Você está na página 1de 156
TT aes laa ; PR Py 0 | ee ape spe eae (es ert eae tna (Bye % ez es o47e Baum, Wiliam MA CCompceendero behavorisme = compartment caltra ¢ evolu / \Wilaan 3. Bouin jadugo haa Te ey eampl,~ Foro Alegre: Armed, 2006. sua p.;28em. ISBN 978-65-953.0697-1 2. Paeelogia— Bebavorismo. I. Tl cou ase.9.0194 Catlogseio na please: Jin Angst Onelhn — C6 30/1712 cera Araloiea [etal ed COMPREENDER O BEHAVIORISMO Comportamento, cultura e evolucao William M. Baum University of New Hampshire 2 edicao revisada e ampliada ‘Traducdo: Maria Teresa Araujo Silva Maria Amelia Matos, Gerson Yukio Tomanati Professors no Departamento de Psicologia Eyperimental do instituto de Psicologia da Universite de Sao Pato ‘Emmanuel Zagury Tourinho Profesor no Departamento de Psicologia da da Universidade Peder do Prd. Consultoria, supervisio e revisio técnica desta edicko: ‘Maria Teresa Araujo Silva FredericoDentello Institut de Pioiogia da Universidade de Séo Paulo, ot peccayin Tateaes Pais 3 ho Roads Coen -AS5uPE89 0 Wo Chae] Reimpressio 2008 [Bala eae CSI Iyateonted |. [ce Volume] Registado por Lagasse | (brn originalmente publicada sob o titulo Understanding Behaviorism: Behavior, Culture, and Evolution, Second Edicion (BiockowelD) ISBN 14051-1262 © 2005 by william Baum, ‘This edition is published by arrangement with Blackwell Publishing Led, Oxford. ‘Translated by Armed Editora SA from the original English language version. Responsibility ofthe accuracy of the translation rests solely with the Artmed Eaitora ‘SA and is not the responsiblity of Blackwell Publishing Lid. Edigio publicada conforme acordo firmado com Blackwell Publishing Lid, Oxdord, ‘Tradugio de Arimed Ealtora SA do original em lingua inglesa, A responsabilidade pela precisao da traducfo é totalmente da Armed Fditora SA, ‘lo recaindo em nenhuim momento com 4 Blalewell Publishing Ld. Capa Gustavo Macri, Preparagio do original \Josiane Tbursky Supervisdo editorial ‘Monica Ballejo Canto Projeto grico ¢ editoragio cletrGnica Armasém Digital Editoragdo Hletrdnica — remy Resecvados todos 0s diteitos de publicagéo, em lingua portuguesa, & ARTMED® EDITORA S.A. ‘As. Jeronimo de Omeias, 670 - Santana ‘90040-340 Porto Alegre RS. Fone (81) 2027-7000 Fax ($1) 9027-7070 £ proibidaa dupicagdo ou reprodusio deste volume, no todo ou em pane, sob quaisguer formas ov por quaisqier meics (elnnico, meeznice, gravacao, fovoespia, distibuigao na Web e atteos), sem pormsio expressa dn Eaitora, Ko PAULO Av. Angélica, 1091 - Higienspolis (01227-100 Sao Paulo SP. Fone (11) 3665-1100 Rex (11) 3667-1333 ‘SAG 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Agradecimentos AA, prepare ei, ct een jeden — He Rachlin, com suas sugestdes animadoras e amigéveis, e Jack Mars, com suas criticas incansdveis e desafiadoras. Agradego a Gerry Zuiff por suas erfticas e por me en- Viar a avaliagio de seus alunos quanto ao livro. John Kraft também me forneceu resultados de seu uso do liveo como texto didético. Sou grato & Universidade de Canterbury (Nova Zeléndia), onde grande parte das mudancas no novo texto foi realizada, por me conceder a bolsa Erskine de professor vistante, e particularmen- tea Ant MeLean, Randy Grace e Neville Blampied, pelos proveitosos didlogos que fivemos ali. Tive converses diteis com Michael Davison, Don Owings e Pete Richerson. Sugestdes produtivas vieram de Tom Mawhinney, John Malone ¢ Phil Hineline Meu filho Gideon me apresentou a teorias e pesquisas de cientistas politicas sobre as relagdes entre os governos nacionais. Sou especialmente grato ao apoio de todos ‘os meus filhos, Shona, Aaron, Zack, Naomi ¢ Gideon, e de seus companheiros, Niel, Marcia c Stacy. William M. Baum Prefdcio & segunda edicio juando escrevi a primeira edicao de Compreender o behaviorismo, queria apre- stiitar uma visio do behaviorismo mais clara e mois atualizada que a disponivel nos livros de B. F Skinner que eu recomendava a meus alunos. Embora meus enten- dlimentos anteriores ainda se sustentem ~ de que todos os behavioristas concordam que uma ciéncia do comportamento é possivel, de que esta proposicao define 0 behaviorismo e de que quaisquer discordéncias que haja entre os behavioristas nascem de questdes sobre como caracterizar a ciéncia e 0 comportamento ~ para esta edigdo resolvi concentrar-me menos nas idéias de Skinner e mais em minhas préprias. Como resultado, olivro contém menos jargéo da andlise comportamental Por estar mais perto do vocabulrio do dia-a-dia, 0 livro é ainda mais acessivel do que foi inicialmente. Corrigi uma série de falhas que colegas ¢ alunos apontaram para mim. Os Capitulos 2 e 2, que apresentam o contexto filosdfico, esto mais claros a respeito da ligacéo entre o behaviorismo radical eo pragmatisino e arespeito de suas diver. géncias em relacio ao realismo popular e ao dualismo. Reforcei a discussio tanto sobre as idélas de Ryle quanto o behaviorismo molar, o ponto de vista de Rachlin e © meu propric. Ao longo do livro, as apresentagdes sio expostas mais em termos do behaviorismo molat. Alguns dos novos materiais aperfeicoam o relacionamento com a evolugo como contexto, Esclareei o papel das consegiiéncias iltimas (satide, recunsos, rela- clonamentos e reproduedo). Estabeleciligagées entre autocontrole, comportamen- to controlado por regras, altruismo, cooperagio e seguimento de regras culturais {0 descrevé-los todos como uma competicio entre reforso postergado e imediato © Capitulo 13, sobre evohago da cultura, agora deixa mais clara @ analogia com a evolugio dos organismos. O Capitulo 11, sobre relagies, gerenciamento e governo, agora reformula o contracontrole explicitamente como autocontrole, ¢ incorporou tama seco sobre o problema da seguranga nas Felagées internacionals. O Capitulo 14 Vili Proficio & sequoda edgbo inclui agora o exemplo especffico de uma proposta para aperfeigoar 0 processo democratico. Para ajudar os estudantes a evitar que sejam sobrecarregados com © nove vocabulirio introduzido em cada capitulo, adicionel, depois de cada seco de leituras adicionais, uma lista de termos, como guia de estudo, Sumario Proficioa segunda edigéo PARTE UM © que é behaviorismo? 1, Behaviorismo: definigéo e hisiéria eine y Referencialhistérico cena 1B De flasofo » ciéncio 18 Bee bj wassnnnvnneninnn seen Pao compare cece a Atri verso do behave secre ” Livre-arbitrio versus determinismo poet - ry Deltas etree ena aa B Arguments prs 2 con oa vr SSPE 2B Pir ata ate oe 30 Leturas adicionas a ‘Termas iniroduzidos no Copitulo re 32 2. O behoviorismo como filosofia da ciéneio. - eB Ha 33 Reotsme versus progmatimo.. ee sen BA Re a u Bagmatine i 36 10 Sumario Behoviorsmo radial © progmatisme Resume .. Leitures edicioncis = Termositoduztos no Cop 2 Poblico, privado, natural eficticio... Mentelisme Evenos pbc © pads Fret RAO Nour mentale fo bjeees a merle Erros do categoria. yoo hipsiese poronacrice (betes mao do Roca Eventos privad0s ran CCompodamento prio Aioconheinento econ ResUM on Leituras edicionais Termes introduzidos no Copitulo 3... PARTE DOIS Um modelo cientifico de comportamento 4, Teoria da evolugao.e reforso ... Historia evolutiva Seg notnt 7 Rafe: odes ice det Rofrgodoese puis. Revsio ds infra leganiacos Histor de reforeo Saeco pelos conssoincis Epeogbes isis Resumo 7 Letras odicfonais Termes introduzidos no Capitulo 4 5. Intenéo o reforgo Sumario WT Historia © funcéo Oso de eptcgieshisrces Unidas bacon. Tes significedos de intengéo ‘ergo cone fing. eng came cone tengo cono seine: aoiloos Resumo ... Leituras adiciondts neuen Tormos introduzides no Coptle 5, Controle de estimulo e conhocimento Controle de esimulo Estos dicomivovos Seas eens eesralsdacinncvos Diinnogso. Conhecimante in mscn Contecinento epoca: saber cor” Contecinai decoroivo: ater “sbre* Aceon nnn © comportomento dos centsis Oiserogioe dicing. Contecinete certo Frogmotino econo. Resumo .. Leituros adicionais i Terros iodides no Capt 6. 7. Comportamento verbol e finguagem.....nusnonnsinns © que 6 comportamonto verbal? Comenicogio. ( comportanenlo veka! como comporanesio opens Folate ove Exempla a emperor verbal veut Ingvogen suméio 13 12 sunéio Unidades funcionss contele do estilo. ur © desafio do pensamentatadional rn nn cnn 199 Aided vali coro uidods hacer : ur Resume 200 Gontoe de esimdonacorzotanent veal ce ieee taal AB Leityras edicioneis eee oT Agi oho CONINE scr as Termosinttoduxidos ne Coptulo 9 201 Signi : cieeeoneea’) oer i 10, Responscbilidede, mito © €UIpa nsnnn see 208 Sica coma um 158 A tasponsobidade os uses do comporamento. 