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ESTO017-17 – Métodos Experimentais em Engenharia

Roteiro: Experimento #3

Conversão AD/DA

Edição: 1º Quadrimestre 2024

“WHERE IS ALL THE KNOWLEDGE WE LOST WITH INFORMATION?” (T.S. ELIOT)

O objetivo deste experimento é apresentar ao aluno o funcionamento de conversores


Analógico/Digital (AD) e Digital/Analógico (DA) que são componentes fundamentais dos
instrumentos de medição atuais, e afetam diretamente o resultado e a incerteza da medição.
Este experimento será dividido em 3 partes. Na primeira parte o aluno irá obter a função de
transferência de um conversor AD e determinará o erro de offset, o erro de ganho e suas
respectivas incertezas. Na segunda parte, serão comparadas as formas de onda da entrada de
um conversor AD com a da saída de um conversor DA para um sinal senoidal. Na terceira parte
iremos determinar as incertezas relacionadas a um instrumento de medição digital.

OBJETIVOS DO EXPERIMENTO

• Analisar as características e incertezas observadas em um processo de conversão AD de


sinais, constituindo em grandezas de influência nos resultados de medições.
• Determinar a função de transferência para um circuito de conversão AD.
• Estimar os erros e incertezas de um processo de conversão AD.
• Observar o funcionamento de um processo de conversão AD e DA.
RESUMO

O experimento consta de três partes:


Parte 1 – Avaliação da Conversão AD.
Parte 2 – Avaliação da Conversão AD e DA de um sinal representando uma grandeza física real.
Parte 3 – Determinação das incertezas relacionadas a um instrumento de medição digital.
LISTA DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

• Fonte de Alimentação Simétrica (±5V, ±12V)


• Fonte variável
• Gerador de função
• 2 Multímetros portáteis
• Osciloscópio
• Kit com Módulo Conversor AD e DA

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INTRODUÇÃO

Atualmente, a maioria dos equipamentos e sistemas de instrumentação, medição e aquisição


de dados são digitais, ou seja, armazenam, processam e representam os dados analógicos de
forma digital. Para isso, é fundamental o uso de conversores AD que são responsáveis pela
Amostragem, Quantização e Codificação dos sinais analógicos para transformá-los em sinais
digitais. Neste experimento, dar-se-á ênfase aos dois últimos processos de conversão AD que
são a Quantização e a Codificação.

De modo geral, o processo de quantização/codificação busca atribuir, para uma determinada


faixa de valores do sinal, um código binário de 𝑁 bits. Consequentemente, um conversor AD
de 𝑁 bits é capaz de fornecer 2𝑁 códigos distintos na sua saída. Em um conversor AD uniforme
(isto é, com degraus de quantização iguais) e unipolar (isto é, que opera com sinais de tensão
de polarização única: ou positiva ou negativa), cada intervalo de tensão corresponderá a um
código binário de saída, como pode ser visto através da Figura 1, para um conversor de 4 bits.

Figura 1. Função de transferência ideal de um conversor AD unipolar de 4 bits, com tensão de


referência Vref igual a 5 volts.
Código da saída
digital

Saturação
1111
Reta ideal
1110

1101

1100

1011

1010

1001

1000

0111

0110

0101

0100

0011

0010

0001
Tensão de entrada
0000
analógica em volts
0,3125

0,6250

0,9375

1,2500

1,5625

1,8750

2,1875

2,5000

2,8125

3,1250

3,4375

3,7500

4,0625

4,3750

4,6875

5,0000

O tamanho de cada intervalo é chamado de passo de quantização, dado por ∆𝑉, e pode ser
calculado como sendo:

𝑉𝑟𝑒𝑓 (1)
𝑁
, ∆𝑉 =
2
onde 𝑉𝑟𝑒𝑓 é a tensão de referência, conhecida também como sendo a tensão de fundo de
escala. No exemplo da Figura 1 ilustramos a função de transferência de um conversor AD de 4
bits com tensão de referência igual a 5volts. Em um conversor ideal, as transições entre um

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código e outro ocorrem exatamente a cada ∆𝑉 e os pontos de transição dos degraus caem
sobre uma reta, que chamamos de reta ideal. Observe que, no exemplo da Figura 1, a primeira
transição ocorre para a tensão de entrada igual a um ∆𝑉 (ou seja, 0,3125𝑉).

