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HERESIAS

ANTIGAS
Com roupagens novas

1
Adriano Seraphim

2
Copyright©2019

Todos os direitos reservados à Adriano


Seraphim
Coordenação editorial
Cleovanio Lima

Capa
Cleovanio Lima

Diagramação
Cleovanio Lima

Revisão
Cleovanio Lima

Impressão e
Acabamento
RENOVAGRAF

2ª edição
Setembro - 2019

3
Convites para pregação e palestras:

55 (11) 96407-5229

4
SUMÁRIO

PREFÁCIOS ......................................................................................07
APRESENTAÇÃO ..............................................................................09

CAPÍTULO I

UMA ANÁLISE SOBRE HERESIA, TERMO E DEFINIÇÃO ....................11

CAPÍTULO I ........................................................................................ 5
OS EBIONITAS ..................................................................................... 33
o Adocionismo ................................... Erro! Indicador não definido.
CAPÍTULO V ...................................................................................... 147
MODALISMO .................................................................................... 147
BIBLIOGRAFIA ................................................................................... 162
ANOTAÇÕES ..................................................................................... 163

5
CAPÍTULO III

CAPÍTULO IV

PREFÁCIO

Venho com muita alegria e humildade deixar em breves


palavras: a importância deste assunto escolhido pelo ilustre
escritor Pr. Adriano, uma eximia abordagem sobre Heresias,
com um conteúdo muito acurado na Apologética. Sendo de
suma relevância na atualidade pois o desafio da Igreja é
constante nesta área devido o auto crescimento de Heresias
nos últimos tempos conforme expressou o Apóstolo Paulo em
suas sábias palavras “ Mas o Espírito expressamente diz que
nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos
a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada
a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e
ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para
os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem
deles com ações de graças: ITm:4:1-3,
O Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo
horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da
falsamente chamada ciência, A qual, professando-a alguns, se
desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém. ITm:6:20-21
DEUS nos guarde para não irmos além do vaticina o cânon
sagrado. Parabéns companheiro pelo assunto em pauta O
6
SENHOR o faça próspero e que as bênçãos das fontes
superiores e das inferiores o precedam!

Pr. Eneias Padilha nobre

PREFÁCIO CLÁUDIO ANDRADE

Com satisfação na alma, tenho a honra de poder prefaciar


esta excelente obra escrita pelo Pastor Adriano Seraphim de
Souza. Conhecedor de sua vida desde a mais tenra idade, com
uma mente de alta capacidade produtiva e criativa, bem
como uma memória proeminente, fazendo notório sua
dedicação à leitura bem eclética, o que faz jus a está nobre
obra.
Está exímia Obra Literária tem sido sazonada através de um
laborioso estudo e pesquisa acerca de heresias e modismo,
que conduziu o digníssimo escritor a passar noites exaurindo
de informações documentais para que chegasse ao nosso
conhecimento este valioso tesouro “Heresias Antigas com
Roupagem Novas”, no qual pensou o escritor ser de Vital
interesse ao povo Cristão.
Será de grande monta aos leitores desta Obra Apologética, no
qual se prepararão mais e mais, a poder fazer com
notoriedade a Defesa da Fé que uma vez foi dada aos Santos.
Que esta relevante Obra seja a primeira de inúmeras outras
composições a ser elaborada pelo digníssimo Escritor!
Deus seja louvado por todos os seus feitos

7
I Tm:1:17 Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus
sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.

Pr. Cláudio Andrade de Souza


Pastor Auxiliar, Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério do
Belém Campo de Votuporanga SP
Dirigente Congregação de Cosmorama

APRESENTAÇÃO

Esta obra foi concluída através de muitas lagrimas, agradeço a


minha esposa Debora, ela é o grande amor da minha vida, minhas
enteadas Isabela e Larissa, aos pequenos Jade e Deric vocês são a razão
da minha existência.
Sou filho de pais adotivos e tive convivência com os legítimos,
portanto quero citá-los aqui: Mãe Marli in Memoriam, Lizevete mãe
querida, João in Memoriam, e Roberto Castro referencial.
Ademir e Cida, sogro e sogra exemplos de índole e Moral.
Amigos dos debates, das orações e de resenhas: Pastor Joaquim
Lauro, Pastor Silvio Ferrari, Danilo, Kleber Danilo, Sérgio, Marcos
Souza, Pérsio, Augusto, Trajano, Celso, Jesse, Jose Carlos, Dejanir,
Jeferson, Zamis e Jr. Irailton Jr.
Ao meu presidente Enéas Padilha referência para o meu ministério.
Meu cunhado e pastor Cláudio Andrade, um pai e amigo. Meus
irmãos, e a Rita irmã que cuida de mim aqui na cidade de Cosmorama,
e a sobrinha Amanda.
“Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-
vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos
escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre
foi entregue aos santos”. (Jd.1:3)