203 Gromatico © sat. ce 157 reso eile eo conto. : oe a0 Regs como cscs. 158 Aigo dora oc 205 Orde es a eye? “160 Goro coil. 206 Reeve 160 A responsobildade 0 os contogincis do comportamento, 208 ; que responce. 208 tures adicondis aaa ol : ei siete eens a Consierogtes rics: o mcessiede de cont. 210 fermosiniroduides no Coptulo 7 os a : 22 4. Comportamento contolade por regres © pensomento . enn 1B Leitures esicionss.. pala nn NB © que é comportamento controlado por regras? aie 165, Termos intréduzidos no Capitulo 10... 24 ‘aparananto condo regres ves onpotaeto modledo npr ennu 166 : aur anfvtrepterh Aenabantannd atari ass NNEERL 11, Relogées,gerencamento« gover Pee eeeaeea Sere ds ee : nm Rolocoes : aan cris ns -Aprendizayem de sequimento de regres eG Feiogo nine 26 ‘Modelagem do comporiamento de seguir 16908 vw nninunnntanneei Indiv einstviges 2B Onde woo egos? cee 7 ExPOrOGEO veo vn 29 Peasomento e reslugio de problemes O“excovo fla" a ee eer Nisei ‘ Conse de go pac nvnsnsnnsnnnnere se 21 Cineneiciohea eres. So m3 acim eercee 183 Controle e contracontele nz Gist ho cninninncnionannrennninnnnsininnniainnnnenncnnn 227 Leto ed'c0nt i nn 184 foe c a Termosinfoduzides no Cope 8 . ie ved Rede ar : 231 Danacrcd 233 PARTE TRES REGU sooner ne : on Bh Questées so eo tea se 286 Toxmos introdunis no Capitulo 11 i Se By pene ee eaeencacere he 12, Valores: rligido © cidecio... ante se B89 besbeebrasubonid : mrciriel Qvest6es de valor 239 Seis fre: Hoodade plier 188 bppuapraana ce 240 there ep 197 dieses 240 VA Sumario ‘Umo abordagem cientfico des valores Refexgodorese punters Seimenios f Teoria do eval 60¢ velo Resumo o Leitures adicioncis.. a Termos introduzidos no Copitvlo 12 13, Evolugéo da cultura Evolugéc biolégica © cultura Replcadors © cpldB0 nun Seciededes Defingo de cul. Tages que permien o culo Voriagéo, ransmisdo © seleg6 wn Verio « lensmsto Selo Resume ; Leturas odicioncis = Termes introduris no Coptulo 13. 14, Planejamento cultura: experimentagéo em prot da sobrovivénci Planejamento pelo evolugio Cameo sli oe A sobrevivene \xiogio oer como crittio Uma sociedade experimental Bxetnen 80 nrnsnsnnna Denoeaci felesade = Wold vo ovo de Sir Obiesies Resume 7 Leituras aiciontis .sanennsn Termos intedurides no Copitulo 14. Apendice indice remissive 243 244 = 246 248 253 254 255 287 258 258 260 261 sone 263 267 268 273 176 woe 281 283 1 284 285 vv 286 286 sn 287 288 290 on 2 291 292 293 294 296 302 304 304 305 307 PARTE UM O que é behaviorismo? Beravioismo éum pio cntenee Aunes bee io events a ai de uma compreensio correta de suas posigoes, mas as concepgbes errbneas s80 Iniimeras, Os trés capitulos desta primeira parte visam esclarecer aquilo que se poderia chamar de “postura filoséfica” do behaviorismo. ‘Tudo que & genuinamente controverso sobre 0 behaviorismo deriva de sua {déia basica, de que tuma ciéncia do comportamento & possivel. Cada ciéacia, em algum ponto de sua historia, teve de exorcizar causes imagindrias (agentes ocul- tos) que supostamente existem por detras ou sob a superficie dos eventos natura, 0 Capitulo 1 explica como a negagdo de agentes ocultos defendida pelos behavioriscas leva a uma controvérsia auténtica: a questio do comportamento ser livre ou determinado. © Capitulo 2 se destina a impedie comcengdes distoreidas que podem surgit porque 0 behaviorismo mudout 20 longo do tempo. Uma versio inicial, chamada behaviorismo metodolégico, baseava-se no realism, vis segundo a qual toda ex- periéncia é catisada por um mundo objetivo e real, exterior © separado do mundo Subjetivo e interno. O sealismo pode ser conttastado com 0 pragmarismo, que s© cala sobre a origem da experiéncia, mas, em compensagio, aponta a utlidade de tentar entender e buscar o sentido de nossas experineias, Uma versio posterior do behaviorismo, denominada behaviorismo radical, bascia-se mais no pragmatismo do que no realismo. Quem néio entender essa diferenga provavelmente terd dificul- dade cm compreender o aspecto fundamental do behaviorismo radical, que é a rejeigao do mentalismo. "A critica behaviorista do mentalismo, explicada no Capitulo 3, permeia o res- to do livro, pois exige que os behavioristas proponham explieagdes ndo-mentalistas do comportamento (Parte Dois) ¢ solugées nio-mentalistas para problemas soc (Parte Tres), Behaviorismo: definigéo e histéria A sat cnr dobar pe tonne mana sinless ‘uma cigncia do comportamento. Os behavioristas tém vis6es diferentes sobre o sen- tido dessa proposicio, e especialmente sobre o que é ciéncia ¢ 0 que é comporra- mento, mas todos eles concordam que pode haver uma ciéncia do comportamento. Muitos behavioristas acrescentam que a ciéneia do eomportamento deve sera psicologia, Esse ponto nao é pacifico, porque muitos psicélogos rejeitam de todo a idéia de que a psicologia seja uma ciéncia, e outros que a véem como ciéncia consi- deram que seu objeto é alguma cutra coisa que néo 6 comportamento, Bem ou mal, 2 cigncia do comportamento veio a ser chamada de andlise comportamental. O debate ainda continua, se a andlise comportamental ¢ parte da psicologia, se € 0 ‘mesmo que psicologia, ou se é independente da psicologia; mas organizagoes pro- fissionais como a Association for Behavior Analysis, e revistas, como The Behavior Analyst, Journal ofthe Experimental Analysis of Behavior © Journal of Applied Beluwvior “Analysis, do & rea sua identidade Sendo um conjunto de idéias sobre essa ciéncia chamada de andlise compor- tamental, ¢ nfo a ciéncia em si, 0 behaviorismo nao é propriamente uma cincia, ‘mas ume filosofia da ciéncia, Como filosofia do comportamento, entretanto, abor. da t6picos que muito prezamos € que nos tocam de perto: por que fazemos o que fazemos, e o que devemos e nao devemos fazer. Oferece uma visio alternativa que ruitas Vezes vai contra 0 pensamento tradicional sobre o agis, jd que as visdes tradicionais nao se tém pautado pela eigncia, Veremos em capitulos posteriores que as vezes ele nos leva em diresio radicalmente diferente do pensamento convencio- nal. Este capitulo cobre um pouco da histéria do behaviorismo ¢ uma ce suas impli cages mais imediatas: 0 determinismo. VB William iA. Boum REFERENCIAL HISTORICO De filosofia a ciéncia ‘Todas as ciéncias ~ astronomia, fisiea, quimica, biologia ~tiveram sua origem na filosofia, e eventuelmente se separaram dela. Antes que a astronomia existisse ‘como eiéneia, por exemplo, os filésofos especulavam sobre a organizagéo do uni- Verso natural, partindo de suposigées sobre Deus ou sobre algum outro padrio ideal e, através de raciocinio, conclufam como seria 0 universo. Por exemplo, se todos os eventos importantes aparentemente ocorrem na Terra, entao ela deve sero centro do universo. Como o circulo ¢ a forma mais perfeita, 0 Sol deve girar fem torno da Terra seguindo uma érbita circular. A Lua deve girar em outra érbita circular, mais proxima, e as estrelas se organizam em tomo do conjunto & manei- a de uma esfera, que é a mais perfeita forma tridimensional. (Até hoje o Sol, a Tua e as estrelas sio chamados corpos celestes, porque se supunha que fossem perfeitos.) "As cléncias da astronomia e da fisica surgiram quando as pessoas comegaram fa tentar entender os objetos e fenémenos naturais por meio de sua observagi. Ao apontar um telescépio para a Lua, Galilew (1564-1642) observou que sua paisa- jgem marcada por crateras estava longe de ser a esfera perfeita imaginada pelos fiésofos. Quanto & fisica, Galilew observou 0 movimento de corpos cadentes, fa- zendo uma bola deslizar por uma rampa. Ao descrever suas descobertas, ele aju- ou a forjar as nogbes modernas de velocidade e aceleragio. Isaac Newton (1642- 1727) acreseentou! conceitos como forga ¢ inéxcia, criando um poderoso esquema deseritive para a compreensio do movimento de corpos na Terra, assim como de coxpos celestes como a Lita : : "ho eriaraciéncia da fsa, Galileu, Newton e muitos pensadores do Thuminismo romperam com a flosofia. O raciocinio da filosofia parte de suposigdes para con- tlsées. Seus argumentos tomam a forma “Se isto fosse assim, entio aquilo seria assim”. A ciéncia segue