Após a digitalização do sinal, pode ser necessário convertê-lo novamente para a sua forma
original, i.e., torná-lo analógico de novo. Isto pode ser feito através de um conversor
digital/analógico (DA). Em um conversor DA cada código binário é então transformado em um
nível de tensão, como pode ser visto através da Figura 2, para um conversor de 4 bits.

Figura 2. Função de transferência ideal de um conversor DA unipolar de 4 bits, com tensão de


referência Vref igual a 5 volts.
Tensão de saída
analógica em
volts

4,6875
Reta ideal
4,3750

4,0625

3,7500

3,4375

3,1250

2,8125

2,5000

2,1875

1,8750

1,5625

1,2500

0,9375

0,6250

0,3125
Código binário de
entrada
0000

0001

0010

0011

0100

0101

0110

0111

1000

1001

1010

1011

1100

1101

1110

1111

Tanto em um conversor AD quanto em um conversor DA podem existir alguns erros na


conversão, tais como o erro de offset, o erro de ganho, e os erros de não-linearidade
diferencial (DNL) e não-linearidade integral (INL). Estes quatro fatores contribuem para a
composição da precisão absoluta de conversores AD e DA [1]. Deste modo, a determinação
destes erros é de extrema importância para a calibração dos conversores. Neste experimento,
serão determinados apenas o erro de offset (E0) e o erro de ganho (EG) de um conversor AD.

Erro de offset (𝑬𝟎 ): é definido como sendo a diferença entre o início da reta real e o início da
reta ideal, conforme ilustrado na Figura 3(a) para um conversor AD de 3 bits.

Erro de ganho (𝑬𝑮 ): é definido como sendo a diferença entre o fim da reta real e o fim da reta
ideal do conversor após a correção de offset da reta real, conforme ilustrado na Figura 3(b)
para um conversor AD de 3 bits, com tensão de referência igual a 5 volts.

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Figura 3. (a) Erro de offset e (b) Erro de ganho em um conversor AD unipolar de 3 bits.
(a) (b)
Código da saída Erro de ganho
digital Código da saída
digital

111
Reta real 111
Reta ideal Reta real após a
110 correção de offset Reta ideal
110
101
101
100
100
011
011
010
010
001
001
000
000
0,6250

1,2500

1,8750

2,5000

3,1250

3,7500

4,3750

5,0000

0,6250

1,2500

1,8750

2,5000

3,1250

3,7500

4,3750

5,0000
Tensão de entrada
analógica em volts Tensão de entrada
analógica em volts
Erro de offset

O erro de offset e o erro de ganho de um conversor AD podem ser calculados em função dos
parâmetros 𝑎 e 𝑏 obtidos a partir do ajuste de uma regressão linear do tipo 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏,
onde os valores de 𝑦 são dados pelos níveis de tensão correspondentes a cada código e 𝑥 é a
tensão de entrada do conversor.

Por exemplo, idealmente para um conversor de 4 bits, o código 0001 corresponde a 𝑦 = ∆𝑉, o
código 0010 corresponde a 𝑦 = 2∆𝑉 e assim sucessivamente, até o código 1111 que
corresponderia a 𝑦 = 15∆𝑉. Desta forma, a reta ideal seria dada por 𝑥 = 𝑦 . Na prática, os
pontos (x,y) podem afastar-se dessa característica ideal, devido justamente aos denominados
erros de offset e de ganho.

Os erros de offset e de ganho podem ser determinados de forma geral a partir das equações
(2) e (3). Na Figura 4 ilustra-se a determinação desses erros, para o caso específico de um
conversor AD de 3 bits. Deve-se notar que na prática os valores de E0 e EG, em volts, podem ser
positivos ou negativos, dependendo dos parâmetros a e b de ajuste da reta aos pontos
experimentais reais.

