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Nº 607

Abril/2021

Inclusão da apresentação spray de Formoterol +


Budesonida para o tratamento da Asma

Brasília – DF
2021
2021 Ministério da Saúde.

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde
Coordenação-Geral de Gestão de Tecnologias em Saúde
Coordenação de Monitoramento e Avaliação de Tecnologias em Saúde
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8º andar
CEP: 70.058-900 – Brasília/DF
Tel.: (61) 3315-3466
Site: http://conitec.gov.br/
E-mail: conitec@saude.gov.br

Elaboração do Relatório
COORDENAÇÃO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE – CMATS/CGGTS/DGITIS/SCTIE/MS

Elaboração dos estudos


UNIDADE DE AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ – UATS/HAOC

Bárbara Corrêa Krug – UATS/HAOC


Candice B. Treter Gonçalves – UATS/HAOC
Dr. Paulo Picon – UATS/HAOC
Cecília Menezes Farinasso – UATS/HAOC
Lays Pires Marra – UATS/HAOC
Jessica Yumi Matuoka – UATS/HAOC
Haliton Alves de Oliveira Junior – UATS/HAOC

Monitoramento do Horizonte Tecnológico


Pollyanna Teresa Cirilo Gomes – CMATS/CGGTS/DGITIS/SCTIE/MS

Revisão
Paulo Henrique Ribeiro Fernandes Almeida – CMATS/CGGTS/DGITIS/SCTIE/MS
Wallace Breno Barbosa – CMATS/CGGTS/DGITIS/SCTIE/MS

Coordenação
Priscila Gebrim Louly – CGGTS/DGITIS/SCTIE/MS

Supervisão
Clementina Corah Lucas Prado – DGITIS/SCTIE/MS
Vania Cristina Canuto Santos – DGITIS/SCTIE/MS
MARCO LEGAL
A Lei nº 8.080/1990, em seu art. 19-Q, estabelece que a incorporação, a exclusão ou a alteração de novos
medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz
terapêutica são atribuições do Ministério da Saúde (MS). Para cumprir essas atribuições, o MS é assessorado pela
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
A análise da Comissão deve ser baseada em evidências científicas, publicadas na literatura, sobre eficácia,
acurácia, efetividade e segurança da tecnologia, bem como a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
custos em relação às tecnologias já incorporadas. É imprescindível que a tecnologia em saúde possua registro na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, no caso de medicamentos, preço fixado pela Câmara de Regulação do Mercado
de Medicamentos (CMED).
Em seu art. 19-R, a legislação prevê que o processo administrativo deverá ser concluído em prazo não superior a
180 (cento e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa)
dias corridos, quando as circunstâncias exigirem. Ou seja, a partir do momento em que o demandante protocola um
pedido de análise para a Conitec, até a decisão final, o prazo máximo é de 270 (duzentos e setenta) dias.
A estrutura de funcionamento da Conitec é composta por Plenário e Secretaria-Executiva, definidas pelo Decreto
n° 7.646, de 21 de dezembro de 2011, que regulamenta, também, suas competências, seu funcionamento e seu processo
administrativo. A gestão e a coordenação das atividades da Conitec, bem como a emissão do relatório de recomendação
sobre as tecnologias analisadas são de responsabilidade da Secretaria-Executiva – exercida pelo Departamento de Gestão
e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde (DGITIS/SCTIE/MS).
O Plenário é composto por 13 (treze) membros: representantes de cada uma das 07 (sete) Secretarias do
Ministério da Saúde – sendo o presidente do Plenário, o indicado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e
Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) – e 01 (um) representante das seguintes instituições: Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa; Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS; Conselho Nacional de Saúde – CNS; Conselho
Nacional de Secretários de Saúde – Conass; Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – Conasems; e
Conselho Federal de Medicina - CFM.
Todas as recomendações emitidas pelo Plenário são submetidas à consulta pública (CP) pelo prazo de 20 (vinte)
dias, exceto em casos de urgência da matéria, quando a CP terá prazo de 10 (dez) dias. As contribuições e sugestões da
consulta pública são organizadas e inseridas no relatório final da Conitec, que é encaminhado ao Secretário de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde para a tomada de decisão. O Secretário da SCTIE pode, ainda,
solicitar a realização de audiência pública antes da sua decisão.
O Decreto n° 7.646/2011 estipulou o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para a garantia da disponibilização das
tecnologias incorporadas ao SUS e a efetivação de sua oferta à população brasileira.

AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE


De acordo com o Decreto nº 9.795/2019, cabe ao Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e
Inovação em Saúde (DGITIS) subsidiar a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde
(SCTIE) no que diz respeito à alteração ou exclusão de tecnologias de saúde no SUS; acompanhar, subsidiar e dar suporte
às atividades e demandas da Conitec; realizar a gestão e a análise técnica dos processos submetidos à Conitec; definir
critérios para a incorporação tecnológica com base em evidências de eficácia, segurança, custo-efetividade e impacto
orçamentário; articular as ações do Ministério da Saúde referentes à incorporação de novas tecnologias com os diversos
setores, governamentais e não governamentais, relacionadas com as prioridades do SUS; dentre outras atribuições.

1
O conceito de tecnologias em saúde abrange um conjunto de recursos que tem como finalidade a promoção da
saúde, prevenção e tratamento de doenças, bem como a reabilitação das pessoas, incluindo medicamentos, produtos
para a saúde, equipamentos, procedimentos e sistemas organizacionais e de suporte por meio dos quais a atenção e os
cuidados com a saúde são prestados à população1.
A demanda de incorporação tecnologia em saúde a ser avaliada pela Conitec, de acordo com o artigo art. 15, §
1º do Decreto nº 7.646/2011, deve apresentar número e validade do registro da tecnologia em saúde na Anvisa; evidência
científica que demonstre que a tecnologia pautada é, no mínimo, tão eficaz e segura quanto aquelas disponíveis no SUS
para determinada indicação; estudo de avaliação econômica comparando a tecnologia pautada com as tecnologias em
saúde disponibilizadas no SUS; e preço fixado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), no caso
de medicamentos.
Dessa forma, as demandas elegíveis para a avaliação pelo DGITIS são aquelas que constam no Decreto nº
7.646/2011 e devem ser baseadas nos estudos apresentados no Quadro que são avaliados criticamente quando
submetidos como propostas de incorporação de tecnologias ao SUS.
Quadro. Principais tipos de estudos utilizados no processo de incorporação ou exclusão de tecnologias em saúde no âmbito do SUS.
Tipo de Estudo Descrição
Estudo que avalia a eficácia, a efetividade e a segurança da tecnologia em
Revisão Sistemática com ou sem meta-análise
saúde
Estudo que avalia a eficácia, a efetividade e a segurança da tecnologia em
Parecer Técnico-Científico
saúde

Estudo que avalia a eficiência da tecnologia em saúde, por meio de análise


Avaliação Econômica completa (estudos de custo-efetividade,
comparativa que pondera os custos dos recursos aplicados e os desfechos em
custo-utilidade, custo-minimização e custo-benefício)
termos de saúde

Estudo que avalia o incremento ou redução no desembolso relacionado à


Análise de Impacto Orçamentário
incorporação da tecnologia em saúde

a) Alertas: Estudos que avaliam uma tecnologia nova ou emergente para uma
condição clínica. b) Informes: Estudos detalhados que apresentam o cenário
de potenciais medicamentos em desenvolvimento clínico ou recém-
registrados nas agências sanitárias do Brasil, Estados Unidos da América e
Monitoramento do Horizonte Tecnológico Europa para uma condição clínica. c) Seções de MHT nos relatórios de
recomendação: Estudos que apontam os medicamentos em
desenvolvimento clínico ou recém-registrados nas agências sanitárias do
Brasil, Estados Unidos da América e Europa para a condição clínica abordada
nos relatórios de recomendação de medicamentos em análise pela Conitec.

As tecnologias a serem avaliadas devem ser relevantes para o cidadão e para o sistema de saúde. Destaca-se
que não compete ao DGITIS a realização de estudos epidemiológicos primários, que objetivam avaliar a incidência e a
prevalência de determinada condição clínica; avaliação de desempenho de tecnologias; e estudos que visam a regulação
sanitária ou precificação das tecnologias.

1
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Gestão de Tecnologias em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010

2
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma da seleção das evidências. ................................................................................................................. 21
Figura 2. Avaliação da qualidade metodológica dos ensaios clínicos randomizados........................................................... 24
Figura 3. Diagrama de tornado. ............................................................................................................................................ 38

LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Critérios clínicos e funcionais para o diagnóstico de asma. ................................................................................ 11
Quadro 2. Medicamentos disponibilizados para asma no Sistema Único de Saúde (SUS). ................................................. 14
Quadro 3. Ficha com a descrição técnica da tecnologia16,17. ............................................................................................... 18
Quadro 4. Apresentação de preços disponíveis para a tecnologia. ..................................................................................... 18
Quadro 5. Custos mensais e anuais para as apresentações disponíveis conforme esquemas posológicos previstos nas bulas
dos medicamentos registrados na Anvisa - Valores obtidos da CMED. ............................................................................... 19
Quadro 6. Custos mensais e anuais para as apresentações disponíveis conforme esquemas posológicos previstos nas bulas
dos medicamentos registrados na Anvisa - Valores obtidos da base BPS............................................................................ 19
Quadro 7. Estratégia de buscas por evidências nas bases de dados. .................................................................................. 20
Quadro 8. Custos anuais médios do caso base considerados na análise. ............................................................................ 35
Quadro 9. Custos unitários dos medicamentos considerados na análise. ........................................................................... 35
Quadro 10. Estimativa de crescimento populacional no Brasil, de 2020 a 2025. ................................................................ 36
Quadro 11. Estimativa da população usuária de formoterol + budesonida no SUS. ........................................................... 36
Quadro 12. Proporções de market share. ............................................................................................................................ 36
Quadro 13. População do cenário proposto. ....................................................................................................................... 37
Quadro 14. Cálculo do caso base em cinco anos. ................................................................................................................ 37
Quadro 15. Cálculo do Cenário proposto em cinco anos. .................................................................................................... 37
Quadro 16. Custo incremental do cenário proposto sobre o caso base. ............................................................................. 37
Quadro 17. Variação dos custos mensal e anual conforme a dose. .................................................................................... 38
Quadro 18. Medicamentos em combinação em dose fixa (LABA + corticosteroide) potenciais para o tratamento da asma.
.............................................................................................................................................................................................. 40

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação da gravidade da ASMA, adaptados da Global Initiative for Asthma (GINA).*................................. 12
Tabela 2. Manejo inicial da asma, opções para adultos e adolescentes, segundo o GINA 20191.* .................................... 13
Tabela 3. Pergunta estruturada para elaboração do relatório (PICO). ................................................................................ 20
Tabela 4. Desfecho: exacerbações. ...................................................................................................................................... 25
Tabela 5. Desfecho: controle dos sintomas. ........................................................................................................................ 25

3
Tabela 6. Desfecho: função pulmonar (PFE; VEF1). ............................................................................................................. 26
Tabela 7. Desfecho: uso de corticoide oral. ......................................................................................................................... 26
Tabela 8. Desfecho: qualidade de vida. ................................................................................................................................ 27
Tabela 9. Desfecho: hospitalizações..................................................................................................................................... 27
Tabela 10. Desfecho: Eventos adversos. .............................................................................................................................. 28
Tabela 11. GRADE para desfechos de eficácia. .................................................................................................................... 32
Tabela 12. GRADE para desfechos de segurança. ................................................................................................................ 33
Tabela 13. Contribuições técnico-científicas da consulta pública nº 07 de acordo com a origem. ..................................... 44
Tabela 14. Características demográficas dos participantes da consulta pública nº 07 por meio do formulário técnico
científico. .............................................................................................................................................................................. 44
Tabela 15. Contribuições experiência ou opinião da consulta pública nº 07 de acordo com a origem. ............................. 55
Tabela 16. Características demográficas de todos os participantes da consulta pública nº 07 por meio do formulário de
experiência ou opinião. ........................................................................................................................................................ 55

4
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................................. 7
2. CONFLITO DE INTERESSES............................................................................................................................................... 7
3. RESUMO EXECUTIVO ...................................................................................................................................................... 8
4. CONDIÇÃO CLÍNICA ....................................................................................................................................................... 10
4.1 Aspectos clínicos e epidemiológicos..................................................................................................................... 10

4.2 Tratamento ........................................................................................................................................................... 11

4.3 Diretrizes de sociedades médicas e consensos .................................................................................................... 14

5. JUSTIFICATIVA DA DEMANDA ....................................................................................................................................... 14


6. A TECNOLOGIA .............................................................................................................................................................. 16
6.1 Farmacodinâmica.................................................................................................................................................. 16

6.2 Ficha Técnica......................................................................................................................................................... 16

6.3 Preço proposto para incorporação ....................................................................................................................... 18

7. EVIDÊNCIAS CLÍNICAS ................................................................................................................................................... 19


7.1 Busca e seleção das evidências............................................................................................................................. 20

7.2 Características dos estudos .................................................................................................................................. 22

7.3 Avaliação da qualidade metodológica .................................................................................................................. 23

7.4 Resultados dos estudos por desfechos................................................................................................................. 25

Eficácia.............................................................................................................................................................. 25

Segurança ......................................................................................................................................................... 28

7.5 Limitações dos estudos......................................................................................................................................... 31

7.6 Qualidade da evidência ........................................................................................................................................ 31

8. ANÁLISE DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO ....................................................................................................................... 34


8.1 Métodos................................................................................................................................................................ 34

8.2 Perspectiva............................................................................................................................................................ 34

8.3 Horizonte temporal .............................................................................................................................................. 34

8.4 Custo do tratamento atual ................................................................................................................................... 34

8.5 Custos do tratamento proposto ........................................................................................................................... 35

8.6 População ............................................................................................................................................................. 35

8.7 Cenário proposto .................................................................................................................................................. 36

8.8 Resultados............................................................................................................................................................. 37

9. Limitações ..................................................................................................................................................................... 39

5
10. IMPLEMENTAÇÃO E VIABILIDADE................................................................................................................................. 39
11. RECOMENDAÇÕES DE OUTRAS AGÊNCIAS DE ATS ....................................................................................................... 39
12. MONITORAMENTO DO HORIZONTE TECNOLÓGICO .................................................................................................... 39
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................... 41
14. RECOMENDAÇÃO PRELIMINAR DA CONITEC................................................................................................................ 42
15. CONSULTA PÚBLICA ...................................................................................................................................................... 42
15.1 Contribuições técnico-científicas ....................................................................................................................... 43

15.1.1 Perfil dos participantes.......................................................................................................................... 43

15.1.2 Evidência Clínica .................................................................................................................................... 44

15.1.3 Avaliação econômica ............................................................................................................................. 50

15.1.4 Análise de Impacto Orçamentário ........................................................................................................ 51

15.1.5 Outras contribuições técnico-científicas – pessoas jurídicas ................................................................ 53

15.2 Contribuições sobre experiência ou opinião ...................................................................................................... 54

15.2.1 Perfil dos participantes.......................................................................................................................... 54

15.2.2 Experiência como profissional de saúde ............................................................................................... 55

15.2.3 Experiência como paciente ................................................................................................................... 58

15.2.4 Experiência como familiar, cuidador ou responsável ........................................................................... 60

15.3 Avaliação global das contribuições .................................................................................................................... 61

16. Recomendação final da Conitec ................................................................................................................................... 61


17. DECISÃO ........................................................................................................................................................................ 62
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................................................ 63

6
1. APRESENTAÇÃO

Este relatório se refere à avaliação de incorporação da apresentação spray da associação formoterol + budesonida
para o tratamento da asma em pacientes atendidos pelo SUS. Essa é uma demanda advinda do processo de atualização
do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma do Ministério da Saúde (MS). O relatório foi elaborado pela
Unidade de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por meio da parceria com o Ministério
da Saúde (MS) via Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). O
objetivo do presente trabalho é avaliar a eficácia, a segurança e o impacto orçamentário da incorporação da apresentação
spray da associação formoterol + budesonida para o tratamento da asma, na perspectiva do SUS.

2. CONFLITO DE INTERESSES

Os autores declaram que não possuem conflito de interesses com a matéria.

