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Equações lineares de primeira ordem

Ronaldo B Assunção
ROTEIRO:
Aula 03 de EDA — 14 de março de 2024 1. EDO’s lineares de primeira ordem
2. Fator integrante para a equação
T Ó P I C O : EDO’ S L I N E A R E S D E P R I M E I R A O R D E M . O objetivo destas linear
notas é estudar equações diferenciais ordinárias lineares, que são EDO’s 3. Fórmula geral para a solução da
±
da forma a(x) dy dx + b(x)y = c(x) em que a, b e c são funções dadas. Em EDO linear
±
particular, se c(x) ≡ 0 a equação a(x) dy dx + b(x)y = c(x) é chamada de
equação linear homogênea. Essas equações possuem fatores integrantes
dependentes apenas da variável independente s e esse método pode
ser usado para deduzir uma fórmula geral. Diversos exemplos são
apresentados com aplicações. Os pré-requisitos são: equações exatas e
fatores integrantes; regra da cadeia e técnicas básicas de integração.

EDO’s lineares de primeira ordem

Considere-se uma equação diferencial ordinária na forma


dy
a( x) + b ( x) y = c ( x)
dx
em que a, b, c : I ⊂ R → R são funções definidas em um intervalo aberto
I ⊂ R. Essa EDO é denominada equação linear de primeira ordem pois
é uma equação de primeira ordem em que todas as potências de y e
y′ são de primeiro grau. Se a( x) não se anula para x ∈ I R, é possível
resolver para a derivada primeira na forma
dy
+ p ( x) y = q ( x)
dx
em que p( x) = b( x)/a( x) e q( x) = c( x)/a( x), denominada equação linear
reduzida de primeira ordem. Em geral essa equação não é de variáveis
separáveis, não é homogênea e não é exata. Procuramos fator inte-
grante µ = µ( x) dependente apenas da variável independente x. Para
isso, reescrevemos a equação como
dy
p ( x) y − q ( x) + = 0,
dx
±
ou seja, na forma P ( x, y) + Q ( x, y) d y d x = 0 em que P ( x, y) = p( x) y −
q( x) e Q ( x, y) = 1. A condição para fatores integrantes dependentes
apenas da variável x é que a expressão (P y − Q x )/Q seja dependente
apenas dessa variável. Como (P y − Q x )/Q = ( p( x) − 0)/1 = p( x) verifica
essa condição, segue-se que existe fator integrante solução da EDO
1 dµ 1 1
= (P y − Q x ) = ( p( x) − 0) = p( x);
µ dx Q 1
logo, um fator integrante é da forma
³Z ´
µ( x) = exp p ( x) d x .

Após multiplicar a EDO linear por esse fator integrante µ( x) que


verifica a propriedade dµ d x = p( x)µ( x), segue-se
±

d[ y( x)] d[ y( x)]
+ p ( x) y = q ( x) ⇒ µ( x ) + p( x)µ( x) y = µ( x) q( x)
dx dx
EDO’S HOMOGÊNEAS 2

d[ y( x)] d[µ( x)]


⇒ µ( x ) + y = µ( x ) q ( x )
dx dx
d[µ( x) y( x)]
⇒ = µ( x ) q ( x )
Z dx Z
⇒ d[µ( x) y( x)] = µ( x) q( x) d x + c
Z
⇒ µ( x) y( x) = µ( x) q( x) d x + c
1 c
Z
⇒ y( x ) = µ( x ) q ( x ) d x +
µ( x ) µ( x )

que é a fórmula geral para a solução. Em resumo,


dy
EDOL: + p( x) y = q( x);
dx
1 c
Z
Solução geral: y( x) = µ( x ) q ( x ) d x + .
µ( x ) µ( x )
dy ¡ 2
Exemplo 1. Resolver a EDO linear x + x + 1) y = x.
dx
Solução. Primeiramente supomos que x ̸= 0 e reescrevemos a EDO
linear de primeira ordem na forma reduzida,

d y x2 + 1
+ y=1
dx x

que tem a forma y′ + p( x) y = q( x) com p( x) = x2 + 1 / x = x + x−1 e


¡ ¢

q( x) = 1. Um fator integrante é
³Z ´ ³Z ¡ ¢ ´ ³ ´
µ( x) = exp p( x) d x = exp x + x−1 d x = exp x2 /2 + ln | x|

= exp x2 /2 exp(ln | x|) = exp x2 /2 | x|.


¡ ¢ ¡ ¢

Logo, para x ∈ R+ um fator integrante é µ( x) = x exp x2 /2 e a solução


¡ ¢

da EDOL é
1 c
Z
y( x) = µ( x ) q ( x ) d x +
µ( x ) µ( x )
1 c
Z
¢ exp x2 /2 ( x d x) +
¡ ¢
= 2 x exp x2 /2
¡ ¡ ¢
x exp x /2
substituição: u = x2 /2; d u = x d x
© ª

1 c
Z
= ¢ exp( u) d u +
x exp x2 /2 x exp x2 /2
¡ ¡ ¢

1 c
= ¢ exp( u) +
x exp x2 /2 x exp x2 /2
¡ ¡ ¢

1 ¡ 2 ¢ c
= ¡ 2 ¢exp  x /2 +
x exp x2 /2
¡ ¢
x
exp x /2

1 c
= + ¢.
x x exp x2 /2
¡

A análise do caso x ∈ R− é similar. ♦


dy
Exemplo 2. Resolver a EDO linear x − ( x + 1) y = x2 − x3 .
dx
Solução. Primeiramente supomos que x ̸= 0 e reescrevemos a EDO
linear de primeira ordem na forma reduzida,

dy x + 1
− y = x − x2
dx x
EDO’S HOMOGÊNEAS 3

que tem a forma y′ + p( x) y = q( x) com p( x) = −( x + 1)/ x = −1 − x−1 e


q( x) = x − x2 . Um fator integrante é
µZ ¶ µZ ¶
−1
µ( x) = exp
¡ ¢
p( x) d x = exp −1− x d x = exp(− x − ln | x|)

= exp ln | x|−1 exp(− x) = | x|−1 exp(− x).


