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fevereiro de 2014
1
3.ed.
POPULAÇÃO:
Em milhões 1819 1872 1890
4,6 9,9 14,3
19 junho 1882
"... porque só vemos a lei, estamos perdendo a festa. A maior festa de todos os 8
tempos.
E não perdemos apenas a alegria do povo. Perdemos o próprio Brasil, a
sociedade concreta. Perdemos sobretudo a participação do povo negro (os pretos e
pardos do tempo do Dom Obá II d'África) na construção da história. Na verdade, o
que parece extraordinário no 13 de Maio é o fato de não tratar-se apenas do dia
da lei, mas do início da festa. Lei e festa completando o sentido uma da outra, de
tal modo que podem ser vistas como um todo. A lei inspirando a festa, a festa
justificando e garantindo a lei. E não é preciso lembrar o contraponto tristíssimo
do tráfico negreiro, que foi abolido no dia 13 de março de 1830 e levou mais de 20
anos para acontecer de verdade, ainda assim com uma lei de reforço, a de 1850.
Em 1888, contudo, o povão parecia muito mais avisado e não deixou o
negócio passar despercebido. A lei foi sustentada nas ruas com firmeza jamais
vista em nenhum outro episódio da história do Brasil. O apoio era total, alegre,
contagiante. E a festa rolou dia e noite, e debaixo de muita chuva, por oito dias
seguidos. Nunca se viu tanta alegria. Já no domingo, dia 13, no Largo do Paço,
uma multidão de mais de dez mil pessoas - gente como nunca se viu antes -
esperava pela assinatura da lei. Bandas de música tocavam, o povo negro cercou
o palácio dançando, cantando, dando vivas à liberdade, à princesa, a José do
Patrocínio. Desde que a lei saiu do Senado, o povo simples - escravos, libertos e
homens livres - fez questão de enfeitar o chapéu ou o peito da camisa com uma
folha de 'independência' - Sanchesia nobilis, da família das acanthacae-, um
arbusto de folhagem verde e amarela, que na tradição popular, desde 1822,
passou a significar amor ao país e apoio à sua desvinculação de Portugal. Alguns
agitavam ramos de independência, deixando os jardins da cidade depauperados.
Fonte: Eduardo Silva, "Qual Abolição ?", Jornal do Brasil, Caderno Idéias,
9/5/98.
"18 DE FEVEREIRO
Campos disse-me hoje que o irmão [o pai de Fidélia] lhe escrevera, em
segredo, ter ouvido na roça o boato de uma lei próxima de abolição. Ele, Campos,
não crê que este ministério a faça, e não se espera outro.
24 DE FEVEREIRO
A data de hoje (revolução de 1848) lembra-me a festa de rapazes que
10
tivemos em São Paulo, e um brinde que eu fiz ao grande Lamartine. Ai, viçosos
tempos! Eu estava no primeiro ano de Direito. Como falasse disso ao
desembargador, disse-me este:
- Meu irmão crê que também aqui a revolução está próxima, e com ela a
República"
(...)
10 DE MARÇO
Afinal sempre houve mudança de gabinete. O conselheiro João Alfredo
organizou hoje outro. Daqui a três ou quatro dias irei apresentar as minhas
felicitaçãoes ao novo ministro dos negócios estrangeiros.
20 DE MARÇO
Ao desembargador Campos parece que alguma coisa se fará no sentido da
emancipação dos escravos, - um passo adiante, ao menos. Aguiar, que estava
presente, disse que nada ocorre na praça nem lhe chegou ao Banco do Sul.
27 DE MARÇO
Santa-Pia chegou da fazenda (...) Parece que ele veio por causa do boato
que corre na Paraíba do Sul acerca da emancipação dos escravos."
(...)
10 DE ABRIL
Grande novidade! O motivo da vinda do barão é consultar o desembargador sobre
a alforria coletiva e imediata dos escravos de Santa-Pia. Acabo de sabê-lo, e mais
isto, que a principal razão da consulta é apenas a redação do ato. Não parecendo
ao irmão que este seja acertado, perguntou-lhe o que é que o impelia
Obs: O fazendeiro, afinal, não liberta seus escravos antes do tempo. Após sua
morte, sua herdeira, Fidélia, a pedido do segundo marido (talvez preocupado em
desfazer a idéia de que se casava de olho na herança), doa toda a fazenda aos ex-
escravos, os quais, segundo a narrativa, haviam permanecido na fazenda apenas
por amor a ela.
“Eu pisei na pedra/ Pedra balanceou/ Mundo tava torto/ Rainha endireitou”
12
B) Jongo atribuído a Darcy Monteiro (o saudoso Mestre Darcy da Serrinha, 1932-
2002), filho de Vovó Maria Joana (1902-1986), vinda de Valença no interior do
Estado do Rio de Janeiro (região do Vale do Paraíba)
(...)
“Ô, Isaura
pega na viola
o samba é bom
não vai terminar agora
Lá no Morro de Mangueira
Só não sobe quem não quer
Porque lá tem Tengo-Tengo
Santo Antônio e Chalé
RAÇAS HUMANAS
Negra Amarela Branca
Os brasileiros:
‘excetuando a família imperial, todos aqui são mais ou menos mulatos, e passam
a vida com um palito nos cabelos e um cigarro atrás da orelha. O Rio é uma
cidade grande e bonita, mas são os estrangeiros que fazem tudo por aqui. Os
brasileiros evitam mover uma palha para fazer qualquer coisa de útil, até mesmo
para se afogarem’ (p. 32)
Salvo o imperador... :
‘Salvo o imperador, não há ninguém neste deserto povoado de malandros.’
(...) ‘Uma população toda mulata, com sangue viciado, espírito viciado e feia de
meter medo...’ (...) ‘Nenhum brasileiro é de sangue puro; as combinações dos
casamentos entre brancos, indígenas e negros multiplicaram-
Influências malsãs:
‘Estou submetido a influências malsãs e excessivas. Minha extrema solidão, esta
atmosfera só compatível a um banho de vapor perpétuo, este céu sempre cinzento
e baixo, flores enormes de cores brilhantes atordoando-me os olhos, tantos
negros, tantas negras, mulatos, mulatas de todos os lados, ninguém com quem
falar, a não ser o imperador, estou-me tornando imbecil, tenho febre, um mal-
estar universal e um cansaço constante...’ (p.75)
‘Que qualquer um que duvida dos males dessa mistura de raças, e se inclina, por
malentendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as separam –
venha ao Brasil. Não poderá negar a deterioração decorrente do amálgama das
raças, mais geral aqui do que em qualquer outro país do mundo, e que vai
apagando, rapidamente, as melhores qualidades do branco, do negro e do índio,
deixando um tipo indefinido, híbrido, deficiente em energia física e mental.’
Fonte: SKIDMORE, pp.47-48.
16
A QUESTÃO DA IMIGRAÇÃO
Fonte: SKIDMORE,pp.41-2.
Em O Abolicionismo (1883), acha que uma onda chinesa serviria para “viciar e
corromper ainda mais a nossa raça” (...)
