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EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL, PROTEÇÃO

RESPIRATÓRIA E PROTEÇÃO COLETIVA

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

DEFINIÇÃO

De acordo com a Norma Reguladora n° 6 (NR6) do Ministério do Trabalho, considera-se


Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo de uso individual, de fabricação
nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador,
sendo a empresa obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao
risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento .

Obrigações do empregador quanto ao EPI

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;


b) exigir seu uso;
c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho;
d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir
imediatamente, quando danificado ou extraviado;
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,
g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.
h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema
eletrônico.

Responsabilidades do trabalhador quanto ao EPI

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;


b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e,
d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

TIPOS DE EPI

PROTEÇÃO PARA A CABEÇA


CAPACETE DE BOMBEIRO

É um dispositivo de uso individual utilizado pelo bombeiro, destinado à proteção da cabeça


contra um ou mais riscos suscetíveis de ameaçar a sua segurança e saúde no trabalho, bem
como qualquer complemento ou acessório destinado a esse objetivo, sendo constituído
essencialmente por casco rígido e suspensão.
Casco Rígido: parte rígida do Capacete, formada por copa e aba, devendo constituir-se de
peça única e sem emendas. O material utilizado na fabricação do casco deve possuir
resistência a impacto, inflamabilidade, eletricidade, penetração e à absorção de água;
mantendo sempre sua forma original.
Copa: é a parte superior do Casco, devendo possuir dispositivo de redução de impacto do tipo

“quebra telha”. Este juntamente com o próprio casco.


Aba: é a extensão do casco que se prolonga para fora e a longo de todo o seu perímetro,
destinada a desviar do tronco do usuário objetos que escorreguem pela copa. A aba não deve
provocar atritos com a região cervical.
Suspensão: é a armação interna do capacete, constituída de carneira e coroa com a

finalidade de amortecer impactos contra a cabeça do usuário.

Carneira: parte da suspensão que circunda a cabeça, devendo ser removível e proporcionar o
ajuste imediato do tamanho, mesmo estando vestido na cabeça do usuário. Possui sistema de
regulagem da circunferência aos diversos tamanhos de cabeça.
Coroa: conjunto de tiras ou outros dispositivos que, repousados sobre a cabeça, destina-se à
absorção da energia do impacto. A coroa deve constituir suporte que mantenha o casco
afastado da cabeça do usuário. A fixação da coroa ao casco deve ser feita através de sistema
que garanta ajuste, impedindo que a suspensão se solte facilmente durante a utilização do
capacete.

COMPLEMENTOS:

Tira Absorvente de suor: tira acoplada à carneira, revestida de material absorvente, que fica
em contato com a testa. Deve ser confeccionado em material acolchoado, atóxico, devendo ser
removível.
Tira de Nuca: tira ajustável da carneira, ligada a catraca que, passando pela nuca, abaixo do

osso occipital, auxilia a fixação do capacete à cabeça.

Jugular: tira ajustável que, passando sob o queixo, auxilia a fixação do capacete à cabeça
Observação: todo capacete deve ser identificado, na parte inferior da aba, de modo indelével
e de fácil leitura, mesmo com a suspensão montada, contendo as seguintes informações:
- Nome ou marca industrial do fabricante;
- Classe;
- Mês e ano de fabricação;
- Número do Certificado de Aprovação – Ministério do Trabalho; - Número de
identificação individual de cada capacete.

CAPUZ BALACLAVA PARA COMBATE A INCÊNDIO

O capuz balaclava para combate a incêndio possui design que garante a proteção da cabeça e
do pescoço evitando que a pele fique exposta ao calor produzido em ambientes sujeitos a ação
do fogo.

A abertura da parte frontal, na


região dos olhos, do capuz
balaclava para combate a
incêndio pode ser individual
ou total.

Abertura total da região da


face propicia uma maior
facilidade para o uso conjunto com máscara panorâmica facial do
aparelho de respiração autônoma.
O capuz balaclava possui costuras reforçadas e em linhas de aramida devendo sua confecção
ser realizada em conformidade com as normas NFPA 1971, 1975 e 1976, UNE-EN 468, 469 e
532.

Sua gramatura é em torno de 200g/m2, caso seja confeccionado em camada única, ou em


torno de 400g/m2, caso seja confeccionado em duas camadas, possuindo cada uma 200g/m2.
O capuz balaclava é confeccionado em fibra aramida cor crua (bege). Tem como característica
principal ser 100% anti chama.

Cuidados e procedimentos de manutenção e limpeza do capuz balaclava para combate a


incêndio

Alguns cuidados devem ser tomados pelo bombeiro durante o uso do capuz balaclava, dentre
eles:
- Depois de cada uso guarde o capuz balaclava em local arejado, longe de umidade; -
Evite o contato do capuz balaclava com objetos cortantes ou perfurantes, o que pode causar
danos ao tecido;
- Não guarde o capuz balaclava sem primeiro tê-lo limpo e seco; Para a limpeza do capuz
balaclava, utilizar somente água com sabão neutro.

LUVAS PARA COMBATE A INCÊNDIO

Foram confeccionadas especificamente para atender às necessidades de segurança no que


tange à proteção das mãos, principalmente quanto a exposições ao calor, objetos cortantes ou
perfurantes, bem como razoável proteção química contra substâncias que possam haver no
local de ocorrência, sem contudo reduzir a capacidade de maneabilidade do bombeiro,
devendo ainda ser confortável, leve e de fácil colocação.

As luvas para combate a incêndio devem


possuir resistência a abrasão,
estanqueidade de fora para dentro, de
forma a proporcionar maior proteção para
as mãos, e permitir respiração de dentro
para fora, porém, não possibilitando a
passagem de vapores, para maior
conforto do usuário, mantendo, com isso,
a integridade física do bombeiro, sem
provocar excesso de transpiração,
conciliado à barreira térmica, que proporciona uma
camada extra resistente às temperaturas.
Seu uso, faz valer o aspecto psicológico de confiança no material frente às situações adversas
que podem surgir em decorrência da atuação nas atividades de combate a incêndio, em virtude
da proteção oferecida quanto a exposições ao calor, objetos cortantes ou perfurantes e
proteção química contra substâncias.

As luvas para combate a incêndio possuem design que garante a proteção das mãos evitando
que a pele fique exposta ao calor produzido em ambientes sujeitos a ação do fogo, bem como
a objetos cortantes e perfurantes.

