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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO - ESCOLA DE GOVERNO PAULO NEVES DE CARVALHO

GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,


FINANÇAS PÚBLICAS

DIOGO AUGUSTO FONSECA GONÇALVES


LETICIA NÁPOLES
NAYRÕN CARDOSO DE SOUZA MARÇAL
RODOLFO ALESSANDRO DE MATOS ANDRADE

Relatório Econômico dos Estados do Rio de Janeiro e do


Rio Grande do Norte

Belo Horizonte 2023


Lista de Gráficos

Gráfico 1 - Composição do Valor Adicionado Bruto do Rio Grande do Norte e do Rio de


Janeiro (%) ................................................................................................................................. 7
Gráfico 2 - PIB per capita do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte (%). Valores de
2013 ........................................................................................................................................... 8
Gráfico 3 - Razão 10% mais ricos e 40% mais pobres ........................................................... 8
Gráfico 4 - Índice de Gini (2022) .............................................................................................. 9
Gráfico 5 - Evolução da Taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade 10
Gráfico 6 - Taxa de envelhecimento, medida em porcentagem ............................................ 11
Gráfico 7 - Distribuição de Matrículas por Dependência Administrativa ............................... 12
Gráfico 8 - Média de Anos de Estudo .................................................................................... 12
Gráfico 9 - Evolução do Ideb .................................................................................................. 13
Gráfico 10 - Mortalidade infantil, medida pelo número de óbitos a cada mil nascidos vivos
(NV) .......................................................................................................................................... 14
Gráfico 11 – Cobertura Vacinal .............................................................................................. 15
Gráfico 12 – População Carcerária e Déficit no Sistema Carcerário do RJ e do RN ........... 16
Gráfico 13 – Taxa de Homicídios do RJ e do RN (100.000/hab) .......................................... 17
Gráfico 14 - Evolução das Despesas Totais dos Estados do RJ e RN a valores de 2013 ... 18
Gráfico 15 - Participação no PIB dos gastos totais do RJ e RN ............................................ 18
Gráfico 16 - Evolução dos Gastos do RJ por Categoria Econômica ..................................... 19
.................................................................................................................................................. 19
Gráfico 17 - Evolução dos Gastos do RN por Categoria Econômica .................................... 20
Gráfico 18 - Evolução dos Gastos do RN e RJ por Função .................................................. 21
Gráfico 19 - Gasto per Capita do RJ e RN com Segurança e Saúde (valores de 2013 R$) 23
Gráfico 20 - Gasto por aluno da rede estadual do RJ e RN com Educação (valores de 2023
R$)............................................................................................................................................ 24
Gráfico 21 - Evolução da Receita Total do RJ (valores de 2023 R$) .................................... 25
Gráfico 22 - Evolução da Receita Total do RN (valores de 2013 R$) ................................... 25
Gráfico 23 - Composição da Receita do RN e do RJ ............................................................ 26
Gráfico 24 - Evolução da Arrecadação Tributária do RJ ....................................................... 28
Gráfico 25 - Evolução da Arrecadação Tributária do RN ...................................................... 28
Gráfico 26 - Déficit nominal em relação ao PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte
(%) ............................................................................................................................................ 31
Gráfico 27 - Déficit primário em porcentagem do PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Norte (2013-2022).................................................................................................................... 32

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Participação do PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte no PIB do


Brasil (%) .................................................................................................................................... 6
Tabela 2 - Déficit Nominal do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores .............. 30
a valores de 2013 (Reais R$) .................................................................................................. 30
Tabela 3 - Déficit Primário do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores .............. 32
com base no ano de 2013 R$ (2013-2022) ............................................................................ 32

3
Sumário

Lista de Tabelas ......................................................................................................................... 3


Sumário ...................................................................................................................................... 4
1. Introdução ........................................................................................................................... 5
2. Economia dos Estados ....................................................................................................... 5
2.1. Emprego e Renda ....................................................................................................... 8
2.2. Demografia ................................................................................................................ 10
2.3. Educação................................................................................................................... 11
2.4. Saúde ........................................................................................................................ 13
2.5. Segurança ................................................................................................................. 15
3. Despesa ............................................................................................................................ 17
3.1. Despesa por categoria econômica ........................................................................... 19
3.2. Despesa por função .................................................................................................. 20
3.3. Despesa per capita ................................................................................................... 22
4. Receitas ............................................................................................................................ 24
4.1. Composição da Receita ............................................................................................ 26
4.2. Eficiência da tributação ............................................................................................. 27
5. Déficit ................................................................................................................................ 29
6. Conclusão ......................................................................................................................... 34
7. Referências ....................................................................................................................... 36