E num discurso parlamentar (entre 1879-89) “Por limitada que fosse o Brasil
seria inevitavelmente mongolizado, como foi africanizado, quando Salvador
Correia de Sá fez vir os primeiros negros”. Perdiam para os negros em
adaptabilidade e no fato de que não se deixavam assimilar. Capazes de sobreviver
“nas piores condições possíveis” acabariam por ocupar qualquer país em que os
deixassem entrar. Era contra os chineses:
“etnologicamente , porque vêm criar um conflito de raças e degradar as existentes
17
no país; economicamente, porque não resolvem o problema da falta de braços;
moralmente porque vêm introduzir na nossa sociedade essa lepra de vícios que
infesta todas as cidades onde a imigração chinesa se estabelece; politicamente,
afinal, porque em vez de ser a libertação do trabalho, não é senão o
prolongamento ... do triste nível moral que o caracteriza e a continuação ao
mesmo tempo da escravidão.”
Um deputado o apoiou: “Precisamos levantar o nível moral deste país”
E outro acrescentou: “O negro melhora-se, o chin é impossível”
VI
Amanhecera um domingo alegre no cortiço, um bom dia de abril. Muita luz e
pouco calor.
As tinas estavam abandonadas; os coradouros despidos. Tabuleiros e
tabuleiros de roupa engomada saiam das casinhas, carregados na maior parte
pelos filhos das próprias lavadeiras que se mostravam agora quase todas de fato
limpo; os casaquinhos brancos avultavam por cima das saias de chita de cor.
Desprezavam-se os grandes chapéus de palha e os aventais de aniagem; agora as
portuguesas tinham na cabeça um lenço novo de ramagens vistosas e as
brasileiras haviam penteado o cabelo e pregado nos cachos negros um ramalhete
de dois vinténs; aquelas trancavam no ombro xales de lã vermelha, e estas de
crochê, de um amarelo desbotado. Viam-se homens de corpo nu, jogando a placa,
com grande algazarra. Um grupo de italianos, assentado debaixo de uma árvore,
conversava ruidosamente, fumando cachimbo. Mulheres ensaboavam os filhos
pequenos debaixo da bica, muito zangadas, a darem-lhes murros, a praguejar, e
as crianças berravam, de olhos fechados, esperneando. A casa da Machona
estava num rebuliço, porque a família ia sair a passeio; a velha gritava, gritava 18
Nenen, gritava o Agostinho. De muitas outras saiam cantos ou sons de
instrumentos; ouviam-se harmônicas e ouviam-se guitarras, cuja discreta
melodia era de vez em quando interrompida por um ronco forte de trombone.
Os papagaios pareciam também mais alegres com o domingo e lançavam das
gaiolas frases inteiras, entre gargalhadas e assobios. À porta de diversos
cômodos, trabalhadores descansavam, de calça limpa e camisa de meia lavada,
assentados em cadeira, lendo e soletrando jornais ou livros; um declamava em
voz alta versos de “Os Lusíadas:, com um empenho feroz, que o punha rouco.
Transparecia neles o prazer da roupa mudada depois de uma semana no corpo.
As casinhas fumegavam um cheiro bom de refogados de carne fresca fervendo ao
fogo. Do sobrado do Miranda só as duas últimas janelas já estavam abertas e,
pela escada que descia para o quintal, passava uma criada carregando baldes de
águas servidas. Sentia-se naquela quietação de dia inútil a falta do resfolegar
aflito das máquinas da vizinhança, com que todos estavam habituados. Para além
do solitário capinzal do fundo a pedreira parecia dormir em paz o seu sono de
pedra; mas, em compensação, o movimento era agora extraordinário à frente da
estalagem e à entrada da venda. Muitas lavadeiras tinham ido para o portão,
olhar quem passava; ao lado delas o Albino, vestido de branco, com o seu lenço
engomado ao pescoço, entretinha-se a chupar balas de açúcar, que comprara ali
mesmo ao tabuleiro de um baleiro freguês do cortiço.
XXII
30
Textos:
36
1887 :
Fundação do Clube Militar
O arcebispo da Bahia pede providências às autoridades estaduais contra
Antônio Conselheiro, que chega a ser preso em Recife mas é solto
1888 :
13 de maio - Abolição;
02 de dezembro - Festejos do aniversário do imperador Pedro II;
dezembro - interrupção, por parte da Guarda Negra, da conferência de
Silva Jardim (republicano radical) na Sociedade Francesa de Ginástica com
mortos e feridos;
1889 :
15 de novembro - Proclamação da República
17 de novembro - Expulsão de D.Pedro II e da família imperial
1890 :
17 de janeiro - Reforma financeira de Rui Barbosa (aumento do meio
circulante => "Encilhamento") que vai gerar inflação e intenso movimento
especulativo
22 de junho - sob pressão, Deodoro convoca eleições para a Assembléia
Constituinte
15 de setembro - Eleições altamente manipuladas por Deodoro
15 de novembro - Instalada, a Assembléia Constituinte reduz o mandato
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presidencial de 6 para 4 anos
1891 :
20 de janeiro - Renúncia coletiva dos ministros de Deodoro devido ao
escândalo da
construção do porto de Torres (RS) com favorecimento de um amigo do
presidente
24 de fevereiro - Promulgada a Constituição, federalista e presidencialista,
concede a cada estado o direito de contrair empréstimos no exterior,
decretar impostos de exportação (favorece SP: o café representava, naquele
momento, mais de 60% das exportações brasileiras), reger-se por
constituição própria, ter corpos militares, códigos eleitorais e judiciários
próprios;
Congresso, sob ameaças e pressões dos militares (que acenavam com uma
ditadura) elege Deodoro por uma pequena margem 129 x 97 de Prudente
de Moraes; o vice de Moraes, Floriano Peixoto, é eleito com 153 votos
contra 57 dados ao Almte. E.Wandelkolk
2 de novembro - Congresso aprova a Lei de Responsabilidades que diminui
os poderes do presidente
3 de novembro - Deodoro dissolve o Congresso e prende líderes; impõe a
censura total à imprensa do Distrito Federal
22 de novembro - Greve de ferroviários da Central do Brasil; Deodoro
ordena a prisão de líderes militares suspeitos (entre eles, Wandelkolk e
Custódio de Mello); Custódio de Mello e seus homens tomam dois
1892 :
janeiro - revolta da Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, comandada
por um sargento, mas, ao que parece, instigada por generais e deputados
descontentes; manda-se um ultimato a Floriano para que renuncie a favor
de Deodoro;
21 de março - Manifesto dos 13 Generais (oficiais do Exército e da
Marinha) pedindo que Floriano convocasse eleições;
3 de maio - O Congresso Nacional legaliza a permanência de Floriano (o
qual deveria, na verdade, convocar eleições presidenciais, pois ainda não
haviam transcorrido dois anos da gestão de Deodoro); Floriano reforma os
oficiais e, dias depois, após uma manifestação, manda prender e deportar
para a Amazônia numerosos líderes civis e militares (inclusive os 13
generais)
Barata Ribeiro é nomeado prefeito do Rio de Janeiro no fim do ano; ataca
os especuladores dos gêneros alimentícios e, em janeiro do ano seguinte,
41
demole o "Cabeça de Porco";
1893 :
ano em que A.Conselheiro teria começado a pregar contra a República
segundo E.Cunha; queima dos editais de impostos em B.Conselho; 30
praças são enviados para prendê-lo, sem sucesso; o beato foge para
Canudos, no sertão baiano;
2 de fevereiro - oposicionistas do Partido Federalista ("maragatos"), que