As luvas para combate a incêndio são confeccionadas em tecido de fibra 100% para-aramida
na face palmar, modelo 5 dedos, dorso sem emendas, com colocação de tira de reforço do
mesmo material entre os dedos polegar e indicador, punho em torno de 10cm em malha de
para-aramida, com protetor de artéria do mesmo material da face palmar, dorso em tecido
plano de fibra meta-aramida, e com uma forração interna que tem por finalidade servir como
uma barreira térmica e como uma barreira para os vapores existentes em um local sujeito aos
efeitos do incêndio. Possui feltro de manta agulhada em fibra 100% meta-aramida - poliuretano
ignífugo.

Alguns cuidados devem ser tomados pelo bombeiro durante o uso das luvas de combate a
incêndio, dentre eles:
- Depois de cada uso guarde as luvas em local arejado, longe de umidade;
- Não guarde as luvas sem primeiro tê-las limpado e secado; Para a limpeza das luvas, utilizar
somente água com sabão neutro.

ROUPA DE APROXIMAÇÃO PARA COMBATE A INCÊNDIO

ATENÇÃO! O combate a incêndio é uma atividade ultra-arriscada e inevitavelmente


perigosa. Para reduzir os riscos de morte, queimaduras, ferimentos, doenças e
enfermidades, você deve ler cuidadosamente e seguir estritamente as regras de uso de
seu equipamento e os métodos ensinados durante este curso de formação de Bombeiros
Civis e também as etiquetas presentes nos elementos do seu conjunto de proteção.

Quando está combatendo incêndios ou engajado em operações de emergência, você está


constantemente exposto aos riscos de morte, queimaduras, ferimentos, doenças e

enfermidades. Não existe tal coisa como um incêndio ou operação de emergência “de rotina”
ou “comum”. Conquanto o uso de equipamentos de segurança tais como o conjunto de
proteção podem reduzir o seu risco de morte, queimaduras, ferimentos, doenças ou
enfermidades, ele não tornará o combate a incêndio e as operações de emergência
completamente seguros. Mesmo com a utilização do seu conjunto de proteção, o combate a
incêndio será inevitavelmente perigoso .
• Queimaduras de pele ocorrem quando a pele alcança uma temperatura de 47,8º C .

• O fogo queima a temperaturas de 1.093,33º C ou maiores

As queimaduras são uma função de tempo e temperatura. Quanto mais alta a temperatura da
fonte de calor e mais longo o tempo de exposição, maior será a gravidade das queimaduras.
Queimaduras de primeiro grau começam quando a temperatura da pele atinge 48 ºC.
Queimaduras de segundo grau ocorrem quando a pele atinge aproximadamente 55 ºC.
Queimaduras de terceiro grau ocorrem quando a temperatura da pele atinge cerca de 67 ºC.

O fogo queima a temperaturas de 1.093,33º C ou maiores.

• A roupa de proteção dá proteção limitada contra o calor e a chama de acordo com a norma
NFPA 1971:2018. Você pode ser queimado com pouca ou nenhuma sensação de calor ou
aviso em algumas circunstâncias.

PERIGO

Perigo Indica riscos imediatos que resultarão em ferimentos pessoais graves ou morte se
não forem evitados, ou se as instruções, incluindo precauções recomendadas, não forem
seguidas. A palavra-símbolo “perigo” está iluminada em vermelho nesta Apostila de
Bombeiros para indicar o risco extremo da situação.

ADVERTÊNCIA

Advertência Indica situações potencialmente arriscadas que poderão resultar em


ferimentos pessoais graves ou morte se não forem evitadas, ou se as instruções,
incluindo precauções recomendadas, não forem seguidas. A palavra-símbolo
“advertência” está em negrito nesta apostila..

CUIDADO

Cuidado Indica situações potencialmente arriscadas ou práticas inseguras que poderão


resultar em ferimentos pessoais menores ou moderados ou danos a produtos ou
propriedades se instruções, incluindo precauções recomendadas, não forem seguidas. A
palavra-símbolo “cuidado” está iluminada em cinza neste guia de treinamento.
USO ADEQUADO DO CONJUNTO DE PROTEÇÃO

A roupa de proteção foi projetada para proporcionar proteção limitada para as pernas, tronco
e braços contra os riscos que surgem de operações de combate a incêndio estrutural, e
operações de salvamento não-relacionadas a incêndios, operações pré hospitalares, e
desencarceramento de vítimas, incluindo:

• Calor e chamas
• Penetração de alguns fluidos de automóveis e alguns outros produtos químicos
• Penetração de sangue e outros fluidos corporais
• Chuva e jatos d’água de mangueiras
• Clima frio

A roupa de combate a incêndio estrutural é feita com três camadas primárias: uma estrutura
externa, uma barreira de umidade e um forro térmico. Tipicamente, a barreira de umidade e o
forro térmico são costurados juntos para constituir o sistema do forro interno. Este forro interno
pode sempre ser removido para limpeza, inspeção e descontaminação. A roupa de proteção
nunca deve ser usada sem o forro interno em seu devido lugar.

A camada da estrutura externa é um material de alta resistência ao calor e às chamas que


proporciona a proteção inicial contra o calor, chamas e abrasão, e protege o forro interno.
Existem vários tipos de tecidos especiais tendo diferentes características, os quais podem ser
utilizados como estruturas externas.

FORRO INTERNO

Barreira térmica: o forro interno consiste de uma barreira térmica e de uma barreira de
umidade costuradas juntas como uma unidade. Existem vários tipos de barreiras térmicas:
algumas são do tipo bateduras de não tecidos, feitas de fibras resistentes ao calor, e algumas
são feitas de um tipo especial de espuma de células fechadas resistente ao fogo. A barreira
térmica geralmente consiste de um tecido face e de uma segunda camada mais grossa, os
quais são presos juntos para maior estabilidade e resistência.

Barreira de umidade: a barreira de umidade é um filme ou um revestimento sobre um


substrato que reduz a quantidade de água do ambiente que poderia penetrar no interior da
roupa. A barreira de umidade é unida a um tecido ou substrato de não tecido para dar-lhe
resistência e durabilidade. Todas as barreiras de umidade respirável têm a habilidade de evitar
que a umidade de líquidos passe através delas, enquanto permitem a passagem do vapor da
umidade. Isto permite que um pouco do calor corporal escape das camadas internas e se mova
para fora da roupa. Isto promove o resfriamento evaporativo do corpo do bombeiro. A barreira
de umidade e o forro térmico são costurados juntos para constituir o forro interno. Este forro
interno deve sempre ser removido para limpeza, inspeção ou descontaminação e
adequadamente instalado antes de se reutilizar a roupa.

Gola 1: sua gola de proteção tem uma gola alta de 10 cm que deve ser levantada e presa com
a fita de Velcro de modo a proporcionar proteção limitada à área do pescoço contra o calor,
chamas e outros riscos.