4
1. Introdução

O presente relatório tem como objetivo apresentar alguns dados relativos ao


cenário socioeconômico de dois estados brasileiros, o Rio Grande do Norte e o Rio
de Janeiro, bem como das suas receitas, despesas e situação fiscal, estabelecendo
um quadro comparativo entre eles. Este estudo se mostra relevante na medida em
que permite observar as marcantes diferenças regionais que se impõe como desafios
para o federalismo brasileiro.
O Rio de Janeiro abrigou a capital do país por 197 anos, e se desenvolveu
como a porta de entrada do Brasil para o mundo. Possui uma população de
16.054.524 habitantes (IBGE, 2022) e terceiro maior PIB com 753 bilhões de reais
(IBGE, 2022).
O Rio Grande do Norte foi importante no início da formação econômica do
Brasil no especialmente no período do ciclo do açúcar. Atualmente a exploração de
reservas de petróleo e gás ao longo da costa contribuem para a economia do estado,
que ocupa a posição 17 em termos de população do Brasil, com 3.406 habitantes
(IBGE, 2022) e o 18° PIB com 71 bilhões de reais (IBGE, 2022).
Desta forma o trabalho apresenta indicadores econômicos, sociais, de saúde
educação e segurança, além de dados relativos às finanças públicas dos governos
estaduais. Como limitações, alguns indicadores, como os que envolvem o produto
interno bruto (PIB), estão apresentados apenas até o ano de 2021, devido à
defasagem no período para o cálculo exato do valor.

2. Economia dos Estados

As economias dos estados do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro


possuem diferenças substanciais.
É possível observar, a partir dos dados da Tabela 1, que a produção de riqueza
de cada um deles para o PIB nacional é bastante discrepante. Enquanto o RJ é
responsável por cerca de 10% da produção econômica brasileira, a do RN contribui
com pouco menos de 1%. Este é um dado que reflete o processo histórico da
evolução da economia nacional, uma vez que núcleo econômico e industrial do Brasil
se formou no Sudeste, com o Rio de Janeiro figurando como a capital do País na
maior parte da sua história. O Nordeste por sua vez, por diversas questões

5
geográficas, políticas e sociais, ficou afastado desse centro de poder e evoluiu em um
ritmo próprio, embora tenha recebido maior atenção e investimentos por parte do
governo federal nas últimas décadas.

Tabela 1 - Participação do PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte no PIB do


Brasil (%)

Fonte: Contas regionais do Brasil (IBGE, 2023a)

Estas desigualdades regionais ficam mais evidentes no gráfico 1. A


Participação da indústria e serviços na economia do RJ é expressivamente maior que
no RN, o que indica uma economia em um estágio de desenvolvimento mais elevado.
No RN por sua vez, a administração pública tem um maior peso, de 30% do VAB
contra cerca de 18% no RJ. A maior presença do setor público na economia indica
uma maior dependência do Estado para a promoção do desenvolvimento econômico
e social.

6
Gráfico 1 - Composição do Valor Adicionado Bruto do Rio Grande do Norte e do Rio de
Janeiro (%)

Fonte: Contas regionais do Brasil (IBGE, 2023a)

O PIB per capita dos estados, que reflete o tamanho da economia em relação
a população é demonstrado no gráfico 2. É possível observar que o PIB per capita do
RJ é aproximadamente o dobro do RN, embora no primeiro existe uma tendência de
leve queda no período entre 2013 e 2021, enquanto no segundo tenha se mantido
constante. Isso indica que, apesar da importância histórica do RJ na economia
nacional, o estado vem enfrentando desafios econômicos nos últimos anos. Dentre
todos os estados brasileiros o RJ foi o que menos cresceu desde 1985, por razões
como a transferência do capital financeiro para o centro do país, a mudança da capital
para Brasília, dentre outros fatores (TRECE, 2022). O estado foi especialmente
atingido pela crise financeira que atingiu o país em 2016, e no ano seguinte entrou
em regime de recuperação fiscal com a União.

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Gráfico 2 - PIB per capita do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte (%). Valores de
2013

Fonte: Contas Regionais do Brasil (IBGE, 2023a). Censo Demográfico (IBGE, 2010)(IBGE, 2023b).
Deflacionado a partir do IPCA (IBGE, 2023c)

2.1. Emprego e Renda

O PIB per capita, possui limitações pois não demonstra a distribuição de renda
entre a população. Para tanto recorreu-se a uma medida de diferença entre as faixas
de renda. Observa-se que a desigualdade nos dois estados é bastante próxima, com
o fator variando entre 13 e 16 no período entre 2012 e 2021 isto é, os 10% mais ricos
detém entre 13 e 16 vezes mais riqueza que os 40% mais pobres, um pouco abaixo
da média nacional. No período da pandemia após 2020 a desigualdade nacional
aumentou embora em 2021 no RN este fator tenha saltado para mais de 21, acima
da média nacional de 19, enquanto no RJ ficou em 17.

Gráfico 3 - Razão 10% mais ricos e 40% mais pobres

Fonte: PNAD contínua anual (IBGE, 2023d)

8
O índice de Gini, que avalia a distribuição de renda como um todo, apresenta
um dado mais atualizado. Ambos os estados em 2022 apresentam o índice acima da
média nacional, ou seja, possuem maior desigualdade que renda que o resto do
Brasil. Notadamente possuem um valor extremamente próximo, em 0,51 para o RN e
0,509 para o RJ em 2022.

