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CURSO

ASÉ EM PAUTA
2018
Módulo 1

IYALORISA JOANNA OLIVEIRA

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ASE EM PAUTA
AULA 1- (07/08/2018)
TEMA: INICIAÇÃO

A iniciação é um rito de passagem, uma morte que transforma um ser humano


comum em um instrumento de Orisa, um Elegun.
Elegun=pessoa sujeita ao transe, que empresta seu corpo para que Orisa viva entre
nós por um período, que pode ser por horas ou dias.
O então iniciado passará por ritos complexos de isolamentos e de segregação de
silêncio, e sacrifícios de oferendas de alimentos, de pequenos cortes para a
inserção de pós mágicos. Cortes esses que se transformam em cicatrizes sagradas
que definem os futuros sacerdotes, que simbolizam uma volta ao útero da mãe
Terra, de onde não nascerá um homem comum, e sim renascerá um instrumento de
Orisa, que por sua boca e corpo falará e si manifestará, aumentando assim seu
conhecimento e o de todos os outros que creem.
Sua apresentação já com o novo nome e personalidade será pública e se da em
festa pública.
Significado da palavra AXÉ (ASÉ) vem do AWA SÉ
AWA= nós
SÉ= realizar
ASÉ= nós realizamos
O novo Iawo é apresentado ao povo vestido e pintado ao som dos atabaques e
cantigas tão antigas quanto a vida dos homens.
A cada troca de roupas o Asé se espalha pelo templo.
Cada item tem um significado:
Pena Vermelha (EKODIDÉ)= simboliza a realeza, honra, status adquirido pelo fato
de ele(a) ter se iniciado.
As pinturas são substâncias vegetais e são chamadas de:
Azul: WAJI
Branco: EFUN
Vermelho: OSUN

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São símbolos dos líquidos vitais ao ser humano. São demonstrados a esteOrisao
nossomelhor. Uma vez que muitos de nossosORISASsão reais, e representantes
do reinado neste novo mundo.
São ofertados ainda colares, feitos com contas para compor todo ritual.
O bom não é o suficiente, apenas o melhor é dado ao Orisa!
KELÊ (ILEkE)= colar especial que o neófito carrega consigo no pescoço,
simbolizando seu amor,devoção e sujeição ao Orisa.
PRECEITO:neste período do Kelê, deve também cumprir o resguardo sexual,
porque esta energia não pode ser desperdiçada. Toda sua força energética deve
estar centrada no Orisa.
Comerá comidas especiais,dormirá no chão em esteiras e aprenderá as Orações e
Cantigas de seu Orisá.
Será um tempo de amor e dedicação, assim aprenderá a viver uma inserção do
sagrado no cotidiano.
Está experiência não tem como ser descrita,mas sim vivida!
O ser humano será então um“OMO AWO”(filho do segredo), não somente um
ser humano comum.

ASE EM PAUTA
AULA 2- (27/08/2018)
TEMA: POSSESSÃO E BORÍ

A possessão faz parte faz parte de tudo, é um compartilhar corpo e espírito com
o Orisá.
Possessão= é um ser dominado, um compartilhar de corpo e espírito com o Orisá
sem a menor interferência, possibilitando a perda da vontade própria e a submissão
total.
Muita coisa é aprendida sem que se ensine, são instintos e memória ancestral.Algo
divino, humano, fantástico, é preciso ser para saber.
No final de tudo o Elegun volta aos seus atos do dia a dia, retorna sua vida, mas
para ele deverá estar em primeiro lugar sempre o Orisá, seguindo suas interdições
e proibições.

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Orisá lhe dará sua hierarquia tribal, familiar e religiosa.

ASSUNTO 2: RITUAL DE BORÍ

Orí é o maior responsável pelo equilíbrio do ser humano.


O ritual de Borí reverencia aos ancestrais das pessoas.
Não nos importa a condição serial da ***, nos interessa a transmutação que
podemos oferecer através do ritual de Borí.
O Borí é enfim a preparação do Orí para receber o Asé.
Desta forma o Borí é uma das oferendas mais importantes que visa o bem estar
individual no Candomblé. O ritual do Borí é muito sério, complexo e profundo.
ORÍ= em Iyorubá significa literalmente cabeça, e é misticamente o primeiro Orisá
a ser cultuado.
Finalidade= O Borí harmoniza o Orí e os chakras situado no Orí.Diminui a
ansiedade, o medo, a dor, a tristeza. Traz a esperança, a alegria e a harmonia.
Através do jogo de búzios é que recebemos as instruções para realizar este ritual.
O ritual de Borí é muito sério, complexo e profundo. Seu objetivo é o de alimentar
o Orí (Eleda) seja qual for o sexo, raça, profissão, idade, nível social de qualquer
pessoa que passar por ele.
OMI(Água) OBI (somente Africano) são elementos indispensáveis no Borí.
O Orí é o Orisá pessoal em toda sua força e grandeza de cada um. É aquele que
guia, acompanha, ajuda a pessoa desde antes seu nascimento, durante toda vida e
após a morte, referenciando sua caminhada e assistindo o cumprimento do seu
destino.
Orí é uma representação particular da existência individualizada (essência real de
cada ser).
O sentido literal de Orí é a cabeça física, e símbolo da cabeça interior.
ORÍ INÚ: o ponto mais alto e superior do ser humano.
Não existe Orisá que apoie mais o homem que o seu próprio Orí. E como é o Orisá
pessoal de cada ser humano com certeza, ele está mais interessado na realização
e na felicidade de cada um, mais que qualquer Orisá. Mais que qualquer um Orisá,ele
conhece nossas necessidades em nossas caminhadas pela vida e nos acertos e
desacertos de cada um.

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CONSIDERAÇÕES DE IYA JOANNA SOBRE ORÍ

O ORÍ TEM OS RECURSOS ADEQUADOS E TODOS OS INDICADORES QUE


PERMITEM A REORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS E ATITUDES PESSOAIS
DE CADA UM DE NÓS.
COM ISSO ENTEDEMOS QUE O ORÍ FAZ DE CADA UM VENCEDOR OU
PERDEDOR.BASTA PARA ISTO QUE TRABALHEMOS EM NOSSO
BENEFÍCIO.
NOSSO ORÍ FAZ DE CADA UM DE NÓS UM REI OU UM MENDIGO. TUDO
DEPENDE DE CADA UM DE NÓS.
DEVEMOS TER MUITO CUIDADO COM O QUE NÓS CULTUAMOS PARA
NÓS.
EX:UMA PESSOA QUE MENTE MUITO PARA QUALQUER FIM,ELA CRIA
PARA SI PRÓPRIA UM CAMPO VIBRATÓRIO PROPÍCIO PARA RECEBER AO
LONGO DE SUA VIDA O MESMO.
FOI SUA ESCOLHA, ENTÃO SE NÃO É RUIM PARA VOCÊ OFERTAR AO
SEU SEMELHANTE, É BOM PARA SI PRÓPRIO, ASSIM ENTENDE ORÍ!

CONTINUANDO OS ESTUDOS....
Obatalá é o responsável pela criação da cabeça propriamente dita, enquanto Ajalá
é o responsável pela modelação da cabeça ligada ao destino.
Acredita-se que o Orí e o Odú(Odu signo regente do nosso destino), determinam
nossas riquezas e/ou atribulações na vida.
a) O trabalho árduo trará ao homem, mulher, ser humano afortunado em suas
escolhas excelentes resultados, já que nada é necessário despender para
reparar a própria cabeça.Assim para usufruir o sucesso potencial que a
escolha de um bom Orí acarreta, o ser humano deve trabalhar arduamente.
b) Agora aqueles que escolheram um mal Orí,tem poucas esperanças de
progresso, ainda que passem boa parte da vida se esforçando.
Portanto tomemos cuidado com nossas escolhas, elas interferem diretamente em
nossas vidas, com sucesso ou infortúnio.
Orí entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio,
é cultuado recebendo oferendas (Eborí) e orações. Orí é o protetor pessoal de
cada um, antes das divindades.
Os seres humanos devem cultuar o seu elemento mais sacro...o Orí=sua cabeça.

