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Lista de Tabelas
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Sumário
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1. Introdução
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geográficas, políticas e sociais, ficou afastado desse centro de poder e evoluiu em um
ritmo próprio, embora tenha recebido maior atenção e investimentos por parte do
governo federal nas últimas décadas.
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Gráfico 1 - Composição do Valor Adicionado Bruto do Rio Grande do Norte e do Rio de
Janeiro (%)
O PIB per capita dos estados, que reflete o tamanho da economia em relação
a população é demonstrado no gráfico 2. É possível observar que o PIB per capita do
RJ é aproximadamente o dobro do RN, embora no primeiro existe uma tendência de
leve queda no período entre 2013 e 2021, enquanto no segundo tenha se mantido
constante. Isso indica que, apesar da importância histórica do RJ na economia
nacional, o estado vem enfrentando desafios econômicos nos últimos anos. Dentre
todos os estados brasileiros o RJ foi o que menos cresceu desde 1985, por razões
como a transferência do capital financeiro para o centro do país, a mudança da capital
para Brasília, dentre outros fatores (TRECE, 2022). O estado foi especialmente
atingido pela crise financeira que atingiu o país em 2016, e no ano seguinte entrou
em regime de recuperação fiscal com a União.
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Gráfico 2 - PIB per capita do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte (%). Valores de
2013
Fonte: Contas Regionais do Brasil (IBGE, 2023a). Censo Demográfico (IBGE, 2010)(IBGE, 2023b).
Deflacionado a partir do IPCA (IBGE, 2023c)
O PIB per capita, possui limitações pois não demonstra a distribuição de renda
entre a população. Para tanto recorreu-se a uma medida de diferença entre as faixas
de renda. Observa-se que a desigualdade nos dois estados é bastante próxima, com
o fator variando entre 13 e 16 no período entre 2012 e 2021 isto é, os 10% mais ricos
detém entre 13 e 16 vezes mais riqueza que os 40% mais pobres, um pouco abaixo
da média nacional. No período da pandemia após 2020 a desigualdade nacional
aumentou embora em 2021 no RN este fator tenha saltado para mais de 21, acima
da média nacional de 19, enquanto no RJ ficou em 17.
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O índice de Gini, que avalia a distribuição de renda como um todo, apresenta
um dado mais atualizado. Ambos os estados em 2022 apresentam o índice acima da
média nacional, ou seja, possuem maior desigualdade que renda que o resto do
Brasil. Notadamente possuem um valor extremamente próximo, em 0,51 para o RN e
0,509 para o RJ em 2022.
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Gráfico 5 - Evolução da Taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade
2.2. Demografia
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Gráfico 6 - Taxa de envelhecimento, medida em porcentagem
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Gráfico 7 - Distribuição de Matrículas por Dependência Administrativa
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2005. Para uma escola ser considerada ser considerada de bom nível seu Ideb deve
ser maior ou igual a 6. Em ambos os estado o indicador ficou acima da média nacional
em todo o período, com uma tendência de crescimento, embora o RJ tenha obtido um
desempenho melhor, embora nenhum deles tenha atingido a meta para 2020, de 5
pontos. Nota-se uma leve queda no Ideb nacional e estaduais em 2021, relacionado
ao período de pandemia de Covid-19.
2.4. Saúde
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Gráfico 10 - Mortalidade infantil, medida pelo número de óbitos a cada mil nascidos vivos
(NV)
Por meio do gráfico 10 é possível constatar que a taxa mortalidade infantil dos
estados vem apresentando uma tendência de queda desde 2012, com um leve
aumento em 2020 e 2021, possivelmente devido aos efeitos da pandemia. O indicador
no RN, porém ainda é marcadamente alto, entre 14 e 18 por mil nascidos vivos, em
comparação ao RJ, entre 12 e 14.
Em relação à cobertura vacinal, os estados apresentam evolução semelhante,
com grandes variações no período entre 2013 e 2023 porém sempre cima dos 40%.
Observa-se uma tendência geral de queda na cobertura vacinal em ambos os estados
a partir da análise do gráfico 11, que acompanha uma tendência nacional, embora
esta queda tenha sido mais expressiva no Rio de Janeiro.
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Gráfico 11 – Cobertura Vacinal
2.5. Segurança
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Gráfico 12 – População Carcerária e Déficit no Sistema Carcerário do RJ e do RN
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Gráfico 13 – Taxa de Homicídios do RJ e do RN (100.000/hab)
3. Despesa
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Gráfico 14 - Evolução das Despesas Totais dos Estados do RJ e RN a valores de 2013
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3.1. Despesa por categoria econômica
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O alto comprometimento com a folha de pagamento pode criar uma rigidez
orçamentária, dificultando ajustes e adaptações em resposta a mudanças nas
condições econômicas.