Gráfico 4 - Índice de Gini (2022)

Fonte: (ATLAS BRASIL, 2023)

O principal indicador de desemprego, obtido pela PNAD mede a subutilização


da força de trabalho potencial, isto é, pessoas de 14 ou anos ou mais, em condições
de trabalhar e que buscam emprego no período, mas se encontram desocupadas. Em
ambos os estados a taxa de desemprego ficou acima da média nacional entre 2020
e 2023, chegando a 20% no RN no pico da pandemia, mas com tendência de queda
desde então. Em todo o período, porém, a taxa de desemprego do RJ foi maior que
o do RN exceto no primeiro semestre de 2023, acentuando a demonstração das
dificuldades econômicas pelas quais o estado vem enfrentando.

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Gráfico 5 - Evolução da Taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade

Fonte: PNAD contínua trimestral (IBGE, 2023e)

2.2. Demografia

A taxa de envelhecimento é uma relação expressa em porcentagem entre a


população idosa, que o IBGE considera sendo as pessoas com 65 anos de idade ou
mais, e a população jovem, que é a população entre 0 e 14 anos de idade.
Este é um importante indicador social e econômico porque mostra a
progressão da população propensa a estar economicamente ativa e daquelas
aposentadas, demonstrando os impactos e necessidades de políticas previdenciárias
atuais e, principalmente, futuras. Além de políticas de saúde pública voltada para esta
parcela cada vez maior da população.

10
Gráfico 6 - Taxa de envelhecimento, medida em porcentagem

Fonte: PNAD contínua anual (IBGE, 2023d)


2.3. Educação

A educação básica engloba a educação infantil, ensino fundamental e médio,


sendo que as responsabilidades sobre as duas primeiras recaem sobre os municípios
e a segunda sobre os estados, com algumas exceções, além da rede privada que
atende todos os níveis. A distribuição de matrículas entre as diferentes esferas nos
estados estudados pode ser observada no gráfico 7. Nos dois estados a
administração municipal é responsável por valores bastante próximos da média
nacional de 50% das matrículas. As diferenças são observadas principalmente no
nível estadual e privado, onde se concentra o ensino médio, onde se destaca a
participação de 30% do setor privado no RN, contra 21% no RJ e 19% da média
nacional, algo que foge a tendência de maior participação da rede pública nos estados
mais pobres.

11
Gráfico 7 - Distribuição de Matrículas por Dependência Administrativa

Fonte: (INEP, 2023)

Como indicador do nível educacional da população, o indicador de média de


anos de estudo mostra uma tendência de constante crescimento na última década
para ambos os estados estudados. O RJ passou da média de 9 para 11 anos de
estudos, e o RN de 7 para 9 anos de estudo. O primeiro manteve-se acima da média
nacional e o segundo abaixo durante o período 2012 a 2021.

Gráfico 8 - Média de Anos de Estudo

Fonte: (ATLAS BRASIL, 2023)

Como indicador de qualidade da educação foi utilizado o Ideb. O indicador é


calculado a partir da taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de
desempenho nos exames aplicados pelo Inep, e varia de 0 a 10, implementado em

12
2005. Para uma escola ser considerada ser considerada de bom nível seu Ideb deve
ser maior ou igual a 6. Em ambos os estado o indicador ficou acima da média nacional
em todo o período, com uma tendência de crescimento, embora o RJ tenha obtido um
desempenho melhor, embora nenhum deles tenha atingido a meta para 2020, de 5
pontos. Nota-se uma leve queda no Ideb nacional e estaduais em 2021, relacionado
ao período de pandemia de Covid-19.

Gráfico 9 - Evolução do Ideb

Fonte: (QEDU, 2023)

2.4. Saúde

A taxa de mortalidade infantil é um importante indicador das condições de


saúde, educação e saneamento à qual uma população está submetida, e é
referenciado pelo número de natimortos a cada mil nascidos vivos antes de completar
um ano de vida.

13
Gráfico 10 - Mortalidade infantil, medida pelo número de óbitos a cada mil nascidos vivos
(NV)

Fonte: (ATLAS BRASIL, 2023)

Por meio do gráfico 10 é possível constatar que a taxa mortalidade infantil dos
estados vem apresentando uma tendência de queda desde 2012, com um leve
aumento em 2020 e 2021, possivelmente devido aos efeitos da pandemia. O indicador
no RN, porém ainda é marcadamente alto, entre 14 e 18 por mil nascidos vivos, em
comparação ao RJ, entre 12 e 14.
Em relação à cobertura vacinal, os estados apresentam evolução semelhante,
com grandes variações no período entre 2013 e 2023 porém sempre cima dos 40%.
Observa-se uma tendência geral de queda na cobertura vacinal em ambos os estados
a partir da análise do gráfico 11, que acompanha uma tendência nacional, embora
esta queda tenha sido mais expressiva no Rio de Janeiro.

14
Gráfico 11 – Cobertura Vacinal

Fonte: (DATASUS, 2023)

2.5. Segurança

O cenário da segurança pública dos estados do Rio de Janeiro quanto o Rio


Grande do Norte revela cenários desafiadores em termos de políticas públicas para
ambos. O Rio de Janeiro, possui em 2023 48mil presos, figurando como a terceira
maior população carcerária do Brasil. Conforme observado no gráfico 12, houve
pequenas oscilações nesse número desde 2016, porém não há um indicativo
substancial de redução. Além disso o estado possui um déficit de vagas de 31% do
total em 2023, porém taxa que apresenta um leve movimento de redução desde 2016,
quando este valor era 40%. O Rio Grande do Norte possui a 19° maior população
carcerária do país, que aparentemente vem em redução no período analisado. Em
termo de vagas no sistema carcerária, apresenta um cenário melhor que o do RJ em
2023, com um excedente de 1,6 mil vagas.