Punhos elásticos 2: na capa proporcionam proteção limitada aos seus punhos contra o calor e
detritos, e também contra cortes e abrasões.

Sistemas de fechamento 3: na frente da capa e nas calças, quando adequadamente presos,


reduzem a quantidade de água que pode entrar na vestimenta e previnem a capa/calça de
ficarem abertas durante atividades de combate a incêndio estrutural, e protegem o usuário
contra o calor.

Atavio retrorefletivo e fluorescente 4: melhora a sua visibilidade em condições de baixa


luminosidade.

Reforços 5: proporcionam proteção extra importante contra o calor e chamas, bem como
resistência contra cortes e abrasões.
Etiquetas 6: (dentro da vestimenta) incluem informações sobre segurança importantes,
instruções sobre limpeza e armazenamento, e identificação do fabricante e dados para
rastreamento.

BOTAS
Que ofereça proteção adequada para os pés
quanto a exposições ao calor, objetos
cortantes ou perfurantes, além de razoável
proteção contra substâncias químicas que
possam haver no local de ocorrência, sem
contudo reduzir a capacidade de
maneabilidade do bombeiro, devendo ainda
ser confortável, leve e de fácil colocação.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA


O Equipamento de Proteção Coletiva – EPC trata-se de todo dispositivo ou sistema de âmbito
coletivo, destinado à preservação da integridade física e da saúde dos trabalhadores, assim
como a de terceiros.

Objetivo do EPC

Os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC tem como objetivo proporcionar a preservação da


saúde e da integridade dos trabalhadores, em geral. O EPI (Equipamento de Proteção individual)
também tem como objetivo a proteção do trabalhador.

São exemplos de EPC:

● Cone de sinalização
● Fita para isolamento de área
● Proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos

● Corrimão de escadas
● Linha de vida

FUMAÇA

A fumaça pode ser definida como uma mistura complexa de sólidos em suspensão,
vapores e gases desenvolvidos quando um material sofre o processo de pirólise
(decomposição por efeito do calor) ou combustão.

EFEITOS DA FUMAÇA

Uma pequena exposição à fumaça de incêndio já é suficiente para pôr a vida em risco
e gerar pânico no local. A presença de gases tóxicos e calor no ambiente, mesmo em
quantidades não fatais, podem desorientar a vítima e o bombeiro induzindo-os a
julgamentos errôneos, principalmente sobre os caminhos a tomar para abandonar o
local, no caso de uma pessoa não treinada, ou os procedimentos iniciais de segurança,
para uma pessoa treinada no combate a incêndios ou orientada sobre os meios de fuga.

Aproximadamente 75% das mortes em incêndios ocorrem devido aos gases tóxicos expelidos
pelos materiais em combustão.

Esses eventos atingem aos ocupantes das edificações e aos bombeiros, que morrem
pelo processo de asfixia. Outros eventos relacionados a mortes em incêndios devemse
à instabilidade ou colapsos estruturais, que são eventos relativamente raros.

A quantidade de fumaça gerada pelo incêndio está diretamente relacionada com a


dimensão do fogo e o material que está em chamas. Quanto ao comportamento da
fumaça e a sua circulação no ambiente sabe-se que depende da temperatura gerada
pelo processo: o fogo consumirá o ar e a fumaça em redor e sabendo que o ar quente
é menos denso que o ar fresco, fumaça tenderá a se elevar rapidamente e cada vez
com maior velocidade.

Por outro lado, quando a fumaça e o ar se resfriarem, o efeito de subida cessará e a


fumaça tenderá a formar camadas ao nível do ambiente e será mais afetado pela
turbulência do ar causado pelas aberturas feitas no compartimento e pelo deslocamento
de pessoas ou uso de esguichos do que pela temperatura.

Os gases encontrados na fumaça representam uma grave ameaça para a integridade


física, tanto das possíveis vítimas, como do profissional que as socorrerá, sendo que os
seus efeitos podem variar dependendo do produto que estiver sendo oxidado. Dentre
as lesões advindas da exposição à fumaça, a principal está relacionada com a falta de
ar (hipóxia); há também, irritação do estômago pela ingestão de partículas sólidas dando
causa a náuseas e vômitos, irritação pulmonar produzida pela inalação de gases
irritantes, intoxicação, hiperventilação e exaustão pelo calor e ataques cardíacos, além
do comprometimento da visão, por partículas irritantes.

Tal fato reforça os procedimentos operacionais adotados pelo Corpo de Bombeiros no


uso de proteção respiratória por ocasião de atendimento em ocorrências de incêndio,
por mais inofensivos que pareçam ser. Mesmo executando uma ventilação satisfatória,
em hipótese alguma deve ser descartado o uso de proteção respiratória·.

Em uma ocorrência de incêndio é praticamente impossível efetuar uma análise efetiva


sobre o produto da combustão e identificar quais são os contaminantes que se
encontram naquela atmosfera sinistrada. Mesmo não podendo qualificar os gases que
há em um local de sinistro, alguns se destacam quer pelas características gerais do
mobiliário, quer pelos equipamentos e tipos de revestimentos existentes no local. Em se
tratando de submoradias, são comuns a quase todas as edificações e apresentam
muitas semelhanças nos locais atingidos pelo fogo, podendo apresentar variações de
acordo com os seguintes fatores:

• Natureza do combustível;
• Concentração de oxigênio;
• Temperatura de evolução dos gases; e

• Taxa de aquecimento.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

A fim de compreender os princípios que governam o uso dos equipamentos de proteção


respiratória, primeiramente é necessário conhecer a composição da atmosfera e o processo da
respiração.
O corpo humano requer um suprimento de oxigênio para sobreviver. Ele é um constituinte do ar
e, normalmente, é obtido da atmosfera. Quando em repouso a demanda de oxigênio é
relativamente baixa e o ar entra e sai dos pulmões, através dos movimentos respiratórios
naturalmente (15 a 18 inspirações por minuto). Quanto mais energia é empregada, seja pelo
trabalho ou pela excitação do sistema nervoso central, a taxa de respiração aumenta e pode
chegar a 30 inspirações/minuto.
Em repouso aproximadamente 0,5 litro de ar é normalmente inalado a cada respiração e quase
a mesma quantidade é expirada; este volume de ar que se movimenta no ciclo respiratório é
conhecido como volume corrente. Por meio de uma inspiração muito profunda, um pouco mais
de 2 litros podem ser inalados (capacidade total). Na seqüência, por meio de uma expiração
forçada, pode-se exalar aproximadamente 1,5 litro de ar (volume residual).
O volume de ar que normalmente é inspirado e expirado, ou seja, aquele que se movimenta no ciclo
respiratório, quase 4 litros em média, é conhecido como capacidade vital . Varia de acordo com o
indivíduo. A variação que ocorre na capacidade dos pulmões é a razão para que a demanda de ar dos
equipamentos de proteção respiratória autônomos seja variável para mais de um usuário, mesmo que
executando a mesma operação.

