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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

FÁBIO HENRIQUE DE SOUZA BARBOSA

ANÁLISE GRÁFICA DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA DE GERADORES


SÍNCRONOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

CORNÉLIO PROCÓPIO

2023
FÁBIO HENRIQUE DE SOUZA BARBOSA

ANÁLISE GRÁFICA DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA DE GERADORES

SÍNCRONOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

Graphic analysis of transient stability of synchronous generators in

industrial electrical systems

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação


apresentado como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Controle e Automação do
Curso de Engenharia de Controle e Automação
da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.
Orientador: Prof. Dr. Emerson Ravazzi Pires da
Silva

CORNÉLIO PROCÓPIO
2023

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FÁBIO HENRIQUE DE SOUZA BARBOSA

ANÁLISE GRÁFICA DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA DE GERADORES

SÍNCRONOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação


apresentado como requisito para obtenção do
título de Bacharel em Controle e Automação do
Curso de Engenharia de Controle e Automação
da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.

Data de aprovação: 23/06/2023

Emerson Ravazzi Pires da Silva


Doutor
Universidade Técnológica Federal do Paraná

Luiz Francisco Sanches Buzachero


Doutor
Universidade Técnológica Federal do Paraná

Vander Teixeira Prado


Doutor
Universidade Técnológica Federal do Paraná

CORNÉLIO PROCÓPIO
2023
Dedico este trabalho a minha fámilia que
sempre me apoiou e nunca deixou faltar nada
nesses anos de graduação. Dedico também
aos professores que sempre me auxiliaram e
apoiaram, mesmo em momentos de
dificuldades
AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos às pessoas e instituições que fo-


ram fundamentais para a conclusão deste trabalho de conclusão de curso. Em primeiro lugar,
sou imensamente grato à minha família, que mesmo estando distante, sempre me apoiou in-
condicionalmente. Em especial, gostaria de agradecer minha mãe, que, apesar de todas as
dificuldades, sempre me fortaleceu ao longo desses anos de graduação. Não posso deixar de
expressar minha gratidão ao professor Dr. Emerson Ravazzi Pires da Silva, por aceitar me ori-
entar e me auxiliar em todo o trabalho, sua orientação e conhecimento foram inestimáveis para
o desenvolvimento desta pesquisa. Agradeço à professora Dra. Maria Eugênia Dajer por todo o
apoio que me ofereceu durante a graduação, sua dedicação e incentivo foram essenciais para
que eu não desistisse e para os valiosos ensinamentos que levarei para toda a vida. Gostaria
de expressar minha gratidão ao meu gestor, Luciano Lima, e ao Raphael Maccari, por todo o
conhecimento compartilhado na área de sistemas elétricos de potência. A paciência de vocês
em explicar diversos assuntos foi fundamental para o meu crescimento profissional. Agradeço
à Universidade Tecnológica Federal do Paraná por me acolher e me proporcionar oportunida-
des de aprendizado contínuo. Por fim, gostaria de agradecer aos colegas e amigos que fiz ao
longo desses anos de estudo e desenvolvimento deste trabalho. Suas contribuições, ajuda mú-
tua e companheirismo serão lembrados e valorizados por toda a vida. A todos vocês, meu mais
profundo agradecimento por fazerem parte desta jornada e por tornarem possível a conclusão
deste trabalho de conclusão de curso.
RESUMO

Com o crescimento e desenvolvimento das plantas elétricas industriais, aumenta a necessidade

de garantir a segurança e a continuidade do fornecimento de energia, mesmo durante períodos

de falhas energéticas. Para isso, é crucial realizar uma análise adequada de elementos

essenciais, como curto-circuito, fluxo de carga e estabilidade transitória e dinâmica. Essas con-

siderações devem ser discutidas durante a fase de projeto, a fim de assegurar o funcionamento

satisfatório do sistema elétrico. Neste trabalho, é apresentado um conjunto de estudos elétricos

utilizando dados fornecidos de uma planta industrial do setor de grãos. Esse estudo envolve a

avaliação da capacidade dos dispositivos de proteção por meio do cálculo de curto-circuito, a

análise do fluxo de carga e, por fim, a avaliação gráfica da estabilidade transitória de geradores

síncronos conectados a um sistema elétrico industrial, utilizando o software SKM PTW. Tendo

como principal objetivo analisar a confiabilidade e comportamento do sistema e dos geradores

diante de diferentes condições impostas pelo sistema elétrico, a fim de evitar a instabilidade do

gerador e, consequentemente, proteger a segurança das pessoas na planta e evitar prejuízos

ao sistema de geração de energia.

Palavras-chave: estabilidade transitória; sistemas elétricos; geradores; curto-circuito; fluxo de

carga.
ABSTRACT

With the growth and development of industrial power plants, there is an increasing need to en-

sure the safety and continuity of power supply, even during periods of power failures. To achieve

this, it is crucial to conduct a thorough analysis of essential elements such as short-circuit, load

flow, and transient and dynamic stability. These considerations should be discussed during the

design phase to ensure the satisfactory operation of the electrical system. This paper presents

a set of electrical studies using provided data from a grain industry plant. The study involves

evaluating the capacity of protective devices through short-circuit calculations, analyzing the

load flow, and, finally, graphically assessing the transient stability of synchronous generators

connected to an industrial electrical system using the SKM PTW software. The main objective

is to analyze the reliability and behavior of the system and generators under different conditions

imposed by the electrical system, in order to prevent generator instability and, consequently,

protect the safety of individuals at the plant and avoid losses in the power generation system.

Keywords: transient stability; electrical systems; generator; short-circuit; load flow.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista de cabos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Tabela 2 – Lista de transformadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Tabela 3 – Lista de relés. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Tabela 4 – Lista de disjuntores de média tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Tabela 5 – Lista de disjuntores de baixa tensão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Tabela 6 – Lista de geradores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Tabela 7 – Lista de motor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Tabela 8 – Curto-circuito calculado nas barras do sistema. . . . . . . . . . . . . . 27

Tabela 9 – Resultado da suportabilidade de disjuntores de Média Tensão. . . . . . 29

Tabela 10 – Resultado da suportabilidade de disjuntores de Baixa Tensão. . . . . . 30

Tabela 11 – Cargas demandadas fornecidas pela empresa. . . . . . . . . . . . . . . 31

Tabela 12 – Resultados de fluxo de carga nas Barras. . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Tabela 13 – Resultados de fluxo de carga nos cabos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Tabela 14 – Resultados de fluxo de carga nos transformadores. . . . . . . . . . . . 32

Tabela 15 – Dados dos geradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.1 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.3 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.3.1 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.4 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.1 Análise de curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Análise de fluxo de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.3 Análise da estabilidade transitória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.1 O software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.1.1 Módulo dapper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.1.2 Módulo I*SIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.2 Estudo de curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.2.1 Modelagem do sistema elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.3 Estudo de fluxo de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.3.1 Simulação de fluxo de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.4 Estudo de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.1 Lista de equipamentos modelados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.2 Curto-circuito subtransitório trifásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4.3 Fluxo de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

