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IGBA ORI

Ìbá Órí
Quero falar hoje da concepção de Orí
“Cabeça no sentido literal da palavra”. Mas,
Orí no conceito yorùbá tem outras
conotações além da simples cabeça física,
pois, para os Yorùbá existe o “Orí-inú” a
cabeça interior. Este Orí-inú é aquele que foi
moldado por Baba Àjàlá, “o Oleiro fazedor de
cabeças, descrito na lenda do Orí e a escolha
do destino do homem”.
Na lenda do Orí e a escolha do destino, conta
que “Baba Àjàlá” fabrica muitas cabeças no
Òrun e que cada ser humano que vive no
Òrun, “Céu”, e está para viajar para o Ayé
“Terra”, vai à casa de “Baba Àjàlá” para
escolher o seu Orí. E a vida do homem na
terra vai depender crucialmente da escolha
do Orí que ele fez. Pois, acredita-se que essa
escolha já predestina o homem ao sucesso
ou ao fracasso em sua vida no Ayé.
Diz que “Baba Àjàlá” é dado a tomar umas
bebidas e ao ficar meio alto, ao fazer as
cabeças Ele erra na composição da
argamassa deixando-a fora do padrão
necessário para ser moldada, muito arenoso
ou excesso de liga. Também cozendo-as, às
vezes muito, o que as torna muito rígidas e
ressecadas ficando muito duras, queimadas e
quebradiças. Ou cozendo-as pouco,
deixando-as quebradiças e esfarelentas. Às
vezes, as moldando tortas que quando
cozidas ficam rotas.
Ao escolher sua cabeça e seguir em direção
ao àiyé, o ser humano atravessa vários
ambientes como de calor excessivo de
desertos: muito frio como das zonas gélidas
da terra, zonas onde tem de atravessar
tempestades com ventos e chuvas fortes. E
se as cabeças não tiverem sido bem
confeccionadas elas irão se danificar e ficarão
em péssimo estado ao chegarem ao àiyé.
Dependendo do estado em que cheguem, se
a cabeça estiver boa àquela pessoa
trabalhará, e tudo o que fizer será para si
mesmo, podendo prosperar na vida,
alcançando o sucesso e a fortuna. Se a
cabeça estiver danificada, aquela pessoa
trabalhará e tudo o que conseguir será para
gastar com os reparos mo seu Orí.
Quando ele não foi muito danificado, os
primeiro anos de vida dessa pessoa serão um
pouco sacrificados, ela poderá passar por
privações e dificuldades em virtude de não
conseguir prosperar na vida, pois, tudo o que
arrecadar irá para o conserto do seu Orí.
Depois que ele terminar os reparos
necessários, o que ele fizer será para si
próprio, é então quando ele começa a
prosperar em sua vida no àiyé.
Outras pessoas têm Orí tão danificados, que
por mais que trabalhem na vida, jamais
conseguirão consertar os danos do seu Orí. E
tudo o que fizerem na vida será para gastar
com seu Orí ruim. São aquelas pessoas que
passam a vida toda vegetando, nunca
conseguem fazer nem concluir as coisas,
vivendo sempre na penúria e no aperto
nunca possuindo nada de seu e não
conseguindo serem felizes por mais que se
esforcem, pois, tem um Orí ruim.
Mas, acredita-se que esses consertos podem
ser feitos através de oferendas – Eborí – ebô
Orí, que ajudarão a restaurar aquele Orí mais
depressa, o que pode mudar um pouco essa
predestinação.
Não é porque a pessoa tem um bom Orí que
ela poderá ficar sentada esperando tudo de

