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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

ACADEMIA REAL MILITAR (1811)

Julio Cezar Fonseca de Jesus Rosa

FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA: ATUAÇÃO DO 9° BATALHÃO DE


ENGENHARIA DE COMBATE NAS BATALHAS NO TEATRO DE OPERAÇÕES
DA ITÁLIA

Resende
2023
Julio Cezar Fonseca de Jesus Rosa

FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA: ATUAÇÃO DO 9° BATALHÃO DE


ENGENHARIA DE COMBATE NAS BATALHAS NO TEATRO DE OPERAÇÕES
DA ITÁLIA

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso


de Graduação em Ciências Militares, da
Academia Militar das Agulhas Negras
(AMAN, RJ), como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Ciências Militares.

Orientador: Cel Renato Augusto de Oliveira Balbi

Resende
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................03
1.1 OBJETIVOS....................................................................................................................04

1.1.1 Objetivo geral.................................................................................................................04

1.1.2 Objetivo específico.........................................................................................................04

2 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................................05

2.1 ENTRADA DO BRASIL NA 2ª GUERRA MUNDIAL...............................................05


2.2 CRIAÇÃO DA FEB.........................................................................................................06

2.3 9º BATALHÃO DE ENGENHARIA DE COMBATE.....................................................07

2.3.1 Histórico do batalhão......................................................................................................07

2.3.2 Preparação do batalhão..................................................................................................08

2.3.3 Batalhão nos ataques à Monte Castelo..........................................................................10

2.3.4 Batalhão no ataque final à Monte Castelo.....................................................................12

3 REFERENCIAL METODOLÓGICO.........................................................................14

3.1 TIPOS DE PESQUISA.....................................................................................................14

3.2 MÉTODOS.......................................................................................................................14

4 CRONOGRAMA ............................................................................................................15

REFERÊNCIAS.............................................................................................................16
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1 INTRODUÇÃO

Envolvendo países de diversos continentes em uma luta por poder e soberania nacional,
a 2ª Guerra Mundial foi um dos conflitos mais devastadores de toda a história mundial. Durante
esse tempo sombrio, muitas unidades militares tiveram suas atuações no combate destacadas,
seja por organização, efetividade ou bravura. Entre elas, encontra-se o 9º Batalhão de
Engenharia de Combate, cujos feitos e o pioneirismo foram essenciais para o desenrolar da
guerra.

Muitas vezes, as ações dos batalhões de engenharia foram negligenciadas e


subestimadas ao longo da história. Entretanto, durante a Segunda Guerra Mundial, essas
unidades na frente de batalha mostraram-se vitais para o desempenho que tiveram. O presente
trabalho se propõe a analisar e relatar os feitos do 9º BECmb, tendo como foco a organização,
mobilização, adestramento e as batalhas onde esteve envolvido.

Compreender a importância desse tipo de unidade militar em um conflito tão complexo


e extenso é o foco e o motivo para escolha do 9º Batalhão de Engenharia de Combate. Ele teve
participação ativa em batalhas cruciais da guerra, tendo como funções essenciais além do
combate propriamente dito.

O estudo contribuirá para enaltecimento e evidenciação dos feitos do batalhão de


engenharia e de todo o aparato logístico-militar, que muitas vezes operou nas sombras do
conflito, mas que teve um papel determinante para o sucesso das operações das forças aliadas.
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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar e descrever a atuação do 9º Batalhão de Engenharia de Combate durante


a 2ª Guerra Mundial.

1.1.2 Objetivos específicos

Contextualizar o cenário histórico e a relevância do teatro de operações em que


o 9º Batalhão de Engenharia de Combate atuou;
Analisar os métodos de adestramento que foram feitos com os militares para
seguir para o combate;
Verificar as mobilizações e organização que o batalhão adotou para se preparar;
Avaliar o impacto das ações do 9º Batalhão de Engenharia de Combate no
contexto mais amplo da 2ª Guerra Mundial.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENTRADA DO BRASIL NA 2ª GUERRA MUNDIA


O Brasil estava de neutralidade na Guerra inicialmente, mostrando-se imparcialidade às
duas alianças. Getúlio Vargas, presidente do país na época, dessa forma, tentava obter ganhos
econômicos com foco na industrialização brasileira e, por isso, buscava inestimentos externos.