diregdo oposta: “Isto foi observado; que verdade poderia Tovar w essa cbservagio, € que outras observagies isso levatia?” A verdade filosé fica é absoluta: se as premissas forem enunciadas explicitamente e se 0 raciocinio for correto, as conclusdes seguem-se necessariamente. A verdade cientifica é sem- pre relativa e provisdria: € relativa a observagao e suscetivel de ndo ser confirmada por novas observacdes. As suposigdes filoséficas se referem a abstragGes além do niverso natural: Deus, harmonia, formas ideais, ¢ assim por diante. As suposicdes ‘ientifieas usadas na construgio de teorias referem-se apenas ao universo natural ¢ ‘sua possivel forma de organizacio. Fmbora fosse tedlogo, alm de fisico, Newton Separava as duas tarefas, Sobre a fisica, afitmou que Hypotheses non fingo ("Nao fago hipdteses"), querendo dizer que, ao estudar fisica, néo se preocupava com nenhuma entidade ou principio sobrenatural ~ ou seja, com coisa alguma fora do préprio universo natural. ‘0s gtegos antigos também especularam sobre quimica, tanto quanto sobre fisica, Filosofos como Tales, Empédocles e Aristoteles conjeturaram gue a matér varia em suas propriedades por sex dotada de certas qualidades, esséncias ou prinel- ‘Compreender o behaviosismo 19 pios. Aristételes sugeriu quatro qualidades: quent, fro, timido e seo. Sea substan- cia era um liquido, possuia maior quantidade da qualidade timido; se era wm s6li- do, a maior quantidade era da qualidade seco. A medida que os séculos se sucede- ram, a lista de qualidades cresceu. Dizia-se que coisas que esquentavam possuam internamente a esséncia calérica. Matetiais que podiam ser queimados possufam 0 flogisto. Essas essencias eram consideradas substincias reais, escondidas dentro ‘dos materiais, Quando os pensadores abandonaram essas especilagies e comega- ram a confiar na observagio das mudancas da matéria, nasceu a ciéncia da quimi- ca, Antoine Lavoisier (1743-1794), dentre outros, desenvolveu o conceita de oxi- genio a partir de enidadoses observagies de pesos. Lavoisier descobriu que, quan: do chumbo, um metal, é queimado ein um recipiente fechado e se transforma em tum pé amarelo (éxido de chumbo), esse pé pesa mais do que o metal original; no entanto, o recipiente conserva o mesmo peso. Lavoisier raciocinow que isso s6 po- deria ocorrer se 0 metal se combinasse com algum elemento do ar Esse raciocinio aludia exclusivamente a termos naturais; ignorava as qualidades sugeridas pela filosofia e estabelecia a quitnica como ciéncia, ‘A biologia rompeu com a filosofia a teologia da mesma forma, Os fildsofos raciocinavam que, se havia diferenca entre coisas vivas e nao-vivas, era porque Deus hiavia dado as coisas vivas algo que nao havia dado as nfo-vivas. Alguns pen- sadotes consideravam que essa coisa interna era a alma; outros a chamavam de vis vyiva (forga viva). No século XVII, 05 primeiros fisidlogos comecaram a abrir os animais para ver como funcionavam, William Harvey (1578-1657) descobriu algo que se assemethava mais ao fancionamento de uma maquina do que a ago de uina misteriosa forca viva, Tornou-se claro que o coragéo funcionave como uma bomba que fazia 0 sangue circular através das artérias e dos tecidos, voltando ao ponto de partida através das veias. De novo, esse raciocinio abandonava as suposigies hipo- téticas dos filésofos e usava como tinico referencial a observaczo de fenémenos naturals, Quando Charles Darwin (1809-1882) publicou sua teoria da evolugo por seleco natural, em 1859, despertou verdadeiro furor. Alguns se ofenderam porque a teoria ia contra o relato bfblica de que Deus criara todas as plantas e animais em alguns poucos dias. Até mesmo clguns gedlogos e bidlogos se alarmaram com as ideias de Darwin. Pela informacio proveniente do estudo de fésseis, esses cientis- tas estavam familiarizadios com a esmagadora evidéncia do surgimento e da extingo de muitas espécies, e jd estavam convencidos de que a evolugéo ocorria, Ainda assim, e embora nao mais tomassem o relato biblico 20 pé da letra, esses cientistas ainda olhavam a criacéo da vida (portanto, a evolugéo) como uma obra de Deus. Sentiram-se tio agredidos pela teoria darwiniana da selecSo natural quanto aque- Jes que tomavam a Biblia ao pé da letra Na teoria de Darwin, 0 que mais impressionou seus contemporéneos, tanto os ‘que eram 2 favor como os que exam conita, fol sta explicagéo sobre a origem da vida, que deixava de fora Deus ou qualquer outta forga que nfo fosse natural. A selegio natural é um proceso puramente mecénico. Se as criaturas vatiam, € a variagio é herdada, segue-se que qualquer vantagem reprodtiva apresentada por ‘um tipo levard esse tipo a substituir todos os seus competidores. A teoria moderna a evolugio surgit na primeira metade do séeulo XX, quendo a idela de selecso 20 William 14 Boum natural foi combinada com a teoria da heranga genética. Essa teoria continua a despertar objegdes devido a seu catéter naturalista € sem Deus. ‘Com a psicologia aconteceu o mesmo que com a astronomia, «fisica, a fistolo- gia e a biologia evolutiva. A ruptura da psicologia com a filosofia ¢ relativamente Teeente. Até a década de 1940, era rato encontrar uma universidade que tivesse tum departamento de psicologia, e 0s professores de psicologia, em geral, se ‘encontravain em departamentos de filosofia. Se a biologia evolutiva, com suas raizes em meados do século XIX, ainda esta completando sua ruptura com a dou: trina teoldgica e filosofica, nao é de espantar que os psicélogos de hoje ainda estejam debatendo as implicagdes de se considerar a psicologia uma verdadeira Ciéncia, e que os leigos estejam apenas comegando a descobrir quais sio essas implicagées na pratica ‘Na segunda metade do século XIX, tornouse costumeiro chamar a psicologia de “cigncia da mente”. \ palavra grega psyche tem um significado um pouco mais lamplo que “espirito", porém mente parecia menos especulativo e mais acessivel ao estudo cientific. Como estudar a mente? Os psicélogos propuseram a adocio do método dos filésofos: a introspecgao. Se a mente era uma espécie de palco ow arena, entao deveria sex possivel olhar dentro dela e ver 0 que estava ocorrendo; tra esse o sentido da palavra introspecgdo. Trata-se de uma tarefa difiil, tanto mais se 0 que se deseja € colher fatos cientificos fidedignos. Parecia aos psicblogos do século XIX que essa dificuldade poderia ser superada com bastante treino € muita prética, No entanto, duas correntes de pensamento se somaram para corroct essa \Visior a psicologia cbjetiva e a psicologia comparativa. Psicologia objetiva Alguins psiedlogos do século XIX sentiamn-se pouco & vontade com a introspeceiio como método cientifico, Ela parecia muito pouco confidvel, muito vulneravel @ distorgbes pessoais, muito subjetiva. Outras ciéncias utilizavam métodos objetivos {que produziam medidas verificdveis e replicdveis em laboratérios do mundo intei- fo. Se duias pessoas treinadas em introspecgde discordassem sobre suas conch ses, seria dificil resolver 0 conflito; entretanto, se utilizassem métodos objetivos, 6s pesquisadores poderiam notar diferengas de procedimento que talvez explicas sem os resultados diferentes. ‘Um dos pioneitos da psicologia objetva ft o psiostogo holandeés F.C. Donders (1818-1889), que se inspirou em um intrigante problema colocado pela astrono- tia: como caiculara hora exata em que uma estrela estard em determinada posicio ho cu, Quando se vé uma estrela através de um telesedpio poderoso, parece que Gla viaja a uma aprecidvel velocidade, Os astrénomos que tentavam fazer medidas precisas tinham dificuldade em estimar a velocidade com a previsio de uma fracao Ue segundo, Um astronome ficava ouvindo o tique-taque de um cronémetro que mareava segundos enquanto observava a estrela, ¢ contava 0s tiques. Quando a estrela cruzava uma linha mareada no telescépio (0 “momento de tr&nsito"), 0 astrOnomo anotava mentalmente sua posigéio no momento do tique imediatamen- te anterior & imedintamente posterior ao ttdnsito, © depois estimava a fragao da Comnproender 0 behoviorismo 21 cistincia entre as duas posigdes que ficava entre a posigao imediatamente anterior a0 transito e a linha, O problema era que diferentes astrnomos, observando 0 mesmo momento de trinsito, chegavam a diferentes estimativas dé tempo. Os as- trénomos tentaram