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A IGREJA

QUE
JESUS
CONSTRUIU

Por
Dr. Roy Mason, Th.D.
Tradução e Revisão: Jeanne Borgerth Duarte Rangel
2ª Revisão: Iander S. da Silva

Congregação Batista da Graça

Rua Porto Colômbia Nº 23


Vila Permanente – Tucuruí – Pará
Reuniões: Sábados e Domingos às 19: 30 hs

Fones: (94) 3778-3031 e (94) 91462114

“A Salvação vem do SENHOR...”


Salmo 3: 8

Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por


equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a
exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e
preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611,
Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e
a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter
em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o
nome do autor e pondo link para esta página
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Redigido novamente em 2020 sob permissão autoral.


A TODOS OS BATISTAS
"Agora vamos aos dias passados ..."
"Lembre-se dos dias antigos, considere os anos de
muitas gerações: pergunte a seu pai, e ele te mostrará;
seus anciãos e eles diga-lhe."
"Pergunte, peço-te, da era anterior ."
"Para que você o conte à geração seguinte ."
" Eu considerei os dias antigos."
"Para que a geração vindoura possa saber ."
"Isto será escrito para a geração vindoura".
"Lembre-se das coisas antigas da antiguidade".
"Diga a seus filhos sobre isso, e deixe seus filhos
contarem a seus filhos e a seus filhos outra geração ."
"Chame para lembrar os dias anteriores ."
" Para lembrá-los sempre destes coisas. ".

(Deuteronômio 4:32; Deuteronômio 32: 7; Jó 8: 8; Salmo


48:13; Salmo 77: 5; Salmo 78: 6; Salmo 102: 18; Isaías
46: 9; Joel 1: 3; Hebreus 10:32; II Pedro 1:12)

“ Se houve um tempo em que os batistas precisavam


conhecer nossa história, é hoje.”
“Se Deus não tem necessidade de aprendizado humano,
ele tem menos necessidade de ignorância humana.”

(Basil Manly, Jr.)


SUMÁRIO
Introdução .....................................................................................

I. Capítulo Introdutório .................................................................

II. Jesus Fundou a Igreja? Se Sim, Quando? .................................

III. O Tipo de Igreja que Jesus Construiu .....................................

IV. A Família, o Reino e a Igreja de Deus. Diferenciados ............

V. A Promessa do Mestre .............................................................

VI. A Busca da Verdadeira Igreja .................................................

VII. Os Batistas Sob Outros Nomes ..............................................

VIII. Afirmações dos Historiadores ..............................................

IX. Qual é a Missão da Igreja que Jesus Construiu? .....................

X. A Igreja que Jesus Construiu Justifica Sua Existência .............

XI. Conclusão ...............................................................................


Introdução
Ao escrever a introdução à sétima edição de “A IGREJA
QUE JESUS CONSTRUIU”, Dr. J.W. Jent, naquele tempo
Presidente do Colégio Batista do Sudoeste, Bolivar,
Missouri, disse:
“Escrever uma introdução à sétima edição deste livro é um
prazer peculiar. Quando a primeira edição foi publicada em
1923, eu lhe dei as boas vindas não somente porque ela
atendia a uma necessidade real como um livro texto para o
meu departamento na Universidade Batista de Oklahoma,
mas porque eu nunca tinha lido algo que descrevesse tão
profunda e claramente minha própria concepção da
‘EKKLESIA’ de Cristo. Na segunda edição, que usei como
texto no Seminário Teológico da Universidade Mercer, foi
mais abrangente e mais bem organizada do que a primeira
edição. É uma contribuição valiosa e oportuna para a
literatura das Polêmicas Cristãs. A emissão da sétima edição
reflete a persistência do gratificante interesse nos
fundamentos Cristãos – uma refutação tangível do clamor de
que esse denominacionalismo esteja morto”.
“Tive minha apresentação à Eclesiologia do Novo
Testamento aos pés do meu pai, há anos, nas igrejas
campestres do sudoeste do Missouri. Ele ainda atende como
pastor rural naquela área e é amplamente conhecido como o
pregador talvez mais fortemente doutrinário nas Montanhas
Ozarks. Muitas e muitas vezes, durante os oscilantes anos de
minha meninice, eu o ouvi através de suas séries de sermões
sobre A IGREJA – sua natureza, instituição,
CARACTERÍSTICAS, PERPETUIDADE e sua moderna
IDENTIDADE. Quando o segui para o ministério e o
pastorado campestre, trabalhamos juntos estabelecendo os
fundamentos Bíblicos sobre os quais ficou fácil para mim,
mais tarde, construir uma superestrutura doutrinária, sob a
complacente direção do Dr. B. H. Carroll”.
“Anos de estudo e experiência prática me convenceram que
a interpretação do meu pai e meu grande mestre está correta:
que a IGREJA – a ‘EKKLESIA’ de Cristo – é a
‘CONGREGAÇÃO DE CRENTES BATIZADOS
associados num COMPANHEIRISMO DO
EVANGELHO’. Que ela é uma DEMOCRACIA
ESPIRITUAL, visível e LOCAL ou PARTICULAR. Que ela
é UMA INSTITUIÇÃO DO NOVO TESTAMENTO,
designada por Nosso Senhor, historicamente instituída por
Ele, persistindo século após século, conservando as
características do modelo do Novo Testamento, facilmente
identificada pelos detalhes da integridade doutrinária. Uma
verdade funcional para o espírito de sua Santa Missão.
Justificando sua existência por suas aquisições desafiadoras
e Sua benevolente benção à humanidade amaldiçoada pelo
pecado. Esta é a TESE que Dr. Mason defende tão
habilmente nas páginas seguintes. Ele é franco, sincero,
consistente e convincente. Seus argumentos são
impulsionadores e irrespondíveis. Ele declara a
representativa crença Batista, com suas implicações
essenciais. Ele dá a ‘razão para a fé que está em nós’ – a
inextirpável consciência de uma missão e um destino – a total
intolerância à cortesia e transigência – o ponto de vista único
em que temos o paradoxo da inflexível exclusividade
sintetizada com superlativa tolerância e boa vontade”.
Já que a doutrina da igreja é claramente determinante no
campo distintivo, este livro não só atende uma séria
necessidade da denominação, mas esclarece admiravelmente
a atmosfera para o público em geral. Seu desafiador
restabelecimento da TESE BATISTA não apenas atende,
com inabalável candura, a propaganda da ‘igreja invisível’
dos Pedobatistas, mas o sentimento superficial dos
modernistas não denominacionais e contra-
denominacionais. O autor soa os clarins chamando à nova
cruzada de pregação doutrinária construtiva. Ele aponta o
caminho para um programa que revitalizaria não apenas
nossas igrejas, mas nosso maquinário denominacional. A
dinâmica que sempre sensibilizou e impeliu como uma
CONVICÇÃO inteligente, uma CONSCIÊNCIA
DENOMINACIONAL e a consciência de uma MISSÃO
DENOMINACIONAL. Temos uma MENSAGEM que o
mundo precisa e realmente quer ouvir. É cego aquele que não
percebe que o grande meio dia da Democracia no entardecer
do século vinte é um dia Batista. “A ousadia da lealdade
denominacional e a sabedoria são o gênio construtivo para
produzir sua maior parte”.
“O apelo sonoro do Dr. Mason à razão e à Divina Revelação
neste livro deve conquistar a mente aberta que lhe der
ouvidos. Pastores sábios colocarão em seus programas de
ensino ‘A IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU’. Ele merece
um lugar nos cursos de treinamento de todos os nossos
departamentos auxiliares. O autor nos colocou todos nós
Batistas sob o dever de agradecer-lhe por um serviço tão
oportuno, fundamental e de alcance tão amplo. Que Deus
possa abençoar esta sétima edição e torná-la uma permanente
benção a um grupo de leitores sempre crescente e estudantes
de mente aberta por todos os anos do porvir”.

J. W. Jent.
Presidente do Colégio Batista do Sudoeste,
Bolivar, Missouri.
“É para nós um grande prazer ter a oportunidade de publicar
novamente ‘A IGREJA QUE JESUS CONSTRUIU’, do Dr.
Roy Mason. Acreditamos na necessidade ainda maior de um
livro Biblicamente impactante dessa natureza do que foi há
um ano. O pastor e membros da Igreja Batista de Buffalo
Avenue acreditam que Deus forneceu os meios para a
publicação deste livro e endossamos seu uso entre nosso
povo Batista tão veementemente quanto o fez Dr. Jent”.
Pr. Claude King
Pastor da Igreja Batista de Buffalo Avenue.

“A Fé Batista é radical e fundamentalmente diferente de


todas as demais. Somente neste fundamento, sua existência
continuamente separada pode ser justificada”.
M. P. Hunt, em “A Fé Batista”.

Dr. Mason foi pastor na Igreja de Buffalo Avenue por 29


anos. Durante esse tempo ele editou o jornal da igreja que
chamava “Fé e Vida”, e por muitos anos ele foi o maior
pregador diário em toda a rede de rádios, entre todos os
pastores do país. Dr. Mason ainda dirige programas em mais
de cinco estações de rádio patrocinadas pela Igreja Batista de
Buffalo Avenue, algumas delas com programas diários.

“E Conhecereis a verdade, e a verdade vos


libertará” (João 8:32).
I. Capítulo Introdutório
Há algumas coisas sobre as quais muitas noções falsas e
opiniões heréticas são defendidas, com respeito a igreja.
Muitos se casam com uma teoria eclesiástica que variam
totalmente dos ensinamentos claros das Escrituras. Alguns
defendem essas falsas teorias honestamente, nunca tendo
estudado cuidadosamente a questão da igreja por si só.
Outros – deve-se temer – as defendem porque se ajustam a
seu esquema eclesiástico e porque entregar-se à verdade
significaria uma revolução em sua vida, envolvendo uma
mudança na questão de sua afiliação à igreja.

Por causa da negligência à verdade da igreja, um pensamento


fraco e visões erradas sobre o que realmente constitui uma
igreja do Novo Testamento, muitos defendem a igreja à luz
da estima. Não é, para eles, uma coisa alta e santa, como
deveria ser. Não é, para eles, a divina instituição considerada
como alta torre acima de todas as organizações e instituições
dos homens. É, sem dúvida, comum encontrar pessoas que
estimam locais, clubes, sociedades ou outras organizações
desse tipo em par com a igreja. E entre as multidões de seitas
de denominações que se autodenominam igrejas, as pessoas
comumente fazem pequenas distinções. A ideia popular é
que “uma igreja é tão boa quanto qualquer outra”, sem
mencionar se ela tem Jesus Cristo como seu Fundador e
Chefe.

Mais tarde, quando comecei a estudar a questão da igreja,


minha ideia do que se constitui uma verdadeira igreja se
estreitou e se tornou mais distinta. À luz dos ensinamentos
das Escrituras, a ideia da perpetuidade da igreja, à primeira
vista tão repulsiva, se tornou cada vez mais racional.
Finalmente ficou claro para mim que, se as Escrituras são
verdadeiras e podemos confiar na promessa de Jesus, a igreja
que Jesus fundou deve ter tido uma continuidade de
existência através de todas as eras e deve estar em algum
lugar no mundo de hoje.

Um estudo cuidadoso das Escrituras e da história, junto com


um estudo da origem e ensinamentos das diferentes
denominações, serviram para formar dentro de mim uma
convicção quase tão forte quanto a própria vida. Essa
convicção, é que, a primeira igreja que foi organizada é a
mesma que hoje chamamos de uma igreja Batista; assim, as
igrejas do mesmo formato, caracterizadas pelas mesmas
doutrinas e práticas, têm existido desde o dia em que essa
primeira foi estabelecida, que se faz presente nesta era e
continuará a existir até que o Senhor volte novamente.

É meu propósito expor nas próximas páginas alguns dos


fundamentos, bíblicos e históricos, sobre os quais baseio
minhas convicções, e mostrar a racionalidade e credibilidade
da reivindicação Batista ao que normalmente é chamado de
“perpetuidade da igreja”.

Nesta linha de pensamento, uma das primeiras questões que


surgem é com referência à importância prática dessa
doutrina. Pois eu penso que podemos chamar de doutrina, a
perpetuidade da igreja. Certamente, parece importante
considerar que a veracidade da Palavra de Nosso Senhor e a
validade de Sua promessa estão em pauta. Se a igreja que
Jesus estabeleceu não fosse perpetuada, então Sua promessa
teria falhado. Se Sua promessa sobre a igreja tivesse falhado,
então não seria possível que Sua promessa sobre nossa
salvação e destino da mesma forma falharia?

Novamente é importante saber qual igreja pode realmente


reivindicar sua existência em cumprimento da promessa de
Cristo e de sua perpetuidade, porque encontrar essa igreja
significa encontrar a única verdadeira. Num mundo cheio de
todos os tipos de assim chamadas igrejas, cada uma
defendendo sua doutrina e características peculiares, muitos
estão desesperadamente confusos e não sabem a que igreja
se voltar. Um conhecimento da verdade sobre a perpetuidade
desfará a confusão e tornará claro o dever dos Cristãos.

Um adequado entendimento da promessa de Cristo


sobre/para a igreja, e o reconhecimento do cumprimento dos
princípios Batistas, evitariam, talvez, a condição cismática
do Cristianismo de hoje. Cristo prometeu que Sua igreja não
falharia e não cessaria. Todas as organizações das assim
chamadas igrejas repousam sobre a suposição de que Sua
promessa foi quebrada e que Sua igreja fracassou.

A doutrina da perpetuidade da igreja Batista tem sido sempre


uma doutrina ofensiva àqueles de outra fé e isso é muito
natural. Pois se pudermos mostrar que as igrejas Batistas são
as verdadeiras igrejas de Cristo, então as igrejas de outra fé,
imediatamente passam a ocupar a posição de rivais daquelas
que tenham origem divina. No entanto, não é apenas aqueles
de outra fé que acham essa doutrina ofensiva. Nesses dias
modernos de tolerância e falta de convicção, não é pouco
frequente que alguém descubra um Batista de tipo
“Unitariano” ou “Indiferente” que faz exceção1 a essa
doutrina bíblica.

Lembro que um Batista como esse ou de propensões


Pedobatistas2 uma vez me fez avaliar minhas visões sobre a

1
Desvio de uma regra ou de um padrão convencionalmente aceito. A
perpetuidade da igreja é considerada uma doutrina bíblica defendida
puramente pelos Batistas (Mateus 16:18).
2
Pedobatistas – Pedo, do grego pais, paidós, “crianças”+batismo. A
prática de aplicar o batismo às crianças.
perpetuidade da igreja, dizendo que poderia não ser provado
historicamente que as igrejas Batistas continuaram desde os
dias de Jesus até hoje. Com os dados históricos que chegaram
até mim frescos na mente, respondi que acreditava
totalmente que já foram produzidas provas históricas
suficientes para estabelecer isso. Então continuei dizendo
que a questão era mais bíblica do que histórica. “Se”, eu
disse, “eu só tivesse o meu Mestre para perpetuar Sua igreja,
isso seria o bastante para me fazer crer em sua existência
atual”.

Deus fez (uma vez) uma promessa surpreendente a Abraão,


cuja realização parecia impossível. Sobre a fé de Abraão,
Paulo diz: “E não duvidou da promessa de Deus por
incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a
Deus, e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido
também era poderoso para o fazer. Assim isso lhe foi
também imputado como justiça” (Romanos 4:20-22 -
ACF). Não deveríamos ter a fé de Abraão? Cristo prometeu
perpetuar Sua igreja. Não deveríamos ter fé para
acreditarmos que “Aquele que prometeu tem o poder de
cumprir a promessa?”

O SIGNIFICADO DE PERPETUIDADE

Ao lidar com a questão da perpetuidade da igreja, estou


ciente de que encontrarei, com toda a possibilidade, alguém
antagonista ao termo “perpetuidade”. Esse antagonismo foi
induzido pelo frequente mau uso na ligação com “sucessão”,
“continuidade” e “perpetuidade”. Como um autor coloca,
“há três palavras usadas quase indiscriminadamente na
discussão sobre a história da igreja, isto é: ‘sucessão’,
‘continuidade’ e ‘perpetuidade’. Nenhuma dessas palavras
expressam toda a ideia, mas cada uma delas é quase certa e
suficiente para uma discussão honesta”.
Considerando qual palavra eu deveria usar, finalmente decidi
usar a palavra perpetuidade como, talvez, a mais adequada
das três para meu propósito. Porém, por causa do mau
emprego da palavra perpetuidade tão usada, é aconselhável
definir, de início, o que ela significa e o que não significa,
segundo seu uso nas páginas seguintes.

Nenhuma sucessão ininterrupta de Bispos

Quando os Batistas afirmam a crença na perpetuidade de


suas igrejas, eles não querem dizer que possam traçar uma
inquebrável SUCESSÃO DE BISPOS, desde os dias dos
apóstolos ATÉ OS DIAS DE HOJE. A Igreja Católica
Romana baseia sua reivindicação da perpetuidade sobre a
alegada sucessão de bispos ou papas como os chamam.
Assim, encontramos o Cardeal Gibbons dizendo (A Fé de
Nossos Pais, p. 93) que “a Igreja Católica ensina também que
nosso Senhor conferiu a Pedro o primeiro lugar de honra e
jurisdição no governo de toda a Sua igreja e que a mesma
supremacia espiritual sempre residiu com os papas, ou bispos
de Roma, como os sucessores de Pedro. Consequentemente,
para serem verdadeiros seguidores de Cristo, todos os
Cristãos, seja entre o clero e entre o laicato, devem estar em
comunhão com o Senhor de Roma, onde Pedro governa na
pessoa do seu sucessor”.

Pode-se bem observar, nessa ligação, que o que os Católicos


reivindicam sobre perpetuidade falha por muitas razões.
Fazemos uma pausa para fazer uma menção límpida de
quatro delas. Primeiro, sua falta de bons fundamentos onde
basear sua reivindicação sobre a supremacia de
Roma. Segundo, a absoluta falta de prova, bíblica ou
histórica, de que Pedro tenha sido o primeiro papa. Terceiro,
o ensinamento claro do Novo Testamento que impede a ideia
de que Pedro teria ocupado o lugar de primazia, no sentido
de ser o vice gerente de Cristo e Chefe da igreja. Quarto, a
falta de cobertura de evidência histórica para provar que
Pedro tenha tido tanta importância em Roma e muito menos
o primeiro papa.

Nenhuma cadeia ininterrupta de batismos

Os Batistas não reivindicam a perpetuidade à base de uma


CADEIA DE BATISMOS sucessiva e inquebrável. Os
oponentes da perpetuidade Batista muitas vezes buscam
invalidar as afirmações Batistas dizendo que seria necessário
para eles estabelecer, além de qualquer dúvida, que não
houve, em tempo algum, uma quebra na cadeia de batismos,
antes de assumirem o direito de perpetuidade. Isso surge de
uma má concepção da posição Batista e do que
adequadamente se constitui a perpetuidade.

Não há uma cadeia de sucessão da Igreja

Os Batistas não querem a perpetuidade à base de uma cadeia


de IGREJAS que se sucedam umas às outras, no sentido em
que reis e papas se sucedam entre si. Dr. J. B. Moody coloca
essa verdade de modo muito hábil quando diz: “no sentido
em que papas e reis se sucedem uns aos outros, a palavra
(perpetuidade) não deve ser usada na história da igreja,
porque uma igreja não toma o lugar de outra. Às vezes uma
igreja morre como instituição e alguns dos membros podem
constituir outra no mesmo local ou em outro e assim, uma
pode suceder à outra. Mas isso dificilmente estaria envolvido
nessa discussão, exceto onde as igrejas possam ter sido
levadas de um lugar a outro, ou de um país a outro. A igreja
de Jerusalém se multiplicou em igrejas da Judéia, Samaria,
etc., mas não sucederam a igreja de Jerusalém, porque aquela
igreja não morreu, como quando reis e papas se sucedem uns
aos outros por morte. Essa ideia particular de suplantar, ou
tomar o lugar da outra, deve ser eliminada”.

Não é baseado no nome Batista

Os Batistas não reivindicam a perpetuidade à base do NOME


BATISTA. Eles não exigem que as igrejas chamadas pelo
nome Batista tenham existido em todas as épocas. Os
verdadeiros Batistas existiram sempre, mas foram chamados
muitas vezes por outros nomes. As igrejas do Novo
Testamento, como existiram através das eras normalmente
receberam seus nomes de seus inimigos e perseguidores. Os
nomes foram recebidos como termos de ódio e reprovação.
Mostraremos mais tarde que os crentes do Novo Testamento
se agruparam em igrejas do Novo Testamento aqui e ali,
deram-se diferentes nomes em diferentes épocas, como
Paulicianos, Bogomilos, Waldenses, Anabatistas, Cátaros,
etc., cada nome dado aos povos das igrejas do Novo
Testamento aqui mencionadas, embora espalhados por
perseguição, caçados e conduzidos a covis e cavernas da
terra e se ajustaram em pontos essenciais aos ensinamentos
do Novo Testamento e foram os progenitores dos modernos
Batistas.

O que, então, é entendido por perpetuidade segundo o


uso dos Batistas?

Não estarei errado por citar dois ou três Batistas bem


conhecidos que deram a esse assunto mais do que atenção
comum. Nos escritos de S. H. Ford, LL. D., de honrosa
memória, encontramos essas palavras: “a sucessão entre
Batistas não é uma cadeia interligada de igrejas ou
ministérios, não interrompidos e rastreáveis desde esse dia
distante. A verdadeira e defensável doutrina é que os crentes
batizados existiram em todas as épocas desde que João
batizava no Jordão, e se encontraram, como uma
congregação batizada em consenso e comunhão, onde uma
oportunidade permitia”.

Novamente, de W. A. Jarrell, D. D., autor de um livro muito


convincente sobre a perpetuidade da igreja, cito o seguinte:
“tudo que os Batistas entendem por ‘sucessão de igrejas’ ou
perpetuidade da igreja é que não passou um dia desde a
organização da primeira igreja do Novo Testamento, onde
nunca deixou de existir uma igreja genuína do Novo
Testamento na terra”.

Como está indicado nessas citações, os Batistas afirmam que


a primeira igreja do Novo Testamento organizada por Jesus
tinha essencialmente as mesmas doutrinas e práticas das
igrejas Batistas de hoje. Eles afirmam que nunca houve um
dia, desde que Jesus iniciou a primeira, quando essas igrejas
não existiam, para levar o verdadeiro testemunho Dele. Eles
afirmam que há prova histórica suficiente para demonstrar
que as igrejas Batistas de hoje têm ligação histórica direta
com as igrejas dos tempos apostólicos. Eles acreditam que à
medida que o tempo passa e outras investigações são feitas
no campo da igreja, a prova de sua continuidade se tornará
tão irresistível que nenhum respeitável historiador da igreja
poderá racionalmente negá-lo. Eles não apenas defendem a
autoridade da Palavra de Deus e a confiável história que as
igrejas do Novo Testamento seriam o que seria chamado de
igrejas Batistas de hoje, e que os Batistas são os descendentes
históricos das mesmas igrejas do Novo Testamento, mas
também acreditam e defendem que as igrejas Batistas
continuarão a existir até que o Mestre venha novamente a
esta terra.
“O Protestantismo tem uma ideia confusa da origem da
igreja. Alguns dizem que ela começou com Abraão e outros
nos contam que iniciou no dia de Pentecostes após a
ressurreição de nosso Senhor. Não há absolutamente
qualquer centelha de evidência na Bíblia ou fora dela de que
a igreja tenha sido fundada ou tenha começado em
Pentecostes. Se os que querem Pentecostes como a data de
aniversário da igreja, procurarão os registros e descobrirão
que qualquer igreja nascida naquele dia ou após, está
atrasada para receber qualquer Comissão do Senhor.
Consequentemente, escritural e logicamente, qualquer igreja
nascida em Pentecostes ou num dia posterior não tem a
Comissão do nosso Senhor para fazer qualquer coisa e deve
ser uma instituição humana e não divina”.
J. T. Moore, em “Por Que Eu Sou Batista”.
II. Jesus Fundou a Igreja? Se
Sim, Quando?
A crença Batista na perpetuidade de suas igrejas envolve
várias questões. As respostas corretas a essas questões
produzirão o pavimento do método para um exame adequado
de suas afirmações. Entre as questões mais importantes estão
as seguintes:

1. Jesus fundou a Igreja?


2. Se o fez, quando?
3. Que tipo de Igreja era?
4. Ele prometeu sua perpetuidade?

Jesus fundou a Igreja?

O fato de Jesus ter fundado a Igreja está tão bem


estabelecido, que parece quase supérfluo para nós gastar
tempo considerando a primeira questão proposta acima. Mas
talvez não seja impróprio gastarmos alguns momentos nessa
pergunta, pois deveremos encontrar aqui e ali aqueles que
abertamente ou por implicação neguem que Jesus tenha
fundado uma Igreja.

É uma coisa comum nas críticas destrutivas de nossos dias


tentar indispor Jesus e Paulo, um contra o outro, e tentar
mostrar que Jesus nunca teve em mente a fundação de uma
igreja. Essas críticas nos levariam a crer que os discípulos,
particularmente Paulo, impingiram a igreja ao mundo sem a
divina garantia. Na substância, essa é a reclamação de que
eles substituíram uma igreja de sua própria visão pelo
pensamento e propósito do Reino de Jesus.
Há algumas denominações que abraçam a teoria que
praticamente nega que Jesus tenha fundado a Igreja. Eles
antecipam a afirmação que a igreja existia nos tempos do
Antigo Testamento e que a igreja ou os tempos do Novo
Testamento e do presente sejam meramente uma continuação
da igreja que já existia de qualquer modo desde os dias do
início de Israel. Os que defendem tal teoria não veem
qualquer diferença essencial entre a economia do Antigo
Testamento e do Novo, mas defendem que o batismo surgiu
para ocupar o mesmo lugar na igreja do presente que a
circuncisão ocupava na “igreja” de Israel. Essa teoria nega
claramente, por implicação, que Jesus tenha fundado uma
igreja. Pois é evidente que Ele não teria fundado a igreja se
ela já existisse no tempo de Sua vinda.

Para aqueles que acreditam que o Novo Testamento é a


Palavra de Deus inspirada, a questão “Jesus fundou uma
Igreja?” está, de uma vez por todas, respondida na afirmativa
de Mateus 16: 18, em que o próprio Jesus afirmou: “Eu
..edificarei [construirei] a minha Igreja” (ACF). Os
Evangelhos registram a menção de Jesus sobre a igreja pelo
menos duas vezes e isso não é assunto de um momento
apenas, à vista do fato que, após Sua Ascensão e
Glorificação, segundo registrado no Apocalipse,
encontramos Ele falando da igreja várias vezes. E, de fato, se
o Senhor só tivesse mencionado a igreja uma única vez, seria
suficiente pela validade de Sua promessa. Uma afirmação
feita uma única vez pode ser bastante verdadeira se a pessoa
a reiterar mil vezes.

O Ponto é: Jesus disse que Ele construiria Sua Igreja. Um


pouco mais tarde Ele fala aos discípulos sobre uma questão
que deveria ser considerada antes da igreja sobre sua
disciplina. Em Suas Palavras, Ele claramente indica que a
igreja então já existe. Então temos Sua promessa da igreja. A
implicação clara em Suas próprias palavras do cumprimento
daquela promessa. O Novo Testamento relata sobre a igreja
desde seu início por muitos anos e o testemunho da história
mostra, com efeito, que a igreja de Cristo é uma instituição
que existe somente desde o tempo de Cristo.

Se as palavras de Cristo em Mateus 16:18 significa alguma


coisa, elas devem significar que a instituição que Ele
prometeu era separada e distinta de qualquer instituição que
antes teria existido no mundo, ou teria existido naquele
tempo. Mostraremos agora que os discípulos já estavam
profundamente familiarizados com a palavra “ekklesia” ou
“igreja” e seu significado. Mas Jesus indicou muito
claramente que a instituição que Ele propôs seria uma nova
igreja, distinta e a ser distinguida de todas as
outras “ekklesias” porque seria SUA Igreja, construída sobre
fundações inteiramente diferentes do que
uma ekklesia existente naquele tempo.

Tendo determinado pelo Novo Testamento que Jesus


começou uma igreja, vamos voltar a uma breve consideração
sobre a questão seguinte:

Quando Jesus começou Sua Igreja?

Esta se torna uma importante questão, em vista dos


ensinamentos heréticos tão disseminados em nossos dias.
Várias heresias muito perigosas surgiram da teoria de que a
igreja teria iniciado nos dias de Pentecostes. Uma delas é a
teoria da “Igreja Invisível”, que usa de modo pesado a
suposição Pentecostal. Então há a teoria tão amplamente
promulgada por Dr. C. I. Scofield, Dr. James M. Gray do
Instituto Bíblico Moody e outras, que a igreja foi formada no
dia de Pentecostes pelo batismo do Espírito Santo e que cada
crente se torna um membro da Igreja universal da mesma
forma, por ter sido batizado pelo Espírito Santo.

Esta é realmente uma teoria muito absurda. Ela se baseia


principalmente sobre uma perversão de I Coríntios 12:13 e
um exame do contexto da escritura é fatal para essa teoria.
Dr. Scofield (em Síntese da Verdade Bíblica, p. 42) diz
claramente sobre a igreja: “o corpo não podia começar a
existir antes da exaltação de Cristo e a descida do Santo
Espírito”. Ele também vai longe dizendo que uma igreja
antes da morte de Cristo seria uma igreja sem redenção. Isso
é como dizer que nenhum dos discípulos foram salvos antes
de Pentecostes!

Aqueles que não têm vontade de admitir a perpetuidade


Batista lutam desesperadamente para mostrar que a igreja
não existia antes de Pentecostes. Nada mais ajusta sua teoria
de uma igreja “invisível”.

Quais são, então, os fatos? Quando a igreja começou? Não


usarei espaço para entrar em detalhes, mas colocarei a
resposta em uma frase: foi do material preparado por João o
Batista que Jesus organizou e fundou Sua igreja durante os
dias de Seu ministério pessoal aqui na terra.

Nessa crença não estou só. O Dr. L. R. Scarborough,


presidente de um dos maiores seminários teológicos no
mundo, num artigo recente sobre o Padrão batista é citado
dizendo: “é certamente verdade que Cristo em seu próprio
ministério pessoal estabeleceu Sua igreja”.