bom na vida. Ela está predestinada ao


sucesso em sua vida, mas, desde que
trabalhe para isso. Seus caminhos estarão
sempre abertos para alcançar seus objetivos,
esforçando-se para isso. Assim como, não é
por ter escolhido um mau Orí que a pessoa
tenha que viver na penúria a vida inteira. Ela
poderá, através dos ebó reverter esse
quadro, se não por completo, mas, em boa
parte, pois ela estará resgatando parte da
integridade do seu Orí. Mas, também, não
será somente através dos ebó que isso será
alcançado. Elas também haverão que se
esforçar com muito mais força de vontade
ainda para superarem suas barreiras. Podem
não alcançar o sucesso total, mas, poderão
ter uma vida mais amena com algumas
realizações e alegrias.
A iniciação na Religião Yorùbá significa o
nascimento do Orí-inú dentro do culto aos
Òrìsà. É uma maneira de demonstrar que a
partir da iniciação aquela pessoa nasceu para
a religião e para o sagrado com a
confirmação do seu Orí-inú, que passará a ter
representação física no àiyé.
Aí, é que começa a história do Igbá Orí
“literalmente, cabaça da cabeça, pois os
assentamentos eram feitos em cabaças
(igbá), daí o nome ter virado sinônimo de
assentamento de Òrìsà” a Cabaça do Orí.
Costuma-se fazer assentamentos com as
mais variadas coisas para representar o Orí
de uma pessoa. Esta variedade de coisas
deve-se a que o Orí seja o que individualiza o
ser humano. Como no caso das impressões
digitais, ninguém tem Orí igual ao de outra
pessoa, cada Orí é único e exclusivo daquela
pessoa. Então, faz-se o assentamento numa
cabaça ou tigela, o mais comum entre nós, e
esse assentamento é cultuado como Igbá-
Orí, ou seja, a representação física do Orí-inú
da pessoa.
Tudo bem, este comportamento é usual e
corrente. Mas, sem querer ser o único certo,
longe de mim isso, Eu não concordo com
esse tipo de Igbá-Orí. Porque Eu penso que a
melhor representação do nosso Orí-inú é o
nosso Orí físico, ou seja, a nossa própria
cabeça.
A nossa cabeça física é a materialização da
nossa cabeça interior, acho Eu. Qual o melhor
objeto para representar o nosso Orí-inú, que
não a nossa própria cabeça? É dentro dela
que se instala a outra do òrun, por isso,
chamado Orí-inú (cabeça interior), mas
interior onde? Da cabeça física que também
acho, tem o formato do igbá (cabaça).
Quando fazemos um eborí nós estamos
cultuando esta cabeça interior. E onde nós
fazemos os preceitos? Diretamente em nossa
cabeça, pois é ali que mora o nosso Ori- inú e
o nosso òrisà. Então, é à nossa cabeça que
devemos reverenciar, não aquela tigela com
alguns objetos que dizem, ser o Igbá Orí.
Digo isso por que acredito assim. E algumas
vezes, quando sou questionado por algumas
pessoas que por “n” motivos, perguntam o
quê fazer com seu “Igbá-Orí”. Outros,
preocupadíssimos porque seus zeladores não
querem entregar ou que pior ainda,
despacharam seus Igbá-Orí. Então, converso
com elas dizendo isso que acredito. Grande
parte delas se acalma e acaba concordando
comigo. Não que Eu seja o dono da verdade,
mas, há lógica em minha teoria. Mas, se não
houver, é um bom assunto para ser pensado
por todos.

IGBA ORI NA TERRINA


Para montar este igba-Orí é necessário o
seguinte material:
Uma terrina branca com tampa (vide a
foto)
Uma quartinha branca (macho ou fêmea)
Uma bacia de agate branca para colocar a
terrina dentro.
Um okúta branco (Cristal)
Muitos búzios (geralmente usa-se 16 ou 21)
Muitas moedas (correntes) (geralmente
usa-se 16 ou 21)
Ouro
1- coral
1-seguí
4 conchas Shell
Obi
Fava de ataré
Orogbo
Pano branco
1 vela de 7 dias.
Efum
Banha de Orí
Um fio de conta do orixá da pessoa
Um fio de conta de oxalá
ANIMAIS PARA O SACRIFICIO:
Um galo
Uma galinha de Angola
Um pombo
Um peixe de escamas branco (corvina,
namorado, etc.)
Um igbin (caracol de oxalá) para paz e
harmonia.
Pato (se o Orí pedir ou se houver caso de
doença ou harmonização)
Se o Consulente for mulher os animais são
substituído por fêmeas. Outra observação se
Bori for para pessoas de Oxalá os animais são
brancos.
Este igba Orí pode ser montando para quem
não é iniciado no orixá não tendo vinculo
com a religião dos orixás. Usado somente
para obrigação de Orí
ARRUMAÇÃO DA MESA PARA ESTE BORI:
Uma esteira, forrada de lençol branco,
pode-se colocar folhas de akoko. A esteira
fica ao lado do iniciado, melhor que fique
sobre sua cabeça.
MATERIAL ESSENCIAL:
Frutas: banana, maça, melão, uva-verde,
manga, mamão, laranja e etc...
Um bolo simples.
Um prato de acaçá (Ver a quantidade no
jogo – geralmente usa-se 9
para homem e 7 para mulher)
Um prato para oxalá. (ebô-canjica cozida e
mel)
Um prato para Iemanjá. (ebô iya- canjica
cozida e azeite doce ou
dendê mais camarão com cebola)
Um prato para o orixá da pessoa.
Peixe assado
Arroz branco
Acarajé branco ou vermelho
Doce do gosto da pessoa: maria-mole, pé
de moleque, paçoca, etc...
Flores: rosas brancas, palmas branca, lírio
branco, germe de trigo,
etc...