𝑏 (2)
𝐸0 = −
𝑎
𝑎−1 (3)
𝐸𝐺 = ( ) (𝑉𝑟𝑒𝑓 − ∆𝑉),
𝑎

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Figura 4. Determinação do erro de offset e do erro de ganho a partir do ajuste de uma


regressão linear de pontos obtidos experimentalmente em um conversor AD unipolar de 3
bits, com Vref=5V
Tensão correspondente
ao código digital em
volts

4,3750 Reta real após a


correção de offset Reta ideal
3,7500 y=ax y=x
3,1250

2,5000

1,8750

1,2500
Reta real
0,6250 y = ax+b

0,000 Tensão de entrada


analógica em volts
0,6250

1,2500

1,8750

2,5000

3,1250

3,7500

4,3750

5,0000

0 -b/a (5-ΔV)/a 5-ΔV


Erro de offset Erro de ganho

PARTE 1- Avaliação da Conversão Analógico/Digital

Neste experimento será utilizado o kit com o Módulo Conversor AD e DA da Figura 5, cujos
circuitos implementados estão ilustrados pelos diagramas das Figuras 12 e 13 do Apêndice.
Este módulo deverá ser alimentado através da Fonte de tensão contínua simétrica (Figura 6).

Apesar do módulo conter um conversor AD de 8 bits, para esse experimento o circuito foi
adaptado para operar como um conversor AD com apenas 16 níveis de quantização, ou seja, 4
bits. Os LEDs do painel frontal do kit irão acender de acordo com a tensão aplicada entre os
pinos 𝑉𝑖𝑛 e GND, formando uma palavra de 4 bits. O LED mais à direita corresponde ao Bit
Menos Significativo (LSB- least significant bit) enquanto que o LED mais à esquerda
corresponde ao Bit Mais Significativo (MSB – most significant bit). Um LED aceso corresponde
ao nível lógico “1” enquanto que um LED apagado corresponde ao nível lógico “0”. A tensão de
referência deste circuito é igual à tensão de alimentação, que tem valor nominal de 5V.

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O ajuste da amplitude de tensão (𝑉𝑖𝑛 ), do sinal analógico de entrada será controlado pela
fonte de tensão variável, ilustrada na Figura 7. Para se medir o valor de tensão da entrada,
será utilizado o multímetro digital da Figura 8 e o esquema completo de ligação é ilustrado na
Figura 9.

Figura 5. Vista frontal e traseira do kit com o Módulo conversor AD e DA.

Figura 6. Fonte de tensão de alimentação (contínua (CC) e simétrica).

Figura 7. Fonte de tensão variável. Figura 8. Multímetro portátil.

1º-Procedimento: determinação do ∆𝑉 teórico.

1) Com o auxílio do multímetro 2, meça o valor real da tensão de referência 𝑉𝑟𝑒𝑓 que é
a tensão utilizada na construção da reta ideal (Tensão na saída +5V da fonte de
alimentação simétrica, que serve como referência para o conversor).
2) Determine o valor teórico para o parâmetro ∆𝑉 através da Equação (1):
𝑉𝑟𝑒𝑓
∆𝑉𝑡𝑒𝑜 = ∆𝑉 = 𝑁
2 𝑏𝑖𝑡𝑠

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onde 𝑉𝑟𝑒𝑓 é a tensão de referência medida com o multímetro e 𝑁𝑏𝑖𝑡𝑠 é o número de bits do
nosso conversor (4 bits).

2º Procedimento - determinação do ∆𝑽 experimental, do Erro de offset e do Erro de ganho a


partir da função de transferência (reta real).

