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Mas, pra que serve a Umbanda na espiritualidade? De forma simplista, vou tentar
responder, mesmo sem conhecer muito da Umbanda: Sempre irão existir espíritos
de pessoas que não querem ascender de imediato (e talvez nem possam). Ficam
rondando pelos bares, pelas ruas, vampirizando, assediando, tomando
uma pinga… Aí então o espírito acaba descobrindo um terreiro de umbanda. É
interessante pro nível evolutivo dele, pois pode ganhar garrafas de bebida (não vai
precisar mendigar em bares) em despachos de encruzilhada, galinha (eles tiram a
essência, como se comessem) e vela (não sei porque, mas muitos espíritos
ADORAM vela acesa… alguém sabe?). Mas ele não pode ir chegando e
incorporando (afinal, tem toda uma diretoria do “lado de lá”, com seguranças na
porta – os Exus – e hierarquia) então ele pede pros donos do terreiro pra trabalhar
ali, geralmente começa como “office boy”, fazendo serviços simples, e depois vai
pegando experiência com os espíritos que ali trabalham há mais tempo.
Dependendo do tipo de entidade que preside os trabalhos dos terreiros daquela
Umbanda, pode aprender tanto trabalhos bons quanto ruins. Mesmo que seja
ruim, isso já é uma evolução pro espírito, que já não vai estar vagabundeando pela
rua. E não pára por aí. Com a continuidade do aprendizado e das experiências
pelas quais ele passa nesse trabalho, o espírito irá desenvolvendo o altruísmo, que
é o fato de ajudar pelo ajudar, sem recompensas. Ele passa a AMAR o que faz, e
tudo o que se faz com amor mexe com a pessoa. Um belo dia se critica se o que
ele faz é certo. Ele vai percebendo que não precisa de despachos e/ou oferendas
pra ser útil, e nisso seu corpo espiritual vai evoluindo juntamente com sua mente,
a ponto de não precisar mais de matéria densificada pra satisfazer seus desejos
(aprende a se alimentar de luz, das plantas, da energia que é doada
espontaneamente pelas pessoas agradecidas…). Acaba se aproximando dos
espíritos de hierarquia superior, que dirigem os trabalhos da Umbanda, e é
relocado para outras funções. Vai pra uma escola onde aprende outras formas de
magia, desta vez usando luz, elementos da natureza renováveis – como água e
plantas – e acaba se tornando um espírito de luz, podendo até, caso queira, dirigir
outros terreiros de Umbanda e dar a outros espíritos que estiverem perdidos na
erraticidade da “vida após a vida” a mesma oportunidade que ele um dia teve.
O que me fez falar sobre isso foi a leitura do texto do misterioso Sheik Al
Kaparra (nick legal!) que trata justamente da desmistificação da AUM+BANDA (é
assim que ele chama), mostrando que a magia com que essas entidades
trabalham tem raízes no Tibet e na Índia. Deixo o aviso de que, pra quem está
numa linha de Umbanda, textos acima, ou o do Al Kaparra trarão distorções,
diferenças e até mesmo contradições. Mas a idéia aqui é apresentar uma visão
mais ampla, prática e despojada, e que vocês aperfeiçoem seus estudos,
procurando se informar melhor à respeito desta doutrina (como tudo, aliás, nesse
blog). Fiquem com o texto abaixo:
Outro costume bastante grave é a utilização direta dos Exus sem a mediação de
uma entidade de luz, seja essa entidade um Caboclo ou um Preto-velho. Em tais
circunstâncias o Exu, que ainda é um espirito atrasado, fica inteiramente solto e
sem ninguém a quem prestar contas pelo que fez ou se propôs a fazer. Ele, então,
pede em troca do favor pedido o que bem entende ou é ditado pela sua “gula”.
Isoladamente e sem estarem inseridos numa Gira (sessão) comandada por uma
entidade de luz eles reincidem nos mesmos erros e atrasam a sua jornada em
direção à Luz. Agora perguntamos: quem é, em tais casos, o verdadeiro culpado?
Será o Exu agindo ao arrepio da luz e dentro da sua inferioridade passageira ou
o(a) consulente que lhe vai pedir absurdos ou maldades?
As pessoas que só gostam de falar com Exus isolados e fora de uma gira própria e
controlada criam obstáculos para a evolução do Exu e, na verdade, procurando
benefícios, estão trazendo prejuízos para ele. Infelizmente, por defeito nosso e de
mais ninguém, as giras de Exu são as mais procuradas pelas pessoas que nunca
souberam direito o que é a AUM+BANDA, o que acaba refletindo para o público
leigo uma imagem errônea ou altamente equivocada sobre essa magnífica
religião.
Garimpando Mistérios
Para que o(a) leitor(a) possa Ter, pelo menos, um leve vislumbre do que
vem a ser a AUM+BANDA, é preciso garimpar mistérios e recuar muito na
História. Precisa também estar equipado de alguns conhecimentos básicos
de Esoterismo e Magia, a fim de extrair dos sinais grafados pelas entidades
da AUM+BANDA o seu precioso e secreto sentido hermético.
