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ÈSÚ

ÒÓTÁ
ÒRISÁ
Èsú na vida dos Iniciados...
A comunicação com a supremacia (Olodumare) dos
Orixás se dá através de Èsú, sem o qual não chegam os
nossos pedidos ao Orún.
Èsú é o responsável e designado por Olodumarè a prover e
a proteger a humanidade, seja no etéreo seja fisicamente,
desde que haja as devidas reverências e primazias
dedicadas a ele em nossa vida diária e em especial no
culto.
Quando por ventura nos esquecemos de Ésú a vida torna-
se mais adversa e conflitante, de certa forma não que Èsú
cause os danos, mas porque estamos só nas empreitadas e
vicissitudes que o destino nos impõem, e com Ésú tudo se
tornaria mais viável, há a promessa de os trâmites serem
assertivos.
Èsú é oriundo do panteão africano e uma das suas
peculiaridades é de justamente aproximarem os seres dos
orixás no aiyè, em geral quando somos levados de alguma
forma ao Terreiro, acredite, ali está a força de Èsú que
percebeu as dificuldades de um ser e o impulsionou a
buscar os orixás.
E como retribuímos esta boa ação de Èsú?
Reverenciando a ele em primeiro lugar, como paga e
gratidão.
O significado da palavra Èsú traduz-se em ‘ESFERA’,
apontando para sua característica de locomoção fácil e
sem embaraços, e o eterno movimento, Èsú não se aquieta
nunca, ele até comendo movimenta-se, daí ao estarmos em
um orô para o mesmo movimentarmos os pés para atrás e
embalarmos nossa mão direita.
Èsú recebe vários nomes ao qual denominamos ‘epítetos’,
que diferencia o mesmo orisá para assuntos diversos.
Acredita-se que o mesmo em desígnio de um título agirá
dentro da questão especifica daquele ser, em se tratando de
distinção de situações verificamos então o caminho do Ésú
ou com quem ele caminha para agir na vida do omorisá.
Percebe-se a vida de alguns filhos em desalinho com a
sociedade em que vive e com quem se relaciona a partir da
ausência de Èsú na vida dele.
As vezes é possível que um mesmo caminho de Ésú
atenda a mais de um orisá, porém devemos ordenar e
pautar a nossa espiritualidade no culto dos orixás
correlacionando o nosso Ésú com a nossa divindade ora
iniciada em nosso ori.
Assim como não há orixá sem folhas, não há culto sem
antemão darmos a parte de Èsú, daí sim, ele proverá,
abrirá e facultará o caminho, não só para o Terreiro, mas
em especial para aquele filho que respeitou as regras e os
dogmas impostos pelo criador do universo, que
convencionou que pagássemos tributos a Èsú para que a
vida fosse mais suave.
Èsú bem como os orixás em geral tem preferências por
alguns ‘habitat’, isso o torna característico e o nos faculta
a compreensão de sua necessidade e essência.
Ele habita no portal do orun onde recebe o titulo de
Onibodè orun, ele é o guia dos seres entre o aiyé e o orun,
ele assiste ao surgimento do ser ao sair das entranhas de
sua progenitora.
Èsú habita nas encruzilhadas e em especial nas oritás
(Encruzilhadas de T), ele corre nas estradas, ama as
‘Trilhas’ no intuito sempre de cortar caminho e chegar
mais rápido, arma-se no topo da montanha para destruir o
inimigo aqui embaixo e é quando recebe o título de
‘Sòròkè’.

Mas em geral ele atuará e responderá ao culto aonde


estiverem os elementos e os ofosé’s (grupo de palavras
especificas que o desperte).
Èsú e os símbolos...

1. Falo cacête em forma de pênis ereto confeccionado em madeira ou


ferro, representação máxima de força e poder de Ésú.

2. Tridentes simbolizando o promovedor do Ipade (encontros) reuniões


e simbolizando o poder de condução e apontamentos seja do orun
para o aiyè ou mesmo nos caminhos a seguir dos seres.

3. Magneto que conhecemos com o nome de ‘Imã’, por ter a


propriedade que denominamos dipolo, tem sempre dois polos tal
como Èsú na esfera do Bem e do Mal, Por definição, o polo sul de
um íman é o que é atraído pelo polo norte magnético da Terra.
Os dipolos não podem ser separados, se um íman for dividido ao meio,
obtêm-se dois ímanes menores daí a características de multiplicidade de
Èsú e o motivo pelo qual sempre guardamos uma parte da massa de um
Ésú assentado para assentarmos o próximo, caracterizando-se aí a forma
multiplicadora que ele assume no universo.

4. Enxofre encontrado especialmente em regiões vulcânicas, o enxofre


é um elemento químico essencial para todos os organismos vivos,
além de ser constituinte da pólvora, elemento importante de
condução de calor haja vistas suas propriedades vulcânicas oriundas
do interior da terra.

5. Moedas a propriedade que a mesma tem de circular e fazer girar o


mundo, inegável reconhecermos que nada se faz no mundo sem que
haja o que pague quem o faz, poder está explicito no dinheiro, honra
aos que o tem, ancestralidade tendo em vista que muitas das moedas
tem cravejado em uma das faces a autoridade renomada daquela
época, daí as vezes aplicarmos em um ojubó moedas com
personalidades marcantes e poderosas da época antiga ou atual.
6. Barro (Amó) Èsú pode e deve ser visto como o ‘Oleiro’, aquele que é
ciente do destino e molda para cada ser correspondente ao seu Orisá um
destino, um começo, um meio e o fim de cada um de nós, está nas mãos
do Oleiro, e em parceria com Ajalá o moldador das cabeças, seja como
testemunha ou como guardião ele saberá no momento certo mediante é
claro culto, prover a cada um de nós o que canalizamos e merecemos.
Eis a tamanha importância do barro utilizado nos ojubós de Èsú.

