo essa incrível coruja que ensinou-o a voar, teria respostas para tudo o que
ele tinha para perguntar.

- Bem, Seth – Salomão começou calmamente – a boa notícia é que você não precisa fazer todas
as perguntas de uma só vez. E a outra boa notícia é que não há limite para as respostas que
virão até você. Nenhum limite de quantidade ou de tempo.
Você pode tomar o tempo que precisar, prosseguindo com suas respostas.
- E qual é a má notícia? – perguntou Seth.
- Ah, isso? Não há má notícia, Seth – Salomão sorriu.

Sara reclinou-se contra a árvore e sorriu. Ela gostou disso.


Seth estava começando a se concentrar e coisas sobre as quais ele pensava começaram a fluir
em sua mente.

- Ok, Salomão, tenho algumas perguntas. Por que a vida é tão injusta? Quero dizer, por que
algumas pessoas tem vidas tão boas e outras vivem tão mal?... Por que as pessoas podem ser
tão más com as outras?... Por que coisas ruins acontecem?... Por que as pessoas tem que morrer
ou ficar doentes, e por que temos que matar e comer animais?... Por que as enchentes destroem
algumas fazendas enquanto outras pessoas estão morrendo de fome pela falta de chuva que não
permite plantar e colher?... Por que a maioria das pessoas tem que trabalhar tão duro todos os
dias de suas vidas e então morrem cansadas, sem deixar nada para mostrar aos outros do seu
trabalho duro?... E por que os países lutam uns com os outros? Por que não podem
simplesmente deixar os outros em paz?... Por que...?

Sara sentou com os olhos arregalados. Ela nunca viu alguém disparar tantas perguntas em tão
pouco tempo na sua vida. “Seth fez mais perguntas nos primeiros cinco minutos do que eu fiz
nos cinco primeiros meses” ela pensou.
Seth continuava:

- O que aconteceu com todos os índios que moravam aqui, e o que deu ao homem branco o
direito de tomar suas terras e destruir suas vidas e...?

Sara olhou para Salomão. Ela imaginava se Salomão já tinha ouvido tantas perguntas ao
mesmo tempo antes.
Salomão ouviu pacientemente.
Finalmente Seth parou. Ele olhou para Salomão e reclinou-se contra a árvore. Ele estava
respirando pesadamente, quase arquejando.

Salomão começou:
- Bem, Seth, nós temos um ditado aqui: “Peça e lhe será concedido”. Não me recordo de estar
com outro alguém com tantas perguntas quanto você. E é minha promessa para você que para
cada uma das suas questões você receberá uma resposta. Também é minha promessa de que
com cada uma dessas respostas você terá mais perguntas. No começo, algumas vezes as
respostas não vão satisfazê-lo completamente. Demora algum tempo para que elas façam
sentido. Teremos um tempo glorioso juntos, isso é certo.

Sara estava surpresa com o tom das perguntas de Seth. “Ele parece tão irritado. Ele é tão focado
no que é injusto” pensou Sara.
Salomão olhou para Sara.

- As questões de Seth lembram-se suas primeiras perguntas, Sara.

Sara foi pega de surpresa. Salomão e Seth estavam conversando e Sara quase esqueceu que
Salomão sabia tudo o que estava em sua mente. Ela tentou lembrar suas primeiras perguntas
para Salomão. Parecia ser tanto tempo atrás.

- Lembra-se de Donald? – Sara ouviu Salomão em sua mente.


Sara sorriu.
- Sim, eu me lembro dele.

Sara recordou como ficou indignada quando os valentões da escola estavam incomodando
Donald, um aluno novo na cidade. Aquelas emoções tão intensas que eram tão reais na época
agora pareciam tão distantes. Ela recostou-se na árvore, percebendo o quanto já evoluíra até
agora.

Sara olhou para Seth, tão seriamente enchendo Salomão de perguntas, e amou isso. Ela ficou
maravilhada porque enquanto Salomão estava conversando com Seth, recolhendo cada detalhe
do que Seth estava perguntando, ele estava ao mesmo tempo mantendo uma conversa com ela
em sua mente. Ela sentiu uma bolha de alegria explodir em seu peito em resposta a essa
descoberta. Ela arrepiou-se de excitação ao perceber que sua experiência com Salomão estava
se expandindo para novos níveis.

- É sempre satisfatório para um novo mestre observar outro mestre trabalhando, Sara – ela
ouviu Salomão em sua mente – Nós temos uma gloriosa manifestação aqui.

Sara sorriu. Ela mal podia esperar. Ela focou sua atenção no que Seth e Salomão estavam
conversando. Seth estava quieto agora, e Salomão tinha começado.

- Seth, essas questões são maravilhosas. Eu posso ver que você deu muita atenção a essas
coisas. Agora, vejamos, por onde começar?

Sara, Seth e Salomão estavam quietos. Pareciam especialmente quietos após o amontoado de
questões que Seth lançou para Salomão. Salomão não começou a falar imediatamente. Pareceu
para Sara que ele estava de algum jeito calculando tudo o que Seth havia perguntado, e estava
agora organizando tudo para começar suas respostas numa manifestação organizada.
Salomão falou:

- Eis o ponto de início. Esta é a primeira coisa que você deve compreender antes que qualquer
outra resposta faça sentido: Não há injustiça.

Os olhos de Sara passavam de Salomão para Seth. Ambos estavam momentaneamente quietos.
Sara sentiu desconforto, ela sabia que essa resposta não cairia bem para Seth. Pareceu para ela
que todas as questões dele eram sobre injustiça. E numa curta sentença, Salomão pareceu estar
derrubando a base de tudo o que Seth queria saber.
Seth pareceu tenso, mas antes que pudesse juntar seus pensamentos e começar a protestar,
Salomão continuou:

- Seth, antes de começarmos a discutir os assuntos específicos que você levantou, eu quero lhe
dar a compreensão de como o Universo trabalha magnificamente. E uma vez que compreenda
essas bases e tenha uma oportunidade de observá-las em sua vida, então será mais fácil para
você compreender quanto consistentemente elas afetam não apenas a sua vida, mas a de todo
mundo também.

Seth sentou-se ereto e fitou Salomão atentamente. Sara sorriu. Ela mal podia esperar para ouvir
Salomão explicar a Lei da Atração para Seth.

- Existem leis nesta cidade que afetam as pessoas que moram aqui?
- Com certeza. Provavelmente muitas – respondeu Seth.
- Cite uma.
- Lei de limite de velocidade. Você só pode dirigir até 60 km/h na Rua Principal – disse Seth.
- Qual você acha que é a lei mais poderosa, Seth, a lei dos 60 km/h ou a lei da gravidade?
Seth sorriu.
- Essa é fácil, Salomão. A gravidade deve ser muito mais importante que a lei da velocidade.
- Por que isso?
- Porque – Seth continuou entusiasmado – apenas algumas pessoas são afetadas pela lei da
velocidade no trânsito, mas todos são afetados pela lei da gravidade.
Salomão sorriu.
- Muito bom. A lei dos 60 km/h pode ser facilmente ignorada. Não é tão fácil ignorar a lei da
gravidade.
- Certo – Seth riu.
- Existe outra lei muito mais importante. Muito maior que a lei da gravidade. É a Lei da
Atração. E assim como a lei da gravidade afeta tudo o que existe sobre o seu planeta, a Lei da
Atração afeta tudo o que existe em todo o Universo, em todo espaço e todo tempo, e em tudo
que não tem espaço e não tem tempo. De fato, a Lei da Atração é a base de tudo o que existe.

Salomão tinha a atenção de Seth. Ele inclinou-se para a frente esperando por mais.

- A Lei da Atração, em termos simples, diz: “Aquilo que é semelhante a si mesmo, é atraído”.
Em termos mais complicados, significa que tudo no Universo está emitindo um sinal vibratório,
e os sinais que são iguais se juntam, magneticamente.
Sara observou a expressão de Seth cuidadosamente. Ela recordou como foi difícil para ela
captar essas novas ideias no começo, e imaginou como Seth as aceitaria.

- Quer dizer como sinais de rádio? – perguntou Seth.


- Muito parecido com isso – respondeu Salomão.

Sara sorriu.

- Veja, Seth, o Universo todo é baseado em vibrações. E é através dessas vibrações que as
coisas ficam juntas ou se separam. “Aquilo que é semelhante a si mesmo, é atraído”.
- Bem como você sabe quais coisas tem o mesmo sinal?
- Você pode procurar ao redor e ver as coisas que estão juntas. Essa é uma forma. E com
alguma prática você poderá começar a ler o sinal vibratório das coisas antes mesmo de estarem
verdadeiramente juntas. Você pode verdadeiramente ler o sinal antes mesmo da manifestação
física.
- Humm – Seth ponderou – Legal.

Sara sorriu novamente. Isso estava indo muito bem.

- Eu emito um sinal?
- Sem dúvida que sim.
- Todo mundo?
- Sim, certamente.
- Bem, então como é que sei que sinal estou emitindo?
- Você pode saber através de como você está se sentindo, e pelo tipo de coisa que está vindo até
você.
- Posso saber que sinal os outros estão emitindo?
- Não é o seu trabalho acompanhar isso, mas você pode saber o que estão emitindo através do
que está chegando a eles, e através de como parecem se sentir. Suas atitudes e humores vão lhe
contar muito sobre como estão indo.
- Então como posso me encontrar com sinais como os meus?
- Isso não é trabalho seu também. A Lei da Atração fará os encontros.
- É possível emitir um sinal de propósito/
- Sim, sem dúvida é possível emitir um sinal de propósito, e é isso que vim ensinar a você.
- Uau! – Sara gritou estridentemente. Ela sentiu tamanha euforia que pensou que sairia voando
da árvore. Ela estava muito impressionada com a clareza da mente de Seth e ela amou o poder
das suas questões e a facilidade com que ele captou as respostas de Salomão.
- Bem, conversaremos mais amanhã – disse Salomão.
- Ah, cara – Seth reclamou, não desejando que isso acabasse tão cedo. – Tenho ainda um
milhão de perguntas, Salomão. Temos que parar agora?
- Seth, conversaremos mais sobre tudo o que você perguntou. Pelos primeiros dias cada
resposta vai gerar dezenas de novas questões em você. Mas antes que você saiba, você terá uma
base de compreensão, e tudo o que você quiser saber será entendido facilmente.
- Eu apreciei imensamente essa interação – completou Salomão.
- Eu também, Salomão – Seth e Sara disseram ao mesmo tempo como uma só voz.
- Humm, aí está. Dois Seres em perfeita harmonia vibratória.

Sara e Seth olharam-se enquanto Salomão levantava voo deixando a árvore e desaparecia.
- Muito legal, né? Sara perguntou.
- Pode ter certeza! – Seth respondeu.

Capítulo 24
Atenção às vibrações

Seth e Sara se encontraram na casa da árvore e esperaram por Salomão.

- Queria saber onde ele está – disse Sara.

Subitamente houve uma rajada de vento, e folhas e poeira caíram dos galhos acima. Sara piscou
e esfregou os olhos com a poeira que os atingiu; Seth cuspiu poeira e um pedaço de folha que
entraram em sua boca, e no meio dessa agitação Salomão desceu bem sobre a plataforma.
Seth e Sara saltaram de susto.

- Desculpem por isso – disse Salomão. – Estou tentando um novo tipo de aterrisagem, e ainda
preciso de prática.
Sara não sabia o que pensara daquilo. Ela nunca tinha visto Salomão fazer algo assim em todo
tempo que se conheciam.

- Quer dizer que você também está aprendendo coisas? – Seth perguntou com espanto.
- Claro. Nós estamos continuamente evoluindo.
- Mas eu pensei que você soubesse tudo! – Seth e Sara disseram ao mesmo tempo.
Salomão riu.
- Qual seria a graça disso? Veja, seria um estado muito triste ter descoberto tudo o que há para
descobrir, realmente ter terminado, finalmente e de uma vez por todas. Eu lhes asseguro que
isso não existe. Não existe isso de terminar. Existe apenas um eterno, perpétuo e alegre
movimento adiante.
Salomão firmou-se na plataforma e com seu bico arrumou algumas penas no lugar.
- Isso, assim está melhor – ele disse. – Agora, vejamos. Por onde começamos?
- Bem – Seth começou – A noite passada estive pensando sobre o que você disse sobre emitir
meu próprio sinal. Eu não sei porque, mas isso fica voltando à minha mente de novo e de novo.
Eu nem compreendo realmente o que significa, mas eu fico pensando nisso assim mesmo.
Salomão sorriu.
- Eu fico muito satisfeito porque de tudo o que conversamos isso foi o que mais ficou marcado
em sua mente, porque é a coisa mais importante que tenho para lhe ensinar.

Sara inclinou-se para frente com interesse. Salomão estava falando praticamente sobre as
mesmas coisas que havia lhe ensinado, mas com Seth ele parecia estar usando outras palavras.
E ela queria ter certeza que entendera isso que Salomão considerava ser o mais importante.
- Primeiro você deve entender como é que você emite um sinal. Seu sinal tem a ver com o que
você está percebendo.
- Percebendo?
- Sim, aquilo a que você está dando atenção, aquilo em que você está focado. Por exemplo,
quando você está recordando, você está emitindo seu sinal vibratório. Quando você está
observando ou olhando ou pensando sobre alguma coisa, você está emitindo o seu sinal.
Quando você está ponderando ou estudando ou examinando ou imaginando, você está emitindo
o seu sinal.
- E quando estou falando sobre alguma coisa?
- Principalmente aí, porque quando você está falando de alguma coisa, isso geralmente tem sua
total atenção.
- Caramba, Salomão, parece que estamos emitindo nossos sinais em praticamente tudo o que
fazemos.
- Bom, Seth. Está absolutamente certo. E uma vez que o Universo está constantemente
combinando o seu sinal com coisas que são como o seu sinal, é muito bom quando você emite
seu sinal propositalmente.
- Bem, isso faz sentido, Salomão. Mas o que acontece quando vejo alguma coisa terrível? Algo
que é ruim ou errado? O que acontece com o meu sinal?
- Seu sinal é sempre afetado por aquilo a que você está dando sua atenção.

Sara observou Seth. Ela podia sentir seu desconforto. Ela recordou como tinha sido difícil para
ela compreender esta parte no início.

- Mas Salomão – Seth protestou – Como eu posso fazer algo ficar melhor se eu não der minha
atenção ao que está errado com isso pra começar?
- Certamente é apropriado dar sua atenção a isso, para começar. De fato é assim que você
decide como você pode ajudar, ou o que seria melhor, ou o que é que você deseja. A coisa
importante é decidir, o mais rápido que puder, o que seria melhor ou o que você deseja, e então
dar sua total atenção a isso. Então o Universo poderá trabalhar para corresponder a isso.
- Ah, entendo – disse Seth hesitante.
- Com um pouco de prática, você será capaz de saber qual é o seu sinal vibratório. Você saberá
que o modo como se sente é um excelente indicador do seu sinal: quanto melhor você se sentir,
melhor. Quanto pior você se sentir, pior. Não é realmente muito complicado.
- Humm – Seth estava quieto. Sara não tinha certeza se era porque ele tinha entendido ou
porque ele não acreditava em Salomão. Ele pareceu mais interessado quando Salomão estava
falando em sinais de rádio e vibrações, mas quando Salomão começou a falar sobre
sentimentos e emoções Seth pareceu se fechar.
- Veja – Salomão continuou – A maioria dos seres humanos está lidando com vibrações o
tempo todo, eles apenas não sabem disso. Tudo em seu mundo físico tem uma base vibratória.
Os seus olhos veem o que veem porque seus olhos compreendem vibrações. O que você ouve é
porque seus ouvidos compreendem vibrações. Mesmo o que você cheira, sente o gosto ou sente
com seus dedos é porque seu corpo entende vibrações.

Seth iluminou-se.
- Eu lembro quando uma professora trouxe diapasões para a escola. Cada diapasão de um
tamanho diferente. Ela tinha um pequeno martelo para bater neles e ela nos disse que o motivo
porque soavam diferentes era porque tinham vibrações diferentes.
- Muito bem, Seth. E do mesmo modo, tudo no Universo está emitindo vibrações diferentes, e
você está observando essas vibrações diferentes com seus sentidos físicos: seu nariz, seus
olhos, seus ouvidos, sua pele, as papilas gustativas na sua língua. De fato, tudo o que você
percebe ou vê ou compreende ao seu redor é sua interpretação de alguma vibração.

Salomão estava usando muitas palavras que Seth e Sara não entendiam com certeza. Mas
quanto mais Salomão falava, mais eles compreendiam.

- Você está dizendo que uma flor está emitindo uma vibração, meu nariz está recebendo a
vibração, e por isso é que posso sentir o cheiro da flor?
- É exatamente isso, Seth. Você reparou que flores diferentes tem fragrâncias diferentes?
- Sim, e algumas não tem nenhum odor.
- Você já sentiu o cheiro de alguma flor que ninguém mais sente?
- Minha mãe sente o cheiro de flores que eu não sinto. Eu sempre achei que ela estava fingindo.
Salomão sorriu.
- Ninguém sente os mesmos odores, e nem vê da mesma forma. Já percebeu que cães são
capazes de sentir odores que você não é capaz de sentir?
- Cães cheiram coisas que eu não desejo cheirar! – disse Seth rindo. Sara riu também. Salomão
riu.
- Já percebeu que os cães podem ouvir coisas que você não pode ouvir?
- Sim, percebi.
- Então – Salomão continuou - Não apenas todos os tipos de cães estão emitindo todo tipo de
diferentes vibrações, como diferentes receptores recebem diferentemente. Divirta-se com isso
por alguns dias. Veja que tipos de coisas você observa que lhe ensinam sobre vibrações, e então
falaremos novamente. Eu apreciei imensamente essa interação.

E antes que Sara e Seth pudessem protestar, Salomão já estava indo embora.
- Ele com certeza nunca perde tempo quando está pronto para ir embora, não é? – riu Seth.
- É verdade – Sara sorriu.
- Ok, Sara, vejo você amanhã aqui depois da escola. Vamos comparar anotações sobre o que
observamos.
- Ok, nos veremos.

Sara estava tão satisfeita que Seth estava animado com o que estava aprendendo com Salomão
que só quando ela já estava quase em casa é que percebeu que eles nem se importaram em
balançar na árvore. “Humm...”
Capítulo 25
Um dia divertido

Quando Sara chegou no gramado da escola ela notou alguma coisa brilhando muito forte por
uma das janelas do andar térreo.

- Mas o que é isso? – Sara murmurou enquanto seguia na direção daquela estranha luz.

Enquanto segui, Sara concluiu que aquilo vinha da sala de artes da Srta Ralph. Era uma coisa
muito estranha. Num instante parecia vermelho, depois azul, então verde. Sara não tirava os
olhos daquilo.
Sara já ajudou a Srta. Ralph a carregar seus materiais de arte até o carro, mas ela na verdade
nunca tinha entrado em sua sala de aula, porém hoje ela entraria. Ela tinha que descobrir o que
estava criando esse incrível show de luzes em sua janela.
A porta da sala de aula estava ainda fechada e quando Sara empurrou a maçaneta ela abriu-se
com força. Sara não percebeu quanto entusiasmada ela estava ou com quanta força ela tinha
empurrado a porta até ouvi-la bater contra a parede. A professora deu um salto, assustada com
o barulho.

- Posso ajuda-la?
Sara estava envergonhada por ter feito tanto barulho.
- Eu vi algo brilhando pela sua janela. Dava pra ver através do estacionamento. Fiquei
imaginando, o que seria?
A Srta. Ralph sorriu e tocou o prisma com os dedos, fazendo-o girar em seu cordão e criando
lindos pontos de luz colorida por toda a sala.
- É o meu novo prisma.
- Prisão? – perguntou Sara.
- Prisma. Ele refrata a luz.
- Refrata?
- Pega um raio de luz e redireciona. Separa comprimentos de onda mais longos e mais curtos e
então projeta cores diferente. Eu ainda estou lendo sobre como exatamente isso acontece nesse
maravilhoso pedaço de vidro, mas eu acho que será útil para ajudar meus alunos de artes a
compreender as cores e suas misturas naturais.
Sara estava tão entusiasmadas que poderia sair pulando.
- Vibrações! – ela murmurou.
- Sim – disse a professora, estudando suavemente a energia de sua nova pequena amiga. – Você
é uma artista?
- Eu? Ah, não. Não sou boa nisso.
- Você pode se surpreender – disse a Srta. Ralph. – Eu aposto que você está cheia de talentos
artísticos que você nem sabe que tem. Talvez em breve eu a veja em alguma das minhas aulas.

Bum! Sara e a Srta. Ralph saltaram quando Seth irrompeu na sala, batendo a porta na parede.
- Desculpe.
- Seth! – disse Sara surpresa.
- Sara! – disse Seth também surpreso enquanto caminhava até a janela procurando tocar o
brilhante objeto que girava já janela. – O que é isso?

A Srta. Ralph ficou parada com os olhos arregalados imaginando o que estava acontecendo ali.
Quem seriam essas crianças inquisitivas, tão cheias de entusiasmo pelo seu novo prisma?

- É um prisma! – disse Sara orgulhosa. – Ele refrata a luz.


- Eu não tinha ideia de que este prisma chamaria tanto a atenção. Deveria ter pensado nisso
antes. – disse a Srta. Ralph. Ela então explicou para Seth o mesmo que tinha dito para Sara,
então eles agradeceram a ela e saíram da sala.

Sara e Seth mal podiam esperar para sair até o corredor onde poderiam conversar em particular.
- Dá pra acreditar que ambos acabaríamos na sala da Srta. Ralph logo chegando na escola? Essa
Lei da Atração é assombrosa – disse Seth.
- Você acha que todos vão reparar ou será que somos as únicas correspondências vibratórias
com o prisma? – perguntou Sara.
- Acho que estava lá só para nós.
- Eu também – disse Sara. – Esse vai ser um dia divertido.

Seth segurou a porta aberta e ambos saíram. Enquanto estavam descendo a escada da frente,
ouviram a sirene da cidade tocando ao longe. Esta pequena cidade não tinha um corpo de
bombeiros oficial. Só havia um único carro de bombeiro muito velho guardado em uma
garagem na Rua Principal. Sempre que havia algum incêndio na comunidade, uma forte sirene
era acionada, e voluntários viriam rapidamente de onde que que o som alcançasse para ajudar a
apaga-lo. Raramente tocava, mas sempre que acontecia sempre gerava muito interesse e ação.

- Queria saber o que é isso – disse Sara em pé, olhando ao longe.


- Ssshh, ouça... – disse Seth fazendo sinal de silêncio.
- É a sirene do incêndio – Sara explicou.
- Eu sei, mas o que mais você ouve?
Sara parou de andar e tentou escutar o que Seth estava ouvindo. Sara sorriu.
- Uivos. Eu ouço uivos. Todos os cães da cidade devem estar uivando. Caramba, Seth, isso é
esquisito, não é? O dia mal começou e já tivemos duas incríveis experiências vibratórias!
- Eu só espero que não seja a minha casa incendiando de novo – disse Seth rindo.
- Isso não tem graça Seth – disse Sara. – E começo a pensar que não deveríamos gastar nenhum
tempo falando sobre qualquer coisa que não desejamos. As coisas parecem estar acontecendo
rápido por aqui.
- Vejo você depois da escola.
- Sim, depois.

Capítulo 26
Uma correspondência vibratória mágica
Sara bocejou abertamente e no meio do bocejo lembrou de cobrir a boca com a mão. Ela olhou
ao redor para ver se algum dos seus colegas de classe tinha reparado, mas parecia que não. Ela
olhou o relógio, desejando que o dia passasse mais rápido, assim poderia encontrar-se com Seth
e conversar sobre as coisas que ela tinha na sua lista. Em apenas um dia um dos professores
falou sobre Beethoven, o compositor surdo; e Hellen Keller, a incrível mulher que era cega e
também surda... Sara não se lembrava de nenhum dia em que coisas sobre os sentidos fosse tão
discutidas. Era mal podia esperar para encontrar com Seth e comparar anotações.

De repente um odor horrível chegou até o nariz de Sara. “Oh, argh”! Sara exclamou tampando
o nariz e a boca com as mãos. Ao mesmo tempo, outros alunos fizeram o mesmo, tossindo e
engasgando com o odor pungente.

- Bem, - o Sr. Jorgensen disse e sorriu – Já faz algum tempo que não sinto esse cheiro.
- O que é esse cheiro horrível? – Sara perguntou.
- Bem, se não me falha a memória, eu diria que alguns malandros cozinharam ovos podres no
laboratório de ciências, e de alguma forma conseguiram por isso no sistema de ventilação.

Sara imaginou como o Sr. Jorgensen soube tanto e tão rápido sobre esse cheiro horrível. Ela
não pode evitar de pensar pela piscada que viu em seu olho, que ele mesmo já tinha feito isso
nos seus dias de juventude.
Então o sistema de som da classe estalou, como sempre fazia quando o diretor estava para fazer
algum pronunciamento.

- Atenção. Aqui é o Sr. Marchant. Parece que estamos tendo um incidente bastante infeliz no
laboratório de química da oitava série. Não há nenhum perigo iminente, exceto para os infelizes
que armaram essa traquinagem.
Sara riu.

- Isso vai encerrar as aulas por hoje. Os professores devem dispensar suas turmas agora. Os
alunos que precisam do ônibus devem reunir-se na área de embarque em meia hora. Todos os
demais alunos podem sair agora. É só.

Sara saltou de sua cadeira. Ela estava alegre no meio de tantas tosses e engasgos. “Ops, melhor
não parecer tão contente” pensou Sara. “Podem pensar que tenho algo a ver com isso”.

“Provavelmente tenho algo a ver com isso de alguma forma” pensou Sara. “Essa coisa de Lei
da Atração é mesmo esquisita”.

Sara deixou o prédio com uma horda de estudantes. Ela buscou na multidão, esperando
encontrar Seth para que pudessem começar a comparar anotações. E lá estava ele, esperando
junto ao mastro da bandeira, vasculhando a multidão procurando Sara. Ela sorriu.

- Estou feliz que tenha esperado. O que você conseguiu?


- Caramba, Sara, sinto como se eu tivesse entrado no “Além da Imaginação”. Como é possível
tantas coisas incomuns acontecerem num só dia, bem no dia seguinte ao que Salomão nos deu
um exercício sobre esse assunto?
- Eu sei. Você acha que Salomão está por trás disso?
- Deve ser algo assim, Sara. Esse foi o dia mais incrível que já vivi – Seth abriu seu caderno e
começou a ler.
- Primeiro foi a coisa do prisma – disparou Sara, muito ansiosa para esperar pela primeira
anotação de Seth.
- Bem, pra mim essa foi a segunda coisa – disse Seth. – Eu pisei em alguma coisa ruim,
cortando caminho pelo gramado da Sra. Thompson, vindo para a escola.

Sara disparou a rir. A Sra. Thompson tinha cinco cães grandes. Sara parou de cruzar o gramado
dela há anos.

- Então o prisma da Srta. Ralph... então as sirenes.


- A-han
- Então no P.E. teve aquele som agudo realmente gritando. Todos ouviram, mas ninguém sabia
dizer o que era. Era a microfonia do aparelho de surdez do Sr. Jewkes. Você sabia que o Sr.
Jewkes usa aparelho de surdez? Bem, ele usa, mas estava no bolso dele em vez de estar no
ouvido, então ele não podia ouvir. Enquanto isso, todos nós estávamos ficando loucos.

Sara riu.
- O que mais? – ela perguntou.

Sara e Seth caminharam rapidamente na direção da casa da árvore enquanto ele continuava a
folhear as páginas do seu pequeno caderno. Ambos estavam cheios de uma deliciosa ansiedade
para compartilhar os eventos que experimentaram.

- Bem, esse foi o ponto alto para mim. Exceto por aquele cheiro nojento que fechou a escola. O
que era aquilo?
- O Sr. Jorgensen disse que era gás de ovos podres vindo do laboratório de química, que alguns
alunos conseguiram por no sistema de ventilação.
- Legal – Seth sorriu.

Sara não distinguiu se era um bom ou um mau “legal”. Ela não achava que Seth fosse fazer
algo destrutivo ou qualquer coisa que fosse causar um inconveniente maior para tantas pessoas.

- Eu tenho que admitir. Eles sabem como fechar uma escola – Seth acrescentou. –
Provavelmente vão crescer e se tornar políticos.

Sara não sabia se era uma coisa boa ou má.

- Acho que tem todos os tipos – Seth acrescentou.


Sara não sabia se Seth achava que eram bons ou maus tipos. E Sara não aguentou mais.
- O que há Seth? Você poria gás de ovos podres na ventilação?

Seth estava quieto... Sara sentiu-se desconfortável, ela esperava que Seth dissesse “Não, eu
jamais faria algo assim”. Sara não gostava realmente de todas as regras. E muito do que os
adultos decidiram, ela concluiu há tempos, era estúpido. Mas no tocante a ela, Sara acreditou
em manter promessas e regras, e ela não acreditava em causar problemas para os outros,
mesmo que merecessem.

- Não, eu não faria isso – Seth respondeu.


Sara sentiu alívio.

- Eu não me importo com pessoas que causam problemas para os outros deliberadamente.
- Eu também não – disse Sara sorrindo.
- O que tem na sua lista? – perguntou Seth.
- Bem, eu anotei algumas coisas iguais a você, como o prisma, a sirene e os uivos. Nós vimos
um filme sobre Hellen Keller. Foi muito incrível. Você sabia que ela não podia ver nem ouvir?
- Triste isso – Seth disse.
- Na aula de ciências, tinha um som “iiic, iiic, iiic...” Parecia que estava chiando pelas paredes
ou algo assim. A Sra. Thompson estava enlouquecendo, percorrendo toda a sala tentando
descobrir de onde vinha. Ela ficou em pé na cadeira, pôs o ouvido na parede, foi muito
estranho.
- O que aconteceu? – perguntou Seth.
- Primeiro ela chamou o inspetor, que devia ser tão surdo quanto o Sr. Jewkes porque ele não
conseguia ouvir nada. Então o homem da manutenção da garagem de ônibus entrou e subiu em
todas as cadeiras, e ele também não descobriu nada. Então ela me pediu que pegasse os papéis
das carteiras de todos, e quando eu pus na mesa dela eu pude ouvir o som realmente alto.
Parecia que estava vindo de perto da mesa dela. Então eu disse para todos “Ei, parece que está
vindo daqui”.
- E o que era?
- Era o timer dela, sabe, como um timer de cozinha? Estava na bolsa dela, sendo espremido ou
coisa assim, e estava bipando feito louco. A Sra. Thompson ficou tão embaraçada!

Seth riu alto.


- Essa foi a melhor de todas!
- Que grande dia! Eu cheirei mais coisas hoje, boas e ruis, do que me lembro num ano inteiro.
Eu vi e ouvi mais coisas estranhas do que consigo me lembrar. Você não acha que isso vá
continuar e que amanhã teremos nossos dedos lixados e encontraremos vidro moído no nosso
almoço, não é?

Seth riu.

- Bem, até agora tudo foi relativamente inofensivo. Mal posso esperar para ouvir o que
Salomão tem a dizer sobre isso tudo.
Seth e Sara subiram a escada da árvore e esperaram por Salomão. Algumas vezes ele já estava
por lá, mas ultimamente ele tem feito algumas entradas dramáticas depois deles chegarem.

- O que eu mais quero que Salomão explique é como é possível que todas essas coisas
estranhas tenham acontecido num só dia. Ele estaria fazendo isso para nos mostrar?

Vuuusshh! Salomão mergulhou dentro da árvore e pousou seco na plataforma onde Sara e Seth
estavam em pé.

- Boa tarde, meus bons amigos sem penas. Acredito que tiveram um dia muito proveitoso.
- Foi um dia incrível – começou Sara. – Você nem vai acreditar no que aconteceu.
- Ah, acho que vou – Salomão sorriu.
- Então você fez isso, Salomão? Você arranjou todas essas coisas estranhas para que nós
aprendêssemos mais sobre nossos sentidos físicos, não foi? – perguntou Sara com um sorriso.
- Não tenho ideia do que você está falando – Salomão sorriu de volta.
- Ah tá – Sara ironizou. – Eu sabia que você estava por trás disso.
- Sara, eu asseguro para você que eu não sou o criador da sua experiência. Eu não posso
projetar coisas na sua experiência. Só você pode fazer isso. Não existe Lei da Afirmação,
apenas Lei da Atração.

Sara franziu as sobrancelhas. De alguma forma ela gostara da ideia de Salomão estar
arranjando esses eventos mágicos no seu dia. Na verdade ela sentiu-se um pouco desapontada
que ele não assumiu o crédito.
Seth estava quieto. Sara pode ver pela sua expressão séria que ele estava imerso em
pensamentos. Seth começou:

- Então Salomão você está dizendo que não teve nada a ver com nada disso?
- Bem, - Salomão disse – Eu posso ter influenciado vocês através da sua atração. Como nós três
falamos sobre sentidos físicos, nós formamos um ponto focal de energia sobre esse assunto. Eu
certamente fui um instrumento ajudando para vocês a focalizarem, e assim emitirem suas
vibrações sobre o assunto dos sentidos físicos. Mas foram as vibrações que vocês dois estavam
emitindo que foram responsáveis pelas coisas que vocês atraíram.
- Mas Salomão, como pode ser? Você está dizendo que só por ouvi-lo e falar sobre os cinco
sentidos nós fizemos todas essas coisas acontecer?
- Não totalmente. A professora de artes, estava planejando comprar aquele prisma faz tempo.
Ela apenas ainda não tinha feito isso. O seu interesse no sentido da visão adicionou influência
suficiente ao seu plano, que já estava em movimento, para lhe dar impulso para ir adiante e
agir. O mesmo com os químicos espertos que fabricaram o gás de ovos podres. Eles planejaram
isso por semanas. Seu foco adicionou-lhes ímpeto suficiente para por o plano em ação também.
De fato, todas essas coisas estavam para acontecer e muitas aconteceriam de qualquer forma,
com ou sem sua influência. Mas sem a sua atenção sobre elas, vocês não estariam em posição
vibratória para se encontrar com o resultado.

Os olhos de Seth brilharam com o entendimento.


- Então o meu impulso de atravessar o gramado da Sra. Thompson foi inspirado pela nossa
conversa?
- Correto. Quantos alunos vocês acham que irromperam pela sala de arte para olhar aquele
prisma?
- Quantos? – Sara perguntou ansiosamente.
- Dois – respondeu Salomão. Somente vocês dois, que alcançaram uma correspondência
vibratória com aquilo.
- Entendi – disse Sara. – Então todas aquelas coisas já estavam ali acontecendo ou prestes a
acontecer, e a nossa atenção apenas nos fez encontra-las!
- Correto – Salomão sorriu.
- E se elas já estivessem prestes a acontecer, nossa atenção as traria à tona? – completou Seth.
- Correto novamente – Salomão concordou.
- Caramba, Salomão, você compreende quanto poder isso significa que temos?
- Sem dúvida que sim.

Seth e Sara permaneceram quietos, quase petrificados por essa nova revelação.

- Acho que podemos tanto fazer coisas boas como coisas más com esse poder – completou
Seth.
- Isso é verdade – disse Salomão – Apenas lembrem que em cada caso vocês estarão bem no
meio disso.
- Ah, é! – Seth riu. – Isso é alguma coisa para se pensar, não é?

Sara e Seth riram. Nem Sara nem Seth nem Salomão acreditava que qualquer um deles faria
algo para deixar alguém mais desconfortável.
- A Lei da Atração é muito interessante – disse Seth.
- Você pode repetir isso – Sara concordou, apoiando-se na árvore e suspirando profundamente
sob o peso dessa nova e incrível revelação.
- Vão com calma com tudo isso – disse Salomão. Pratiquem direcionar os seus pensamentos e
vejam quanto rapidamente suas experiências reais de vida refletem o que quer que tenham
imaginado. Deixem o Universo mostrar para vocês através do que chega em suas experiências,
qual é o conteúdo primário dos seus pensamentos. Conversaremos mais amanhã.
Então, meus amigos vibratórios, vou sair e deixa-los trabalhar com sua mágica. Divirtam-se
com isso – e assim Salomão se foi.

Sara e Seth ficaram sentados em silêncio, ambos imersos em pensamentos.

- Isso é muito divertido! – exclamou Sara.


- Isso é demais!

Salomão fez mais uma rápida passagem baixa pela árvore. Seth e Sara explodiram em risadas.

- Nunca tem um momento chato por aqui – disse Seth


- Eu amo isso!
Capítulo 27
A vida é maravilhosa

Sara aguardou na casa da árvore por Seth e Salomão. Ela sentia-se desconfortável. Não era
normal ela não encontrar Seth na escola, e ela imaginava se ele teria faltado à aula.

- Onde está todo mundo? – Sara falou alto, impaciente. Isso estava esquisito.
Sara tinha deixado sua mochila ao pé da árvore, e pensou em descer e trazê-la para cima. Mas
ela estava muito indecisa para fazer alguma leitura ou lição de casa. Alguma coisa estava
errada, ela sentia isso.

Salomão planou suavemente e pousou na plataforma junto de Sara. Antes que ele pudesse
saudá-la com seu habitual “Está um lindo dia hoje” Sara disparou:

- Salomão, onde está Seth?


- Ele chegará logo. Desconfio que ele teve um dia muito interessante hoje.
- Tem alguma coisa errada?
- As coisas costumam estar erradas quando são interessantes?
- Bem, não, mas acho que ele não foi à escola hoje. Pelo menos não o vi o dia todo.
- As coisas costumam estar erradas quando são diferentes do habitual? Não é possível que as
coisas sejam diferentes do habitual e mesmo assim esteja tudo bem?

Havia lógica no que Salomão estava dizendo, mas Sara sentia-se incomodada. Mesmo sendo
verdade que ela não conhecia Seth há muito tempo, ele já havia mostrado padrões bastante
estáveis e Sara ficava confortável com seus padrões de comportamento previsíveis.
Seth surgiu entre as árvores e começou a subir a escada.

- Ah, que bom – Sara disse baixinho. – Salomão, não diga a ele que eu estava preocupada, ok?
– ela sentiu-se boba por se preocupar.
- Sara, seu segredo está seguro comigo. Entretanto, a Lei da Atração não é muito boa em
guardar segredos.

Sara olhou para Salomão, desejando poder perguntar o que ele queria dizer com aquilo, mas
Seth já chegava na plataforma.

- E aí, quais as novas?


- Nada demais – Sara respondeu, tentando aparentar calma. – Apenas esperando por você.
- Ah, desculpe.

Sara aguardou por alguma explicação sobre onde ele andara.


Seth usou um galho para limpar as folhas dos vãos da plataforma. Ele parecia imensamente
envolvido nisso e não olhou para cima.

“Alguma coisa está errada” pensou Sara.


- Voltarei logo – disse Salomão, voando para fora da árvore e sobre o rio. Sara e Seth
permaneceram em pé observando Salomão. “Isso é estranho” pensou Sara. “O que está
havendo por aqui hoje”?

Salomão voou para baixo e pegou a corda com o bico, depois subiu com ela até a plataforma. E
o que aconteceu em seguida deixou Sara e Seth perplexos, de boca aberta. Agarrando
firmemente a corda com suas garras, Salomão saltou da plataforma e balançou sobre o rio como
Sara e Seth já fizeram centenas de vezes.

- Gerônimooooooooo! – Salomão chamou enquanto suas penas eram levadas para trás pelo
vento. Sara e Seth gargalharam muito.

Salomão saltou da corda da mesma forma que eles faziam, pousando na margem do rio. Então
ele voou sobre o rio, pegou a corda com o bico e a levou até a plataforma. Seth pegou a corda
de Salomão.

- É uma experiência emocionante, sem dúvida! – Salomão começou.

Sara e Seth ficaram intrigados, sem saber o que dizer. Finalmente Sara disse:
- Salomão, o que você achou de tão emocionante em balançar de uma corda boba numa árvore
quando você pode voar pra onde e quando quiser?

Ouvindo como soaram suas palavras, Sara olhou para Seth rapidamente e disse:
- Desculpe, Seth, não quis dizer que a corda é boba, quer dizer, é legal mesmo, mas...
- Sei o que você quis dizer, Sara, eu ia fazer a mesma pergunta. Nós balançamos porque não
podemos voar, bem, digo, não habitualmente. Mas porque você...

Salomão irrompeu:
- Não há experiências melhores. Voar não é melhor que balançar, e balançar não é melhor que
caminhar. Cada experiência tem seus próprios benefícios. É a variação que faz a vida completa,
deliciosa e interessante. Para mim hoje o balanço foi uma experiência inédita. Eu nunca botei fé
na força ou na trajetória de uma corda pendurada em uma árvore. A emoção continua a estar
em novas descobertas.
- Caramba, Salomão, eu não achava que você estava tendo novas experiências – disse Seth. –
Ainda penso que você sabe tudo.
- Como isso seria perfeitamente chato. Todos nós continuamos a nos expandir. Nós estamos
eternamente num estado de descoberta.
- Estava pensando que tudo o que quero fazer é fechar os olhos e voar com Salomão. Quero
deixar essa cidade chata pra trás e explorar todas as coisas maravilhosas que existem por aí –
disse Sara.
- É uma coisa normal, Sara, ficar excitada com a novidade de uma experiência. Tenho certeza
de que suas primeiras experiências de voar comigo foram tão emocionantes quanto minha
primeira experiência de balançar nessa corda. Mas eu lhe asseguro que você não veio nesse
glorioso corpo físico para essa magnífica experiência física apenas para ansiar por sair dela. De
fato, você sabia que as maiores emoções estão bem aqui, no seu corpo, neste maravilhoso
planeta Terra, interagindo com outros e constantemente descobrindo coisas novas para pensar e
pessoas novas para interagir. Está tudo aqui para você. E é maravilhoso.

Seth e Sara estavam ambos cheios de um alegre sentimento de bem-estar. Mesmo que não
pudessem compreender completamente o que Salomão lhes dizia, eles podiam sentir pela
intensidade de suas palavras, que era verdade.
Havia algo em ver essa ave mágica, que eles sabiam que podia fazer qualquer coisa imaginável,
tendo tamanho deleite com o simples prazer de balançar na corda da casa na árvore, que
ajudou-os a entender que o lugar onde eles estavam, no meio do seu mundo físico, não era um
lugar ruim de estar.

- Então, Salomão, você está dizendo que nós não voaremos mais com você, ou que não
deveríamos desejar voar?
- Vocês podem fazer qualquer coisa que desejarem fazer. Eu quero guia-los para o
reconhecimento do enorme valor de onde vocês estão agora. Tantas pessoas estão se sentindo
tão insatisfeitas como o que as rodeia, gastando todo o seu tempo buscando por coisas que
estão fora do seu alcance, quando há tanto valor e prazer para elas se apenas procurassem ao
redor onde elas estão agora. Eu não quero guia-los na direção de nada ou pra longe de qualquer
coisa. Eu quero que vocês saibam que suas opções são ilimitadas, e que a maior alegria virá
sempre das novas experiências. Vocês são seres em expansão. Quando compreenderem isso e
permitirem isso, e até encorajarem isso, vocês encontrarão a maior alegria.

Sara sorriu. Ela estava começando a compreender Salomão.

- Então o que é previsível ou conhecido não é necessariamente a melhor coisa. É isso que você
está dizendo, Salomão?
- Esperem que suas vidas sejam previsivelmente maravilhosas enquanto vocês continuamente
explorarem novas experiências. Vocês estão vivendo vidas maravilhosas, meus amigos, e eu
quero que saibam disso.
- Eu sei, Salomão – disse Sara suavemente, sentindo o amor de Salomão envolvendo-a e
atravessando-a.
- Eu também – disse Seth. – Eu também.

Capítulo 28
Não há injustiça

- Salomão, - Sara continuou – O que você quis dizer com a Lei da Atração não guarda
segredos?
- Quando você está sentindo algo, mesmo que você queira fingir que não está sentindo, dizendo
palavras que são diferentes dos seus sentimentos, a Lei da Atração ainda estará respondendo
aos seus sentimentos. E então, as coisas que vem até você em resposta ao seu sentimento
sempre indicam qual é o seu sentimento.
- Hum – Sara estava quieta. As palavras de Salomão soaram como outras coisas que ele já lhe
dissera antes.
- Se você se sente vulnerável ou com medo, mas você finge que não sente medo, algumas vezes
sendo até agressiva ou valentona, ainda assim a Lei da Atração lhe traz experiências após
experiência que corresponde ao seu sentimento de vulnerabilidade.

Salomão continuou:
- Se você sente pena de si mesma, mesmo que você finja que não, o modo como será tratado
pelos outros continuará a corresponder ao modo como se sente. Se você se sente pobre, não
poderá atrair prosperidade. Se você se sente gorda, não poderá atrair esbeltes. Se você se sente
tratada injustamente, não poderá atrair justiça.

Sara franziu as sobrancelhas. Ela já tinha ouvido essas coisas de Salomão antes, mas uma parte
dela continuava a acreditar que tudo isso era realmente injusto.
- Mas Salomão, isso não parece certo. Parece que a Lei da Atração deveria ser um pouco mais
prestativa e lhe dar um tempo, quero dizer, quando você precisa.

Salomão sorriu.
- É isso que a maioria das pessoas não entende sobre a Lei da Atração. Elas pensam que a Lei
da Atração deveria agir como um pai ou um amigo que ao ver um amigo com problemas viria
ajuda-lo.
- Bem, isso seria mais lega, não acha?
- Na verdade, Sara, acho que faria os problemas piores.
- Como assim?
- Porque se a Lei da Atração fosse inconsistente, ninguém seria capaz de achar seu lugar nela.
Mas porque ela é precisamente consistente, com o tempo e com prática, todos podem aprender
a atrair exatamente o que desejam. Veja, Sara, se você observar cuidadosamente como você
está se sentindo, e então perceber que o que vem a você combina com esse sentimento, você
então começa a entender como a Lei da Atração funciona. Então você percebe que mudando o
modo como você se sente você pode mudar o modo com as coisas acontecem.
- Mas Salomão, e se eu não puder mudar como eu me sinto?
- Bem, Sara, nunca haveria nenhuma razão para isso.
- Eu digo, tipo, se alguma coisa realmente terrível acontecesse?
- Bem, eu sugeriria que você desviasse a sua atenção disso e prestasse atenção em algo que a
fizesse sentir-se melhor.
- Mas e se fosse algo muito, muito, muito terrível?
- Mais razões para desviar para algo diferente.
- Mas... – Sara protestou. E Salomão irrompeu:
- Sara, as pessoas sempre acreditam que elas podem melhorar as coisas metendo-se bem no
meio de algo terrível e trabalhando duro para consertar aquilo. Mas nunca é isso que faz as
coisas melhorarem. O que faz as coisas melhorarem é dar usa atenção para coisas que façam
você sentir-se melhor. Porque o que está vindo para você está vindo como resposta ao que você
está sentindo.
- Eu sei que você fica me dizendo isso, Salomão, mas é que...
- A maior parte das pessoas vai pelo caminho mais difícil, Sara. Tente controlar como você está
se sentindo e veja como tudo flui mais fácil. Acontece que não há essa coisa de injustiça. Todos
recebem exatamente o que estão sentindo ou emitindo. É sempre uma correspondência, e
portanto, sempre justo.
- Ok Salomão – Sara suspirou. Ela sabia que Salomão estava certo. Ela também sabia que não
tinha como convencer Salomão do contrário. Ele nunca vacilou ao falar sobre a Lei da Atração.

