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Neste acampamento Revolução Jesus, estamos meditando sobre a forma com que

Deus quer no elevar. Ele tem um projeto surpreendente para nós. Ele nos criou para
sermos felizes. Se olharmos em Gênesis 2, vamos ver que Deus fez um paraíso, um
jardim das delícias.
Imagine para o povo de Deus, que está acostumado com um ambiente desértico,
semi-árido, ter a ideia de um jardim. Ali, Deus quis nos mostrar que Ele nos colocou
num jardim agradável, ou seja, este mundo foi criado por Deus para que sejamos
felizes. Quando a Bíblia fala do Éden, não está falando de céu, mas de um lugar
agradável aqui na Terra.

Padre Paulo Ricardo. Foto: Jorge Ribeiro/cancaonova.com

No jardim, não havia dor, morte nem tristeza; era um lugar para ser feliz, um paraíso
terrestre. Embora tudo estivesse tranquilo, havia uma coisa inesperada, uma serpente.
Se era paraíso, o que o diabo estava fazendo lá?
Deus havia colocado o homem no centro daquele jardim para cultivá-lo, não era um
trabalho que trazia sofrimento. Por que Deus, fazendo tudo aquilo certinho para que o
homem tivesse paz, permitiu a satanás viver ali?

Por que Deus permitiu que satanás estivesse no Paraíso?


Porque a provação, a luta espiritual fazem parte do projeto de Deus. Veja que o
pecado não fazia parte do projeto de Deus, porém, desde o início, Ele deu ao homem
a liberdade. O Senhor quis que tivesse um momento em que o homem precisasse
escolher por Deus. Ele queria e quer ser escolhido, e para isso o homem precisaria
lutar. Se você não luta por nada, você não ama nada.
Existem jovens cabisbaixos por aí, porque querem céu aqui na Terra, mas isso não
será possível, pois Adão e Eva enfiaram o pé na jaca. Você quer felicidade plena?
Aqui na Terra não terá. Se você tentar fazer um paraíso aqui na Terra, a sua vida e a
dos outros se transformará em um inferno.
Voltando ao contexto do Éden antes do pecado… Porque Deus permitiu que satanás
atormentasse a vida de Adão e Eva? Se Deus permitiu que satanás estivesse lá, com
certeza, havia algo bom, porém, sentimo-nos no direito de nos sentar no trono como
juízes e julgarmos Deus, dizendo que Ele errou de ter permitido isso. E o que estamos
fazendo? Agindo do mesmo modo que Lúcifer. Portanto, não caia na tentação de
julgar Deus, ainda que você não O entenda, ainda que sua realidade não seja
compreendida por você, não julgue Deus.
Imagine um hospital que trata de câncer, imagine que, ali, existem muitas crianças
com câncer. Ali, existe uma fila de demônios prontos a fazer com que as pessoas
questionem onde está Deus, porque Ele não cura aquelas crianças. Logo, o que
satanás faz? Coloca na cabeça das pessoas que Deus é mal, pois Ele tem poder de
curar aquelas crianças, mas não o faz, porque é mau. Não caia nessa tentação, não
seja parceiro de satanás.
Veja mais:
::O amor nos faz viver a vida de Jesus
::Abandonar tudo pelo Tudo
:: O segredo para uma boa confissão
Nós seres humanos não somos nem nunca seremos capazes de entender Deus. Ele
não pode caber na nossa cabeça. Um Deus que fôssemos capazes de explicá-Lo nos
mínimos detalhes seria um Deus muito pobre, muito fraco.
Veja o contexto de Eva: ela não tinha muito o que fazer ali no paraíso, então, resolveu
conversar com a serpente. Meus queridos, não dialogue com a tentação. Fuja!
Principalmente em relação aos pecados contra a castidade. Não dialogue. Fuja!

Como lutar contra o pecado da sexualidade?


Há pessoas que tentam combater pensamentos impuros com pensamentos religiosos.
Vem pensamento impuro, a pessoa tenta pensar em anjos e em Nossa Senhora. Isso
não vai funcionar, porque você está tentando vencer pensamento irreal com
pensamento irreal. Não funciona, porque seu corpo é sexuado, e você tem instinto o
suficiente para alimentar um pensamento impuro, você não é um anjo para ter instinto
para alimentar um pensamento puro. O que você precisa fazer nessa hora? Abrir os
olhos e pensar em coisas concretas, que você está vendo à sua frente. Saiba usar as
armas corretas para não cair em pecado.
Outro pecado que você não deve enfrentar, mas sim fugir, é o pecado contra a fé. O
exemplo eu já dei: o hospital do câncer. Você fica ali pensando: se Deus é bom, como
pode isso, como pode aquilo? E você cai na tentação contra a fé, e este foi o pecado
de Eva. As vezes, precisamos viver apenas a obediência da fé. Não pense que Deus
lhe explicará tudo, pois se você quiser crer com seu raciocínio, você não crerá.
Sabe por que aquelas crianças têm câncer? Eu não sei, não entendo, mas ainda
assim eu preciso crer que Deus é bom, infinitamente bom. Ah, mas eu fosse Deus, eu
não deixaria. Essa é uma atitude de Lúcifer, então, não se permita viver assim.
Se Deus permitiu que Lúcifer entrasse no Paraíso e que as crianças tivessem câncer,
ainda assim Deus é bondade infinita e digno de ser amado. Incline sua cabeça diante
d’Ele e O adore. Ainda que você carregue uma cruz, adore-O! Tome a sua cruz, dia
após dia, e o siga.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair

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• Se Jesus sabia que Judas o ia trair, por que razão ficou com ele até ao
fim (...)

Português

Se Jesus sabia que Judas o ia trair, por


que razão ficou com ele até ao fim no
círculo dos seus mais próximos?

Entre os numerosos discípulos que o seguiam, Jesus designou doze para serem
os mais próximos, para partilharem e continuarem a sua missão. Não foi com
ligeireza que instituiu este grupo de doze apóstolos, foi depois de ter rezado toda
uma noite.
Mas, a dado momento, Jesus apercebeu-se de uma mudança de atitude em
Judas, um dos doze. Jesus compreendeu que ele se afastava interiormente, e
até que o ia «entregar», como dizem os evangelhos. Segundo o evangelho de
João, já na Galileia, muito antes dos acontecimentos em Jerusalém que deviam
levá-lo à cruz, Jesus compreendeu o que se passava (João 6,70-71). Por que
razão não afastou Judas nessa altura e o conservou perto de si até ao fim?