15
Gráfico 12 – População Carcerária e Déficit no Sistema Carcerário do RJ e do RN

Fonte: (SISDEPEN, 2023)

Com relação à taxa de homicídios por 100.000 habitantes ambos, ambos os


estados apresentam estatísticas elevadas, apresentadas no gráfico 13. No RN a taxa
ficou acima de 33 entre 2011 e 2021, atingido um pico de 67 em 2017, enquanto no
RJ ficou entre 22 e 40 homicídios para cada 100.000 habitantes. Para efeitos de
comparação, segundo dados do Banco Mundial (2023), entre 2000 e 2022 a taxa de
homicídios global ficou entre 6 e 7 casos para cada 100.000 habitantes. Estes dados
expressam um cenário de guerra urbana que atinge estes estados. A violência é um
problema multidimensional, porém é exacerbado pela presença do crime organizado
nestes estados, o que exerce grandes pressões por parte do estanho no provimento
de políticas de segurança.

16
Gráfico 13 – Taxa de Homicídios do RJ e do RN (100.000/hab)

Fonte: (IPEA, 2023)

3. Despesa

Como é possível observar no gráfico 14, os dois estados possuem um volume


de despesa bastante discrepantes. O Rio de Janeiro, segundo maior PIB do Brasil,
chegou a ter um gasto de 64 bilhões em 2013. O país porém passou por um forte
período de recessão a partir de 2014, que atingiu fortemente o Estado, impactando
sua capacidade de gasto, que caiu para 38 bilhões em 2016. No ano de 2022, o
estado gastou 50 bilhões corrigidos pela inflação, demonstrando que não se
recuperou completamente da crise.
O Rio Grande do Norte, 18° maior PIB do Brasil, também foi atingido pela
recessão, porém o impacto nos gastos públicos foi menor que no Rio. No ano de
2022, o estado gastou 8 bilhões, apenas 1 bilhão a menos que no início da série, em
2013.

17
Gráfico 14 - Evolução das Despesas Totais dos Estados do RJ e RN a valores de 2013

Fonte: (SICONFI, 2023) Deflacionado a partir do IPCA

Como esperado para um estado com a economia menos desenvolvida, a


participação do gasto público no PIB é maior no RN, sendo quase o dobro do Rio,
como demonstrado no gráfico 15. A evolução do gráfico mostra que a recessão
também refletiu nessa participação, possivelmente devido à necessidade de
austeridade fiscal em resposta à redução das receitas.

Gráfico 15 - Participação no PIB dos gastos totais do RJ e RN

Fonte: (SICONFI, 2023) (IBGE, 2023a)

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3.1. Despesa por categoria econômica

Em termos de categoria econômica, a maior parte dos gastos do estado do Rio


de Janeiro, estavam concentrados em outras despesas correntes. A partir de 2017,
ano em que o estado entrou em regime de recuperação fiscal, houve uma inversão,
no qual o peso do gasto passou a se concentrar em pessoal e encargos sociais,
passando de 30% acima de 60% a partir de então. A lei de responsabilidade fiscal
estabelece um limite de 60% para o gasto com pessoal da receita corrente líquida, e
o RJ é um dos estados que esta acima desse valor. Embora a presente análise tenha
um foco na despesa, é possivel observar um reflexo desse desequilíbrio.
Possivelmente isso é decorrente da redução das receitas por ICMS do estado,
enquanto a máquina pública permanece inchada. Como consequência tem-se o
comprometimento das despesas discricionárias, como investimento, que sofreu
retração no período, de 8 para 4%, passando por períodos de menos de 1%.

Gráfico 16 - Evolução dos Gastos do RJ por Categoria Econômica

Fonte: Portal da Transparência do RJ (RIO DE JANEIRO, 2023)

A série para o estado do Rio Grande do Norte abrange apenas o período


disponível do portal da transparência do estado, ou seja, entre 2019 e 2023. É
possível observar, porém, um perfil de gastos mais estável que o observado no Rio
de Janeiro. Porém o seu gasto com pessoal é ainda maior, ficando próximo de 80%.

19
O alto comprometimento com a folha de pagamento pode criar uma rigidez
orçamentária, dificultando ajustes e adaptações em resposta a mudanças nas
condições econômicas.

Gráfico 17 - Evolução dos Gastos do RN por Categoria Econômica

Fonte: Portal da Transparência do RN (RIO GRANDE DO NORTE, 2023)

3.2. Despesa por função

O comportamento da evolução dos gastos por função dos estados do Rio de


Janeiro e do Rio Grande do Norte apresenta algumas semelhanças e discrepâncias.
Em ambos estados, assim como na grande maioria dos outros entes federados e da
própria União, os maiores encargos são relativos à previdência social, que tiveram
um crescimento mais significativo na primeira metade do período analisado. No Rio
de Janeiro, se destaca o ano de 2017, quando a previdência representou quase a
metade das despesas do estado. Cabe ressaltar que foi em 2016, ano das
Olimpíadas, que foi declarada a calamidade pública no âmbito da administração
financeira, que fez com que o estado entrasse em regime de recuperação fiscal. Após
2017, nota-se uma tendência de queda na previdência social do Rio de Janeiro,
enquanto no Rio Grande do Norte, a tendência observada é de estabilização para
esta mesma função.