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Borí é o ritual de oferenda à cabeça(Ebó Orí), que consiste em assentar,
sacralizar, reverenciar e ofertar ao Orisá Orí.
Desta maneira conseguimos optar, viver melhor e mais próspero possível. Orí é
quem sempre está mais próximo de nós,portanto é fundamental harmonizar a
coexistência. O Orisá Orí é assentado, sacralizado e reverenciado no Borí,sendo
este como já citei um dos mais importantes rituais religiosos, pois abrange todos
os aspectos de forma igualitária e sem distinções por este motivo rogamos, rezaos,
ofertamos a Orí antes de qualquer outro Orisá.
“Como se diz um verso Iyorubá”
“NENHUMA DIVINDADE DEVERÁ SER ADORADA SEM O CONSENTIMENTO
DO SEU PRÓPRIO ORÍ”.

NOTA: Orí é um importantíssimo conceito metafísico espiritual e mitológico para


todos nós de religiões Iyorubás, principalmente para nós de Ketué identificado no
jogo pelo Odu OSSÁ. Ao contrário do que muitos acham Igbá Orí não é como Igbá
de Iyemanjá. Orí não é Iyemanjá, portanto não se assenta com tal Orisá.
ORÍ É SUA RELAÇAO:
COM O CORAÇÃO (SENTIR)
COM AS MÃOS (AGIR)
COM OS PÉS (SEGUIR)

ORÍRERE é o bom Orí


ORÍ BURUKU é o mau Orí
Orí é o Agbá, o ancião, o mais velho.
Eledumare fez Orí ser o Agbá dos Orisás na vida do ser humano.

ORÍ APERE
Orí provedor de maravilhas na vida.

CONCLUSÃO DA IYA JOANNA


Portanto cultuar e louvar Orí é estabelecer um elo entre nossa cabeça material e
nossa cabeça espiritual, ou seja, criar harmonia e equilíbrio necessários à vida.
A coexistência do Orí físico e do Orí espiritual de quem se submete ao Borí perfaz
o Orisá Orí, e é através dos ritos próprios do Borí que estabelecemos está

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comunhão, buscando assim a estabilidade espiritual. E desta maneira que se
consegue viver melhor e o mais próspero possível.

ASE EM PAUTA
AULA 3- (12/09/2018)
TEMA: NESSE DIA A PAUTA DA AULA, FOI PARA TIRAR
DÚVIDAS SOBRE BORÍ E SOBRE O OLUGBAJÉ.
DIA 19/09/2018= NÃO HOUVE AULA,POR CONTA DO ORO DO
OLUGBAJÉ.
DIA 26/09/2018= NÃO HOUVE AULA PORQUE A MÃE TEVE
COMPROMISSO COM A SECRETÁRIA DA CULTURA.

ASE EM PAUTA
AULA 4 - (05/10/2018)
TEMA: COMO SURGIU O CANDOMBLÉ NO BRASIL

Candomblé é uma religião diretamente ligada e derivada do animismo Africano.


*Animismo= palavra derivada do latim,que significa alma, vida.
É a visão do mundo em que entidades possuem uma essência espiritual.
Ex: objeto animais,fenômenos espirituais.
Candomblé se cultuam Orisás,Voduns ou Inkisis.
Sendo de origem totêmica* e familiar, é uma das religiões de matriz Africana mais
praticada, contando hoje com mais de 3.000.000 – três milhões de seguidores em
todo o mundo, mas principalmente no Brasil.
Também se acha o chamado “Povo do Santo” no Uruguai, Argentina,Venezuela,
Colombia, Panamá, México, Alemanha, Itália, França, Portugal e Espanha.
Na Africa onde se praticava o animismo,se cultuava em cada nação um único Orisá.
No Brasil em decorrência da importação dos escravos para o Brasil em meados do
século XIX,sendo que Africanos,Holandeses,Portugueses,Ingleses e Brasileiros,
dominaram um mercado,onde envolveu mais de 3.000,000e divididos em 4 fases.
Fase 1 = Ciclo de Guiné (século XVI)

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Fase 2 = Ciclo de Angola (século XVII)
Fase 3 = Ciclo da Costa Mina (século XVIII) (1815),*hoje chamado de Bennim
e Daomé,que traficou Iyorubas,Jejes,Minas, Houças, Tapás e Bornus.
Traficantes frigiam a fiscalização dos navios da Inglaterra, procuraram rotas
alternativas, capturando assim escravos de Moçambique localizado à Sudeste do
Continente Africano.
Interpretação= devido cada parte da África cultuar um único Orisá e quando
escravizados os Africanos se agrupavam em senzalas,ali era nomeado um zelador
de santo (Babalorisa ou Iyalorisa).
Os sacerdotes Africanos vieram para o Brasil entre 1549 à 1888 e tentaram
continuar praticando suas religiões em terras Brasileiras. Trouxeram consigo seus
Orisás.
Foram os Africanos, que eram de regiões(tribos diferentes) que juntaram várias
casas em uma só, para que pudesse assim sobreviver a religião. Portanto não é
invenção de brasileiros.
NOTA:Por este motivo cada Asé pinta seus Iawos de maneira diferenciada,pois
os nossos ancestrais vinham de diferentes tribos e com costumes diferentes.
O documento mais antigo de posse de Terra que se notícia comprovado é de autoria
do FREI ANTÔNIO DE GUADALUPE, um bispo visitador de Minas Gerais em
1726.
Embora fosse confinado originalmente à população de negros escravizados em
senzalas, quilombos e terreiros, e proibido pela igreja católica e até mesmo
criminalizados por alguns governos, o candomblé prosperou nos 4 séculos e
expandiu consideravelmente desde o fim da escravidão em 1888, ele estabeleceu-
se com seguidores de várias classes sociais e milhares de templos.
Só em Salvador existem aproximadamente 2230 terreiros devidamente
registrados.
NOTA: Entretanto muitos adeptos de outras religiões participam de rituais de
candomblé regular ou ocasionalmente.
NOTA: O candomblé não deve ser confundido com Umbanda e/ou Omoloko e
outras religiões Afro Brasileiras com similar origem como Vodú
Haitiano,Santeria Cubana, Obeah em Trinida e Tobago e ainda existe o
Tchamba (xambá) Africano e o Xangô de Pernambuco.
Ao que se tem notícias a casa de candomblé mais velha é o ENGENHO
VELHO(Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho)/CASA BRANCA.

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Fundada em 25 de julho de 1943 e registrada em cartório em 02 de maio de1945,
é chamada de Casa Branca do Engenho Velho ou IYLÊ ASÉ IYA NASSOOKÁ,
sendo considerado o primeiro terreiro de candomblé da cidade.
OBS: Segundo Mãe Senhora em depoimento, diz ser o OPÔ AFONJÁ que foi
fundado em 1910.
Portanto devemos deduzir que o Candomblé mesmo que informalmente surgiu no
Brasil em meados de 1500 à 1549.

AINDA NA AULA 4... TEMA: ATOS INICIÁTICOS

CURIOSIDADES:
OROSI SÉ= (cumprir tradição) é equivalente a 1ª saída soa Iawos, iniciados se não
fez Orosisé então........
OLONDÓ= Vamos ao Riacho (cachoeira?)
AFEJEWÉ= Lavamos com sangue

ATOS INICIÁTICOS

Não basta tão somente raspar, adoshar, catular para ser iniciado. Existem uma
série de atos “primordiais” à Iniciação.
Já iniciamos pelo Olondó (vamos ao riacho), já existem os atos neste ato que se
for a ‘iniciação” obrigatoriamente fazemos o 1º Ebó Iniciático= O Ebó Aiyê (o
dopintinho) se não for feito, fica muito complicada a conclusão, se a pessoa foi ou
não feita. Caso não tenha sido feito, eu arrumo na obrigação como vocês já
presenciaram inúmeras vezes.
Mas vejam bem: aqui no curso, existem várias pessoas que almejam, outras que
precisam, outros que são obrigados à seguir pelo caminho da espiritualidade.
Não se pode simplesmente querer e sim ter o Dom, o Odu, a vocação para tal.
Caso contrário corre-se o risco de se ter fracassos incontáveis, de não se ter
movimento no Asé. Ninguém deve dedicar-se ao Asé unicamente para ter um ramo
de sobrevivência, sendo assim corremos o risco de sermos infelizes e fracassados,
bem como marcados pelo Orisá.
Nunc se coloque como eu fui, eu posso, eu sou e sim eu sigo a vontade de meu Orisá,
pois este é o meu caminho real de vida.
Voltando ao tema da aula, vamos dar seguimento com os atos iniciatórios.