Uma das palavras que Jesus utiliza para falar da criação do grupo dos doze
apóstolos dá-nos uma pista: «Não vos escolhi eu a vós, os Doze?» (João 6,70; ver
também João 13,18). O verbo escolher ou eleger é uma palavra-chave na história
bíblica. Deus escolheu Abraão, escolheu Israel para fazer o seu povo. É assim a
escolha de Deus que constitui o povo de Deus, o povo da aliança. O que torna a
aliança inabalável é que Deus escolhe amar Abraão e os seus descendentes para
sempre. O apóstolo Paulo comentará: «Os dons e o chamamento de Deus são
irrevogáveis» (Romanos 11,29).

Visto que Jesus escolheu os doze como Deus escolheu o seu povo, não podia
mandar embora Judas, mesmo quando compreendeu que ele o ia trair. Sabia
que o devia amar até ao fim, para atestar que a escolha de Deus era irrevogável.
Os profetas, em particular Oseias e Jeremias, falaram em nome de um Deus
magoado e humilhado pelas traições do seu povo, e que, contudo, não cessa de
o amar com um amor de eternidade. Jesus não queria nem podia fazer menos:
humilhado pela traição de um dos seus íntimos, não deixou de lhe demonstrar o
seu amor. Ao baixar-se diante dos seus discípulos para lhes lavar os pés, fez-se
o servidor de todos, também de Judas. E foi em particular a Judas que deu um
bocado do pão partilhado: parcela de amor ardente que este levou consigo para
a noite (João 13, 21.30).

Se queria ser fiel a seu Pai – ao Deus que escolhera Abraão e Israel, ao Deus dos
profetas – Jesus tinha que conservar Judas perto de si até ao fim. Amava Judas
mesmo quando este estava todo ele preso pelas trevas. «A luz brilhou nas
trevas» (João 1,5). O evangelho diz que foi no momento em que deu o seu amor
a Judas, no momento em que o ama sem nada ganhar com isso, que Jesus «foi
glorificado» (João 13,31). Na mais opaca noite do ressentimento e do ódio, ele
manifesta o brilho extraordinário do amor de Deus.

Por que razão são os evangelhos tão discretos sobre os motivos de


Judas?

É espantoso que os primeiros cristãos não tenham escondido o facto de que um


dos doze apóstolos entregou Jesus às autoridades hostis. Na verdade, este
facto levanta uma dúvida sobre a pessoa do próprio Jesus: ter-se-ia enganado
na escolha dos seus companheiros? Mas é igualmente espantoso que os
evangelhos não digam praticamente nada sobre os motivos de Judas. Ficou
decepcionado quando compreendeu que Jesus não era um Messias com um
programa de libertação política? Pensou estar a agir no interesse do seu povo
pondo fim à carreira de Jesus? Alguns supuseram que ele agia por amor ao
dinheiro; outros que, ao contrário, agia por amor, para ajudar Jesus a dar a sua
vida…

Sobre a razão do que Judas fez, só há nos evangelhos duas indicações. Uma é a
evocação do diabo: foi ele que «meteu no coração de Judas a decisão de o
entregar» (João 13,2). Mas isso só torna o enigma ainda mais impenetrável. O
diabo, ou Satanás, é aquele que se opõe, ralha, calunia. Jesus apercebeu-se do
ressentimento que nascera no coração de Judas e que estava enraizado de
forma inabalável. Mas sobre o porquê, não há nem uma palavra, nem mesmo
uma alusão.

A outra indicação é a referência às sagradas Escrituras. Sobre a traição de


Judas, Jesus diz: «há-de cumprir-se a Escritura: Aquele que come do meu pão
levantou contra mim o calcanhar» (Salmo 41,10 citado em João 13,18). É preciso
compreender bem qual é, nos evangelhos, o sentido desta referência às
sagradas Escrituras. Elas não são um cenário que determinaria de antemão o
papel de cada actor. Todos os leitores atentos da Bíblia sabem bem como ela
propõe escolhas e coloca cada um perante as suas responsabilidades.

Citando o versículo do salmo, «Aquele que come do meu pão levantou contra
mim o calcanhar» (Salmo 41,10), Jesus não afirma que Judas não podia agir de
outra forma, mas que Deus permanece o actor principal no que está a acontecer.
Há o drama da traição, e ao mesmo tempo é Deus que está a actuar. Pois, se o
que Judas está a fazer cumpre a Escritura, é de uma forma misteriosa que o
projecto de Deus se realiza, Deus cumpre a sua palavra (Isaías 55,10-11). A
referência à Escritura permite acreditar em Deus mesmo na noite, mesmo
quando o que acontece é incompreensível.

Se o ressentimento e o ódio de Judas permanecem incompreensíveis, o amor de


Jesus «até ao fim» ainda está mais para além de toda a compreensão. Os
evangelhos são tão discretos quanto aos motivos de Judas porque não querem
satisfazer a nossa curiosidade, mas sim conduzir-nos à fé. Eles não revelam o
abismo de trevas do drama de Judas, mas revelam a insondável e
incompreensível profundidade do amor de Deus.
Homilia Diária05:3227 Mar 2018

A traição de Judas e a negação de Pedro


Dois Apóstolos, dois traidores, mas dois fins distintos: Judas, desesperado,
tira a própria vida; Pedro, arrependido, confia-se à misericórdia infinita de
Cristo.

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


(Jo 13, 21-33.36-38)

Naquele tempo: Estando à mesa com seus discípulos, Jesus ficou muito comovido
interiormente e declarou abertamente: “Eu afirmo: um de vós há de me trair”. Os
discípulos se entreolhavam, sem saber de quem ele falava.

Um de seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava reclinado ao peito de


Jesus. Simão Pedro lhe fez sinal, como quem diz: “Pergunta a quem se refere”. Ele
se inclinou sobre o peito de Jesus e perguntou: “Senhor, quem será?” Jesus
respondeu: “Aquele a quem eu der um pedaço de pão que vou umedecer no molho”.
E, ensopando o pão, tomou-o e o deu a Judas, filho de Simão Iscariotes.