20
Vale notar, ainda em relação ao regime de recuperação fiscal do Rio de
Janeiro, que os encargos especiais tiveram uma queda acentuada da participação
nas despesas, passando de 27% em 2013 para apenas 4% em 2022. E mesmo no
Rio Grande do Norte é vista uma queda acentuada, passando de 21% para 4% nos
mesmos anos. Isso pode representar o não pagamento de dívidas precatórias, entre
outros empréstimos ou juros de dívidas.

A função outras despesas representa os dispêndios com a manutenção e


funcionamento da máquina administrativa e em ambos estados tem um peso
aproximado. Mas nota-se no Rio de Janeiro que esta função decaiu mais
significativamente entre os anos de 2015 e 2016, de 20% para 14%, respectivamente,
se mantendo estável próximo de 11% no ano seguinte até o ano de 2022, quando
voltou a crescer, atingindo 16% das despesas totais. No Rio Grande do Norte, essa
função se manteve estável por praticamente toda a série analisada, atingindo o menor
percentual em 2018, quando atingiu 12%, ano seguinte aos dois maiores níveis
atingidos por esta função, de 16% nos anos de 2016 e 2017.

Ainda no Rio de Janeiro, a função que ocupa a segunda colocação no período


analisado em termos de gastos percentuais é o da segurança pública. Mas é notável
que nem sempre essa função esteve nessa colocação, crescendo mais a partir de
2015, quando atingiu 14% e, com o passar dos anos, manteve essa média. No Rio
Grande do Norte, essa função ocupa a quinta posição, se mantendo dentro do período
analisado majoritariamente entre 8% e 9%, com pico nos anos de 2016 e 2018,
quando atingiu 11% do total das despesas.

Nota-se também, que os gastos em saúde e educação são maiores no Rio


Grande do Norte, em comparação com o estado do Rio de Janeiro. Neste, essas
funções representam cerca de 10% das despesas totais para a educação e saúde,
com esta última tendo um acréscimo a partir de 2019, sendo que nos anos anteriores
era próximo a apenas 6%. Enquanto no Rio Grande do Norte, estes gastos se
mantiveram na série histórica na casa de 15% para a educação e 14% para a saúde.

Gráfico 18 - Evolução dos Gastos do RN e RJ por Função

21
Fonte: (SICONFI, 2023)

3.3. Despesa per capita

As despesas per capita são um indicador da demanda da população por um


determinado serviço público. Quanto à segurança pública, o Rio de Janeiro é
marcadamente um estado com grande esforço em combater o crime organizado.
Como de se esperar, seu gasto nessa área é quase o dobro daquele do RN. O RN,
por sua vez, tem um maior gasto com saúde, o que pode indicar uma população mais
dependente do SUS. Como mencionado anteriormente, o RJ historicamente tem
menos que o mínimo constitucional nessa área, o que se reflete também no gasto per
capita, embora atualmente ambos cheguem a valores próximos, em torno de R$ 300
per capita.

22
Gráfico 19 - Gasto per Capita do RJ e RN com Segurança e Saúde (valores de 2013 R$)

Fonte: (SICONFI, 2023). Deflacionado a partir do IPCA. Censo 2010 (IBGE, 2010) e Censo
2022(IBGE, 2023b)

Para o gasto com educação foi feito o cálculo por aluno matriculado na rede
estadual. É possível ver no Gráfico 20 um perfil bastante semelhante entre os dois
estados. Ambos gastavam R$ 7000 por aluno em 2013, houve uma redução para
cerca de R$ 7000 até 2020, com uma tendência de aumento desde então. Alguns
indicadores de educação, como o Ideb, são ligeiramente menores para o estado do
RN. Isso pode estar, portanto, não necessariamente relacionado ao quanto é
investido nessa área, mas sim na qualidade da gestão, qualificação dos professores,
etc. É importante notar também que esta análise não inclui as escolas das redes
privada, municipal e federal.

23
Gráfico 20 - Gasto por aluno da rede estadual do RJ e RN com Educação (valores de 2023
R$)

Fonte: (SICONFI, 2023). Censo da Educação Básica (INEP, 2023).

Ainda quanto à educação, nos moldes do que se verifica no gráfico acima, tem-
se que o Rio de Janeiro, entre os anos de 2014 e 2022 sempre gastou ligeiramente
mais, em termos de despesas “per capita” do que o Estado do Rio Grande do Norte,
sendo que ambos os estados possuem uma curva de declínio e aumento dos gastos
de forma semelhante, sendo que o ano que os dois mais gastaram foi o de 2014, com
acentuada queda até o ano de 2016 e uma recuperação, aumento de gastos
concentrada a partir de 2020, o que pode ser explicado em virtude da pandemia de
Covid, que fez com que todos os Estados gastassem mais nessa área.