4.4 Estabilidade transitória de geradores síncronos . . . . . . . . . . . . . . 33

5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
8

1 INTRODUÇÃO

Com intuito de manter as plantas elétricas com energia mesmo com a ocorrência de
falhas elétricas, a importância da utilização de geradores em sistemas elétricos industriais tem
crescido cada vez mais, resultando na diminuição de perdas e paradas em operações. Esses
sistemas de geração podem atuar paralelamente ou de forma individual às redes de distribuição
e são pontos cruciais em seus projetos elétricos.
Ao analisarmos os projetos elétricos, devemos considerar se os geradores estão atu-
ando de forma satisfatória, verificando as variações de tensões e frequências dos mesmos,
a fim de não ocasionar sérios problemas ao demais equipamentos do sistema. Para isso, há
estudos a serem realizados previamente durante a fase de projeto, sendo eles, o estudo de
curto-circuito, estudo de fluxo de carga e o estudo de estabilidade transitória.
Para Shokooh (2018b) realizar estudos minuciosos e detalhados de curto-circuito e aná-
lise de sistemas de energia industrial e comercial é de suma importância. Os sistemas de
energia elétrica em plantas industriais, edifícios comerciais e institucionais são projetados com
o objetivo de fornecer carga de maneira segura e confiável. O controle adequado de curto-
circuitos, também conhecidos como falhas, é uma consideração fundamental durante o projeto.
Curto-circuitos descontrolados podem acarretar interrupções no serviço, resultando em perda
de tempo de produção, inconveniências associadas, interrupção de instalações essenciais ou
serviços vitais, danos extensos aos equipamentos, lesões ou até mesmo fatalidades de pessoal,
além do risco potencial de incêndios.
Para Rodolakis (1998) o estudo de curto-circuito é tão importante para os sistemas elé-
tricos quanto outros estudos fundamentais, sejam estes o estudo de estabilidade, estudo de
análise harmônica, partida de motores, etc. Este deve ser realizado na fase de planejamento do
sistema, afim de determinar níveis de tensão, dimensionar cabos, determinar transformadores
e condutores e dispositivos de proteção como fusíveis, disjuntores, relés e etc. Para um sis-
tema já existente, o estudo de curto-circuito é importante em caso de instalação de uma nova
geração de energia, instalação de novos motores, mudanças no layout do sistema, troca de
equipamentos e etc.
O estudo de fluxo de carga de acordo com Davis (1998) é uma análise da capacidade
dos sistemas de alimentar a carga conectada sob condições de regime permanente. Um melhor
gerenciamento do sistema de potência pode ser atingido através do uso desta ferramenta ana-
lítica. Necessário no planejamento ou expansão de sistemas elétricos de potência, um estudo
de fluxo de potência demonstra a distribuição de potência e níveis de tensão através do sis-
tema para os diversos cenários de operação. Estes cenários podem incluir modos de operação
normal e de emergência, configurações de circuitos atuais e futuras, e designs alternativos.
Para Lee (1998) a estabilidade transitória significa a capacidade de um sistema elétrico
de realizar uma mudança repentina na geração ou de características de um sistema sem que
haja uma perda prolongada de sincronismo.
9

A partir dessas informações, realizarou-se por meio deste trabalho os estudos de su-
portabilidade de equipamentos utilizando o calculo de curto-circuito, fluxo de carga e por fim a
estabilidade transitória em dois geradores que estarão atuando em uma planta elétrica industrial
de uma empresa do ramo de grãos, com intuito de analisar gráficamente através da utilização do
software SKM PTW se o sistema permanece estável mesmo com diversos distúrbios aplicados.

1.1 Problema

Os sistemas elétricos podem ter as mais diversas configurações e condições operacio-


nais e, a depender destas, ocorrerem pequenas instabilidades. De acordo com Kundur (1994),
é possível definir que um sistema elétrico pode ser chamado de estável se o mesmo for capaz
de suportar perturbações sem interrupção no fornecimento de energia.
De acordo com Lee (1998) os maiores problemas causados pela perda de sincronismo
de um sistema elétrico são os altos valores de transitórios de corrente e torque mecânico. Uma
operação que esteja com perda de sincronismo também causará grandes fluxos oscilatórios
de potência real e reativa sobre os circuitos que estão conectados. Embora este seja princi-
palmente um problema de concessionárias, esta situação também pode ocorrer em grandes
sistemas elétricos industriais ou onde há atuação do gerador operando em paralelo com a con-
cessionária.

1.2 Justificativa

Considerando as possíveis consequências decorrentes da instabilidade do sistema,


torna-se indispensável a realização de estudos elétricos nas indústrias. Estes tem o intuito de
prevenir problemas relacionados à segurança dos funcionários e evitar prejuízos financeiros
para as empresas devido a atuação indesejada do sistema de proteção, ação essa que resul-
taria na parada do sistema elétrico. Dessa forma, realizou-se os estudos utilizando o software
SKM PTW, o qual nos permitirá modelar toda a infraestrutura elétrica da planta, simular diversas
condições e análisar seus resultados.

1.3 Objetivo geral

Na presente planta elétrica, foi conduzido um estudo de curto-circuito para a análise da


suportabilidade de equipamentos de proteção, estudo de fluxo de carga e estudo de estabilidade
transitória para os dois geradores síncronos em uso, visando a aplicação de múltiplas condições
com o propósito de induzir distúrbios no sistema elétrico, permitindo, assim, a realização de
análise gráficas através do software SKM PTW.
10

1.3.1 Objetivos específicos

• Projetar todo sistema elétrico de uma empresa do ramo de grãos dentro do software
SKM PTW

• Realizar estudos prévios como estudo de curto-circuito e fluxo de carga

• Criar possíveis cenários de distúrbios que possam vir a causar instabilidades

• Comparar e analisar os resultados gráficos gerados através do software SKM e em


caso de instabilidade apresentar uma solução para o problema

1.4 Organização do trabalho

O trabalho foi dividido em 6 capítulos. O primeiro capítulo é uma apresentação geral


sobre o tema abordado e são definidos os tópicos trabalhados. No capítulo seguinte é uma
revisão literária, conceituando a teoria dos estudos abordados. O terceiro capítulo é composto
pela metodologia aplicada e materiais utilizados. Em seguida, o quarto capítulo expõem as
análises e discussões dos resultados. No quinto capítulo é exposta a conclusão e o sexto, e
último capítulo, é composto pelas referências.
11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os estudos elétricos de acordo com Hoerauf (2001) tem como um dos seus principais
objetivos as prevenções de acidentes. A segurança dos sistemas elétricos deve sempre ser
prioridade sobre os demais objetivos, sendo eles, limitar o tamanho e a duração da interrupção
do sistema sempre quando houver falhas nos equipamentos, consequentemente diminuindo
prejuízos financeiros.

2.1 Análise de curto-circuito

A análise de curto-circuito determina as correntes de falta que podem fluir no sistema


durante diversas condições de falta. Quando calculadas, essas servem de base para a determi-
nação dos ajustes e análise da suportabilidade dos dispositivos de proteção.
Em um sistema trifásico, as correntes de falta podem ser equilibradas nas três fases ou
desequilibradas. No primeiro caso, são normalmente consideradas como as correntes máximas
de curto-circuito para uma determinada barra, enquanto no segundo caso, envolve-se apenas
uma ou duas fases sendo, muitas vezes, considerada uma falta maior.
Considerando uma falta equilibrada, o primeiro passo de acordo com Anderson (1995)
é a definição da Lei de Ohm:

[𝐸] = [𝑍][𝐼] (1)

Sendo que:
𝐸 : Matriz tensão das barras
𝑍 : Matriz impedância das barras – Matriz Z das barras
𝐼 : Matriz das correntes nodais das barras
A impedância Z em notação complexa é:

𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 (2)

Sendo que:
𝑅: Resistência
𝑋 : Reatância
Em seguida, procede-se à elaboração do circuito equivalente de Thevenin (𝐼𝑓 ). São
derivadas equações nodais por meio da aplicação da lei de Kirchhoff das correntes. Determina-
se uma impedância equivalente de Thevenin para cada ponto de interesse. A obtenção desses
circuitos equivalentes é realizada mediante a utilização de combinações de impedâncias em
série ou paralelo. A corrente de falta será, portanto, igual a:
12

𝑉
𝐼𝑓 = (3)
𝑍𝑡ℎ𝑒𝑣𝑒𝑛𝑖𝑛
Para calcular uma falta desequilibrada é necessário a utilização das componentes si-
métricas. Este método transforma um sistema de três fases desequilibradas em três sistemas
de três fases equilibradas, conhecidos como sequência positiva, negativa e zero. Para cada
condição de desequilíbrio é necessário uma formulação das três redes de sequência em dife-
rentes configurações, baseando-se em um conjunto de condições de contorno associado com
o sistema em falta.
Utilizando como exemplo uma condição de curto-circuito fase-terra, onde aplica-se um
curto na fase a, as condições de contorno serão:

𝑉𝑎 = 0, 𝐼𝑏 = 0, 𝐼𝑐 = 0 (4)

A partir das componentes simétricas a seguinte matriz é obtida.


⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
𝐼 1 1 1 𝐼
⎢ 𝑎0 ⎥ 1⎢ ⎥⎢ 𝑎 ⎥
⎥ = ⎢ 1 𝑎 𝑎2 ⎥ ⎢ 𝐼𝑏 ⎥ (5)
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢ 𝐼𝑎1
⎣ ⎦ 3⎣ ⎦⎣ ⎦
2
𝐼𝑎2 1 𝑎 𝑎 𝐼𝑐

Sendo que o operador “a” é igual a 1∠120°


Realizando a substituição das condições de contorno e do operador, temos que:

1 1 1
𝐼𝑎0 = (𝐼𝑎 ), 𝐼𝑎1 = (𝐼𝑎 ), 𝐼𝑎2 = (𝐼𝑎 ) (6)
3 3 3
Portanto, 𝐼𝑎1 = 𝐼𝑎2 = 𝐼𝑎0 , e com isso conclui-se que os circuitos de sequência estão em
série. Dessa forma, a corrente de sequência positiva é igual a:

𝐸𝑎
𝐼𝑎1 = (7)
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0
Das equações anteriores, sabe-se que as correntes de sequência são equivalentes a
um terço das correntes de fase. Assim:

𝐼𝑎 = 3𝐼𝑎1 (8)

3𝐸𝑎
𝐼𝑎 = (9)
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍0
Além das considerações feitas anteriormente, sabe-se que nos primeiros ciclos das cor-
rentes de curto-circuito, além da componente CA, há também uma componente CC, que pro-
move uma assimetria da corrente de curto-circuito durante este tempo. Dessa forma, o valor
13

eficaz durante este tempo também será influenciado por esta assimetria. Por fim, temos que o
fator de assimetria para o primeiro meio-ciclo de acordo com Anderson (1995) é dado por:
√︁
2𝜋
𝐹 𝐴 = 1 + 2𝑒− 𝑋/𝑅 (10)

2.2 Análise de fluxo de carga

O estudo de fluxo de carga é uma análise da capacidade do sistema de alimentar a


carga conectada sob condições de regime permanente. Um melhor gerenciamento do sistema
de carga pode ser atingido através do uso desta ferramenta analítica. Necessário no planeja-
mento ou expansão de sistemas elétricos de carga, um estudo de fluxo de carga demonstra a
distribuição de carga e níveis de tensão através do sistema para os diversos cenários de opera-
ção. Estes cenários podem incluir modos de operação normal e de emergência, configurações
de circuitos atuais e futuras, e designs alternativos.
A metodologia do software SKM PTW consiste na solução do fluxo de carga constante
para um sistema elétrico que envolve a Lei de Ohm:

[𝐼] = [𝑌 ][𝑉 ] (11)

Sendo que:
𝐼 : Vetor coluna total de correntes de sequência positiva, fluindo para cada nó (barra) no sistema
𝑌 : Inverso da matriz impedância da rede
𝑉 : Vetor coluna de tensão de sequência positiva em cada barra

Esta é uma equação algébrica linear complexa. A matriz deve ser reduzida e a solução
para ambos, tensão e corrente, alcançada utilizando álgebra de matriz. A corrente fluindo para
cada nó pode ser definida por:

(𝑃 𝑖 + 𝑗𝑄𝑖)*
𝐼𝑖 = (12)
𝑉 𝑖*
Sendo que:
(𝑃 𝑖 + 𝑗𝑄𝑖)* : Conjugado complexo da potência aparente fluindo para o i-ésimo nó
𝑉 𝑖: Conjugado complexo da tensão do i-ésimo nó

Combinando a equação (11) com a equação (12) temos que:

𝑃 − 𝑗𝑄
= [𝑌 ][𝑉 ] (13)
𝑉*
A solução da equação (12) pela técnica de análise numérica, deve estimar o fluxo de
carga em cada ramo, resolvendo as equações algébricas, e então determinando se a potência
14

para cada barra é a mesma que irá deixá-las, incluindo as perdas, isto é, determina se a corrente
da Lei de Kirchoff foi encontrada.
Os cálculos continuam até que seja encontrada a convergência, ou seja, a potência que
chega aos nós é a mesma que irá sair. Isto depende da topologia do sistema, combinado com
o conhecimento de impedâncias de ramos associados e os dados de carga.
O software modela matrizes apropriadas e através da otimização do arranjo e do padrão
da técnica da matriz algébrica, resolve pelas variáveis dependentes. O programa assume que
não há perdas e calcula a corrente que flui em cada ramo dando valores de cargas e tensão
nominal do sistema. Então as perdas através do sistema são calculadas e a queda de tensão
para cada ramo e cada barra é determinada. Atribuindo esta nova tensão para cada barra, as
correntes de carga são recalculadas e o processo iterativo inicia. O processo iterativo continua
até existir uma pequena diferença entre a tensão estimada e a tensão em cada barra que é
definida através do software.

2.3 Análise da estabilidade transitória

O estudo de estabilidade transitória é utilizado para definir a capacidade de um sistema


elétrico de realizar uma mudança repentina sem que haja uma perda prolongada de sincro-
nismo. A instabilidade gerada por um sistema mal dimensionado pode acarretar em prejuízos
enormes, sejam eles financeiros devido ao sistema parar pela falta de energia ou com a des-
truição dos equipamentos de proteção.
De acordo com Lee (1998) os distúrbios mais comuns que produzem instabilidade em
sistemas elétricos industriais são:

• Curto-circuito em parte do sistema;

• Abertura de disjuntores de interligação;

• Perda de geração no sistema;

• Partida de um motor que tenha um tamanho considerável comparado a capacidade de


geração do sistema;

• Operações de manobra;

• Aumento de cargas nos motores;

• Redução abrupta de carga.

De acordo com Valle (2018) a estabilidade pode ser classificada em três diferentes tipos,
sendo elas: estabilidade angular, estabilidade da frequência e estabilidade da tensão, como
podemos ver na figura 1.
15

Figura 1 – Classificações de estabilidades

Fonte: Adaptado de (KUNDUR et al., 2004).

Sendo assim, estabilidade angular é a capacidade de uma máquina síncrona manter


o sincronismo com o sistema elétrico, após ocorrer um distúrbio. Seus maiores causadores
de distúrbios são os curto-circuitos (LEE, 1998). Com relação a estabilidade da tensão, esta
é a habilidade de um sistema manter as tensões estáveis nas suas barras, após ocorrer um
distúrbio. Os problemas com estabilidades de tensão ocorrem geralmente em sistemas maiores
e tem como seus principais causadores os limites de potência dos geradores, características dos
banco de capacitores e a atuação de transformadores. E por fim a estabilidade da frequência
é a capacidade do sistema manter a frequência estável dentro de um nível aceitável, após
ocorrência de um distúrbio. Os problemas de estabilidade da frequência, estão associados a
equipamentos com uma resposta inadequada, ou uma falha nos ajustes de coordenação dos
relés de proteção.
Para Lee (1998) é importante salientar que para o estudo de estabilidade transitória as
oscilações dos rotores das máquinas síncronas devem ser amortecidas em até 6 segundos, isso
se deve ao fato de uma possível destruição dos equipamentos após este tempo. Sendo assim,
um sistema que é estável por definição pode vir a ser instável do ponto de vista operacional.
Portanto, para a realização dos cálculos o software se baseia em análises de autovalores
no domínio do tempo e da frequência. A análise no domínio do tempo irá utilizar o deslocamento
angular dos rotores das máquinas estudadas em relação a uma referência comum, para que
assim possa se determinar a estabilidade. A diferença entre os ângulos deve ser pequena para
sistemas estáveis, sendo mais recomendadas para estudos de estabilidade transitória. A análise
no domínio da frequência é empregada para a identificação de cada frequência de oscilação
potencial e seu fator de amortecimento. Portanto, seu uso é mais apropriado para aplicações
relacionadas à estabilidade dinâmica.
Os métodos matemáticos utilizados pelos softwares de Estabilidade, como no caso do
software SKM PTW módulo ISIM, dependem de uma solução repetida da equação de oscilação,
16

também conhecida como equação de swing para cada máquina estudada de acordo com Lee
(1998).