7
3. RESUMO EXECUTIVO
Tecnologia: Fumarato de formoterol di-hidratado associado à budesonida spray (SymbicortSpray, Symbicort e
Vannair®)
Indicação: Tratamento da Asma
Demandante: Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
Introdução: De acordo com a Iniciativa Global para Asma (Global Initiative for Asthma – GINA)1, a asma é uma doença
heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Afeta tanto adultos quanto crianças e é a
doença crônica mais comum entre essas últimas. A base do tratamento é constituída por corticosteroide inalatório
associado ou não a um β2-agonista de longa duração, podendo ser necessário associar β2-agonista de curta duração ou
antagonista muscarínico de longa duração. Considerando as recomendações, associações de medicamentos são
disponibilizadas em diferentes dispositivos dosimétricos com inalador único. De acordo com o Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas da Asma de 2013, a associação de formoterol / budesonida é disponibilizada no Sistema Único de
Saúde (SUS) na apresentação cápsula ou pó inalante. A escolha do dispositivo deve considerar fatores relacionados ao
paciente, como habilidade e capacidade de uso, para obtenção da máxima efetividade. Consequentemente, a associação
formoterol / budesonida em spray poderia representar uma alternativa para pacientes com dificuldades de inspiração e
incapacidade de alcance de fluxo inspiratório mínimo.
Pergunta: A associação formoterol / budesonida em spray é uma opção segura e eficaz para o tratamento da asma em
comparação com as demais apresentações do medicamento já disponíveis no SUS?
Evidências científicas: Foram identificados três ensaios clínicos randomizados (ECR) que compararam a eficácia e a
segurança de formoterol / budesonida nas apresentações spray e pó seco para inalação no tratamento da asma. Os
estudos foram realizados em adultos, adolescentes e crianças (≥ 6 anos), e evidenciaram semelhança em desfechos
relevantes de eficácia como função pulmonar, qualidade de vida, exacerbações e hospitalizações, sem diferenças no perfil
de segurança. Os achados, no entanto, foram obtidos no cenário da pesquisa clínica, em que os pacientes são altamente
treinados e monitorados em relação ao uso dos dispositivos.
Avaliação de impacto orçamentário: No caso base, que considerou os medicamentos já incorporados ao SUS para o
tratamento da asma, o impacto orçamentário em cinco anos foi de R$ 424.939.102,13. Para o cenário proposto, que
considerou a inclusão do formoterol / budesonida spray, o impacto foi de R$ 579.431.076,82. Por conseguinte, o impacto
orçamentário incremental em cinco anos da incorporação do formoterol / budesonida spray foi de R$ 154.491.974,69.
Deve-se ressaltar, entretanto, que variação na dose utilizada pelos pacientes podem resultar em variações significativas
no impacto.
Experiência internacional: Agências de ATS consultadas não indicam um dispositivo inalatório em detrimento de outro
no tratamento da asma.
Monitoramento do horizonte tecnológico: Foram detectadas as combinações formoterol + mometasona e indacaterol +
mometasona. Ambas administradas por via inalatória.
Considerações finais: Os estudos de comparação de formoterol / budesonida nas apresentações spray e pó seco para
inalação não evidenciam diferenças em desfechos de eficácia e segurança entre os dispositivos, tanto em adultos e
adolescentes, quanto em crianças com idade ≥ 6 anos. Os desfechos, no entanto, foram mensurados em ambientes
altamente controlados, e podem não refletir as dificuldades de adequação e habilidades de uso da prática clínica.
Pacientes com dificuldade de inspiração e de alcance de fluxo inspiratório necessário não têm indicação de uso de cápsula
ou pó inalante.
Recomendação peliminar da Conitec: Na 94ª reunião ordinária da Conitec, realizada em 03 de fevereiro de 2021, o
Plenário deliberou que a matéria fosse disponibilizada em consulta pública com recomendação preliminar desfavorável à
incorporação do fumarato de formoterol di-hidratado associado à budesonida spray para o tratamento da asma. A
deliberação considerou o fato das tecnologias avaliadas apresentarem eficácia e perfil de segurança semelhantes e a
ausência de evidências que mostrassem benefícios ou melhora da adesão para populações específicas.

8
Consulta Pública: A consulta pública nº 07 ficou vigente no período entre 18/02/2021 e 09/03/2021. Foram recebidas
1.234 contribuições, sendo 317 pelo formulário para contribuições técnico-científicas e 917 pelo formulário para
contribuições sobre experiência ou opinião de pacientes, familiares, amigos ou cuidadores de pacientes, profissionais de
saúde ou pessoas interessadas no tema. A maioria das contribuições recebidas na consulta pública foram com relação a
certos grupos de pacientes que apresentam grande chance de não conseguir utilizar corretamente o dispositivo de pó
seco com formoterol/budesonida, por falta de coordenação motora, condições físicas, fluxo inalatório inadequado. Estes
grupos incluem crianças menores de sete anos de idade, idosos, pacientes com problemas cognitivos e paciente com
comorbidade neurológica. Portanto, a apresentação em spray melhoraria a adesão destes pacientes ao tratamento. No
entanto, não houve estudos anexados que comprovassem este efeito e não se sabe ao certo o quanto a apresentação em
spray irá interferir de forma benéfica no tratamento. Ressalta-se que esta possível melhora clínica não foi quantificada
pelos profissionais que apresentaram suas contribuições.
Recomendação final da Conitec: Diante do exposto, o Plenário entendeu que não existem evidências robustas de que o
uso do formoterol + budesonida em spray resulte em maior adesão à apresentação já fornecida pelo SUS por grupos
específicos. Não foram identificados estudos que comparam as duas apresentações do medicamento e os estudos
apresentados eram relativos apenas ao uso do dispositivo de pó seco. Ademais, não foram fornecidas evidências
adicionais ou proposta de preço pela empresa fabricante da tecnologia que resultassem em alteração na decisão. Assim,
manteve-se a recomendação desfavorável à incorporação do formoterol + budesonida em spray para o tratamento da
asma. Foi assinado o Registro de Deliberação nº 602/2021.
Decisão: Não incorporar o fumarato de formoterol di-hidratado associado à budesonida spray para o tratamento da asma,
no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, conforme Portaria nº 17, publicada no Diário Oficial da União nº 79, Seção
1, página 329, em 29 de abril de 2021.

9
4. CONDIÇÃO CLÍNICA

4.1 Aspectos clínicos e epidemiológicos

De acordo com a Iniciativa Global para Asma (Global Initiative for Asthma – GINA)1, a asma é uma doença
heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Esta é definida por histórico de sintomas
respiratórios como sibilos, falta de ar, opressão torácica e tosse, acompanhados de variável limitação do fluxo expiratório,
que variam em intensidade e frequência1. A asma afeta tanto adultos quanto crianças e é a doença crônica mais comum
entre essas últimas2.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que atualmente há 235 milhões de pessoas com asma no mundo.
Ainda, segundo a OMS, 80% das mortes causadas pela asma ocorrem em países classificados como de baixa renda ou
média-baixa2.

A asma tem um impacto substancial na saúde pública. A asma causa uma estimativa de 250.000 mortes por ano
em todo o mundo. Nos EUA, em 2009, 2% dos pacientes com asma foram internados no hospital (> 500 mil admissões) e
8,4% foram tratados em pronto-socorro (mais de dois milhões de visitas)3. Cerca de 53% dos pacientes com asma relatam
um ataque de asma no ano anterior e 42% dos pacientes relatam exacerbações que levam a mais de um dia de falta de
escola ou trabalho durante esse período4.

Populações específicas de pacientes com asma apresentam maiores taxas de mortalidade e morbidade. Nos EUA,
a morte por asma é 30% maior no sexo feminino do que no masculino, 75% maior no afro-americano do que no branco e
cerca de sete vezes maior em pessoas acima de 65 anos do que nas crianças. As crianças têm taxas mais altas de visitas
ao departamento de cirurgia e emergência do médico do que os adultos3.

O diagnóstico da asma é clínico e considera fatores como histórico de sintomas respiratórios e limitação de fluxo
respiratório, conforme Quadro 1 a seguir.

10
Quadro 1. Critérios clínicos e funcionais para o diagnóstico de asma.
Fator diagnóstico Critérios para diagnóstico de asma

Histórico de sintomas respiratórios

 Geralmente mais do que um tipo de sintoma respiratório (em


adultos, tosse isolada raramente é devida a asma).
 Sintomas mudam ao longo do tempo e variam em intensidade.
Sibilância, falta de ar, aperto no peito e tosse (os termos podem
 Sintomas são frequentemente piores à noite ou ao acordar.
variar, por exemplo, crianças podem descrever como respiração
 Sintomas são frequentemente desencadeados por exercício, riso,
pesada).
alérgenos, ar frio.
 Sintomas frequentemente surgem ou pioram com infecções
respiratórias.

Confirmação de limitação variável do fluxo aéreo expiratório

Quanto maiores as variações e quanto mais frequentes elas ocorrem,


Demonstração de variabilidade excessiva do fluxo aéreo
maior a confiabilidade no diagnóstico.
expiratório (por um ou mais dos testes abaixo) e limitação do fluxo
Ao se detectar redução do VEF1, confirmar se a relação VEF1/CVF está
aéreo expiratório*.
também reduzida (<0,75-0,80 em adultos e <0,90 em crianças).

Adultos: aumento no VEF1 de >12% e >200 mL em relação ao valor basal,


Teste de reversibilidade ao broncodilatador (BD)* - maior
10–15 minutos após 200–400 mcg de salbutamol ou fenoterol - maior
sensibilidade se BD suspenso antes do teste: ≥4 horas para BD de
confiança se aumento >15% e >400 mL.
curta ação e ≥15 horas para BD de longa ação.
Crianças: aumento no VEF1 acima de >12% do valor previsto.

Adultos: variabilidade diária diurna do PFE >10%**. Crianças:


Variação excessiva no PEF medido duas vezes ao dia durante duas
variabilidade diária diurna do PFE >13%**.
semanas*.
Adultos: aumento no VEF1 >12% e >200 mL (ou >20%) no PFE† em
Aumento significativo da função pulmonar após 4 semanas de
relação ao valor basal após 4 semanas de tratamento, na ausência de
tratamento anti-inflamatório.
infecções respiratórias.

Adultos: queda no VEF1 de >10% e >200 mL do valor basal. Crianças:


Teste de broncoprovocação com exercício*.
queda no VEF1 de >12% do valor previsto, ou >15% no PFE.

Teste de broncoprovocação positivo - geralmente realizado apenas Queda no VEF1 ≥20% do valor basal com doses-padrão de metacolina ou
em adultos. histamina ou ≥15% com hiperventilação, solução salina ou manitol.

Adultos: variação no VEF1 >12% e >200 mL entre consultas, na ausência


de infecção respiratória.
Variação excessiva entre consultas* - menos confiável.
Crianças: variação no VEF1 >12% ou >15% no PFE entre consultas (pode
incluir medidas durante infecções respiratórias).
Legenda: VEF1 = volume expiratório forçado no primeiro segundo; PFE = Pico de fluxo expiratório.
*Esses testes podem ser repetidos durante sintomas ou cedo da manhã; **Adaptado de Global Initiative for Asthma, 2019.

4.2 Tratamento

A asma é uma doença que não possui cura e sua gravidade é avaliada retrospectivamente a partir das limitações
na vida do paciente, frequência de sintomas e de exacerbações. Além da gravidade, outro aspecto central é o controle
dos sintomas da doença (Tabela 1), avaliado dentro de um lapso temporal definido - usualmente nas últimas quatro
semanas5. É a combinação destes aspectos que define as escolhas terapêuticas para cada paciente (Tabela 2), porém essa
é uma doença dinâmica, cujos sintomas podem variar significativamente ao longo do tempo 1. Sendo assim, a
monitorização associada à reavaliação dos sintomas e da resposta à terapêutica instituída é parte fundamental para o

11
tratamento adequado destes pacientes.

Tabela 1. Classificação da gravidade da ASMA, adaptados da Global Initiative for Asthma (GINA).*
Severidade da Asma Sintomas

1-3 exacerbações nos últimos 12 meses


Sintomas ≤ 1 vez/semana
Intermitente
Acorda à noite < 2 vezes/mês
Sem limitações de atividades

4-12 exacerbações nos últimos 12 meses


Sintomas várias vezes/semana, mas não mais que 1 por dia
Leve – Persistente
Acorda à noite ≥ 2 vezes/mês
Às vezes afeta atividades diárias

>12 exacerbações nos últimos 12 meses


Sintomas diários, com melhora ocasional
Moderada – Persistente
Acorda à noite 1- 2 vezes/semana
Às vezes afeta atividades diárias

>12 exacerbações nos últimos 12 meses


Sintomas contínuos (diários, sem melhora)
Grave – Persistente
Acorda à noite > 2 vezes/semana
Sempre afeta atividades diárias

* Adaptado de the Global Initiative for Asthma (GINA) 2019. Fonte: http://www.ginasthma.org.1

As opções farmacológicas para tratamento a longo prazo da asma pertencem a duas categorias principais:
medicamentos controladores e medicamentos de alívio ou de resgate. Os medicamentos controladores possuem
atividade anti-inflamatória e constituem a base do tratamento medicamentoso da asma persistente, sendo o principal
deles os corticosteroides inalatórios (CI), considerados os mais efetivos. Além dos CI, outros medicamentos
controladores são os corticosteroides orais (CO), os beta 2-agonistas de longa ação (LABA), os antileucotrienos, a
teofilina de ação prolongada, o tiotrópio (LAMA) e a imunoterapia com anticorpos monoclonais, anti-IgE ou anti-IL5.
Os medicamentos de alívio são usados conforme a necessidade, com o objetivo de atuar rapidamente, revertendo a
broncoconstrição e aliviando os sintomas; incluem os beta 2-agonistas inalatórios de curta ação (SABA), os
anticolinérgicos inalatórios de curta ação e a teofilina de curta ação, sendo os SABA os medicamentos de escolha para
os episódios de exacerbação aguda da asma1.

12
Tabela 2. Manejo inicial da asma, opções para adultos e adolescentes, segundo o GINA 20191.*
Sintomas apresentados Tratamento inicial de escolha (preferencial)

Todos os pacientes Tratamento isolado com B2CA (ou seja, sem CI) não é recomendado

• Uso se necessário de doses baixas de CI+formoterol (evidência nível B).


Sintomas infrequentes - menos de 2 vezes/mês Outras opções incluem usar CI sempre que se fizer uso de B2CA em combinação
ou em inaladores separados (evidência nível B)

• Dose baixa de CI com uso se necessário de B2CA (evidência nível A); ou


• Conforme necessário doses baixas de CI+formoterol (evidência nível A).
Outras opções incluem ARL/LTRA (menos efetivo que CI - evidência nível A), ou
Sintomas de asma ou necessidade de uso de terapia de
a cada vez que usar CI usar também B2CA, combinados ou em dispositivos
resgate 2 ou mais vezes/mês
separados (evidência nível B).
Considere a probabilidade de aderência ao medicamento de manutenção se o
tratamento de resgate envolver B2CA.

• Dose baixa de CI+B2LA na manutenção junto a terapia de resgate com


Sintomas relevantes de asma quase todos os dias; ou
CI+formoterol (evidência nível A) ou tratamento de manutenção convencional,
acordar devido à crise de asma uma ou mais vezes por
associado a esquema se necessário de B2CA (evidência nível A); ou,
semana, especialmente se existem fatores de risco.
•Dose média de CI associada ao uso se necessário de B2CA (evidência nível A)

Sintomas de apresentação inicial da asma correspondem a •Curso curto de CO, e iniciar tratamento de manutenção regular com doses
asma grave não controlada ou com exacerbação aguda. altas de CI (evidência nível A), ou, dose média de CI+B2LA (evidência nível D)

Antes de começar o tratamento de controle inicial/primário

 Registre os dados para definição de diagnóstico no caso (se possível).


 Registre o controle dos sintomas, nível de gravidade, fatores de risco e função pulmonar.
 Considere os fatores que podem afetar a escolha dentre as opções disponíveis.
 Assegure-se de que o paciente sabe fazer uso correto do inalador.
 Agende consulta de reavaliação para seguimento do caso.

Após ter estabelecido o tratamento inicial da doença

 Revise o paciente após 2-3 meses, ou antes conforme necessidade/gravidade clínica


 Após alcançar um bom controle por 3 meses tentar desescalonar o uso de medicamentos – mais detalhes no GINA 2020.
*Adaptação do original publicado pela GINA (www.ginasthma.org)1.
Legenda: CIs - corticosteróides inalatórios; B2CA - Beta2agonistas de curta ação (short-acting β2-agonists/SABA); ARL - antagonistas de receptores de leucotrienos;
B2LA - Beta2agonistas de longa ação (long-acting β2-agonists/LABA); Cos - corticosteroides orais; BDP - beclometasona dipropionato; HDM-ITSL - imunoterapia
sublingual para ácaros (de poeira doméstica); IL - interleucina.

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Asma (Portaria nº 1.317, de 25 de novembro de
5
2013) , os medicamentos atualmente recomendados e disponibilizados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para
a doença estão descritos no Quadro 2.

13
Quadro 2. Medicamentos disponibilizados para asma no Sistema Único de Saúde (SUS).
Medicamento Apresentação

cápsula inalante ou pó inalante de 200 mcg e 400 mcg e


Beclometasona
aerossol ou spray de 50 mcg e 250 mcg
cápsula inalante de 200 mcg e 400 mcg e pó inalante ou
Budesonida
aerossol bucal de 200 mcg

Fenoterol aerossol de 100 mcg

Formoterol cápsula ou pó inalante de 12 mcg

cápsula ou pó inalante de 12 mcg/400 mcg e de 6 mcg/


Formoterol / budesonida
200 mcg

Salbutamol aerossol de 100 mcg e solução inalante de 5 mg/ml

Salmeterol aerossol bucal ou pó inalante de 50 mcg

Prednisona comprimidos de 5 mg e de 20 mg

Prednisolona solução oral de 1mg/ml e 3mg/ml

4.3 Diretrizes de sociedades médicas e consensos

Sociedades médicas também recomendam o uso da associação de medicamentos das classes CI e LABA em
pacientes adultos e pediátricos com asma, sem orientação clara em relação ao dispositivo de escolha nas diferentes
populações 1,6. Segundo publicação da Estratégia Global para Manejo e Prevenção da Asma (GINA - Global Strategy for
Asthma Management and Prevention), a escolha do dispositivo, dos medicamentos e doses devem ser individualizadas
de acordo com preferência do paciente, custo, habilidade de uso, adesão ao tratamento, avaliação de controle dos
sintomas e fatores de risco. Para pacientes em uso de dispositivo inalatório pressurizado (spray), há recomendação de
uso de espaçadores, visando aumentar a entrega de medicamento, e no caso, de CI, reduzir potenciais efeitos adversos
locais, como candidíase oral e disfonia1. O Guideline Britânico de Manejo da Asma recomenda que a prescrição dos
dispositivos inalatórios seja efetuada somente após treinamento e demonstração de técnica de uso satisfatória pelo
paciente. Em crianças pequenas, aerossol (spray) associado a espaçador é o dispositivo preferido para uso de beta 2-
agonistas e CI. Além disso, recomenda-se fortemente evitar a prescrição de mais de um tipo de dispositivo para
tratamento de manutenção e resgate, visando evitar confusão, minimizar erros e melhorar desfechos6 .

5. JUSTIFICATIVA DA DEMANDA

Considerando as recomendações de uso combinado de medicamentos, associações de CI e SABA ou LABA são


disponibilizadas no mercado em diferentes dispositivos dosimétricos com inalador único. Estes incluem os aerossóis
pressurizados e os inaladores de pó seco, e são considerados de escolha no tratamento da asma, dadas as vantagens
sobre a nebulização no que se refere ao potencial para efeitos adversos, facilidade de higienização e portabilidade, entre
outros5.