Em julho de 1939, uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança


Nacional, sob a presidência de Getúlio Vargas, avaliou a situação política
europeia e decidiu que, em caso de guerra, o Brasil adotaria uma posição de
Neutralidade. Essa decisão aparentemente expressava algum tipo de consenso
entre as altas autoridades que participaram da reunião. Na verdade, porém, ele
era o resultado de uma divisão profunda na cúpula do governo Vargas acerca
de qual seria a melhor aliança para o Brasil no final dos anos 30. (MOURA,
1993)

O presidente era autoritário, nacionalista e centralizador. Foi ele quem implantou o


Estado Novo (1937-1945). O estilo governamental era alinhado com a ideologia dos países do
Eixo, valorizava seu governo com propagandas, assim como o governo Alemão. “O lugar do
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) neste projeto é de importância decisiva, já que
se constitui em um dos mecanismos fundamentais da difusão da imagem do Estado Novo.”
(SANTOS, 2006)

Apesar disso, os países do Eixo, especialmente a Alemanha, fizeram o Brasil se


posicionar perante à Guerra e sair da imparcialidade. Em dezembro de 1941, quando houve o
ataque a Pearl Harbor, os ministros brasileiros reuniram-se para manifestar solidariedade pelo
EUA.

Com isso, ao posicionar-se favorável aos Aliados, a Alemanha impede a navegação de


navios brasileiros pelo Atlântico Norte, utilizando submarinos para afundar navios cargueiros.
Mesmo com pedidos diplomáticos feitos pelo Brasil, a Alemanha prosseguiu nos ataques.

Em março de 1941 houve o primeiro incidente de guerra, mesmo antes de acontecer o


rompimento das relações diplomáticas com os países do Eixo. A Luftwafe atacou um navio no
Mar Mediterrâneo com bombardeios e tiros de metralhadoras, resultando em mortos e feridos.

Outros fatos continuaram acontecendo com o Brasil na região do Atlântico


principalmente. Navios chegam a desaparecer afundados e sofrem baixas de quase mil pessoas.
Comprova-se esses fatos com o trecho a seguir:

Daí até a declaração de Situação de Beligerância contra a Alemanha em 21 de


agosto desse ano (1942), mais dezoito navios mercantes brasileiros foram
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afundados pela ação naval alemã. Depois dessa data, outros doze foram
afundados, totalizando, aproximadamente, um terço da Marinha Mercante
Brasileira e provocando a morte ou o desaparecimento de 971 pessoas, entre
tripulantes e passageiros. (ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS
NEGRAS, 2011, p. 250).

2.2 CRIAÇÃO DA FEB

O Exército Brasileiro não possuía efetivo, adestramento material e pouca experiência.


Tinham uniformes que não era o mais adequado para o combate com climas diferentes do Brasil
e o armamento não era o mais atualizado. a quantidade de militares era cerca de 100 mil homens.

Os EUA realizaram um estudo de locais estratégicos para criar bases de apoio para
proteger a costa brasileira devido ao temor de uma invasão nazista. Por conta disso, firmaram
um acordo com o Brasil para a construção de bases militares que os americanos pudessem usar.
Em troca, os Estados Unidos forneceriam armas, equipamentos e técnicas para treinar nossos
militares, resolvendo o problema.

Apesar da implementação destas ações, as incertezas em relação às Forças Armadas do


Brasil persistiam e a apreensão quanto a uma possível invasão ao território brasileiro crescia no
âmbito norte-americano. Como solução, optou-se por estabelecer uma Comissão Conjunta de
Defesa Brasil-EUA20, encarregada de assegurar a defesa de determinadas áreas, sobretudo na
região Nordeste.