¡ ¢

Logo, para x ∈ R+ um fator integrante é µ( x) = x−1 exp(− x) e a solução


da EDOL é
1 c
Z
y( x) = µ( x ) q ( x ) d x +
µ( x ) µ( x )
1 c
Z
= −1 x−1 exp(− x)( x − x2 ) d x + −1
x exp(− x) x exp(− x)
Z
= x exp(+ x) (1 − x) exp(− x) d x + cx exp(+ x)
 
 integração por partes: u = 1 − x; dv = exp(− x) d x ; 
Z Z
 d u = − d x ; v = dv = exp(− x) d x = − exp(− x) 
µ Z ¶
= x exp(+ x) (1 − x)(− exp(− x)) − (− exp(− x))(− d x) + cx exp(+ x)
Z
= − x(1 − x) + x exp(+ x) exp(− x)(− d x) + cx exp(+ x)

= − x + x2 + x exp(+ x) exp(− x) + cx exp(+ x)


= − x + x2 + x + cx exp(+ x)
= x2 + cx exp(+ x).

A análise do caso x ∈ R− é similar. ♦

No caso particular em que q( x) ≡ 0, a EDO linear de primeira ordem


chamada de equação homogênea (ou equação incompleta ou ainda
equação sem o segundo termo). Em resumo,
dy ³ Z ´
EDOL: + p( x) y = 0; Solução geral: y( x) = c exp − p( x) d x .
dx
Sumarizamos esses resultados na forma do teorema seguinte.
Teorema 3. Sejam as funções p, q : (a, b) ⊂ R → R definidas e contínuas
em um intervalo aberto (a, b) ⊂ R. Consideremos o problema de valor
inicial
d[ y( x)]
PVI: EDO: + p ( x ) y( x ) = q ( x ) CI: y( x0 ) = y0 ,
dx
em que ( x0 , y0 ) ∈ R2 é um ponto arbitrário com a < x0 < b. Então existe e
é única a solução do PVI.
Observação 4. 1. Sob as hipóteses do Teorema 3, a solução do
problema de valor inicial
d[ y( x)]
PVI: EDO: + p ( x ) y( x ) = q ( x ) CI: y( x0 ) = y0 , (1)
dx
é dada por Não tente memorizar essa fórmula
µ Z x ¶ ½Z x µ Z x ¶ ¾ pois é muito complicada. É mais fácil
y( x) = exp − p ( s) d s exp + p( s) d s q( s) d s + y0 . (2) memorizar o processo e repetí-lo para
x0 x0 x0 resolver a EDO e o PVI.

2. Da fórmula para a solução da EDOL deduzimos que se p e q são


funções contínuas em um intervalo aberto (a, b) ⊂ R, então a solução
y existe e é diferenciável nesse intervalo. Comparar essa propriedade
das EDOL’s com a solução do problema y′ ( x) = [ y( x)]2 .
EDO’S HOMOGÊNEAS 4

Aplicações

Devido à simplicidade da teoria das EDOL’s, essas equações são muito


úteis na descrição de fenômenos naturais. Em muitas aplicações, a
variável independente é o tempo t e escreve-se a EDOL na forma
d[ x( t)] d t + p( t) x = q( t) ou simplesmente x′ + p( t) x = q( t).
±

Circuitos elétricos

Exemplo 5. Um capacitor com capacitância C é carregado de uma


força eletromotriz com tensão E através de um resistor não indutivo
de resistência R . A carga q no instante t é dada pela EDOL
d[ q( t)] 1
R + q( t) = E ( t).
dt C
Suponha-se que q carga inicial nas placas do capacitor seja nula.
Determinar a carga em um instante qualquer t nos casos seguintes.

1. A força eletromotriz é constante, E ( t) = E 0 .

2. A força eletromotriz varia periodicamente, E ( t) = E 0 sen(ω t).

Solução. O problema de valor inicial que modela o circuito elétrico


com um resistor não indutivo com resistência R , um capacitor com
capacitância C e uma força eletromotriz E ( t) e para o qual a carga do
capacitor no instante inicial é nula escreve-se na forma
d[ q( t)] 1
PVI: EDO: R + q ( t) = E ( t) CI: q(0) = 0.
dt C
A estratégia geral para a resolução de um PVI é: (1) determinar a so-
lução geral da EDO; (2) determinar a solução particular que verifica a
CI. A EDO associada ao PVI é uma EDOL com coeficientes constantes
e pode ser reescrita na forma reduzida
d[ q( t)] 1 E ( t)
+ q ( t) = .
dt RC R
O fator integrante é

1 t ´
µZ ¶ ³
µ( x) = exp + d t = exp + .
RC RC

A solução geral da EDO é


1 t ´ E ( t) k
Z ³
q ( t) = exp + dt +
³ t ´ RC R
³ t ´
exp + exp +
RC RC
t ´ E ( t) t ´ t ´
³ Z ³ ³
= exp − exp + d t + k exp − ,
RC R RC RC
em que k ∈ R é a constante de integração escrita explicitamente na fór-
mula geral. A seguir, tratamos separadamente cada um dos diferentes
tipos de força eletromotriz.

1. Se a força eletromotriz é constante, E ( t) = E 0 , então a carga


elétrica no capacitor em um instante qualquer é
t ´ ³ E0 ´ t ´ t ´
³ Z ³ ³
q( t) = exp − exp + d t + k exp −
RC R RC RC
EDO’S HOMOGÊNEAS 5

³ t ´ ³E ´
0
³ t ´ ³ t ´
= exp − (RC ) exp + + k exp −
RC R RC RC
³ t ´
= CE 0 + k exp − ,
RC
que é a solução geral da EDOL. Para determinar o valor da constante
de integração k ∈ R, usamos a CI dada no instante inicial t 0 = 0.
Assim,
³ 0 ´
0 = q(0) = CE 0 + k exp − = CE 0 + k; (3)
RC
isso implica k = −CE 0 . A solução do PVI é a solução particular
³ t ´
q( t) = CE 0 − CE 0 exp −
RC
t ´
µ ³ ¶
= CE 0 1 − exp − .
RC

É fácil comprovar que essa expressão é solução do PVI. Note-se que


t ´
µ ³ ¶
lim q( t) = lim CE 0 1 − exp −
t→+∞ t→+∞ RC
= CE 0 .