solucionar o problema gerado por essa varingdo calcalando uma equaciio para cada astrénomo, a chamada “equacio pessoal”, que computaria (tempo correto a partir das estimativas de tempo feftas por um dado astrénomo. Donders raciociaou que as estimativas de tempo variavam porque nao havia dois astrénomos que levassem 0 mesmo tempo para julgar 0 momento exato do twansito, acreditando que estatiam chegando a seu julgamento através de diferen- tes processos mentais. Pareceu a Donders que esse “tempo de julgamento” poderia ser uma medida objetiva itil. Comecou a fazer experimentos em que media o tem- po de reagio das pessoas - o tempo exigido para detectar uma luz ou um som ¢ eno apertar um botio. Descobriu gue as pessoas consistentemente levavam mais tempo para escolher 0 botio correto, dentre dois botdes, quando uma on outra de duas luzes aparecia, do que para apertar um tinico botio quando uma tinica luz aparecia. Donders argumentou que subtraindo 0 tempo de reaggo simples, mais ccurto, do tempo de reagio de escolha, mais longo, poderia medir abjetivamente 0 proceso mental de escolha. Isso era um grande avanco sobre a introspecciio, por- {que significava que os psicSlogos podiam iazer experimentos de laboratério com 0s mesmos métodos objetivos utilizados pelas outras ciéncias. ‘Outros psicélogos desenvolveram outros métodos que pareciam medir os pro- ‘cessos mentais de forma objetiva. Gustav Fechner (1801-1887) tentou medir a in- tensidade subjetiva da sensagio, desenvolvendo uma escala que se baseava na dife- renga apenas perceptivel - a menor diferenca fisica entre dias luzes ou sons que uma pessoa conseguia detectat. Hermann Ebbinghaus (1850-1909) mediu o tempo que ele préprio levava para aprender e depois reaprender listas de silabas sem sentido ~ combinagdes de consoante-vogal-consoante sem nenhum significado ~ a fim de produair medidas de aprendizagem e de meméria. Outros utilizaram o mé- todo desenvolvido por I. P Pavlov (1849-1936) para estudo da aprendizagem ¢ da associagio através da medida de um reflexo simples transferido para novos sinais apresentados no laboratério, Essas tentativas traziam em comum a expectativa de que, ao seguir mérodos objetivos, a peicalogia poderia se transformar em uma ver dadeira ciéncia, Psicologia comparative Ao mesmo tempo que os psicblogos tentavam fazer da psicologia uma ciéncia objeti- va, a teoria da evolugio estava tendo um efeito profundo sobre essa disciplina. Os setes humanos no eram mais vistos como entes & parte, separados das outras, coisas vivas. Comesava-se a reconhecer que compartihazios com antropdides, macacos csc até peirs,nio somente tags anatémices, mas também mutes tragos comportamentais. chiapas ee ae i See reece ee ‘22 Willem sh Boum [Assim nascen @ nogio de continuidade de espéie ~ 9 iia de que, Teams send rvamnente diferentes ene si, as espécies também se assemelhanm Hom as aan crpediga qu compartnam a mesma historia evotutva, scone de Aer ques | que novas espécies passaram a existir apenas como mesfeaghce ‘de espe ensino a rege evolu como qualquer avira, nossa espéce deve, entio, ces como modifcagae de alguma ora, Ficava fll ver que nds. 605 antropéides, surgido com mais comuns, ue antropbides e macieos tinham ancessrais com, {gue macacos e muiseranhos tinham ancestrais comuns, ve ‘musaranhos € répteis tinham ancestrais comuns, € assim por diante, rece azbes levavarn a esperar que, 2ssim como podfamos ver as OFA de meses wragoe anatomicos em outras espécies, poderiamos também ver 2 ore Gens de nosson peoprios tragos mentas, Presumin-e, Naural, We ossos fragos mentais apareceriam ein gutras espécies ecb formas ne simples ou rudi renee a ela de fazer comparacoes entre espécies a fim de conhecer me Thor a nossa propria deu origem & psicologia comparative a nossa propre une ag comparagées entre outras expécies © a nossa. O Prt prio Darwin esreveu um io chamado The expression ofthe enovions tat ‘and Bro Dari Gaitio. as provas de existéncia de uma mentalidade aparenreret% a tis animals consist em observagoes casuals de craturas so %, pamen ommestiens, observagbes essas que mata vezes nao Dasavan de relatos Be do eaicos de esimnagzo ou animais de eiaglo, Com um pouso de reat hngao teria possvelsmaginar um c#o que aprendet 2 bri 0 port do jar in nie eee rine, depols de observar o exemplo de seu dono ¢ racioeae din evamyors css, sevia posefvelimaginar que as sensagbes, of pensamenses © sobre ver fo each devetlam ser emelhantes 208 nossos, east por iste aa rene Romanes (1648-1094) levou esse racocinio a sua conclus sie che: ‘finda lefender que nossa propria conscignein deve servic de base 9 nose conje- Fen esses eventual ténue consciéncia que ocora, digamos, em formisns oor a de thumanizat a best", ou aropomorfismo, soou espectistys demate nna alguns prcdlogos. No final do sculo XIX € m0 inilo do see 3K, 08 cemaloge comparativos comecaram a substitar as vagas informeceee anedéticas pat seagaes rgorosee, conduzindo experinmeantes com animal, Mctas dessas por aces peaguisns bascaram-se em labitntos, visto que qusaes eas 2 Brimeias Desi jeo sez humamo até 0 rato, 0 peixe ou a formiga, pode ser agen rane go de un lnbrinto, Era possivel contaro emnpo que a esata levaee ran atravessar olabirigtoe o nero de errs que eometia assim come declinio Partgampo e nos exros & medida que 0 Iabirinto era dominado, FM" sya en de roe a besta, esses primeizos pesquisadores frequentemente acrescoret) aareaatagbes sobre estados mental, pensamentoseemogbes dos animais Pte eon, que os ratos manifestavam aborrciminto 0 fazer Um erro, on mos revvam confusio, hesitagao, confianga, ¢ assim por dlante. prablems dessasafrmagées sobre conseiéncia animel era flcarem Pi a mnetce de pesos indivunis, Se duas pessoas, ao fazerem wine intraspeccho, Pes sae oe eee ge estavam se sentindo iritadas ou trstes, com mais raze dvs Sense dlcorderiam sabre um rico sense irtado ou gist, Dados cari sub- Poa diepserragoes, 0 dlcordaneia no podera ser resolvida através de outros Compresndorobehorinsims 23 experimentos, Pareceu claro a John B. Watson (1879-1958), 0 fundador do : : SS seems be oa ee tram ainda menos confidveis do que a intospecgi0, ¢ que nenhuma das du poderia servir como método para uma verdadeira ibaa oe A primeira versio do behaviorismo Em 1913, Watson publicou o artigo “Psychovo i sychotogy as the behaviorist views i, qu a vfs como meses do neieate behavior, Glad pla patcologia objetiva, Watson axticulou a crescente insatisfaco dos psiclogos com a Inmompecsi aon como moor. Quay gb csp, 2 jo dos métodos utilizados pela fisica e pela quimica, sivame Gependente de ndviduge Perec eee eee ie nao conseguir reproduzir meus dados (...) é porque sua introspecgéo no stem imate pegtices Ticemcmmcre ss iene ctl set ‘ambém néo erain confdvels a5 andlogk : : eis as analogs ene animals ¢ seres hum ‘Watson se queixava de que a énfase na consciéncia 0 obrigava & ae sh tn euro me un ie ometo vias eaando, Nessa perspec, deplete emcnerado cee ee i yainpkicae ou compen fe scetmetodos de aprenizgen eo de baitor pnd bn eros pr Semen fate de extinlos ao guns wormalinene esponde, «fa ampli Sex quae pode responder soe condies epetimentas er emes mals gentr- oe tous Wanos problems eas vanes fas Ge esos ~ sida deve.amos Scher gu etal tl mera gue or resoaes So ites que Pose wane alton ie, ox enol, a Ga onsen.) setimo os oblgads, Tuer alga cole sobre oe als process mena Je nwo ial. ie tho que nto endo as ne corente de consclnca no Pode contr ens Staci angi, nd pn Settee bo pode contr cesnpes cs dove, ado slgrdo © age Mas Sots Pe er Ge tnpnds aces em, aes ae a i de sun conse deve oo conic om lten exc ree casagbes Cas catern«poseldeonetara sade de na Sousa como oa ee : ‘ae Ge feu nen sal talon comportamentais (Watson, 1913, p. 159- to. a = 24 Wiliam Boum Cspsie6logos se emaranararm nesses esforgos infrutferos,argumentou Watson, pocque definiram a psiclogia como cifncia da consciéncia. Essa definigio er res pensive pelos métados poueo confidvels pelas especulagées infundadas. 