8
Geralmente uma seita se apresenta sempre como irmãos na fé, o
discurso geralmente tem esta fala: “Somos irmãos pertencemos ao
mesmo Deus”. Logo em seguida se cria uma confiança por parte da
outra pessoa, após ganhar a confiança se começa a crítica sobre a
organização, sobre a crença do outro, a fala é esta:” você precisa ver o
meu líder, precisa ir na minha igreja”, e assim vai; se o ouvinte for fraco
na fé, em pouco tempo estará fazendo uma nova confissão de fé, se
batizando novamente, e com a mente cheia de novos credos e ideias
contraditórias a fé e a comunidade ao qual ele congrega. Tarde demais,
a cabeça do indivíduo já está feita, ele será um novo “pescador de
aquário”, termo dado aos pregadores de algumas seitas, que visam
pregar para cristãos que congregam em outras instituições, estes
pescadores de aquário até pregam para pecadores, porem o
treinamento que recebem em suma maioria é para confrontar cristãos.
Por isto escrevi esta obra, para dar respostas aos críticos da fé, mostrar
que não há nada novo, que não somente a igreja de hoje sofre com os
hereges atuais, nossos pais na fé sofreram também, concílios foram
feitos com o intuito de combater heresias, tratados foram redigidos
com o intuito de preservar a pureza da doutrina cristã, não podemos
observar o cenário atual, e se calarmos. As heresias antigas, estão
camufladas, e com novas roupagens.
Sei também que existem muitos teólogos melhores do que eu no
cenário atual, mas esta é a minha contribuição para a igreja e o
ministério do qual congrego, sou um pastor local de uma pequena
congregação, mas não posso me calar diante do que está acontecendo
no atual cenário, há uma chamada de Deus para defendermos a fé cristã
nestes últimos dias. Temos que pelejar pela fé, trazer à tona as verdades
por detrás de algumas pseudo igrejas, que se camuflam de atos de
piedade e assistencialismo, mas sua doutrina não é bíblica, não se
encontra respaldo na bíblia e muito menos na tradição da igreja, são
meras invenções teológicas, achismos, geralmente doutrinas baseadas
em visões de homens que se apresentam como irrefutáveis em suas
colocações e interpretações acerca da bíblia e do evangelho.
Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro
evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. (Gl.1:8)
Espero que esta obra possa ser de benção, e de consulta para
sabermos a origem de certas heresias, que Deus possa nos iluminar,
9
abrir a nossa mente para compreendermos as verdades da palavra de
Deus com graça e sabedoria.
“Não penses que as heresias são fruto de mentes obtusas. É
necessária uma mente brilhante para conceber e gerar uma heresia.
Quanto maior o brilho da mente, maiores as suas aberrações.”

(Santo Agostinho)

CAPÍTULO I

UMA ANÁLISE SOBRE HERESIA TERMO E DEFINICÃO


1.1 - O que uma heresia?

Heresia seria uma doutrina ou ensinamento contrário a palavra


de Deus, esta heresia pode contrariar todos os ensinamentos ou
doutrinas da igreja, elas as heresias, surgem com a recusa, ou a
negação de um ou mais credos da igreja ou de suas afirmações de fé.
Toda heresia tem sua fonte em um personagem que chamamos
herege. Heresia na verdade é a síntese de uma ideia cristã que é
distorcida por um herege, é deste modo que surge uma heresia, ela na
verdade é o resultado desta dialética. Nunca duvide da mente de um
herege observe esta fala de santo Agostinho:
“Não penses que as heresias são fruto de mentes obtusas. É
necessária uma mente brilhante para conceber e gerar uma heresia.
Quanto maior o brilho da mente, maiores as suas aberrações.” (Santo
agostinho)
Mas qual a definição do termo heresia? O termo heresia, na sua
origem, eram divergências que se estabeleceram no interior do
cristianismo, eram ideias opostas ao pensamento eclesiástico que era
denominado de ortodoxo1. A palavra ortodoxia faz se referência a ideia
de um caminho reto associado ao pensamento fundador original, no
caso do cristianismo este pensamento tem sua origem na doutrina de
10
Cristo e dos apóstolos, ensinos estes que estão inseridos na bíblia
sagrada e na tradição da igreja.
Este termo passou a ser difundido a partir do séc. XVIII, durante o
período da idade medieval, neste período pessoas atacavam a igreja
de uma maneira terrível, portanto este termo heresia seria dado a
alguém que atacasse ou discordasse dos ensinamentos de Jesus Cristo,
e da sua igreja.
Apesar do termo heresia só ser difundido no séc. XVIII, a igreja
sempre combateu os hereges e suas heresias. A história da igreja
contém os relatos dos concílios que a igreja através dos séculos
convocou para tratar destes desvios doutrinários. Estes concílios
ecumênicos eram na verdade um instrumento eclesiástico para
elucidar fatos, e definir o que era ortodoxo e o que era heresia. Os
concílios geralmente duravam dias, alguns meses e outros até alguns
anos, os assuntos seriam discutidos, e analisados, até chegar à
definição da Ortodoxia. Logo após o concílio, era então formulada uma
doutrina que passava a ser regra de fé para a igreja.

Um pouco antes do primeiro concilio, a igreja tinha como regra de


fé o credo apostólico, e os escritos de alguns pais da igreja, estes já
combatiam as heresias internas dentro da igreja. Neste contexto vale
apena ressaltar os escritos de Inácio de Antioquia início do séc. II, e
também Irineu de Lion (130-202), cuja principal obra foi um tratado
intitulado “Contra as heresias”, no contexto deste documento heresia
seria um ensinamento de um falso mestre que se introduziu no seio da
igreja cristã, e seus ensinamentos contradiziam aos ensinamentos de
Cristo, e também de seus apóstolos².

No séc. V, temos um texto importante de Santo agostinho,


denominado de “haeresibus” que listava 88 heresias, no séc. VII, santo
Isidoro enumera nas suas Etimologias 70 heresias, o número é
crescente³.
Com base no que vemos acima, notamos que o herege não seria o
pagão, o não cristianizado, o herege seria um indivíduo que foi alertado
sobre seu erro pela igreja, porém de uma maneira obstinada, e
desautorizada, insiste no seu erro. Todo herege tornou se tal por

11
ocasião das autoridades ortodoxas, na verdade ele é um herege não
aos seus olhos, mas sim aos olhos dos outros.
1.2 OS RESULTADOS DA HERESIA
Vale apena ressaltar que na mente de um herege ele sempre está
certo, a bíblia está errada, a tradição da igreja está errada, somente
ele, e aqueles que aderiram as suas ideias, visões e interpretações
estão certo, em suma maioria os hereges assumem uma posição
exclusivistas. Observe a sequência de fatos que se desenvolvem com
um herege:
• Incredulidade
• Apostasia 
• Cisma

Com base na cadeia apresentada acima, chegamos à conclusão de


que o cisma seria na verdade a síntese da dialética da incredulidade
com a apostasia. Observe o resultado apresentado acima:
CREDULIDADE APOSTASIA

CISMA

Nenhum herege consegue permanecer na igreja, a verdade o


confronta, o incomoda, a exposição da palavra de Deus traz luz aos
fatos, o ensino da escritura ilumina as trevas da mentira fazendo com
que o herege não tenha forças para convencer ninguém com seu erro:

“Retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja
poderoso, tanto para exortar na sã doutrina, como para convencer os
contradizentes”. (Tt.1:9)

Portanto uma instituição que não prioriza a exposição da palavra


de Deus, e o ensino teológico, este lugar se torna um “ninho” de
hereges, cada um fala de acordo com o seus pensamentos, sua base de
fé deixará de ser a palavra de Deus, sua fé estará alicerçada em sonhos,
12
visões, ou pseudas revelações. Nestes ambientes todos os meios são
válidos para se formalizar doutrinas e regras de fé, menos a palavra de
Deus, em suma maioria o ensino teológico é visto como algo sem valor
nestes ambientes.
No cenário cristão atual temos igrejas serias, que por alguns
motivos vantajosos estão tolerando os hereges, o grande demônio
chamado pragmatismo não importa o método usado pelos ministros o
importante é o resultado financeiro, isto aconteceu em Tiatira uma das
sete igrejas da Ásia, o ministro da igreja não ensinava mais a palavra,
ele optou por tolerar os hereges:
“Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz
profetisa: ela ensina e seduz os meus servos a se prostituirem e a
comerem das coisas sacrificadas aos ídolos (Ap.2:20).

1.3 INCREDULIDADE, APOSTASIA E CISMA


Tratando do assunto heresia, é necessário definir os termos
incredulidade, apostasia e cisma. Todos estes termos estão ligados ao
tema deste livro, vamos trilhar o caminho de um herege
• INCREDULIDADE
O termo incredulidade deriva-se do latim incredulitatem, é a
ausência da fé nas providencias e na força dos decretos de Deus, este
vocábulo foi usado primeiramente por Agostinho de Hipona4. É preciso
ter cuidado com esta palavra, a incredulidade neste contexto não se
trata do indivíduo ateu, neste contexto a incredulidade está referindo
se ao indivíduo cristão que passou a negligenciar, ou desacreditar dos
dogmas da igreja. Neste caso o incrédulo passa a negligenciar uma
verdade revelada, ele se recusa em dar assentimento de fé a uma
verdade revelada.
Em alguns casos indivíduos se tornam incrédulos, mas não
abandonam a igreja, ele passa a não acreditar, e a contestar o credo de
fé da igreja. Mesmo o indivíduo neste estado de descrença da base

13
teológica de sua instituição, ele não tenta convencer ninguém sobre
suas convicções teológicas.

A incredulidade seria a semente, para o surgimento de um herege,


e de suas distorções doutrinárias, a relatos de indivíduos neste estado
dentro da igreja primitiva, em sua carta Judas descreve estes
indivíduos:
“Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais
desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta
condenação, homens ímpios que transformam em libertinagem a graça
de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor Jesus cristo”
(Jd:4).
Judas compara estes incrédulos no versículo 12 de sua carta com
rochas submersas, escondidos, infiltrados na igreja, neste contexto se
nota que eram participantes dos banquetes litúrgicos da igreja
primitiva, estes contestavam a doutrina da igreja, e a autoridade do
ministério apostólico, refutavam os credos e os dogma da igreja.
Mesmo contrariados, estes indivíduos não abandonam a o seio da
comunidade cristã5.
Apesar da incredulidade ser o embrião para se gerar um herege,
ele no fundo ainda tem a necessidade de congregar, de estar junto com
a comunidade, este fato faz com que ele não tenha força para gerar um
cisma, ou rompimento na comunidade.
• Apostasia
Este termo deriva-se de uma palavra latina Apostasia, seu
significado “defecça”, abandono de um partido. Diferente da
incredulidade, que resiste porem ainda mantem a comunhão no seio
da comunidade, a apostasia é o total rompimento com a fé, trata-se de
um abandono premeditado da comunhão e da fé crist.
Este termo na verdade não está descrito somente no novo
testamento, no antigo testamento há vários relatos de indivíduos ou
grupos que abandonaram a fé ortodoxa daquele período. Os profetas
ao referir-se sobre o termo apostasia, usavam um linguajar alegórico
do relacionamento de Israel com Deus como um casamento, quando
Israel abandonava a ortodoxia da época, isto era na verdade um ato de
14
infidelidade, era um adultério espiritual, neste contexto Deus era como
o esposo traído, e Israel a esposa infiel:
“Porque o teu Criador é o teu marido; O Senhor dos exércitos é o
seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; ele é chamado o Senhor
de toda a Terra”. (Is.54:5)
Há dois tipos de apostasia, estas seriam a apostasia coletiva e a
pessoal. No contexto veterotestamentario a troca do relacionamento
com Deus pelos ídolos pagãos, não era uma apostasia pessoal, trata-se
de uma apostasia coletiva.

No novo testamento havia também um bom número de


apostatas, principalmente no final do séc. I, estes eram adeptos do
judaísmo, não aceitavam a abolição da Lei mosaica no período da
graça.
Após um tempo a semente germinou na mente de um herege, e
está a ponto de dar o seu fruto, por isto já não há mais espaço para o
incrédulo no seio da comunidade. O incrédulo já se declarou oposição
total a doutrina e aos ensinos da comunidade cristã ao qual ele
pertence. Isto gera uma indiferença, o herege e suas ideias se tornam
um, ele não consegue mais desfrutar da comunhão no seio da
comunidade, o que lhe resta agora é o próximo passo nesse contexto
seria o cisma.
• CISMA
O termo para cisma deriva se do grego “Skhisma”, separar, dividir,
este é o resultado do processo. Geralmente o herege é chamado de
cismático, ou divisor, a propagação de suas ideias e refutações contra
as doutrinas de sua comunidade será o estopim para uma divisão, ou
cisma no seio da comunidade6.
Quando ocorre o cisma na instituição, o problema deixa de ser
interno e passa a ser público. Em alguns casos o indivíduo, ou grupo
cismático, se separa da instituição, porém não repudia nenhuma
doutrina definida, geralmente as discórdias ocorrem por questões
administrativas, ou pontos doutrinários. Em alguns casos o grupo
cismático ainda conserva alguns pontos doutrinários da instituição que
sofreu o cisma. Com base nesta teoria temos alguns cismas que
15
ocorreram no decorrer da história da igreja, seria muito importante
analisarmos estes eventos para termos uma ideia mais esclarecedora
do que estou propondo neste capítulo.