Isso significa que para valores grandes de t a carga elétrica no capaci-


tor tende assintoticamente para o valor constante CE 0 . A derivada da
carga elétrica em relação ao tempo é a corrente elétrica,
± E0 ³ t ´
i ( t) = d[ q( t)] d t = exp − .
R RC
O valor assintótico da corrente elétrica é zero pois
E0 ³ t ´
lim i ( t) = lim exp − = 0.
t→+∞ t→+∞ R RC
Já no instante inicial t 0 = 0, o valor da carga elétrica é q 0 = 0 e o valor
instantâneo da corrente elétrica é i (0) = E 0 /R . A reta tangente ao
gráfico da corrente elétrica q = q( t) nesse instante inicial é a reta que
passa pela origem das coordenadas ( t 0 , q 0 = (0, 0) e com inclinação
i (0) = E 0 /R ; portanto, essa reta tem equação q = (E 0 /R ) t. A interseção
dessa reta tangente com a assíntota horizontal q = CE 0 ocorre no
instante τ = RC , denominado tempo de reação do circuito. Nesse
instante, a carga elétrica do capacitor vale
µ ³ RC ´¶
q(τ) = q(RC ) = CE 0 1 − exp −
¡
= CE 0 1 − exp(−1)) ≈ 0.63CE 0 .
RC
O tempo de reação do circuito, τ = RC , é o tempo para o qual a carga
no capacitor atinge aproximadamente 63% do valor assintótico CE 0 .
o tempo necessário para que a carga do capacitor atinja 95% do valor
assintótico CE 0 é o tempo para o qual exp(− t/RC ) = 0.05. Após ma-
nipulações algébricas elementares, deduzimos que t = −RC ln(0.05) ≈
2, 99RC , valor próximo do triplo do tempo de reação.

2. Se a força eletromotriz é periódica com período ω e amplitude


E 0 , isto é, E ( t) = E 0 sen(ω t), então a carga elétrica no capacitor em um
instante qualquer é
t ´ E 0 sen(ω t) t ´ t ´
³ Z ³ ³
q( t) = exp − exp + d t + k exp −
RC R RC RC
EDO’S HOMOGÊNEAS 6

t ´³ E 0 ´ t ´ t ´
³ Z ³ ³
= exp − exp + sen(ω t) d t + k exp − .
RC R RC RC
Através da tabela de antiderivada
£ ¤
exp(at) a sen( bt) − b cos( bt)
Z
exp(at) sen( bt) d t = +k
a2 + b 2
com a = 1/(RC ) e b = ω, deduzimos que
¡ ¢
¢³ E 0 ´ (CR ) exp + t/(RC ) ¡
½ ¾
sen(ω t) − CR ω cos(ω t)
¡ ¢
q( t) = exp − t/(RC )
R C 2 R 2 ω2 + 1
¡ ¢
+ k exp − t/(RC )
¡ ¢
CE 0
sen(ω t) − CR ω cos(ω t)
¡ ¢
= 2 2 2
C R ω +1
¡ ¢
+ k exp − t/(RC ) ,

que é a solução geral da EDOL. Para determinar o valor da constante


de integração k ∈ R, usamos a CI dada no instante inicial t 0 = 0.
Assim,
¡ ¢
CE 0 := 0 :¢ = 1
ω − CR ω ω
¡  
0 = q(0) = sen( (0)) cos( (0)) (4)
 
C 2 R 2 ω2 + 1 
¡  ¢ =1
:

+ kexp
 −  RC
(0)/( ) (5)

CE 0
− CR ω + k;
¡ ¢
0=− 2 2 2 (6)
C R ω +1

isso implica k = +C 2 RE 0 ω/ C 2 R 2 ω2 + 1 . A solução do PVI é a solução


¡ ¢

particular

CE 0
sen(ω t) − CR ω cos(ω t)
¡ ¢
q ( t) =
C R ω +1
2 2 2

C 2 RE 0 ω ¡ ¢
+ exp − t/(RC )
C R ω +1
2 2 2
CE 0 ³ ³ t ´´
= 2 2 2 sen(ω t) − CR ω cos(ω t) + CR ω exp − .
C R ω +1 RC

É fácil comprovar que essa expressão é solução do PVI. Note-se que

CE 0 ³ ³ t ´´
lim q( t) = lim sen( ω t ) − CR ω cos(ω t ) + CR ω exp −
t→+∞ t→+∞ C 2 R 2 ω2 + 1 RC
CE 0
sen(ω t) − CR ω cos(ω t) .
¡ ¢
= 2 2 2
C R ω +1
Isso significa que para valores grandes de t a influência do termo
exponencial diminui rapidamente e torna-se negligenciável. A carga
elétrica no capacitor tende a aproximar-se assintoticamente de uma
função periódica com mesmo período da força eletromotriz aplicada ao
circuito,

CE 0 ³ ´
q ( t) ≈ sen( ω t ) − CR ω cos(ω t ) .
C 2 R 2 ω2 + 1
Essa solução é denominada solução de estado permanente; a parcela
negligenciada com o termo exponencial é denominada solução transi-
ente.
EDO’S HOMOGÊNEAS 7

É comum reescrever a solução de estado permanente com uso de


apenas uma função trigonométrica. Consideremos um triângulo re-
¢1/2
tângulo de catetos 1 e CR ω e hipotenusa c2 R 2 ω2 + 1 ; seja φ0 o
¡

ângulo adjacente ao cateto de comprimeito 1. Com essa notação, o ca-


¢1/2
teto adjacente ao ângulo φ0 se escreve como 1 = C 2 R 2 ω2 + 1 cos φ0
¡ ¡ ¢

e o cateto oposto ao ângulo φ0 se escreve como CR ω = C 2 R 2 ω2 +


¡
¢1/2
1 sen(φ0 ). A substituição desses dois termos na solução de estado
permanente implica
á 2 2 2 ¢1/2
C R ω +1 cos φ0 sen(ω t)
¡ ¢ !
CE 0
q ( t) ≈ 2 2 2 ¢1/2
C R ω +1 − C 2 R 2 ω2 + 1 sen(φ0 ) cos(ω t)
¡

CE 0
¢1/2 sen(ω t) cos φ0 − sen(φ0 ) cos(ω t)
¡ ¡ ¢ ¢
≈¡
C 2 R 2 ω2 + 1
CE 0
≈¡ ¢1/2 sen(ω t − φ0 )
C 2 R 2 ω2 + 1
≈ A sen(ω t − φ0 )
¢1/2
em que A = (CE 0 )/ C 2 R 2 ω2 + 1 é a amplitude e φ0 é a fase da
¡

solução de estado permanente.