9 Tes onsdvel pela incapecisade da psicologia de se tornar uma verdadsiracléncs Ta Pen disso, escrevia Watson, a psicologia deveria ser definida como ciéacia do comportamento, Desereveu sua decepgio quando, 20 ver a gsicolegia definkle oe Faicib de um Livro de Pillsbury como ciéncia do comportamento, descobriu que Zepois de umas povcas péiginas 0 texto parava dese referit a comportamenie ¢ eo sep eisco voltave 20 “tratamento convencional” da consciéncia. Reagindo, Watson si oten, "Acredito que podemos compor uma psicologia, defini como Pillsbury, Camas renunciat a nosea definigio: nunea usar os termos conscléncia, estes «atts tnente, conelo, veriicévelinrospectivamente, Imagens © coisas pares das” (Watson, 1913, p. 166). Guitar og termos relacionados & consciéncia e A mente deixaria a psicologia livre para estudar 0 comportamento humano e animal. Se »continuidade da espe- {be podia levar a “humanizagdo da besta”, podia da mesma forma levar so opesto {bercallzagio do ser human0?); se ides sobre seres homens pudessem ser 2p oer antinais, ent prineipios desenvolvidos através do estudo de animais po- Gian cer aplicados a seres humanos. Watson contestou o antropocentrisiro, AN SRaam pielogo que, a0 estudar a evolugio, “coleta dados @ partir do estudo de or its eapéctes de planta eanimais,etenta elaborar as leis da heroditariedade do Tipo eapecifio sobre 0 qual esté conduzindo os experimentos (.). Nao é juste dduer que todo o seu trabalho ¢ dirigido para a evolugdo human ou que deve Ser {nterpretado em termos da evelugo humana” (Watson, 1913, p. 162). Para Watson ‘ra claro gue 0 caminko era fazer da psicologia uma ciéncia geral do comporta: mento, que comproendesse todas as espécies, e na qual os seres humanos seriam apenas mais uma. ‘Essa ciéncia do comportamento idealizada por Watson no usaria nenhum ‘dos tenmos tradicionais relerentes & mente e & consciéncia, evitaia a subjetividade de introspecgao e as analogias entre o animal e o hutnano, ¢ estudaria apenas © Comportamento objtivamente observavel. No entanto, mesmo no tempo de Watson, So pena iovistas discutiam a propriedade dessa teceita, Nao erx claro o que objetivo queria dizer, ou em que consistia precisamente o comportamento, Como esses te i fiearam abertos & interpreragio, as idéias dos behavioristas sobre o que cons- Teal cléncia © como definir comportamento divergiram a0 longo dos anos. © mais conecido behaviorista pds-Watson & B. F. Skinner (1904-1090). Suas Jdéias a respeito de como chegar a, uma ciéncia do comportamento mostram wm Kiede contraste com a visio da maior parte dos outros behavioristas. Briquanto a rintipal preocupacio dos outros eram os métodos das ciéncias natura, a de Skinner Toi explicacto ientfics, Sustentou que o camninho para uma citncia do compe: canccnte estava no desenvolvimento de termos e conceitos que permicssem expli- tubes verdadeiramente cientificas. Rotulos a visio oposta de behaviorismo mete. Goligizo, © chamou sua propria posigéo de behaviorismo radical Falaremos mais sobre ambos nos Capitulos 2€ 3. Comproender ¢ behevirsmo 25 Quaisquer que sejam suas divergéncias, todos os behavioristas concordat com ri sn de son € ps ince natured do com ° 1a psicologia pode ser essa ciéneia. Essa idéia central desperta contro- PEs andlogas i veaao contre explngo natural de Dann pra a evel Gio, Se Darwin agredi ao deixar de fora a mao oculta de Deus, os betavioristas agridem ao deixar de fora outra forga oculta: 0 poder das pessoas governaretn set préprio comportamento. Assim como a teoria darwiniana desafiou a venerada no ‘gdo de um Deus criador, 0 behaviorismo desafia a venerada nocéo de livze-arbitrio. Como esse desafio freqtientemente suscita antagonismos, a ele passaremos agora. LIVRE-ARBITRIO VERSUS DETERMINISHIO Definigoes Na idéia de que é possivel uma cigncia do comportamento esté implicito que 0 a nogiio de que o comportamento € determinado unicamente pela € ein 1p ite pela hereditariedade Muita gente faz objedes ao determinismo. Ele igs no & hereditariedade ¢ ao ambiente. Essas tradiges mudaram um 2 hereditariedade e ambiente, que as pessoas tém Il cher o curso de fee coeapearan hckicrraeticoncs supée um terceiro elemento além da hereditariedade e do ambiente, supé Ee o e lente, supde algo: dentro do individuo. Afirma que, apesar da heranca e dos impactos ambient ais tuma pessoa que se comporta de dada forma poderia ter escolhido comportarse dé to, meu ato de tomar sorvete poderis i . Eee} gue causam 0 comportamento. ; me Para o livre-arbitrio teorias chamadas de “determinismo iano" © "reortas 26 William. Boum Donald Hebb (psie6logo behaviorist; ver Sappington, 1990), defende ave o Here: aon eee a em comportamento que depend da hereditariedade ¢ da hissria aaa a fatores menos visveis do que o ambiente atval do individuo, Mas, cou a ponte de vista ainda considera que o comportamento resulta unieamame da Se pont gomeio,passado e present, deixa implicit que livre-arbitrio € apends aera onda, ura fst, ¢ ao uma relagéo causal ene pessoa ¢ a6: & aaa eae ptizadora de ire-arbfro proposta pelo fksofo Danse Denne define se rrercarbirio como deliberagio antes da aco (Dennett, 1984). Desde ave & Sclbece sobre tomar o sorvete (Serd que este sorvete vai me engordat? Seré aVe sotto compensar a5 caloras ingeridasfszendo exercicio? Posso se feliz 66 C4 Posse cfazendo regime?), meu ato de tomar 0 sorvete€ escolhidolvrements 0 Feipativel com o deterninismo porque a propria deliberagao é um compote eer pode ser eterminado pela heredtariedade e pelo ambiente pasate Be a Geliberarzo tem algum papel ho comportamento que a segue, estar func: setso apenas come tum elo em uma cadeia de causalidade que remonta s Oot Peaatos no passado. Entretanto, essa definigio nZo se conforma ao que as Dessoes convencionalmente chamam de livre-arbitric. rna sem sentido ou impossivel se nfio houver livre-arbitrio. A idéia de que isd joven den cue Sremotira tu inrecnrb. Se, em ana eliio, una peso puder Yor de de ormas Soe a naermcartee veniéncia, educagao farniliar, valores), mas também de eventos imediatemente an- ins Scamp Pa ce eons och at so mudar de lado em fungio de um bom discurso, sem o qual eu votaria em gas ‘candidato, Para que uma eleigo tenha sentido, as pessoas néo precisam ser ic; ts apenss que su commporsmento ssa ater eel = persia Cdernminantes abeneais cao pra). im rrr onan pia ons a nt Shamos ges smo conjnte de prose unten Ein soled democritica, as pessoas so mais felizes e mais produtivas do que sob qualquer thomas guia ou dada conheldas, Em vee de nos preocuparmos com «pera €o TRecablao: posers, com malr ove, nos eaumar oq fem adem gave sap S oy nln owas gs demon train sa ns ors pcm gma ate oun si ty nse sgn cae ee prani ureue ovun,Ura era eno e ame sent paca act pr se ese pate, tic vine de acl compen ori me em 28 Wilicrm i, Bourn deslocando cada vez mais para as escolas a educagiio moral, que antes st rae e eepre no lar A media que nos apoiamos mais nas escoles para produait bons 8, felizes e eficientes. = aa ae ‘ao sistema judiciario, ele existe para lidar com nossos fracassos, faa da mesma forma no futuro. Colocar o criminoso na cadeia ja se mostrou- de duvic lo- Argumentos estéticos 0s eiticos da nogdo de Tvrearbitrio mutes vezes apontam sua falta de Iésich ‘Mesmo tedlogos que promoveram essa iia se embaragaram com o paradox de sex conto com um Deus onipotente. Santo Agostinko foi claro: se Deus faz. tudo eaabe tudo antes de acontecer, como pode alguém fazer alguma coisa livremente ‘Da mesma forma que no detsrminismo natural, se Deus determina todos os eves: Ro nelusive wossos atos), entio é apenas nossa ignordneia — no caso, da voniade de Deas - que nos permite a ilusio do livee-arbitro. A solugio tealdgiea comum Ghamaro livtearbitrio de mistério; de alguma forma Deus nos dé o livre-arbitrio pesar de Sue onipotencia, Esa resposta € insatisfat6ria porque afronta 2 J6gica iio resolve 0 paradtoxo. a ee Para como deteminismo, vino ow natura olie-abitio parece ser fungao da ignorancia. Na verdade, pode-se argumentar que o.livre-arbitrio & Simplesmente um nome para a ignordncia dos determinantes do comportamento Quanto mais sabemos das razdes que esto por trés dos atos de uma pessos, tanto menos aos ielitamos a atibu esses aos a0 lve abltrio, Se um grove de be carros vem de um meio pobre, tendemos a atribuir seu comportamento 20 meio, quai mals sabemos do abuso € da negligénela que ele sofreu por parte de sua Fannin e da sociedade, menos provivel se toma que afirmemos que sua escolha fol Inne Quando sabemos que wm politico foi subornedo, néo mais achamos que cle ode assum posigoes politicaslivremente. Quando ficamos sabendo que wm aris: Compete ohare 29 ta recebeu o apoio dos pais e teve um grande professor, sentimos menos admiracgo por seu talento, © outro lado desse arguments é que, independente de quanto se saiba, ainda assim nio se pode prever exatamente o que uma pessoa far em determinada situa- io. Essa imprevisibilidade € as vezes considerada prova de livre-atbitrio, Entre- tanto, o clima é também imprevisivel, mas nunca olhamos para ele como produto de livre-arbitrio. 