(𝑀 𝑉 𝐴)𝐻 𝑑2 𝛿𝑅
𝑃𝑎 = (14)
180𝑓 𝑑𝑡2
Sendo que:
𝑃𝑎 : é a potência de entrada menos potência de saída dá máquina
𝑀 𝑉 𝐴: é o MVA nominal da máquina
𝐻 : é a constante de inércia da máquina
𝑓 : é a frequência do sistema
𝛿𝑅 : é o ângulo do rotor
𝑡: é o tempo em segundos
O programa começará com os resultados obtidos através do estudo de fluxo de carga
para assim estabelecer uma potência e tensão iniciais em todas máquinas e circuitos conec-
tados. O distúrbio especificado é aplicado em um tempo definido como zero, e as mudanças
resultantes nos níveis de potência são calculadas por um fluxo de carga de rotina. Usando os
valores dos cálculos da potência de aceleração, a equação de swing é resolvida para um novo
valor de ângulo do rotor em um tempo incremental menor que um décimo da menor constante
de tempo da máquina, para limitar os erros numéricos após a perturbação.
Sendo assim, níveis de tensão e potência correspondentes às novas posições angulares
das máquinas síncronas são usadas como informações básicas para a próxima iteração.
17

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo será apresentado os programas e métodos utilizados para a realização


dos estudos de curto-circuito, fluxo de carga e análise de estabilidade transitória.

3.1 O software

O SKM Power*Tools for Windows é um software que serve para projetar e analisar sis-
temas elétricos de potência, sendo um dos líderes de mercado neste segmento. O programa
conta com diversos módulos que podem ser utilizados para a realização de diversos estudos,
sendo alguns destes:

• DAPPER;

• I*SIM.

Neste trabalho foi utilizado dois módulos, sendo eles o DAPPER, e I*SIM. O módulo
dapper foi utilizado para os estudos de curto-circuito e Fluxo de carga e o I*SIM para análise de
estábilidade transitória.

3.1.1 Módulo dapper

O módulo dapper oferece quatro tipos de estudos:

• Demanda de cargas;

• Dimensionamento;

• Fluxo de carga;

• Curto-circuito.

De acordo com a SKM (2010) o módulo dapper é um conjunto de módulos para projetos
e análises de sistemas com alimentações trifásicas. Em relação ao estudo de fluxo de carga,
com o dapper pode-se calcular a queda de tensão em cada barra e perdas no sistema. Ele pode
ser utilizado para uma análise convencional de queda de tensão, análise de perda, estudos de
fator potência, colocação de capacitor no sistema, impacto de carga para partidas de motores e
dimensionamento de motores. Na Figura 2 temos um exemplo da utilização do módulo Dapper
para a realização do estudo de curto-circuito transitório. Nas Figuras 3 e 4 temos um exemplo
da utilização para o estudo de fluxo de carga.
18

Figura 2 – Software PTW com a utilização do módulo Dapper

Fonte: Autoria própria.

Figura 3 – Diagrama unifilar com dados de fluxo de carga

Fonte: Autoria própria.


19

Figura 4 – Dados análise de fluxo de carga

Fonte: Autoria própria.

3.1.2 Módulo I*SIM

O módulo I*SIM é projetado para simular a resposta de um sistema elétrico durante


e após distúrbios transitórios, como falhas, mudanças de cargas, partida de motor, perda de
geração e etc. Tem como principal benefício uma ampla gama de modelos equipamentos como
governadores, excitadores, estabilizadores de tensão entre outros equipamentos que possam
vir a ser utilizados. A Figura 5 exibe um exemplo de modelagem de um caso utilizando este
módulo, onde pode ser visto a oscilação da tensão em uma barra quando há uma perturbação
no sistema, enquanto na Figura 6 podemos ver um exemplo de um diagrama de blocos de um
excitador do tipo AC1 presente em sua biblioteca.
20

Figura 5 – Exemplo de modelagem de utilizando módulo I*SIM

Fonte: (SKM, 2010).

Figura 6 – Diagrama de blocos para excitador tipo AC1 utilizando módulo I*SIM

Fonte: (SKM, 2010).

3.2 Estudo de curto-circuito

Para os estudos de curto-circuito foi possível determinar as correntes de curto-circuito


subtransitória trifásica existentes em cada barra do sistema. Sua análise teve início nas cargas
de baixa tensão e irá ate o ponto de conexão com a concessionária, conforme pode ser visto na
Figura 7.
21

3.2.1 Modelagem do sistema elétrico

Figura 7 – Diagrama unifilar

Fonte: Autoria própria.

Para a realização dos estudos o primeiro passo foi a modelagem do sistema elétrico
industrial dentro do software PTW. Sendo assim, foi necessário um trabalho prévio de levanta-
mento de dados da planta elétrica afim de tornar o modelo o mais fiel possível com relação à
planta no real, como pode ser visto na figura 7.
Para os estudos de curto-circuito foram seguidas algumas considerações.

1. As relações X/R dos motores foram obtidas a partir da (MUSA, 2000);

2. A corrente de inrush dos transformadores de baixa tensão foram consideradas de 14 *


𝐼𝑛, assumindo que os transformadores são a seco;

3. A tensão do sistema foi modelada em 100% do valor nominal;

4. Nos locais onde não eram conhecidos os dados de cabos foi considerado um cabo
fictício com uma impedância desprezível (Z = 0.0001+j0.0001) ohms/km e comprimento
de 1 m;

5. Nos locais onde os dados dos cabos eram conhecidos (bitola, comprimento, nº de
cabos por fase), os dados de impedância foram obtidos a partir de catálogos de fabri-
cantes e referências padrões;
22

6. Todos os cabos de média e baixa tensão cujos dados eram conhecidos, foram mode-
lados em dutos não magnéticos;

7. Para estimativa da capacidade de condução de corrente dos cabos de BT foi consi-


derado o método de instalação B1 da NBR 5410: cabos isolados a EPR, conexões
prensadas, três condutores carregados, cabos unipolares em trifólio, 1 circuito e tem-
peratura de 40ºC;

8. As relações X/R dos transformadores foram obtidas a partir da (MUSA, 2000);

9. As impedâncias do transformadores consideradas foram obtidas a partir de informa-


ções do cliente;

A partir dessas considerações foram calculadas as correntes de curto-circuito para faltas


trifásicas para cada barra mostrada no diagrama unifilar desde a entrada do sistema em 138kV
até a baixa tensão.

3.3 Estudo de fluxo de carga

Para o estudo de fluxo de carga, foi obtido o fluxo de potência ativa e reativa através de
transformadores e cabos, níveis de tensão nas barras do sistema, fator de potência e perdas
no sistema. Esses valores permitem a identificação de transformadores e cabos sobrecarrega-
dos, recomendação de ajustes apropriados para os taps de transformadores e determinação
da necessidade de potência reativa para correção de fator de potência, com a utilização de
capacitores.

3.3.1 Simulação de fluxo de carga

As cargas utilizadas na simulação para cada barra foram definidas através de valores
fornecidos pela empresa, juntamente com a informação que a potência máxima demandada
deve ficar em torno de 7MW.
Foi analisado apenas um único caso de fluxo de carga:

• Geradores de emergência desligados;

• Todos os disjuntores fechados;

• Banco de capacitores desligados.