7. Cachaça atua como condutora de energia estimulante da divindade


proporcionando alegria e o imaginário apresentado a quem oferece a
Ésú, tem ainda propriedade de transformação e e facilidade de
evaporar-se elevando-se os pedidos a quem se interessa no etéreo.
Lembremos que Èsú bebe e come de tudo um pouco.

8. Lateríta pedra primordial indispensável aos ojubós de Èsú seja ele


qual for, chamada de Ianguí a pedra de fogo ou de vulcão, tem em
sua natureza a propriedade de ao ser atritada pegar fogo.

9. Okòtò caramujo espiralado referindo-se a propriedade de Èsú de


crescer de baixo para cima e o poder de transformação instantânea e
alterar-se como um furacão.

10.Sòn sòn lamina que ostenta sobre a cabeça lembrando que a mesma
é afiada e dái ele não carregar fardos

11.Kanís fieiras de búzios aludindo ao poder de compra e aquisição de


Ésú sem limites

12. Adò pequenas cabaças contendo fetiches, iyés (Pós torrados dos
bichos sacrificados) e talismãs

13.
Èsú e seus caminhos...
Contam os ítans que Ianguí foi o primeiro Èsú e que
multiplicou-se em inúmeros outros caminhos de Èsú, nos
apresentando desde então todos os outros Èsú’s que
conhecemos hoje no panteão africano e no Candomblé do
Brasil.
*ABAIXO OS ÈSÚS CULTUADOS NO BRASIL*
1. Ianguí – O primeiro Èsú que se dividiu nos demais
2. Egbáragbò – O guardião mais antigo do povo Egbá
3. Alakètú – O guardião do povo de Ketu, habita a
entrada do Igbò
4. Oná – O caminho que percorremos
5. Olonà – O dono do caminho que percorremos
6. Apalonà – O braço que auxilia caminho
7. Ijèlú – Aquele que tomou a casa expertamente
8. Akèsán – O que supervisiona tudo que pertence ao
Rei de uma cidade e responsável pelos tributos
9. Láàlú – O facultador e amante da dança
10. Odára – O propiciador diverte-se vendo o povo
comer
11. Gbantòlá – O que se agrada das Iyágbás e traz
riquezas
12. Alè odè – O Èsú da noite, e guardião da família
Kéréjébi
13. Lonà – Aquele que leva as coisas ruins e e traz
as coisas boas
14. Tírírí – Aquele que zela por quem vai a guerra
15. Elékún – O guardião do Agbò Odé, Èsú dos
caçadores
16. Lodè – O guardião da Realeza
17. Iyálodè – A guardiã da Rainha
18. Lojíkí – O que observa do pico
19. Sìgìdí – O Èsú que mexe com as mentes
humanas
20. L’òdò – O que habita as margens do rio
21. Iná – O que habita e promove o fogo
22. Òrò -
Èsú ------ Orisá
Ògún  Tírírí, Lojíkí e Ianguí
Oxosse  Lojíkí, Tírírí, Elèkún, Láàlú ou Lodè
Otín  L`odò, Elèkún, Tirírí, Gbantòlá
Omolú  Alè odè, Lojíkí, Ijèlú
Osaníyn  Lojíkí, Tirírí e Ijèlú
Osumarè  L’odò, Ijèlú
Iròkò  Ijèlú, Láàlú e Lojíkí
Nanà  L’odò, Ijèlú, Alè odè e Gbantòlá
Logun  Elékún, Lodè, Láàlú e Lojíkí
Òsún  Iyálodè, Lodè, L’odò e Gbantolá
L’obá  Egbaragbò, L’odò e Gbantòlá
Iyewá  L’odò, Lojíkí, Ijélú e Gbantòlá
Oyá  L’odò, Gbantòlá e Egbaragbò
Iyemanjá  L’odò, Gbantòlá, Egbaragbò
Ayrá  Egbaragbò ou Láàlú
Sangò  Egbaragbò, Odara, Órò
Osògíyón  Láàlú, Odara e Ijèlú
Osalá’s velhos  Láàlú, Ijèlú e Odara
Ibejí  Dòú
Ajé Sàlúgá  Órò
Oríkí Èsú Òrò

Èsú orò má ni kò

Èsú orò fohun ti rè silé

Ésú orò ohun olohun ni imawá kírì

Àsé!
Oríkí Èsú Ijèlú
 
Èsù Ijelu, Èsù Ijelu, Èsù Ijelu o gbe yin o
Elegbeje ado
Èsù Ijelu, Èsù Ijelu,Èsù Ijelu o gbe yin o
Èsù Ijelu Latopa
Èsù Ijelu kenke
Latopa Èsù Ijelu kenke
Latopa Èsù Ijelu kenke
Asé eni dako Onilu o
Èsù Ijelu dako Onilu o
Asé!
Oríkí Èsú Láàlú

 
Èsù láàlú Òkírí òkò Èbìtà okùnrin
A bá ni w’óràn B’a ’o rí dá
Olópa Olódùmarè lailai
Ò sán sòkòtò pénpé
Oníbodè Olórun
Ò sùn nílé ina tì kùn
Èsù ló jí
Ògo kò jí
Ebora tí n jé Látopa
Ò bá elékún sunkún
K’érù ó ba elékún
Elékún n súnkún
Láàróyè n sun èjè
Láàróyè n fi gbogbo ara mí
Bí àjére
Èsù má se mí
Omo elòmíràn ni o se
Eni tí kò se ebo ni kí o se
Oriki Èsù Alaketu