14 muitos sistemas naturais cujo comportamento momentineo io podemos prever, mas nunca os consideramos lives. Fixarfamos para a ciéncia, do comportamento wm padrdo superior ao das outras ciéncias naturais? Além dis- 50, 0 erro légico envolvido ¢ féeil de detectar. O livre-arbitrio realmente implica imprevisibilidade, mas de forma alguma isso exige 0 inverso, ou seja, que a imprevisibilidade implique livre-arbitri, De certa forma, deveria até ser falso que o livre-arbftrio implique imprevisibi- lidade. Meus atos podem ser imprevisiveis para outra pessoa, mas se meu livre. arbitrio pode causar meu comportamento, eu devo saber perfeitamente bem o que ‘vou fazer. Isso exige que eu conheca minha vontade, pois é dificil ver como uma vontade desconhecida poderia ser livre. Se decido fazer regime, ¢ sei que essa é minha vontade, entio devo prever que contimiarei com o regime. Se conhego mi- nha vontade, ¢ minha vontade causa meu comportamento, deveria ser capaz de prever meu comportamento de forma perfeita ‘A nogio de que o livre-arbitrio causa 0 comportamento levanta também um espinhoso problema metafisico. Como um evento nao-natural, como o livre-atbf- trio, pode causar um evento natural, como tomar sorvete? Eventos naturais podem levar a outros eventos naturais, porque podem estar relacionados um com 0 outro no tempo e no espaco. Uma relagdo sexual leva a tum bebé cerca de nove meses depois, A frase leva a deixa implicito que a causa pode ser localizada no tempo € no espago. Por definigao, entretanto, coisas nfo-naturais néo podem ser localizadas no tempo € no espaco. (Se pudessem, seriam naturais.) Como entio um evento no-natural pode levar @ um evento natural? Quando e onde o querer ocorte, de modo a me levar a tomar sorvete? (Outra versio desse problema é o problema ‘ente-corpo, que nos ocupard no Capftulo 3.) A nebulosidade dessas conexdes hipotéticas conduziu ao Hypotheses non fingo de Newton. A ciéncia admite enigmas ndo-resolvidos, porque um enigme pode, ao final, render-se a novos pensamentos € experimentos, mas a conexio entre o livre-arbitrioe a agio nfo pode sér elucidada dessa forina, E wm mistério, O objetivo da ciéncia de explicar 0 mundo exclui mis- trios que nao possam ser desvendados. ‘A natureza misteriosa do livre-arbittio, por exemplo, vai contra a teoria da evolugio. Primeiro, ha o problema da descontinuidade. S¢ felta live-arbftrio aos ‘animais, como foi que ele subitamente aparecen em nossa espécie? Teria de ter sido premunciado em nossos ancestrais néo-humanos. Segundo, mesmo que os ani- mais pudessem ter livre-arbitrio, como poderia uma coisa tio pouco natural ter evoluido? Os tragos naturais evoluem por modifieagio de outros tragos naturas. Pode-se até imaginar a evolucio de um sistema mecinico natural que se compor- tasse imprevisivelmente de tempos em tempos, Mas nih como conceber uma forma pela qual a evolugdo natuyal resultasse em um livre-arbitrio nao-natural Talvez seja esse um poderoso motive para a oposigto de certos grupos religios0s & 30 William Baum ceoria da evolugio; inversamente, € um motivo igual ner poderoso para exehuit © Meeuibtirio ds explicagbes cientifieas do compor aime Ton Gfete, coda a razio por que apresentames C38 argumentos contra 0 tivre-abtrio € realmente mostrar que abordagens ‘ientificas do comportamento dus excluem o lve arbitrio so possves, Os AFB ‘visam defender a ciéncia gue or ovtamenco conta a suposiio de que o COmPOr A, Frumano no pode Jo com endtido porgue as pessoas tem livre arbiie. A ‘anélise do compostamen- we Sita uso do conceito em arenas em que ele er, conseqiéncias infelizes, como we etema judicidrio (Capitulo 10) € no SovernO (Capitulo 13). A anzlise do com Mostamento omit oivr-arbtio mas no impos ‘prosbiges ao uso do concelto no porta rotgiano ot nas esferas da religifo, poesia e INST sacerdotes, poetas discus eo alam com frequéncia de ive-arltrio«esco!hos Tivres. Uma ciéneia do «etecamentopodera pretender expicar ess {0 Toe de nenhuma maneira rails. Nest iro, de todo modo, exploramos con? ‘compreender 0 comporta aro sein conecitosmisteriosos como Hvre-arbitso. RESUMO odes os benaviorstasconcordam que é possivel uma Cenc do comportamento, ‘que velo a ser chamada de andlise SPenpertemental. Apropriadamente, 0 behavio- sino € visto como 2 flosofia dessa ciéncia. een. efénelas se originaram da filosofia e dela se separ Aastronomia ca isien surgiram quando os centistas passaram de especulagio filosifica & obser (defo. ho fzé-lo, abandonaram qualuuer prcocuPagts So ‘coisas sobrenaturals, vaio, fe fers unverso naval explicando os eventos noes referénecia & coer aentos naturais, a mesma forma, @ avimiea seParen da filosofia quan- catrandonou a idea de esséncias internas e ocultas 6979 ‘explicagao dos eventos Soimicos. Anse tornar ciénca a fsiologia abandonc™ 2° 1 em prol de expliea see ecaniistas sobre ofancionamento do corpo, A eer ‘da evolugio de Darwin Sersereebida, em grande medida, como wn ataque religito porque se propunha vol Pefear a eriacto de formas de vida apenas com ete naturals, € sem a mS0 a meharural de Deu. A psicalogia cientifica também’ nase da filosofia, ¢ talvez ooo oe separanco dela Dols movimentos promoveratt ruptura, @ 0 sagas objeniva ea psieologia comparativa, A picn/o8 ‘objetiva enfatizow a obser- sae experimentagio, mérodos que cavacterizavin 96007 cigncis. A psico- Tosia comparativaenfatizon a orgera commu de soo espéctes, inclusive seres logia comparsclegae natural eajudou a promoverexplicagoes ‘puramente naturals jeerea do comportamento harano. 2 do emgon, que {undo o behavirismo, adorou o cominne da psicologia compntve, Aacou t ida de que apsicologia era 9 2 ‘da mente, mostrarido corm a iatrospecgéo nem analogs com 2 Consens animal produziam 0 gue nem a gets obtidos pelos merodos de auras cence Sr que so: resultados conti exeydo do comaportamento poderia a pscelogia SE) & confit: mente atv meralidade necesstins para se tomar ums cence natural Compreender 0 behoviodsmo 31 [A idéia de que o comportamento pode ser tratado cientifieamente contin onern,poree daa eo de ok oe de ocala do indi do, Promove a determine, szunie 0 {qual todo o comportamento st origina eranga genélca ede eventos ambientais. 0 termo lire arbirio dsigna 9 St os cada ue tim poss de oer ex compara livremente, sem evar em conta heranga ou o ambiente. O determinismo afirma que 0 livre avi # uma so fundega naar dos fatores que detenminam o compor- ten Cooma ersobranda adeno ese compatiblizadoras efendem a ida de que o lvrebirio € apenas una ilo, nfo representam ue obec do omporamets, Apne olivrearbiti libertdrio, a iia de au as pesos resents psstem 2 apicidade de se comportar da forma que esoleram adtada plo dann © Plo ‘istianismo), entra em conflito com 0 "Como a disptta entre determinismo e livre-arbitrio nao sch tes ce rao hae ro el ee pons ces a apa em angunios ratios contains ¢ cestétcas = 3 extieos do determinismo argumentam que a crenga no livre-arbit cs rca amt baka argumentam qu prvarlnentg ‘oposto € que é verdadelro ~ uma sboidegem eamportamienta potas sc pode aperfigoar a demoeracia e feorece 0 comportameo Gen Quant & cesiética, 05 eriticas do livre-arbfeio chrom guele mem Coupee teteicsno 39 bos see eso conjunt de expesitneas econheciments sidade de familiariz4-los Bt ing uso deiide, de side de ai on si scones pre ang uh evo def, de que o resultado possa ser determinado de antemo (Mach, 1960, p. 5). ‘Um aprendic de olero, por exempl diz de olero, plo, aprende a moldar a aril, a queimél; sprend coo 0 os dents pos deals eae este sae pot dian «Sem ee tip de ins, ends ne poder ‘certeza sobre os procedi- en etn fet seguldos para qué © produto final seja de boa qualidade sue deve inal seja aldo Sens coc qe perten c nt dn ese ‘ies tra rimentar e descobrir a ten a ae 