Misturas

Problemas de misturas frequentemente surgem como exemplos de


modelos compartimentais de EDOL’s de primeira ordem. Nesses pro-
blemas, consideramos um tanque que inicialmente contém água com
alguma quantidade específica de uma outra substância nela diluída,
por exemplo, um poluente; água contendo a mesma substância di-
luída com outra concentração é bombeada para o tanque a uma certa
vazão; a mistura homogeneizada é bombeada para fora do tanque a
outra vazão. O objetivo é determinar a quantidade da substância ou do
poluente no tanque em algums instante futuro.
Em geral, temos uma uma taxa de entrada da substância a certa
concentração que adentra uma determinada região e a mistura que sai
dessa região a outra concentração e outra vazão. O objetivo é determi-
nar a quantidade do poluente no tanque em determinado momento. O
fenômeno é modelado pela seguinte equação geral,
( ) ( ) ( )
taxa de taxa de taxa de
= − .
variação entrada saída

Por outro lado, a taxa de variação de entrada é igual à vazão de en-


trada multiplicada pela concentração de entrada,
( ) ( ) ( )
taxa de vazão de concentração
= × .
entrada entrada de entrada

Analogamente, a taxa de variação de saída é igual à vazão de saída


multiplicada pela concentração de saída,
( ) ( ) ( )
taxa de vazão de concentração
= × .
saída saída de saída
EDO’S HOMOGÊNEAS 8

As vazões de entrada e de saída são conhecidas em geral; a concen-


tração de entrada também é dado do problema; a função incógnita é
a quantidade da substância na região. Com a devida atenção às uni-
dades das quandezas envolvidas, é possível escrever uma EDOL que
modela o problema e, juntamente com alguma informação adicional, é
fácil escrever a CI correspondente e formular o PVI.

Exemplo 6. Um tanque com capacidade de 50 ℓ contém inicialmente


apenas água pura. Uma mistura de salmoura a uma concentração
de 2 g/ℓ adentra no tanque a uma vazão de 5 ℓ/min. Ao mesmo tempo o
conteúdo é bem misturado e o conteúdo homogeneizado sai do tanque
à mesma vazão de 5 ℓ/min. Determinar a quantidade x( t) de sal no
tanque no instante t.

Solução. Seja x( t) a quantidade de sal no tanque no instante t. Pelas


equações acima a taxa à qual o sal no tanque varia com o tempo é de-
vida à diferença entre as taxas de entrada e de saída do sal no tanque.
±
Para determinar essas taxas, observamos que d[ x( t)] d t tem unidades
de massa por tempo, M · L−1 . A quantidade de sal que entra no tanque
por unidade de tempo é igual ao produto da vazão com que a mistura
adentra no tanque pela concentração à qual o sal entra no tanque.
Dessa forma,
( ) ( ) ( )
taxa de vazão de concentração
= ×
entrada entrada de entrada
= {5 ℓ/min} × {2 g/ℓ} = 10 g/min.

Analogamente, a quantidade de sal que sai do tanque por unidade de


tempo é igual ao produto da vazão com que a mistura sai do tanque
pela concentração à qual o sal sai do tanque. Dessa forma,
( ) ( ) ( )
taxa de vazão de concentração
= ×
saída saída de saída
n x o x( t)
= {5 ℓ/min} × g/ℓ = g/min.
50 10
Assim, a EDOL que modela o problema da mistura é
( ) ( ) ( )
taxa de taxa de taxa de
= −
variação entrada saída
d[ x( t)] x
= 10 − .
dt 10
Inicialmente, o tanque contém apenas água pura; logo, x(0) = 0 é a CI.
Com tudo isso, o problema de valor inicial que modela o problema é
d[ x( t)] 1
PVI: EDO: + x( t) = 10; CI: x(0) = 0.
dt 10
±
A solução geral da EDOL d[ x( t)] d t + p( t) x( t) = q( t) é
1 c
Z
x( t) = µ( t ) q ( t ) d t + ,
µ( t ) µ( t )
em que o fator integrante µ é µ( t) = exp p( t) d t . No caso em ques-
¡R ¢

tão, p( t) = 1/10 e q( t) = 10; com tudo isso, o fator integrante é


1 t
µZ ¶ µ ¶
µ( t) = exp d t = exp ;
10 10
EDO’S HOMOGÊNEAS 9

a solução geral da equação é

t t t
µ ¶Z µ ¶ µ ¶
x( t) = exp − exp 10 d t + c exp −
10 10 10
t
µ ¶
= 100 + c exp − .
10

Pela CI x(0) = 0 deduzimos que 0 = 100 + c exp(−0/10), isto é, c = −100.


Assim, a quantidade x( t) de sal no tanque no instante t é dada por

t ´
µ ³ ¶
x( t) = 100 1 − exp − .
10

O comportamento a longo prazo desse sistema é dado pelo limite

t ´
µ ³ ¶
lim x( t) = lim 100 1 − exp − = 100 ℓ.
t→+∞ x→+∞ 10

Esse valor tem pleno sentido quando se considera que, embora inici-
almente o tanque somente contenha água pura, após um longo tempo
a concentração de sal no tanque torna-se igual à concentração de en-
trada; nesse caso, o sal adentra no tanque a uma concentração dada e
sai à mesma concentração; portanto, a quantidade de sal no tanque é
2
50 ℓ × g/ℓ = 100 g. ♦
50

Termos forçados descontínuos

Em muitos problemas o termo não homogêneo q presente na EDOL da


forma y′ ( x) + p( x) y( x) = q( x) é especificado por distintas fórmulas em
distintos intervalos. Isso é o que acontece frequentemente em teoria do
controle óptimo, considerado como uma relação do tipo input-output,
isto é, a função q é o input e a solução y é o output correspondente
ao input q. Usualmente, nessas situações a solução y não está defi-
nida em alguns pontos, de modo que não é contínua no intervalo de
interesse. Para analisar tais casos, por sinplicidade consideramos o
problema de valor inicial no intervalo fechado [ x0 , x2 ],
d[ y( x)]
PVI: EDO: + p ( x ) y( x ) = q ( x ) CI: y( x0 ) = y0 ,
dx
em que a função input é definida por

 q ( x), se x É x < x ;
1 0 1
q ( x) =
 q ( x), se x < x É x .
2 1 2

Por hipótese, as funções q 1 e q 2 são contínuas nos intervalos [ x0 , x1 )


e ( x1 , x2 ], respectivamente. Com essas hipóteses, a “solução” y desse
problema é dada por
 ³ Z x ´ Z x ³ Z x ´


 y1 ( x ) = y0 exp − p ( s ) d s + q 1 ( s ) exp − p ( s ) d s dt , se x0 É x < x1 ;
x0 x0 t
y( x ) = ³ Z x ´ Z x ³ Z x ´

 y2 ( x) = c exp −
 p ( s) d s + q 1 ( s) exp − p ( s) d s d t , se x1 < x É x2 .
x1 x1 t

Claramente, no ponto x1 da subdivisão do intervalo não podemos


determinar as propriedades da solução, que pode nem mesmo es-
tar definida. Mas, se os limites laterais lim x→ x1− y1 ( x) e lim x→ x+ y2 ( x)
1
EDO’S HOMOGÊNEAS 10

existirem, o que se pode garantir se ambas as funções q 1 e q 2 forem


limitadas em x = x1 , então a relação

lim y1 ( x) = lim y2 ( x) (7)


x→ x1− x→ x1+

determina a constante c, de modo que a solução y( x) é contínua no


intervalo [ x0 , x2 ].