Composição do ar

O ar atmosférico é composto de três gases principais nas seguintes proporções de volume:

Porcentagem de gases inalados em condições normais

O oxigênio é um ingrediente vital. O nitrogênio é um gás inerte e não tem participação ativa na
respiração a pressões normais, o que significa que ele entra e sai dos pulmões praticamente
sem alterações.

O ciclo respiratório

O corpo humano necessita obter ar para os pulmões, segurá-lo por um tempo suficiente para
que o oxigênio necessário seja absorvido e, então, expelir o ar. Este processo é conhecido
como respiração e consiste de dois movimentos espontâneos: inspiração e
expiração .

A inspiração é conseqüência de um esforço muscular que “empurra” as costelas para cima e


faz descer um músculo chamado diafragma. Em conseqüência a cavidade do peito é ampliada,
com a criação de uma pressão negativa (vácuo), o que provoca a entrada do ar.
A expiração normalmente não requer esforço, pois quando a inspiração cessa, ocorre um
relaxamento muscular e as costelas rebaixam, assim como o diafragma sobe automaticamente.
Assim a cavidade torácica é contraída e força o ar para fora.
A transferência do oxigênio inalado pelos pulmões para o resto do corpo e influenciada pelo
sangue, o qual circula através dos pulmões, onde ocorre a absorção de certa quantidade de
oxigênio. Este “viaja” com o sangue por meio das artérias até os capilares. Ao mesmo tempo, o
dióxido de carbono, que é gerado pelo corpo humano como um material a ser descartado, é
transferido pelo sangue. Passando do vermelho claro (sangue arterial) para o vermelho escuro
(sangue venoso), o sangue é bombeado de volta ao coração e, deste para os pulmões, onde o
dióxido de carbono é transferido do sangue para os pulmões e, em seguida, exalado.

Na expiração as porcentagens dos gases é a seguinte:

Porcentagem de gases expirados em condições normais

Portanto, aproximadamente 5 % do oxigênio é absorvido e um percentual praticamente igual de


dióxido de carbono é eliminado.

Respirando sob vários níveis de esforço

A quantidade de oxigênio requerida pelo corpo humano varia de acordo com o trabalho
executado. Em trabalhos mais pesados, como subir uma escada ou correr, o oxigênio
consumido pode chegar a 3 l/min, enquanto que o volume de ar respirado pode ultrapassar 100
l/min. Pode ocorrer um aumento no volume de oxigênio consumido, devido a:
doenças, obstrução da passagem de ar, estado emocional alterado, etc. Este último, por
exemplo, pode levar algumas pessoas ao desmaio, pois um choque emocional causa um súbito
aumento na demanda de oxigênio normalmente consumido. Uma vez que a alteração nervosa
causa automaticamente aumento na taxa de respiração, é particularmente importante que os
bombeiros sejam pessoas emocionalmente estáveis, ou seja, mesmo sob condições anormais
às mudanças na demanda de ar sejam as mínimas possíveis. Atmosferas irrespiráveis

O fato de que uma atmosfera não pode ser respirável com segurança dependerá de duas
causas principais:
a. deficiência de oxigênio;

b. presença de substâncias venenosas ou irritantes.

Fig.atmosferas irrespiráveis devido ao calor, falta de oxigênio e substâncias tóxicas

Para um funcionamento satisfatório do organismo, o ar inalado deve conter pelo menos 20


% de oxigênio.
O ar com oxigênio apenas um pouco abaixo disso pode causar dor de cabeça e lassitude; e as
quantidades ainda menores de oxigênio podem levar à perda de consciência.
Caso a quantidade de oxigênio presente num ambiente seja inferior a 16% o risco de morte é

iminente.

A alta concentração de contaminantes pode provocar efeitos desde uma irritação respiratória
até um dano sistêmico ou morte.
É o que pode ocorrer em incêndios ou emergências químicas, onde há a presença de fumaça
de densidades variadas. Conforme as partículas sólidas em suspensão pode haver inflamação
nos pulmões, o que afeta consideravelmente a respiração. Muitos gases tóxicos são
encontrados em incêndios como: monóxido de carbono, amônia, sulfato de hidrogênio,
dióxido de enxofre, fumos oriundos de tintas e outros processos industriais, fumos de
petróleo, etc.
EFEITOS CAUSADOS A EXPOSIÇÃO DOS GASES

● Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)

O gás liquefeito de petróleo, também chamado de gás de petróleo liquefeito (GPL), é


uma mistura de gases de hidrocarbonetos utilizado como combustível em aplicações de
aquecimento e veículos. É um gás asfixiante em altas quantidades.

● Gás Metano (CH4)

O metano é um hidrocarboneto simples, altamente inflamável e que apresenta pouca


solubilidade na água, sendo um dos principais compostos que potencializa o efeito
estufa no mundo. Além de acelerar o processo do efeito estufa, se inalado ele pode
causar diversas alterações no ser humano, como desmaios, parada cardíaca, asfixia,
dentre outros.

● Dióxido de Carbono CO2

É um gás incolor e inodoro não inflamável, produzido pela combustão do carbono quando há
excesso de oxigênio, como ocorre nas “queimadas” e nos incêndios em submoradia, onde
ocorre facilmente a perda de cobertura das habitações. Há, também, excesso de oxigênio
quando da queima de lenha, de petróleo etc.

Se por um lado ele não é irritante, por outro, é asfixiante, pois exclui o oxigênio do espaço
confinado. À medida que aumenta a proporção do dióxido de carbono no ambiente, uma
pessoa que esteja exposta diretamente à ação deste gás terá o seu sistema respiratório
estimulado e sua freqüência respiratória aumentada até que, em determinada concentração,
a frequência respiratória diminuirá e os movimentos respiratórios cessarão, levando a vítima
à morte. Em ambientes de elevada concentração de gás carbônico, a vítima, exposta à sua
ação, terá um cansaço prematuro e poderá sofrer um dano maior provocado por outros
gases tóxicos existentes no local

● Gás cianídrico

Trata-se de um gás incolor com um odor característico de amêndoa. É vinte vezes mais
tóxico do que o monóxido de carbono. É um gás asfixiante e pode ser absorvido pela pele.
O gás cianídrico (HCN) é produzido pela combustão de produtos naturais, como a lã, a seda
e outros sintéticos, como o “nylon” e a espuma de poliuretano, que contenham nitrogênio em
sua constituição.