1.4 Cismas no seio da igreja

• OS NOVACIANOS
Novaciano em latim (Novatianus), a transliteração do seu nome
como Novato, escrito pelo historiador Eusébio como Novatos, nasceu
no ano 228 na Frigia, e morre no ano 258 em Roma durante uma
perseguição aos cristãos promovida pelo imperador Valentino7. Era um
judeu pagão convertido ao cristianismo, um catecúmeno, porem
recebeu o sacramento do batismo por efusão em seu leito de morte.
Possivelmente o papa Fabiano lhe promoveu ao sacerdócio, logo após
a morte deste papa fora eleito o papa Cornélio em seu lugar, durante
este período ano 250 a igreja passou por uma violenta perseguição
promovida pelo imperador romano Décio, durante esta perseguição o
imperador propunha aos cristãos uma oportunidade de perdão, os
cristãos teriam que sacrificar aos ídolos e aos deuses pagãos
publicamente caso não quisessem, sofreriam o martírio público, na
verdade teriam que negar a sua fé publicamente, infelizmente alguns
cristãos cederam a pressão e negaram a fé por medo do martírio. Estes
cristãos que negaram o martírio e sacrificaram aos ídolos pagãos se
arrependiam e queriam voltar ao seio de comunhão da igreja, pronto
estava instaurado o problema, o que fazer agora? O papa Cornélio
aceitou de volta os lapsi (latim caídos) no seio da igreja, este de ato de
misericórdia do papa não foi visto com bons olhos por Novacio que via
o papa como frouxo, para ele não havia misericórdia para os lapsi, para
Novacio eles eram os desertores da fé, nem mesmo o rebatismo seria
capaz de apagar este pecado e redimir os infiéis. Além dos lapsi neste
período a igreja enfrentava uma decadência na questão moral, Novacio
não aceitava a ideia de um novo casamento, isto tudo contribuía e
muito para a insatisfação de Novacio. Com base nisto podemos afirmar
que este homem foi o primeiro anti papa, ele causou um cisma na
igreja, e por pouco se tornou Papa da igreja, ele tinha o apoio de alguns
bispos de Roma, isto não se deu por que o Papa Cornélio tinha o apoio
de dois grandes homens importantes para a igreja, eram eles Cipriano

16
de Cartago e Dionisio de Alexandria, as igrejas africanas e orientais
impediram que Novacio tomasse o poder eclesiástico em Roma8.
• IGREJA ORIENTAL SE SEPARA DA IGREJA ROMANA
Na verdade este cisma entre igreja oriental e a igreja ocidental
ocorreu no 1054, vários fatores contribuíram para esta cisma, as causas
principais eram por questões políticas e doutrinarias. A igreja ocidental
optou por ser conhecida por igreja ortodoxa (este termo quando
aplicado a igrejas orientais refere-se a convicções existentes nesses
grupos de possuírem de acordo com as traduções de possíveis do termo
grego), o ensino correto, ou o “culto correto”, ou a glória verdadeira.
Não quero me ater a detalhes políticos que causaram o cisma das
instituições, apesar de ser de um assunto de suma importância para o
caro leitor. Porem optei em resumir alguns pontos desta cisão,
somente no campo teológico.

• Vamos abordar as diferenças entre ambas as instituições.


As práticas: no Oriente era permitido os casamentos dos clérigos,
claro teria que ser abaixo da posição de bispo, já no Ocidente os
clérigos não podiam de modo algum se casar. Outro ponto a se notar
seria a questão da barba no sacerdote, na igreja ortodoxa do Oriente o
sacerdote podia fazer uso da barba. Em contrapartida no Ocidente o
Sacerdote era obrigado raspar a barba.
Outra divergência era acerca da trindade, a igreja Ocidental
entendia a Trindade como a unidade da divindade, os Orientais criam
na trindade das pessoas. Sobre cristo e a crucificação o Ocidente
pensava em Cristo como a vítima, os cristãos do Oriente preferiam ver
o Cristo como vencedor9.

• A controvérsia sobre a data da pascoa.

Em meados do séc. II, já havia ocorrido uma discussão por ambas


as partes da igreja acerca deste assunto, ambos discordavam acerca da
data de celebração da festa da pascoa. A igreja no Oriente celebrava
no dia 14 de Nisan, de acordo com a data do calendário judaico, a festa
poderia ser celebrada em qualquer dia da semana desde que fosse
nesta data. A igreja no Ocidente influenciada pelo bispo romano

17
Aniceto, alegava que a Pascoa deveria ser celebrada no domingo
seguinte ao dia 14 de Nisan.

• A controvérsia iconoclasta.
Entre os séculos VIII e IX, a questão da iconoclastia gerou muitos
desafetos no seio da igreja. Era comum na igreja a prática da decoração
do interior do templo com imagens de alguns episódios narrados na
bíblia, a igreja tinha estas imagens como “livro dos incultos”, porque
nesta época poucos sabiam ler, e poucos tinham acesso à educação
secular e muito poucas pessoas possuíam livros. Este era um período
que o cristianismo estava em evidência no mundo, havia um
crescimento extraordinário, milhares de pessoas com vidas pregressas
envolvidas no paganismo migraram para a fé Cristã. Este processo de
migração dos pagãos trouxe uma preocupação para alguns cristãos da
época, porque estas imagens poderiam fazer com que este povo que
havia abandonado o paganismo tornasse a praticar a idolatria e
acontece um retrocesso na fé.
A igreja do Oriente se manifestou no ano 726 d.C., através do
imperador Leão terceiro criou um decreto que proibia qualquer
genuflexão diante de esculturas ou imagens. Constantino quinto filho
de Leão terceiro, convocou no ano 754 d.C. convocou um concilio e
proibiu qualquer uso de imagens no culto e claro condenou os seus
defensores, incluído nesta lista de nomes condenados tem dois nomes
que se destacam, seriam estes: Joao de Damasco, e o patriarca
germano de Constantinopla. É óbvio que esta atitude não se resumiria
somente no campo teológico, era também uma atitude política para
limitar os poderes dos monges, e se defender das acusações dos
mulçumanos que diziam haver práticas de idolatria no culto Cristão.
Estes incidentes resultaram na formação de dois partidos no
Oriente, seriam eles: os iconoclastas (destruidores de imagens) e os
iconodulos (adoradores de imagens)10. O ocidente preferiu ser
influenciado pelos iconodulos, é por isto que a igreja Romana ainda
mantém a prática da veneração de imagens em sua liturgia.
• A controvérsia entre dois líderes Nicolau e Fócio