IBGA ORI NA BOMBONIER Material


necessário:
Uma terrina branca grande que caiba a
bombonier
Uma bombonier de Vidro
Quatro pratos brancos
Uma bacia branca de vidro (opcional)
Uma Concha shell grande
Moedas Correntes
Buzios
Moedas antigas
Ides de prata
Otas (pedras preciosas: cristal, diamante,
topázio, etc)
Conchas pequenas
Caracóis
Coral cérebro
Coral de galhos
Fio de corais
Fio de segis
Obi abata (de quatro gamos)
Orogbo Africano
Uma estrela do mar
Um efum
Um osun
Pó de iyerosun
Pena de lekeleke
Pena de agbe
Pena de ekodide
Fava de Iemanja
Fava de atare
Fava de ayo
Fava de alibe
Fava de aridan
ANIMAIS PARA O SACRIFICIO:
Um galo
Uma galinha de Angola
Um pombo
Um peixe de escamas branco (corvina,
namorado, etc.)
Um igbin (caracol de oxalá) para paz e
harmonia.
Pato (se o Orí pedir ou se houver caso de
doença)
Se o Consulente for mulher os animais são
substituído por fêmeas. Outra observação se
Bori for para pessoas de Oxalá os animais são
brancos.

IGBA ORI NO ADO (NA CABAÇA)