haviam sido perseguidos por Júlio de Castilhos (apoiado por Floriano) e
haviam emigrado para Uruguai e Argentina, invadem o RS, iniciando um
novo conflito que vai ser conhecido como Revolução Federalista e visava
depor o governo castilhista. Dentre os federalistas estava Silveira Martins,
antigo conselheiro do Império; os "maragatos" não eram verdadeiramente
federalistas, pois defendiam um poder federal forte (sem Floriano) e a
adoção do regime parlamentarista; entre fevereiro e junho sucedem-se as
batalhas, com vitórias iniciais para os rebeldes, que por fim são batidos
por tropas do exército, com auxílio material paulista e tropas irregulares do
político castilhista Pinheiro Machado; a maioria dos revoltosos federalistas
refugia-se no Uruguai (fim da 1ª fase da Revolução Federalista);
agosto - nova invasão das tropas maragatas;
abril - Fundação do PRF (Partido Republicano Federal) sob a orientação da
bancada federal de S.Paulo; respaldava Floriano mas visava a eleição do 1 º
presidente civil;
1894 :
janeiro - federalistas invadem o PR e tomam Curitiba; florianistas, apoiado
pelos paulistas, contra-atacam retomando Curitiba e Desterro (passa a se
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chamar Florianópolis) e encurralando os rebeldes no RS;
1º de março - Eleições em todo o Brasil (exceto os estados do sul)
10 de março - chegam à Baía de Guanabara os navios de guerra
encomendados por Floriano aos EEUU;
13 de março - Saldanha da Gama e seus comandados se refugiam em dois
navios portugueses; Floriano derrotara a Revolta da Armada;
22 de junho - Congresso Nacional proclama os resultados: P.Moraes
290.883 votos (266 000 para o seu vice, Manoel Vitorino);
1895 :
Os "maragatos" são vencidos, e Prudente estava decidido a anistiá-los;
Março - meses antes do armistício, alunos da Escola Militar sublevam-se
contra a anistia aos federalistas;
1896 :
outubro - um juiz de Joazeiro embarga compra de madeira feita por
Conselheiro para a nova igreja do arraial; o governador, pressionado, envia
100 praças, que são cercados por mais de 1000 'jagunços' conselheiristas;
a população de Salvador pede o sangue do Conselheiro;
10 de novembro - afastamento do presidente P.Moraes por motivo de
doença, assumindo o seu vice, o florianista Manoel Vitorino, que busca
apoio nos militares dissidentes que vêem em Canudos uma ameaça
monarquista;
1897 :
3 fevereiro - embarque para a BA da 3 ª expedição contra Canudos em clima
de grande entusiasmo c/1300 combatentes, 15 milhões de cartuchos e 70
tiros de artilharia; chegam a Canudos em março, sedentos e famintos
(levaram bomba artesiana) e tentam atacar direto, à baioneta; derrota
causa comoção nacional e aquilo parece a ponta do iceberg de uma
conspiração restauradora (monarquista); no Rio de Janeiro, a massa
excitada pela propaganda nacionalista e republicana quebra redações e
tipografias de 3 jornais tidos como monarquistas; atacam e matam
monarquistas criando situação anárquica; governadores de Estado,
congressistas, todos pedem vingança;
4 de março - o presidente Prudente de Moraes reassume o cargo
junho de 1897 - formada a 4 ª expedição contra Canudos, para redimir a
'honra nacional'; formada por 2 colunas com mais de 5 mil homens e
preparada minuciosamente; no decorrer da luta, seus contingentes
receberão reforços de 4 mil homens;
5 de outubro, ao entardecer - caem os 4 últimos combatentes
conselheiristas: um velho, dois homens feitos e uma criança "à frente dos
43
quais rugiam raivosamente cinco mil soldados" (E.Cunha.Os Sertões)
novembro - quando o presidente passava em revista as tropas vencedoras
em Canudos, sofre um atentado por parte de Marcelino Bispo, suboficial do
exército; o presidente escapa, mas morre o Ministro da Guerra, o Marechal
Bittencourt; o atentado não é assumido por nenhuma corrente política,
mas dá força moral e política para que o governo consiga o estado de sítio e
passe a perseguir seus adversários, iniciando o domínio paulista;
17 de dezembro - decreto anti-protecionista, baixando as tarifas
alfandegárias (que haviam sido aumentadas em 1895 por pressão dos
"jacobinos") para agradar os capitalistas estrangeiros, no momento em que
o café valia, no mercado internacional, 8 vezes menos do que há nove anos
atrás; prepara-se, com isto, o caminho para novos empréstimos que serão
conseguidos por Campos Sales em suas negociações de abril-maio de
1898; prejuízo para as fábricas de algodão;
1898 :
abril - logo após a sua eleição, Campos Sales (republicano de 1 ª hora, de
família abastada do interior paulista e ex-governador de SP), embarca para
a Europa para negociar junto aos banqueiros ingleses (Rotschild
sobretudo) uma moratória de 3 anos e um empréstimo de 10 milhões de
libras esterlinas para formar um "funding-loan" a ser amortizado em dez
anos; oferece como garantia toda a renda da alfândega do RJ, as demais
alfândegas se fosse preciso, as receitas da E.F.Central do Brasil e do
serviço de abastecimento de água do RJ; o acordo incluia a queima de
44
"A revolta tinha tido sobre a política local efeito pacificador. Todos os
partidos se fizeram dedicadamente governistas, de forma que, entre os dous
poderosos contendentes, o doutor Campos e o Tenente Antonino, houve um traço
de união que os reconciliou e os fez entenderem-se. Ao osso que ambos
disputavam encarniçadamente, chegou um outro mais forte que pôs em perigo a
segurança de ambos e eles se puseram em expectativa, um instante unidos.
O candidato foi imposto pelo governo central e as eleições chegaram.
É um momento bem curioso este das eleições na roça. Não se sabe bem donde
saem tantos tipos exóticos. De tal forma são eles esquisitos que se pode mesmo
esperar que apareçam calções e bofes de renda, espadins e gibão. Há
sobrecasacas de cintura, há calças boca de sino, há chapéus de seda - todo um
museu de indumentária que aqueles roceiros vestem e por uns instantes fazem
viver por entre as ruas esburacadas e estradas poeirentas das vilas e lugarejos.
Não faltam também os valentões, com calças bombachas e grandes
bengalões de pequiá, à espera do que der e vier."
Fonte: Triste fim de Policarpo Quaresma (3ª parte, cap. IV: O Boqueirão),p.248
p.24 "Gostava dele [o tio de Isaías Caminha]. Era um homem leal, valoroso, de
pouca instrução, mas de coração aberto e generoso. Contavam-lhe façanhas,
bravatas portentosas, levadas ao cabo, pelos tempos em que fora, nas
eleições, esteio do partido liberal. Pelas portas das vendas, quando passava,
cavalgando o seu simpático cavalo magro, com um saco de cartas à garupa,
murmuravam: 'Que songamonga ! Já liquidou dois...'
Eu sabia do caso, estava mesmo convencido de sua exatidão; entretanto,
apesar de minhas idiotas exigências de moral inflexível, não me envergonhava de
estimá-lo, amava-o até, sem mescla de terror, já pela decisão do seu caráter, já
pelo apoio certo que nos dera, a mim e a minha mãe, quando veio a morrer meu
pai, vigário da freguesia de ***. Animara a continuar os meus estudos, fizera
sacrifícios para me dar vestuário e livros, desenvolvendo assim uma atividade
acima dos meus recursos e forças.