A vítima, ao inalar este gás, terá a respiração entrecortada, espasmos musculares e aumento
da freqüência cardíaca.

Se inspirado em concentração de 0,0135% em relação ao ar atmosférico, poderá causar a


morte da vítima em 30 minutos; se a concentração for de 0,027%, matará quase que
imediatamente.
● Amônia

À temperatura ambiente e pressão atmosférica, a amônia é um gás incolor, tóxico e corrosivo


na presença de umidade. O que o torna altamente perigoso em caso de inalação. É também
inflamável, de um odor muito irritante (em concentrações não muito elevadas, tem
semelhança ao odor de urina) e solúvel em água.

● Gás Clorídrico

É um gás irritante e incolor, proveniente da decomposição térmica de materiais que contenham


cloro em sua constituição, como é o caso do cloreto de polivinila (PVC).

Em baixas concentrações, como 0,0075%, produz irritação profunda nos olhos e nas vias
aéreas superiores. Na concentração de 1,7%, durante 5 minutos, pode provocar
incapacidade física.

● Gás Sulfídrico

O gás sulfídrico é tóxico, altamente denso e, em 8 ppm (parte por milhão), já chega a ser
prejudicial à saúde humana. Em 10.000 ppm, é letal, ou seja, os riscos químicos levam à
morte. Em solução aquosa, ele é conhecido como ácido sulfídrico, sendo um grande inimigo
dos trabalhadores que estão constantemente próximos a ele sem os devidos cuidados.

Glossário:

ASFIXIANTES

É o estado mórbido resultante da falta de oxigênio no ar respirado e que produz grave


ameaça à vida. A suspensão da respiração provoca a morte por sufocação. Este efeito é
provocado por gases, como, por exemplo, hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno,
dióxido de carbono, monóxido de carbono e outros que causam dor de cabeça, náuseas,
sonolência, convulsões, coma e até morte.

IRRITANTES

Provocam lesões de natureza inflamatória, localizada na pele ou na mucosa, através dos


gases exalados por substâncias que provocam irritação das vias aéreas superiores e
inferiores.

Efeitos fisiológicos causados pela redução de O2.


NR-33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS

Enriquecimento de Oxigênio: atmosfera contendo mais de 23% de oxigênio em volume.

Deficiência de Oxigênio: atmosfera contendo menos de 20,9 % de oxigênio em volume na


pressão atmosférica normal, a não ser que a redução do percentual seja devidamente
monitorada e controlada.

O risco de explosão ou combustão espontânea aumenta quando existe uma atmosfera


enriquecida em oxigénio.

O monóxido de carbono é, em particular, perigoso por afetar as hemácias, impedindo o


transporte de oxigênio entre os pulmões e o sangue. Num ambiente contendo apenas
aproximadamente 0 ,1% de monóxido de carbono, caso uma pessoa respire por 30
minutos suas hemácias em ação serão reduzidas a um quarto da capacidade total. A inalação
de monóxido de carbono puro leva à inconsciência quase instantaneamente.
Efeitos tóxicos do monóxido de carbono

Os parâmetros normalmente utilizados para decidir a necessidade de proteção respiratória são


os TLV.
Partículas (gases, pós ou neblinas) que causam moléstias possuem TLV igual ou menor que 10
mg/m3.
Partículas tóxicas podem ter um TLV igual ou inferior a 0,05 mg/m3.
Será visto, portanto, que pequenas alterações numa atmosfera normal podem afetar o
funcionamento do corpo humano.
A deficiência de oxigênio é mais difícil de ser detectada, enquanto que alguns gases como
amônia ou dióxido de enxofre são facilmente reconhecidos pelo seu odor pungente; o
monóxido de carbono não possui odor. Isto permite que um indivíduo trabalhe num ambiente
agressivo sem que perceba.

Os bombeiros geralmente trabalham em ambientes com deficiência de oxigênio ou presença de


substâncias tóxicas. Para sobreviver em tais condições é necessária a utilização de
equipamentos que forneçam a adequada proteção em termos de suprimento de ar ou oxigênio
suficientes para os prováveis trabalhos a serem realizados.

Atmosferas quentes e úmidas

Sabemos que um homem pode suportar a execução de tarefas em condições de calor por mais
tempo se o ambiente estiver seco.
A combinação de alta umidade com alta temperatura é resultante de um processo lento e só
ocorre num incêndio quando a ventilação recebe a devida atenção. Portanto, é importante que
os usuários de aparelhos autônomos de ar comprimido realizam um treinamento para
reconhecer os efeitos do calor e da umidade Conjunto autônomo de ar respirável

Os equipamentos de proteção respiratória mais utilizados por bombeiros são os aparelhos


autônomos de ar respirável, também conhecidos como “conjuntos autônomos”.
Existem outros equipamentos de proteção respiratória, mas não são tratados neste manual, por
não serem adequados para todas as condições de emergências. São mencionados apenas
para fins de conhecimento geral.

Classificação dos equipamentos de proteção respiratória

• Independentes: aqueles cuja utilização não depende das condições ambientais


Os equipamentos independentes podem ser subdivididos em: a. aparelho
autônomo de ar respirável
b. equipamento de respiração com mangueira com ar aspirado
c. equipamentos por adução de ar (“linha de ar mandado”)
• Dependentes: aqueles cuja utilização depende do ambiente onde o bombeiro irá
trabalhar. Podem ser subdivididos em; a. máscara facial com filtro b. máscara semifacial
com filtro

Aparelho autônomo de ar respirável Fig.:


aparelho autônomo de ar comprimido

O aparelho autônomo de ar comprimido consiste de um cilindro montado num suporte , fixado


por meio de duas cintas metálicas de rápida abertura. O suporte é transportado pelo bombeiro,
utilizando-se uma alça em cada ombro e um cinto ajustável na altura do abdómen.

É um equipamento que se caracteriza pela total mobilidade que fornece ao bombeiro,


combinada com uma razoável autonomia de tempo para a execução de atividades de combate
a incêndios, salvamento e atendimento de emergências químicas.
Ao abrir a válvula de alta pressão do cilindro, o ar que passa pela mangueira flexível até a
válvula de demanda, de onde é canalizado para um alarme de baixa pressão e, por outra
mangueira, até o manômetro. A vazão principal do ar passa pela válvula redutora de pressão
até a válvula de demanda, a qual automaticamente fornece a pressão positiva ao usuário, após
a primeira inalação.
A máscara facial, em que a válvula de demanda é conectada, abrange: máscara interna,
transmissor de voz e uma entrada de microfone.
Ao inalar, o ar é fornecido pela válvula de demanda e entra na máscara facial, invadindo a parte
interna do visor (isto previne que ela fique embaçada). Na exalação o ar passa para o exterior,
através de uma válvula de expurgo, com sentido único de saída do ar.