18
Estes episódios aconteceram nos 858 d.C. a 867 d.C., o cisma entre
Fócio e Nicolau deu se por conta da insubmissão do Oriente para com o
Papa Nicolau na época, este tentou colocar sob sua autoridade não
somente o patriarca de Constantinopla, mas queria que também o
imperador de Constantinopla na época Miguel lhe rendesse sujeição.

Esta divergência ocasionou um episódio em que o patriarca Inácio


de Constantinopla negou a ceia para o tio do imperado chamado
Bardas. Além disto a divergência acontecia também pela ameaça
política, o imperador Miguel nomeia outro patriarca para
Constantinopla o nome deste patriarca era Fócio. O patriarca deposto
pede apoio ao Papa Nicolau, que claro tratou logo de declarar Fócio
deposto, esta atitude ocasionou um celeuma grande entre os irmãos
do Oriente e do Ocidente, quatro anos mais tarde, houve um sínodo
em Constantinopla, que tinha representantes dos dois partidos os
Focianos como também os Inacianos, o sínodo decidiu em favor de
Fócio, isto na presença dos delegados do Papa Nicolau. Obvio que a
decisão causou uma indignação no Papa Inácio que tratou de convocar
um sínodo em Roma no ano 863, neste sínodo foi declarado que Fócio
estava excomungado da igreja. Esta atitude somente piorou a relação
entre ambas as igrejas. Houve também uma tentativa do Papa Nicolau
de desligar a igreja da Bulgária que estava ligada em Constantinopla, e
submetê-la sob sua autoridade11. A intriga entre ambos foi ocasionada
mais por causa de poder, do que por concepções teológicas, é tanto
que no final da discussão política acabou sendo enxertados pontos
teológicos divergentes entre ambos.

• Controvérsia Filioque.

Por conta de todo o episódio narrado acima o patriarca Fócio


emitiu um documento em 867 d.C., neste documento o Papa era
acusado de herege por acrescentar ao credo Niceno o termo
“FILIOQUE”, esta expressão significa e do filho, de acordo com este
documento o Papa era acusado de modificar o credo Niceno. Na versão
modificada do credo Niceno pelo Papa, o Espírito Santo procedia do Pai
e do Filho, já a versão original aceita pela igreja do Oriente termina com
a procedência do Espírito Santo apenas por parte do pai.
19
Os Ortodoxos alegavam que o termo Filioque diminuía a divindade
do Espírito Santo, acreditam que se estabelecia uma hierarquia, por
isto alegavam que o Espírito Santo era inferior as outras duas pessoas
da trindade. No pensamento Oriental existe uma unidade na trindade,
e esta unidade está no relacionamento que o filho e o Espírito Santo
têm com o Pai, ou seja, ambos procedem do
Pai12.
Logo após estes eventos não foi declarado nenhum cisma oficial
por nenhuma das partes, o silencio perdurou por quase duzentos anos,
na verdade já estavam separadas a tempos porem não oficialmente. A
separação oficial aconteceu no dia 16 de Julho de 1054, nesta data os
emissários de Roma deixaram um decreto de excomunhão do patriarca
de seus seguidores, o patriarca de Constantinopla também não
demorou para anematizar o Papa romano e seus seguidores. Esta
mútua excomunhão perdurou por muitos séculos, sendo removida
somente em 7 de dezembro de 1965 pelo Papa Paulo sexto e o
Patriarca Atenagoras13.
Claro que procurei ser o mais sucinto possível acerca deste
assunto que na verdade é muito vasto, se o leitor quiser saber mais
sobre este cisma consulte este livro (Manual da história do
pensamento Cristão – Marcelo Santos e Jorge Pinheiros).
• A REFORMA PROTESTANTE
Todo evangélico deveria conhecer acerca dos eventos que
ocasionaram a reforma protestante, a importância destes eventos para
a igreja atual é muito relevante, trata se da história dos evangélicos
protestantes, é a nossa história. É lastimável notar que em suma
maioria nas igrejas pentecostais a maioria das crianças protestantes
conhecem mais o coelhinho da pascoa, ou o papai Noel, e pouco ou
quase nada se fala sobre Martinho Lutero. Acho que deveríamos falar
mais sobre a reforma protestante e seu ícone, Martinho Lutero, não
somente para as nossas crianças, e sim para todos os cristãos. Conheço
alguns obreiros no meio Pentecostal que não sabem nem a data da
reforma protestante, e desconhecem Martinho Lutero, é trágico isto.
Claro que não estou generalizando, há sim de fato algumas igrejas
pentecostais que valorizam o evento da reforma protestante. Acho
somente que deveria de ser mais exposto este assunto, e não
20
meramente uma palestra na data do evento, deveria de se dar mais
ênfase ao assunto, isto se daria através de simpósios, seminários e
estudos sobre este tema, deveria ter uma conscientização do assunto
ao público, a verdade é que sem reforma protestante não existiria
igrejas evangélicas.
A grandeza deste evento foi tamanha que não se resume somente
ao aspecto religioso, o assunto é vasto, envolve vários aspectos:
políticos, econômicos, culturais e sociais. Porém é notório que a
interpretação de qualquer aspecto sempre estará agregada a ideia
religiosa, é impossível separar o aspecto teológico e religioso de
qualquer um citado acima14. O aspecto teológico e religioso está
profundamente ligado a reforma protestante, podemos ver isto
através da história da igreja, já existiam alguns homens que aspiravam
por este evento15. Antes da reforma o caminho já estava sendo aberto,
houve revoltas num período anterior a reforma, podemos destacar
aqui duas que ocorreram nos séculos XIV e XV, o poder da igreja não
pode suprimir estas duas revoltas, era a bíblia sendo dada ao povo. Isto
claro não agradou aos místicos da igreja, que queriam que a igreja, o
Papa e o clero fossem inquestionáveis, neste período se implantava a
ideia que a tradição e o Papa estarem acima da bíblia, somente o clero
podia interpretar e ter um acesso a bíblia sagrada. Vamos citar aqui
abaixo os nomes de alguns homens que deram início ao pensamento
de reforma, não conseguiram realizar a reforma da igreja, porem
deram início ao pensamento de reforma.