4. Receitas

A receita total do Rio de Janeiro no período de 2013 a 2022 é apresentada no


Gráfico 1. É possível observar uma tendência de queda e recuperação na receita total
no período, o que coincide com o período de recessão pelo qual passou o país entre
2014 e 2018. Entre 2016 e 2021 estado atingiu seu mínimo e seu ápice de
arrecadação no período, entre R$ 52 R$ 76 bilhões, um aumento de 46%, o que indica
uma expressiva recuperação. Quanto a composição dessa receita, 95% dela foi
composta por receitas correntes, exceto nos anos de 2013 e 2014.

24
Gráfico 21 - Evolução da Receita Total do RJ (valores de 2023 R$)

Fonte: (SICONFI, 2023)

Quanto ao Rio Grande do Norte, sua arrecadação também segue a tendência


de oscilação econômica pela qual o Brasil passou no período. Como esperado, por
ser um estado de economia menos desenvolvida, sua arrecadação é mais baixa que
a do RJ, ficando entre R$9,5 bilhões e R$12 bilhões, aproximadamente. A
participação de receitas correntes é ainda mais alta que a do RJ, ficando acima de
95% em todo o período.

Gráfico 22 - Evolução da Receita Total do RN (valores de 2013 R$)

Fonte: (SICONFI, 2023)

Um fator que explica o aumento da arrecadação em 2020 e 2021, foi o aumento


dos preços de energia e gasolina que favoreceram a arrecadação com o IMCS.

25
4.1. Composição da Receita

Uma composição mais detalhada da receita de ambos os estados pode ser


observada no Gráfico 23. Em ambos os estados a fonte de receita predominante são
os impostos taxas e contribuições, sendo que estes têm uma participação maior no
RJ, entre 55 e 60%, do que no RN, ficando em torno de 50%. Chama a atenção
também o fato de que a arrecadação via receita patrimonial é substancialmente maior
no RJ, entre 7 e 31% no período e com tendência de crescimento, enquanto no RN
ela é irrisória, não chegando a 1%. Em geral, estados com economia mais
diversificada tem mais oportunidades de gerar receitas por via de fontes patrimoniais,
tanto por meio da base tributária quanto pela própria exploração do patrimônio
público, o que é esperado ao se comparar os dois estados.
A diferença entre eles, porém , é ainda mais marcante quando se analisa a
participação das transferências correntes na arrecadação. No rio de janeiro às
transferências da União foram responsáveis por cerca de 8% da arrecadação total,
não passando de 15%. Porém no RN em momento algum elas ficaram abaixo de
40%. Isso reforça a menor capacidade de geração de receita própria do estado
nordestino. Historicamente os estados no nordeste ficaram afastados do centro
político e econômico do Brasil e portanto passaram por um ciclo de desenvolvimento
mais lento, aumentando a necessidade de assistência financeira do governo federal
para mitigar as disparidades regionais, evidenciando a importância das transferências
da União para apoiar o crescimento e a equidade nos estados do Nordeste.

Gráfico 23 - Composição da Receita do RN e do RJ

Fonte: (SICONFI, 2023)

26
Vale ressaltar também que uma forma de os estados se financiarem são as
operações de crédito. Em geral os empréstimos permitem que os entes federativos
se financiem no presente, porém isso deve ser realizado com cautela pois
compromete suas despesas futuras, sobretudo com relação a capacidade de realizar
investimentos. Em geral, governos com maior capacidade de gerar renda tem maior
liberdade para se endividarem.
No Rio de janeiro observa-se que as operações de crédito foram maiores entre
2013 e 2015, anos que antecederam a realização das olimpíadas de 2016. Pouco
depois, em 2017 o Estado entrava em regime de recuperação fiscal, e estas fontes
baixaram significativamente. O RN tem uma parcela de operações de crédito muito
baixa, em menos de 3%, o que pode ser explicado pela sua baixa capacidade de
geração de renda, quando pelo seu alto grau de recursos provenientes da União.

4.2. Eficiência da tributação

Como demonstrado anteriormente, a principal fonte de renda dos Estados são


os impostos, taxas e contribuições. Uma medida da eficiência da tributação é a sua
elasticidade em relação ao crescimento econômico.
Como é possível observar nos gráficos 24 e 25, em geral o aumento ou a
diminuição da arrecadação via tributação acompanha a evolução do PIB dos Estados.
Quando o PIB aumenta, a receita tributária aumenta, e vice-versa. Porém nem
sempre essa tendência é elástica. No RJ, por exemplo, quando o PIB nos anos que
há contração de PIB, há também uma contração na receita, porém em menor
proporção. Quando o PIB sobe, por outro lado a arrecadação sobre em uma
proporção praticamente idêntica.

27
Gráfico 24 - Evolução da Arrecadação Tributária do RJ

Fonte: (SICONFI, 2023)(IBGE, 2023a)

No RN a tendência parece ser mais irregular. Na maior parte do período, o


crescimento da receita tributária acompanhou o PIB estadual, embora não houvesse
regularidade na elasticidade. Houve ainda anos como 2014 e 2016, em que
aconteceu o oposto: o PIB contraiu e a receita aumentou.