Passando pela sílaba sagrada AUM que lhe é fundamental, sílaba essa que
deriva do PODER CRIADOR ou do SOM PRIMORDIAL, a AUM+BANDA
prossegue a sua trilha mágica através do traçado com pemba branca ou
de outras cores daquilo que passou a ser conhecido como ponto riscado, o
qual, na verdade, é um conjunto harmônico e bem equilibrado de símbolos
esotéricos de relevante importância que ali se acham combinados para
funcionar como centro de atração das forças cósmicas correspondentes ao
trabalho de magia que vai ser realizado pela entidade comunicante. Para
iluminar esse ponto duas diferentes luzes vibram, ao mesmo tempo, no
físico e no astral: a luz de uma vela (ou lamparina de azeite de oliveira) e a
brasa do cigarro, charuto ou cachimbo que, conforme a entidade
comunicante, estejam sendo utilizados na hora da manifestação.
Jean Rivière, autor francês famoso por suas pesquisas religiosas em terras
tibetanas, mostra-nos em um de seus livros vários mandalas traçados no
“Teto do Mundo” onde reconhecemos, sem grandes dificuldades, os
mesmos símbolos grafados na AUM+BANDA. Ali estão, além de letras
sagradas e de nomes de poder, os mesmos pentáculos tão comuns na
Magia, inclusive a suástica em sua versão autêntica e os famosos “garfos de
Exu” (tridentes) que, analisados mais profundamente, correspondem a
determinada letra grega (Psi), cuja ordem sequencial a coloca curiosamente
entre o Alfa e o Ômega daquele alfabeto, isso sem falar nos vários sinais
mágicos que podemos encontrar, apenas a título de exemplo, na
obra Tratado completo de alta magia, cujo autor tem o pseudônimo oculto
de Vasariah, cujo conteúdo contempla uma coleção de grandes pentáculos
e talismãs com os quais a AUM+BANDA aparentemente nenhuma ligação
parece ter. Mas ela, de fato, tem! Nos grandes templos e “stupas” do
Himalaia o símbolo correspondente ao garfo Exu ali se encontra, do lado de
fora, como a dizer aos que passam que ali se encontram guardiães
invisíveis. Nada mais justo, pois, na AUM+BANDA o Exu é um guardião dos
trabalhos executados.
Essa mistura de crenças foi mais longe. No Haiti o Vodu surgiu como
religião dominante e especializou-se na invocação de forças muito ligadas
ao cemitério, às quais eles ainda dão o nome de “lois” (leia-se luás) e que
são, entre outras entidades, dominadas pelo perigosíssimo Baron Samedi,
que aparece à vidência como um homem muito alto e magro com rosto de
caveira, todo vestido de negro, com a cabeça coberta por uma cartola.
Tanto ele quanto as demais entidades do Vodu falam o “créole“, uma
mistura de Espanhol com Francês. Seus pontos riscados são feitos com
farinha de trigo, ao invés de com uma pemba, o que, novamente, não os
distancia muito dos mandalas tibetanos que são plasmados à base de pós
coloridos. A predominância da Deusa Serpente Dhambala no Vodu,
entidade essa que é feminina (-), tem arrastado a maior parte dos voduístas
a práticas de Magia Negra, cuja repercussão tem sido muito explorada
pelos filmes de terror de Hollywood. O “miolo”, no entanto, é verdadeiro e
ali há, realmente, a predominância a Magia Simpática (bonecos de pano
crivados de alfinetes), bem como a horrenda vivificação de cadáveres a
quem damos o nome de zumbis. A força do cemitério predomina no culto
vodu.
As bebidas alcoólicas, que tantas críticas têm merecido por parte dos leigos
no assunto, funcionam como tônicos e remédios tanto para o médium
como para os consulentes. O efeito alcoólico da bebida é totalmente
retirado do médium que, ao cabo da sessão, está firme em suas pernas e
sem qualquer cheiro de botequim.
CONCLUSÃO
A AUM+BANDA é a mais humilde das religiões, embora dentro dessa
humildade se oculte quase que a síntese de toda a Magia Natural.
Aprendam a respeitá-la e não a queiram ver trabalhando sob o chicote
saneador de uma “Casa Grande” majestática que com ela nunca se
coadunou nem jamais irá coadunar. Se possível, quando leigos, abstenham-
se de comentários desairosos porque aquilo que o olho humano enxerga
não daria para preencher nem o olho de um paquiderme. Quem vê um
ritual, um ponto riscado ou qualquer cerimônia mais séria nem de leve
suspeita o que ocorre verdadeiramente no Plano Invisível do trabalho que
está sendo realizado. E quando a gente não sabe é bem melhor ficar calado
para não dizer besteira…
E ela assim prefere porque tem como regência máxima a Luz de Oxalá, que se
traduz no triângulo perfeito da existência: Paz, Amor e Fraternidade. Paz para
que os homens de boa vontade deponham as armas para reconstruir o Jardim do
Éden, Amor para que ponhamos fim ao próprio cativeiro que nos impusemos ao
longo de vidas erradas e, finalmente, Fraternidade para que nos ajudemos uns aos
outros nesta curta jornada dentro do mesmo barco. E para onde vai esse barco?
Ele vai para a fosforescência das últimas estrelas, varando galáxias e seguindo
cometas na busca incessante daquela gloriosa escadaria cósmica que nos levará
para além do Tempo e para além da Vida.