• Jonh wycliffe (1328-1384).

Neste período a igreja estava vivendo um momento delicado, a


igreja tinha dois Papas, um em Roma e outro em Avignom na Franca, os
historiadores chamam este período de cativeiro Babilônico. Durante
este período, os ingleses mandavam dinheiro para o Papa em Avignom
na Franca, isto trouxe uma revolta no povo. O rei da Franca era inimigo
dos ingleses, o povo principalmente a classe média já não suportava
mais o que estava acontecendo, o sentimento nacionalista ajudou a
causar um ressentimento contra a igreja e o Papa.

21
Jonh Wycliffe é um dos ícones da reforma
protestante, estudou e ensinou em Oxford por
quase toda a sua vida. No ano de 1376 ele
escreveu uma obra chamada “Sobre o senhorio
civil”, era na verdade uma crítica contra os abusos
da igreja e sua liderança16.

Em 1378 Wycliffe propõe ao povo ideias


Jonh Wycliffe.
revolucionarias contra a autoridade do Papa, se
tornando uma oposição aos dogmas da igreja.
No ano de 1382 escreve em uma de suas obras que Cristo e não o Papa
era o chefe da igreja, e somente a bíblia, e não a igreja ou a sua tradição
era a autoridade única. Enfatizava abertamente em suas obras que a
igreja romana teria que se modelar no padrão da igreja do novo
testamento, e óbvio que suas ideias não foram aceitas por Roma.
Wycliffe foi obrigado a seguir seu pastorado na cidade de Lutterworth,
pois em Londres suas ideias não soaram muito bem para a igreja, o
bispo de Londres o proibiu de pregar, ele obedeceu e foi para a cidade
citada acima17.
Sua influência neste período antes da reforma foi muito
importante, em seus últimos anos de vida traduziu para a língua
vernácula várias passagens da escritura, formou um grupo de
pregadores, que foram chamados de Lollardos, esta palavra deriva se
do alemão lollen (cantar), referindo assim aos Lollardos que entoavam
cânticos nos funerais; outros afirmavam que a palavra provinha do
Latim lolium (erva daninha), uma alusão a parábola do trigo de do joio.
Os Lollardos criam haver cristãos genuínos fora da estrutura da igreja
romana, o nome então não passaria de uma parodia para ridicularizar
as suas crenças. Porem a algo que nos leva a crer que a primeira
interpretação estaria correta, observe que na parábola do trigo e do
joio a erva daninha não é “lollium” e sim “Zizania”, por isto a primeira
interpretação estaria correta, seria uma alusão aos pranteadores numa
referência as orações que estes faziam publicamente. Os Lollardos
reproduziam suas ideias ao povo, eram os pregadores itinerantes neste
período da história da igreja18.
Abaixo está inserido as ideias deste importante pré reformador:

22
Jonh Wycliffe faleceu em 1384 na cidade de Lutterworth, ele é
chamado pelos historiadores de “Estrela Dalva da reforma”. No ano de
1405, no concilio de Constança, a igreja católica mandou abrir o seu
tumulo e levar os seus restos mortais que estavam em Lutterworth
para a cidade de Constança, lá a igreja queimou, jogou suas cinzas no
rio, e ele, foi declarado herege.
• John Huss (1373-1415).
Jonh Huus nascerá no ano 1373 na cidade do
Sul da Boêmia, Husinec (literalmente, “Goosetown”
Cidade do ganso), onde agora é a República Checa.
Jonh Huus foi um grande pregador. A pregação de
Huss foi em um momento certo para a nação, neste
momento havia um sentimento nacionalista no
povo na Boêmia contra o controle do santo Império
romano, isto contribuiu e muito, para que as ideias
Jonh Huss de Wycliffe fossem reproduzidas por este pré
reformador Jonh Huus. Após o casamento de

23
Ricardo segundo da Inglaterra com Ana de Boêmia, os estudantes
desta região migraram para a Inglaterra, ficaram influenciados pelas
ideias de Wycliffe, é neste contexto que surge Jonh Huss, que estudara
na Universidade de Praga, e chegara a ser reitor desta universidade no
ano de 1204.
A pregação de Huus não foi aceita pelo Papa, isto acarretou uma
inimizade com o Papa, que indignado com a mensagem deste
pregador, e mestre na Boêmia, o ordenou para comparecer a um
concilio na cidade de Constança, claro que o mestre Huus estava
seguro, pois ele tinha um salvo conduto do imperador. O salvo conduto
do imperador não foi cumprido, suas ideias foram condenadas pela
igreja. Jonh Huus foi condenado a ser queimado na fogueira, foi lhe
dado uma oportunidade de se retratar, porem ele não aceitou e foi a
caminho do martírio. Jonh Huus morreu queimado na fogueira no ano
1415, mas as suas ideias permanecem vivas, o corpo foi destruído, mas
as ideias não foram destruídas, os seus discípulos trataram de
disseminá-las.19 Os dois grupos mais que disseminaram as ideias de
Jonh Huus.