Logo que Judas recebeu o pão, Satanás entrou nele. Jesus então disse: “Faze logo
o que pretendes fazer”. Nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque
Jesus tinha dito isto. Como Judas cuidava da bolsa comum, alguns pensavam que
Jesus lhe tivesse dito: “Compra o necessário para a festa” ou que lhe houvesse
ordenado dar alguma coisa aos pobres. Tomando o pedaço de pão, ele saiu logo. Já
era noite.

Assim que, ele saiu, Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do homem, e Deus foi
glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si
mesmo e glorificará dentro em breve. Filhinhos, ainda estarei convosco por pouco
tempo. Vós me procurareis, mas eu também vos digo agora como disse aos judeus:
‘Para onde eu vou, vós não podeis ir!’”

Simão Pedro lhe disse: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu: “Não me podes
seguir agora para onde vou. Mais tarde me seguirás”. Pedro perguntou ainda:
“Senhor, por que não te posso seguir agora mesmo? Darei a minha vida por ti!”
Jesus disse então: “Darás a vida por mim? Pois eu te afirmo e esta é a verdade: não
cantará o galo antes que me negues três vezes.

Nesta Terça-feira Santa, Jesus anuncia a traição de Judas Iscariotes, que


será levada a cabo amanhã, Quarta-feira Maior. A Igreja nos convida assim a
meditar sobre uma opção radical que todos temos de tomar na vida. Quem
somos nós, afinal? Judas ou Pedro? As alternativas são reveladoras. Trata-se
de dois traidores. O primeiro entrega Jesus a seus inimigos, vendendo-o a
preço de escravo; o segundo, cedendo ao temor mundano, nega-o três vezes.
Sim, é verdade: o pecado de Judas foi maior, pela pessoa a quem atingiu e
pela malícia com que o praticou. Já o pecado de Pedro se deveu, mais do que
tudo, à sua fraqueza, à sua falta de coragem e fortaleza ante a possibilidade
de ser preso e condenado. Não se trata, portanto, de colocar os dois
Apóstolos em plano de igualdade — cada um deles teve suas faltas, com sua
respectiva gravidade —, mas de reconhecer que, embora ambos tenham
pecado, um não se arrependeu e o outro chorou amargamente o mal
cometido.

Judas desesperou, e talvez esse tenha sido o seu maior pecado, o pecado de
acreditar que a misericórdia de Cristo não era grande o suficiente para
perdoá-lo. Pedro, ao contrário, admite ter errado, mas não desespera
da compaixão de Jesus: sabe, com sua fé já bem peneirada, que nas chamas
do Coração de Cristo dissipam-se todas as culpas. Aqui está a fé de que
devemos estar armados ao longo da Semana Santa. Precisamos crer, pois
esta é a verdade, que o Senhor está sempre disposto a nos perdoar, por
maior que sejam os nossos crimes, desde que nós nos disponhamos a pedir
perdão e mudar de vida. Essa disposição é uma graça que Ele oferece a
todos, como decerto ofereceu a Judas: foi a ele, dentre todos os discípulos,
que Jesus entregou, num gesto de predileção e carinho, o pão empapado de
molho. E nós? Como temos reagido aos sinais de amor, às chamadas de
atenção, aos convites de conversão que Ele nos tem dado? Às portas do
Tríduo Pascal, decidamo-nos a crer na misericórdia infinita do nosso Deus,
que dentro de poucos dias se entregará à morte pela nossa salvação.

• Mundo
História

Jesus teria pedido a


Judas que o traísse
• PorGlobo Online
• 06/04/2006 15:50
• 0

Judas, uma das figuras mais repudiadas da História, não seria o traidor

que vendeu Jesus a seus oponentes por algumas moedas de outro, mas o

discípulo a quem foi designada a mais difícil missão: entregar o mestre

em sacrifício. É exatamente isso que sugere o "Evangelho de Judas", um


documento de 26 páginas, datado de 300 d.C. (depois de Cristo), que

teve a sua autenticidade anunciada nesta quinta-feira.

O manuscrito foi encontrado no Egito em 1978, mas apenas nesta

quinta-feira a National Geographic Society anunciou o término da sua

restauração e tradução. Escrito em cóptico (idioma egípcio antigo), o

"Evangelho de Judas" é considerado por alguns pesquisdores das

escrituras sagradas como a mais importante descoberta arqueológica

dos últimos 60 anos.

As análises de carbono 14, a tinta, o estilo de escritura e o conteúdo

levaram à conclusão de que se trata de um texto escrito por volta do ano

300 d.C.A única cópia do evangelho foi descoberta em codex, um código

antigo, anterior aos livros, que data do terceiro ou do quarto século

depois de Cristo (d.C.). Acredita-se que o documento seja, na verdade,

uma tradução do original, um texto grego escrito por uma seita cristã

antes do ano 180 d.C.

A Bíblia descreve Judas Iscariotes, um dos doze Apóstolos de Jesus,

como traidor. De acordo com o Novo Testamento, Judas teria entregue

Jesus aos seus oponentes, que o crucificaram. Segundo o "Evangelho de

Judas", no entanto, a atitude do Apóstolo teria sido incentivada por

Jesus.
- Este longo Evangelho, escrito sob a perspectiva de Judas Iscariotes -

considerado por 20 séculos e por centenas de milhares de pessoas como

um traidor da pior espécie - apresenta uma visão completamente

diferente da apresentada na Bíblia - afirmou Rodolphe Kasser,

sacerdote e ex-professor da Faculdade de Artes da Universidade de

Genebra, na Suíça.

A existência do "Evangelho de Judas" já era conhecida por um

referência feita pelo bispo Irineo de Lyon no ano 180 d.C., em seu

tratado "Contra a heresia".

O evangelho começa assim: "O relato secreto da revelação que Jesus fez

em conversas com Judas Iscariote durante uma semana antes da

celebração da Páscoa". Jesus diz a Judas no livro: "Tu superarás a todos

eles. Tú sacrificarás o homem que me abriga".

Nele Judas é descrito como "o único discípulo que conhece a identidade

verdadeira de Jesus", segundo George Wurst, professor da Universidade

de Augsburg, na Alemanha.

Ele não o traiu, "mas só fez o que Jesus pediu", afirmou Craig Evans,

professor de Novo Testamento da Acadia Divinity College, no Canadá.