23

3.4 Estudo de estabilidade

Para o estudo de estabilidade foi realizado uma análise para dois geradores síncronos
que estão instalados na planta elétrica em questão, nos quais foram aplicadas diversas condi-
ções com intuito de criar distúrbios no sistema elétrico. A partir dessas foi obtidos resultados
gráficos das oscilações contínuas de magnitude finita, na qual foi analisado se os resultados
dos rotores estão amortecidos a um nível aceitável após a perturbação.
Em relação aos casos que foram desenvolvidos, sabe-se que neste sistema os gera-
dores 1 e 2 são geradores de emergência, sendo assim, não trabalharão em paralelo com a
concessionária de maneira contínua. Entretanto, há uma possibilidade de realização de tes-
tes enquanto a concessionária estiver em operação, podendo ocasionar um paralelismo que
não deve ser superior a um tempo de 15 minutos. Portanto, será realizado casos de estabili-
dade considerando os geradores e a concessionária em paralelo, além de casos onde somente
os geradores estarão atuando, sendo que os mesmos não alimentarão cargas superiores a
1000kW.
24

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, serão expostos os resultados das simulações realizadas utilizando o


software SKM PTW referentes aos estudos de curto-circuito subtransitório trifásico, fluxo de
carga e estabilidade.

4.1 Lista de equipamentos modelados

Antes de procedermos com as simulações, é necessário efetuar a modelagem dos equi-


pamentos visando à representação precisa do sistema. Nas tabelas de 1 a 7, será apresentada
uma lista dos equipamentos modelados, tais como cabos, transformadores, geradores, relés,
disjuntores de proteção de baixa e média tensão e motores.

Tabela 1 – Lista de cabos.


Nome do componente Bitola (mm²) No.Condutores/fase Distância (m)
C-01/TF-02.1 25 1 225.0
C-02/TF-02.2 25 1 225.0
C-03/TF-02.3 25 1 225.0
C-04/TF-03.1 25 1 465.0
C-05/TF-03.2 25 1 465.0
C-06/TF-03.3 25 1 465.0
C-07/PINV-03.1 25 1 465.0
C-08/TF-04.1 25 1 435.0
C-GD1 150 3 30.0
C-GD2 150 3 30.0
C-Prim.TE1 240 8 30.0
C-SEC-TE1 25 1 150.0
C-SEC-TR-3 50 1 50.0
C-SEC-TR1 240 4 33.0
C-SERV.AUX. 35 1 50.0
Fonte: Autoria própria.
25

Tabela 2 – Lista de transformadores.


Transformadores Potência(kVA) Z% X/R Tensão Prim. (V) Tensão Secund. (V)
TE1 2500 6.5000 10.4736 440 13800
TF-02.1 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-02.2 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-02.3 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-03.1 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-03.2 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-03.3 2500 6.5000 10.4736 13800 480
TF-03.4 1500 6.5000 6.5397 13800 4160
TF-04.1 2000 6.5000 7.2905 13800 380
TR-3 75 3.4800 3.1562 13800 220
TR1 12000 9.0000 18.0446 138000 13800
Fonte: Autoria própria.

Tabela 3 – Lista de relés.


Tag do equipamento Relação de TC Modelo
R-01/SE-02 300 / 5 SEL-751
R-02/SE-02 300 / 5 SEL-751
R-03/SE-02 300 / 5 SEL-751
R-04/SE-03 300 / 5 SEL-751
R-05/SE-03 300 / 5 SEL-751
R-06/SE-03 300 / 5 SEL-751
R-07/SE-03 300 / 5 SEL-751
R-08/SE-04 300 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-02.1 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-02.2 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-02.3 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-03.1 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-03.2 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-03.3 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TF-04.1 3200 / 5 SEL-751
R-SEC-TR1 600 / 5 SEL-751
R-SEC-TR2 600 / 5 SEL-751
R-SERV.AUX. 100 / 5 SEL-751
RMF-L1 400 / 5 SEL-751A
Fonte: Autoria própria.
26

Tabela 4 – Lista de disjuntores de média tensão.


Tag do disjuntor Fabricante Modelo
DJ-AUX ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R01 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R02 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R03 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R04 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R05 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R06 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R07 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-R08 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-TE1 ABB RM sm 17.5p - 50
DJ-TR1 ABB RM sm 17.5p - 50
Fonte: Autoria própria.

Tabela 5 – Lista de disjuntores de baixa tensão.


Tag do disjuntor Fabricante Modelo Corrente nominal (A)
DJ-CCM-02.1 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-02.2 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-02.3 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-03.1 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-03.2 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-03.3 ABB E4H 3200.0A
DJ-CCM-04.1 ABB E2N 1600.0A
DJ-GD1 ABB E2.2 N 1250A 1250.0A
DJ-GD2 ABB E2.2 N 1250A 1250.0A
DJ-PSA Allen Bradley 140G-J6F3-D12 125.0A
Fonte: Autoria própria.

Tabela 6 – Lista de geradores.


Nome do Gerador Potência (kVA) Tensão (V)
GD1 840 440
GD2 840 440
Fonte: Autoria própria.

Tabela 7 – Lista de motor.


Motor Potência (kW) In (A) Fator de Potência Eficiência (%) Tensão(V)
M-1100 1100 160.7 0.9500 94 4160
Fonte: Autoria própria.
27

4.2 Curto-circuito subtransitório trifásico

Para realizar a simulação de curto-circuito, é essencial incluir, durante a etapa de mode-


lagem, os valores de contribuição das correntes de curto-circuito trifásico e de terra na entrada
do sistema, considerando a tensão nominal de 138 kV. Esses valores foram fornecidos pela
empresa em questão e são os seguintes:

• Curto-circuito trifásico = 9425.0 A;

• Curto-circuito fase-terra = 8000.0 A.

A seguir, apresenta-se uma tabela contendo os resultados da simulação do estudo de


curto-circuito subtransitório trifásico eficaz e de pico para a condição de operação em que o
sistema é alimentado simultaneamente pela concessionária de energia e pelos geradores.

Tabela 8 – Curto-circuito calculado nas barras do sistema.


Barras Corrente de CC eficaz (kA) Corrente de CC de pico (kA)
CCM-04.1 38.918 86.232
CCM-03.3 37.008 83.892
CCM-03.2 37.008 83.892
CCM-03.1 37.008 83.892
CCM-02.3 37.704 88.660
CCM-02.2 37.704 88.660
CCM-02.1 3.7704 88.660
PSA 3.147 4.593
QD-MT-01.1 7.707 18.258
QD-GE 55.205 12.821
Fonte: Autoria própria.

O propósito da avaliação da suportabilidade de equipamentos é comparar os valores


máximos de corrente de curto-circuito calculados em cada barra do sistema, com os valores
nominais dos dispositivos de manobra. Tal comparação é feita para determinar se o dispositivo
está apto a interromper ou suportar as potenciais correntes de falta do sistema elétrico no qual
tal equipamento se encontra.
É de suma importância ressaltar que a análise de suportabilidade dos disjuntores foi
conduzida levando em consideração o valor de Ics, o qual representa a abordagem mais conser-
vadora. Embora muitos disjuntores apresentem valores idênticos para ambos Ics(Capacidade
nominal de interrupção de curto-circuito) e Icu(Capacidade máxima nominal de interrupção de
curto-circuito), é comum encontrar casos em que o valor de Ics é inferior ao valor de Icu. Adici-
onalmente, vale mencionar que o valor de Ics está sujeito a uma condição que estabelece seu
retorno à operação normal para até três eventos de atuação. Não existe uma definição norma-
tiva que indique qual valor deve ser adotado. Por precaução, optou-se pela utilização do valor
de Ics para avaliar os disjuntores.
28

A seguir apresenta-se uma tabela de comparação onde poderá ser identificados o local,
fabricante, status da análise, tipo, tensão, valores de curto-circuito calculados, valores de curto-
circuito nominais e porcentual de esforço máximo dos dispositivos de proteção e das barras. Tal
porcentual é calculado por:

Corrente de Curto-Circuito na barra


.100 (15)
Capacidade de interrupção do disjuntor
O resultado dos percentuais são classificados como Passou, Marginal ou Falhou, con-
forme os seguintes critérios:

• O equipamento possui a avaliação como: “Passou”, quando o valor calculado dividido


pelo valor nominal é menor ou igual a 90%;

• O equipamento possui a avaliação como: “Marginal”, quando o valor calculado dividido


pelo valor nominal é maior que 90% e menor que 100%;

• O equipamento possui a avaliação como: “Falhou”, quando o valor calculado dividido


pelo valor nominal é maior ou igual a 100%;
29

Tabela 9 – Resultado da suportabilidade de disjuntores de Média Tensão.