Exemplo 7. Resolver o PVI

d[ y( x)] 4
PVI: EDO: − y( x ) = q ( x ) CI: y(1) = 1,
dx x
em que a função input é definida por

−2 x − 4 ,

se x0 É x < x1 ;
q ( x) = x
 2
x , se x1 < x É x2 .

Solução. Em vista da fórmula para a solução da EDOL, a solução do


PVI escreve-se na forma
 4 2
− x + x + 1, se 1 É x < 2;
y( x) = c 1
 x4 + x4 − x3 , se 2 < x É 4.
16 4
A relação (7) implica c = −11; portanto, a solução contínua do PVI é
 4 2
− x + x + 1, se 1 É x < 2;
y( x) =
− 3 x 4 − x 3 , se 2 < x É 4.
16
Claramente, essa “solução” não é derivável no ponto x = 2. ♦

Exercícios

Nos exercícios de 1 a 8 resolver as EDO’s lineares abaixo indicadas.

dy dy 2
1. x − ( x + 1) y = x2 − x3 . 5. − y = x2 exp( x).
dx dx x
dy dy
2. − y = exp(2 x). 6. ( x2 − 1) − x y = − x.
dx dx
dy dy
+ 2 y = exp x2 .
¡ ¢
3. x + y = −4. 7. x
dx dx
dy dy
4. + 3 y = 6 + exp(2 x). 8. x2 + 2 x y = sinh(3 x).
dx dx

Nos exercícios de 9 até 14 resolver os problemas de valores iniciais


indicados.

EDO: d[ y( x)] + 2 y( x) = 0;

9. PVI: dx x

CI: y(1) = −3.

EDO: d[ y( x)] + 2 y( x) = 2 x;

10. PVI: dx x+1

CI: y(0) = 2.
EDO’S HOMOGÊNEAS 11


d[ y( x)] 2
EDO: + y( x) = exp( x);

11. PVI: dx x+1

CI: y(0) = 1.

EDO: d[ x( t)] − 5 x( t) = sen(2 t);

12. PVI: dt
CI: y(0) = π.

d[ y( x)] exp( x)

EDO: − tan( x) y( x) = ;

13. PVI: dx cos( x)

CI: y(0) = 1.


EDO: d[ y( x)] + 1 y( x) = cos( x) ;

14. PVI: dx x+2 x+2

CI: y(0) = 1.

Nos exercícios de 15 até 21 considerar uma constante não nula a ∈


R\{0}. Para cada escolha da função f ( t), denominada termo forçado,
verificar se a EDOL x′ ( t) + ax( t) = f ( t) tem solução geral como indicado.
Notação: k, b, ω ∈ R são constantes não nulas; P n = kt n é um monômio
do n-ésimo grau.

15. EDO: x′ ( t) + ax( t) = k;


k
solução geral: x( t) = c exp(−at) + .
a
16. EDO: x′ ( t) + ax( t) = exp(+ bt) em que b ̸= −a;
1
solução geral: x( t) = c exp(−at) + exp(− bt).
a+b
17. EDO: x′ ( t) + ax( t) = exp(−at);
solução geral: x( t) = c exp(−at) + t exp(−at).

18. EDO: x′ ( t) + ax( t) = sen(ω t);


a sen(ω t) ω cos(ω t)
solução geral: x( t) = c exp(−at) + − 2 .
a 2 + ω2 a + ω2
19. EDO: x′ ( t) + ax( t) = cos(ω t);
ω sen(ω t) a cos(ω t)
solução geral: x( t) = c exp(−at) + + .
a 2 + ω2 a 2 + ω2
20. EDO: x′ ( t) + ax( t) = P n ( t) em que P n ( t) = kt n ;
( n)
P n ( t) P n′ ( t) n P n ( t)
solução geral: x( t) = c exp(−at) + − + · · · + ( −1) .
a a2 a n+1
21. EDO: x′ ( t) + ax( t) = exp(−at)P ( t);
solução geral: x( t) = c exp(−at) + exp(−at)Q ( t) em que Q ′ ( t) = P ( t).

22. O movimento de descida de um paraquedista é modelado pela


±
EDOL m( d[v( t)] d t ) + kv( t) = mg, em que t é o tempo, m é a massa
do paraquedista com seu equipamento, v = v( t) é a velocidade do
paraquedista medida no sentido vertical de cima para baixo, g é a ace-
leração devida à gravidade e k é uma constante positiva que depende
do formato do paraquedas e indica a força de arrasto proporcional à
velocidade do paraquedista. Descrever o movimento do paraquedista
pela análise do problema de valor inicial
d[v( t)]
PVI: EDO: m + kv( t) = mg; CI: v( t 0 ) = v0 ,
dt
em cada um dos seguintes casos: (1) 0 É v0 < mg/ k; (2) v0 = mg/ k;
(3) mg/ k < v0 .
EDO’S HOMOGÊNEAS 12

23. A lei do resfriamento de Newton estabelece que a taxa de varia-


ção da temperatura x de um corpo é proporcional à diferença entre a
própria temperatura do corpo e a temperatura A do ambiente. Mos-
trar que se a temperatura A do ambiente permanece próxima a um
valor A 0 mas flutua de forma senoidal com alta frequência em torno
desse valor, então à medida que passa o tempo, a temperatura x do
corpo “ignora” essencialmente as flutuações da temperatura ambiente
e aproxima-se do valor A 0 .

24. Um tanque com capacidade de 600 ℓ contém inicialmente 200 ℓ


de água com 10 kg de sal dissolvido. Suponhamos que salmoura com
uma concentração de 0.1 kg/ℓ seja introduzida no tanque a uma vazão
de 10 ℓ/min. A mistura do tanque é instantaneamente homogeneizada
e retirada do fundo do tanque a uma vazão de 5 ℓ/min. Determinar a
quantidade de sal no tanque no momento em que este estiver total-
mente cheio.

25. Suponhamos que o conteúdo de um tanque esteja sendo bombeado


para fora deste a uma vazão de 3 ℓ/min. O tanque inicialmente con-
tém 10 ℓ de água pura. Água com uma substância tóxica está sendo
bombeada para dentro do tanque a uma vazão de 2 ℓ/min, com uma con-
centração de 20t g/ℓ no instante t. Quando o conteúdo do tanque é igual
à metade de sua capacidade, quantas gramas da substância tóxica
estarão no tanque? Supor que a mistura é perfeitamente homogênea.