O texto se enquadra na tradição dos cristãos gnósticos, que enfatizavam

a importância do conhecimento - gnosis, em grego. Não se trata do


conceito atual de conhecimento, mas sim de um conhecimento

espiritual, do divino dentro do ser humano, que permite que a essência

da pessoa escape da prisão do corpo e se eleve ao espaço celestial.

Por isso, Judas, ao entregar Jesus à morte, facilita sua saída do corpo e a

libertação da divindade que carregava dentro de si, segundo explicou

Wurst.

Evans lembra que em duas ocasiões Jesus fez pedidos em privado a dois

de seus discípulos, segundo o Novo Testamento.

- É possível que o Evangelho de Judas tenha sido preservado na

memória e que os outros discípulos não o conhecessem - disse.

Elaine Pagels, professora da Universidade de Princeton (EUA), destaca

que os quatro Evangelhos aceitados pela Igreja Católica relatam os atos

públicos de Jesus, mas não conversas privadas.

O padre Donald Senior, presidente da União Católica de Teologia dos

EUA, disse que este texto não tem ligação com qualquer tradição

histórica.

Em sua opinião, o documento usa os personagens dos livros canônicos,

mas "é uma expressão de uma teologia específica", a gnóstica, em suas


concepções de corpo humano e criação, que são muito diferentes das

dos Evangelhos aceitados pela Igreja Católica.

Quem escreveu o "Evangelho de Judas" continua sendo um mistério.

Em nenhum lugar é dito que foi Judas, mas isso não deveria derrubar

sua veracidade, pois a autoria dos Evangelhos do Novo Testamento

tampouco foi assegurada.

Homilia Dominical26:2224 Jul 2022

Por que existe a oração de intercessão?


Quando se reza e intercede cheio de amor aos outros, o maior milagre não é
aquilo que se obtém externamente com a oração, mas o que Deus mesmo
está realizando dentro do coração de quem reza.

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas(Lc 11,1-13)

Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos
pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus
discípulos”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu
nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos
os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e
não nos deixes cair em tentação’”.

E Jesus acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e


lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem
e nada tenho para lhe oferecer’, e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me
incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me
posso levantar para te dar os pães’; eu vos declaro: mesmo que o outro não se
levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da
impertinência dele e lhe dará quanto for necessário. Portanto, eu vos digo: pedi e
recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe;
quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá. Será que algum de vós, que é
pai, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ou ainda, se pedir um ovo,
lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos
vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”

Estamos meditando o evangelho de São Lucas e chegamos à belíssima


passagem em que Jesus ensina aos discípulos o Pai-nosso. No evangelho de
São Mateus, durante o Sermão da Montanha, Jesus ensina muitas coisas
para a nossa vida cristã. Uma delas, dentro deste belíssimo sermão, que
ocupa os capítulos cinco, seis e sete de Mateus, é também o Pai Nosso, na
versão que estamos acostumados a rezar em todas as Missas.

Porém, os Evangelhos nos dizem que Jesus ensinou o Pai-nosso em duas


ocasiões diferentes. Uma delas é a de hoje, no evangelho de Lucas, o
evangelista que mais insiste no fato de que Jesus rezava. Pelo menos nove
vezes, Lucas diz que Jesus estava rezando. Isso quer dizer que Jesus rezava
sempre. Sendo Deus feito homem, Jesus estava continuamente unido a
Deus. Ele não precisava rezar, e no entanto queria rezar. Rezava para nos
dar exemplo e para cumprir sua missão na terra.

Assim, a primeira coisa notável no Evangelho deste domingo é esta belíssima


cena: Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos
discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Verba movent, exempla
trahunt, as palavras movem, mas os exemplos arrastam. Jesus rezava porque
sabia que, com isso, estava nos atraindo para a oração.

Deus quer que nós rezemos, porque a oração é importante para nós, mas
também porque a oração é uma forma de participar do projeto de salvação,
dos planos de amor divino para a humanidade. Podemos, assim, ver a oração
sob dois aspectos: o que a oração faz conosco, e o que a oração faz no plano
de salvação de Deus. Do que a oração faz conosco podemos tratar
longamente num curso de ascética e mística: que nós devemos fazer para
rezar, para ser mais santos, para mudar a nossa vida etc., etc.

No entanto, a liturgia deste domingo parece nos chamar atenção para o outro
aspecto da oração, entendida não só como forma de nos transformar a nós,
mas como meio de participar dos desígnios de Deus. Falamos aqui da oração
de intercessão. A Primeira Leitura de hoje, com efeito, é tirada do Gênese.
Deus parece ter decidido punir as cidades de Sodoma e Gomorra, que o
ofendem com pecados que clamam ao céu; mas, eis que se levanta Abraão.

Ele se apresenta diante de Deus para interceder, dizendo: “Senhor, se houver


pelo menos cinquenta justos na cidade, ireis exterminá-la?” Deus responde
que, se houver cinquenta justos, poupará a cidade. Abraão insiste e vai
diminuindo o número, de cinquenta para quarenta e cinco, depois para trinta,
depois para vinte, depois para dez, e Deus responde que, se houver dez
justos, Ele não destruirá a cidade. O problema é que não havia nem sequer
dez justos. Por isso, Deus puniu as cidades de Sodoma e Gomorra. Eis o
resumo da história.
Nesse relato, a primeira coisa que nos chama atenção é o fato de Abraão
parecer mais compassivo, mais misericordioso e mais bondoso do que Deus,
como se houvesse uma luta entre os dois. O homem bondoso, compassivo e
misericordioso tenta convencer um Deus irado, justiceiro e vingativo a não se
irritar com as cidades pecadoras.

Ora, nós sabemos que Deus é amor; logo, é evidente que Ele ama Sodoma e
Gomorra mais do que Abraão as ama. Deus não precisa ser convencido a ter
misericórdia. O que é que Deus, afinal, está querendo nos mostrar por meio
dessa oração tão estranha de Abraão? Deus quer ouvir as nossas orações,
quer fazer o bem e ser misericordioso, mas Ele também quer fazer tudo isso
contando com a nossa oração, com a nossa bondade e com a nossa
misericórdia.