Laroiye Alaketu aki Alaketu


Èsù Alaketu orí mi ma je nko o
Èsù Alaketu ba nse ki imo
Èsù Alaketu k'eru o ba onimimi
Èsù Alaketu, fun mi ofo ase, mo pèlé Òrìsa
Èsù Alaketu alajiki juba
Ase!
Oríkì Èsù Elekun

Abimo tunmobi
Èsù Elekun mo be mi
Iwo lo bi lagbaja to fi dolori buruku
Iwo lo be tamodo to fi dolori ibi
Iwo lo be toun ti ko fi roju aiye re mo
Èsù Elekun mo be mi
Abimo tunmobi
Èsù Elekun orí mi mo je un ko oo
Èsù Elekun orí mi mo je un ko oo
Elo l'owo re Èsù Elekun
Okan l'owo Èsù Elekun
Ase
Oríkì Èsù L’odò

Èsù Laróye, k'eru ó ba onimimi


Onimimi nf'imu mi Èsù Laróye nfi
Gbogbo ara mimi ajere
Èsù ma se mi omo èlomiran ni o se
Tori eni Èsù ba nse ki imò
B'o ba f'ohun tire s'ile
Ohun olóhun ni imá àwá kiri
Ase
Oríkì Èsù Òdàrà

Èsù, Èsù Òdàrà


Èsù lanlu ogirioko
Okunrin orí ita,a jo langa langa lalu
A rin lanja lanja lalu
Ode ibi ija de mole
Ija ni otaru ba d'ele ife
To fi de omo won
Oro Èsù to to to akoni
A ofi ida re lale
Èsù, ma se mi o
Èsù, ma se mi o
Èsù, ma se mi o
Omo elomiran ni ko lo se
Pa ado asubi da
No ado asure si wa
Ase!
Orikí à todos os Èsú’s

Èsù òta Òrìsà.Osétùrá ni oruko bàbá mò ó.

Alágogo Ìjà ni orúko ìyá npè é,

Èsù Òdàrà, omokùnrin Ìdólófin,

O lé sónsó sí orí esè elésèKò je, kò jé kí eni nje gbé mì,

A kìì lówó láì mú ti Èsù kúrò,

A kìì lóyò láì mú ti Èsù kúrò,

Asòntún se òsì láì ní ítijú,

Èsù àpáta sómo olómo lénu,

O fi okúta dípò iyò.

Lóògemo òrun, a nla kálù,

Pàápa-wàrá, a túká máse sà,

Èsù máse mí,

omo elòmíràn ni o se.


Material para Ojubó Èsú

01 Vaso de barro com alguidar de barro

10 Sacos de argila ou tabatinga extraída da natureza de cor cinza ou


preta / Pedaço de massa antiga de Èsú utilizada no último
assentamento que foi guardada enrolada em pano vermelho

01 Boneco de madeira africano ou boneco forjado em ferro ambos com


pênis ereto e lança na mão

07 Lanças Ikó

21 Búzios gema

07 Kanís (Fieiras de búzios enfiadas aleatoriamente

07 Favas olho de boi

07 Favas garras de Èsú

07 Favas Olhos de Èsú (Tento)

01 Fava de aridam pequena

01 Punhado de lelekun

01 Punhado de bejerekun

01 Fava da costa inteira

01 Folha de Osibatá

07 Folhas de Ojuorô
01 Folha de Ogbó

01 Punhado de folhas de Etiponlá

07 Folhas de akòkò

07 Folhas de cansanção

07 Folhas de Urtiga

01 Punhado de Cominho em grão

01 Mão de sal

01 Caneca de bôrra de dendê

01 Garrafa de Gin

01 Garrafa de Wisky

01 Garrafa de cachaça envelhecida

01 Pedaço de fumo de rolo com mel ou sem mel

Mel

Milho de galinha torrado

Fradinho torrado

Padês: cachaça, dendê e mel (ou melado)

01 Folha de jornal do dia com boas noticias

01 Ovo

01 Pinto do dia

Efum, Osun e Wají

Sabão da costa africano

21 Moedas sendo 7 antigas e 14 correntes

Pedaço de ouro

1 imã grande

01 Pedaço de enxofre
01 Pedra de carvão mineral

01 Pedra de carvão vegetal

01 Pedra de minério de ferro

01 Cabacinha com pó de orí de ékú, akukó, etú, eiyélé

01 Kolobô com 4 Búzios

01 Pano vermelho medindo 0,50x0,50

01 Ekú mariscado, 01 Akukó pupá, 01 Etú, 01 Eiyélé dudú

Preparando o Ojubó Ésú...

Ás 6h da manhã arrumar todo o material sobre a ení diante do Ilé Èsú do


Terreiro ou no barracão.

Pôr uma bacia com cachaça. Gin, Wisky e fumo de rolo desfiado, uma com
aluwá, uma com epò pupá (dendê), outra com cachaça e mel (melado se for
filho de Oxosse), uma com omieró de folhas de Èsú acima.

Acender uma vela com uma quartinha ao lado, e dar início a lavagem de
tudo que não se deteriora e nem dissolve-se nas bacias de asé acima citado
na seguinte ordem: Bebidas, cachaça e mel, omieró, dendê, aluwá

Durante a lavagem do material entoar:

Otí: “Otí ní sakómó, saiyó gbé gbé otí ní saiyó gbé, otí ní sakómó”

Aluwá: “Gbátin sòfèrè gbátín sòférè njé a kikán gbátín sòférè”

Epò Pupá: “Ojú ojú olojá epò, ojú ojú olojá epò”

Omiéró: “Osaniyn mírò igbò bí ò, alá osaníyn mirò igbò alá omi”

Uma vez tudo lavado, proceder então com a montagem de Èsú...