Durante os dois anos que passei, depois de ter concluído humanidades, o
seu caráter atrevido conseguia de quando em quando arranjar-me um ou outro
trabalho. Desse modo, eu ia vivendo uma doce e medíocre vida roceira, sempre
perturbada, porém, pelo estonteante propósito de me largar para o Rio. Vai Isaías
! Vai !
Meu tio ergueu a cabeça, passou o olhar demoradamente sobre mim e
disse:
- Fazes bem !
Acabou de tomar o café, pediu o capote e convidou-me:
- Vem comigo. Vamos ao coronel... Quero pedir-lhe que te recomende ao
doutor Castro, deputado." (...)
53
p.25 "Durante quarenta minutos, patinhamos na lama do caminho, até à casa
do Coronel Belmiro. Mal tínhamos empurrado a porteira que dava para a estrada,
o vulto grande do fazendeiro assomou no portal da casa, redondo, num longo
capote e coberto de um largo chapéu de feltro preto. Aproximamo-nos.
- Oh! Valentim! fez preguiçosamente o coronel. Você traz cartas? Devem ser
do Trajano, conhece? Sócio do Martins, da Rua dos Pescadores...
- Não senhor, interrompeu meu tio.
- Ah! É seu sobrinho... nem o conheci... Como vai, menino? Não esperou
a minha resposta; continuou logo em seguida:
- Então, quando vai para o Rio? Não fique aqui... Vá... Olhe, o senhor
conhece o Azevedo ?
- É disso mesmo que vínhamos tratar. Isaías quer ir para o Rio e eu vinha
pedir a Vossa Senhoria...
- O quê? Interrompeu assustado o coronel.
- Eu queria que Vossa Senhoria, senhor coronel, gaguejou o tio Valentim,
recomendasse o rapaz ao doutor Castro.
O coronel esteve a pensar. Mirou-me de alto a baixo, finalmente falou:
- Você tem direito, Seu Valentim... É ... Você trabalhou pelo Castro... Aqui
pra nós: se ele está eleito, deve-o a mim e aos defuntos, e a você que desenterrou
alguns.
Riu-se muito, cheio de satisfação por ter repetido tão velha pilhéria e
perguntou amavelmente em seguida:
- O que é que você quer que lhe peça ?
Medeiro Vaz:
"Medeiro Vaz, retratal, barbaça, com grande chapéu rebuçado, aquela pessoa
sisuda, circunspecto com todas as velhices, sem nem velho ser", era "homem
sobre o sisudo, nos usos formado, não gastava as palavras. Nunca relatava antes
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o projeto que tivesse, que marchas se ia amanhecer para dar. Também, tudo nele
decidia a confiança de obediência. Ossoso, com a nuca enorme, cabeçona meia
baixa, ele era dono do dia e da noite - que quase não dormia mais: sempre se
levantava no meio das estrelas, percorria o arredor, vagaroso, em passos, calçado
com suas boas botas de caititu, tão antigas. Se ele em honrado juízo achasse que
estava certo, Medeiro Vaz era solene de guardar o rosário na algibeira, se traçar o
sinal-da-cruz e dar firme ordem para se matar uma a uma as mil pessoas."
"Medeiro Vaz era duma raça de homem que o senhor mais não vê. (...) Ele tinha
conspeito tão forte, que perto dele até o doutor, o padre e o rico, se compunham.
Podia abençoar ou amaldiçoar, e homem mais moço, por valente que fosse, de
beijar a mão dele não se vexava. Tenente nos gerais - ele era."
Joca Ramiro:
"E Joca Ramiro. A figura dele. Era ele, num cavalo branco - cavalo que me olha
de todos os altos. Numa sela bordada, de Jequié, em lavores de preto-e-branco.
As rédeas bonitas, grossas, não sei de que trançado. E ele era um homem de
largos ombros, a cara grande, corada muito, aqueles olhos. Como é que vou dizer
ao senhor? Os cabelos pretos, anelados? O chapéu bonito? Ele era um homem.
Liso bonito. Nem tinha mais outra coisa em que se reparar. (...) A gente tinha até
medo de que, com tanta aspereza da vida, do sertão, machucasse aquele homem
maior, ferisse, cortasse. E, quando ele saía, o que ficava mais, na gente, como
agrado em lembrança, era a voz. Uma voz sem pingo de dúvida, nem tristeza.
Uma voz que continuava."
Zé Bebelo
Zé Bebelo, prisioneiro, submetido a julgamento, arenga:
"... Altas artes que agradeço, senhor chefe Joca Ramiro, este sincero julgamento,
esta bizarria... Agradeço sem tremor de medo nenhum, nem agéncias de
adulação! Eu. José, Zê Bebelo, é meu nome: José Rebelo Adro Antunes! Tataravô
meu Francisco Vizeu Antunes - foi capitão-decavalos... Demarco idade de
quarenta-e-um anos, sou filho legitimado de José Ribamar Pacheco Antunes e
Maria Deolinda Rebelo; e nasci na bondosa vila mateira do Carmo da Confusão..."
(...) "Agradeço os que por mim bem falaram e puniram... Vou depor. Vim para o
Norte, pois vim, com guerra e gastos, à frente de meus homens, minha guerra...
Sou crescido valente, contra homens valentes quis dar o combate. Não está certo?
Meu exemplo, em nomes, foram estes: Joca Ramiro, Joãozinho Bem-Bem, Sô
Candelário!... e tantos outros afamados chefes, uns aqui presentes, outros que
não estão..."
p.26 "As cigarras puseram-se a estridular e vim vindo de cabeça baixa, sem
apreensões, cheio de esperanças, exuberante de alegrias.
A minha situação no Rio estava garantida. Obteria um emprego. Um dia
pelos outros iria às aulas, e todo o fim de ano, durante seis, faria os exames, ao
fim dos quais seria doutor !
Ah ! Seria doutor ! Resgataria o pecado original do meu nascimento
humilde, amaciaria o suplício presente, cruciante e onímodo de minha cor... Nas
dobras do pergaminho da carta*, traria presa a consideração de toda a gente.
Seguro do respeito à minha majestade de homem, andaria com ela mais firme
pela vida em fora. Não titubearia, não hesitaria, livremente poderia falar, dizer
bem alto os pensamentos que se estorciam no meu cérebro.
O flanco, que a minha pessoa, na batalha da vida, oferecia logo aos
ataques dos bons e dos maus, ficaria mascarado, disfarçado...