04 ° cas a patir do zero. [80 nfo apenas seria icc conn ann inp elo dentine a longo das Tagbes. imagine como seria‘aconstrugdo de uma casa nos dias de ho Eanpintciros nao pud iciar a rpinteco de com caps ne puesto se bear das expen dor expats de com Economia conceitual A ncia é como outras atividades especializadas. Se estou Ihe ensin xpermeme” im ver dso, eu Ihe explicarei conceitos como dar partida, digi ear, aceeray,mudar de marcha, ¢ assim por dante, Voce ent sabeté 0a ner ESE Ei a a aan Smee quan a deri ar eve pode a novamente”. Voce peeeia descobrir es: ss re , através de ia experiencia, mas é muito mals ficil se Sed rinsaefssn coo orcTos deers e mung de match tos yeoton par dane una comrcenso de om di sconeetos cen. fices nos permitem passar adiante wm entendime Fendi com outs ipeua i aunie metal ona et caseiee See ree aCe Descobis ent, o au prance nara no brit a partir daf os elementos ¢ set | modo de i versio incrdeyendenca eh Ewa en ft, As ote cirmgeo «compact eee deonecessria s espera de novas experiéncas;procua nos poupat gece duevpriesa, ode een chs terpendncs A fendmenon, sun a i io deere ares pode nec ade que auto detenminado evento ocrterk (1960. p. 7-8) a onBNuen pers linc ccna qe pamken pos & ous ques ean som oie no mun, aque eb desis event rceitos que pertern a previsao com base na experiencia pasa coments Guan ct eam tn con ng He came cna arn coteahsia copia de exes revi Bea crmniten falar eeonomicamente dessazexpoctativas © prev ecesade de repeddamente dave longeeexpeagoes AQ Viliom M. Boum mos econdmicos e sintéti- Como exemplo do mode como a ciéncia inventa termos eco cos, Maat Seana desenvolvimento do conclto de “a, Comesou no tempo de Galilew (1564-1642): icp tne nt aoa a Ce ee edu nek ees case ene me eel cats mit yale toe crs nite Sse ces 5 ia o-ay, de modo que ele ‘se voc! jé entocou um copo sobre a boca e aspirou todo 0 a a ficasse colada em seu rosto, voeé sentiu o vécuo “puxando” sua bochecha pat dentro do copo. Atualmente, iso seria descrito como ago da presséo do ar. Um passo crucial nessa mudanga de perspective foi a observagio de que o ar tn eso: io pesando wma Galllew se empenhou (.) em determinat 0 peso do as, primeiro pesado wma Sartafa de video que continha apenas af, depois pesando noversente# gama Eber o atte sido percalmence expelide pelo clot Soubesse, entBo, que o ar ert pesado. Mas para a maloria dos homens o horror vacui € © pero do at eran ogdes conectadas de modo multa remoto (1960, p. 127). Foi Torricelli (1608-1647) quem primeiro viu a conexdo entre suogio e peso do ar, Hle observou que sm tubo fechdo em uma das extremidades, preenchide fom meretirio, e vertido com a extremidade aberta em uma tigela cheia de merct- lo, conteria véeuo no topo e uma columa de merctiio de certa altura abaixo dele. ‘Mach comentou a respeito: és ima suf fr posse que no caso de Toriceli ax das dias tenham se aproximadosufce Epemenre pce Talo connegio de qus todos or fenémcnas trbuldos no amc erem explicévels de modo sunpes¢ Kio pea press exer eer ae tana cena Nuida~ ua cluna de a Tec descobri, eno, 2 ae ia fo le amb o primo observa através de sia cluna Gs toerlo ax vvtghes da pressfoatmostria (1960, p. 187). |A invencao da bomba de vacuo possibilitou muitas observagdes posteriores “acter foram fetas por Guericke (1602-2686), que possufa uma das primiras bom- ‘bas de vacuo eficientes. Mach comentou; é 0 silo wires « diver: 0s fenmenos que Guoricke observ cam esse pare ver ua, bro ue yn oz no eo aos oar com aces 0 cee tec sito, a preipitacio violenta co av eda dye ecgintes ripe oe eiphamente aberton asa, atraves da exaust, de gases Se Compeeender obehavorsme A sorvidos em lguidos(..) foram imediatamente observados. Uma vela acesa se extingue durante a exaustéo porque, como conjeturou Guericke, ela se alimen- ta do ar (..). Um sino nio soa no VSeuo; as aves nele morrens; muitos peixes Incham e finalmente estouram, Uma uve se mantém fresca no véeuo por mais de meio ano (1960, p. 145). De acordo com Mach, o eoneeito de ar possbilitou que todas essas observa- Ges (isto &, experiéncias) fossem vistas como interligadas, em vez de serem toma- das como diseretas e desorganizadas. A palavra ar permite que se fale delas como relacionadas umas as outras, de modo fécil e com poucas palavras. 0 conceito propicia economia a nossa diseussao, Explicagéo e descrigéo Em algumas das transcrigées acima, Mach sugere que o objetivo da citneia € a deserigio. Para o realismo, observamos que o objetivo da ciéncia nao é uma “mera” descrigéo, mas sim uma explicagio baseada na descoberta da realidade que existe além de nossa experiéncia. Desse ponto de vista, a descrigSo apenas resume apa- réncias, enquanto a explicagéo fala do que é realmente verdadeiro.Para pragmatistas como James e Mach, porém, nfo existe essa distineso porgue, falando em termos priticos, tudo que a ciéncia tem como suporte sio aparéncias~ isto é, observaqses ‘ou experiéneias, Para o pragmatismo, explicagio e descrigio sto una tinica e mes- ma coisa, © que importa para 0 pragmatista & que, ao descrevermos nossas abserva- 6es, usemos termas que relacionem um fendmeno a outro. Quando conseguimos ‘er relagses, ver como uma observacao se relaciona com outras, ent@o nossas expe- rineias aparecem como ordenadss e compreensiveis, em vez.de cadticas e misteric- sas. Mach argumentava que o trabalho da ciéncia comeca quando alguns eventos parecem fora do comum, quando parecem enigmiticos, Portanto, a ciéncia procura aspectos comuns nos fenémenos naturais, busca elementos constantes a despeito de toda variacao aparente. Voc® se pergunta o que significa uma esténua do Mickey Mouse na mesa de seu chefe até ficar sabendo que se trata de um telefone. Quando ctianga, eu estava acostumado com a idéia de que as coisas caem quando vocé as solta porque tém peso, por isso fiquei surpreso ao soltar um balio de hélio e velo voar no espaco. Mais tarde, vim a aprender 05 conceitos de densidade e flutuacéo (elementos convuns) e entendi que um balao de helio fiutua no ar do mesmo modo que um barco flurwa na agua. ‘Mach afirmou que esse processo ce descrever um fendmeno em termos co ‘uns, familiares, é exatamente 0 que se quer dizer com a palavra explicacio: Quando atingimes o panto em que somos eapazes de detectar em todo lugar os mesmos poucas € simples elementos, combiaiados de mancira ordindzia, ces ex- ‘0 nos parecein familiares; nfo mais nos surpreenxiemos, nfo h mala nove om estranto para nés nos fendmenos, semimo-nos & vontade com ees, eles #0 mals ros éetxam perplex, eles esto explicadas (1960, p. 7), 82. Wiliam. Bours ‘A explicagio centiica consiste apenas na descricio de ers Sh texmos famines Ela nfo tem nada a ver com a revelagao de ume realidade escondida ‘além de nossa experiencia. de nossa oP surpreenda com o tom subjetivo de Mach: os evens esto exptiador quando “nes senkimes & vontade” com sles. © pensamento de Mach, cxplcads je que um evento se mostra familar (&explicaco) ‘quando € deserito ereeemoy familiares. Embora wm pragmatsta vsse 0M ‘eo familiar simples- or tern um termao bem-aprendido, outa pessoa podria SPE ‘que a familiani- ment conde de sntimentos. No realism, o que torna wn on “familiar” nio Sa ae raye © proprio evento ~ nada objetivo, mas dlgo sob To experiéneia et epvente ou eventos similares ~ algo subjetivo. Quando St baliio de hélio co ea evento parece misterioso cu fliar aos ols 4. reelista, dependen- sob, este algo sobre o evento objetivo, mas de sua aprecioci® ‘subjetiva do evento. ‘a pragmatimo, ensrtanto se ivesse de haves un 8 .gdo entre subjeti vided eneidade, ela seria totalmente diferente daquels 60 realismo. Seria vitae ee que o confit entte subjetividade ¢ objetvidade resolve para © Sragmatismo erp favor da subjetvidade. Uma vet que & fexisténcia de wm mundo prapmjetivo, nao € necesiri, a objetividade, & ave "6 algum significado, Hoderia sen, no méximo, wma qualidade da investigagio cientifica. Para 0 peagmacsmo,seiacoerentesimplesmnente abandone) dois termos de uma ver. Pade parecer peculiar que, em alguns dos wrechos citados, ‘Mach use a palavt2 descob ta no fat das atividades dos cientisas, Uma descoben Tete supot a descr fem das aparéncias, em dicegio & exstenca real da coNe™ dia {que setia coerente com o realismo, Para Nach, “gescobrir” os elementos comuns see er er esa mesma coisa que iventarconeeitos. Cada Jere ‘coma os femonde 9 uma cntegoria ov tipo, e seu rotulo 60 coneeto Consider SO tipo de evento gue chamamos de “fkutuago” = PTs fluruam na agua e bales oie utuam no ar, O comportamento do bao de héto rts ‘compreensivel depois que inventamos (ou descobrimos) 0 conceio de futuagao. Do mesmo modo (Que a esting entre subjetividade e objetividade, & ‘istingdo entre descoberta € Je ce gesapaicee para 0 pragmacismo, Comentando 0 cance) ‘de at, Mach aver nO que poderin ser realmente mais maravilhoso do °° © sibita deseo- Serer que algo qe no vemos, difieimente sentimos ¢ S\% indo notamos, bert de ae cays envove por todos os lads e penetra toda is Soe! dee corer mas importante da via, da combustio ¢ de [enn ‘mecdinieos Sigantescos?