Um longo capítulo poderia ser escrito para provar minha


afirmação, mas devo me restringir a algumas razões. Deixe-
me perguntar se eles já não teriam todas as coisas essenciais
necessárias a uma igreja antes de Pentecostes? Vejamos:
1. Eles tinham o Evangelho (Marcos 1:1).
2. Eles eram crentes batizados. Os apóstolos foram
discípulos de João, tendo sido batizados por ele (Atos 1:22)
Sobre o batismo de João, sabemos que ele veio do céu (João
1:33).
3. Eles tinham uma organização. Tinham até um tesoureiro,
embora tenha se tornado desonesto.
4. Eles tinham o mesmo chefe que a igreja de hoje tem:
Cristo.
5. Eles tinham a ordenança do batismo.
6. Eles tinham a ordenança da Ceia do Senhor.
7. Eles tinham a Grande Comissão.
8. Eles se reuniam como igreja para orar, antes de
Pentecostes.
9. Além disso, eles tiveram uma reunião de equipe e
selecionaram alguém para substituir Judas.

Numa tentativa de desacreditar essa ação da igreja, Dr.


Scofield (notas da Bíblia Scofield) afirma que os discípulos
erraram ao fazer isso. Ele afirma que Deus ignorou sua
escolha chamando Paulo mais tarde para esse lugar e afirma
que não encontramos menção de Matias no Novo
Testamento. Nisso ele capta uma aspersão não confirmada
sobre a igreja do Novo Testamento. Além disso, sua
afirmação sobre Matias não é verdade pelas Escrituras, pois
num capítulo posterior (Atos 6:2-6), o Espírito Santo
reconhece Matias como um apóstolo mencionando-o como
um dos doze. Dr. Scofield procura ajustar o incidente da
seleção de Matias com sua teoria de que a igreja começara
no dia de Pentecostes e seu esforço somente revela como os
homens podem ir longe para sustentar uma teoria.

Novamente se mostra que a igreja existia antes de


Pentecostes, pois sabemos nitidamente que Cristo cantou
louvores no meio da igreja. Hebreus 2:12 diz: “Dizendo:
Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei
louvores no meio da congregação” (ACF). Essa passagem
é citada pelo inspirado autor de Hebreus, a partir do Salmo
22. A que incidente da vida de Cristo ele se refere? Em que
ocasião Ele cantou louvores no meio da igreja? Volte a
Marcos 14:26 e você encontrará a ocasião mencionada. Ela
estava seguindo a instituição da ordenança ou a Ceia do
Senhor que Jesus, no meio de Sua pequena igreja,
compartilhou com eles cantando um hino. Cristo cantando
um hino no meio da igreja antes de Pentecostes transmite,
sem dizer, que a igreja existia antes daquele tempo.

A ingenuidade exegética foi extraída para dar à passagem


acima citada outro significado, mas permanece o fato que a
interpretação que indiquei é a mais simples e a mais natural.

E novamente a igreja existia antes de Pentecostes,


claramente mostrado em Atos 2:41, onde lemos que, no dia
de Pentecostes “De sorte que foram batizados os que de
bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia
agregaram-se quase três mil almas” (ACF). Já que eram
crentes acrescentados pelo batismo, é bastante evidente que
aonde eles foram acrescentados foi à igreja. Se eu dissesse a
um amigo que recentemente eu acrescentei duzentos reais à
minha conta, ele entenderia a implicação de que eu tinha uma
conta anterior no banco antes do momento de depositar os
duzentos reais.

Uma igreja já necessariamente existia no dia de Pentecostes,


ou não haveria como “acrescentar”. É inútil argumentar que
os três mil foram meramente acrescentados às fileiras de
crentes e não à igreja, pois a mesma linguagem é utilizada no
versículo 47, onde lemos: “louvando a Deus, e caindo na
graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor
à igreja aqueles que se haviam de salvar” (ACF). Ninguém
negará que “eles, no versículo 47, se refere à igreja. De fato,
a Versão Autorizada traduz “igreja” ao invés de “eles”. O
versículo 47 indica a existência de uma igreja mais forte que
o versículo 41? De fato, não. Só aqueles em grave desespero
para manter uma teoria negariam que os três mil batizados
em Pentecostes foram acrescentados a uma igreja que já
existia, pois é isto que a linguagem leva irresistivelmente
alguém a concluir.

Novamente, leiamos as próprias palavras do Mestre,


conforme registradas em Mateus 18:17: “E, se não as
escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja,
considera-o como um gentio e publicano” (ACF). O
contexto mostra que essas palavras foram dirigidas a Seus
discípulos. Suas palavras levariam alguém a crer que eles
constituíam Sua igreja em seu estágio incipiente. De fato, a
crença que os próprios apóstolos tenham sido os primeiros
membros da igreja está de exato acordo com I Coríntios
12:28, onde lemos: “E a uns pôs Deus na igreja,
PRIMEIRAMENTE apóstolos, em segundo lugar profetas,
em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de
curar, socorros, governos, variedades de línguas” (ACF).

Pode-se especular e teorizar sobre Mateus 18:17 como


quiserem, mas ainda permanece não racional acreditar que
Jesus se referia a algo que os discípulos não entendiam ou
que não existisse. Àqueles que aceitam essa passagem com
seu valor nominal, parece conclusivo que a igreja já existia
no tempo em que Jesus proferiu essas palavras.

Observemos, também, que se a igreja não existisse antes de


Pentecostes, então a Grande Comissão só teria sido dada aos
discípulos como indivíduos, consequentemente não
atingindo a igreja. Sem querer conceber uma igreja antes de
Pentecostes, Dr. C. I. Scofield assume essa posição. Em sua
obra “Síntese da Verdade Bíblica” (p. 431), ele diz: “a igreja
visível não está encarregada de qualquer missão – a comissão
para evangelizar – a palavra é pessoal e não corporativa”. Se
essa teoria é verdadeira, então a Grande Comissão estava sob
a responsabilidade só dos apóstolos e, quando morreram, a
obrigação não foi passada a ninguém. Essa visão é tão
absurda quanto não escritural.

Não. Jesus deu a Comissão a Seus discípulos como


competência corporativa. Ele a entregou a eles como igreja.
Ele encarregou Sua igreja da tarefa de evangelização. Ele
encarregou Sua igreja do dever de batizar e ensinar. E
sabendo todas as coisas, Ele sabia que Sua igreja teria a
continuidade essencial para realizar Suas ordens.

Da mesma forma, observemos que, a menos que a igreja


existisse antes de Pentecostes, a Ceia do Senhor não seria
uma ordenança da igreja. Se Ele a deu só a indivíduos,
quando eles morreram, a ordenança morreu com eles. Não
podemos acreditar nisso, à luz do relato de Paulo da
instituição da Ceia, como dada em I Coríntios 11:26. Aqui,
conforme o relato dado, Jesus claramente implicou que essa
ordenança memorial deverá ser observada “...até que
venha” (ACF).

E obviamente, se Jesus deu a Ceia Memorial à Sua igreja,


essa igreja devia estar existindo no tempo em que Ele a deu.
Aquele momento precedeu Pentecostes!

Fecho este capítulo citando Dr. Scarborough, no artigo antes


mencionado. Ele resume admiravelmente os fatos sobre a
fundação de Cristo de Sua igreja, nessas palavras:

“Quando Ele ascendeu aos céus, Ele deixou à igreja alguns


dos seus oficiais, os apóstolos, não para serem permanentes,
por certo. Deixou sua fundação da fé, suas leis de vida, suas
ordenanças, sua Comissão, sua grande tarefa mundial, os
termos e condições de admissão, o novo nascimento,
baseado no arrependimento e na fé em Cristo. Ele deixou à
igreja Seu grande tema dinâmico central e o poder de Jesus
crucificado, enterrado, ressurreto e Sua volta. Ele lhe deu a
promessa do Santo Espírito. Após Sua ascensão, essa unida
e crescente organização corporativa chamou e indicou
oficiais para tomarem o lugar de Judas – Atos 1:15-26. Este
foi o ato da igreja. Então, no primeiro capítulo de Atos,
encontramos Sua igreja bem organizada, já estabelecida sob
o ministério pessoal de Cristo e por Ele já encarregada da
tarefa do evangelismo. E, através do Espírito Santo, ocorreu
sua primeira grande reunião. Então, em Atos, no sexto
capítulo, encontramos a organização completa pelo
acréscimo dos diáconos. Assim ela tem dois conjuntos de
oficiais: pastores e diáconos, duas ordenanças: batismo e
Ceia, uma forma democrática de organização, como foi
mostrada na eleição de Matias para ocupar o lugar de Judas
e a eleição de diáconos. A própria igreja era a autoridade
sobre suas reuniões.

Assim podemos ver que no decorrer do tempo o próprio


Jesus organizou Sua igreja e, sob a direção do divino
Espírito Santo, os diáconos foram acrescentados à
organização após Pentecostes. Podemos nos mais altos
sentidos afirmar que Cristo foi o organizador de Sua igreja
e autoridade e poder centrais.
“Jesse B. Thomas, em seu grande livro ‘A Igreja e o
Reino’ estabeleceu para sempre a questão que a igreja
enfatizada no Novo Testamento não é a igreja invisível
universal, mas um corpo local visível”. Haverá muitos dias
antes que um homem inteligente possa até mesmo tentar
responder a esse livro e ninguém realmente conseguirá fazê-
lo”.
T.T Martin, em “A Igreja do Novo Testamento”.

“Não fui capaz de conseguir, após cinquenta anos de estudo


da Bíblia, uma concepção da igreja como um grande
eclesiasticismo nacional ou internacional, abraçando todo o
Cristianismo em todas as eras e países. Em minha mente não
pode haver nada assim. A igreja invisível universal é para
mim um absurdo. Nada, como eu entendo, se parece com
uma igreja, exceto um corpo local, autogovernado de pessoas
professamentes regeneradas, organizadas conforme o Novo
Testamento e agindo de acordo com a autoridade de Jesus
Cristo, conforme ensinado e praticado por Seus inspirados
apóstolos e autores”.
J. Calla Midyett, em “Registros do Oeste”.
III. O Tipo De Igreja Que Jesus
Construiu
Vimos que Jesus estabeleceu uma igreja e determinou, a
partir do registro do Novo Testamento que Ele o fez durante
o período de Seu ministério pessoal na terra. Cabe a nós
agora considerarmos a terceira questão:

Que tipo de igreja Jesus fundou?

O que Ele quis dizer quando afirmou: “Eu ...edificarei


[construirei] a minha Igreja?” (ACF). Se todas as pessoas
aceitassem o Novo Testamento sem tendenciosidade,
preconceito ou noções e teorias preconcebidas, não haveria a
necessidade de quaisquer diferenças de opinião quanto a
isso. Infelizmente nem todos querem que o Novo Testamento
possa significar o que diz. O significado claro de “ekklesia”
que Cristo usou para designar Sua nova instituição, não se
ajusta à teoria da igreja de alguns, então essas pessoas
cunharam um novo significado para a palavra. Dessa forma,
usando a palavra ekklesia num sentido não garantido, elas
inventaram outra “Igreja” diferente daquela que Jesus
estabeleceu.

Roma, para justificar sua teoria, subestimou a diferença feita


pelas Escrituras entre igreja e Reino e procura identificar a
igreja que Jesus fundou, com a organização hierárquica que
hoje conhecemos como Igreja Católica Romana. No
pensamento católico, a “Igreja” é o Reino de Deus visível na
terra e com ele não há igrejas, corpos separados, locais,
independentes, mas um grande corpo, envolvendo todos,
uma organização mundial, sob o domínio e controle papal.
Da mesma forma, encontramos o Cardeal Gibbons dizendo
(em Fé dos Nossos Pais, p. 6): “A Igreja é chamada de
Reino”. Em seguida ele continua mostrando que os membros
da Igreja Católica, embora muitos sejam, para usar suas
próprias palavras, “todos unidos a um Chefe supremo
visível, a quem devem obedecer”.

Não preciso aqui tomar tempo para discutir a diferença entre


igreja e Reino. Essa diferença é claramente expressa no Novo
Testamento, como mostrarei no próximo capítulo.

As teorias defendidas por várias denominações Protestantes


(deve-se ter em mente que os Batistas não são Protestantes)
são um pouco diferentes das dos Católicos. Algumas dessas
denominações, com os Católicos, repetem o Credo dos
Apóstolos e afirmam a crença na “Santa Igreja Católica”,
mas ao mesmo tempo dão às palavras um diferente
significado. Os Protestantes concebem como desnecessário
que Jesus tenha fundado e estabelecido uma igreja. E eles
reconheceram o fato de que se essa igreja fosse um corpo
local, visível, eles não poderiam ser membros da verdadeira
igreja, a fundada por Jesus, já que as organizações a que
pertencem, sem exceção, foram originadas há centenas de
anos depois, desde que Cristo estabeleceu Sua igreja.

Nessa situação, só duas coisas restam a fazer: admitir


francamente sua organização como não escritural e rival da
igreja de Cristo ou ainda idealizar alguma teoria que
justifique sua existência denominacional separada e que
ainda lhes permita ocupar um lugar na ekklesia de Cristo. A
última alternativa é a única normalmente escolhida, pois tem
havido muitas teorias. Uma dessas é às vezes chamada de
teoria do “ramo da igreja”. É a teoria que todas as várias
igrejas Protestantes são somente “ramos” da verdadeira
igreja. Ela envolve a ideia de que todos são chefiados pelo
mesmo local, todas são parte e parcela da mesma coisa, a
Igreja de Cristo.

Porém, essa teoria de igreja “ramo” produz imediatamente a


embaraçosa questão de identificar o tronco da árvore igreja à
qual as denominações “ramos” pertencem. Eu uso a palavra
“embaraçosa”, e realmente é embaraçosa, à luz do fato
histórico de que todas as grandes denominações Protestantes
(lembrem-se novamente que os Batistas não são
Protestantes) “se desligaram” direta ou indiretamente da
Igreja Católica.

Da teoria acima mencionada Dr. R. L. Baker diz habilmente:


“A teoria da igreja ramo tem um grande lugar no pensamento
popular. É indefensável, não escritural e até impensável.
Plante uma melancia e deixe seus ramos se desenvolverem
em várias direções; em um ramo cresce uma abóbora, em
outro um melão, em outro um limão e assim por diante até
termos os vários ramos todos cobertos por uma mistura
[Protestantes] de melões. Quem diria que isso não seria uma
loucura da natureza, uma real monstruosidade? Porém esse é
o raciocínio mediano de hoje, entre o povo da teoria dos
ramos. Digam isso à igreja e ela dificilmente funcionaria
nessa maravilhosa monstruosidade”.

Mas a teoria mais comumente confiável, por aqueles que


pertencem a instituições apócrifas e não querem admitir a
verdade das afirmações Batistas, é a teoria da Igreja
Universal e Invisível. Essa teoria, que usa truques exegéticos
e emprega argumentos capciosos e minimiza a importância
das verdadeiras igrejas de Cristo, é uma teoria que foi e tem
sido uma maldição à causa de Cristo. É uma das mais
difundidas e nocivas heresias de nossos dias e ainda, estranho
dizer, sem fundamento e contrária ao senso comum, ao ser
submetida a rígido escrutínio. A teoria tem variações, mas na
essência, seus defensores mantêm que a igreja mencionada
em Mateus 16:18, aquela que Jesus disse que iria construir,
não era a assembleia local, mas consistia de todos os crentes
de cada igreja (ou de nenhuma igreja, se for o caso) de todos
os lugares. Segundo essa visão, alguém se torna um membro
dessa igreja automaticamente (quando se torna Cristão).

Para crer nisso, precisa-se acreditar que existe hoje duas


igrejas lado a lado: uma local e visível, consistindo de
homens e mulheres organizados para realizar as ordenanças
de Cristo e a outra, invisível e não encarregada de qualquer
trabalho ou missão. Além disso, isso envolve que essas
igrejas tenham uma membresia diferente, já que alguns
presumivelmente pertencem à Igreja universal, invisível que
nunca se reuniu com o corpo local e visível. Não apenas isso,
também torna Cristo o autor das duas igrejas, a menos que
neguemos totalmente que Ele seja o Fundador e Chefe da
igreja local visível.

Deveria estar claro a todos que há muita coisa envolvida no


significado de Mateus 16:18 e na resposta correta à questão
“Que Tipo de Igreja Jesus Construiu?” Se a igreja que Jesus
prometeu fosse “universal e invisível”, a afirmação Batista
da perpetuidade seria absurda e o produto de uma duvidosa
arrogância. Sendo isso verdade, a afirmação Batista à
perpetuidade da igreja permanece ou cai segundo o
significado de ekklesia em Mateus 16:18 e outras passagens
do Novo Testamento.

Após cuidadoso estudo de todas as passagens em que a


palavra ekklesia ocorre no Novo Testamento e na
Septuaginta e, após examinar para determinar o uso da
palavra no grego clássico, eu submeti a proposta de que a
igreja que Jesus fundou era a assembleia local, e que usar a
palavra ekklesia para designar uma Igreja “universal” ou
“invisível” é perverter seu significado e cometer um erro
sério.

Percebo totalmente que simplesmente fazer a afirmação rasa


registrada acima não é o bastante. Claro, é necessário provar.
Mas acredito que uma prova ampla possa ser produzida para
satisfazer qualquer mente aberta à verdade.

Razões para Acreditar em uma Assembleia Local

Já que a validade da crença Batista na perpetuidade de suas


igrejas se articula com o tipo de igreja que Jesus estabeleceu,
parece aconselhável lidar com a questão, e até certo ponto
com detalhes. Creio que o leitor me perdoará se pareço gastar
um tempo indevido com este ponto. É porque a questão do
tipo de igreja que Jesus fundou é absolutamente fundamental
à discussão sobre a perpetuidade da igreja. Se a igreja que
Jesus estabeleceu fosse uma assembleia local, as igrejas que
tiveram uma continuidade de existência desde os dias de
Jesus, seriam simplesmente inatacáveis. Tenho várias razões
a oferecer sobre por que acredito que a igreja fundada por
Jesus seja uma assembleia local e visível.

1. O Significado da Palavra Ekklesia

Minha primeira razão é que o significado da palavra


“ekklesia” usada em Mateus 16:18 leva irresistivelmente a
pessoa a crer no sentido de assembleia local. De fato, a
localidade está inserida dentro da palavra, assim sendo
realmente impróprio qualquer pessoa falar de assembleia
“local” ou “visível”, já que o único tipo de assembleia que
pode existir é local e visível. Neste livro eu só uso os termos
“local” e “visível” por causa da falha da parte de muitos em
reconhecer a verdade, que não pode haver ekklesia ou
assembleia em qualquer lugar, sem um lugar para se reunir.
Utilizando esses termos tão comumente usados, espero ser
mais bem compreendido, embora perceba que fazê-lo
significa usar mais tautologia.

O argumento mais forte contra a “teoria universal, invisível”


é o correto entendimento do significado da
palavra ekklesia ou igreja. De fato, fazer um estudo da
palavra à luz do seu uso no tempo de Cristo e anterior é ver
quão impossível e absurdo é a crença numa “Igreja Universal
e Invisível”. Usar a palavra, conforme usada por Jesus em
Mateus 16:18, se referindo a outra e não à assembleia local,
é anexar um significado à palavra totalmente estranha à sua
natureza e completamente fora de harmonia com seu uso
comum. Vamos considerar brevemente a palavra em relação
a seu significado no uso clássico e no Novo Testamento.

A palavra ekklesia, tornada “igreja” nas versões inglesas,


não era uma palavra nova cunhada por Jesus, mas uma
palavra já de uso corrente naquele tempo e, além disso, uma
palavra cujo significado se tornou definitivamente fixo e
estabelecido. Sendo esse o caso, pareceria altamente
improvável que Jesus, falando aos discípulos, usaria a
palavra em certo sentido geral, estranho ao seu atual uso e
isso sem uma única palavra de explicação. Como colocou
certo autor, “seria ingenuidade um professor, sem uma
palavra de explicação, usar palavras a seus alunos com um
sentido completamente diferente daquele que eles possam
entender”.

Dr. Jesse B. Thomas diz em seu livro “A Igreja e o Reino”:


“nenhuma dificuldade como essa responde à construção da
linguagem. Ela simplesmente supõe que nosso Senhor,
consistente Consigo mesmo e com os usos comuns do
discurso, supondo que Aquele a quem ‘o povo comum ouvia
com alegria’ não usaria sempre palavras num sentido
estranho que deixaria inevitavelmente perplexo e mal
conduzido o homem comum”. O que, então, perguntamos, a
palavra significa como é entendida pelas pessoas daqueles
dias?

Diz o Dr. Geo. W. McDaniel (As Igrejas do Novo


Testamento): “tanto para gregos quanto para judeus, a
palavra denotava uma assembleia de pessoas. Entre os
gregos, ekklesia era a assembleia de cidadãos de uma cidade-
estado livre, ali levados por um arauto tocando um chifre
pelas ruas de uma cidade”.

Dr. Thomas diz em outro lugar: “era a assembleia organizada


de votantes autorizados de uma comunidade local, reunidos
para resolver questões de interesse comum. Correspondia à
reunião da cidade da Nova Inglaterra dos últimos dias”.

Liddell e Scott (Léxico Grego) definem assim a


palavra ekklesia: “uma assembleia de cidadãos convocados
pelo apregoador, ou a assembleia legislativa”.

Novamente Dr. B. H. Carroll diz: “seu significado primário


é: uma assembleia organizada, cujos membros foram
adequadamente chamados de/em seus lares para o trabalho
de atender a negócios públicos. Essa definição implica
necessariamente em condições prescritas de membresia.
Esse significado se aplica substancialmente da mesma forma
que para ekklesia de um Estado grego autogovernado (Atos
19:39) a ekklesia no Velho Testamento ou à convocação da
nação de Israel (Atos 7:38) e a ekklesia do Novo Testamento.
Quando nosso Senhor diz: ‘sobre esta pedra [Rocha]
edificarei [construirei] a minha ecclesia [igreja],’ enquanto
o ‘Minha’ distinguiu de Sua ekklesia, da ekklesia do Estado
grego e da ekklesia do Velho Testamento, a própria palavra
naturalmente retém seu significado comum”. (Ekklesia: a
Igreja).

Portanto, já que ekklesia, em seu significado aceito traz


consigo a ideia de localidade e organização, fazer referência
à assim chamada igreja “universal, invisível”, não possuindo
nem localidade nem organização, é violentar a palavra e usá-
la com um sentido puramente arbitrário.

“Mas”, alguém contradiria, “o uso real de ekklesia em certas


passagens do Novo Testamento não indicaria um uso mais
amplo que designar uma assembleia local organizada?”
Como resposta, pode-se dizer que no uso Cristão do termo
havia três ideias: uma instituição, uma congregação
específica e os redimidos de todos os tempos considerados à
luz de uma igreja em projeto. Em cada caso onde a palavra
for usada não há nada que argumente contra o uso geral.

Para detalhar: a palavra é usada quatorze vezes denotando


uma instituição. Quando usada dessa forma, ela é, segundo
Dr. Carroll, usada em sentido abstrato ou genérico.
“Seguem”, ele diz, “as leis da linguagem que governam o uso
das palavras. Por exemplo: se um funcionário de Estado
inglês, se referindo ao direito de cada indivíduo de ser
examinado por seus pares, diria: ‘sobre esta rocha a
Inglaterra construirá seu júri e todo o poder da tirania não
prevalecerá contra ela’, ele usa o termo júri no sentido
abstrato, isto é, no sentido de uma instituição. Mas quando
essa instituição encontra expressão concreta ou se torna
operacional, é sempre um júri de doze homens e nunca um
ajuntamento de todos os júris em um grande júri”.

Então ele cita Mateus 16:18 como um exemplo do uso


abstrato de ekklesia. Ele cita Mateus 16:17 como um
exemplo do uso genérico da palavra. Então ele acrescenta
essas palavras: “Quando o abstrato ou genérico encontra uma
expressão concreta ou assume uma forma operacional é
sempre uma assembleia particular”.

Para nós é permissível usar a palavra “igreja” de modo


abstrato, como Jesus fez ao denotar a instituição que Ele
fundou. Mas, como Dr. Carroll indica, quando começamos a
particularizar, devemos, segundo as verdadeiras leis da
linguagem, nos referir a uma assembleia particular de crentes
batizados em Cristo. Assim podemos ver que o uso abstrato
ou genérico da palavra não tem, no fundo, diferença de
significado do seu uso para denotar uma assembleia
particular. E é para denotar um corpo local particular de
crentes que a palavra é mais usada. De fato, em conta real,
noventa e três vezes em pouco mais de cem vezes que a
palavra ocorre no uso Cristão.

E agora vamos à Terceira ideia contida no uso Cristão


de ekklesia, isto é, seu uso para denotar os redimidos de
todos os tempos, considerados à luz de uma igreja projetada.
No mínimo duas passagens parecem usar ekklesia nesse
sentido e essas duas de modo algum militam contra o uso
geral, já que essa é uma assembleia que existe só na proposta.
Dr. Carroll afirma todo o caso de forma bem clara nesse
livreto, assim:

“Essa ekklesia [redimidos de todos os tempos] é projeto e


não real. Para dizer, não há nada agora além do que será uma
assembleia geral do povo de Deus. Essa assembleia geral
será composta de todos os redimidos de todos os tempos.
Aqui há três fatos indisputáveis e muito significativos sobre
a assembleia geral de Cristo: primeiro, muitos dos seus
membros adequadamente chamados agora estão no Céu.
Segundo, muitos outros entre eles, também chamados, estão
aqui na terra. Terceiro: milhões indefinidos dentre eles,
provavelmente a grande maioria, ainda a serem chamados,
não estão nem na terra nem no céu, porque ainda não
nasceram e, portanto, não existem. Então, se uma parte da
membresia está agora no Céu, outra parte ainda não nascida,
aqui estão como não reunidas em assembleia, exceto em
projeto. Podemos, porém, falar corretamente agora sobre a
assembleia, porque, embora parte dela ainda não exista e,
embora não tenha havido uma reunião das outras duas partes,
a mente ainda pode conceber esse ajuntamento como um fato
realizado. Nos planos e propósitos de Deus, a assembleia
geral existe agora e também em nossas concepções e
antecipações, mas certamente não como um fato”.

Citei Dr. Carroll até certo ponto na íntegra porque esse


livreto é um dos exames mais saudáveis, mais cuidadosos e
didáticos da igreja do Novo Testamento que já foi escrito.
Muitos homens estudiosos concordam plenamente com sua
posição aqui delineada. Por exemplo, Dr. J. G. Bow, em sua
obra “Em Que os Batistas Acreditam” escreve: “A
assembleia geral e a igreja dos primeiros nascidos – essa
última será evidentemente local quando eles tiverem se
reunido”.

2. O Uso da Palavra por Cristo

Uma segunda razão segundo Mateus 16:18 se referindo à


assembleia local e não à “Igreja Universal”, é que o uso do
próprio Cristo da palavra nos proíbe de acreditar que Ele
tenha significado algo mais. Suponha que alguém ouça um
palestrante usar certo termo, cujo significado pareça
duvidoso. Mais tarde, em sua fala, o palestrante usa a mesma
palavra, no mínimo certo tempo depois e de modo
perfeitamente claro em relação ao significado. Seria
inteligente julgar que ele quis dizer algo totalmente diferente
no seu primeiro uso da palavra das vinte vezes que ele usou
depois? Ou seria parte do senso comum interpretar o
significado ligado ao primeiro uso do termo, à luz do seu uso
subsequente? Essa ilustração expõe a exata situação em
relação à interpretação de Mateus 16:18.

Por razões de argumentação, vamos dizer que estejamos em


dúvida sobre o que Cristo quis dizer por “igreja” na
passagem acima mencionada, a primeira em que o termo
ocorreu. Vejamos em outros lugares em que Ele usa a palavra
e vejamos o que Ele queria dizer lá. Encontramos em
seguida, após cuidadosa pesquisa, que Ele usou a
palavra ekklesia ou igreja vinte e uma vezes. Seguindo o
primeiro lugar em que Igreja é mencionada, encontramos que
o próximo e último lugar em que igreja é mencionada nos
Evangelhos, em Mateus 18:17, onde Jesus diz: “Dize-o à
igreja; e, se também não escutar a
igreja...” (ACF). Afirmar que Jesus está falando aqui de uma
“Igreja Universal Invisível” seria mergulhar no absurdo, já
que seria impossível para um membro da igreja levar um
assunto diante de uma “Igreja Universal Invisível”,
desorganizada, não possuindo localidade. Jesus claramente
mencionou uma assembleia local. Nada mais se ajustaria a
esse caso.

Os outros exemplos em que Cristo usou a


palavra ekklesia estão em Apocalipse. Exemplos estão a
seguir: “Escreve ao anjo da igreja de Éfeso.” “Ouça o que
o Espírito diz às igrejas:” “As sete igrejas” (ACF), etc. Com
referência ao último exemplo, Sir William Ramsey, um
estudioso de renome mundial, afirma que as sete igrejas
mencionadas eram igrejas reais, locais, que existiam naquele
tempo. Em cada uma das vinte e uma vezes que Jesus
usou ekklesia, subsequente à sua menção registrada em
Mateus 16:18, Ele se referiu clara e indubitavelmente à
assembleia local.
Como observa Dr. T. T. Eaton, comentando essa questão: “A
probabilidade é de vinte uma contra nenhuma que Ele tenha
desejado mencionar a assembleia local em Mateus 16:18. A
probabilidade de vinte e uma a nenhuma é uma certeza.
Portanto é certo que Cristo tenha se referido à assembleia
local quando disse: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha
igreja’” (ACF).

3. Cristo prometeu Construir Um Tipo de Igreja

Novamente, uma terceira razão para acreditar que Mateus


16:18 se refira à assembleia local é que Cristo prometeu
construir somente um tipo de igreja. Ele nunca expressou de
qualquer forma que Ele fundaria a assembleia local e
também uma “Igreja Universal e Invisível”, composta dos
remidos de todas as assim chamadas igrejas.
Consequentemente quando vamos ao livro de Atos e às
Epístolas e encontramos assembleias locais de crentes se
espargindo aqui e ali, imediatamente identificamos essas
com a igreja da qual Cristo falou. Fazer de outro modo seria
supor que algo mais veio a existir diferente da instituição que
Jesus prometeu.

Portanto, como Jesus falou apenas de um tipo de igreja, e


como o tipo de igreja que encontramos nos tempos
apostólicos é a assembleia local, alguém que procura
introduzir uma igreja universal ou invisível deve criar uma
segunda ekklesia – outra da qual Cristo começasse. Isso é
para criar confusão.