Tensão Ics Icm
Dispositivo Descrição Dispos. nominal nominal
Dispositivo (V) (kA) (kA) Avaliação
de proteção Tensão Corrente Corrente
Barra Barra CC eficaz calc. CC Pico calc.
(V) (kA) (kA)
Razão Razão
Fabricante Razão (%)
(%) (%)
DJ-AUX RM 13800 21 52,3
QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R01 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R02 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R03 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R04 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R05 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R06 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R07 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-R08 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89

DJ-TR1 RM 13800 21 52,3


QD-MT-01.1 800A - Óleo 13800 7,7 18,25 Passou
ABB RM sm 17.5p - 50 100 36,67 34,89
Fonte: Autoria própria.
30

Tabela 10 – Resultado da suportabilidade de disjuntores de Baixa Tensão.


Tensão Ics Icm
Dispositivo Descrição Dispos. nominal nominal
Dispositivo (V) (kA) (kA) Avaliação
de proteção Tensão Corrente Corrente
Barra Barra CC eficaz CC pico
(V) calc. (kA) calc. (kA)
Razão Razão Razão
Fabricante
(%) (%) (%)
DJ-GD1 EMAX E2 440 66 145
QD-GE EKIP DIP LSIG 440 55,2 128,21 Passou
ABB E2.2 N 1250A 100 83,64 88,42

DJ-GD2 EMAX E2 440 66 145


QD-GE EKIP DIP LSIG 440 55,2 128,21 Passou
ABB E2.2 N 1250A 100 83,64 88,42

DJ-CCM-02.1 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-02.1 PR122/P-LSIG 525 37,7 88,66 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,70 40,30

DJ-CCM-02.2 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-02.2 PR122/P-LSIG 525 37,7 88,66 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,70 40,30

DJ-CCM-02.3 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-02.3 PR122/P-LSIG 525 37,7 88,66 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,70 40,30

DJ-CCM-03.1 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-03.1 PR122/P-LSIG 525 37 83,89 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,00 38,13

DJ-CCM-03.2 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-03.2 PR122/P-LSIG 525 37 83,89 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,00 38,13

DJ-CCM-03.3 EMAX - E4 & E6 480 100 220


CCM-03.3 PR122/P-LSIG 525 37 83,89 Passou
ABB E4H, 3200-6300 A 91,43 37,00 38,13

DJ-CCM-04.1 EMAX - E1, E2 & E3 380 55 121


CCM-04.1 PR122/P-LSIG 525 38,91 86,23 Passou
ABB E2N, 400 - 3200 A 72,38 70,75 71,26

DJ-PSA 140G-J6/J0 220 100 124,7


076 PSA 80 - 250A [TM] adj 230 3,14 4,59 Passou
Allen Bradley 140G-J6F3-D12 95,65 3,14 3,68
Fonte: Autoria própria.
31

Com base na análise do curto-circuito subtransitório eficaz e de pico em relação aos


valores de capacidade de interrupção (Ics e Icm) dos disjuntores instalados na planta, observou-
se que todos apresentaram resultados satisfatórios. A relação entre o valor calculado de curto-
circuito e o valor nominal foi inferior a 90%. Portanto, é possível concluir que os disjuntores estão
devidamente dimensionados para o sistema em questão.

4.3 Fluxo de carga

Os resultados deste estudo englobam o cálculo do fluxo de carga ativa e reativa por meio
de transformadores e cabos, bem como a determinação dos níveis de tensão nas barras do
sistema, o fator de potência e as perdas no sistema. Esses valores possibilitam a identificação
de transformadores e cabos que estão operando em condições de sobrecarga, a recomendação
de ajustes adequados para os taps dos transformadores e a determinação da necessidade de
potência reativa para a correção do fator de potência, utilizando capacitores.
A análise em questão está centrada exclusivamente na indicação dos níveis de carga e
quedas de tensão nas barras desse sistema. O escopo da análise abrange as barras de baixa
tensão do sistema, seguindo até a entrada do sistema em 138 kV.
É importante destacar que as cargas utilizadas na simulação foram fornecidas pela em-
presa, considerando que a potência máxima demandada pelo sistema deve ser aproximada-
mente de 7 MW.
A seguir, apresenta-se uma tabela contendo as barras do sistema e suas respectivas
cargas demandadas:

Tabela 11 – Cargas demandadas fornecidas pela empresa.


Barra Carga Corrente A) Tensão (V) Potência demandada (kW)
CCM-02.1 CEQ CCM-02.1 1437.2 480 1123.2
CCM-02.2 CEQ CCM-02.2 1644.9 480 1285.5
CCM-02.3 CEQ CCM-02.3 1830.3 480 1430.4
CCM-03.1 CEQ CCM-03.1 861.1 480 672.9
CCM-03.2 CEQ CCM-03.2 1155.2 480 902.8
CCM-03.3 CEQ CCM-03.3 1104 480 862.8
CCM-04.1 CEQ CCM-04.1 629 380 389.1
Fonte: Autoria própria.

Para todas as tabelas a seguir, as grandezas expostas podem ser assim definidas:
𝑉 : Tensão de operação da barra;
𝑉𝑁 : Tensão nominal da barra;
∆𝑉 %: Queda de tensão (em %);
𝑆𝑁 : Potência aparente nominal do transformador;
𝑆𝐿𝐹 : Potência aparente de operação;
𝑃𝐿𝐹 : Potência ativa de operação;
𝑄𝐿𝐹 : Potência reativa de operação;
32

∆𝑆%: Carregamento (em %);


𝐼𝐿𝐹 : Corrente de operação;
𝐼𝐿𝐹 %: Carregamento (em %);
𝑉 (%): Valor de tensão de operação nas barras (em %).

Tabela 12 – Resultados de fluxo de carga nas Barras.


Barras V𝑁 (𝑘𝑉 ) V(kV) ∆𝑉 % P (kW) Q (kVAr) V (%)
CCM-04.1 0.380 0.369 2.83 389.14 141.24 97.17
CCM-02.1 0.480 0.462 3.65 1123.20 407.67 96.35
CCM-02.2 0.480 0.461 3.89 1285.52 466.58 96.11
CCM-02.3 0.480 0.460 4.10 1430.40 519.17 95.90
CCM-03.1 0.480 0.465 3.09 672.94 244.24 96.91
CCM-03.2 0.480 0.463 3.45 902.78 327.67 96.55
CCM-03.3 0.480 0.463 3.39 862.75 313.14 96.61
PN-M-1100 4.160 4.017 3.42 550.00 180.78 96.58
QD-MT-01.1 13.800 13.512 2.09 7254.32 2844.66 97.91
Fonte: Autoria própria.

Tabela 13 – Resultados de fluxo de carga nos cabos.