Cilindro de ar respirável

Os cilindros em uso na maior parte dos postos de bombeiros ainda são feitos de aço carbono
com volume interno de 7 litros, capacidade de 1400 litros de ar a uma pressão nominal de 200
bar e peso aproximado de 12,6 kg.
Os cilindros de “composite” também são encontrados em diversos aparelhos autônomos de ar
respirável, com a vantagem de ser bem mais leve (5,5 kg com carga). Constitui-se
internamente de um cilindro de alumínio sem solda recoberto com fibra de resina epóxi. Sua
capacidade de volume de ar comprimido é 1600 litros com uma pressão de carga de 300 bar
(4500 psi). Outro tipo de cilindro é o de fibra de carbono, que também se constitui num
cilindro de alumínio sem solda, recoberto com fibra de carbono. Seu peso nominal é 4,09 kg
com volume interno de 6,75. Carregado com pressão de 310 bar permite uma autonomia média
de 45 minutos.

O registro do cilindro é construído em latão niquelado. A rosca da conexão e a conexão em si


são projetados, de tal forma que não é possível acoplar um cilindro com pressão de trabalho de
300 bar num equipamento com pressão de trabalho de 200 bar. Quando isto ocorre uma
válvula de alívio de alta pressão é aberta. O anel de vedação (“o” ring) deve ser substituído
uma vez por ano.

Fig. cilindro de aço carbono


Suporte para o cilindro com o conjunto de cintos de fixação

O suporte do cilindro é construído em fibra de carbono, ergonomicamente desenhado e leve.


Os arreios são projetados para o conforto do usuário e feitos de poliéster de alta resistência. O
cinto de fixação na altura do abdômen possui duas fivelas em aço de engate rápido e fácil
ajuste. Alguns modelos de fivelas são plásticas. O cinto é particularmente importante para
evitar movimentos oscilatórios, quando o usuário se desloca correndo ou faz movimentos
bruscos.

Fig.: detalhe dos arreios e cinto ajustável

Regulador de pressão

O regulador de alta pressão é um conjunto de peças de latão niquelado, que pode ser descrito como um
“derivante” de ar. O ar que vem do cilindro passa por um filtro de bronze, que também requer
substituição anual. Uma mangueira flexível interliga o registro do cilindro e o regulador de alta pressão.
Uma conexão horizontal permite a passagem de ar do regulador para a válvula de demanda.
Outra conexão horizontal interliga a passagem de ar para o alarme (apito) e para a mangueira
do manômetro.
Nesta mesma conexão está rosqueado um limitador de vazão (400 litros/min).
Na saída para a mangueira do manômetro há uma obstrução que limita a vazão em 25 a 30
litros/ min. Isto contribui para a segurança, no caso de um vazamento de ar pela mangueira do
manômetro.

Mangueira de alta pressão

É fabricada com uma pressão de trabalho de 207 bar (3000 psi), testada a 414 bar (6000 psi) e
com pressão de ruptura de 960 bar (14000 psi).
Como não há prazo de vida útil para a mangueira, é importante verificá-la durante a conferência
diária de viaturas e equipamentos, com vistas a sinais de deterioração. Caso seja necessário,
deve ser substituída imediatamente.
As mangueiras são fixadas ao suporte do cilindro, por meio de presilhas de aço.

Manômetro

A escala do manômetro varia, conforme o fabricante com as unidades de medida de pressão


em (bar) ou (psi) e possui uma escala vermelha, que identifica o alarme (0-50 bar ou 0-735 psi).
Quando a pressão chega a 50 bar (735 psi) o alarme (apito) começa a soar e somente cessa
quando o ar do cilindro é totalmente esgotado.
A vazão para o interior do manômetro é limitada por um tipo de parafuso, entre 5 e 10
litros/min. O manômetro é construído em
metal cromado e sua borda é protegida com um revestimento de neoprene, a fim de atenuar
danos de ação mecânica. O indicador de pressão é
fotoluminescente, de sorte que possa ser visualizado em ambientes escuros.
O invólucro possui uma abertura que permite o alívio da pressão do cilindro, no caso de falha
do tubo “bourdon”.
O manômetro de 200 bar apresenta a escala de 0 a 220 bar e é regulado com um desvio
padrão de mais ou menos 2,5% (mais ou menos 5 bar).
O manômetro de 300 bar possui o mesmo desvio padrão de mais ou menos 2,5%, que neste
caso equivale a mais ou menos 9 bar.

Alarme de baixa pressão

Fabricada em metal niquelado, a unidade de alarme contém um tubo capilar, carregado com
uma mola. Assim que a válvula do cilindro é aberta, uma pequena quantidade de ar passa por
pequenos espaços internos desta peça, fazendo com que momentaneamente seja disparado o
apito. Assim que a pressão aumenta, o ar comprime a mola interna, que bloqueia a passagem
de ar e cessa o alarme.
À medida que a pressão diminui, o ar que passa pelos espaços internos do dispositivo não
possui pressão suficiente para manter mola tensionada. Daí ocorre o fluxo de ar que chega até
o apito. A vazão de ar nos espaços internos da unidade de alarme é, em média, 1,8 litro/min

Fig.: alarme do aparelho autônomo

Válvula de demanda (pressão positiva ou pressão de demanda)

O modelo de válvula de demanda recomendado para uso pelos integrantes do CBPMESP é do


tipo válvula inclinada – pressão positiva.
A base da válvula inclinada pára num assento chanfrado. O fluxo de ar a partir da mangueira da
válvula de demanda passa para o interior da válvula em si, agindo no sentido do fechamento da
válvula.
A haste da válvula inclinada é influenciada pelo movimento de um diafragma de neoprene,
sendo que um lado do diafragma fica voltado para a abertura da válvula de demanda (por onde
sai o ar para a máscara).
Quando a pressão na abertura para a máscara é igual à tensão da mola (18 a 58 mmca), o
diafragma se estabiliza e a válvula está a prestes a fechar.
Quando a pressão interna da máscara é reduzida pela inalação, a tensão da mola move o
diafragma contra a haste da válvula inclinada, fazendo com que a cabeça da haste da válvula
mova-se no sentido contrário ao assento e permita a passagem do ar da mangueira da válvula
redutora de pressão.
Quando a pressão interna da máscara facial novamente é equalizada, a mola tensiona a
válvula inclinada e a fecha.
Alguns modelos de válvula possuem um botão de “purga”, o qual pode acionado manualmente
para forçar a abertura da cabeça da haste da vávula, permitindo a passagem do ar sob alta
pressão. Isto permite uma vazão de 200 litros/min para a máscara facial, facilitando o
desembaçamento.
Fig.: aparelho com válvula de
demanda.