E tinha alguma coisa sobre isso que tinha uma bela ligação com isso: Não há isso de injustiça.
Algo sobre isso parecia muito bom.

Enquanto Sara caminhava para a escola, ela continuou a ponderar sobre o que ela e Salomão
haviam falado: “Se você se sente pobre, não poderá atrair prosperidade. Se você se sente gorda,
não poderá atrair esbeltes. Se você se sente tratada injustamente, não poderá atrair justiça”.

“Isso é tão injusto” Sara ouviu as garotas atrás dela reclamando. E Sara sorriu. Ela sempre
ficava impressionada como algo sobre o que ela estava falando ou pensando surgia em sua
experiência de alguma forma. Sara não podia ouvi-las bem o bastante para saber o que estava
errado, mas era óbvio que estavam tratando disso com intensidade.

“Você não pode chegar lá a partir daí” Sara pensou.

- Não é justo! Não é justo! – Sara pode ouvir a voz de um garoto protestando. O Sr. Marchant
segurava firme um furioso garoto que se contorcia enquanto era levado pela escada do prédio
da administração.
- A vida não costuma ser justa, rapazinho.
- Então como deixou os outros irem? – o garoto choramingou.

O Sr. Marchant não respondeu ao seu jovem prisioneiro.


- Puxa, isso sempre acontece comigo.

Sara sorriu. “Não existe isso de injustiça” ela lembrou.

- Ei Sara, espere!

Sara virou-se para ver Seth correndo para alcança-la.


- Sara, eu preciso falar com você. Algo terrível aconteceu!

Sara engoliu e esperou Seth recobrar o fôlego. Pareceu passar uma hora até que ele começou a
falar.
- Que foi? Que houve?
- Meu pai descobriu sobre a casa da árvore e disse que não posso mais ir lá. Ele diz que há
coisas mais importantes para eu fazer do que ficar brincando numa árvore.
- Ah, Seth – Sara choramingou. – Isso não é justo.

Quando Sara ouviu as palavras que saíam de sua boca, ela engasgou. Ela sabia sobre a Lei da
Atração, e ela sabia que o modo como você se sente afeta o que vem até você. Ela sabia, ou
estava descobrindo tudo aquilo. Mas como poderia alguém no mundo não sentir a injustiça do
que Seth estava lhe dizendo?

- Ele disse que o Sr. Wilsenholm entrou na loja de ferragens reclamando que algumas crianças
estavam balançando nas suas árvores. Ele disse que isso era invasão e era perigoso e que se ele
precisasse iria cortar as árvores para manter os bagunceiros longe. Ele disse que poderiam
quebrar o pescoço e se matar. Meu pai soube que era eu porque ele sabe que eu gosto de casas
em árvores. Ele diz que eu deveria ter conhecido e ele... O quê?
- Nada, preciso ir.

Os olhos de Sara encheram-se de lágrimas. Ela foi até seu armário e jogou os livros lá dentro.
Ela foi até o banheiro das meninas e limpou seu rosto com uma toalha de papel úmida.

- Isso não é justo – ela disse bem alto.


- Lembre Sara, não existe injustiça. O que quer que venha até você sempre corresponde ao que
você vibra ou sente.
- Eu sei que você fica dizendo isso, Salomão, mas agora, o que é que eu faço?
- Você deve mudar seu sentimento.
- Mas é muito tarde pra isso. Seth já foi proibido de ir à casa da árvore e o Sr. Wilsenholm sabe
que vamos lá, então provavelmente eu não posso ir também.
- Nunca é tarde, Sara. Não importa o que aconteça, você ainda tem controle sobre como você se
sente. E desde que você tenha controle sobre como você se sente, você ainda pode mudar o
resultado, não importa como parece agora.

Sara limpou seu rosto de novo.


- Ok, Salomão eu vou tentar. Com certeza não tenho nada a perder por tentar.
- Nos veremos na casa da árvore de noite após a escola.
- Mas o Sr. Wilsenholm diz que é invasão.
Salomão não respondeu.
- Ok, vejo você lá – disse Sara bem quando a porta do banheiro abriu e uma garota da turma de
Sara entrou.
- Ver quem onde? – ela disse, dando uma volta completa e vendo que Sara estava sozinha.
- Eu não sei – disse Sara, saindo do banheiro.
- Ok, seja esquisita – disse a garota.
- Ok, serei – disse Sara e foi pelo corredor.

Capítulo 29
Confiando na Lei da Atração

Foi um dia muito longo na escola e Sara ficou muito feliz quando o sinal final tocou. Ela
aguardou por Seth alguns minutos junto do mastro da bandeira, esperando que ele aparecesse,
mas o tempo todo que ela ficou lá não achou que ele fosse realmente aparecer. Então Sara foi
até a casa da árvore sozinha, primeiro sentindo-se triste, sabendo que Seth não estaria lá, e
então sentindo raiva porque o pai de Seth o proibira de ir lá, e então sentiu-se culpada por estar
invadindo. Que palavra má: invasão.
Sara ficou feliz de ver Salomão esperando por ela na plataforma.

- Boa tarde, Sara. É muito bom ter uma oportunidade de nos encontrar.
- Com certeza, Salomão, mas você acha que terei problemas por invadir?
- Essa é uma palavra bastante forte. Como ela faz você se sentir?
- Bem mal, Salomão. Eu nem sei bem o que significa, mas parece sério. Estou certa que
significa que eu não deveria estar aqui. Acha que teremos problemas?
- Bem, Sara, tudo o que posso lhe dizer é que eu passo muito tempo pousado no topo das
árvores, e eu nunca tive problemas por invadir.
Sara riu.
- É, mas Salomão você é uma coruja. As pessoas esperam vê-lo em árvores.
- Mas essa árvore não me pertence mais do que pertence a você, Sara. Tecnicamente falando,
os pássaros, ou os gatos ou os esquilos, de fato centenas de criaturas que habitam esta árvore
agora poderiam ser chamadas de invasoras.
Sara riu.
- É, acho que é verdade.
- O Sr. Wilsenholm não se importa em compartilhar suas belas árvores com todas essas
criaturas, Sara. E eu suspeito que se ele compreendesse como você se sente em casa nessa
árvore, e de todo cuidado que você toma quando está aqui, ele não se importaria que você
passasse algum tempo aqui.
Sara sentiu uma calmante sensação passando por ela.
- Você acha mesmo Salomão?
- Acho sim, Sara. O Sr. Wilsenholm não é um homem mau, egoisticamente desejando essa
árvore só para si. De fato acho que ele ficaria satisfeito se compreendesse como você se sente a
respeito dessa bela árvore velha. Penso que ele só está preocupado com as coisas que possam
acontecer. E porque ele não sabe o quanto você é responsável em como você sabe se cuidar
bem enquanto está aqui. Então os seus sentimentos surgem de sua imaginação preocupada em
vez de surgir do que está realmente acontecendo aqui.
- Bem, o que eu devo fazer?
- Bem, Sara, se eu fosse você eu iria para casa essa noite e pensaria sobre quanto maravilhosa é
essa árvore. E pensaria sobre como é bom estar aqui. Eu faria uma longa lista das coisas que
mais gosto aqui. Eu faria uma longa lista das coisas que mais gosto aqui, lembrando toda a
diversão com Seth nesta árvore. Fique revivendo as melhores partes, passando e repassando-as
em sua mente, até que esteja cheia e transbordante com a maravilhosa sensação dessa árvore. E
então, confie na Lei da Atração para lhe ajudar.
- Bem, o que a Lei da Atração vai fazer?
- Há muitas coisas que ela poderia fazer. Você nunca sabe com certeza até que aconteça. Mas
uma coisa você sabe: se você está se sentindo bem, o que quer que aconteça será bom também.
- Ok, Salomão, eu farei isso. Será fácil fazer listas de coisas que gosto nesta árvore. Eu amo
esta árvore!
Salomão sorriu.
- Com certeza ama, Sara. Com certeza.
Naquela noite Sara deitou em sua cama pensando na sua maravilhosa árvore. Ela lembrou
como ficou emocionada a primeira vez que Seth lhe mostrou a casa na árvore, e a emoção de
saltar da plataforma segurando firmemente a corda que Seth tinha amarrado ao galho maior.
Ela riu enquanto lembrava dos tombos de Seth nas primeiras vezes que ele saltou da corda, e
ela pensou nas horas gloriosas que ela, Seth e Salomão passaram conversando ali. E com esses
adoráveis pensamentos em sua mente, Sara adormeceu.

Capítulo 30
Uma gatinha invasora

Sara abriu os olhos, surpresa que seu quarto estivesse ensolarado. Ela ficou ainda mais surpresa
ao descobrir que já era quase 9 horas. Ela saltou da cama imaginando como sua mãe tinha
permitido que ela dormisse tanto e perdesse a escola. E então lembrou que era sábado.

- Ei, olá, dorminhoca! – disse sua mãe quando ela entrou na cozinha. – Parecia que você estava
dormindo tão gostoso que não quis acordá-la. Você teve uma boa noite?
- Sim – disse Sara ainda um pouco sonolenta.
- Seu pai está trabalhando hoje de novo. Pensei em dirigir até a cidade para fazer compras.
Jason está passando tempo com Billy. Se quiser você pode me acompanhar ou...

Sara prendeu a respiração. Sua mãe permitira que ela passasse o dia em casa, ou em qualquer
lugar, sozinha?

- ou fazer o que quiser – continuou sua mãe.


- Acho que ficarei aqui mesmo – disse Sara secretamente saltando de alegria por dentro.
- Tudo bem, querida. Voltarei no fim da tarde. Tenha um bom dia e não se preocupe com as
suas tarefas de sábado. Já arrumei as coisas e tudo está em ordem. Vejo você mais tarde.

Sara estava sorrindo de orelha a orelha. Ainda que sua mãe fosse quase sempre agradável, e
Sara prontamente admitiria que ela vivia uma vida boa, isso ainda era muita sorte. Estaria a Lei
da Atração de Salomão fazendo a sua mágica tão rápido?
Sara vestiu-se, pôs um suéter e saiu de casa. Ela pensou na casa da árvore e sentiu um forte
desejo de ir até lá, subir na casa e apenas curtir. Mas ela sentiu uma relutância igualmente forte.
Então uma ideia surgiu em sua mente. Ela teve a clara imagem de cruzar o pasto atrás do
quintal dos Wilsenholm, atravessar o rio pelo tronco e sair perto da Rua Principal no seu
poleiro sobre o rio. O impulso era tão forte que ela trancou a porta de trás e correu pelo seu
quintal até o pasto.

Quando ela subiu na cerca, ouviu alguém chorando. Ela ficou quieta para ver se podia localizar
de onde vinha. Ela viu uma mulher de roupão em pé embaixo de uma árvore olhando para cima
nos galhos. Sara reconheceu que ela estava olhando para o fundo do quintal dos Wilsenholm,
mas não tinha certeza de quem era ela. A Sra. Wilsenholm estivera doente por muitos anos e
Sara não se lembrava da última vez que a vira.
- A senhora está bem? – chamou Sara.
- Não, querida, não estou bem. Minha gata prendeu-se naquela árvore outra vez, e parece que
ficou lá a noite toda. Meu marido está fora da cidade e eu simplesmente não sei como posso
trazê-la para baixo.

A mulher torceu as mãos e agasalhou-se com seu roupão. Sara sabia que ela devia estar com
frio, e estava claramente chateada.
Sara olhou no alto da grande árvore. Lá em cima estava uma gatinha. Miau! Miau! Ela
certamente estava assustada.

- Aqui, gatinha, gatinha, gatinha – Sara chamou.


- Não adianta – a Sra. Wilsenholm disse. – Já estou chamando por horas.
- Sra. Wilsenholm, a senhora deveria entrar em casa e se aquecer – disse Sara calmamente. –
Não se preocupe com sua gata. Eu vou trazê-la para baixo.
- Oh não, querida, não posso deixa-la fazer isso. Você pode cair e se machucar.
- Eu estarei bem. Sou boa em árvores.

A Sra. Wilsenholm relutantemente entrou em casa e observou Sara pela grande janela da sala.
Sara viu uma escada encostada na parede do celeiro e arrastou-a até a base da árvore. Ela
levantou a escada até que ficasse bem junto da árvore, então sacudiu a escada fincando seus pés
na terra. Ela subiu no primeiro degrau e pulou sobre ele algumas vezes para ter certeza que a
escada estava estável, então cautelosamente subiu por ela. A escada não era muito alta, mas
alcançava o primeiro galho da árvore. Sara agarrou-se no galho e subiu nele. Uma vez sobre o
galho, Sara pode alcançar outro galho, e o próximo, e o próximo, até que Sara e a gatinha
estivessem no alto da árvore.

A gatinha parecia muito assustada e não desceria da árvore, então Sara sentou no galho
tentando descobrir o que faria a seguir.
- Bem, gatinha, você está invadindo? – Sara perguntou.
A gata miou.
- Ah, você está, não é? – Sara riu. Ela sentou-se confortavelmente com os pés balançando e
silenciosamente acariciou a gatinha enquanto suavemente explicava como ela realmente não
acreditava que a gatinha fosse uma invasora. E como não havia nada a temer, e que era tão fácil
descer da árvore quanto subir nela.
Sara finalmente pegou a gatinha e continuou acariciando-a até que relaxasse e parasse de miar.
Ela gentilmente acomodou a gatinha dento do suéter, antes prendendo-o dentro das calças para
criar um transporte seguro para a sua assustada amiguinha. Então Sara voltou descendo da
árvore até a escada e até o chão.

A Sra. Wilsenholm esperava por ela com um largo sorriso quando Sara chegou ao chão.
- Esse foi o resgate mais incrível que eu já vi! – ela disse, recebendo a gatinha de Sara e
segurando-a suavemente junto ao pescoço. – Qual o seu nome?
- Eu sou Sara. Moro no fim da rua, perto da leiteria.
- Ah sei, Sara. E você passa muito tempo em árvores?
- Bem, sim, acho – Sara sorriu. – Eu subo em árvores desde que aprendi a andar. Minha mãe
costumava se preocupar, mas não se preocupa mais. Ela diz que se eu tivesse que cair já teria
caído faz tempo.
- Bem, pelo o que vi acredito que sua mãe não tenha nada com que se preocupar. Você é uma
garota muito ágil, Sara, e você salvou minha gata. Nem sei com olhe agradecer. Meu marido
tem ficado incomodado com alguns jovens que tem subido naquelas árvores grandes perto do
rio. Ele até tem ameaçado cortá-las. Eu disse a ele que está exagerando, mas ele é um velho
teimoso e quando põe uma ideia na cabeça geralmente não desiste. Mas se aqueles jovens
fossem tão bons em árvores quanto você, ele não teria com que se preocupar, não é mesmo,
Sara?
- Não, madame, não teria – Sara hesitou, então disparou. – E eu acho que esse é um bom
momento para dizer que sou eu e meu amigo que estamos subindo em sua árvore.

Sara engoliu seco. Ela disse aquilo sem pensar realmente. Pareceu o certo no momento, mas
agora a Sra. Wilsenholm estava quieta.

- Bem, ouça aqui, Sara. Vou dizer ao meu marido o que eu vi hoje. Não posso prometer nada,
porque ele é um velho teimoso e tolo, mas algumas vezes ele ainda me ouve. Eu vou fazer a
cabeça dele. Se ele pudesse ver você naquela árvore, não acho que ele ficaria preocupado com
você. Dê-me algum tempo. Volte em alguns dias e lhe contarei o que ele disse.
- Obrigada! Obrigada! Obrigada! – Sara disse, ofegante. Ela não sabia o que era mais excitante:
a possibilidade de ganharem permissão para brincarem na árvore ou o milagre providenciado
pela Lei da Atração. Em todo caso, Sara estava extasiada.

Capítulo 31
Nós podemos

Sara estava voltando para casa após sua experiência de salvar a gatinha da Sra. Wilsenholm,
quando lembrou-se de que antes estava indo até seu poleiro sobre o rio. “Queria ter algum meio
de contar para Seth as boas novas” ela pensou.
Sara nunca esteve na casa de Seth, e mesmo que Seth nunca tivesse contado muito sobre sua
vida em casa, Sara sabia pelo que ele não contava que as coisas não eram muito agradáveis lá.
Então ela sabia que não poderia simplesmente aparecer na sua porta.

“Eu queria poder encontra-lo de alguma forma” Sara disse em voz alta.

Ela parou ao lado do rio e sorriu olhando o tronco que o atravessava. Ela subiu no tronco e
abriu os braços para ter mais equilíbrio, e então literalmente correu pelo tronco atravessando o
rio. Ela sentiu-se maravilhosa. Com o milagre que acabara de acontecer, ela sentia que poderia
até voar sobre o rio.

- Ei, mocinha, você não sabe que esse rio é perigoso e que você poderia se afogar? – Sara ouviu
a voz provocante de Seth vindo dos arbustos. Ele estava sentado numa grande pedra a poucos
metros da ponte de tronco. Seus sapatos e meias estavam empilhados logo atrás dele, e seus pés
balançavam na água fria.

- Seth, estou tão contente de vê-lo! Você nunca vai adivinhar o que aconteceu!

Seth percebeu pela sua energia que algo significativo tinha acontecido.

- Conte! O que foi?


- Eu peguei um atalho atravessando o quintal dos Wilsenholm...
- Caramba, Sara, você é corajosa! Pensei que...
- Eu sei, eu sei. Eu não pensei muito sobre isso. Mas no fim tudo saiu muito bem. A Sra.
Wilsenholm estava chorando no quintal. Sua gatinha estava presa bem alto numa árvore, então
eu disse que poderia descê-la, mas ela disse que eu não deveria tentar, porque era perigoso. Aí
eu disse a ela que estava tudo bem, e ela não me impediu. Então eu subi na árvore e trouxe a
gatinha para baixo. Então ela contou que o marido estava muito zangado por causa dos garotos
que estavam subindo nas árvores dele, mas que se esses garotos fossem tão bons em árvores
como eu, ele então não se preocuparia tanto. Então eu contei pra ela que eu era uma das
crianças que estava subindo na árvore...

Sara parou um instante para tomar ar. Ela falou aquilo tão rápido que ficou sem fôlego.

- Sara! O que você estava pensando?


- Não Seth, tudo bem. Ela estava tão aliviada que eu salvei a gatinha, e tão impressionada de
ver minha segurança na árvore, que ela disse que falaria com o marido para convencê-lo de que
nós estamos realmente seguros nessa árvore.
- Você acha que ela pode fazer isso, Sara? Ele vai ouvi-la?
- Eu não sei. Mas algo mágico está acontecendo, Seth. Salomão disse para eu lembrar como é
maravilhoso estar naquela árvore. Então hoje de manhã tudo pareceu acontecer para me ajudar.
Minha mãe foi às compras e disse que eu podia ficar à vontade em casa pra fazer o que
quisesse. Só isso já foi um milagre. Então ela disse que eu não precisava fazer minhas tarefas
de sábado porque ela já tinha feito tudo que era preciso. Não lembro quando foi a última vez
que isso aconteceu. E então lá estava a Sra. Wilsenholm no seu quintal chorando pela gatinha
presa. Salomão tem falado sobre coisas assim desde que o conheço, mas nunca vi isso
funcionar assim tão perfeitamente. Acho que é porque isso é algo que realmente desejamos.

- Ok Sara, e agora o que nós fazemos?


- Bem, acho que não temos que descobrir isso. Salomão diz que nosso trabalho é apenas
encontrar o ponto de sentir o que desejamos, e a Lei da Atração faz o trabalho.
- Humm – Seth ficou quieto.

Sara sentou, aguardando que ele dissesse algo.


Parecia que Seth tinha algo para dizer, mas não estava dizendo.

- Quê? – Sara provocou. – O que foi? – ela podia ver que Seth estava incomodado com algo.
- Acho que vamos nos mudar.
- Mudar? Para onde?
- Meu pai perdeu o emprego. O filho do Sr. Bergheim saiu da faculdade, e o pai dele disse que
ele vai fazer o trabalho que o meu pai fazia. Sara, não é justo!

“Não é justo” Essas palavras dispararam a nova compreensão de sara sobre justiça, e as
palavras de Salomão fluíram em sua mente: “ A maior parte das pessoas vai pelo caminho mais
difícil, Sara. Tente controlar como você está se sentindo e veja como tudo flui mais fácil.
Acontece que não há essa coisa de injustiça. Todos recebem exatamente o que estão sentindo
ou emitindo. É sempre uma correspondência, e portanto, sempre justo”.

- Seth, Seth – Sara disse excitada – Nós podemos consertar isso.


- Sara, eu não vejo como...
Sara interrompeu-o.
- Sério, Seth, nós podemos. Tudo que precisamos fazer é uma lista sobre todas as coisas que
gostamos sobre você viver aqui, ou sobre seu pai trabalhando na loja de ferragens, e a Lei da
Atração cuidará disso.
- Sara, mas como nós vamos convencer o Sr. Bergheim a deixar meu pai ficar com o emprego?
- Isso não é nosso trabalho, Seth, Salomão diz...

Folhas caíram da árvore acima deles e Salomão fez um pouso suave e perfeito.
- Achei que devia encontra-los aqui – disse Salomão, descendo para o galho mais baixo e
ajeitando as penas com o bico. – É um dia adorável, não acham?
- Salomão, você não acreditaria em todas as coisas que aconteceram desde que conversei com
você ontem.
- Bem, acho que tenho alguma noção – Salomão sorriu.

Sara riu, lembrando que Salomão sabia tudo.

- Vejo que as coisas estão progredindo bem na questão da casa da árvore – Salomão disse em
tom professoral. – Agora vamos trabalhar nesse novo acontecimento.
- Salomão, meu pai perdeu o emprego. Ele diz que vai arranjar uma fazenda, para não depender
dos caprichos de algum patrão que prefere ter um filho irresponsável trabalhando para ele do
que um adulto que vai cuidar certo dos negócios.
- Entendo – disse Salomão. – É natural para seu pai sentir-se amargo nessas condições. Mas
sentir-se assim não ajuda. Só pode fazer piorar. E é perfeitamente natural para você sentir-se
amargo sobre isso Seth, uma vez que está afetando sua vida também. E é natural para você
sentir-se amarga sobre isso também Sara, porque agora está afetando sua vida.
- Mas o que nós podemos fazer, Salomão? Não há nada que possamos fazer?
- Sim, sem dúvida, Sara. Vocês tem muito mais poder para afetar positivamente as coisas do
que se dão conta.
- Mas Salomão, somos apenas crianças, como podemos...

Salomão interrompeu Seth.


- Quem está conectado com a Fonte é mais poderoso que um milhão que não estão conectados.
Seth e Sara olharam-se fixamente.
- Quer dizer que nós podemos fazer alguém fazer algo que não quer fazer?
- Não exatamente. E não é trabalho seu descobrir o que será feito ou como precisa ser feito. Seu
trabalho é imaginar um final feliz para todos, e a Lei da Atração providenciará isso.
- O que você quer dizer com para todos? Você diz para o velho mau Bergheim e seu filho?
- Seth, sua amargura pode ser natural nessas circunstâncias, mas não lhe ajuda em nada.
Lembre, quando você se sente zangado ou amargo, você não está conectado à Fonte de Bem-
Estar. E quando você não está conectado à Fonte, o seu poder de influência torna-se
insignificante.

Seth ficou quieto. Ele sabia que Salomão falou sobre isso muitas vezes.

- Não tente descobrir o que vai acontecer. Apenas finja que esse trauma passou e que tudo está
bem. Finja que você e Sara continuam se encontrando na casa da árvore, e que sua vida fica
cada vez melhor. Encontre alguns pensamentos que sejam agradáveis e fáceis de achar, e
mantenha-os em sua mente. E quando outros pensamentos vierem, e eles virão por um tempo,
apenas relaxe e liberte-os. E foque novamente nos pensamentos que lhe fazem bem. E observe
o que acontece.
- Salomão, você vai nos ajudar? – Sara perguntou.
- Ajuda virá de infinitos lugares e se mostrará de infinitas maneiras. Vocês ficarão
impressionados de quanta assistência vão receber para ajuda-los com o seu desejo. Mas
primeiro vocês precisam ser um equivalente ao seu desejo.

Sara e Seth olharam-se. Eles sabiam sobre equivalências vibratórias, eles lembraram do prisma
na sala de artes, do gás de ovos podres e da sirene de incêndio... Ambos sentiram-se muito
melhores.

- Nós podemos fazer isso! – ambos disseram ao mesmo tempo.


- Sem dúvida que podem – disse Salomão.
- Salomão – Sara perguntou – Sabe, como você tem falado para nós que o Universo responde
nossa vibração? E que a Lei da Atração faz o trabalho? Bem, funciona mais rápido se é sobre
algo que nós realmente nos importamos? Quero dizer, tipo, com a casa da árvore, parece que
coisas mágicas começaram a acontecer bem rápido.
- Sempre acontece rápido, Sara, seja algo grande ou pequeno. É tão fácil um castelo quanto um
botão. Divirtam-se com isso. Façam o melhor que puderem para imaginar um resultado feliz.
Não tentem imaginar como vai acontecer. Pulem a parte de como vai acontecer, quem vai
ajudar, quando vai acontecer, ou onde. Foquem no que vocês realmente desejam e porque
desejam. E acima de tudo, busquem por um sentimento de alívio. Tudo está bem aqui.

Sara e Seth observaram Salomão levantar voo e desaparecer no céu. Eles ficaram quietos...
pensando no seu futuro.
- Eu não sei por onde começar – Seth reclamou. – Toda vez que tento pensar em algo, penso
em alguma coisa ruim.
- Eu sei, eu também – disse Sara. – Talvez se pensarmos em algo ruim que aconteceu, e então
pensarmos o oposto.
- Como assim?
- Bem, podemos pensar como foi quando seu pai chegou em casa e disse que perdeu o
emprego, e então podemos fingir o oposto.
- Entendi o que você quis dizer... Ok, estou sentado no meu quarto, e ouço a porta da frente
bater, e posso ouvir a voz do meu pai na cozinha...
- Como ele parece? Está feliz?
- É – Seth sorriu. – Está. Ele está realmente feliz e agora posso ouvir a voz da minha mãe, e ela
parece feliz também. Eu desço as escadas e vejo eles se abraçando, e minha mãe está limpando
o rosto com o lenço.
- O que você acha que aconteceu? – disse Sara entrando na imaginação de Seth.
- Salomão disse que não temos que descobrir os detalhes, apenas o final feliz.
- Bem, isso parece bom.
- É.
- Eu desejo muito que isso funcione – disse Sara.
- Eu também. De qualquer forma, eu me sinto melhor agora.
- Eu também.
- Melhor eu ir andando.
- É, eu também.
- Seth! – Sara chamou quando já saía – Se seus pais não estiverem felizes esta noite, você pode
lembrar nossa versão em vez da deles. Entende o que eu digo?
- Entendi. Acho que vou para a cama cedo. Será mais fácil de imaginá-los felizes se eu não
estiver olhando seus rostos tristes.
- É boa ideia – Sara riu.
- Seth! – Sara chamou novamente. – Eu realmente acredito que ficará tudo bem. Tenho mesmo
um bom pressentimento sobre tudo isso.
- É, vejo você depois.

Capítulo 32
Funciona

- Sara, telefone! – sua mãe chamou da cozinha.


Sara pôs a cabeça fora do quarto e perguntou:
- Quem é?
- É a Sra. Wilsenholm, Sara. Porque a Sra. Wilsenholm está chamando você?
- Oh, eu não sei. Pode ser porque a ajudei a encontrar sua gatinha.

Sara pegou o fone e esticou o longo fio o mais longe possível da sua mãe, sem que ficasse
óbvio demais que ela não queria que sua mãe escutasse.

- Sara, eu tenho muito boas notícias para você. Meu marido decidiu não cortar as árvores. Mas
ele diz que quer ver você. E seu amigo também. Pode passar aqui depois da escola?
- Ok – disse Sara, tentando manter a voz calma para não revelar seu entusiasmo.
Sara desligou o telefone e dirigiu-se para o seu quarto.
- Sara, era sobre o quê? – sua mãe parecia suspeita.
- Oh, nada. A Sra. Wilsenholm pediu-me para passar na casa dela hoje depois da escola. Tudo
bem, não é?
- Bem, acho que sim.

Uma vez dentro do quarto, Sara subiu na cama. Ela saltou pra cima e pra baixo de excitação,
segurando a mão na frente da boca para conter-se e não gritar.

“Funciona! Funciona! Funciona!” ela gritou mentalmente.

Sara mal podia se conter. Ela queria muito encontrar Seth e contar-lhe as boas novas sobre as
árvores e o encontro deles marcado com a Sra. Wilsenholm.
Sara apressou-se no caminho para a escola. Ela sentou-se na parede de pedras ao lado do prédio
da administração, de onde ela poderia ter uma boa visão da entrada e do mastro da bandeira e
esperou por Seth. Ela observou muitos alunos chegando de carro, ônibus e a pé, mas nada de
Seth.

“Onde ele está”? Sara começou a ficar preocupada. “E se sua família já estiver se mudado e ele
estiver ajudando a carregar o caminhão”?
Sara estremeceu. Esse pensamento era realmente desagradável.
Enquanto esse forte sentimento de desconforto envolveu Sara, ela lembrou das palavras de
Salomão: “Você não pode ter um final feliz em uma jornada triste. Preocupação e Bem-Estar
são vibrações opostas; o Bem-Estar não pode vir quando você está com o sentimento de
preocupação”.

- Eu sei, eu sei – disse Sara em voz alta.


- Sabe o quê? – disse Seth vindo pro trás de Sara e surpreendendo-a.
- Caramba, Seth, você me mata de susto! Mas o que você está fazendo atrás do prédio?
- Ah, nem sei. Saí mais cedo e vim pelo caminho mais longo. Dando um tempo pra mim.

Sara pressentiu que Seth ia descrever a tensão em sua casa, mas ela sorriu ao perceber que ele
estava deliberadamente evitando o assunto, ou como diria Salomão, não estava adicionando
poder à situação negativa.

- Seth, tenho ótimas novidades. A Sra. Wilsenholm chamou-me ontem à noite e disse que seu
marido decidiu não cortar nossas árvores, mas ele que me ver, e a você também. Ela pediu que
fôssemos à casa dela depois da escola. Você pode?
- Sim, acho que posso. Sara, isso é demais!

O sinal tocou e eles sentiram-se desapontados por serem tirados da alegre conversa.
Eles andaram pelo gramado até a calçada.

- Por que será que ele quer nos ver? – ponderou Seth.
- Eu não sei.
- Bem, vejo você mais tarde. Na ponte de tronco?
- Sim. Imagine um resultado feliz! – sugeriu Sara.
- É, você também.

Capítulo 33
Casa na árvore de quem?

Sara lutou para manter sua mente no que acontecia na aula. Parecia um dia muito longo. Ela
tentou imaginar o que o Sr. Wilsenholm queria conversar com eles, mas cada vez que ela
pensava em encontra-lo seu coração disparava e ela perdia o foco nos pensamentos.
Ele era um homem grande, e mesmo que Sara o tivesse visto muitas vezes na cidade, nunca
falou com ele. Ele era bem conhecido na comunidade e tinha uma das maiores fazendas; Sara
não tinha certeza qual dos pastos no vale pertencia a ele, mas ela sabia que ele tinha muitas
terras.
Finalmente, de novo e de novo, Sara voltou ao pensamento fácil de encontrar de balançar na
árvore com Seth. Ela sempre gostava de relembrar sua primeira descida da corda e seu primeiro
pouso perfeito.

“É incrível quanto prazer você pode ter apenas por lembrar o mesmo momento feliz várias
vezes” pensou Sara, e sentiu arrepios por todo o corpo.

Quando o sinal tocou, ela saltou e correu da sala de aula; colocou todos os seus livros no
armário e correu pelos portões da frente até a ponte de tronco.
Seth já estava lá aguardando quando ela chegou. Ambos estavam sem fôlego e sorrindo.
- Bem, aqui vamos. Vejamos o que acontece – disse Sara.

Eles caminharam pelo longo gramado até a porta da frente da casa dos Wilsenholm. Sara não
deixou de notar como tudo parecia adorável dentro desse jardim. Grandes árvores sombreavam
o caminho e grama delicada crescia entre as pedras planas que formavam o caminho.
Eles bateram a grande aldrava de bronze da porta e aguardaram.
A Sra. Wilsenholm veio até a porta com um sorriso de boas vindas.

- Sara, obrigada por ter vindo. E quem é esse belo jovem?


- Eu sou Seth. Seth Morris. Prazer em conhece-la.

Sara sorriu. Seth pareceu firme e formal. Ela pensou que se ele estivesse usando um chapéu,
teria tirado nessa hora.

- Entrem e sentem-se. Eu fiz biscoitos para vocês. Suponho que suas mães não vão importar,
certo?
- Não, muito gentil de sua parte.
- Fiquem confortáveis. Vou buscar os biscoitos. Meu marido deve chegar em instantes.

Sara e Seth sentaram-se desajeitadamente no grande sofá. Essa era a casa mais bonita que sara
já tinha entrado, e ela pode perceber pelo modo como Seth olhava ao redor que essa era uma
experiência incomum para ele também.
Eles ouviram uma porta de carro bater, e a Sra. Wilsenholm chegou com os biscoitos.

- Ah, aí está ele, bem na hora como sempre. Imagino que ele vá lavar as mãos e logo estará
aqui. Vamos, comam alguns biscoitos. Voltarei logo.

Sara mordeu seu biscoito. Ela tinha certeza que estava delicioso, mas ela não estava com muita
vontade de comê-lo. Sua mente estava girando e seu coração estava disparado.

- Eu nunca estive tão nervosa antes.


- Nem eu- disse Seth.

O Sr. Wilsenholm entrou na sala.

- Bem, aí estão. Você deve ser a famosa Sara, que escala árvores como se tivesse nascido nelas,
e que resgata gatinhos.
Sara sorriu e disse:
- Sim senhor.
- E quem seria você? – disse o Sr. Wilsenholm pegando a mão de Seth e apertando-a
vigorosamente.
- Seth, Seth Morris, senhor – disse Seth engolindo seco. Esse era um homem poderoso, talvez o
homem mais poderoso que Seth jamais viu de perto.
- E se eu entendi corretamente, são vocês dois que andam invadindo até minhas árvores pelos
últimos meses?
- Sim, senhor – Seth e Sara disseram juntos.
- Muito bem – o Sr. Wilsonholm sentou-se olhando para eles atentamente.
- Quem amarrou a corda na árvore?
- Fui eu, senhor.
- E quem construiu a casa na árvore?
- Fui eu, senhor.
- Hum... – o Sr. Wilsenholm inclinou-se para a frente e pegou um biscoito do prato na mesa. –
Eu estive na sua casa na árvore, ou acho que eu deveria dizer minha casa na árvore, ontem.
Olhei muito bem para ela. Devo dizer que fiquei impressionado com a firmeza da construção.
Onde você conseguiu os materiais para isso?
- Bem, senhor – Seth engoliu – Eu consegui de alguns lugares. O professor de marcenaria deu-
me algum material... sobras e coisas assim, que ele iria jogar fora. O professor de educação
física deu-me a corda, porque é muito áspera para escalar e estava fazendo muitas bolhas nas
mãos dos garotos. Meu pai trabalha... trabalhava na loja de ferragens e levou algumas sobras
para casa, algumas aparas.
- Seu pai lhe ensinou como construir daquele jeito?
- Não realmente. Eu aprendi por conta própria. Gosto de trabalhar com madeira.

Sara sorriu. A conversa parecia estar confortável.


- Meu pai na verdade é fazendeiro. Pelo menos é o que ele mais tem feito. Mas ele poderia
ensinar-me a construir, quero dizer, se eu pedisse. Ele é muito bom nisso. Quero dizer, ele pode
fazer quase qualquer coisa.
- Bem, filho, eu queria encontrar a pessoa que fez aquele ótimo trabalho na casa da árvore. Meu
capataz está para se aposentar. Seus filhos estão crescidos e eu acho que ele está cansado de
trabalhar. Ele diz que vai ficar até que eu consiga alguém para substituí-lo, mas ele não quer
mais trabalhar duro. Eu pensei que ele poderia ter alguém como você para ajuda-lo. Ele poderia
lhe mostrar o que precisa, por um tempo, até que eu encontre um capataz que o substitua.

Uma ideia explodiu na cabeça de Seth, e a mesma ideia explodiu na cabeça de Sara ao mesmo
tempo. Eles se olharam, sabendo o que cada um estava pensando.

E então a Sra. Wilsenholm falou:


- Stuart, talvez você possa contratar o pai do rapaz. Parece que ele é exatamente quem você está
procurando.

O Sr. Wilsenholm ficou quieto por um longo instante... Sara e Seth estavam quietos... parecia
até que ninguém estava respirando. Então o Sr. Wilsenholm falou:
- Você disse que seu pai trabalha na loja de ferragens?
- Sim, senhor.
- Homem alto? Magro? Cabelo da cor do seu?
- Sim, senhor.
- Creio que o encontrei outro dia. Ele me ajudou um bocado. Ficou até mais tarde. Não
reclamou nada.

Sara e Seth olharam-se com satisfação. Eles mal podiam acreditar que a Sra. Wilsenholm tinha
realmente dito o que eles haviam pensado. Tudo estava caminhando tão rápido.

- Você disse que seu pai está procurando trabalho?


- Sim, senhor. Quero dizer, acho que sim.

O Sr. Wilsenholm pegou sua carteira do bolso e tirou algo dela. Ele deu para Seth.
- Dê meu cartão para seu pai. Peça para ele me chamar se estiver interessado em dirigir meu
rancho. Diga que eu gostaria de conversar a respeito. Pode ter um lugar para você também,
Seth, se quiser.

A Sra. Wilsenholm ficou na porta, irradiando alegria.


- Sim, senhor! – Seth exclamou, olhando o cartão de visitas como se fosse de ouro brilhante. –
Eu entregarei a ele imediatamente.

Sara alcançou um guardanapo que a Sra. Wilsenholm colocara na mesa na frente dela. Ela não
havia notado, mas as pequenas gotas de chocolate do seu biscoito haviam derretido na sua mão.
Ela enfiou o último pedaço do biscoito na boca e limpou as mãos no guardanapo.
- Bem, crianças, - disse o Sr. Wilsenholm – obrigado por terem vindo. Sara, obrigado por
ajudar a Sra. Wilsenholm. E Seth, aguardarei o seu pai fazer contato. E se vocês crianças
quiserem brincar na minha casa na árvore, bem, acho que está tudo bem para mim. Mas tenham
cuidado, ouviram?

Sara e Seth ficaram fora no alpendre. Eles não sabiam se riam, se choravam ou gritavam. Eles
fizeram o que podiam para se conter enquanto fingiam calma por todo o caminho até o fim do
gramado, e só então saíram pulando e gritando de alegria por um quarteirão e meio.
- Ninguém acreditaria no que aconteceu, Sara. Nós conseguimos! Nós conseguimos! Nós
conseguimos!

Capítulo 34
Não importa o que

- E o que no Morro Sam faz ele pensar que eu tenho o mínimo interesse em trabalhar no seu
rancho extenuante? – o pai de Seth quando ele pôs o cartão do Sr. Wilsenholm sobre a mesa.

Seth ficou aturdido com a resposta do pai para o que ele considerava uma miraculosa boa nova.

- E em primeiro lugar, o que diabos estava você fazendo lá?

Seth ficou quieto. Ele sabia que jamais seria capaz de explicar para seu pai a longa lista de
milagres que a Lei da Atração providenciou, que culminaram no encontro com o Sr.
Wilsenholm. Seth aprendeu com muitas experiências passadas que quando seu pai estava nesse
mau humor o melhor a fazer era ficar quieto. Quanto menos falasse, melhor. Seu pai parecia ter
a mania de distorcer todas as boas intenções em algum ato de transgressão.
Seth sentiu os olhos enchendo-se de lágrimas. Como isso podia estar acontecendo? Como podia
algo tão maravilhoso transformar-se em algo tão terrível? Seria realmente possível que seu pai
fosse deixar essas oportunidade?

- Vai, saia daqui! – seu pai gritou.

Seth ficou feliz em sair dali antes que seu pai visse as lágrimas em seus olhos.
Ele lavou o rosto, penteou o cabelo, saiu pela porta da frente e correu o caminho todo até a
escola. Ele cortou pelo campo de futebol, passou pelo vestiário dos meninos, subiu as escadas
do ginásio, subiu na arquibancada e aguardou o sinal. Ele não queria encontrar-se com Sara
naquela manhã. Ele não queria contar-lhe essa terrível notícia.

“Não há motivo para estragar o dia dela também” pensou Seth.

Sara procurou por Seth o dia todo. Ela mal podia esperar para saber o que aconteceu. Ela só
sabia que o pai dele ficaria emocionado por ter essa oportunidade de um trabalho tão
maravilhoso. O último sinal tocou. Sara ficou imaginando porque não viu Seth o dia todo, mas
ela estava tão feliz por poder voltar à casa da árvore que ela não deu atenção à preocupação.
Seth já estava empoleirado na casa da árvore quando Sara chegou. Ela subiu a escada
alegremente, mas no primeiro olhar para a face de Seth ela soube que algo estava muito errado.

- O que houve? – ela perguntou.


- Meu pai não quer o emprego.
- O quê? – espantou-se Sara. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo. Sara sentiu raiva. –
Como ele pode...?
Salomão chegou do alto.
- Boa tarde, meus bons amigos sem penas.
- Oi Salomão – Sara resmungou. Seth não levantou os olhos.
- Essa é uma parte muito importante da manifestação.
- Que manifestação? – retornou Seth com raiva. – Não está se manifestando. Acabou. Meu pai
se encarregou disso.
- Bem, se fosse você eu não teria tanta certeza.
- Por quê? Você sabe algo que não sabemos? – perguntou Sara, esperançosa.
- Bem, eu sei como a Lei da Atração funciona. E eu sei que vocês ainda têm a sua visão para
focar. E eu sei que se vocês continuarem a focar na sua versão do cenário, do seu estado de
sentirem-se bem, a Lei da Atração pode confirmar a ajuda-los.
- Mas Salomão, meu pai disse que não quer o emprego.
- Eu sei como isso parece, mas a Lei da Atração é poderosa. Seu pai é um homem muito
orgulhoso, Seth. E ele teve uma reação muito forte com essa oferta, sentindo-se rejeitado pelo
Sr. Bergheim. Mas você não deve deixar a realidade atual fazer você perder a sua conexão.
Lembre que seu poder de influência depende de você manter-se conectado à Fonte. Eu percebo
que é sempre mais fácil permanecer conectado à Fonte quando as coisas vão bem, mas os
criadores mais poderosos continuam conectados à Fonte não importa o que aconteça. Vejam,
crianças, existem criadores de bom tempo e criadores de qualquer tempo. É fácil ser um criador
de bom tempo, sendo feliz quando tudo está do jeito que você gosta, mas quando você é capaz
de manter a sua vibração e sentir-se bem sob todas as condições, aí é que sua verdadeira
habilidade criadora se mostra. E além do mais, sua visão e a Lei da Atração já trouxeram vocês
tão longe! Eu não desistiria dessa visão tão cedo.

Sara estava sentindo-se muito melhor. Salomão já tinha conversado com ela em tantas crises.
Seth também parecia mais iluminado.

- Bem, e o que você acha que eu devo dizer ao meu pai?


- Oh, eu não diria nada a ele. Não sobre esse assunto – respondeu Salomão. Eu apenas manteria
a visão de um resultado feliz, e deixaria a Lei da Atração descobrir como realiza-lo. Você se
preocupa muito, meu amigo. Tenha fé num resultado feliz.
- É que quando meu pai põe algo na cabeça...

Seth parou no meio da sentença, ciente de que estava adicionando à vibração do que ele não
queria. Salomão sorriu.
- Veja, Seth, isso é que é fé: manter a visão daquilo que você realmente deseja mesmo quando
as evidências apontam para o oposto. Fé é confiar na Lei da Atração e estar disposto a ser
paciente enquanto ela faz seu trabalho.
- Gostaria que fosse logo.
- Seja paciente enquanto a Lei da Atração faz seu trabalho – repetiu Salomão.
Seth e Sara riram.
- Ok, Salomão, vou cuidar disso.
- Se eu estivesse em seu lugar, eu me aqueceria em apreciação ficando nessa casa da árvore. Eu
reconheceria como as coisas estão indo bem para você. Eu lembraria que um dia vocês foram
banidos deste glorioso ninho e no outro dia vocês ganharam a gloriosa posse de uma permissão
de acesso ilimitado. Isso é algo incrível. Vocês concordam?
- Sim – responderam ao mesmo tempo.
- Eu notaria como vocês são poderosos e como o Universo alinhou uma sequência de
circunstâncias e eventos perfeitos para ajudar vocês e então eu notaria que essa sequência de
circunstâncias e eventos nunca termina. Boas coisas fluirão eternamente para vocês. Fiquem de
olho nas evidências disso. Percebam que num primeiro instante, antes de tantas coisas
maravilhosas acontecerem, vocês tiveram que cria-las em sua mente. Mas agora vocês tem o
benefício de poder lembrar dessas coisas enquanto vocês continuam a criar coisas boas em sua
mente. Por isso é que fica cada vez mais fácil. Divirtam-se com tudo isso.

E com essas últimas palavras poderosas, Salomão voou para longe.


- Essa é uma ave otimista – disse Seth, rindo enquanto Salomão ia embora.
Sara riu.
- Eu só queria ser como ele.
- Eu também.

Capítulo 35
É hora de uma soneca?

Sara não viu Seth na escola o dia todo. Ela não podia acreditar que seus caminhos não tivessem
cruzado. Ela queria encontra-lo, assim se ele precisasse ela daria uma levantada em seu astral.
Ela sabia que ele devia estar tendo dificuldade para manter-se sentindo-se bem com tanta coisa
negativa em casa.
E então ela lembrou de Salomão ter ensinado a eles sobre ignorar o que é, se isso não lhe
agrada, e no lugar por sua atenção no seu sonho ou visão. Ela e Seth praticaram isso com
frequência, mas ela sabia que estava ainda longe de ser capaz de controlar seus pensamentos
sempre, e ela não sabia se Seth estava conseguindo isso, porque ele estava vivendo no meio do
problema todo.
Sara pensou como Seth tinha se tornado tão bom amigo, e por um momento ela sentiu um forte
nó no estômago ao imaginar que Seth poderia mudar-se da cidade. O sentimento de vazio foi
tão forte que quase lhe tirou o fôlego.

- Ufa! – ela disse alto – Acho que está claro que isso não combina com meu desejo.