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Vale notar, ainda em relação ao regime de recuperação fiscal do Rio de
Janeiro, que os encargos especiais tiveram uma queda acentuada da participação
nas despesas, passando de 27% em 2013 para apenas 4% em 2022. E mesmo no
Rio Grande do Norte é vista uma queda acentuada, passando de 21% para 4% nos
mesmos anos. Isso pode representar o não pagamento de dívidas precatórias, entre
outros empréstimos ou juros de dívidas.
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Fonte: (SICONFI, 2023)
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Gráfico 19 - Gasto per Capita do RJ e RN com Segurança e Saúde (valores de 2013 R$)
Fonte: (SICONFI, 2023). Deflacionado a partir do IPCA. Censo 2010 (IBGE, 2010) e Censo
2022(IBGE, 2023b)
Para o gasto com educação foi feito o cálculo por aluno matriculado na rede
estadual. É possível ver no Gráfico 20 um perfil bastante semelhante entre os dois
estados. Ambos gastavam R$ 7000 por aluno em 2013, houve uma redução para
cerca de R$ 7000 até 2020, com uma tendência de aumento desde então. Alguns
indicadores de educação, como o Ideb, são ligeiramente menores para o estado do
RN. Isso pode estar, portanto, não necessariamente relacionado ao quanto é
investido nessa área, mas sim na qualidade da gestão, qualificação dos professores,
etc. É importante notar também que esta análise não inclui as escolas das redes
privada, municipal e federal.
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Gráfico 20 - Gasto por aluno da rede estadual do RJ e RN com Educação (valores de 2023
R$)
Ainda quanto à educação, nos moldes do que se verifica no gráfico acima, tem-
se que o Rio de Janeiro, entre os anos de 2014 e 2022 sempre gastou ligeiramente
mais, em termos de despesas “per capita” do que o Estado do Rio Grande do Norte,
sendo que ambos os estados possuem uma curva de declínio e aumento dos gastos
de forma semelhante, sendo que o ano que os dois mais gastaram foi o de 2014, com
acentuada queda até o ano de 2016 e uma recuperação, aumento de gastos
concentrada a partir de 2020, o que pode ser explicado em virtude da pandemia de
Covid, que fez com que todos os Estados gastassem mais nessa área.
4. Receitas
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Gráfico 21 - Evolução da Receita Total do RJ (valores de 2023 R$)
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4.1. Composição da Receita
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Vale ressaltar também que uma forma de os estados se financiarem são as
operações de crédito. Em geral os empréstimos permitem que os entes federativos
se financiem no presente, porém isso deve ser realizado com cautela pois
compromete suas despesas futuras, sobretudo com relação a capacidade de realizar
investimentos. Em geral, governos com maior capacidade de gerar renda tem maior
liberdade para se endividarem.
No Rio de janeiro observa-se que as operações de crédito foram maiores entre
2013 e 2015, anos que antecederam a realização das olimpíadas de 2016. Pouco
depois, em 2017 o Estado entrava em regime de recuperação fiscal, e estas fontes
baixaram significativamente. O RN tem uma parcela de operações de crédito muito
baixa, em menos de 3%, o que pode ser explicado pela sua baixa capacidade de
geração de renda, quando pelo seu alto grau de recursos provenientes da União.
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Gráfico 24 - Evolução da Arrecadação Tributária do RJ
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Em geral, os tributos sobre o consumo, como o ICMS, que é o principal tributo
dos estados, tendem a ter uma elasticidade menor em relação ao PIB em comparação
com os tributos sobre o patrimônio.
A lógica por trás disso é que os tributos sobre o consumo são geralmente
considerados mais estáveis porque as pessoas tendem a consumir uma quantidade
mínima de bens e serviços essenciais, independentemente das condições
econômicas. Por outro lado, os tributos sobre o patrimônio podem ser mais sensíveis
às variações na riqueza e na propriedade, o que pode estar mais sujeito a flutuações
econômicas.
5. Déficit
Uma das formas de medir a saúde financeira dos Estados é o cálculo do déficit
nominal. Esta é uma medida que expressa a diferença entre as despesas totais do
governo e suas receitas totais, considerando todos os gastos, inclusive o pagamento
de juros sobre a dívida pública. A fórmula utilizada para este cálculo é:
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Tabela 2 - Déficit Nominal do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores
a valores de 2013 (Reais R$)
A partir dos dados é possível observar que durante todo o período analisado
houve valores negativos de déficit nominal para o Rio de Janeiro, o que significa que
o estado apresentou constantes superávits nominais. No caso do RN, exceto nos
anos de 2014 e 2015, o estado também apresentou constantes superávits nominais
no período.
Superávits nominais significam que os governos estudados obtiveram mais
arrecadações do que gastos no período analisado. Isto é um indicador positivo de
sustentabilidade financeira dos governos, pois demonstra capacidade de
comprimento com a dívida pública, algo que contribui para aumentar a confiança dos
credores e investidores.