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Após o ínicio pelo Olondó,seguimos ao Borí, onde já falamos sobre Orí em aulas
passadas. O Borí não se da em apenas em oferecer coisas ao orí, de que ordem
seja, vegetal, animal e mascar o Obí e ali se colocar. Tudo é ritualístico e tem rezas
e palavras que o Babá ou Iyá devem proferir ao Orí naquele momento, palavras
vitais para que o objetivo seja alcançado naquele momento. Os que ficam próximos
de mim quando ministro o Borí, não nitidamente, mas me ouvem falar com Orí, e
não existe só um tipo de Borí, e com Orí se fala em Iyorubá.

SEGUIMOS PARA ENCANTAMENTO:


Sabemos que nossos sagrados Orisás vivem na natureza e precisamos ter o
conhecimento de quais caminhos para saber onde buscar.
Ex: Osum Iypondá vamos a Pororóca e Osum Yeye Okê encantamos no mato, abaixo
de uma árvore frondosa, são duas Osuns, mas com caminhos tão distintos, então
se não formos ao lugar certo traremos que energia?
Agora se for um Babá ou Iyá com pouco conhecimento e não fizer questão de obter
o mesmo,então eis aí um típico exemplo de querer ser e não nascer para ser.
Não existe caminho de Orisá sem encantamento!
PARTIMOS APÓS PARA O AFEJEWÉ (lavamos com sangue) e ORiSISÉ
Onde temos atos lindos e inerentes a cada Orisá, tudo muito diferente, uns dos
como fazer um Esú ou Ogum com atos parecidos entre si?
Atos,rezas,caminhos distintos impossíveis atos iguais.
E por falar em atos, vamos as diferentes folhas,comidas,atos diferentes de um
para cada santo.
Não se tem como usar folhas iguais.Cada Orisá tem a sua folha, as comidas e
pós....sim cada um tem seus pós.
Cada casa de Asé deve ter suas particularidades, seus atins sagrados, caso
contrário qual sentido em se abrir aberés,sem colocar os atins??
A seguir os Adoshos= Como se adoshar com sabão? Se não forem os atins sagrados,
mais alguns outros segredinhos rsrsrsr.....e o Asé Dudu qual o sentido do adosho?
Sem esses ingredientes tão sagrados? Pra que perfure se não tiver mojuba? Então
vemos que o Candomblé vai além de raspar a cabeça e colocar Kelê,que por sinal
tem contagem e porquês.
Aberto a perguntas.....

ASE EM PAUTA
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AULA 5 - (10/10/2018)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS

ESÚ

Embora chamado de Orisá, Esú não é propriamente um Orisá. Ele ocupa no Panteão
um lugar à parte e tem no candomblé ortodoxo* raríssimos filhos.
Candomblé Ortodoxo é o que segue fielmente um princípio, uma doutrina. É o que
está conforme com a doutrina religiosa tida como verdadeira, faz referência a algo
tradicional, que é conservador sem evolução, que está em conformidade com os
princípios tradicionais.
Neste princípio ortodoxo é antigo,convencional, segue as regras.
Esú Orisá de múltiplos e contraditórios aspectos, o que torna de difícil definição
de maneira coerente.De caráter irascível, gosta de suscitar brigas e disputas,
provocar acidentes,calamidades públicas e privadas.
É astucioso,grosseiro, indecentes a tal ponto que foram comparados e assimilados
ao diabo pelos primeiros missionários que em muito se assustaram com estas
características fizeram dele o símbolo de tudo que é maldade perversidade,
objeção, ódio em oposição à bondade à pureza, a elevação e ao amor de Deus.
Entretanto ele possui seu lado bom e se eleEsú é tratado com consideração,reage
de modo favorável, sendo serviçal e prestativo.
Agora se as pessoas esquecerem de lhe oferecer os sacrifícios e oferendas, podem
esperar toda sorte de catástrofes.
Exemplo:
Vou falar por minha experiência.(Iya Joanna)
Eu jogo muito e tiro muito Egbó,jamais eu poderia mentir em nome de Esú, ou
usar todo o dinheiro ganho, seja muito ou pouco, para benefício próprio,pessoal
e não cuidar adequadamente da Casa de Asé, de não acomodar com
beleza,conforto as entidades desta, ou pior ainda seria não alimentar
certo,com fartura todos que residem neste Asé. Esú com certeza me cobraria.
Desta maneira Esú se revela o mais humano dos Orisás. Ele é de múltiplos e
contraditórios aspectos, tornando assim difícil defini-lo de maneira coerente. Tem
ele um caráter irascível, gosta de suscitar discussões e disputas, portanto todo
cuidado é pouco no trato com ele, como eu já disse acima.

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Conta um itam que Esú foi um dos companheiros de ODUDUÁ, quando o mesmo
chegou a IFÉ.
Chegamos então a conclusão que Esú não é completamente bom, nem
completamente mau, pois além de seus inúmeros defeitos, tem suas inúmeras
qualidades.
Ele é dinâmico, jovial e se constitui assim como Orisá protetor, havendo pessoas
que na África orgulhosamente usam nomes como:
ESÚBIYI= CONCEBIDO POR ESÚ
ESÚTOSIN= ESÚ MERECE SER ADORADO

ESÚ é o guardião do templo e das pessoas. Serve como intermediário entre os


Deuses e o Homem, pois segundo E.......* Esú foi um assistente de ORUMILÁ
quepreside a adivinhação do sistema IFÁ.
Por estes motivos nada pode ser feito sem Esú, e, é para ele que devem ser levadas
as primeiras oferendas.
A Esú é correspondido o elemento fogo, sua essência é o movimento.

ESPECIAIS CONSIDERAÇÕES DE IYA JOANNA


Em meu entendimento todo homem e todo Orisá,inclusive tem seu Esú ou mais
precisamente seu “BARA”....Pergunta...
Porque ainda não tenho o meu assentado??????????
Vejam...tem opiniões e conceitos meus...Todos,absolutamente todos devem se
lembrar de ter sido ofertado algo para Esú.Lembrem-se muitas vezes é ofertado
no Onã, em outras oferta-se e mando pra rua, conforme determinado pelo jogo dos
senhores. Não assento Bara e deixo aqui, quando os senhores tiverem suas
respectivas casas terão seus Baras.
O Esú na Casa de Asé deve estar sempre em ordem, em dia com seu Osé, e não me
refiro ao Osé limpeza apenas, e sim Osé alimentação e sejamos sinceros, qual dos
senhores que estaria verdadeiramente dando o Osé para seu Esú no mínimo
mensalmente???
Vocês já perceberam como comem os Baras da casa? Então eu assentaria
assentaria o Esú Bara e o mesmo ficaria aqui no Asé sem os devidos cuidados????
Não é crítica vejam bem e sim constatações, “FATOS”.Quais dos presentes aqui
vem ao Asé somente por vir????/Somente para acender sua vela? Dar Osé no seu
Orisá? Alguns dos presentes vem aqui ao menos para cuidar do Orisá? Fazer um

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Igbosé para o Orisá ou para os Esús, independente de ter algo no barracão ou
alguma função???Levante a mãozinha quem nunca ficou de 3 a 4 semanas se vir ao
barracão??????
Então!!!!! A quem fica esta obrigação, se os senhores não vierem executar??
Eu não vou assumir este papel frente a Esú!
Portanto casa aberta...Esú assentado!!!!