Acomode o vaso de barro dentro do alguidar, dentro do vaso acomode a


folha de jornal do dia, sobre a folha uma ewè osibatá, sobre a mesma a ewè
ojuorò, e sobre esta última as demais ewès.

1. Sobre as ewès, uma mão de sal, sobre o iyó acomode as cabaças, o


imã com as moedas, 7 buzios, pedaço de fumo de rolo, Pedaço de
enxofre, 01 Pedra de carvão mineral, 01 Pedra de carvão vegetal,
pedaço de ouro, Efum, Osun e Wají, um pouco dos Padês
decachaça, dendê e mel (ou melado), 01 Punhado de Cominho em
grão, 01 Fava da costa inteira, 01 Punhado de bejerekun,01 Punhado
de lelekun, Fradinho torrado, Milho de galinha torrado, 07 Favas
olho de boi, 07 Favas Olhos de Èsú (Tento), 07 Favas garras de Èsú
durante a acomodação desse material de àsé dentro do vaso entoe:

“Awo awo a done ama dohan(bis), A done ama dohan, Esu igba
hana e”

Preparando o Amó (Barro, Tabatinga, Argila) para Èsú...

Dentro de uma bacia de ágate, acomode todas as argilas, e sobre a mesma


quebre um ovo, puxe um pinto, batize com todas as bebidas que há na lista,
batize com dendê tudo de uma forma que a massa fique moldável e macia,
batize com ataré, sal, aluwá, mel ou melado, sal, aridã ralada, o bagaço das
ervas que sobrou do omieró de Èsú será posto nessa massa, punhado de
grãos torrados e padê.

Uma vez a massa estando em ponto macio, acomode uma parte dentro do
vaso de barro, e sobre a massa o Boneco de ferro ou o Boneco de madeira,
preencha com a massa restante até a borda, aperte bem, pois a massa
desidrata, após bem apertada e alisada a massa em cima com as mãos,
craveje de búzios restantes, finque as lanças Ikó de ferro queimado 6 em
circulo próximo a borda, e a maior ao lado da mão direita de Èsú.

Peça que o filho vá a rua buscar um okutá para Èsú, esse okutá será lavado
no otí e pedirá ao filho que passe a língua no okuta por 3 vezes, fim dos
quais será fincado na massa a frente do Èsú.

No Ritual acima de emassar o Èsú, entoe a seguinte cantiga:

Bohun mi ila wure ojise o

Opa ikori eta meta ipade orun ara omo nio o

Bara otu zue


M’aje iku

Otu zue

M’aje iku

Encantando Èsú...

Misture otí com álcool e wají e despeje o sobre o Èsú já emassado, ateie
fogo com uma vela, e entoe a seguinte cantiga:

“Apade olona mojubá ojisé (bis)

Awa se awo ( 3x)

Mojubá ojisé”

Enquanto Èsú encandensce faça a Mojubá dos ancestrais para o Obí em


Èsú, uma vez alafiado e aceito, abra o ekó um no pé do assentamento
aberto sobre a folha do próprio ekó e outro ekó aberto sobre o assentamento
sem a folha, finque 3 atarés no ekó de baixo e outras 3 no ekó de cima,
batize os 2 ekós com epô pupá e om wají, e prossiga então com o
sacrifício...

Cantando para o Akukó

“Sòrò sòrò

Ejé gbalé akaráró

Sòrò sòrò

Ejé gbalé akaráró”

O Ejé escorreu sobre o ekó do chão, então mude a cantiga para:


“Ejé sòró, Èsú npá awò

Ejé sòró, Èsú npá awò”

Na cantiga acima pode-se mudar a palavra Èsú pela qualidade do Èsú

Uma vez concluso o órò npá, entoe:

“Ejé gbalé bará la orè Èsú npá

Ejé gbalé bará la orè

Pámi pámi ò”

Concluída a matança, tempe com: Dendê, mel, iyó, otí, aluwá, afotin,
omitorô, e corte as partes sagradas dos bichos de pena e enfeite o Ojubó
Èsú: asas, pés, cauda, ori, pele do pescoço, e bastante pena sobre o
assentamento.

Ao término do enfeite arrie as comidas secas aos pés do mesmo e ponha


um punhado de cada padê que se faça para ele sobre o assentamento bem
como grãos torrados.

Fica arriado diante de Ésú e ele permanece com o orò sobre ele por no
mínimo 18hs e no máximo 24h.
Cantigas de Esú