4. A Teoria da Igreja “Universal Invisível” não é de


origem Bíblica, mas Pós-apostólica

Uma quarta razão para acreditar que a igreja mencionada por


Jesus seria a assembleia local é que a teoria da “Igreja
Universal Invisível” não apenas não é escritural, mas
segundo a história é pós apostólica em sua origem. Harnak,
o historiador da igreja, em sua obra “História do Dogma”,
esclarece isso. Ele diz: “a expressão Igreja Invisível é
encontrada pela primeira vez em Hegessips, Eusébio,
Tertuliano, Clemente de Alexandria, Hiero, Cornélio e
Cipriano, todos usaram o termo santas igrejas e nunca Igreja
Católica ou Universal”. Novamente, no Vol.2, p. 83, ele diz:
“ninguém pensou na desesperada ideia de uma ‘Igreja
Invisível’. Essa noção provavelmente surgiu após um lapso
de tempo mais rapidamente que a ideia da Santa Igreja
Católica”.

5. A Igreja Local é a Única em Existência e a Única a


quem Jesus Confiou a Comissão e as Ordenanças

Uma quinta razão para acreditar que Jesus fundou a


assembleia local é que a assembleia local não só é o único
tipo de assembleia que pode existir. É o único tipo a que
Jesus confiou a Comissão e as Ordenanças. O principal
propósito de Cristo ao formar Sua igreja foi para que ela
pudesse alcançar os perdidos com o evangelho e então
pudesse reunir os salvos, ensinando-lhes e treinando-os em
todas as coisas que Ele ordenou. As funções de uma igreja,
conforme projetada por Jesus, só pode ser realizada por uma
assembleia local. Uma “Igreja Universal Invisível” composta
por um ajuntamento desorganizado de “membros de todas as
igrejas”, é, do ponto de vista funcional, simplesmente
inconcebível.

Novamente, quando Cristo prometeu à igreja, Ele prometeu


que “As portas do inferno não prevalecerão contra
ela” (ACF). Uma leve diferença de opinião para o
significado exato de “portas do inferno” não obscurece o fato
que Jesus quis dizer que Sua igreja teria inimigos e
encontraria oposição. A história dos Batistas que foram
aprisionados, martirizados, levados para covis e cavernas da
terra, mostra que Sua igreja teve que lutar com as forças
organizadas do mal. As igrejas Batistas podem ser e têm sido
perseguidas, mas uma “Igreja Universal Invisível” não pode
ser. Os homens não podem perseguir algo invisível. A
promessa de Cristo seria sem sentido se aplicada dessa
forma.

6. A Concepção de uma “Igreja Universal Invisível”


usurpa o lugar reservado no Novo Testamento ao Reino
de Deus

Uma sexta razão que a si mesma sugere é: a concepção de


uma “Igreja Universal Invisível” usurpa o lugar reservado no
Novo Testamento ao Reino de Deus. Os que defendem essa
teoria praticamente identificam igreja e reino. Isto está
totalmente fora de equivalência com as Escrituras, pois elas
fazem uma distinção clara entre as duas, como se mostrará
no próximo capítulo.

Quando penso ao longo dessas linhas que tentei conduzir o


pensamento do leitor e sou levado a ver a falta de qualquer
tipo de fundamento para a teoria de uma “Igreja Universal
Invisível”, posso sinceramente me unir ao Dr. J. Lewis Smith
ao dizer: “Eis aí, então a inevitável e irreversível conclusão:
essa ideia de Igreja Católica ou Universal, assim como da
Igreja Invisível são coisas criadas pelos homens e, quando
digo: acredito na santa Igreja Católica, estou colocando um
filamento de imaginação – uma quimera – um termo
impróprio acima da ideia real de igreja local que o próprio
Cristo usou e cujas igrejas Ele construiu e às quais Ele
confiou Sua Grande Comissão e Suas Ordenanças, Batismo
e Ceia do Senhor”.
“O ensino popular de que todos os salvos compõem a igreja
de Cristo é uma teoria feita pelo homem, sem prova Bíblica”.
“Reconhecemos cada pessoa salva como irmão ou irmã, mas
nem todos os salvos como membros de uma igreja
evangélica”.
J. T. Moore, em “Por Que eu Sou um Batista”.
IV. A Família, o Reino e a Igreja
de Deus. Diferenciados
Quando alguém estabelece a afirmação Batista da
perpetuidade e tenta demonstrar que só as igrejas Batistas
podem ter Jesus como Fundador e Chefe, há sempre aqueles
que imediatamente saltam para uma conclusão de uma
suposta afirmação Batista de que ninguém é salvo além dos
Batistas. Eles usam a ideia de que os Batistas lhes negam um
lugar no reino e na família de Deus. Isso (essa errônea
suposição) é inevitavelmente verdadeira (entre eles). Longe
esteja de que algum verdadeiro Batista afirme que
alguém deva ser um Batista para ser salvo. De fato, eles
acreditam justamente o contrário, pois, segundo sua
visão, a pessoa deve ser salva antes de se tornar Batista.

E em relação ao reino e à família de Deus, os verdadeiros


Batistas são membros de ambos antes mesmo de se tornarem
membros de uma igreja Batista. Se não, não se ajustariam de
modo a pertencerem à igreja local, pois ainda não são salvos.
As coisas que eu disse em capítulos anteriores concernentes
à igreja nada têm a ver com a membresia de alguém na
família de Deus ou em Seu Reino, pois a igreja, a família e o
reino são três coisas separadas e distintas. Por causa da
confusão que reina em tantas mentes sobre esse ponto, pensei
valer a pena dedicar um capítulo inteiro à discussão das
diferenças entre os três.

Enquanto considerava em como apresentar melhor minhas


ideias para este capítulo e lia o que outros escreveram sobre
o assunto, tive contato com um antigo tratando o assunto
e publicado há alguns anos por H. Boyce Taylor, editor
de Notícias e Verdades.
O tratado é uma declaração muito clara e concisa sobre as
diferenças entre o reino de Deus, a família de Deus e a igreja
de Deus, tanto que não podia fazer melhor do que apresentá-
lo. Fiz apenas algumas mudanças para adaptá-lo ao uso atual.
Convido o leitor a ponderar muito cautelosamente sobre as
distinções feitas e verificá-las a partir das Escrituras.

AS DIFERENÇAS ENTRE: A Família de DEUS, O


Reino de DEUS e a Igreja de DEUS. – por H. Boyce
Taylor.

A FAMÍLIA DE DEUS: “Do qual toda a Família nos céus


e na terra toma o nome” (ACF). Em Efésios 3:15, Paulo fala
de ‘toda a família nos céus e na terra.’ Essa família inclui
todos os crentes; ‘Porque todos sois filhos de Deus fé em
Cristo Jesus’ Gálatas 3:26 (ACF). Todos os crentes são
filhos de Deus. Desde o Velho Testamento, os santos eram
salvos pela fé em Cristo (Atos 10:43, Romanos 4:16, etc.) e
são todos membros da família de Deus. A família de Deus é
maior que o reino de Deus ou a igreja de Deus, pois ela agora
contém todos os salvos desde Abel até o último homem que
acreditar, no céu ou na terra. Deus tem apenas uma família.
“Todos os crentes são filhos e herdeiros de Deus”.

O REINO DE DEUS: O Reino de Deus inclui todos os


salvos na terra em qualquer tempo. Em Mateus 13, o reino
é usado para incluir todos os professos. Mas o Reino, usado
em João 3:3-5, Mateus 16:19, 11:11, Lucas 16:16, Romanos
14:17, Colossenses 1:13, João 18:36, etc. é composto de
todos os nascidos novamente na terra. Este não é o reino de
Daniel 2:44, Lucas 19:11-27, Atos 1:6, etc. Essas passagens
se referem ao milênio. Esse reino ainda é futuro. O que às
vezes é chamado de reino espiritual é composto apenas dos
que voltaram a ser de novo, que foram transferidos das trevas
para o reino de ‘Seu Filho amado’. Em João 3:3-5, o Mestre
disse: “Aquele que não nascer de novo, não pode ver o
Reino de Deus” (ACF). Em Mateus 18:16 e Marcos 10:13-
15, o Mestre mostra muito claramente que o Reino é
composto somente dos que O receberam, crianças ou
adultos. “A família de Deus inclui todos os salvos de todas
as eras, seja no céu como na terra. O reino de Deus inclui a
parte da família de Deus que está na terra AGORA”.

A IGREJA DE DEUS: “A Igreja de Deus nunca é usada


como instituição, exceto como uma assembleia ou
congregação de crentes batizados em alguma dada
localidade”. Exemplo: “À igreja de Deus que está
em Corinto”. – I Cor. 1:2 (ACF). A igreja individual e local
é o único tipo de igreja que Deus tem nessa terra hoje. Só
há uma família de Deus, composta de todos os remidos de
todas as épocas no céu e na terra. Só há um reino de Deus,
composto de todos os nascidos novamente na terra agora. Há
milhares de igrejas de Deus na terra. Cada igreja Batista
individual é uma igreja de Deus.

Não existem outras. Quando um homem nasce de novo ele


nasce na família de Deus. Ele passa a ser da família de Deus
para sempre. O relacionamento não muda. Seja no céu ou na
terra ele está na família de Deus. Quando ele nasce de novo
ele também entra para o reino de Deus. Esse relacionamento
é para toda a vida. Quando ele morre, passa do reino de Deus
sobre a terra e entra em ‘Seu reino celestial’ (II Timóteo
4:18). Depois de nascer de novo ele ainda não está numa
igreja de Deus, mas agora é um sujeito em conformidade com
as escrituras para admissão numa igreja de Deus. ‘E todos
os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se
haviam de o salvar’ (Atos 2:47 - ACF).
A membresia da igreja não era algo que um homem
conseguisse com sua salvação, mas uma benção subsequente
que ele consegue, após sua salvação, por ser acrescentado a
uma igreja. O batismo não é essencial à admissão à família
de Deus nem ao reino de Deus. Mas o batismo é essencial à
admissão a uma igreja de Deus. Os homens são nascidos de
novo dentro da família de Deus e dentro do reino de Deus,
mas são batizados numa igreja de Deus (I Cor 12:13). O ‘um
corpo’ mencionado por Paulo em I Coríntios 12:13 era a
igreja de Deus em Corinto. Observe em I Coríntios 12:27
(ACF) onde ele diz: “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus
membros em particular”.

Essa igreja local em Corinto era o corpo de Cristo em


Corinto. Os membros da igreja em Corinto pertenciam ao
único ‘um corpo’ de Cristo. Aquele corpo de Cristo
provavelmente não contivesse todos os salvos de Corinto (I
Coríntios 1:2) e nenhum dos salvos de qualquer outro lugar,
exceto de Corinto. Já que pertenciam somente a ‘um corpo’
e aquela era a igreja local de Corinto, Cristo não tinha outro
tipo de igreja ou corpo exceto uma igreja local. Se eles
pertenciam a uma igreja local em Corinto, que Paulo dizia
ser o corpo de Cristo, e então ao tipo de igreja em que alguns
acreditavam, composta por todos os salvos de qualquer
lugar, eles pertenceriam a duas igrejas ou corpos de Cristo:
um local e visível e o outro, universal e invisível.

O Novo Testamento jamais mostrou algo tão confuso


quanto isso. Deus não é o autor de tamanha confusão. Jesus
Cristo somente tem um tipo de igreja ou corpo nesta terra e
ela é a assembleia local, o corpo organizado de crentes
batizados numa dada comunidade. A igreja que Paulo
chamou de ‘casa de Deus’ era uma igreja local. A igreja que
Paulo disse ser ‘a coluna e firmeza da verdade’ (I Timóteo
3:15 - ACF) era uma igreja local. A igreja a que Jesus
prometeu perpetuidade (Mateus 16:18) era uma igreja local,
pois Ele nunca falou de qualquer outro tipo. O significado da
palavra ekklesia não permite outro tipo. Aqui deixamos
outras pessoas mais competentes do que este autor falarem.

O Prof. Royal, do Colégio Wake Forest, da Carolina do


Norte, que ensinou grego ao Prof. A. T. Robertson do
Seminário de Louisville e ao Prof. C. B. Williams, quando
indagado sobre o que sabia de um exemplo em grego clássico
onde ekklesia nunca fora usado sobre uma classe de ‘pessoas
não reunidas’, ele disse: “não conheço qualquer passagem
assim em grego clássico”. Concordam com essa afirmação
os Professores Burton, da Universidade de Chicago, Stifler,
da Crozer, Strong de Rochester e muitos outros estudiosos.

Joseph Cross (Episcopalista), num livro de sermões


intitulado “Carvões do Altar”, diz: “ouvimos muito sobre a
igreja invisível contradizendo a igreja visível. Sobre uma
igreja invisível neste mundo não sei nada, a Palavra de
Deus não diz nada nem pode haver nada desse tipo,
exceto no cérebro de um herético. A igreja é um corpo; mas
que tipo de corpo não pode ser visto nem identificado? Um
corpo é um organismo que ocupa espaço com localidade
definida. Um mero agrupamento não é um corpo. Deve haver
uma organização. Um monte de cabeças, mãos, pés e outros
membros não compõem um corpo. Eles devem estar unidos
num sistema, cada um em seu local adequado e todos
impregnados por uma vida comum. Assim uma coleção de
pedras, tijolos e tábuas não seriam uma casa. O material deve
ser construído junto numa ordem artística, adaptada à
unidade. Assim uma massa de raízes, troncos e ramos não
formariam uma vinha ou uma árvore. As várias partes devem
se desenvolver conforme as leis da natureza a partir da
mesma semente e nutridas pela mesma seiva”. Exatamente
assim – AMÉM e AMÉM.
Os membros de um corpo despedaçado num campo de
batalha não são um corpo. O material de uma casa, nos
bosques ou em nas pedreiras, não é uma casa. Os membros,
e esse material, devem ser colocados no lugar antes de se ter
um corpo ou uma casa. Da mesma forma os salvos não são
uma igreja, a menos que sejam reunidos e organizados ou
construídos num corpo ou casa de Deus. Não há nem pode
haver essa instituição de igreja universal, invisível nesta
terra, composta por todos os salvos, porque o material nunca
foi reunido e construído como uma casa ou corpo.

Quando o Senhor Jesus e Paulo falaram sobre os crentes


batizados de um grande território, ao invés de uma igreja
local, eles sempre mencionaram a palavra “igrejas” (plural).
Não havia confusão em sua fala, embora haja muita confusão
no pensamento moderno sobre essa questão.

Mais uma vez tentamos esclarecer a distinção. A família de


Deus é composta por todos os salvos no céu e na terra. Os
santos do Velho Testamento e bebês que morreram na
infância estão na família de Deus. Eles não estão agora nem
estavam no Reino ou em qualquer igreja de Deus.

Todos os crentes na terra em qualquer momento desde os


dias de João o Batista (Lucas 16:16) compõem o reino de
Deus. Não há crianças ali. Todos os verdadeiros crentes,
...Batistas ou não, membros de igrejas na terra estão no reino.
Pois, se forem verdadeiros crentes, eles nasceram
novamente. Somente crentes batizados ou Batistas são
membros das igrejas de Cristo.
“Não apenas Cristo prometeu estar com Sua ekklesia até o
fim do mundo, quando Ele deu a Comissão, mas quando Ele
estabeleceu a Ceia Memorial e a entregou à Sua igreja, Ele
disse: ‘...fazei isto em memória de Mim’ [Lucas 22:19b –
ACF]. Agora, se fazer alguma coisa é ser perpetuado, quem
fez deve ser perpetuado. Essa é uma proposição auto
evidente”.
W. D. Nowlin, em “Registros do Oeste”.
V. A Promessa do Mestre
Nos capítulos anteriores eu mostrei que Jesus, durante o
período de Seu ministério pessoal, organizou e iniciou Sua
igreja. Também mostrei que a igreja que Ele iniciou não era
algo eterno, invisível, universal, desorganizada sem função
ou missão, mas era uma assembleia local e a ela foi confiada
a maior tarefa jamais concedida a qualquer instituição nesta
terra.

Assim, a igreja tendo existência e tendo em mente uma ideia


clara sobre o tipo de igreja que existia, estamos prontos para
a próxima questão proposta no início, isto é: Jesus prometeu
sua perpetuidade? Inquestionavelmente Ele o fez.

Na mesma passagem, onde pela primeira vez o Senhor


mencionou a igreja, encontramos a promessa que “E as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (ACF).

Ninguém poderá negar que essas palavras constituem uma


promessa da perpetuidade da igreja. Dr. J. W. Porter diz (O
Débito do Mundo aos Batistas): “se essas palavras ensinam
alguma coisa, ensinam que as igrejas, instituídas por Cristo
e os apóstolos nunca morreriam, mas se reproduziriam e se
multiplicariam e se perpetuariam até o fim dos tempos”.
Sobre a passagem “E as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (ACF). “Dr. Nowlin diz (Fundamentos da Fé)
que se referem sem dúvida à sua indestrutibilidade”.

Mas, se formos levados a depender muito do aqui referido,


perguntemos: há algo nas Escrituras que nos garantiria crer
o que Cristo quis dizer com perpetuar Sua igreja? A resposta
é: encontramos abundantes evidências disso. Vejamos
algumas das provas:
O Reino de Deus, como todos concordaremos, deve ser
perpetuado “...Os reinos do mundo vierem a ser de nosso
Senhor e do Seu Cristo... (Apocalipse 11:15 - ACF). Em
Lucas temos essa afirmação: “...Seu reino não terá
fim”. (Lucas 1:33 - ACF). Como, perguntemos, deve o reino
de Deus ser estendido e avançado no mundo? A resposta é:
pela igreja que Jesus fundou. Os homens chegam ao reino de
Deus tendo nascido para ele. Esse nascimento espiritual
ocorre pela fé pessoal no Filho de Deus como Salvador. É a
igreja que prega as Boas Novas do Filho de Deus.

Através da mensagem da igreja os homens ouvem, acreditam


e renascem para o reino de Deus. Assim a igreja permanece
na posição de uma agência de recrutamento para o reino de
Deus, já que ninguém entra no reino, exceto se ouvirem e
acreditarem no evangelho, que foi preservado e é
proclamado pela igreja.

Assim, em resumo afirmamos isso dessa forma: a Bíblia


ensina que o reino de Deus deve ser perpetuado. Mostra que
a igreja é a instrumentalidade divinamente proposta por
Cristo para o avanço e perpetuação do reino. Sendo isso
verdade, o ensino da Bíblia da perpetuidade do reino envolve
como assunto de fé, a perpetuidade da agência através da
qual o reino deve ser perpetuado, isto é, a igreja.

Novamente, quando Cristo concedeu a Grande Comissão a


Seus discípulos, como foi mostrado, Ele não se dirigiu a eles
simplesmente como discípulos, mas como indivíduos que
constituiriam Sua igreja.

À Comissão ele acrescentou a promessa: “E eis que eu estou


convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos” [Mateus 28:20b – ACF]. Expressamente, se a igreja
de qualquer tempo deixasse de existir, a promessa de Cristo
se tornaria de efeito nulo. Estar sempre com a igreja, ou mais
adequadamente, “...todos os dias”, necessariamente
significa que deve haver sempre, a cada dia, até o fim dos
tempos, a existência da igreja a quem a promessa foi
outorgada!

Então, novamente, todas as grandes denominações, até onde


conheço, concordam que a Ceia do Senhor é uma ordenança
da igreja. Agora, quando Jesus instituiu e concedeu essa
ordenança para Sua igreja observar, Ele disse: “Fazei isto
em memória de Mim, tão frequentemente quanto possível,
comei desse pão e bebei desse cálice, que lembram a morte
do Senhor ATÉ QUE ELE VOLTE” ( I Coríntios 11: 26).
Certamente, se o cumprimento disso deve ser perpetuado, os
executores devem também ser perpetuados. Se a observância
da Ceia do Senhor deve ser perpetuada até a volta de Cristo,
então obviamente a igreja a quem Ele deu a ordenança deve,
na verdadeira natureza do caso, ser também perpetuada. Não
há escapatória para essa conclusão!
“Qualquer igreja cuja origem ocorreu nos tempos medievais
ou modernos não é a igreja que Cristo estabeleceu, pela
simples razão de que não existia quando Cristo estabeleceu
Sua igreja e não veio a existir por longo tempo depois”.
W. M. Nevins, em “Por Que um Batista e não um
Católico Romano”.

“Em muitos exemplos, o destino parece ter fixado o nome de


seus fundadores humanos sobre a igreja que instituíram“.
J. W. Porter, “Notas ao Acaso”.

“É fato que ninguém, além dos Batistas afirma que nosso


Senhor, durante Seu ministério pessoal fundou Sua igreja ou
denominação. Quem chegou mais perto de fazer tal
afirmação foi a Igreja Católica. Porém, quando os Católicos
afirmam sua investigação, se descobre que eles afirmam que
Pedro foi o primeiro papa. Mas sabemos que sua afirmação
é falsa, que a Igreja Católica não é de Cristo, mas uma
combinação de fraternidade e Judaísmo, carregando o nome
de Cristãos para encobrir suas doutrinas e práticas
anticristãs”.
J. L . Smith, em “Por Que Sou um Batista”.
VI. A Busca da Verdadeira Igreja
Vimos que Jesus fundou ou estabeleceu a igreja, que Ele a
fundou durante os dias do Seu ministério pessoal na terra,
que a igreja que Ele estabeleceu era a assembleia local e que
Ele prometeu perpetuá-la até “que Ele volte”. Tendo
esclarecido essas verdades, somos levados à conclusão que
em algum lugar no mundo hoje se deve encontrar a
verdadeira igreja de Cristo, a igreja que foi perpetuada desde
os dias de Cristo e dos apóstolos e que defende
veementemente as doutrinas que prevalecem na igreja do
Novo Testamento. Como foi dito, “devemos supor que deve
ter” havido um povo Cristão existindo em cada época desde
os apóstolos até o presente, caracterizada pelas mesmas
doutrinas e práticas, ou que houve períodos na história
interveniente quando a fé e a prática dos apóstolos não
tinham absolutamente qualquer representante na face da
terra. Estaríamos preparados para assumir a última
alternativa? O que se torna, então, a promessa do Salvador?

Forçados, portanto, à conclusão que, de acordo com a


promessa de Cristo, Sua igreja tem sido perpetuada e que
deve ser encontrada no mundo de hoje, perguntemos: “Como
continuaremos a encontrá-la?” Como encontraremos a
verdade, a igreja do Novo Testamento, entre as multidões das
assim chamadas igrejas e denominações?

Proponho conduzir nossa pesquisa da verdadeira igreja


através de três linhas corroborativas, como segue:

1. A Linha da Eliminação Histórica.


2. A Linha da Comparação De Doutrinas.
3. A Linha das Afirmações Históricas por Historiadores
Confiáveis.
1. A Linha da Eliminação Histórica

Comecemos nossa pesquisa pela primeira linha proposta, a


da eliminação histórica. Uma ilustração possivelmente
servirá para esclarecer o que quero dizer aqui. Suponhamos
que você passe a possuir um valioso documento. Você coloca
o documento sobre a mesa de sua biblioteca e logo você é
chamado para atender a outro problema e, esquecendo o
papel, sai deixando-o misturado a outros papeis e livros sobre
a mesa. Ao voltar à biblioteca, você percebe, procurando o
papel, que sua mesa foi arrumada durante sua ausência e o
documento foi removido. Você chama e pergunta à sua
governanta. Ela lhe diz que o colocou no meio das páginas
de um dos livros sobre a mesa. Ela tem certeza disso, mas
não se lembra em qual dos livros ela o guardou. Você começa
a pesquisa examinando livro por livro sem resultado.
Finalmente, você examinou cada livro menos um e está certo
de que os livros examinados não contêm o documento. A que
conclusão você chega? Só há uma conclusão possível: o
papel estará, se ela lhe disse a verdade, no único livro
restante não examinado.

Então, em nossa pesquisa devemos eliminar cada assim


chamada igreja cuja origem possa ser datada após o tempo
de Cristo. Se no processo eliminarmos cada igreja menos
uma, seremos forçados à conclusão de que essa é a
verdadeira igreja.

Voltando ao tão discutido Mateus 16:18, encontramos dois


testes históricos definidos por Jesus, testes que ajudariam e
nos conduziriam em nossa investigação.

O primeiro é que só a verdadeira igreja foi fundada pelo


PRÓPRIO JESUS — “Eu ..edificarei [construirei] a minha
Igreja?” (ACF).
O segundo é que a instituição a que Jesus chamou de “Minha
igreja” nunca deixará de existir através das eras – “E as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (ACF).

Se, ao aplicarmos esses dois testes históricos escriturais,


descobrirmos que nenhuma das organizações
autodenominadas igrejas, menos uma, podem ser aprovadas
nesses testes, eu reitero que devemos concluir que aquela é a
verdadeira igreja de Cristo. Perguntemos então sobre a
origem das várias denominações hoje existentes. Nesse
questionamento nos interessará só a origem das principais
denominações. As que são bem conhecidas e típicas de todas
as outras. As denominações que consideraremos das quais as
muitas pequenas seitas brotaram em anos mais recentes.
Como brotos das denominações mais antigas e tendo surgido
em tempos mais recentes, claro que não obtendo sucesso no
teste histórico de Cristo, seria inteiramente supérfluo lidar
com elas.

Nessa investigação, é claro que a Igreja de Roma, a que hoje


chamamos de Igreja Católica Romana, tem prioridade.
Comecemos perguntando: QUANDO A IGREJA DE
ROMA SE ORIGINOU? Tomamos essa pergunta do Dr. J.
B. Moody (Minha Igreja, p. 95): “ela não nasceu num dia ou
ano, mas gradualmente subverteu os ensinamentos dos
apóstolos e ao longo dos séculos inaugurou um papado de
pleno crescimento. Mas não há traço de um Papa ou Pai
Universal nos três primeiros séculos da era Cristã”.

A Igreja Católica é o resultado de gradual perversão e


corrupção. Desde os dias de Constantino, quando soldados
sem regeneração foram batizados na igreja aos milhares e
foram feitas concessões ao paganismo, as condições foram
se tornando cada vez piores, finalmente levando a um estado
que tornou possível a Igreja Católica. O estabelecimento real
do papado romano foi, segundo Dr. S. E. Tull
(Denominacionalismo em Teste), realizado por Gregório o
Grande no ano A.D., 590.

Dr. Tull corrobora sua afirmação pela seguinte citação de


Ridpath (vol. 4, p. 41): “Essa época da história não deve
passar sem referenciar o rápido crescimento da igreja papal,
no fechamento do século seis e começo do sétimo.
Principalmente por Gregório o Grande, cujo pontificado se
estendeu de 590 a 604 e representou a supremacia da Visão
apostólica atestada e mantida. Sob o triplo título de Bispo de
Roma, Prelado da Itália e Apóstolo do Ocidente, ele
gradualmente, por insinuações ou fortes asserções como
melhor se ajustasse às circunstâncias, elevou o Episcopado
de Roma a um genuíno papado da igreja. Ele teve sucesso
em levar os Arianos da Itália e Espanha às fileiras Católicas
e assim garantir a solidariedade da Ekklesia Ocidental”.

Scaff (História da Igreja Cristã, vol. 1, p. 15) nos diz que


Gregório o Grande (A.D., 590-604) foi o primeiro dos
“papas adequados” e que com ele começa “o
desenvolvimento do papado absoluto”.

Diz Dr. Christian, comentando sobre esse ponto: “o


crescimento do papado foi um processo histórico. Muito
antes, esse Bispo de Roma fez declarações arrogantes sobre
outras igrejas”. E acrescenta: “A linhagem dos papas
medievais absolutos começou com Gregório”.

Vimos que a afirmação Católica de sua origem apostólica se


quebra em vários pontos (Ver Capítulo Introdutório):
primeiro, ao falhar em estabelecer a primazia de Pedro.
Segundo, ao falhar em estabelecer que Pedro foi um papa ou
de fato que algum papa tenha existido por vários séculos
depois de Cristo. Terceiro, ao falhar em provar que Pedro
sempre esteve em Roma. Quarto, pelo fato da fé e prática
Católicas serem totalmente diferentes da igreja apostólica.

Ligado a esses pontos mencionados, podemos estar sob risco


de multiplicar citações, conforme as palavras do Dr. J. W.
Porter (Débito do Mundo aos Batistas, págs. 165-166):
“Como é bem conhecido, os Católicos Romanos atribuem
sua afirmação da sua origem escritural, à suposição de que
Pedro fora o primeiro papa de Roma. A menos que provem
que Pedro estava em Roma e que ele também era um Papa,
sua declaração de origem apostólica é totalmente falsa.
Porém não há controvérsia quanto a esse ponto, pois todas as
declarações sobre a hierarquia romana estão condicionadas à
primazia de Pedro. As duas são inseparáveis e podem subir
ou cair juntas. Portanto, para o propósito dessa discussão, só
será necessário provar que Pedro nunca foi um papa em
Roma ou em qualquer outro lugar. A mais clara suposição é
de que Pedro nunca esteve em Roma em qualquer tempo.
Não há nada no Novo Testamento que sugira que Pedro tenha
pensado ser um papa ou que ninguém mais tenha pensado tal
coisa. Mas, mesmo que houvesse a certeza de que Pedro
tenha estado em Roma e que tenha sido um papa, a hierarquia
Católica Romana falhou, por sua fé e prática, no seu direito
a ser chamada de igreja escritural”.

Se, como Dr. Tull afirma, com Ridpath, um historiador de


renome mundial e outros que com ele corroboram, o papado
Romano tivesse sido cumprido por Gregório o Grande, cujo
pontificado se estendeu de 590 a 604 A.D., então Gregório o
Grande pode portar o nome de fundador da Igreja Católica.
Na verdade, se admite que a apostasia Romana começou
muito antes disso, mas podemos com certeza atribuir a real
formação do papado – a real cristalização numa hierarquia
fixa – a Gregório o Grande, sob cujo pontificado a
“Supremacia da Visão Apostólica foi confirmada e
mantida”.

Para ilustrar: é fato bem conhecido que Davi, durante seu


reinado sobre Israel, coletou vasta quantidade de materiais
para a construção de um templo. Foi seu trabalho que, em
certo sentido, tornou possível o templo. Mas não podemos
atribuir o templo a Davi, mas a Salomão, seu sucessor, sob
cujo reinado a estrutura do templo foi realmente erigida. Da
mesma forma as heresias, tradições, práticas espúrias e, de
fato, todos os elementos necessários, foram reunidos um por
um e passaram a existir no tempo de Gregório o Grande. Só
restou a ele elevar, como Ridpath o diz, “o episcopado de
Roma a um genuíno papado”.

Vamos agora aplicar o teste histórico deixado por Jesus em


Mateus 16:18. É bastante evidente que a Igreja Católica,
construída por Gregório o Grande a partir
do papado existente, com material apóstata, quinhentos e
noventa anos depois de Cristo, não pode passar no teste
histórico de Cristo, de origem e perpetuidade e, portanto, não
é a igreja verdadeira, a igreja que Ele fundou e prometeu que
nunca deixaria de existir.