Sara respirou fundo e tentou encontrar um pensamento melhor. Sua mente foi imediatamente
para a casa da árvore e para os balanços na corda sobre o rio que Seth amarrou tão bem. Então
ela pensou na plataforma e neles sendo proibidos de ir até lá, e como tudo se resolveu tão
maravilhosamente. Ela pensou na gentil Sra. Wilsenholm e sua gatinha, e no rude Sr.
Wilsenholm com seu brilho no olhar.
Ela pensou no querido e doce Salomão e na amável orientação que ele sempre oferece. Ela
lembrou como acreditou que seu coração fosse se partir quando ele morreu, como ela ainda
sobreviveu quando a pior coisa possível aconteceu e como, de várias maneiras, as coisas na
verdade ficaram melhores depois daquilo. Aquele ponto que parece ser o fim absoluto da
alegria acabou tornando-se o ponto inicial de uma alegria ainda maior.

Um bando de gansos passou voando e grasnando sobre ela, e Sara sorriu ao lembrar os
primeiros ensinamentos de Salomão sobre pássaros da mesma plumagem que voam juntos. E
lembrou da sua primeira introdução às ideias da Lei da Atração.

- Cara, foi um longo caminho! – ela admirou-se.

Sara notou como em poucos minutos que ela deliberadamente ficou escolhendo pensamentos,
desapareceu aquele aperto desagradável no estômago. Ela sorriu ao perceber que estava
fazendo exatamente aquilo que Salomão lhe ensinou: definir sua própria vibração.
“Vou esperar mais dois minutos, e se Seth não aparecer, vou até a casa da árvore. Ele pode nem
ter vindo à escola hoje. Provavelmente vai me encontrar lá” pensou Sara.
Dois minutos se passaram e ela dirigiu-se à casa da árvore.

Enquanto caminhava, suas preocupações retornaram. Esperar que Seth estivesse esperando por
ela na casa da árvore, mas não ter certeza disso apenas lembrou a ela como era importante que
ele estivesse lá.

“Bem, mesmo se ele não estiver lá isso não significa nada. Há milhões de coisas que poderiam
impedi-lo de ir à escola ou à casa da árvore. Isso não faz a menor diferença” ela fingiu. Mas seu
medo não mudou em nada. Na verdade, até piorou.
Quanto mais Sara lutava para livrar-se da ideia de Seth mudando-se da cidade, pior ela se
sentia.

- Isso é ridículo – ela disse em voz alta – Eu sei que posso controlar como eu me sinto. Eu
preciso de uma energia de apreciação – Sara lembrou do jogo de Salomão.
- Vamos ver, lembrar de algumas coisas que eu aprecio.
Eu aprecio como a Lei da Atração funciona para mim e para todos.
Eu aprecio como a Sra. Wilsenholm nos ajudou a ter a casa da árvore de volta.
Eu aprecio como a gatinha da Sra. Wilsenholm me apresentou a ela.
Eu aprecio como a Sra. Wilsenholm nos apresentou ao Sr. Wilsenholm.
Eu aprecio conhecer Seth...

Cada vez que ela pensava sobre Seth aquele sentimento triste e doente retornava em seu
estômago. Uma lágrima rolou sua face.
- Oh Salomão – ela suspirou – O que farei se Seth se mudar? Como poderei encontrar outro
amigo como ele?
Sara enxugou o rosto com a manga e estava brava consigo própria por estar ficando triste.
- Isso não está ajudando a ninguém – disse em vozalta.

As palavras de Salomão estavam se acumulando em sua mente: “Defina sua própria vibração...
não preste atenção ao que é... mantenha sua atenção num resultado feliz... a Lei da Atração fará
seu trabalho... não desista tão fácil... acalme-se... tudo esta bem aqui...” Essas palavras
ajudaram.
Sara subiu a escada da árvore. Seth não estava lá, nem Salomão.
- Onde estão vocês? – Sara disse alto.
Sara tentou encontrar pensamentos felizes, mas a realidade do agora e a ausência de Seth eram
muito fortes para ela superar.
- Uma longa soneca é uma boa ideia – disse Salomão descendo até o chão da casa da árvore.
- Salomão! Onde esteve?
- Em todo lugar – Salomão sorriu.
- Salomão – Sara começou.
E Salomão interrompeu:
- Sara, algumas vezes a melhor coisa a fazer é tirar sua mente de qualquer coisa que a esteja
preocupando. A Lei da Atração está tomando conta das coisas. Vá para casa, doce menina, e vá
dormir cedo.

Salomão foi até o galho onde a corda estava amarrada e dali voou para longe.
- Caramba, nem Salomão pode me levantar o astral... – choramingou.

Ela desceu da árvore e foi para a casa.


- Preciso dormir.

Capítulo 36
Lembre sua visão.

Esse foi o primeiro dia desde a chegada na cidade que Seth não foi à escola. Ele acordou com o
barulho da mãe trazendo caixas para a sala, arrumando-a para que ficassem prontas para
empacotar.

- Para que são todas essas caixas? – perguntou Seth, como se não soubesse. Ele pisou sobre elas
e ao redor delas para chegar à cozinha.
- Para empacotar. Estamos nos mudando – disse sua mãe calmamente. Seth pode ouvir o
descontentamento em sua voz. Apesar de sua mãe não comentar sobre nada, Seth sentiu que ela
realmente começou a gostar dessa pequena cidade montanhosa. Ela parecia mais contente do
que Seth jamais vira antes. E mesmo que ela estivesse sempre ocupada e trabalhasse duro, mais
do que Seth achava necessário, essa estada nessa casa, com o marido ganhando bem na loja de
ferragens, foi um alívio na dura vida de fazendeira que teve até hoje.

Seth sentiu-se triste ao ver sua mãe. Ele podia senti-la temendo o futuro desconhecido. (Ou
talvez não fosse assim tão desconhecido, pensou Seth).
- Comece a se despedir, filho. Parece que não ficaremos aqui muito mais que uma semana.

Seth sentiu um grande aperto na garganta.

- Ahn – ele disse, saindo para a varanda.


- Salomão – ele murmurou.
- Lembre de sua visão – a voz de Salomão respondeu em sua cabeça.

Segurando na coluna da varanda, Seth fechou os olhos e se viu balançando na corda da árvore.
Em sua mente ele pode ouvir a voz de Sara rindo, e ele pode sentir o vento em seu rosto. O
aperto na garganta desapareceu, e ele sentiu-se melhor.

- Vá mais longe – disse a voz de Salomão – Veja sua mãe.

Seth manteve os olhos fechados com força. Ele imaginou sua mãe trabalhando alegremente
pela casa, ele imaginou-a sentindo alívio. Ela estava sorrindo. Ele sentiu alívio imediato.

- Esse é um bom trabalho – disse a voz de Salomão em sua mente.

Seth abriu os olhos. Ele podia ouvir sua mãe movendo as caixas, mas ele lutou para manter sua
atenção em alguma outra coisa. Ele não queria voltar à dolorosa realidade. Ele queria manter
sua atenção em sua visão escolhida.

- Não sei onde você tem passado seu tempo, filho, mas seja onde for, é melhor que vá passar
algum tempo lá. Enquanto pode.
Sua mãe estava realmente encorajando-o a ir até a casa da árvore? Parecia que sim.

Seth disparou pela varanda e correu pela trilha Thacker. Subiu, subiu, subiu em sua gloriosa
árvore e sentou-se lá, sozinho, sem fôlego e exultante.

“Boas coisas fluirão até você. Fique de olho nas evidências disto”. Seth lembrou as palavras de
Salomão.
Ele sorriu. Sua mãe acabara de dar-lhe evidência de que o Bem-Estar estava fluindo.

Seth fechou os olhos e em seu estado de conexão imaginou boas coisas: Ele fingiu que seu pai
estava feliz. Ele não tentou descobrir porque ele estava feliz. Apenas imaginou-o feliz. Ele
mentalmente imaginou sua mãe sorrindo. Ele viu Sara sorrindo. Aquilo era fácil.
Seth agarrou sua corda de balançar e com os olhos fechados ele saltou da árvore, balançando
pra frente e pra trás com o vento em seu rosto, sentindo seu voo e sabendo – pelo menos neste
breve momento – que tudo estava realmente bem.
Capítulo 37
O Bem-Estar é abundante.

Ao ouvir os sinos de vaca da porta da frente batendo indicando que alguém havia chegado, o
pai de Seth veio da sala dos fundos da loja de ferragens.

- Posso ajuda-lo em algo?


- Preciso de parafusos mais longos para estas maçanetas. Elas ficam caindo desses parafusos
pequenos.
- Deve ter aqui. Deixe ver, acho que estes servirão. Aqui. Tente este.

O velho homem lidou desajeitadamente com o parafuso e a maçaneta, certificando-se de que


era a medida certa.

- Bem, acho que você está certo. Muito obrigado. O senhor facilitou esse serviço para mim.
Vou precisar de 24 desses. Melhor eu levar 30, caso eu deixe cair alguns no estrado. São para
os armários no celeiro dos cavalos, e o estrado é fundo ali. Meus dedos velhos e desajeitados
ficam derrubando as coisas.

O pai de Seth riu. Esse era um homem adorável.


- Ah, eu não me preocuparia. O senhor me parece muito bem.
- Eu já estive melhor há tempo atrás. Estou me aposentando. Eu e minha senhora vamos viajar.
Tenho prometido leva-la para visitar seus parentes no leste há anos. Agora finalmente estamos
indo. Parecia que eu nunca ia arranjar tempo, você sabe. Mas agora estou pronto. E ela
também, com certeza. Mulher paciente. Com certeza.
- O que o mantém assim tão ocupado que não pode ir?
- Sou o capataz do ranho dos Wilsenholm há anos. Um bom trabalho. Não tenho o que
reclamar. Paga bem. Tem muitos homens confiáveis que fazem um bom trabalho. Tem que
manter os olhos neles, você sabe. Mas são um grupo que trabalha duro e são honestos. O patrão
diz que detesta ver eu ir embora. Diz que tenho mantido bem o lugar por anos, mas ele tem um
bom palpite sobre a liderança de um homem que ele tem para me substituir. Diz que ele
encontrou o homem e que se sente muito bem com o que viu. E diz que ele tem a melhor
recomendação que alguém precisaria: a recomendação do filho do homem. Bem, melhor eu ir.
A esposa fica triste se fica me esperando para o jantar. Grato por sua ajuda.

O pai de Seth ficou mudo. Era como se um grande peso fosse tirado dele. Ele puxou o cartão
dobrado do seu bolso e alcançou o telefone...
Nesse mesmo momento na árvore do balanço arrepios de emoção percorreram todo o corpo de
Seth. Ele abriu os olhos percebendo que a corda tinha parado de balançar e que ele estava
pendurado bem no meio do rio.

- Cara, estou me deixando levar por essa coisa de sonhar – ele deixou-se cair na água e
caminhou até a margem.
- O Bem-Estar é abundante – Seth ouviu a voz de Salomão em sua cabeça. – O Bem-Estar é
abundante.
Capítulo 38
Nós fizemos isso!

Sara acordou sentindo-se muito melhor! A sensação ruim passou durante a noite, e enquanto
descia a escada da frente sentia-se renovada e revigorada.
“Esse é um lindo dia” pensou Sara quando começou a caminhar para a escola.
Olhando à frente ela pode ver alguém em pé bem no meio do cruzamento. Ela abriu um largo
sorriso quando reconheceu Seth. E quando ele viu Sara, foi correndo até ela.
Sara não podia entender o que ele dizia enquanto corria, mas o que quer que fosse eram boas
notícias. Ele vinha meio correndo, meio saltando, e gritando. E então Sara começou a ouvir
suas palavras:

- Sara, você não vai acreditar! Você não vai acreditar! Ele vai pegar o emprego! Ele vai pegar o
emprego! Nós podemos ficar, Sara! É um milagre! Salomão estava certo, Sara. Nós fizemos
isso! Nós fizemos isso!

Sara deixou cair sua mochila na calçada e ambos juntaram os antebraços e pularam juntos
gritando:
- Nós fizemos isso! Nós fizemos isso! Nós fizemos isso!

Um vizinho saiu da garagem e dirigiu lentamente passando por eles de boca aberta, espantado e
com um divertido interesse pela demonstração de alegria deles no meio da rua.
Eles riram.

- Acho que estamos parecendo esquisitos – disse Seth.


- Se ele soubesse! – Sara riu – Se ele soubesse!

Queem, queem... Grasnaram os gansos voando acima deles.


Sara e Seth olharam para cima. Um magnífico bando de gansos voava numa perfeita formação
em V e quem acompanhara atrás era ninguém menos que Salomão.
Sara e Seth gritaram de prazer.
Salomão quebrou a formação e desceu espiralmente até Sara e Seth.

- Salomão, o que você estava fazendo com um bando de gansos?


- Bem, é um encontro mais provável do que eu com vocês, Sara e Seth, meus bons amigos sem
penas.
Sara e Seth riram.
- Eu sempre quis saber como isso seria.
- O quê, Salomão?
- Voar em formação. Corujas não fazem isso, vocês sabem.
Eles riram novamente.
- Bem, vejo vocês mais tarde. Tenho muito que praticar – disse Salomão levantando voo. – Eles
são muito rígidos, vocês sabem. Esses gansos, eles adoram precisão.
- Até mais, Salomão. Nos vemos na nossa casa da árvore?
- Estarei lá – retornou Salomão – Estarei lá.
O LIVRO DE SARA III

Prefácio
Enquanto nos dirigíamos hoje através das estradas incrivelmente bela de Illinois e Indiana, meu
marido, Jerry, lia-me este recém-concluído livro de Sara terceiro: A Coruja Falando vale mais
que mil palavras! (Que prazer foi para mim ouvir isso pela primeira vez desta forma). Nós
estacionamos o ônibus, e nos registramos no hotel seminário, e eu me sentei em uma cadeira
confortável, olhos fechados, pés para cima, pensando no sentimento gratificante de ter
concluído um outro livro – quando, quase instantaneamente, minha mente começou a preencher
com palavras poderosas que flui para o livro de Sara seguinte.
Então, estamos de novo!
Espero que você esteja gostando dessa série de Sara tanto quanto eu. Sara, Seth, Annette e
Salomão são tão reais para mim como alguém que eu conheço, e eu também, estou amando o
que eu estou aprendendo enquanto assisto suas vidas expostas.

Com Amor Esther.

Introdução
Dentro de tudo o que é, e não é, incluindo todos os lugares, e não lugar; rodando através do
Ambiente ilimitado Universal, aguardam as respostas para tudo o que você precisava saber
sobre qualquer coisa. E de onde o professor de Sara, Salomão, existe, nesse ambiente universal,
vem até você – O Livro de Sara 3.
Você está prestes a embarcar em uma extraordinária e excitante forma de experiência – uma
nova maneira de ver as coisas, uma nova maneira de olhar para algumas formas antigas de se
divertir.
E assim, à espera de realizar algumas novas perspectivas. Espera para se reconectar com seu Eu
invulnerável. Espera para aprender a experimentar a aventura sem temer o risco.
Saiba como: Tudo acaba bem de qualquer maneira, você nunca fazê-lo, e você não pode errar,
você pode se sentir bem em todas as condições, mas está tudo bem, cada “acidente” tem uma
causa; você pode encontrar o que queria mascarado por sentimentos indesejados, você pode ir
de ciúme e culpa para se sentir bem, você pode perceber a morte e ainda se sentir bem, não há
morte, seu corpo naturalmente cura, você pode atrair relacionamentos harmoniosos; pois você
nasceu para ser feliz, você pode ter tudo o que quiser...
Estamos todos juntos nisso. Temos, de alguma forma, sido atraídos um pelo outro, neste
momento, como resultado das intenções e vibrações resultantes de cada um de nós. Por
exemplo, em mais de uma década, Esther e eu temos viajado cerca de 60 cidades por ano,
abrindo nossas oficinas para milhares de pessoas fazerem qualquer pergunta que quisessem.
Muitas perguntas foram feitas... por exemplo, um professor de uma escola pública de San
Francisco usou o livro de Sara 1 no ano passado como um livro de classe, e ele sugeriu que os
alunos (cerca de 30 alunos da sexta série) mandassem e-mail de suas perguntas pessoais e suas
sugestões sobre o que eles gostariam de ver acontecer nos próximos livros de Sara. (Embora
tínhamos muitos outros compromissos nestes dias para responder assim de novo, nós criamos, e
demos a cada um deles para sua formatura, um livreto com cada uma de suas excelentes
perguntas e com as respostas de Salomão. Um grande momento foi tido por todos!) a parte
estranha da história foi que, embora nenhum deles tinha lido qualquer parte do próximo Livro
de Sara, o conteúdo do Livro 3, quase todas as sugestões do que eles queriam que acontecesse
já estava escrito no manuscrito!
Nunca antes fui tão consciente de quão perto estamos espiritualmente entrelaçados e como
nossas perguntas estão sendo respondidas, muitas vezes antes de estamos cientes de que
estamos pedindo. Então aqui estamos com a suas perguntas e este livro com as respostas. O que
é um ponto perfeito de co-criação! Este material foi criado para adicionar ao seu nível de
alegria, não importa o quão feliz você já é, e foi criado para você, se assim o desejarem, para
compartilhar ou ensinar aos outros que ainda não são tão felizes como você. Estamos vivendo
em uma época, quando há mais oportunidades para a felicidade do que nunca antes em nossa
história. E ainda assim, entre os bilhões de nós que estão aqui, ainda há alguns grupos
relativamente pequeno de pessoas que parecem conscientemente unir e negar-se a essa
oportunidade prontamente disponível para “o prazer na terra”. Para a maioria de nós, que não
fomos coagidos a um desses sistemas mais rigorosos de crenças, podemos entender um pouco,
se não aceitar facilmente, as suas “escolhas de dor terrena”.
No entanto, uma vez que começamos a entender que “temos o livre-arbítrio, e que por nossas
escolhas, criamos nossa própria experiência”, nós achamos mais difícil entender por que há
tanto medo, doença, dor... e infelicidade geral que está sendo experimentado em nosso
ambiente civilizado. Em outras palavras, por que deveria haver alguma dor ou sofrimento nesta
época de tantas oportunidades para a liberdade, crescimento e alegria?
Salomão, amigo eterno de Sara, ensina que experimentar nada menos do que o bem-estar é
natural, e por isso este livro é simplesmente sobre a descoberta de como retornar para o seu
estado naturalmente feliz, não importa o quê! Este é um livro sobre como permitir o bem-estar,
e compartilhar de seu bem-estar com os outros.
A passagem seguinte é um trecho das palavras de Salomão para Sara, palavras que resumem a
simplicidade e clareza dessa emocionante aventura na descoberta da alegria e cumprimento do
que nossas vidas são destinadas a ser: Sara, que tal fazer a sua felicidade a sua questão
principal? Nada é mais importante do que você se sentir bem... Muitas vezes as pessoas
acreditam que as coisas têm de ser de certa forma diferente da que eles possam se sentir bem. E
então, quando eles descobrem que eles não têm o poder ou a força para fazer as coisas a
maneira que querem, resignam-se a se sentir infeliz, impotente em suas vidas.
Compreendemos que o seu poder reside na sua capacidade de ver as coisas de uma maneira que
mantém você se sentindo bem, e quando você é capaz de fazer isso, você tem o poder para
conseguir qualquer coisa que você deseja.
Tudo o que você deseja está tentando fazer o seu caminho para você, mas você deve encontrar
o caminho para deixa-lo apenas sentir-se bem. Você vive em um mundo grande, Sara, com
muitas outras pessoas que podem querer que as coisas sejam diferentes do que você quer que
elas sejam. Você não pode convencer ou coagir a todos a concordar com você, você não pode
destruir todos que não concordam com você. Seu único caminho para um alegre experiência de
vida, poder fluir, é decidir, de uma vez por todas, que você pretende se sentir bem. E isto você
pratica direcionando seus pensamentos para coisas que te faça se sentir bem, assim você
descobre o segredo para a vida... Esther e eu sentimos muito prazer em ver a profundidade de
Salomão “O Segredo para a Vida”, como ela se desenrola, página por página, por meio deste
terceiro livro da série de Sara. E nós estamos imaginando a diversão que você terá, também, em
descobrir os tesouros contidos entre as páginas deliciosamente poderosas deste trabalho. O
propósito da vida é alegria, sua base é a liberdade; seu resultado é o crescimento. Sara e seu
amigo Salomão estão prestes a adicionar mais um capítulo para o cumprimento de seu
propósito na vida. E assim, lá vamos nós, na aventura... uma aventura na alegria.
Do meu coração.

Jerry.

Capítulo 1
Início das Aulas

Um sorriso agradável preencheu o rosto de Sara quando ela pensou em se reunir com Seth, seu
melhor amigo em todo o mundo, para recuperar o atraso que vinha acontecendo ao longo das
últimas semanas de verão. Ela olhou para o céu azul claro e respirou o ar fresco da montanha e
se sentiu feliz por sua vida.

“Estou tão feliz, as aulas estão começando”, Sara disse em voz alta. Mas não foi o começo das
aulas que a fez feliz, e sim por ter mais tempo para estar com seu amigo Seth.

Seth mora na trilha Thacker, não muito longe de onde Sara vive com a mãe, o pai e o irmão,
Jason. Sara e Seth tinham descoberto tantas coisas em comum, como o seu amor ao ar livre, seu
amor por animais, e sua apreciação mútua para aprender coisas novas. Mas em casa suas vidas
eram muito diferentes. Não tanto na aparência externa, pois, afinal eles vivem no mesmo
bairro. Sara parecia ter a liberdade para fazer praticamente o que quisesse, mas os pais de Seth
pareciam deixa-lo com muito menos liberdade; sua lista de tarefas e responsabilidades
familiares foi muito longa, e Sara achava difícil acreditar que realmente havia tanto o que fazer
naquela casa. Ela havia concluído, muito em breve depois de chegar a conhece-lo, que a
maioria das tarefas de Seth foram mais para mantê-lo ocupado do que realmente precisava ser
feito. Mas nunca Seth reclamou. Ele sempre tratou os seus pais com respeito e sempre fez como
lhe foi dito. E havia algo sobre isso que Sara gostava muito.
Mas uma vez que as aulas começaram, os pais de Seth parecia afrouxar sua rédea curta sobre
ele, e ele foi capaz de encontrar algum tempo, quase todos os dias depois da escola, para
brincar com Sara. E assim, muito feliz, ela descia a estrada em direção à escola.

Sara deu um passo para o lado da estrada quando viu o motor de um caminhão vindo de trás, e
uma vez que passou, ela recuperou o seu lugar andando bem no meio da estrada. Ela veio para
o canto onde a rua de Seth cruza com a dela, e ela olhou para a estrada em direção a trilha
Thacker e para a casa de Seth. “Vamos, Seth, onde está você”? Sara disse ansiosamente. Ela
mal podia esperar para vê-lo e falar com ele. Ela parou por um tempo, deixando cair sua nova
mochila, que hoje estava vazia, sobre seus pés e esperou.

“Seth, onde está você”? Sara viu um caminhão grande vindo da direção da casa de Seth, e uma
grande nuvem de poeira a encobriu ao passar. Ela apertou os olhos e acenou com a mão na
frente do rosto para tentar limpar o ar. Ainda assim, não havia nenhum sinal de Seth. “Oh bem,
eu vou alcança-lo na escola”, consolou-se, pegando sua bolsa e andando para trás, esperando
que uma última olhada iria encontra-lo correndo pela estrada em direção a ela.

A caminhada a pé para a escola não foi muito longa, e normalmente o tempo passou rápido
enquanto ela ponderava sobre seus próprios pensamentos felizes enquanto caminhava. Se
alguém observasse Sara estes dias diria que era óbvio que ela era uma garota verdadeiramente
feliz. E essas mesmas pessoas também iriam dizer que não tinham sido sempre assim, e que
uma transformação incrível havia acontecido. Mas, de todas as pessoas na vida de Sara, apenas
uma delas conhecia os segredos por trás de sua incrível transformação e essa pessoa era Seth.

“Bom dia, Sara”! Ela ouviu o cumprimento do Sr. Matson para que ela passasse a estação de
serviço que ele tinha possuído e operado mesmo antes dela nascer.
“Olá, Sr. Matson”, Sara cumprimentou de volta, sorrindo, enquanto ela o observava limpando
cuidadosamente o para-brisa da Sra. Piccsfield. Sara gostava do Sr. Matson. Eles quase sempre
trocavam breves e felizes palavras quando ela passava por sua estação de serviço. Sr. Matson
tinha visto a incrível transformação de Sara também, mas não tinha ideia do que estava por trás
disso.

Sara parou sobre a ponte da Main Street e olhou para a água que se movia rapidamente. Ela
respirou fundo e olhou para as árvores e sorriu. Como ela amava este lugar! Ela sempre amou
esta velha ponte, o rio maravilhoso que corria sob ele, e as árvores velhas que se erguiam linda
acima dela. Na verdade, foi neste local que ela tinha visto pela primeira vez Seth. Parecia
apropriado ela ter conhecido o seu melhor amigo, no teu lugar favorito.
Sara não conseguia entender por que mais pessoas não tinham tomado o gosto por aquele local,
e ao mesmo tempo, o prazer que ela sempre teve para si mesma. Sara caminhava, pensando
sobre este lugar maravilhoso, e sorriu. Tantas coisas são assim, pensou. Você não pode
realmente dizer o que eles são por fora. Você tem que começar dentro deles para saber o que
eles estão realmente fazendo. Muito anos antes, um grande caminhão perdeu o controle ao
tentar evitar atropelas um cão errante, e tinha batido no corrimão de metal sobre a ponte da
Main Street. Uma vez que o caminhão foi retirado com segurança, a grade nunca mais foi a
mesma. Nenhum reparo foi feito, mas em vez disso, ficou como o caminhão havia deixado,
dobrada e caída sobre o rio.
A maioria das pessoas se queixaram de que era uma monstruosidade, enquanto outros nunc
acharam que os trilhos eram particularmente atraente e, aparentemente, ninguém pensou que
valia a pena gastar o dinheiro para consertá-lo, então nada foi feito para endireitar os trilhos de
volta até então.
Um dia, enquanto caminhava de volta para casa, Sara notou que os pólos ainda estavam bem
fixados, e que a malha de arame, esticada entre os pólos, pendurado como um berço para a
direita fora da água.
Na primeira vez, ele foi um pouco assustador para ver e ouvir o rio em movimento, mas logo
Sara teve certeza de que os trilhos eram seguros, e então tornou-se seu lugar favorito para ir.
Ela estava deitada sobre o rio, era como estar deitado numa teia de aranha gigante olhando para
baixo, vendo as coisas passarem.
Sara não sabia porquê, mas sentia-se melhor ali, pendurada sobre o rio, do que em qualquer
lugar que ela já tinha ido.
Então, tinha sido ali, numa tarde quente, que a família de Seth chegou à cidade de Sara. Sara
mal tinha notado o caminhão velho, sobrecarregado com as coisas da família de Seth. Sua única
lembrança clara foi o momento de troca de olhares com Seth, um menino novo, intenso, que
parecia ter a mesma idade que ela, andando na traseira do caminhão.
Hoje, enquanto Sara caminhava, apreciando as folhas esmagadas sob seus pés, e lembrando o
encontro memorável com seu melhor amigo de sempre, um arrepio de prazer ondulava acima
de sua espinha.
Tanta coisa havia acontecido no pouco tempo que Sara tinha conhecido Seth que seu primeiro
encontro parecia ter sido vidas atrás. Ela sorriu enquanto caminhava, sentindo-se feliz por sua
amizade. Embora Sara tinha sentido uma atração instantânea por este novo menino, tinha
determinado a si mesma que não ia deixa-lo entrar no meio da sua vida e bagunçar as coisas.
Assim, quando Sara descobriu que a família de Seth estava se mudando para a casa Thacker,
ela sentiu uma angústia enorme. Ninguém na cidade estava particularmente interessado na
trilha Thacker, exceto Sara. Mas isso é porque ninguém na cidade sabia o que ela sabia sobre a
trilha Thacker.
Sara pensou que era estranho que as pessoas poderiam viver todos por ali, tão perto de algo tão
maravilhoso e surpreendente, e nem sequer saberem sobre ele. Mas isso era muito bom para
Sara. Ela gostava que ninguém mais soubesse sobre o segredo da trilha Thacker. E ela tinha a
intenção de mantê-lo exatamente assim. “Hmm,” Sara disse suavemente, baixinho. Eles vieram
de um lugar muito distante no passado. Agora, Seth faz tanta parte de sua vida e do significado
da trilha Thacker, que ela gosta que só ele compartilha seus segredos.

Por muitos anos, antes de Seth ter se mudado para sua cidade, Sara tinha passado meses no
verão, e incontáveis horas depois da escola, explorando os caminhos e subindo as árvores da
área arborizada que cercava a trilha Thacker. Não havia nada que Sara amou mais do que o
pato que ia fora da estrada e sorrateiramente pela trilha na floresta para passar algumas horas
felizes no isolamento de uma de suas cabanas temporárias ou fortes que ela tinha feito de tudo
o que podia reunir a partir de madeiras. Eles nunca foram muito substancial, com a próxima
chuva ou ventania viria tudo a desmoronar, mas eram divertidos enquanto durou.

Sara não sabia que Seth se sentia da mesma forma que ela quando fez um lugar secreto para
passar o tempo, e ela não tinha tido conhecimento de que ele estava tentando entrar no mato por
várias semanas, para realizar a construção de uma surpreendente casa nas árvores altas com
vista para o riacho. Sara jamais se sentira tão animada quando Seth revelou sua incrível casa na
árvore para ela e anunciou que seria seu lugar “secreto”. Era muito bom demais para suportar.

Sara lembrou-se do dia em que Seth a tinha levado para a casa da árvore pela primeira vez. Ele
disse que tinha algo incrível que ela teria que ver na trilha Thacker, e que tinha feito seu
coração saltar em sua boca, pois tinha medo de que Seth tivesse descoberto seu segredo
precioso.

Ela lembrou de como ele ansiosamente a guiou entre as árvores, recusando uma trilha e depois
outra, levando-a profundamente na floresta e direto até a borda do rio. E ela lembrou que teve
um grande alívio ao perceber que Seth não tinha contado seu segredo a outros, mas em vez
disso, muitas horas na construção de uma incrível casa no alto das árvores antigas com vista
para o rio.
A primeira impressão que Sara teve da casa da árvore de Seth ainda estava viva em sua mente:
ela mal podia acreditar em seus olhos. Havia pedaços de madeira perfeitamente pregados na
parte de trás do tronco, formando uma escada, subindo para esta gigante árvore.
E para fora da casa se estendia uma plataforma, “uma plataforma de lançamento”, Seth tinha
chamado, balançando para fora sobre rio. Depois de todo esse tempo Sara ainda nitidamente se
lembrou da emoção selvagem que sentiu quando viu pela primeira vez sobre a rampa de
lançamento de Seth: uma corda grande que foi amarrada em um galho alto, o que lhes permitiu
saltar da casa e balançar sobre o rio, o que fizeram quase todos os dias depois da escola, o que o
tempo permitia, e às vezes mesmo o que não permitia.
Sara e Seth haviam passado muitas horas felizes balançando sobre esta corda grande a partir
deste lugar incrível no alto das árvores. E foi lá, em seu esconderijo secreto, que Sara tinha
finalmente confiado os segredos preciosos da Trilha Thacker para Seth.

Capítulo 2
O que está acontecendo?

Sara, você quer vir para dentro? Sara foi surpreendida ao ver o Sr. Marchant, diretor da escola,
segurando a porta aberta para ela. Estava tão profunda em seus pensamentos que não tinha
sequer percebido que havia chegado na escola.

“Oh, sim”, Sara murmurou, tentando se concentrar de volta para o momento. “Obrigada”.

Os corredores estavam cheios de estudantes se saudando. Sara ficou para trás contra a parede e
pesquisando através da multidão, procurando por Seth. “Ei, Sara”, ela ouviu chama-la de novo,
eram os outros alunos que ela não viu durante todo o verão, cumprimentando-a.
Durante todo o tempo, Sara olhou de classe em classe, procurando por Seth. Ela queria tanto
vê-lo. Parecia uma eternidade, desde a última vez que tinham se falado. Posteriormente, Sara
viu Seth fazendo o seu caminho no meio da multidão no corredor.
Ela andou mais rápido, tentando alcança-lo, mas quando se aproximou, pode ver que ele estava
com alguém que ela não conhecia. Os dois conversavam e riam. Quem é essa? Perguntou Sara.
Era muito incomum Sara não reconhecer alguém. A maioria era do mesmo grupo de estudantes
que tinha estado com ela desde o dia em que ela entrou no sistema de ensino nesta pequena vila
da montanha, e quando aparecia alguém novo, todos ficavam sabendo quem era imediatamente.
Todo mundo conhecia todo mundo. Sara caminhou lentamente, não querendo alcança-los. Viu-
os parar no corredor, parecia que estavam tendo uma conversa muito interessante.
Então a menina riu novamente e se afastou de Seth. Sara sentiu um nó no estômago e
rapidamente se abaixou no banheiro das meninas. Ela olhou fixamente para o espelho,
enquanto a água fria escorreu por entre os dedos.
Ela acariciou o rosto com as mãos frias e enxugou com uma toalha de papel. “O que há de
errado comigo”? ela censurou-se.
A campainha tocou, Sara lembrou que estava quase atrasada para a sua aula, então pegou sua
mochila e correu para sala. Depois de uma longa tarde de luta para se concentrar no que estava
acontecendo durante a aula, Sara dirigiu-se pelo caminho em direção à casa da árvore.
Ela se sentia muito mal. Na verdade, ela se sentia tão mal que pensou em não ir até lá. A casa
da árvore era um lugar tão feliz, sentia-se bem naquele lugar, mas não parecia ser o que Sara
estava sentindo agora, mas a ideia de ficar longe fazia se sentir ainda pior. “O que há de errado
comigo”? Sara virou a última curva da trilha e avistou a casa da árvore. “Espero que ele já
esteja aqui”, pensou. Mas tudo estava quieto. Seth não estava lá.

Então ela deixou cair a mochila na base da árvore, subiu a escada, e sentou-se sobre a
plataforma e esperou. Seth veio gritando através dos arbustos. “Sara, você está ai em cima”? ele
chamou enquanto subia a escada. “Sim, estou aqui”, Sara gritou de volta, tentando disfarçar o
jeito como ela estava se sentindo com um tom alegre. Seth subiu e sentou-se desajeitadamente
no banco ao lado de Sara.

“Então, o que está acontecendo?” Sara começou.


“Não muito. Tudo bem com você?” Seth respondeu.
“Então, você teve um bom dia?” Sara não sabia o que ela queria ouvir de Seth. Tudo que ela
sabia era que queria se sentir melhor, e esperava que ele pudesse dizer algo a ela que a ajudasse
a se sentir melhor. “Sim, eu tive um bom dia. E você?”
“Sim, tudo bem, eu acho”. Ele não se parecia muito a vontade, então Sara decidiu que ela teria
que ser mais direta. “Então nada de novo aconteceu desde a última vez que conversamos?”
“Não, não realmente”. Seth nervosamente desamarrou o cadarço do sapato e apertou-o e
amarrou-o novamente. “Bem, quer balançar na corda?” Seth pediu, levantando-se e olhando
para fora através do rio. Ele não olhou para Sara.
“Não, eu realmente não sinto vontade. Vá em frente”.
Sara disse frouxamente.
“Não, acho melhor eu ir andando. Vou ver você amanhã”.

Seth desceu a escada. Sara sentou-se, estupefata. Esta não foi a forma como imaginava que este
dia fosse acontecer. Este era supostamente para ser um dia feliz de voltar a se encontrarem e
balançar na corda. Sara esteve tão ansiosa por este dia. O que estava acontecendo? Sara viu
Seth desaparecer entre as árvores. Ela mal conseguia se lembrar da última vez em que havia se
sentindo tão mal.

Capítulo 3
Um pouco de triunfo

Na manhã seguinte, Sara acordou com o coração feliz. Ela fez um estiramento, longo e
agradável e se sentou em sua cama. Mas então se lembrou de Seth e a nova garota na escola, e
esse sentimento, tenso e desconfortável a incomodava. Ela caiu para trás em cima da cama e
voltou a se cobrir. Ela não estava pronta para se levantar e enfrentar aquele dia. O que ela
realmente queria fazer era voltar a dormir, e ficar longe desta sensação terrível. Sua mãe bateu
na porta, abriu e entrou ao mesmo tempo: “Sara, você está acordada? É quase 7:30!”
Por que bater se vai abrindo e entrando, afinal? Sara pensou. Ela se sentiu extremamente
irritada. Ela não queria levantar de imediato!

“Eu sei, eu sei”, resmungou Sara. “Estou indo”.


“Tudo bem, querida?” perguntou a mãe. Ela não tinha visto Sara de mau humor havia muito
tempo. Foi realmente chocante ver esta menina, doce e positiva, em estado tão degradante logo
pela manhã. “Tudo é simplesmente magnífico”, brincou Sara sarcasticamente. Sua mãe sentiu o
aguilhão da resposta de Sara, mas decidiu não responder e piorar mais a situação. Ela fechou a
porta silenciosamente. Sara se sentou na beirada da cama, se sentindo ainda pior por causa da
resposta desagradável que deu a sua mãe.

“Nossa, o que há de errado comigo?” Ela gemia, caindo de volta na cama e puxando as
cobertas ao seu redor novamente. “Eu vou te ver esta noite”, Sara ouviu a mãe chamar. “Seu
almoço está na mesa”. Sara ouviu a porta da garagem rangendo. Ela ouviu os pneus do carro de
sua mãe triturando o cascalho da entrada. Lágrimas brotaram nos olhos de Sara. Eu sou uma
filha tão ruim, pensou. Qual é o problema comigo?

Bem, se eu não andar, vou chegar atrasada na escola. Sara rapidamente se vestiu, pegou o saco
de papel contendo o seu almoço, e correu para fora. Ela olhou para o relógio. “Dez minutos, até
o primeiro sino. Bem, se eu correr, consigo”, disse ela, partindo em uma corrida suave.
Sua mochila balançou para frente e para trás em um ritmo suave, e enquanto corria, a tristeza
de Sara retornou. Quando ela chegou na porta da frente, ouviu o sino da escola tocar pela
primeira vez, e ela abriu um sorriso largo. “Bom trabalho!”. Ela elogiou a si mesma. Nada
como um pouco de triunfo numa crise para alegrar-se, pensou ela.

Capítulo 4
Uma nova garota na cidade

“Sara, espere!” Sara ouviu Seth chamando logo atrás. Ela olhou por cima do ombro enquanto
ele corria para alcança-la.
“Eu tenho algo que quero te falar”. Sara não gostava do jeito que a fez se sentir no estômago.
“O quê?” Sara tentou parecer calma e normal.
“Ei, esse não é um grande dia?” Seth parou. Sara podia sentir um certo desconforto em Seth.
Era como se ele soubesse que ela não queria ouvir o que ele tinha a dizer. Sara fazia ideia sobre
o que ele queria falar, e Seth estava certo, ela não queria ouvi-lo. Ele se preparou para suas
próximas palavras. Ela deliberadamente permaneceu quieta. Não tinha intenção de facilitar as
coisas pra ele.

“Hum, eu queria... bem, você sabe como nós... bem, não há essa garota...” Lá estava ele. Sara
estava certa, agora ela não queria que Seth fosse mais longe. “A... também...” Sara não disse
uma palavra. Ela caminhava segurando sua bolsa de livros nos braços na frente dela,
descansando o queixo sobre o saco enquanto ela olhava para o caminho.
Seth gaguejou um pouco mais e então apenas deixou escapar: “Sara, eu quero mostrar a
Annette nossa casa da árvore”.
Bem, lá estava ele, logo a sua direita. Seth tinha uma nova amiga. E, obviamente, ela era uma
amiga especial, porque Seth e Sara tinham prometido um ao outro que eles nunca contariam a
ninguém sobre a casa da árvore. O coração de sara estava acelerado, e sua boca estava muito
seca. Ela tentou engolir. Ela não queria que suas palavras soassem tão estranhas quanto ela se
sentia. “Como assim?”

Seth diminuiu o ritmo. Ele não esperava uma pergunta tão direta de Sara. Ele havia previsto
que talvez ela fosse perguntar: “Quem é Annette?” E depois ele iria explicar que ela era a
menina nova em sua classe que estava junto com ele no corredor. Mas a pergunta de sara exigia
uma resposta cuidadosa. Seth sabia que a verdadeira resposta à sua pergunta não iria satisfazer
Sara. “Por que eu quero mostrar Annette nossa casa da árvore? Porque ela é uma ótima garota,
cheia de vida e divertida, que apreciaria a casa da árvore, tanto quanto nós”.
Seth não achava que essa seria a melhor coisa a dizer para Sara. Ele nunca iria mentir para ela,
mas ele também não queria aborrecê-la. Que dilema terrível. Como ele poderia ser verdadeiro
com Sara e não perturbá-la, e ainda obter algo que é muito importante para ele? Então voltou a
si. Sentiu vontade de falar sobre ele, e disse: “Porque eu me lembro o quão difícil era pra mim
ser o novo garoto da cidade, e em seguida, conhece-la, Sara, fez toda a diferença do mundo. Eu
apenas pensei que você poderia ajudar Annette a se sentir melhor por estar aqui, como você me
fez sentir melhor.”
Seth foi tão intenso e tão sincero. Sara sentiu descer um alívio sobre ela, e olhou para cima,
pela primeira vez.
“Oh, bem, então, eu acho...” “Ok, então, nós vamos encontra-la junto ao mastro da escola
depois de amanhã”. Seth subiu correndo os degraus do edifício, e então se virou e chamou por
Sara. “Eu não posso ir lá hoje à noite. Há algo que tenho que fazer. Amanhã. Vemo-nos lá
amanhã”. Sara viu Seth correndo para longe dela e, em seguida, sentiu o impacto do que tinha
acontecido. “Seth, espere, quero lhe falar...” Seth delimitava dentro do prédio e a porta grande
bateu e se fechou atrás dele. “Oh, cara”, lamentou sara para si mesma. “O que está pensando
Seth?”
“E sobre Salomão?” Pelo resto da tarde, Sara mal conseguia se concentrar em qualquer coisa
que estava acontecendo na sala de aula. Tudo o que ela conseguia pensar era em Seth, a casa da
árvore, e esta menina nova – qual era o nome dela? Annette? E o que eles fariam com
Salomão?

Seth tinha se esquecido que a casa da árvore foi onde ele, Sara e Salomão se encontraram? É
claro que ele não tinha. Como ele poderia esquecer uma coisa dessas? Então, se Seth queria
mostrar a casa da árvore para Annette, isso significa que ele queria compartilhar sobre
Salomão, também. O professor de Sara apagou as luzes e ligou o projetor. Tiro de luz do
projetor, e a imagens na tela dançou na frente da sala de aula. Sara inclinou a cabeça contra a
parede, suspirou profundamente, e fechou os olhos. O que ela estava fazendo?
Pensou em como, quando conheceu Seth, começou a sentir a lógica de compartilhar seu
segredo com ele, mas ela ainda se lembrava o quão achava arriscado, não só porque ele poderia
não gostar dela assim que descobrisse sobre Salomão, mas temia também que poderia arruinar
tudo por causa dele.
Como você vai explicar a alguém no mundo que você fala, regularmente, com uma coruja
chamada Salomão, que sabe tudo sobre você e tudo sobre tudo o mais, também? Sara estava
certa de que por muito menos, eles trancavam as pessoas e jogavam a chave fora. Então ela
sentiu um alívio enorme quando Seth nem recuou quando ela havia revelado sua estranha
relação com Salomão.
Sara tentou imaginar o que diria a Annette: “Oh, oi, Annette. Bem-vinda à nossa casa da
árvore. E, a propósito, um dia eu estava andando pela floresta onde encontrei uma coruja
grande sentada em uma cerca, e a coruja me disse: „Olá, Sara, não é um dia lindo?‟ E eu disse:
„Oh sim, não é?‟ e então meu irmão pouco podre e seu amigo horrível deu um tiro no meu
amigo coruja, mas estava tudo bem, porque ele voltou à vida novamente, com penas e tudo, e
não é sua vez de balançar na corda?”
A maioria das pessoas não está pronta para ouvir que você tem uma coruja que fala como um
amigo que sabe tudo sobre tudo! Você simplesmente não fala sobre estas coisas com qualquer
pessoa. O que poderia estar pensando Seth? Por que ele iria querer ter uma chance em dizer a
alguém mais sobre Salomão e estragar tudo?

Sentindo-se exausta, Sara encostou a cabeça sobre sua mesa e adormeceu. Imediatamente, ela
se viu dentro de um sonho, sentada no topo da casa da árvore sozinha com Salomão. “Salomão,
o que Seth está pensando? Por que ele não está cumprindo a nossa promessa?” Bem, Sara eu
suspeito que ele esteja pensando o quão feliz ele é porque você dividiu seu segredo com ele.
“Mas Salomão...” O professor acendeu as luzes de volta na sala de aula, Sara saiu aos
solavancos de seu cochilo e de sua conversa com Salomão. Quando ela abriu os olhos, ela
ouviu a voz de Salomão em sua cabeça: Nós somos pássaros da mesma plumagem, Sara. Está
tudo bem.

Capítulo 5
Mudança é uma coisa boa

Sentindo-se preocupada e desconfortável, Sara fez seu caminho para a casa da árvore. Ela não
sabia o que Seth tinha de fazer que fosse tão importante que ele não poderia ir para a casa da
árvore hoje, mas ela estava feliz por ele não vir. Agora, Sara queria falar com Salomão. Seth
parecia determinado a abrir o seu círculo e incluir Annette, e agora Sara sabia que Salomão
estava de acordo também.

Ela gostava das coisas do jeito que estavam. Sara fez beicinho. Por que tudo tem que estar
mudando o tempo todo? Depois de amanhã nada será o mesmo. Ela subiu a escada e sentou no
chão da casa, e olhou para a árvore. Como de costume, Salomão estava sentado em um galho
alto. Ele esperou Sara subir a escada e se acomodar e, em seguida, como tinha feito centenas de
vezes antes, ele pousou ao lado dela.

Olá, Sara, não está um dia maravilhoso? Sara olhou para Salomão, mas ela não falou. Ela não
achava que isso estava sendo um dia maravilhoso. E ela sabia que ele sabia que ela não achava
que este era um dia maravilhoso. Ela também sabia que Salomão nunca iria ver qualquer dia
menos maravilhoso, que só serviu para ressaltar mais claramente a Sara que Salomão estava,
neste momento, em um comprimento de onda vibracional muito diferente da dela. Olhe para o
céu glorioso, Sara. Você já viu um céu tão bonito?
Sara não tinha notado o céu esta tarde, nem mesmo uma vez. Ela olhou para longe; um banco
pesado de nuvens sombreado pelo sol da tarde, e um belo arco-íris cor de rosas, roxos e azuis
era claramente visível a partir de seu ponto de vista da casa na árvore.
“Isso é especialmente bonito”, disse ela, suavemente, sentindo-se um pouco melhor enquanto
falava. Eu não acredito ter visto um céu desta forma antes, disse Salomão. Sara concordou. Foi
diferente do que ela já tinha visto antes também. Eu acho que eu teria que chamar esse um por
do sol perfeito, Sara, pois nunca vi um que tenha gostado mais. E você? “Sim, eu acho que eu
tenho que concordar com você, Salomão”. Parecia estranho para Sara que Salomão estava
agora tão intensamente interessado no céu quando ela tinha um nó terrível no estômago.
Acho que ele deveria estar me ajudando com meu problema, pensou ela. Fico maravilhado com
o quão perfeitamente lindo é este céu, e ainda como nunca é o mesmo. Ele está sempre
mudando. Você já reparou nisso, Sara? “Sim, eu acho”. Dia após dia eu me sento nesta árvore,
vendo a beleza deste lugar, e estou surpreendido com a extraordinária variedade de padrões de
luz e brisas, e combinações de sol, nuvens e céu azul. E em todos os dias que estou aqui, nunca
vi uma repetição de algo que eu tenha visto antes. A variedade é notável.
Sara ouviu. Ela sabia que Salomão estava fazendo um ponto importante com ela.