VEJAM A SEGUIR:
Esú é o portador que estabelece a comunicação entre o mundo sobrenatural e neste
mundo trazendo do Orum as frações dos elementos primordiais que possibilitarão
o nascimento dos seres vivos que povoam o Aiyê, e levando de volta ao Orum as
oferendas dos homens.
***E QUANDO NÃO EXISTIR OFERENDA?????****
Esú aparece ainda como o filho esfomeado que devora a própria mãe;Ele povoa o
universo.
Esú é o mensageiro que leva aos demais Deuses as orações dos homens e leva aos
homens através do jogo de búzios a palavra dos Orisás e a vontade de
OLODUMARE* (Deus).
Esú ensinou a IFÁ a arte da adivinhação, é o bem feitor que estabeleceu a
comunicação entre o ORUM e o AIYÊ, garantindo assim por meio das oferendas
que os homens fazem ao Orisá (Bom para falar)*. A restituição da substância qual
a vida não pode perpetuar-se.
Esú associa-se portanto a “fala” e por extensão à boca (a boca insaciável).
Esú pode circular de um mundo para outro e viajar pelo reino dos mortos, pois ele
representa a continuação da vida.
Deve obrigatoriamente ser invocado antes de todos e ser servido sempre.
Vive solto pelas estradas e por encruzilhadas, controla a passagem das influências
tanto benéficas, como nefastas. Esú é muito vivo, e tão veloz que pode deslocar-
se imediatamente por qualquer lugar, seja qual for a distância. Nunca se esqueça
“Esú” tem apetite voraz.
Esú come tudo que a boca come, mas seus alimentos prediletos são:
Comidas no Dendê, assados ao fogo, PE.....*, akarajés, feijão, as farofas (yami*),
camarão, peixe seco.
Os animais: galos, bodes,preás...

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Ama a cachaça,vinho,cerveja e wiski, adora também o Mandacarú (flor do cacto).
Pode ainda se ouvir dizer que a ele é consagrado o “cão”.
Em compensação não tolera carneiro, e odeia igualmente uma substância chamada
(*******), não irei mencionar no momento, pois creio pessoas que poderão
prejudicar-se com ela, por falta de maturidade, pois para enfurecer Esú basta
derrama-la sobre ele. Esú castiga cruelmente quem o ofende.
Esú é saudado por um de seus nomes “LAROYÊ” (este é um de seus nomes). Veste-
se de branco,azul e vermelho (não de preto e vermelho), necessariamente leva na
mão um ferro com 7 pontas ou uma lança.
Carrega uma sacola com cacos de louça e usa ainda sua cabaça “ADO IRAM” e em
muitas culturas usa o “OGÓ”, uma espécie de falo(pênis) enfeitado com EGA* e
cabaças.
Eu Joanna, após um estudo feito em setembro/2014 sobre divindades e a
primeira foi Esú,chegue a conclusão que: Esú não usa OGÓ e sim uma
ferramenta que possui o formato de um gancho que é feito de
galho de árvore, que ele utiliza para limpar seus caminhos, dar rasteiras,etc.
o nome deste instrumento é “GARABATO”, sendo então este o meu
entendimento.

O colar (fio) de Esú é de um azul arroxeado quase preto, sendo esta a sua cor
característica.
Ele dança em ritmo Batá, com danças muitos vistosas.
Esú Bara não usa vermelho e preto nem em fios.
Pode usar ainda verde escuro e vermelho em suas contas, mas nunca vermelho e
preto.

ARQUÉTIPOS DOS FILHOS DE ESÚ


O arquétipo dos filhos de Esú é muito comum em nosso meio, onde existem muitos
de caráter duvidoso, ao mesmo tempo boas ou más, porém com inclinação para
maldade, desatino, obscenidade.
Estas pessoas tem uma arte em inspirar confiança e dela abusar. Tem entretanto
a habilidade de ser compreensivo aos problemas alheios e dar ótimos conselhos
com tanto zelo, quanto maior a recompensa esperada.
As intrigas e confusões lhes convém e são para eles garantia de sucesso.

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Os filhos de Esú tem uma personalidade diabólica. Pode-se esperar tudo dele ,
muita coisa ruim.
OBS: não aconselho iniciação ao culto, só mesmo quando não houver outro meio.

ASE EM PAUTA
AULA 6 - (17/10/2018)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OGUM

Ogum Rei de seu povo e herói civilizador.


Ogum é também filho de Eledumare (ser supremo).
Ogum foi escolhido por seu pai para abrir caminho a civilização.
Ogum é Divino, forte, poderoso, é senhor de um saber que lhe confere o poder da
transformação do povo Iyorubá através de seu trabalho com ferro e fogo.
A sabedoria deste rei sobe o fogo,a metalurgia, a guerra, a caça e a agricultura é
absoluta.
Rei e agricultor, caçador, guerreiro, ferreiro e minerador simultaneamente e tem
o conhecimento supremo sobre as artes básicas para preservação da vida.
Ogum é Rei exemplar, Divindade heroica que civiliza ensinando aos homens os
segredos da cultura, pois cria, ensina importantes profissões ao seu povo.
Seus primeiros alunos foram OSOOSI e ERINLÉ, a quem ensina a arte da caça.
Algumas narrativas afirmam que OSOOSI é filho de OGUM e que o mesmo
OSOOSI zela pelo segredo do conhecimento sagrado de Ogum.
No Brasil Ogum e uma única divindade, tendo porém 7 nomes ( É assim quando se
faz, assenta, encanta um único senhor Ogum, mas se dão outro nome).
Aqui em nosso Asé, a iniciação se da de acordo aos caminhos, épocas diferentes de
cada um.
Voltando veremos os 7 nomes de Ogum.
1) OGUM MEJÊ
2) OGUM ALAGBEDÉ
3) OGUM ONIRÊ
4) OGUM ALAKORO
5) OGUM JÁ
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6) OGUM OMINI
7) OGUM AYRES OU WARI

Ogum era Rei em IRÊ e nesta cidade, existiam 7 vilarejos onde cada um Ogum
reinava. Se cada um reinava em uma diferente aldeia, obvio que não era o mesmo,
pois cada um tinha suas preferências de onde vemos os caminhos ou qualidades,
sendo que Ogum Mejê foi o primeiro da lista que dividiu Ogum em
7partes.(segundo a história que fica pra outra ocasião).
Embora ninguém até hoje saiba o motivo Ogum nunca teve o direito de usar uma
coroa.
No Brasil as pessoas consagradas a Ogum usam contas verdes claro leitosa e
algumas verdes e azuis escuras, arroxeadas (mejeje).
O dia consagrado a ele é a terça-feira.
Ogum é o senhor da faca. Após se saudar Esú, que é devidamente saudado e
despachado, o que vem a seguir e nos desfiles dos Orisás, nos festejos vem sempre
à frente abrindo caminho para os outros Orisás.
Esta primazia entretanto foi contestada por OBALUAIYÊ e NANÃ BURUKU, que
como veremos mais tarde se insurgiram contra ele. Para provar então sua maior
antiguidade de vinda ao mundo, se recusavam a utilizar facas de ferro forjado por
ele, chamando-o “OGUM ESTE RECÈM CHEGADO”.
Ogum também é representado por franjas das folhas dos Dendezeiros chamada
de Mariwo.
Era, segundo dizem, a roupa usada por ele, uma vez que a tecelagem ainda não havia
sido inventada.
Uma curiosidade é que estes Mariwos pendurados em cima das portas e janelas do
Asé ou na entrada dos caminhos, representam proteção e barreiras contra as más
influencias.
Na África berço de Ogum, seu assentamento ficam ao ar livre, na entrada dos
Palácios dos reinos e nos mercados. São geralmente pedras em forma de bigornas
colocadas sob uma grande árvore chamada “ARABA” (cuba pentandra), e protegida
por uma grande cerca viva do nativo PEREGUN (dracena fragans) ou ainda AKOKO
(newbouldia laevis).
Nestes locais realizam-se periodicamente sacrifícios + Igbosé.
Seu culto é muito difundido nos territórios de língua Iyoruba e em certos países
vizinhos jejes como o ex-Daomé e o Togo onde é chamado de GUN.