Para montar este igba-Orí é necessário o
seguinte material:
Uma cabaça especifica para Orí
Uma terrina branca grande para cabaça.
Uma quartinha de louça branca (macho ou
fêmea)
Um morim branco 1 metro
Um pacote algodão
Uma fava do orixá da pessoa
Uma fava de Iemanjá
Uma fava de abre caminho
Uma fava de camuru
Uma fava vida
Uma fava de Ifá
Uma fava da felicidade
Uma fava do amor
Uma fava chama dinheiro
Uma fava divina
Uma fava de aridan
Uma fava de Ayo
Uma fava de Oxalá
Uma fava de paz
Uma fava de segurança
Uma fava de abará
Uma fava da sorte
Uma fava de ario
Uma fava de alibe
Uma fava de abere
Uma fava de opele
Uma fava de bejerecun
Uma fava de ataré
Uma fava de dandá da costa
Uma fava de lelecun
Uma fava de ofá
Uma fava de nos moscadas
Cinco obis (menos para xango)
Cinco orogbos
Um pichulin
Banha de Orí
Um efun
Po de yerosun
Uma pedra de ossun
Uma pena de ikodidé
Uma pena de lekeleke
Uma pena de aluko
Uma pena de agbe
Vinte e um búzios
Vinte moedas correntes
Uma pedra de cristal bruto
Uma pedra olho de tigre
Uma pedra olho de águia
Uma pedra olho de falcão
Um pedaço de ouro
Um pedaço de prata
Um pedaço de bronze
Um azeite de Dendê Grande (Menos para
oxalá- substituir por
azeite doce)
Um mel (Menos para oxossi)
Um melaço de cana
Iyo sal (menos para oxalá, xangô, Iemanja)
Um vinho mascavel ou Gin
Uma ferramenta pequena do orixá da
pessoa
Um sabão da costa 500gr
Folha de akoko
Duas velas de 7 dias
Duas esteiras
Um lençol branco
Três torço para o Orí
Roupas brancas
Uma toalha
Palha da costa (para contra egun)
Um champanhe
Rosa e flores
ANIMAIS PARA O SACRIFICIO:
Um galo
Uma galinha de Angola
Um pombo
Um peixe de escamas branco (corvina,
namorado, etc.)
Um igbin (caracol de oxalá)
Pato (se o Orí pedir ou se houver caso de
doença)
Se o Consulente for mulher os animais são
substituído por fêmeas.
Outra observação se Bori for para pessoas de
Oxalá os animais são brancos.
ARRUMAÇÃO DA MESA PARA ESTE BORI:
Uma esteira, forrada de lençol branco,
pode-se colocar folhas de akoko. A esteira
fica ao lado do iniciado, melhor que fique
sobre sua cabeça.
MATERIAL ESSENCIAL:
Frutas: banana, maça, melão, uva-verde,
manga, mamão, laranja e etc...
Um bolo simples.
Um prato de acaçá (Ver a quantidade no
jogo – geralmente usa-se 9
para homem e 7 para mulher)
Um prato para oxalá. (ebô-canjica cozida e
mel)
Um prato para Iemanjá. (ebô iya- canjica
cozida e azeite doce ou dendê mais camarão
com cebola)
Um prato para o orixá da pessoa.
Peixe assado
Doce do gosto da pessoa: maria-mole, pé
de moleque, paçoca, etc...
Flores: rosas brancas, palmas branca, lírio
branco, germe de trigo,
etc...
Como proceder ao ritual para este igba Orí:
As pessoas que irão assistir o ritual deverão
estar de roupas brancas e com suas cabeças
cobertas com iketé ou torça branco, sempre
com pensamentos positivos, para que o Orí
que nasce tenha, felicidades, seus caminhos
retomados, positividades, pedindo tudo de
bom para a pessoa que esta preste a receber
a oferenda em sua cabeça. As pessoas ficam
de pé o ritual todo.
Primeiro: após os Ebós o iyawo toma um
banho com o sabão da costa preparado “Ose
dùdu” e com bucha vegetal ou molho de
palha da costa, se for homem faça o sozinho
se for mulher pede ajuda de uma èkeji que
dá o banho no iyawo cantando:
Ara ãrá wè mó ru po o.
Ara ãrá wè mó ru po.
E móti mó rùn kò mámà fò.
Ara ãrá wè mó ru po.
O corpo inteiro limpo, purificado e aliviado, o
erguerá completamente. O corpo inteiro
limpo, purificado e aliviado, o erguerá
completamente. Você, limpo, de forma
alguma emitirá mal-cheiro. Aprenda e
continue esfregando-o.
O corpo inteiro limpo, purificado e aliviado, o
erguerá completamente.
Segundo: preparar a àgbo com no mínimo:
7 folhas para mulher, e 9 para o homem, e no
máximo 16 para ambos os casos, e lavar a Orí
“Cabeça”da pessoa, cantando:
Omo òrísà fò ti wè o.
Omo òrísà fò ti wè.
Òrunmìlà o!
Omo òrísà fò ti wè, fò omo re.
Filho, orixá é quem esfrega e banha você.
Filho, orixá é quem esfrega e banha.
Oh Orunmilá
Filho, orixá é quem esfrega e banha, esfrega
o filho é seu.
Ou canta-se:
Bàbá we omo re.
Bàbá we omo re.
Bàbá fí ewé Òsányìn
Bàbá we omo re, kanhinkanhin
Pai, lave seu filho.
Pai, lave seu filho.
Pai, com as folhas de Òsányìn. Pai, lave seu
filho com a bucha.
Pode-se colocar uma bacia de Agata em
baixo da cabeça do iyawo e ir lavando
calmamente o Orí, depois enxuga com uma
toalha branca.
Terceiro: lavar no mesmo àgbo em outra
bacia os pertences da Orí, o igba Orí, búzios,
favas, penas, a jóia, ilekè, etc... e reserva para
mais a frente ser utilizado.
A pessoa que irá passar pelo bori neste caso
o iyawo senta-se na esteira que
anteriormente foi preparada para o ritual
com as folha em baixo, senta-se com a coluna
reta e os braços apoiados nas pernas com as
mãos espalmadas para cima. Lembrando que
no ritual de bori não apresença de orixá
incorporado na pessoa, pois é um ritual para
a cabeça interna do iyawo (Orí Inú).
Depois de tudo pronto o Sacerdote inicia a
arrumação do igba Orí:
Na frente do iyawo o sacerdote tendo jogado
os búzios anteriormente, sabe-se o Odu Orí
daquele iyawo ou daquela pessoa, deve-se
traçar o odúcom Yerosunno opon ifá ou em
um tabuleiro de madeira rezar o odú
segundo a lenda de ifá, e coloca-se o pó de
Yerosun em um algodão aberto que vai ao
fundo do igba Orí.

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