ORIGEM DA IGREJA LUTERANA: A história do mundo


não se refere à existência de uma Igreja Luterana antes dos
dias de Lutero. Que ele foi o fundador da Igreja Luterana,
ninguém pode negar com sucesso. Lutero, revoltado contra a
degeneração da Igreja Católica, organizou um movimento
para a Reforma. Não há evidência histórica de que ele até
mesmo tenha pensado em romper com a Igreja Católica e
formar uma nova igreja. Mas suas atividades trouxeram
sobre ele o anátema da excomunhão e Lutero e seus
seguidores foram quase forçados a formar uma nova
organização. O ano de 1520 foi o mais cedo que se pode
afirmar ter sido a formação da Igreja Luterana. Foi nesse ano,
segundo McGlothin (Guia ao Estudo da História da Igreja)
que Lutero queimou a bula da excomunhão papal e
abertamente desafiou o papa. Não foi, porém, até 1530 que o
sistema de doutrina e moralidade que ele e seus seguidores
tinham adotado foi apresentado na Dieta de Augsburg. Só
pode ser evidente que a Igreja Luterana fundada por
Martinho Lutero, 1533 anos ou em torno disso após Cristo,
falha em atender ao teste histórico de Cristo quanto à origem
e perpetuidade, assim não pode ser a igreja que Ele fundou.

A IGREJA DA INGLATERRA OU IGREJA EPISCOPAL:


A origem dessa igreja está muito clara e sucintamente
resumida por Dr. S. E. Tull, em seu livro antes mencionado,
nas seguintes palavras: “em 1509, Henrique Oitavo foi
coroado Rei da Inglaterra. Henrique só tinha doze anos de
idade naquele tempo. Ele se casou nesse mesmo ano com
Catarina de Aragão, filha de Ferdinando e viúva de seu
irmão, Artur. Vinte anos mais tarde, quando Henrique passou
a exercer sua própria prerrogativa em assuntos pessoais, ele
decidiu se divorciar de Catarina e casar-se com Ana Bolena,
uma garota inglesa que serviu na corte de Charles Quinto,
Rei de França. Essa questão do divórcio de Henrique
levantou uma grande discussão que finalmente foi levada ao
Papa de Roma para ser resolvida. O Papa decidiu contra
Henrique. Percebendo a impotência política do Papa para
interferir nas questões políticas da Inglaterra, Henrique
tomou providências com suas próprias mãos e expulsou
Catarina e casou-se com Ana, apesar da interdição
pronunciada pelo Papa. Esse desafio ao Papa causou a
excomunhão de Henrique da igreja pelo Papa Clemente
Sétimo, em 1534. Aceitando a situação como uma
oportunidade de se livrar completamente de todas as alianças
políticas com o Papa, Henrique imediatamente fez ligações
com seu Parlamento e, em 13 de novembro de 1534, fez seu
Parlamento aprovar um ato conhecido como ‘O Ato de
Supremacia’, que declarava Henrique Oitavo como ‘O
Protetor e Chefe Supremo da Igreja e Clero da Inglaterra’.
Assim foi que nesse dia 23 de novembro de 1534, a ‘Igreja
da Inglaterra’ foi instalada, com o prófugo, adúltero e
assassino Henrique como seu fundador e chefe. Levada à
existência pelo poder de um fiasco político, a Igreja
Episcopal iniciou sua carreira como uma denominação
‘Cristã’”.

Sobre a igreja acima mencionada, Macauley escreve


(História da Inglaterra, vol. I p. 32): “Henrique Oitavo
tentou constituir uma Igreja Anglicana diferindo da Igreja
Católica Romana sobre a questão da supremacia e só nesse
ponto. Seu sucesso nessa tentativa foi extraordinário”. Pode
ser mais claro que a Igreja da Inglaterra ou Igreja Episcopal,
não ter sido fundada por Cristo, falhando no teste de origem
e perpetuidade, não podendo assim ser a verdadeira igreja?

A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA: O sucesso do


Protestantismo de Lutero no Continente deu liberdade a
outros movimentos semelhantes. João Calvino, nascido em
1509, no mesmo ano que Henrique Oitavo foi coroado Rei
da Inglaterra, que foi educado como monge Católico, uniu
suas mãos às de Lutero e ajudou na Reforma. Em alguns
pontos, as ideias de Calvino sobre doutrina e política eram
diferentes das de Lutero. Por essa razão, a Reforma de
Calvino caiu em distintos canais e cristalizou como uma
organização independente e por sua forma de governar, os
Calvinistas se tornaram conhecidos como Presbiterianos.
Podemos datar o início da Igreja Presbiteriana, como
denominação separada, no ano de 1536, pois foi nesse ano
que as “Institutas de Calvino” foram dadas ao mundo. Segue-
se muito naturalmente que a Igreja Presbiteriana, fundada
por João Calvino, 1536 anos depois de Cristo, não pode
passar no teste histórico de Cristo e não pode ser a verdadeira
igreja, aquela que Jesus fundou e prometeu perpetuar.

O CONGREGACIONALISMO: Os Luteranos,
Episcopalianos e Presbiterianos constituem as três grandes
denominações Católicas-Protestante. Existem duas grandes
denominações que protestaram contra os Episcopalianos e,
consequentemente são frutos da Igreja Episcopal. Vamos
considerar brevemente os fatos relativos à sua origem. Cito,
do excelente traço de Tull: “vivia na Inglaterra, em 1580 um
pastor Episcopal por nome de Robert Brown”. Ele começou
um movimento de oposição à Igreja do Governo, em que ele
defendia uma forma congregacional de governo da igreja e
um sacerdotalismo em forte oposição. Ele conseguiu
seguidores que se autodenominavam “Independentes”.
Robert Brown organizou a primeira igreja Independente em
1580. Depois Brown se arrependeu, confessou seu erro,
voltou para a Igreja da Inglaterra e morreu em sua fé. Seus
seguidores, porém, continuaram o movimento e se tornaram
conhecidos como “Congregacionalistas”. Tendo sido
fundada por Robert Brown 1580 anos depois de Cristo, a
Igreja Congregacionalista não passou no teste histórico
imposto por Cristo e não pode, com sucesso, reivindicar ser
a verdadeira igreja de Cristo.

A ORIGEM DO METODISMO: Consideremos o outro


movimento Protestante que surgiu na Igreja Episcopal,
aquele que, no curso do tempo se tornou conhecido como a
“Igreja Episcopal Metodista”. Esse movimento foi liderado
por John Wesley e seu irmão Charles. Enquanto estavam na
Universidade de Oxford, eles, por seus hábitos regulares de
estudo e trabalho religioso, obtiveram para si a designação
de “metodistas”, título que mais tarde anexaram ao
movimento originado por eles. Wesley nunca tencionou
organizar uma igreja e, de fato, nunca nem mesmo dignificou
sua organização com o nome de igreja, mas a chamava de
“Sociedade”. Nenhum dos Wesleys nunca clamou pelo
direito de começar uma igreja e, de fato, ambos morreram
como membros da Igreja Episcopal. Com referência à
origem do Metodismo, encontramos a seguinte afirmação na
obra “Disciplina da Igreja Episcopal Metodista” (edição de
1912): “em 1729, dois jovens na Inglaterra, lendo a Bíblia,
viram que não poderiam ser salvos sem santidade. Seguindo
o que leram e incitando outros a fazê-lo, Deus então os
chamou para levantar um povo santo. Esse foi o surgimento
do Metodismo, conforme dado pelas palavras dos seus
FUNDADORES, John e Charles Wesley. Em toda a
Inglaterra, na Escócia e Irlanda, surgiram SOCIEDADES
unidas de homens tendo a forma e buscando o poder da
devoção a Deus. Elas se tornaram subsequentemente as
igrejas de Wesley da Grã-Bretanha”. Novamente, referindo-
nos ao Metodismo nos primeiros dias da história dos Estados
Unidos, encontramos essas palavras na pág. 16 da mesma
obra “Disciplina...”: O clero da paróquia tinha retornado à
Inglaterra e as SOCIEDADES Metodistas não tinham
pastores ordenados reunidos, num raio de centenas de
milhas”.

Pode-se ver, por essas citações, que o Metodismo primeiro


não assumiu sua própria expressão na forma de uma igreja,
mas era uma sociedade dentro da Igreja Episcopal. Não
começou numa existência denominacional separada até o
ano de 1739, segundo Dr. McGlothin em seu “Guia”. Foi
nesse ano que a primeira reunião da classe ocorreu. Porém, a
primeira conferência só ocorreu cinco anos mais tarde. Surge
aqui uma questão: se a Sociedade Metodista teria o direito de
evoluir para uma Igreja, por que qualquer sociedade de igreja
dos dias atuais não poderia fazer o mesmo? Elas certamente
têm os mesmos direitos. Novamente vem a questão: Se
Lutero, Calvino, os Wesleys e outros tiveram o direito de
fundar uma igreja, não o teriam você e eu o mesmo direito
de fazer o mesmo?

Novamente, essa questão: quão antiga uma sociedade ou


movimento deve se tornar antes de evoluir adequadamente
para uma “Igreja”? Mas, para voltar à origem do Metodismo,
não deve ser difícil ver que a Igreja Metodista ou
“Sociedade” como era chamada anteriormente, fundada por
John Wesley quase 1740 anos depois de Cristo, de forma
alguma passa no teste de Cristo sobre origem e perpetuidade
e não pode ser a verdadeira igreja de Cristo.

A ORIGEM DA DENOMINAÇÃO CAMPBELITA:


Dificilmente parece ser necessário tomar espaço para
detalhar a origem dessa seita, já que é de origem tão recente
que seria absurdo para qualquer um reivindicar sua origem
apostólica. De fato, conheço indivíduos que conheceram
Alexander Campbell e se lembram de muitos incidentes
ligados aos primeiros dias dessa igreja, que é mais
comumente conhecida hoje pelo nome de “Igreja Cristã”. A
data do início dos Campbelitas ou “Cristãos” como
denominação separada não pode ser fixada antes de 1827,
embora, ignorando os fatos históricos, eles datem sua origem
em alguns anos antes da data que acabo de dar. No entanto,
alguns anos não fazem diferença em relação ao que
discutimos aqui. Lembro-me bem que há alguns anos, essa
denominação celebrou com grande entusiasmo em todo o
país o centenário da denominação! Para aceitar sua própria
data, eles têm pouco mais de cem anos de existência. E ainda
me lembro de ter sido esculpida no canto de um de seus
maiores prédios de um dos seus templos uma afirmação de
que eles traçam sua origem até o tempo de Jesus e dos
apóstolos. Afirmação estranha de fato, à luz de sua própria
admissão! Já que eles tinham um fundador humano e são de
origem moderna, é evidente que não podem passar no teste
histórico e não são a verdadeira igreja.

Eu poderia continuar e fazer menção aos Mórmons,


Cientistas Cristãos, Adventistas do Sétimo Dia, Russelitas,
Nazarenos, “Santos Skatistas” e outros e detalhar suas
origens, mas seria inteiramente supérfluo. Basta dizer que
cada uma dessas já mencionadas, junto com todas as outras
numerosas seitas, tiveram fundadores humanos e nunca
foram ouvidas por mais de mil anos depois de Cristo.

E SOBRE OS BATISTAS? Nós mostramos que cada seita,


denominação e assim chamadas igrejas, com exceção dos
Batistas, podem ser traçadas por um fundador humano e
originadas muito tempo depois de Cristo ter começado Sua
Igreja. Claramente, sendo todas elas de origem pós
apostólicas, são eliminadas.

Da mesma forma quando você procurou em todos os livros,


menos em um, e não conseguiu achar o documento, soube
que ele estaria no único que faltava, então, quando todas as
igrejas, menos uma, não consegue se qualificar
historicamente como a verdadeira igreja de Cristo, é correto
e lógico concluir que a igreja remanescente é a instituição
que Cristo fundou.

As Igrejas Batistas são as únicas e claramente distintas de


todas as outras, por ser a única que não aponta qualquer
fundador humano. Nem a data de fundação pode ser fixada
depois de Cristo. Alguns tentaram e seus desacordos e
contradições constituem evidência lógica de sua imprecisão
histórica. Os que negariam que os Batistas possam ser
datados no tempo de Cristo e lhes designaria uma origem
moderna, deveriam se reunir e fixar alguma data! Pois de
outra forma, suas afirmações contraditórias prejudicariam as
pessoas em favor da própria coisa que eles negam!

Nos capítulos seguintes, eu ofereço prova histórica para


substanciar minha afirmação de que só os Batistas existem
desde os tempos de Cristo. Como Dr. Tull afirma: “a
primeira Igreja Batista foi organizada por Jesus Cristo, o
Filho de Deus, durante Seu ministério pessoal na terra. A
Igreja Batista tem Jesus como seu Fundador, o Espírito Santo
como Administrador de suas atividades, o Novo Testamento
como seus artigos de fé e leis de existência. Em todas as eras
Cristãs, o puro ensinamento Batista sobreviveu. Os ‘portões
do inferno não prevaleceram nem prevalecerão contra ela”.

“Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. (ACF)”


(Tito 2:1)
“Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e
estranhas... (ACF).” (Hebreus 13:9)

2. A Linha da Comparação De Doutrinas

No capítulo anterior procurei mostrar por um processo de


eliminação que só as igrejas Batistas foram aprovadas no
teste histórico de Cristo sobre origem e perpetuidade.
Deixando de lado por certo tempo meus achados,
continuemos a pesquisa da verdadeira ekklesia ou igreja,
junto com a segunda linha proposta, ou seja, a da
DOUTRINA. Esse teste doutrinário é tão importante quanto
o teste histórico. Se eu puder demonstrar que as igrejas
Batistas são apostólicas em relação às doutrinas que
defendem e que elas são as únicas igrejas numa forma pura,
veremos ser duplamente aparente que as igrejas Batistas são
as verdadeiras igrejas de Cristo.
É, sem dúvida, uma tarefa difícil definir as doutrinas e
práticas fundamentais das igrejas que existiram nos dias dos
apóstolos, porque a igreja que Jesus fundou tem certas
características doutrinárias bem definidas expressas no Novo
Testamento pelas quais podem ser para sempre reconhecidas
e distinguidas de todas as instituições apócrifas que, através
dos tempos têm se chamado de igrejas Cristãs.

Ao procurar identificar a igreja que Jesus construiu por meio


de comparação doutrinária, pode ser importante indicar o
método que usarei. Vamos primeiro ao Novo Testamento e
observar as características das igrejas dos tempos
apostólicos. Em seguida examinaremos as características
Batistas para ver se coincidem com as do período do Novo
Testamento. Então, finalmente daremos uma rápida olhadela
nos ensinamentos e práticas de outras denominações para ver
como eles se posicionam em relação às doutrinas e práticas
das igrejas do Novo Testamento. Seguindo esse
procedimento teremos necessariamente que ser breves.

Uma das coisas que bem forçosamente nos confronta quando


lemos sobre as igrejas do Novo Testamento é que elas eram
compostas por AQUELES QUE FORAM REGENERADOS
E NASCERAM NOVAMENTE. A doutrina da membresia
da igreja regenerada está nas páginas do Novo Testamento
tão claramente, que ninguém pode se enganar a respeito. De
fato, a própria palavra ekklesia, usada no sentido Cristão,
deve significar para nós uma assembleia de pessoas
“chamadas” do mundo, para formar uma companhia
separada, uma companhia de pessoas regeneradas.

Como Dr. Bow coloca: “a palavra igreja traduzida


significava originalmente chamadas, então, no sentido mais
alto e mais santo, todos os redimidos foram chamados e ela
se aplica justamente a elas”. Em Atos 2:47 encontramos as
seguintes palavras: “...E todos os dias acrescentava o
Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar” (ACF). (Sco. Bíblia, Margem).

Em todo o Novo Testamento não encontramos a mais leve


discordância de que ninguém, fora os que afirmavam sua
regeneração fossem admitidos às igrejas. De fato, sem
regeneração a membresia à igreja perde todo o significado.
Os deveres e obrigações que o Novo Testamento ensina
como pertencentes aos membros da igreja pressupõem uma
mudança interna radical da parte de cada pessoa unida a uma
igreja de forma a designá-la para sua tarefa. As Escrituras
certamente não toleram a ideia de que uma igreja existe como
um tipo de reformatório a que os não regenerados devam ser
levados, tratados e tornados filhos de Deus. Ao contrário,
cada igreja, segundo a ideia do Novo Testamento deve ser
uma assembleia do povo de Deus, regenerado, chamado e
separado do mundo, “um povo peculiar, zeloso e de boas
obras”.

E, inseparável da doutrina de membresia da igreja de


regenerados, podemos mencionar incidentalmente que as
igrejas do Novo Testamento praticavam somente o
BATISMO DOS CRENTES. Uma profissão de fé em Cristo
era necessária antes de o batismo ser ministrado. Em Atos
2:41 lemos: “De sorte que foram batizados os que de bom
grado receberam a sua palavra” (ACF). Observe
que “receberam a Sua palavra” precedia o batismo. “Sua
palavra” se refere ao evangelho pregado por Pedro. Ninguém
é elegível para o batismo, segundo as Escrituras, até terem
ouvido o evangelho, acreditado e recebê-lo. Como um autor
escreveu: “A única diferença entre uma pessoa que não
‘recebeu a Palavra’, antes e depois da imersão é que antes da
imersão elas vestiam roupas secas e após sua imersão suas
roupas ficaram molhadas”.
Muitos casos podem ser citados para provar que só os crentes
foram batizados e foram acrescentados à igreja do tempo do
Novo Testamento, se o espaço permitisse. Prontamente
chamo à mente o caso de Lídia, do soldado de Felipe,
Cornélio e Felipe e o eunuco etíope. Em nenhum versículo
do Novo Testamento se pode encontrar algo que indique que
as pessoas foram batizadas antes de chegar a uma idade que
lhes permitisse ter fé em Cristo. A ordem dada na Grande
Comissão é primeiro fazer discípulos e depois batizá-los.

Agora perguntemos: as igrejas Batistas de hoje coincidem


com as igrejas apostólicas nas duas questões acima
mencionadas? Como outras denominações se posicionam a
respeito dessas questões? Note bem essa afirmação tão
verdadeira do Dr. T. T. Martin (A Igreja do Novo
Testamento): ”AS IGREJAS BATISTAS SÃO AS ÚNICAS
IGREJAS NA TERRA QUE REQUEREM QUE UMA
PESSOA PROFESSE SER SALVA ANTES DA PESSOA
SE UNIR À IGREJA OU SER BATIZADA”. Essa
afirmação foi espantosa para mim quando a li pela primeira
vez há vários anos. Mas a investigação não confirmou a
crença de que ela é verdadeira3. Outras grandes
denominações ou misturam batismo infantil com batismo
dos crentes ou ainda defendem a teoria da regeneração
batismal. Por exemplo, os Metodistas e Presbiterianos
defendem as reuniões evangelísticas e em seguida a essas
reuniões muitas vezes batizam (?) os que professam fé em
Cristo durante a reunião. No mesmo culto talvez batizem (?)
crianças que não estão em idade para crer em qualquer coisa.

3
Aqui o Autor não se contradiz, pelo contrário, ele está citando que não
conseguiu concluir sua pesquisa sobre tal afirmação que ele mesmo
defende ser verdadeira.
Claro que se o batismo infantil fosse praticado
universalmente, o batismo dos crentes acabaria na terra. Por
outro lado, os Campbelitas batizam somente quem tem idade
para ser batizado, mas defendem a teoria da regeneração
batismal e batizam para ajudar a salvar. Só os Batistas
requerem uma profissão de fé salvadora em Cristo antes de
batizar ou aceitar a pessoa na membresia.

Outra coisa que se destaca no Novo Testamento em relação


às igrejas daquele tempo é o MODO DE SALVAÇÃO,
conforme ensinado por elas. As igrejas apostólicas defendem
a salvação pela Graça, somente através da fé em Cristo.
Como prova disso apresento as claras conhecidas palavras de
Paulo em Efésios 2:8-9: “Porque pela Graça sois salvos,
por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem de obras, para que ninguém se glorie” (ACF).

A morte vicária de Jesus foi estabelecida como o único meio


de redenção para qualquer ser humano e o ensinamento foi
que só pela fé Nele, como Divino Redentor e Salvador, que
alguém pode ser salvo e se tornar um filho de Deus. Gálatas
3:26 fala sobre isso: “Porque todos sois filhos de Deus pela
fé em Cristo Jesus” (ACF). Atos 16:31: “Crê no Senhor
Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (ACF).

Os Batistas estão de acordo com a doutrina da salvação pela


Graça através da fé em Cristo? De fato, estão. “Esta é uma
doutrina fundamental no pensamento Batista. Permeia todo
o sistema das ideias Batistas e ajuda a determinar tudo o mais
no pensamento Batista”. Nenhum outro modo de salvação é
defendido ou ensinado nas verdadeiras igrejas Batistas.
Como outras denominações pensam a respeito da igrejas do
Novo Testamento e as Batistas sobre isso?
Nesse ponto dou outra citação do Dr. S. E. Tull: “os
Católicos acreditam que a salvação não vem puramente da
Graça, que a morte de Jesus Cristo não é o único meio de
salvação, mas que a ordenança do batismo é eficaz, contém
a graça sacramental e é essencial à salvação”. O Concílio de
Trento declarou que “no batismo não é dado somente a
remissão do pecado original, mas também tudo que tiver a
natureza do pecado é curado”. Ele torna alguém Cristão, um
filho de Deus e herdeiro do céu.

Na doutrina da salvação puramente pela Graça através da fé,


os Batistas estão sozinhos e todas as outras denominações
defendem a posição dos Católicos. Luteranos,
Episcopalianos, Presbiterianos, Congregacionalistas e
Metodistas se encaixam na posição Católica que o batismo
infantil contém a graça sacramental, enquanto os
Campbelitas defendem que o batismo por imersão é
essencial à salvação.

Por medo que alguns possam encontrar erros em mim por


classificá-los com os Católicos sobre essa doutrina da
regeneração batismal, citarei pela lei de algumas outras
igrejas sobre o assunto. A menos que os legisladores da
igreja tenham mudado a lei muito recentemente, o que segue
permeia as igrejas citadas e é uma amostra justa da posição
de todas as igrejas conveniadas nessa doutrina.

O Catecismo Episcopal diz: “batismo é o ato onde eu me


tornei um membro de Cristo, um filho de Deus e um herdeiro
do Reino dos céus”.

Se a citação acima não ensina a regeneração batismal, por


favor, diga quais palavras seriam usadas para ensiná-lo?
A Confissão Presbiteriana diz: “o batismo é um sacramento
do Novo Testamento ordenado por Jesus Cristo, não apenas
para a solene admissão dos batizados à igreja visível, mas
também para ser para o batizado um sinal e selo da aliança
da graça, de seu pertencimento a Cristo, da regeneração, da
remissão dos pecados e da entrega a Deus através de Jesus
Cristo para andar em novidade de vida”.

O ritual Metodista diz: “santifico esta água para este santo


sacramento e garanto que esta criança, agora a ser batizada,
possa receber a plenitude da Tua Graça e sempre permanecer
no número de Teus filhos fieis e eleitos”.

Veja bem o que você acaba de ler: “garanto que esta criança
possa sempre permanecer no número de teus filhos fieis e
eleitos”. Esse ritual coloca a criança no reino e na família de
Deus e isso sem fé pessoal. Pode crescer até a maturidade
com a ideia que é um filho batizado de Deus e isso sem nunca
ter sido regenerado, ou talvez até sem perceber a necessidade
disso. Isso certamente não está de acordo com as palavras de
Jesus: “...Aquele que não nascer de novo, não pode ver o
Reino de Deus” (João 3:3 - ACF).

Os artigos Metodistas se basearam nos da Igreja Inglesa e a


referência aos escritos do fundador do Metodismo mostra
que ele acreditava na regeneração batismal em relação às
crianças. Sobre os artigos da Igreja Inglesa, a que ele
pertencia, encontramos John Wesley escrevendo o seguinte:
(Sermões, Londres, 1872, vol.2, sermão 45, p. 74): “é certo
que nossa igreja supõe que todos os que são batizados em sua
infância são ao mesmo tempo nascidos novamente e se
permite que toda a ministração do batismo infantil prossiga
nessa suposição”.
Conheci Metodistas que negam veementemente que o
fundador do Metodismo defendia a regeneração batismal de
crianças, mas na citação acima, a partir de seus próprios
sermões impressos, temos isso em preto e branco.

Novamente, vamos examinar a visão Luterana, expressa pelo


fundador da Confissão de Augsburg, como segue: “sobre o
batismo, eles ensinam o que é necessário à salvação. E
condenam os Anabatistas, que defendem que as crianças
podem ser salvas sem ele [batismo]”. (Neander, História dos
Dogmas Cristãos Vol.2, p. 693).

“Numa cidade onde o autor estava trabalhando no evangelho,


os pastores de todas as igrejas dessa cidade se reuniram em
uma manhã para considerar a adequação de convidar Dr. R.
A. Torrey para conduzir uma reunião evangelística para toda
a cidade. Para a conferência desses pastores veio o reitor
Episcopaliano da cidade. O reitor pediu para fazer uma
declaração. Ele procedeu assim: ‘quero me colocar diante de
todos vós pastores da cidade, em minha relação com a
reunião evangelística proposta. Quero que vocês entendam
minhas convicções sobre o assunto. Não acredito no que é
conhecido entre vocês como evangelismo. Não acredito no
que vocês chamam de conversão debaixo da espontânea
operação do Espírito Santo no coração humano. Acredito na
Graça convencional em que as pessoas se tornam Cristãs
pelo batismo e pela confirmação na Igreja. Acreditando
como creio, não posso consistentemente me engajar com
vocês na sua campanha evangelística proposta’. Tudo isso o
reitor disse franca e enfaticamente. Então, parecendo
justificativa para sua posição, após a hesitação de um
momento, ele continuou: ‘quero dizer a vocês, pastores
Presbiterianos aqui, que se vocês vivem para o ensino
conveniente de sua igreja, vocês não podem empreender
campanhas evangelísticas. Vocês deveriam inclusive
abandonar seus ensinos convencionais ou deixar de
empreender campanhas evangelísticas. Engajando-se em
ambos, vocês fazem dois planos pelos quais os homens se
tornam Cristãos. Como eu vejo, esses pregadores Batistas
são os únicos pregadores em nossa cidade que podem
consistentemente levar adiante uma campanha evangelística.
Eles não acreditam em graça convencional, mas
consistentemente defendem cada homem com sua
experiência pessoal em religião, que eles chamam de
conversão e regeneração’”. (Denominacionismo Em Teste).

Outro estudo sobre as igrejas apostólicas descritas no Novo


Testamento revela vários fatos ligados às ORDENANÇAS
QUE ERAM MINISTRADAS POR ELES. Esses fatos
podem ser descritos assim:

1. As ordenanças eram duas e somente duas em número:


batismo e Ceia do Senhor – Mateus 18:19 e I Coríntios
11:23-30. Todas as tentativas de deduzir o lava pés como
uma ordenança, a partir das Escrituras falharam. Claramente,
os apóstolos não tinham tal ordenança. Nem as duas
ordenanças mencionadas acima estavam à luz dos
sacramentos. Falar da Ceia do Senhor como “Sacramento”
não somente não é escritural. É anti-escritural.

2. As ordenanças eram ordenanças da igreja. Isso é admitido


com a unanimidade prática por todas as grandes
denominações. À luz dessa admissão, a “comunhão aberta”
se torna não somente uma prática não escritural, mas da
mesma forma uma flagrante inconsistência. E se as
ordenanças foram dadas aos Batistas, como eu procurei
mostrar, então receber uma “imersão estranha” é, de todas as
coisas, a mais inconsistente para as igrejas Batistas.
3. Elas eram ordenanças simbólicas, designadas a
caracterizar grandes verdades e sem possuir qualquer poder
de salvação. Não tenho necessidade de discutir isso, já que
os ensinos do Novo Testamento da salvação pela Graça
lidavam com o dito acima, proibindo-nos de atribuir eficácia
salvadora às ordenanças. Pois, claro, se a salvação é pela
Graça através da fé em Cristo, não pode ser pelo batismo,
pela Ceia do Senhor ou por nossas obras.

4. O batismo era ministrado imergindo o candidato em água.


Nem a mais leve menção de aspersão pode ser encontrada no
Novo Testamento. Muitos casos claros de imersão são
registrados. Essa era evidentemente a única forma de
batismo, pois Paulo em Efésios 4:5 escreve: “Um só Senhor,
uma só fé, um só batismo” (ACF). E, de fato o sentido do
termo “batismo”, se estudado no original, é bastante para
esclarecer perfeitamente a mente não tendenciosa que a
imersão foi o modo primitivo. Ao lado disso, todos os
estudiosos confiáveis de diferentes denominações admitem
francamente que a imersão era o “modo” de batismo
praticado nos tempos apostólicos.

5. A Ceia do Senhor, sendo uma ordenança da igreja, era


restrita a membros da igreja. Sendo esse o caso, era, claro,
precedida por imersão.

Como as crenças das igrejas Batistas de hoje se enquadram


com o ensino do Novo Testamento a respeito das
ordenanças? A resposta é: estão em perfeito acordo. Outras
denominações estão tristemente em discordância.

Os Católicos admitem que mudaram a ordenança do batismo


no século doze pois a aspersão é mais conveniente. Citei aqui
sobre o Cardeal Gibbons (A Fé dos Nossos Pais, págs. 316-
317): “Por vários séculos após o estabelecimento do
Cristianismo, o batismo era normalmente ministrado por
imersão. O batismo é o meio essencial estabelecido para
lavar o estanho do pecado original e a porta pela qual
encontramos a admissão à Igreja. Então o batismo é tão
essencial para a criança como para o adulto. Crianças não
batizadas são excluídas do Reino dos Céus. O batismo nos
torna herdeiros do céu e co-herdeiros de Jesus Cristo”.

As igrejas Protestantes (lembremos novamente que Batistas


não são Protestantes), descendentes diretos da igreja
Católica, tiraram seu batismo infantil e seus modos
pervertidos de batismo de sua parenta, a Igreja Católica. Os
Campbelitas e outros que defendem o batismo como
essenciais à salvação tiraram sua regeneração batismal da
mesma fonte.

Em relação à Ceia do Senhor, descobrimos que o mundo


Católico e Protestante abandonou a simplicidade da ideia do
Novo Testamento, de que o pão e o vinho são meramente
símbolos ou momento que devem ser tomados como
memória do Salvador. Os Católicos defendem a
transubstanciação, a doutrina de que o pão e o vinho se
tornam o corpo real de Cristo. Os Luteranos defendiam a
consubstanciação, que é uma modificação da visão Católica.
Outros, como os Presbiterianos e Metodistas defendem a
ideia de benção sacramental ou espiritual que faz da
ordenança algo mais do que um mero memorial.

