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Ori – A Individualidade Divina Esquecida ou Surrupiada

"Que Zambi Maior abençoe e ilumine seu camuntûe!", exclama com sabedoria o
preto velho, trazendo consigo a essência de salvar o Ori, ou camuntue em
bantu, de forma subliminar. Quantas vezes essas palavras sábias foram
murmuradas, ecoando através dos tempos? "Meu filho, que Zambi Maior
abençoe e ilumine seu caminho, que Nossa Senhora das Cabeças te guie." Essas
frases, carregadas de significado ancestral, mantêm viva a conexão com nossa
divindade interior.

Ori é o orixá mais fundamental no panteão Yoruba, sendo a cabeça o princípio


divino de cada indivíduo. Ori é considerado a própria extensão de Olodumare, o
Criador, em todos nós. Ele é o "Eledaa", o Criador, dentro de cada ser humano,
o que significa que tudo que nos tornamos na vida está intrinsecamente ligado
ao nosso Ori. Os Orixás só alcançaram grandes feitos graças à orientação de
seus Oris.

Entretanto, é intrigante notar que essa divindade tão central foi deixada de lado
nos cultos pré-umbandistas. No processo de "embranquecer" a religião e torná-
la mais aceitável para um público essencialmente cristão, houve uma corrupção
dos conceitos de Ori e seu significado.

Precisamos resgatar o culto ao Ori e trazer à luz esse tema dentro da umbanda.
Ori é o ponto de partida de cada jornada espiritual, a bússola que guia o
indivíduo em sua trajetória de evolução. Negligenciar essa divindade é perder
de vista a própria essência da espiritualidade.

Além disso, ao longo do tempo, substituímos o criador que existe em nós por
santos e diminuímos a importância do Ori ao colocar um orixá como pai de
cabeça acima do Ori.

Orumila, o grande testemunho do processo de reencarne, também foi


"esquecido" nessa adaptação. Sua presença é vital para compreendermos o
propósito de nossas vidas e os desafios que enfrentamos a cada reencarnação.

Portanto, é essencial resgatar o culto ao Ori e devolver-lhe o lugar de destaque


que lhe é de direito dentro da umbanda. É hora de reconhecermos a
importância dessa divindade em nossas vidas e nos reconectarmos com nossa
essência divina, guiados pela luz de nosso próprio Ori.

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