Sim, perfeito neste momento, e em constante mudança. Eu acho isso extremamente fascinante.
Bem, Sara, eu acho que vou aproveitar este dia perfeito a partir de uma perspectiva mais
elevada. Tenha uma noite maravilhosa, doce menina. Salomão levantou, com suas asas
poderosas, até o céu. Sara ficou olhando enquanto ele fez um grande círculo e depois voou na
direção do pôr do sol. O sol estava brilhando tão intensamente por detrás das nuvens pesadas
que parecia ter um anel de prata radiante ao seu redor. Sara viu até que Salomão estava fora de
sua vista.

“Ok, ok, eu entendo. A mudança é uma coisa boa”, Sara disse suavemente. “Mas eu não tenho
motivo para gostar”.

Capítulo 6
Annette conhece a casa da árvore

Sara esperou junto ao mastro da escola por Seth e Annette. Ela ansiosamente observou os
rostos de cada um que passava, tentando lembrar com quem Annette se parecia. Ela realmente
não tinha dado uma boa olhada nela, mas se lembrou que era bastante alta, mas alta do que ela,
e muito fina. Seu cabelo era quase da mesma cor que Sara, porém mais longo e reto.
“Sara? Chamou Annette. Seth me falou muito sobre você”.

Sara olhou para a garota muito bonita de pé diante dela. “Oi”, disse Sara conscientemente
passando os dedos por seus próprios cabelos longos e encaracolados.
“Seth disse que você é a melhor amiga que ele já teve e que não havia ninguém nesta cidade, ou
em qualquer lugar do planeta, para falar sobre o assunto, que será bom para mim”. Sara sorriu.
Foram grandes elogios.
“Ela é tão doce, Sara. Você não pode apenas comê-la?” Sara sentia esse nó no estômago. “Sim,
eu acho”. Deliberou Sara.
Sara ouviu a porta grande do prédio estrondando ao ser fechada. Ela se virou para ver Seth
descendo as escadas, dois degraus de cada vez. Ele com certeza está animado com tudo isso,
pensou Sara. “Hey, vejo que vocês duas já se encontraram. Prontas para irem?” “Eu estou”,
Annette saltou alegremente. “Eu simplesmente não posso esperar para ver que surpresa incrível
é esta que você tem para me mostrar”. Yeah, yeah, yeah, Sara pensou. É incrível, você é
incrível, eu sou incrível.

Somos todos muito incríveis. Seth partiu à frente delas. A calçada não era grande o suficiente
para que eles andassem paralelamente, então Seth saiu na frente seguido por Sara e Annette, as
duas lado a lado. Já não gostei disso, Sara pensou consigo mesma.

“Vocês duas vão à frente”, disse Seth, saindo lateralmente para deixa-las passar. “Eu te
seguirei”. Annette sorriu. “Você é um cavalheiro, Seth Morris”. Yeah, yeah, yeah, Sara pensou
sarcasticamente. “Então, Sara, Seth me disse que você viveu nesta cidade todas a sua vida.”
“Sim”, disse Sara, quase rudemente.

Seth olhou para Sara. Ele ficou surpreso com sua falta de gentileza com sua nova amiga. Sara
não era ela mesma. Nem de perto. Sara sentiu vergonha descer sobre ela. Qual é o problema
comigo? Ela censurou-se. Eu não tenho um bom motivo para ser mau com Annette. Tenho
certeza que ela é uma pessoa muito boa, e não merece isso. Ela respirou profundamente,
engoliu em seco, e então disse: “Sim, eu tenho sempre vivido aqui. É um bom lugar para viver,
eu acho. Você está gostando?”
“Sim, está tudo bem. Não é como em casa, ou com o que estava acostumada em casa. Mas
Acho que vou me acostumar com isso”.

Annette parecia triste. Ela não parecia estar mais focada neste momento. Seus olhos tinham
uma espécie de olhar distante, como se ela estivesse pensando em outro lugar muito longe. Sara
se sentiu triste por ela. Deve ser difícil de sair de onde tudo é familiar e mergulhar em um novo
lugar com pessoas desconhecidas.

Por um momento, Sara percebeu o que Seth deveria ter sentido que o fez querer falar a Annette
sobre a casa da árvore. Se eu tivesse conhecido primeiro, provavelmente iria querer contar a ela
sobre isso também. Sara tentou consolá-la.

“Eu sempre vivi em uma cidade grande”. Annette continuou.


“Mas meu pai diz que há lugar melhor para nós, crianças, crescermos”.
Eu não sei o que há de tão ruim em crescer numa grande cidade. Grandes cidades têm lojas
grandes, museus enormes e restaurantes maravilhosos. Onde é que vocês comem por aqui,
afinal?

Seth e Sara olharam um para o outro. Que pergunta estranha. “Nós comemos em casa”, disse
Sara. “Bem, na maior parte. Às vezes a gente pega um hambúrguer em frente a Farmácia do
Pete, quando não há merenda escolar, se você for corajosa o suficiente”.
“Oh”. Annette lamentou muito decepcionada. “Bem, estamos quase lá”, Seth interrompeu.
“Nós não temos nenhum grande museu ou restaurante aqui, mas eu aposto que nós temos algo
que você não tenha visto antes. Mas você tem que prometer que não vai contar a ninguém sobre
isso. É, o nosso segredo, você sabe. Só nós três”. Sara se encolheu. Só nós três. Iria levar algum
tempo para se acostumar com isso. Annette abriu um grande sorriso.

“O que é isso? Eu não posso esperar. Diga-me!” “Não é possível dizer-lhe. Temos que mostrar
a você. Não é longe”. Seth saiu à frente delas e abaixou a cabeça na calçada no caminho de
terra. Caminhavam um atrás do outro. Sara não podia deixar de notar a cadência extra para sua
caminhada. Não alimente esperanças, Sara pensou. Annette é uma garota da cidade.
“Tah-Dah!” Seth disse em voz alta, gesticulando em direção à árvore. “Aqui está. O que você
acha?”

“Eu acho que você é muito animado sobre me mostrar uma árvore, se é o que estou vendo.
Temos árvores na cidade, você sabe”, Annette ironizou. “Ah, não é uma árvore qualquer, não”,
Seth disse, levando Annette à parte traseira. Annette ficou de boca aberta quando ela olhou
atrás desta gigante árvore.
Seth sorriu. Ele não tinha sentido esse orgulho de sua obra desde que tinha mostrado a Sara,
pela primeira vez, muitos meses atrás. “Seth, quem fez esta escada?” Annette perguntou com
espanto, em pé para trás, tentando obter uma visão mais clara da linha de placas de madeira que
Seth havia pregado a partir da base da árvore em todo o caminho até os galhos, se perdendo de
vista. “Atreve-se a subir?”
“Uau”, Annette engasgou. “Claro!”

Oh, isso é ótimo. Ela adorou, pensou Sara. Seth subiu rapidamente a escada em direção à
plataforma, e Annette o seguiu rapidamente logo atrás dele. Sara arrastava-se lentamente.
Seth destacou todas as características especiais de sua criação maravilhosa a Annette. E com
um entusiasmo que Sara não conseguia se lembrar de ter visto a muito tempo, ele explicou
como havia cuidadosamente lixado cada pedaço da escada para que não soltasse farpas, e ele
demonstrou o balde com o sistema de roldanas que tinha projetado, mostrando como é muito
mais fácil de usar do que tentar subir a escada com os braços cheios de coisas.
Sara escutava, querendo sentir apreço por todas estas coisas maravilhosas que Seth tinha
construído, mas ela não se sentia feliz ou orgulhosa, como tinha se sentido quando ele mostrou
a ela pela primeira vez. Ela se sentiu mal. Pensei que ele fez essas coisas para nós, para mim,
pensou.

“E isso”, Seth disse, apontando dramaticamente, “ é a plataforma de lançamento!”


“Plataforma de lançamento? Você quer dizer...” Annette mal podia acreditar no que viu.
“É assim que voamos pelo ar, com a maior facilidade!”
“Tudo bem!” A voz de Annette ecoou descendo o rio.
“Sara, você quer ir em primeiro lugar, para mostrar a Annette com se faz?”
Sara relutou um pouco. Seth estava tão animado sobre sua nova amiga que ele quase não falou
com Sara. Ela estava começando a se sentir como se fosse invisível. “Não, você vai primeiro”,
disse Sara, tentando parecer alegre.
“Okay. Aqui vou eu. Veja o que deve fazer: você coloca seu pé neste laço e agarra num desses
nós. Este provavelmente servirá melhor para você” Seth disse, mostrando a Annette o nó que
ele tinha amarrado por si mesmo. “Só pular fora e você vai longe!” Seth pulou da plataforma e
voou para fora através do rio.
“Uau!” Annette exclamou, enquanto Seth alcançava o outro lado do rio. “Isso é fantástico. Oh,
uau, eu amo isso! Hey, é realmente alto aqui. Como foi que vocês encontraram este lugar? Eu
amo isto! Eu amo isto! Eu amo isto!

Seth fez uma aterrissagem perfeita, o que não surpreendeu Sara, e em seguida falou para
Annette, “Ok, sua vez!”
Sara sentou-se, observando, pensando em seu primeiro balanço sobre a corda e como foi tão
estranho e assustador. Ela se lembrou da primeira aterrissagem brutal que tanto ela quanto Seth
tinham experimentado, caindo na água barrenta, e outra vez, ela sorriu interiormente,
imaginando como seria a primeira aterrissagem de Annette.
Seth subiu na árvore e puxou a corda de volta até a plataforma de lançamento, mas quando ele
começou a explicar novamente para Annette os procedimentos, ela agarrou a corda e saltou
para fora da plataforma, envolvendo suas pernas em torno da corda enquanto balançava para
fora até o outro lado do rio. Ela balançou para frente e para trás com seu cabelo longo e bonito
levado pelo vento. Mas então, Annette soltou as mãos da corda!

“Cuidado!” Sara gritou. Mas Annette tinha envolvido as pernas firmemente em torno da corda,
e ela disparou graciosamente, de cabeça para baixo, com os braços esticados para fora adiante
dela, com se fosse voar. Voou para frente e para trás, rindo e gritando a cada passagem.

Sara olhou para Seth com espanto.


“Ela é uma ginasta”, Seth disse calmamente. “Ela não é incrível?”
“Oh sim”, Sara disse baixinho. “Ótima.”

Sara olhou para cima e avistou Salomão empoleirado em um galho alto acima de suas cabeças.
Salomão piscou para Sara como a tranquiliza-la que ele não ia para baixo na plataforma e
começar a falar.
Tudo está bem, Sara. Sara ouviu a voz de Salomão, clara e calma em sua cabeça. Com o tempo,
se for seu desejo, você pode introduzir Annette para mim. Como você e como Seth, Annette
poderá desfrutar de nossa interação. Ela é como nós, Sara. Ela é uma ave da nossa pena
“Oh, isso é ótimo”, disse Sara, em voz alta.
“O que é ótimo?” Annette perguntou.
Sara saltou. Ela não tinha percebido que Annette já havia subido de volta pela escada. “Sara,
você viu que aterrissagem!” Seth exclamou enquanto subia por trás de Annette. “Uau, Annette,
como você aprendeu a fazer isso? Você pode nos ensinar como fazê-lo? Nossa, Sara, você já
viu algo assim na sua vida?”
“Não, nunca”, disse Sara, tentando parecer entusiasmada. Ela não queria admitir que não tinha
visto tudo.
“Claro, eu posso te ensinar. Realmente não é difícil. É questão de sincronismo. Já balancei em
cordas, pelo que me lembro. Mas nunca em árvores, e nunca sobre e ao longo de um rio. Eu
não tinha ideia do que eu estava perdendo. Esta é a melhor coisa que eu já fiz. Oh, obrigada,
vocês dois, por partilhar este lugar secreto comigo! Eu simplesmente não posso acreditar que
poderia ter tanta sorte. Eu adoro isso. Muito obrigada!”
Seth estava sorrindo de orelha a orelha, e Sara respirou fundo. Annette ficou realmente animada
sobre sua nova experiência de voar a partir da casa da árvore, e Sara podia ver uma nova
perspectiva brilhando nos olhos de Seth.
Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça. Não se preocupe, Sara. Isso vai se desdobrar
muito bem. Apenas relaxe e desfrute da sua nova amizade. Ela vai despertar coisas novas em
você e em Seth, assim como vai despertar coisas novas nela. Esta será uma co-criação
maravilhosa. Você vai ver.

“Sara, você não vai balançar?” Questionou Seth.


“Oh, sim eu vou”, Sara disse suavemente.
Sara pegou a corda e colocou o pé no laço; ela segurou o nó firmemente e saltou para o ar.
Parte dela queria bloquear as pernas em torno da corda, soltar as mãos e voar pelo ar, assim
como Annette tinha feito, mas ela sabia que não estava pronta para isso. Mas a ideia de
aprender esse truque novo pareceu emocionante, e quando a corda balançou para frente e para
trás, Sara tentou imaginar como seria divertido olhar para a água, pendurada de cabeça para
baixo. Ela sorriu, feliz, em antecipação de aprender algo novo.
E em seguida, Sara saltou da corda e caiu numa aterrissagem perfeita na beira do rio.
“Hey, grande aterrissagem!” gritou Annette a partir da plataforma de lançamento. “Bom
trabalho, Sara!”

Sara sentia-se exaltada, e arrepios ondulava para cima e para baixo de sua coluna vertebral. O
elogio a fez sentir-se muito bem, especialmente vindo de uma perita em balançar em corda
como Annette. Mas, principalmente, ela só se sentia bem porque estava tudo bem.
Lá vai você, Sara. Bem-vindo de volta. Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça.
“Obrigada”, ela sussurrou. “É bom estar de volta”.

Capítulo 7
Um sanduíche de carne delicioso

Sara parou em frente ao seu armário na escola, de dentro da sua jaqueta de pelúcia retirou um
livro da biblioteca que ela tinha utilizado e o seu lanche. Mmm, cheira bem, ela notou. Na
verdade, tudo dentro de seu armário tinha cheiro da carne do sanduíche que sua mãe tinha
preparado para ela naquela manhã. Segurando o livro da biblioteca debaixo do braço, ela olhou
dentro da sacola do almoço para examinar seu conteúdo. Ela ficou feliz ao ver uma maçã
vermelha brilhando, dois biscoitos de chocolate e um sanduíche, bem embalados. Sara estava
tão entretida com sua sacola de almoço que não estava olhando para onde ia, e ela suavemente
esbarrou no ombro de alguém. Ela olhou para cima, espantada, desculpando-se, quando viu os
olhos felizes de Annette.

“Hey, Sara, como vai você?”


“Eu vou bem. Desculpe por quase trombar em você. Eu acho que estou muito animada com um
sanduíche de carne.”
“Um o quê?”
“Sanduíche de carne. É isso que eu estou tendo para o almoço. E você?”
“Eu estou no meu caminho para o refeitório”.
“Oh, isso é muito ruim”, Sara disse, meio brincando e meio não.

Sara sabia que hoje era terça-feira, e que o almoço, segundo ela se lembrava, era sopa.
“Ensopado de Carne e vegetais”, o menu do almoço. Mas os estudantes que tinham comido ao
longo dos anos tinham chegado a chamar de “Ensopado do Pântano”. É muito provável que
realmente não tenha gosto tão ruim, mas é horrível. Legumes e vegetais pegajosos, cozinhando
demais que normalmente já não podiam ser identificado compunham a maior parte dessa
estranha mistura, e Sara, assim como a maioria dos outros estudantes, encontraram uma
maneira de evitar o refeitório nos dias que tinha esta “saborosa” sopa de carne e vegetais.

“Ei, por que você não compartilha meu almoço!” Sara deixou escapar, antes que ela
percebesse. “De qualquer maneira eu nunca conseguiria comer tudo isso sozinha. Eu ia me
sentar debaixo da árvore e ler. Quer vir?”
“Oh, eu não quero comer o seu almoço, Sara, eu apenas irei conferir este ensopado de carne e
vegetais. Parece muito bom”.
“Não é. Confie em mim. As únicas pessoas que estão lá são aqueles sem capacidade de
discernir alimentos de casca de árvore, como Jimmy. Ele vai comer qualquer coisa. Confie em
mim, Annette. Você vai se arrepender.”
Annette riu. “Sara, você é uma garota engraçada.”
“Ok, se você tem certeza que não se importa.”

Sara não queria ajudar, ela não tinha certeza exatamente como se sentia sobre isso. Ela queria
gostar dela, e ao mesmo tempo queria não gostar. Eu sou esquizofrênica, Sara pensou consigo
mesma. Oh bem.
Sara parou na máquina de venda automática e colocou uma moeda. Ela puxou uma alavanca, e
um saco de batatas fritas deslizou uma rampa. “Tudo vai melhor com batata frita, você não
acha?” Ela puxou mais duas moedas do bolso e comprou duas latas de refrigerante de laranja.

“Não há muito o que escolher aqui”, disse Annette, “mas, hey, é apenas 25 centavos”.

Sara e Annette encontrava um local ensolarado no gramado da escola. Sara sentiu a grama com
a mão para garantir que o orvalho da manhã tinha secado, e então sentou-se. Ela abriu o saco,
fazendo uma tabela de papel entre eles, e desembrulhou o sanduíche de carne.
“Nossa, que cheiro maravilhoso”. Annette disse, observando cuidadosamente Sara
desembrulhar o sanduíche. A mãe de Sara tinha cortado em duas metades. Sara tirou um
pedaço para si, e entregou o outro para Annette, tomando cuidado para não tocá-lo com os
dedos. Annette sorriu. Ela não podia deixar de notar o quão atenciosa Sara era.
Ambas as meninas partiram com uma fome de gigante para cima de seus sanduíches, ao mesmo
tempo, olhando uma para a outra enquanto elas mordiam.

“Oh, Sara, esta é a melhor coisa que eu já pus na minha boca! Como você foi capaz de dar
metade de tudo? Isso é fantástico!”
Sara concordou que esse era um sanduíche muito bom, mas ela achava que Annette estava
exagerando um pouco. “Estou feliz que você gosta, Annette. Mas é apenas um sanduíche de
carne.”
“Bem, seja o que for, é maravilhoso”.

Annette tomou outra pequena mordida, mastigou e saboreou-o por um longo, longo tempo.
Sara estava certa de que ela nunc atinha visto ninguém desfrutar de um sanduíche, ou qualquer
outra coisa, dessa maneira. Annette estava realmente gostando muito do sanduíche de carne.
Ela não pegou uma batata frita, ela não tomou um gole do seu refrigerante, ela estava
completamente focada no sanduíche até que ele fosse totalmente devorado.

Então as meninas acabaram com a batata frita e bebiam seus refrigerantes. Sara olhou para a
maçã. Ela percebeu que não tinha nenhuma maneira de dividi-la em dois pedaços, de modo que
ela enfiou a mão na sacola e tirou os biscoitos de chocolate, que ela e sua mãe haviam feito na
noite anterior.
Elas faziam duas formas grandes, de modo que haviam muito para a família desfrutar enquanto
assistia televisão, e vários para ser colocado no congelador para almoços e lanches durante a
próxima semana. Sara ofereceu um biscoito para Annette.
Annette não se conteve. Ela mordeu o biscoito e fechou os olhos enquanto exclamava: “Oh,
Sara, isto é muito bom!”
Sara sorriu. O que está acontecendo com esta menina? Parece que nunca havia comido um
sanduíche de carne antes?
Será que também nunca comeu um biscoito de chocolate antes?
Sara adorava os biscoitos de chocolate. Na verdade, ela amava todo tipo de biscoito. Mas ela
jamais apreciou tanto quanto Annette apreciou este. Nem perto disso.
O sino tocou e as meninas pularam de susto.
“Nossa, essa hora passou”, disse Sara. “O tempo voa quando você está se divertindo”.
“Sara, muito obrigada por compartilhar seu almoço comigo. Foi muito bom”.
“Claro”, disse Sara, de pé, limpando as migalhas do colo. “Disponha”.
“Oh, eu quase esqueci”, disse Annette. “Eu não posso ir para a casa da árvore esta noite. Meu
pai disse que ele tem algo que ele quer que façamos logo após a escola, então eu tenho que ir
direto para casa”.
“Oh, ok. Bem, então eu vou te ver segunda-feira.”
“Ok, nos veremos.”
Sara viu Annette correndo em direção ao prédio da escola. Havia uma estranha mistura de
sentimentos dentro dela. Annette não era fácil de decifrar. Ela era tão bonita, muito inteligente,
verdadeiramente agradável, da cidade grande, e foi muito animada em relação ao sanduíche de
carne e o biscoito de chocolate.
Oh bem, Sara deu de ombros, e foi para dentro do edifício.
Capítulo 8
Cuidando de sua própria vida

Sara abriu os olhos e ficou deitada na cama por um momento, perguntando o que a tinha
despertado. O despertador estava quieto. Ela se virou e viu as horas: 07:45. Oh sim, é sábado,
lembrou. Ela podia ouvir sua mãe fazendo barulho na cozinha. Sua mãe tinha uma maneira não
muito sutil, quando ela achava que era hora de Sara se levantar, de fazer só o barulho suficiente
que provavelmente não deixaria Sara continuar dormindo. E então ela sempre fingia estar
surpresa quando Sara entrava na cozinha.

“Bem, bom dia, Sara! Dormiu bem?”


“Eu acho”. Sara suspirou, ainda em processo de despertar totalmente.
“Eu vou ao supermercado daqui a pouco. Gostaria de vir comigo?”
“Sim, eu acho”, concordou Sara. Ela não tinha grande desejo de acompanhar sua mãe, mas ela
sabia que haveria muitas sacolas de mantimentos e ela poderia precisar de ajuda. E isso era uma
espécie de diversão, pois poderia dar sua opinião, sobre o que poderia ser bom para a família
comer durante a próxima semana. Sua mãe às vezes parecia ficar entediada na monotonia de
cozinhar, dia após dia, semana após semana, então ela sempre ficava sondando Sara sobre outra
ideia do que elas poderiam tentar. E, claro, Sara tinha suas favoritas, que pareciam vencer, em
sua maior parte.

Sara e sua mãe entraram sistematicamente pelo meio do supermercado, até um corredor mais
próximo. “Oh, Sara, eu esqueci as cebolas. Você volta lá e escolhe algumas pra mim, querida?
As amarelas, não muito grande. Ah, e um litro de sorvete Vanilla. Nós vamos fazer uma torta”.

Sara voltou para a seção de verduras. Ela sabia exatamente onde estaria a cebola amarela,
estava sempre na mesma prateleira durante tanto tempo o quanto podia se lembrar. Ela
escolheu duas cebolas médias e se dirigiu para o corredor de alimentos congelados. Sara
brincou com as duas cebolas jogando para frente e para trás de mão em mão, fingindo que ela
estava fazendo malabarismo. E quando ela virou a esquina do corredor de alimentos
congelados, ela estava olhando para as cebolas que se cruzavam no ar, em vez de olhar para
onde ia, e foi direto em cima de um carrinho de supermercado de alguém, caindo ambas as
cebolas, ao mesmo tempo.
Sara agiu rápido para recuperar suas cebolas, que tinham rolado vários metros pelo chão.

“Eu sinto muito!”, exclamou ela. “Eu deveria ter prestado atenção por onde andava”.
“Sara”, disse uma voz assustada.

Sara levantou-se, e lá estava Annette, de pé sobre um carrinho de compras cheio até o topo.

“Hey, Annette, tudo bem com você?” Sara não podia acreditar. Esta foi a segunda vez em
apenas dois dias que ela se esbarra em Annette, que estava preocupada com os alimentos. Ela
deve pensar que estou louca, deduziu Sara.
“Eu estou bem”, disse Annette, tomando seu carrinho de volta e se afastando. “Sara, vejo você
na escola”.
Isso é estranho, Sara pensou. Eu me pergunto por que ela está com tanta pressa.
Annette quase corria pelo corredor, Sara percebeu que seu carrinho de compras estava cheio até
transbordar. Havia latas de comida, muitas delas, e caixas de papelão de comida congelada – do
tipo que você coloca no forno e aquece, e no topo ia uma grande saco de biscoitos de chocolate.

Sara encontrou sua mãe, e acrescentou a cebola apenas ligeiramente ferida e o litro de sorvete
no carrinho. Elas pararam na seção de laticínios, e comprou um pouco de queijo e algumas
azeitonas, e depois foi para os caixas na frente da loja. Sara queria pressa. Esperava que fosse
um vislumbre de Annette, e talvez ter a chance de ver sua mãe.
Talvez ela não queira que eu conheça sua mãe, Sara pensou. Talvez seja por isso que ela
correu.
Mas, quando Sara e sua mãe chegaram ao caixa, Annette estava longe demais para ser vista.
Sara não sabia por que estava tão interessada em tudo isso. E ela sentiu isso um pouco como
espionagem. Eu deveria apenas cuidar da minha vida, Sara pensou. É claro que Annette não
quer que eu meta o nariz na vida dela, então só vou cuidar da minha. Isso é o que vou fazer.

Capítulo 9
Você acredita em fantasmas?

“Você acredita em fantasmas?” Annette simplesmente deixou escapar. Sara e Seth


entreolharam-se com surpresa.
“Bem, sim, eu acho”, disse Sara. “Quero dizer, nunca cheguei a ver um, mas eu acho que eles
podem ser reais. Não é?”
“E quanto a você, Seth? Você acredita em fantasmas?”

Seth não estava certo sobre qual a melhor maneira de responder à pergunta de Annette. Ele
sentiu, a partir do olhar sério em seu rosto, que ela não estava brincando sobre isso. “O que
quer dizer com” acreditar em “alguma coisa?” Seth paralisou.

“O que quer dizer, o que quero dizer?” Annette respondeu bruscamente. “Eu acho que essa é
uma pergunta muito simples”.

Seth percebeu que tinha ferido os seus sentimentos, mas ele tinha um ponto de vista importante
que ele queria expor: “Bem, quero dizer, muitas pessoas acreditam em coisas simplesmente
porque outras pessoas dizem que é assim. Meu avô diz que se você repetir inúmeras vezes a
mesma coisa, as pessoas logo começam a acreditar nisso, seja verdade ou não. Ele diz que as
pessoas são como as ovelhas, ingênuas. Eles vão acreditar em tudo o que você quer que elas
acreditem. E eu não quero ser assim. Então eu decidi há muito tempo não aceitar a palavra de
ninguém como verdade. Eu não aceito nada como verdadeiro até provar para mim mesmo, com
minha própria experiência”.

Sara observou Seth enquanto falava com tanta determinação. Ele sem dúvida está seguro de
como se sente sobre isso, ela pensou.
“E assim, desde que eu nunca tive realmente uma relação pessoal com qualquer fantasma, não
posso dizer com certeza, de minha própria experiência, que eu acredito que eles existem. Mas
eu acho que poderia ser possível. Quer dizer, eu já tive outras experiências estranhas...”

A voz de Seth parou quando percebeu que ele poderia estar abrindo as portas para assuntos que
ele não estava realmente pronto para discutir com Annette. Sara olhou para cima rapidamente.
Ela esperava que Seth não fosse falar sobre Salomão a Annette.
Annette percebeu o súbito interesse de Sara. “Bem, o que acha sobre isso, Sara? Você
realmente acredita em fantasmas?”
“Bem”, Sara disse lentamente. “Eu acho que eu faço ideia”. Lembrou-se da noite que Salomão
visitou-a em seu quarto depois de Jason e Billy terem atirado nele. Ela realmente não tinha
pensado sobre Salomão sendo um fantasma naquela noite, ela ficou muito feliz em vê-lo. Mas
pensando nisso agora, ela concluiu que se a maioria das pessoas vissem o que ela tinha visto,
provavelmente diriam que tinha visto um fantasma. Mas com certeza ela não estava pronta para
contar a Annette o que sabia sobre Salomão.

Sara e Seth se entreolharam. Ambos sabiam que se alguma coisa se enquadrava na categoria de
fantasma, Salomão era o mais provável, mas ambos se retiveram, incertos sobre a divulgação
de seu segredo especial. Sara queria simplesmente esquecer o assunto e balançar na corda.

“Bem, você acredita em fantasmas?” Seth perguntou, olhando firme no rosto sério de Annette.

Annette olhou para Seth e, depois para Sara, e novamente para Seth e depois de volta para Sara.
Sara e Seth sentaram-se calmamente, à espera de ouvir a resposta de Annette.

“Não, eu só queria saber da opinião de vocês”, Annette respondeu abruptamente. “Ei, vamos
balançar”. E, sem tomar o tempo habitual para executar cuidadosamente um salto perfeitamente
calculado a partir da plataforma, Annette agarrou a corda e saltou para fora da plataforma como
se ela não pudesse fazê-lo rápido o suficiente.

“Bem, o que foi aqui?” Sara perguntou, assim que Annette estava fora do alcance da voz.
“Acho que devemos contar a Annette sobre Salomão”, Seth disse, emocionado,
“Não, Seth, não! Eu acho que não devemos”.
“Prometa-me, Seth, que você não vai contar a ela”.

Annette olhou para eles e acenou.

“Sara, você tem certeza?”


“Por favor, Seth, prometa-me?”
“Ok”.
Capítulo 10
Notícias preocupantes

Enquanto Sara fazia seu caminho para escola pela manhã, seus pensamentos voltaram várias
vezes para Annette. Sua decisão de cuidar somente da própria vida parecia ter desaparecido de
sua mente. Seth ia um pouco mais de um quarteirão de distância, à frente dela.
“Ei, Seth!” Ela gritou. “Espere!” Eu não sei porque estou gritando. Ele está muito longe para
me ouvir.
Mas Seth parou, virou-se e acenou, e começou a caminhar em direção a Sara. Ela correu para
encontra-lo.

“Ei Seth”, Sara disse, sem fôlego, “você já viu a mãe de Annette?”
“Não”, Seth disse, parando sem jeito. “Oh, eu só estava pensando...” Sara sentiu uma ligeira
pontada de culpa ao perceber que ela não estava mantendo a si mesma de cuidar da própria
vida. Atravessaram a ponte na rua principal. E como eles estavam na faixa de pedestres,
esperando para atravessar a rua, um grande carro preto e brilhante passou na frente deles.
“Não é o carro do pai de Annette?” Sara perguntou. “Ouvi falar na Farmácia do Pete que é um
carro caro. Uau! Esse é o carro mais bonito que eu já vi!”

O grande carro de aparência elegante, com lotes de cromo brilhante, virou-se na rua que dá
acesso a escola primária. Era difícil ver quem estava dentro, porque as janelas eram muito
escuras, mas Sara notou que tinha um homem dirigindo, provavelmente o pai de Annette,
alguém no banco da frente, e uma pessoa no banco de trás que provavelmente era Annette.

“Você não acha que é estranho não termos visto sua mãe?”
“Não, não realmente.”
“Eu quero dizer que estive aqui mais de um mês. Vi Annette no supermercado, com um
carrinho cheio de...” “Sara, acabei de me lembrar que eu esqueci algo que vou precisar na aula.
Vá em frente. Eu vou ter ver mais tarde.
Seth de repente virou-se e começou a correr de volta e estrada em direção à sua casa.
Sara o viu correndo tão rápido quanto ela já tinha visto ele correr. “Seth, espere!” Ela gritou.
Mas Seth não olhou para trás.

Sara não acreditou que Seth tinha esquecido alguma coisa. Era como se algo que ela tivesse
dito ter chateado ele. Por que suas perguntas sobre a mãe de Annette perturbou ele? Isto foi
estranho.
Sara não viu Seth durante todo o dia. Foi estranho não esbarrar com ele entre as classes pelo
menos uma vez. Era como se ele estivesse deliberadamente evitando ela. Não fazia sentido seu
comportamento estranho logo pela manhã.
Depois da escola, Sara sentiu um impulso por uma barra de chocolate, então ela parou na
Farmácia do Pete em seu caminho para a casa da árvore. Vou pegar um para cada, ela pensou,
atingindo profundamente sua bolsa a procura de um punhado de moedas que sempre parecia
terminar no canto inferior.
“Eu acho que é tão triste que essas meninas tão doce não tenham mãe”, Sara ouviu uma mulher
comentar da área da fonte de soda. “Não é a coisa mais triste que você já ouviu falar?”
Os ouvidos de Sara se animaram. De quem elas estavam falando? De quem ela conhecia. Elas
estavam falando sobre Annette e sua irmã. A mãe de Annette estava morta! O coração de Sara
começou a bater mais rápido.

“Bem, isso certamente é triste. Eu não sabia”. Sara ouviu alguém dizer.
“Eu não acho que muitas pessoas sabem. Mas Sam Morris, o novo homem que se mudou no
ano passado, vive no local da trilha velha.
Ele é o capataz novo no rancho Wilsenholm, e ele trabalha com meu marido. De qualquer
forma, ele disse ao meu marido que ele e seus meninos ajudou o Sr. Stanley e suas meninas se
mudarem para uma nova casa acima do rio. Levou todo um fim de semana e algumas noites,
também eu acho.
Disse que nunca viu tantos móveis e caixas em toda a sua vida. Ele disse que estava feliz em
ajudar, no entanto. Disse que todos são pessoas realmente agradáveis. Disseram a eles, então,
naquele primeiro dia, sobre a morte da Sra. Stanley. Foi uma coisa triste, muito triste”.

Sara não conseguia acreditar no que ouvia. A mãe de Annette estava morta. E Seth sabia disso!
Por que ele não contou a ela? Por que iria guardar segredo de sua melhor amiga? Sara deixou a
barra de chocolate no meio do balcão e correu fora da farmácia.
Eu nunca vou falar com ele novamente! Annette pode ser sua nova melhor amiga, sua única
amiga, pouco me importa. Eu nunca vou falar com ele de novo!

Sara olhou cegamente em frente enquanto caminhava em direção a sua casa. Ela passou pela
trilha thacker, sem sequer olhar naquela direção. Não havia como ela ir para a casa da árvore
hoje.

“Sara”, Seth chamou por ela. “Sara, onde você está indo?” Você não quer balançar com a
gente?” Sara olhou para a frente. Ela sabia que Seth percebeu que ela tinha ouvido chama-la,
mas a ultima coisa que Sara tinha vontade de fazer era falar com Seth ou Annette. Ela saiu em
disparada e correu todo o caminho.

Capítulo 11
Há uma abundância de amor para todos

Sara estava sentada à beira de sua cama. Seu quarto parecia muito abafado, como se não
houvesse ar suficiente. Ela abriu a janela e sentou-se no peitoral da janela grande com vista
para o quintal. O pátio foi coberto com um manto brilhante cor de folhas.
Seus olhos repousavam sobre o balanço de pneu velho que seu pai tinha feito há vários anos,
amarrando uma corda no mesmo. Ele fez uma grande oscilação. Grande o suficiente para dois,
se você não se importasse de ser esmagado junto. Sara não tinha estado em seu balanço desde
quando Seth tinha construído a casa da árvore.
O balanço de pneu velho parecia tão inferior ao balanço de corda novo e fantástico que Seth
tinha pendurado na casa da árvore, não havia realmente nenhuma comparação com a emoção
do salto. Mas hoje, o balanço de pneu velho parecia um velho amigo esquecido e Sara estava se
sentindo praticamente da mesma maneira.

Ela escorregou para fora de sua janela, algo que sua mãe havia lhe pedido uma centena de
vezes para não fazer, e se puxou para dentro do pneu velho. Não foi possível balançar muito
alto porque o pneu se mantinha girando na única corda que foi amarrada. Mas foi divertido
ficar rodopiando enquanto se movia para trás e para frente. Era mesmo hipnotizante. Sara
fechou os olhos para intensificar o efeito.
Sara.
Sara ouviu as palavras claras de Salomão vindo de cima.
Ela olhou para a árvore, e com certeza, lá estava Salomão, suas penas soprando suavemente
com o vento.

“Oh oi, Salomão, estou surpresa de ver você aqui”.


Estou surpreso de encontra-la aqui, Sara. Você não usa este balanço velho faz muito tempo.
“Eu sei”, Sara disse suavemente. “Eu me senti como ele.”
Salomão sentou-se calmamente. Sara rodopiou.
Eles estão esperando por você na casa da árvore, disse Salomão.
“Eu não me importo”. Sara girou suavemente ao redor do balanço.

Salomão ficou tranquilo. Ele nunca levaria Sara para falar se ela não estivesse pronta.
“Salomão, por que Seth não queria me dizer que ele sabia que a mãe de Annette estava morta?”
Quero dizer, não é como se ele não soubesse que eu estava interessada. Perguntei-lhe
diretamente se ele nunca a conheceu. E ele mentiu para mim, Salomão. Eu simplesmente não
posso acreditar. Pensei que éramos amigos.”
Seth fez um grande esforço para isso, Sara.

Annette pediu-lhe para não contar a ninguém. E ela especificamente pediu-lhe para não contar
a você.
“Então, ele se preocupa em não ferir seus sentimentos mais do que ele fez com os meus? Isso é
ótimo!”

Bem, Sara, eu acho que é uma forma de olhar para ele. Ou você poderia dizer que ele se sente
mais seguro em sua amizade com você, ou ele sentiu que você está mais estável agora do que
Annette. Em outras palavras, ele pode ter sentido que Annette tem muito que lidar, agora.
Uma lágrima escorreu pela face de Sara, e ela enxugou o rosto com a manga. “Bem, por que ela
não quer que eu saiba?

Bem, Sara, eu suspeito que é porque ela tem notado como as pessoas se comportam de maneira
diferente em relação a ela, uma vez que ficam sabendo sobre isso. Ela não quer que as pessoas
sintam pena dela, Sara. Ela é como você, uma menina orgulhosa, saudável, que realmente
prefere se sentir feliz.
Sara engoliu em seco. Ela se sentiu envergonhada de como vem se comportando. Já era ruim o
suficiente que esse sentimento avassalador de ciúme parecia alcança-la uma vez e outra, isto é
um sentimento tão horrível. Mas agora, misturado com o sentimento de ciúme, ela sentiu um
sentimento igualmente desconfortável de culpa sobre o sentimento de ciúme, e agora, um
verdadeiro sentimento de tristeza, e ainda mais culpada, em relação a pobre Annette.

Outra lágrima escorreu pela face de Sara, enquanto pensava na amável Annette, comprando
comida congelada e biscoito de chocolate sozinha.

Você pode ver, Sara, qual é a razão pela qual Annette não queria que Seth lhe contasse sobre
isso. Ela começou a redescobrir como a vida pode ser linda novamente. Mas cada vez que um
novo amigo descobre sobre a morte de sua mãe, ela tem que voltar atrás e reviver toda a tristeza
mais uma vez através de sua perspectiva. Você pode entender por que ela quer evitar isso.

“Sim”. Sara enxugou o nariz e olhou para Salomão.

“Salomão, eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu me sinto tão terrível”.
Salomão ouviu em silêncio, à espera que Sara continuasse para tentar esclarecer o que ela
queria saber.
“Quero dizer, parece que desde que Annette chegou aqui, eu tenho me sentido mal. Reconheço
que não é culpa dela, nem nada. Eu só...”
Bem, Sara, eu tenho certeza que você vai se sentir melhor em breve; você é naturalmente uma
menina muito feliz. Mas pode valer a pena tomar um pouco de tempo aqui para receber algum
benefício, ou a clareza, a partir de toda essa emoção negativa.

Sara enxugou o nariz e olhou para Salomão. Ela podia sentir uma confirmação familiar
calmante vindo dele. Ele a tinha ajudado a se sentir melhor tantas vezes.
Lembre-se, a primeira coisa que um forte sentimento ou emoção está lhe dizendo é que essa
coisa que você está pensando realmente importa muito para você. Quanto mais forte o
sentimento, mais importa. A segunda coisa que suas emoções estão lhe dizendo é se, neste
momento, você está em correspondência com essa coisa importante que você deseja.

Sara sabia o que Salomão quis dizer sobre a correspondência. Ela teve muitas conversas com
ele sobre isso. Ela lembrou de como Salomão explicou sobre a Lei da Atração, e os pássaros da
mesma plumagem reunidos juntos.

Em outras palavras, Sara, se você estiver experimentando um sentimento muito forte de que
não se sente bem com você, como medo, raiva ou ciúme, ou culpa... esses sentimentos
significam que você está pensando sobre algo que importa muito para você, mas que os
pensamentos que você está tendo não correspondem como o que você realmente quer.

Emoção negativa não é uma coisa ruim, Sara. Ela ajuda você a reconhecer o que você está
fazendo com seus pensamentos. Você não acha que está errado quando a ponta sensível dos
seus dedos dizer-lhe que o fogão está quente. Que a sensibilidade poupa seus dedos de serem
danificados. E a emoção negativa é um indicador similar. Ela apenas permite que você saiba
que manter-se concentrado neste pensamento que não te faz se sentir bem realmente não é bom
para você.
Sara estendeu os pés até o chão e deslizou para fora do balanço. Ela se sentiu no chão e colocou
as mãos no rosto. “Oh, Salomão, seu sei de tudo isso.”
Você me disse talvez, milhares de vezes

Salomão sorriu. Bem, não exatamente mil vezes, Sara.


“Oh Salomão, Seth deve pensar que eu sou horrível. O que devo fazer?”
Não há realmente nada a ser feito. Nada aconteceu que precisa ser corrigido. Sua amizade com
Seth é uma eterna evolução, e nada mudou para torna-la a melhor de forma alguma. Espero que
vocês três sejam os melhores dos amigos.
Sara enxugou o nariz novamente e olhou para Salomão.
“Mas Salomão, eu gostava das coisas do jeito que estavam. Eu não quero...”
Eu me lembro quando você se sentiu da mesma maneira sobre a nossa amizade, Sara. Você não
queria que Seth soubesse sobre nós.

Sara olhou para Salomão e enxugou o nariz novamente.


Ela lembrou disso também.
E ainda, analisei que você está se transformando muito bem, Sara. Eu não notei o seu
sentimento de descontentamento comigo e você partilhando a nossa amizade com Seth.

Sara estava quieta. Salomão estava certo sobre isso. Ela não sentiu nenhum desconforto sobre
Seth amando Salomão, e Salomão amando Seth. Ela adorava vê-los interagir uns com os
outros. Ela amava o prazer que eles trouxeram um para o outro. Seu relacionamento com cada
um deles foi melhor porque agora se conheciam.
Sara, você foi uma menina muito saudável por um tempo muito longo.
“Sim!”

Você consegue imaginar sua mãe dizendo: “Bem, já que você tem sido tão saudável por muitos
anos, eu decidi que fique doente por algum tempo para permitir que mais pessoas fiquem
saudáveis?”

Sara riu. “Não, Salomão. Isso é bobagem.”


Bobagem, porque você entende que os outros que estão doente, não é porque você está ficando
com um cota maior de bem-estar. Você entende que a sua experiência de bem-estar não tem
nada a ver com a deles.

Sara sorriu. “Eu entendo”.

Sara, lembre-se sempre que há uma abundância de amor para todos. A apreciação de Seth por
Annette em nada diminui a apreciação entre vocês. De fato, qualquer coisa, se expande. Basta
olhar para os melhores sentimentos e pensamentos que você pode encontrar sobre os seus dois
queridos amigos.
Sara respirou fundo o ar fresco. Ela se sentiu muito melhor. “Ok, Salomão. Vou pensar sobre
isso. Obrigada”.

Salomão levantou no ar e voou para longe em silêncio.

Capítulo 12
Fotos de família

No dia seguinte, depois da escola, Sara estava na casa da árvore esperando que Seth e Annette
fosse se juntar a ela. Mudou de lugar várias vezes tentando ficar confortável. Ela se sentia
desconfortável. Ainda estava se sentindo envergonhada com seu comportamento no dia
anterior, e não tinha certeza sobre o que diria quando chegassem lá. Ela tinha tentado encontrar
bons sentimentos e pensamentos sobre Seth e Annette, mas manteve seus pensamentos
voltando-se para Annette e sua família. Ela não podia imaginar o que seria se sua própria mãe,
maravilhosa, tivesse desaparecida de sua família. Esse pensamento era simplesmente horrível
demais para se pensar.

“Ufa!”, Ela exclamou em silêncio para si mesma. “Esses pensamentos não me faz sentir bem.
Eu não deveria estar pensando sobre isso.”

“Alguém aí em cima?”
Sara ouviu a voz de Annette chamando lá de baixo.

“Sim, eu estou aqui”, Sara gritou de volta, saltando sobre seus pés e conscientemente puxando
sua camisa para baixo, suavizando as rugas. Ela se sentiu confusa, como se tivesse sido pega
fazendo algo que não deveria ter feito. Sara viu Annette colocar uma caixa de lata no balde na
base da árvore. Então ela enfiou o casaco em torno dele e correu até a escada da árvore.

“O que há na caixa?”
“Oh, apenas algumas coisas que eu trouxe de casa. Algumas coisas que eu queria te mostrar.”
“Oh. Você quer esperar por Seth? Ele deve chegar a qualquer minuto.”
“Ele não vem hoje”, Annette respondeu. “Eu o vi antes, e ele disse que ia nos ver amanhã”.

Sara sentiu aquela sensação ruim subindo dentro dela novamente. Ele provavelmente me odeia,
ela pensou.

“Você é a melhor amiga que Seth já teve, Sara!” Annette disse claramente.
Assustada, Sara olhou para Annette. Era como se Annette sabia o que ela estava pensando.
“Ele disse que procurou por você durante todo o dia, mas por alguma razão, não conseguiu
encontra-la, e ele me pediu para dizer-lhe que ele iria vê-la amanhã.”
“Ok, obrigada”, disse Sara.

Ela se sentiu muito melhor.


Annette desamarrou a corda de Seth e puxou o balde para cima da plataforma.
“Eu vou pegar isso”, disse Sara, de pé para segurar a corda. Annette pegou seu casaco no balde
e jogou-o como um cobertor sobre a plataforma, e então ela cuidadosamente colocou a lata no
centro de seu casaco.

“Como é bonito”, disse Sara, em voz baixa, caindo de joelhos ao lado de Annette para obter um
olhar mais atento.

Annette puxou uma corrente que estava em torno de seu pescoço, puxando para cima um
medalhão bonito que Sara nunca tinha notado antes. Ela abriu o medalhão e retirou uma
pequena chave, e introduziu na fechadura minúscula da caixa de lata. Sara sentou-se,
esperando, sentindo como se um tesouro notável estava prestes a ser revelado a ela. Os
movimentos de Annette pareciam tão precisos, como se os tivesse praticado uma centena de
vezes. Ela virou a chave na fechadura pequena, e a tampa da caixa se abriu. Sara gritou,
enquanto seu corpo espontaneamente pulou para trás, surpresa.