Além disso, muitas denominações na prática real não fazem


da imersão um pré-requisito para o compartilhamento da
Ceia do Senhor, como fazem as igrejas do Novo Testamento,
pois essas denominações praticam a “comunhão aberta” que
admite a todos que queiram participar, sejam imersos,
aspergidos, não aspergidos.
Mas, encontramos que as igrejas apostólicas eram
DEMOCRÁTICAS EM SUA FORMA DE GOVERNO
ECLESIÁSTICO. Isto significa, claro, que eles
reconheciam, o absoluto senhorio de Cristo e não tinham
nenhum, chefe ou mestre humano. “...Porque um só é vosso
Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos”. (Mateus
23:8 - ACF), é o ensino do Novo Testamento.

Não havia ordem mais alta ou mais baixa de clero. Nem


papas nem bispos no sentido moderno, para chefiar sobre
todos. Pedro não pensava em ser papa, pois ele se chamava
um companheiro mais velho de outros pregadores (I Pedro
5:1). Quando um sucessor foi necessário para preencher o
lugar de Judas Iscariotes, Pedro não se auto indicou, mas aos
cento e vinte membros da igreja de Jerusalém (Atos 1:15-
26).

Quando os primeiros diáconos foram indicados, foram


indicados por Pedro, não pelos apóstolos como anciãos
governantes, ou como um colégio de bispos constituintes.
Eles eram escolhidos pela multidão de discípulos ou a igreja.
Descobrimos que as igrejas resolviam seus assuntos sem
interferência ou imposição externa. Eles elegiam seus
próprios oficiantes e por votação da congregação recebiam e
excluíam membros. Por exemplo, Paulo escreve à igreja de
Roma (Romanos 14:1 - ACF): “Ora, quanto ao que está
enfermo na fé”. Isto indicava que eles tinham o hábito de
receber membros. Em I Coríntios 5, Paulo diz à igreja de
Corinto para excluir um membro não válido. Em II
Tessalonicenses 3, Paulo dá um conselho semelhante à igreja
de Tessalônica. Novamente, em Atos 9 temos a informação
que o próprio Paulo foi recusado na igreja de Jerusalém,
porque naquele tempo a igreja tinha dúvidas quanto à sua
conversão e tinha medo dele.
Tendo uma forma democrática de governo da igreja, sendo
composta por indivíduos que estavam em igualdade e não
tendo chefia visível, terrena, as igrejas eram separadas e
distintas e eram ligadas entre si de forma não orgânica. Isto
é confirmado por todos os mais antigos e mais confiáveis
historiadores como tendo sido a ordem geral por vários
séculos: “todas as congregações eram independentes umas
das outras” (vol. 1, cap. 3). Mosheim, o historiador Luterano,
diz (vol. 1, p. 142): “durante grande parte desse (segundo)
século todas as igrejas continuaram a ser, como de início,
independentes; cada igreja era um tipo de república
independente”.

As igrejas Batistas concordavam com o modo apostólico em


relação ao governo e política de sua igreja? Qualquer pessoa
conhecedora das igrejas Batistas sabe que a democracia em
sua forma mais pura era encontrada neles. Cada igreja é
separada e distinta como nos tempos apostólicos e quando as
igrejas se reúnem em associações e convenções eles se
juntam em uma única forma cooperativa, voluntária. Não há
união orgânica em uma grande “Igreja”. E ainda mais,
nenhuma associação ou convenção tem o direito de ditar
regras à igreja local.

As igrejas Batistas de hoje, como nos tempos apostólicos,


não têm dignitários ou eclesiásticos para impor sua vontade
sobre elas. É verdade que hoje em dia às vezes temos um
indivíduo ocasional que deseja para si mesmo poderes
eclesiásticos com os quais poderia forçar cooperação entre
os Batistas. Esse indivíduo está, em cada caso, predestinado
à queda prematura.4

4
Aqui Roy Mason faz referência a associações e convenções, pois o
mesmo ainda fazia parte da Convenção Batista do Sul EUA no início.
Não estamos de acordo com esse sistema, pois sabemos o que sempre
Mas daremos uma olhadela, por comparação, no governo das
outras igrejas.

Os Católicos não dão aos membros da igreja privilégios, mas


eles obedecem à “Igreja” e a nenhuma outra voz no governo
da igreja.

A igreja Luterana é um governo episcopal com poderes


legislativos governando a doutrina e a política de
congregações e indivíduos particulares.

A igreja Episcopal têm cortes legislativas e faz o mesmo.

A igreja Presbiteriana é o que se pode chamar de uma


“aristocracia centralizada”, composta de cortes legislativas
com uma graduação de autoridade, desde sessões numa
igreja particular até a Assembleia Geral de toda a
denominação. A partir das decisões da Assembleia Geral não
há apelação, para as igrejas ou indivíduos.

A igreja Congregacional chega mais perto da posição Batista


nessa questão do que as demais, mas permanece longe em
alguns outros pontos.

A igreja Metodista é um governo episcopal com um sistema


de maquinário eclesiástico que deixa pouco espaço para a
autonomia da igreja local ou à expressão da individualidade
da parte dos seus membros.

ocorre com igrejas que fazem parte de convenções e associações, elas


perdem sua autoridade e autonomia como igrejas de Cristo. Muitas
igrejas perderam sua identidade pratica por causa deste tipo de
envolvimento. Jesus fundou igrejas e não convenções e associações.
Portanto elas que tem a autoridade dada por Seu Cabeça, Cristo Jesus.
Essas formas de governo da igreja não é só anti-bíblica, mas
também prova não ser sábia em muitos exemplos, desde o
ponto de vista sobre o que seria útil. A questão de onde os
sacerdotes vão trabalhar, a escolha dos seus respectivos
campos é tomada de suas próprias mãos e precisam ir onde
são enviados. Nesse sistema, um pregador pode ser enviado
onde não queira ir onde sente que nem o Senhor nem o povo
o quer. Num caso que observei, um homem foi enviado a um
pequeno pastorado ao qual foi anexado um salário menor do
que ele se acostumara a receber. A mudança foi tão arbitrária
e insatisfatória que o pregador se rebelou e só ficou ali tempo
suficiente para vender suas coisas de casa. Se fui informado
corretamente, ele abandonou a igreja com a firme intenção
de se unir a outra denominação. Esses acontecimentos são
muito embaraçosos para a igreja e para o pastor. São o fruto
natural de um sistema eclesiástico não escritural.

Os Campbelitas ou Igreja “Cristã” recebeu sua forma de


governo do seu fundador, Alexander Campbell que, por sua
breve associação com os Batistas, se imbuiu de algumas
ideias. Os Campbelitas professam uma forma
congregacional de governo, mas na realidade, o pastor é
investido de poderes Episcopais para receber membros sem
o voto da congregação.

Outra coisa que deve ser claramente coletada a partir do


Novo Testamento a respeito das igrejas daqueles dias é que
eles ERAM TOTALMENTE LIVRES DE QUALQUER
COERÇÃO. Em outras palavras eles acreditavam na
liberdade religiosa. Religião era um assunto puramente
voluntário. Eles eram profundamente impactados com seu
dever de pregar, ensinar e persuadir, mas sua palavra
terminava ali. Se o indivíduo aceitava ou não o evangelho e
se afiliava à igreja ou não era um assunto a ser decidido pelo
próprio indivíduo fora de qualquer tipo de medida coercitiva.
Havia total separação entre igreja e Estado. “Daí a Cesar o
que é de Cesar e a Deus o que é de Deus” era a admoestação
de Jesus. Com tal concepção como as igrejas do Novo
Testamento tenham de liberdade de consciência, a precaução
religiosa era impossível para eles.

Novamente perguntamos: como as igrejas Batistas de hoje


concordam com os princípios de liberdade defendidos pelas
igrejas apostólicas? A resposta é que ainda mantém esses
princípios, tais como os tinham no primeiro século. Eles
sustentam ser seu dever e obrigação pregar o evangelho a
todo o mundo, mas procuram não forçar ninguém a aceitá-
lo. Eles acreditam que todo homem tem o direito individual
de fazer a si mesmo uma pergunta sobre seu relacionamento
com Deus. Consequentemente, acreditam que o batismo
infantil é um pecado contra Deus e contra as criancinhas,
pois força um rito religioso sobre uma criança indefesa e a
partir disso, o privilégio de obedecer a Cristo por si mesmas.
Os Batistas não colocam sacerdote, ordenança nem qualquer
coisa entre o indivíduo e Deus. Eles defendem que cada
pessoa pode, através de Jesus Cristo, contatar Deus e estar
com Ele por si mesma. Nas relações o mesmo princípio
voluntário se mantém. Nenhum alto poder eclesiástico força
as igrejas a tomar medidas. Nenhum conjunto de
eclesiásticos dirige os negócios das igrejas por si mesmos e
para aceitação dos líderes eles escolhem pelo povo. O povo
Batista governa a si mesmo e cada igreja determina a medida
e o tipo de cooperação que se engajará com outros corpos e
organizações.

Para os Batistas, a união entre igreja e Estado é um mal


indescritível a que nunca deram apoio. Eles sofreram através
do tempo cruéis prisões, punições e até mesmo o martírio nas
mãos de outras pessoas porque, na verdade, as pessoas de
outra fé, através dos poderes civis, possuíam a espada da
coerção e perseguição.

Vamos agora examinar outras denominações e observar suas


atitudes sobre esse ponto.

Os católicos não dão aos indivíduos qualquer prerrogativa


pessoal. A Igreja possui a alma do indivíduo e pode, pela
excomunhão, destruir toda a esperança de eternidade. A
história da Igreja Católica tem cheiro de sangue. Por longos
períodos, o Catolicismo era a religião-Estado e perseguiu tão
cruelmente os dissidentes que foram forçados a se esconder
nos “covis e cavernas da terra”. Posso somente mencionar o
massacre do Huguenotes em que centenas de pessoas foram
desmembradas, dos horrores da Inquisição, em que
invenções diabólicas criaram cada tortura com que afligiram
os Batistas e outros que mantinham visões religiosas
dissidentes.

“Escrevo essas linhas no Brasil, onde em cada local se pode


ver a evidência da intolerância Católica. Na semana passada
vieram notícias de como os Católicos interromperam cultos
conduzidos por Batistas na cidade de Bom Jardim, a algumas
milhas daqui.”5

Episcopalianos, Luteranos, Presbiterianos, Metodistas e


Congregacionalistas se juntam aos Católicos em diminuir a
liberdade da consciência individual por causa de sua prática
do batismo infantil. “Os Campbelitas estabelecem uma
ordenança entre o pecador e o Salvador e, portanto, proíbem
sua ilimitada proximidade de Deus”. Os Episcopalianos da

5
Comentário inserido, como um exemplo, pela pessoa responsável da
tradução e disponibilidade deste livro.
Inglaterra derivam seu sustento do governo e os Batistas são
forçados a pagar para dar suporte a uma igreja em quem não
acreditam. Dr. John Clifford, um notável pregador Batista,
foi para a cadeia várias vezes seguidas por sua recusa em
pagar para ajudar a sustentar a Igreja Episcopal. Os
Luteranos se uniram ao Estado e usaram seu poder para
perseguir.

Por exemplo, Henry Crant, Justice Muller e John Peisker,


Batistas, foram decapitados em Jena, em 1536 pelos
Luteranos. Entre suas visões anunciadas estava a doutrina de
que todas as crianças são salvas sem batismo. (Ver a obra de
MacArthur, Por Que Sou um Batista?).

Os Presbiterianos consentiram com a união não santa da


igreja com o Estado e também perseguiram. O partido
assumido por João Calvino, o fundador do Presbiterianismo
ao queimar Seventus, o Anabatista na estaca é muito
conhecida para mencionar em detalhes. Os
Congregacionalistas perseguiram, pelo poder civil nos
primeiros tempos coloniais da América. Clark, Holmes e
Candrall, líderes Batistas, foram multados, presos e
publicamente surrados em Boston. Ao perguntar qual lei de
Deus ou dos homens ele (Clark) tinha quebrado, Endicott lhe
respondeu: “você negou o batismo infantil e merece morrer”.

E posso acrescentar que nem toda a perseguição aos Batistas


pertence ao passado. Em quase todo lugar hoje, onde os
Batistas defendem toda a Bíblia e pregam suas doutrinas,
encontram perseguição. Eles são chamados de “estreitos”,
“fanáticos” e são apontados com desprezo. Muitas vezes, por
causa de suas crenças não lhes é permitido engajarem-se em
todos os tipos de movimentos e programas sindicalistas6 e
são amargamente criticados.

Em meu próprio ministério, minha própria igreja foi


boicotada por membros de outras denominações porque
preguei os ensinamentos do Novo Testamento a respeito das
ordenanças. As formas de perseguição não são as mesmas
dos dias passados, mas a perseguição, que não é menos real,
muitas vezes ressurge por aqueles que não desposam o
princípio puramente voluntário do Novo Testamento e dos
Batistas.

Outra característica das igrejas de Cristo nos tempos


apostólicos foi sua REVERÊNCIA PELAS ESCRITURAS
E OS COMANDOS DO SENHOR DADOS A ELES
ATRAVÉS DE HOMENS INSPIRADOS. A eles, a Palavra
de Deus, contida no Velho Testamento, saída dos lábios ou
caneta de homens inspirados, era suficiente.

Os Cristãos daqueles dias não destruíram o Velho


Testamento como os Modernistas de nossos dias, que o
partem em pequenos pedaços e chamam um pedaço de
documento “J” e outra parte de documento “E” e assim por
diante. Para eles o Velho Testamento não continha
meramente uma revelação de Deus. Era A revelação. Eles
receberam os ensinos dos apóstolos como autoridade.

Aqui, novamente, distinguimos a semelhança entre as igrejas


Batistas de hoje e as igrejas dos tempos antigos. Para os
Batistas, as Escrituras do Velho e Novo Testamento
constituem a autoridade final em todos os assuntos de crença

6
Esses sistema tem uma diferenciada funcionalidade nos EUA do que
costumamos observar no Brasil.
e prática. A grande doutrina que constituía (e se constitui até
hoje) o alicerce onde todas as suas doutrinas é: “a Bíblia, só
a Bíblia é nossa única e suficiente regra de fé e prática”.
Como alguém colocou habilmente: “se você não pode
encontrar na Bíblia, não é uma doutrina Batista. Se for uma
doutrina Batista você pode encontrá-la na Bíblia”.

Os Batistas acreditam que cada indivíduo tem o direito de ler


e interpretar as Escrituras por si mesmo. Eles não acreditam
em estudar e interpretar à luz dos comentários de alguém,
como fazem os Cientistas Cristãos, que a estudam à luz da
obra “Ciência e Saúde” do Sr. Eddy, ou os Russolitas que a
interpretam com a ajuda dos Estudos Bíblicos do Pastor
Russell ou os Católicos que, quando leem a Bíblia, leem a
tradução imperfeita da versão Douai, à luz das interpretações
Cristãs, anexadas a cada página, na forma de “notas”.

Os Batistas acreditam que a Bíblia diz o que quer dizer e


significa o que diz e está escrita de modo a ser entendida
pelas pessoas comuns. Eles não acreditam ser o correto
procurar justificar uma prática por um conjunto de
regulamentos delineados por homens falíveis.
Consequentemente, uma coisa ser encontrada numa
“Disciplina” ou “Catecismo” lhe acrescenta muito pouco
peso. Mas, enquanto essas coisas são verdadeiras, também é
verdade que os Batistas sempre quiseram estabelecer suas
crenças. Eles o fizeram repetidamente na forma de
“Confissões de Fé”. Essas confissões simplesmente colocam
diante do mundo sua interpretação do que a Bíblia ensina
sobre assuntos fundamentais. Eles não amarram credos
forçados sobre corpos Batistas, pois cada igreja tem o
privilégio de produzir sua própria declaração de fé.

Quais são as atitudes de outras denominações a respeito da


Bíblia? Não é a atitude Batista, se não, não haveria a divisão
que existe hoje. Muito é dito hoje sobre a união da igreja 7 e
os Batistas são muitas vezes acusados pela condição
cismática do Cristianismo. Mas pode-se dizer
verdadeiramente que os Batistas estão prontos a se unirem
sob o princípio da absoluta adesão ao Novo Testamento.

A visão Católica, por exemplo, é o oposto exato aos Batistas.


Os Católicos acreditam no Papa como a fonte da doutrina e
defendem sua infalibilidade em suas decisões. Sobre esse
ponto, temos a seguinte afirmação do Cardeal Gibbons:
“Quando surge uma disputa na igreja sobre o sentido das
Escrituras, o assunto é mencionado ao Papa para julgamento
final. Ele pronuncia seu julgamento e sua sentença é final,
irrevogável e infalível”. Novamente, no mesmo livro (A Fé
de Nossos Pais), ele diz: “as Escrituras nunca podem servir
como uma completa regra de fé ou um guia completo ao céu,
independente de um intérprete vivo autorizado”.

Outras denominações ocupam posições entre os Batistas e os


Católicos. As igrejas Luteranas, Episcopais e Metodistas são
investidas com poderes legislativos amplos para lhes
permitir fixar doutrina e conduta legislativa para
congregações particulares e para indivíduos. Como já vimos,
a Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana é investida com
poder supremo em assuntos que afetam a doutrina e a
política.

Há outra coisa considerada fundamental entre as igrejas do


Novo Testamento e que foi o que deu o nome: “A

7 Aqui se faz referência ao Ecumenismo. Essa linha de pensamento é um


aglomerado de doutrinas sincréticas (misturas de diferentes princípios),
isto é, mesmo não havendo concordância, convivem com uma aparente
aceitação entre si.
COMPETÊNCIA DA ALMA DEBAIXO DE DEUS, NA
RELIGIÃO8”. “Todos nós prestamos contas de nós mesmos
a Deus”. Esse é o ensino de Paulo. Cada alma é considerada
competente para lidar com Deus sem a interferência de
sacerdotes humanos ou mediadores. A liberdade absoluta de
consciência foi permitida e a coerção nunca deu bom
resultado em assuntos pertinentes à religião, como já foi
indicado.

Nisso percebemos os Batistas como estritamente apostólicos.


Os Batistas acreditam que o homem, como homem, tem a
capacidade de conhecer Deus e, sob o poder do Espírito
Santo, fazer a vontade de Deus. “Essa competência da alma
debaixo de Deus”, como um autor colocou é, “ao mesmo
tempo exclusiva e inclusiva. Exclui toda a interferência
humana, toda a representatividade em religião, todas as
ideias de intervenção sacerdotal ou episcopal. Religião é um
assunto entre a alma individual e Deus. Inclui todos os
direitos de uma democracia absoluta e constitui, em cada
crente, seu próprio sacerdote e rei”.

Pode não estar fora de lugar aqui citar o Dr. E. Y. Mullins


sobre este ponto. Ele diz: “o significado Bíblico dos Batistas
é o direito à interpretação privada e obediência às Escrituras.
O significado dos Batistas em relação ao indivíduo é a
liberdade da alma. O significado eclesiástico dos Batistas é a
membresia regenerada à igreja e a igualdade entre o
sacerdócio e os crentes. O significado político dos Batistas é
a separação da igreja e Estado. Todos eles crescem

8 Tiago 1:27 – “A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é


esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da
corrupção do mundo.”
naturalmente e, pela necessidade doutrinário à competência
da alma na religião”.

E agora, vamos examinar brevemente outras denominações


e não sua atitude nesse assunto. Todos os que conhecem a
posição Católica admitirão prontamente que ela está em
direta antítese com a doutrina Batista da competência da
alma. Enfatizando todo o esquema do Catolicismo Romano
está a ideia de incompetência da alma. Isto é visto na
confissão auricular, a negação do direito à interpretação
privada da Bíblia, o batismo infantil, o monopólio sacerdotal
aos elementos necessários à ”comunhão” e várias outras
coisas.

O Protestantismo é uma mistura das posições Batistas e


Católicas. Uma citação do Dr. M. P. Hunt (A Fé Batista)
tornará isto claro. Ele escreve: “Em muitas coisas o mundo
Protestante está agora com os Batistas, mas em algumas
coisas ainda se apega aos andrajos do Catolicismo. Como,
por exemplo, o episcopado, o batismo infantil e a
regeneração batismal. Essas coisas são todas não escriturais
e primeiro viram a luz na Igreja Católica e foram nutridas por
sua concepção não escritural da incompetência da alma na
religião. Defendendo a doutrina da justificação pela fé, o
mundo Protestante está junto com o Batista, enquanto, ao
batizar suas crianças na igreja, durante a inconsciente
infância, eles estão junto com os Católicos. Na questão da
liberdade civil e religiosa, o mundo Protestante na América
[alguns lugares] agora está em total simpatia com a posição
Batista, enquanto as igrejas que mantém forma de governo
Episcopal têm a mesma posição dos Católicos. Tome-se as
‘Disciplinas’, que tem menos de cem anos e elas estão junto
com os Batistas na questão do batismo dos crentes, mas ao
mesmo tempo, estão junto com os Católicos na defesa do
batismo como essencial à salvação”.
Outras características das igrejas apostólicas poderiam ser
citadas e sua identidade com as características Batistas serem
estabelecidas. Mas já se disse o suficiente, com bastante
certeza, para demonstrar que os Batistas são apostólicos em
relação à sua fé e prática. Quem lê o Novo Testamento só
poderá ver a identidade doutrinária dos Batistas de hoje com
as igrejas do Novo Testamento. Dr. A. T. Robertson dissera:
“dê a um homem um Novo Testamento e uma boa
consciência operante e um Batista será o resultado certo”.
Exemplos são registrados em que várias denominações têm
buscado atrair à sua igreja um novo convertido e, como regra,
quando se anuncia que o indivíduo está fazendo um estudo
do Novo Testamento e deixará que este o guie, normalmente
se percebe que os Batistas venceram.

Se eu quisesse usar bastante espaço, poderia citar na íntegra


um relato de I. N. Yohannan, um persa convertido pela
pregação de um missionário Presbiteriano, mas que, ao ler o
Novo Testamento, veio da Pérsia a New York para ter um
batismo Batista.

Eu poderia contar a história de John G. Oncken e sua família


em Hamberg, Alemanha. Eles, tornando-se crentes e por não
terem guias eclesiásticos, se puseram a estudar o Novo
Testamento com esse resultado: UMA IGREJA BATISTA!

Eu poderia falar de Judson e Rice, que foram enviados a um


campo estrangeiro por outra denominação e durante sua
viagem estudaram o Novo Testamento e chegaram ao seu
campo com convicções que os levaram a se unir a uma igreja
Batista, mesmo que isso tenha significado para eles renunciar
ao sustento daqueles que os enviaram.

“Eu poderia contar como no Estado da Paraíba, Brasil,


homens foram convertidos sob a pregação de um missionário
Presbiteriano e se tornaram Batistas na crença pela leitura do
Novo Testamento. Eles foram para a cidade onde agora eu9
resido (Estado de Pernambuco) a um pregador Batista para
vir batizá-los.”

É certamente verdade que, julgados pelo teste doutrinário, os


Batistas validaram sua reivindicação da perpetuidade da
igreja!

“Alguns dizem que os Batistas não podem rastrear sua


história através dos séculos por causa das irregularidades das
crenças entre as seitas dissidentes. Bem, quando lembramos
que as verdadeiras igrejas de Cristo têm sido perseguidas em
todas as épocas e levados às escuras cavernas e à solidez das
montanhas, com o que seus inimigos afirmam sobre eles,
podemos esperar que algumas diferenças apareçam entre
eles. Mas estarão os Batistas de hoje livres dessas pequenas
diferenças? O fato é que temos muitos Batistas Unitários
entre nós no momento presente que estão tentando sair de
nossa comunhão”.
J. L. Smith, em “A Lei Batista da Continuidade”.

3. A Linha das Afirmações Históricas por Historiadores


Confiáveis

Vimos, anteriorormente que todas as igrejas e denominações,


com a única exceção das igrejas Batistas, se originaram em
tempos pós apostólicos e, além disso, que sua origem pode
ser rastreada a um chefe e fundador humano. Aplicando o
teste histórico de Jesus, que requer que a verdadeira igreja

9 Aqui não está se referindo ao Dr. Roy Mason, Th.D., mas ao brasileiro
Hélio de Menezes Silva (foi o autor da disponibilidade deste livro).
deve ter tido a Ele, como Fundador, e deve ter sido
perpetuada através de todos os tempos, eliminamos todas as
igrejas, salvo as Batistas. Na sequência, aplicamos o teste
doutrinário, com os resultados de que somente as igrejas
Batistas sejam apostólicas em doutrina, forma e prática.
Outras denominações, já vimos, falharam neste teste. Cada
uma delas mostraram amplo afastamento da doutrina e
prática apostólicas. Já se tornou aparente que as igrejas
Batistas são idênticas às igrejas da época do Novo
Testamento e, consequentemente podem corretamente
requerer serem as verdadeiras igrejas de Cristo. Porém, não
nos deteremos aqui. Propusemos no início dedicar algum
tempo a provar a perpetuidade da igreja Batista por
afirmações de confiáveis historiadores.

Antes de lermos o testemunho dessas testemunhas históricas,


pode ser importante, por clareza, falar brevemente de vários
assuntos mais ou menos a respeito dessa questão. Esses
pontos, indicados numericamente são:

1. Que se possa ter em mente, conforme indicado no início,


que os Batistas não tentam estabelecer sua posse do nome
Batista. Alguns dizem que as igrejas Batistas não são as
verdadeiras igrejas porque não são chamadas pelo nome
Batista no Novo Testamento. O fato claro é que eles não
eram chamados por qualquer nome que os distinguisse
naquele tempo, mas simplesmente conhecidos como
“igrejas”. E por quê? Claramente porque todas as igrejas
eram então de uma só fé e consequentemente não precisavam
de nome, exceto pelo local da igreja, por exemplo, a “igreja
de Antioquia”, “de Corinto”, etc.

Mas logo se pode ver que à medida do passar do tempo,


organizações espúrias chamando a si mesmas de igrejas
brotaram e nomes distintos vieram a ser usados por
necessidade. Como para os Batistas, eles foram chamados
por diferentes nomes ao longo dos séculos10. Esses nomes
eram jogados sobre eles por seus inimigos e perseguidores,
como antes tentei mostrar. Às vezes, em um país certo nome
lhes era aplicado, enquanto, ao mesmo tempo recebiam outro
nome em outra terra. Os mesmos tipos de igrejas existiram,
caracterizadas pela mesma doutrina e vida evangélica, mas
os nomes que portavam eram diferentes. É muito fácil
entender porque isso teria acontecido quando as igrejas eram
amplamente separadas e quando havia pouca
intercomunicação. Nos dias coloniais da América, os batistas
eram muitas vezes chamados de “Anabatistas11” e
“Catabatistas12”. De fato, ao ler alguns documentos
históricos relativos à história do Kentucky, descobri que os
Batistas eram chamados de Anabatistas. Bem certo que a
queda do “Ana” de forma alguma mudou as características
das igrejas. Nem os Waldenses mudaram quando, ao longo
do tempo vieram a ser chamados de Anabatistas.

Então o importante não era a identidade do nome, mas a


continuidade da doutrina e da vida, mantidas por pessoas que
se reuniam como corpo de crentes batizados em Cristo.

2. Lembremo-nos que os que negam a perpetuidade Batista


diferem muito de quanto os Batistas tiveram sua origem. Sua
grande incerteza e sua completa divergência de opinião sobre
a questão é em si um bom argumento para a coisa a que se
opõem. Dr. W. A. Jarrell, ao preparar seu manuscrito para

10
Evidências históricas comprovam que eles foram apelidados por seus
rivais doutrinários e nunca tiveram intenção de se autodeclararem ou
sustentar tal nome que carregam na história; são vários nomes diferentes.
11
Anabatistas: rebatizar indivíduos que criam no Evangelho, pois foram
batizados em seu nascimento; era um costume doutrinário e obrigatório
da época.
12 Catabatistas: Negam o batismo como necessário para a salvação.
seu livro Perpetuidade há alguns anos, escreveu algumas
cartas a alguns oficiais e estudiosos de igrejas Católicas e
Protestantes, perguntando: “quando, onde e por quem a
primeira igreja Batista se originou?” As respostas recebidas
mostraram desesperança, confusão e incerteza. Esses
homens, sem querer aceitar que a primeira igreja que sempre
existiu foi uma igreja Batista, foram muito pressionados a
encontrar uma resposta e suas respostas falharam na
concordância umas com as outras.

Permita-me ilustrar mais este ponto: tenho aqui em minha


mesa dois livros escritos por homens que violentamente se
opuseram à ideia da perpetuidade Batista. Datando a origem
dos Batistas, um diz que os Batistas começaram na
Alemanha em 1521 por Nicholas Stork. O outro diz que a
primeira igreja Batista foi fundada em Amsterdã por John
Smith, um inglês, em 1607. O fato é que os que negam que
Jesus iniciou a primeira igreja Batista em Jerusalém
simplesmente não conseguem apontar a data do início da
primeira igreja Batista e o homem que a iniciou. Não
conseguem nomear corretamente da data porque ela não
existe! Não conseguem nomear o homem desse lado de
Cristo, porque ele nunca viveu!

3. Note a confusão que prevalece entre os que afirmam que


Jesus não encontrou a assembleia local, mas uma “Igreja
invisível universal”. Por exemplo, Dr. C. I. Scofield em sua
“Síntese da Verdade Bíblica”, diz que ekklesia é usada no
Novo Testamento em quatro sentidos diferentes: “Para
designar todo o corpo de redimidos durante a atual
dispensação, designar uma igreja local, designar grupos de
igrejas locais e designar a igreja visível ou corpo de crentes
professos sem referência a localidade ou números”. A
confusão aqui fica pior! Quem pode ler o Novo Testamento
com mente não tendenciosa e ter a impressão que Jesus
fundou vários tipos diferentes de igrejas? Esse ensinamento
só surgiu como uma necessidade teórica. Mais, descobrimos
que a Confissão de Westminster contém ainda outra
concepção de igreja em que os que nunca se tornaram crentes
são membros. Essa confissão diz que a igreja consiste “de
todos aqueles em todo o mundo que professam a verdadeira
religião, juntos com seus filhos”.

