KENNEDY, P. Ascensão e Queda das Grandes Potências. Rio de Janeiro, Ed.
Campus, 1989, cap. 3.
Em 1618, com a Guerra dos 30 anos observamos os conflitos europeus na busca
do equilibro de poder, através da neutralização da tentativa de domínio da Europa por parte dos Habsburgos, seguido da Paz de Vestfalia que foi um conjunto de tratados para igualar a balança de poder europeia e que estabeleceu um período de certa paz na região, mas as rivalidades continuavam.O novo contexto será marcado por “interesses nacionais”, pela multipolaridade e pela flexibilidade das alianças, gerando uma instabilidade que manterá o cenário de ascensão de certos estados e declínio de outro. Com o estabelecimento de diversas coalizões no âmbito europeu e com isso o aumento da duração das guerras, a demanda por capital cresceu cada dia mais, gerando como cita o autor: uma “Revolução Financeira” na qual podemos observar um desenvolvimento do capitalismo ocidental face ao sistema de levantar e gastar, ao mesmo tempo, altas quantias de dinheiro. Citando os holandeses, por exemplo, fica claro que os interesses mudaram na Europa, o que antes era uma batalha por religião ou ideologia, já não importava mais aos financiadores, o que importava era “ seus perspectivos potenciais econômicos, pelas garantias que ofereciam aos banqueiros, sua historia no pagamento de juros e principal da divida e pela sua perspectiva de vencer uma guerra de grande potencias.” Destacando o grande conflito da época entre Inglaterra e Franca mostra que o sucesso inglês em suas colônias e seu estabelecimento como maior império marítimo europeu acirrou a disputa com a Franca, que como podemos notar no texto estabeleceu uma reforma na organização dos setores militar e naval dando maior atividade nessas áreas ao estado, o autor também utiliza de certas comparações entre as duas potencias para exemplificar o contexto das guerras que se seguirão, mostrando suas fraquezas e vantagens. Assim como compara, Paul Kennedy atenta para dois pontos chaves dos problemas governamentais: os empréstimos para a guerra e necessidade de um período de paz. Nos dois países a divida consumiu metade da despesa anual do estado, saindo os franceses em desvantagem já que pagavam o dobro de juros comparados com os ingleses, com isso a necessidade de paz se faz presente para levantar fundos, reerguer a economia, dentre outros. Já no quesito da geopolítica, a importância da localização geográfica ditou algumas das bases dos conflitos europeus, a Franca, por exemplo, sendo uma potencia hibrida, tendo assim sua atenção divida em duas frentes, e por estar também cercada seja por barreiras geográficas ou pelos interesses de outras potencias, encontrou dificuldades durante os conflitos.Como foi citado no inicio, as alianças implantadas no período foram se moldando de acordo com as situações e necessidades, sendo muitas vezes a solução para os desfavorecimentos políticos ou geográficos de um pais e sofrendo valimento dos instáveis padrões de poder da época. Também vemos que em 1770 para preencher o vazio de poder na Europa norte- central a Prússia se beneficiou de sua colocação perante as outras grandes potencias e manteve certo domínio por ali, já que as atenções estavam desviadas para outros lugares, mas com a Guerra dos Sete Anos e o desejo de punição dos vizinhos prussianos, o estado se estabeleceu dentre as menores das grandes potencias. Enquanto isso, duas potencias mais distantes desfrutavam da invulnerabilidade relativa, onde podiam se expandir sem a necessidade de confrontos, os Estados Unidos e a Rússia, souberam usufruir de suas vantagens, destacando-se o primeiro por se transformar em um certo de produção e riqueza fora da Europa. Montado assim todo o panorama histórico, político e econômico da época o autor da inicio a descrição das guerras no período (1660-1815) dividindo em duas fases: a de 1660- 1763 e 1763-1815. Na primeira fase, o cenário europeu estava favorável a tentativa de manter uma hegemonia francesa perante os países, já que cada estado estava enfrentando seus problemas isolados no momento e com isso Luis XIV jogava um pais contra o outro na busca de fortalecer sua posição geográfica e exército. Então, logo em 1667 os franceses iniciam sua invasão ao sul dos Países Baixos e a Europa acorda para o perigo, com a saída da Inglaterra em 1674 por problemas internos, a Franca se encontra sozinha e nos fins de 1689 teve que combater por si só uma forte aliança de poderes que conseguiu manter por um tempo a pluralidade política européia, mas a continuidade dos conflitos era clara devido a instabilidade característica da época e também devido a acordos assinados na época favoreciam algumas potencias, especialmente Grã-Bretanha, em detrimento de outros, mostrando que o centro da europeu tinha passado de leste para oeste.