Gráfico 25 - Evolução da Arrecadação Tributária do RN

Fonte: (SICONFI, 2023)(IBGE, 2023a)

28
Em geral, os tributos sobre o consumo, como o ICMS, que é o principal tributo
dos estados, tendem a ter uma elasticidade menor em relação ao PIB em comparação
com os tributos sobre o patrimônio.
A lógica por trás disso é que os tributos sobre o consumo são geralmente
considerados mais estáveis porque as pessoas tendem a consumir uma quantidade
mínima de bens e serviços essenciais, independentemente das condições
econômicas. Por outro lado, os tributos sobre o patrimônio podem ser mais sensíveis
às variações na riqueza e na propriedade, o que pode estar mais sujeito a flutuações
econômicas.

5. Déficit

Uma das formas de medir a saúde financeira dos Estados é o cálculo do déficit
nominal. Esta é uma medida que expressa a diferença entre as despesas totais do
governo e suas receitas totais, considerando todos os gastos, inclusive o pagamento
de juros sobre a dívida pública. A fórmula utilizada para este cálculo é:

Déficit Nominal = Despesas Totais – Receitas Totais

Na tabela 2 é apresentada uma série histórica do déficit nominal dos estados


do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte:

29
Tabela 2 - Déficit Nominal do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores
a valores de 2013 (Reais R$)

Fonte: (SICONFI, 2023)

A partir dos dados é possível observar que durante todo o período analisado
houve valores negativos de déficit nominal para o Rio de Janeiro, o que significa que
o estado apresentou constantes superávits nominais. No caso do RN, exceto nos
anos de 2014 e 2015, o estado também apresentou constantes superávits nominais
no período.
Superávits nominais significam que os governos estudados obtiveram mais
arrecadações do que gastos no período analisado. Isto é um indicador positivo de
sustentabilidade financeira dos governos, pois demonstra capacidade de
comprimento com a dívida pública, algo que contribui para aumentar a confiança dos
credores e investidores.
Outra medida de sustentabilidade das contas públicas é o déficit nominal em
relação ao PIB, que fornece uma perspectiva sobre a situação fiscal de um estado em
termos proporcionais à sua atividade econômica total. Um demonstrativo do déficit
nominal em relação ao PIB é apresentado no gráfico 26 para os estados analisados:

30
Gráfico 26 - Déficit nominal em relação ao PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte
(%)

Fonte: (SICONFI, 2023)(IBGE, 2023a)

Outra importante medida de déficit público é o déficit primário, que se refere à


diferença entre as receitas totais do governo e as despesas totais, excluindo os gastos
com juros da dívida pública. Ele mede o resultado das operações do governo,
demonstrando o esforço orçamentário do governo para o pagamento da dívida. Ele
pode ser calculado pela seguinte fórmula:

Déficit Nominal = Despesas Totais – Receitas Totais – Amortização da Dívida


– Juros e encargos da dívida

A tabela 3 apresenta uma série histórica do déficit nominal dos estados do Rio
de Janeiro e do Rio Grande do Norte. Devido à limitação de dados do portal da
transparência do RN, somente foi possível calcular o déficit primário do estado entre
os anos de 2018 e 2021:

31
Tabela 3 - Déficit Primário do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores
com base no ano de 2013 R$ (2013-2022)

Fonte: (SICONFI, 2023)

É possível observar que o Rio de Janeiro obteve superávits primários em todo


o período de 2013 e 2022. O mesmo pode ser afirmado sobre o RN, dentro da
limitação de dados para este estado.
O déficit primário em relação ao PIB dos estados é apresentado no gráfico 27:

Gráfico 27 - Déficit primário em porcentagem do PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do


Norte (2013-2022)

Fonte: (SICONFI, 2023)(IBGE, 2023a)

32
Excetuando os anos de 2014 e 2015, é possível observar que o RN obteve
superávits primários proporcionalmente maiores em relação ao PIB que o RJ.
Entretanto é importante considerar a grande participação das transferências federais
no orçamento do RN, o que contribui para estes resultados positivos. Além disso, em
nível municipal, o RN possui uma situação mais grave, com mais da metade de seus
municípios com déficit primário em 2023 (AGORARN, 2023).
Vale ressaltar que alcançar consistentemente superávits primários pode exigir
medidas rigorosas de austeridade, o que pode ter impactos sociais. Além disso, essa
medida, embora demonstre um esforço dos governos para o cumprimento da dívida,
não demonstra o estoque total da dívida pública.
Por exemplo, o estado do Rio de Janeiro atualmente encontra-se em uma
grave situação fiscal, com uma dívida total de R$183 bi - quase o dobro de sua
arrecadação - dos quais R$148 bi correspondem a dívidas com a União. Desde que
entrou no regime de recuperação fiscal em 2017, o estado do RJ realizou
privatizações, como da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), e medidas
de austeridade, o que pode ser uma possível explicação para os superávits nominais
e primários dos períodos (FOSPERJ, 2023). Porém, é importante destacar que as
receitas não têm crescido o suficiente para aumentar a arrecadação, que possibilitaria
o pagamento da dívida de forma crescente e sustentável, já que as receitas são
praticamente direcionadas para equacionamento da dívida (GATTO, 2021). Com isso,
não ocorrem aplicações em forma de investimentos necessários ao crescimento da
arrecadação, que tem como consequência o comprometimento da capacidade do
Estado em prover políticas públicas de desenvolvimento e diminuição das
desigualdades, como é o caso da extinção dos programas sociais de habitação
Além disso, o Estado recorreu ao aumento no ICMS para se financiar, o que
tem impacto negativo no setor produtivo, especialmente na indústria (UOL, 2016).
Isso demonstra a importância da reforma tributária, para que dentro de um novo pacto
federativo, os estados tenham maior capacidade de financiamento com impostos mais
eficientes que o ICMS, evitando que fiquem submersos em graves dificuldades dada
a distribuição desigual das parcelas dos impostos arrecadados.