Vargas compreendia que essa comissão havia elevado a colaboração mútua entre os
EUA e o Brasil a um novo nível, tornando essencial a cooperação em várias atividades
relacionadas à capacidade de combate das nações, incluindo logística de transporte e produção
de equipamentos bélicos. Com essa perspectiva, o Presidente Vargas anuncia a viabilidade do
envio de tropas para o Teatro de Operações na Europa, o que instiga a concepção da Força
Expedicionária Brasileira (FEB), iniciando sua estruturação. O interesse pelo envio das tropas
não estava limitado apenas ao Governo Brasileiro; a Comissão de Defesa de Washington21
também compartilhava a ideia de criar, preparar e despachar um contingente brasileiro para
combater na Europa.

Contudo, o processo de análise dos militares brasileiros acerca dessa


possibilidade foi marcado por grande lentidão, e, somente no dia 28 de janeiro
de 1943, o ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, apresentou ao
presidente Vargas um conjunto de documentos, incluindo um parecer
favorável do Estado Maior Brasileiro, sobre da possibilidade do envio de tropas
expedicionária para atuar fora do continente. (SOARES, 2014)

No dia 15 de março de 1943, Getúlio Vargas aprova a formação do Corpo


Expedicionário, uma decisão que é anunciada pela Imprensa Nacional22 com um certo
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otimismo. Entretanto, havia algumas condições a serem cumpridas para efetivar a criação e o
envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) à Europa. Em primeiro lugar, a realização desse
processo estava condicionada à obtenção de equipamentos e materiais militares essenciais para
o treinamento dos soldados. Em segundo lugar, as unidades encarregadas da segurança costeira
do Brasil não poderiam integrar a FEB, uma vez que já possuíam suas próprias missões
específicas.

A despeito da declaração de guerra ao Eixo, não se mostrava imprescindível o envio de


tropas à Europa para o conflito. A partir de abril de 1943, tiveram início conversações entre os
americanos e os brasileiros para definir os termos dessa operação conjunta. A proposta
apresentada pelo Governo Brasileiro consistia na mobilização de um contingente composto por
três Divisões, as quais seriam armadas e treinadas pelo exército dos Estados Unidos. No
desfecho das negociações, ficou acordado que somente metade dos materiais necessários para
treinar uma Divisão de Infantaria seria enviada, sendo o restante entregue aos brasileiros apenas
quando estivessem em solo europeu.

Inicialmente, os britânicos manifestaram relutância quanto à contribuição do Brasil no


conflito, devido à falta de preparação. No entanto, após persistente pressão, o Reino Unido
acabou por aceitar a participação do Brasil nos combates. Após uma série de negociações,
chegou-se a um consenso sobre o seguinte:

De acordo com a Resolução nº 16, aprovada em 11 de agosto de 1943, onde se


reuniram todos os resultados das conversações da Comissão Mista, a FEB teria
três divisões (cada uma com cerca de 30 mil homens) e uma pequena unidade
aérea; seguiria os padrões da organização militar americana e ficaria sob a
direção funcional e estratégica do alto comando do exército americano. Desta
forma, a responsabilidade pelos equipamentos, transporte, tempo e lugar de
deslocamento estaria nas mãos dos Estados Unidos. (SANTOS, 2006)

O Brasil dependia desse respaldo dos Estados Unidos para fornecer equipamentos às
suas tropas e elevar o nível de treinamento. A formação da FEB representou uma manobra
política visando a obtenção de armamentos e materiais essenciais para o fortalecimento de
nosso exército. Como resultado, os americanos nutriam dúvidas quanto à eficácia operacional
da FEB e sua real participação em batalhas.

2.3 9º BATALHÃO DE ENGENHARIA DE COMBATE

2.3.1 Histórico do batalhão

O 9º B E Cmb foi criado pelo Decreto nº 4.799, de 6 de outubro de 1942, e organizado


no quartel do 1º Batalhão de Engenharia de Combate, na cidade do Rio de Janeiro. Seu primeiro
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comandante foi o capitão Francisco de Paula Gonzaga de Oliveira. A unidade está sediada na
cidade de Aquidauana – MS.

A Bandeira Nacional da unidade recebeu a Cruz de Combate de 1ª classe com a Ordem


do Mérito Militar. É denominado “Carlos Camisão” em homenagem a esse chefe militar que
esteve à frente das forças brasileiras na Retirada da Laguna, durante a Campanha da Tríplice
Aliança.