Ah! Doutor! Doutor!... Era mágico o título, tinha poderes e alcances
múltiplos, vários, polifórmicos... Era um pallium** [manto usado pelos gregos
antigos], era alguma coisa como clâmide [tipo de capote usado pelos antigos
gregos] sagrada tecida com fio tênue e quase imponderável, mas a cujo encontro
os elementos, os maus olhares, os exorcismos se quebravam. De posse dela, as
gotas da chuva afastar-se-iam transidas do meu corpo, não se animariam a
tocar-me nas roupas, no calçado sequer. O invisível distribuidor dos raios solares
escolheria os mais meigos para me aquecer, e gastaria os fortes, os inexoráveis,
com o comum dos homens que não é doutor. Oh! Ser formado, de anel no
dedo, sobrecasaca e cartola, inflado e grosso, como um sapo-intanha antes de
ferir a martelada à beira do brejo; andar assim pelas ruas, pelas praças, pelas
56
estradas, pelas salas, recebendo cumprimentos: Doutor, como passou ? Como
está, doutor ? Era sobre-humano !..." (...)
p.27 "Almocei, saí até a cidade próxima para fazer as minhas despedidas, jantei
e, sempre, aquela visão doutoral não me deixava. Uma face dela me aparecia,
depois outra mais brilhante; esta provocava uma consideração, aquela mais uma
propriedade da carta onipotente. De noite, no teto da minha sala baixa, pelos
portais, pelas paredes, eu via escrito pela luz do lampião de petróleo - Doutor!
Doutor!
Quantas prerrogativas, quantos direitos especiais, quantos privilégios, esse
título dava! Podia ter dois e mais empregos apesar da Constituição; teria direito à
prisão especial e não precisava saber nada. Bastava o diploma. Pus-me a
considerar que isso devia ser antigo... Newton, César, Platão e Miguel Ângelo
deviam ter sido doutores!
Foram os primeiros legisladores que deram à carta esse prestígio extra-
terrestre... Naturalmente, teriam escrito nos seus códigos: tudo o que há no
mundo é propriedade do doutor, e se alguma coisa outros homens gozam, devem-
no à generosidade do doutor. Era uma outra casta, para a qual eu entraria, e
desde que penetrasse nela, seria de osso, sangue e carne diferente dos outros -
tudo isso de uma qualidade transcendente, fora das leis gerais do Universo e
acima das fatalidades da vida comum.
- Levas toda a roupa, Isaías ? Veio interromper minha mãe.
Eu estava deitado num velho sofá amplo. Lá fora, a chuva caía com
redobrado vigor e ventava fortemente. A nossa casa frágil parecia que, de um
momento para outro, ia ser arrastada. Minha mãe ia e vinha de um quarto
57
O cadáver do Conselheiro
Antes, no amanhecer daquele dia, comissão adrede escolhida descobrira o
cadáver de Antônio Conselheiro.
Jazia num dos casebres anexos à latada, e foi encontrado graças à
indicação de um prisioneiro. Removida breve camada de terra, apareceu no triste
sudário de um lençol imundo, em que mãos piedosas haviam desparzido algumas
flores murchas, e repousando sobre uma esteira velha, de tábua, o corpo do
"famigerado e bárbaro" agitador. Estava hediondo. Envolto no velho hábito azul
de brim americano, mãos cruzadas ao peito, rosto tumefato, e esquálido, olhos
fundos cheios de terra — mal o reconheceram os que mais de perto o haviam
tratado durante a vida.
Desenterraram-no cuidadosamente. Dádiva preciosa — único prêmio,
únicos despojos opimos de tal guerra ! — , faziam-se mister os máximos
resguardos para que se não desarticulasse ou deformasse, reduzindo-se a uma
massa angulhenta de tecidos decompostos.
Fotografaram-no depois. E lavrou-se uma ata rigorosa firmando a sua
identidade: importava que o país se convencesse bem de que estava, afinal,
extinto aquele terribilíssimo antagonista.
Restituíram-no à cova. Pensaram, porém, depois, em guardar a sua cabeça
tantas vezes maldita — e, como fora malbaratar o tempo exumando-o de novo,
uma faca jeitosamente brandida, naquela mesma atitude, cortou-lha; e a face
Os jagunços lutaram
Até o final
Defendendo Canudos
Naquela guerra fatal
* Numa Pompílio: 2º rei de Roma segundo a lenda; ironia de Lima Barreto, para
contrastar a venerável tradição encarnada no nome versus a realidade política
corrompida que o deputado representava.
“Dos livros desta delegacia consta ter ali sido feita uma diligência pelo
meu antecessor que teve êxito, sendo com um contingente de cinqüenta
praças, capturado, numa só noite, cerca de noventa e dois indivíduos
perigosos. “
Saúde e fraternidade
O delegado”
A carta do delegado foi encaminhada a um assessor do Chefe de Polícia,
acompanhada do seguinte parecer, datado de 8 de novembro de 1900:
Dois dias, depois, com um lacônico “Sim”, o Dr. Eneas Galvão, Chefe de
Polícia do Distrito Federal, endossava o parecer de seu assessor. Aqui perdemos o
fio da meada histórica e não sabemos se jamais o prefeito veio a receber tal
correspondência. De qualquer forma, os dois documentos existentes no Arquivo
Nacional são importantes por dois motivos. Em primeiro lugar, mostram que o
“morro da Favella”, apenas três anos depois do Ministério da Guerra permitir que
ali viessem a se alojar os veteranos da campanha de Canudos (terminada em 1º
de outubro de 1897), já era percebido pelas autoridades policiais como um “foco
de desertores, ladrões e praças do exército”. E mais, a carta do delegado da 10ª
circunscrição parece conter a primeira menção à favela como um duplo problema: 71
sanitário e policial (aos quais o assessor de Eneas Galvão acrescentou a
“moralidade pública”), que poderia, por isso mesmo, ser resolvido de um só golpe.
A idéia da favela como um “foco”, a menção à “limpeza”, isto é, a retórica centrada
nas concepções de uma “patologia social” e da “poluição” estava destinada a uma
longa permanência na cena institucional carioca do século XX. A proposta de
cercar um morro habitado pelas “classes perigosas”, entretanto, não era nova
(como os registros da 10ª delegacia assinalavam) e nem parecia ser fruto único e
exclusivo da mente das autoridades policiais. Assim podemos depreender de uma
notícia publicada também no “Jornal do Brasil”, na famosa coluna “Queixas do
Povo”, ainda no mês de novembro de 1900:
75
Texto 033: O orvalho vem caindo, samba de Noel Rosa (e Kid Pepe)
"O orvalho vem caindo/ vai molhar o meu chapéu/ e também vão sumindo/ as
estrelas lá do céu... Tenho passado tão mal/ a minha cama é uma folha de
jornal/ Meu cortinado é um vasto céu de anil/ e meu despertador é um guarda-
civil (que o salário ainda não viu)/ A minha terra dá banana e aipim/ meu
trabalho é achar quem descasque por mim (vivo triste mesmo assim)/ A minha
sopa não tem osso nem tem sal/ se um dia passo bem/ dois e três passo mal/
(isto é muito natural !). O meu chapéu, tá de mal para pior/ e o meu terno,
pertenceu a defunto maior/ dois reais lá no Belchior "
1870 – uma única companhia inglesa, a Phipps Brothers & Co., exportava
sozinha 13% do café (o qual representava à época 50,3% das nossas exportações,
porcentagem que vai subir para 64,5 até o fim do s.XIX)
81
1880 – Havia 11 companhias inglesas de Estrada de Ferro no Brasil
fim s.XIX – quase metade dos navios a vapor operando no Rio de Janeiro eram
ingleses (os franceses eram 15%)
C/a 490.780.383
INGLATERRA
C/os EUA 143.336.998
IMPORTAÇÕES EXPORTAÇÕES
1913 1917 1913 1917
EUA 15,7 47,1 32,6 46,1 82
Grã-Bretanha 24,5 18,0 13,3 12,6
Alemanha 17,5 0 14,1 0
França 9,8 4,0 12,3 14,0
Fonte: RIO,João do. Vida vertiginosa. São Paulo:Martins Fontes, 2006. pp.