Taboritas: estes eram os discípulos mais radicais de Huus,


habitavam na cidade de Tabor na Boêmia, havia uma rejeição das
doutrinas romanas, os Taboritas não aceitavam o que não estava na
bíblia, a bíblia era a única regra de fé, ela está acima da tradição. Outro
detalhe sobre este grupo seria a sua posição escatológica, neste
período houve uma união de alguns proprietários de minas de ouro e
o cidadãos da cidade, esta união propôs uma sociedade com um
pensamento parecido com a ideologia comunista, era anunciado a
chegada do milênio, e neste milênio não haveria mais classes sociais,
não haveria mais diferença entre ricos e pobres, todos são iguais, a
promessa destes era que todos retornariam ao estado original do Éden,
de volta a inocência.
Alguns dissidentes deste grupo posteriormente formaram uma
sociedade que ficou conhecida como (Unitas Fratrum- Irmãos unidos,
ou irmãos Boêmios), isto ocorreu por volta do séc. XV, foi deste
movimento que surgiu a fervorosa igreja da Moravia20.

24
Ultraquistas: palavra deriva se do latim (sub utraque espécie, ou
seja, em ambas as espécies) quase na mesma linha que os Taboritas,
acreditavam também que aquilo que não estava na bíblia deveria ser
erradicado. Os Ultraquistas acreditavam que todos os fiéis em “ambas
as espécies”, ou seja, todos deveriam ter acesso ao pão e ao vinho na
Eucaristia, a Eucaristia deveria ser administrada a todos os fiéis em
“ambas as espécies”. Isto era na verdade contrário a prática romana
que durante a Eucaristia somente os sacerdotes bebem o vinho
consagrado21.

25
• Jeronimo Savonarola (1452-1498).

O monge Girolamo Savonarola nasceu em ferrara na Italia em 21 de


Setembro de 1452 ele era o terceiro dos sete filhos, seu pai era o
comerciante Niccoló de Michele dalla Savonarola e Elena Bonacolsi,
sendo este um descendente dos senhores feudais os nobres da família
Bonacolsi.
A igreja neste período estava enchafurdada na promiscuidade e no
pecado, não passavam de cristãos nominais, o sentimento de reforma
pairava sobre os homens de Deus, os ensinos de Wycliffe e Huus
estavam sendo disseminados para o povo, apesar de a igreja
estigmatizar estes dois ícones e seus ensinos, alegando que eram dois
hereges, a influência era tamanha que acabou influenciando um
monge Dominicano chamado Jeronimo Savonarola, um homem de um
caráter ilibado22. O monge Savonarola foi designado para a cidade de
Florença, sua mensagem era centralizada em uma reforma não
somente na igreja, mas também no Estado, sua pregação era contraria
as práticas de Sodomia e condenava a vida desregrada do Papa, suas
mensagens lhe valeram o martírio por enforcamento, infelizmente não
chegou a ocupar um quadro vanguardista como o de Wycliffe e Huus,
ele exigiu uma reforma interna e absoluta na igreja romana23. Dentre
os atos de destaque da vida de Savonarola podemos destacar as
“fogueiras das vaidades”, a comunidade local era convidada a lançar
todas os seus livros de licenciosos, cosméticos e artigos de luxo.
Os sermões de Savonarola eram interpretado pelo clero como
uma provocação direta a sua postura moral, por isto ganhou inúmeros
perseguidores que zombavam de suas mensagens e desprezavam os
seus seguidores referindo-se a eles com o termo Piagoni ou Wepeers.
Além de um bom sermão a da vida monástica e piedosa de Jeronimo
Savonarola, o seu ministerio também tinha experiências místicas, o
escritor Orlando Boyer em sua obra clássica heróis da fé descreve com
clareza como se deu esta experiência mística de Savonarola:
Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamente, em visão, os céus abertos
e passando perante seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe
pareceu ouvir uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar estas coisas ao povo1.

1
Boyer. S, Orlando. Herois da fé, Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. 15.
Edicão: Rio de janeiro. Editora: CPAD. 1999. Págs: 11,12.
26
Através da vida e da pregação de Savonarola o Espirito Santo
realizou um grande avivamento naqueles dias, o povo queria ouvir os
seus sermões, o desejo era tamanho que o povo se levantava a meia
noite e se aglomerava na rua aguardando a abertura da catedral de
Florença2. Mesmo Savonarola tendo este prestigio do povo e o dom
celestial da pregação ele não se deixava dominar pela soberba, ao
invés ele era uma pessoa simples, humilde e não se vendeu para
bajular o sistema. Esta postura lhe rendeu uma perseguição terrível,
ele foi confrontado pelo Frei Mariano que era seduzido pelo sistema,
nesta altura Deus usou de maneira profética Savonarola para
profetizar naquele ano a morte do regente Lorenzo, do Papa e do rei
de Nápoles3.

Compendio di revelatione, C. (1496),


De Savonarola.

• Martinho Lutero e a reforma protestante - (13 de outubro de


1517).