4. Há aqueles que prontamente admitem uma perpetuidade


dos princípios Batistas, mas não querem admitir a
perpetuidade das igrejas Batistas. Por exemplo, H. C.
Vedder, em sua Breve História dos Batistas, dedica a maior
parte da sua introdução em um argumento contra a
perpetuidade dos Batistas, então, estranho dizer, começa sua
história dos Batistas nos tempos do Novo Testamento. Ele
não admite a continuidade das igrejas Batistas, mas dedica
mais de duzentas páginas ao que chama de “História dos
princípios Batistas”. Surge imediatamente essa questão: se
os princípios Batistas tiveram existência contínua desde os
tempos apostólicos, então certamente devem ter existido
pessoas que defenderam tais princípios. Pois a perpetuidade
dos princípios Batistas necessariamente envolve o fato que
viviam indivíduos que os defendiam.

Os indivíduos que defendiam princípios Batistas não eram


Batistas? E as igrejas compostas de tais indivíduos não eram
Igrejas Batistas individuais? Se não, estou bastante
interessado em saber que tipo de igrejas elas eram. A posição
de ter havido uma perpetuidade dos princípios Batistas, mas
não de Batistas é ilógica e uma pessoa de mente reflexiva
ficaria doente mantendo tal posição.

5. Ninguém pode negar que deve ter havido desde os dias dos
apóstolos, empresas, congregações e seitas de Cristãos
dissidentes das formas estabelecidas e comumente aceitas.
Quando as igrejas que prevaleceram caíram em erros e
abandonaram o ensino evangélico, os que continuaram
piedosos se separaram da multidão e adoravam e serviam a
Deus conforme seu entendimento das Escrituras. Essas
pessoas, verdadeiras no ensino apostólico, constituindo no
mais estrito sentido o que restava da verdadeira igreja de
Cristo, foram amargamente perseguidas, chamadas de
“heréticas”, e recebendo toda sorte de nomes odiosos.

E porque usavam normalmente os nomes que lhes eram


aplicados pelo ódio dos seus inimigos, os nomes variavam.
Consequentemente seria tolo, pelo fato do nome Batista não
poder ser rastreado sucessivamente até os tempos
apostólicos, negar que as pessoas que defendem os princípios
Batistas e, no sentido real, que os Batistas tenham existido.

6. “Muitas vezes são feitas objeções a rastrear os


descendentes Batistas através das assim chamadas seitas
(dissidentes que existiram desde os tempos do Novo
Testamento, com base de que havia irregularidades entre eles
quanto à doutrina e prática)”. Algumas das igrejas incluíam,
sob o mesmo nome as pessoas, através das quais, os Batistas
acompanham sua perpetuidade, praticavam coisas fora de
harmonia com as coisas que os Batistas praticam hoje.
Portanto, é questionável que os Batistas errem ao afirmar
parentesco com eles.

Vamos pensar sobre essa objeção por alguns momentos.


Deveria ser evidente para quem pensar sobre essas igrejas,
absolutamente independente, reunidos de nenhuma forma
orgânica fechada, conduzidas ao isolamento, divididas e
separadas por perseguição, em qualquer probabilidade virem
a diferir de certa forma em assuntos menores de doutrina e
política. E mais, alguns poderiam até se afastar tanto do
ensino das Escrituras que seriam indignas do nome nascido
delas. Não há dúvida que isso aconteceu em muitos exemplos
entre as pessoas por quem os Batistas delineiam
descendência.

Historiadores tendenciosos usam exemplos mais ou menos


isolados e os magnificaram numa tentativa de mostrar que
toda a “seita” não era Batista em suas doutrinas e práticas.
Sob o mesmo princípio se questionaria que certas igrejas da
era apostólica não seriam verdadeiras igrejas. Por exemplo,
a igreja em Corinto era muito imperfeita. Existiam
irregularidades e ninguém afirma que ela não era uma
verdadeira igreja de Cristo. Poder-se-ia magnificar as
irregularidades e variações que existem entre as igrejas
Batistas do Norte e do Sul ou entre os Batistas do Sul e os do
Canadá ou da Inglaterra e erroneamente concluir que eles
não devam ser classificados como o mesmo povo.

E de fato, há igrejas que se autodenominam Batistas que sem


dúvida se afastaram das Escrituras e não são mais
verdadeiras igrejas Batistas. Porém, é muito injusto julgar
um povo como um todo pelas ações de algumas igrejas que
passam longe da verdade. Avaliando-as adequadamente,
devemos descobrir o que eles pensam na essência. Devemos
nos certificar, quais eram os princípios que em geral os
caracterizava. Devemos nos lembrar que muito do que está
registrado sobre aqueles que defenderam a visão Batista em
épocas passadas veio das canetas de seus adversários. Os que
escreveram sobre eles em geral odiavam esses “dissidentes”
com ódio mortal e maligno e não tinham escrúpulo em
persegui-los até a morte.

O testemunho de tais testemunhas pode ser considerado


como confiável? Muitas vezes encontramos historiadores,
até alguns que se dizem Batistas querendo caracterizar os
Batistas dos tempos passados conforme os registros de seus
perseguidores, que se deliciavam com nada menos do que
exagerar suas faltas. Estranho dizer, alguns historiadores
parecem dar mais credenciais às afirmações de seus inimigos
do que as contidas nos escritos existentes desses próprios
Cristãos. Parece-me que as histórias de Newman e Veddre
chegam a esse extremo mencionado.

Comparei seus escritos sobre os vários corpos de Cristãos


que estiveram em Roma nos primeiros tempos, com os
escritos de outros historiadores Batistas. Não fui capaz de me
manter neutro em sentimentos e senti que eles fizeram a esse
povo uma profunda injustiça. Aqueles nobres homens e
mulheres que mantiveram vivas as grandes doutrinas da fé
do Novo Testamento através dos tempos sangrentos de
perseguições, que mantiveram a religião evangélica em face
à apostasia Romana, muitas vezes ao custo da própria vida,
certamente aguentaram bastante durante suas vidas sem ter
perpetuado contra sua memória, por historiadores
tendenciosos, as calunias de seus inimigos.

7. Deve-se bem perguntar neste momento: quanto uma igreja


pode se afastar da verdade e ainda ser uma igreja do Novo
Testamento? Os que afirmam que Montanistas, Novatistas,
Paulicianos, Waldenses, etc. eram muito heréticos para se
parecerem com os Batistas, deveriam ponderar essa questão.

Mesmo o Dr. A. H. Newman reconhece que as igrejas podem


ter irregularidades e ainda serem igrejas do Novo
Testamento, pois em sua história do “Antipedobatismo”,
pág. 28, ele diz: “pode-se admitir que uma igreja possa
cometer graves afastamentos em doutrina e prática do padrão
apostólico, sem deixar de ser uma igreja de Cristo”. Se
podemos determinar até onde uma igreja pode se afastar da
verdade e ainda permanecer uma igreja do Novo Testamento,
deveremos então estar preparados para examinar as crenças
dos vários partidos e “seitas” dos tempos antigos para
determinar se podemos rastrear com justiça os Batistas
através deles.

Na questão sobre o que se constituía uma igreja do Novo


Testamento, quero citar com aprovação as palavras do Dr. T.
T. Martin, encontradas em seu esplêndido livro sobre a igreja
do Novo Testamento. Ele diz: “Somente duas doutrinas são
essenciais para uma igreja do Novo Testamento. Outras
doutrinas são importantes, preciosas, mas só duas são
essenciais a uma igreja do Novo Testamento. Elas são: o
MODO DE SALVAÇÃO e o MODO DE BATISMO. A
Comissão deixa isso claro. Mateus 28: 19-20: ‘Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os...’ (ACF).

Um corpo de pessoas defendendo essas duas doutrinas e


nessa ordem do Novo Testamento podem estar em erro em
outras doutrinas e ainda ser uma igreja do Novo Testamento.
Por exemplo: se houver no Ocidente uma igreja chamada de
‘Batista’ que defende a imersão para o batismo, mas não
aceita o modo de salvação do Novo Testamento, então não é
uma Igreja do Novo Testamento. Se houver uma igreja em
New York ou na Inglaterra chamada de ‘Batista’ que defende
o modo de salvação do Novo Testamento, mas não defende
a imersão no batismo, então não é uma igreja do Novo
Testamento. Se há uma igreja chamada ‘Batista’ que defende
o modo de batismo do Novo Testamento, mas a pessoa pode
ser batizada antes de ser salva, então não é igreja do Novo
Testamento”.

Tem havido igrejas Batistas em tempos recentes que


praticavam o lava pés. Outras tiveram visões erradas em
relação ao Shabbat. Em nossos dias conheci igrejas Batistas
no Norte com uma mulher como pastora e conheci igrejas
que adotam vários planos não escriturais para realizar seu
trabalho. Mas nenhuma dessas coisas lhes permitiu deixar de
ser igreja do Novo Testamento. Assim como um Cristão
pode ser desobediente e ainda permanecer Cristão, assim
uma igreja pode ser desobediente e ainda permanecer igreja
do Novo Testamento, embora conscientemente e
indignamente. Pois, repitamos, segundo os termos da
Comissão, duas doutrinas e somente duas são essenciais a
uma igreja do Novo Testamento: O MODO DE
SALVAÇÃO E O MODO DE BATISMO.

“Esta igreja não foi engolida pela Igreja Católica e não


deixou de existir nas Eras Negras como professos
Protestantes, mas de fato têm uma linha contínua de igrejas
em todos esses séculos, sob vários nomes, mas mantendo os
mesmos princípios que a igreja fundada por Cristo e que as
verdadeiras igrejas Batistas mantém hoje. Não houve igrejas
Protestantes reais até o século dezesseis. Quem forneceu os
milhões de mártires, quem foi cruelmente posto à morte pela
Igreja Católica? Só há uma resposta: eles eram Batistas”.
J. T. Moore, em “Por Que Sou um Batista”.
VII. Os Batistas Sob Outros
Nomes
Tocamos no fato que desde o tempo em que a corrupção
começou a ganhar ascendência e a ordem de Deus começou
a ser pervertida e mudada, tem havido dissidentes, os que
protestaram contra o mal e a corrupção e se uniram para viver
e agir conforme os ensinamentos das Escrituras. Os que
mantiveram a forma, doutrina e ensinamentos do Novo
Testamento eram tidos pelas igrejas corruptas como “seitas”
e eram denunciados como “heréticos”. Todos os
historiadores admitem que essas “seitas” ou “heréticos”
existiram em todas as épocas.

Nessas igrejas, que se mantiveram no ensino do Novo


Testamento contra a corrupção, houve líderes e homens
ilustres que se tornaram extremamente bem conhecidos e
bem odiados porque ousaram enfrentar a causa da verdade
contra a apostasia. Em muitos exemplos, um grande número
daqueles que mantiveram a verdadeira fé se aplicou a eles o
nome do seu líder. Quando um novo nome passava a ser
aplicado aos que defendiam as crenças Batistas, os
historiadores escrevem como se uma nova seita fosse
inaugurada. Na verdade, era apenas um nome que
inaugurava um grito dos inimigos. Um novo nome se
aplicava ao mesmo povo, mantendo as mesmas crenças
peculiares e de forma alguma mudando-as.

Agora, antes de eu começar a sugerir alguns dos povos dos


tempos antigos através de quem os Batistas podem
adequadamente afirmar sua continuidade histórica, permita-
me enfatizar dois pontos que peço ao leitor manter em mente
em toda a leitura de todo o capítulo. Primeiro, o que estou
procurando estabelecer é que sempre houve, desde os tempos
de Cristo, grupos de indivíduos que mantiveram os pontos
essenciais da fé do Novo Testamento e que se mantinham
reunidos em igrejas essencialmente Batistas em fé e prática.
Segundo, só duas doutrinas são essenciais a uma igreja do
Novo Testamento: o modo de salvação e o modo do batismo.

Se um grupo de igrejas são impactantes nesses dois pontos


cardeais elas podem ser corretamente chamadas de igrejas
Batistas. Não há dúvida que, devido às circunstâncias que
prevaleciam e onde poderíamos lucrativamente nos demorar
se o espaço permitisse, algumas das “seitas” tinham
irregularidades entre eles. Algumas das pessoas que
mencionarei tinham ideias erradas e faziam concessões em
algumas extravagâncias. Porém, se eu puder mostrar que eles
mantinham puras as duas doutrinas cardinais mencionadas
como essenciais a uma igreja Batista, eu terei provado minha
afirmação que eles eram Batistas. É defendido contras alguns
dos “dissidentes”, por exemplo, que eles tinham ideias
extravagantes sobre a Segunda Vinda de Cristo. Isso não os
desqualifica de serem Batistas. Assim foram os
Tessalonicenses que tinham essas visões erradas e Paulo teve
que escrever II Tessalonicenses, para corrigi-los.

Assim alguns Batistas de hoje que vão ao extremo de realizar


programas e eventos ligados ao retorno de Cristo. Mas
prossigamos com notas bem breves sobre algumas “seitas”
que mantinham separação do movimento que veio a ser
conhecido como Catolicismo. Podemos começar bem com
os Montanistas.

MONTANISTAS: Sei bem que alguns historiadores Batistas


levantam suas mãos com horror ao pensamento de que os
Batistas afirmam semelhança com os Montanistas (cf.
Newman e Vedder). Com antipatia preconcebida sobre a
ideia da continuidade Batista, eles procuram desenhar um
quadro obscuro das antigas “seitas”, como as chamam,
quando possível. De muitos historiadores recebi informações
sobre os Montanistas. Minha conclusão é que suas
irregularidades foram muito exageradas. Em algumas das
igrejas houve irregularidades, sem dúvida, mas estou
convencido que no todo, eles foram um povo grande e bom,
defendendo as doutrinas essenciais a uma igreja Batista.
Vamos rever as afirmações dos historiadores sobre eles:
Vedder diz (Breve História dos Batistas, págs. 58, 62): “eles
claramente apreenderam a verdade que uma igreja de Cristo
deve consistir só de regenerados, claro, os Montanistas
imersos, e nenhum outro batismo até onde sabemos, era
praticado por ninguém no século dois. Não há evidência que
batizavam crianças e seu princípio de uma membresia de
igreja regenerada naturalmente requeria somente o batismo
de crentes”.

Deveríamos nos envergonhar por afirmar semelhanças com


essas igrejas, compostas de pessoa regeneradas, devidamente
imersas sob profissão de fé em Cristo? Mas leiamos mais
sobre os testemunhos de historiadores.

“O ‘Montanismo’ era um protesto contra a corrupção, um


viver de pecado e uma disciplina frouxa. A substância da luta
dessas igrejas era por uma vida no espírito. Não era uma nova
forma de Cristianismo. Era uma recuperação da antiga e
primitiva igreja estabelecida contra a corrupção óbvia do
Cristianismo de então. A antiga igreja demandava pureza. A
nova igreja tinha lutado por uma barganha com o mundo e se
acomodou confortavelmente com ele e eles, portanto os
quebraram”. (Moeler, Montanismo, na Enciclopédia Schaff-
Herzog).
“Como não havia naquele tempo qualquer afastamento da fé
em ação, o sujeito do batismo, governo da igreja ou doutrina,
os Montanistas, nesses pontos, eram batistas”
(Jarrel, Perpetuidade, p. 69).

O “Montanismo” continuou por séculos e finalmente se


tornou conhecido por outros nomes (Eusebius, História da
Igreja, p. 229, nota de Dr. McGiffert).

“A seriedade de sua doutrina ganhou neles a estima e


confiança de muitos que estavam longe de aceitar uma ordem
inferior”. (Mosheim, História Eclesiástica, vol. 1-p. 233).

“O Montanismo é mais bem conhecido como uma reação


contra uma condição da igreja e da vida Cristã, que parecia
aos Montanistas ter sido jogada muito baixo e também ter
decaído com a autoridade do Estado”. (História, de
Armitage, p. 175).

“Os Montanistas afirmavam que nas igrejas deveriam estar


confinadas pessoas puramente regeneradas e que a vida
espiritual e a disciplina deveriam ser mantidas sem qualquer
afiliação com a autoridade do Estado”. (História, de
Armitage, p. 175).

“Montanus foi acusado de supor ser o próprio Espírito Santo,


o que seria simplesmente uma calunia” (História, de
Armitage, p. 175).

“A história ainda não livrou os Montanistas da distorção e


tendenciosidade que por muito tempo os considerou
inimigos de Cristo, enquanto, de fato, eles honestamente,
mas em alguns casos erroneamente, trabalharam para
restaurar a semelhança com Cristo das igrejas que tanto se
afastaram Dele”. (História, de Armitage, p. 176).
OS NOVATIANOS: Eles foram chamados assim por causa
do líder do movimento puritano, que se chamava Novatio.
Ele era um membro da igreja de Roma plantada por Paulo,
mas que se tornou tão corrupta que a separação foi necessária
para preservar a fé. Dos Novatianos, Dr. J. B. Moody diz:
“eles nem começaram nem propagaram uma seita. Outros
seguiram seu exemplo ao se separarem das igrejas corruptas,
seguiram o comando divino e assim seu caminhar foi
ordenado. Os desordeiros constituíam a apostasia”.

Robinson diz (Pesquisas Eclesiásticas, p. 126): “uma maré


de imoralidade permeou a igreja, os Novatianos desistiram e
muitos com eles. Grande número seguiu seu exemplo e em
todo o Império igrejas puritanas foram constituídas e
floresceram nos duzentos anos seguintes. Após, quando as
leis penais os obrigaram a se esconder pelas esquinas e
adorar a Deus em segredo, eles passaram a ser chamados por
vários nomes, e uma sucessão deles continuaram até a
reforma”.

Vedder diz: (Breve História, p. 64): “os Novatianos foram os


primeiros Anabatistas. Recusando-se a reconhecer como
válido o ministério e o sacramento dos seus oponentes e
afirmando serem a verdadeira igreja, eles foram logicamente
compelidos a rebatizar todos que vieram a eles. O grupo
ganhou grande força na Ásia Menor, onde muitos
Montanistas se juntaram a eles”.

O Dr. J. T. Christian, em sua recente História Batista, mostra


que os Novatianos mantiveram a independência das igrejas e
reconheceram a igualdade de todos os pastores em relação à
dignidade e autoridade.

O Dr. J. B. Moody, após estudar os Novatianos à luz de uma


dúzia ou mais de historiadores, diz sobre Novatio: “Ele lutou
para que a salvação fosse do Senhor, pela Graça através da
fé”.

Sem multiplicar as citações, descobrimos que os Novatianos


eram Anabatistas, defendendo a visão escritural do modo da
salvação, pureza na vida e pureza escritural em relação à sua
concepção do ministério e governo da igreja. Não vejo razão
por que os Batistas não devem rastrear a continuidade de sua
existência através deles.

OS DONATISTAS: O Dr. J. B. Moody, que leu amplamente


sobre os assuntos pertinentes à história da igreja, diz, em
relação aos Donatistas: “aqueles que lutaram bravamente
pelo padrão original eram chamados em alguns países
Novatianos e em outros, Donatistas. Esses homens não
originaram seitas, mas se separaram da crescente apostasia e
perpetuaram as verdadeiras igrejas”.

No caso dos Donatistas, a separação da corrupção ocorreu no


ano 311 A.D.

O historiador francês Crespin nos dá sua visão: “Primeiro


pela pureza dos membros da igreja, afirmando que ninguém
deveria ser admitido na igreja se não como verdadeiros
crentes e verdadeiros santos. Segundo, pela pureza da
disciplina da igreja. Terceiro, pela independência de cada
igreja. Quarto, eles batizaram novamente aqueles cujo
primeiro batismo tinha razão para duvidar. Eles foram
consequentemente rebatizadores ou Anabatistas”.

Por seguinte, parecer que eles mantinham as doutrinas


essenciais a uma igreja Batista. Curtis diz (Progresso dos
Princípios Batistas, p. 21): “os Donatistas parecem ter
formado o germe dos Waldenses”.
Benedict diz (História da Igreja, p. 4): “Após os Donatistas
surgirem, eles (os Montanistas) eram com frequência
chamados por esse nome”.

Jones diz (História da Igreja Cristã): Dificilmente havia


uma cidade ou povoado na África onde não houvesse uma
igreja Donatista.

OS PAULICIANOS: O Dr. J. T. Christian diz, em


sua História Batista, págs. 76 e 77: “as igrejas Paulicianas
eram de origem apostólica e foram plantadas na Armênia no
século um”. Um livro antigo sobre os Paulicianos chamado A
Chave da Verdade foi descoberto há alguns anos pelo Dr.
Coneybeare de Oxford. Nesse livro, os Paulicianos afirmam
sua própria origem apostólica. O Dr. Conybeare, que
traduziu A Chave da Verdade e que provavelmente é a maior
autoridade sobre os Paulicianos, nos diz que os Paulicianos
e Bogomilos foram perseguidos, mas persistiram aqui e ali
em muitos lugares escondidos até a Reforma, quando
reapareceram sob a forma de Anabatismo”.

Mosheim diz: “eles batizaram e rebatizaram por imersão.


Eles foram tomados como Anabatistas inferiores”.

Dr. Christian diz: “as visões Batistas prevaleceram entre os


Paulicianos. Eles afirmavam que os homens devem se
arrepender e acreditar e então na idade madura solicitar o
batismo, que somente ele os admitiria na igreja”.

Abney diz (Igrejas Gregas e Orientais, p. 217): “é bastante


argumentável que eles (Paulicianos) deveriam ser vistos
como representantes da sobrevivência de um tipo mais
primitivo do Cristianismo”.
Das referências citadas se pode ver que os Paulicianos
reivindicaram a origem apostólica, mantiveram as doutrinas
batistas e persistiram até ser absorvidos pelo movimento
Anabatista.

OS ALBIGENSES: Muitos historiadores como Mosheim,


Gibbon, Muratori, Conybeare e outros veem os Paulicianos
como os antecessores dos Albigenses e de fato as mesmas
pessoas se salvam só pelo nome. Dr. Christian afirma em sua
história, antes mencionada, que autores recentes afirmam
que os Albigenses estiveram nos vales da França desde os
primeiros tempos do Cristianismo. Por causa da perseguição
raramente deixaram traços de seus escritos, de modo que
nosso conhecimento sobre eles não é completo como
desejaríamos. Jones, na História já mencionada diz que eles
mantinham as duas doutrinas necessárias às igrejas do Novo
Testamento. Também nos diz que eles rejeitavam o batismo
infantil. Outras “seitas” que mantinham em comum as
doutrinas do Novo Testamento, mas eram chamados por
nomes como Petrobrussianos, Henricanos, Arnoldistas
existiram, mas o espaço não me permite um relato detalhado
sobre eles.

Deles, o Dr. A. H. Newman diz (Pesquisas Recentes Sobre


Seitas Medievais, p. 187): “há muita evidência sobre a
persistência no norte da Itália e sul da França, desde tempos
antigos, de tipos evangélicos de Cristianismo”.

OS WALDENSES: A ligação próxima dos Waldenses com


os povos aqui mencionados é reconhecida pelos
historiadores. Jones diz (História, vol. 2, p. 4): “quando os
papas emitiam suas fulminações contra eles (os Albigenses)
expressamente condenaram-nos como Waldenses”.
Alguns tentaram atribuir o início dos Waldenses a Pedro
Waldo e fazê-lo fundador, mas sem sucesso. Pedro Waldo
não começou os Waldenses, nem foram chamados depois
dele, pois ele e os Waldenses têm seus nomes na mesma
origem.

Sobre esse ponto Jones diz (História, vol. 2): “as palavras
simplesmente significam vales, habitantes e não mais”.
Pedro Waldo era assim chamado porque era um ‘homem do
vale’. E era apenas um líder de um povo que existia há muito
tempo. Os Waldenses defendiam a opinião que eram de
origem antiga e verdadeiramente apostólica. Em relação a
algum modo histórico de lidar com eles, Jones observa: “o
caráter muito genérico dos Waldenses é negligenciado por
muitos escritores respeitando a comunidade tão espalhada a
que se aplicava. Eles se espalharam por toda a Europa por
vários séculos. Qualquer que fosse o nome local que
portassem, os Católicos os chamavam todos eles de Vudois
ou Waldenses”.

Sobre sua origem, Vedder diz (História Breve, p. 122): “os


Waldenses, em sua história antiga, parecem ter sido pouco
mais que Petrobrussianos sob um nome diferente. As
doutrinas dos Waldenses antigos são substancialmente
idênticas às dos Petrobrussianos, com os perseguidores de
ambos como testemunhas”.

Alguns tentaram fazer parecer que os Waldenses praticavam


o batismo infantil. Claro, como indiquei de modo precioso,
um povo tão espalhado, com igrejas em tantos locais, pode
ser que em algumas delas houvesse práticas heréticas. Mas
meu estudo sobre os Waldenses, a partir de muitas fontes
levaram-me a concluir que acusar os Waldenses
genericamente como tendo praticado batismo infantil, é um
erro básico.
Concordo com Dr. Christian quando diz: “não há relato de
que os próprios Waldenses teriam praticado batismo
infantil”.

Das doutrinas defendidas pelos Waldenses, Vedder tem isso


a dizer (História Breve, págs. 123, 124): “os escritores
romanos antes de 1350 atribuíram os seguintes erros aos
Waldenses: 1) eles afirmaram que as doutrinas de Cristo e
dos apóstolos, sem os decretos da igreja, eram suficientes
para a salvação. 2) eles diziam que o batismo não salvava
criancinhas porque elas nunca estarão aptas realmente a
crer. 3) eles afirmam que somente eles são a igreja de Cristo
e os discípulos de Cristo. Eles são os sucessores dos
apóstolos”.

Vedder também continua dando uma lista de outras crenças


mantidas por eles e parecidas com as defendidas pelos
Batistas de hoje. Então acrescenta: “também encontramos
atribuídos a eles certos dogmas que depois foram
característicos dos Anabatistas. Mantendo essa visão, eles
eram os ancestrais espirituais das igrejas Anabatistas”.

O historiador Keller tem isso a dizer: “muitos Waldenses


consideravam, como sabemos com precisão, por batismo na
fé (profissão de fé) ser em conformidade com as palavras e
exemplo de Cristo”.

Ninguém pode fazer um estudo dos Waldenses e deixar de


ver rapidamente que eles mantêm as duas doutrinas
essenciais a uma igreja Batista. Eram um grande e nobre
povo que mantinha a verdadeira fé em face de uma
perseguição amarga e quase contínua. Os Batistas não
precisam sentir vergonha de parecer com eles.
OS ANABATISTAS. Há muita evidência que os Waldenses
vieram a ser conhecidos mais tarde como Anabatistas. A
Reforma deu oportunidade para as várias “seitas” de
esconder o que hoje em dia identificamos como Batistas para
vir e se declararem. Essas odiadas assim chamadas “seitas”
vieram a ser conhecidas pelo nome geral de “Anabatistas”.

Dr. Vedder diz: “é curioso e instrutivo o fato que as igrejas


Anabatistas do período da Reforma eram muito numerosas
precisamente onde os Waldenses de um século ou dois antes
floresceram. Houve uma íntima relação entre os dois
movimentos, de pouca dúvida para quem estudou esse
período e sua literatura. A tocha da verdade foi carregada de
geração a geração”.

Da mesma forma, Dr. Christian diz: “nesses locais onde os


Waldenses floresceram, ali os Batistas plantaram profundas
raízes. Muitos pregadores capazes dos Waldenses se
tornaram amplamente conhecidos como ministros Batistas.
Muitos detalhes marcaram os Waldenses e os Batistas como
da mesma origem”. Novamente, ele diz, com referência aos
Waldenses e Paulicianos: “em meu julgamento ambos os
grupos eram Batistas”.

Se perguntarmos a opinião dos hostis, encontramos


Baronius, o ilustre historiador Católico, dizendo (Batismo de
Danver, p. 253): “os Waldenses eram Anabatistas”.

Novamente, Vedder, que, lembremos, é hostil à ideia da


perpetuidade Batista, tem isso a dizer (Breve História, p.
130): “essas igrejas Anabatistas não foram gradualmente
desenvolvidas, mas parecem totalmente formadas a partir da
primeira. Completa em política, impactante em doutrina,
estrita em disciplina. Será impossível relatar esses
fenômenos sem supor uma causa de longa existência.
Embora os Anabatistas apareçam de repente nos registros de
tempo como contemporâneos à Reforma Zwingliana, suas
raízes devem ser buscadas em história bem anterior”.

Depois, ele diz nas págs. 136 e 143: “os Anabatistas, como
os Batistas de hoje, questionavam que não há comando ou
exemplo de batismo infantil no Novo Testamento e que a
instrução e crença são reunidas antes do batismo. Os ensinos
dos Anabatistas suíços são perfeitamente conhecidos para
nós a partir de três fontes independentes e mutuamente
confirmatórias: o testemunho de seus oponentes, os
fragmentos de seus escritos que permanecem e sua Confissão
de Fé. Essa última é o primeiro documento desse tipo
conhecido como existindo. Foi emitido em 1527. Ensina o
batismo somente de crentes, o partir do pão só pelos que
foram batizados e inculca uma disciplina pura. A Confissão
corresponde às crenças defendidas pelas igrejas batistas de
hoje. É significativo que o que é apropriadamente chamado
de ‘comunhão fechada’ é encontrado como os ensinamentos
dos documentos Batistas existentes mais antigos”.

Fecho minha discussão sobre os Anabatistas com uma


citação do Dr. W. D. Nowlin (Fundamentos da Fé): Sobre a
origem dos Anabatistas13, os historiadores da igreja diferem,
mas é provável que em muitos exemplos, eles foram o
reavivamento dos remanescentes de seitas antigas ou no
mínimo de seus sentimentos, que ainda permeavam muitas
localidades. Sem dúvida foi a vida acelerada e o pensamento
da Reforma que os levou de volta aos noticiários e resultou
em vasto aumento de seu número. Os Anabatistas defendiam

13
Aqui o Dr. W. D. Nowlin se refere aos verdadeiros Anabatista que
viviam naquele período em ocultação de seus opositores. Tendo a
Reforma, sob pretexto de assuntos eclesiásticos antigos, continuaram em
oposição e foram perseguidos por essa sombra da Igreja Católica.
a completa separação da igreja e o Estado, a liberdade da
consciência individual e a Bíblia como a única regra de fé e
prática. Eles se opunham ao batismo infantil. Só admitiam
pessoas regeneradas ao batismo e à membresia da igreja. E
praticavam a imersão só para o batismo. Como resultado,
foram amargamente perseguidos e considerados fora da lei.

No entanto eles aumentaram grandemente em número e se


estenderam por grande parte da Europa. Os Batistas dos
últimos três séculos são os descendentes diretos dos
verdadeiros Anabatistas14 do período da Reforma. Talvez
possamos dizer mais corretamente que os Batistas de então
eram chamados de Anabatistas.