26. Método de variação dos parâmetros. Consideramos o seguinte


método para resolver a EDOL de primeira ordem

y′ ( x) + p( x) y( x) = q( x). (8)

1. No caso em que q( x) ≡ 0 (termo forçado identicamente zero) a


EDOL é denominada homogênea e denotada por EDOLH. Mostrar que
a solução yh da equação

EDOLH: y′ ( x) + p( x) y( x) = 0 (9)

é da forma
µ Z ¶
Solução: yh ( x) = c exp − p( x) d x . (10)

2. No caso em que q( x) ̸≡ 0 (termo forçado não identicamente zero)


a EDOL é denominada não homogênea e denotada por EDOLNH.
Supor que a solução yp dessa equação é da forma
µ Z ¶
yp ( x) = c( x) exp − p( x) d x (11)

em que substituímos a constante c ∈ R da solução geral da EDOLH por


uma função c : I ⊂ R → R; concluir que a solução yp da equação

EDOLNH: y′ ( x) + p( x) y( x) = q( x) (12)

é da forma
1 c
Z
Solução: y p ( x) = µ( x ) p ( x ) d x + (13)
µ( x ) µ( x )
µ ¶
em que µ( x) = exp
R
p( x) d x é o fator integrante.
EDO’S HOMOGÊNEAS 13

Respostas, sugestões, soluções

1. y = cx exp( x) + x2 . 13. A solução do


d[ y( x)] exp( x)

2. y( x) = c exp( x) + exp(2 x). EDO: − tan( x) y( x) = ;

PVI: dx cos( x)

CI: y(0) = 1

c
3. y( x) = − 4.
x é a função y( x) = exp( x) sec( x).
1
4. y( x) = c exp(−3 x) + exp(2 x) + 2. 14. A solução do
5

5. y( x) = cx2 + x2 exp( x). EDO: d[ y( x)] + 1 y( x) = cos( x) ;

PVI: dx x+2 x+2
p 
CI: y(0) = 1
6. y( x) = c ( x2 − 1) + 1.
sen( x)
exp x2 é a função y( x) = .
¡ ¢
c x+2
7. y( x) = 2 + .
x 2 x2
15. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
c cosh(3 x) dada a possível solução
8. y( x) = 2 + .
x 3 x2
k
9. A solução do x( t) = c exp(−at) +
a
a derivada primeira é

EDO: d[ y( x)] + 2 y( x) = 0;

PVI: dx x

CI: y(1) = −3 x′ ( t) = −ac exp(−at).

A substituição dessas expressões na EDOL resulta


3
é a função y( x) = − .
x2 ³ k´
x′ ( t) + ax( t) = −ac exp(−at) + a c exp(−at) +
a
10. A solução do
ac(
= −( exp( ac(
−at) +( exp(−at) + k
(( ( (( (

EDO: d[ y( x)] + 2 y( x) = 2 x;

=k
PVI: dx x+1

CI: y(0) = 2
16. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
3 x4 + 8 x3 + 6 x2 + 12 dada a possível solução
é a função y( x) = .
6( x + 1)2
1
x( t) = c exp(−at) + exp(+ bt)
11. A solução do a+b
 a derivada primeira é
EDO: d[ y( x)] + 2 y( x) = exp( x);

PVI: dx x+1 b

CI: y(0) = 1 x′ ( t) = −ac exp(−at) + exp(+ bt).
a+b
A substituição dessas expressões na EDOL resulta
exp( x)( x2 + 1)
é a função y( x) = . b
( x + 1)2 x′ ( t) + ax( t) = −ac exp(−at) + exp(+ bt)
a+b
12. A solução do ³ 1 ´
+ a c exp(−at) + exp(+ bt)
 a+b
EDO: d[ x( t)] − 5 x( t) = sen(2 t);

b
dt ac(
= −( ( −at) +
exp( exp(+ bt)
(
PVI:
(
CI: y(0) = π
 a+b
a
+(ac(exp( −at) + exp(+ bt)
(( (
a+b
é a função
a+b
= exp(+ bt)
2 + 29π 2 5 a+b
x( t) = exp(5 t) − cos(2 t) − sen(2 t).
29 29 29 = exp(+ bt).
EDO’S HOMOGÊNEAS 14

17. Resposta afirmativa. Verificação da solução: A substituição dessas expressões na EDOL resulta
dada a possível solução
x′ ( t) + ax( t)

x( t) = c exp(−at) + t exp(−at) ω2 cos(ω t) aω sen(ω t)


= −ac exp(−at) + −
a 2 + ω2 a 2 + ω2
ω sen(ω t) a cos(ω t)
µ ¶
a derivada primeira é
+ a c exp(−at) + 2 +
a + ω2 a 2 + ω2
x′ ( t) = −ac exp(−at) + exp(−at) − at exp(−at). 2
( ω cos(ω t) − aωHsen(
H ω t)
ac(
= −( exp(
((−at) + HH2
a 2 + ω2 a2 + ω H
A substituição dessas expressões na EDOL resulta aωHsen(ω t) a2 cos(ω t)
H
ac(
+( ( −at) +
exp( HH2 + 2
( (
a2 + ω H a + ω2
x′ ( t) + ax( t) = −ac exp(−at) + exp(−at) − at exp(−at)
a 2 + ω2
¡
+ a c exp(−at) + t exp(−at)
¢ = cos(ω t)
a 2 + ω2
ac(
= −( exp(−at) + exp(−at) − ath
exp(
h− hat
h) = cos(ω t).
(( ( h

ac(
exp(−at) + ath hat
( h exp(
+( (( h− h)
20. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
= exp(−at).
dada a possível solução

x( t)
18. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
= c exp(−at)
dada a possível solução
P n ( t) P n′ ( t) P n(n−1) ( t)
a sen(ω t) ω cos(ω t) + − + · · · + (−1)n−1
x( t) = c exp(−at) + 2 − 2 , a a 2 an
a + ω2 a + ω2 ( n)
P n ( t)
+ (−1)n n+1 ,
a derivada primeira é a
a derivada primeira é
aω cos(ω t) ω2 sen(ω t)
x′ ( t) = −ac exp(−at) + + . x′ ( t)
a 2 + ω2 a 2 + ω2
= −ac exp(−at)
A substituição dessas expressões na EDOL resulta
( n)
P n ( t)′ P n′′ ( t) n−1 P n ( t)
′ + − + · · · + ( −1)
x ( t) + ax( t) a a2 an
=0
aω cos(ω t) ω2 sen(ω t)
= −ac exp(−at) + P (n+)1
( t)
>