O estandarte do 9º B E Cmb foi criado pelo Decreto nº 39.766, de 13 de agosto de 1956,


e recebido na unidade em 19 de dezembro daquele ano. O Estandarte Histórico retrata, em suas
cores e símbolos heráldicos, a participação heroica da única unidade de Engenharia do Exército
Brasileiro que lutou na 2ª Grande Guerra.

Em 1956, o 9º Batalhão de Engenharia de Combate recebeu a designação histórica de


“BATALHÃO CARLOS CAMISÃO", em homenagem ao ilustre Comandante de umas das
colunas da histórica Retirada da Laguna na Guerra da Tríplice Aliança (1864 – 1870).

2.3.2 Preparação do batalhão

Antes de desembarcar na Itália, os soldados brasileiros, por ordem do comandante da


FEB, conduziram uma revisão das instruções individuais básicas, abordando tópicos como
progressão, manejo de armamentos, regras de sobrevivência e prática de tiro. Isso se deveu à
falta de reservas devidamente preparadas e prontas para mobilização e emprego (DE FARIA,
2005).
Após a conclusão das instruções individuais básicas no Brasil, em 12 de outubro de
1944, as tropas brasileiras se dirigiram à Itália para iniciar os treinamentos voltados para os
confrontos iminentes, com um foco particular no uso especializado das armas de engenharia
(LIMA JUNIOR, 1982).
Passados que foram os primeiros dias de repouso necessário e de engorda,
começou o período de treinamento militar, que foi dividido em 2 fases. Teve
início no dia 23, abrangendo educação física, armamento, minas e armadilhas,
transmissões e manutenção de viaturas; era ministrado por oficiais brasileiros,
auxiliados por pessoal da Engenharia americana, na instrução técnica da arma.
Simultaneamente, foi enviada uma turma de 7 oficiais e 18 praças para o curso
de Ponte Bailey, em Dugenta, onde se situava a Engineer School, perto de
Nápoles, à qual fui incorporado. O curso rápido de Minas e Armadilhas foi
feito ao vivo, em campos inimigos (LIMA JUNIOR, 1982, p.49).

Além disso, foi realizado o treinamento para a desativação de campos de minas reais. Os
alemães haviam dispersado numerosas minas AP3 e AC4 em toda a área da Marina de Pisa,
assim como nas estradas que levavam ao objetivo. Como resposta, houve um programa de
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treinamento conduzido pelos oficiais e praças do 9º Batalhão de Engenharia de Combate,


visando a aquisição de habilidades nessa tarefa específica (LIMA JUNIOR, 1982).

“...em extenuante treinamento, pois os campos eram reais e, onde qualquer


descuido ou erro, correspondia à morte ou à mutilação do instruindo. Tratava-
se de minas de madeira, que não eram localizadas pelo detector
eletromagnético, de modo que a procura era feita com o uso de bastões ou
baionetas e o levantamento manual. Cada instruindo entrava em campo,
descobria e retirava um certo número de minas e passava a tarefa a outro
companheiro, que ficava a distância de segurança (LIMA JUNIOR, 1982,
p.50).

Embora os militares não estivessem enfrentando a presença direta do inimigo, a tropa


envolvida no treinamento operava sob uma atmosfera de tensão genuína, pois estavam sendo
submetidos a provas reais que eram novidade para eles. No entanto, ao término do treinamento
de engenharia não foram registrados quaisquer acidentes (LIMA JUNIOR, 1982).

Para concluir a primeira fase do treinamento, foi realizado o aperfeiçoamento no uso da


ponte Bailey, que vinha sendo empregada com notável sucesso pelas forças aliadas para
maximizar a mobilidade de tropas blindadas e mecanizadas. O curso, de duração breve, permitiu
um estudo abrangente dos diversos tipos de pontes Bailey utilizados, com sessões de
treinamento durante o dia e à noite (LIMA JUNIOR, 1982).