14
Na prática clínica, a escolha do medicamento, do dispositivo inalatório e da respectiva dosagem deve ser baseada na
avaliação do controle dos sintomas, nas características do paciente (idade, fatores de risco, capacidade de usar o
dispositivo de forma correta e custo), na preferência do paciente pelo dispositivo inalatório, no julgamento clínico e na
disponibilidade do medicamento. Portanto, não existe um medicamento, dose ou dispositivo inalatório que se aplique
indistintamente a todos os asmáticos7. Considerando que a asma é uma condição crônica em que os pacientes utilizam
os medicamentos por períodos prolongados, a adesão ao tratamento é uma variável importante, que é influenciada pela
facilidade e habilidade no uso do dispositivo8.

Inaladores de pó são acionados pela inspiração e não são recomendados para crianças menores de seis anos, nem
para casos com sinais de insuficiência ventilatória aguda grave, pois exigem fluxo inspiratório mínimo para disparo do
mecanismo e desagregação das partículas do fármaco5. Para obtenção da máxima efetividade, a inspiração deve ser
profunda e a inalação rápida, forçada e constante, desde o início. Este fator é decisivo, pois uma inalação pouco vigorosa
e lenta pode resultar em maior deposição na orofaringe e baixa deposição no pulmão. O fluxo inspiratório necessário
situa-se entre os 30-60 L/min, o que, em geral, é dificilmente alcançado por crianças de quatro ou cinco anos de idade5,9.
Além disso, a apresentação do medicamento em pó é considerada sensível à umidade. A exalação pelo paciente no
dispositivo pode levar à umidificação e obstrução do orifício, diminuindo sua efetividade10.

Os aerossóis pressurizados (sprays) são os inaladores dosimétricos mais usados na prática. Atualmente, contém
na sua formulação o propelente hidrofluoroalcano (HFA), utilizado como alternativa aos clorofluorcarbonetos (CFC), que
levam a danos comprovados à camada de ozônio. Para correta utilização do dispositivo, o paciente deve apresentar
coordenação entre a ativação do inalador e a inalação. A utilização de inaladores com HFA não descarta a necessidade de
espaçadores, especialmente quando são usadas doses médias e altas de corticosteroides5,9. Ambos os dispositivos
proporcionam deposição pulmonar, em proporções semelhantes quando os aerossóis dosimétricos são usados com
aerocâmara, de forma que uma equivalência de dose 1:1 pode ser utilizada na mudança de dispositivo, preservado o
mesmo fármaco5.

Algumas publicações sugerem a importância de ofertar mais de um tipo de dispositivo, considerando a falta de
habilidade para correta utilização ou contraindicação ao uso de determinada alternativa10–12. A necessidade de técnica
específica de inalação para adequado uso de cada um dos tipos disponíveis de dispositivos configura uma importante
desvantagem da terapia inalatória. O uso de técnica incorreta é comum entre os pacientes em uso de dispositivos em pó
para inalação e em dispositivos com inalador pressurizado (spray), e pode resultar na diminuição da liberação dos
medicamentos, com potencial redução da efetividade e controle subótimo da doença11,12. Dessa maneira, a
disponibilização de mais de um dispositivo inalatório pode representar uma alternativa para pacientes que tenham
contraindicação ou não apresentam habilidade para uso de formoterol + budesonida em inalador de pó seco,
apresentação atualmente ofertada no âmbito do SUS.

15
Sendo assim, a inclusão da apresentação da associação de formoterol e budesonida em dispositivo spray com
inalador pressurizado dosimetrado com propelente à base de HFA será avaliada por este relatório, conforme definido em
reunião de escopo de revisão do PCDT, considerando tratar-se de uma nova apresentação de uma tecnologia já disponível.

6. A TECNOLOGIA

6.1 Farmacodinâmica

O formoterol é um agonista seletivo dos receptores beta-2-adrenérgicos, que resulta em rápido e prolongado
relaxamento do músculo liso brônquico em pacientes com obstrução reversível das vias aéreas. O efeito broncodilatador
é dose-dependente, com início do efeito dentro de um a três minutos após a inalação. A duração do efeito é de
aproximadamente 12 horas após uma dose única 5,13.

A budesonida é um glicocorticosteroide que, quando inalado, possui ação anti-inflamatória e dose-dependente


nas vias aéreas, resultando em redução dos sintomas e menos exacerbações da asma. A budesonida inalada apresenta
menos eventos adversos graves que os corticosteroides sistêmicos. O exato mecanismo responsável pelo efeito anti-
inflamatório dos glicocorticosteroides é desconhecido 13.

A associação de formoterol e budesonida resulta em efeito sinérgico aditivo na redução das exacerbações de
asma, e já é ofertada no SUS na apresentação cápsula ou pó para inalação. A disponibilização dos medicamentos na
apresentação spray utilizando inalador pressurizado dosimetrado ocorre mediante a utilização do propelente à base de
hidrofluoroalcano (HFA), o apaflurano (HFA 227), minimizando o dano à camada de ozônio causada pelo uso de
propelentes à base de clorofluorcarbonetos (CFC).

6.2 Ficha Técnica

As informações a seguir são provenientes das bulas dos medicamentos registrados sob os nomes de marca
Vannair®14 e Symbicort®15.
Contraindicações: Pacientes com hipersensibilidade à budesonida, ao formoterol ou a outros componentes da fórmula.
Precauções: Para minimizar o risco de candidíase orofaríngea, recomenda-se lavar a boca com água após administrar as
inalações formoterol + budesonida spray. A associação não deve ser usada para tratar exacerbações severas. Formoterol
+ budesonida spray deve ser usado com cautela nas seguintes situações:

 pacientes com graves distúrbios cardiovasculares (incluindo anomalias do ritmo cardíaco), diabetes melitus,
hipocalemia não tratada ou tireotoxicose;
 pacientes com prolongamento do intervalo QTc;
 pacientes com infecções não tratadas, bacterianas, fúngicas, virais, parasitárias ou herpes simplex ocular;

16
 crianças e adolescentes: o benefício do tratamento prolongado com corticosteroides, por qualquer via, deve ser
cautelosamente avaliado pelo médico em relação ao possível risco de supressão do crescimento nessa população;
 pacientes provenientes de terapia com corticosteroides orais, terapia corticosteroide de alta dose emergencial ou
tratamento prolongado na maior dose recomendada de corticosteroides inalatórios, uma vez que podem permanecer
com risco de disfunção adrenal durante um tempo considerável;
 gravidez e lactação: utilizar somente sob orientação médica (categoria de risco C).

Eventos adversos relacionados ao formoterol ou à budesonida:

 Reações comuns (1 a 10%): palpitações, candidíase na orofaringe, cefaleia, tremor, leve irritação na garganta, tosse,
rouquidão.
 Reações incomuns (0,1% a <1%): taquicardia, náusea, cãibras musculares, tontura, agitação, ansiedade, nervosismo,
perturbações do sono.
 Reações raras (0,01% a <0,1%): arritmias cardíacas (fibrilação atrial, taquicardia supraventricular e extra-sístole),
reações de hipersensibilidade imediatas e tardias (dermatite, exantema, urticária, prurido, angioedema e reações
anafiláticas), broncoespasmo, equimose, sinais ou sintomas de efeito glicocorticoide sistêmico (catarata e glaucoma).
 Reações muito raras (<0,01%): angina pectoris, sinais ou sintomas de efeitos glicocorticosteroides sistêmicos
(hipofunção da glândula supra-renal), hiperglicemia, depressão, alterações de comportamento.

O tratamento com beta-2 adrenérgicos pode resultar em aumento dos níveis de insulina, ácidos graxos livres,
glicerol e corpos cetônicos (frequência não definida).

17
Quadro 3. Ficha com a descrição técnica da tecnologia16,17.
Tipo Medicamento

Princípio ativo Fumarato de formoterol di-hidratado + budesonida

Nome comercial Vannair® (referência), Symbicort® (similar)

Suspensão aerossol de 6 mcg fumarato de formoterol di-hidratado /100 mcg budesonida /inalação e 6 mcg fumarato de
Apresentação formoterol di-hidratado /200 mcg budesonida /inalação, em embalagem contendo 1 tubo (inalador pressurizado
dosimetrado) contendo 120 doses. Para uso adulto e pediátrico, via inalatória.

Detentor do registro AstraZeneca do Brasil Ltda (Vannair® e Symbicort®).

- tratamento da asma nos casos em que o uso de uma associação (corticosteroide inalatório com um beta-2 agonista de
Indicação aprovada ação prolongada) é apropriado;
na ANVISA - tratamento regular de pacientes adultos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) de moderada a grave, com
sintomas frequentes e histórico de exacerbações.

Indicação proposta Tratamento da asma.

A dose do medicamento deve ser individualizada conforme a gravidade da doença. Quando for obtido o controle da
asma, a dose deve ser titulada para a menor dose que permita manter o controle eficaz dos sintomas. Caso o tratamento
de longo prazo seja descontinuado, recomenda-se que a dose seja gradualmente reduzida e não abruptamente
interrompida.
Adultos (a partir de 18 anos de idade): 6/100 mcg/inalação ou 6/200 mcg/inalação
Posologia e Forma de - 2 inalações uma ou duas vezes ao dia. Em alguns casos, uma dose máxima de 4 inalações duas vezes ao dia pode ser
Administração requerida como dose temporária de manutenção durante a piora da asma.
Adolescentes (12-17 anos): 6/100 mcg/inalação ou 6/200 mcg/inalação
- 2 inalações uma ou duas vezes ao dia. Durante a piora da asma, a dose pode temporariamente ser aumentada para o
máximo de 4 inalações duas vezes ao dia.
Crianças (6-11 anos): 6/100 mcg/inalação
- 2 inalações duas vezes ao dia. Dose máxima diária de 4 inalações.

6.3 Preço proposto para incorporação

Foram consultadas várias fontes de dados de compras públicas. A seguir, encontra-se o preço disponível para o
Brasil.

Quadro 4. Apresentação de preços disponíveis para a tecnologia.


PMVG* Menor preço por dose praticado em
APRESENTAÇÃO (ICMS 18%) compras públicas**
Embalagem Dose Embalagem Dose

6 MCG/DOSE + 100 MCG/DOSE SUSPENSÃO


R$ 89,50 R$ 0,75 R$ 82,00 R$ 0,68
AEROSSOL X 120 DOSES

6 MCG/DOSE + 200 MCG/DOSE SUSPENSÃO


R$ 94,28 R$ 0,79 R$ 49,00 R$ 0,41
AEROSSOL X 120 DOSES

*Preço Máximo de Venda ao Governo da Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED), atualizado em 06/04/2020, disponível em
http://antigo.anvisa.gov.br/listas-de-precos.
** conforme Banco de Preços em Saúde (BPS), acesso em 23/06/2020. Período de compra: 23/06/2019 a 23/06/2020 [acessar em: http://bps.saude.gov.br/login.jsf]

18
Quadro 5. Custos mensais e anuais para as apresentações disponíveis conforme esquemas posológicos previstos nas bulas dos
medicamentos registrados na Anvisa - Valores obtidos da CMED.
Custo (R$) por regime posológico conforme bulas registradas na Anvisa - CMED PMVG 18% ICMS
Apresentação 2 inalações 2 inalações 2 inalações 2 inalações 4 inalações 4 inalações
1 x dia/mensal 1 x dia/anual 2 x dia/ mensal 2 x dia/anual 2 x dia/mensal 2 x dia/anual
6 mcg/dose + 100 mcg/dose
suspensão aerossol x 44,75 537,00 89,50 1074,00 179,00 2.148,00
120 doses
6 mcg/dose + 200 mcg/dose
suspensão aerossol x 47,14 565,68 94,28 1131,36 188,56 2.262,72
120 doses
Preço Máximo de Venda ao Governo da Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED), atualizado em 06/04/2020, disponível em
http://antigo.anvisa.gov.br/listas-de-precos.

Quadro 6. Custos mensais e anuais para as apresentações disponíveis conforme esquemas posológicos previstos nas bulas dos
medicamentos registrados na Anvisa - Valores obtidos da base BPS.
Custo (R$) por regime posológico conforme bulas registradas na Anvisa - Menor Preço compras públicas
Apresentação 2 inalações 2 inalações 2 inalações 2 inalações 4 inalações 4 inalações
1 x dia/mensal 1 x dia/anual 2 x dia/ mensal 2 x dia/anual 2 x dia/ mensal 2 x dia/ anual
6 mcg/dose + 100 mcg/dose
suspensão aerossol x 41,00 492,00 82,00 984,00 164,00 1.968,00
120 doses
6 mcg/dose + 200 mcg/dose
suspensão aerossol x 24,50 294,00 49,00 588,00 98,00 1.176,00
120 doses
Conforme Banco de Preços em Saúde (BPS), acesso em 23/06/2020. Período de compra: 23/06/2019 a 23/06/2020 [acessar em: http://bps.saude.gov.br/login.jsf]

7. EVIDÊNCIAS CLÍNICAS

Com o objetivo de nortear a busca da literatura para avaliar a eficácia e a segurança da formulação em spray em
comparação com as alternativas disponíveis no SUS, foi formulada a pergunta estruturada, de acordo com o acrônimo
PICO (População, intervenção, comparador e outcomes - desfechos), conforme Tabela 3. Os desfechos de interesse foram:
exacerbações, controle dos sintomas, qualidade de vida, hospitalizações, função pulmonar, redução de corticoide oral e
segurança, de acordo com a opinião dos especialistas participantes na reunião de escopo do PCDT da Asma.

Pergunta de Pesquisa:

A associação formoterol/budesonida spray é uma opção segura e eficaz para o tratamento da asma em
comparação com as demais apresentações do medicamento já disponíveis no SUS?

19
Tabela 3. Pergunta estruturada para elaboração do relatório (PICO).
Pacientes adultos e pediátricos (≥ 6 anos) com indicação de uso de
População
formoterol/budesonida

Intervenção (tecnologia) Formoterol/budesonida spray

Comparação Formoterol/budesonida cápsula ou pó inalante

Exacerbações, controle dos sintomas, qualidade de vida, hospitalizações,


Desfechos (Outcomes)
função pulmonar, redução de corticoide oral, segurança

7.1 Busca e seleção das evidências

Foram realizadas buscas nas bases de dados Medline (via PubMed) e Embase, com acesso em 28 de outubro de
2020. As estratégias de busca estão descritas no Quadro 7.

Quadro 7. Estratégia de buscas por evidências nas bases de dados.

Base Estratégia Localizados Duplicados Incluídos

("Budesonide/Formoterol") AND
Medline
("Asthma"[Mesh]) Filters: English, 322
(via PubMed)
Portuguese, Spanish
60 3
'budesonide plus formoterol':ti,ab,kw
Embase AND asthma AND ([english]/lim OR 31
[portuguese]/lim OR [spanish]/lim)

A busca nas bases de dados resultou em 353 referências (322 no PubMed e 31 no Embase), sendo que 60 estavam
duplicadas. Foram lidos o título e resumo das 293 referências e selecionadas quatro publicações para avaliação na íntegra.
Os critérios de inclusão foram estudos que comparassem a associação formoterol/budesonida spray com
formoterol/budesonida cápsula ou pó inalante no tratamento de pacientes com asma. Os motivos de exclusão foram os
seguintes: outras intervenções de interesse, outros comparadores ou outros delineamentos de estudo. Ao final, três ECR
de avaliação de formoterol/budesonida spray em crianças, adolescentes e adultos foram incluídos (Figura 1).

O processo de seleção dos estudos e avaliação das duplicatas foi feito através do Mendeley. A avaliação inicial
dos estudos através do título e resumo foi realizada por um pesquisador. A avaliação dos estudos selecionados para leitura
na íntegra foi realizada por dois pesquisadores.

O risco de viés dos estudos foi avaliado de acordo com o delineamento de pesquisa e apenas a conclusão desta
avaliação foi reportada. Se o estudo apresentasse baixo risco de viés ou alta qualidade, significaria que não havia nenhum
comprometimento do domínio avaliado pela respectiva ferramenta. Se o estudo apresentasse alto risco de viés ou baixa

20
qualidade, os domínios da ferramenta que estavam comprometidos foram explicitados. Ensaios clínicos randomizados
foram avaliados pela ferramenta Cochrane Risk of Bias Tool – ROB18.

Figura 1. Fluxograma da seleção das evidências.


Identificação

Resultados das buscas nas bases de


dados avaliadas
(n = 353 )

Resultados após remoção de duplicatas


(n = 293)
Triagem

Títulos avaliados
Títulos excluídos (n =242)
(n = 293)

Artigos de texto completo


excluídos, com motivos
Elegibilidade

Artigos com resumos e (n = 48)


textos avaliados - estudos de farmacocinética
(n = 51) (n=2)
- revisões simples (n=4)
- outras intervenções ( n=1 )
- não avaliou a apresentação
em spray (n=6)
- não comparou diferentes
dispositivos inalatórios (n=35)
Inclusões

Estudos incluídos
(n = 3 )

21
7.2 Características dos estudos

O ECR duplo cego, double-dummy2, multicêntrico de Morice AH e cols (2007)14 avaliou a eficácia e a segurança do
formoterol / budesonida suspensão aerossol utilizando inalador pressurizado dosimetrado (spray) com propelente à base
de HFA em pacientes com asma há mais de 6 meses e idade ≥ 12 anos, em comparação a formoterol/ budesonida pó para
inalação e à budesonida spray. Foram incluídos pacientes com volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1)
entre 50-90% do valor predito normal (pré-broncodilatador), com reversibilidade ≥ 12% do VEF1 após administração de
terbutalina 1 mg, e história de uso de corticosteroide inalatório (dose estável entre 500-1600 mcg/dia nos últimos 30
dias), por tempo ≥ 3 meses. Após um período de duas semanas de run-in (período de tempo para verificar quais pacientes
são mais promissores em termos de adesão ou de resposta terapêutica), durante o qual receberam seus tratamentos
usuais, os pacientes foram randomizados em 3 grupos de tratamento, durante 12 semanas: formoterol/budesonida
4,5/160 mcg spray (n=234), formoterol/budesonida 4,5/160 mcg pó inalante (n=229) e budesonida 200 mcg spray
(n=217). Todos os grupos receberam o tratamento na posologia duas inalações, duas vezes ao dia. Para manter o
cegamento, cada paciente recebeu um dispositivo alternativo como placebo. Os desfechos avaliados foram mudança no
pico do fluxo expiratório (PFE) e VEF1 em comparação ao baseline, uso de medicamentos de alívio, despertares noturnos
em decorrência da asma, escore de sintomas da asma, dias livres de sintomas, dias de controle da asma, mudança no
escore de qualidade de vida e segurança.