Numa palavra, Deus quer nos incluir em seus desígnios de amor. Ele não
quer apenas que o fiel se recolha numa montanha para rezar unicamente por
sua própria salvação, como se não houvesse outras almas que salvar e
santificar. Deus quer dos santos um coração como o seu. Por isso determinou
conceder certas graças, sob a condição de que nós, filhos seus, sejamos
misericordiosos como o Pai.

Para ilustrar essa realidade, vejamos o caso de Santo Agostinho, um pecador


que, durante trinta e dois anos, cometeu atos que ofenderam gravemente a
Deus, chegando inclusive a ter um filho fora do matrimônio. Agostinho, no
entanto, tinha uma mãe bondosa, Santa Mônica, que rezou, intercedeu,
sofreu e que suplicou em seu favor. Desde a eternidade, Deus decretou
converter Santo Agostinho, mas o decretou sob a condição de Santa Mônica
verter para isso muitas lágrimas de súplica.

Não é que Deus, cruel, quisesse castigar Agostinho, nem significa que Mônica
tenha mudado, por suas preces, a vontade divina. Não, a nossa oração não
pode alterar a vontade de Deus. Não rezamos para que Deus passe a querer
o que antes não queria. Na verdade, nós rezamos, intercedemos e pedimos
coisas a Deus porque Ele, que quer dar suas graças, decretou dá-las por
meio de nossa oração, do nosso pedido e da nossa intercessão.

Nesse sentido, a oração de intercessão é uma forma de participarmos da


misericórdia de Deus, que é tão amoroso e tão misericordioso, que quer que
também nós o sejamos junto com Ele.

Vejam que isso é uma grande perfeição divina, porque imagine só se Ele
decretasse assim: “Eu vou ser misericordioso com os sete bilhões de
habitantes do planeta Terra agora, neste momento”. Muitas dessas pessoas
são egoístas, inescrupulosas, de coração endurecido, vingativas, más,
insolentes, impiedosas. São sete bilhões de pessoas que merecem o inferno,
mas, na hora da morte, Deus pode misericordiosamente dar-lhes o
arrependimento e, sem ter feito atos de amor durante a vida, com um único
ato de amor e arrependimento na hora da morte, eles irão se converter. Ou
seja, a vida humana sobre o planeta vai ser um inferno, mas, ao final, Deus
exerceria sua misericórdia e magicamente todos iriam para o Céu. Se esse
fosse o desígnio divino, tudo bem, seria um ato de amor. Porém, não é muito
mais amoroso que Deus, em vez de querer isso, queira que nós, enquanto
caminhamos neste mundo, já exerçamos atos de amor e amemos como Ele
ama, tendo um coração igual ao Dele?

Não é fantástico que, em nossos dias de peregrinação na terra, nós


possamos participar do amor divino? Para quem é mãe e tem um filho
afastado da fé, como Santa Mônica teve Santo Agostinho, é maravilhoso que
Deus tenha incluído em seus desígnios levar esse filho para o céu através
das orações e dos sacrifícios dela e, assim, dar não só ao filho a graça da
conversão, mas também à mãe a da santidade! Na terra, também Jesus
rezou, derramou lágrimas, suou sangue e morreu na cruz intercedendo por
nós!

Observemos que a oração de Jesus no Evangelho deste domingo é bonita.


Ele estava rezando em um lugar separado, mas o próprio São Lucas irá
narrar que, durante a Paixão, enquanto Jesus era pregado na Cruz, Ele
repetidamente dizia: “Pai, perdoai-os; eles não sabem o que fazem”. É a
oração que mostra a grandeza do Coração de Jesus.

Deus desceu do céu para ser não só Deus a quem nós rezamos, mas para
ser o homem que reza por nós, Jesus, Deus e homem verdadeiro. Ele é o
Deus a quem rezamos e, ao mesmo tempo, o homem que intercede e sofre
por nós, para nos mostrar qual é o desígnio de Deus: que tenhamos um
coração como o de Cristo, coração compassivo que reza e sofre pelos outros.
Porque rezar, interceder e sofrer é um ato de amor.

Quem não sofre por ninguém, não ama ninguém. Façamos um exame de
consciência. Pensemos na última semana. Como foi essa semana do último
domingo até hoje? Sofremos pelo bem de alguém? Porque, se não estamos
sofrendo por ninguém, então não amamos ninguém.

Sofrer não quer dizer chorar, descabelar-se, sentir-se deprimido ou


angustiado, sem paz etc. Sofrer é, por exemplo, acordar cedo para trabalhar
pensando: “É pela minha mulher e pelos meus filhos. É para levá-los para o
céu”. Isso, de certa forma, já é um sofrimento. Intercedemos pela nossa
família? Estamos dispostos a dar a vida pelas pessoas, para que vão para o
céu e se salvem? Abraão intercedeu por Sodoma e Gomorra, um povo
miserável que não merecia compaixão; mas, ainda assim, ele pediu a Deus:
“Se houver uma chance, poupai, Senhor, essas cidades”.

Assim também Jesus. Abraão é uma profecia, e sua intercessão por Sodoma
e Gomorra é figura da intercessão de Jesus no alto da cruz: “Pai, perdoai-os”.
E Jesus quer isso de nós, quer que nós saiamos do nosso egoísmo e
amemos como Ele ama.
Quando a Igreja ordena um sacerdote ou um diácono, confia-lhe a missão de
rezar e de interceder pelo povo, como outro Abraão. O bispo, aliás, pergunta
ao padre no dia da ordenação: “Queres, juntamente conosco, implorar a
misericórdia de Deus pelo povo de Deus a nós confiado, sendo assíduo ao
dever da oração?”

É por isso que a Igreja põe nas mãos do padre a Liturgia das Horas, o
Breviário. Não é uma oração privada e pessoal do padre, mas um ofício, um
dever de interceder pelo povo. O padre reza a Liturgia das Horas pela Igreja,
pelos pecadores, pelos ateus, pelos que estão em falsas religiões, pelos que
estão distantes. O padre tem de rezar, tem de interceder. É um dever do seu
ministério. “Queres, juntamente conosco”, diz o bispo, “implorar a misericórdia
de Deus?”. Assim fez Abraão, assim fez Jesus.

