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Tantas histórias
Quantas perguntas
Bertolt Brecht
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HUMILDADE
Cecília Meireles
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Os meus livros
Augusto Cury
O futuro da humanidade
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Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou
TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia
plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor.
E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um
homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que
nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que
nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e
simplesmente ir ver.
Amyr Klink
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Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma
sabedoria e uma amargura. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase
diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que
está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-
la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha,
perigosa.
Minha solidão me serve de companhia. Com os livros nas mãos tento fugir desse mundo
tão promíscuo, desse mundo tão hostil. Dizem que é errado sonhar demais e esquecer a
realidade, mas há tempos que não ouço mais o que dizem. A música me fascina e ajuda-
me a seguir vivendo cada dia sem olhar para as coisas que a vida levou. Então apenas
sigo vivendo, pensando, sonhando. Cada dia mais…
Tumblr
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Claro que eu adoro minha casa, meu cachorro, meus amigos, meus livros, músicas.
Tenho uma vida ótima. Mas nenhuma dessas coisas se comparava ao prazer que eu
tinha ao ouvir o barulhinho de uma mensagem chegando. Ou de quando o telefone
tocava e eu sabia que era ele e o meu coração disparava tanto que eu tinha medo de
morrer antes de falar "alô".
Tati Bernardi
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Jardins
Comecei a gostar dos livros mesmo antes de saber ler. Descobri que os livros eram um
tapete mágico que me levavam instantaneamente a viajar pelo mundo... Lendo, eu
deixava de ser o menino pobre que era e me tornava um outro. Eu me vejo assentado no
chão, num dos quartos do sobradão do meu avô. Via figuras. Era um livro, folhas de
tecido vermelho. Nas suas páginas alguém colara gravuras, recortadas de revistas. Não
sei quem o fez. Só sei que quem o fez amava as crianças. Eu passava horas vendo as
figuras e não me cansava de vê-las de novo. Um outro livro que me encantava era o
“Jeca Tatu“, do Monteiro Lobato. Começava assim: “Jeca Tatu era um pobre caboclo...“
De tanto ouvir a estória lida para mim, acabei por sabê-lo de cor. “De cor“: no coração.
Aquilo que o coração ama não é jamais esquecido. E eu o “lia“ para minha tia Mema,
que estava doente, presa numa cadeira de balanço. Ela ria o seu sorriso suave, ouvindo
minha leitura. Um outro livro que eu amava pertencera à minha mãe criança. Era um
livro muito velho. Façam as contas: minha mãe nasceu em 1896... Na capa havia um
menino e uma menina que brincavam com o globo terrestre. Era um livro que me fazia
viajar por países e povos distantes e estranhos. Gravuras apenas. Esquimós, em suas
roupas de couro, dando tiros para o ar, saudando o fim do seu longo inverno. Embaixo,
a explicação: “Onde os esquimós vivem a noite é muito longa; dura seis meses.“ Um
crocodilo, bocarra enorme aberta, com seus dente pontiagudos, e um negro se
arrastando em sua direção, tendo na mão direita um pau com duas pontas afiadas. O que
ele queria era introduzir o pau na boca do crocodilo, sem que ele se desse conta. Quando
o crocodilo fechasse a boca estaria fisgado e haveria festa e comedoria! Na gravura
dedicada aos Estados Unidos havia um edifício, com a explicação assombrosa: “Nos
Estados Unidos há casas com 10 andares...“ Mas a gravura que mais mexia comigo
representava um menino e uma menina brincando de fazer um jardim. Na verdade, era
mais que um jardim. Era um mini-cenário. Haviam feito montanhas de terra e pedra.
Entre as montanhas, um lago cuja água, transbordando, se transformava num riachinho.
E, às suas margens, o menino e a menina haviam plantado uma floresta de pequenas
plantas e musgos. A menina enchia o lago com um regador. Eu não me contentava em
ver o jardim: largava o livro e ia para a horta, com a idéia de plantar um jardim
parecido. E assim passava toda uma tarde, fazendo o meu jardim e usando galhos de
hortelã como as árvores da floresta... Onde foi parar o livro da minha mãe? Não sei.
Também não importa. Ele continua aberto dentro de mim.