O segundo ECR, também conduzido por Morice AH e cols (2008a)15, foi um estudo aberto, multicêntrico, com
grupos paralelos, que comparou a eficácia e a segurança em longo prazo (52 semanas) entre formoterol / budesonida
spray (n=446) e formoterol / budesonida pó inalante (n=227), nas doses 4,5/160 mcg, na posologia 2 inalações, 2 vezes
ao dia, em pacientes com asma há mais de 6 meses e idade ≥ 12 anos. Os critérios de inclusão dos pacientes foram: VEF1
≥ 50% do valor predito pré-broncodilatador, reversibilidade ≥ 12% do VEF1 após administração de terbutalina 1 mg, e
história de uso de corticosteroide inalatório (CI) com necessidade de LABA ou SABA por período ≥ 3 meses, com dose
estável de CI entre 400-1200 mcg/dia nos últimos 30 dias. Os investigadores foram cegados antes da dispensação, mas
não os pacientes, que receberam instruções sobre o uso do dispositivo inalatório para o qual foram randomizados. Os
desfechos avaliados foram segurança (eventos adversos e parâmetros laboratoriais), mudança no VEF1 em comparação
ao baseline e tempo até a primeira exacerbação aguda grave.

O terceiro estudo, conduzido pelo mesmo grupo de pesquisadores (Morice AH e cols, 2008b)16 avaliou as
intervenções em pacientes pediátricos com idade entre 6 e 11 anos. O ECR multicêntrico, duplo-cego, double-dummy,
comparou a associação formoterol / budesonida 4,5/80 mcg na apresentação spray (n=203) com formoterol/ budesonida
4,5/80 mcg pó inalante (n=212) ou budesonida 100 mcg pó inalante (n=207), na posologia 2 inalações, 2 vezes ao dia,

2
Double dummy é uma técnica usada para comparar medicamentos com aparências muito diferentes (por exemplo, diferentes formas de dosagem). Para isso, os
sujeitos tomam dois tipos de medicamentos. Por exemplo, um comprimido deve ser comparado a um suco, um grupo de estudo recebe o comprimido com
medicamento ativo e um suco placebo e o grupo de comparação recebe um suco com princípio ativo e um comprimido de placebo.

22
durante 12 semanas. Para inclusão, os pacientes deveriam ter asma sintomática há pelo menos 6 meses, em uso de CI
(375-1000 mcg/dia), com história de broncoconstrição induzida por exercício e PFE ≥ 50% do valor predito pré-
broncodilatador. Os desfechos avaliados foram mudança no PFE e VEF1 em comparação ao baseline, uso de
medicamentos de alívio, despertares noturnos pela asma, escore de sintomas da asma, dias livres de sintomas, dias de
controle da asma, qualidade de vida e segurança.

7.3 Avaliação da qualidade metodológica

Os ensaios clínicos incluídos foram avaliados pela ferramenta de risco de viés da Cochrane (ROB-2). Os estudos
Morice AH et al., 200714 e Morice AH et al., 2008b16 foram classificados com alta qualidade metodológica pois
apresentaram baixo risco de viés. Ambos os estudos foram definidos como duplo-cegos, embora não tenha sido descrito
claramente se os cuidadores e dispensadores permaneceram cegados. No entanto, visando manter o cegamento, todos
os pacientes receberam concomitantemente um dispositivo com placebo (delineamento double-dummy). Apesar de não
haver comparação estatística, as características da linha de base foram muito semelhantes entre os grupos, sem
desequilíbrios aparentes. A comparação entre os diferentes dispositivos de formoterol / budesonida foi definida como
objetivo secundário dos estudos, mas o tamanho das amostras foi suficiente para evidenciar a equivalência entre os
grupos. A análise comparativa do desfecho primário (mudança no PFE matinal) foi feita tanto por intenção de tratar e por
protocolo, e os dados das duas análises foram apresentados, conforme planejamento dos estudos.

O estudo Morice AH et al., 2008a15 foi classificado com baixa qualidade metodológica pois apresentou elevado
risco de viés. O risco se dá essencialmente em virtude do delineamento aberto do estudo, o que pode ter influenciado os
desfechos. Os investigadores, mas não os pacientes, permaneceram cegos até a dispensação do medicamento em estudo.
Considerando que o objetivo primário do estudo era segurança, definida por eventos adversos reportados
espontaneamente ou em resposta a questionamentos, o conhecimento das intervenções pode ter influenciado os relatos.
Não foram efetuadas comparações estatísticas no que se refere às características basais dos pacientes na linha de base,
mas não foram observadas diferenças aparentes entre os grupos.

Os três estudos foram patrocinados pela indústria farmacêutica, e não há descrição clara de como isso pode ter
influenciado os dados, já que todas as intervenções são produzidas pelo mesmo fabricante. O risco de viés detalhado
pode ser visto na Figura 2 a seguir.

23
Figura 2. Avaliação da qualidade metodológica dos ensaios clínicos randomizados.

Overall Bias

Selection of the reported result

Measurement of the outcome

Mising outcome data

Deviations from intended interventions

Randomization process

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Low risk Some concerns High risk

24
7.4 Resultados dos estudos por desfechos

Eficácia

Tabela 4. Desfecho: exacerbações.


Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida pó
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray inalante

Eventos por paciente 0,13 0,17 p = 0,14 Desfecho secundário do estudo.


Morice AH e cols (2008a) 15
Número de pacientes 48 29 Tempo até a primeira exacerbação:
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos;
(%) (11) (11) semelhantes entre os grupos (apresentado
52 semanas) Sem análise
Número de eventos 64 43 em figura Kaplan-Meier,); sem comparação
(número eventos/paciente) (0,143) (0,189) estatística entre os grupos.

Tabela 5. Desfecho: controle dos sintomas.


Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida pó
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray inalante
Mudança no escore total de sintomas
da asma (0 a 6) em comparação ao - 0,7 - 0,84 A diferença observada entre grupos nos
baseline Sem análise desfechos “dias livres de sintomas” e “dias
Morice AH e cols (2007) 14 de controle da asma” ocorreram por
Noites com despertares noturnos por
- 16,5 -15,5
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; asma (%) melhora adicional dos sintomas da asma
12 semanas) durante o dia no grupo formoterol /
Dias livres de sintomas a (%) 28,0 34,2 p <0,05
budesonida pó inalante (dados não
apresentados).
Dias de controle da asma b (%) 26,5 33,1 p <0,05

Mudança no escore total de sintomas


da asma (0 a 6) em comparação ao -0,68 -0,77 Não significativa
baseline Não foram apresentados os dados das
Morice AH e cols (2008b) 16 Noites com despertares noturnos comparações estatísticas (valores p),
-7,9 -8,2 Não significativa
(crianças de 6 a 11 anos; pela asma (%) somente informado que a diferença entre
12 semanas) Dias livres de sintomas a (%) 34,9 37,4 Não significativa os grupos não foi significativa para esses
desfechos.

Dias de controle da asma b (%) 35,2 37,6 Não significativa

25
Legenda: a. uma noite e um dia livres de sintomas, e sem despertares noturno por asma; b. uma noite e um dia livre de sintomas ou uso de medicamentos de alívio, e sem despertares noturno pela asma.
Tabela 6. Desfecho: função pulmonar (PFE; VEF1).

Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante
PFE: Mudança no PFE médio matinal PFE noturno: comparação estatística
+ 28,6* - 2,8 L/min**
durante o tratamento em +31,4* somente com grupo que recebeu
(IC 95%: -10,4 a 4,9; p = 0,48)
comparação com o baseline (L/min) somente budesonida.
Morice AH e cols (2007) 14
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; VEF1: dados apresentados em figura,
PFE: Mudança no PFE médio noturno
12 semanas) impossibilitando a extração dos
durante o tratamento em +24,3* +25,1* Sem análise
valores. Descrita ausência de
comparação com o baseline (L/min)
diferença significativa entre grupos
(dado não apresentado)
Morice AH e cols (2008a) 15
VEF1: mudança média no VEF1 em
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; 0,27 0,29 P=0,58 Desfecho secundário do estudo.
comparação com baseline (L)
52 semanas)
PFE: Mudança no PFE médio matinal
- 0,7 L/min
durante o tratamento em +29,5 +30,2
(IC 95%: -6,0 a 4,6; p = 0,78)
comparação com o baseline (L/min)
Morice AH e cols (2008b) 16 PFE: Mudança no PFE médio noturno PFE noturno: comparação estatística
(crianças de 6 a 11 anos; durante o tratamento em +24,0 +26,3 Sem análise somente com grupo que recebeu
12 semanas) comparação com o baseline (L/min) somente budesonida.
VEF 1: mudança no VEF1 médio em
0,15 0,18 Sem análise
comparação com baseline (L)
Legenda: IC: intervalo de confiança; PFE: pico de fluxo expiratório; VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo. Ganho de PFE em relação ‘a formulação de budesonida em monoterapia;
**Diferença entre as duas formulações de formoterol/budesonida (pó seco vs. Spray dosimetrado).

Tabela 7. Desfecho: uso de corticoide oral.


Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante
Pacientes com necessidade de
37 20
corticoide oral por exacerbação da
Morice AH e cols (2008a) 15 (8) (9)
asma; n (%) Desfecho secundário do estudo.
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; Sem análise
Eventos com necessidade de
52 semanas)
corticoide oral por exacerbação da 49 26
asma (n)

26
Tabela 8. Desfecho: qualidade de vida.
Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante
Mudança média no escore Asthma
Quality of Life Questionnaire +0,65* +0,76*
Morice AH e cols (2007) 14 Comparações estatísticas somente
(standardised version) [AQLQ(S)]
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; Sem análise com grupo que recebeu somente
Aumento clinicamente relevante em
12 semanas) budesonida
≥ 0,5 unidades de escore global 52%* 56%*
AQLQ(S)
Mudança média no escore Paediatric Informada ausência de diferença
Asthma Quality of Life Questionnaire +0,47 +0,60 Sem diferença estatisticamente significativa no
Morice AH e cols (2008b) 16
(standardised version) (PAQLQ(S)) escore global entre os 3 grupos de
(crianças de 6 a 11 anos;
Aumento clinicamente relevante em tratamentos (dados não
12 semanas)
≥ 0,5 unidades de escore global 52% 51% Sem diferença apresentados).
PAQLQ(S)
*Comparados à budesonida pMDI em monoterapia

Tabela 9. Desfecho: hospitalizações.


Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida pó
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray inalante
Pacientes com necessidade de
hospitalização ou atendimento em 4 4
sala de emergência por exacerbação (1) (2)
Morice AH e cols (2008a) 15
da asma; n(%)
(adultos e adolescentes ≥ 12 anos; Sem análise Desfecho secundário do estudo.
Eventos com necessidade de
52 semanas)
hospitalização ou atendimento em
4 4
sala de emergência por exacerbação
da asma (n)

27
Segurança

Tabela 10. Desfecho: Eventos adversos.


Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante
Pacientes com pelo menos um EA; n
70 (30) 66 (29)
(%) Nenhum EA grave foi considerado
Pacientes com EA relacionado ao como relacionado ao tratamento.
tratamento com CI (disfonia ou 3 (1,3) 7 (3) EA graves grupo spray: menorragia e
Morice AH e cols (2007) 14 candidíase oral); n (%) aumento da atividade das enzimas
(adultos e adolescentes ≥ 12 Pacientes com EA relacionado ao hepáticas.
Sem análise
anos; tratamento com β-agonistas (tremor, 5 (2,1) 12 (5,2) Descontinuação por EA devido ao
12 semanas) palpitação ou cefaleia); n (%) agravamento da asma: 1 caso com
spray e 2 casos com pó inalante.
Pacientes com EA graves; (n) 2 0
Não foram registradas mortes no
Pacientes que descontinuaram por estudo.
EA; (n) 11 4
Pacientes com pelo menos um EA; n
(%) 332 (74) 175 (77) EA graves relacionados ao
EA mais frequentes; n (%) tratamento: taquicardia
Infecção trato respiratório superior supraventricular e taquicardia
72 (16) 33 (15)
ventricular no grupo spray e
Cefaleia 62 (14) 28 (12) bigeminia ventricular no grupo pó
Faringite inalante.
41 (9) 27 (12)
Sinais vitais (pulso e pressão
Nasofaringite 37 (8) 25 (11)
sanguínea) e alterações no
Influenza 38 (8) 23 (10) Sem análise
Morice AH e cols (2008a) 15 eletrocardiograma: semelhantes
(adultos e adolescentes ≥ 12 Rinite 29 (7) 18 (8) entre os grupos (dados não
anos; Agravamento da asma 26 (6) 15 (7) apresentados).
52 semanas) Bronquite 21 (5) 14 (6)
Rinite alérgica 27 (6) 12 (5) Análise cortisol urinário 24 horas:
Sinusite 31 (7) 10 (4) feita em subgrupo de 85 pacientes.
Pacientes com EA relacionado ao
tratamento com CI; n (%): Alteração no intervalo QTc em
Rouquidão / disfonia 15 (3) 5 (2) comparação ao baseline (correção
Candidíase oral 19 (4) 4 (2) Fridericia): sem diferença entre os
Pacientes com EA relacionado ao grupos (dados não apresentados).
tratamento com β-agonistas; n (%)
Palpitação 21 (5) 6 (3)

28
Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante
Taquicardia 4 (1) 2 (1) Não foram registradas mortes no
Tremor 4 (1) 4 (2) estudo.
Pacientes com EA graves, n (%) 32 (7) 15 (12,3) Sem análise
Agravamento da asma 8 (2) 6 (3)
EA grave relacionado ao tratamento;
n (%) 2 (0,4) 1 (0,4)
Descontinuação por EA, n (%) 12 (3) 2 (1)
cortisol durante o estudo
Cortisol plasmático antes e após antes 277 (10-1280); antes 256 (10-1390); depois
ajustado para país e baseline:
tratamento (variação); mmol/L depois 268 (10-2970) 236 (10-1410)
maior no grupo spray (p = 0,05).
Cortisol urinário 24h antes e após antes 46 (7-407); antes 59 (5-441);
tratamento (variação); mmol/L depois 48 (9-546) depois 49 (9-263)
Sem análise
Variação na glicose plasmática;
-0,01 +0,17
mmol/L
Alterações no intervalo QTcb
(correção de Bazett) em comparação Sem diferença
ao baseline +1,6 -1,9
Pacientes com pelo menos um EA; n
92 (45%) 100 (47%) EA graves no grupo pó inalante:
(%)
sinusite aguda e enxaqueca (nenhum
EA mais frequentes; n (%) considerado como relacionado ao
Nasofaringite 17 (8) 18 (8) tratamento)
Faringite 13 (6) 12 (6)
Infecção trato respiratório superior 12 (6) 11 (5) Não foram registradas mortes no
Morice AH e cols (2008b) 16
Agravamento da asma 7 (3) 7 (3) estudo.
(crianças de 6 a 11 anos; 12 Sem análise
semanas) Febre 4 (2) 4 (2)
Bronquite aguda 7 (3) 4 (2) Análise cortisol plasmático matinal:
feita em subgrupo de 392 pacientes.
Rinite 6 (3) 8 (4)
EA graves, n 0 2
Análise cortisol urinário 24 horas:
Descontinuação por EA, n 3 1
feita em subgrupo de 87 pacientes.
Cortisol plasmático antes e após antes 204 (10-687); antes 216 (10-810); depois
tratamento (variação); mmol/L depois 220 214

29
Formoterol/budesonida Formoterol/budesonida
Estudo (população e duração) Resultados Diferença Observação
spray pó inalante

Cortisol urinário 24h antes e após antes 18 (3-90); depois


antes 25 (5-69); depois 17 p < 0,05
tratamento (variação); mmol/L 23.

Legenda: CI: corticosteroide inalatório; EA: evento adverso; IC: intervalo de confiança.

30
7.5 Limitações dos estudos

Com exceção do estudo de avaliação dos pacientes em longo prazo (MORICE AH, et al 2008a)15, os estudos
incluídos apresentaram alta qualidade metodológica. Todas as evidências analisadas demonstraram semelhança em
termos de eficácia (melhora clínica, exacerbações, hospitalização, qualidade de vida, função pulmonar e uso de corticoide
oral) e segurança das diferentes apresentações de formoterol/budesonida no tratamento da asma. Os achados, no
entanto, foram obtidos em ambientes altamente controlados, em que os pacientes foram adequadamente treinados e
monitorados em relação ao uso dos dispositivos. A presença de desfechos de eficácia semelhantes não necessariamente
significa que o tipo de dispositivo para um paciente específico não seja um fator relevante, e essa abordagem não foi
adotada ou mensurada nos estudos. Os dados obtidos evidenciam que cada dispositivo avaliado pode funcionar
igualmente bem no cenário estudado, por pacientes que podem usá-los adequadamente.

7.6 Qualidade da evidência

A qualidade das evidências foi avaliada utilizando a ferramenta Grading of Recommendations Assessment,
Development and Evaluation (GRADE). A depender do desfecho, a qualidade da evidência variou entre moderada e alta,
para os subgrupos específicos avaliados. Para os eventos adversos, devido à falta de comparabilidade e, também, à
heterogeneidade entre os estudos, a qualidade da evidência global foi muito baixa, apesar de não haver diferença de
efeito entre os grupos avaliados. A seguir, exibimos a graduação da qualidade geral da evidência para os desfechos de
eficácia (Tabela 11) e segurança (Tabela 12), para os estudos que apresentaram resultados de comparações entre as
diferentes formulações de formoterol + budesonida.