Após a conclusão das avaliações finais nos treinamentos de pontes e desminagem, os


membros do batalhão de engenharia receberam seus certificados e retornaram ao acampamento
em San Rossore (LIMA JUNIOR, 1982).

A partir desse ponto, os integrantes da unidade de engenharia da FEB entraram na etapa


de treinamento tático da tropa. No entanto, devido a várias adversidades, incluindo uma situação
de emergência, a tropa da FEB precisou efetuar uma retirada de sua zona de operações atual e
ser deslocada para a área de combate ativa na linha de frente. Como resultado, não foi possível
completar integralmente esse treinamento (LIMA JUNIOR, 1982).

Consequentemente, ficou evidente que as instruções militares fornecidas à unidade de


engenharia da FEB antes de seu envolvimento direto com o inimigo foram de importância
significativa, especialmente considerando que as forças brasileiras não tinham experiência
anterior em guerra.
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2.3.3 Batalhão nos ataques à Monte Castelo

A primeira vez que ocorreu o apoio a um ataque no solo italiano, especificamente no


Monte Castelo, foi em 24 de novembro. Essa operação foi conduzida pela Task Force 45 sob o
comando do General Paul Rutledge, com reforço das tropas brasileiras, compreendendo o 3º
Batalhão do 6º Regimento de Infantaria e o Esquadrão de Reconhecimento (LIMA JUNIOR,
1982).
Durante a preparação para o ataque, a engenharia tinha como tarefa principal manter as
passagens desobstruídas. Isso envolvia o trabalho árduo de quebrar pedras com marretas,
preencher buracos e crateras, e aprimorar as vias de passagem. No entanto, enquanto
executavam essa tarefa, o batalhão era alvo de ataques de tiros de morteiro por parte das forças
inimigas, o que inevitavelmente impactava negativamente a eficiência do trabalho (LIMA
JUNIOR, 1982).
Na véspera do ataque, à noite, o Ten viveiros, com alguns mineiros, limparam
de minas a estrada Bombiana-Abetaia, esta última visitada por patrulhas dos
dois lados. A limpeza iniciou-se na linha de partida do ataque até as
proximidades de Abetaia, com o maior cuidado, para não atrair a atenção
inimiga. Os elementos de segurança, que cobriam à frente o trabalho dos
mineiros, se detiveram ao ouvir o ruído de motor de carro de combate, que era
percebido de vez em quando dentro daquela localidade (LIMA JUNIOR, 1982,
p.69-70).

Na manhã do ataque, a unidade de engenharia brasileira dirigiu-se a Bombiana, onde


estava localizado o posto de comando do 3º Batalhão, com a presença do Tenente Viveiros.
Nesse momento, a posição em que estavam foi alvo de intenso bombardeio inimigo. No entanto,
durante a progressão dos aliados, diversas situações surgiram que dificultaram o avanço da
tropa. Um tanque aliado sofreu danos de tal forma que bloqueou o caminho dos demais
veículos, o que resultou na suspensão do ataque ao Monte Castelo (LIMA JUNIOR, 1982).

Na noite seguinte, o Ten Viveiros, com uma turma de mineiros, voltou ao local
e tirou outras minas das proximidades, constatando que se tratava de minas
americanas, colocadas por tropas que tinham ocupado a posição e que, ao
serem substituídas, não deixaram registro, como lhes cabia fazer. As instruções
determinavam que quem lançasse minas e não as retirasse, tinha a obrigação
de apresentar relatório circunstanciado, com a sua exata posição, tipo,
quantidade, data e dados topográficos perfeitamente amarrados aos pontos
mais notáveis do terreno. Esta inexplicável inobservância das instruções
causou-nos enormes prejuízos. Toda a área foi considerada suspeita e objeto
de uma verificação completa. Foram retiradas minas americanas até dentro da
localidade de Bombiana, onde o solo, duro e pedregoso, dificultava não só o
encontro das minas, como seu funcionamento, razão pela qual muitas não
haviam detonado à passagem dos tanques (LIMA JUNIOR, 1982, p.72).