Faz de contas que a sua alma é um útero. Ela está grávida. Dentro dela há um feto que
quer nascer. Esse feto que quer nascer é o seu sonho. Quem engravidou a sua alma eu
não sei. Acho que foi um ser de um outro mundo... Imagino que o tal de “Big-Bang“ a
que se referem os astrônomos foi Deus ejaculando seu grande sonho e soltando pelo
vazio milhões, bilhões, trilhões de sementes. Em cada uma delas estava o sonho
fundamental de Deus: um jardim, um Paraíso... Assim, sua alma está grávida com o
sonho fundamental de Deus...
Mas toda semente quer brotar, todo feto quer nascer, todo sonho quer se realizar.
Sementes que não nascem, fetos que são abortados, sonhos que não são realizados, se
transformam em demônios dentro da alma. E ficam a nos atormentar. Aquelas tristezas,
aquelas depressões, aquelas irritações - vez por outra elas tomam conta de você – aposto
que são o sonho de jardim que está dentro e não consegue nascer. Deus não tem muita
paciência com pessoas que não gostam de jardins...
Menino, os jardins eram o lugar de minha maior felicidade. Dentro da casa os adultos
estavam sempre vigiando: “Não mexa aí, não faça isso, não faça aquilo...“ O Paraíso foi
perdido quando Adão e Eva começaram a se vigiar. O inferno começa no olhar do outro
que pede que eu preste contas. E como as crianças são seres paradisíacos, eu fugia para
o jardim. Lá eu estava longe dos adultos. Eu podia ser eu mesmo. O jardim era o espaço
da minha liberdade. O jardim era o espaço da minha liberdade. As árvores eram minhas
melhores amigas. A pitangueira, com seus frutinhos sem vergonha. Meu primeiro furto
foi o furto de uma pitanga: “furto“ – “fruto“ – é só trocar uma letra.... Até mesmo
inventei uma maquineta de roubar pitangas... Havia uma jabuticabeira que eu
considerava minha, em especial. Fiz um rego à sua volta para que ela bebesse água todo
dia. Jabuticabeiras regadas sempre florescem e frutificam várias vezes por ano. Na
ocasião da florada era uma festa. O perfume das suas flores brancas é inesquecível. E
vinham milhares de abelhas. No pé de nêspera eu fiz um balanço. Já disse que balançar
é o melhor remédio para depressão. Quem balança vira criança de novo. Razão por que
eu acho um crime que, nas praças públicas, só haja balancinhos para crianças pequenas.
Há de haver balanços grandes para os grandes! Já imaginaram o pai e a mãe, o avô e a
avó, balançando? Riram? Absurdo? Entendo. Vocês estão velhos. Têm medo do
ridículo. Seu sonho fundamental está enterrado debaixo do cimento. Eu já sou avô e me
rejuvenesço balançando até tocar a ponta do pé na folha do caquizeiro onde meu
balanço está amarrado!
Crescido, os jardins começaram a ter para mim um sentido poético e espiritual. Percebi
que a Bíblia Sagrada é um livro construído em torno de um jardim. Deus se cansou da
imensidão dos céus e sonhou... Sonhou com um ... jardim. Se ele – ou ela – estivesse
feliz lá no céu, ele ou ela não teria se dado ao trabalho de plantar um jardim. A gente só
cria quando aquilo que se tem não corresponde ao sonho. Todo ato de criação tem por
objetivo realizar um sonho. E quando o sonho se realiza, vem a experiência de alegria.
Nos textos de Gênesis está dito que, ao término do seu trabalho, Deus viu que tudo “era
muito bom.“ O mais alto sonho de Deus é um jardim. Essa é a razão porque no Paraíso
não havia templos e altares. Para que? “Deus andava pelo meio do jardim...“ Gostaria de
saber quem foi a pessoa que teve a idéia de que Deus mora dentro de quatro paredes!