+
a 2 + ω2 a 2 + ω2 + (−1)n n
µ
a sen(ω t) ω cos(ω t)
¶ a n+1
+ a c exp(−at) + 2 − 2 = −ac exp(−at)
a + ω2 a + ω2
( n)
( aω cos( ωt) ω2 sen(ω t) P n ( t)′ P n′′ ( t) n−1 P n ( t)
( 1) ,

ac(
= −( exp(
(( −at) +  + + − + · · · + −
a2 + ω2
 a 2 + ω2 a a2 an
2 A substituição dessas expressões na EDOL resulta
ac(
+( exp(
(( ( a sen(ω t) − aω cos(
−at) + 
ω t)
a +ω
2 2
a
 2 + ω 2
x′ ( t) + ax( t)
a 2 + ω2
= 2 sen(ω t) ac(
= −( exp(
((−at)
(
a + ω2
( n)
= sen(ω t). P ′′ ( t)
P n ( t )′ @ Pn ( t)

+ − n@ + · · · + ( −1) n
−1
a2@ an

a 
ac(
+( exp(−at)
(( (
19. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
( n)
P ′′ ( t)
P n ( t)′ @ Pn ( t)

dada a possível solução + P n ( t) − + n@ − · · · − ( −1) n
−1
n
a2@

a  a
ω sen(ω t) a cos(ω t) = P n ( t).
x( t) = c exp(−at) + + ,
a 2 + ω2 a 2 + ω2
a derivada primeira é 21. Resposta afirmativa. Verificação da solução:
dada a possível solução
′ ω2 cos(ω t) aω sen(ω t)
x ( t) = −ac exp(−at) + − . x( t) = c exp(−at) + exp(−at)Q ( t)
a 2 + ω2 a 2 + ω2
EDO’S HOMOGÊNEAS 15

a derivada primeira é

x′ ( t) = −ac exp(−at) − a exp(−at)Q ( t) + exp(−at)Q ′ ( t)


= −ac exp(−at) − a exp(−at)Q ( t) + exp(−at)P ( t)

já que, por hipótese, Q ′ ( t) = P ( t). A substituição


dessas expressões na EDOL resulta

x′ ( t) + ax( t)
= −ac exp(−at) − a exp(−at)Q ( t) + exp(−at)P ( t)
¡ ¢
+ a c exp(−at) + exp(−at)Q ( t)
ac(
( h
−at) − a exp( ath
= −( exp(
(( hh−h )Qht) + exp(−at)P ( t)
(h
ac(
( h
−at) + a exp( ath
+( exp(
(( hh−h )Qht)
(h
= exp(−at)P ( t). 24. Seja x( t) a quantidade de sal no tanque no ins-
tante t. Pelas equações acima a taxa à qual o sal no
22. Pelo exercício 15, a solução do problema de valor tanque varia com o tempo é devida à diferença entre
inicial as taxas de entrada e de saída do sal no tanque. Para
±
determinar essas taxas, observamos que d[ x( t)] d t
d[v( t)]
PVI: EDO: m + kv( t) = mg; CI: v( t 0 ) = v0 , tem unidades de massa por tempo, M · L−1 . A quan-
dt
tidade de sal que entra no tanque por unidade de
é
tempo é igual ao produto da vazão com que a mistura
v0 ( k / m ) − g ³ k ´ g
v( t) = exp − ( t − t 0 ) + adentra no tanque pela concentração à qual o sal
k/ m m k/ m
entra no tanque. Dessa forma,
³ mg ´ ³ k ´ mg
= v0 − exp − ( t − t 0 ) + . ( ) ( ) ( )
k m k taxa de vazão de concentração
= ×
1. Se 0 É v < mg/ k, então o movimento é para baixo entrada entrada de entrada
1
½ ¾
com aceleração para baixo e decrescente em mó-
= {10 ℓ/min} × kg/ℓ = 1 kg/min.
dulo e com velocidade crescente para baixo; o limite 10
assintótico da velocidade do paraquedista é Analogamente, a quantidade de sal que sai do tan-
³ mg ´ ³ k ´ mg que por unidade de tempo é igual ao produto da
lim v( t) = lim v0 − exp − ( t − t 0 ) + vazão com que a mistura sai do tanque pela concen-
t→+∞ t→+∞ k m k
mg tração de saída do tanque. Contudo, o volume de
= ,
k mistura do tanque varia com o tempo e é dado por
denominada velocidade terminal e a aceleração tende (
volume de
) (
volume
)

a zero. =
mistura inicial
2. Se v = mg/ k, então o movimento é para baixo com ( )
vazão de
velocidade constante igual a v( t) = mg/ k e aceleração + × {tempo}
entrada
nula. ( )
vazão de
3. Se mg/ k < v0 , então o movimento é para baixo − × {tempo}
saída
com aceleração para cima e decrescente em módulo
e com velocidade decrescente para baixo; o limite V ( t) = 200 ℓ + {10 ℓ/min}{ t min} − {5 ℓ/min}{ t min}
assintótico da velocidade do paraquedista é V ( t) = 200 ℓ + {5 t }ℓ
³ mg ´ ³ k ´ mg Dessa forma,
lim v( t) = lim v0 − exp − ( t − t 0 ) +
t→+∞ t→+∞ k m k ( ) ( ) ( )
mg taxa de vazão de concentração
= . = ×
k saída saída de saída
n x o
= {5 ℓ/min} × kg/ℓ
200 + 5 t
23. Analisar o Exemplo 5 e o Problema 18. Observar
5 x( t)
= kg/min
também a figura abaixo.
200 + 5 t
EDO’S HOMOGÊNEAS 16

x( t) Integramos ambos os lados,


= kg/min.
40 + t Z Z
Assim, a EDOL que modela o problema da mistura é d[µ( t) x( t)] = (40 + t) d t .
( ) ( ) ( )
taxa de taxa de taxa de e, portanto,
= −
variação entrada saída
t2
d[ x( t)] x( t) µ( t) x( t) = 40 t + + c;
= 1 kg/min − kg/min. 2
dt 40 + t
Inicialmente, o tanque contém 10 kg de sal dissolvi- e, após evidenciar a função x e usar µ( t) = 40 + t,
dos em 200 ℓ de água; logo, x(0) = 10 kg é a CI. Com 1
µ
t2