16
IGBOSÉ
Acompanhando os sacrifícios ainda se colocam as oferendas de vinho de palma,
pratos de feijão e inhames cosidos regados com o azeite de Dendê.
Ogum é provavelmente o Deus Iyorubá mais respeitado e temido. Um juramento
feito em seu nome é solene e digno de fé.
A vida amorosa de Ogum foi muito agitada: Foi o primeiro marido de Oiya, teve
uma vida com Osum, depois com Obá e também com ELEFUM-LOSUNHORÉ
(Aquela que pinta sua cabeça com pós branco e vermelho, que foi mulher ao
OrisáOko).
Teve numerosos aventuras tornando-se pai de diversos Orisás, como OSOOSi e
ORANIAN.
A importância de Ogum vem do fato de ser ele um dos mais antigos Deuses Iyorubá
e também por sua relação com os metais, sem sua permissão e proteção nenhuma
atividade útil seria possível.
Ele sempre abre o caminho para outros Orisás, sendo sempre o primeiro.
O caráter de Ogum é aterrador e violento.
Vejam agora algumas frases de seus Orikis...
a) OGUM QUE TENDO ÁGUA EM CASA LAVA-SE COM SANGUE.
b) OS PRAZERES DE OGUM SÃO SEUS COMBATES E LUTAS.
c) OGUM COME CACHORRO E BEBE VINHO DE PALMAS.
d) OGUM O VIOLENTO GUERREIRO.
e) OGUM O HOMEM LOUCO COM OS MUSCULOS DE AÇO.
f) O TERRÍVEL EBORÁ QUE MORDE A SI PRÓPRIO SEM PIEDADE.
g) OGUM QUE COME VERME SEM VOMITAR
h) OGUM QUE CORTA QUALQUER UM EM PEDAÇOS MAIS OU MENOS
GRANDES.
i) OGUM QUE USA UM CHAPÉU COBERTO DE SANGUE.
j) OGUM TU ÉS O MEDO DA FLORESTA E O TEMOR DOS CAÇADORES.
k) ELE MATA O MARIDO NO FOGO E A MULHER NO FOGAREIRO.
l) ELE MATA O LADRÃO E O PROPRIETÁRIO DA COISA ROUBADA.
m) ELE MATA O PROPRIETÁRIO DA COISA ROUBADA E AQUEM CRTICA
ESTA AÇÃO.
n) ELE MATA AQUELE QUE VEM DE UM SACO DE PALHA E AQUELE
QUE O COMPRA.

17
No Brasil Ogum foi sincretizado com Santo Antônio de Padua (na Bahia),
São Jorge (Rio de Janeiro), São João Batista (São Paulo), São Pedro
(Cuba).

ARQUÉTIPOS DOS FILHOS DE OGUM

O arquetipo de Ogum é o das pessoas violentas,briguentas e


impulsivas.Incapazes de perdoar as ofensas de que foram vitímas. Das pessoas
que perseguem energeticamente seus objetivos e não desencorajam facilmente.
Daquelas que nos momentos difíceis triufam onde qualquer outro teria
abandonado o combate e perdido toda esperança.
Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais
tranqüilo dos comportamentos. Finalmente é o arquétipo das pessoas
impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por
uma certa falta de descrição quando lhes prestam serviços, mas que devido a
sinceridade e fraqueza de suas intenções tornam-se difíceis de serem odiadas.
Os Iyorubás acreditam que Ogum prosperidades a seus seguidores que peçam
auxílio.
ONILÉ OWO = O dono da morada do dinheiro.
O LÓNÀ OLÁ = O dono do caminho da prosperidade.

ASE EM PAUTA
AULA 7 - (24/10/2018)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS

ÒSÒOSI

18
Na mitologia Osoosi aparece como filho de Osalá e de Iyemonjá, existe outra
versão coexistente que ele seria filho de Apaoka, e ainda outra que citei na aula
anterior, que seria filho de Ogum.
Obvio dizer que todas estas versões são verdadeiras, o que nos dá sempre a
certeza de que não seria ele um único Orisá como os outros e sim vários Orisás
com suas famílias entretanto da mesma família onde vemos os caminhos
(qualidades), o que desmistifica a teoria que Osoosi era frequentemente associado
à Osun, e que a mesma o traiu com Sango. Bem como a teoria que ele sseria Rei de
ketu, pois também já estudamos na aula sobre o Orisá Esú, que o Rei de ketu é
Alaketu.
Existe um Itán que nos da Òsoosi como principal divindade de ILOBU, cidade
na verdade bem próxima a Ketu no país de IFÓNYN, sendo talvez por isto a
sua associação como Rei de ketu.
Em ILOBU viva um ÒSOOSI de nome ERINLÉ ou INLE, um valente caçador de
elefante.
ÒSÒÒSI é principalmente o Deus da caça. Vive nas florestas onde moram os
espíritos, está relacionado à árvore e com os antepassados. Usa o Irukere,uma
espécie de chicote feito pelo rabo de touro, que tem a virtude de dominar os
espíritos da floresta.
As abelhas são as mensageiras de ÒSÒÒSI, que depositam seu mel no tronco da
APAOKÁ seu verdadeiro tesouro. ÒSÒÒSI ainda afasta de si as abelhas com seu
Irukere.
ÒSÒÒSI ainda é associado ao frio, a noite e a lua. ÒSÒÒSI se relaciona com os
animais cujos gritos imita com perfeição.
Vários Orikis de ÒSÒÒSI confirmam esta associação, palavras como “,muito frio
como o inverno”, “ branco como o vento”, “ semelhante à Neblina”, ele anda
calmamente.
O dia à ele consagrado no Brasil é a quinta-feira. O verdadeiro sentido inicial da
palavra de seu nome seria OSOWUSI, que com o passar dos tempos tornou-se
ÒSÒÒSI. Existe ainda uns outros caçadores além de OGUM e ÒSÒÒSI, ou seja
Deuses da Caça.
ÒSÒÒSI é sincretizado na Bahia como São Jorge, no Rio de Janeiro e São
Paulo como São Sebastião,e São Norberto em Cuba.
Existem vários Itáns, como existem várias estórias (lembrando que estória é algo
inventado, diferente de História), a respeito deste maravilhoso Orisá, mas que par

19
se falar temos que entrar no mérito das qualidades, ou seja caminhos, como segue
os exemplos:
ÒSÒÒSI ONISEWE= Que foi encantado e tomando um chá, ficando à viver com
Osanyn.
ÒSÒÒSI ONISANGBO= que é irmão de DANA DANA e ONISEWE, que formam
um trio de 3 irmãos impossíveis.
ÒSÒÒSI-ODÉ KARE= irmão gêmeo de OSUN KARE...e por ai vai.

ARQUÉTIPO DAS PESSOAS DE ÒSÓÓSI


É o das pessoas espertas,rápidas, sempre alertas e em movimento. São pessoas
cheias de iniciativa, sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades.
Tem o senso das responsabilidades e dos cuidados para com a família. São
generosas, hospitaleiras e amigas da ordem. Gostam muito de mudar de residência,
e achar novos meios de existência, em detrimento( em conseqüência,em prejuízo)
alguma vezes de uma vida doméstica,harmoniosa e calma.
Quando digo que os filhos de ÒSÒÒSI(em alguns casos SANGO) são amantes da
ordem,pode passar desapercebido a algumas,entretanto é verdadeiro. São eles
pessoas que gostam de tudo perfeito, limpo e arrumado, mas muitas vezes como
não encontram estas qualidades em suas companheiras(os) e por vezes para não
entrar em contendas inúteis calam-se, mas mudam interiormente, vão perdendo o
interesse na esposa(o), no lar, na vida, no seu cotidiano, causando então um longo
abismo entre si e seu/sua companheira(o), muitas vezes sem nem ao menos ele(a)
mesmo prestar atenção nisto. Alguns destes filhos de ÒSÒÒSI
exteriorizam,outros calam-se,onde mora o perigo, onde muitas mulheres acham que
os filhos de ÒSÒÒSI são mulherengos, mundanos e por vezes os classificam como
mulherengos, inconstantes, sem personalidade firme. Repito por vezes, os filhos
deste Orisá nem mesmo ele percebo ou sabe o porque desta atitude,deste
afastamento interior daquele(a) que ele julga não estar interessados em manter a
ordem e organização.
Valendo ainda esta primicia para alguns filhos de Sango ou Orisás que tenham um
caminho, uma junção muito próxima com ÒSÒÒSI.

20
ASE EM PAUTA
AULA 8 - (28/11/2018)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
INLÉ OU ERINLÉ

Em IJEXÁ passa um rio chamado ERINLÉ, e há um Deus com o mesmo nome.


Seu templo principal é em ILOBU, onde segundo um historiador chamado Ulli Beier,
dois cultos teriam se misturado: O culto do Rio e o do Caçador de elefantes, que
em diversas ocasiões viera ajudar os habitantes de ILOBU a combater seus
adversários.