Secção Cabos I𝐴𝑚𝑝𝑎𝑐 . I𝐿𝐹 I𝐿𝐹
Descrição ∆𝑉 % P (kW) Q (kVAR)
(mm²) p/ fase (A) (A) (%)
C-01/TF-02.1 25 1 125.6 52 41.31 0.1 1128.7 447.8
C-02/TF-02.2 25 1 125.6 60 47.40 0.2 1292.7 519.4
C-03/TF-02.3 25 1 125.6 66 52.86 0.2 1439.4 584.8
C-04/TF-03.1 25 1 125.6 31 24.61 0.2 675.5 258.6
C-05/TF-03.2 25 1 125.6 42 33.14 0.2 907.5 353.7
C-06/TF-03.3 25 1 125.6 40 31.65 0.2 867.0 336.9
C-07/PINV-03.1 25 1 125.6 25 19.97 0.1 553.2 196.3
C-08/TF-04.1 25 1 125.6 18 14.19 0.1 390.3 147.2
C-SEC-TR1 240 4 1138.3 333 29.25 0.0 7254.6 2845.0
Fonte: Autoria própria.

Tabela 14 – Resultados de fluxo de carga nos transformadores.


S𝑁 S𝐿𝐹 P𝐿𝐹 Q𝐿𝐹
Descrição ∆𝑉 % ∆𝑆%
(kVA) (kVA) (kW) (kVAr)
TF-02.1 2500 1212.58 1127.0 447.5 1.4 49.61
TF-02.2 2500 1390.97 1290.5 519.0 1.6 56.91
TF-02.3 2500 1550.91 1436.6 584.3 1.8 63.47
TF-03.1 2500 722.09 674.3 258.4 0.8 29.55
TF-03.2 2500 971.72 905.2 353.3 1.1 39.79
TF-03.3 2500 928.13 865.0 336.5 1.1 38.00
TF-03.4 1500 586.15 552.4 196.2 1.2 39.97
TF-04.1 2000 416.76 389.9 147.1 0.7 21.30
TR1 12000 7958.10 7275.6 3224.4 2.1 53.05
Fonte: Autoria própria.
33

De acordo com Shokooh (2018a) os limites típicos de sobretensão e subtensão são de-
terminados com base no tipo de sistema e no nível de tensão. Os limites de tensão ANSI C84.1
são de ±5%. O limite mínimo de tensão de utilização normal é de -10%, ou seja, que a queda
de tensão pode chegar a 10% em relação à tensão nominal do barramento para alguns equi-
pamentos. Com base nesse referencial, ao analisarmos os resultados das tabelas, é possível
observar que não ocorreram quedas de tensão superiores a 5% nos painéis. No que diz respeito
à análise do carregamento de cabos e transformadores, os resultados foram satisfatórios, uma
vez que não foram registrados valores superiores a 100%, indicando que não há sobrecarga
operacional.

4.4 Estabilidade transitória de geradores síncronos

Para realização dos casos visando a análise da estabilidade, é imprescindível a mode-


lagem de elementos específicos, sendo esses:

• Regulador de tensão;

• Regulador de velocidade;

• Modelo do gerador.

Para este sistema, foi informado que o regulador de tensão utilizado é do tipo ST1A,
conforme ilustrado na IEEE Std 421.5 como pode ser visto na imagem abaixo:

Figura 8 – Regulador de tensão ST1A de acordo com IEEE Std 421.5

Fonte: (HAJAGOS, 2016).

O regulador de velocidade a ser utilizado não foi informado pela empresa. Sendo as-
sim, utilizou-se um regulador típico para geradores a diesel fornecido pela própria biblioteca do
módulo ISIM* do SKM PTW.
34

Figura 9 – Regulador de velocidade típico para geradores a diesel

Fonte: (SKM, 2010).

O modelo do gerador a diesel é um modelo fornecido pela biblioteca do módulo ISIM* do


software SKM PTW e representa um modelo de máquina síncrona em um nível subtransitório.

Figura 10 – Modelo de gerador a diesel

Fonte: (SKM, 2010).

Os dados da tabela abaixo foram retirados da folha de dados do gerador fornecidos pela
WEG, alguns dados como Xl, coeficiente de amortecimento (D), Tq0", Fator de saturação 100%
35

e 120% foram utilizados valores típicos fornecidos por Lee (1998) pois os mesmos não foram
descritos na folha de dados.

Tabela 15 – Dados dos geradores


Modelo do gerador a diesel
Ra: Resistência de armadura 0.0029
Xd: Reatância síncrona de eixo direto 2.476
Xq: Reatância síncrona de eixo em quad. 0.612
Xd’: Reatância transitória de eixo direto 0.172
X": Reatância de seq. neg. de eixo em quad. 0.11
Xl: Reatância de fuga 0.072
H: Constante de inércia 0.2436
D: Coeficiente de amortecimento de carga 0
Td0’: Constante trans. de circ. aberto 1.826
Td0": Constante subtrans. de circ. aberto 0.002
Tq0": Constante de tempo subtransitória 0.06
S10: Fator de saturação at V=1.0 PU 0.11
S12: Fator de saturação at V=1.2 PU 0.48
Fonte: Autoria própria.

Para a análise foram estabelecidos alguns casos citados abaixo:

• Caso 001: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, curto-circuito


aplicado no CCM-03.3 com atuação da proteção e trip do circuito;

• Caso 002: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, curto-circuito


aplicado no primário do transformador TF-03.3 com atuação da proteção e trip do cir-
cuito;

• Caso 003: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, desligamento


abrupto do transformador TF-03.3;

• Caso 004: Somente geradores em operação, curto-circuito aplicado no CCM-03.2 com


atuação da proteção e trip do circuito;

• Caso 005: Somente geradores em operação, curto-circuito aplicado no primário do


transformador TF-03.2 com atuação da proteção e trip do circuito;

• Caso 006: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de


900 kW. Saída de um bloco de carga de 100 kW;

• Caso 007: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de


900 kW. Saída de um bloco de carga de 200 kW;

• Caso 008: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de


900 kW. Saída de um bloco de carga de 300 kW;
36

• Caso 009: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de


900 kW. Saída de um bloco de carga de 500 kW;

• Caso 010: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 200 kW;

• Caso 011: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 300 kW;

• Caso 012: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 400 kW;

• Caso 013: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 500 kW;

• Caso 014: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 600 kW;

• Caso 015: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 700 kW.

Após a definição dos casos, foram realizadas as simulações aplicando os respectivos


distúrbios. A seguir estarão os descritivos dos casos e seus resultados gráficos.
Caso 1: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, curto-circuito apli-
cado no CCM-03.3. Atuação da proteção e trip do circuito.

Figura 11 – Resultado Caso 1: Velocidade x curto-circuito no CCM-03.3

Fonte: Autoria própria.


37

Caso 2: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, curto-circuito apli-


cado no primário do transformador TF-03.3 com atuação da proteção e trip do circuito.

Figura 12 – Resultado Caso 2: Velocidade x Prim.TF-03.3

Fonte: Autoria própria.

Caso 3: Geradores e Concessionária funcionando simultaneamente, desligamento


abrupto do transformador TF-03.3.

Figura 13 – Resultado Caso 3: Velocidade x Desligamento TF-03.3

Fonte: Autoria própria.

Caso 4: Somente geradores em operação, curto-circuito aplicado no CCM-03.2 com


atuação da proteção e trip do circuito.

Figura 14 – Resultado Caso 4: Curva de velocidade do Gerador 1

Fonte: Autoria própria.


38

Caso 5: Somente geradores em operação, curto-circuito aplicado no primário do trans-


formador TF-03.2 com atuação da proteção e trip do circuito.

Figura 15 – Resultado Caso 5: Curva de velocidade do Gerador 1

Fonte: Autoria própria.

Caso 6: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de 900


kW. Saída de um bloco de carga de 100 kW.

Figura 16 – Resultado Caso 6: Velocidade x Saída de bloco de 100kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 7: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de 900


kW. Saída de um bloco de carga de 200 kW.

Figura 17 – Resultado Caso 7: Velocidade x Saída de bloco de 200kW

Fonte: Autoria própria.


39

Caso 8: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de 900


kW. Saída de um bloco de carga de 300 kW.

Figura 18 – Resultado Caso 8: Velocidade x Saída de bloco de 300kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 9: Somente geradores em operação. Carga no sistema aproximadamente de 900


kW. Saída de um bloco de carga de 500 kW.