tudo isso, o problema de valor inicial que modela o x( t) = 40 t + + c .
40 + t 2
problema é
 A partir da solução geral da EDO é possível determi-
EDO: d[ x( t)] + 1 x( t) = 1;
 nar o valor da constante arbitrária c ∈ R com o uso da
PVI: dt 40 + t
 CI. De fato, x(0) = 10; logo,
CI: x(0) = 10.
1 02 c
µ ¶
x(0) = 10 = 40(0) + +c = ⇒ c = 400.
±
A solução geral da EDOL d[ x( t)] d t + p( t) x( t) = q( t) é 40 + 0 2 40
1 c
Z
x( t) = µ( t ) q ( t ) d t + , Assim, a solução do PVI que indica a quantidade de
µ( t ) µ( t )
sal x( t) no tanque no instante t é
em que o fator integrante µ é µ( t) = exp p( t) d t .
¡R ¢
1 t2
µ ¶
No caso em questão, p( t) = 1/(40 + t) e q( t) = 1; com x( t) = 40 t + + 400
40 + t 2
tudo isso, o fator integrante é
t2 + 80 t + 800
µZ
1
¶ = .
µ( t) = exp
¡ ¢
d t = exp ln |40 + t| = |40 + t|; 2 t + 80
40 + t
Finalmente, o tanque tem capacidade de 600 ℓ e
e como consideramos apenas t ∈ R+ ∪ {0}, segue-se fica completamente cheio quando 600 ℓV ( t max ) =
que o fator integrante é µ( t) = 40 + t. Multiplicamos 200 + 5 t max ou t max = 80 min. Nesse instante, a quan-
ambos os lados da EDO pelo fator integrante e disso tidade de sal no tanque é
resulta que
(80)2 + 80(80) + 800 6400 + 6400 + 800
µ
d[ x( t)] 1
¶ x(80) = =
(40 + t) + x( t) = (40 + t) · 1, 2(80) + 80 160 + 80
dt 40 + t 13600 170
= =
ou seja, 240 3
≈ 56.67 kg.
d[ x( t)]

(40 + t) + x( t) = 40 + t.
dt
25. 250 g.
A propriedade básica do fator integrante é que o
lado esquerdo da igualdade precedente é exatamente
26. As etapas do método de variação dos parâmetros
a derivada do produto do fator integrante µ pela
são indicadas a seguir.
função incógnita x, isto é,
1. A EDOLH é uma equação com variáveis sepa-
d[µ( t) x( t)]
= 40 + t. ráveis e pode ser resolvida através de uma simples
dt
integração. Em detalhes,
Ambos os lados da igualdade precedente podem ser
multiplicados pela diferencial d x, d[ y( x)]
+ p( x) y( x) = 0
dx
d[µ( t) x( t)] d[ y( x)]
d t = (40 + t) d t ⇒ = − p ( x ) y( x )
dt dx
e pela definição da diferencial d ∗ [µ( t) x( t)] = 1 d[ y( x)]
⇒ = − p ( x)
d[µ( t) x( t)] d t d t, y( x) d x
¡ ± ¢

1 d[ y( x)]
µ ¶
d[µ( t) x( t)] = (40 + t) d t . ⇒ d x = − p ( x) d x
y( x) dx
EDO’S HOMOGÊNEAS 17

1 d[ y( x)]
Z µ ¶ Z
⇒ d x = − p( x) d x + ln | c 1 | a função c é solução da equação
y( x ) dx
1 d[ c( x)] −1
Z Z
⇒ d y = − p( x) d x + ln | c 1 | µ ( x) = q ( x)
y( x ) dx
d[ c( x)]
Z
⇒ ln | y( x)| = − p( x) d x + ln | c 1 | ⇒ = µ( x ) q ( x )
dx
µ Z ¶ d[ c( x)]
⇒ d x = µ( x ) q ( x ) d x
¡ ¢
⇒ exp ln | y( x)| = exp − p( x) d x + ln | c 1 | dx
d[ c( x)]
Z Z
d x = µ( x ) q ( x ) d x + c 1
µ Z ¶
¡ ¢ ⇒
⇒ | y( x)| = exp ln | c 1 | exp − p( x) d x dx
Z Z
µ Z ¶ ⇒ d[ c( x)] = µ( x) q( x) d x + c 1
⇒ y( x) = c exp − p( x) d x Z
⇒ c ( x ) = µ( x ) q ( x ) d x + c 1 .
em que c = ±| c 1 |.
2. Procuramos solução da EDOLNH na forma Com tudo isso, a solução yp é dada por
¡ R ¢
yp ( x) = c( x) exp − p( x) d x em que substituímos
o parâmetro c ∈ R que aparece na solução da EDOLH yp ( x) = µ−1 ( x) c( x)
por uma função c : I ⊂ R → R motivo que justifica o µZ ¶
−1
nome usado, método de variação dos parâmetros. Em = µ ( x) µ( x ) q ( x ) d x + c 1
detalhes Z
µ Z ¶ = µ−1 ( x) µ( x) q( x) d x + c 1 µ−1 ( x)
yp ( x) = c( x) exp − p( x) d x
1 c1
Z
= µ( x ) q ( x ) d x + .
µ Z ¶ µ( x ) µ( x )
⇒ y′p ( x) = c′ ( x) exp − p( x) d x
µ Z ¶ Observamos que a segunda parcela da solução acima
− c( x) p( x) exp − p( x) d x . é solução geral da EDOLH do item anterior.
Podemos sumarizar os resultados da seguinte forma:
A substituição dessas expressões na EDOLNH im-
A solução da EDOLNH é igual à soma da solução ge-
plica
ral da EDOLH associada e de uma solução particular
q( x) = y′p ( x) + p( x) yp ( x) da EDOLNH,
µ Z ¶ µ Z ¶
= c′ ( x) exp − p( x) d x − c( x) p( x 
− p( x) d x solução geral
) exp
( )

µ Z ¶ da EDOLNH

+ c( x) p( x  − p( x) d x
) exp ( ) ( )
 solução geral solução particular
 µ Z = +
da EDOLH da EDOLNH


= c ( x) exp − p ( x) d x ,
µZ ¶
isto é, isto é, com o fator integrante µ( x) = exp p ( x) d x a
µ Z ¶
solução escreve-se na forma
c′ ( x) exp − p( x) d x = q( x).

Com a notação de fator integrante y( x) = yh ( x) + yp ( x)


c1 1
µZ ¶ Z
µ( x) = exp p ( x) d x y( x) = + µ( x ) q ( x ) d x .
µ( x ) µ( x )

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