MODUBÍS

1. Egbarabo ago mojuba ra

Egba kose

Egbarabo ago mojuba ra

E modé ko e ko

Egbarabo ago mojuba ra

Lê gbale Esu Lona

2. Gere gere bantola oni l’oro

Oni l’oro

Bantola esu l’ejo

3. Eni awa ago b’oti omo (bis)

Modupé

Mojubaré oba iná

Mojubaré oba iná


Gbara un be be

Tiriri Lona

Esú Tiriri

Gbara un be be

Tiriri Lona

Esú Tiriri

4. Elegbara (bis

Esú ajo

A ma ma ke o

Elegbara

Esú ajo

A ma ma ke o

Laroye e e

5. Oke oke

Odará odará

Baba ebó

6. Esú oo

Esú olona

Mofori gbale

7. Gbara lojiki

Esú lobi wá

Ara legbe
8. Son son obé (bis

Odará kolori ebó

Laroye

Son son obé

Odará kolori ebó

9. Lagiri Esú ma na

Le le Lagiri

Ajê ma na

Lê lê lagiri

Firo ofe na

Fena jô

Lagiri

10. Ori sakpata

Ago nile

Ago nile mofori gbalé

11. Esu o elegbara e

Esu o elegbara e

Elegbara mofori balé

Esú egbaragbo

12. D’ago l’ona o

D‘ago l’ona ina celu nbo

D‘ago l’ona o

E d’ago l’ona Iná celu nbo


D’ago l’ona o

13. Ala mogege mogege

Laroiye laroiye

14. Ago n’ile ago (3x)

Ago n’ilé ago iya

Ago n’ile ago iya

15. Eleguado e mojuba elebara

Eleguado e mojuba elebaré

Bara l’owi lo

Ago elebara

Ago elebara

16. Egbaragbo ken ken (bis)

Elegbara esu k’awa o

ALUJA

17. Ogó ngo

Run go
laroye

18. A m’oju legbara

S’ekete

19. Bara vodun legba o

Tiri jan

Awo awo

Tiri jan awo awo tiri jan

20. Oni ko iso bin

Oti

21. Lalu pe o

Lalu pe o

VAMUNHAS

22. Alaketu se ja ketu re

Esú lona

Alaketu se já ketu re

Egbara ebó

23. Iyemanjá k’ota r’odo

Esú a ina ko

24. Bara ni to aindo ke


Bara ni to a han mi se to

25. Yangi eta la m’awo

Esu eta la m’awo

Ae ae Yangi eta la m’awo

BRAVUN-HUNTO

26. E mada hun

Ada hunde

Eee

Mada hun

Ada hunde

Son son lor’ogbé

27. Bara e bara nito (bis)

Igba hana esu mad’ago

E l’ona esu awo

28. Awo awo a done ama dohan(bis)

A done ama dohan


Esu igba hana e

29. Igba hana esu maleke

Igba hana esu maleke

30. Omi l’ade

Esu apade omi l’awo

Omi l’ade

esu apade laroiye

31. Bohun mi ila wure ojise o

Opa ikori eta meta ipade orun ara omo nio o

Bara otu zue

M’aje iku

Otu zue

M’aje iku

SATÓ

32. E legbara vodun

Aza kere kere

Esu bara vodun aza kere kere

33. Ajiki re ni vodun


Vodun kabí kabí

34. E elegbara

Elegbara Esú alayie

35. Apade olona mojubá ojisé (bis)

Awa se awo ( 3x)

Mojubá ojisé

36. Awa l’ese l’agbo owo le s’ori agbe iko ilekun

Awa l’ese l’agbo owo le s’ori agbe iko ilekun

AGUERÉS

37. Esú ajuwo ma ma

Ke owo Odará

Laroye Esú ajuwo ma ma

Ke owo Odará

Esú awo

38. Legbara lewá legbara

Esú ajuwo ma ma Odará

39. Odará olo s’oro

Odará olo s’oro l’ona


Odará olo s’oro

E olo s’oro

E olo s’oro

L’ona

40. Odará sawe pe

Esú Odará sawe pe L’ona

Odará sawe pe

E sawe pe

E sawe pe

L’ona

IJESÁ

41. Esú ona (bis)

Omo sire l’ode

Elegbara

Elegbara mi re re

Esú Ona k’ewa awo

42. .Esú t’awa mi l’ore

Esú t’awa mi l’ore o

43. Aiya k’aiya


Gbele Esú

Aiya k’aiya nbó

44. Esú e ma k’asa

45. Esu mojuba ré

Esú mojuba ré o

46. Esu Ona a fo m’ale

Esú ona a fo mi o

47. Ara mi fará

ajé k’odara

Gbara mi

Onile Esú

AGABÍ

48.Eringue ara we

Ara we ara we

Eringue ara la w’ejo

Iyemonja esu agbo

Eringue ara La w’ejo

Iyemonja esu o

49.Aki olo w’ogbo


Aki olo w’ogbo mi

Esu on’ile ki s’ajo

Bara lojiki ki s’ajo

50. Eleguado eleguado aiana (bis)

Olo’de baba mi s’oro

Eleguado aiana

Olo’de baba mi s’oro

Eleguado aiana

NLÓ

( VAMUNHA)

51.IKan zuelo bara hunto ina g’ere

E m’ina do

Ikan zuelo bara hunto ina g’ere

E m’ina do

Comidas Èsú

I. OBÉWA PARA ÉSÚ DAR CAMINHO


1. (SOPA DE FEIJÃO)
2. FEIJÃO FRADINHO
3. AZEITE DE DENDÊ

PREPARO: FEIJÃO COZIDO AO DENTE E MISTURE COM AZEITE DE


DENDÊ CEBOLA RALADA E CAMARÃO SOVADO E PIMENTA DA
COSTA TUDO REFOGADO E SERVIDO EM ALGUIDAR DE NAJÉ
FORRADO COM FOLHA DE MAMONA.
II. BANANA D’ÁGUA OFERECIDA MADURA OU VERDE EM
CACHO SOMENTE A ÈSÚ PARA OBTENÇÃO DE PODER, O
CABO DO CACHO DEVE ESTAR ENVOLTO DE PANO
VERMELHO
III. OJIYÉ

FEIJÃO FRADINHO COZIDO

AZEITE DE DENDÊ

GENGIBRE RALADO

BAGRE SECO EM PÓ

PRÊA SECA EM PÓ

07 OVOS DE PATA COZIDOS UNTADOS COM DENDÊ E ENXOFRE


AMARELO

PREPARO: MISTURAR O FEIJÃO COM OS INGREDIENTES


ACIMA, POR EM UMA TRAVESSA E ADORNAR COM OS OVOS.

OBS: PARA ATIVAR A ENERGIA DE UMA PESSOAS DOENTE OU


FRACA SALPICAR 07 PITADAS DE ENXOFRE E SAL EM CIMA DO
OJIYÉ E SOBRE O ORI DA PESSOA DIANTE DE ESU.