A função de transferência representa a relação matemática que conecta o mundo


analógico com o mundo digital. Em condições ideais esta relação deve representar uma
relação linear de dependência, como ilustrado pela reta ideal da Figura 1. Neste
experimento iremos obter a reta real ilustrada na Figura 3(a).
3) Primeiramente, determine, com base no valor de ∆𝑉 obtido no item 2) os valores
correspondentes aos códigos binários da Tabela 1, e complete a terceira coluna da
Tabela 1.
4) Lentamente, eleve o nível de tensão de entrada 𝑉𝑖𝑛 de modo a obter nos LEDs do
painel do kit, as saídas binárias especificadas na Tabela 1. Observe que a transição
entre as saídas binárias é abrupta, de modo que é necessário definir um
procedimento padrão na hora de tomar as medidas com o multímetro.
5) Anote os valores de tensão obtidos no momento de transição, para cada saída
binária, completando a primeira coluna da Tabela 1.

Tabela 1
Tensão analógica de Código binário Tensão correspondente ao
entrada, 𝑽𝒊𝒏 (V) código binário
0001
0010
0011
0100
0101
0110
0111
1000
1001
1010
1011
1100
1101
1110
1111

6) Elabore um gráfico com os valores da tensão correspondente ao código binário (eixo


y) em função da tensão analógica de entrada (eixo x).
7) Com auxílio da curva obtida no item anterior, ajuste uma função linear do tipo 𝑦 =
𝑎𝑥 + 𝑏, que representará a função de transferência experimental (ou seja, a “reta
real” da Figura 3(a)).
8) A partir da reta ajustada, determine o erro de offset, E0 (expressão (2)), o erro de
ganho, EG (expressão (3)), e o passo de quantização experimental ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 , com suas

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respectivas incertezas. Observe que ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 pode ser obtido através da seguinte
expressão:
∆𝑉𝑡𝑒𝑜 (4)
∆𝑉𝑒𝑥𝑝 =
𝑎
As incertezas em E0 e EG podem ser obtidas a partir das incertezas dos parâmetros a
e b da reta ajustada.

Figura 9. Esquema de ligação para a PARTE 1 deste experimento.

Fonte de tensão
variável

Canal 1
- +
+5 +12 GND -12

Conversor AD e DA
Fonte de tensão
simétrica

GND LEDS

+12 +5 -5 -12 Vin GND Vout

Multímetro 2 Multímetro 1

GND Vcc GND Vcc

PARTE 2- AVALIAÇÃO DA CONVERSÃO EM SISTEMA DE GRANDEZA FÍSICA

Nesta segunda parte, a fonte de tensão variável será substituída por um gerador de funções e
será utilizado um osciloscópio, através dos canais 1 e 2, para visualizar as formas de onda na
entrada e na saída do Módulo Conversor AD e DA, de acordo com o esquema de ligação do
diagrama da Figura 10.

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Observe que, na primeira parte, vimos o processo de conversão AD. Nesta segunda parte, para
converter o valor digital de 4 bits em seu respectivo valor analógico, usaremos o circuito da
Figura 13 que será alimentado pelo circuito da Figura 12 através dos pinos DB4-14(MSB) a
DB7-11(LSB). Este conversor produzirá um nível de tensão que irá variar linearmente com a
saída digital do conversor AD.

1) Com o auxílio do gerador de funções da Figura 11, obtenha uma onda senoidal com
tensão de pico a pico (em aberto) de 5V, nível CC de 2,5V e frequência igual a 20Hz.
Para isso, realize os seguintes passos:

a. Conecte o cabo BNC-Jacaré na saída (50Ω) e, no menu de configurações,


selecionar: Output Menu – Load Impedance – High Z;
b. Aperte a tecla “Sine” para obter uma onda senoidal. Aperte a tecla
“Frequency”, digite o valor de “20” e selecione “Hz” através das teclas do
menu de configurações . Aperte a tecla “Offset”, digite o valor “2,5”, e
selecione “V” através das teclas do menu de configurações. Aperte a tecla
“Amplitude”, digite o valor “5,0” e selecione “Vpp” através das teclas do
menu de configurações.

Nota: Observe que com esses valores, será gerado um sinal senoidal de
amplitude 2,5V que varia de 0V a +5V, respeitando assim a unipolaridade do
conversor AD utilizado.

2) Alimente o conversor AD (Pino Vin) com a saída do gerador de funções (ponta


vermelha em Vin e ponta preta no GND).