Um coisa eu garanto: não foi idéia dele. Seria bonito se as religiões, ao invés de gastar
dinheiro construindo templos e catedrais, usassem esse mesmo dinheiro para fazer
jardins onde, evidentemente, crianças, adultos e velhos poderiam balançar e tocar os pés
nas folhas das árvores. Ninguém jamais viu a Deus. Um jardim é o seu rosto
sorridente... E se vocês lerem as visões dos profetas, verão que o Messias é jardineiro:
vai plantar de novo o Paraíso: nascerão regatos nos desertos, nos lugares ermos
crescerão a murta (perfumada!), as oliveiras, as videiras, as figueiras, os pés de romã, as
palmeiras... E lá, à sombra das árvores, acontecerá o amor... Leia o livro dos “Cânticos
dos Cânticos“!
Rubem Alves
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Uma vontade de chegar perto, de só chegar perto, te olhar sem dizer nada, talvez recitar
livros, quem sabe só olhar estrelas… dizer que te considero. E muito.
Talvez bastasse qualquer coisa, como chegar muito perto de você, passar a mão no teu
cabelo e te chamar de amigo. Ou sorrir, só sorrir...
Caio Fernando Abreu
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EXPERIÊNCIA
Tu podes viver e em algum momento te colocares a consulta dos sábios e dos livros, ou
tu podes te colocar a consulta dos sábios e dos livros, e em algum momento te colocares
a viver.
Tu só não deves é deixar de viver para dedicar-se exclusivamente à consulta dos sábios
e dos livros, por que sem a aplicação toda filosofia é vazia: não existe mestra maior que
a experiência!
Augusto Branco
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Caetano Veloso
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Eu vou para cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ao invés de
estar por aí caçando qualquer mala na rua pra te esquecer ou para me esquecer. Porque
eu me banco sozinha e eu me banco com um coração. E não me sinto fraca ou boba ou
perdendo meu tempo por causa disso. E eu malho todo dia igual a essas suas amiguinhas
de quem você tanto gosta, mas tenho algo que certamente você não encontra nelas:
assunto.
Tati Bernardi
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Raissa Sonoda
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Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes do Ettore Scola, dos
irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também
tem o seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu
e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no
banco. Gosta de
viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettuccine al pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo
desses, criatura, por que diabo está sem namorado?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação
matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso
contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes
batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O
verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Costuma
ser despertado mais pelas flechas do Cupido do que por uma ficha limpa.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo
que encontra no armário, ele só escuta Egberto Gismonti e Sivuca. Não emplaca uma
semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação
para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despachá-lo. Quando a mão
dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais
e
escreve poemas. Por que você ama esse cara? Não pergunte pra mim.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você
deu flores que ela deixou a seco, você levou-a para conhecer sua mãe e ela foi de blusa
transparente. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia
a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano-Novo, nem no ódio vocês combinam.
Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais
viciante que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem
nome.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso
são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou
pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam,
pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Amar não requer conhecimento
prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de
família, tá assim, ó. Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.
Julho de 1998
Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Trem-bala. Porto Alegre: L&PM Editores. 1999.
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Gostando dos textos?
Obrigado. Como podemos melhorar?
Obrigado. Como podemos melhorar?
Eu sou...
Eu sou os livros que leio, os lugares que conheço, as pessoas que amo.
Eu sou as orações que faço, as cartas que recebo, os sonhos que tenho.
Eu sou as decepções por que passei, as pessoas que perdi, as dificuldades que superei.
Eu sou as coisas que descobri, as lições que aprendi, os amigos que encontrei.
Eu sou os pedaços de mim que levaram, os pedaços de alguns que ficaram, as memórias
que trago.
Eu sou as cores que gosto, os perfumes que uso, as músicas que ouço.
Eu sou os beijos que dei, sou aquilo que deixei e aquilo que escolhi.
Eu sou cada sorriso que abri, cada lágrima que caiu, cada vez que menti.
Eu sou cada um dos meus erros, cada perdão que não soube dar, cada palavra que calei.
Eu sou cada conquista alcançada, cada emoção controlada, cada laço que criei.
Eu sou cada promessa cumprida, cada calúnia sofrida, a indiferença que se formou.
Eu sou o braço que poucas vezes torceu, a mão que muitas outras se estendeu, a boca
que não se calou.
Eu sou as lembranças que tenho, os objetivos que traço, as mudanças que sofrerei.
Eu sou a infância que tive, sou a fé que carrego e o destino que reinventei.
Desconhecido
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Descaminhos (II)
Victor Motta
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Julia Freitas
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Will Durant
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