21
Seu símbolo é um pássaro fixo sobre uma haste central circundada por 16 outras
hastes sobre as quais se encontram também um pássaro em cada uma.
O culto a Erinlé se realiza as margens de diversos lugares profundos (Ibu) do Rio.
Cada um destes lugares recebe um nome, mas sempre é Erinlé que é adorado sob
todos os nomes.
ERINLÉ é tido ainda como caçador-pecador e médico devido o seu grande
conhecimento da floresta e suas folhas.Dizem que dominou a botânica antes de
Osayn, são considerados curandeiros.
Em algumas culturas,foi cultuado,considerado como *feminino* e como um aspecto
masculino de Iyemonjá MOJELEWE. Entretanto para alguns ERINLÉ mora na
floresta com Osayn,Ogun e Osoosi dado como irmãos. Aparece ainda com o Orisá
Oko no cultivo e nas águas com Iyemonjá,Osun e Otin.
No ketu a resistência dele seria no Rio Inle bem no encontro da água doce com a
água salgada (Mar). Existe ainda dois caminhos para Erinlé, um deles já sendo um
velho Osoosi IBUALAMA e o outro caminho quando jovem e delicado INLÉ.
Erinlé tem sua companheira feminina chamada IYA ABATAM.
TODA CASA ASÉ QUE TEM ENRINLÉ ASSENTADO DEVE TER IYA
ABATAM, QUE PARTICIPA DE SUAS OFEREDENDAS ESA CRIFÍCIOS.
EMBORA SENDO DUAS DIVINDADES ERINLÉ E IYA ABATAM FUNCIONAM
JUNTOS COMO UM SÓ FAZENDO ASSIM UMA ENERGIA PERFEITA
MASCULINA E FEMININA.
Por este motivo muitos julgam Erinlé como feminino. Existe toda uma família a
parte para o culto a Erinlé...
IYA ABATAN – sua esposa
BOYUTO – guardiã de Erinlé e Iya Abatan
OTIN– filha de Erinlé e Iya Abatan
JOBIA - filho de ASIPELU, auxiliar de Erinlé
OLOGUN EDÉ – filho de Erinlé com Osun Ipondá
ASAO – companheiro de Erinlé
Erinlé tem muitos caminhos, que são: OWÁÁLÁ, IBO, IBUALAMO, OJUTO,
BOYOTO (ligado a profundidade do rio),onde se encontra o reino místico de Erinlé.
Ainda tem ÀAMU, ODÉ KOBOYE,YAMOKIN, está na profundidade escura do
redemoinho o OJUTO. Acredita-se que em um redemoinho foi jogado das
profundezas para cima das águas. Existem vários Itans de Erinlé que em tempo
estarei passando.

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Existem seis caminhos de Erinlé, sendo que um é tido como um caminho de
Iyemonjá.
Erinlé é um Orisá diretamente ligado à Iyemonjá, Otim, Logun Edé ou (Logun Odé),
Ye Ye Ypondá, Abatan e Osalá.
EMBORA NÃO CACE TRAZ CONSIGO UM OFÁ, 2 BILALAS, OU UMA
BILALA E UM ERUEXIM.
Erinlé é um ODÉ ODO ou seja Caçador dos Rios, ele está diretamente ligado as
águas e algumas Osuns, como Opará e Yepondá, só veste branco no aspecto mais
jovem e azul claríssimo. Seu Igbá é diferente dos demais, é padroeiro dos
pescadores, como seu irmão Osoosi é o patrono dos caçadores, pois Osoosi caça na
Terra e Erinlé nos Rios.
Observação:
Existe um vasto estudo sobre Osoosi, Odé e Erinlé, que estarei passando de acordo
com a necessidade de cada um,caso contrário ficaremos um ano apenas neste tema.
Com este estudo vimos a importância dos Orisás Caçadores e Pescadores, e
principalmente vemos que existem caminhos, qualidades, principalmente vimos que
Erinlé não é um caminho de Odé ou Osoosi, e sim um Orisá à parte com caminhos
próprios, Orikis, Aduras, e Itans à parte que o qualificam como Orisá e não
caminho. Agora me respondam como se faz este Orisá “ Erinlé” se a maioria das
pessoas não conhecem os fundamentos de Iya Abatam? Não a cultuam? Se não a
tem como Orisá na casa, como cultuam Erinlé?? Vejam então como candomblé
necessita de “Estudo” e “Dedicação”, e como não é fácil a vida sacerdotal.
Curiosidades:
No candomblé Jeje existe um Osoosi de nome AGUÊ (não é Agué), que é filho de
MAWÚ e de LISSÁ (o Adão e Eva dos negros) MAWÚ (feminina) e LISSÁ
(masculino), dos quais descendem toda humanidade e que muitos dizem que MAWÚ
não existe. AGUÊ é o porta voz de Ossãe.
Orisá Odé – seu nome significa OSO= FEITICEIRO
OSI= um dos Irumolés,guarda da esquerda na Nigéria, considerado um Orisá de
2º plano. Na África Rei,dono da Caça.
Longo...muito longo o estudo sobre Odé.

Ainda na aula 8, segundo assunto:

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TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OLOGUN EDÉ ou LOGUN EDÉ

Logun Edé, filho de Ibualamo e Osun Iypondá (Ibualamo caminho mais velho de
Erinlé), é da nação de Ijesá,onde se encontra seu santuário mais importante.
Parece estar em vias de extinção na África.
Este Orisá passa parte do ano sobre a terra da caça e outra parte do ano sob às
águas do Rio. Este Orisá tem verdadeira aversão por roupa vermelha ou marrom.
Logun Edé propicia a caça e a pesca. Entretanto é um guerreiro irracível,embora
seja atraente,sedutor,vaidoso e adora se vestir bem. Pode ser responsável por
tonturas e desmaios, que muitas vezes podem ser confundidos com problemas com
egun.

ASE EM PAUTA
AULA 9 - (03/04/2019)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OSUN

Divindade feminina e exclusivamente filha predileta de Osalá e Iyemonjá.


Está diretamente ligada ao jogo divinatório.
Existem mitos que Osun foi casada com Osoòsi e não com Logun Edé.
Hoje sabemos que foi sim casada com ambos, pois Osun tem caminhos diferentes,
portanto não é a mesma.
Tem outros mitos que relatam que é Osun quem cria os filhos de Iynhansãn
abandona.

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NOTA: Novamente mais uma certeza que nos demonstram que cada Orisà tem
vários caminhos.Foram caminhos vividos por entidades, ou seja, Orisà diferentes.
No caminho com Sango, ela disputa o amor deste Deus com Iynhansãn e Obá.
Osun: Divindade unicamente de água doce e do Rio Osun, que fica no País de
Ijesá, ligada a família Real de Osobo.
Osun é tida como a Orisà de Ijesá.
Portanto Osun é uma divindade exclusivamente de águas doces, riachos e
nascentes. Entretanto, existem caminhos desta divindade que se encontram na
pororoca (encontro do rio com o mar), que não deixa de ser água doce, seria uma
água salobra.
Pororoca é o exato encontro da água doce com a salgada.
OBS: Osun é essencialmente a divindade das mulheres, e como tal, preside as
funções fisiológicas femininas, como a menstruação, gravidez e o parto.
Pode castigar suas filhas, provocando-lhes hemorragias excessivas, ou tirando-
lhes a menstruação.

ÒSUN DO KIKI EKÓ= Dona de muito EKODIDÉ (Ela transformou o sangue da


governanta de Osalá em Ekodidé.

Osun ama as crianças

IYÁ MI TI TO SO OKU DI AIYÊ (Ela transforma morte em vida)


OBI ONA KU ITA ORUN ( Ela fecha o caminho da morte)

Osun ainda é também, mulher menina, novamente a prova de não se trata de uma
única divindade, são caminhos diferentes, qualidades, que brinca de boneca
(Iyalodê).
Veja aí a diferença da Iyalodê, para a Boneca Abayomi (Jeba) de Oyá.
A relação à maternidade de Osun exprime-se através de sua Associação com o
peixe, como no caso de Iyemonjá.
Osun é generosa, nada recusa, e pouco se enfurece, ao contrário de Iyemonjá.
Fertilidade e fecundidade significa por extensão abundância e a fartura.
Então Osun é a Divindade da Riqueza!