Se Deus é Deus de misericórdia, quer filhos de misericórdia e, para isso, nos


ensina a rezar. Ele quer conceder a graça, quer poupar essa humanidade
louca; não quer fazer chover castigos — castigos bem merecidos! — sobre o
mundo atual, que está muito pior do que Sodoma e Gomorra; não quer fazer
cair enxofre sobre nós. Ele quer ser misericordioso, quer ser clemente, quer
ser compassivo, mas quer sê-lo contando com nossa compaixão e
misericórdia. Eis por que Nossa Senhora de Fátima pergunta aos pastorinhos:
“Quereis oferecer-vos a Deus?” e ensina-os a fazer sacrifícios pela conversão
dos pecadores e a reparar as ofensas feitas ao Coração de Jesus e ao
Imaculado Coração de Maria.

Por que Deus quer isso? Não é Ele misericórdia? Deus não podia
simplesmente ignorar nossos pecados, pondo para sempre uma pedra sobre
eles? Sim, mas o Senhor é tão bom, que não quer fazer isso sozinho. É parte
da bondade de Deus que Ele queira salvar a humanidade servindo-se de
homens. Por isso a liturgia deste domingo nos ensina a crer no poder da
oração. Ao fazer essa oração desinteressada, que não se lembra de si
mesma, mas das necessidades de salvação dos outros, Jesus nos mostra o
que Ele mais deseja fazer: transformar o nosso coração num coração
semelhante ao seu.

Quando se reza e intercede cheio de amor aos outros, o maior milagre não é
aquilo que se obtém externamente com a oração, mas o que Deus mesmo
está realizando dentro do coração de quem ora. Sim, ficamos admirados com
a conversão de Agostinho; mas milagre maior foi o que se estendeu por trinta
e dois anos de espera, de oração, de sofrimento, de lágrimas e de
intercessão no coração de Santa Mônica. Olhamos para a conversão de
Agostinho e dizemos: “Nossa! Milagre em Agostinho!” Mas deveríamos
também dar glória a Deus e dizer: “Milagre em Santa Mônica!”, um coração de
mãe santificado e, por isso, semelhante ao de Cristo e ao de Maria.

Sejamos, pois, verdadeiramente assíduos no dever da oração, assíduos na


intercessão. Claro que existe a oração íntima, feita também para o nosso
progresso espiritual, a qual não deve ser esquecida. Inclusive, temos o
curso Direção Espiritual: Aprenda a Rezar, onde ensinamos como fazer a
oração íntima, a fim de crescer espiritualmente.

No entanto, além dessa oração que visa a própria intimidade e união com
Deus, é necessário dedicar-se também à oração de intercessão. Até porque,
se a oração pessoal for verdadeira, ela nos leva a sentir os desejos de Deus:
o amor dele arde em nosso coração para interceder por essa humanidade tão
necessitada das graças e da misericórdia divina.

Aproximemo-nos de Jesus neste domingo, dizendo com amor e confiança:


“Senhor, ensina-nos a rezar, como também o Senhor ensinou aos seus
discípulos”.

***

1. Argumento. — A pedido dos discípulos, propõe-lhes Jesus uma fórmula de


oração; em seguida, acrescenta alguns avisos sobre a eficácia da oração
perseverante.

2. Circunstâncias. — a) Tempo e lugar. — Sobre o lugar e o tempo em que


o Pai-nosso foi proferido nada dizem explicitamente os evangelistas. Mateus
o insere no Sermão da Montanha, enquanto Lucas (cf. 11,1) exige claramente
outra ocasião; mas qual? O fato de Lucas colocá-lo após a cena de Betânia
permite inferir a proximidade (ao menos provável) de tempo e lugar entre os
episódios. Marcos não relata o Pai-nosso, mas refere alguns ensinamentos
parecidos, ditos no caminho de Betânia a Jerusalém (cf. 11,25s). Uma antiga
tradição que remonta ao séc. XI (c. 1095) afirma que o Pai-nosso foi proferido
no monte das Oliveiras, perto (“à distância de um tiro de pedra”, Lc 22,41) do
que hoje é o sacelo da Ascensão.

b) Composição. — 1) Lucas e Mateus preservaram a Oração dominical em


formas um pouco distintas. Mateus traz 7 petições; Lucas, apenas 5 (omite a
3.ª e a 7.ª), formuladas com outras palavras. Qual terá sido a forma original é
tema controverso. Se no passado muitos atribuíram ambas as versões ao
Senhor, ditas por Ele em diferentes circunstâncias, o que em si mesmo é
possível mas não muito provável, hoje a maioria dos autores rejeita essa
opinião e atribui as diferenças de forma à tradição oral ou aos critérios
redacionais de cada evangelista, o que parece valer também para a forma da
consagração (cf. Agostinho, Enchirid. 116: ML 40,286). — 2) Se se pergunta
qual dos evangelistas conservou a forma genuína, cumpre responder com
Agostinho que foi Mateus, como se infere tanto de sua conhecida fidelidade
em transmitir as palavras do Senhor (cf., e.g., as bem-aventuranças, a
conclusão do Sermão da Montanha etc.) como da disposição rítmica por ele
preservada, de tonalidade mais semítica, ao que se pode acrescentar o
costume de Lucas de resumir os fatos e as ideias ao essencial.

3. Explicação. — Instado pelos discípulos a que lhes ensinasse, a exemplo


de João Batista, alguma fórmula de oração [1], Jesus recitou esta prece
admirável, que pode ser considerada um compêndio da doutrina celeste e um
breviário de todo o Evangelho (cf. Tertuliano, De orat. 1: ML 1,1255). A partir
de Agostinho, tornou-se costume entre os latinos distinguir 7 pedidos, dos
quais os 3 primeiros (classificados como optata, i.e., desejos) se referem à
glória de Deus, enquanto os 4 restantes (chamados petitiones, i.e.,
petições stricto sensu) apresentam a Deus as necessidades humanas. No
entanto, os Padres gregos, seguidos hoje por boa parte dos expositores,
distinguem apenas 6 pedidos, na medida em que interpretam o 7.º como
complemento do 6.º — Em Mateus, a Oração dominical é precedida por uma
proibição do multilóquio (gr. πολυλογία) na oração (cf. 6,7); e, com efeito, do
ponto de vista redacional, o v. 7 não é continuação dos vv. 5–6, que
censuram a ostentação de piedade e recomendam a oração em segredo, mas
uma introdução, ao modo de advertência por contraste, à forma por
excelência da oração cristã: “Nas vossas orações não useis muitas palavras”.
É incerta tanto a forma quanto a etimologia do verbo gr. correspondente
(βατταλογήσητε, ou βαττο. …?). O sentido porém se depreende facilmente do
contexto, já que é explicado logo em seguida por πολυλογίᾳ; donde: “Não
multipliqueis palavras fúteis e inúteis nem vos expresseis
prolixamente, como fazem os gentios”. De fato, os pagãos davam excessiva
importância aos giros retóricos e ao aprumo de linguagem, e pensavam que à
força de palavras poderiam dobrar a vontade divina, como se Deus fora um
juiz para quem valesse mais a eloquência das partes que a justiça do caso
em apreço [2].