3) Ligue o Canal 1 do osciloscópio na entrada do conversor AD (Pino Vin) e o Canal 2 na


saída do sistema conversor DA (Pino Vout). Não esqueça de conectar o Terra da
ponta de prova Canal 1 do osciloscópio no pino GND do conversor.

4) Aperte a tecla “on” do gerador de funções.

5) Para uma boa visualização dos sinais no osciloscópio será necessário configurá-lo
seguindo os passos abaixo:

a. Aperte a tecla “Default Setup” e aguarde um momento.


b. Aperte a tecla “Auto set” e aguarde um momento.
c. Ajuste as pontas de prova do canal 1 e do canal 2 para uma atenuação de 1x
(este ajuste pode ser realizado acessando o menu de cada canal).
d. Ajuste a escala horizontal para 5ms/div e a escala vertical dos dois canais
para 1V/div.
e. Junte os zeros dos dois canais e os posicione na primeira divisão.
f. Em “Trigger menu” selecione como fonte (Source) o canal 1 (CH1) e ajuste o
nível do Trigger até que o sinal se estabilize.
g. Em “Acquire”, ajuste para “Average” e selecione o valor de “16”."

6) Após ajustar o osciloscópio, registre a figura obtida, descreva e explique os sinais


observados nos dois canais.

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7) Agora, selecione o modo de operação XY do osciloscópio (aperte a tecla “Display” e


em “Format” selecione a opção “XY”), registre o sinal observado, descreva e
explique a figura obtida.

8) Baixe a frequência da onda senoidal do gerador de funções para 0,1Hz e observe a


transição entre os estados de saída nos LEDs do painel do kit.

Figura 10. Esquema de ligação para a PARTE 2 do experimento.

Gerador de funções

50Ω
+5 +12 GND -12

Conversor AD e DA
Fonte de tensão
simétrica

GND LEDS

+12 +5 -5 -12 Vin GND Vout

Osciloscópio
Canal 1 Canal 2

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Figura 11. Painel do gerador de funções.


Seletor de Freq., Fase,
Seletor de forma de onda Amplitude e Offset

Menu de configurações Saída do Gerador de Aciona a saída do Gerador Teclado para ajuste da Freq.,
Funções de Funções Fase, Amplitude e Offset

PARTE 3- DETERMINAÇÃO DAS INCERTEZAS RELACIONADAS A UM INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DIGITAL

1) Se um conversor AD de 4 bits ideal fosse utilizado num multímetro digital por exemplo,
para medir níveis de tensão, pode-se considerar que o nível de tensão correspondente a
um determinado código do conversor seria dado por:
𝑉(𝑛) = ∆𝑉 ∗ (𝑛 + 0,5) (5)

ou seja, o valor no centro de cada degrau “digitalizado”. Desta forma, para n=0 (código
0000), poderíamos considerar que o valor da tensão lido no display do multímetro seria
igual a 0,5∆𝑉. Já para n=1 (código 0001), o valor seria igual a 1,5∆𝑉, e assim por diante.

Neste caso, determine a expressão da incerteza associada ao valor da tensão lida neste
instrumento, considerando a incerteza no valor de 𝑛.

2) Considerando agora o erro de offset do conversor AD, a expressão da tensão lida no


instrumento seria dada por:
𝑉(𝑛, 𝐸𝑂 ) = ∆𝑉 ∗ (𝑛 + 0,5) + 𝐸𝑂 (6)

Neste caso, determine a expressão da incerteza associada ao valor da tensão lida neste
instrumento, considerando as incertezas nos valores de 𝑛 e 𝐸𝑂 . Nota: Utilize o valor
da incerteza de E0 obtida no item 8 da Parte 1.

3) Considerando agora tanto o erro de offset como o valor experimental do passo de


quantização, ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 , a expressão da tensão lida no instrumento seria dada por:
𝑉(𝑛, 𝐸𝑂 , ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 , ) = ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 ,∗ (𝑛 + 0,5) + 𝐸𝑂 (7)
Neste caso, determine a expressão da incerteza associada ao valor da tensão lida neste
instrumento, considerando as incertezas nos valores de 𝑛, 𝐸𝑂 e ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 . Utilize os
valores de incerteza de E0 e ∆𝑉𝑒𝑥𝑝 já determinados no item 8) da Parte 1.