Devido às realizações da tropa brasileira no dia anterior ao ataque, a Task Force renovou
a ofensiva no dia 25, empregando novamente o Batalhão brasileiro como reforço, na mesma
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posição e direção de ataque. Além das atividades usuais de reparo e conservação da estrada
Silla - Bombiana, que servia como eixo de ataque, essa via foi adaptada para a passagem de
caminhões de 2,5 toneladas. Foram também preparadas seções para permitir a travessia de
veículos, demonstrando assim um progressivo acesso aos carros de combate e caminhões
(LIMA JUNIOR, 1982).

Além dessas atividades contínuas, a engenharia brasileira ainda tinha tarefas pendentes,
como a criação de um Posto de Observação. Nesse sentido, a tropa brasileira procurou construir
uma estrutura nas encostas do Monte Castelo que oferecesse segurança adequada a seus
ocupantes (LIMA JUNIOR, 1982).

O ataque propriamente dito teve início às 8 horas da manhã, e a Engenharia garantiu a


fluidez do tráfego nas estradas durante o combate, permitindo o deslocamento dos carros de
combate americanos. Devido à natureza do terreno, esses carros de combate não podiam
avançar através do campo e eram limitados a disparos diretos de seus canhões (LIMA JUNIOR,
1982).

Infelizmente, o ataque resultou em contratempos para a tropa brasileira como um todo,


resultando em muitas baixas no primeiro escalão. No entanto, a tropa conseguiu se retirar
ordenadamente para a base de partida, evitando maiores perdas (LIMA JUNIOR, 1982).

Apesar dos sucessivos insucessos nos ataques, a determinação da força aliada


permaneceu firme, e os preparativos para um novo assalto ao Monte Castelo foram iniciados
sob o comando do Regimento Sampaio em 12 de dezembro (LIMA JUNIOR, 1982).

Mais uma vez, a 2ª Companhia de Engenharia recebeu a tarefa de apoiar o ataque a


Monte Castelo, mesmo após diversas tentativas anteriores. Inicialmente, sua missão era
preservar e garantir o fluxo nas vias que levavam à linha de frente, especialmente a estrada Silla
- Bombiana, para os futuros ataques americanos. Após cumprir essa função, a companhia se
posicionou para atender às demandas do escalão de ataque, agindo como uma força-base no
enfrentamento direto com o inimigo (LIMA JUNIOR, 1982).

Com todos os preparativos concluídos, os batalhões de infantaria avançaram para o


ataque, e a engenharia mais uma vez teve de ser empregada para a remoção de minas, uma
tarefa realizada pela 5ª Seção de Engenharia. Além disso, a engenharia continuou realizando
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trabalhos de manutenção na rede básica de estradas, visando aprimorar a trafegabilidade (LIMA


JUNIOR, 1982).

Infelizmente, o ataque como um todo mostrou-se ineficaz, revelando que os recursos e


as forças empregadas eram insuficientes para uma missão tão abrangente como a conquista do
Monte Castelo (LIMA JUNIOR, 1982).

2.3.4 Batalhão no ataque final à Monte Castelo

Após uma série de ataques ao Monte Castelo, a força alemã já se encontrava em um


estado enfraquecido. Isso ressaltou a necessidade de explorar e buscar oportunidades para uma
vitória a todo custo (LIMA JUNIOR, 1982).

Diante de várias tentativas anteriores, a estratégia para finalmente conquistar o Monte


Castelo envolvia um ataque vigoroso às posições das divisões inimigas. Essa manobra consistia
na formação de um 1º Escalão composto por dois batalhões: o 1º Batalhão do Regimento de
Infantaria (RI) e o 3º Batalhão do RI, com o 2º Batalhão do RI em reserva (LIMA JUNIOR,
1982).

