DE ARAÚJO, Isabela Cristina Alves; RIBEIRO, Ludmila. Gerenciando a coexistência:
uma comparação entre mulheres e homens no trabalho de agentes prisionais. Revista Direito GV, São Paulo, ano 2023, v. Volume 19, n. 2308, 20 fev. 2023. Ciências Sociais Aplicadas, p. 1-27. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdgv/a/TGqKMtMJJbDDDbQ9FXSrWqp/. Acesso em: 6 abr. 2023.
O artigo posto à análise intitulado Gerenciando a coexistência: uma
comparação entre mulheres e homens no trabalho de agentes prisionais, focaliza seu olhar sobre como vai se dar a relação entre os policiais penais e os presidiários, ressaltando o impacto que cada sexo vai desempenhar nesse ambiente de coexistência prisional. O editorial discorre por entre suas vinte e sete páginas a realidade do sistema prisional de Minas Gerais, dando foco ao trabalho, e sobretudo, o relacionamento desempenhado pelos agentes penitenciários (homens e mulheres) com os detentos, sem deixar de lado o fator “sexo”, na hipótese dele poder interferir e influenciar em diferentes ações, procedimentos, condutas e visões do sistema carcerário acerca desses dois personagens. A partir da coleta e análises de questionários realizados num período entre 2014/2015 e 2016/2018, abarcando milhares de profissionais dos dois sexos incumbidos deste trabalho no estado mineiro, e além de possuir como apoio um arcabouço teórico vasto e consistente, o artigo põe em evidência a ocupação de mulheres nos cargos de agentes prisionais (percebido como cargo “exclusivamente masculino”), demonstrando também, as mudanças acarretadas por este sexo na percepção das relações entre os colegas homens, e principalmente, nas relações constituídas com os presos. Por dentro deste ambiente hostil e nada confortável, adjetivos que caracterizam o sistema penitenciário, as mulheres que trabalham na prisão são percebidas pelos homens desde “animais de estimação”, “sedutoras” até “damas de ferros” (esteriótipos esses, que serão trabalhados com minúcia no artigo). Em contrapartida, já os presidiários percebem-nas como mais “profissionais” e “agradáveis” (levando em consideração a educação, o respeito e a serenidade em tomar decisões em situações de conflito) em detrimento dos agentes do sexo masculino, que ao passar do tempo, aumentam suas ações agressivas (característica que pode ser justificada pelo ambiente mais “duro” que esses agentes estão inseridos, e que precisam garantir maior estabilidade no local). Dessa maneira, no que diz respeito a variável “sexo”, fica evidente que ela surtirá efeito no entendimento da mulher como agente de custódia, tanto na convivência entre elas e os presos, como também, na convivência das mesmas com seus parceiros do sexo oposto. Ademais, soma-se o fato de que as agentes precisam apresentar o atributo da “virilidade” para a formação da sua identidade profissional, pois senão, elas são desacreditadas e se desacreditam ao mesmo tempo. E, se elas porventura vierem a apresentar esse traço masculino, de nada vai adiantar, isso porque ainda serão tidas como desqualificadas nas atribuições de suas funções como agente. O Direito possui a função social de garantir a estabilidade, segurança e justiça para a sociedade. E é justamente essa a função dos policiais penais, que por meio deste artigo são trazidos à luz. Artigo esse, que tendo como temática estes profissionais, acaba por dar visibilidade aos mesmos, visto que no ambiente prisional o detento é quem vai ganhar os “holofotes” das pesquisas, das análises e dos artigos como um todo (conclusão que já fica explícita na introdução do artigo), deixando assim, os agentes de certa forma “invisibilizados”. Qualidade essa, que faz com que o Brasil mesmo hoje, ainda não tenha de forma ampla e abrangente, pesquisas que levem em consideração os agentes como “objeto”, os impactos psicológicos, comportamentais e de qualidade de vida que essas pessoas sofrem em decorrência do local e do trabalho estressante, árduo que tem que ser desempenhado por elas. E através deste artigo, direcionando o foco aos agentes prisionais (apoiando-se também, ao fator “sexo”), fica mais claro identificar as carências que precisam ser supridas pelo Direito penitenciário, afim de melhorar a qualidade de vida, e consequentemente, a qualidade do trabalho realizado por esses funcionários. Este artigo possui grande relevância para os alunos do curso de Direito, aliás, grande relevância para os alunos que cursam as Ciências Humanas como um todo. Mas claro, ele também pode ser lido pelas pessoas que se interessem pelo tema, pois apresenta uma linguagem de certa maneira simples, e um conteúdo sobre uma realidade que deveria ser mais discutido, pesquisado e disseminado por todo o corpo social. Sobre as autoras do artigo Gerenciando a coexistência: uma comparação entre mulheres e homens no trabalho de agentes prisionais, a Isabela Cristina Alves de Araújo é pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Violência e Gestão de Conflitos (GEVAC), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar. Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFMG. Graduada em Sociologia pela UFMG. E sua colega Ludmila Ribeiro é Professora adjunta do Departamento de Sociologia (DSO) e pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Mestra e bacharelada em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro (FJP). Bacharelada em Direito pela UFMG. Diego Santos Pereira, Acadêmico do Curso de Direito pela Faculdade do Sul da Bahia – FASB. Obrigação de fazer alguma imposta por lei, pela , moral, pelos usos, e costumes ou pela própria consciência; encargo: Em sentido absoluto, conjunto conjunto das obrigações de uma pessoa: ser fiel ao dever. Em sentido particular, uma regra de ação específica ou uma obrigação definida Conceituação de dever X contraste com o. Direito
O espaço mínimo pessoal como critério objetivo caracterizador de tratamento degradante e a aplicação da redução compensatória da pena privativa de liberdade