31
Tabela 11. GRADE para desfechos de eficácia.
Avaliação

Impacto Certeza da evidência Importância


№ dos Delineamento Evidência
Risco de viés Inconsistência Imprecisão Outras considerações
estudos do estudo indireta

Pico de fluxo expiratório (PEF L/min) - 12 semanas

1 ensaios não grave não grave grave a não grave nenhum Formoterol+budesonida spray vs. budesonida monoterapia: + 28,6 CRÍTICO
clínicos Formoterol+budesonida pó vs. budesonida monoterapia: +31,4
⨁⨁⨁◯
randomizados Formoterol+budesonida spray vs. pó (12 semanas): - 2,8 L/min MODERADA

IC95% -10,4 a 4,9; P=0,48)

Volume expiratório forçado em 1 min (FEV1 em L) - 52 semanas

1 ensaios grave b não grave não grave não grave nenhum Formoterol+budesonida Spray vs. pó: 0,27 vs. 0,29, p=0,58 CRÍTICO
clínicos
⨁⨁⨁◯
randomizados MODERADA

Exacerbação (eventos/paciente) - 52 semanas

1 ensaios grave b não grave não grave não grave nenhum Formoterol+budesonida spray vs. pó: 0,13 vs. 0,17, p=0,14
clínicos
⨁⨁⨁◯
randomizados MODERADA

Pico de fluxo expiratório (PEF L/min) - 12 semanas apenas no subgrupo de crianças de 6 a 11 anos)

1 ensaios não grave não grave não grave não grave nenhum Formoterol+budesonida Spray vs. pó: +29,5 vs. +30,2; Delta = -0,7
clínicos
⨁⨁⨁⨁
ALTA
randomizados (IC 95% -6,0 a +4,6), p=0,78

a. A maioria das comparações são relativas aos ganhos dos grupos de terapia combinada (formoterol/budesonida) vs. budesonida monoterapia. Apenas são fornecidos os valores de diferença média ajustada final entre os grupos
formoterol/budesonida spray vs. pó para inalação.

b. Estudo aberto de extensão de Morice et al., 2007, subgrupos selecionados

32
Tabela 12. GRADE para desfechos de segurança.

Avaliação № de pacientes Efeito

Certeza da evidência Importância


Fomorterol+budes
№ dos Delineament Risco de Evidência Fomoterol+budes Relativo Absoluto
Inconsistência Imprecisão Outras considerações onida DPI para
estudos o do estudo viés indireta onida pMDI (95% CI) (95% CI)
asma

Eventos adversos

3 ensaios grave a grave b não grave grave c nenhum 495/870 (56.9%) 341/668 (51.0%) RR 1.00 0 menos por IMPORTANTE
clínicos (0.82 para 1.22) 1.000
⨁◯◯◯
randomizados (de 92 menos MUITO BAIXA
para 112 mais)

Eventos adversos - Adultos - 12 semanas

1 ensaios não grave não grave não grave não grave nenhum 82/217 (37.8%) 66/229 (28.8%) RR 1.31 89 mais por 1.000 IMPORTANTE
clínicos (1.01 para 1.71) (de 3 mais para
⨁⨁⨁⨁
ALTA
randomizados 205 mais)

Eventos adversos - Adultos - 52 semanas

1 ensaios grave a não grave não grave não grave nenhum 332/446 (74.4%) 175/227 (77.1%) RR 0.97 23 menos por IMPORTANTE
clínicos (0.88 para 1.06) 1.000
⨁⨁⨁◯
randomizados (de 93 menos MODERADA
para 46 mais)

Eventos adversos - Crianças - 12 semanas

1 ensaios não grave não grave não grave não grave nenhum 81/207 (39.1%) 100/212 (47.2%) RR 0.83 80 menos por IMPORTANTE
clínicos (0.66 para 1.04) 1.000
⨁⨁⨁⨁
ALTA
randomizados (de 160 menos
para 19 mais)

a. Um dos estudos (Morice et al., 2008a) se trata de um estudo de extensão open-label até 52 semanas, com subgrupos diferentes dos estudos randomizado original (Morice et al., 2007)

b. Existe significativa heterogeneidade estatística (I2=71%) para a meta-análise global, com alta heterogeneidade entre os subgrupos analisados. O estudo original tende a fovorecer a formulação em pó, já as demais não mostram diferenças. O
estudo de Morice et al., 2008b avaliou apenas o subgrupo de crianças.

c. Considerando a magnitude da variação do risco absoluto, existe grande incerteza quanto à possibilidade de acontecerem EA, haja vista que o IC95% para o risco absoluto compreende considerável benefício e malefício

33
8. ANÁLISE DE IMPACTO ORÇAMENTÁRIO

8.1 Métodos

A análise seguiu as recomendações das Diretrizes Metodológicas de Análise de Impacto Orçamentário, do


Ministério da Saúde19. Considerou-se a modelagem estática para a presente análise, com a multiplicação do custo
individual da nova intervenção pelo número de indivíduos com indicação para o uso. Ademais, para estimar a população
de interesse, foi utilizado o método de demanda aferida, utilizando dados do Sabeis (Sala Aberta de Inteligência em
Saúde)20.

8.2 Perspectiva

A presente AIO abordou a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme recomendado pelas Diretrizes
do Ministério da Saúde19.

8.3 Horizonte temporal

Foi adotado o horizonte temporal de cinco anos (2021 a 2025), conforme preconizado pelas Diretrizes
Metodológicas de AIO, do Ministério da Saúde19.

8.4 Custo do tratamento atual

Os custos dos medicamentos incluídos na análise foram coletados do Banco de Preços em Saúde (BPS), sendo
obtidos pelo menor preço praticado para compras públicas estaduais nos últimos 18 meses (consulta em janeiro de 2021).
Para estimar o custo do tratamento medicamentoso, foram consideradas as apresentações farmacêuticas registradas na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A bula de qualquer uma das apresentações cita que a posologia de cada
paciente varia conforme os resultados clínicos e uma dose média seria a de duas inalações/doses duas vezes ao dia. No
entanto, cabe destacar que essa dose pode variar de uma até a dose máxima de oito inalações por dia. Com base nestes
dados, os custos médios mensal e anual podem ser vistos no Quadro 8.

34
Quadro 8. Custos anuais médios do caso base considerados na análise.

Custo por Doses Custo médio Custo médio


Medicamento N doses/cap Custo cx Fonte
dose mensais mensal por ano

BPS, busca
19/08/2019 a
fb_12_400_cap* 60 R$ 0,46 R$ 27,60 120 R$ 55,20 R$ 662,40 19/01/2021, pregão
do estado da PB
31/08/2019
BPS, busca
19/08/2019 a
fb_12_400_po 60 R$ 0,23 R$ 13,57 120 R$ 27,14 R$ 325,68 19/01/2021, pregão
do estado do
ES12/03/2020
BPS, busca
19/08/2019 a
fb_6_200_po 60 R$ 0,17 R$ 10,20 120 R$ 20,40 R$ 244,80 19/01/2021, pregão
do estado do GO
17/10/2019
SIASG, busca
19/08/2019 a
fb_6_200_cap** 60 R$ 0,54 R$ 32,61 120 R$ 65,22 R$ 782,64
19/01/2021, pregão
do INC 20/10/2020
Observações:
*No BPS não foi informado o número de cápsulas por apresentação. Sendo assim, e adotando o princípio de economicidade, utilizamos 60 cápsulas, número este que
corresponde ao maior número de cápsulas por apresentação.
**Adotamos o valor informado pelo INC, pois os valores de pregão informados no BPS não eram relativos a compras estaduais e apresentavam valores maiores.
Legenda: cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

8.5 Custos do tratamento proposto

Da mesma forma, os custos dos medicamentos incluídos na análise foram coletados do BPS, sendo obtidos pelo
menor preço praticado para compras públicas estaduais nos últimos 18 meses. A dose média considerada também foi de
duas inalações/doses duas vezes ao dia (Quadro 9).

Quadro 9. Custos unitários dos medicamentos considerados na análise.

N Custo por Doses Custo médio Custo médio


Medicamento Custo cx Fonte
doses/cap dose mensais mensal por ano

BPS, busca 19/08/2019 a


aer_fb_6_200 120 R$ 0,57 R$ 68,50 120 R$ 68,50 R$ 822,00 19/01/2021, pregão do estado de
MG 22/08/2019
BPS, busca 19/08/2019 a
aer_fb_6_100 120 R$ 0,68 R$ 82,00 120 R$ 82,00 R$ 984,00 19/01/2021, pregão do estado do PR
04/08/2021
Legenda: aer, spray; fb, formoterol + budesonida

8.6 População

Mediante consulta ao IBGE, estimou-se o crescimento populacional no Brasil (Quadro 10). Para estimar a
população elegível, estimou-se a demanda aferida de pacientes usuários de formoterol + budesonida em qualquer
concentração no ano de 202020. Aplicou-se, então, as taxas de crescimento populacional à demanda aferida de 2020

35
(Quadro 11). As proporções de uso das quatro apresentações disponíveis no SUS serão consideradas como premissa para
construção do cenário proposto.

Quadro 10. Estimativa de crescimento populacional no Brasil, de 2020 a 2025.


Anos 2020 2021 2022 2023 2024 2025
Projeção populacional 103.527.689 104.271.843 104.990.487 105.681.529 106.345.043 106.981.304
Delta
- 744.154 718.644 691.042 663.514 636.261
(maior-menor)
% de crescimento - 0,718 0,689 0,658 0,627 0,598
Fator de multiplicação - 1,007187971 1,006892024 1,006581949 1,006278429 1,005982987

Quadro 11. Estimativa da população usuária de formoterol + budesonida no SUS.


Proporção
Apresentação por 2020 2021 2022 2023 2024 2025
apresentação
Formoterol + budesonida 12mcg/ 400mcg cápsula 39,16% 68.899 69.394 69.873 70.332 70.774 71.197
Formoterol + budesonida 12mcg/ 400mcg pó inalante 49,56% 87.188 87.815 88.420 89.002 89.561 90.097
Formoterol + budesonida 6mcg/ 200mcg pó inalante 6,62% 11.661 11.745 11.826 11.904 11.978 12.050
Formoterol + budesonida 6mcg/ 200mcg cápsula 4,64%` 8.163 8.222 8.278 8.333 8.385 8.435

8.7 Cenário proposto

Conservando a divisão da população elegível entre as apresentações já disponíveis, adicionou-se as duas novas
apresentações. Para o primeiro ano após a possível incorporação, as apresentações já disponíveis seriam responsáveis
por 70% do consumo, e as novas, por 30% (15% para cada uma). A participação no mercado das novas apresentações
aumentaria de 30% a 50% no decorrer dos cinco anos (Quadro 12). Essas proporções foram, então, multiplicadas pelas
estimativas da população usuária de formoterol + budesonida presentes no Quadro 11 para estimar a população do
cenário proposto.

Quadro 12. Proporções de market share.


Apresentação 2020 2021 2022 2023 2024 2025
fb_12_400_cap 39,17% 27,42% 25,46% 23,50% 21,54% 19,58%
fb_12_400_po 49,56% 34,69% 32,22% 29,74% 27,26% 24,78%
fb_6_200_po 6,63% 4,64% 4,31% 3,98% 3,65% 3,31%
fb_6_200_cap 4,64% 3,25% 3,02% 2,78% 2,55% 2,32%
aer_fb_6_200 - 15,00% 17,50% 20,00% 22,50% 25,00%
aer_fb_6_100 - 15,00% 17,50% 20,00% 22,50% 25,00%
Legenda: aer, spray; cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

36
Quadro 13. População do cenário proposto.
Apresentação 2021 2022 2023 2024 2025
fb_12_400_cap 48.576 45.417 42.199 38.926 35.599
fb_12_400_po 61.470 57.473 53.401 49.258 45.048
fb_6_200_po 8.221 7.687 7.142 6.588 6.025
fb_6_200_cap 5.755 5.381 5.000 4.612 4.218
aer_fb_6_200 26.576 31.219 35.914 40.657 45.445
aer_fb_6_100 26.576 31.219 35.914 40.657 45.445
Legenda: aer, spray; cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

8.8 Resultados

Mantendo-se o cenário atual, com o uso das quatro apresentações já disponíveis no SUS, ao final de cinco anos,
o custo total seria de R$ 424.939.102,13 (Quadro 14). Adicionando-se as duas apresentações de formoterol + budesonida
spray, respeitando os Market share discutidos anteriormente, o impacto orçamentário em cinco anos seria de R$
579.431.076,82 (Quadro 15). Dessa forma, o impacto incremental em cinco anos seria de R$ 154.491.974,69 (Quadro 16).

Quadro 14. Cálculo do caso base em cinco anos.


Apresentação 2021 2022 2023 2024 2025
fb_12_400_cap R$ 45.966.747,22 R$ 46.283.551,13 R$ 46.588.187,09 R$ 46.880.687,72 R$ 47.161.174,26
fb_12_400_po R$ 28.599.493,06 R$ 28.796.601,44 R$ 28.986.139,19 R$ 29.168.126,61 R$ 29.342.639,13
fb_6_200_po R$ 2.875.131,67 R$ 2.894.947,15 R$ 2.914.001,54 R$ 2.932.296,89 R$ 2.949.840,79
fb_6_200_cap R$ 6.434.612,04 R$ 6.478.959,54 R$ 6.521.603,72 R$ 6.562.549,14 R$ 6.601.812,79
Total por ano R$ 83.875.983,99 R$ 84.454.059,25 R$ 85.009.931,54 R$ 85.543.660,38 R$ 86.055.466,98
Total em cinco anos R$ 424.939.102,13
Legenda: cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

Quadro 15. Cálculo do Cenário proposto em cinco anos.


Apresentação 2021 2022 2023 2024 2025
fb_12_400_cap R$ 32.176.723,06 R$ 30.084.308,23 R$ 27.952.912,25 R$ 25.784.378,25 R$ 23.580.587,13
fb_12_400_po R$ 20.019.645,14 R$ 18.717.790,93 R$ 17.391.683,51 R$ 16.042.469,64 R$ 14.671.319,57
fb_6_200_po R$ 2.012.592,17 R$ 1.881.715,65 R$ 1.748.400,93 R$ 1.612.763,29 R$ 1.474.920,39
fb_6_200_cap R$ 4.504.228,43 R$ 4.211.323,70 R$ 3.912.962,23 R$ 3.609.402,03 R$ 3.300.906,39
aer_fb_6_200 R$ 21.845.732,14 R$ 25.662.342,34 R$ 29.521.429,22 R$ 33.420.124,60 R$ 37.355.640,85
aer_fb_6_100 R$ 26.151.095,40 R$ 30.719.884,27 R$ 35.339.521,11 R$ 40.006.572,51 R$ 44.717.701,46
Total por ano R$ 106.710.016,34 R$ 111.277.365,12 R$ 115.866.909,25 R$ 120.475.710,32 R$ 125.101.075,80
Total em cinco anos R$ 579.431.076,82
Legenda: aer, spray; cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

Quadro 16. Custo incremental do cenário proposto sobre o caso base.


Total por ano 2021 2022 2023 2024 2025
Caso Base R$ 83.875.983,99 R$ 84.454.059,25 R$ 85.009.931,54 R$ 85.543.660,38 R$ 86.055.466,98
Cenário proposto R$ 106.710.016,34 R$ 111.277.365,12 R$ 115.866.909,25 R$ 120.475.710,32 R$ 125.101.075,80
Custo incremental R$ 22.834.032,34 R$ 26.823.305,87 R$ 30.856.977,71 R$ 34.932.049,94 R$ 39.045.608,82
Custo incremental em cinco anos R$ 154.491.974,69

37
Como forma de análise de sensibilidade, optou-se pela realização de um diagrama de tornado com a variação
das doses de cada um dos medicamentos da análise. Uma vez que a dose média considerada nos cenários base e
alternativo considerou a dose média de duas inalações, duas vezes ao dia. As doses mínima e máxima previstas em bula
seriam de uma inalação e oito inalações ao dia, respectivamente. Assim, variou-se também o custo anual e, por
conseguinte, o custo incremental em cinco anos (Quadro 17). O diagrama de tornado revela que variar as doses dos dois
medicamentos spray influencia de maneira significativa o impacto incremental em cinco anos (

Figura 3).

Quadro 17. Variação dos custos mensal e anual conforme a dose.


N Custo por Doses
Posologias Medicamento Custo cx Custo mensal Custo anual
doses/cap dose mensais

1 inal ao dia - fb_12_400_cap 60 R$ 0,46 R$ 27,60 30 R$ 13,80 R$ 165,60


mínima fb_12_400_po 60 R$ 0,23 R$ 13,57 30 R$ 6,79 R$ 81,42

2 inal 2x dia - fb_12_400_cap 60 R$ 0,46 R$ 27,60 120 R$ 55,20 R$ 662,40


média fb_12_400_po 60 R$ 0,23 R$ 13,57 120 R$ 27,14 R$ 325,68

8 inal ao dia - fb_12_400_cap 60 R$ 0,46 R$ 27,60 240 R$ 110,40 R$ 1.324,80


máxima fb_12_400_po 60 R$ 0,23 R$ 13,57 240 R$ 54,28 R$ 651,36
1 inal ao dia - fb_6_200_po 60 R$ 0,17 R$ 10,20 30 R$ 5,10 R$ 61,20
mínima fb_6_200_cap 60 R$ 0,54 R$ 32,61 30 R$ 16,31 R$ 195,66
2 inal 2x dia - fb_6_200_po 60 R$ 0,17 R$ 10,20 120 R$ 20,40 R$ 244,80
média fb_6_200_cap 60 R$ 0,54 R$ 32,61 120 R$ 65,22 R$ 782,64
8 inal ao dia - fb_6_200_po 60 R$ 0,17 R$ 10,20 240 R$ 40,80 R$ 489,60
máxima fb_6_200_cap 60 R$ 0,54 R$ 32,61 240 R$ 130,44 R$ 1.565,28
1 inal ao dia - aer_fb_6_200 120 R$ 0,57 R$ 68,50 30 R$ 17,13 R$ 205,50
mínima aer_fb_6_100 120 R$ 0,68 R$ 82,00 30 R$ 20,50 R$ 246,00
2 inal 2x dia - aer_fb_6_200 120 R$ 0,57 R$ 68,50 120 R$ 68,50 R$ 822,00
média aer_fb_6_100 120 R$ 0,68 R$ 82,00 120 R$ 82,00 R$ 984,00
8 inal ao dia - aer_fb_6_200 120 R$ 0,57 R$ 68,50 240 R$ 137,00 R$ 1.644,00
máxima aer_fb_6_100 120 R$ 0,68 R$ 82,00 240 R$ 164,00 R$ 1.968,00
Legenda: aer, spray; cap, cápsula; fb, formoterol + budesonida

Figura 3. Diagrama de tornado.