“ A WURA OLU” (Dona do Ouro)

25
O pássaro de Osun é o ADÀBÁ, um tipo de pombo de olhos vermelhos.
(Por isso em nosso Asé,não oferecemos pombo à Osun)

Osun ainda desempenha importante papel no jogo de Búzios, pois é ela quem
formula as perguntas as quais Esú responde.
Existe uma pequena procissão em uma charola (espécie de liteira), no dia do Ipeté
da Osun.
Osun também não suporta o carneiro, em alguns asés Osun não come o Quiabo e
Mamão.
Alguns atribuem 16 caminhos à Osun, mas eu Iya Joanna conheço mais alguns.

ARQUÉTIPO: As Pessoas de Osun, são das mulheres graciosas e elegantes,


apaixonadas por jóias, perfumes, boas roupas. São o símbolo do charme e da beleza,
são sensuais, porém mais reservadas que as filhas de Oiyá.
Tem grande desejo pela ascensão social.

Voltando a falar em caminhos de Osun, devemos tomar muito cuidado com o que
estudamos:
Por exemplo: Osun Iypondá: diz ser um caminho ou qualidade de Osun...
Aí lhes pergunto: Qual caminho de Iypondá????
Existe mais de um caminho de Iyponda, então não podemos generalizar!
Assim como eu Iya Joanna não faço Iyá Oke em mulheres (ver Itan)

Ainda na aula 9,assunto 2:


TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OTIN

Iyá Otin,tem estreita ligação com Logun Edé e com Ogun.


Foi casada com Odé.
Amante de carne, muita carne.
Otin tinha uma deformidade, possuía 4 seios, e se envergonhavam deles, não ficava
com eles à mostra (motivo esse dentro da minha concepção, não iniciar Otin em

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homens). Se embrenha pelas matas, muitas vezes é confundida com Osun, mas não
ligação alguma, é sim um Orisá à parte. Aprendeu a arte da guerra com Ogun.
Em alguns Asés é tida como um Orisá masculino e temido caçador.
Na minha visão, Otin é um Orisá feminino.
Mas há quem acredite ser homem e guerreiro como Ogun.
Esta versão pode ser atribuída ao fato dela viver nas matas muito próxima à Ogun.
É uma exímia caçadora!

Ainda na aula 9,assunto 3:


TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OSAIYN OU OSANYN

É um Deus bem peculiar, filho de Iyemonjá e Osalá


É irmão de Sango, Ogun e Odé, apesar de irmão, não tem muita afinidade com
Sango.
Osaiyn é essencialmente o Deus das folhas e da medicina. Na verdade ele é o dono
das folhas, sem ele não existe o Candomblé.

“Kosi ewe kosi orixá” ( Sem folha não há Orisá)

Como vive no mato, Osaiyn está em contato constante com os caçadores, Ogun e
Osòósi, e também com os espíritos dos antepassados.
Normalmente seu dia no Brasil é as segundas-feiras, mas há quem os cultue às
terças-feiras.
O pássaro é a representação ao poder de Osaiyn, ele é seu mensageiro, que vai a
toda parte, e volta, se empolerando na cabeça de Osaiyn, para lhe relatar tudo o
que viu.
A coleta das folhas devem ser feitas com extremo cuidado, sempre em local
selvagem, onde elas crescem livres. As plantas ou folhas de jardim devem ser
desprezados para fins litúrgicos, pois Osaiyn vive na floresta em companhia de um
tipo de anão comparado a um sacy. Esse anão possui uma perna só, e tem o nome
de Aroni, e fuma muito um cachimbo de casca de caracol com um talo e folhas.

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Observação de Iya Joanna: Quando se faz oro para Osaiyn, se oferece
bichos com 2 patas, após ser copado, então se oferece a Aroni uma pata.
Bichos para Aroni é apenas com uma pata.

ARQUÉTIPO:

São pessoas de caráter equilibrado, capazes de controlar sentimentos, são


imparciais, não tem convicção em sentido moral e de justiça.
Julga a todos por si próprio.
Não tem noção de bem e do mal.

OBSERVAÇÃO DE IYÁ JOANNA


ASSUNTO: POSSESSÃO
DATA: 06/04/2019

(Observação feita no grupo Asé em Pauta)


Bom Dia a todos. Está madrugada estava estudando um pouco mais sobre a
possessão para já preparar o segundo curso e muito gosto deste assunto vejam
bem .... O Òrìsà tem obrigação de responder em todo fundamento?

NÃOOOOOOO TEMMMM...

O Órìsà não tem “obrigação” de fazer qualquer coisa, tão pouco de manifestar a
todo momento. Ele é convidado a se integrar nos rituais e pode estar presente sem
o fenômeno do transe acontecer.

Só no Brasil, na doutrinas de algumas casas de àse, o transe é obrigatório. Por


exemplo: em atos como quando o recém-iniciado vem dar o Orunkó (nome do Òrìsà)

28
todos os Òrìsàs "DEVEM" manifestar. Quando toca para Osalá, todos eleguns
DEVEM “virar”. No momento em que a Yalorişá da casa manifesta seu Òrìsà, todos
os filhos "TEM" que “rodar”.

Tenho muita dificuldade em acreditar nos transes de hora marcada, repetida e


exata. Quando rezamos, tocamos, dançamos, louvamos e convocamos nossos
ancestrais no Xirê, estamos fazendo um convite às energias. Logo, elas podem se
fazer presentes de diferentes formas, não apenas no transe. O ser humano, no seu
antropocentrismo, acha que pode mandar nas forças da natureza. Isso não tem
base na liturgia africana. É, pois, invenção que advém de uma hierarquia inspirada
nos moldes católicos. Além de compreender o seu estado de elo cosmológico como
o único medidor possível da presença do Òrìsà. Esse antropocentrismo é egóico e
pouco espiritual.

Outro problema: conversando com diversas pessoas no decorrer destes anos


dedicados a religião que “viram” no Òrìsà, mais de 90% fingem para não
envergonhar sua Yalorişá ou Babalorişá ou virar chacota na casa. Por quê? Porque
é fisicamente e espiritualmente impossível determinar o fenômeno do transe. Esse
condicionamento possui suas falhas. Se não podemos forçar o transe, mas se exige
que em determinados momentos ele obrigatoriamente aconteça, as pessoas irão
fantasiar ou dramatizar o transe para corresponder expectativas. Isso cria uma
ilusão coletiva para dar conta dum aspecto falho do tradicionalismo irrefletido.
Além de poder contribuir na produção de doenças psicológicas graves. Nina
Rodrigues, no livro “O animismo fetichista dos negros baianos”, em 1896, já
documentava casos de falsos transes nos terreiros.

O fato do elegun que não manifestou em determinado momento virar chacota,


demostra a imaturidade espiritual das pessoas daquela comunidade. Torna-se fácil
fazer o julgamento da espiritualidade alheia. Mas este deboche aponta mais a
fragilidade espiritual do acusador do que a maturidade espiritual do apontado.
Respeito sempre. Ninguém conhece todos os mistérios do aiyê-orum.

Ora, basta vermos quem em África a presença do Òrìsà é um acontecimento. Só


um elegun (ou poucos) são “possuídos”. Tem pessoas que passam a vida toda e nunca
verão a manifestação de um Òrìsà. Esse transe coletivo é característico da cultura
brasileira. Válido, mas carente de cuidados para saúde e bem estar dos eleguns.

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Respeito todas as configurações doutrinárias dos cultos aos Òrìsàs na diáspora.
Minhas observações e complexificações visam pensar transcendendo o aspecto
endógeno tradicional, pois a vida das pessoas e sua saúde física, psíquica e
espiritual é mais importante do que tradicionalismos. Desejo sempre a
manifestação livre e menos condicionada dos Òrìsàs. Precisamos sentir os Òrìsàs
sem o antropocentrismo que ver no transe o único ele possível com os ancestrais
primeiros...

Quem não é Órìsà de olhos abertos, não pode ser Órìsà de olhos fechados... AŞÉ
meus filhos.