IV. ABARÀ (LITERALMENTE=O QUE FAZ ACEITAR


REPENTINAMENTE)

MASSA DE ACARAJÉ CRUA/CAMARÃO SECO/CEBOLA RALADA

AZEITE DE DENDÊ/ATARÉ/FOLHA DE BANANEIRA (ASSADA)

PREPARO: PREPARE A MASSA IDENTICA AO DO ACARAJÉ,


ACRESCENTE ATARÉ DEBULHADO, CEBOLA RALADA,
CAMARÃO E DENDÊ. COLOQUE UM POUCO NA FOLHA
ENROLANDO COM TROUXINHAS, COZINHE NO VAPOR.

V. DUNDÚ

INHAME DO NORTE/AZEITE DE DENDÊ/SAL


PREPARO: DESCASQUE O INHAME E CORTE EM RODELAS
FINAS, E FRITE NO AZEITE DE DENDÊ

VI. EJA-SISUN (PEIXE FRITO DEFUMADO)

BAGRE DEFUMADO OU BACALHAU SECO E SALGADO COM


BASTANTE AZEITE DE DENDÊ. COLOCAR POR CIMA PIRÃO DE
FARINHA E COBRIR COM BÚZIOS.

VII. XINXIM

COM O PEITO DOS AKUKÓS OFERECIDOS A ÈSÚ COZINHAR


ATÉ AMACIAR, DEIXAR ESFRIAR E DESFIAR COM AS MÃOS,
REGOGAR COM PIMENTA DA COSTA, CEBOLA RLADA E
CAMARÃO SOVADO E SEMENTES DE URUCUM, APÓS
PREPARADO MISTURAR COM FARINHA DE MANDIOCA
AMARELA E OFERECER A ÈSÚ.

Ebós para Èsú

1. Oferenda deve ser direcionada a Esu, guardião dos


templos, casas cidades e pessoas, e intermediário entre os
homens e os deuses

11 obis

11 orogbos

01 litro de gim

01 garrafa de azeite de dendê


ewe ireke (folha de cana de açúcar)

ewe epa (folha de amendoim)

ero osun (solanácea)

epo odu (erva moura)

ogede omini (bananeira)

iyo (sal)

Soque num pilão todas as folhas misturando-as aos outros materiais. Em


seguida, abra uma fenda no meio da casa comercial ou do lar e enterre esta
massa, enrolada em um pano branco. Cubra a fenda.

1. Ebó Èsú dar caminho

Pegue um peixe olho de cão tire toda a escama e guarde.

Tire só as tripas do peixe se tiver ova põe de volta na barriga, tempera o


peixe com camarão seco, cebola ralada e dendê, assar na folha de bananeira.
ir a uma praça de movimento por o peixe no alguidar no chão circulado por 7
charutos, 7 velas 7 caixas de fósforos, por os 7 búzios abertos ao redor do
peixe que esta em cima do padê de dendê dentro do alguidar, e as 7 moedas
com as caras pra cima esses búzios e moedas dormiram com a pessoa.

Diga assim na entrega do ebó:

odi estou aqui fazendo uma troca para melhorar de vida !


Chegando em casa, espalhar as escamas por cima do èsú, dizendo:

“Exu te dou o dinheiro de odi pra que o transforme no dinheiro que preciso!”

2. Ésú abrir os caminhos

01 alguidar

21 pimentas da costa

01 dendê

07 acaças brancos

07 acaças vermelhos

07 talos de mamona

07 ovos
07 carretéis brancos

“ “ pretos

“ “ vermelhos

07 doces pretos

Feijão fradinho

Milho de galinha

Feijão preto

mel

Como fazer

Pegue um alguidar, dentro coloque 21 pimenta da costa, todas um


pouco machucada por você próprio, fazendo seus pedidos,
coloque dendê dentro do alguidar, passe pelo seu corpo 7 akasa
branco, 7 akasa vermelho e coloque dentro do alguidar, então
pegue 7 talos de mamonas e vai batendo em todo seu corpo,
pedindo a èsú movimento em sua vida e que tire toda a
negatividade que dali para frente possa começar tudo de novo em
sua vida, passe também 7 ovos que serão quebrados dentro deste
alguidar, pegue 7 carretéis de linha branca, 7 carretéis de linha
vermelha, e 7 carretéis de linha preta. Junte os 21 carretéis de
linha ir desenrolando tudo junto dentro do alguidar, pedindo a èsú
que sua vida seja desenrolada, que tire tudo de ruim, traga rapidez
nas soluções dos seus problemas, depois que as linhas estiverem
todas desenroladas dentro do alguidar, coloque por cima 7 doces
preto, 1 punhado de feijão fradinho torrado, 1 punhado de milho
de galinha torrado, passando tudo no corpo primeiro, 1 punhado
de feijão preto torrado, jogue um pouco de mel, poderá ser feito
em uma encruzilhada e/ou em uma estrada, pedindo a èsú que tire
todos os atrapalhos e dificuldades de seus caminhos e lhe traga
felicidade e abra as portas das estrada para você caminhar.
3. Èsú resolver questões contra inimigo