Obviamente isto reduz o suprimento de ar, quanto maior o tempo de acionamento do botão de
purga.A válvula de demanda é conectada à máscara facial, por meio de uma trava de engate
rápido. Para liberá-la basta apertar um botão localizado sobre o orifício de acoplamento da
válvula na máscara facial.
A válvula do tipo “pressão positiva” possui um volante de comutação sobre a tampa da válvula.

Máscara facial

A máscara facial tipo “panorama” é construída em neoprene (preto) ou silicone (azul marinho).
O visor é de policarbonato, mas pode ser adquirido também em acrílico ou vidro laminado. O
visor em policarbonato possui alta resistência a impacto, mas pode ser danificado se em
contato com solventes e, ao contrário do visor em acrílico, não pode ser polido para a remoção
de ranhuras.
O visor em acrílico possui uma alta resistência à solventes, mas a resistência a impactos é
menor. O visor em vidro laminado é disponível para a aplicação com trajes de proteção contra
produtos perigosos
A máscara é presa à cabeça do bombeiro, por meio de cinco tirantes ajustáveis. Cada tirante
passa por uma fivela metálica, ajustando a máscara contra o rosto do usuário para impedir a
entrada indesejável de águas de chuva, pós ou outras substâncias indesejáveis. A vedação
da máscara é obtida por meio de um “anel”, que se ajusta anatomicamente ao contorno de um
rosto.
No interior da máscara “panorama” existe uma mascarilha que direciona a passagem do ar
através de duas válvulas unidirecionais. Assim o ar que entra na máscara tem o fluxo na
direção do visor, evitando o acúmulo de vapor dágua e a existência de “espaços mortos” no
interior da máscara facial, o que provocaria verdadeiros “bolsões” de dióxido de carbono . O ar
expirado pelo bombeiro passa por uma válvula também do tipo direcional, a qual se abre com
uma pressão interna de 58 a 60 mca.
No resgate de vítimas em áreas sinistradas, utilizar a máscara dedicada a resgate de vítimas (
máscara carona).
Na parte frontal da máscara também se localiza o diafragma metálico em aço inoxidável, que
facilita a comunicação do usuário. Removendo um plugue existente no compartimento deste
diafragma, pode-se instalar um microfone facilmente.
O acondicionamento da máscara deve ser feito numa bolsa grande ou saco plástico, de modo
que o visor seja protegido.
A máscara facial possui um visor em policarbonato que permite um bom campo de visão, por
isso, também chamada de “panorama”.

Procedimentos operacionais

Utilização do conjunto autônomo de ar respirável

Convém salientar que todo bombeiro deve estar muito bem treinado com este equipamento,
sabendo utilizá-lo nas mais adversas condições e, portanto, as técnicas de colocação da
máscara panorâmica e do conjunto suporte do cilindro devem fazer parte da conferência diária
de materiais das viaturas. É inconcebível um bombeiro entrar num incêndio ou atuar num
resgate em espaço confinado, sem que saiba as condições de seu equipamento (ajuste de
tirantes, pressão do ar, etc).

Cálculo da autonomia do tempo de ar para os aparelhos autônomos de ar comprimido

A seguir há um cálculo prático para a estimativa do tempo de ar que o bombeiro dispõe com o
cilindro do conjunto autônomo em diferentes pressões. Para tanto utiliza-se a seguinte fórmula
empírica:

onde:
t: tempo de ar para consumo [min] p
:pressão indicada pelo manômetro [bar] C
: taxa de consumo de ar [litros/min]
V : volume de ar do cilindro [litros]

Exemplo: Supondo cilindro de 7 litros, considerando-se a taxa de consumo de ar de 50 l/min, e


que o manômetro indica 200 bar:
Atenção: a taxa de consumo acima exemplificada é um valor médio, sendo aconselhável que
cada bombeiro tenha o seu consumo de ar aferido antes de atuar numa emergência com o seu
conjunto autônomo de ar respirável.

Procedimento de controle dos bombeiros com EPR

No atendimento de emergências deve haver um controle do emprego de conjuntos autônomos


de ar respirável, de modo a garantir a segurança nos trabalhos de bombeiros.
Isto já ocorre em outros países há muito anos, sendo um exemplo da necessidade de controle
do pessoal que adentrar a um local imediatamente perigoso à vida ou à saúde (IPVS). Em
determinadas ocorrências, devido ao tipo de ocorrência e número de bombeiros empenhados,
obrigatoriamente deve ser designado um oficial ou praça encarregado da segurança, a fim de
controlar a autonomia de ar e a localização das guarnições.
É o chamado controlador de proteção respiratória, sendo preferencialmente um bombeiro com
larga experiência profissional.
O controle consiste no recolhimento de tarjetas plásticas (as quais ficam sempre enganchadas
no EPR através de um mosquetão pequeno) com os seguintes dados:

Fig.: modelo de tarjeta de identificação do conjunto autônomo.


Fig.: quadro de controle de proteção respiratória

É função do “controlador de proteção respiratória” coletar as tarjetas das equipes e encaixá-las


num quadro de controle, o qual permite visualizar os dados anotados e complementar as
informações do destino do bombeiro (Ex: 2º pavimento de uma indústria; garagem subterrânea
de um shopping center; galleria, etc).
O sistema inclui além da placa de identificação (tarjeta) os seguintes dispositivos de segurança:
a) alarme de advertência de baixa pressão no cilindro;
b) dispositivo pessoal de alerta;
c) corda da vida;
d) corda guia.
O alarme dos reguladores de baixa pressão já são bastante conhecidos entre os componentes
da corporação.
O dispositivo pessoal de alarme funciona de forma normal e emite um som característico em
qualquer situação de risco para o bombeiro. Por meio dele é possível que o comandante
detecte que existe um bombeiro necessitando de apoio de equipes de resgate.
Cada conjunto autônomo deve possuir um cabo da vida com diâmetro de aproximadamente ½
polegada e com seis metros de comprimento. Um extremo possui um gancho de sustentação
do tipo giratório (mosquetão) e outro extremo possui um gancho, que se conecta ao cabo guia.
Este cabo da vida é acondicionado numa pequena bolsa de lona integrante do conjunto
respiratório. O cabo guia possui diâmetro entre ¾ e 1” (uma) polegada, com comprimento de
até sessenta metros. Nele é possível passar o mosquetão do cabo da vida.
Mesmo com tal segurança é procedimento que não se adentre a local escuro, repleto de
fumaça, desconhecido sozinho. Tal como para mergulho, o Bombeiro deve estar em dupla
numa situação desta.
Se há a necessidade de pesquisa de vítima inconsciente o trabalho pode ser desenvolvido num
time de até quatro Bombeiros.
Se alguma equipe tiver um problema grave (Ex. perdeu o cabo guia ou então está em meio às
chamas) poderá acionar o alarme pessoal. O controlador sabe quem está no interior da
edificação, o local onde cada um está e o tempo de ar.
Tornando-se mais fácil o trabalho para a equipe que irá resgatar o bombeiro. Quem aciona o
alarme pessoal é ouvido em qualquer proximidade e, portanto, ao acioná-lo, fica onde está até
a chegada do resgate.
Se as equipes deixarem a edificação, logo que saem ao ar livre cada bombeiro recolhe sua
plaqueta com o controlador. Caso alguma equipe fique no interior após o sinal de evacuar a
área, o controlador estará com a plaqueta dos bombeiros, sendo possível resgatá-los. Se a
equipe não retornar até o momento em que o alarme do conjunto autônomo de ar soar, um time
de resgate vai até aquela equipe.