38
9. LIMITAÇÕES

A aplicabilidade do impacto orçamentário é limitada pelos diversos esquemas posológicos disponíveis. Uma vez
que se recomenda que a dose seja ajustada para a menor dose na qual o controle efetivo dos sintomas seja mantido,
adolescentes e adultos em uso de formoterol/budesonida cápsula ou pó inalante 6/200 mcg ou 12/400 mcg poderiam
migrar para qualquer uma das apresentações em spray (6/ 200 mcg ou 6/ 100 mcg). Já pacientes pediátricos em uso de
cápsula 6/200 mcg ou 12/400 mcg, ou pó inalante 6/200 mcg, poderiam migrar para a apresentação em spray 6/100 mcg.

10. IMPLEMENTAÇÃO E VIABILIDADE

Caso ocorra incorporação da associação formoterol/budesonida spray para o tratamento da asma no SUS, as
responsabilidades pela sua aquisição e financiamento deverão ser pactuadas no âmbito da Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), respeitando-se a manutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão do SUS e a garantia da
linha de cuidado da doença. Nesse caso, as áreas responsáveis pela atenção ao paciente com asma terão prazo máximo
de cento e oitenta dias para efetivar sua oferta no SUS, de acordo com o artigo 25 do Decreto n° 7.646, de 21 de dezembro
de 2011.

11. RECOMENDAÇÕES DE OUTRAS AGÊNCIAS DE ATS

As agências de tecnologias em saúde do Reino Unido (NICE - The National Institute for Health and Care
Excellence)17, Canadá (CADTH - Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health)21, Escócia (SMC - Scottish
Medicines Consortium)22 e Austrália (PBAC - Pharmaceutical Benefits Advisory Committee e NPS - National Prescribing
Service)23,24 recomendam a associação de CI com LABA em pacientes adultos e pediátricos com asma não controlada com
corticoterapia. Nenhuma das agências emite recomendação específica de um dispositivo inalatório.

12. MONITORAMENTO DO HORIZONTE TECNOLÓGICO

39
Para a elaboração desta seção, realizaram-se buscas estruturadas nos campos de pesquisa das bases de dados
ClinicalTrials.gov e Cortellis™, a fim de localizar medicamentos em combinação em dose fixa (LABA + corticosteroide)
potenciais para o tratamento da asma.

Utilizou-se o termo “asthma” no ClinicalTrials e a seguinte estratégia de busca no Cortellis™: Current Development
Status (Indication (Asthma) Status (Phase 3 Clinical or Launched or Registered or Pre-registration) Link to highest status).

Foram considerados estudos clínicos de fases 3 e 4 inscritos no ClinicalTrials.gov, que testaram os medicamentos
resultantes das buscas supramencionadas.

Os dados de situação regulatória foram consultados nos sítios eletrônicos da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), European Medicines Agency (EMA) e U.S. Food and Drug Administration (FDA).

Detectaram-se as combinações formoterol + mometasona e indacaterol + mometasona (Quadro 18).

Quadro 18. Medicamentos em combinação em dose fixa (LABA + corticosteroide) potenciais para o tratamento da asma.
Nome do princípio Via de Estudos de
Mecanismo de ação Aprovação para asma
ativo administração eficácia
Anvisa
Sem registro
Agonista de receptor β2
Formoterol + EMA
adrenérgico/ligante de receptor de Inalatória Fase 3
mometasona Descontinuado
glicocorticoide
FDA
Registrado (2010)
Anvisa e FDA
Agonista de receptor β2 Sem registro
Indacaterol +
adrenérgico/ligante de receptor de Inalatória Fase 3 EMA
mometasona
glicocorticoide Registrado (2020)

Fontes: www.clinicaltrials.gov; Cortellis™ da Clarivate Analytics; www.anvisa.gov.br; www.ema.europa.eu; www.fda.gov. Atualizado em: 18/11/2020.
Legenda: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; EMA – European Medicines Agency; FDA – U.S. Food and Drug Administration.

A combinação formoterol + mometasona possui registro no Food and Drug Administration (FDA) para o
tratamento de pacientes com asma desde o ano 2010, mas em 2019 houve inclusão em bula da indicação para pacientes
a partir dos cinco anos de idade. Assim como a combinação proposta para incorporação (formoterol + budesonida), o
medicamento é administrado por via inalatória, duas vezes ao dia25,26. O medicamento não é indicado para o alívio de
episódios agudos de broncoespasmo25.

O indacaterol + mometasona foi aprovado pela European Medicines Agency (EMA) em maio de 2020, com
indicação para tratamento de manutenção de indivíduos a partir 12 anos de idade com asma não adequadamente
controlada com corticosteroides inalatórios e β2 agonistas de curta duração. De acordo com a bula, o medicamento deve
ser administrado por via inalatória uma vez ao dia27.

40
Foram depositados no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI) dois pedidos de patente para a
combinação formoterol + budesonida. O pedido de patente PI0307193 foi depositado em 2003, tendo sido indeferido em
2017. A patente de número PI9813325 foi depositada em 1998 e indeferida em 200328.

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos identificados evidenciaram semelhança em termos de eficácia e segurança das apresentações


formoterol / budesonida em spray dosimetrado e pó seco para inalação no tratamento da asma. Estudos de alta qualidade
metodológica realizados em adultos, adolescentes e crianças (idade ≥ 6 anos) tiveram duração de 12 semanas e
evidenciaram benefícios similares em testes de função pulmonar e qualidade de vida, sem diferença em desfechos de
segurança. Observou-se superioridade do pó seco para inalação em adolescentes e adultos somente nos sintomas da
asma durante o dia, o que resultou em melhora nos desfechos dias livres de sintomas e dias de controla da asma, apesar
de não haver diferença entre os grupos nos testes de função pulmonar e qualidade de vida. Essa diferença que não foi
identificada em crianças. O estudo que comparou os dispositivos em longo prazo (52 semanas) em adolescentes e adultos
apresentou alto risco de viés por ter um delineamento aberto, mas evidenciou semelhança na taxa de exacerbações,
testes de função pulmonar, necessidade de corticoide oral, e taxa de hospitalizações. Os benefícios foram obtidos sem
diferenças no perfil de segurança entre os grupos.

Com exceção do estudo de avaliação dos pacientes em longo prazo, os estudos incluídos apresentaram alta
qualidade metodológica. Todas as evidências analisadas demonstraram semelhança em termos de eficácia e segurança
das diferentes apresentações de formoterol / budesonida no tratamento da asma. Os achados, no entanto, foram obtidos
em ambientes altamente controlados, em que os pacientes foram adequadamente treinados e monitorados em relação
ao uso dos dispositivos. A presença de desfechos de eficácia semelhantes não necessariamente significa que o tipo de
dispositivo para um paciente específico não seja um fator relevante, e essa abordagem não foi adotada ou mensurada
nos estudos. Os dados obtidos evidenciam que cada dispositivo avaliado pode funcionar igualmente bem no cenário
estudado, por pacientes que podem usá-los adequadamente.

Não foram identificados estudos observacionais que possibilitassem a avaliação de cenários mais próximos ao
mundo real. Variáveis não avaliadas nos estudos incluídos como habilidade e capacidade do paciente em utilizar o
dispositivo de maneira a obter o máximo da efetividade, conveniência de uso e disponibilidade do mesmo dispositivo para
outros medicamentos da linha de cuidado devem ser consideradas na prática clínica. Nesse sentido, é importante discutir
que a apresentação de formoterol/ budesonida atualmente disponibilizada no SUS (cápsula ou pó inalante) não é
recomendada para pacientes com dificuldades de inspiração e incapacidade de alcance de fluxo inspiratório mínimo,
situações nas quais o dispositivo em spray seria melhor indicado. Além disso, representantes de corticosteroides
inalatórios, β2-agonista de curta e de longa duração já são ofertados na linha de cuidado da asma na apresentação spray.

41
Disponibilizar a mesma apresentação da associação de formoterol / budesonida pode representar uma alternativa
confortável e segura para pacientes que já estão habituados com o dispositivo para inalação de outros medicamentos.

Na AIO, evidenciou-se que a incorporação da tecnologia resultaria em impacto incremental de cerca de 155
milhões de reais em cinco anos, considerando-se a população estimada a partid de dados de demanda aferida e uma taxa
de difusão gradual de 30% no primeiro ano, chegando a 50% no quinto ano.

Agências de ATS e diretrizes clínicas consultadas não indicam um dispositivo inalatório em detrimento de outro no
tratamento da asma, recomendação que é feita com base nas evidências de semelhança de eficácia e segurança em
estudos controlados. Ainda assim, diretrizes de sociedades médicas internacionais sugerem que a escolha do dispositivo
deve ser individualizada e levar em consideração fatores relacionados ao paciente.

14. RECOMENDAÇÃO PRELIMINAR DA CONITEC

Na 94ª reunião ordinária da Conitec, realizada em 03 de fevereiro de 2021, o Plenário deliberou que a matéria
fosse disponibilizada em consulta pública com recomendação preliminar desfavorável à incorporação do fumarato de
formoterol di-hidratado associado à budesonida spray para o tratamento da asma. A deliberação considerou o fato das
tecnologias avaliadas apresentarem eficácia e perfil de segurança semelhantes e a ausência de evidências que
mostrassem benefícios ou melhora da adesão para populações específicas.

A matéria foi disponibilizada em consulta pública.

15. CONSULTA PÚBLICA

A Consulta Pública nº 07 foi realizada entre os dias 18/02/2021 e 09/03/2021. Foram recebidas 1.234
contribuições, sendo 317 pelo formulário para contribuições técnico-científicas e 917 pelo formulário para contribuições
sobre experiência ou opinião de pacientes, familiares, amigos ou cuidadores de pacientes, profissionais de saúde ou
pessoas interessadas no tema. Foram consideradas apenas as contribuições encaminhadas no período estipulado e por
meio do site da Conitec, em formulário próprio.

O formulário de contribuições técnico-científicas é composto por duas partes, a primeira sobre as características
do participante, e a segunda, sobre a contribuição propriamente dita, acerca do relatório em consulta, estruturada com
uma pergunta sobre a qualidade do relatório e cinco blocos de perguntas sobre: (1) as evidências clínicas, (2) a avaliação
econômica, (3) o impacto orçamentário, (4) a recomendação inicial da Conitec, e (5) outros aspectos além dos citados.

O formulário de experiência ou opinião é composto por duas partes, a primeira sobre as características do
participante, e a segunda, sobre a contribuição propriamente dita, acerca do relatório em consulta, que está estruturada
em três blocos de perguntas com o objetivo de conhecer a opinião do participante sobre: (1) a recomendação inicial da

42
Conitec, (2) a experiência prévia com o medicamento em análise e (3) a experiência prévia com outros medicamentos
para tratar a doença em questão.

As características dos participantes foram quantificadas, agrupadas e estratificadas de acordo com os respectivos
formulários. As contribuições foram quantitativamente e qualitativamente avaliadas, considerando as seguintes etapas:
a) leitura de todas as contribuições, b) identificação e categorização das ideias centrais, e c) discussão acerca das
contribuições. A seguir, é apresentado um resumo da análise das contribuições recebidas. O conteúdo integral das
contribuições se encontra disponível na página da Conitec (http://conitec.gov.br/index.php/consultas-publicas).

15.1 Contribuições técnico-científicas

Das 317 contribuições recebidas de cunho técnico-científico, 94 não continha nenhuma informação adicional (em
branco). Houve 186 contribuições contrárias a recomendação preliminar da Conitec, 22 a favor e 15 opinaram como “não
concordo e não discordo”.
Foram anexados nove documentos e avaliadas de acordo com os critérios de elegibilidade estabelecidos no
relatório, sendo:

- bula do medicamento dipropionato de beclometasona/sulfato de salbutamol;


- bula do medicamento dipropionato de beclometasona/fumarato de formoterol;
- impressão da tela de envio da contribuição;
- um dossiê de avaliação do medicamento propionato de fluticasona (sem autoria);
- um dossiê de avaliação dos medicamentos beclometasona/formoterol (Fostair®) e
beclometasona/salbutamol (Clenil® Compositum HFA) enviado pela indústria farmacêutica fabricante dos
medicamentos, Chiesi Farmacêutica Ltda;
- dois documentos de avaliação do medicamento fluticasona/salmeterol (um da GlaxoSmithKline Brasil
Ltda – GSK e outro sem autoria),
- um documento com a contribuição Chiesi Farmacêutica Ltda sobre o tema da consulta pública; e
- um documento com a contribuição da AstraZeneca do Brasil Ltda, sobre o tema da consulta pública.

15.1.1 Perfil dos participantes


A maioria das contribuições técnico-científicas foi de pessoas físicas (97%), predominando profissionais de saúde
(76%) (Tabela 13).

43
Tabela 13. Contribuições técnico-científicas da consulta pública nº 07 de acordo com a origem.
Tipo de Contribuição N %
Pessoa Física 309 97
Paciente 55 17
Familiar, amigo ou cuidador de paciente 12 4
Profissional de saúde 235 74
Interessado no tema 7 2
Pessoa Jurídica 8 3
Total 317 100

Com relação às características demográficas dos participantes da consulta pública, 71% dos pacientes eram do
sexo feminino, predominantemente declarados de cor da pele branca (78%), na faixa etária de 40 a 59 anos (45%) e da
região Sudeste (63%) (Tabela 14).

Tabela 14. Características demográficas dos participantes da consulta pública nº


07 por meio do formulário técnico científico.
Tipo de Contribuição N %
Sexo Feminino 220 71
Masculino 89 29
Cor ou etnia Amarelo 6 2
Branco 241 78
Indígena 0 0
Pardo 50 16
Preto 12 4
Faixa etária menor 18 1 0
18 a 24 8 3
25 a 39 109 35
40 a 59 139 45
60 ou mais 52 17
Regiões brasileiras Norte 8 3
Nordeste 35 11
Sul 46 15
Sudeste 201 63
Centro-oeste 27 9

15.1.2 Evidência Clínica

Dentre as contribuições, foram identificadas 131 alusivas às evidências clínicas sobre o uso de
formoterol/budesonida spray para o tratamento da asma, sendo que 75 foram contrárias à recomendação inicial da
Conitec, dez a favor e dez opinaram como “não concordo e não discordo”.

As contribuições que discordam da recomendação inicial da Conitec versaram principalmente sobre: utilização da
apresentação spray por grupos específicos com asma, como crianças menores de sete anos de idade, idosos, pacientes

44
com problemas cognitivos, que se apresentam dificuldades de inalar o medicamento em pó seco, e sobre a melhor adesão
destes pacientes ao tratamento. Essas contribuições são representadas pelos trechos a seguir.

“Tem pacientes com problemas cognitivos associados que não se adaptam à técnica de
uso dos dispositivos de pó seco disponíveis na farmácia de alto custo. O tamanho da
partícula de dispositivos spray muitas vezes são menores que a do dispositivo com
medicamento em pó inalável, permitindo uma ação mais distal, atingindo vias aéreas
menores. Beneficiando pacientes que tem comprometimento de vias aéreas menores.”

“O uso do spray facilita a adesão medicamentosa por parte das crianças e idosos devido
a facilidade do uso do mesmo associado a um espaçador. Além do mais, pacientes
portadores de comorbidades neurológicas que também não consigam aspirar a cápsula,
poderia utilizar a medicação através do spray.”

“Pacientes graves com VEF1 < 60% e/ou pico de fluxo inspiratório insuficiente para uso
de dispositivos de pó (vide PCDT 2013 de asma) Temos pacientes que precisam fazer uso
de espaçadores, por isso o uso de Aerossol (spray) como alternativa para dispositivo
de pó seco, é importante nesses pacientes com dificuldade.”

“A incorporação da associação de formoterol e budesonida em spray é fundamental para


que os pacientes que já estão habituados com o dispositivo para inalação de outros
medicamentos tenham mais uma opção confortável e segura, permitindo que estes
tenham um tratamento alinhado com suas preferências e aumentando a probabilidade
de adesão ao tratamento e consequente melhor controle da doença. Ainda, a inclusão
das apresentações em spray possibilitaria que os pacientes do Sistema Único de Saúde
que hoje utilizam as formas cápsula ou pó inalante e que não se adaptam a essas opções,
como, por exemplo, pacientes pediátricos, idosos, pacientes com doenças pulmonares
com obstrução fixa, com baixa acuidade visual ou com déficits cognitivo-motores que
podem dificultar o uso da medicação em pó, tenham uma nova alternativa que atenda
às suas necessidades, possibilitando um melhor aproveitamento do tratamento
prescrito.”

“A experiência clínica mostra que muitos pacientes que não se adaptam ao dispositivo
em pó, por não conseguirem atingir fluxo inspiratório adequado, se beneficiam muito do
inalador em aerossol dosimétrico, principalmente asmáticos com acometimento
importante de pequena via aérea; além disso, as crianças se adaptam muito melhor ao
dispositivo em spray.”

45
Apesar de alguns profissionais evidenciarem que uso da apresentação em spray melhorem a resposta clínica e
adesão ao tratamento devido a praticidade da apresentação, este dado não é apresentado nos estudos. Não houve
estudos anexados que comprovassem este efeito. Ademais, não se sabe ao certo o quanto a apresentação em spray irá
interferir no tratamento, esta melhora clínica não foi quantificada pelos profissionais que apresentaram suas
contribuições.