Assim encontramos Mosheim, cuja autoridade é grande


como historiador da igreja, dizendo: “a verdadeira origem
dessa seita que adquiriu o nome de Anabatista está escondida
nas profundidades remotas da antiguidade e é
consequentemente muito difícil se ter certeza”. Tenho lidado
com as assim chamadas “seitas mais comumente estudadas
por historiadores da igreja e mostrei que eles defendiam
visões de modo essencialmente Batista”. Também indiquei
por citação histórica a ligação que as pessoas tinham umas
com as outras. Porém, há vários corpos do Cristianismo
através de quem poderíamos traçar a continuidade da vida
Batista organizada se o espaço fosse disponível. Tomarei

14
Alguns supostos Anabatistas nesse período vieram da Reforma. É uma
afronta afirmar serem Anabatistas, por apenas terem sido identificados
com parte de suas características peculiares, em vez de suas doutrinas
bíblicas. Os verdadeiros já existiam naquela época antes mesmo da
Reforma.
tempo para indicar rapidamente esses corpos Cristãos através
de quem os Batistas se ligam aos tempos apostólicos.

Há, por exemplo, os BATISTAS WELCH (gaulês), que


fazem afirmações bem autênticas de origem apostólica. Não
posso fazer melhor do que estabelecer os fatos a respeito
deles, nas palavras de um artigo no “Religious Herald” de
alguns anos atrás: “Os Batistas Welch afirmam sua origem
diretamente dos apóstolos e sua afirmação nunca foi
controvertida com sucesso. Eles mantêm que a luz do puro
Cristianismo tem sido preservada entre seu povo durante as
‘Eras Obscuras’. Eles eram um povo pastoral, habitando em
seus lares nas montanhas. Estavam sujeitos a quase
constantes perseguições e, portanto, procuravam se esconder
em seus recessos montanhosos que foram tão
adequadamente chamados de ‘Piemonte da Bretanha’. E o
fato de sua antiga existência é colocado além de imaginação
ou dúvida. Eles atraíram a atenção da Igreja Romana e logo
no ano 597, um monge os visitou, chamado Austin e
procurou conduzi-los à sua visão”.

O Dr. J. T. Christian, em sua recente História Batista,


apresenta uma abundância de evidência histórica que prova
que os Batistas Welch têm origem apostólica. Vale a pena ler
sobre isso.

Benedict, em sua História dos Batistas (p. 343 e seg.) mostra


mais convincentemente que os Batistas Welch são de origem
antiga. Segundo ele, eram anciãos em Gales em 597. Ele
mostra que naquela data eles tinham um colégio e no mínimo
uma associação de igrejas.

Além disso, a história dos BATISTAS DA IRLANDA é uma


leitura muito interessante em relação com o pensamento da
perpetuidade Batista. Os Batistas tinham igrejas na Irlanda
num tempo não muito remoto desde os dias de Paulo. Patrick,
o grande pregador irlandês nasceu por volta de 360, mas
segundo historiadores, o Cristianismo na Irlanda era anterior
à chegada de Patrick por longo período.

Sobre Patrick, Dr. Vedder escreve assim: “o roubo mais


audacioso de Roma foi quando ela prendeu corporalmente
Pedro e o tornou o chefe e fundador substituto do seu
sistema. Mas em seguida a esse ato impactante está sua
afronta quando ela ‘anexou’ o grande missionário pregador
da Irlanda e o listou entre seus ‘santos’. A partir dos escritos
de Patrick aprendemos que seus ensinamentos e práticas
eram, em muitos detalhes, no mínimo evangélicos. O
testemunho é amplo que ele batizava crentes. Não há menção
de crianças. O batismo de Patrick era o dos tempos
apostólicos: imersão”.

Das igrejas da Irlanda, Vedder também diz: “a teologia


dessas igrejas até o século nove continuou a ser notavelmente
impactante e escritural”.

Eu poderia continuar a citar referências históricas para


mostrar que esses Batistas da Irlanda enviaram missionários
ao norte da França e ao sul da Alemanha e dessa forma estão
relacionados com os “Batistas sob outros nomes” que já
mencionei.

Certamente apresentei ampla evidência para provar minha


afirmação que desde os dias de Cristo sempre tem havido
igrejas existentes mantendo as duas doutrinas essenciais de
uma igreja do Novo Testamento. Fui capaz de dar somente
um retalho da evidência histórica sob meu comando. Quanto
mais se estuda sobre essa questão, mas dogmáticos somos
forçados a nos voltar à crença que a história justifica na
afirmação Batista da continuidade da vida da igreja Batista
em todas as épocas. A história de fato justifica a promessa
do Mestre de que os portões do inferno não prevalecerão
contra Sua igreja!

“Nenhuma igreja ou denominação que começou desse lado


do ministério pessoal de Cristo tem qualquer direito Bíblico
para afirmar ser uma igreja de Cristo. Portanto, a promessa
de Cristo para a igreja que Ele construiu não foi se voltar ao
Catolicismo, nem às várias seitas do Protestantismo que se
originou dali e desde os dias da Reforma de Lutero, mas foi
para aquela igreja que nenhum historiador, amigo ou
inimigo, nunca foi capaz de encontrar sua origem desse lado
do ministério pessoal de Cristo, isto é, a igreja Batista. Agora
não há teoria, mas o fato que é crido e ensinado por todos os
leais e informados Batistas de todo o mundo”.
J. T. Moore, em “Por Que Sou um Batista”.
VIII. Afirmações dos Historiadores
Vimos, no último capítulo que desde os dias de Cristo e dos
apóstolos existiram igrejas que defenderam o modo de
salvação e do batismo do Novo Testamento. Essas igrejas eu
mostrei serem, nos pontos essenciais, igrejas Batistas. Eu
desejo para nós, agora, passar alguns momentos
considerando as afirmações de historiadores de diferentes
denominações sobre a origem e perpetuidade dos Batistas.
Algumas dessas afirmações foram muito usadas e muitas
vezes citadas. Isso, no entanto, de forma alguma afetou sua
verdade. De fato, elas portariam peso ainda maior se
passarem no teste do tempo e da crítica.

Às vezes é feita uma acusação de que até historiadores


Batistas não acreditam na continuidade Batista. Como
resposta, pode-se dizer que alguns historiadores Batistas não
acreditam. Algumas afirmações são muito “amplas” para
arriscarem a acusação de estreiteza que poderia se voltar
contra eles se eles afirmarem perpetuidade. Alguns têm
tendências Pedobatistas e até modernistas e defendem a
teoria da Igreja “invisível”. Mas pode-se dizer
verdadeiramente que a maioria dos historiadores Batistas são
crentes firmes na continuidade Batista. E é interessante notar
que os que procuram desacreditar têm o cuidado de não
afirmar que a continuidade Batista não pode ser rastreada.

Por exemplo: o Dr. Vedder diz: “não se pode afirmar que não
houve uma continuidade na vida visível e externa da igreja
fundada pelos apóstolos antes da Reforma. Afirmar essa
negativa seria tolo e isso não poderia ser provado” (Breve
História, p. 9). No entanto, Vedder assume a posição de que
foi para a Igreja “invisível” que Cristo prometeu
perpetuidade. Ele evidentemente espera que o leitor aceite
isso meramente pela autoridade de sua palavra, sem prova
bíblica ou outra qualquer. Ele não oferece prova porque
nenhuma prova pode ser oferecida. Como já mostrei, não há
essa Igreja “invisível”. Tem havido uma continuidade de
igrejas visíveis ou então a promessa de Cristo teria falhado.

O historiador Batista A. H. Newman não afirma a crença na


continuidade Batista, mas também é bastante cuidadoso para
não afirmar que tal continuidade não possa ser rastreada. De
fato, ele vai além admitindo que nem tudo cai na apostasia,
pois diz (História do Antipedobatismo, p. 28): “houve
multidões de verdadeiros crentes que de forma alguma
podem ser duvidados”. Eu mostrei que essas “multidões”
eram Batistas, reunidos nas igrejas do Novo Testamento!

O historiador Batista McGlothin, como Vedder e Newman,


não se aventuram em afirmar que não tenha havido uma
continuidade de igrejas Batistas. Sua afirmação (Guia, p. 20)
diz: “os Anabatistas podem ter tido alguma ligação com
seitas mais antigas”.

Entre os historiadores Batistas mais conhecidos do passado


que acreditavam na perpetuidade Batista podem ser
mencionados Robinson, Crospor, Irving, Orchard, Jones,
Backus, Benedict e Cramp. Desses historiadores, Dr.
Armitage diz: “na essência, seus fatos e achados principais
não provados como inválidos e ninguém tentou mostrar que
suas conclusões não seriam sustentáveis. Suas posições
históricas são bastante iguais às dos historiadores das outras
igrejas (História, de Armitage, p.11)”.

Quero que consideremos algumas afirmações dos próprios


Batistas notáveis a respeito de sua origem e continuidade,
após o que consideraremos o que os historiadores de outra fé
têm a dizer sobre eles.
O historiador Batista, visto por muitos líderes Batistas como
um de seus maiores historiadores, é John T. Christian.
A Nova História Batista de Dr. Christian (Diretoria do
Seminário Batista do Sul, 1922) apresenta prova
inquestionável da continuidade dos Batistas. Eu cito, do
prefácio da sua grande obra essa afirmação de impacto: “não
posso questionar, de minha mente que tem havido uma
histórica sucessão de Batistas desde os dias de Cristo até o
momento presente”.

Dr. Geo. Lorimer (Os Batistas na História, p. 49):


“Normalmente se concebe que os Batistas sejam
provavelmente os mais antigos e isso fica cada vez mais certo
com o progresso da investigação dos estudiosos”.

Dr. J. B. Moody (Minha Igreja): “a perpetuidade da igreja é


escritural, racional, crível, histórica e conclusiva”.

Dr. J. L. Smith (Lei Batista da Continuidade):


“apresentamos o testemunho de mais de quarenta dos
melhores historiadores do mundo, nenhum deles Batista, que
expressam e claramente indicam o movimento desses povos
Batistas ao longo dos séculos até os dias apostólicos”.

Dr. J. W. Porter, notável autor e editor diz: “se os Batistas


não têm perpetuidade, então a profecia e a promessa de
Cristo falharam. Isso é impensável”.

H. B. Taylor (Resumos Bíblicos): “as igrejas Batistas são as


únicas instituições divinas nessa terra. Sem elas, Mateus
16:18 teria falhado em seu cumprimento”.

Dr. T. T. Eaton: “os que se opõem à sucessão Batista não têm


base lógica para se manter organizando uma igreja fora do
material fornecido por outras igrejas e com os batizados por
ministros regularmente ordenados”.

Dr. R. B. Cook (História dos Batistas): “os Batistas são


capazes de traçar seus princípios distintivos até a era
apostólica. Quando, a partir da união da igreja e do Estado o
Cristianismo se tornou em geral corrupto, eles ainda
permaneceram em locais obscuros, igrejas e ‘seitas’ que
mantiveram as puras doutrinas e ordenanças de Cristo e
então é certo que essas igrejas e ‘seitas’ defenderam
substancialmente os mesmos princípios que agora são
mantidos como visões distintivas dos Batistas”.

Dr. D. B. Ray (Sucessão Batista, p. 10): “os Batistas negaram


em uma só voz qualquer ligação com a apostasia romana e
afirmaram sua origem como uma igreja de Jesus Cristo e os
apóstolos”.

Dr. D. C. Haynes (A Denominação Batista, p. 21): “a igreja


Batista é a igreja primitiva. Nunca houve um tempo em que
não existiu”.

Dr. Geo. W. McDaniel (Igrejas do Novo Testamento): “não


há personalidade deste lado de Jesus Cristo que seja uma
explicação satisfatória de sua origem”.

Eu poderia continuar quase indefinidamente com citações de


Batistas notáveis, mostrando grandes representantes dessa fé
que, após investigação e pensamento, se mantiveram crentes
firmes na perpetuidade das igrejas Batistas. Alguns deles
escreveram livros que oferecem prova conclusiva desse
ponto. Menciono a Sucessão Batista do Dr. D. B. Ray. A
Perpetuidade da Igreja Batista, do Dr. W. A. Jarrell. O
Débito do Mundo aos Batistas, pelo Dr. J. B. Porter. Os
Fundamentos da Fé, pelo Dr. W. D. Nowlin. A Igreja do
Novo Testamento, por T. T. Martin. Minha Igreja, de J. B.
Moody, como exemplos. Aos livros citados devem ser
acrescentadas muitas obras históricas de homens cujos
nomes eu ainda não mencionei.

Muito se deve às crenças dos Batistas em relação à


continuidade de suas próprias igrejas. Vejamos agora o que
os historiadores e grandes homens de outra fé têm a dizer
sobre a origem e perpetuidade Batista. Começo com aqueles
que foram os inimigos e perseguidores mais amargos, como
o Cardeal Hosius, presidente do Concílio de Trento. Ele diz:
“se a verdade da religião deve ser julgada pela prontidão e
firmeza mostrada por um homem de qualquer seita no
sofrimento, então a opinião e persuasão de nenhuma seita
pode ser mais verdadeira e certeira do que a dos Anabatistas,
já que não houve ninguém, nesses doze séculos passados que
foram mais punidos ou que tenham sido mais cuidadosos e
firmemente empreendedores e até tenham oferecido a si
mesmos à mais cruel punição do que esse povo”. (Citado
em História dos Cristãos).

O Cardeal Hosius escreveu, em 1554 D.C.. Ele data a história


dos Batistas até doze séculos antes. Essa é uma importante
concessão. Datando-os até 354 D.C., no passado temos
pouco problema seguindo-os no resto do caminho.

Zwingli, o reformador suíço, cooperador com Lutero e


Calvino na Reforma de 1525 e feroz inimigo dos batistas diz:
“a instituição dos Anabatistas não oferece novidade, mas por
treze séculos causou grande problema à Igreja”.

Isso admite a existência dos Batistas desde o ano 225 D.C.

Mosheim, historiador Luterano de grande notabilidade, diz:


“antes do aparecimento de Lutero e Calvino, havia em
segredo, em quase todos os países da Europa, pessoas que
aderiram tenazmente aos princípios da moderna igreja
Batista Holandesa”. (Instituto de História Eclesiástica).

Robert Barclay, Quaker diz: “há também razões para crer que
no continente Europeu pequenas sociedades secretas Cristãs,
que mantiveram muitas das opiniões dos Anabatistas,
existiram desde os tempos dos apóstolos”. (Vida interior das
Sociedades da Commonwealth, págs. 11-12).

John Clark Ridpath, Metodista, autor da obra


monumental História do Mundo de Ridpath, numa carta ao
Dr. W. A. Jarrell (Perpetuidade da Igreja Batista, p. 59) diz:
“Eu não poderia prontamente admitir que houve uma igreja
Batista já no ano 100 D.C., embora sem dúvida houve então
Batistas, como todos os Cristãos eram, então Batistas”.

Alexander Campbell, fundador dos Campbelitas ou igreja


“Cristã” diz: “desde a era apostólica até o tempo presente, os
sentimentos dos Batistas tiveram uma contínua rede de
advogados e monumentos públicos de sua existência em
cada século que podem ser produzidos”. (McCalla-
Campbell, Debate sobre o Batismo, págs. 378, 379).

Sir Isaac Newton, ilustre filósofo inglês, estudante das


Escrituras e da história, diz: “os modernos batistas, antes
chamados de Anabatistas, são o único povo que nunca cedeu
ao papado”. (Citado em Lei Batista da Continuidade, p. 39).

Enciclopédia de Edinburg: “já deve ter ocorrido aos nossos


leitores que os Batistas são a mesma seita de Cristãos que
foram formalmente descrita sob a denominação de
Anabatistas. De fato, isso parece ter sido seu principal
princípio desde o tempo de Tertuliano até o momento atual”.
(Da obra Igreja do Novo Testamento, p. 22).
Tertuliano foi um Montanista. Ele nasceu cinquenta anos
após a morte de João, o apóstolo. Cito, em seguida, da obra
“Atravessando os Séculos”, de W. C. King, tendo como
associados doadores, alguns dos grandes homens da
América, como o antigo Presidente Roosevelt, Presidente
Wilson, David Starr Jordan, Lyman Abbott e vários
presidentes e professores de universidades líderes. Sobre os
Batistas ele tem isso a dizer: “Sobre os Batistas pode ser dito
que eles não são reformadores. Esse povo, compreendendo
corpos de crentes Cristãos, conhecidos sob vários nomes em
diferentes países, são inteiramente diferentes e
independentes das igrejas romana e grega, tendo uma
continuidade jamais quebrada desde os dias apostólicos ao
longo dos séculos. Em todo esse longo período eles foram
amargamente perseguidos por heresia, levados de um país a
outro, desmembrados, privados de suas propriedades,
aprisionados, torturados e escravizados aos milhares e assim
mesmo não se desligaram de sua fé, doutrina e adesão ao
Novo Testamento”. (Da obra Igreja do Novo Testamento, p.
25).

Todos os historiadores Batistas Holandeses afirmam origem


apostólica para os Batistas, segundo o Dr. J. T. Christian, que
dedicou muito estudo e pensamento a essa questão. Essa é a
afirmação de Herman Schynn (História dos Cristãos),
enquanto Blaupont Ten Cate diz (História Cristã, p. 95):
“estou totalmente satisfeito que os princípios Batistas
estejam em todas as eras, desde o tempo dos apóstolos até
hoje e tenham prevalecido sobre uma porção maior ou menor
do Cristianismo”.

A afirmação dos Batistas Holandeses sobre a origem


apostólica foi profundamente investigada no ano de 1819. O
Rei da Holanda indicou J. J. Dermont, seu capelão, um
homem estudioso e o Dr. Ypeij, professor de teologia em
Groningen, ambos membros da Igreja Reformada
Holandesa, para escreverem uma história da Igreja
Reformada Holandesa e também investigar as afirmações
dos Batistas Holandeses. Eles prepararam a história e nela
dedicaram um capítulo aos Batistas. Segue uma parte do que
eles têm a dizer sobre os Batistas: “os Menonitas são
descendentes dos Waldenses, toleravelmente puros
evangélicos, que foram conduzidos por perseguição a vários
países e quem, durante a última parte do século doze
chegaram a Flandres e à província da Holanda e Zelândia,
onde viveram de modo simples e levando vidas exemplares,
nas vilas como fazendeiros (em cidades comerciais), livres
das acusações e de qualquer imoralidade grave e professando
os mais puros e simples princípios, que eles exemplificaram
numa santa conversação. Eles existiram, portanto muito
antes da Igreja Reformada de Netherland”.

Vimos agora que os Batistas, antes chamados de Anabatistas


e em tempos posteriores, Menonitas, eram os Waldenses
originais e que, há longo tempo na história receberam a honra
dessa origem. Nesse relato, os Batistas podem ser
considerados a única comunidade Cristã que se manteve
desde os dias dos apóstolos e, como sociedade Cristã, que
tem preservado puras as doutrinas do evangelho ao longo de
todas as eras. A economia interna e externa perfeitamente
correta da denominação Batista tende a confirmar a verdade,
disputada pela Igreja Romana, de que a Reforma produzida
no século dezesseis fora o grau mais alto necessário e, ao
mesmo tempo, refuta a noção errada dos Católicos, de que
sua denominação tenha sido a mais antiga”. (História das
Igrejas Reformadas Holandesas, por A Ypeij e J. J.
Dermont, Vol. 1, p 148).

Outras autoridades poderiam ser citadas e as citações se


multiplicariam, mas é desnecessário continuar
indefinidamente com elas. Oferecerei somente mais duas e
fecharei este capítulo. Já se escreveu o bastante e provas
suficientes já foram produzidas para convencer a mente
aberta, não tendenciosa e ensinável que Jesus fundou a
Igreja, que a igreja era a assembleia local. Que Ele prometeu
sua perpetuidade e que Sua promessa é vista como cumprida
nas igrejas hoje conhecidas como igrejas batistas.

Apresento o seguinte livro do Dr. J. W. Porter, “Notas ao


Acaso”, a respeito do Dr. John Clark, que foi o pastor da
primeira igreja Batista da América, situada em Newport, R.
I. Dr. Porter diz: “o Dr. John Clark recebeu seu batismo da
igreja do Rev. Stillwell em Londres e sua igreja recebeu os
deles na Holanda e os Batistas da Holanda, dos Waldenses e
os Waldenses, dos Novatianos e os Novatianos, dos
Donatistas e os Donatistas receberam seu batismo da igreja
apostólica e a igreja apostólica, de João o Batista e João o
Batista o recebeu do céu”.

Em 1921 ou 1922, eu resumi um artigo que apareceu em “O


Mensageiro Batista de Oklahoma” e simultaneamente em
vários jornais denominacionais do sul. Esse artigo fala da
ancestralidade da igreja Batista em Dyer, Tennessee. Mostra
uma continuidade da vida da igreja Batista desde hoje até os
dias de Jesus. Não estou informado se quem fez a pesquisa,
nem eu tive à disposição, todos os livros necessários a me
capacitar a verificar cada referência histórica dada. Eu
apresento abaixo o artigo na íntegra para a consideração do
leitor:

A SUCESSÃO BATISTA DE VOLTA A CRISTO

Conexão Um: a igreja Batista em Dyer, Tennessee, foi


organizada por J. W. Jetter, que veio da Associação da
Filadélfia.
Conexão Dois: a igreja de Hillcliff, Gales, Inglaterra. H.
Roller veio para a Associação da Filadélfia da igreja de
Hillcliff. Veja relatórios da Associação da Filadélfia, livro 3,
item 1.

Conexão Três: a igreja de Hillcliff foi organizada por Aaron


Arlington, em 987 D.C.. Ver Israel dos Alpes, por Alex
Munston, p. 39.

Conexão Quatro: a igreja de Lima Piedmont ordenou


Aaron Arlington em 940 D.C.. Ver História da Igreja de
Jones, p. 324.

Conexão Cinco: a igreja de Lima Piedmont foi organizada


por Balcolo em 812 D.C.. Ver História da Igreja de
Neander, vol. 2 p. 320.

Conexão Seis: Balcolo veio da igreja em Timto, Ásia


Menor.

Conexão Sete: a igreja de Timto foi organizada por Archer


Flavin, em 738 D.C.. Ver História, de Mosheim, vol. 1, p.
394.

Conexão Oito: Archer Flavin veio da igreja de Darethea,


organizada por Adromicus, em 671 D.C., na Asia Menor.
Ver de Lambert, História da Igreja, p. 47.

Conexão Nove: Andromicus veio de Pontifossi. Aos pés dos


Alpes franceses. Ver de Lambert, História da Igreja, p. 47.

Conexão Dez: a igreja de Pontifossi foi organizada por


Tellestman, de Turan, Itália, em 398 D.C.. Ver História da
Igreja, de Nowlin, vol. 2, p. 182.
Conexão Onze: a igreja de Turan foi organizada por
Tertulio, de Bing Joy, África, em 237 D.C.. Ver História da
Igreja, de Armitage, p. 182.

Conexão Doze: Tertulio era membro da igreja de Partus, aos


pés de Tibério, que foi organizada por Policarpo, em 150
D.C.. Ver Comentário sobre Antiguidade, de Ciro, p. 924.

Conexão Treze: Policarpo foi batizado por João, o Amado


ou Revelador em 25 de dezembro de 95 D.C.. Ver História
da Igreja, de Neander, p. 285.

Conexão Quatorze: João estava com Jesus no Monte:


Marcos 3:13-14; Lucas 6:12-13.
“A igreja está aqui para salvar os homens do mundo. Ela
existe, então, para salvá-los do sistema que é chamado o
mundo”.
“A igreja tem a mesma relação com o mundo que um bote
salva-vidas e sua guarnição, quando se leva o navio a se
estourar nas rochas”.
“A igreja está aqui para imprimir sobre os homens dois fatos
imensos: o fato da ALMA e o fato da ETERNIDADE”.
I. M. Halderman em “A Missão da Igreja”.

“Suas ordens de marcha são Seu programa para aquela igreja


(A Igreja em Jerusalém) e para cada outra igreja Batista até
que Ele volte”.
H. B. Taylor, em “Por Que Sou um Batista”.
IX. Qual é a Missão da Igreja que
Jesus Construiu?
Nos capítulos anteriores procurei mostrar ao leitor o
ensinamento Bíblico sobre o que é uma genuína igreja do
Novo Testamento. Com isso apresentei evidência histórica
para provar para uma demonstração que as igrejas batistas
têm existência contínua desde o tempo de Cristo até
agora. Confio que as visões de você que nos leu se
estreitaram e se tornaram mais distintas, na questão da
concepção da igreja.

Agora que esclarecemos que as igrejas Batistas são as


verdadeiras igrejas do Novo Testamento, divinamente
perpetuadas em todas as eras, vamos à frente e questionar
sobre a missão da igreja no mundo. O mundo tem muitas
visões erradas a respeito de para que serve uma igreja.

Os que pertencem a diferentes assim chamadas igrejas


compartilham muitas dessas noções errôneas e, em alguns
casos, os Batistas vieram a ter uma ideia pervertida da função
própria da igreja. Não é uma coisa incomum alguém dizer
nas revistas e jornais de hoje a enfática acusação de que as
igrejas “falharam”, isso significa que algumas igrejas
falharam, conforme a avaliação feita pelo padrão
estabelecido por algum indivíduo ou grupo. Vamos
considerar por alguns momentos algumas das visões erradas
comumente defendidas a respeito de para que serve uma
igreja.

Como alguns concebem, UMA IGREJA DEVE ESTAR


PRINCIPALMENTE ENGAJADA NA OBRA DA
CIVILIZAÇÃO. Na proporção em que as igrejas ajudam
uma nação a desenvolver as artes e ciências da civilização,
elas são consideradas como tendo tido sucesso. Essa ideia é
obtida especialmente em relação aos esforços Cristãos nos
campos missionários estrangeiros. Se apenas os povos
primitivos podem ser levados a se vestir adequadamente,
observar as regras de higiene e sanitárias e adotar os modos
e maneiras de uma nação civilizada, considera-se que o
missionário teve pleno sucesso.

Mas, como procurarei agora provar, o objetivo primário da


igreja não é civilizar. Quando, no campo missionário, o
motivo dominante vem a ser civilizar, então o trabalho dos
obreiros no campo é um fracasso do ponto de vista da
verdadeira missão da igreja.

Então há também a IDEIA DE CLUBE DA IGREJA mantida


por alguns. Deve-se temer que alguém veja a membresia na
igreja como a associação em algum clube ou organização
fraternal. O trabalho da igreja passa a ser um tipo de diversão
prazerosa e fica parecendo uma coisa agradável e respeitosa
ser um membro da igreja, especialmente se a igreja é da
moda, incluindo, na sua membresia, algumas pessoas da
comunidade socialmente proeminentes.

Mas, dessa ideia pode ser dito que se uma igreja se parece
com clubes, salões, sociedades e outras organizações do tipo,
ela tem pouco para justificar sua existência.

Novamente, há aqueles que defendem o IDEAL SOCIAL E


HUMANITÁRIO DA IGREJA. Para eles, a principal
preocupação da igreja não deveria ser a preparação das almas
para a vida numa eternidade além, mas a transformação da
sociedade como um todo até que esse mundo se torne um
lugar melhor para os homens habitarem durante a vida atual.
Sua ênfase principal não está no depois, mas apenas no
agora. Com o fim de alcançarem o ideal que têm em vista,
eles insistem que a igreja se engaje em todo tipo de projetos
humanitários: lidar com política e legislação e desenvolver
um ambicioso programa de serviço e reforma social. Aos que
concebem uma igreja desse tipo, à medida que suas ideias
vão se realizando, as igrejas vão lidando cada vez menos com
o espiritual e cada vez mais com o físico. Eles são os
advogados da igreja “institucional” onde, como disse um
autor, podemos obter qualquer coisa, de um sermão a um
sanduíche.

Nessa igreja, construções de características recreativas são


proeminentes. Elas têm piscinas, salas de leitura, banheiros
com chuveiros, equipamentos de ginástica, salões sociais,
etc. Muitas vezes são servidas refeições na cozinha da igreja,
algumas vezes por semana por certo valor. Todos os tipos de
atividades sociais são constantemente planejados. Todo o
prédio da igreja é usado como maneira das pessoas verem
como um local para passar um tempo agradável.

Se Cristo entrar num desses prédios de igreja hoje, estou


certo de que Ele jogaria fora várias coisas encontradas ali.
Ele viraria e jogaria fora equipamentos de ginástica,
máquinas de cinema e outras parafernálias de diversão, assim
como chutou e derrubou as bancadas de comerciantes há
tanto tempo e expulsou aqueles que dessacralizavam e
secularizavam o templo. Suas palavras para que
dessacralizam e secularizam os lugares de adoração hoje
seriam as mesmas para os mesmos tipos de roubadores
daquele tempo, quando Ele disse: “...A minha casa será
chamada casa de oração...” (Mateus 21:13b – ACF).

Há alguma razão no mundo para acreditar que Jesus olha de


modo mais condescendente hoje para a secularização da casa
de adoração do que fez há dois mil anos atrás? Aqueles que
levam todos os tipos de coisas seculares para dentro do teto
da igreja seguem exatamente os passos dos judeus que Jesus
expulsou do templo.

Sobre a visão que torna uma igreja uma organização cuja


preocupação primária seja a melhoria das condições sociais
e a melhoria física da humanidade, pode-se dizer que está
completamente diferente da verdade a respeito da missão real
de uma igreja. Na verdade, as condições sociais melhoram
quando o evangelho é pregado e as igrejas frequentadas,
Muitas grandes reformas morais têm tido sua gênese entre o
povo Cristão, mas essas coisas devem ser consideradas
meramente como subprodutos da atividade e influência da
igreja e não como coisas de preocupação prioritária.

Em relação à questão da missão da igreja, quando há tantas


opiniões divergentes, onde iremos buscar a verdade sobre a
questão? Só há um lugar para ir: o NOVO TESTAMENTO.
Não é uma questão da pessoa ou do seu pensamento sobre o
que a igreja deve ser ou onde se engajar. É uma questão de
para que Jesus Cristo fundou Sua igreja e quais ordens Ele
deixou para serem seguidas. É estranho, de fato que os
homens devam se afastar tanto em relação à missão da igreja,
quando ela foi deixada tão claramente em Suas próprias
palavras.

Os Batistas errarem em sua missão é indesculpável. Outras


denominações, seitas e assim chamadas igrejas podem se
engajar nas coisas mencionadas e podem fazer projetos
humanitários, se forem seu interesse principal, se lhes
agrada, sem estarem devedores dessa estrita censura, por não
terem Comissão ou ordens de Cristo. Ele não é responsável
por sua existência e eles não são responsáveis por realizar a
Comissão que Ele deu séculos antes deles existirem. Mas os
Batistas são responsáveis, porque foi a uma igreja Batista que
o Senhor Jesus Cristo deu Sua Comissão.