7-9.
Careta, 8.4.1922.
MANIFESTO ANTROPÓFAGO
No matriarcado de Pindorama17.
Oswald de Andrade
Em Piratininga24
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha25
(Revista de Antropofagia, Ano I, No. I, maio de 1928.)
10 José da Silva Lisboa, economista do início do século XIX que, tendo adotado a política
liberal do Marquês de Pombal, posicionou-se contrário à permanência jesuíta no Brasil.
12 Réptil da ordem dos quelônios e da família das tartarugas; habitante das matas
brasileiras, nas religiões indígenas representa a perseverança e a força.
17 Em tupi, terra de palmeiras; designa, por extensão, o Brasil, cuja costa litorânea era 93
coberta pela planta; a palmeira, desde o poema canção do exílio, do poeta romântico
Gonçalves Dias (1823/1864), transformou-se em um dos ícones do país.
18 Rei de Portugal, que veio para o Brasil-colônia em 1808 com todo seu séquito, fugindo
do avanço napoleônico na Europa. Oswald faz referência à usura desmedida dos
cortesãos.
19 José de Anchieta (1534/1597), padre jesuíta que veio para o Brasil no início da
colonização portuguesa e que, a pretexto de catequizar os índios, criou um sistema de
desculturação pela arte teatral.
24 Em língua indígena, nome da região onde surgiu a futura cidade de São Paulo.
25 Oswald busca uma marcação temporal para a existência brasileira, que no Manifesto
começa com o primeiro ato antropófago conhecido oficialmente; o Bispo Sardinha, isto é,
Pero Fernandes (?/1556), naufragou no litoral do nordeste brasileiro e morreu como
vítima sacrificial dos índios caetés. Oswald equivocou-se nas datas, acrescentando 2 anos
ao tempo decorrido entre a morte do Bispo Sardinha e o ano de publicação do Manifesto
Antropófago. Entretanto, Oswald parece desconhecer as cartas de Américo Vespúcio, em
uma das quais o aventureiro florentino afirma ter assistido um ritual antropofágico em
1501, na Praia dos Marcos, no Rio Grande do Norte, em que a vítima era um europeu.
I
Macunaíma 94
049: Esquema do Parque Proletário Número 1 (da Gávea) – 1942 ............ 121
1921 e 1923 – emissões maciças de moeda feitas por Epitácio Pessoa para
realizar a 3ª valorização do café desvalorizam câmbio e geram inflação
out – o Correio da Manhã publica duas cartas (que em 1922 soube-se serem
falsas) de Artur Bernardes criticando a posse de Hermes da Fonseca no Clube
Militar, indispondo a classe militar contra Bernardes;
1922 – O Clube Militar – quando Bernardes já fora eleito mas ainda não tomara
posse – protesta contra a utilização de tropas do Exército para intervir na política
local de PE. O governo reage prendendo Hermes da Fonseca e fechando o Clube
99
Militar (invocando a lei de 1921 contra associações nocivas ou contrárias à
sociedade)
1925 (abril) – junção das colunas paulista e gaúcha, formando a coluna Miguel
Costa (SP)- Luís Carlos Prestes (RS) (mais tarde conhecida como “Coluna
Prestes”), com o objetivo de percorrer o Brasil para propagar a idéia de revolução
e levantar a população contra as oligarquias; até fev/mar de 1927 (quando os
remanescentes vão para Bolívia e Paraguai), a Coluna percorre 24 mil km pelo
interior do país; nunca passaram de 1500 pessoas e evitam entrar em choque
direto com as forças governamentais, deslocando-se rapidamente; o pretenso
apoio da população rural não ocorreu e seu êxito militar era praticamente
impossível; mas serviu como um símbolo para a população urbana insatisfeita;
101
“da mesma maneira que encontramos em Casa Grande e Senzala um vigoroso elogio
da confraternização entre negros e brancos, também é perfeitamente possível
descobrirmos lá numerosas passagens que tornam explícito o gigantesco grau de
violência inerente ao sistema escravocrata, violência que chega a alcançar os
parentes do senhor, mas que é majoritária e regularmente endereçada aos escravos.”
(ARAÚJO, Ricardo Benzaquém. Guerra e Paz. p.48)
110
Da exaltação da malandragem:
Se eu precisar algum dia/De ir pro batente,/ Não sei o que será, Pois vivo na
malandragem,/E vida melhor não há/ Minha malandragem é fina/ não
desfazendo de ninguém/ Deus é quem nos dá a sina/ E o valor dá-se a quem
tem/ Também dou minha bola/ Golpe errado ainda não dei/ Eu vou chamar
Chico Viola/ Que no samba ele é rei/ Dá licença Seu Mário/ Oi, não há vida
melhor/ Que vida melhor não há/ Deixa falar quem quiser/ Deixa quem quiser
falar/ O trabalho não é bom/ Ninguém pode duvidar/ Oi, trabalhar só obrigado/
Por gosto ninguém vai lá ( O que será de mim, Ismael Silva e Nilton Bastos, 1931)
À exaltação do trabalho:
"Deixa de arrastar o seu tamanco/ Pois tamanco nunca foi sandália/ E tira do
pescoço o lenço branco/ Compra sapato e gravata/ Joga fora essa navalha/ Que
te atrapalha/ Com o chapéu do lado deste rata/ Da Polícia quero que escapes/
Fazendo samba-canção/ Já que tens papel e lápis/ Arranja um amor e um
violão/ Malandro é palavra derrotista/ Que só serve pra tirar/Todo o valor do
sambista/ Proponho ao povo civilizado/ Não te chamar de malandro/ E sim de
111
rapaz folgado"
(Rapaz folgado, Noel Rosa, 1934)
"Quem trabalha é que tem razão,/ Eu digo e não tenho medo de errar,/ O
bonde São Januário/ Leva mais um operário/ Sou eu que vou trabalhar./
Antigamente eu não tinha juízo,/ Mas resolvi garantir o meu futuro,/ Sou
feliz, vivo muito bem/ A boemia não dá camisa a ninguém/ E digo bem.
(Bonde São Januário, de Wilson Batista e Ataulfo Alves, sucesso no carnaval
de 1941)
"Eu hoje tenho tudo,/ Tudo o que um homem quer./ Tenho dinheiro,/ Automóvel
e uma mulher,/ Mas, para chegar/ Até o ponto em que cheguei,/ Eu trabalhei,
trabalhei, trabalhei./ Eu hoje sou feliz,/E posso aconselhar,/ Quem faz o que já
fiz,/ Só pode melhorar./Quem diz que o trabalho/ Não dá camisa a ninguém/
Não tem razão, não tem, não tem." (Eu trabalhei, Roberto Roberti e Jorge Faraj,
1941)
"Vejam só/ A minha vida como está mudada,/ Não sou mais aquele/ Que entrava
em casa alta madrugada./ Faça o que fiz/ Porque a vida é do trabalhador/ Tenho
um doce lar/ E sou feliz com meu amor./ O Estado Novo/ Veio para nos
orientar/ No Brasil não falta nada,/ Mas precisa trabalhar./ Tem café, petróleo e
ouro,/ Ninguém pode duvidar, / E quem for pai de quatro filhos,/ O presidente
mandou premiar/ É negócio casar." (É negócio casar, Ataulfo Alves e Felisberto
Martins, c.1940)
“Ele nasceu sambista / com a tal veia de artista / carteira de reservista / está
legal com o senhorio / não pode ouvir pandeiro, não / fica cheio de dengo / é
torcida do Flamengo / nasceu no Rio de Janeiro
Ele trabalha de segunda a sábado / Com muito gosto, sem reclamar / Mas no
domingo ele tira o macacão / Embandeira o barracão / Põe a família pra sambar
Lá no morro ele pinta o sete / Com ele ninguém se mete / Ali ninguém é fingido
Ganha-se pouco mas é divertido.”