Contribuições sobre a redução de exacerbações com o uso da associação dos medicamentos, conforme os trechos
transcritos abaixo.

“A associação é tratamento preferencial na asma moderada a grave em uso contínuo


diário. A combinação reduz as exacerbações graves.”

“Esta medicação é responsiva na crise asmática e não existe substituto no SUS. Eficiente
na Asma.”

O protocolo atual de asma no SUS recomenda o uso da combinação formoterol/budesonida (cápsula ou pó


inalante), já disponíveis para os pacientes com asma.

Contribuições sobre as evidências que indicam que os uso da apresentação spray é favorável ao tratamento,
conforme trecho abaixo.

“Ensaios clínicos duplo-cegos, controlados evidenciando resposta favorável ao uso da


associação.”

No entanto, as evidências científicas que compõem o relatório em avaliação são compostas por três ECR que
compararam a eficácia e a segurança de formoterol/budesonida nas apresentações spray e pó seco para inalação no
tratamento da asma. Os resultados destes estudos indicam semelhança em desfechos relevantes de eficácia como função
pulmonar, qualidade de vida, exacerbações e hospitalizações, sem diferenças no perfil de segurança.

A AstraZeneca do Brasil Ltda, fabricante do medicamento Symbicort spray® (budesonida/ formoterol), apresentou
suas contribuições discordando da recomendação inicial da Conitec, destacando a importância da apresentação spray,
conforme trecho transcrito abaixo.

“A incorporação da associação de formoterol e budesonida em spray é fundamental para


que os pacientes que já estão habituados com o dispositivo para inalação de outros
medicamentos tenham mais uma opção confortável e segura, permitindo que estes
tenham um tratamento alinhado com suas preferências e aumentando a probabilidade
de adesão ao tratamento e consequente melhor controle da doença. Ainda, a inclusão

46
das apresentações em spray possibilitaria que os pacientes do Sistema Único de Saúde
que hoje utilizam as formas cápsula ou pó inalante e que não se adaptam a essas opções,
como, por exemplo, pacientes pediátricos, idosos, pacientes com doenças pulmonares
com obstrução fixa, com baixa acuidade visual ou com déficits cognitivo-motores que
podem dificultar o uso da medicação em pó, tenham uma nova alternativa que atenda
às suas necessidades, possibilitando um melhor aproveitamento do tratamento
prescrito. Por isso, a importância da cobertura de toda a população brasileira com
tratamentos adequados e individualizados para cada paciente, beneficiando boa parcela
dos pacientes.”

A Fundação PROAR, composta por médicos pneumologistas, entre eles professores da USP, UFBA e UFMG, e
profissionais da saúde, posiciona-se como não favorável à recomendação preliminar da Conitec por entender que a
apresentação spray é importante para o controle da asma em perfis de pacientes específicos, tais como crianças e idosos,
pois estes pacientes não são atendidos adequadamente com a tecnologia disponível atualmente, conforme trecho
destacado abaixo.

“Está bem estabelecido que pacientes idosos e crianças apresentam dificuldade em


realizar adequadamente a técnica para utilização de medicamentos em dispositivos
inalatórios, sendo que em crianças ela é menor que 50%, chegando a 77% dos pacientes
entre 60 e 75 anos e 86% dos pacientes acima de 75 anos. (...) Assim, pacientes idosos,
com doença obstrutiva, crianças e pacientes com deficiência cognitiva por causas
diversas, apresentam maior dificuldade em utilizar dispositivos em pó seco, por terem
maior dificuldade de gerar o fluxo inspiratório necessário.(...) médicos precisam ter a
oportunidade de escolher o dispositivo mais adequado considerando a situação clínica e
características do paciente, incluindo faixa etária, função pulmonar, nível de fluxo
inspiratório, destreza manual e função cognitiva. Desta forma, concluímos que não há
um único dispositivo que se aplique a todos os pacientes e a escolha deve ser
individualizada.”

A Sociedade Mineira de Pneumologia e cirurgia Torácica se manifestou contrária a recomendação preliminar da


Conitec, conforme trecho transcrito abaixo.

“A escolha de um dispositivo inalatório, por estudos e opiniões de consensos de


especialidades, deve levas em conta vários fatores, como: disponibilidade da droga por
dispositivo; situação clínica; idade do paciente e habilidade para uso correto do
dispositivo; uso de medicações múltiplas em um dispositivo; custo; tempo de

47
administração da droga; conveniência para uso ambulatorial e hospitalar; preferência
do paciente e médico. Certos grupos de pacientes, que são um número expressivo de
asmáticos, têm grande chance de não conseguir utilizar corretamente o dispositivo de
pó seco com formoterol/budesonida, por falta de coordenação motora, condições físicas,
fluxo inalatório inadequado. (...) Este grupo inclui crianças menores de 5 anos de idade
e pessoas com dificuldade de coordenação motora ou fluxo inspiratório adequado.”

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) se posicionou contrária a recomendação preliminar da


Conitec, devido a necessidade da apresentação spray da associação formoterol + budesonida para grupos específicos de
pacientes, que não conseguem utilizar os dispositivos de pó seco ou para aqueles que estão em uso do dispositivos de pó
seco e que não estão se beneficiando desse tipo de dispositivo, mantendo a asma não controlada e apresentando
exacerbações, e devido a preferência de pacientes em utilizar um dispositivo específico pode melhorar a adesão e o uso
correto do dispositivo, conforme trecho transcrito abaixo.

“Na escolha de um dispositivo inalatório, deve-se levar em consideração as vantagens e


desvantagens de cada dispositivo, e se possível, estabelecer critérios baseados em
evidência, para a escolha apropriada do dispositivo em cada contexto clínico específico.
A técnica incorreta pode levar a possível redução da eficácia/efetividade; Uso impróprio
dos dispositivos é comum com todos os dispositivos. Há evidências de que o uso de
dispositivos de pó seco em crianças pode não ser adequado. Num estudo prospectivo
com 161 crianças asmáticas com idade entre 5 e 17 anos utilizando o Turbohaler
(dispositivo de pó seco), De Boeck et al observaram uma alta frequência de uso
inadequado entre os pacientes com idade inferior a 8 anos25. Outros autores também
relatam que as crianças abaixo dos 7 anos são incapazes de gerar fluxo inspiratório
adequado para a correta utilização de dispositivos de pó seco, e quase impossíveis de se
ensinar a fazer pausa inspiratória após inalação26. Adicionalmente, é preciso lembrar-se
dos indivíduos com limitação intelectual ou física que sejam incapazes de realizar uma
inalação consciente – o uso de dispositivos de pó seco para essa população é
simplesmente inviável. “

Dentre os estudos citados pela SBPT, um trata-se de ensaio clinico não-randomizado que avaliou se o uso correto
do inalador de pó seco Turbohaler poderia ser facilmente ensinado a crianças asmáticas, no qual as crianças que usaram
corretamente o dispositivo receberam prescrição do Turbohaler como terapia de manutenção e aqueles que usaram
incorretamente o dispositivo receberam um recipiente de placebo25. O outro estudo26 trata-se de revisão da literatura.
Portanto, nenhum destes estudos foram considerados elegíveis para compor o corpo de evidências deste relatório.

48
As contribuições favoráveis a recomendação inicial da Conitec versaram principalmente sobre a disponibilidade
dos medicamentos no SUS com resposta satisfatória para o tratamento da asma. Essas contribuições são representadas
pelos trechos a seguir.

“Se existem outros medicamentos com os principios ativos, e este medivamento em sua
formulação em spray aumenta o custo, não há razão para a adoção.”

“Mesma classe terapêutica a que já temos disponível atualmente não acrescentará em


nada. Há outras oportunidades no mercado. Observo muitas respostas satisfatórias de
pacientes cujo tratamento se dá pelo uso de Beclometasona + Formoterol spray, um
dispositivo prático, com contador de doses e na minha opinião com ações nas pequenas
vias aéreas fundamentais em quadros de pacientes com asmas moderadas e graves.”

“A Conitec deve se embasar sempre na evidência científica e qualidade da evidência.


Acima de posições de sociedades médicas, indústria farmacêutica e associações de
pacientes onde interesses outros e superficialidade podem estar presentes. Após análise
da evidência de que, bem como na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, não há
superioridade do uso do spray perante o pó, cabe prover acesso ao já disponível mais do
que um dispositivo ou outro. Se houvesse estudo clínico, adequado, mostrando
superioridade do spray, todos estariam a defendê-lo. Estudo mostrando como
portadores de asma apresentam fluxo inspiratório preservado mesmo durante a crise27.”

A Chiesi Farmacêutica Ltda se posicionou a favor da recomendação preliminar da Conitec e sugeriu que fosse
incorporado a a combinação fixa de corticoide e broncodilatadores beta2-adrenérgicos de longa ação (LABA) em spray de
dipropionato de beclometasona/fumarato de formoterol 100/6 mcg (Fostair®, registro na ANVISA desde 2015) para
pacientes com capacidade inspiratória insuficiente para uso de dispositivos de pó inalatório/cápsula inalante e que podem
se beneficiar do uso de espaçadores. Destacou também que o uso de agonistas beta não deve ser contínuo, pois leva a
tolerância, ao contrário do uso do corticoide, conforme transcrito no trecho mencionado abaixo.

“É importante ressaltar que o uso isolado de SABA deixou de ser recomendado por
questões de segurança no tratamento de resgate da asma, visto que o uso do
broncodilatador de curta ação alivia os sintomas reforçando a confiança do paciente à
resolução sintomática momentânea, sem tratar a inflamação de base da doença,
consequentemente expondo o paciente a um risco maior de exacerbações e mortalidade,
segundo diretrizes nacionais (Recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia, 2020) e internacionais (GINA 2020), mesmo em casos leves de asma.”

49
As contribuições que opinaram com “não concordo e não discordo” da recomendação inicial da Conitec versaram
principalmente sobre outras opções de medicamentos disponíveis no mercado para o tratamento da asma. Essas
contribuições são representadas pelos trechos a seguir.

“Penso que ter disponível uma associação de CI + LABA em spray para o tratamento da
asma seria muito bom. Porém existem outras opções de associações CI + LABA
disponíveis no mercado com um lastro de tempo de uso bastante amplo e inequívoca
eficácia terapêutica no que concerne o controle da asma, e, eventualmente com um
custo mais acessível.”

“A asma é uma doença prevalente e esta medicação esta proposta com um tratamento
benéfico para o seu controle. Pacientes asmáticos controlados dificilmente entram em
crises.”

“Muitos pacientes necessitam da medicação para controle e estabilidade clínica.”

15.1.3 Avaliação econômica

Houve 77 contribuições alusivas à avaliação econômica, sendo que 60 foram contrárias à recomendação inicial da
Conitec, dez a favor e sete opinaram como “não concordo e não discordo”.

As contribuições que discordam da recomendação inicial da Conitec se basearam nos seguintes fundamentos:

“Reduzindo as complicações da asma, reduziria o gasto público com tratamento dessas


e com internações hospitalares. Quanto mais controlada a asma, menos internações e menos
gastos com o dinheiro público.”

“A diferença econômica por dose em cada dispositivo não é relevante para poder
escolher a melhor forma de administração da medicação. Não deve ser levado em conta a
diferença no preço por dose e dispositivo, visto que não acho que seja relevante a o preço
associado a tecnologia do dispositivo.”

“O valor do spray é similar ao valor da apresentação em pó/cápsula para inalação.”

“Sabemos que o medicamento tem um custo alto para quem faz uso continuo, então os
pacientes conseguiriam economizar caso ele entrasse no rol de medicações dispensadas com
desconto. O uso contínuo desse medicamento onera o paciente.”

“Melhora a qualidade de vida e produtividade.”

“Ótimo custo benefício.”

50
As contribuições que concordam com a recomendação inicial da Conitec são representadas pelos trechos
a seguir.

“Medicamento de valor elevado quando comparado a outras formulações em que não


há combinação de medicamentos.”

“Embora alguns laboratórios e organizações tenham desconto ainda assim a medicação


é muito cara.”

“Deveria diminuir os impostos dos medicamentos de doenças crônicas.”

Os trechos das principais contribuições que opinaram como “não concordo e não discordo” da recomendação
inicial da Conitec são transcritos abaixo.

“Pacientes asmáticos controladas dificilmente internam.”

“O uso da medicação de manutenção é mais eficaz na crises, intercrises e menores


internações hospitalares.”

"Se haveria potencial economia para a população adulta e adolescente, a Conitec


deveria considerar e avaliar melhor a inclusão, pois ambas as apresentações serem de
eficácia e segurança semelhantes e as pessoas que não possuem habilidade ou
capacidade para adequada utilização da cápsula ou pó inalante poderiam se beneficiar
caso o medicamento estivesse disponivel, alem da potencial economia."

“Entendo que o paciente bem tratado, diminui muito a quantidade de internações no


SUS.”

15.1.4 Análise de Impacto Orçamentário

Foram identificadas 56 contribuições a respeito da análise de impacto orçamentário, sendo que 42 foram
contrárias à recomendação inicial da Conitec, oito a favor e seis opinaram como “não concordo e não discordo”.

As contribuições que discordam da recomendação inicial da Conitec se basearam nos seguintes fundamentos:

“O tratamento com essa medicação contribuirá para a diminuição do gasto público com
pacientes asmáticos.”

“Se paciente melhora clinicamente, o custo de internações e estadias em hospitais


publicos reduz consideravelmente.”

“O impacto financeiro seria grande para o Sistema de saúde, porém deveria ser
especificado e restrito o uso e entrega desse medicamento para pacientes com dificuldades de

51
uso comprovadas que na sua maioria são idosos, que apresentam dificuldades em aderir ao
tratamento por limitação de uso correto do dispositivo em pó seco. Assim, nem todos os
pacientes asmáticos receberiam esse novo dispositivo, mas somente o público específico que
necessita realmente para seu tratamento.”

“O custo de tratamentos para doenças cronicas respiratórias impactam muito no


orçamento domestico, tendo em vista que a falta dele provoca uma enxurrada de problemas,
pois a pessoa fica suscetível a entrar em crise e acaba gerando maior gasto com a intervenção
do paciente. Ajudará os pacientes sem condições financeiras de comprar.”

“O uso de dispositivo inadequado pode levar a baixa adesão ao tratamento, resultando


em custo aumentado pelo desperdício de medicação adquirida e não utilizada, piores desfechos
(não controle e exacerbações), resultando em aumento de utilização do sistema de saúde.”

“Apesar de ser uma medicação mais cara diminui o número de exacerbações e


internações com consequentemente menos perda de trabalho diminuindo também os custos que
essa pessoa teria se internasse.”

“A recomendação do Conitec não levou em conta a particularidade de cada caso e


grupos específicos que fazem uso da medicação. O impacto financeiro foi o de maior peso para
essa decisão, sendo que poderiam viabilizar o gasto econômico apenas para grupos específicos
que se enquadrem nas limitações de uso. Poderiam haver economia na aquisição do
medicamento e direcionar o quantitativo somente aos que fossem recomendados
expressamente por limitação de uso de qualquer outro dispositivo.”

As contribuições que concordam com a recomendação inicial da Conitec são representadas pelos trechos
a seguir.

“Acho que não há impacto econômico significativo em comparação aos outros já


fornecidos.”

“O valor da medicação na íntegra corresponde a 12% do salário mínimo.”

“O aumento do valor total é muito alto, com isso o publico alcançado pode diminuir, e o
aumento apresentdo pode diminuir a quantidade de produto adquirido.”

“Economia com possíveis internações considerando diminuição do agravamento dos


casos.”

“Os medicamentos de melhor resposta são, em sua maioria, extremamente impactantes


no orçamento familiar do povo brasileiro.”

52
Os trechos das principais contribuições que opinaram como “não concordo e não discordo” da recomendação
inicial da Conitec são transcritos abaixo.

“Redução De Gastos Com Internação.”

“O uso contínuo do medicamento eleva a conta na compra de medicamentos todo mês.”

“Eu tenho asma e uso o medicamento alenia , mas é muito caro e nao consegui pegar
pelo sus , as vezes tenho crises por nao ter dinheiro para comprar esse medicamento!”

“Os gastos para quem tem asma grave de difícil controle são altíssimos.”

15.1.5 Outras contribuições técnico-científicas – pessoas jurídicas

 Dossiê clínico: Flixotide® (propionato de fluticasona)

Contribuições relacionadas às evidências clínicas

Documento enviado sem autoria, avaliou a eficácia do propionato de fluticasona no manejo da asma leve,
moderada e grave em adultos e crianças, comparado aos corticoides inalatórios beclometasona e budesonida, atualmente
disponíveis no SUS. O autor conclui que não há diferença estatística significante tanto para eficácia como para a segurança
entre os medicamentos comparados. O propionato de fluticasona demonstrou ser tão eficaz e seguro para o tratamento
da asma, em pacientes adultos e crianças, quanto a beclometasona e a budesonida.

 Dossiê clínico: dipropionato de beclometasona/fumarato de formoterol (Fostair®) e dipropionato de


beclometasona/sulfato de salbutamol (Clenil® Compositum HFA)

Contribuições relacionadas às evidências clínicas

Documento enviado pela Chiesi Farmacêutica Ltda, fabricante dos medicamentos Fostair® e Clenil® apresentou
uma revisão sistemática de literatura para a combinação fixa de dipropionato de beclometasona/fumarato de formoterol
100/6 mcg em spray (Fostair®) como proposta de valor clínico comparado a lista de medicamentos da RENAME do PCDT
de asma (2013), e uma análise econômica da combinação fixa de dipropionato de beclometasona/sulfato de salbutamol
50/100 mcg spray (Clenil® Compositum HFA), como opção terapêutica para pacientes com asma moderada e grave.

 Dossiê clínico: propionato de fluticasona/xinofoato de salmeterol (Seretide®)

Contribuições relacionadas às evidências clínicas

53
Documento enviado sem autoria, avaliou a eficácia e a segurança do propionato de fluticasona/xinafoato de
salmeterol (Seretide®) para o tratamento da asma em pacientes com ≥4 anos comparado a CI, corticosteroides orais, B2LA
e CI/B2LA que estejam disponíveis no SUS.