(p. 138) Entretanto, Mach poderia simplesmen's {5 ‘afirmado que o wre concelto, foi uma invengdo rharavilhoss cone lnanela Lavoisier, que “descabri” 0 oxigénlo, descobr™ OT node de hive da combusto, Poderiainossimplesmentedzek ahs fe OT um sane ean ipent, (0 leitor interessado deve recortet 20 iro ‘de Kuba, The ovo tere nie revolutions (1970), para wma. discussio mats reeenie sobre a dentidade entre descoberta e invencdo.) iad ereste livo (particularmente nos Capitulos 6 € 7), welarenie | ise tir a Questo dos tormos cientfficos, pois, de uma otica behavon er nenhuma das eiaatns = vengao om descoberta~ descreve a cents 0 Fee ‘quanto a idéia de alae gcuso clemtfic €,afial, comportomento, Veremos que ientita € ab Compreander obehaviorismo 43 guém que se empenha em ezrostpos di os de comportamento, ncusive certs tipas comportamento verbal. Por ora, no entanto, continut com soem ave compere eantinuamios coma dscussao ex nivel BEHAVIORISMO RADICAL E PRAGIMATISHO Obehaviorismo contemportineo, radical, baseia-se no pragmatist buscade descrigdes ‘econdmicas e abrangentes da experiéncia natural humana ‘ro mento € ‘descrevé-lo em termos que o tornem familiar ¢, portanto, explisado”, see iodo buscar ampliar nossa experiénci natural do comportamento atr- vés da observagio precisa. fe questo ‘Se estou separado do mundo real, entéo onde eu estou?” A resposta, de scan oe pig nc aun ae on em ue voct ‘experimenta sensagées, pensamentos e sentimentos. Somente seu ‘po externo pertence ao mundo exterior. ‘Como vimos no Capitulo 1, tal dualismo Cree rue nue miso po “Como o eo 8 ete obtida porque 0 eu interior é separado do mundo natural, e nfo ha maneira de ‘entendermos como coisas ndo-naturais podem afetar eventos naturais. Discutire- mos mais esse ponto no Capitulo 3. Por ora, note-se que se aceitamos o dulism interior-exterior, uma ciéncia que lidasse somente com o comportamento- “exterior Lena ae efeito, os behavioristas costumam ser acusados de imme. ta que a andlise do comportamento lida com: 36 mundo eo 2 7 haviorismo antigo, metodolégico, baseava-se no realismo. Como realis- emus ‘a ciéncia era constituida de mnétodos para o estudo do mundo ‘fora” do, are es ote ee ae ne meanest “ainda te possam se surpreendes a0 [et iso, a maiora ne ee len Ravn ada ig m0 me AA Wilcrm Mt. Boum rior - mente, meméria, atudes, personalidade, © assim por diante ~ através de si ce coure o mundo interior a partt do comportamento exterion 2} com ¢ aacempenho em tarefas de estimativas, quebra-cabegas, testes coms neh papel sestucttondios J que os psieblogos experimentais nao cém mélodos Pave Co a ae tei, entctano,estadam o comportamento exterior com meodos Sojetivos A nica diferenga entre essa abordagem e o behaviors metodol6gico Pe os psicélogos fazem inferéncias sobre o mundo interior ena Cone ctistas nfo. Behavioristas pioneiros, como John B. Watson, rejeitavar Tt aa rq es consideravam nao-centficas, Por iso, éverdadeia 9 a7 tho de que o antigo benaviorisina era 2 “psicologia do outro” qe 5 propunha Fae ee ee omente o comportamento publico das pessoas, aquele que padesse set Gbservado por outras pessoas, e que ignorava a consciénci "G behaviorismo radical, por outro lado, nfo faz tais distingDes enete os mur dos subjetiv e objetivo. Em vezde se concentrar nos metodos, ele se concent 20. et assim como a fisiea avangou com a invengio do temo ets core ja de commportamento avanga com a invengio de seus termes, Histories: a cence eomportamental uizou conceitos como reposts estinulp € Te Jango Ouro desses cancetes mudow A medida que a cincia progredi: No futuro, sero pode continuar a mudar, cu eles podem ser substtuidos por opts S08, a ot Nos caplcos que se sequirdo, vamos tomar muitos texmos, velhos & an ne aval los conforme sua uulidade. Vamos perguntar wma e outa vez que Teemos server para descrigées econdmicas e compreensiveis. Ory cnado para o behaviorismo radical rejeitar 0 realismo é que este leva & definigdes confuses do comportamento. Em termos do estudo do comporiannet defini goes ender que hum. comporcamento real, que ovorre ne mundo 162) 2 gue nosss sentido, sear els aliados por instrumentos usados 8 ‘obser algo deta, os fomecem apenas dados sensorinis sobre aque comPoracst war sue nnca conhecemos diretamente. Por exemplo, se afirmarmes die OA seen es movendo seus pés na Toa rapidamente, umn apds 0 outro, elguém po- det gumentar que isso nfo consegue captar © sentido da desticio, due "es der aed na run Pntretanto, outra pessoa poderia objetar gue sso ainds v treaiciente, pois © homem pode estar fazendo exercicos, fugindo du vols, 6% 6 inert Er corr, Mesmo se determinarmos que 0 homem esta dispatando aera g nda seria possvel deserevé-lo como una pessoa que estéteinando para as Olimpadas on correndo pars mpresstonar sua familia € se age Pea eiwalista (beliviorista metodol6gica), a melhor manecira de lidar com a6 iverson doscaigies possivels € acerse A primeira, descrever a corrida na ruse tea esas canto quanto possvel,talvez até especiicando os grupos de sercties envolvidos, pois aqueles movimentos mecdnicos supostamente nos aDv- mtam © maximo possivel do comportamento real, As razies do homem para Zmipenhar-se nesse comportamento seriam rratadas separadamente, “Nes ananto, definir © comportamento como wma composicéo de movimento: dos maniros © dos museulos cria uma ambigiidade perturbadora, Os mesmos oo eaer eros membros e dos miseulos podem ocorrer em muites arividades Faeroe oxemplo anterior, os movimentos do corredor podiam ser parte de Cites cio ow de fugit da policia, Dado que os movimentos sio os mesmos, © Compreender 0 behaviorismo 45 seat om de ier que ¢o mesmo comportamente, mas por nenhura dei rezovel exercise ¢ fyi da potia podem se 9 mesmo compertameno. a sia eri (beavers rede, nfo end pexinan ampromso com iin compere el, pcnia spent ql es mantis deserves 0 comportamento do hone € nasil nos tts de Mach mals cardia ~ isto 6, qual delas nos dé a melhor compreensio ou deserigio mais coerente. & ‘soe o behaviovsmo rd tend fvorece ops de deseo que rclvem as eazoes do homem para corer, como exeritar-seefugir da pola, Una descrigho sis dhe pr coe coo tase iy ales Una cr trelao para ir as Olimpadas". Com efeto,poderamos refina 2 dese sina Bats norporando a aes or do enti departs atores, igualmente. Como veremos nos Capitulos 4 e 5, definiges coeten- tee acvidades deve indir afuncdoaqe sere 5 res para desempenhar camreent so pre do pple comport "Como 0 behaviors radical responde t g to, Ateopoota é ragnta, Os tear que usa para far de om pean xe apenas ns permit compreendéo, mas também o define. omportamen- tink ods ventas sore es qs yds lay co ass erst wiorismo radical investiga ae melhores mane = eno, arn Se, or err, Sizer que uno pesoa cat dputan ua comida a fm dese cassie para as Olimpladas, entdo dispar uma corida pera at asia para ap Olimpadas consi um evento comportancta. No Capito 4, quando cnsferaros alguns coed atualnene prego els stas comport : es de defi anal comporuments sarnos tbl en conde de deo compo ‘A énfase pragmitica sobre a fala, os te : : 2 a fala, os termos e as descrigies ~ 0 énfase sobre métodos de observaca ets ee < 10 - leva a um dos contrastes bein ete eka ate a behavior racial, os fenfmenosconscenes,estndo entre as cls das quae podemos alg, induem- jo do comportamento, No Capitulo 3, discutiremos come isso 6 feito RESUMO, fino ne a i operant Spon remnant ma an Pie See nll a ae tmundo externo é considerado objetivo, enqu: eee Phin ren csi cues eee

Você também pode gostar