Estabelecimento do controle.

O controle operacional de EPR deve ser estabelecido nas ocorrências de longa duração, em
que é necessário o emprego do SICOE ( SISTEMA DE COMANDO DE OPERAÇÕES E
EMERGÊNCIAS). Preferencialmente devem haver, no máximo, dois pontos de controle na
área de emergência.

Equipe de emergência ou resgate

Deve-se manter sempre uma equipe de dois bombeiros para o resgate de outros profissionais
que estejam atuando na área de emergência.
A equipe fica na reserva, equipada somente com o objetivo de atender situações inesperadas,
possuindo um EPR reserva . Exemplos:
a) quando uma equipe não retorna ao tempo do alarme do aparelho;
b) quando, após um desabamento ou situação similar, uma equipe não retorna ao ponto de
controle.
Seguem abaixo algumas recomendações gerais:
1) Pressão dos cilindros:

200 bar: muito boa


180 bar: boa
inferior a 160 bar: não utilize
2) Se o manômetro indica 161 bar arredonde para 160 bar. É medida de segurança.
3) Verifique o manômetro quando:

for entrar na área de risco;


mudar de direção;
usar escadas;
antes de abrir portas.
4) Em caso de explosão, os cantos são os lugares mais seguros.
5) Se o local é escuro demais o número um deve freqüentemente iniciar uma enumeração –
assim todos “contam” seu número e, portanto, é possível saber se estão juntos.
6) Ao adentrar num ambiente escolha uma mão de direção e não deixe de tocar nas paredes
com as costas das mãos. Os demais podem fazer uma pesquisa do local sob ordem do
número um.
7) Ao encontrar uma vítima avise o comandante do setor.
8) Ao encontrar algo diferente procure identificar com o tato.
9) Se uma das mão está tocando a parede, a outra deve estar a frente do corpo.
10) Não ande normalmente deslize os pés sobre o piso para não cair em buracos, escadas,
etc..
11) Não toque a parede com a palma na mão devido aos riscos com:

Eletricidade;

Vidros quebrados
Altas temperaturas
12) Cuidado ao penetrar em rampas ou esteiras rolantes (áreas de processo industrial). 13) Se
tiver que descer uma escada rasteje com a cabeça na parte mais alta, sem perder o contato
com a parede e de frente para a escada.

Manutenção, inspeção e guarda:

Todos os postos de bombeiros devem manter um programa de manutenção dos “conjuntos


autônomos”, o qual abrange: limpeza e higienização, inspeção de defeitos, manutenção e
reparos e acondicionamento.

Limpeza e higienização

Após cada utilização, os aparelhos autônomos de ar respirável devem ser limpos e


higienizados. Para a limpeza da máscaras facial o procedimento é o seguinte:
a) desmontar a peça facial, removendo o diafragma de voz, membrana das válvulas, válvula de
demanda e qualquer outro componente recomendado pelo fabricante;
b) lavar a cobertura das vias respiratórias com solução aquosa de detergente para limpeza
normal a 43°C, ou com solução recomendada pelo fabricante. Usar somente escova macia
para remover sujeira;
c) enxaguar com água morna limpa (no máximo 43°C) e preferencialmente água corrente;
d) quando o detergente não contém agente desinfetante, os componentes da máscara devem
ficar por 2 minutos numa solução de 50 ppm de cloro. Ela é obtida pela mistura de 1 ml de
água sanitária em 1 litro de água a 43°C;
e) enxaguar bem os componentes em água morna (43°C), preferencialmente água corrente, e
deixar a água escorrer. O enxágue evita dermatite pela ação do desinfetante e evita a
deterioração da borracha;
f) os componentes devem ser secos manualmente com o auxílio de um pano de algodão seco,
que não solte fios;
g) montar novamente a peça facial e recolocar os componentes desmontados e
h) verificar se todos os componentes estão funcionando perfeitamente. Substituí-los, se
necessário.

Inspeção

Rotineiramente os conjuntos autônomos devem ser inspecionados durante a conferência de


materiais operacionais, após as revistas matinais.
Também necessita ser inspecionado após a limpeza, a fim de verificar se está em condições
apropriadas de uso.
Mesmo os aparelhos autônomos de ar respirável, que se encontram em reservas operacionais,
precisam ser inspecionados, no mínimo, uma vez por mês.

A inspeção deve incluir:

Vazamento nas conexões;

Condições de funcionamento da válvula;

Condições dos tirantes e correias;

Condições das mangueiras (vazamentos, deformações, avarias, etc.);

Funcionamento do alarme;

Funcionamento do manômetro e

Funcionamento do registro do cilindro.


O cilindros devem ser mantidos cheios, garantindo-se a maior autonomia possível.
Substituição de partes e reparos

Todos os Postos de Bombeiros devem contar com pessoal treinado na manutenção de


conjuntos autônomos, pois somente estas pessoas devem fazer a troca de peças ou realizar
reparos. O ajuste ou reparo de válvula somente deve ser efetuado pelo fabricante ou
técnico especializado.

Acondicionamento

Os aparelhos autônomos de ar respirável devem ser acondicionados em local protegido da


ação de agentes físicos e químicos, por exemplo, vibração, choque, luz solar, calor, frio
excessivo, umidade elevada ou agentes químicos agressivos.
Devem ser guardados de forma que as partes de borracha ou elastômeros não se deformam.
Não se deve acondicioná-los em gavetas ou caixas de ferramentas, a menos que protegidos
contra contaminação, distorção ou outros danos mecânicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

MANUAIS TÉCNICOS DO CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE


SÃO PAULO.

Norma Regulamentadora número 33 - Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços


Confinados.

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