AULA 10
10/04/2019
30
ASE EM PAUTA
AULA 10 - (10/04/2019)
TEMA: ARQUÉTIPOS E ORISÁS
OMOLU

Omolu filho de Nanã e, abandonado por ela,foi criado por Iyemonjá (1ª versão).
Foi expulso de casa quando era adolescente. Sua mãe Nanã o expulsou, pois só vivia
na rua em busca de aventura, ficando infestado por doenças venéreas. Iyemonjá o
acolheu e, cuidou de suas feridas.
Divindade exclusivamente da terra, sim da terra dura, quente e seca.
OMO= filho OLU= senhor
Em outra localidade Africana chamado Abomey Ibdan, era conhecido como Orisá
ligado às águas.
SAPATÁ= Divindade da varíola, é cultuado em Abomey, e diz a tradição que veio
de Savalú no País Mahi, entretanto aparece no Brasil (Salvador), como uma
qualidade de Obaluaiyê, porém é um Orisá à parte.
SAPONNAN= também é dado como outra qualidade de Obaluaiyê, mas lá não é
relacionado à varíola.

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No Brasil, mais precisamente na cidade de Salvador, predominou a tradição de
Ketú, entretanto OMOLU, SAPONÃ e OBALUAIYÊ são a mesma divindade, e
onde BURUKU se confunde com NANÃ. (Veremos mais à frente)
Omolu é dado como um dos mais idosos do Panteão, muitas vezes chamados de
“Velho”, e por muitos dado como aleijado, tanto por doença, como por velhice.
Consta que Obaluaiyê (Rei Dono da Terra) ou Omolu (Filho do Senhor), em muitas
culturas são nomes dados à Saponnan, Deus das varíolas e doenças infecto
contagiosas.
Obaluaiyê tem lugar incerto, entretanto existem grandes possibilidades que seja
de território TAPÁ ou NUPE, mas estudos nos mostram que são muitos velhos no
Mundo, pois nem ele, nem Nanã constam na lista de companheiros de ODUDUÁ
quando chegou em IFÉ.Alguns Itans contam que ele já estava instalado em OKE
ITASE antes da chegada de ORUNMILÁ.
Constatamos então que Obaluaiyê, Omolu, Nanã, Saponnan já estavam no Aiyê,
antes da chegada dos Orisás, ou seja faziam parte de uma outra civilização
anterior à idade do FERRO,e anterior à chegada de Ogun, o qual veio com
ODUDUÁ.
Vejam a variedade de fatos da chegada de Oduduá, Ogun, etc, onde já estavam
os Igborás: Omolu, Nanã, Saponnan e Obaluaiyê. Um detalhe na ritualística dos
sacrifícios de animais, que lhe são feitos, onde o uso de instrumentos de ferro é
proibido.
Este detalhe é contado em alguns Itans, onde existe uma disputa entre Obaluaiyê,
Ogun e Nanã, que se recusam a reconhecer a antiguidade do Deus do Ferro como
sendo anterior à eles próprios.
Vou resumir por ser uma aula introdutória, mais tarde faremos um curso mais
profundo, com riquezas de detalhes.

OBALUAIYÊ= é um Orisá mais velho


OMOLU= outro Orisá, mais novo.

Obaluaiyê e Omolu não são os mesmos, pois até suas histórias de vida se dão em
cidades, caminhos e épocas diferentes.
Podem sim ser parentes, como Pai e Filho, ou até mesmo irmãos, mas não são os
mesmos.

32
O que ocorreu, é uma grande mistura, que se teve conhecimento, com a chegada
dos nossos Deuses (Orisás), ou seus Itans no Brasil.

ARQUÉTIPO: Aqui estarei explicando o arquétipo familiar de Obaluaiyê e Omolu,


pois não se encontram diferenças entre o arquétipo de ambos, dada até a ligação
de sangue entre eles.
O arquétipo dos filhos destes Orisás, ou regidos por eles, são os das pessoas
tendências masoquistas, que gostam de exibir seus sofrimentos e tristezas. São
incapazes de se sentirem satisfeitos quando a vida lhes corre tranqüila.Possuem
escrupulos imaginários, muitas vezes vezes tiram de si próprios para ajudar o
próximo.

ASSUNTO 2: NANÃ

Nanã é chamada de Nanã Bùrùkú, é uma divindade muito antiga.Seu culto abrange
uma área muito vasta, que se estende do Leste do Rio Niger, chegando até Tapa,
indo também para o Oeste e as voltas das regiões do Guang ao nordeste do
Asbanti.
Existe então ai uma confusão com o culto de Omolu, Obaluaiye e Saponnan, mas
no Oeste só se cultua à ela Nanã.
Nanã é um título que significa Mãe.Existem cerca de 10 à 12 cidades que se
destinavam à Nanã, entretanto estas cidades eram dadas como destino de
peregrinação, não como lugar de origem.

Obs: Se Nanã era dada como a mais velha, poderia ela ter toda a idade
a ela atribuída, e ter peregrinado por tantos lugares nas condições da
época???????

Em alguns lugares,como em Ifé, seu sexo não é definido, onde ela desempenha o
mesmo papel de Obaluaiye, de mandante e curandeiro. Em Osobo ela é tida como
Saponnan. Em Ketú, ela é considerada como a mãe de Omolu/Obaluaiye, e fica no
mesmo templo de Osumare.
Novamente para falar da origem de Nanã seria um longo estudo.

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Ainda em ketú, bem como em outras cidades de peregrinação, existe um longo
estudo sobre Nanã.
Nanã é chefe das mulheres Iyalodes, e está ligada às feiticeiras possuidoras de
pássaros, seria dela os pássaros Atiála e Àtióró.
Seu Igbiri é um tipo de cetro, constituído de ramos de palha da Costa ou de Atorí,
cuja base contém Asé, significando o fechamento do ciclo vital. Ela de certa forma
é a mãe dos mortos (matéria/corpo), mas não como Inhansãn.
Nanã, assim como Omolu, não tolera o carneiro. Adora porco, pato, feijão vermelho,
como também pode vestir-se desta cor.
É a responsável pelos portais de entrada ( a reencarnação), e a de saída (o
desencarne).
É um Orisá das águas paradas, e ainda, a senhora das doenças cancerígenas. É uma
velha Divindade das Águas.
Existem vários caminhos deste Orisá, come em lagoas, ainda existe um caminho
desta Orisá, onde ela é a verdadeira esposa de Osalá.Existem cerca de 16
caminhos (acredito que até mais), deste Orisá, mas seus fundamentos no Ketú são
difícieis de serem encontrados.
Eu Joanna sei fazer e encantar cerca de 3 à 4 caminhos apenas.

ARQUÉTIPO DOS FILHOS DE NANÃ:


O arquétipo de seus filhos são das pessoas que agem com calma e benevolência,
dignidade e gentileza.
Das pessoas lentas no cumprimento de seus trabalhos, e que julgam ter a
eternidade à sua frente para acabar seus afazeres.
Gostam de crianças, e com elas tem excesso de doçura como uma Avó. Suas reações
são bem equilibradas, e pertinência de suas decisões e mantendo sempre o caminho
da sabedoria e da justiça.

ASSUNTO 3: OSUMARE

Outro Orisá dado como sendo do Panteão Djedje. Também originário do País Mahin,
é ele Osumare também dado como filho mais novo de Nanã, sendo ele o filho
predileto dela, irmão de Omolu e Iroko em Ketú.

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É uma divindade muito importante e antiga. Participou da criação do mundo, pois
contribuiu para reunir a matéria e dar forma ao mundo.
Ele controla a regularidade dos movimentos celestes, inclusive dos movimentos
oceânicos.
O animal dele é a cobra, portanto para nós de Asé cobra não se mata!
Osumare auxilia os outros Orisás, garantindo a comunicação entre o céu(Orun) e
a terra(Aiye), levando água dos mares para o céu, para que a chuva possa forma-
se.
Vejam então a importância deste Orisá!
Auxilia ainda à Sango, levando o trovão do céu para terra. Ele representa o
movimento, garante a chuva, a fertilidade, e a continuidade da vida que ele
alimenta.
Osumare é outro Orisá que não suporta o carneiro, assim como Sango não suporta
a cabra.Oferecemos a ele patos, gansos, pratos onde se misturam feijão e milho e
camarões cosidos no azeite de dendê.

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