01 frango preto; 02 patas de boi, sendo uma traseira e uma


dianteira (nós conhecemos como mocotó) com couro e tudo; 01
alguidar grande; 02 garrafas de pinga, ou mais 01 litro de dendê;
01 quilo de farinha de mandioca crua ( não serve a torrada);
cebolas roxa, pimentas, ataré, azougue, carvão e um ponteiro
grande e afiado dos dois lados. Cantar para o exu, fazendo a
evocação necessária.
Fazer a farofa, misturando o dendê e a pinga e colocar no oberó; refogar as
cebolas, pimenta e o ataré e separar; coloque as duas patas com o casco para
frente, voltadas cada um para um lado, em forma de v; matar o frango, sem
separar a cabeça e despejar o ejé, em cima das patas e na farofa e em
seguida, acrescentar o refogado. Sempre cantando para o exu, fazendo a
evocação. Abra o frango pelas costas e introduza o azougue e o carvão,
feche-o e vire-o por cima das patas ( a barriga vai ficar para cima), grite
para o exu e diga que foi o fulano que mandou e que você não tem nada com
isso. Em seguida, enterre o punhal (ponteiro) na barriga do frango. Jogue
pinga por cima e acenda velas, como quiser.

isso tem que ser feito longe de casa e em encruzilhada suja, que dificilmente
se voltaria a andar por lá.

o exu não anda com o casco do boi, logo...

(não se esquece de se preparar antes e se despachar na volta, antes de entrar


em casa).

Lendas de Èsú I

Certa vez, dois amigos de infância, que jamais discutiam,


esqueceram-se, numa segunda-feira, de fazer-lhe as oferendas devidas.
Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça.
As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro.
Exu, zangado pela negligência dos dois amigos,
decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira.
Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo
que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo.
Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos
e,
muito educadamente, cumprimentou-os:
“Bom trabalho, meus amigos!”
Estes, gentilmente, responderam-lhe:
“Bom passeio, nobre estrangeiro!”
Assim que Exu afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita,
falou para o seu companheiro:
“Quem pode ser este personagem de boné branco?”
“Seu chapéu era vermelho”, respondeu o homem do campo à esquerda.
“Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que
existe!”
“Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável!”
“Ele era branco, tratas-me de mentiroso?”
“Ele era vermelho, ou pensas que sou cego?”

Cada um dos amigos tinha razão e estava furioso da desconfiança do outro.


Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se
até matarem-se a golpes de enxada.
Exu estava vingado!
Isto não teria acontecido se as oferendas a Exu
não tivessem sido negligenciadas.
Pois Exu pode ser o mais benevolente dos orixás
se é tratado com consideração e generosidade.
Há uma maneira hábil de obter um favor de Exu.
É preparar-lhe um golpe mais astuto que aqueles que ele mesmo prepara.

(Por Pierre Verger)

Lendas de Èsú II

Exu tomou domínio sobre as encruzilhadas, conta o oríkì  que Exu não
tinha propriedade, não tinha riqueza e nem rio, muito menos profissão ou
um sentido para a vida. Mas um dia, Exu passou a frequentar a casa de
Oxalá, quando este modelava os corpos dos homens e das mulheres. Exu ia
todos os dias, e enquanto outros seres iam a casa de Oxalá, apreciavam suas
obras, traziam oferendas e partiam, Exu continuava lá, observando
atentamente o trabalho do mestre. Exu não perguntava. Exu prestava
atenção. Exu aprendeu tudo. Após 16 anos ajudando e observando, Oxalá
disse para ele postar-se na encruzilhada por onde passavam todos os que
vinham à sua casa. Oxalá pediu a Exu que não deixasse passar quem não
lhe trouxesse uma oferenda. E ele fez bem o seu trabalho e Oxalá decidiu
recompensá-lo: quem viesse à casa de Oxalá teria que pagar também
alguma coisa a Exu. Armado de um poderoso porrete chamado ogó – às
vezes em formas fálicas -, Exu afastava os indesejáveis. Exu fez da
encruzilhada a sua casa e ninguém mais podia passar por ali sem lhe pagar
um tributo.

(Reginaldo Prandi.)

Lendas de Èsú III

Exu leva aos homens o oráculo de Ifá

Em épocas remotas os deuses passaram fome. Às vezes, por longos


períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na
Terra.

Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre
si guerras assombrosas. Os descendentes dos deuses não pensavam mais
neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser
novamente alimentados pelos homens ? Os homens não faziam mais
oferendas e os deuses tinham fome. Sem a proteção dos deuses, a desgraça
tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres,
infelizes.

Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução. Exu foi até Iemanjá
em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens.
Iemanjá lhe disse: "Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens
com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios".

Iemanjá disse: "Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que
comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles
nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra
direção. Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a
morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade
de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos".

Exu retornou o seu caminho e foi procurar Orungã.

Orungã lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os dezesseis deuses tem fome. É
preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que
os satisfaça.. Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que
é feita com dezesseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e
entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens".

Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos
dezesseis cocos. Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com
eles. Os macacos então lhe disseram: "Exu, não sabes o que fazer com os
dezesseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar
pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezesseis
lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um
desses lugares recolheras dezesseis odus. Recolherás dezesseis histórias,
dezesseis oráculos. Cada história tem a sua sabedorias, conselhos que
podem ajudar os homens. Vai juntando os odus e ao final de um ano terás
aprendido o suficiente. Aprenderás dezesseis vezes dezesseis odus. Então
volta para onde moram os deuses. Ensina aos homens o que terás aprendido
e os homens irão cuidar de Exu de novo".
Exu fez o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás. Exu
mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram:
"Isso é muito bom".

Os deuses, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os


homens. Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos
deuses e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezesseis cocos
de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande
quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam a fazer sacrifícios
aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam. Eles recomeçavam a
sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás
estavam satisfeitos e felizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o Ifá.

Lendas de Èsú IV

Esú instaura o conflito entre Iemanjá, Oiá e Oxum


Um dia, foram juntas ao mercado Oiá e Oxum, esposas de Xangô, e
Iemanjá, esposa de Ogum. Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra.
Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia.
Aproximou-se de Iemanjá, Oya e Oxum e disse que tinha um compromisso
importante com Orunmila.

Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte
búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido. Iemanjá, Oiá e
Oxum concordaram e Exu partiu.

A cabra foi vendida por vinte búzios. Iemanjá, Oiá e Oxum puseram os dez
búzios de Exu a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam.
Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas
sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da
mesma forma Oiá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios
por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior
parte.

Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção.
Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.

Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os


mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.

Oyá intercedeu, dizendo que , em caso de contenda semelhante, a maior


parte caberia à do meio.

As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um


homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele
pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo
búzio fosse dado a mais velha. Mas Oiá e Oxum, que eram a segunda mais
velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a
Iemanjá a maior parte.

Pediram a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os


contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse
dado à mais nova. Iemanjá e Oiá.

Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os


búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou
que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais
velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oiá. Mas Iemanjá e
Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oiá.
Não havia meio de resolver a divisão.
Exu voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde
está minha parte?”.

Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de
modo eqüitativo. Exu deu três a Iemanjá, três a Oiá e tre a Oxum. O
décimo búzio ele segurou. Colocou-o num buraco no chão e cobriu com
terra. Exu disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o
costume que se seguia no Orun.

Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos
antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos
sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro.
Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.

Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os


antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”

Iemanjá, Oiá e oxum reconheceram que Exu estava certo. E concordaram


em aceitar três búzios cada. 

Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oió passaram a ser


mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre
uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os
presentes da fortuna.

Lendas Èsú V

Esu ganha o poder sobre as encruzilhadas.


Esu não possuia riquezas, não possuia terras, não possuia rios, não tinha
nenhuma profissão, nem artes e nem missão. Esu vagabundeava pelo
mundo sem paradeiro. Então um dia, Esu passou a ir à casa de Osalá. Ia à
casa de Osalá todos os dias. Na casa de Osalá, Esu se distraía, vendo o
velho fabricando os seres humanos. Muitos e muitos também vinham
visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco, quatro dias, sete dias, e nada
aprendiam. Traziam oferendas, viam o velho orixá, apreciavam sua obra e
partiam.

Esu foi o único que ficou na casa de Oxalá ele permaneceu por lá durante
dezesseis anos. Esu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu
como Oxalá modelava as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos
homens, as mãos, os pés, a boca, os olhos, e a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou auxiliando o velho Orixá.

Esu observava, não perguntava nada Esu apenas observava e prestava


muito atenção e com o passar do tempo aprendeu tudo com o velho. Um
dia Osalá disse a Esu para ir postar-se na encruzilhada por onde passavam
os que vinham à sua casa. Para ficar ali e não deixar passar quem não
trouxesse uma oferenda a Osalá.

Cada vez mais havia mais humanos para Osalá fazer. Osalá não queria
perder tempo recolhendo os presentes que todos lhe ofereciam. Osalá nem
tinha tempo para as visitas. Esu que tinha aprendido tudo, agora podia
ajudar Osalá. Era ele quem recebia as oferendas e as entregava a Osalá. Esu
executava bem o seu trabalho e Oxalá decidiu recompensá-lo. Assim, quem
viesse à casa de Osalá teria que pagar também alguma coisa a Esu.Esu
mantinha-se sempre a postos guardando a casa de Osalá. Armado de um
ogó, poderoso porrete, afastava os indesejáveis e punia quem tentasse
burlar sua vigilância. Esu trabalhava demais e fez sua casa ali na
encruzilhada. Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, e sua casa.
Esu ficou rico e poderoso. E ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem fazer uma paga a Esu.

Lendas de Èsú VI
Exu atrapalha-se com as palavras

No começo dos tempos estava tudo em formação, lentamente os modos de


vida na Terra forma sendo organizados, mas havia muito a ser feito.

Toda vez que Orunmilá vinha do Orum para ver as coisas do Aiê, era
interrogado pelos orixás, humanos e animais, ainda não fora determinado
qual o lugar para cada criatura e Orunmilá ocupou-se dessa tarefa.

Exu propôs que todos os problemas fossem resolvidos ordenadamente, ele


sugeriu a Orunmilá que a todo orixá, humano e criatura da floresta fosse
apresentada uma questão simples para a qual eles deveriam dar resposta
direta, anatureza da resposta individual de cada um determinaria seu
destino e seu modo de viver, Orunmilá aceitou a sugestão de Exu. E assim,
de acordo com as respostas que as criaturas davam, elas recebiam um modo
de vida de Orunmilá, uma missão, enquanto isso acontecia, Exu, travesso
que era, pensava em como poderia confundir Orunmilá.

Orunmilá perguntou a um homem: "Escolhes viver dentro ou fora?".


"Dentro", o homem respondeu, e Orunmilá decretou que doravante todos os
humanos viveriam em casas.
De repente, Orunmilá se dirigiu a Exu: "E tu, Exu? Dentro ou fora?". Exu
levou um susto ao ser chamado repentinamente, ocupado que estava em
pensar sobre como passar a perna em Orunmilá, e rápido respondeu: "Ora!
Fora, é claro", mas logo se corrigiu: "Não, pelo contrário, dentro",
Orunmilá entendeu que Exu estava querendo criar confusão, falou pois que
agiria conforme a primeira resposta de Exu, disse: "Doravante vais viver
fora e não dentro de casa".

E assim tem sido desde então, Exu vive a céu aberto, na passagem, ou na
trilha, ou nos campos, diferentemente das imagens dos outros orixás, que
são mantidas dentro das casas e dos templos, toda vez que os humanos
fazem uma imagem de Exu ela é mantida fora.

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