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4) A partir dos resultados obtidos nessa Parte 3, comente porque a incerteza


instrumental na medida realizada com multímetros digitais é especificada como sendo
uma porcentagem do valor lido no display do aparelho.

Bibliografia

[1] Understanding Data Converters, Texas Instruments Application Report SLAA013, Mixed-
Signal Products, 1995.

[1] Len Staller, Understanding analog to digital converter specifications, 2005 disponível em:
https://www.embedded.com/design/configurable-systems/4025078/Understanding-analog-
to-digital-converter-specifications

[2] ADC Gain and Offset Error Calibration on ARM® Cortex®-M0+ Based MCUs, disponível em:
http://ww1.microchip.com/downloads/en/DeviceDoc/90003185A.pdf

Autores
Roteiro experimental e kit didático idealizados pelo Prof. Tiago Ribeiro de Oliveira;
desenvolvidos pelo Prof. Kenji Nose-Filho com o auxílio do monitor Pedro Henrique Pires da
Silva; e revisados pelos Profs. J.C. Teixeira, D. Consonni e os monitores Melissa Keiller Gomes e
Reynaldo G. G. Sandrini. Os kits didáticos e as fontes de alimentação foram implementadas e
montados pelos técnicos Dalton Esteves e Lívia Pereira de Castro.

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Apêndice - Os circuitos conversores AD e DA

O circuito da Figura 12 foi projetado para trabalhar com apenas 16 níveis de quantização. Os
LEDs conectados nas portas 11 a 14 irão acender de acordo com a diferença de tensão aplicada
entre os pinos 6 (Vin +) e 7 (Vin -) formando uma palavra de 4 bits. O LED conectado na porta
DB4-14 corresponde ao Bit Menos Significativo (LSB) enquanto que o LED conectado na porta
DB7-11 corresponde ao Bit Mais Significativo (MSB). Um LED aceso corresponde ao nível lógico
“1” enquanto que um LED apagado corresponde ao nível lógico “0”. A tensão de referência
deste circuito é igual à tensão de alimentação, que tem valor nominal de 5 volts.

Figura 12. Esquema de ligação do conversor A/D (ADC0804) configurado para operar com
apenas 16 níveis de quantização.

10k

150pF
1-CS Vcc or Vref-20 Vref = 5V

2-RD CLKR-19

3-WR DB0(LSB)-18

4-CLK IN DB1-17

5-INTR DB2-16
RESET
6-Vin(+) DB3-15
Vin
7-Vin(-) DB4-14

8-AGND DB5-13

9-Vref/2 DB6-12

10-DGND DB7(MSB)-11
330

ADC0804

O conversor DA do circuito da Figura 13 produz em sua saída (pino 4 do DAC0808) uma


corrente cuja amplitude irá variar linearmente de acordo com a saída digital do conversor AD.
Para converter esta corrente em tensão, foi utilizado um amplificador operacional (LM741),
que irá produzir em sua saída (pino 6 do LM741) um nível de tensão que irá variar linearmente
com a saída digital do conversor AD.

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Figura 13. Esquema de ligação do conversor D/A utilizando as saídas digitais do conversor A/D
(Saídas DB4-14 (LSB) a DB7-11 (MSB)).

Tripot de 50k ajustado para 4,2k

LM741

1-OFF NULL NC-8

2-Vin(-) Vsupply(+)-7 Vsupply = +12V


LM741
3-Vin(+) Vout-6
Vout
4-Vsupply(-) OFF NULL-5

Vsupply = -12V DAC0808


150pF
1-NC Compensation-16

2-GND Vref(-)-15

3-VEE Vref(+)-14
10k
4-I0 Vcc-13 Vcc = 5V

DB7(MSB)-11 5-A1(MSB) A8(LSB)-12

DB6-12 6-A2 A7-11

DB5-13 7-A3 A6-10

DB4-14 8-A4 A5-9

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