Outra medida de sustentabilidade das contas públicas é o déficit nominal em
relação ao PIB, que fornece uma perspectiva sobre a situação fiscal de um estado em
termos proporcionais à sua atividade econômica total. Um demonstrativo do déficit
nominal em relação ao PIB é apresentado no gráfico 26 para os estados analisados:
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Gráfico 26 - Déficit nominal em relação ao PIB do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte
(%)
A tabela 3 apresenta uma série histórica do déficit nominal dos estados do Rio
de Janeiro e do Rio Grande do Norte. Devido à limitação de dados do portal da
transparência do RN, somente foi possível calcular o déficit primário do estado entre
os anos de 2018 e 2021:
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Tabela 3 - Déficit Primário do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte – valores
com base no ano de 2013 R$ (2013-2022)
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Excetuando os anos de 2014 e 2015, é possível observar que o RN obteve
superávits primários proporcionalmente maiores em relação ao PIB que o RJ.
Entretanto é importante considerar a grande participação das transferências federais
no orçamento do RN, o que contribui para estes resultados positivos. Além disso, em
nível municipal, o RN possui uma situação mais grave, com mais da metade de seus
municípios com déficit primário em 2023 (AGORARN, 2023).
Vale ressaltar que alcançar consistentemente superávits primários pode exigir
medidas rigorosas de austeridade, o que pode ter impactos sociais. Além disso, essa
medida, embora demonstre um esforço dos governos para o cumprimento da dívida,
não demonstra o estoque total da dívida pública.
Por exemplo, o estado do Rio de Janeiro atualmente encontra-se em uma
grave situação fiscal, com uma dívida total de R$183 bi - quase o dobro de sua
arrecadação - dos quais R$148 bi correspondem a dívidas com a União. Desde que
entrou no regime de recuperação fiscal em 2017, o estado do RJ realizou
privatizações, como da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), e medidas
de austeridade, o que pode ser uma possível explicação para os superávits nominais
e primários dos períodos (FOSPERJ, 2023). Porém, é importante destacar que as
receitas não têm crescido o suficiente para aumentar a arrecadação, que possibilitaria
o pagamento da dívida de forma crescente e sustentável, já que as receitas são
praticamente direcionadas para equacionamento da dívida (GATTO, 2021). Com isso,
não ocorrem aplicações em forma de investimentos necessários ao crescimento da
arrecadação, que tem como consequência o comprometimento da capacidade do
Estado em prover políticas públicas de desenvolvimento e diminuição das
desigualdades, como é o caso da extinção dos programas sociais de habitação
Além disso, o Estado recorreu ao aumento no ICMS para se financiar, o que
tem impacto negativo no setor produtivo, especialmente na indústria (UOL, 2016).
Isso demonstra a importância da reforma tributária, para que dentro de um novo pacto
federativo, os estados tenham maior capacidade de financiamento com impostos mais
eficientes que o ICMS, evitando que fiquem submersos em graves dificuldades dada
a distribuição desigual das parcelas dos impostos arrecadados.
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6. Conclusão
O Rio de Janeiro, por sua vez, embora tenha uma economia mais pujante,
apresenta seus próprios desafios. O Estado possui uma economia em decrescimento,
ao mesmo tempo que em que sua população apresenta altos níveis de
envelhecimento e pouco crescimento. Isso tem um peso no orçamento público, uma
vez que se por um lado pesam os gastos com previdência social, por outro, a
sustentabilidade da geração de renda fica comprometida.
A análise das despesas públicas nos estados do Rio de Janeiro (RJ) e Rio Grande
do Norte (RN) revela nuances distintas em suas trajetórias econômicas e políticas
fiscais. O RJ, como uma economia mais robusta, enfrentou desafios significativos
após a recessão de 2014, evidenciados por uma necessidade de recuperação fiscal
para lidar com a dívida pública e a retração econômica. A predominância de gastos
com pessoal no RJ, ultrapassando limites legais, tem impactado as despesas
discricionárias, enquanto o RN, embora também enfrentando rigidez orçamentária
devido a altos comprometimentos com folha de pagamento, manteve uma resposta
mais estável à recessão.
Quanto às receitas a análise revela as disparidades regionais no financiamento
estadual no Brasil. O Rio de Janeiro, mais desenvolvido, destaca-se pela
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diversificação de fontes, enquanto o Rio Grande do Norte, menos desenvolvido,
depende mais das transferências da União.
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7. Referências
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https://www.gov.br/senappen/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-analise-de-dados.
Acesso em: 10 dez. 2023.
TRECE, Juliana. Estado do Rio é o que menos cresceu desde 1985. 2022.
Disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/estado-do-rio-e-o-que-menos-cresceu-
desde-1985. Acesso em: 10 dez. 2023.
UOL. Medidas de austeridade atingem “população mais pobre” do RJ, diz
Defensoria. , 2016. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2016/11/04/medidas-de-austeridade-atingem-populacao-mais-pobre-do-rj-
diz-defensoria.htm.
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