(Ganha-se pouco mas é divertido - Wilson Batista e Ciro de Souza, 1941)
(faixa 2 do CD de Cristina Buarque com o mesmo título, c.1999-2000):
112
Driblando a censura
118
Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor / Eu fui à Penha, fui
pedir à padroeira para me ajudar / Salve o Morro do Vintém, Pindura-Saia, eu
quero ver / Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada / Anda dizendo que o molho
da baiana melhorou seu prato / Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará / Na Casa
Branca já dançou a batucada de ioiô e iaiá / Brasil, esquentai vossos pandeiros /
Iluminai os terreiros / Que nós queremos sambar / Há quem sambe diferente /
Noutras terras, outra gente / Um batuque de matar / Batucada reuni vossos
valores / Pastorinhas e cantores de expressão que não têm par / Ó, meu Brasil,
Brasil, esquentai vossos pandeiros / Iluminai os terreiros / Que nós queremos
sambar.
Gravação utilizada: CD: Novos Baianos, Acabou Chorare. [1972] SIGLA, 1992.
400.1162.
Chegou o samba, minha gente / Lá da terra do Tio Sam com novidade / E ele
trouxe uma cadência que é maluca / pra mexer toda cidade / e o boogie-woogie,
boogie-woogie, boogie-woogie / a nova dança que balança mas não cansa / a
nova dança que faz parte da Política da Boa-Vizinhança / E lá na Favela / Toda a
batucada já tem boogie-woogie / Até as cabrochas / Já dançam, já falam / No
tal boogie-woogie / E o nosso samba foi por isso que aderiu / Do Amazonas, Rio
Grande, São Paulo e Rio / Ao boogie-woogie, boogie-woogie, boogie-woogie / A
nova dança que surgiu
121
Textos:
050: Quadro dos votos em 45 - 46 para a Constituinte............................ 124
REPRES ENTAÇÃO
VOTOS para a Câmara no Senado na Câmara na Assembléia Const.
PSD 42,7 62,0 53,0 54,0
UDN 26,7 24,0 27,0 26,4
PTB 10,2 4,7 7,6 7,5
PCB 8,6 2,3 4,9 4,9
Outros 11,8 7,0 7,5 7,3
“Bota o retrato do velho /outra vez / Bota no mesmo lugar / O sorriso do velhinho /
Faz a gente trabalhar, oi / Eu já botei o meu E tu não vais botar ?”
Geraldo Pereira
Seu Presidente/ Sua excelência mostrou que é de fato/ Agora tudo vai ficar
barato/ Agora o pobre já pode comer/ Seu presidente/ Pois era isso que o povo
queria/ O Ministério da Economia/ Parece que vai resolver/ Seu presidente/
Graças a Deus não vou comer mais gato/ Carne de vaca no açougue é mato/
Com meu amor eu já posso viver/ Eu vou buscar/ A minha nêga pra morar
comigo
Porque vi que não há mais perigo/ Ela de fome não vai morrer/ A vida estava tão
difícil/ Que eu mandei a minha nêga bacana/ Meter os peitos na cozinha da
madame/ Em Copacabana/ Agora vou buscar a nêga porque gosto/ Dela pra
cachorro/ Os gatos é que vão dar gargalhada/ de alegria lá no morro
Padeirinho
No ano de 1883, no dia 19 de abril/ Nascia Getúlio Dornelles Vargas/ Que mais
tarde seria presidente do Brasil/ Foi eleito deputado/ Para defender as cores do
nosso país/ E em março de 1930, ele aqui chegava/ Como substituto de
Washington Luiz/ Desde o ano de 1930 para cá/ Foi ele o presidente mais
popular/ Governando sempre, sempre em contato com o povo/ Construiu um
Brasil novo trabalhando sem cessar/ Como prova tem Volta Redonda/ A cidade
do aço/ Grande siderurgia nacional/ Tem o seu nome elevado, num grande
128
espaço/ Na Revolução Industrial/ Candeias, a cidade petroleira, trabalha para o
progresso fabril/ Orgulho da indústria brasileira/ Na história do petróleo no
Brasil, ô, ô/ Salve o estadista, idealista e realizador/ Getúlio Vargas/ Um grande
presidente de valor, ô, ô
O Plano de metas
1. Objetivos
2. O que representou, na prática
3. As 4 metas principais (Energia, Transportes, Alimentação e Indústria
Pesada)
4. A política econômica associada
5. O carro-chefe da economia: a indústria automobilística
6. A conjuntura favorável
- internamente
- externamente
7. Resultados
- integração entre capital externo e nacional
O “nacional-desenvolvimentismo”
1. Os 3 nacionalismos da década de 50
2. Brasília, símbolo maior
3. Vantagens políticas do nacional-desenvolvimentismo
4. Iseb: fábrica de ideologias
5. O nacional-desenvolvimentismo enquanto ideologia, o que ele ocultava
6. O impacto sobre a classe operária
Política e partidos
Bossa Nova mesmo é ser presidente, desta terra descoberta por Cabral/ para
tanto basta ser, simpático, risonho, original/ depois, desfrutar da maravilha, de
ser o presidente do Brasil/ voar de Belacap pra Brasília, ver a alvorada e voar de
volta ao Rio/ voar, voar, voar, voar, voar pra bem distante até Versalhes onde
aumento
da população de 1940-50 de 1950-60
Gravação utilizada: João Gilberto com Astrud Gilberto e Stan Getz; CD João
Gilberto – Coleção Millenium (20 músicas do Século XX) – Polygram, faixa 9.
A DITADURA MILITAR
Textos:
066 : CRONOLOGIA - da Ditadura Militar à posse de Lula .......................... 136
074: Dois sambas sobre inflação e planos econômicos ............................... 153 135
1964 – 11/4: “Eleição” do general Humberto Castelo Branco com 361 votos (72
abstenções, 37 ausências, 5 votos em outros generais)
1967 - 15/3: Posse do general Arthur Costa e Silva, cujo nome havia sido
homologado pelo Congresso em 3/10/66 (295 de 475 votos; fidelidade partidária
anula votos rebeldes – o general tinha sido “escolhido” pela ARENA; MDB se retira
em protesto)
1978 – 15/10: Eleição indireta do general João Batista de Figueiredo (355 votos
contra 226 para o também general Euler Bentes); Figueiredo fora anunciado por
Geisel como seu sucessor (tendo o civil Aureliano Chaves como vice) em 15/1
1984 – 6/4: Comício pelas (eleições) Diretas-Já com 1,7 milhão de pessoas em
SP
10/4: Idem com 1,2 milhão de pessoas no Rio de Janeiro (Candelária)
17/4: Emenda Figueiredo é enviada ao Congresso: mandato de 4 anos para
o próximo presidente e eleições diretas só em 1988. Em 28/6 vai ser retirada, para
evitar que a oposição a subemende para 84.