Essa Comissão estabelece para sempre a questão de para que


uma igreja existe, definindo claramente sua missão e
propósito. Alguns sem dúvida me considerarão muito
“estreito” por dizer que a Grande Comissão seja uma
Comissão Batista, mas “estreito” ou não, essa é a verdade.
Todo o meu livro é prova deste fato. Um editor bem
conhecido recentemente expressou a verdade que estou
tentando transmitir, nessas palavras: “a Comissão não foi
dada a ninguém além dos Batistas. Todos os presentes eram
Batistas, porque foram batizados por João ou pelos doze e
todos esses foram batizados por João o Batista. Isso lhes foi
dado, não como pregadores ou indivíduos, mas como igreja,
pois isso era para ser obedecido até o fim das eras e nenhum
deles iria viver tanto tempo. Mas o Mestre tinha prometido
que a igreja que Ele fundou não seria destruída pelos portões
do inferno (Mateus 16:18). E àquela igreja e às outras igrejas
fundadas por seus trabalhos missionários, o Mestre deu essa
Comissão para todo o mundo e em todas as eras. Nenhuma
criança, buscadores, pessoas em provação, nenhum pecador,
nenhum prosélito, ninguém além dos discípulos ou Cristãos
estão incluídos pelo Mestre em Suas ordens para serem
batizados. Essa Comissão foi dada aos Batistas, pois todos
os presentes eram Batistas. É um comando bem definido por
fazer-me Cristão por pregar o evangelho a eles e então torná-
los Batistas dando-lhes o batismo Batista, pois aquele é o
único tipo que havia no tempo que a Comissão foi dada.
Somente os batistas podem obedecer a essa Comissão, pois
ninguém mais tem o tipo de batismo que Jesus comandou os
Cristãos a se submeterem. E ninguém mais pode fazer o que
essa Comissão envolve, isto é, tornar os discípulos Batistas
dando-lhes o batismo Batista”.
E agora, vamos examinar a Comissão que Jesus deu à Sua
igreja e vamos analisá-la por alguns momentos. Essas são as
palavras: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado...” (Mateus 28:19-20a - ACF). Eis aí a
missão da igreja. Nada menos que isso, nada mais deve ser
incluído nesse programa. Como alguém escreveu, “esse deve
ser o horizonte de nossas visões e os limites de nossas
tarefas”. Note bem o que a Comissão inclui:

TORNAR OS HOMENS CRISTÃOS: Essa é a primeira


coisa, a principal, a mais importante: fazer discípulos de
Cristo. Um estudo da Comissão no Original mostrará que a
ênfase ou tônica é sobre fazer discípulos. Quando na igreja,
com as atividades denominacionais, priorizamos a educação,
hospitais, orfanatos e alguma outra coisa, independente de
sua dignidade, estamos indo contrários à Grande Comissão.
A Comissão coloca em primeiro lugar fazer discípulos.
Discípulos ou Cristãos devem ser feitos pregando o
evangelho aos perdidos. É o evangelho que torna Cristo
conhecido aos homens.

Quando eles ouvem o evangelho e O recebem como seu


Salvador pessoal eles se tornam filhos de Deus. João 1:12
(ACF): “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu
nome”. A principal preocupação de toda verdadeira igreja
deveria ser a salvação das almas. Seguir a Comissão
demanda que cada igreja deverá ser intensamente
missionária, em relação aos perdidos da comunidade
imediata em que a igreja existe e aos perdidos nas partes mais
longínquas da terra. Muitas vezes a construção do “prédio”
do templo vem a ser entendida como a coisa principal, a
garantia de reconhecimento social ou algo diferente do que o
Mestre enfatizou. Repito: a primeira tarefa dada pelo Senhor
ressurreto é fazer Cristãos. Isso deve preceder sempre o
batismo e da doutrinação.

Em João 4:1 recebemos o exemplo de Jesus nesse ponto,


onde somos ensinados distintamente que Jesus fez discípulos
antes de batizá-los. Os que batizam crianças e os que batizam
para ajudar a fazer discípulos estão claramente fora do
preceito e exemplo do Mestre, como os que recebem
“noviços” e procuram doutriná-los antes de discipliná-los.
Como indicado antes no capítulo, a Comissão é uma
Comissão Batista. Coloca salvação antes do batismo e antes
da membresia da igreja. Não é dada somente a Batistas. Só é
obedecida por eles. Para lembrar a afirmação feita antes no
livro, “as igrejas Batistas são as únicas na terra que requerem
que a pessoa professe a fé para ser salvo antes da pessoa se
unir à igreja ou de ser batizada”.

Mas examinemos a Comissão um pouco mais e veremos que


a segunda parte dessa Comissão tripla é o comando para:

TORNAR OS CRISTÃOS BATISTAS: Devemos fazer


Cristãos pregando a salvação pela fé em Cristo a eles, então
devemos tornar esses Cristãos Batistas, batizando-os
conforme Suas ordens. “...Batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo...” (ACF). Enquanto o
comando para fazer discípulos assume o lugar de
precedência na Comissão, a ordem para fazer Batistas é tão
obrigatório e recai sobre nós. Alguns censuram os Batistas,
afirmando que eles colocam ênfase demais sobre o batismo.

Essa crítica é totalmente injusta, pois os Batistas colocam o


batismo exatamente onde o Mestre o colocou na Comissão.
Eles defendem que ele nunca deve preceder a salvação, mas
em todos os casos devem segui-lo. Eles não acreditam que
estão garantidos se pararem no ponto de fazerem discípulos,
pois suas ordens leem: “batizai-os”, e como eles veem, eles
não têm direito de mudar suas ordens.

A terceira parte da Comissão está tão explícita quanto o


resto. Ele comanda o:

DISCIPULADO DOS BATISTAS: Nela se lê: “ensinando-


os a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado...” (ACF). “Todas as coisas” significam tudo que
Jesus inclui no Novo Testamento, como, por exemplo, os
ensinos a respeito da ordenança da Ceia do Senhor, a garantia
dos crentes e a intendência. Separar alguns dos Seus
ensinamentos num grupo e chamá-los de “não essenciais” e
deixar de ensiná-los é violar Seu comando. É um fato triste
que a maioria das denominações omite dois terços da
Comissão e só observam a parte que se refere a fazer
discípulos. Eles assumem, embora incorretamente que a
Comissão lhes foi dada assim como para os Batistas, então
eles mostram sua inadequação como guardiães da sagrada
verdade de Cristo cortando esses dois terços da Comissão, a
parte que comanda imergir e ensinar todas as coisas que Ele
comandou. Os Batistas são absolutamente o único povo que
está disposto a realizar as três partes da Comissão.

Hoje em dia muitas vezes acontece que o que normalmente


é chamado de “Educação Cristã” é justificado e ensinado
como a última cláusula da Comissão. Esse é o resultado de
uma defeituosa exegese ou ainda é uma má interpretação das
Escrituras. Essa passagem não pode ser corretamente
interpretada para se referir ao ensino da história, matemática,
biologia, psicologia e outras que são ensinadas em escolas
denominacionais e colégios. Jesus disse: “todas as coisas
que eu vos tenho mandado...” (ACF). A educação Cristã no
sentido mais verdadeiro é a educação das coisas da Palavra
de Deus. Essa é a única educação autorizada pela Comissão.
Muitos bons argumentos podem ser descritos a favor das
escolas Cristãs, mas o ponto a que me refiro é que eles não
são autorizados pela Grande Comissão.

A última cláusula da Comissão coloca sobre as igrejas


batistas a responsabilidade de discipular todos os que foram
salvos e acrescentados à igreja. Nenhum ensinamento de
Cristo deve ser ignorado ou omitido, mas toda doutrina deve
ser ensinada, independente de quantas acusações de
“estreitos” forem chamados ou se serão desagradáveis
possam ser entendidos aos que minimizam certos
ensinamentos de Cristo à base de ser “não essencial”.

Levo esse capítulo a seu fechamento recapitulando as coisas


ditas antes.

QUAL É A MISSÃO DA IGREJA QUE JESUS


CONSTRUIU?: Não é a missão designada pelo mundo,
estabelecida por pressão e concebida por algumas igrejas.
Não é a civilização da humanidade, não é reforma social ou
moral, não é a evolução física, intelectual e social da raça,
salvo as coisas que ocorrem incidentalmente como
subprodutos do Cristianismo. Mas a missão da igreja é a que
foi dada por Seu Fundador, Jesus Cristo, na Grande
Comissão, isto é, fazer Cristãos, imergir, doutriná-los.

Ou, para dizer de modo mais completo, o programa divino


para a igreja é esse: pregar o evangelho a todo ser humano
que vive nesse mundo, batizar aqueles que aceitam uma
salvação livre através de Cristo. Então ensinar aos salvos e
batizá-los até que eles conheçam os comandos de Cristo e até
que Sua vontade seja expressa através das vidas redimidas
no mundo.
“Os Batistas deram missões modernas ao mundo e cada
missionário de cada denominação está seguindo a liderança
dos Batista”.
“O fato das outras denominações terem permissão para
acreditar e adorar como lhes agrada é devido ao sangue e
lágrimas Batistas”.
“Em relação ao Batistas, ninguém pode citar um exemplo na
história que tenham perseguido alguém por questões de
consciência”.
J. W. Porter, em “Registros ao Acaso”.
X. A Igreja que Jesus Construiu
Justifica Sua Existência
Nos capítulos anteriores encontramos, por estudos
doutrinários e históricos e comparação que as igrejas Batistas
são as únicas igrejas que podem por direito afirmar Jesus
Cristo como Seu Fundador, ou que coincide com os ensinos
doutrinários do Novo Testamento. No capítulo anterior,
procurei mostrar qual foi o propósito do Mestre ao fundar
Sua igreja, indicado nas palavras da Grande Comissão.
Provou-se que essa Comissão foi dada a uma igreja Batista e
consequentemente é corretamente chamada de Comissão
batista. Vamos examinar para ver como os batistas
responderam às ordens dadas pelo Mestre.

Os Batistas tentaram fazer as coisas que o Mestre deixou para


serem feitas por eles? Suas obras através das eras foram
indicativas de sua origem divina? Qual foi seu trabalho e
influência? Um volume deveria ser dedicado a responder a
essas perguntas, mas serei capaz de mencionar apenas
algumas conquistas Batistas e essas somente de modo breve.

Estou persuadido que muitos não têm conhecimento do


tremendo débito do mundo aos batistas. Muitas das coisas
mais preciosas que a humanidade hoje possui têm sido
legadas pelas igrejas batistas. Ainda, pela profundidade de
sua convicção e a tenacidade com que eles se afirmam em
sua fé, muitos veem com forte desaprovação os Batistas de
hoje. Eles estão bem menos expostos na imprensa que muitas
denominações bem menores. A quantidade de notícias dadas
a eles por jornais e revistas nunca levaria alguém a acreditar
que eles são o maior corpo evangélico individual de Cristãos
no mundo, hoje, apesar de sua verdade.
Vamos considerar o que os Batistas fizeram em relação às
coisas que Jesus colocou “ênfase” em Sua Comissão, isto é
TORNANDO-OS CRISTÃOS. Eles foram um povo
missionário? Sim, eles foram. Na era apostólica os Batistas
“foram a todo lugar pregando a Palavra”. Com o apóstolo
Paulo, os Batistas tiveram o maior missionário de todos os
tempos. Em sua curta vida, Paulo espalhou o evangelho por
todo o mundo conhecido. Os Batistas eram tão zelosos
naqueles tempos antigos que, dentro de algumas décadas, já
havia literalmente milhões de Batistas em todo o Império
Romano. Eles começaram o desenvolvimento gradual da
apostasia romana e com isso a redução do empreendimento
missionário.

Veio o tempo quando o Catolicismo dominou os governos e


com a espada e tortura conseguiram exterminar todos os que
se recusaram a dobrar os joelhos à autoridade do Papa. Não
mais era possível aos Batistas realizar seus trabalhos
missionários da mesma forma. Eles persistiram em número
tão grande por aqueles tempos de perseguição e muitos
foram martirizados por causa da pregação do evangelho e
isso prova, porém, que eles nunca deixaram de ser um povo
missionário. Quando a Reforma trouxe algum alívio na
opressão romana, descobrimos que os Anabatistas
literalmente enxameavam. Eles aumentaram tanto que os
Reformadores ficavam constantemente irritados pelas
evidências de seu crescimento. Se não fosse pela opressão e
feroz perseguição, creio estar a salvo ao dizer que os Batistas
teriam tomado este mundo para Cristo.

Hoje há tremendos esforços missionários sendo distribuídas


por todas as maiores denominações. O movimento
missionário moderno é um dos maiores movimentos de
nossos tempos. Quem começou o movimento missionário
moderno? FOI WILLIAM CAREY, UM BATISTA. As
igrejas Batistas foram as primeiras nos tempos modernos a
sustentar obreiros num país estrangeiro. Antes de outras
denominações na América fazer alguma coisa na linha de
missões estrangeiras, as igrejas Batistas estavam enviando
fundos para o sustento de Carey e sua obra.

Late Judson, inspirado pelo exemplo de Carey, foi para o


grupo dos Congregacionalistas, mas durante sua longa
viagem de navio, ele se tornou Batista com a leitura do Novo
Testamento. Ele foi batizado logo após sua chegada,
garantindo uma ligação com o povo que o enviou e foi
adotado pelos Batistas americanos como seu missionário.

Não apenas os Batistas foram pioneiros no início do moderno


movimento missionário, mas também pregaram o evangelho
pela primeira vez em muitas terras. Por exemplo, nas
Bermudas, Cuba e Índia eles foram os primeiros das assim
chamadas igrejas evangélicas a pregar o evangelho. Na
América, os Batistas foram os primeiros a pregarem o
evangelho no vasto território a Oeste do Rio Mississipi. Hoje
as estações missionárias Batistas ocupam o globo. Em todo
clima se encontram Batistas na busca do último comando do
Mestre de “ir a todo mundo e pregar o evangelho a toda
criatura”.

Em relação à segunda parte da Comissão, que comanda o


batismo de Cristãos, só os Batistas obedeceram. Outros
ignoraram e minimizaram e perverteram essa parte da
Comissão.

Agora, como a Terceira parte da Comissão, o ensinamento


de “observar todas as coisas que Jesus comandou”, como
ficam os Batistas? Para responder pode-se dizer
verdadeiramente que os Batistas são o único povo que quis
ensinar absolutamente “todas” as coisas comandadas. Eles
sempre acreditaram na Educação e na doutrinação. Então não
surpreende que os Batistas tenham começado o moderno
movimento da Escola Dominical. A visão mais comumente
defendida é que Robert Raikes iniciou esse movimento, mas
não é verdade. A honra pertence a William Fox, um diácono
Batista, como Dr. J. W. Porter prova abundantemente em seu
livro O Débito do Mundo aos Batistas. O Diácono Fox
começou sua Escola Bíblica em 1783 e dois anos mais tarde
ajudou a organizar a “Sociedade para o Sustento e
Encorajamento das Escolas Dominicais”. Essa sociedade
organizada por Batistas foi a primeira organização para a
promoção das escolas dominicais no mundo, pelo que temos
registro.

Porém, em relação às escolas dominicais individuais, a


primazia pertence à Welch Batista. Em Gales, algumas
igrejas Batistas mantinham escolas dominicais pelo menos
132 anos antes do movimento Raikes. E nessa ligação é bom
indicar que a escola de Raikes não é uma escola dominical
no sentido moderno. Na verdade, se encontravam nos
domingos, mas não para o estudo bíblico. A Bíblia não tinha
lugar no curso do estudo.

Não apenas é verdade que os Batistas começaram o moderno


movimento da Escola Dominical, mas lideraram o trabalho
das escolhas dominicais. Uma pequena investigação nos
provará isso.
Por exemplo, foi um Batista, B. F. Jacobs que deu ao mundo
o sistema internacional uniforme de lições.

Foi um Batista, Dr. Warren Randolph que foi o primeiro


secretário do Comitê Internacional de Lições.
Foi um Batista Dr. J. R. Sampey que desenvolveu o primeiro
curso de lições avançadas para a Associação Internacional de
Escolas Dominicais da América.

Foi um Batista Dr. B. H. DeMent que ocupou a primeira


cadeira de Pedagogia de Escolas Dominicais estabelecida
numa escola teológica no mundo, o Seminário Teológico
Batista do Sul.

A Primeira Clínica de Escola Dominical foi sustentada sob


os auspícios da Diretoria do Seminário Batista do Sul da
Convenção Batista Sulista.

Os Batistas não apenas ocuparam o lugar de primazia ao


ensinar “todas as coisas” comandadas por palavra oral. Eles
também foram os primeiros a ensinar por páginas impressas.
Sendo proeminentemente um “povo da Bíblia”, eles
procuraram disseminar toda a palavra com Bíblias. A
sociedade Bíblica mais antiga existente, a Sociedade Bíblica
Britânica, que distribuiu milhões de cópias das Escrituras, foi
fundada por um pregador Batista, Rev. William Hughes. A
missão de William Carey antes de sua morte tinha publicado
Bíblias em quarenta idiomas, envolvendo um terço da
população mundial. Grande parte das traduções foi feita pelo
próprio Carey.

Foi o trabalho de Judson que produziu a primeira Bíblia em


Burmês. Essa é a única tradução usada em Burma hoje.

Joshua Marshman, um Batista, deu aos chineses sua Bíblia.

Farances Mason, um Batista deu a Bíblia aos Dareanos.

Lyman Jewett, um Batista, deu a Bíblia aos Telugos.


Nathan Brown deu a Bíblia aos Assameses e aos Japoneses
em seus próprios idiomas.

Outros Batistas tiveram grande papel na tradução da Bíblia.


Por exemplo, o mundo de fala inglesa deve aos Batistas pela
versão mais precisa da Bíblia impressa em sua língua.
Refiro-me à Versão da União Bíblica Americana, totalmente
traduzida por Batistas.

Além do trabalho de tradução e circulação das Escrituras, é


relevante mencionar que a primeira referência marginal em
nossa Bíblia inglesa foi preparada por John Cranne, um
Batista, em 1637.

Mas, seguindo ao trabalho específico de realizar a Grande


Comissão, estou certo de não estar equivocado em fazer
breve menção das conquistas Batistas junto com outras
linhas mais ou menos relacionadas.

Alguns acusam os batistas de ser um povo ignorante. É bem


verdade que grande parte do seu trabalho está entre os mais
pobres e que eles enumeram entre seus membros milhões de
pessoas comuns, mas a acusação de disseminar a ignorância
não pode ser sustentada. Como prova disso preciso
mencionar alguns fatos: os Batistas têm mais dinheiro
investido em instituições educacionais na América que
qualquer das denominações evangélicas hoje. E os Batistas
têm mais alunos em instituição educacional na América que
qualquer outra denominação de Cristãos evangélicos. O
maior doador à causa da educação na América é um Batista
professo.

A maior Universidade do ponto de vista do tamanho e


envolvimento na América é administrada sob os auspícios
Batistas e professada como instituição Batista. O maior
seminário teológico no mundo é uma escola Batista. Nos
campos missionários estrangeiros, os Batistas estão na linha
de frente junto com o front educacional.

De fato, às vezes se diz que eles estão colocando muita


ênfase sobre a educação em terras estrangeiras. E não se pode
dizer que os Batistas só enumeraram homens da educação
entre suas fileiras durante os últimos anos, pois se formos
retornando até o começo do trabalho educacional na América
encontramos a mesma verdade. Por exemplo, o primeiro
presidente da Universidade de Harvard foi um Batista, como
o segundo, enquanto uma das maiores somas de dinheiro
doado para o sustento de Harvard durante seus primeiros dias
foi uma doação de um Batista.

Os Batistas tiveram muito grandes estudiosos e escritores.


Foi John Bunyan, um Batista que escreveu “O Progresso do
Peregrino”, um livro que teve a maior venda que qualquer
livro já teve, com uma única exceção: a Bíblia.

Foi John Milton, o Batista que deu ao mundo uma das suas
maiores produções literárias: O Paraíso Perdido.

É um Batista, Dr. A. T. Robertson, o autor do padrão mundial


de Gramática Grega do Novo Testamento e reconhecido
como o maior estudioso de grego. Esses nomes são só alguns
dos muitos que eu poderia mencionar.

Os Batistas tiveram um enorme papel no desenvolvimento


da América e na formação dos seus ideais e instituições. O
povo americano deve, em parte, sua forma de governo
democrático, assim como seus ideais de liberdade religiosa e
política aos Batistas. A própria constituição dos Estados
Unidos veio a existir como resultado dos ensinamentos
Batistas, pois Thomas Jefferson, o estruturador da
Constituição, obteve suas ideias de democracia dos Batistas.

O Dr. J. W. Porter mostra isso além de qualquer disputa em


seu livro: O Débito do Mundo aos Batistas. Na pág. 76 ele
escreve: “a concepção, a fé que faz as coisas existirem, a
confiança da praticabilidade de um governo livre, cujo poder
terreno último é investido nas massas da comunidade. Essa
ideia foi claramente obtida pelo próprio Jefferson, em uma
reunião em uma pequena igreja Batista, mês a mês
governando-se a si mesma pelas leis do Novo Testamento,
em sua própria vizinhança. Foi certamente as igrejas batistas
desse país que foram as primeiras a sugerir e manter essas
ideias de liberdade religiosa.

Além da influência Batista em relação à Constituição, a


primeira emenda à Constituição, garantindo completa
liberdade religiosa e proteção aos direitos religiosos foi
obtida pelos esforços dos Batistas.

Dr. Porter diz verdadeiramente: ”o governo de Rhode Island


foi o primeiro no mundo a completa e claramente absorver
os princípios da liberdade religiosa. Isso foi devido a Roger
Williams, um pregador Batista”. E a isso, Bancroft, o
historiador acrescenta: “a liberdade de consciência, a
liberdade ilimitada de mente, foi, desde o início, um troféu
Batista”.

Foram as igrejas Batistas que trouxeram diante do mundo as


preciosas verdades de igualdade, liberdade e liberdade
religiosa e só pode ser justo ter sido uma mulher Batista,
Betsy Ross, que desenhou e confeccionou a bandeira
americana, as estrelas e listras, que simbolizam ao mundo a
liberdade religiosa e política.
Junto com outras linhas ainda não mencionadas, os Batistas
foram e são uma benção para o mundo. Como subprodutos
de sua vida religiosa e cooperação, muitas empresas
beneficentes têm sido desenvolvidas.

Só nos Estados do sul, eles mantêm vinte e seis hospitais e


muitos orfanatos, onde milhares de pessoas são ministradas
todos os anos.

Tendo observado que a Grande Comissão foi dada aos


Batistas e sabendo, pela história, que eles sempre foram
dedicados a realizar as ordens de Cristo, não deveríamos nos
surpreender de perceber que em nossa própria América eles
estão crescendo mais rapidamente em proporção do que
qualquer outra denominação não Católica. Eu digo não
Católica, porque os Católicos estão em constante
crescimento devido à imigração.

O crescimento Batista por batismo em 1925 estava perto de


350.000! Desde o início da República, os Batistas cresceram
de 10.000 em 1776 a mais de oito milhões nos dias de hoje.
De um Batista a cada 264 da população total no tempo do
início de nossa nação, agora temos um Batista a cada 13
pessoas da população total.

Em terras estrangeiras, seu crescimento é maravilhoso.


Estima-se que só na Rússia, desde a Guerra Mundial, os
Batistas tiveram um aumento de mais de dois milhões!

Que os batistas possam se manter firmes na tarefa designada


na Comissão e que as bênçãos de Deus continuem sobre eles.
Pois nos últimos dois mil anos, “tortura, fogo e espada”,
seguiram os ensinos do Fundador e seus registros provam
que eles abundantemente justificaram sua existência!
“Pois, se a igreja que Jesus construiu foi uma igreja Batista,
então nenhuma igreja além das igrejas Batistas são igrejas de
Cristo e todo homem terá que enfrentar o Senhor Jesus no
julgamento e dizer a Ele por que se uniu a alguma igreja
fundada por um homem não inspirado, ao invés daquela
fundada pelo Próprio Senhor Jesus”.
H. B. Taylor, em “Por Que Sou um Batista”.

“Quando os Batistas adentram um esquema de união por um


processo de concessão e cancelamento, eles estão
negociando por um jazigo e um lote no cemitério.”
J. W. Porter, em “Registros ao Acaso”.
XI. Conclusão
Com os fatos apresentados nos capítulos anteriores todos
diante de nós, somos levados a uma inevitável conclusão de
que as igrejas Batistas são as únicas igrejas de Cristo, as
únicas igrejas autorizadas por Ele a realizar a Comissão e a
ministrar Suas ordenanças. Muitos em nossos dias farão
quase qualquer concessão para ser ensinado de modo
“amplo”.

Quantas e quantas vezes ouvi alguns indivíduos que


aspiravam à posição de uma das grandes “amplitudes”
observarem: “oh, não importa a que igreja ele pertença. Uma
igreja é tão boa quanto outra”. Isso parece muito simpático,
mas pode ser verdade, à luz dos fatos que estudamos? Que
direito um homem tem de estabelecer uma organização rival
àquela fundada pelo Filho de Deus e chamá-la de “tão boa
quanto”? A igreja que Jesus fundou é muito querida ao Seu
coração. Sua importância é indicada pelo fato só a ela Ele
deu a tarefa de realizar Seu trabalho no mundo. Pois Sua
igreja é o objeto de Sua terna solicitude e cuidado. Isso é
indicado pelo fato de que, apesar da perseguição, guerras,
tumultos, surgimento e queda de nações, a queda e morte de
idiomas humanos, Ele preservou e perpetuou Sua igreja.

Muito certo, deve-se dar importância a um Cristão sincero


que deseja ser obediente a Seu Senhor, como à igreja a que
ele pertence. Ele deveria querer pertencer a uma igreja que
pode afirmar que Jesus foi Seu Fundador e Chefe, ao invés
de uma instituição fundada por homens. Ele deveria querer
ser identificado com a igreja a quem Jesus entregou Suas
ordenanças, a igreja que Ele perpetuou através dos séculos e
que tem a garantia do Novo Testamento para suas doutrinas
e práticas.
Nas reuniões de reavivamento15, particularmente as de tipo
“união” tenho muitas vezes ouvido evangelistas dizer às
pessoas para “se juntarem à igreja de sua escolha”,
independente de qual possa ser. Alguns podem me chamar
de estreito por dizer isso. Mas eu não poderia
conscientemente dizer a ninguém para fazê-lo. Como eu
vejo, uma mera “escolha” talvez ditada por moda, capricho
ou mero sentimento, não é suficiente quando se trata de
estabelecer a questão da igreja.

A pergunta que cada Cristão deveria fazer é: Qual é a


verdadeira igreja, a que Jesus fundou? Qual delas é
inteiramente escritural em suas doutrinas e práticas? É uma
grande coisa levar uma pessoa perdida para Cristo. É também
uma grande coisa levar uma pessoa salva ao caminho da total
obediência. Para uma alma nascida de novo, fazer uma
escolha errada em relação à igreja e uni-la a uma igreja cujas
doutrinas e práticas não são escriturais significa iniciar uma
carreira de desobediência a Cristo por toda a vida.

União, reuniões, nas quais os sentimentos são mais exaltados


do que a verdade, e nas quais, os comandos de Cristo são
levemente intercambiados por questão de popularidade e a
causa de muitas pessoas normalmente formarem suas
afiliações a igrejas à base de qual igreja seus parentes e
amigos frequentam, a qual igreja o evangelista pertence ou
alguma coisa igualmente trivial. De fato, quase tudo ajuda a
decidir, exceto a única coisa importante: o ensino da Palavra
de Deus.

15
Essa reuniões era comum nas décadas passada, onde várias igreja se
reuniam em um grande culto ao ar livre.
OS BATISTAS NÃO PODEM SER CONSISTENTES E
MISTURADOS EM FESTIVAIS PARA
REAVIVAMENTOS DE UNIÃO. Para uma reunião de
união agradar a todos os envolvidos, o pregador deve manter
sua boca fechada em certas verdades. Pois um pregador
pregar o que diz a Palavra de Deus a respeito da segurança
dos crentes, batismo, Ceia do Senhor, verdade da igreja, etc.
seria naufragar a reunião de união.

Nessa reunião um Batista não pode aconselhar


adequadamente novos convertidos a respeito “de todas as
coisas”. Jesus comandou sem suscitar indignação e crítica. É
correto engajar-se em reuniões onde uma parte do ensino
claro da Palavra de Deus não é bem-vinda? A verdade, toda
a verdade, conforme ensinada em toda a Palavra de Deus,
sem acréscimo ou subtração, é o que os Batistas sempre
defenderam. Quando se engajam em esforços de união eles
se afastam de seus princípios honrados ao longo de todo
tempo.

Não desejo passar a impressão de que os Batistas são


egoístas, enfiados na igreja, insociáveis, não corteses ou algo
do tipo. Eles deveriam se rejubilar quando Cristo é pregado
por qualquer “seita” ou denominação. Eles deveriam se
rejubilar por cada alma salva. Seu espírito nunca deveria ser
de hostilidade ou controvérsia descortês. Mas certamente sua
primeira lealdade e fidelidade deveria ser a Cristo e Sua
Palavra. Sob Seu comando nunca deve haver transigência e
concessão. “Eles devem lutar arduamente (não
raivosamente) pela fé uma vez por todas entregue aos
santos”.

Leitor, você que me seguiu através das páginas deste livro,


se for um Cristão, você é também um membro de uma
genuína igreja do Novo Testamento? Peço desculpas por ser
estrito sobre a questão de sua afiliação a alguma igreja. Essa
não é uma questão que afete sua salvação, mas afeta sua
recompensa com Deus. Jesus ensinou que “aquele que
quebrar qualquer desses mandamentos e assim ensina será
chamado de o menor no Reino dos Céus”.

A pessoa que pertence a uma igreja que minimize e quebre


alguns dos mandamentos de Cristo, necessariamente
influencia outros para “ensinarem da mesma forma”. Por
fazerem isso, se colocam na classe daqueles de quem Cristo
disse que serão “chamados os últimos” no Reino. A questão
de sua afiliação a uma igreja é algo de que você prestará
contas diante do Trono de Julgamento de Cristo. Você
receberá o que fizer corretamente sobre o assunto,
independente do que qualquer pessoa do mundo pensar de
você.

Tentei estabelecer a verdade da questão da igreja neste livro,


clara e simplesmente. Meu objetivo foi capacitá-lo a ler o que
você precisa saber quanto à sua tarefa em relação a que igreja
você deve pertencer. Se você fará ou não o que sabe ser
correto, isso é o que fará você responder, não a mim, mas ao
Senhor.

“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete


pecando” (Tiago 4:17 – ACF).

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