Ela sentiu-se constrangida em sua aparente falta de respeito por aquilo que parecia ser um
cerimonial de abertura desta caixa preciosa, mas Annette não pareceu notar. Ela parecia estar
alheia a tudo o que estava acontecendo ao seu redor, sendo completamente absorvida pelo que
quer que fosse nesta linda caixa.

Sara sentou-se e respirou fundo, deliberadamente tentando relaxar.


Os dedinhos delicados de Annette escolhiam através do conteúdo da caixa. “Esta é minha
mãe.” Annette entregou a imagem brilhante para Sara.

Sara não olhou para o rosto de Annette quando ela estendeu a mão para lhe dar a foto, e ela
tinha certeza se realmente queria olhar para a foto também. Ela não tinha ideia de qual seria a
reposta apropriada naquele momento, e ela certamente não queria fazer ou dizer a coisa errada.

“Sou eu com ela”. Annette disse, quebrando o silêncio constrangedor.

Sara olhou para a foto. Era uma foto muito desgastada e esfarrapada com um cão-orelhudo no
canto e uma rachadura grande estava bem no meio dela. Era difícil ver o rosto da mulher bem
vestida ou a menina na foto porque tinha sido tirada a uma longa distância, e as pessoas na foto
apareceram minúsculas. Tinha a caligrafia de uma criança muito jovem, que parecia ser ceio,
em grandes letras impressas: “Eu e mamãe.”

“Essa é a primeira foto que foi tirada comigo e com a minha mãe. Quando eu escrevi aí estava
com 4 anos de idade.” Annette riu. Ela tirou a foto de Sara e colocou de volta na caixa. Sara
ainda não disse nada.
“Isso foi cerca de um ano depois. Meu pai diz que minha mãe estava sempre tentando
convencê-lo a levar a câmera e tirar fotos em todos os lugares que fôssemos, mas ele disse que
quase nunca fez isso. Ele sempre disse que as pessoas gastam muito tempo olhando para as
coisas e pouco tempo desfrutando delas. Eu acho um pena, porém, que ele não tenha tirado
mais fotos”.
Sara olhou para a foto. Mais uma vez, era impossível ver o rosto da mulher ou da menina.
Tinha uma grande fonte com uma mulher sentada à beira dela, enquanto uma menina parecia
estar andando em torno da borda.

“Meu pai disse que eu amava aquela fonte. Era no parque perto da nossa casa. Ele disse que eu
ficava na beira dela correndo ao redor, e não importava quanto tempo eu estava autorizada a
fazer isso, sempre chorava quanto tinha que sair.”
“Este é de todos nós”, disse Annette, entregando outra foto a Sara.
“Uau”, disse Sara, antes que ela pudesse se conter.
“Essa é a mais bonita imagem que eu já vi”
“Meu pai disse que minha mãe insistiu que tivéssemos pelo menos um retrato de família. Meu
pai nunca chegou perto o suficiente, em todas as fotos que ele tirou, para ver o rosto de alguém.
Minha mãe costumava dizer que poderia muito bem ser estranhos nas fotos, porque ninguém
jamais seria capaz de saber. Mas meu pai disse que a imagem deve contar uma história maior.
Que deveria ser sobre o que está acontecendo, não tanto sobre o que está acontecendo com
alguém.”
“Minha mãe gostou desta foto”, disse Annette, entregando outra a Sara.

Sara olhou para os rostos bonitos na imagem. A mãe de Annette era muito bonita, cabelos
longos e escuros, como Annette, e grandes olhos castanhos escuros. O pai de Annette era muito
bonito, também. E sua irmã mais nova era como uma versão em miniatura de Annette, uma
menina muito linda. “Annette, você tem uma família tão bonita”.

Sara parou, desejando não ter dito aquilo. Ela se sentiu tão triste por esta bela família não estar
mais completa. Lágrimas brotaram nos olhos de Sara, e ela olhou de outro modo para que
Annette não notasse.

“Bem, essa é a única foto profissional que temos. E apenas a única onde você pode ver
qualquer um dos nossos rostos. Oh, exceto este”. Annette puxou um recorte de jornal a partir da
caixa com uma foto de uma garotinha, que parecia ter cerca de três anos, e um cachorro bem
grande. Era um close dos rostos desta dupla. O cachorro estava lambendo o rosto da menina.

Sara leu a legenda: Menina não vai lavar o rosto, por isso ela recebeu uma lambida”. Ambas as
meninas riram.

“Ela disse que só podia esperar que ninguém mais visse.” Meu pai adorava. Ele comprou todos
os jornais que ele poderia encontrar naquele dia e mandou um exemplar para todos que ele
conhecia. Ele disse que uma imagem deve contar uma história, e que era uma história digna de
ser contada. Ele disse: uma imagem vale mais que mil palavras.

“Com as fotos ordenadas na pequena caixa, Annette puxava uma por uma, descrevendo-as
calmamente. Sara começou a relaxar, ocasionalmente perguntando: “Quem é esse? Onde foi
essa tomada? Uau, esta é a tua casa?”
E, em seguida, Annette fechou a caixa e trancou-a novamente com a pequena chave. As
meninas ficaram olhando para a caixa. Sara sentiu como se estivesse assistindo a um filme que
ela não queria que terminasse.

“Bem, se seu pai estivesse aqui para tirar uma foto de nós duas sentadas, como você acha que
iria ficar?”
“Bem”, Annette riu, “antes de tudo, ele ia ficar tão longe de nós o mais possível que pudesse,
talvez como lá no alto daquela árvore. E ele tentaria obter o máximo possível da casa da árvore
na imagem, com o balde e a roldana, e a corda balançando, também, imagino eu, e você e eu
seria como minúsculos pontinhos sentados aqui na plataforma.”

Sara riu. Foi divertido imaginar a imagem. “E a legenda seria” – Annette fez uma pausa e olhou
diretamente nos olhos de Sara: “E assim, é possível ser feliz novamente”.

Solavancos de emoção bateu por todo o corpo de Sara. A tensão que ela nem percebeu ainda
estava vinculada, ela levantou, e sentou-se sentindo tão maravilhosa como ela nunca tinha
sentindo em sua vida.

“Sara, eu queria que você entendesse que eu estou realmente bem em relação a tudo isso.”
Annette olhou para o relógio. “Oh, eu tenho que ir!”, Exclamou ela. “Eu não tinha ideia de que
estávamos aqui há tanto tempo. Sara, vamos conversar mais amanhã.”

“Ok”.
Sara viu Annette caminhando com pressa. Ela se sentiu tão feliz por ter esta nova amiga.

Capítulo 13
Mudança de sentimento

Depois da escola no dia seguinte, as duas meninas se sentaram empoleiradas no alto na casa da
árvore. Sara pensou que era estranho que Seth, de novo, tinha dito a Annette que ele não estaria
na casa da árvore. E mesmo que Sara não se sentisse confortável por ele ficar longe outra vez,
ela estava feliz pela oportunidade de continuar sua conversa com Annette.

“Oh, Sabe que eu vejo seu pai lá no alto da árvore tentando conseguir uma foto de nós duas,
bem pequeninas aqui embaixo”? Sara brincou, tentando trazer de volta o humor de ontem.
Annette riu. “Não, eu acho que ele estaria de helicóptero lá em cima. O topo da árvore é muito
perto.”

As meninas sentaram-se em silêncio. Sara queria que elas pudessem continuar diretamente a
partir de onde pararam ontem, mas 24 horas se passaram, e elas não estavam no lugar claro e
alto do dia anterior.

Annette quebrou o silêncio. “Algum dia, talvez eu vou escrever um livro sobre isso”.
“Sobre o que é para alguém...” Sara parou no meio de sua sentença. Ela simplesmente não
conseguia dizer as palavras.
“Não sobre o que é ter alguém que você ama, morrer”, Annette completou a frase para Sara.
“Mas para ajudar as outras pessoas que estão próximas se sentirem mais confortáveis à sua
volta.”

Sara entendeu Annette corretamente? Seu livro não seria para ajudar pessoas que perderam
entes queridos, mas em vez disso, para ajudar as pessoas que conhecem as pessoas que
perderam os entes queridos?

“Sara, a coisa mais difícil, depois de certo tempo, é a maneira como as pessoas agem em torno
de você, uma vez que eles não sabem o que dizer. E na verdade, não importa muito o que
dizem, tudo te faz se sentir mal: Se eles não sabem sobre ele, você acha que eles devem ter
conhecido. Se eles sabem, você gostaria que eles não soubessem. Se eles tentam acalmá-la,
você odeia como são inexperientes, e se eles não tentam acalmá-la, eles parecem indiferentes.
Eles estão em uma situação complicada, e eu gostaria de escrever um livro que, de alguma
forma ajudasse sobre isso”.

Sara recostou-se contra a árvore e olhou para sua nova amiga. Ela mal podia acreditar que
Annette fosse uma pessoa tão adorável. Ela não lembra de já ter ouvido algo tão altruísta em
toda a sua vida.

“Oh, Sara, não me olhe como se eu fosse nobre ou nada. Não é assim.”

Sara piscou os olhos e sentou-se ereta, olhando para Annette, querendo entender o que estava
acontecendo em sua mente.
Sara não conseguiu encontrar seu lugar no presente.

“Minha melhor amiga, Caroline, disse: “Eu estou contente que seja sua mãe e não a minha.”

Sara estremeceu.

“Na época, pensei que estava prestes a dizer a pior coisa que alguém jamais poderia dizer a
ninguém. Mas eu não me sinto assim agora. Oh, poderia ter sido melhor se ela não tivesse dito
isso, mas pelo amor de Deus, como poderia não se sentir assim. E o que há de errado no mundo
em dizer o que você sente. E o que poderia ser mais natural do que se sentir assim. Minha
amiga não fez nada de errado. Ela não quis dizer nada de mal. E acima de tudo, ela estava em
uma situação difícil em que realmente não havia nada que ela poderia ter dito que me fizesse
sentir melhor.

“Uma vez ouvi uma senhora na mercearia dizer a alguém que não era tão ruim quando uma
família rica perde um pai, porque eles podem se dar ao luxo de contratar para ajudar, mas que
uma verdadeira tragédia é quando uma família pobre perde um pai, porque então as crianças
pequenas geralmente ficam sem muito cuidado.”
Sara apertou os olhos quando fez uma careta.

“Eu sei”. Annette sorriu. “E quando ela deixou o carrinho por alguém tempo, eu belisquei seu
pão e furei seus tomates”.

Sara riu.

“Ela se saiu fácil”.

“Não Sara, que é o meu ponto! As pessoas não são indelicadas de propósito. Eles apenas não
sabem o que dizer. E a razão que elas não sabem o que dizer é porque nada do que poderiam
dizer faria qualquer diferença real. Não há algo que qualquer um pode fazer por você. Minha
mãe diz”.
Annette parou de repente, como se ela não tivesse a intenção de começar a falar alguma coisa.
Então ela começou: “Eu acho que eu quero duas coisas, realmente: Eu quero que as pessoas
que estão sofrendo a partir da morte de alguém que ama entendam que vão se sentir melhor de
novo, e que ela não precisa levar um longo tempo, e para aqueles ao seu redor apenas relaxem e
esperem que isso aconteça. Todo mundo simplesmente se preocupa demais com essa coisa de
morte.”

Sara se voltou para cima de repente, olhando fixamente para o rosto de Annette. Ela mal podia
acreditar no que ouvia. Que soou exatamente como algo que Salomão diria. Sem nunca se
encontrar com Salomão, Annette também sabia disso.

“Não muito tempo depois que minha mãe morreu, minha tia trouxe uma bela gatinha branca de
pelos macios para nós. Meu pai não gostou nada. Eu acho que ele estava realmente bravo por
ela ter feito isso. Minha tia colocou a gatinha no meio do nosso chão na sala, e a gata pulou
para cima da cadeira favorita de minha mãe. Minha mãe adorava fazer bordado próximo a
janela. A gata ficou enrolada na almofada e deitou a cabeça sobre as patas, como se dissesse:
“Agora, este lugar me pertence”.

“Meu pai empurrou a gata para fora da cadeira, e depois a gata boba saltou em cima de outra
cadeira e no sofá, eu acho que ela subiu em cada peça da mobília da casa. Lembro-me dele
atrás dela por toda a casa. Eu não acho que houve um único lugar que ela não subiu. E quando
terminou, pulou direto para trás da cadeira de minha mãe.”

“Fui busca-la e a segurei em meu colo, e ela lambeu meu rosto com sua língua áspera e
ronronou. Lembro de ter me sentido tão feliz. Eu ria pra valer. Me sentia tão bem.”

“Eu ouvi meu pai xingar minha tia no outro quarto. Ele disse: Nem mil gatinhos irão trazer a
mãe dela de volta!”
“E a minha tia respondeu: Eu não estou tentando trazer a mãe de volta, estou tentando trazer
Annette de volta.”
“E eu me lembro que pensei: Sim, estou de volta”.
Sara sentiu solavancos de emoção bater por todo seu corpo. Ela mal podia acreditar nas coisas
que ela ouvia de Annette. Ela sabia, sem dúvida, de que era hora de compartilhar o seu segredo
sobre Salomão com sua nova amiga. Ela mal podia esperar para encontrar Seth para lhe dizer
que ela mudou de ideia. Ela queria contar tudo a Annette. E acima de tudo, Sara queria que
Annette encontrasse seu amigo Salomão.

Capítulo 14
Explicando quem é Salomão

Sara deixou a escola tão rapidamente quanto pode. Ela esperava se encontrar com Seth no
caminho para a casa da árvore e dizer-lhe sobre sua nova decisão de deixar Annette saber a
respeito de Salomão. Mas Seth e Annette já tinham ido, de fato, e estariam à espera de Sara.

“Oi caras”, Sara disse sem fôlego quando ela subiu na casa da árvore.
“Oi, Sara”. Seth sorriu. Ele estava contente de vê-la. Os três se sentaram sem jeito e ficaram a
olhar um para o outro. Então, de repente, Annette deixou escapar: Minha mãe diz que eu
deveria:...” Sua voz sumiu. Ela olhou para baixo e brincava com o medalhão pendurado no
pescoço.

Sara e Seth se entreolharam.

“Ela disse que você não é como a maioria das crianças. Que você entende a morte. Que você
tem um amigo morto, e que seu amigo morto me conhece, também.” Sara e Seth se
entreolharam. Nenhum deles sabia o que dizer.
“Bem” Sara começou, “nosso amigo não é exatamente morto mais. Quero dizer, ele estava
morto, mas agora ele não está”.

Annette apertou os olhos e olhou para Sara, tentando dar sentido ao que ela acabara de ouvir.
“Ele estava morto, mas não está agora?”

“Veja bem, ele estava vivo”. Seth tentou ajudar. “Salomão, este é o nome dele, mas depois o
irmãozinho de Sara e seu amigo o matou com uma arma.”

Agora os olhos de Annette se arregalaram. “Matou-o com uma arma? Esses meninos matou
este homem, Salomão, com uma arma?”
“Oh não, Annette, Salomão não é um homem. Ele é uma coruja.”
“Seu amigo morto é uma coruja.”

Sara e Seth se entreolharam. Isso estava saindo tudo errado. “Bem, ele não está morto agora.
Mas ele é uma coruja. Uma coruja falante.”

Annette respirou fundo e recostou-se contra a árvore. “Oh, eu vejo.”


Sara e Seth ficaram sentados em silêncio, olhando um para o outro e depois para Annette. Isso
não estava correndo nada bem. E se Annette não acreditar em nós? E se ela apenas pensar que
somos loucos? E o pior de tudo, e se ela dizer a alguém o que dissemos a ela? Sara começava a
se arrepender por falar a Annette sobre Salomão. Mas já era tarde demais para voltar atrás.

“O que você quis dizer quando falou que esta coruja Salomão estava morta, mas agora está
viva?”

Sara respirou fundo, “Bem”, disse ela, hesitante, “é uma longa história, mas aqui vai.”
Distraidamente ela arregaçou as mangas de sua blusa como se ela estivesse realmente se
preparando para trabalhar em alguma coisa. Seth se sentou ao lado dela, olhando-a atentamente.
Ele dobrou suas longas pernas para cima e se inclinou para frente como se estivesse ansioso
para ouvir a interessante história, que estava prestes a ser contada. Sara podia senti-lo ao lado
dela, e ela teve uma sensação de conforto quando percebeu que desta vez os dois estavam
juntos nessa. Ela não se sentia tão só, em apuros, para expor sua esquisitice a sua nova amiga,
como tinha sido antes, quando estava sozinha explicando tudo isso para Seth.

Tanta coisa havia acontecido na vida de Sara desde o encontro com seu querido amigo
Salomão, que ela tinha dificuldade em encontrar o ponto de partida. Ela havia aprendido muito
com Salomão, e de muitas maneiras, achava que era até mesmo desnecessário tentar voltar ao
começo. Ela não tinha certeza se poderia, mesmo que ela tentasse.

Seth percebeu que sara estava tendo dificuldades para começar, mas considerou que era melhor
deixar que ela contasse a história porque, afinal, Salomão era amigo de Sara em primeiro lugar.

Sara lembrou-se do dia de neve em que havia encontrado Salomão sentado em um poste na
Trilha Thacker, e seu espanto quando ele falou com ela como se corujas sentadas em postes
conversassem com meninas o tempo todo. Sara pensou em quão inteligente Salomão foi, e
como ele tinha repostas para cada pergunta que ela pudesse fazer. E ela se lembrou de como
Salomão tinha mostrado a ela como voar e tomou ela e Seth em voos maravilhosos a noite em
torno da pequena montanha de sua cidade.

Sua mente estava girando. Ela simplesmente não conseguia decidir por onde começar. Ela
queria que Annette soubesse tudo sobre Salomão logo de uma vez. Mas qual era a melhor
maneira de começar?

Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça, Eu sou quem eu sou, e nenhuma quantidade de
explicação vai mudar isso. Annette vai se adaptar à ideia sobre mim, assim como você e Seth.
Está tudo bem. Basta começar.

Seth viu uma sensação de calma descer sobre Sara, e ele relaxou e se encontrou na árvore. Ele
podia sentir que tudo estava bem, e ele podia sentir a inspiração de Sara começando a fluir.

“Bem, Annette, eu acho que eu gostaria de começar explicando para você quem é Salomão”.
“Ele é uma coruja, né?” Annette entrou na conversa rapidamente.
Seth e Sara se entreolharam e sorriam.
“Bem, sim, ele é isso, mas oh, Annette, ele é muito mais! Salomão diz que todos nós somos
muito mais do que nós pensamos que somos.” Seus olhos estudavam o rosto de Annette com
cuidado, prestando atenção a qualquer sinal de alarme ou descrença.
“Vá em frente”, Annette incentivava.

“Ele diz que, enquanto estamos aqui, nestes corpos, que podemos ver e sentir, existe uma outra
parte em nós que é muito mais antiga, que nunca morre e que essa parte de nós está realmente
aqui conosco o tempo todo. Salomão diz que algumas pessoas chamam essa parte de nós de
Alma, mas Salomão chama de nosso Ser Interior.”

Annette estava em silêncio.


“Salomão diz que o nosso Ser Interior vive para sempre. E que às vezes se expressa em uma
experiência física. Ele diz que não é como estar vivo ou morto, porque não existe tão coisa
como morte. É que, por vezes, que o Ser Interior entra em uma forma física e às vezes sai, mas
é sempre vivo e sempre feliz, da mesma forma”.

“Continue”, disse Annette.


“Somos uma extensão do nosso Eu Interior. E quando estamos realmente nos sentindo bem,
isso significa que estamos permitindo que mais do nosso Ser Interior flua através de nós nesse
tempo. Mas quando não nos sentimos tão bem, você sabe, como quando estamos com medo ou
raiva de alguma, coisa, então não estamos permitindo que quem realmente somos possa
brilhar”.

Uma lágrima saiu pelo olho de Annette e escorria pelo seu rosto. Sara olhou para Annette. Não
sabia se ela deveria continuar.

“Minha mãe me disse quase a mesma coisa, Sara. Ela veio para mim em um sonho, e ela disse
que iria falar comigo, se eu quisesse, mas só quando eu estivesse feliz. Ela disse que eu não
seria capaz de ouvi-la a menos que eu estivesse bem. Quando acordei, eu chorei e chorei. Eu
não acho que seria possível, agora que ela estava morta, ser feliz novamente. E então eu pensei
que nunca iria chegar a falar com ela novamente.
„Mas então, minha tia trouxe-nos aquela gatinha, a gatinha que lambeu meu rosto com sua
língua áspera aquela vez. E enquanto eu estava rindo, ouvi a voz de minha mãe. Ela disse: Ela é
uma linda gata, Annette, por que você não a chama de Sara.”

“Eu estava tão feliz, porque então eu entendi o que minha mãe queria dizer. Quer dizer, eu
ainda estava triste de verdade quando eu pensei sobre sua morte e tudo o mais, mas naquele
momento, percebi que, se uma gatinha pode brincar comigo e me distrair da minha tristeza o
suficiente para que eu pudesse ouvir a minha mãe, então deveria ter muitas outras coisas que eu
poderia pensar que iria me ajudar a ouvi-la também.”

Sara e Seth ouviram com espanto. Sara queria abraça-la e beijá-la. O que ela estava preocupa
em explicar, Annette já tinha compreendido, através de sua própria experiência de vida, muito
antes de Sara decidir dizer a ela.
Os três se sentaram amontoados em um pequeno círculo, em silêncio olhando um para o outro,
os olhos cheios de lágrimas de felicidade de reconhecimento em um pequeno círculo, o
reconhecimento do outro e do bem-estar. Sara estendeu os braços, colocando um em torno de
Annette e o outro em torno de Seth. Seth e Annette estendeu a mão e fez a mesma coisa.
Sentaram-se juntos, os seus corações estava a cantar.

Eu acho que essa é a minha oportunidade, disse Salomão, empoleirado no galho mais alto da
árvore grande. Nunca poderia haver um momento melhor do que este. E, em um mergulho
rápido e gracioso de alta sobrecarga, Salomão desceu sobre seus três amigos sem penas, caindo
bem no meio deles.
Tem espaço para mais um? Perguntou ele.

“Salomão!” Sara gritou. “Estamos tão contentes em vê-lo!”


Bem, meus amigos sem penas, isto é agradável de se ver.
Olá Annette, é muito bom conhece-la formalmente.

Annette ficou de boca aberta. Ela olhou para Sara e depois para Seth e depois para Salomão e
depois para Sara. Sua boca se movia, mas as palavras não estavam saindo.

Sara e Seth estavam radiante. Eles reconheceram como Annette deve estar se sentindo, porque
não tinha passado muito tempo desde que ouviu pela primeira vez a respeito de Salomão falar.

“Bem”, disse Sara, “é como sempre dizem: Uma coruja falando vale mais que mil palavras”.
Seth e Annette riram.

Bem, crianças, eu não posso ficar, disse Salomão. Estou atrasado para minha aula de espanhol.
Mas eu vou estar de volta amanhã. Podemos falar, então se vocês quiserem. Hasta la vista. E
rápido como um piscar de olhos, Salomão foi para cima e para longe.

Sara e Seth caíram na gargalhada.

“Não só ele fala, como fala em mais de uma língua”, disse Annette, rindo tanto que as lágrimas
corriam pelo seu rosto.
“Aparentemente sim”, Sara disse rindo, ainda rindo. “Nunca há um momento de tédio por aqui.
Sempre perfeito e sempre mudando.”

Os três permaneceram imóvel na plataforma.

“Querem balançar na árvore?” Seth finalmente perguntou.


“Não”, disse Sara.
“Não”, disse Annette.
Capítulo 15
Conversando com Salomão

Sara, Seth e Annette sentaram no chão da casa da árvore à espera que Salomão fosse se juntar a
eles.

“Nós poderíamos balançar enquanto esperamos”, Seth sugeriu.


“Não, eu estou bem”, disse Sara.
“Eu também”, Annette concordou.

A mente de Sara ainda estava agitada. Ela mal tinha dormido na noite anterior e mal tinha
notado qualquer coisa que tinha acontecido na escola hoje. Uma questão lhe tinha ocorrido e
ela simplesmente não podia esperar para perguntar a Annette.

“Você disse que sua mãe lhe contou sobre nós?”


“Sim”.

Sara queria que ela continuasse.

“Ela vem até mim em meus sonhos. Não todos as noites, só às vezes. Oh, lá está ele” Annette
saltou sobre seus pés apontando para o céu.

Sara e Seth pularam também.

“Ele é enorme!” Annette exclamou, enquanto observava Salomão circulando no céu acima da
casa da árvore.

Sara e Seth se entreolharam e sorriram. Fazia muito tempo desde que Salomão tinha feito uma
grande entrada. Sara viu e sentiu que Annette teve um sentimento familiar de antecipação
emocionada quando Salomão circulava cada vez mais perto, até a casa da árvore.

E então, plunk. Salomão pousou no corrimão. Bem, Olá, meus amigos sem penas...
Annette gritou em deleite.

Como você está hoje, Senhorita Sara? Salomão olhou profundamente nos olhos de Sara.
“Nunca estive melhor!” Sara se sentia maravilhosa.
Isto parece perfeitamente claro para mim. E Seth?
“Eu estou bem, Salomão. Eu estou muito bem,”
Sim, é verdade. E, Annette, estamos muito felizes que você tenha se juntado a nós. Como você
está hoje?
“Eu estou bem, também, Salomão. Eu estou tão feliz que todos vocês me incluíram. Eu naõ
posso acreditar o quão grande é isto. Eu me sinto tão sortuda.”
Todos nós nos sentimos dessa forma, Annette. É maravilhoso estarmos juntos. Somos pássaros
da mesma plumagem, você sabe – aves da mesma pena voam juntos! Annette riu.
Sara, o que você diria qual é a coisa mais importante que você aprendeu desde que temos nos
reunida juntos? Salomão pediu. Annette e Seth riram.

Sara olhou para Salomão. Por que ele foi fazer uma pergunta tão grande a ela? Por que
Salomão não começa explicando a Annette, na forma como ele tinha explicado a Sara e depois
para Seth? Ela esperava que Salomão iria mostrar a Annette como voar, como ele havia
mostrado a ela, quando ela o conheceu, ou a Seth, quando o conheceu.

Ela apertou os olhos, tentando encontrar a resposta a esta pergunta muito abrangente. Parecia
que havia muitas coisas importantes que ela havia aprendido com Salomão. Tantas coisas
tinham acontecido na vida de Sara desde o encontro com Salomão, e ele tinha ajudado ela e
Seth através de tantas situações, não parece possível peneirar tudo isso agora e decidir a única
coisa mais importante.

“Salomão, eu não...”
Sara, Salomão interrompeu, vou dar uma dica. A maneira como você sabe o que é a coisa mais
importante é quanto a emoção que você sente aquilo é muito, muito forte. Então, se você
consegue se lembrar da mais forte emoção, você vai descobrir o que é mais importante.
“Você quer dizer boas emoções ou emoções ruins?” Sara perguntou. Isto foi divertido. Ela
adorava aprender com Salomão desta forma.
Quero dizer, bom ou ruim. Quando o sentimento é forte, se é bom ou ruim, ele sempre significa
que é importante. Mas, muitas vezes, é mais fácil para você lembrar dos poderosos sentimentos
quando as emoções são ruim. Eles são frequentemente o primeiro indicador de que algo
importante está acontecendo.
“Então você está dizendo que se eu me lembro sobre a pior coisa que já aconteceu para mim,
ou os sentimentos piores que eu já senti, então eu vou saber a coisa que é mais importante?”
Isso mesmo.
“Bem, Salomão, quando você coloca desta maneira, é fácil de responder. Porque o pior que eu
já senti em toda a minha vida foi quando Jason e Billy atiraram em você. E você estava
sangrando. E então fechou seus olhos. E eu pensei que você estivesse morto”.

Annette estremeceu e cruzou os braços firmemente em torno de si mesma.


Sara, eu estava morto! Salomão disse dramaticamente. Pelo menos na forma como vocês
mortais olham para isso. Seu pai havia sepultado minha pilha de penas amassadas e roídas pela
traça no quintal. Não se lembra?

Uma explosão de risos saiu da boca de Sara. Desrespeito flagrante pela morte de Salomão a
pegou desprevenida. E sentado ali, conversando com alguém sobre sua própria morte, enquanto
eles estavam, neste momento, de forma muito viva, de alguma forma tomou a picada fora deste
assunto solene.

Sim, eu prevejo muitas conversas alegres com a morte à frente dos três.
Sara, Seth e Annette todos riram. “Salomão, com certeza você tem uma perspectiva sobre as
coisas estranhas.”
Eu tenho uma perspectiva estranha? Eu acho que são vocês mortais que têm uma perspectiva
estranha. Pense nisso: Cada um de vocês sabiam, quando você veio para estes corpos físicos
maravilhosos, que seriam apenas inquilinos temporários neles. E cada um de vocês, mesmo
agora, entendem que não iriam ficar permanentemente neles. Vocês todos acreditam que vão
morrer. E ainda assim insistem em se preocupar com a morte indo contra ela.
Vocês não a vê como bela, como uma coisa normal, que é milagrosa. Em vez disso, vocês a vê
como algo indesejado e odiado, vocês a vê como uma penalidade. E quando vocês encontram
alguém dentro de sua sociedade que realmente desprezam, dar-lhes-ão a “pena de morte”. Não
é de admirar que vocês estão confuso sobre este assunto.

Os três olharam em silêncio para Salomão. Ele estava certo. Nenhum deles conhecia alguém
que não tivesse medo da ideia da morte. Era um assunto, solene e desconfortável.

A maioria das pessoas têm tanto medo da morte que eles não se permitem viver. E isso é
particularmente infeliz, já que não há tal coisa como a morte. Existe apenas a vida e mais vida.
“Eu quero saber tudo, do jeito que você faz, Salomão”, disse Sara.

Bem, Sara, você já sabe. Eu só estou aqui para ajudar você a lembrar de tudo com mais clareza.
Você vai estar se lembrando de uma coisa de cada vez, e tudo em tempo útil. Vocês três estão
indo muito bem na sua lembrança de quem vocês são.
Bem, eu estou indo. Vocês crianças têm um bom tempo para balançar na corda. Bom dia!
Salomão levantou voo poderosamente para o céu e foi embora.

Annette olhou para seus dois novos amigos. Ela se sentiu mais feliz do que ela poderia lembrar
de ter se sentido.
“Minha mãe estava certa”, disse ela. “Você sabe sobre a morte.”
“Nós sabemos” disse Sara. “Nós apenas temos que continuar lembrando que sabemos”.

Capítulo 16
Retirar a atenção negativa

Sara deixou o casaco sobre a estaca de cimento no final da ponte da rua principal e caiu em seu
“poleiro inclinado”, se aquecendo no calor do sol da tarde de sábado. Ela amava este lugar, e
amava este rio. Sara adorava esse rio mais do que ninguém jamais adorou. Ela amava-o na
primavera, quando ele quase transbordou e banhava por cima da passagem que ela adorava
correr transversalmente.

Ela amava-o no inverno, quando o gelo penetrava a partir das bordas para o centro até a água
gelada silenciosamente correr por baixo do gelo coberto de neve. Ela amava-o no verão,
quando estava quente o suficiente para que você pudesse arregaçar as calças e caminhar nas
partes rasas do mesmo. E ela adora no outono, como agora, cheio de folhas bonitas feitas
jangadas coloridas, flutuando rio abaixo para lugares desconhecidos.
Sara muitas vezes fingiu que ela era pequena o suficiente, como Thumbelina, seu personagem
favorito de livros de histórias de dormir, para montar uma balsa de folha pequena e descobrir
mundos maravilhosos e desconhecidos que havia entre sua pequena vila de montanha rio
abaixo até o oceano gigante. Ela apoiou o queixo nos joelhos, pensou em como montar uma, e
sorriu.

Sua mãe iria adorar isso, ela pensou sarcasticamente, lembrando quantas vezes ela manifestou
sua preocupação sobre a obsessão de Sara para com este rio. Seus pensamentos agradáveis
sobre o rio desapareciam quando ela se lembrava da preocupação irracional de sua mãe.

Os pais são muito alarmistas, ela pensou. Eles se preocupam demais com tudo, quando na
verdade não há nada para se preocupar.

Sara lembrou seu encontro incrível com este rio. Ela sempre tem uma estranha mistura de
sentimentos quando se lembra de ter caído na travessia do rio, ou melhor, sendo jogada fora da
travessia por um cão enorme. No pouco tempo que ela estava na água, ela havia se mudado do
puro terror a uma espécie de resignação relaxada de que ela provavelmente iria se afogar, para
o milagre de como tinha flutuado de costas várias milhas rio abaixo, para a realização triunfante
que, não importa como, tudo terminou bem.

Sara sabia que seu passeio estranho naquele rio fantástico, de alguma forma a mudou. Era o
início de sua compreensão de que tudo realmente estava bem.

“Sara! Sara! Sara!”


Sara foi sacudida pelo som da voz de seu irmão pequeno.
“Você ouviu falar que Samuel Morris quase se afogou no rio? Sara! Sara! Você ouviu?” Jason
gritava enquanto corria em sua direção.

Sara rastejou de volta para fora de seu poleiro inclinado, assistindo seu irmão frenético
correndo em sua direção e segurando seu chapéu, ao mesmo tempo.
“Samuel?” Sara disse, baixinho. “Quem é Samuel Morris? Ah, não,” ela engasgou. É o irmão
de Seth.

“Como você sabe disso? Quem te disse? Onde está ele? Ele está bem?” As questões de Sara
veio em tal fluxo constante que Jason não poderia responder uma antes da próxima, então
deixou escapar:

“Eles estavam falando sobre isso na Farmácia do Pete.”


“Bem, diga-me!” Sara gritou com raiva, agarrando o pulso de Jason e olhando-o com força no
rosto. “O que eles disseram?”
“Eu não sei!” Jason gritou de volta, puxando seu braço para trás defensivamente. “Nossa, Sara,
o que deu em você?”

“Sinto muito, Jason, eu não queria agarrá-lo. Eu quero dizer...” a voz de Sara sumiu. Ela não
estava prestes a explicar ao seu pequeno irmão a amizade maravilhosa que tinha com Seth,
irmão mais velho de Samuel. Ela não poderá explicar nem em cem anos de tentativas. E de
qualquer maneira, este não era o momento de começar. “Apenas me diga o que você ouviu.”

Jason olhou teimoso. Ele não gostou da forma como Sara tentou mantê-lo por perto, e ele
gostava de saber algo que ela queria saber. Isso o fazia sentir-se poderoso.
“Por favor, Jason, o que você ouviu? Por favor me diga!”
“Só sei que esse garoto idiota havia tentado construir uma jangada, e ele estava tentando flutuar
até o riacho, mas quando o riacho desaguou no rio, a balsa virou e ele caiu, e a correnteza era
muito forte. Ah, e algo sobre seu irmão puxando-o para fora na hora certa.”

“Seth! Sara pensou. “É ele... eles estão bem?”


“Eu não sei, Sara. Isso é tudo o que sei.” Jason correu em direção a casa.
Sara ficou no meio da ponte, sem saber o que fazer em seguida. Ela deveria ir à casa de Seth e
apenas bater na porta? Isto parecia estranho. Ela nunca tinha estado dentre de sua casa. Talvez
eu deva seguir adiante e ver o que está acontecendo lá. Ela virou a esquina e seguiu para casa
de Seth.
A rua parecia muito bonita como sempre foi.

Sara não podia ver ninguém, não havia carros ao redor, e ninguém sequer. A casa parecia
silenciosa, como de costume. Nada parecia estar se mexendo em qualquer lugar.

O coração de Sara estava batendo duro no peito. Ela queria encontrar seu amigo e pedir a sua
garantia de que tudo estava bem, mas ela não sabia para onde ir. Ela raramente via Seth nos
finais de semana. Ela não sabia o que fazer. Sara começou a correr em direção à farmácia.
Talvez eles ainda estariam falando sobre isso.
Talvez alguém lá saberia o que aconteceu.

Sara explodiu pela porta da frente da farmácia, que ficava em um prédio velho em ruínas. O
cheiro familiar de medicamentos e perfumes, combinado com o de hambúrgueres e as cebolas
cozinhando na grelha, a saudou. Ela viu um punhado de gente sentado na lanchonete,
conversando uns com os outros ansiosamente sobre algo. Ela se escondeu atrás da banca de
revistas, de modo a não ser notada, e moveu-se tão perto quanto ela ousou, esticando as orelhas
para ouvir.

“Garotos estúpidos. Eles simplesmente não parecem compreender as correntes perigosas desse
rio. Eles acham que é um parque infantil, está lá para entretê-los.” Sara ouviu uma mulher idosa
se queixando.
“Bem, isso é apenas a maneira como as crianças estão hoje em dia, você sabe. Eles acham que
tudo é um jogo. Você dificilmente pode leva-las para trabalhar”, Pete, o proprietário, disse,
limpando o balcão com um pano manchado e com aparência oleosa enquanto falava.

Sara estremeceu um pouco enquanto ouvia. Vamos lá, pensou. O que aconteceu? Falem sobre o
que aconteceu.
“Bem, este não é o primeiro filho que quase se afoga no rio. Não foi a menina Henderson que
quase se afogou, também? Qual é seu nome? Sara, não é? Ouvi dizer que ela caiu e quase se
afogou. Alguém deveria fazer alguma coisa em relação a esses pequenos que se jogam no rio.
Eles simplesmente não devem ser autorizados a fazer isso.”

Sara encolheu atrás do porta-revistas. Se eu fosse seu filho, eu teria acabado de construir uma
balsa, tão longe de você quanto possível, Sara pensou. Longe de todos vocês, Vocês sabem
apenas falar, são pessoas horríveis que não sabem nada.
A porta da frente bateu, e três homens entraram.
“Eles vão ficar bem”, Sara ouviu um deles falando.
“O mais velho ficou bastante cortado em um pedaço de arame farpado, mas não parece tão
mau. Ele provavelmente ficará bom, se não sangrar até a morte durante o caminho.”

O coração de Sara saltou em sua garganta. Seth! pensou. Seus olhos se encheram de lágrimas.
Ela sentiu como se não fosse aguentar mais um minuto.

“Ele é nadador forte, aquele garoto. Quer dizer, eu teria pensado duas vezes antes de saltar lá.
A correnteza é muito forte.”
“Será que foi feito ponto no ferimento?”
“Para dar ponto tem que sair da cidade. Foi encaminhado para o hospital de Fowlerville.”

Hospital! Seth está no hospital! Sara não podia suportar mais um minuto. Ela correu atrás do
porta-revistas e voou para fora da porta. Ninguém notou ela. Ela correu pela rua com lágrimas
escorrendo pelo seu rosto. Ela mal conseguia se lembrar de um momento mais terrível em sua
vida.
Ela correu através da ponte da rua principal, a trilha do rio, percorreu os caminhos secretos que
ela e Seth tinham feito até a casa da árvore. Estar em seu lugar secreto, sabendo que ele foi
ferido e, provavelmente, morrendo de medo, onde ela não podia vê-lo ou acalmá-lo ou ajuda-lo,
foi a coisa mais horrível que Sara poderia até mesmo pensar. Ela colocou o rosto nas mãos e
chorou, chorou e chorou.
“Salomão, Salomão! Onde está você, Salomão? Eu preciso de você. Eu preciso de você para
ajudar o Seth. Salomão, onde está você?”

Salomão estava circulando acima da casa da árvore. Sara abriu os olhos e olhou para o céu, mas
seus olhos estavam tão obscurecido com lágrimas que ela mal podia ver absolutamente nada.
Enxugou o rosto em sua manga e cheirou para tentar limpar o seu nariz. Sua cabeça estava toda
entupida. Nenhum ar passava pelo nariz. Sara havia chorado por um longo tempo. Não se sentia
bem.
Mas, vendo Salomão circulando no céu sobre ela deu-lhe uma sensação imediata de alívio.

Sara tinha aprendido muito com esta coruja maravilhosa e mágica. E a coisa mais importante
que ela tinha aprendido com ele foi sobre a poderosa Lei da Atração. A lei mais importante do
que todas as outras leis combinadas, Salomão explicou. A lei que diz: “Aquilo que é
semelhante a si mesmo é desenhado”.
Sara sabia que a maneira terrível como se sentia agora não era, de alguma forma, uma
correspondência com a sensação de bem-estar que Salomão tinha. E assim ela sabia que quando
ela estava se sentindo horrível, Salomão não poderia ajuda-la, não poderia mesmo ficar com
ela, pois Salomão era um professor de bem-estar.

Sara sentou-se reta e puxou o elástico do cabelo que estava segurando seu rabo de cavalo. Ela
segurou o elástico com os dentes, penteou os dedos pelo cabelo, e amarrou seu rabo de cavalo
novamente com o elástico. Enxugou o rosto em sua manga, respirou fundo e tentou encontrar
alguns pensamentos de bem-estar, ela deve liberar esses pensamentos traumáticos e substituí-
los com o sentimento de bons pensamentos. Mas esta não era uma tarefa fácil de fazer. Não
quando seu melhor amigo no mundo inteiro estava em apuros.

Sara viu como Salomão circulou no céu. Suas grandes asas batiam fortemente quando ele
estava subindo, subindo, subindo, e depois ele deslizou suavemente para baixo, para baixo, para
baixo. Simplesmente observando seus círculos hipnotizante, Sara começou a se sentir melhor,
quase tranquila e, em seguida, Salomão caiu suavemente na plataforma ao lado dela. Tudo está
bem, doce Sara, Salomão começou.

“Salomão, obrigada por ter vindo. Samuel caiu no rio, e Seth o salvou, mas acho que Seth está
ferido, e eu não sei sobre Samuel.”
Salomão ouviu como Sara explicou.
Então Sara surpreendeu-se, lembrando que ela não tem que explicar nada disto a Salomão. Por
Salomão, Sara sabia tudo. E certamente ele sabe sobre Seth. Para Sara, Seth e Salomão eram os
melhores dos amigos.

Parece que você foi levada pelo trauma da multidão da farmácia, Sara. Esqueceu-se que o bem-
estar abunda?
Sara olhou para Salomão. “Oh sim, eu acho que sim”, disse ela suavemente, sentindo-se
envergonhada.
Sara, não seja dura consigo mesmo. É uma coisa normal os humanos fazerem com que a
realidade do momento que você está observando determine o tom para o caminho que você está
sentindo. Quando alguém que você ama experimenta algo que você não quer para ele ou ela, é
normal sentir-se mal. Mas lembre-se, Sara, você é aquela que oferece amor incondicional. E
aquele que entende e vive o amor incondicional é capaz de se sentir bem em todas as situações.

Sara sorriu quando ela lembrou as muitas horas que ela, Salomão e Seth tinham falado sobre o
amor incondicional. E como é fácil se sentir bem ou sentir amor por alguém ou alguma coisa
quando tudo está indo bem, mas o verdadeiro teste do amor incondicional é para deixa-lo fluir
totalmente através de você mesmo quando as coisas não parecem estar indo bem.

Seth e seu irmão estão muito bem, Sara. E eu suspeito que as feridas do arame farpado vai
fechar com bastante facilidade. Mas as feridas que deixam os pais desta cidade preocupadas, ou
com medo, vai persistir, bem, essas podem ser mais preocupantes.
Sara sabia exatamente o que Salomão quis dizer. Ela tinha experimentado uma dose muito boa
daquilo quando estava se escondendo atrás do porta-revistas na farmácia.
Você vai ser uma grande ajuda lá, Sara.
“O que você quer dizer?”
Você será, sem dúvida, a única pessoa que não vai dramatizar a experiência negativa. Você será
a única pessoa estável na vida de Seth que vai ficar sabendo completamente antes dele sobre o
bem-estar de sua experiência.
Sara sentiu um rio forte lavar a culpa por ela, pois ela não vinha mantendo seu conhecimento e
de Seth sobre o bem-estar.
Ela tinha sido facilmente arrastada pela corrente do medo e do trauma.

Não se sinta mal sobre seus pensamentos preocupantes, Sara. Seu medo só aponta o seu grande
amor para o seu amigo. Mas você encontrou o seu equilíbrio rapidamente. Na verdade, você é
mais forte em seu conhecimento agora do que você teria sido se você não tivesse perdido o seu
fundamento por um tempo. O seu desejo de manter o seu equilíbrio é muito mais forte agora.

Sara se sentiu muito melhor!


Sara, mostre seu amor para com o seu amigo não dando nenhuma atenção para as lesões dele.
“Mas Salomão, ele não vai se sentir como se eu o tivesse abandonado?”
Sara, eu não estou sugerindo que você retire a sua atenção do seu amigo, e sim, só de retirar a
sua atenção negativa. Dê sua atenção a Seth, mas apenas se concentre em aspectos de sua
experiência que te faz se sentir bem enquanto você se concentra neles. Acredito que muita coisa
boa virá a partir disto, Sara. Tudo está muito bem, menina. Eu vou falar com você mais tarde.

Salomão levantou, com suas asas poderosas, e silenciosamente, voou para longe.
Sara respirou fundo. Salomão tinha lhe dado uma grande contribuição para pensar. Ela se
perguntou quando iria ver Seth, e ela se perguntou o que poderia dizer a ele. Se sentiu aliviada
pelo fato de que não iria vê-lo hoje, porque queria tempo para pensar sobre tudo isso, e para a
prática de ter apenas sentimentos positivos e de bons pensamentos.

Capítulo 17
Sara acalma Seth

Durante todo o dia, Sara fez seu caminho pelos corredores lotados entre as salas de aula,
buscando por Seth. Espero que ele esteja bem, pensou tristemente.
Ela desceu a escada do quarto andar para o terceiro, depois para o segundo, e quando ela
contornou a última curva que conduz ao nível do primeiro andar do prédio da escola, viu Seth
caminhando lentamente pelas escadas. Ela diminuiu a velocidade e andou vários passos atrás
dele, observando-o. Sua mochila foi estranhamente pendurada em seu ombro direito. Por um
momento, Sara perguntou por que ela não estava em sua costa, do que jeito que ele sempre
usava, e então ela notou uma bandagem grande e volumosa em seu braço esquerdo, que parecia
envolver o braço inteiro, do ombro direito até as pontas dos seus dedos.

Sara engoliu em seco, percebendo a partir do tamanho da bandagem do braço esquerdo de Seth,
concluiu que deve ter sofrido alguma lesão muito grave. E então, quando ele se virou para sair
pelas portas dianteiras grandes, Sara engasgou em voz alta quando ela viu outro curativo
cobrindo quase todo o lado esquerdo do seu rosto. Ela pensou em gritar por ele, querendo
acalmá-lo. Ou talvez ela queria que ele a acalmasse?

Segurando o corrimão da escada para se firmar, sentindo os joelhos como se eles fossem ceder
bem debaixo dela, Sara lembrou do sábio Salomão, palavras claras:
Você será a única pessoa, sem dúvida, que não vai dramatizar a experiência negativa. Você será
a única pessoa estável na vida de Seth que vai ficar sabendo completamente antes dele o bem-
estar de sua experiência.