Figura 19 – Resultado Caso 9: Velocidade x Saída de bloco de 500kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 10: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 200 kW.

Figura 20 – Resultado Caso 10: Velocidade x Entrada de bloco de 200kW

Fonte: Autoria própria.


40

Caso 11: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 300 kW.

Figura 21 – Resultado Caso 11: Velocidade x Entrada de bloco de 300kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 12: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 400 kW.

Figura 22 – Resultado Caso 12: Velocidade x Entrada de bloco de 400kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 13: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 500 kW.

Figura 23 – Resultado Caso 13: Velocidade x Entrada de bloco de 500kW

Fonte: Autoria própria.


41

Caso 14: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 600 kW.

Figura 24 – Resultado Caso 14: Velocidade x Entrada de bloco de 600kW

Fonte: Autoria própria.

Caso 15: Somente geradores em operação. Carga no sistema em 0 kW (Geradores a


vazio). Entrada de um bloco de carga de 700 kW.

Figura 25 – Resultado Caso 15: Velocidade x Entrada de bloco de 700kW

Fonte: Autoria própria.

Após a realização das simulações dos casos 1 a 3, foi possível analisar que durante
o paralelismo entre a concessionária e os geradores, na ocorrência de um curto-circuito no
secundário de um transformador com a atuação do disjuntor de baixa tensão do respectivo
circuito, os geradores apresentam estabilidade. Da mesma forma, em caso de curto-circuito no
primário de um transformador com a atuação do disjuntor de média tensão do respectivo circuito,
os geradores também se mantêm em condição estável, embora sua velocidade máxima possa
atingir de forma transitória valores elevados, o que pode resultar em danos nos geradores caso
ocorra um ou mais eventos.
Considerando apenas os geradores em operação no caso 4 e 5, verificou-se que tanto
em um cenário de curto-circuito no secundário do transformador quanto em um cenário de
curto-circuito no primário do transformador com a atuação do respectivo disjuntor do circuito, os
geradores não conseguem manter a estabilidade. Isso indica que, em caso de curto-circuito no
sistema, a proteção dos geradores não precisa aguardar a atuação de qualquer elemento de
proteção das saídas, mas sim agir instantaneamente ou o mais rápido possível.
42

Para os casos 6, 7, 8 e 9, levando em consideração apenas os geradores em operação,


nos quais esses geradores iniciam com a carga demandada pelo sistema, foram realizadas
simulações com a retirada de carga de 100 kW, 200 kW, 300 kW e 500 kW, respectivamente.
Nas imagens a seguir, são apresentadas comparações entre esses casos em dois gráficos, com
o intuito de proporcionar uma visualização mais clara.

Figura 26 – Comparação da Velocidade nos casos 6, 7 e 8

Fonte: Autoria própria.

Figura 27 – Comparação da Velocidade nos casos 6, 7, 8 e 9

Fonte: Autoria própria.

Observa-se que tanto na retirada de 100 kW e na retirada de 200 kW, os geradores


conseguem manter a estabilidade. No caso da retirada de 300 kW, os geradores ainda são
capazes de manter a estabilidade, porém a velocidade máxima alcançada de forma transitória é
consideravelmente alta, o que pode resultar em danos aos geradores em caso de ocorrência de
um ou mais eventos. No entanto, na condição em que um bloco de cargas de 500 kW é retirado,
a velocidade atingida é excessivamente alta e se mantém por mais que 6 segundos, o que não
é recomendado para a operação de acordo com Lee (1998). Portanto, para a retirada de cargas,
é recomendável que o valor não exceda 200 kW de uma única vez.
E para os últimos cinco casos considerando apenas os geradores em operação, desta
vez com os mesmos inicialmente em vazio, foram simulados casos com a entrada de blocos de
cargas. Foram introduzidos recpectivamente blocos de 200 kW, 300 kW, 400 kW, 500 kW, 600
kW e 700 kW. Representa-se a seguir um comparativo do comportamento da velocidade dos
geradores entre estes casos.
43

Figura 28 – Comparação da Velocidade nos casos 10, 11, 12 e 13

Fonte: Autoria própria.

Figura 29 – Comparação da Velocidade nos casos 10, 11, 12, 13, 14 e 15

Fonte: Autoria própria.

Nota-se, nas duas primeiras condições, ou seja, na entrada de 200 kW e na entrada


de 300 kW, os geradores são capazes de manter a estabilidade. No caso da entrada de 400
e 500 kW, os geradores ainda são capazes de manter a estabilidade, no entanto, a redução
na velocidade atingida de forma transitória é significativa, o que pode resultar em danos nos
geradores caso ocorra um ou mais eventos. Porém, no caso da entrada de blocos de carga
de 600 kW ou mais, a diminuição na velocidade atingida é excessivamente alta e persiste por
alguns segundos, o que não é recomendado para a operação.
Portanto, para a entrada de cargas, é recomendável que o valor não ultrapasse 200 kW
de uma única vez. Em situações excepcionais, pode-se chegar a 300 kW.
44

5 CONCLUSÃO

A realização deste trabalho destaca a importância dos estudos elétricos, abrangendo


todas as etapas, desde o planejamento até a implementação prática do projeto. A análise minu-
ciosa dos dispositivos de proteção utilizados no sistema elétrico da empresa é viabilizada por
meio dos estudos de curto-circuito e fluxo de carga, ressaltando a necessidade de um projeto
adequadamente dimensionado para assegurar o desempenho satisfatório dessas proteções.
Essa abordagem evita gastos desnecessários relacionados à falha de equipamentos e ao uso
de cabos subdimensionados que, ao longo do tempo, poderiam acarretar a deterioração do sis-
tema. Trazendo assim com a realização destes estudos mais confiabilidade, proporcionando um
ambiente de trabalho mais seguro aos funcionários.
Além disso, a análise de estabilidade permitiu a avaliação dos diferentes cenários, fa-
zendo com que a empresa possa realizar um planejamento apropriado para intervenções nos
geradores, se necessário, sem ocasionar problemas ou danos aos equipamentos.
Apesar dos resultados positivos obtidos com esses estudos, o presente trabalho abre
perspectivas de aprimoramento para pesquisas futuras. Isso inclui a possibilidade de priorizar
análises específicas e aprofundar as modelagens do sistema, bem como conduzir estudos adi-
cionais visando a aumentar a confiabilidade do sistema como, por exemplo, a realização de
estudo de rejeição de cargas monitorando e atuando para frequências não aceitáveis.
45

REFERÊNCIAS

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stability studies. IEEE Std 421.5-2016 (Revision of IEEE Std 421.5-2005), p. 1–207, 2016.
HOERAUF, R. G. Ieee recommended practice for protection and coordination of industrial
and commercial power systems (ieee buff book). IEEE Std 242-2001 (Revision of IEEE Std
242-1986) [IEEE Buff Book], p. 2, 2001.
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1994.
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MUSA, Y. I. Ieee application guide for ac high-voltage circuit breakers rated on a symmetrical
current basis. IEEE Std C37.010-1999, p. 1–80, 2000.
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SHOKOOH, F. Ieee recommended practice for conducting load-flow studies and analysis of
industrial and commercial power systems. IEEE Std 3002.2-2018, p. 1–73, 2018.
SHOKOOH, F. Ieee recommended practice for conducting short-circuit studies and analysis of
industrial and commercial power systems. IEEE Std 3002.3-2018, p. 9, 2018.
SKM. Simplifying Power Systems Analysis Design. 2010. Disponível em: http:
//www.svri.nl/electrotechniek/wp-content/uploads/2013/10/SKM_Product_Brochure.pdf. Acesso
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VALLE, R. L. de S. DESEMPENHO DINÂMICO DE SISTEMAS ELÉTRICOS INDUSTRIAIS
COM GRANDES CARGAS MOTÓRICAS E GERAÇÃO SÍNCRONA. 3 2018. Dissertação
(Mestrado) — Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 3 2018. An optional note.

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