25/4: A emenda das diretas (Dante de Oliveira) não passa na Câmara (298
a favor, 65 contra e 17 abstenções; 22 votos menos do que os 2/3 exigidos)
- A inflação neste ano é de 223,7% e a variação do PIB de 5,4%
1988 – 22/3: A Constituinte (com seus 559 membros presentes) opta pelo
presidencialismo
2/6: Em concorrida votação, a Constituinte fixa em 5 anos (e não 4) o
mandato de Sarney
22/9: A Constituinte aprova a nova Carta Magna, por 454 votos, 15 contra e 137
6 abstenções
- A inflação neste ano é de 933,6 % e a variação (negativa) do PIB de – 0,1
%
1990 – 13/3: A pedido de Collor, Sarney decreta feriado bancário até 19/3
15/3: Posse de Fernando Collor de Mello
16/3: Plano Collor I (20 medidas provisórias e 3 decretos); bloqueio das
contas correntes e de poupança
3-11/4: Congresso aprova em tempo recorde o pacote de medidas do Plano
Collor
9/5: Collor anuncia a demissão de 354 mil funcionários públicos nos
próximos 60 dias
16/8: Decreto 99.464 inicia plano de privatização de 10 empresas estatais
Apostila de Brasil República 3.ed. - Prof. Marcos Alvito - UFF - 2014
- A inflação oficial neste ano é de 1.198 % (para a FGV é de 1.468 % e para
FIPE é de 1.639 %); e a variação (negativa) do PIB de – 4,4 % (a pior
recessão já registrada)
1991 – 31/1: Zélia Cardoso baixa o Plano Collor 2: feriado bancário no dia
seguinte, novo congelamento, desindexação
27-28/2: Congresso aprova as medidas provisórias do Plano Collor 2
14/3: Collor lança seu Projeto de Reconstrução Nacional: privatizações, fim
da estabilidade do funcionalismo público e universidades pagas
13/6: Collor indica Pedro Malan como negociador da dívida externa junto
aos credores
1/7: O Brasil retoma o pagamento da dívida externa, suspenso desde 89
16/12: A FIESP contabiliza 172 mil demissões em 12 meses na indústria de
SP
- A inflação neste ano é de 481,5 % (havia cédula de 50 mil NCz) e a variação
do PIB de 0,2 %
Rio de Janeiro, GB, 9 de abril de 1964. - Gen. Ex. Arthur da Costa e Silva -
Ten.-Brig. Francisco de Assis Correia de Melo - Vice-Alm. Augusto Hamann
Rademaker Grünewald.
iii. Censura:
- Cerca de 500 peças são proibidas; teatrólogos como Augusto Boal, são
presos e depois expulsos do país
- Glauber e Ruy Guerra são perseguidos enquanto órgãos oficiais
financiam "pornochanchadas"
- Até a Declaração de Independência dos EUA foi proibida em início dos
anos 70, bem como a exibição do Balé Bolshoi e o "Davi" de Miguelângelo
142
143
I. O “MILAGRE”
Variação do PIB (depressão) entre 1960-1965
Ano %
1960 10,3
1961 7,6
1962 6,5
1963 1,0
1964 2,6
1965 2,1
Fonte: SILVA,Francisco Carlos Teixeira da Silva. “A modernização autoritária: do
golpe militar à redemocratização (1964/1984)” In: LINHARES,Maria Yedda.
História Geral do Brasil. Rio de Janeiro:Campus,1990.p.288.
II. OS SANTOS
- De 1967-1973, o PIB dos 7 Grandes (EUA, Japão, Alemanha Ocidental, França, Canadá,
Itália e Inglaterra) cresceu 31,3% (média de 4,6% ao ano – ritmo jamais igualado)
- No mesmo período, o comércio mundial cresceu a uma taxa de 18% ao ano
- O capital estrangeiro no Brasil em bilhões de US$
1960 1970 1980
1,2 3,2 17,5
Obs: A renda que mais aumentou foi a da classe alta, 25,89%, i.e., mais de um
quarto;
A renda que mais desceu foi a da classe média baixa: cai 18%;
logo atrás vem a classe baixa, que perde 16% no período;
a classe média alta fica quase estacionada: aumenta apenas 2,7% no período
Desnutrição
Período Desnutridos % sobre população
1961-63 27 milhões 38%
1974-75 72 milhões 67%
1984 86 milhões 65%
* I.e., pessoas que consomem menos de 2.240 calorias diárias (p.299)
Fonte: SILVA,Opus cit.,p.300.
Acidentes de trabalho
Média de acidentes de trabalho registrados por dia útil (1971-1977)
Ano Média por dia útil
1970 4 405
1971 4 996
1972 5 370
1973 5 891
1974 6 355
1975 5 717 147
1976 5 294
Fonte: POSSAS, Cristina. Saúde e Trabalho: a crise na previdência social. Rio de Janeiro, Graal,
1981. p.132. citado por MENDONÇA & FONTES,História do Brasil Recente, 1964-1992,1994, p.68.
Concentração fundiária
Índice de Gini* 1920-1980
1920 0,804
1940 0,831
1950 0,843
1960 0,841
1970 0,843
1975 0,851
1980 0,859
IV. A HERANÇA
O crescimento da dívida externa
Relação entre o volume da dívida externa e o PIB (1980-84): 148
1980 1981 1982 1983 1984
18,9 19,1 28,5 41,1 46,3
Fonte: SILVA,Opus cit.,p.299.
1970 19,2 ]
1971 19,8 | Período do "milagre" econômico
1972 15,5 |
1973 15,7 |
1974 34,5 ] * impacto dos preços do petróleo
- Estabelece a eleição indireta para presidente da República a ser feita pelo Congresso
em sessão pública e votação nominal em dois dias a partir do AI (Art. 2o.)
- “Ficam suspensas, por 6 meses, as garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade e
estabilidade” (Art. 7o.)
- “Os inquéritos e processos visando à apuração da responsabilidade pela prática
de crime contra o Estado ou seu patrimônio e a ordem política ou social ou de
atos de guerra revolucionária poderão ser instaurados individual ou
coletivamente” (Art. 8o.)
- Haveria nova eleição presidencial direta em 3/10/65 e os eleitos tomariam
posse em 31/1/1966 (Art. 9o.)
- “No interesse da paz e da honra nacional, sem as limitações previstas na
Constituição, os Comandantes-em-Chefe, que editam o presente Ato, poderão
suspender os direitos políticos pelo prazo de dez anos e cassar mandatos
legislativos federais, estaduais e municipais, excluída a apreciação judicial desses
atos.” (Art. 10o.)
NA IMPRENSA, Samuel Weiner vai para o exílio e 1500 jornalistas são demitidos
VÁRIOS ARTISTAS são perseguidos (e.g. Herivelto Martins, Mário Lago, Jorge
Goulart, Dias Gomes, Oduvaldo Viana, Paulo Gracindo e Jorge Veiga)
154