A última coisa que ela queria era que Seth pudesse perceber o que ela estava sentindo. Sara
estava feliz que por não ter encontrado Seth durante todo o dia. Ela realmente precisava de
mais tempo para encontrar seu lugar. Como neste mundo ela poderia ser uma pessoa estável e
não dramatizar sua experiência negativa, quando metade de seu corpo estava coberto por
ataduras tornando sua aparência terrível? Como ela poderia fingir que tudo estava do mesmo
jeito como era antes?

Salomão, Sara gritou em sua mente, eu preciso de sua ajuda. Eu preciso de você para me ajudar
a concentrar em algo bom sobre as ataduras de Seth.
Sara, esses curativos maravilhosos estão ajudando no processo de cicatrização. Debaixo
daquelas ataduras estão células inteligentes de bem-estar. Essas células estão convocando a
Fonte de Energia, de forma mais poderosa do que o habitual, para ajudar no processo de cura.
O corpo humano é uma coisa notável, Sara. É resistente, flexível e saudável, por isso é só
imaginar as bandagens removidas e a bela aparência de Seth restaurada de novo.

Sara sorriu. Salomão tinha uma maneira de fazê-la sempre se sentir muito melhor.
“Obrigada, Salomão!”
“Hey, Seth, espere!”

Seth não estava se movendo muito rápido, mas ele já estava do outro lado do estacionamento.
Sara correu para alcança-lo.
“Hey!” Disse Sara, quando ela se encontrou com Seth.
“Hey!” Seth disse olhando para ela.

“Eu ouvi dizer que você é um nadador fantástico e que a forte correnteza não o impeliu nem um
pouco”, disse Sara, querendo enfatizar o ponto mais positivo que ela pudesse pensar sobre a
experiência extraordinária que Seth viveu desde que ela o tinha visto pela última vez.
Seth estava quieto.

“Você pensou e agiu rápido para salvar a vida de Samuel!”


Seth ainda estava em silêncio.
“E a peruca da Sra. Carlisle que caiu no pudim de banana e se enroscou com o Mixmaster, e
eles tiveram que jogar fora todo o pudim.” Sara sorriu. Ela não tinha ideia por que isso saiu
dela, mas ela estava feliz em perceber que Seth estava sorrindo também.

Ele riu. “ Sara, isso realmente aconteceu, ou você quer fazer as pazes?”
“Não, eu juro, isso realmente aconteceu! Seth, você sabe que eu nunca iria mentir para você.
Não sobre coisas importantes como pudim, ou coisa parecida.”
“Sim, está certo”. Seth riu. “Bem, tudo bem então. Isso é bom.”
“É bom vê-lo, Seth. Senti sua falta.”
“Sim, senti sua falta também, Sara. Acho que vai demorar alguns dias antes que eu possa
balançar na árvore, não posso ir lá hora à noite porque...” Ele parou, não querendo explicar que
ele deveria ir ao consultório médico.
“Nada demais”, desse Sara, “Nós vamos recuperar o atraso em alguns dias. Tenho cerca de um
milhão de coisas para lhe dizer, mas nada que possa esperar. Eu vou ver você mais tarde, Seth.”

Seth virou a esquina em direção à sua casa. Sara sentiu como se tivesse concluído com êxito
uma corrida de obstáculos, onde qualquer deslize e as coisas poderiam ter saído terrivelmente
errado. Ela sorriu um pouco. Ela se sentiu muito bem sobre o que tinha acontecido. Não foi
uma conversa negativa. Ela queria acalmar Seth, ela queria ajuda-lo a se sentir melhor. E ela
esperava poder fazê-lo.

Bom trabalho, Sara. Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça.


“Obrigada”, Sara disse suavemente. “Obrigada pela vossa ajuda”.

Capítulo 18
O Bem-estar é sempre abundante

Sara sentiu-se estranha ao ir para a casa da árvore, sabendo que Seth não estaria lá. Annette
tinha dito que provavelmente não iria, porque o seu pai queria que ela fosse atender a
empregada nova, ou algo assim.

Sara decidiu parar na Farmácia do Pete para comprar uma barra de chocolate. Ela ficou na
frente do display de doces tentando decidir qual deles comprar. Ela escolheu um, então mudou
de ideia e colocou de volta. Ela escolheu outro, então mudou de ideia novamente e devolveu.

Ela riu baixinho por causa da indecisão. Através dos anos, Sara tinha alegremente devorado
centenas de barras de chocolate. Mas hoje nenhum deles chamou sua atenção. “Oh, bem, você
fez uma boa escolha”, disse ela, pegando a barra de Hershey com amêndoas. Ela estava no
balcão, à espera de Pete para vir receber o dinheiro.

Pete estava por trás da fonte de soda conversando com as pessoas sentadas no bancos.
Ele não parecia notar que Sara estava lá, e ele continuou com sua história, limpando o balcão
distraidamente enquanto falava.

“Bem, o jovem vai ficar bem”, Sara ouviu uma mulher em um vestido branco falando. “Mas
isso terá consequências. Ele vai ficar marcado por algumas cicatrizes. Uma pena. Ele era um
rapaz bonito. Hmm, crianças. Eles nunca aprendem”.
Sara deixou a barra de chocolate no balcão e saiu da farmácia. Ela tinha perdido completamente
o interesse por qualquer tipo de doce. Ela caminhou cansada para a casa da árvore.

Ela sentou-se na casa inclinada para trás contra a árvore, com os joelhos encolhidos junto ao
peito, e apoiou o queixo nos joelhos. Foi um dia de outono quente, e o som do vento que se
deslocava através das árvores e folhas que caem em todos os lugares ao seu redor. Ela respirou
profundamente.

Bem, Salomão, onde quer que esteja, é só você e eu hoje. Como nos velhos tempos. Sara se
estendeu de costas sobre o chão da casa da árvore olhando para a grande árvore antiga. E agora
era cada vez mais forte a rajada de vento através das árvores, e uma chuva de folhas douradas
chovia em torno dela. Sara perguntou quanto tempo levaria para que as folhas pudessem cobrir
completamente o seu corpo. Ela sorriu com a ideia de Seth subir a escada para encontra-la
completamente enterrada sob as folhas caídas. Eu gostaria que ele estivesse aqui, pensou,
quando um forte sentimento de solidão tomou conta dela.

Oh Salomão, porque as pessoas ficam com cicatrizes? Sara ouviu um barulho forte na parte de
cima das folhas, e em seguida, uma porção de folhas flutuavam para baixo em torno dela.
Salomão sentou no chão da casa na árvore ao seu lado. Sara sentou-se, rindo e penteando seu
cabelo com os dedos.

Porque todas as pessoas ficam com cicatrizes, Sara?


“Eu não sei. Não é?”

Bem, Sara, isto é bastante variável. Alguns ficam e outros não. Realmente depende do seu nível
de resistência. Depende do quanto eles estão permitindo o bem-estar natural de seus corpos
físicos. Você vê, seu corpo é composto de trilhões de células, cada uma mantendo a visão da
sua perfeição e do seu lugar em todo o corpo.

“Salomão, essas células pensam? Quero dizer, você faz parecer como se fossem pessoas
minúsculas ou algo assim.”

Elas têm intenções diferentes, e elas concentram sua consciência de forma diferente da que
você faz, mas elas são a consciência, assim como você é, e que fazem pensar. Elas entendem.
Elas têm forte conhecimento. E, o mais importante, cada uma delas tem uma visão clara de sua
perfeição, e constantemente solicita o que for necessário para manter essa interminável
perfeição. Na verdade, Sara, a força vital presente em seu corpo vem por causa da solicitação
infindável dessas células.
“Uau! Mas Salomão, se essa células sabem quem são e mantém uma visão do ser perfeito,
então como é que as pessoas adoecem, ou como é que as pessoas ficam com cicatrizes?”

É só porque as pessoas às vezes tomam-se em pensamentos de preocupação, medo ou raiva,


onde elas não estão permitindo que a energia que as células estão pedindo passe livremente por
elas. Seus pensamentos preocupantes causam uma espécie de estática em seu corpo que não
permite que a energia flua através de uma forma não resistente.
Você vê, Sara, cada vez que alguém, mesmo uma minúscula célula do seu corpo, pede algo, é
sempre concedido. Assim, quando um corpo está ferido, de alguma forma, as células próximas
à lesão calculam exatamente o que elas precisam para recuperar seu equilíbrio e enviam
pedidos imediatos.

E, instantaneamente, a energia começa a fluir, e todos os outros aspectos do corpo começam a


responder, também. Nutrientes especiais de todos os tipos começam a fazer o seu caminho
através do corpo, e a cura natural começa imediatamente. E quando a pessoa que vive neste
corpo é feliz ou apreciativa, em seguida, a cura é permitida. Mas se essa pessoa está triste, com
raiva ou medo, a cura é dificultada ou resistida.

“Hmm. Mas eu acho que não é a coisa mais fácil se sentir feliz ou agradecido quando você
sofre um acidente.”
Concordo. É mais difícil. Mas, mesmo assim, com algum esforço qualquer um poderia fazê-lo,
especialmente se você entender que seu corpo tem um processo de cura natural.

No entanto, Sara, o que dá errado para a maioria das pessoas é que em vez de prestar atenção a
sua própria situação e ter consciência de sua própria permissão, ou resistência, e, em seguida,
perceber seus resultados, ao invés disso, eles estão observando o resultado de outras pessoas. E
quando veem que outros não tem cura, supõe que isso é o que acontece quando uma pessoa está
ferida. Eles não consideram se a pessoa está permitindo ou não que a energia de cura flua
livremente.
A maioria das pessoas não entendem o poder da cura que está dentro de seu próprio corpo. E
assim, em vez de sentir forte e saudável, eles se sentem vulneráveis. É bastante estranho,
também, com tantas evidências de cura em torno deles.

“Então, você está dizendo que se Seth se sentir feliz, ele não vai ficar com cicatrizes?”
Isso mesmo Sara. Seu corpo se lembra de como era antes da lesão e, se permitido, pode
restaurar-se a essa perfeição.

“Mas Salomão, olhe para a minha cicatriz” Sara puxou a perna da calça expondo uma cicatriz,
comprida e estreita na frente de sua tíbia. “Eu estava em pé sobre um galho de árvore, e ele
quebrou. Tenho esse grande risco à muito tempo, quando eu caí da árvore. Como é que eu
tenho essa cicatriz feia?”

O que você lembra sobre aquele dia? “Bem, eu rasguei a minha calça e minha perna estava
sangrando muito. Minha mãe estava com raiva de mim porque não era para ficar subindo em
árvores. Ela jogou as minhas calças longe, disse que elas estavam muito danificadas. E então
ela colocou um remédio vermelho que ardia muito, acima e abaixo da minha perna. Ela disse
que iria matar os germes.
E então ela enrolou uma atadura em volta da minha perna. Ela fez parecer que a minha perna
inteira estava ferida.”

O que mais?
“Bem, naquele sábado, nossa família foi para a piscina em Fowlerville, e eu não tinha
permissão para entrar na água. Me lembro como estava quente, e minha bandagem ficou toda
grudada na minha ferida. Doeu quando minha mãe foi tirá-la. Eu não podia nem sequer tomar
banho, por um longo tempo. E...”

Isso é suficiente por agora, Sara. Olhando para trás de tudo isso, você diria que estava se
sentindo mais feliz e apreciativa, ou zangada, desapontada e triste?

“Bem, isso é difícil de responder. Eu estava com muita raiva de mim mesmo por ter caído.
Deveria ter prestado mais atenção no que estava fazendo. E estava revoltada porque estraguei a
minha calça e eu sabia que seria um grande problema se caísse da árvore, e até mesmo nem
deveria estar lá”.

Sara deu um grande suspiro. Apenas falando sobre isso a levou de volta para com se sentia
naquele dia infeliz.

Sara, normalmente eu não iria encorajá-la a gastar tanto tempo lembrando de algo que não te
faz se sentir bem com você, mas desde que esteja perguntando sobre esse assunto muito
importante de permitir a cura para seu corpo físico, é importante que você entenda o que é que
você faz que o impede de se curar.

“Bem Salomão, você está dizendo que se uma pessoa pudesse simplesmente se sentir bem, que
seu ferimentos se curam sem sequer deixar uma cicatriz? “
É isso mesmo. Sara sentou-se calmamente, esfregando a cicatriz em sua canela.

Esta cicatriz tinha sido há mais de dois anos. Era difícil imaginar que não estava lá. Sentir-se
bem, Sara é a resposta para toda a experiência de bem-estar.

Sara distraidamente continuou a esfregar sua perna, tentando lembrar-se mais sobre esse dia,
ela caiu da árvore: Uma família da cidade havia chegado para almoçar e passar o dia com a
família de Sara.
Eles vinham uma vez ou duas por ano, e Sara nunca gostou. Sempre significou mais afazeres
para deixar a casa pronta para as visitas, mais comprar e tempo extra para preparar a comida. E
enquanto seus pais sempre gostaram de seus amigos, Sara não gostava de seus filhos em tudo:
um menino, idade de seu irmãozinho, e Kay, que era um ano mais velha que Sara.
Kay era uma garota da cidade, com roupas muito bonitas, e na medida em que Sara podia ver,
uma atitude muito arrogante.

Ela fazia comparações constantes entre a sua vida perfeitamente adorável na cidade e da vida
de Sara, obviamente mais inferior. Sara sempre fez o seu melhor para se educada em face do
que sempre sentia com os comentários deliberadamente rude, mas quando Kay observou como
era triste que a cidade de Sara não tinha um mercado onde pudesse ser comprado alimentação
adequada para ocasiões especiais, a paciência de Sara de repente se esgotou.
Ela se lembrou de ligar seus saltos e correr para o quintal, determinada a fazer a coisa menos
elegante que pudesse pensar em fazer. E, numa atitude de fúria, ela subiu na árvore, na
esperança de nunca mais ter que olhar na cara dessa garota nojenta.

Sara. Pense bem, não é fácil ver que a queda da árvore foi uma correspondência exata com a
forma que você estava se sentindo?
“Yeah, certo”, Sara riu. “Isso ficou claro”.

E assim, quando você considera a forma como você estava se sentindo, e da quantidade de
resistência que estava dentro de você antes de cair da árvore, não é fácil entender que a
resistência seria maior ainda depois que você tinha caído da árvore? Pois então você estava
sofrendo, suas calças estavam rasgadas, e sua mãe estava com raiva.

Embora Salomão ainda estivesse explicando, Sara se afogou temporariamente em seus próprios
pensamentos. Ela ainda podia ver o rosto de Kay olhando para ela enquanto estava lá no
gramado. “Era como se cada coisa podre que Kay tinha dito sobre a nossa família durante todo
o dia era verdade. Eu era a prova perfeita de tudo, deitada ali no chão na frente dela”. Salomão
ficou tranquilo. Ela sabia que Sara entendeu perfeitamente.

Sara olhou para Salomão e deu um grande suspiro.

“Bem, não é nenhuma maravilha termos cicatrizes. Não é fácil permitir o fluxo de bem-estar”.

Salomão riu. Bem, Sara, ficará cada vez mais fácil. Mas precisa de alguma prática. Ok,
Salomão, eu acho melhor eu ir. Graças. Seja muito bem-vinda, Sara.

“Salomão”, Sara disse rapidamente, querendo pegar Salomão antes que ele voasse para longe,
“será que Seth estava de mau humor, e é por isso que ele se machucou quando tentou salvar
Samuel?”

Na verdade Sara, Seth estava numa situação muito boa quando Samuel caiu no rio. Foi porque
ele estava se sentindo tão bem e estava tão claramente ligado ao sistema de orientação, que ele
foi inspirado a tomar esse caminho quando ia pra casa naquela tarde. Uma pessoa menos
conectada não teria encontrado Samuel para salvar.
“Mas Salomão, eu não entendo. Se Seth estava tão ligado ao seu sistema de orientação, então
por que ele se machucou tanto?

Sara, não deixe que a multidão da farmácia possa influenciá-la em chegar a conclusões
negativas. De uma perspectiva mais ampla, as coisas funcionam muito bem.

“Mas Salomão, Seth não poderia ter salvo Samuel sem se machucar?”
Certamente, Sara. Isso é uma possibilidade. Mas você não deve presumir que algo de
terrivelmente errado aconteceu aqui.
Oportunidades maravilhosas são às vezes mascaradas por dificuldades aparentes. É somente
quando você entende que o bem-estar realmente é abundante que você é capaz de descobrir as
pepitas vivificantes que estão todas ao seu redor.

“Bem, ok, Salomão. Você está sempre certo. Apenas parece-me que...”
Sara você se lembra quando o seu amigo peludo bateu em você te jogando fora do seu caminho
para dentro do rio?
“Eu nunca vou esquecer isso”.
E como você acha que outras pessoas se sentem sobre esse incidente, Sara? Você acha que elas
estavam felizes que foi empurrada para o rio, e que flutuou por várias milhas?
“Não Salomão. Eles acham que foi horrível. Eles acham que eu era estúpida por estar sobre o
registro de passagem, para começar. Eles não acham que eu deveria estar muito perto do rio.”
E quanto a você Sara? Você se lamenta por ter sido empurrada para o rio?
O rosto de Sara se iluminou num sorriso de compreensão. “Não Salomão. Eu não lamento por
ter caído no rio”.

Por que não? Por que você não se sentiu da mesma forma que os outros sobre a sua experiência
no rio?
“Porque quando eu saí do rio naquele dia, em vez de ter medo do que poderia ter acontecido, eu
me senti poderosa. Era como se, tudo o que todo mundo estava sempre dizendo sobre o rio para
tentar assustar-me acabou por ser falso. Eu senti como se estivesse segura, de qualquer
maneira, não importa o que todos pensavam. Foi quando eu soube que o rio não era uma
ameaça para mim. Acho que foi minha primeira experiência real do meu próprio bem-estar.”

Então você está me dizendo que às vezes quando você está olhando para alguma coisa de fora,
você não pode realmente entender o seu verdadeiro valor? Sara sorriu. Salomão foi tão sábio.
Ela entendeu tudo. E que só a pessoa que está vivendo a experiência pode realmente saber o
valor total da mesma, ou a razão para isso?

Sara a experiência de Seth, como a sua, irá fornecer tanto valor para ele. Valor que continuará a
se desdobrar por muitos anos vindouros. O bem-estar sempre abunda, Sara não importa como
parece à primeira vista, ou para os de fora.

Sara sorriu. Ela se sentiu maravilhosa.


“Obrigada, Salomão. Muito obrigada!”

Capítulo 19
As coisas serão sempre resolvidas

Sara mal podia esperar para se encontrar novamente com Seth e Annette na casa da árvore. Ela
transbordava com o seu novo entendimento sobre o bem-estar, e estava avidamente
antecipando a recuperação rápida de Seth.
Mal podia esperar para contar a Seth sobre as células no seu corpo e como elas sabem
exatamente o que fazer, e que ele voltaria a balançar na corda a qualquer momento. Sara estava
experimentando uma sensação nova e fantástica de vitalidade e entusiasmo.

Como ela se mudou de classe para classe, assistiu a Seth e Annette. Ela havia praticado, em sua
mente, as conversas que poderiam ter. Ela se sentia tão animada para contar-lhes tudo o que
tinha vindo a entender, sobre como, às vezes, quando as coisas parecem como se tivessem saído
terrivelmente errado, mas tudo está realmente bem.

Sara viu Annette vindo em sua direção e se mudou para a borda do corredor para esperar por
ela. Não parecia feliz.

“O que há de errado?” Sara deixou escapar, desejando imediatamente que ela não tivesse
começado a conversa em questão de forma negativa.
“Oh, Sara. Eu vi Seth, e ele disse que seus pais o proibiram de ir para a casa da árvore. Eles não
o querem perto do rio. Oh, Sara, o que vamos fazer?”
Sara estava ali, atordoada. Simplesmente não podia acreditar no que Annette estava dizendo a
ela.

Não tome posição muito cedo, Sara. Sara ouviu a voz de Salomão em sua cabeça. Tu estiveste
em situações que parecia pior do que esta e as coisas sempre funcionaram antes. Não ceda à
especulação negativa.

Annette olhou como se ela estivesse prestes a chorar. E enquanto Sara ainda estava abalada
pela terrível notícia de Annette, as palavras de Salomão a tinha acalmado um pouco, pois sabia
que ele estava certo.

“Annette, não se preocupe”, Sara tentou consolar a amiga. “Tivemos experiências desse tipo
antes, e tudo acabou bem”.
“Você acha”, disse Annette categoricamente.
“Não realmente, Annette. Mr Wilsenholm possui todas as terras onde está a casa da árvore. Eu
acho que ele detém cerca de metade da cidade. De qualquer forma, quando ele descobriu que
estávamos balançando em sua árvore, se assustou, e ordenou que as árvores ao longo do rio
fossem cortadas.”
“Você está brincando?” Annette disse. “Todas essas árvores lindas? Isso é simplesmente
horrível”.
“Sim, mas Annette, ouça o que estou lhe dizendo. Ele não as cortou. Mudou de ideia. Salomão
diz que podemos mudar qualquer coisa de acordo com a maneira que queremos, apenas
mudando nossos próprios pensamentos”.

O sinal tocou e as meninas se assustaram. Era difícil afastar um assunto tão intenso e
importante, e voltar para o tédio da sala de aula. Sara queria explicar para Annette como a Sra.
Wilsenholm, depois de testemunhar o resgate surpreendente de seu gatinho feito por Sara, no
alto da árvore, havia convencido o marido que Sara e Seth eram realmente seguros nas árvores.
Como tinha havido tantos exemplos de coisas parecendo estar saindo terrivelmente errado, e
como Sara e Seth, com a orientação de Salomão, haviam sido capazes de mudar seus
pensamentos, que mudou a forma como eles se sentiam, trazendo soluções maravilhosas.

Ela queria dizer a Annette sobre o tempo que a família de Seth estava sendo forçada a deixar a
cidade porque seu pai havia perdido o emprego na loja de ferragens, e como Sara e Seth
ficaram feliz quando o Sr. Wilsenholm lhe ofereceu um trabalho como capataz de seu rancho.

E então, quão terrível eles se sentiam quando o pai de Seth se recusou a aceitar o novo
emprego, mas então como ele havia mudado de ideia uma vez que entendeu melhor toda a
situação. No curto espaço de tempo que Sara havia conhecido Seth, houve tantas evidências de
bem-estar em face do que inicialmente parecia crise.

“Tudo vai dar certo”, Sara tentou consolar Annette. “Vamos nos encontrar na casa da árvore
depois da escola”.
“Espero que Salomão possa nos ajudar a corrigir isto, Sara.”
“Vai ficar tudo bem”, disse Sara novamente. “Você vai ver”.
“Oh, eu espero que sim”, disse Annette, andando para trás na direção de sua sala de aula.
Espero que sim, também, Sara disse baixinho, percebendo que ela não estava se sentindo tão
confiante como ela estava tentando parecer.

Capítulo 20
Descobrindo o que quer

Quando Sara caminhou em direção a casa da árvore, ela ficou furiosa. Estava pensando sobre o
que Salomão disse, sobre como o corpo humano se cura, e como quando você se sente bem há
menos resistência para que o corpo possa se curar mais rápido. Os pais de Seth são tão
estúpidos, Sara pensou. Em vez de ajudar Seth a se sentir bem, eles estão punindo-o, proibindo-
o de fazer a coisa que mais ama no mundo todo. Eles vão impedi-lo de se curar!

“Sara, espere”. Sara ouviu a voz de Seth a chamando logo atrás.

Ela se sentiu envergonhada que Seth iria pegá-la bem no meio do pensamento mais negativo
que tinha. Tentou mudar o seu humor rapidamente, mas o olhar no rosto dela dizia tudo.

“Sara, o que está errado? Parece que o seu gato acabou de ser atropelado pela décima vez ou
coisa assim.”
Sara riu. “Sem problema. Meu gato tem vidas ilimitadas”.
“Acho que Annette disse que eu fui temporariamente exilado.” Seth tentou parecer brincalhão.
“Sim, ela falou.”
“Sara, não se preocupe com isso. Nós já passamos por coisas muito piores do que isso. Vai
passar. De qualquer modo, eu não posso fazer muita fantasia balançando na corda com esses
curativos.”
Sara olhou para Seth. Queria olhar nos olhos dele para constatar se ele estava realmente se
sentindo tão bem quanto suas palavras soaram. Ele não parecia incomodado, mas ao invés
disso, parecia calmo e confiante.

“Eu sei. Você está certo, Seth. Tudo vai ficar bem. Eu sei que vai.”
“Sara, você e Annette vão se divertir por lá. Te vejo mais tarde.”

Sara sentiu alívio. Ela ficou muito feliz que Seth não estava zangado com seus pais, e que ele
não parecia estar preso em um estado de resistência, que poderia atrapalhar a cura de suas
feridas.

Sara abaixou para fora da estrada rumo ao caminho que conduz à casa da árvore, e Seth
continuou em direção à sua casa. Ela se sentia mal por Seth não ir para a casa da árvore. Sentia-
se muito triste.
Quando chegou ao redor da última curva da trilha para a beira da água, podia ver Annette
destacando-se na plataforma da casa, olhando para a copa das árvores. Sara deixou suas coisas
na base da árvore e subiu a escada até onde Annette estava em pé. Isso tudo parecia errado.
Seth deveria estar aqui!

Parecia que foi ontem que ela e Seth estavam felizes por balançar na corda em sua própria casa
na árvore, compartilhando uma amizade deliciosamente privada e secreta, e agora, num piscar
de olhos, Seth tinha sido banido da casa, e até mesmo de Salomão, e aqui está essa nova garota.
Sara, logo no início, não havia gostado de Seth ter convidado Annette para compartilhar o
segredo deles, mas agora parecia que ela havia substituído Seth. Seth tinha ido embora, e
Annette estava ali.

“Oi, Annette”, Sara disse, sem rodeios. Quando ela ouviu a própria voz, desejou ter tentado um
tom mais alegre.
“Oi, Sara”, Annette respondeu. Ela não parecia mais animada do que Sara.
“Bem, aqui estamos”, disse Annette.
“Sim”, respondeu Sara.

Salomão se assentou no alto na copa das árvores do outro lado do rio, observando as meninas
se instalarem, e uma vez que estavam confortáveis, ele cruzou o rio e deslizou suavemente para
a plataforma.
Plop! Bem, Olá, minhas queridas, destemidas, amigáveis, amantes da liberdade, do sexo
feminino, amigas sem penas!
As meninas riram.
“Salomão, você está sempre tão feliz?”
Bem, sim, Annette, eu acho que sempre estou. A alternativa é inaceitável.
Sara olhou para Salomão. Ela admirava sua filosofia consistente de estar sempre à procura de
coisas para se sentir bem.
Desejava poder ser como ele.
“Inaceitável?” Annette respondeu. “Você faz parecer como se fosse sempre a sua escolha?”
Sempre é.
Enquanto Sara observava o rosto tenso de Annette, fazendo beicinho, em resposta à afirmação e
Salomão, lembrou-se tantas vezes que ela e ele haviam trocado as mesmas palavras. Sara
poderia facilmente adivinhar o que Annette diria logo a seguir, pois ela havia dito o mesmo
tantas vezes:
“Mas Salomão, às vezes, simplesmente acontecem coisas que você não pode controlar, que te
fazem se sentir mal!”

Eu sei que às vezes se sente assim Annette, mas isso nunca é verdade. Com o tempo, você vai
entender que você pode sempre controlar a maneira como se sente.
Sara sabia que Salomão estava certo sobre isso, pois ela tinha provado a si mesma tantas vezes
que poderia mudar seu foco e, portanto, mudar a maneira como estava se sentindo. Mas quando
ela ouviu Salomão falando com Annette, não podia deixar de pensar sobre a mãe dela estar
morrendo, e como seria horrível. E como deveria ser impossível se concentrar em outra coisa
para se sentir melhor.

“Mas Salomão...” Annette protestou.


Sara puxou as pernas até perto de seu peito e apoiou o queixo nos joelhos. Ela fechou os olhos
para tentar se preparar para o doloroso, pois achava que Annette estava prestes a falar sobre a
morte de sua mãe.

“Salomão”, Annette continuou, “como pode Sara e eu nos sentirmos bem, balançando a partir
desta casa na árvore maravilhosa, quando o nosso amigo Seth, que fez tudo isso, não tem a
permissão de sequer estar aqui com a gente?”

Sara abriu os olhos e olhou para Annette com espanto. A coisa terrível, incontrolável de que ela
estava falando não era a morte de sua mãe, mas o banimento de Seth da casa na árvore!
Salomão sorriu profundamente, quando viu nos olhos de Sara que esta compreensão
extraordinária corria através dela.

Sara não sabia como, mas de alguma forma, Annette parecia ter deixado a dor da morte de sua
mãe para trás. Salomão tinha falado por muitas horas com Sara sobre o poder de transformar a
sua atenção para outras coisas vivificantes, a fim de se sentir bem agora, não importa o quê,
mas Sara nunca tinha entendido tão claramente, como fez neste momento.

Ela sentou-se contra a árvore, ansiosa para ouvir Salomão explicar a Annette, como ele fez com
Sara outras vezes, da importância de permanecer ligado à corrente de bem-estar, independente
do que esteja acontecendo em sua experiência. E, sobre como ter controle sobre a maneira
como você se sente, tendo controle sobre o que você dá a sua atenção.

Salomão começou: Tudo o que acontece é uma coisa boa.


Sara e Annette olharam diretamente em Salomão. Nenhuma das duas falou. Ele certamente
tinha a atenção de ambas.
As coisas que você chama de “bom” é bom porque faz você se sentir bem quando se concentra
nelas, e depois mais uma coisa boa, assim, naturalmente, segue.
As coisas que você chamaria de “mau” são realmente boas, porque quando você dá a sua
atenção para elas, uma consciência mais clara daquilo que você preferiria ter é focada dentro de
você. O seu desejo para o bem nasce dentro de você naquele momento. E no momento em que
esse desejo nasce, o bem começa a vir até você.

Porque, em seu desejo recém-focado, é só pedir que terá sempre resposta. Você apenas tem que
descobrir como permitir.
Essa é a chave: permitir ou deixa-lo fluir.
Sara sorriu ao ouvir Salomão. Não havia nada que ela amava amis do que ouvi-lo explicar
como as coisas funcionam.

Ele lhe dissera que as palavras não ensinam, e sim, a experiência de vida ensina, e que o melhor
de tudo é quando você é capaz de colocar as duas juntos. Elas se lembrou dele dizendo que
você nunca sabe mais claramente o que você quer, do que quando você está vivenciando algo
que você não quer. Mas Sara gostava da maneira diferente que Salomão explicava para
Annette:

Quando um novo desejo nasce dentro de você, é sempre respondido. Você apenas tem que
descobrir como deixa-lo fluir.
Eu gosto de chamar isso de “Arte da Permissão”, continuou Salomão, a “Arte de deixar fluir”.
“Deixar fluir o que?” Annette perguntou
Deixando tudo o que você considera ser bom: clareza, força de vida, bem-estar, saúde,
equilíbrio, abundância, Seth de volta na casa da árvore...
“Então você está dizendo que é uma coisa boa quando uma coisa ruim acontece, como Seth ser
banido, porque nos faz querer o que tínhamos em primeiro lugar ainda mais?

Exatamente!
“Bem, não teria apenas sido melhor se ele nunca tivesse sido banido para começar?”
Bem, pode parecer que sim, mas não muito, porque esse novo contraste faz você definir, mais
claramente do que nunca, o que você deseja. E sem o contraste você perderia toda a diversão d
se concentrar de volta naquilo.
E você perderia o movimento de avançar para um lugar ainda melhor.

Annette não parecia convencida. “Eu não sei, Salomão”.


Vocês veem meninas, a melhor parte de sua experiência de vida física maravilhosa é descobrir
coisas novas que você deseja.
Vocês são como pioneiros, aqui na vanguarda do pensamento. Vocês começam a decidir a
direção que gostariam de ir, e em seguida, todos os tipos de forças Universais ajudarão a fazer
isso acontecer.

Sara sorriu. Ela se lembrou quando Salomão explicou tudo isso a ela antes, e ela tinha chamado
essas forças Universais, de “fadas do Universo”.
Salomão olhou para Sara. Você pode chama-las de fadas de Universo. Sara riu. Ela adorava
quando Salomão lia sua mente.
“Eu ainda não entendo”, Annette choramingou. “Parece-me que...”
Como resultado, do que aconteceu aqui, Salomão continuou, se você estivesse falando
diretamente para as fadas do Universo, o que você diria a elas que você gostaria que fizessem?

“Queremos que Seth possa voltar para a casa da árvore”. Annette choramingou.
Bom, Salomão respondeu.
“Mas Salomão, não é apenas colocar-nos de volta onde nós estávamos antes, quero dizer...”
Você está certa sobre isso Annette. Então agora eu vou perguntar-lhe, há mais alguma coisa
que você gostaria de pedir?

“Queremos que o corpo de Seth seja curado”, acrescentou Sara.


“Sim, mas Salomão”, Annette protestou novamente... “nós ainda estamos apenas de volta para
onde estávamos antes. Tipo, qual é o ponto de se machucar de modo que você pode se curar, ou
ficar banido de modo que você pode obter reintegração. Eu não entendo!”

Sara franziu o cenho. Annette estava fazendo um bom ponto.


Bem meninas, por que vocês não pensam nisso por um tempo. O primeiro passo é ver se você
pode descobrir qualquer novo desejo que vai além de apenas começa-lo de volta para onde
estava antes: O que você quer agora mais do que nunca? E enquanto isso, eu acho que vou
ponderar sobre tudo isso a partir de uma visão mais ampla. E com isso Salomão levantou, com
suas asas poderosas, e voou para longe.

As meninas se entreolharam.
“Muito obrigada Salomão, você é uma grande ajuda”, brindou Annette.
“Sim”, Sara disse, sorrindo.

“O que queremos agora?” Annette repetiu as palavras de Salomão.


“Eu quero que Seth volte!” Sara começou.
“Eu quero que ele seja curado”, acrescentou Annette.
“E sem cicatrizes”, disse Sara. “E eu quero que seus pais o deixem fazer o que ele quer”.
“Sim”, acrescentou Annette. “Eu quero que os adultos parem de tratar-nos como crianças.
Quero dizer, nós sabemos muito mais do que eles nos dão crédito.”
“Sim”, acrescentou Sara. “E a confiar mais em nós”.
“E ouvir mais as nossas ideias.”
“A não nos chefiar em demasia”.
“Para que sejamos livres!” Sara e Annette estavam sentadas olhando uma para a outra.

“Bem, eu acho que nós conseguirmos pensar com mais clareza sobre o que queremos. Quer
dizer, eu acho que já pensei em todas essas coisas antes, mas nunca de forma tão clara como
agora”, disse Annette.
“Eu sei”, disse Sara. “Isso foi produtivo”. Salomão deslizou do outro lado do rio e desceu na
plataforma seguinte com as meninas.
Bem meninas, eu testemunhei o tiro dos foguetes saírem desta casa da árvore, eu diria que os
seus desejos tenham atingido um nível novo e brilhante. Diria também que vocês fizeram um
excelente trabalho na Primeira Etapa.
Sara e Annette sorriram.
E agora meninas, vamos trabalhar a Etapa Três.

“Etapa Três?” Annette disse. “O que aconteceu com a Etapa Dois?”


O Passo Dois não é o seu trabalho Annette. A Etapa Dois é o trabalho das fadas do Universo.
Veja como funciona:
Etapa Um: Você pede.
Etapa Dois: As fadas do Universo responde.
E Terceiro Passo é: Você deve estar no modo de recepção do que está pedindo

Vocês veem meninas, o contraste maravilhoso no seu tempo e espaço faz com que desejos
comecem a borbulhar dentro de vocês. E uma vez que o desejo nasce, mesmo se você não fala
com suas palavras, as fadas do Universo ouve e imediatamente inicia o trabalho em responder o
seu desejo.

“Salomão, elas sempre respondem?”


Sim, Annette, sem exceção.
“Salomão, não parece certo. Quero dizer, há muitas coisas que muitas pessoas estão pedindo e
não estão recebendo.”

Bem Annette, se isso for verdade, só pode ser por uma razão. Elas não deve estar no modo de
recepção daquilo que estão pedindo. Às vezes é preciso um pouco de trabalho para começar a
deixar vir. Mas geralmente não é tão difícil como você acredita que seja. Procurar por um
pensamento que te faça se sentir bem até que você encontre um. E depois chegar a um outro
pensamento que te faça se sentir ainda melhor.
Eventualmente você estará no estado de permissão.

“Mas Salomão, e quando se tenta, tenta e não consegue encontrar um?


Então balance em sua corda e pense em outras coisas. A coisa mais importante é permitir, por
isso, se você não pode se sentir bem sobre um assunto, em seguida, escolha outro assunto que é
mais fácil.
E lembre-se, até que você esteja certa que está no estado de permissão, não tente fazer nada
acontecer com sua ação.
Divirta-se com isso, disse Salomão. Então de repente ele se levantou da plataforma e voou para
longe.
“Eu acho que nós poderíamos balançar”, Annette disse suavemente.
“Eu também acho”, respondeu Sara calmamente.
Nenhuma delas gostava da ideia de balançar por entre as árvores quando Seth não estava lá
para se divertir com elas.

“Eu acho que lastimando não vamos ajudar Seth”.


“Sim, tem razão. Você quer ir primeiro? “Sara perguntou, soltando a corda e entregando a
Annette.
“Tudo bem”, disse Annette, colocando o pé no laço na parte inferior da corda. Ela a segurou
firme com as mãos, desceu da plataforma e subiu em silêncio por todo o rio. Ela não se
pendurou de cabeça para baixo. Apenas balançou calmamente para frente e para trás, para trás e
para frente. Sara observava da plataforma e se perguntou por que Annette não realizava seus
truques habituais.

Em seguida, Annette animadamente puxou o pé do laço e pulou no rio. “Sara, Sara” Annette
chamando lá de baixo. “Eu tenho uma ideia! Você quer aprender a voar de cabeça para baixo?”

Sara sentiu uma onda de entusiasmo se mover através dela.


“Yeah!” Ela respondeu com entusiasmo.
“Ok, mas você vai ter que vir até aqui.”
“Aí embaixo?” Sara se sentiu desapontada. “Eu quero voar daqui de cima.”

“Eu sei, mas você tem que começar por aqui.”


Sara desceu a escada. Annette foi arregaçando a barra da calça.
“O que você está fazendo?” Sara perguntou.
“Nós teremos que entrar no rio, Sara, eu aprendi como pendurar na corda em um ginásio. Você
tem que praticar apenas a suspensão primeiro até se sentir confortável com a corda, antes de
poder saltar de uma árvore e pendurar de cabeça para baixo. Tem que aprender o básico
primeiro, Sara e então poderá voar a partir da árvore.”

“Oh”, Sara ficou despontada, mas ela tinha certeza de que Annette estava certa. “Annette, eu
não acho que seja uma boa ideia caminhar para dentro do rio. Alguns lugares são muito mais
profundos do que você pensa, e a corrente é mais forte do que parece.”
Annette olhou para o rio. “Eu acho que você está certa, Sara.”
Sara gostou que Annette confiou na sua opinião sobre o rio, mas, e agora, o que fariam?

“Então e agora?” Annette lamentou. “É muito perigoso para pendurar de cabeça para baixo lá
de cima, e é muito perigoso para pendurar de cabeça para baixo daqui.”
“Bem, nós sabemos o que não queremos”, disse Annette lentamente, como se ela estivesse
tentando repetir o que tinha acabado de aprender com Salomão.
“Não queremos que você quebre seu pescoço no seu primeiro truque da corda, e nós não
queremos ser levadas pela correnteza do rio. O que queremos”, disse ela em voz alta, “é uma
outra corda. Sara, você sabe de qualquer outra corda pendurada por aqui em algum lugar?”

Sara apertou os olhos tentando pensar.


“Sim”, Sara disse alegremente. “Há uma corda pendurada no meu quintal. Tem um pneu velho
amarrado nela, mas podemos tirá-lo.”
“Vamos”, Annette disse com um sorriso. “Vamos ver a sua corda”.
As meninas juntaram suas coisas e correram em quase todo o caminho para o quintal de Sara.
“Bem, aqui está”, disse Sara, sem fôlego. Ela deixou cair as coisas na grama e logo começou a
desatar o nó para soltar o pneu.

“O que você acha? Acha que devemos tirar este pneu fora?”
“Oh Sara, não se incomode com isso. Esta corda não é suficientemente grande. Tem que ser
muito maior do que esta para você se pendurar nela. Essa não dá para usar. Vamos ter que
encontrar outra.”
Sara se sentiu decepcionada. Ela estava pronta para começar a pendurar de cabeça para baixo
agora!

“Eu acho que nós deveríamos perguntar ao professor de ginástica se poderíamos pendurar uma
corda lá no algo do ginásio da escola. Eu acho que é ali que tem as cordas que Seth usou na
casa da árvore.”
“Yeah, certo”, Annette disse sarcasticamente. “Daqui a um ano, depois que seus pais
preencherem um formulário de autorização, a escola vai comprar um seguro adequado, redes e
contratar observadores profissionais, aí você terá o seu primeiro divertimento na corda”.

“Bem, com certeza é fácil de descobrir o que não vai funcionar e o que não queremos. Eu acho
que devemos tentar o que Salomão estava falando. Devemos falar sobre o nosso novo desejo.”

“Queremos uma corda, e agora!” Annette disse, rindo.


“Queremos uma corda bem grande”, acrescentou Sara, brincando.
“Queremos uma grande, enorme corda, suave como a seda”, acrescentou Annette.
“Queremos que ela esteja pendurada em uma árvore ou...”
“Ou em uma ponte...”
“Ou a partir do céu...” As meninas riram.
“Sim, é isso. Precisamos de um gancho gigantesco no céu”, disse Annette.

“Um gancho gigante!” Sara exclamou. Eu sei onde há um gancho gigante. Eu sei onde há um
gancho gigante com uma corda gigante pendurada. É no celeiro. É no celeiro do Wilsenholms.
Lembro me agora! Vi isso quando estava subindo a escada para salvar o gatinho da Sra.
Wilsenholm!”

“Onde está esse celeiro Sara? Vamos lá!”


“Isto é uma grande diversão”, disse Sara. “quero dizer, estamos fazendo apenas o que Salomão
disse: Primeiro, imaginamos o que não queremos, como cair da corda e quebrar o pescoço ou
ser arrastadas pela a correnteza do rio, que nos ajudou a saber mais claramente o que
queríamos. E quanto mais pensava nisso, mais claro ficava, até descobrirmos onde está a corda
perfeita para praticar.”

Agora tudo o que temos a fazer é ter certeza que estamos permitindo, parece que estamos não
é? Quero dizer, eu achei incrível que você lembrou-se da corda no celeiro.
“Mas quando eu penso em ir para o celeiro Wilsenholm sem pedir, me sinto muito
desconfortável. E quando penso em perguntar se podemos ir lá, me sinto desconfortável
também.”

“Então e agora?”
“Acho que poderíamos estar tomando medidas muito cedo. E está ficando tarde. Vamos no
encontrar na casa da árvore amanhã. Vamos perguntar para Salomão.”
“Ok, te vejo amanhã.”

Capítulo 21
Dar à luz a um novo desejo

Sara estava pensando durante toda a noite sobre a corda pendurada no celeiro Wilsenholm, e
ela mal podia esperar para começar a pendurar de cabeça para baixo nela. Num primeiro
momento, a única ideia que realmente a emocionou foi a de voar através do ar, pendurada de
cabeça para baixo com os braços esticados para fora na frente dela, como ela viu Annette
fazendo, mas Sara tinha deixado esses pensamentos para trás.
Agora ela estava fixada na ideia de entrar no celeiro do Wilsenholm e “aprender todos os
truques que Annette estava pronta para ensiná-la, aprender o básico”, como Annette tinha dito.

No dia seguinte, depois da escola, Sara e Annette foram para a casa da árvore, e tão logo as
meninas sentaram-se na plataforma, Salomão deslizou para baixo para se juntar a elas.

Bem, Olá, meu chapins pequenos. Vejo que um desejo nítido tem sido chocado,
Sara e Annette riram.

“Oh Salomão, estamos felizes em ver você!” Annette começou.


“Nós já arquitetamos um novo desejo, mas agora não sabemos como fazer isso acontecer.”
Bem, isso não é realmente seu trabalho Annette. Na verdade, parece-me que você já tinha
concluído o seu trabalho mais importante: Você tem dado à luz ao novo desejo.

“Mas Salomão, não fizemos nada! Ainda há muito que precisa ser feito antes.”
Bem Annette, concordo que há muito mais que vai se desdobrar aqui, mas a coisa mais
importante já aconteceu, vocês deram à luz a um desejo claramente focado. Agora tudo que
vocês tem a fazer é permitir.

“Salomão, que você faz que soa tudo tão fácil. Só permiti-lo, basta deixa-lo vir, mas não
deveríamos fazer alguma coisa?”
Uma vez que seu desejo foi focado, então a coisa mais importante que você pode fazer é
permitir o seu desejo. E você sabe que está permitindo o seu desejo sempre que pensar que isso
é bom para você. E claro, você também pode permitir algo não pensando sobre isso.
Na verdade, a única vez que você não está permitindo que as coisas boas venham para você, é
quando você está se sentindo mal.
Se eu estivesse no seu lugar físico, procuraria pensar qualquer coisa que pudesse me fazer
sentir bem.

“Então você não estaria correndo por toda a cidade tentando encontrar uma corda para
pendurar?”
Bem, eu poderia estar fazendo isso se isso fosse uma coisa divertida para fazer, mas se não
fosse divertido eu estaria fazendo outra coisa. Tenho notado que uma vez que seu desejo foi
lançado, se você está feliz, as peças parecem apenas cair no lugar. Você viaja praticamente
rumo ao que deseja. O caminho sempre se desdobra diante de você. Eu me lembro, Sara tem
testemunhado isso uma ou duas vezes.

Quando Sara ouviu o nome dela, ela pulou um pouco. Como Salomão tinha falado, ela foi
profunda no pensamento sobre as coisas aparentemente milagrosas que tinham acontecido com
ela e Seth. Tantos finais felizes para o que parecia serem situações impossíveis que resultou
deles à procura de coisas para se sentirem bem, e não se esforçarem para fazer as coisas
acontecerem. Mas esses foram problemas muito maiores do que apenas tentando encontrar uma
corda para pendurar de cabeça para baixo.

“Salomão”, Sara perguntou: “isso tudo funciona melhor se realmente for muito importante?”
Na verdade Sara, sempre funciona, sendo o seu desejo grande ou pequeno, mas eu tenho notado
que quando seu desejo é maior, vocês tendem a trabalhar mais em se sentir bem, e quanto
melhor você se sentir, mais rápido ele funciona, porque quanto melhor você se sente, mais você
está permitindo que o seu desejo seja respondido.
Pensar sobre o que quer e por que você quer é geralmente uma boa ferramenta para você estar
naquele estado de permitir rapidamente.