 Proposta de preço: propionato de fluticasona/xinofoato de salmeterol (Seretide®)

Contribuições relacionadas à avaliação econômica e impacto orçamentário

Documento enviado pela GlaxoSmithKline Brasil Ltda – GSK, fabricante do medicamento propionato de
fluticasona/xinofoato de salmeterol (Seretide®), com proposta de preço para incorporação no SUS do medicamento
Seretide®, para o tratamento de asma, e análise de custo-minimização e análise de impacto orçamentário.

Destacamos que os medicamentos avaliados nos documentos mencionados acima não são objetivo deste
relatório, essas tecnologias citadas não foram priorizadas pelo grupo elaborarador do PCDT e, portanto, não foram
avaliadas. O PCDT de asma encontra-se em processo de atualização, no qual outros medicamentos estão sendo avaliados
como benralizumabe, mepolizumabe, omalizumabe e tiotrópio.

Reiteramos que qualquer pessoa física ou jurídica, seja paciente, profissional de saúde ou empresa (produtora da
tecnologia ou não) pode solicitar a avaliação da incorporação de tecnologias à Conitec, desde que cumpra as exigências
legais impostas pelo Decreto nº 7.646 de 2011. Sendo que a submissão de demandas à Conitec deve ser feita por meio
do Sistema para a Gestão Eletrônica de Processos de Incorporação de Tecnologias no SUS (e-GITS), conforme as
informações no site (http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao).

15.2 Contribuições sobre experiência ou opinião

Das 917 contribuições recebidas sobre experiência com a tecnologia ou opinião sobre a incorporação, 210 não
foram avaliadas por se tratar de duplicações de outras contribuições, por abordarem um tema diferente ou por não conter
informação (em branco). Destaca-se que 179 participantes declararam não ter experiência com os medicamentos
avaliados no relatório. Houve 668 contrárias a recomendação preliminar da Conitec, 106 contribuições a favor e 143
opinaram como “não concordo e não discordo”.

15.2.1 Perfil dos participantes

A maioria das contribuições de experiência ou opinião foi de pessoas físicas (99,8%), predominando pacientes
(44%) (Tabela 15).

54
Tabela 15. Contribuições experiência ou opinião da consulta pública nº 07 de acordo com a origem.
Tipo de Contribuição N %
Pessoa física 915 99,8
Paciente 404 44,1
Familiar, amigo ou cuidador de paciente 175 19,1
Profissional de saúde 263 28,7
Interessado no tema 73 8,0
Pessoa jurídica 2 0,2
Total 917 100

Com relação às características demográficas dos participantes da consulta pública, houve predominância de
indivíduos do sexo feminino (68%), de cor branca (72%), faixa etária de 40 a 59 anos (44%) e da região Sudeste (65%)
(Tabela 16).

Tabela 16. Características demográficas de todos os participantes da consulta


pública nº 07 por meio do formulário de experiência ou opinião.
Tipo de Contribuição N %
Sexo Feminino 618 68
Masculino 297 32
Cor ou etnia Amarelo 15 2
Branco 658 72
Indígena 1 0
Pardo 193 21
Preto 48 5
Faixa etária menor 18 4 0
18 a 24 32 3
25 a 39 363 40
40 a 59 406 44
60 ou mais 110 12
Regiões brasileiras Norte 16 2
Nordeste 107 12
Sul 137 15
Sudeste 599 65
Centro-oeste 56 6

15.2.2 Experiência como profissional de saúde

Foram recebidas 263 contribuições sobre experiências como profissional de saúde com as tecnologias, destas 14
concoradaram com a recomendação preliminar da CONITEC, 232 discordaram e 17 opinaram como “não concordo e não
discordo”.

Não houve comentários a respeito do tema, os profissionais de saúde pontuaram apenas os aspectos positivos e
negativos com relação ao uso da tecnologia avaliada. Sendo que, aqueles que concordaram com a recomendação
preliminar citaram como aspectos positivos os seguintes itens:

55
 Facilidade de uso, adesão, terapia de controle e resgate;
 Estabilidade do quadro clínico com prevenção das crises de exacerbação da asma e consequente menor
impacto sócio econômico;
 Melhora parcial.
Profissionais que concordaram com a recomendação mencionaram os seguintes aspectos negativos:
 Não constatei na minha experiência clínica;
 Melhora rapida da crise;
 Formoterol budesonida baixo controle da asma;
 Eventualmente monilíase oral;
 Eventualmente candidiase oral;
 Pouco eficaz na duração.
Profissionais que discoraram da recomendação preliminar citaram como aspectos positivos os seguintes itens:

 Melhora do controle da asma, com melhora da capacidade funcional do paciente, melhora da


espirometria, maior controle a longo prazo das crises, com menor necessidade de idas ao pronto
atendimento;
 O spray facilita deposição pulmonar em idosos e crianças, que apresentam maior dificuldade com pó
inalatório. Especialmente favorável para uso em pacientes pediátricos ou idosos que não possuem
capacidade para utilizar dispositivo a pó; além de poder utilizar em pacientes traqueostomizados ou em
pacientes que possuem componente de pequena via aérea ou VEF1 menor do que 30%;
 Efeito rápido; segurança; facilidade para uso pelo paciente; indicado pelos consensos nacionais e
internacionais para controle da asma;
 Os spray além de possuírem dispositivos mais práticos são mais fáceis de serem utilizados por todas as
faixas etárias e podem ser utilizados com espaçador para quem possui dificuldade em coordenar os
movimentos para aspirar ou durante o período da crise de asma que torna-se mais difícil realizar a
aspiração da medicação. Facilidade em ensinar para o paciente um único uso da bombinha porque o
medicamento para crise, salbutamol/fenoterol só há em spray. O único benefício dos medicamentos que
não são spray é necessidade de utilizar menos vezes ao dia (como forma de otimizar tratamento);
 Fácil administração; produto segue as orientações do novo guideline (GINA); atende a necessidade de
muitos pacientes que não se adaptam a tecnologia de pó e redução total dos sintomas;
 Redução das manifestações clínicas, redução do período intercrítico sintomático, redução das
internações, redução na gravidade da asma, melhora da qualidade de vida em pacientes pediátricos;
 Melhor adesão ao tratamento, especialmente para pacientes idosos com quadros demenciais ou
dificuldade com uso de outros dispositivos. A apresentação spray permite uso com espaçador, garantindo

56
dose adequada da medicação e melhor resposta. Além disso, em unidades de terapia intensiva, também
pode ser usada para pacientes em ventilação mecânica através do uso de aerocâmara;
 Os pacientes em uso desse medicamento apresentaram melhor adesão ao tratamento e diminuição das
crises. Um dos principais pontos de melhora da adesão foi a utilização de apenas um medicamentos no
lugar de dois separados.
Profissionais que discoraram da recomendação preliminar citaram como aspectos negativos relacionados a
tecnologia avaliada os seguintes itens:

 Raríssimos efeitos indesejados;


 Dificuldade em manejo do dispositivo;
 Risco de candidíase oral;
 Alto custo;
 Taquicardia pouco significativa;
 Gosto ruim na boca após utilização;
 Rouquidão e monilíase oral (raros). Com higiene oral após o uso previne-se;
 Paciente cianótico;
 Palpitações pelo formoterol, monilíase pelo corticoide oral (minimizado com uso de espaçador, porém
efeito adverso relacionado a qualquer corticoide);
 Tremores;
 Irritação na garganta;
 Rouquidão;
 Estomatite.
E alguns dos aspectos negativos relacionados a tecnologia comparada, atualmente disponível no SUS,
mencionados foram:

 O symbicort turbohaler fornecido pelos sus possui um dispositivo extremamente complexo, além de
soltar um pozinho que irrita a garganta dos pacientes quando eles aspiram rapidamente a medicação.
Situação semelhante acontece com o Fostair que na versão DPI tem um dispositivo bem complexo que
dificulta o uso por boa parte da população. Ambas medicações possuem sua forma em spray que é um
dispositivo único, independe do laboratório. É extremamente difícil para o paciente aprender a usar vários
tipos de dispositivos diferentes, então ter um único e no caso spray seria melhor, já que não existe pó de
salbutamol;
 Impossibilidade de administração em pacientes intubados em ventilação mecânica ou naqueles sem
condições de aspiração adequada;

57
 A versão pó seco necessita de técnica correta e força muscular respiratória para sua correta utilização.
Seu uso inadequado resulta em desperdício de remédio e pouca eficácia do tratamento;
 O medicamento atualmente disponibilizado em pó seco é dificil de ser utilizado por crianças e adultos
com drive respiratorio baixo.

15.2.3 Experiência como paciente

Das 404 contribuições recebidas de pacientes, apenas 291 apresentaram contribuições com relação a tecnologia
avaliada, destas 40 concoradaram com a recomendação preliminar da Conitec, 213 discordaram e 38 opinaram como
“não concordo e não discordo”.

Não houve comentários a respeito do tema, os pacientes pontuaram apenas os aspectos positivos e negativos
com relação ao uso da tecnologia avaliada. Sendo que, aqueles que concordaram com a recomendação preliminar citaram
como aspectos positivos os seguintes itens:

 Budesonida - auxílio na respiração nasal e umidificação da mucosa. Spray de formoterol - não sentia os
efeitos positivos tanto na prevenção como nas crises de asma;
 Boa prevenção de asma e rinite;
 Alívio das crises de asma;
 Broncodilataçao;
 Sem falta de ar e chiado;
 Qualidade de vida;
 Fácil usar;
 Descongestão;
 Alivio imediato na respiração;
 Broncodilatação, facilidade para respirar;
 Diminuiu a freqüência de crises graves.

Pacientes que concordaram com a recomendação mencionaram os seguintes aspectos negativos:

 Não foi fácil utilizar e ter condenação para usar. Não são todos que conseguem;
 Um pouco de aceleração na arritimia;
 Falta de controle falta de ar custo alto;
 Dificuldade de uso;
 Palpitações, tremedeira;
 Não tive efeitos negativos;

58
 Insonia quando acabou a medicação e as crises voltaram;
 Alenia tive tosse frequente, usava com frequência salbutamol, cansaço, despertar noturno.
Pacientes que discoraram da recomendação preliminar citaram como aspectos positivos os seguintes itens:

 Melhora no momento da crise como mecanismo de controle e resgate principalmente;


 Apresenta resposta muito rápida em crises de asma grave;
 Alívio dia sintomas de falta de ar, tratamento com sucesso, alivio do cansaço imediato;
 Melhora a rinite;
 Alivia a crise de asma, evita as crises e melhora a qualidade de vida;
 Melhora significativa da asma, podendo ficar livre dos medicamentos de resgate no dia a dia;
 Mais qualidade de vida. Respira com facilidade sem efeitos colesterol. Muito conforto;
 Facilidade na técnica de uso, melhora muito superior ao pó;
 Aumento no intervalo entre as crises de Asma;
 Melhora na respiração, melhora de qualidade de vida, possibilidade de fazer exercícios físicos;
 Fácil de usar, mesmo em períodos de crise; menos resíduos na boca, evitando a criação de fungos;
 Melhora na ventilação;
 Melhora dos chiados, tosse constante.

Pacientes que discordaram com a recomendação mencionaram os seguintes aspectos negativos:

 Sangramento no nariz;
 As narinas ficam secas. Incomoda mais quando o tempo também está seco, mas pelo menos não tem
coriza o dia todo;
 Nas primeiras doses apresentei leve tremor na mão, mas tolerável;
 Usado em altas doses causou tremores;
 Não houve efeitos negativos;
 Taquicardia;
 Preço elevado no mercado, mesmo com o desconto de laboratório;
 Taquicardia, dores de cabeça e desenvolvi arritmia cardíaca após o tratamento (não sei se foi causado
pelo medicamento);
 Necessidade de lavar a boca;
 Irritação na garganta e rouquidão que são minimizados com higiene bucal e gargarejo após o uso;
 Ressecamento das narinas;
 Taquicardia, sonolência, tremores;
 Cefaléia, retenção de líquido corpóreo.

59
15.2.4 Experiência como familiar, cuidador ou responsável

Das 175 contribuições recebidas de familiares, cuidadores ou responsáveis, 113 apresentaram contribuições com
relação a tecnologia avaliada, destas 15 concordaram com a recomendação preliminar da Conitec, 85 discordaram e 13
opinaram como “não concordo e não discordo”.

Não houve comentários a respeito do tema, os familiares, cuidadores ou responsáveis pontuaram apenas os
aspectos positivos e negativos com relação ao uso da tecnologia avaliada.

Aqueles que concordaram com a recomendação preliminar citaram como aspectos positivos os seguintes itens:

 Amenizou crises alergicas agudas e fortaleceu capacidade respiratória;


 Praticidade e eficácia;
 Alívio imediato;
 Amenizou as crises;
 Melhora dos broncoespasmo;
 Melhora clinica;
 O paciente se sentiu muito melhor, em menos de um mês não precisou mais usar medicamento de
resgate. Está dormindo melhor e não precisou buscar emergência médica.

Familiares, cuidadores ou responsáveis que concordaram com a recomendação mencionaram os seguintes


aspectos negativos:

 Quando a pessoa está sem o medição, a crise aumenta casa vez mais;
 Ter que deixar o frasco sempre em pé;
 Não vejo ponto negativo, comparando com o medicamento que ela usava;
 Sintomas persistentes de falta de ar, tosse e expectoração;
 Houve muitos efeitos colaterais, assim como já ocorriam com o uso de Alenia®.

Familiares, cuidadores ou responsáveis que discoraram da recomendação preliminar citaram como aspectos
positivos os seguintes itens:

 Melhorou a falta de ar, o asmático tá levando uma vida quase normal;


 Facilidade na utilização do medicamento e melhor controle da doença diminuindo consideravelmente o
número e principalmente a intensidade das crises diminuindo a necessidade do uso de nebulizações com
fenoterol e ipratrópio;
 Fácil de administrar em idosa, melhora significativa nos sintomas;

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 Diminuição da gravidade e frequência das crises de asma;
 Praticidade no uso;
 Melhora significativa no controle da alergia é da bronquite;
 Auxilia na prevenção de reações alérgicas evitando assim tornar uma crise de asma;
 Baixo fluxo inspiratório é menor deposição na orofaringe;
 Tem um rápido início de ação e alívio dos sintomas. Melhora a qualidade de vida do paciente. Dispositivo
fácil de usar. Além de evitar e prevenir riscos futuros (crises) e até mortes nos pacientes asmáticos;
 Diminuição do número de crises respiratórias.

Familiares, cuidadores ou responsáveis que discordaram com a recomendação mencionaram os seguintes


aspectos negativos:

 Alto custo;
 Tremor nas mãos;
 Deixava boca seca;
 Pigarro na garganta (suportável);
 Arritimia;
 Não observei efeito negativo.

15.3 Avaliação global das contribuições

A maioria das contribuições recebidas na consulta pública foram com relação a certos grupos de pacientes que
apresentam grande chance de não conseguir utilizar corretamente o dispositivo de pó seco com formoterol/budesonida,
por falta de coordenação motora, condições físicas e fluxo inalatório inadequado. Estes grupos incluem crianças menores
de sete anos de idade, idosos, pacientes com problemas cognitivos e paciente com comorbidade neurológica. Portanto,
a apresentação em spray melhoraria a adesão destes pacientes ao tratamento. No entanto, não houve estudos anexados
que comprovassem este efeito e não se sabe ao certo o quanto a apresentação em spray irá interferir de forma benéfica
no tratamento. Esta melhora clínica não foi quantificada pelos profissionais que apresentaram suas contribuições.

16. RECOMENDAÇÃO FINAL DA CONITEC

Diante do exposto, o Plenário, na 96ª Reunião Ordinária, entendeu que não existem evidências robustas de que
o uso do formoterol + budesonida em spray resulte em maior adesão à apresentação já fornecida pelo SUS por grupos
específicos. Não foram identificados estudos que compararam as duas apresentações do medicamento e os estudos
apresentados eram relativos apenas ao uso do dispositivo de pó seco. Ademais, não foram fornecidas evidências
adicionais ou proposta de preço pela empresa fabricante da tecnologia que resultasse em alteração na decisão. Assim,

61
manteve-se a recomendação desfavorável à incorporação do formoterol + budesonida em spray para o tratamento da
asma. Foi assinado o Registro de Deliberação nº 602/2021.

17. DECISÃO

PORTARIA SCTIE/MS Nº 17, DE 28 DE ABRIL DE 2021

Torna pública a decisão de não incorporar o fumarato de


formoterol di-hidratado associado à budesonida spray para o
tratamento da asma.

Ref.: 25000.009885/2021-76, 0020192387

O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E INSUMOS ESTRATÉGICOS EM SAÚDE DO


MINISTÉRIO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais, e nos termos dos arts. 20 e 23, do Decreto nº 7.646, de 21
de dezembro de 2011, resolve:

Art. 1º Não incorporar o fumarato de formoterol di-hidratado associado à budesonida spray para o
tratamento da asma, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.

Art. 2º O relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema


Único de Saúde - Conitec, sobre essa tecnologia estará disponível no endereço eletrônico: http://conitec.gov.br/.

Art. 3º A matéria poderá ser submetida a novo processo de avaliação pela Conitec caso sejam
apresentados fatos novos que possam alterar o resultado da análise efetuada.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

HÉLIO ANGOTTI NETO

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REFERÊNCIAS

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Asthma (GINA) 2020.

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dihydrate 5 mcg); 200 mcg/5 mcg (mometasone furoate 200 mcg and formoterol fumarate dihydrate 5 mcg).
Manufactured by 3M Health Care Ltd., Loughborough, United Kingdom.

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Manufacturer: Novartis Pharma GmbH Roonstraße 25 D-90429. Nuremberg, Germany.

28. Página Inicial do INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual [Internet]. https://www.gov.br Instituto
Nacional da Propriedade Industrial. [citado 18 de novembro de 2018]. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/pagina-inicial

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