N.B. — Leiam-se, e.g., as invocações dos profetas de Baal (1Rs 18,26ss), as


séries intermináveis de epítetos grandiloquentes nos hinos babilônicos, as
fórmulas encantatórias nos papiros mágicos da época helenística etc. A
expressão lt. fatigare deos (cf. Sêneca, Ep. XXXI 5; Marcial Ep. VII 60, 3)
atesta o mesmo vício. Também nos escritos rabínicos é comum encontrar
orações desnecessariamente prolixas.

— “Julgam que serão ouvidos à força de palavras”, i.e., que a repetição vã de


certas fórmulas merece por si só a atenção de Deus, como se Ele gostasse
de verbosidade bajulatória ou precisasse de muitas palavras para conhecer
os pedidos e as necessidades dos homens. — Atente-se a que o Senhor
reprova o uso de muitas palavras por ser algo desnecessário, sobretudo
quando se atribui a eficácia da oração à abundância de fórmulas ou ao
número de repetições; isso porém não exclui a legitimidade e o valor da
oração constante, frequente e até repetida segundo um mesmo padrão.
Tampouco é intenção de Cristo dirimir diretamente a controvérsia rabínica
sobre o valor da oração em função da duração. Ele mesmo dedicou longos
períodos à oração (cf. Mt 4,1ss; Mc 13,5; Lc 5,16; 6,12; 9,18; 11,1;
22,43; Mt 26,36ss etc.), recomendou mais de uma vez a oração constante e
perseverante (cf. Lc 11,5-13; 18,1ss; 22,40.46 etc.) nem teve medo de repetir
ao menos três vezes a mesma oração no Horto (cf. 26,39.42.44); contudo,
não há por que duvidar que Cristo rezasse ao Pai por meio de breves
jaculatórias, elevando aos céus sua alma santíssima com a máxima
frequência [3].
4. A Oração dominical. — Os que quiserem conhecer as riquezas do Pai-
nosso podem ler nossa tradução ao comentário de Santo Tomás de Aquino,
disponível neste link.

Dubium. — A quem rezamos no Pai-nosso, a Deus Pai ou a toda a Trindade?


A resposta depende da acepção que se dê à palavra “pai” aplicada in divinis,
ou seja, se ela é utilizada em sentido primário e pessoal (personaliter), ou
derivado e essencial (essentialiter). No primeiro caso, a razão significada pelo
nome, por importar uma relação de origem em unidade de natureza, cumpre-
se propriamente na primeira hipóstase, chamada Pai (per prius) por referência
à geração do Filho; no segundo, a razão significada pelo nome, por importar
uma relação de origem com diversidade de natureza, é comum às três
hipóstases, chamadas pai (per posterius) por referência à produção das
criaturas. Com efeito, na medida em que há certa semelhança entre o que
gera e o que é gerado, e sendo comum a toda a Trindade a obra da criação,
também o Filho e o Espírito Santo podem ser chamados pai (e.g., Pai do
futuro século, dito do primeiro; Pai dos pobres, dito do segundo), porque tanto
eles quanto o Pai são o criador do mundo e o princípio de semelhança das
criaturas racionais (por imagem, segundo o intelecto e a vontade; por graça,
segundo a filiação adotiva; e por glória, segundo a deificação do intelecto) [4].
Em resumo, se se toma “pai” como nome próprio, enquanto importa relações
pessoais, a oração dirige-se especificamente a Deus Pai; se se toma, porém,
como nome comum, enquanto importa uma referência às criaturas, a oração
dirige-se indistintamente às três hipóstases.

5. Perseverança na oração (cf. Lc 11,5-9; Mt 7,7). — a) Imagem. Certo


homem acolheu um amigo que viera procurá-lo de noite; mas, como não
tivesse nada com que alimentá-lo, acudiu a um vizinho para pedir alguns pães
emprestados. O vizinho, porém, respondeu de dentro de casa: “Não me
incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos” (não servos, como queria
Agostinho, mas filhos: παιδία) “e eu já estamos deitados” (não
necessariamente no mesmo leito, mas simplesmente no mesmo quarto). —
“Mesmo que o outro”, i.e., o vizinho que está deitado, “não se levante para dá-
los porque é seu amigo”, ou seja, por amizade, “vai levantar-se ao menos por
causa da impertinência” (ἀναίδειαν = impudência, i.e., inoportunidade) “dele e
lhe dará quanto for necessário”, quer dizer, todos os pães que o outro pedir.

b) O sentido espiritual flui espontaneamente do contexto. Com estas palavras,


o Senhor ensina e recomenda a perseverança na oração. Por isso
acrescenta: “Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será
aberto”, o que se deve entender não como três pedidos, mas como oração
constante e incansável. “Deus quer que lhe rezem; quer ser coagido; quer, de
certo modo, ser vencido pela nossa impertinência” (Gregório Magno). “O que
não queria dar o que se lhe pedia, deu o pedido porque não se cansou o
outro de lho pedir. Quanto mais não dará o bom Deus, que nos exorta a que
peçamos e a quem desagrada quando não pedimos?” (Agostinho) [5].

Dubium: As palavras pedi, procurai e batei contêm um preceito ou um


simples conselho? — Resp.: 1) Parece indicar um conselho o fato de Jesus,
para recomendar a prática da oração, apelar para o prêmio, que é receber o
que se pede. — 2) No entanto, é mais provável que se trate de um preceito,
devido à forma imperativa (pedi etc.) dos verbos, à insistência com que se
reitera a mesma ideia e à ameaça implícita: quem não pede tampouco
recebe.