Annette falou muito lentamente, escolhendo cuidadosamente cada palavra: “Queremos


encontrar uma forte e grossa corda pendurada, porque eu quero mostrar com segurança a Sara
como pendurar de cabeça para baixo”.
Muito bem Annette, Salomão disse sorrindo.

“E eu quero encontrar uma forte e grossa corda, porque quero segurança ao pendurar. Quero
aprender de cabeça para baixo, porque eu quero voar na corda como Annette faz”, acrescentou
Sara com entusiasmo.
“E porque há tantas coisas realmente divertidas para fazer com a corda que eu não faço a muito
tempo”, acrescentou Annette.
“E porque eu quero aprender a fazer todas essas coisas divertidas, e porque eu quero voar na
corda quando Seth voltar”, disse Sara sorrindo.

Sara e Annette riram com tanto entusiasmo e tanto alvoroço, ficaram quase sem fôlego.
Salomão sorriu.

Bem meninas, vocês certamente tem sido a prática da Arte da Permissão aqui, e perceberam
como é bom sentir, apenas pensando sobre o que você quer, e que realmente não tem que estar
fazendo nada agora para se sentirem bem?
“Sim Salomão, foi mesmo muito divertido, e fazê-lo realmente vai ser divertido”.
Certamente será divertido Sara, eu com certeza concordo. E está sendo divertido. E agora eu
acredito que vou apreciar o céu noturno. Eu apreciei nossa conversa, minhas amigas sem penas.

Annette riu quando Salomão levantou para o céu.


Sara e Annette se dirigiram a corda. Sara foi a primeira e aterrissou perfeitamente às margens
do rio abaixo e depois ela estava de volta para assistir o voo de Annette, observando cada
detalhe da técnica perfeita de Annette. Por um momento, ela sentiu um pouco a impaciência
crescente dentro dela. Ela mal podia esperar para aprender a voar de cabeça para baixo.
Uh-oh, ela pensou, eu não vou deixar isso continuar. Ela podia sentir que este tipo de
impaciência não a fazia se sentir bem.
“Bem, não demorará muito para que eu esteja voando assim!” Sara disse bem alto e o
sentimento desconfortável suavizou.
“Olha como ela é linda” disse Sara. “É tão bom ela estar disposta a ensinar tudo isso para
mim”. Com estas palavras a sensação de desconforto foi embora completamente. Sara se sentiu
maravilhosa!

Annette fez uma finalização perfeita e então as meninas apanharam suas coisas e percorreram o
caminho de volta. Elas não estavam muito longe da casa da árvore até a rua pavimentada, mas
o caminho tinha todos os tipos de curvas interessantes e sempre achavam o percurso como uma
divertida aventura.
Caminhavam e conversavam alegremente ao longo do caminho densamente arborizado e muito
sombreado.
Saíram das sombras para a estrada com os olhos semicerrados enquanto se ajustavam à luz
brilhante.

“Cuidado!” Annette gritou quando as duas meninas chegaram a fazer uma parada brusca, mal
evitando uma colisão com alguém agachando-se na estrada, logo na entrada do caminho.
“Sra. Wilsenholm!” Sara gritou. “Você está bem?”
“Oh sim, Sara” Sra. Wilsenholm riu. “Eu estou bem. É um dia tão bonito então eu decidi
caminhar até o mercado, mas eu sempre compro mais do que eu pretendo e o fundo da minha
bolsa cedeu. Oh, querida parece que esparramou tudo”.

Sara e Annette juntaram as latas, garrafas e laranjas espalhadas. Não era de admirar que a bolsa
frágil tinha quebrado.

“Nós podemos usar as bolsas de nosso livros”, Sara ofereceu. “Se colocarmos algumas de suas
coisas em cada bolsa, deve haver espaço suficiente para tudo isso”.
“Essa é uma ótima ideia”, Annette concordou. Sra. Wilsenholm assistiu Sara e Annette
cuidadosamente guardando seus mantimentos espalhados em suas bolsas.
“Bem, certamente meninas, vocês me salvaram hoje. Sara, parece que você vem eu meu
socorro regularmente. Eu não acredito que conheço a sua amiga”.
“Oh, me desculpe”, disse Sara. “Sra. Wilsenholm, está é a minha amiga Annette. Annette esta é
a Sra. Wilsenholm”.
Annette sorriu educadamente e olhou para Sara. Ambas as meninas conseguiram parecerem
educadas por fora enquanto internamente elas estavam virando cambalhotas. Salomão tinha
dito que as peças do quebra-cabeça simplesmente vão se encaixando e que às vezes você parece
apenas passear por cima delas, mas essa foi demais!
As meninas jogaram as bolsas para cima das costas e as três desceram a estrada juntas.

“Suas bolsas são maravilhosas”, disse a Sra. Wilsenholm.


“O que é uma boa invenção. Nós não tínhamos nada disso quando eu era uma menina, mas
levava uma carrada de livros para casa também. As suas bolsas devem estar muito pesadas no
entanto. Sinto muito ter perturbado vocês”.
“Oh, não, minha senhora, elas não estão muito pesadas. Essas mochilas são feitas com bastante
resistência. Estamos felizes em ajuda-la.”

“Que lugar bonito é esse”, disse Annette assim que a Sra. Wilsenholm abriu o portão e o trio
impar percorreram o caminho de entrada.
“Isso é tão bonito”, disse Annette mais uma vez. “É como um parque. Isso é tão lindo”. Annette
não percebeu o quanto ela tinha perdido os gramados bem cuidados e jardins de flores de sua
antiga vida na cidade. O povo da pequena montanha foram bastante práticos em sua abordagem
à vida. A maioria conseguiu manter as ervas daninhas por baixo, ocasionalmente roçada ou
colocar cabras ou cavalos soltos para pastar, mas um gramado bem cuidado era uma coisa rara.
E na maioria das vezes, as flores lá só as selvagens que cresciam aleatoriamente, sem nenhum
cuidado prestado por qualquer pessoa.

Os olhos de Annette apreciaram muito o gramado encantador da Sra. Wilsenholm, devorando


avidamente cada detalhe. Ela sentiu que simplesmente não conseguia absorver tudo rápido o
suficiente.
Sra. Wilsenholm sorria. Ela tinha grande orgulho de seus jardins e gramados e foi maravilhoso
sentir a apreciação genuína de Annette por eles.
“Bem, eu estou feliz que você gosta do meu jardim Annette. A maioria das pessoas por aqui
não parecem se importar muito com isso. Deixem suas malas na varanda e venham caminhar
comigo. Vamos dar uma grande passeio.”
Sara sorriu para si mesma. Annette e Sra. Wilsenholm certamente vãos se dar muito bem,
pensou ela.
“Deem a volta por trás meninas. Eu vou mostrar minha lagoa de lírio e meu jardim de ervas.”

Hmm, Sara pensou. Eu não sabia que tinha uma lagoa de lírio ou um jardim de ervas. Sara se
sentia um pouco triste quando ela percebeu que não tinha tomado nenhum grande interesse
pelos belos jardins da Sra. Wilsenholm. Enquanto ela observava como o interesse de Annette
deixava a Sra. Wilsenholm mais feliz, Sara desejou ter tido mais consciência.

Annette entrou, ouviu, observou e exclamou uma coisa mais bonita que a outra. Sara seguiu
junto, sentindo pouco ou nenhum interesse nas plantas e tal, mas apreciando muito o quanto as
duas estavam desfrutando de tudo isso.
“O que está acontecendo lá?” Annette perguntou, apontando ao longe para a parte traseira do
imóvel.
“Bem, eu finalmente convenci o meu marido para colocar uma piscina”, disse Sra Wilsenholm.
“Eu queria uma já faz tempo, não há nada tão bom para o corpo como relaxar e se mover na
água. A gravidade faz efeito sobre velhos ossos cansados, você sabe. Bem, eu acho que você
não sabe, mas ela faz. Na água você fica quase sem peso. Nadei bastante quando eu tinha tua
idade.”
“Você competiu?” Annette perguntou ansiosamente.
“Oh sim”, Sra. Wilsenholm respondeu.
“Eu adoro isso. Você tem troféus?”
“Eu tenho, muito poucos na verdade. Não tenho certeza exatamente onde estão agora, mas eu
tenho um baú carregado deles em algum lugar. A última vez que vi aquele baú foi no sótão do
celeiro. Você é uma nadadora competitiva Annette?”
“Não, senhora, não na natação. Acrobacias. Eu tenho feito isso desde que eu era pequena, mas
eu adoraria competir na natação!”

O celeiro! Sara gritou em sua mente. Onde está o celeiro? Enquanto Annette e Sra. Wilsenholm
estavam educadamente conversando sobre natação, Sara sentiu um pânico subitamente, quando
ela percebeu que o celeiro tinha ido embora.

“Sra. Wilsenholm!” Sara deixou escapar. “O que aconteceu com o celeiro?”


“Oh, aquela coisa velha o Sr. Wilsenholm mandou demolir, Sara. Era onde a piscina está sendo
colocada”.

Sara e Annette se entreolhara. Ambas sentiram como se uma grande porta tinha acabado de
fechar, batendo diante delas.
“Oh” Sara disse suavemente.
“Bem, acho que devemos ir” disse Annette.. “Muito obrigada pela turnê Sra. Wilsenholm. Tudo
aqui é muito bonito. Eu adorei ver tudo.”
“Bem, vocês podem voltar a qualquer hora Annette. Você também Sara. São muito bem-vindas
no meu jardim”.
“Obrigada”, respondeu Annette.
Sara sorriu e acenou com a cabeça. Ela ficou tão emocionada com a decepção que não disse
nada.
As meninas caminharam para fora do portão grande da frente.
“Bem, eu acho que é isso” disse Sara.
“Te verei na casa da árvore amanhã?” Annette perguntou.
“Sim, nos veremos”.
Capítulo 22
Estando no modo de recepção

Sara sentou-se calmamente na casa da árvore, à espera de Annette e Salomão. Ela sabia que
Seth não estava vindo. Sentia-se mau, pois não se conformava. Ela nunca quis se conformar
com a ausência de Seth.
Rapaz, eu estou de mau humor, Sara pensou.

“Você está aí em cima?” Sara ouviu a voz de Annette lá de baixo.


“Sim, venha para cima”, respondeu Sara.
Annette subiu a escada e se estendeu no chão em frente a Sara. Nenhuma das meninas falou.
Sara caiu sobre suas costas com a cabeça ao lado de Annette.
“Bem Annette, se você percebesse como me sinto tão decepcionada.”
“Eu só espero que eu não perceba quão decepcionada eu me sinto também”, Annette riu quando
falou. “Sara, o que há de errado com a gente? Isto não somos nós”.

“Bem, eu acho que nós estávamos tão certas de que tínhamos descoberto onde poderíamos
encontrar uma corda para a prática de acrobacias, tudo parecia estar cooperando com a gente,
assim como Salomão havia falado. E então foi como, “Oh, Sr. Wilsenholm, podemos usar a
corda grande pendurada em seu celeiro para aprender acrobacias? Não, vocês não podem,
meninas. E só para ter certeza que vocês entendam que não podem, eu vou mostrar o celeiro
todo derrubado!”
Elas começara a rir.

Salomão silenciosamente deslizou para o chão da casa na árvore.


Olá meninas!
É importante perceber que as coisas nunca estão trabalhando contra vocês. Todas as coisas
estão funcionando para vocês em todos os momentos.

“Parecia que as coisas estavam trabalhando para nós. Quero dizer, foi incrível encontrarmos a
Sra. Wilsenholm, logo depois lembrei-me da corda em seu celeiro, mas então...”

As coisas estão sempre se desdobrando para benefício de vocês meninas, se vocês permitirem
isso. Tudo o que você está pedindo está sempre respondido. Existem apenas três peças para esta
equação admirável da criação: Um: perguntar. Dois: O Universo responde sempre. Três: Você
deve estar no modo de recepção. Você deve ter uma correspondência vibracional com o que
você está pedindo ou você não pode receber.
Vocês observaram meninas, quando decidiram, a partir das provas que recolheram, que as
coisas não estavam dando certo, nesse exato momento vocês não estavam permitindo.

“Mas Salomão, o celeiro todo danado tinha desaparecido!” Sara deixou escapar, em seguida,
ela riu. Annette riu também. Salomão sorriu.
Se esse celeiro era o único caminho pelo qual o seu bem-estar poderia fluir, você pode ter razão
de estar chateada Sara, mas uma vez que existem infinitas avenidas por onde flui o bem-estar,
ficando chateada com o fechamento da porta do celeiro, só mantém todas as outras portas
fechadas também.
O Universo tem a capacidade de responder a qualquer coisa que você deseja, mas tudo o que
você deseja tem que ser levado em conta. Basta lembrar que quando você está sentindo uma
emoção negativa, nesse momento, você não está permitindo, não está no modo de recepção. E,
você sabe, o fato de não estar no modo de recepção é a única coisa que a impede de realizar
seus desejos?
“Uau!” Annette exclamou. “Isso é grande!”

Sim, é Annette. Pode ser de grande valor prestar atenção a esses sinais maravilhosos que
oferece a emoção negativa. Em outras palavras, quando você sentir emoção negativa, pare e
suavemente diga a si mesma: “Estou fazendo isso agora. Agora estou fazendo aquilo que às
vezes me impede de receber as coisas que eu desejo”. Então começo a rir para alcançar
pensamentos que me colocam mais no modo de recepção.

“Então Salomão, você está dizendo que se não fizermos aquilo que fazemos que nos mantém
fora do modo de recepção, tudo o que desejamos, irá acontecer?”
Sim, é verdade Annette. Você pergunta e o Universo responde. Tudo o que você tem a fazer é
permitir.

“Isso parece bastante fácil”.


“Sim”, respondeu Sara.
Elas se sentiram muito melhor.
“Então Sara, vamos fazer um pacto entre nós de que vamos estar ciente de estarmos recebendo,
eu quero sempre estar no modo de recepção”.
“Eu também”.
“Nós precisamos falar com Seth também. Eu realmente sinto falta dele”.
“Sim, eu também”.

As meninas se entreolharam. Elas tinham acabado de sair do modo de recepção e ambas sabiam
disso.
“Eu estou fazendo isso agora”, disse Sara.
“Isso foi rápido”. Annette disse. “Quase tão rápido quanto nós decidimos estar sempre no modo
de recepção, saímos fora do modo de recepção, e agora eu estou fazendo isso novamente”.
“Isso é difícil”. Sara riu. “Eu estou fazendo isso agora!”
“Salomão faz isso parecer tão simples, estar no modo de recepção”, disse Annette, “mas não é
assim tão fácil de fazer”.
“Estamos fazendo isso agora”, as duas falaram ao mesmo tempo.
“Bem, a boa notícia é que podemos dizer quando não estamos no modo de recepção. Isso é
algo. E se podemos sentir quando não estamos no modo de recepção, nós vamos ser capazes de
dizer quando queremos voltar para ela”, Sara disse.
“Deve haver todo tipo de coisas que podemos pensar que nos mantem no modo de recepção, e
quando estamos no modo de recepção, tudo o que queremos pode acontecer”.
É maravilhoso quando vocês pensam sobre isso meninas: As Coisas, todas as coisas boas que
vocês quiseram – estão fazendo seu caminho em suas vidas. E tudo o que vocês têm a fazer é
permitir.
“Eu sou boa com isso”, disse Annette.
“Sim, eu também”, Sara disse.

Sejam brincalhonas sobre o assunto, Salomão aconselhou. Vai ser muito divertido para vocês
estarem conscientes de quando estão no modo de recepção. É divertido observar os outros
também. É realmente bastante fácil de dizer se alguém está no modo de recepção ou não.
Bem, eu vou indo. Estarei observando vocês.

Annette e Sara assistiram Salomão levantar do chão e voar para o alto no céu.
“Você acha que Salomão sempre nos vê?” Annette perguntou em voz baixa.
“Sim, eu acho que ele vê”.
“Não te incomodo? Quero dizer, se ele vê tudo...?”
“Bem, num primeiro momento, fiquei incomodada, mas depois de um certo tempo percebi que
Salomão me ama. Seus sentimentos para mim não parecem mudar, não importa o que eu estou
fazendo ou como estou me sentindo. E assim, agora, em vez de se preocupar com o que ele
poderia pensar de mim, eu simplesmente me sinto bem, porque sei que ele me ama. Ele ama
você também, você sabe.”

Annette sorriu. “Sim, eu sei”.

Capítulo 23
Encontrar os pensamentos para se sentir bem

Quase um mês se passou, e Sara e Annette fizeram o seu melhor para prestar atenção à maneira
como estavam se sentindo. Ambas foram ficando muito boa em ficar no modo de recepção.

“Sara, ouvi dizer que o seu gato foi atropelado ontem”, brincou Annette.
“Oh, bem, é muito bom”, respondeu Sara, em diversão. “Já ouvi falar que os gatos achatados
são muito populares agora”.
“Notei também que a farmácia do Pete foi incendiada na noite passada.”
“Oh, bem, isso é muito bom também”, respondeu Sara. “Eu tenho comido doces demais, de
qualquer maneira.”
“Eu ouvi dizer que o seu irmãozinho fugiu de casa.”
“Então é verdade! O Universo está respondendo todos os meus desejos”, respondeu Sara. “Meu
mundo agora está completo.”
Annette riu. “Sério Sara, estamos ficando muito bom nisso, você não acha?”
Sara teve que concordar. Com muito menos problemas do que ela jamais teria acreditado, ela
havia descoberto que era realmente muito fácil de encontrar pensamentos para se sentir bem.
Especialmente uma vez que depende muito de bons sentimentos.
Quando Sara se encontrava pensando na ausência de Seth, ela rapidamente transformava seus
pensamentos recordando algum momento especialmente divertido ou imaginando algum no
futuro. Quando ela chegava a se preocupar com as feridas de Seth achando que não iria curar
bem ou sobre seus pais proibindo-o de ir para a casa da árvore, ela tentava lembrar-se de todas
as coisas boas que estão por vir.

E uma vez que Sara, Seth e Annette estavam todos pedindo, e desde que o Universo está
sempre respondendo, então era só uma questão de tempo antes deles estarem todos de volta na
casa da árvore juntos novamente.

“Vamos jogar um jogo”, disse Annette com entusiasmo.


“Ok”, Sara concordou, sem ter ideia que tipo de jogo Annette estava pensando.
Annette riu. “Oh Sara, eu te amo. É uma boa amiga. Você está disposta a tudo, não é?”
Sara sorriu. Ela poderia prever pelo entusiasmo de Annette que ela sabia que tinha uma boa
ideia.
Sara confiava em Annette. Ela não podia imagina-la sugerindo qualquer coisa que não te
fizesse se sentir bem.

“Qual é o jogo?”
“Um jogo de espionagem”.
“O quê?”
“Espionagem”.
“Eu nunca ouvi falar.” Sara riu. “Você acabou de inventar?”
“Sim”, Annette sorriu. “Mas escute, você não acha que seria divertido? Nós iremos até a
cidade, você sabe, fingindo estar cuidando da nossa própria vida, mas não estaremos. Nós
estaremos escutando o que as pessoas estão dizendo.”
Sara olhou para Annette. Sara tinha trabalhado duro, especialmente nos últimos tempos,
cuidando da sua própria vida. Este parecia ser um jogo muito estranho.

“Vamos chama-lo de „Jogo do modo de recepção‟. Nós vamos ouvir e ver se achamos se as
pessoas estão no modo de recepção daquilo que elas querem ou não”.
Sara se iluminou. Agora ela entendeu o que Annette estava falando.
“Então, não é realmente como meter o nariz na vida de outras pessoas. É mais como a coleta de
provas sobre receber?”
“Exato! Onde você acha que devemos ir?” Annette perguntou.
“A farmácia do Pete é um bom lugar para começar. Há sempre pessoas na lanchonete
conversando com o Pete. E nós podemos ficar atrás do porta-revistas, e eles nem sequer
saberão que estamos lá.”
Sara e Annette desceram a escada da casa da árvore.
“Isso vai ser muito divertido”, disse Sara.

Os sinos na porta da farmácia tiniu quando a porta se fechou atrás delas, fazendo com que as
meninas se assustassem um pouco, como se estivessem sido apanhadas entrando
sorrateiramente.
“Olá crianças!” Pete falou, enquanto ele continuou a colocar mais barras de chocolate na
prateleira perto da caixa registradora. “O que posso fazer por vocês hoje?”
“Oh, nada, por enquanto”, disse Sara rapidamente.
“Nós queremos apenas dar uma olhada.”
“Nas histórias em quadrinhos”, Annette acrescentou rapidamente. “Queremos dar uma olhada
nos gibis.”
“Bem, vocês sabem onde estão”, disse Pete, quando ele abriu outra caixa de barras de
chocolate, prestando muito pouca atenção para as meninas.
Sara e Annette se esconderam atrás do porta-revistas.
“Por que me sinto tão sorrateira?” Sara sussurrou para Annette. Annette riu e cobriu a boca
com a mão. “Porque, você é.”
Ambas as meninas riram.
“Não há ninguém aqui”, disse Sara. “Nunca vi esse lugar tão vazio”.

Os sinos na porta soou novamente quando três senhoras entraram.


“Vamos começar pela cabine”, disse uma delas. As cabines estavam na parte de trás da
farmácia e se estendia ao longo de uma parede.
Sara e Annette espiaram atrás do porta-revistas.
“Sente-se lá! Sente-se lá! Sara sussurrou sob sua respiração, esperando que elas iriam sentar-se
perto o suficiente para que ela e Annette pudessem ouvi-las. Com certeza a mulher grande
ficaria apertada na primeira cabine.

“Sim!” disse Sara triunfante.


“Shush!” Annette lembrou ela. “Estamos aqui à paisana”.

“Minas costas estão me matando”, disse a senhora grande. “Eu não sei o que fiz para ela. O
doutor disse que não pode encontrar qualquer razão para doer tanto. As radiografias não
mostram nada.”

Sara viu Annette levar um notebook de bolso. Ela escreveu: “#1, se concentra no que ela não
quer.”

“Bem, provavelmente a dor vai passar”, uma voz clara afirmou. “Às vezes estas coisas apenas
vão embora tão rápido quanto veio.”

Annette escreveu: “#2, tenta influenciar #1 de volta para o modo de recepção.”

“Não é provável”, disse a mulher grande. “Não me lembro quando as minhas costas não doeu.
Acho que vou ter que acostumar com isso. A medicina da dor não quer funcionar. Para dizer a
verdade, acho que o meu médico nem sabe o que está fazendo”.

Annette escreveu: “#1 parece não querer entrar no modo de recepção”. Sara riu quando ela leu,
e cobriu a boca com a mão.
A garçonete parou ao lado da mesa para anotar os pedidos. Sara e Annette se entreolharam.
Elas ficaram satisfeitas por obter uma boa evidência do que queriam. Após a garçonete deixar a
mesa, Sara e Annette ouviu alguém começar a falar.

“Elizabeth, você falou sobre a surpresa para Emília?”

Sara viu Annette escrever: “3 mudando de assunto, sente-se melhor”.

“Ainda não, mas eu estava preste a falar”, a voz brilhante disse alegremente. “Eu comecei o
trabalho. Estou me mudando para a cidade!”
“A cidade?” A primeira mulher perguntou; “Você não tem medo de mudar para a cidade
sozinha?”
“Medo? De quê?” A voz brilhante disse, um pouco menos brilhante agora.
“Bem, você sabe como é perigoso para viver na cidade. Não vê as notícias? Coisas terríveis
acontecem na cidade. Oh, eu estou preocupada com você. Eu espero que você fique bem.”
“Oh, não se preocupe” disse Liz. “Eu vou ficar bem”. Mas o tom de voz dela não soou bem. Na
verdade ela parecia uma pessoa completamente diferente daquela de alguns minutos atrás.

Sara leu, quando Annette escreveu: “#1 vence. #2 agora fora do modo de recepção”.

“Liz está sempre bem”, a terceira mulher disse. “Liz, você sempre foi abençoada, não importa
onde você esteja ou o que está fazendo. Nada de ruim já aconteceu com você?”
“Não”. Ela respondeu sua própria pergunta. “Nunca! Liz, você leva uma vida encantada, e não
há nenhuma razão para que isso mude. Você tem uma oportunidade maravilhosa e você
merece. Estou tão feliz por você, e eu só sei que você vai ter um momento maravilhoso. Estou
tão orgulhosa de você!”

Sara e Annette se entreolharam.


“Uau! Foi uma explosão do modo de recepção.” As meninas estavam tão espantadas com esta
enxurrada de palavras positivas que, por um momento, elas esqueceram que estavam
escondidas. Ambas as meninas se levantaram para tentar ver quem estava vomitando palavras
tão maravilhosas.

“Encontraram o que estavam procurando meninas?” Pete gritou de trás da fonte de soda.
“Sim”, Sara disse: “Quero dizer, não, não realmente.” As meninas correram para fora da
farmácia.

“Vamos esperar aqui Sara”


“Para quê?”
“Você não quer dar uma olhada mais de perto nelas? Para ver se podemos vem quem disse
aquilo?”
“Oh sim, eu quero”, respondeu Sara.

As garotas se sentaram no banco em frente ao único banco da cidade e esperaram que as três
senhoras terminassem sua refeição. Então os sinos na porta da farmácia tiniram novamente
quando as três mulheres voltaram para a rua. Elas ficaram na frente da farmácia por alguns
minutos, trocando mais algumas palavras que Sara e Annette não podiam ouvir, e então elas
seguiram caminhos separados.

Então, uma delas virou-se e caminhou na direção de Sara e Annette. Ela era esbelta, mulher
com aparência feliz, bem vestida, com um vestido brilhante de flor com um bolsa bonita a
tiracolo. Ela andou, ou melhor, flutuou, descendo a rua, e a quando ela passou por Sara e
Annette, disse-lhes: “Bem meninas, vocês já viram um dia tão bonito?”
“Não, senhora”, disse Annette e Sara ao mesmo tempo.
“Eu também”, disse a mulher. Não somos felizardas?”
“Temos certeza que somos”, disse Annette.
Sara viu quando Annette fez outra anotação em seu livro: “#3 ainda em modo de recepção.
Quer transmitir aos outros.”

“Oh maldito seja”. Sara e Annette ouviram uma voz descontente saindo de um carro do outro
lado da rua. Elas não ficaram surpresas ao ver a senhora grande da farmácia.
Ela estava em pé ao lado de um carro com a porta aberta. Sua manga parecia estar presa no
trinco da porta, e ela estava puxando-a sem jeito. “Bem, agora eu tenho meu vestido rasgado.
Isso é simplesmente ótimo.”

Sara e Annette riram suavemente uma para a outra. Annette escreveu em seu livro: “As coisas
não estão melhorando para #1 ainda. Ainda não está no modo de recepção”.

“Cuidado!”, alguém gritou.


Sara e Annette viram um carrinho de supermercado vazio rolando em frente ao estacionamento
indo para a direita onde estava o carro da #1. Ela sentou-se congelada atrás do volante,
impotente para fazer qualquer coisa a respeito. Cobriu o rosto com as mãos, gritando: “Oh não,
meu marido vai me matar!”

Assim que Sara percebeu o que estava acontecendo, ela tinha começado a correr em direção ao
carrinho, e ela o interceptou antes que atingisse o carro da mulher. A mulher sentou tensa, à
espera do impacto inevitável, e quando ele não veio, ela descobriu o rosto para encontrar Sara
sorrindo na janela do carro.
“Oi”, Sara disse suavemente. “Este carro quase foi atingido”.

“Ei senhora, eu acho que é o seu dia de sorte”. Alguém que tinha testemunhado a coisa toda,
gritou da calçada.

“Eu não penso assim”, a mulher disse sarcasticamente. “Eu não tenho nenhum desses.”
“Nenhum de quê?” Sara perguntou, pensando que a mulher estava falando com ela.
“Nenhum dia de sorte. Minha prima (tinha almoçado com ela) fala sobre a sorte que está com
ela o tempo todo. Oh, ela é cheia de dias de sorte, mas eu não. Eu não tenho dias de sorte.”
“Bem”, disse Sara timidamente, “este não foi um momento de sorte? Talvez você poderia
apenas começar por aí.”
Quando a mulher olhou para o rosto doce de Sara, ela sentiu o próprio elevador de tensão e
abriu um sorriso gentil.

“Sabe querida, você pode estar certa. Graças a você, eu certamente tive um momento de sorte.”
“Bem, você tenha um bom dia agora”, disse a mulher olhando para Sara. “Essa é a minha
canção favorita”.
“Hey”, Sara riu, “dois momentos de sorte em fileira. Acho que você está sobre um rolo.”
A mulher riu. “Bem, talvez você esteja certa. Vamos manter nossos dedos cruzados.”
Sara cruzou os dedos das duas mãos e segurou-os para a mulher ver.
A mulher riu.

“Eu sou Sara”, Sara disse, estendendo a mão, como sua mãe lhe havia ensinado, e apertando a
mão da mulher.
“Sou Emily”, disse a mulher. “Na verdade, eu tenho um cartão. Bem, é na verdade o cartão do
meu marido, mas eu escrevi o meu nome nele também.”

Sara pegou o cartão bonito e quase a deixou cair enquanto ela lia: “#1 Casa de Reparação.”
“Oh, Annette não vai acreditar nisso!” Sara pensou consigo mesma.

Capítulo 24
É bom ter um lugar privado

Annette tinha avisado Sara que ela não iria para a casa da árvore por alguns dias, pois sua
família ia para a cidade visitar sua tia, então Sara gastou o tempo caminhando para escola. Ela
decidiu parar na Farmácia do Pete para comprar uma barra de chocolate.
Sara pagou pela barra e quando abriu a porta da farmácia para sair, a Sra. Wilsenholm entrou.

“Oh, olá Sara”, Sra. Wilsenholm disse. “Estou tão feliz por encontrar você”.
Sara riu, pensando sobre a última vez que se encontraram, ela e Annette quase atropelaram a
Sra. Wilsenholm no caminho. Sra. Wilsenholm sabia exatamente do que Sara estava rindo e ela
riu também.
“Estas são circunstâncias um pouco melhor agora, não é querida?”
“Sim”, disse Sara ainda sorrindo.

“Sara, eu não pude deixar de notar que você não parece estar muito feliz com minha nova
piscina. Eu quero que você saiba que você e seus amigos são mais que bem-vindos a nadar
nela, logo que concluído. Todos na cidade não vão nem chegar perto, você entende? Mas eu
gosto de você e aquela garota doce. Annette? É isso mesmo? E, claro, seu amigo Seth. Vocês
três são muito bem-vindos. A menos que você não queira, é claro. Você gosta de nadar, não é
Sara?
“Oh sim, senhora. Isso é muito gentil da tua parte. Estou feliz que esteja construindo uma
piscina. Acho que vai ser muito agradável para você. Eu só...” a voz de Sara sumiu.
“O que querida?”
“Eu fiquei tão surpresa que o celeiro tinha ido embora”.
“Oh, aquela coisa era ruína antiga. O celeiro era tão antigo quanto as montanhas. Quase tão
antigo como eu sou.”
Sara riu. Sra. Wilsenhol, era realmente uma senhora muito engraçada.
“Sara, entre e sente-se comigo para tomar um refrigerante. Eu odeio sentar sozinho. O que você
gostaria?” Sra. Wilsenholm foi para uma mesa na parte de trás da farmácia, sem esperar por
uma resposta, apenas presumiu que Sara iria acompanha-la.

Sara seguiu-a e elas sentaram em uma cabine grande na parte traseira da farmácia. Sra.
Wilsenholm pediu um flutuador root beer.
“O velho Pete ainda faz o melhor flutuador do mundo”, disse a Sra. Wilsenhol,. “Gostaria de
um flutuador Sara?”
“Sim, por favor”, Sara sorriu. Foi difícil recusar por algo que foi relatado como sendo o melhor
do mundo.

“Agora Sara, me diga porque o meu velho celeiro era tão importante para você?”
Sra. Wilsenholm, estava começando a se sentir como um velho amigo. Parecia ser bom ter um
adulto tão interessado nos interesses de Sara.
“Bem”, Sara começou, “Annette pode balançar...” Sara parou bem no meio de sua sentença. De
repente, não parecia tão sábio dizer ao proprietário das árvores que estavam balançando nelas e
que um deles ficava pendurado pelos joelhos de cabeça para baixo sobre o rio. E se esta
informação fazer a Sra. Wilsenholm se sentir vigiada? E se todos eles foram banidos da casa na
árvore? “Vá em frente Sara. O que é que a sua amiga Annette faz?”

“Bem”, Sara parou, tentando decidir como abordar esse assunto tão delicado, “Annette é uma
ginasta. Ela é realmente muito boa nisso. Ela pode... ela disse que iria me ensinar alguns dos
truques que ela pode fazer, mas primeiro precisamos encontrar uma corda grande e resistente. E
lembrei-me de ter visto uma em seu celeiro. Pensamos que poderíamos perguntar-lhe se
poderíamos praticar lá, às vezes, mas o celeiro já não está mais lá, então eu acho que é isso.”

“Bem Sara, me parece ser um problema bastante simples de resolver. Nós não precisamos de
um celeiro para pendurar em uma corda, não é? Não com todas essas árvores por aqui. Vou
perguntar ao Sr. Wilsenhol o que aconteceu com essa corda grande e velha, e vamos encontrar
um lugar para pendurá-la. Aposto que seu amigo Seth poderia encontrar um lugar para você
mais perto da sua casa na árvore. Eu ando por lá muito frequentemente”, Sra. Wilsenholm
continuou.
Sara mal podia acreditar no que estava ouvindo. Sra. Wilsenholm vai para sua casa na árvore
privada?

Sra. Wilsenhol, percebeu o desconforto de Sara. “Eu costumo ir para lá, enquanto vocês
crianças estão na escola. Há uma pedra grande e plana na margem do rio que eu
particularmente gosto. É um boom lugar para se sentar e ficar quieto. Não há nada como a
sensação da água em movimento para levantar o moral de alguém. Eu nunca vou lá quando eu
acho que você e seus amigos poderiam estar lá Sara. Eu sei o quanto é importante ter um lugar
privado.”
Sara respirou fundo e depois chupava sua palha novamente.
“Isso não é um bom flutuador root beer?”
“Sim, é”, respondeu Sara. “Muito obrigada por me convidar”.
“Eu vi uma coruja muito grande na casa da árvore, na semana passada Sara.” Sra, Wilsenholm
disse, estudando cuidadosamente a reação de Sara enquanto ela falava. “Você viu isso?”

Sara engasgou quando ela bebeu. Ela colocou o guardanapo sobre o rosto enquanto ela tentava
se recompor. Ela não podia acreditar no que estava ouvindo.
“É realmente uma coisa linda. Ele voou para fora através do rio e depois à direita para cima em
sua casa na árvore, e então volta para cima em sua casa na árvore. Alguma vez você já viu
Sara?
“Oh yeah”, disse Sara, tentando parecer calma e não muito interessada. “Eu já vi isso aí.”
“Hmm”.
Sara prendeu a respiração.

“Isso é o que eu amo no nosso país Sara. Há tantos belos pássaros e animais que vivem ao
nosso redor. Eles são cautelosos em relação a nós seres humanos e assim deve ser, mas é bom
como nós todos nos darmos bem. Eu gosto de pensar que este mundo é suficientemente grande
para todos nós. Eu gosto de compartilhar minhas árvores com você e seus amigos Sara e com
esta coruja também.

Sara suspirou aliviada. Sugou a última gosta de seu flutuador root beer delicioso do fundo do
seu copo fazendo um som chupando muito alto. Sra. Wilsenholm fez a mesma coisa ao mesmo
tempo. Ambas riram.

“Vou perguntar ao Sr. Wilsenholm sobre a corda esta noite Sara. Vamos descobrir como
prendê-la em cima da árvore, uma vez que a encontrarmos”.

Sara queria encontrar as palavras para dizer de alguma forma a Sra. Wilsenholm que ela
realmente não queria que ninguém fosse a casa da árvore para pendurar a corda. Mas como
poderia dizer a Sra. Wilsenholm que alguém não era bem-vinda em sua própria propriedade.

“Pensando bem”, Sra. Wilsenholm acrescentou, “talvez seja melhor se ninguém fosse lá.
Ninguém nesta cidade sabe sobre o seu lugar secreto”.
Sara sentiu alívio. E estava surpresa. Sra. Wilsenhol, parecia estar lendo sua mente.
“Bem, vou indo Sara. Vou ver se encontro a corda”.
“Ok, obrigada”, disse Sara. “E obrigada pelo melhor flutuador root beer do mundo”.
“Você é bem vinda querida. Vejo você mais tarde.”

Observações de tradução
Root beer float – aqui traduzido como flutuador root beer. É refrigerante batido com sorvete.
No caso do refrigerante americano chamado ‘root beer’, que não tem nada a ver com cerveja
(beer) e, portanto não é alcoólico. Aqui no Brasil chama de ‘vaca preta’ quando se faz com
refrigerante tipo coca-cola.
Capítulo 25
Uma coruja permitindo

“Salomão, você sabia que a Sra. Wilsenholm sabe sobre você?”


Por que isso a surpreende tanto Sara?
“Porque Salomão, você supostamente um segredo. Eu pensei que Seth e agora Annette eram os
únicos que sabiam sobre você além de mim.”
Sra. Wilsenholm deve ter tido a sua idade Sara, quando nos conhecemos.
“O quê?” Você sabia de quando ela era uma menina?”

Seu nome é Madeline, você sabe. Todos a chamavam de Maddie na época. Ela era muito
moleque Sara. Estas árvores não eram tão grandes naquela época como agora, mas ainda assim,
ela passou um bom tempo no topo dos ramos destas árvores antigas. Seu pai era dono da
serraria e madeireira, e antes de morrer, ele deixou para a Sra. Wilsenholm e seu marido.

“Salomão, como é que a Sra. Wilsenholm, quero dizer, Maddie, como é que ela veio a conhece-
lo?”
Eu acho que seria uma boa ideia se você pedir para Maddie falar sobre isso.
Sara se sentiu desapontada. Ela realmente queria ouvir mais sobre como Salomão tinha
conhecido a Sra. Wilsenholm quando ela era uma menina. Sara se sentiu relutante em admitir
seu próprio relacionamento com a Sra. Wislenholm.

Salomão tinha tido um segredo tão bem guardado por tanto tempo que parecia errado começar
a falar abertamente sobre ele a alguém.

Eu vou falar com você mais tarde, doce menina, disse Salomão, estendendo suas asas, se
preparando para voar para longe.
“Salomão, espere”, falou Sara rapidamente.
Salomão dobrou suas asas de volta contra o seu corpo e olhou amorosamente para Sara.

“Salomão, muitas outras pessoas na cidade sabem sobre você?”


Oh, acho que tem havido muito poucos, ao longo dos anos Sara. Mas a maioria deles já não se
lembram do nosso encontro. Alguns deles nunca me reconheceu em tudo, outros me conheciam
e, na hora, esqueciam tudo sobre mim.
“Eu nunca vou esquecer de ti Salomão!” Sara gritou.
“Como poderia alguém te esquecer..”

Maddie é um desses raros como você Sara, com quem tenho uma ligação eterna. Ela tem uma
ligação eterna com você também. Tenha uma noite maravilhosa Sara.
Salomão voou para o céu e fora da vista

Sara sentou no chão da casa da árvore. Sua cabeça estava girando com toda essa nova
informação. Ela não conseguia decidir o que fazer a seguir, ou mesmo como se sentir. Ela
queria encontrar Seth e dizer-lhe tudo o que tinha aprendido, o que sente com tamanhas
informações, grande demais para manter tudo para si mesma.
Tenho uma ligação eterna com a Sra. Wilsenholm
Sara pensou. Isso é estranho. Eu me pergunto o que Salomão quis dizer? É por isso que a Sra.
Wilsenholm continua aparecendo apenas no momento certo para nos ajudar?

“Sara! Estou tão feliz que você ainda está aqui. Eu senti sua falta!”
“Seth! Seth! Estou contente de ver você! O que você está fazendo aqui? Pensei que não deveria
estar aqui! Você não vai ficar em apuros? Oh Seth, senti muita saudade de você! Eu tenho tanta
coisa para dizer-lhe!”
Sara olhou para Seth. Foi tão bom vê-lo.

“Seth você está melhor. Eu anão posso nem ver onde foram os corte. Seth, você não ficou com
nenhuma cicatriz!”
“Não”, Seth respondeu despreocupadamente. “Eu nunca terei cicatrizes.”
Sara sorriu. Havia tanta coisa para falar.

“Quando cheguei em casa da escola hoje”, Seth continuou, “minha mãe disse que meu pai tinha
chamado e falado que eu deveria conhecer os estábulos do Sr. Wilsenholm, para fazer algum
tipo de serviço para ele. Então eu fui para os estábulos, e meu pai me deu uma corda gigantesca
e disse que era para eu leva-la para a Sra. Wilsenholm. Ele disse que se ofereceu para leva-la no
rancho pick-up, mas o Sr. Wilsenholm disse que a Sra. Wilsenholm foi muito específica
pedindo que eu levasse para ela.
Então meu pai disse: “Ela é a chefe. Não é mais meu trabalho interroga-la.
“Então ele disse para levar a corda e fazer o que ela pedir. É algo sobre um projeto par amim
que pode demorar algumas semanas depois da escola, se eu estivesse disposto. E então meu pai
me olhou bem nos olhos e disse: “E você está disposto, não é filho?”

Sara começou a rir. Na verdade ela não conseguia parar de rir.


Seth sorriu, apreciando o riso incontrolável de Sara.

“Sara, Sara, que há de tão engraçado? Diga-me, Sara, que há de tão engraçado?
“Oh rapas, eu tenho muito a dizer”, Sara disse, ainda rindo, mas tentando parar. “Ela é uma de
nós, Seth”.
“Quem é? O que você quer dizer?”
“Maddie. Sra. Wilsenholm. Ela é uma de nós. Ela sabe sobre Salomão, Seth. Ela é conhecida de
Salomão desde que tinha a nossa idade.”
“Sara, o que você está dizendo?” Seth não podia imaginar o que Sara estava falando.

“Seth, pense nisso. Pense em como a Sra. Wilsenholm continua aparecendo em nossas vidas no
momento certo.
Lembra-se de como ela salvou a nossa casa na árvore e as árvores?
“Sim”, Seth disse, hesitante.
“E se lembra que foi a ideia dela que seu pai fosse o capataz do rancho?”
“E agora, olha para isto. Não só ela conseguiu fazer com que você voltasse para a casa da
árvore, como convenceu o seu pai de deixa-lo vir aqui. Oh Seth, ela é apenas a mulher mais
incrível. E ela é uma de nós Seth! Ela sabe sobre Salomão”.
“Sara como você sabe tudo isso?”

“Eu continuo trombando com ela, literalmente. Parece que todo lugar que eu vou, ela está lá. E
ela me convidou para tomar um flutuador root beer com ela, e me disse que vem para a casa da
árvore regularmente, muitas vezes, mas não quando nó, crianças estamos aqui, porque ela
respeita a nossa privacidade. E que ela tem vindo a este lugar da floresta todo ano. E ela disse
que viu uma coruja grande em nossa casa na árvore e me perguntou se eu já tinha visto isso.”

“Salomão? Ela viu Salomão?” Seth perguntou.


“Sim e quando eu disse a Salomão que ela o tinha visto, ele não piscou um olho. Ele apenas
disse calmamente: Ah sim, como nós, mas a maioria deles não se lembra. Mas a Sra.
Wilsenholm ainda se lembra.”

“Sara! Seth! Estou tão feliz por vocês estarem aqui!” Annette gritou sem fôlego quando ela
subiu a escada da casa na árvore.
“Annette você está de volta! Isto é tão maravilhoso! Você teve um bom momento? Oh Annette,
você não vai acreditar o que aconteceu.”
“Diga-me. O que está acontecendo? Seth, o que você está fazendo aqui? Você não vai ficar em
apuros? Olhe para você. Você está todo curado. Seth, você parece tão bem.”

Seth começou a rir. As meninas estavam ambas a falar tão rápido. Foi tão agradável para todos
os três estarem de volta juntos novamente.

“Eu naõ ficarei em apuros”, Seth falou devagar e deliberadamente. “Eu tenho, na verdade,
recomendações para estar aqui”.
Sara concordou. “Oh rapaz, Annette temos muito que conversar!”
“Sara, você tem a corda!” Annette disse entusiasmada.
“Como você sabe?” Sara perguntou.
“Porque eu vi no carrinho de mão lá em baixo!”
Annette disse, inclinando-se sobre a borda do parapeito e apontando para baixo.

Sara e Annette estavam em pé, encostadas no parapeito, olhando para a tão esperada corda e
sorrindo uma para a outra.

“Nós fizemos isso!” Ambas disseram ao mesmo tempo.


“Ei, o que há com esta cora afinal?” Seth perguntou.
“Por onde começar?” Sara disse balançando a cabeça.
“Foi ideia de Salomão”, Annette fez sinal de positivo com o polegar.
“Bem, sim”, Sara começou a contar. “Estávamos na casa da árvore logo depois que você foi
banido, e estávamos realmente sentindo a sua falta. Nós não estávamos tendo nenhum
divertimento sem você aqui. E quando pedimos a Salomão sobre o que fazer a respeito, ele
disse (você sabe o que ele sempre diz) para encontrarmos um pensamento que fizesse nos sentir
melhor. Mas não conseguirmos encontrar nada sobre você não estando aqui que fizesse a gente
se sentir bem, mesmo quanto tentamos pensar coisas felizes sobre você, isso apensas nos
lembrava da sua ausência.
“Então Salomão disse que deveríamos pensar em outra coisa. Então, nos revezamos balançando
na corda. E depois Annette teve a ideia de que ela poderia me ensinar a voar de cabeça para
baixo. Ela disse que precisaríamos encontrar uma corda grossa grande para que eu pudesse
praticar fora da casa da árvore, com mais segurança. E então, nós praticamente esquecemos de
como é triste você não estar aqui. E, em seguida, tornou-se nossa missão encontrar uma corda
grande...”

A voz de Sara sumiu. Ela começou a rir.


Annette estava rindo também.
“O que há de tão engraçado?” Seth perguntou.
“Salomão é um pássaro tão inteligente.” Sara disse.

Salomão desceu do alto da árvore.


Bem, agora vejo que a turma toda está aqui.
“Salomão, funcionou!”
“O que funcionou!” Seth não conseguia descobrir do que eles estavam faladno.
Claro que funcionou Sara. Sempre funciona.

“O que sempre funciona?” Seth ainda não entendeu.


Tudo sempre funciona. Salomão sorriu.
Tudo e qualquer coisa que você pode querer sempre funciona, é só permitir.
Sara e Annette estavam sorrindo e ouvindo.
“Com certeza é mais fácil de ouvir você dizer essas palavras hoje Salomão, que no mês
passado, quando Seth foi banido deste lugar.” Annette disse.
Salomão sorriu.

“Salomão você sabia o tempo todo como isso tudo iria acabar?”
Você nunca vai estar num lugar onde “tudo acaba”, porque o processo é sempre de expansão.
“Mas você sabe o que quero dizer. Você sabia que a Sra. Wilsenholm iria ajudar assim que
Seth pudesse voltar para a casa na árvore?”
Bem Sara, eu não gasto o tempo tentando descobrir como vai acontecer, mas eu sabia que iria
acontecer, porque eu sei o que você pede é sempre atendido. Você viu, quando você pede
alguma coisa é sempre concedido. O seu trabalho é apenas permitir.