33
6. Conclusão

Em conclusão, a análise comparativa das economias dos estados do Rio de


Janeiro e do Rio Grande do Norte revela disparidades significativas que refletem não
apenas as diferenças regionais, mas também o impacto da trajetória histórica e
mudanças na dinâmica econômica nacional. O Estado do Nordeste apresenta uma
economia menos desenvolvida e indicadores sociais, educacionais e de saúde em
geral priores do que o do Rio de Janeiro. Isso implica em uma atuação mais direta do
setor público em termos de investimentos para o desenvolvimento econômico, além
de uma maior presença no provimento de serviços públicos devido à renda mais baixa
da população.

O Rio de Janeiro, por sua vez, embora tenha uma economia mais pujante,
apresenta seus próprios desafios. O Estado possui uma economia em decrescimento,
ao mesmo tempo que em que sua população apresenta altos níveis de
envelhecimento e pouco crescimento. Isso tem um peso no orçamento público, uma
vez que se por um lado pesam os gastos com previdência social, por outro, a
sustentabilidade da geração de renda fica comprometida.

Apesar das diferenças os dois estados apresentam alguns pontos em comum.


O mais marcante deles está nos indicadores de desigualdade, que demonstra que a
má distribuição de renda se mostra como um problema geral do Brasil, tanto entre os
estados mais ricos quanto mais pobres.

A análise das despesas públicas nos estados do Rio de Janeiro (RJ) e Rio Grande
do Norte (RN) revela nuances distintas em suas trajetórias econômicas e políticas
fiscais. O RJ, como uma economia mais robusta, enfrentou desafios significativos
após a recessão de 2014, evidenciados por uma necessidade de recuperação fiscal
para lidar com a dívida pública e a retração econômica. A predominância de gastos
com pessoal no RJ, ultrapassando limites legais, tem impactado as despesas
discricionárias, enquanto o RN, embora também enfrentando rigidez orçamentária
devido a altos comprometimentos com folha de pagamento, manteve uma resposta
mais estável à recessão.
Quanto às receitas a análise revela as disparidades regionais no financiamento
estadual no Brasil. O Rio de Janeiro, mais desenvolvido, destaca-se pela

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diversificação de fontes, enquanto o Rio Grande do Norte, menos desenvolvido,
depende mais das transferências da União.

Por fim a análise do cenário socioeconômico dos estados do Rio de Janeiro e


do Rio Grande do Norte destaca a complexidade do federalismo brasileiro,
evidenciando a necessidade de abordagens diferenciadas para enfrentar os desafios
regionais.

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7. Referências

AGORARN. 100 municípios do RN estão com déficit primário, aponta Femurn. ,


2023. Disponível em: https://agorarn.com.br/ultimas/100-municipios-rn-deficit-
primario-femurn-2/.
ATLAS BRASIL. Consulta em Tabela. 2023. Disponível em:
http://www.atlasbrasil.org.br/consulta/planilha.
DATASUS. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações.
2023. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/dhdat.exe?bd_pni/cpnibr.def.
Acesso em: 10 dez. 2023.
FOSPERJ. Estoque da dívida do RJ subiu R$18 bi em 12 meses no RRF. Rio de
Janeiro, 2023. Disponível em: https://fosperj.com.br/estoque-da-divida-do-rj-subiu-
r18-bi-em-12-meses-no-rrf/.
IBGE. Censo 2010. 2010. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/. Acesso
em: 10 dez. 2023.
IBGE. Contas Regioanais do Brasil. 2023a. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/contas-nacionais/9054-contas-
regionais-do-brasil.html. Acesso em: 10 dez. 2023.
IBGE. Censo 2022. 2023b. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/22827-censo-demografico-
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https://sidra.ibge.gov.br/acervo#/S/IA/A/Q. Acesso em: 10 dez. 2023.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua anual. 2023d.
Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/acervo#/S/Q. Acesso em: 10 dez. 2023.
IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral.
2023e. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/acervo#/S/DD/A/Q. Acesso em: 10
dez. 2023.
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IPEA. Atlas da Violência. 2023. Disponível em:
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2023. Disponível em: http://www.transparencia.rn.gov.br/. Acesso em: 10 dez. 2023.
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https://www.gov.br/senappen/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-analise-de-dados.
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Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/estado-do-rio-e-o-que-menos-cresceu-
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UOL. Medidas de austeridade atingem “população mais pobre” do RJ, diz
Defensoria. , 2016. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2016/11/04/medidas-de-austeridade-atingem-populacao-mais-pobre-do-rj-
diz-defensoria.htm.

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