A partida para o assalto a Monte Castelo foi às 5h 30min da madrugada,


processando-se bem, principalmente para o batalhão da esquerda, em
movimento flanqueante. Houve um momento que a 10.ª de Montanha, que
progredia sobre torracia encontrando fortíssimas resistências refluiu sobre a
frente do Batalhão brasileiro, estabelecendo-se alguma confusão, até que a
situação foi prontamente conjurada, prosseguindo ambos sobre os seus
respectivos objetivos, Aproveitando o êxito do 1.º Batalhão, o Regimento
empregou o Batalhão-reserva em seu proveito, dando maior a impulsão ao
ataque, de sorte que, às 17h 20min, os elementos mais avançados do bravo 1.º
Batalhão coroavam o seu objetivo, capturando o então invicto Monte (LIMA
JUNIOR, 1982 , p.113).

Nesse triunfo, o 9º Batalhão de Engenharia desempenhou um papel crucial, sendo


empregado pela primeira vez em sua totalidade e colaborando com a Engenharia americana
para cumprir uma variedade de responsabilidades táticas e técnicas (LIMA JUNIOR, 1982).

A missão do 9º Batalhão de Engenharia foi distribuída entre suas três companhias: a 1ª


Companhia atuou em apoio aos tanques americanos envolvidos no combate e também construiu
uma ponte Bailey. A 3ª Companhia participou do ataque ao erigir duas pontes Bailey ao pé do
Monte Castelo, em La Grilla e Gambaiana, executando essa tarefa enquanto o inimigo ainda
resistia. Isso permitiu o lançamento de novos reforços à linha de frente. A 2ª Companhia
acompanhou o ataque do 2º/11º Regimento de Infantaria, responsável por uma ação de diversão
no corredor de Abetaia, uma pequena localidade próxima a Bombiana, que era uma base para
13

os ataques a Monte Castelo. Além disso, a 2ª Companhia manteve o tráfego na estrada Silla -
Bombiana - Abetaia (LIMA JUNIOR, 1982).

A atuação da engenharia foi fundamental durante a conquista de Monte Castelo,


desempenhando um papel estratégico e fornecendo apoio direto ou reforço às tropas aliadas.
Graças à sua contribuição para a mobilidade, as forças aliadas conseguiram progredir no terreno
e cumprir a missão de capturar o Monte Castelo.
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3 REFERENCIAL METODOLÓGICO

3.1 TIPO DE PESQUISA

Será realizada uma pesquisa bibliográfica para reunir informações sobre a atuação do 9º
Batalhão de Engenharia de Combate na 2ª Guerra Mundial, juntamente com contextos
históricos, retirando ensinamentos para a Engenharia de Combate do Exército Brasileiro.

3.2 MÉTODOS
Para o desenvolvimento desse trabalho serão realizadas pesquisas em artigos científicos,
livros, sites nacionais e internacionais, para obter informações sobre o batalhão. Em seguida,
as informações serão analisadas e descritas.
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4 CRONOGRAMA

O cronograma (Quadro 1) prevê cada atividade que se pretende realizar visando a entrega
do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ou seja, as etapas estão listadas como atividades e
o tempo leva em consideração o calendário vigente.

Quadro 1 – Cronograma de atividades previstas

Fonte: AUTOR,2023.

,
16

REFERÊNCIAS
LIMA JUNIOR, Raul da Cruz. Quebra-Canela; a engenharia brasileira da campanha da
Itália – 2. Ed. – Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1982.
Força Expedicionária Brasileira – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_Expedicion%C3%A1ria_>Brasileira Acesso
em: 15 Ago 2023
Henrique de Moura Paula Pinto – O Resgate Força Expedicionária Brasileira: Batalhão de
Engenharia de Combate F.E.B, 2011. Disponível em:<
http://henriquemppfeb.blogspot.com.br/2011/11/batalhao-de-engenharia-de-combatefeb.html
> Acesso em: 10 Ago 2023
PORTAL DA FEB. FEB – do início ao fim uma história esquecida sobre brasileiros que
lutaram na Itália. Disponível em: <http://www.portalfeb.com.br/armamento/feb-do-inícioao-
fim> . Acesso em: 15 Ago 2023
FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA. A engenharia. Disponível em:<
http://www.mauxhomepage.net/geraldomota/feb060.htm >. Acesso em: 12 Ago 2023
ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Cadeira de Metodologia da pesquisa
científica. Metodologia da pesquisa científica. Resende: Editora acadêmica, 2008 (manual).

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