“A Arte da Permissão”, acrescentou Sara sorrindo.


Isso mesmo Sara. Há três passos para alcançar qualquer coisa que você deseja. Etapa um é:
pedir por ele. Etapa dois é: o atendimento. E Terceiro Passo é: você tem que permitir.
“Parece bastante simples”, disse Seth. “Então qual é o truque?”

O truque? Salomão perguntou.


“Sim. Não pode ser assim tão simples Salomão. Eu pedi por um monte de coisas que eu não
consegui. Há pessoas em todo o lugar que querem as coisas e estão pedindo, mas não estão
conseguindo. Então, qual é o truque?”
Salomão sorriu. Bem Seth, o “segredo” é que quando você está pedindo por algo que você não
tem, você está geralmente tão consciente de não tê-lo, que tudo sobre o que você está pensando
ressalta o sentimento de não tê-lo. E quando você está irradiando sinais de não ter algo, você
não pode ficar no estado de recepção.
Você tem que irradiar um sinal que corresponde ao seu próprio desejo antes que você possa
permiti-lo.

Os olhos de Sara e Annette brilharam com uma nova compreensão.


“Sim Seth, como queríamos que você voltasse para a casa da árvore da pior maneira”. Annette
disse.
Sara riu. “Da pior maneira” se fez enfatizar o que Salomão tinha acabado de dizer sobre emitir
sinais que são o oposto de seu próprio desejo.

“Nós tentamos imaginar acontecimentos felizes com sua volta para a casa da árvore, mas toda
vez que tentávamos, apenas sentíamos sua falta ainda mais. Então Salomão sugeriu que
procurássemos outra coisa para pensar”, explicou a Annette e Seth.

“Sim, então Annette teve a ideia de que ela poderia me ensinar como balançar de cabeça para
baixo. E que realmente pareceu divertido para mim. E não leve a mal Seth, mas nós ficamos tão
animadas sobre a ideia de obter uma corda grande e pendurá-la em algum lugar, que até
esquecemos o quanto sentíamos sua falta.”

“Sim e então para encontrar a corda não seria tão fácil, por isso tivemos que realmente pensar
sobre isso, e depois só ficava aparecendo outras coisas para pensar. Não é que você não era
importante Seth. Acabamos ficando um pouco distraídas por algum tempo.”

Salomão interrompeu. A coisa mais importante a entender é que uma vez que você pediu, todos
os tipos de coisas vêm no lugar para dar o que você pediu. Você não tem que continuar a pedir
de novo e de novo. É melhor quando você percebe que depois de ter feito a Etapa Um (o
pedido) seu trabalho é ir direto para o Passo Três (o permitir).

“Mas e quanto a Etapa dois?” Seth perguntou.


A Etapa Dois não é o seu trabalho.
“Bem, de quem é o trabalho da Etapa dois?” Seth perguntou.
Esse é o trabalho da Lei da Atração, Força da Vida Criativa, Força de Deus, as fadas do
Universo. Todos os tipos de forças invisíveis do bem-estar convergem para acomodá-lo o que
estão pedindo.

Sara, Seth e Annette sentaram-se calmamente. As palavras de Salomão fez se sentirem tão
maravilhosos, tão confortáveis e tão seguros.
Terceiro Passo, Salomão continuou, é o que você está sempre trabalhando. Colocando-se no
estado de permissão daquilo que você está pedindo.
“E fazemos isso como?” Seth ainda queria mais explicações de Salomão.
Não fazendo aquela coisa que você faz com que não permita.

Sara e Annette começaram a rir. Seth riu também.


“Aquela coisa que fazemos? Que coisa? Salomão, o que você quer dizer?
Bem, na verdade, são muitas coisas, mas você sempre sabe quando você está fazendo isso,
porque você está sentindo uma emoção negativa ao mesmo tempo que está fazendo. Vocês
percebam crianças, sempre que vocês estão sentindo uma emoção negativa, como medo, raiva
ou culpa, vocês estão nesse momento com foco no oposto daquilo que deseja. Então você não
pode estar no modo de permitir aquilo que você quer, se você estiver emitindo a vibração
daquilo que você não quer.

“Então”, disse Sara com entusiasmo, “quando nos estávamos tristes porque Seth não poderia
vir para a casa da árvore, estávamos fazendo aquela coisa, mas quando ficamos interessadas em
outra coisa que não nos fazia sentir mal, então não estávamos fazendo aquela coisa, então...”

“Nós poderíamos permitir o que quiséssemos”, Annette terminou a sentença de Sara.


Bem crianças, eu acho que vocês tem isso, disse Salomão. Seria necessário muitas horas de
concentração apenas para estar ciente de quantas coisas notáveis vieram no lugar e quantas
intenções vocês tem lançado ao longo das últimas semanas.
Parece mágica para alguns, como milagres para outros, como boa sorte para o outros, mas o
que sempre acontece é, de alguma forma, consciente ou inconscientemente, deliberadamente ou
não – você tem que permitir!

“Pense nisso Sara”, disse Annette animadamente.


“Quase tão logo começaram a procurar a corda, coisas surpreendentes começaram a acontecer”.
Bem, na verdade crianças, coisas espantosas começam a acontecer a partir do momento em que
vocês iniciam o seu desejo.
Elas começam mesmo quando você estiver bem no meio do seu dilema, problema ou desastre,
mas você não pode ver evidência de toda esta ajuda que está se alinhando para você até você
parar de fazer aquilo que você faz e permiti-lo.

“Hmm”, Sara ponderou, recostando-se contra a árvore.


Eles estavam todos sentados com o mesmo sentimento maravilhoso.
“Somos como patos de sorte”, disse Annette. “Bem, eu não quero dizer sorte, eu quero dizer...”
Com sorte é uma boa maneira de se sentir Annette.
Com sorte é certamente uma partida para permitir aquilo que você deseja. Se você está com
sorte ou abençoado ou apreciativo, ou simplesmente feliz, você está permitindo tudo o que você
considera ser bom. Mas quando você sente falta de sorte, triste ou oprimido, com raiva,
culposos ou qualquer uma dessas emoções negativas naquele momento, você não está no modo
de recepção.

Sim, “sorte” é uma coisa muito boa de sentir. Eu não sei sobre patos, no entanto. Salomão
sorriu. Bem crianças, vou indo.
Vou deixa-los aqui para vocês contarem suas bênçãos.
“Tchau Salomão, vamos nos ver amanhã!”
Eu sou uma coruja de sorte. Salomão disse enquanto levantava voo a partir da plataforma.

Todas as três crianças caíram na gargalhada.


Você está certa Annette, Salomão gritou de volta, ele só não tem o anel direito.
Vamos ver o que rima com uma coruja?
Uivando coruja. Não é bem certo.
Permitir coruja! Eu sou uma coruja permitindo, eu sou uma coruja permitindo, eu sou uma
coruja permitindo.
Muito melhor! Acho que gosto!

Observações de tradução
Tem coisas que não dá para traduzer sem que perca o sentido original. Ditos populares e
rimas são um exemplo.‘Luck (sorte) rima com ‘duck’ (pato) em inglês. E o verbo ‘allow’
(permitir) rima com ‘owl’ (coruja).

Capítulo 26
Liberando pensamentos preocupantes

Sara sentou-se na casa da árvore à espera de Seth e Annette se juntarem a ela. Inclinou-se
preguiçosamente de costas contra a árvore olhando para o outro lado do rio. Ela simplesmente
se sentia bem. Respirou fundo, esticou os braços sobre a cabeça e sentiu arrepios de prazer se
movendo por todo o caminho até sua espinha. “Eu me sinto tão bem!” Gritou para fora de seu
posto. “Eu desejo que todo mundo possa se sentir tão bem como eu, mesmo que seja apenas por
um momento. Eles nunca iriam querer voltar a se sentir mal.”

Sara sentiu-se quase como se ela estivesse em um estado de animação suspensa. Os eventos do
dia anterior parecia que foi a muito tempo, como se tivessem acontecido com outra pessoa, e
ela não sentiu a impaciência sobre o dia continuar a se desenrolar. Annette e Seth pareciam
estar levando mais tempo do que o habitual para chegar a casa da árvore, mas Sara não sentiu
nenhum pouco de ansiedade ou impaciência. Neste momento sentia-se perfeita. Não havia nada
que ela deveria estar fazendo, nada do que ela queria fazer, nada faltando, não precisava de
nada – tudo estava certo.

“Agora é assim que tem que se sentir”, disse Sara em voz alta.
Você está certa Sara, Salomão falou assim que ele pousou na plataforma ao lado dela. A
maneira como você se sente agora, é como deve se sentir a cada momento em sua vida. Perfeita
e em expansão. Suficiente, mas cada vez mais. Satisfeita, mas ansiosa para outra coisa.
Completa, mas nunca, nunca termina.

Sara sentiu o amor arrebatador pulsando através dela quando olhou para seu amigo maravilhoso
de penas. “Oh Salomão, é tão bom se sentir tão bem. O que será que se apoderou de mim?”
Sara riu quando aquelas palavras saíram.

Você é quem se apoderou de ti Sara. Ou talvez seja melhor dizer, agora você está permitindo
quem você era para realmente ser. Este é o seu estado normal de ser.
Isso é o que todo mundo deveria estar sendo se simplesmente permitisse.
“Eu sei que você está certo Salomão, e eu quero apenas permitir. Acho que todo mundo
gostaria de permitir se soubessem como é bom, e se soubessem como fazê-lo. Por que não
vamos sempre nos sentir desse jeito Salomão? Por que parece tão difícil de simplesmente
permitir?”

Finja que você é uma joia bonita, uma água-marinha, como o lindo oceano azul. Pouco a
pouco, a partir da exposição aos elementos do seu ambiente, uma leve camada dura de pó e
água silencia a beleza daquilo que você é. E por causa do revestimento natural, você não vê
para fora tão claramente quanto você fazia antes, e outros não podem vê-la tão claramente. Mas
com um pouco de trabalho, você pode facilmente remover o acúmulo natural de sedimentos, e
então você pode brilhar tanto quanto você já brilhou e se sentir tão maravilhosa quanto você já
foi.

Quando você se sentar neste claro, coloque bons sentimentos, é fácil entender isso, muito mais
fácil do que quando você está sentada em um lugar desconfortável. Mas apenas por um
momento, se imagine sentada aqui com uma variedade de pensamentos que se deslocam através
de sua mente: você é uma jovem sentada em sua casa na árvore, à espera dos amigos. Mas em
vez de ser leve e clara como você é hoje, imagine que você está sobrecarregada por causa de
muitas coisas.

Em outras palavras, o seu professor favorito vai deixar a escola e você se sente mal com isso.
Você viu os meninos lutando no estacionamento e se preocupa que eles podem se transformar
em algo realmente sério, como coisas que você já viu na televisão. Você ouviu o seu pai
queixando-se do seu chefe ontem à noite depois do jantar, e você percebeu que ele não está
tendo um momento muito bom no trabalho recentemente.
Você já ouviu falar que a mãe do seu amigo está muito doente e sente mal por ela, e até mesmo
um pouco vulnerável em relação a si mesma.
Você pode sentir como cada situação indesejada que você pensa, sua alegria é silenciada um
pouco mais?

Agora tome uma decisão: “Eu posso dizer pra pensar no meu professor mais tarde, mas agora,
acho que vou ter a minha lembrança favorita sobre ele. Eu posso desejar que as coisas sejam
diferentes com os meninos lutando no estacionamento, mas por agora acho que só vou cuidar
da minha vida e presumir que eles estão trabalhando as coisas à sua maneira, eu desejo-lhes
bem. Eu quero que meu pai seja feliz no trabalho, mas isso depende dele, e tenho certeza que
ele não precisa de minha ajuda para descobrir isso. Ele sempre valoriza as coisas. Eu quero que
a mãe do meu amigo fique bem, mas minha preocupação não ajuda nem um pouquinho. Acho
que vou deixar esse trabalho para sua família, ou aos médicos, ou aos anjos, ou a Salomão.”

Se quaisquer pensamentos preocupantes permanecerem, apenas diga: “Eu realmente não tenho
que pensar sobre isso agora. Talvez mais tarde, mas não agora.” Tente imaginar liberando cada
pensamento preocupante, um após o outro. Outro, outro e mais outro. E a cada nova versão,
você se sente um pouco mais leve, um pouco mais brilhante, e um pouco mais feliz, até que,
sem exceção, você se permite ser a pessoa brilhante, clara, feliz, que você naturalmente é.

Tudo o que torna sua vida menos feliz, é porque você está, se você percebe ou não, se
segurando em algo que silencia a felicidade. Se você está irritada... se você puder apenas deixar
passar, você sentiria alegria imediata. Se você está triste, se você puder apenas deixar passar,
você sentiria felicidade imediata. Se você tiver uma dor de cabeça... se você puder apenas
deixar passar, você se sentiria imediatamente maravilhosa.

Sempre que você se sentir menos bem é porque você pegou algum pensamento preocupante e
está continuando a carrega-lo com você. Você pode parar agora e soltá-lo.
Sara sorriu. Tudo o que Salomão estava dizendo fazia muito sentido para ela. E, num momento
claro de bom sentimento, ela se perguntou por que alguém iria carregar algo que não fizesse se
sentir bem.

Bem, doce menina, eu vou falar com você mais tarde. Tenha uma tarde maravilhosa! Salomão
parecia ser tão leve quanto o ar que o levantou, quase silenciosamente, a partir da plataforma e
voou para longe. Sara sorriu enquanto observava a facilidade com que Salomão se movia pelo
céu. “Isso é só o que eu sinto”, disse ela em voz alta. “Eu te amo, Salomão”.

Capítulo 27
Pretendendo se sentir bem

“Sara, você está aí em cima?” Sara ouviu a voz de Seth lá de baixo.


“Sim, eu estou aqui. Estou aqui em cima!” Sara gritou, inclinando-se sobre o parapeito da casa
na árvore para pegar um vislumbre de Seth descendo a trilha.
Hmm, algo está acontecendo, Sara pensou consigo mesma. Ela podia ouvir na voz de Seth que
algo estava acontecendo, ficou um pouco tensa, não tendo certeza de que ainda queria saber o
que era.

Ela tentou recolher seus pensamentos e manter-se firme no estado de sentir-se bem que ela e
Salomão tinha compartilhado momentos antes, mas podia sentir a sua luza, que a fazia se sentir
feliz, diminuindo.

“Sara, eu acho que algo de ruim pode estar acontecendo e não quero que você fique chateada.”
“Sobre o quê?”
“Bem, há um guindaste grande em cima da ponte da Rua Principal.”
Sara não tinha ideia do que Seth estava falando. Ela não podia imaginar por que Seth achou que
isso iria perturbá-la.
“Sara, eu acho que eles estão endireitando o seu posto inclinado. Acho que estão colocando
uma cerca de arame nova do outro lado da ponte.”
“Oh”, disse Sara.
O humor de Sara havia mudado tão rapidamente que ela quase sentiu-se tonta. Deixando o
casaco e os livros exatamente onde eles estavam, saiu em disparada para a escada.

“Sara, eu não acho que isso é uma boa ideia. Eles têm tudo bloqueado.”
“Eu tenho que ir”, Sara respondeu. “Você vem?”
Seth já tinha visto aquela expressão no rosto de Sara antes, e ele sabia que não adiantava tentar
impedi-la.
“Sim, eu estou indo”, disse ele, quando saiu em disparada para a árvore. Sara estava correndo
rápido e Seth tinha realmente que correr para acompanha-la.
Havia muitos trabalhadores em pé sobre a ponte e cones laranja brilhante tinha sido colocados
ao longo da rodovia para evitar a passagem de carros, o guindaste gigante estava postado bem
no meio da ponte e o Sr. Thompson, xerife da cidade, estava orientando o trânsito.

“Ei, vocês não podem passar aqui hoje crianças. Tem que contornar o bloco. Não quero que
sejam atropelados ou causem qualquer problema”.
Sara parou. Ela queria gritar para ele: “Você é que está causando o problema aqui, não eu”.
“Oh cara”, lamentou Sara, “por que não podem simplesmente deixar as coisas como estão?”

Sara se sentiu horrível. Ela não conseguia lembrar da última vez que se sentiu tão mau. Na
verdade, se sentiu especialmente mau, já que apenas a poucos minutos atrás, ela vinha se
sentindo muito bem, mas não é fácil para se sentir bem quando algo muito importante para
você está sendo destruído.

“Vamos lá, Sara, vamos para a casa da árvore. Vamos falar com Salomão. Talvez ele possa
ajudar.” Sara seguiu Seth de volta para a casa na árvore. Sentia o corpo tão pesado que mal
podia arrastar-se pela trilha. Suas emoções variavam de sentir tanta raiva que queria bater no
xerife e jogá-lo no rio com suas próprias mãos, ao sentimento de total impotência para fazer
alguma coisa. E ela se sentia envergonhada, furiosa consigo mesma que em apenas poucos
minutos, tinha ido do melhor sentimento que ela poderia se lembrar de ter tido em toda a sua
vida ao pior sentimento que já teve.

Bem, Olá meus bons amigos sem penas, Salomão disse em voz trituradora, quando ele pousou
na plataforma.
Parece que os sedimentos estão obscurecendo a sua vista Sara? Seth olhou intrigado. Ele não
tinha ideia do que Salomão estava falando.
Por que você não explica a Seth o que eu quero dizer Sara?

Sara não quis olhar para cima. A última coisa que ela tinha vontade de fazer era explicar para
Seth sobre o brilho, gemas aquamarine brilhante.
Salomão sentou-se calmamente, esperando Sara começar. Seth estava quieto, também. Sara fez
careta. Ela não encontrava as primeiras palavras.

Bem Sara, talvez uma boa maneira de começar, seria dizendo a Seth como surgiu a história da
joia. Diga-lhe como você estava se sentindo e depois fale sobre a nossa conversa.

“Bem”, Sara começou lentamente, “eu estive aqui hoje cedo, sentei-me sozinha por algum
tempo. E quanto mais fiquei aqui sentada, melhor eu me sentia. Era como se eu não tivesse
nenhuma preocupação no mundo, e tudo em vida parecia simplesmente perfeito. Eu me senti
tão bem. Senti vontade de levantar e gritar em voz alta. Eu quase fiz. E então queria que todos
pudessem se sentir assim. Desejei que eu pudesse sempre me sentir assim”.
“Aí Salomão disse-me que todos nós nos sentimos como se não fôssemos encontrar todos os
tipos de pensamentos para ter bons sentimentos. Ele disse que somos todos como joias, pedras
brilhantes. Clara, brilhante e bonita, mas que com o tempo, nós encontramos coisas que não
gostamos, coisas que causam preocupações que é como se ficássemos cobertos, pouco a pouco,
com sedimentos, mas que sempre que quisermos, podemos polir, tirando fora todo sedimento e
voltar a brilhar, voltando a ter bons sentimentos.”

Sara olhou para Salomão. “É assim que acontece, não é Salomão? Algo acontece. Algo que não
podemos fazer nada a respeito. E vemos isso acontecer. E nos faz se sentir mal. E o sedimento
entra em nós e nos transforma. É por isso que quando as pessoas envelhecem, elas são menos
felizes, não é? Elas ficam todas cobertas com sedimentos.”

É assim que acontece Sara. Pouco a pouco, as pessoas encontram coisas para se preocupar, se
sentem cada vez menos alegres à medida que encontram mais e mais coisas para se preocupar,
mas você sabe, Sara, isso não tem que ser assim.
Você não tem que deixar os sedimentos se acumularem em você, silenciar a sua clareza e a sua
alegria. Se você polir sua joia um pouco a cada dia, você vai ficar brilhante e clara e qualquer
um pode polir-se por fora a qualquer momento que quiser, buscando por esses pensamentos que
faz com que se sinta melhor.
Você não tem que pensar coisas que fazem você se sentir mal Sara. Há uma abundância de
outros pensamentos para escolher.

“Eu sei Salomão, mas eu acho que é podre eles estarem arruinando o meu posto inclinado”.
Bem Sara, você pode achar em seu pensamento e tem justificado isso em sua mente. É o seu
posto inclinado. Você tem adorado tê-lo. E eles vão removê-lo. Tudo isso é verdade, mas a
pergunta que eu quero que você faça a si mesma é: “Como me sinto quando penso nisso?” E se
a resposta é: “Eu não me sinto bem”, em seguida, escolha um outro pensamento e não acumule
sedimentos.

“Como o quê?”
Você poderia pensar em como você tem essa casa na árvore maravilhosa que realmente é muito
mais do que o posto inclinado. Você poderia pensar sobre como você pode vir aqui sempre que
quiser. Pensar sobre balançar na corda, com seus amigos, Seth e Annette, ou sobre mim Sara, o
que querido, adorável, morto (não-tão-morto), amigo coruja permitindo.
Sara riu. Assim o fez Seth.

Pense em como o rio ainda corre e como o sol ainda brilha e a chuva ainda cai, a comida ainda
cresce, a lua ainda se levanta e como a casa da árvore continua de pé. E pense em todos os
milhões de outras coisas maravilhosas que, se você tivesse tempo para pensar sobre eles, faria
você se sentir bem, porque eles são do jeito que vocês gosta deles. E depois que se sentir
desconfortável só vai levantar até fora de você, deixando-a brilhante e clara, naturalmente,
sentir-se bem. Que é quem você Sara. Nada nunca vai fazer por você.
E com o tempo, você chegará ao ponto onde nada mais importa do que você se sentir bem.
Olhar para os fatos ou apontar verdades se tornarão muito menos importante do que encontrar
pensamentos para se sentir bem.
Sara estava quieta. Ela se sentiu melhor, isso era certo, mas havia algo que ainda a estava
incomodando. Salomão tinha ajudado a Sara e Seth se sentirem melhor sobre muitas coisas, e
em cada caso, uma vez que eles começaram a se sentir melhor, as coisas pareciam dar a volta e
o problema foi corrigido.

Lembrou-se quando o Sr. Wilsenholm ia cortar as árvores grandes, onde fica a casa da árvore, e
como Sara e Seth realmente trabalharam em entrar em um estado de permissão, então, como
tudo mudou e as árvores não foram cortadas. Eles tiveram até a permissão para brincar nas
árvores. Lembrou-se como o pai de Seth estava planejando se mudar para fora da cidade, e
como Sara e Seth concentraram seus pensamentos em algo para sentirem-se bem, e então como
coisas milagrosas aconteceram que permitiram a família a permanecer na montanha da cidade
de Sara. A lista foi enorme.

Finalmente a pergunta de Sara era clara: “Mas Salomão, você sempre nos ajudou a se sentir
melhores e então as coisas mudaram para nós. Você nos ajudou a corrigir muitas coisas. Como
é que não podemos consertar isso?”
Salomão sorriu. Sara, eu não tenho que te ensinar a consertar as coisas. O que eu tenho
ensinado a você é como se colocar em uma correspondência vibracional, para permitir que seu
bem-estar natural chegue até você.

“Mas Salomão, eles vão destruir o meu posto inclinado. Meu lugar favorito. Eles estão indo
para arruiná-lo.”
Sara, como você se sentiria se várias outras crianças da sua cidade descobrisse seu posto
inclinado e quisesse ir lá todos os dias?
Sara fez careta. “Eu não gostaria que isso acontecesse.”
Mas e se eles realmente gostassem? E se o seu poleiro inclinado se tornasse o lugar favorito
para eles também?
“Oh, eu entendi Salomão, você acha que eu deveria estar disposta a compartilhar. Eu sei, eu
deveria estar pronta, mas...”

Iria tentar organizá-lo para que todos tivessem a sua vez? Queria passar as regras que dizem
que você tem que ter uma certa idade ou de um determinado tamanho para deitar no poleiro
inclinado?
Sara continuou a carranca. “Salomão, eu não entendo o que você quer dizer. Isso tudo parece
muito difícil. Eu provavelmente só iria para outro lugar, mas...”

Sara, você está absolutamente certa. Seria muito trabalho para tentar organizar tudo de modo
que agrade a todos. Eu não acho que você poderia fazê-lo mesmo que tentasse por cem anos,
mas algo que você pode fazer, que realmente não é muito difícil em tudo, é desviar sua atenção
longe de qualquer coisa que está te incomodando e colocar sua atenção em algo que se sinta
bem. Isso exige algum esforço, especialmente no início, mas com o tempo você fica muito boa
em voltar a atenção para as coisas que te faz se sentir bem. E antes que você perceba, você se
sentirá realmente bem.

“Mas Salomão, eu ainda não vou ter meu posto inclinado”.


Mas Sara, o motivo pelo qual você quer ele, não é apenas para que você possa se sentir bem?
“Sim”.
E se você se sentir bem, bem, não é que está bom?
Sara estava quieta. Ela podia ver que Salomão tinha um ponto.
“Mas eu pensei que você estava nos ensinando como fazer as coisas saírem da maneira como
queremos.”
Eu estou ensinando a você Sara, mas fazer as coisas do jeito que você quer, não é lutar contra
os outros que querem as coisas de forma diferente. Fazer as coisas do jeito que você quer é
sobre encontrar pensamentos que te faça se sentir bem, para que você, em seguida, permita, ou
receba, o que você quer.

As coisas funcionam para o melhor. Essa é a forma como é suposto ser, mas se você está
lutando contra algo que você não quer, você não está permitindo que as coisas funcionem bem
para você.

“Então você está dizendo que se eu encontrar pensamentos que me façam sentir bem, eles não
vão destruir o meu posto inclinado?”
Estou dizendo que se você encontrar pensamentos para se sentir bem, você vai se sentir bem, e
o seu poleiro inclinado não será problema.

“Mas Salomão, eu não quero que meu poleiro inclinado não seja um problema.” Sara estava
agitada.
Salomão sorriu. Que tal fazer a sua felicidade a sua questão principal? Seu único problema?
“Nada é mais importante do que se sentir bem”.

“E o que vai acontecer com o meu posto inclinado?”


Seja o que for não importa para você.
“Por que não?”
Porque você vai ser feliz de qualquer maneira.
Sara começou a rir. Ela podia ver que não ia chegar a lugar nenhum com Salomão neste
momento.

Sara, Salomão continuou, as pessoas costumam acreditar que as coisas têm de ser de tal
maneira antes que elas possam se sentir bem. E então, quando elas descobrem que não têm o
poder ou a força para fazer com que as coisas sejam do jeito que acham que precisa ser, elas se
resignam com a felicidade, vive impotente.

O que eu quero que você venha a entender é que todo o seu poder está na sua capacidade de ver
as coisas de uma maneira que mantém você se sentindo bem. E quando você é capaz de fazer
isso, você tem o poder de conseguir qualquer coisa que você deseja.
Tudo o que você deseja está tentando fazer o seu caminho para você, mas você deve encontrar
o caminho para permiti-lo. E você não pode permitir o que deseja quando não se sente bem.
Apenas sentindo-se bem você pode receber o que deseja.

Sara ficou quieta novamente. Ela estava começando a entender o que Salomão queria dizer.
Você vive em um mundo grande Sara, com muitas outras pessoas que podem querer que as
coisas sejam diferentes do que você quer que elas sejam. Você não pode convencer todos as
concordar com você, você não pode coagi-los a concordar com você, e você não pode destruir
todos aqueles que não concordam com você. Seu único caminho para uma experiência alegre e
poderosa é pronunciar, de uma vez por todas, que você pretende se sentir bem, não importa
como. E quando você pratica transformando seus pensamentos para coisas que a faz se sentir
bem, você descobriu o segredo da vida.

“Obrigada Salomão. Eu acho que entendi. Pelo menos por agora.”


A qualquer hora, doce menina, a qualquer hora.

Capítulo 28
Voando alto

Os olhos de Sara de repente se abriram. Era como se algo a tivesse despertado. Ela estava ali,
no escuro, tentando ouvir alguma ciosa, mas a casa estava em silêncio. Olhou para seu relógio
de cabeceira e viu que era 1:11 h. É muito cedo para se levantar, Sara pensou, e puxou os
cobertores até sobre os ombros e voltou a dormir.

Os olhos de Sara de repente se abriram. Mais uma vez, era como se algo a tivesse despertado.
Olhou para o relógio: 2:22, mostrava as luzes. “Oh bem”, ela suspirou, virando e caindo em
sono profundo novamente.

Os olhos de Sara de repente se abriram. Ela virou-se rapidamente para ver que horas eram. O
relógio marcava 3h33. Sara sorriu. “3:33, isso é muito estranho!”
Eu não diria que é muito estranho, Sara. Não muito estranho, nem muito e nem pouco estranho,
apenas a quantidade certa de estranho. Sara ouviu a voz tranquila de Salomão sussurrando na
escuridão.

“Onde está você?” Sara sussurrou.


Nos encontraremos na casa da árvore. Sara ouviu a voz tranquila de Salomão mais uma vez.

Sara sentou-se na cama. Ela estava bem acordada agora, mas ela não tinha certeza se tinha
sonhado ou se ela realmente tinha ouvido a voz de Salomão. Ela olhou para o relógio. Ele ainda
mostrava 3:33. Ela pulou da cama e puxou uma camiseta e uma calça de moletom por cima do
pijama. Calçou os sapatos, vestiu um casaco e silenciosamente abriu a janela do quarto. O luar
era muito brilhante. E quando seus olhos se ajustaram à escuridão, ela não teve dificuldades
para encontrar o caminho para a casa da árvore.
“Apenas a quantidade certa de estranho”. Sara riu para si mesma. “Eu não tenho certeza se
todos concordaram com isso”.

Quando Sara aproximou-se da casa da árvore, ela podia ouvir vozes. Era a voz de Seth e de
Annette. O que está acontecendo? Sara pensou.
“Seth, Annette, o que vocês estão fazendo aqui?” Sara falava, enquanto subia na casa da árvore.
“Sara, foi a coisa mais estranha. Acordei às 1:11 e depois às 2:22...”
“E então, 3:33”, Sara terminou a frase de Annette.
“Eu também”, Seth mostrando o polegar “– isso é realmente estranho! E nós dois pensamos ter
ouvido a voz de Salomão dizendo para no reunirmos na casa da árvore.”

“Isto é muito estranho!” Annette disse, tremendo enquanto ela falava.


“Apenas a quantidade certa de estranho.” Sara riu.
Apenas a quantidade perfeita de estranho, Salomão disse, quando ele se sentou na plataforma
com os três.

“Salomão!” Todos disseram ao mesmo tempo, na expectativa do que estava prestes a acontecer.
“Por que estamos todos aqui?”
Bem, não estamos todos aqui. Vamos esperar por Maddie. Nós voamos juntos em cada lua
cheia, há muitos anos. Foi ideia dela de convidar todos vocês a se juntarem a nós.
“Maddie voa?” Sara deixou escapar. Ela mal podia acreditar no que ouvia. “Mas ela é um
adulto!”

“Quem é Maddie?” Annette e Seth perguntaram ao mesmo tempo.


“Maddie, vocês sabe, Sra. Wilsenholm. Seu nome é Madeline, mas eles costumavam chama-la
de Maddie quando tinha a nossa idade”, explicou Sara.

Idade não tem nada a ver com voar Sara. Voar é como a luz que você sente. Você não pode ser
sobrecarregada com problemas e preocupações e ainda voar. É seu espírito puro que sobe Sara.
Eu sei que parece que vocês todos se juntaram a mim aqui com seus corpos bonitos, mas seus
corpos na realidade ainda estão dormindo profundamente em suas camas. Esta noite vou voar
com a parte mais verdadeira de quem você é. E vamos ter um momento maravilhoso juntos.

“Você quer dizer que nós não estamos realmente aqui com você?”
Oh sim, vocês estão realmente aqui comigo. Mas seus corpos ainda estão dormindo em suas
camas.
“Mas Salomão, eu tenho voado com você antes. Meu corpo voou com você antes.”
Você voou comigo Sara, mas seu belo corpo ficou acomodado, confortável e quente, na sua
cama.
“Mas Salomão, eu me lembro que eu voei com você”.
Você voou comigo Sara, e amanhã provavelmente vai se lembrar do voo desta noite. Quando
você é luz e livre de preocupações, em um estado feliz, permitindo quem você realmente é para
ser, você se lembra.

“Será que estamos realmente indo para voar, Salomão?” Annette perguntou. Ela simplesmente
não aguentava mais. “Eu não me importo se o meu corpo vem ou não Sara, eu só quero voar.
Como fazemos isso? Vamos lá, vamos indo”.
“O que é isso?” Seth disse, apontando para outro lado do rio.
Uma forma grande e branca parecia estar flutuando para a direita em direção a eles.

“É a Sra. Wilsenholm!” Sara gritou. “Maadie, é você. Você está voando!”


“Bem, eu acho que estou Sara. E é uma noite bonita para isso também. Gostaria de se juntar a
mim?” Maddie perguntou, estendendo a mão para pegar a mão de Sara. E sem ao menos pensar
nisso, Sara saiu da plataforma e flutuou para cima e pegou na mão da Sra. Wilsenholm. Sara
chegou a voltar para pegar Annette, e Annette voltou para pegar Seth e todos eles flutuavam
sobre o rio.

“Yahoo!” voz de Seth ecoou rio abaixo.


“Vocês podem acreditar no que está acontecendo aqui?”
Annette gritou. “Vocês podem acreditar nisso?” Ela repetiu.
“Isto é inacreditável!”
Sara riu. Ela se lembrou do sentimento de espanto. Quase mais do que você pode se conter. E
mesmo agora, ela estava se sentindo assim.
“Sara, por que você não mostra a Seth e Annette o que você se lembra sobre o voo”, Sra
Wilsenholm disse.

Sara respondeu: “Bem, eu não me lembro de muita coisa. Tudo que você tem a fazer é decidir
onde você quer ir, e simplesmente, de alguma maneira, você vai pra lá. Se você quiser ir para
cima, olhe para cima. Se você quiser descer, estique o dedo do pé para baixo, tipo como
apontar na direção de onde você quer ir, e para baixo você vai.”
“Experimente”, a Sra. Wisenholm disse, sorrindo.

“Up!” Seth gritou e ele até ampliava. “Up, um pouco mais”, disse ele, mais suavemente, e para
cima, e um pouco mais, ele flutuou.
“Gostaria de ir até lá”, disse Annette dramaticamente, apontando o outro lado do rio e para o
outro lado do rio ela foi.
“Eu também”, disse Sara, e outro lado do rio ela alcançou.
“Eu quero ir para cima, ora para baixo, ora para cima, agora para baixo!”
Seth gritou, com entusiasmo, e para cima e para baixo, e para cima e para baixo, e para cima e
para baixo ele foi! Ele não conseguia para de rir.
“Rapaz, isso é um passeio e meio”, ele disse as meninas.

“Vocês querem voar para a escola?” Annette sugeriu.


“Eu quero”, Seth concordou.
“Eu também”, Sara concordou.
E lá se foram eles, com a Sra. Wilsenholm acompanhando.
Eles flutuavam ao longo do campo de futebol, à espera da Sra. Wilsenholm para alcança-los.

“Vocês já repararam crianças”. Sra. Wilsenholm explicava, “o que você decidir provoca uma
resposta imediata?”
“Sim, isto é tão incrível!” Annette respondeu.
“Você notou que as palavras não são necessárias. Apenas a intenção clara de falar?”
“Sim”, respondeu Seth. “É como se, o que queremos simplesmente acontece”.
“Juntem as mãos, e eu vou mostrar uma coisa muito interessante a vocês.”
Sara estendeu a mão para Seth e ele para Annette, que estendeu a mão e segurou a da Sra.
Wilsenholm, formando um círculo.
“Agora Sara, você decide ir para cima, e Annette, você decide ir para baixo, e Seth, você decide
ir para os lados. Em três: um, dois, três!”
“Nada aconteceu! Por que não aconteceu nada?”

“Agora vamos todos saltar as mãos. Sara, você decide ir para cima, e Annette, você decide ir
para baixo, e Seth, você decide ir para os lados.
“Oh!” Todos eles exclamaram. Sara explodiu para cima, Annette para baixo e Seth para o lado.

Todos riram. Eventualmente, eles se reuniram novamente em seu círculo flutuante.


“Vocês perceberam os detalhes, quando você está flutuando sozinho, você decide o que quiser,
suas próprias intenções são imediatamente postas em prática, porque você está completo acordo
com você, mas quando estávamos todos unidos como um grupo e pretendemos coisas
diferentes, nada aconteceu.”

“Agora juntem as mãos novamente, e vamos decidir ir para cima”.


Seth, Sara e Annette projetaram a intenção e subiram.
“Uau!” Sara disse. “Isso é legal”.
“Quando não estávamos de acordo, por que não nos puxamos em sentidos opostos, Maddie?”
Sara perguntou. “Quero dizer, por que cada um de nós não conseguiu o que queria apenas
puxando uns aos outros?”

“Bem isso poderia acontecer. Com algumas pessoas isso acontece dessa forma, mas você são
tão bons amigos. Suponho que a sua intenção de se dar bem uns com os outros é tão forte que,
em vez de puxar o outro, você esperou sua vez, para ter um consenso do grupo.”
“Hey, onde está Salomão?”

Eu estou aqui, disse Salomão no céu, acima deles. Eu estou gostando de suas técnicas. Eu
acredito que vocês decidiram voar para um lugar que nunca foram antes.
Todos riram. “Isso é muito divertido. Eu desejo que nós poderíamos ficar aqui para sempre”,
disse Annette.
Voar é uma coisa maravilhosa filhos. Eu faço isso o tempo todo. Pois então, eu sou um pássaro
agora, não sou? E voar é uma coisa boa para você fazer de tempo em tempo também.
Mas você tem a intenção de fazer o seu caminho de formas diferentes. Não seria uma coisa boa
se você fosse distraída de sua perspectiva humana extremamente valiosa, mas eu acho que está
tudo bem se vocês ficarem aí por alguns minutos mais. Há alguém que gostaria de voar com
vocês por um momento.

“Alguém mais?” Sara ficou surpresa. “Quem mais por aqui sabe sobre você Salomão?”
Ela não é exatamente daqui Sara, mas ela sabe que todos nós estamos muito bem.
Salomão se virou e olhou através do campo de futebol. A bela forma branca suavemente
flutuou em direção a eles.
“Mãe, mãe! Oh mamãe, é você!” Annette gritou, voando em direção a forma que se
aproximava.

Sara, Seth e Maddie se reteram, observando do outro lado do campo Annette indo para os
braços de sua mãe.

“Oh, mamãe, mamãe, você está aqui. Você está aqui, e você é tão real como real poderia ser.”
Annette e sua mãe riram suavemente. “Bem, eu acho que eu sou real Annette. Todos nós
somos. Todos nós somos sempre reais. Estou tão feliz que você veio aqui para me encontrar
desta forma”.

“Mamãe, você vai volta, como Salomão fez, e morar com a gente de novo?”
“Oh Annette, meu doce. Como poderíamos explicar isto para os vizinhos? Eu nunca realmente
vou deixar você Annette. Estou apenas a um pensamento de distância. E sempre que você
quiser me ver, eu estarei bem aqui. Em tempo muito especiais, como esta noite, você vai ser
capaz de me ver, e quando estiver feliz, será capaz de me ouvir e me sentir.”

Annette sorriu para sua mãe. Ela não sabia porquê, mas de alguma forma ela compreendeu
completamente tudo o que sua mãe estava dizendo. Tudo parecia perfeitamente lógico e
confortável.
“Mamãe, como é estar morto?”
“Bem Annette, eu realmente não sei. Acontece que hão há tal coisa. Eu estou tão viva como
nunca. Mais, na verdade. E feliz, oh Annette, eu não sabia que tal felicidade pudesse existir”.

“Estou contente mamãe. Estou feliz também.”


“Eu sei que você é feliz, doce menina. Eu vejo isso todos os dias.”
“Bem crianças é melhor começarem a se mexer. Nós não queremos nos transformar em
abóboras ou qualquer coisas assim”, disse Maddiel.
“Mamãe, eu te verei de novo?”
“Claro Annette, vamos nos ver muitas vezes. Divirta-se com seus amigos. E beije todos em sua
casa por mim.”

A mãe de Annette se desfez suavemente para o céu noturno e Sara, Annette, Seth e Maddie
flutuavam silenciosamente sobre o campo de futebol. Sara pôs um braço em volta do pescoço
de Annette e um em volta do pescoço de Seth. Seth estendeu a mão para Maddie, e Maddei
estendeu a mão para Annette, e os quatro flutuavam em silêncio sobre o campo de futebol.

Sara virou-se na cama e abriu os olhos. O relógio marcava 3:34. Ela sorriu. “Oh menino, isso
foi estranho!”
Apenas a quantidade certa de estranho. Ela ouviu a voz de Salomão em sua cabeça.
Capítulo 29
Mais...

Sara mal podia esperar até sair da escola para se encontrar com Seth e Annette, e falar sobre a
experiência inacreditável que tinham tido na noite anterior. Ou pelo menos, Sara pensou que
todos estiveram lá na noite anterior, porque quanto mais o tempo passava, mais Sara começou a
se perguntar se ela tinha ido, talvez tenha apenas sonhado.

Ela entendeu o que Salomão havia explicado sobre como o seu corpo tivesse permanecido
dormindo em sua cama, e que sua consciência estava tendo essas experiências mágicas, mas
essa experiência parecia it tão além de tudo o que Sara já tinha experimentado. Parecia apenas
maravilhoso demais para ser verdade. Será que Seth e Annette se lembravam, assim como Sara
se lembrava?

Sara podia ver Annette em sua direção com um grupo de outras crianças. Ela estava ansiosa
para arrastar Annette de lado, ali mesmo no corredor, para perguntar-lhe, de alguma maneira, o
que ela experimentou na noite passada, mas Sara sabia que não devia falar sobre nada disso,
onde qualquer um que não entendesse pudesse ouvir.

Sara viu a cara feliz de Annette enquanto ela se aproximava.


Será que ela lembra? Sara pensou. Annette olhou diretamente para Sara, como se ela tivesse
ouvido os pensamentos dela, e abriu um sorriso bonito, reconhecendo Sara. O rosto de Annette
estava mais bonito do que nunca esta manhã. Parecia tão calma e relaxada. Ela parecia feliz!
“Eu vou ver você”, Annette chamou de volta por cima do ombro, olhando para Sara com uma
intensidade clara que Sara sabia, sem qualquer dúvida, que Annette estaria na casa da árvore
após a aula.

Sara correu para sua sala de aula. Eu gostaria que pudéssemos simplesmente ir para a casa da
árvore agora, Sara reclamou sob sua respiração.
Seth veio correndo atrás de Sara e caiu uma pequena nota de sua mão, quando ele corria atrás
dela. Ele se virou e piscou enquanto corria pelo corredor. Seth bilhete dizia: “CASA DA
ÁRVORE – A NOITE – com certeza!”

Ele lembra, Sara sorriu para si mesma.


O sino final tocou e Sara foi direto para a casa da árvore. Ela simplesmente não podia esperar
para se encontrar com Seth e Annette para que eles pudessem falar sobre o que tinha acontecido
na noite passada.
Quando ela chegou na casa da árvore, Annette já estava lá e antes que Sara pudesse subir a
escada, Seth veio correndo até a clareira bem atrás dela.

Ela riu enquanto tentava subir mais rápido. Parecia que Seth iria passar por cima dela, se ela
não se apressasse para sair do caminho.
Os três se sentaram quase sem fôlego sobre a plataforma, só olhando um para o outro.

Finalmente, Annette falou primeiro.


“Será que o que eu acho que aconteceu ontem à noite realmente aconteceu?”
“Eu acho que o que você acha que aconteceu, aconteceu, mas eu não sei exatamente o que você
acha o que aconteceu”. Disse Sara, rindo entre suas palavras.
“Uma coisa é certa”, disse Seth. “Eu não acho que devemos dizer a ninguém o que eu acho que
você acha que você acha que aconteceu”.

Salomão atravessou todo o rio e se sentou na plataforma ao lado deles. Bem, Olá, meus bons
amigos sem penas. Ou devo dizer, o meu bando glorioso de fantasmas? O que há de novo? Ou
devo dizer, O que foi?
Todos riram.
Salomão, disse Sara, “Estamos tão contentes de vê-lo, a noite passada não foi surpreendente?”
Eu não sei se eu chamaria isso de surpreendente, disse Salomão. Tudo parecia perfeitamente
normal para mim.
“Sim, mas Salomão, o que é normal para você é ainda bastante estranho para o resto de nós”,
disse Seth.

Na verdade Seth, vocês três estão redescobrindo o que realmente é normal.


“Normal?” Sara e Annette disseram ao mesmo tempo.
“Isso é normal?”
Sim crianças, lembrando de sua natureza ilimitada,
Isso é normal.
Sentindo-se feliz, quando você se move naturalmente livre.
Entendendo de que não há morte, e portanto, nunca há separação entre quaisquer entes
queridos.
Isso é normal.
Sentindo-se vivo e consciente.
Ser tão cheio de quem-você-realmente-é que seu eu adorável está sempre presente.
Permitindo o bem-estar. Isso é normal.
Entendendo que, não importa como, está tudo bem.
Isso é normal.

Os três sentaram-se calmamente para ouvir as belas palavras de Salomão.


Amar suas vidas...
Sentindo-se animado com o que está diante de você...
Entendimento de que a sua jornada alegre nunca acaba...
Sabendo que você pode descobrir tudo a medida que avança...
Amar os outros que vão interagir com você ao longo do caminho...
Compreender de que somos todos diferentes, e ainda assim perfeito como nós somos... que é
normal.
Perceber que você sempre, sempre vai começar alguma coisa...
E que você nunca vai errar...

Sentindo-se tão cheios de si mesmos, do amor que vocês realmente são, que nada irá distrao-los
de seus momento de alegria...
Agora, isso é normal.
Mas, todo o resto está tudo bem, também.
Os três riram novamente.

“Oh Salomão”, Annette começou, “Eu te amo tanto. Estou tão feliz. Estou tão feliz.”
Está na verdade, Salomão sorriu.

“Então Salomão, o que vem agora?” Sara perguntou animadamente, entendendo que Salomão
pode ver claramente no futuro próximo e distante.
“Mais”, Salomão disse simplesmente.
“Mais do que?” Sara perguntou.
Mais daquilo que quer que você dê sua atenção.

Sara riu. “Oh sim. É sempre assim, não é?”


É, de fato, meus amigos. Sempre foi e sempre será.
Salomão levantou a partir da plataforma e voou para o horizonte.
Os três amigos de Salomão ficaram olhando até que ele saiu completamente fora de vista.
Olharam um para o outro, feliz por sua amizade.

“Então”, disse Annette, saltando sobre seus pés, “Sara, você está pronta para aprender a voar de
cabeça para baixo?”
Seth sorriu. Ele sabia o quanto Sara queria aprender a fazer isso.
Sara sorriu quando ela olhou para seus amigos.
“Mais”, disse ela. “Eu gosto disso”.

THE BEGINNING (O COMEÇO)

Era para ser THE END (FIM), mas no livro diz que é O Começo.
Espero que ninguém vá ficar em dúvida se o livro acabou ou não, quem leu atentamente vai
entender a mensagem.

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