6. Confiança na oração (cf. Lc 11,9-13; Mt 7,7-11). — Para convencer ainda


mais os seus ouvintes desta doutrina e movê-los a pôr em prática este
ensinamento, o Senhor passa a falar da eficácia da oração. — V. 10. “Quem
pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá”. Acontece
muitas vezes de não recebermos o que pedimos, a) ou porque pedimos
sendo maus (mali), b) ou porque pedimos mal (male), c) ou porque pedimos
coisas más (mala): “Ora, o Senhor é bom, porque frequentemente não nos dá
o que queremos, para dar-nos o que deveríamos querer” (Agostinho).

V. 11s. Em seguida, corrobora a mesma doutrina sobre a eficácia da oração


com um exemplo a minori ad majus tirado da vida ordinária. Quem, por
exemplo, daria a um filho que pede pão, peixe ou ovo (comidas muitíssimos
comuns na Palestina) uma coisa inútil ou perigosa como uma pedra,
uma cobra ou um escorpião? Cristo escolhe estes exemplos, porque são de
certo modo parecidos, em aparência, com aqueles alimentos, mas muito
diferentes em natureza. — Existem muitas espécies de escorpião; mas na
Palestina os mais comuns são brancos, não muitos diferentes à primeira
vista, em tamanho e forma, de um ovo.

V. 13. “Ora, se vós que sois maus”, i.e., inclinados por natureza ao mal,
carregados de muitos pecados ou, também, maus por comparação com Deus,
que é o único Bom e bondade por essência, “sabeis dar coisas boas” (gr.
δόματα; lt. dona) “aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito
Santo” (πνεῦμα ἅγιον = os dons do Espírito Santo, a virtude etc.) “aos que o
pedirem” [6].

7. Escólio: Deve-se rezar somente a Deus? — “A fé católica nos ensina que


se há de invocar com preces não somente a Deus, mas também aos santos
bem-aventurados [7], embora por diversa razão, já que a Deus se reza como
à fonte de todos os bens; a estes, porém, como a intercessores. A oração, diz
Santo Tomás, é dirigida a alguém duplamente: de um modo, para ser por ele
cumprida; de outro modo, para ser por ele impetrada. Ora, do primeiro modo
só a Deus dirigimos a oração, porque todas as nossas orações devem
ordenar-se à consecução da graça e da glória, que somente Deus dá,
segundo aquilo do Salmo: ‘A Graça e a glória dará o Senhor’ (Sl 83, 12). Mas,
do segundo modo, dirigimos a oração aos santos anjos e homens, não para
que, por eles, Deus conheça nossos pedidos, mas para que, pelas preces e
méritos deles, nossas orações surtam efeito… [8] Ora, quem, entre todos os
que ocupam os tronos dos bem-aventurados, ousará disputar com a augusta
Mãe de Deus o poder de merecer a graça?” (Leão XIII, Encíclica
“Augustissimæ Virginis”).
Notas

1. A oração do Pai-nosso não foi ensinada ao modo de preceito, como se o


fiel só pudesse rezar segundo aquela forma e com aquelas palavras,
mas a título de exemplar, i.e., como modelo que toda outra oração deve
seguir; cf. Tomás de Aquino, STh II-II 83, 14 ad 2: “O Senhor não instituiu
esta oração para que devêssemos usar somente estas palavras ao rezar,
mas porque a intenção de nossa oração deve tender à impetração
somente dessas coisas [i.e., das necessárias ou convenientes à
salvação eterna], independentemente de como as pronunciemos ou
concebamos”.

2. Cf. Id., STh II-II 83 9 ad 5: “A oração não é apresentada a Deus com o


fim de lhe dobrar a vontade, mas de estimular em nós mesmos confiança
para pedir. Ora, estimulamos em nós tal confiança sobretudo quando
consideramos a caridade dele para conosco, pela qual quer o nosso
bem, e por isso dizemos: Pai nosso; e a sua excelência, pela qual no-lo
pode dar, e por isso dizemos: que estais nos céus”.

3. Cf. Id., STh II-II 83, 14c.: “Da oração podemos falar duplamente: de um
modo, em si mesma; de outro, segundo sua causa. Ora, a causa da
oração é o desejo da caridade, do qual deve proceder a oração. Este
desejo em nós deve ser contínuo atual ou virtualmente. Ora, permanece
a virtude deste desejo em tudo o que fazemos por caridade; com efeito,
devemos fazer tudo para a glória de Deus, como se diz em 1Cor 10. E,
segundo isto, a oração deve ser contínua. — Mas a própria oração,
considerada em si mesma, não pode ser assídua, porque é necessário
ocupar-se em outras atividades […]. Ora, a quantidade de cada coisa
deve ser proporcional ao fim dela, assim como a quantidade do remédio
à saúde. Por isso é conveniente que a oração dure tanto quanto for útil
para excitar o fervor do desejo interior. Quando, porém, excede esta
medida, de modo que não possa durar sem cansaço, não se deve
estender mais a oração […]. E assim como isso deve ser levado em
conta na oração individual por comparação à intenção de quem ora,
assim também na oração comum por comparação à devoção do povo”.

4. Cf. Id., STh I 33, 3c.

5. Ouça-se uma vez mais o que diz Agostinho: “Mas, de novo, pode
perguntar-se […]: por que é necessária a própria oração, se Deus já
sabe o que nos é necessário, senão porque a intenção mesma da oração
serena o nosso coração, purifica-o e torna-o mais eficaz para receber os
dons divinos, que nos são espiritualmente infusos? Não é pois pela
ambição das preces que nos ouve Deus, que sempre está disposto a
dar-nos sua luz, não a visível, mas a inteligível e espiritual; somos nós
que não estamos sempre dispostos a receber, por nos inclinarmos a
outras coisas, presos nas trevas do desejo dos bens temporais. Que
haja, portanto, na oração a conversão do coração àquele que sempre
está preparado para dar, se nós mesmos quisermos receber; e haja
nesta mesma conversão a purificação do olho interior, quando se
dissipam os bens temporais que se desejavam, a fim de que o coração
tenha força para receber a luz simples da divindade, que fulge sem
nenhum ocaso ou mudança; e não só receber, mas nela permanecer não
apenas sem incômodo, mas também com inefável alegria, que é nisto
que consiste verdadeiramente a bem-aventurança” (De Serm. II 2, 14).

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