2
Ibid.
3
Ibid.
27
Martinho Lutero nasceu no dia 10 de
novembro de 1483, na cidade de Eisleben na
Alemanha, sua morte ocorre na mesma cidade
no ano de 1546. Seu pai era proprietário de
uma mina e pertencia a classe média alta, sua
mãe uma religiosa e piedosa mulher. Seu pai
tinha o desejo que Lutero se tornasse um
advogado, matriculou seu filho na
Universidade de Erfurt, o sonho de ver o filho
formado para advogar na Alemanha não se
concretizaria. No caminho que percorria de
Retrato de Lutero.
C. (1526).
Eisleben até Erfurt aonde estudava, Lutero
Lucas Cranach teve uma experiência que mudaria a sua vida,
um raio atingiu ao jovem estudante de direito
no caminho, ele quase morreu, no chão ele exclamou bem alto: “Santa
Ana me ajude-me e me tornarei monge!”. Pouco tempo depois,
Martinho Lutero vendeu todos os livros de direito e foi até o mosteiro
agostiniano em Erfurt24. Lutero foi noviço e depois tornou-se monge;
no mosteiro experimentou crises que estavam ligadas à sua ansiedade
espiritual aguda sobre o estado da sua alma. Ele não cria ser um
convertido genuíno, não via sinceridade em si mesmo, por isto
castigava se com o intuito de conseguir mérito diante de Deus. Uma
certa feita o próprio Lutero disse que sua vida no mosteiro foi a busca
por um Deus gracioso, porem em vez disto Lutero o temia e passou a
odiá-lo, não conseguia sentir o amor celeste em Deus somente a sua
ira.
Lutero se confessava exageradamente, o chefe do mosteiro João
Staupitz mandou que ele abandonasse o mosteiro e fosse estudar
Filosofia, Teologia e Bíblia na Universidade de Erfurt, e o enviou a Roma
a serviço da ordem agostiniana. Neste processo de formação
acadêmica o jovem monge recebeu uma educação totalmente
nominalista. Em 1511 Martinho Lutero vai a Roma a serviço da ordem
agostiniana, ele conhece a sede da igreja católica, ele tem a
oportunidade de visitar o Papa, ver a suntuosa igreja de Roma,
comtemplar os túmulos dos santos apóstolos, era a cidade mais
importante da cristandade. Nada disto convenceu Lutero, foi a maior
decepção de sua vida, em vez de santidade, ambiente cristão, o que ele
viu em Roma foi totalmente o oposto, uma cidade tomada pela
28
obscenidade, pela imoralidade, fraqueza, blasfêmia, era uma
verdadeira apatia espiritual, uma letargia espiritual e teológica, esta
era a condição da cidade mais importante da cristandade25.

Em 1512 Martinho Lutero obteve o doutorado em Teologia na


universidade de Wittemberg, neste período começou a lecionar nesta
ali algumas matérias bíblicas. Enquanto prepara as aulas sobre a carta
de Paulo aos Romanos em seu aposento na torre da universidade, ele
teve algumas experiências espirituais e intelectuais, estas experiências
são chamadas pelos biógrafos de Lutero, de as “Experiências da torre,
estes eventos se deram entre 1513 e 1518, a graça e a justiça de Deus,
estas questões inquietavam a mente do jovem professor26.
Em 1517 um vendedor de indulgências chegou em uma cidade
perto de Wittemberg com uma mensagem: “Tão logo moeda no cofre
soa, uma alma do purgatório voa!”. Este era o método do Papa
levantar fundos para a nova catedral do Papa em Roma, Lutero não
concordava com o dogma da indulgencia, pronto estava aceso o
estopim da reforma no seio a igreja romana, Lutero e mais alguns
reformadores não queriam um cisma, a proposta era reforma da igreja,
porém não houve como isto acontecer, a reforma ocasionou o cisma27.
No séc. XVI, em 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero
afixou as noventa e cinco teses na porta da catedral de Wittemberg na
Alemanha, suas teses denunciavam desvios doutrinários da igreja e do
clero, a única igreja oficial da cristandade ocidental estava mergulhada
em dogmas heréticos, esta era a denúncia. Em questão de meses as
teses de Lutero estavam sendo lidas em toda a Europa. O Papa Leão
ao ler as teses propostas por Lutero disse que Lutero estava bêbado,
até mesmo o apelidou de “Javali selvagem na vinha do Senhor” e o
excomungou28. Mas como andou rápido assim as noventa e cinco teses
de Lutero? Neste período da história já se tinha inventado a prensa de
Gutemberg, isto facilitou para que as teses de Lutero andassem rápido
pela Europa.

Após a reforma protestante a cristandade ocidental nunca mais foi


a mesma, houve uma revolução, desde 1510 nenhuma igreja
conseguiu unificar a sociedade ocidental, olhando por este prisma a
cristandade morreu. A ideia que permeava a idade medieval, de uma
29
igreja com sede em Roma deixou de existir, iniciou se um novo
fenômeno chamado “Denominacionalismo”, os escritores e biógrafos
concordam em dizer que este não era o objetivo de Lutero. O
movimento de reforma ganha força em vários lugares na Europa,
rapidamente toda a Escandinávia aderiu ao movimento de reforma,
alguns anos depois a Escócia e a Inglaterra também aderiram ao
movimento de reforma protestante. A resposta da igreja romana
contra a reforma demorou um pouco mais chegou, ocorreu no concilio
de Trento29, este fora um longo concilio que perdurou do ano de 1545
a 1563, a resposta da igreja romana de fato foi demorada, neste
interim surgem grandes reformadores após Lutero conforme é
registrado no quadro abaixo.

30
Lutero publica as 95 teses. C. (1878).
Julius Huebner.

31
32
CAPÍTULO II

OS EBIONITAS
2.1 Os judaizantes

Toda a ação de Cristo Jesus ocorreu no Oriente, poucos são os atos


de Cristo fora do território de Israel, em suma maioria todo o ministério
de Jesus ocorreu dentro dos territórios de Israel, a própria mensagem
de Jesus Cristo para Israel era compreendida por seus discípulos de
maneira muito diferente dos gentios. Este termo “gentios” era usado
pelos hebreus para com aqueles que não tem pertence a ascendência
dos Hebreus. O messias aguardado pelos hebreus, era um restaurador
do reino de Israel, isto está nítido em um trecho da escritura:
“Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo:
Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?
33
Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as
épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade” (At.1.6-7).

Nos dias Cristo os Hebreus eram governados pelos romanos, Roma


era a opressora da nação de Israel, havia no povo um sentimento de
revolta, que era incentivado pelo nacionalismo dos Hebreus, tinha até
uma facção entre os Hebreus chamada de zelotes ou zelotas, estes
apregoavam um amor extremo a pátria, um nacionalismo desenfreado.
Fora por causa desta facção que o general Tito marchou contra
Jerusalém, e efetuou um massacre no templo no ano 70 d.C. 30 A
mensagem de Jesus fora muito mal compreendida por estes judeus, e
por alguns cristãos da igreja do séc. I. O cristianismo do primeiro século
era muito parecido com o judaísmo, os romanos acreditavam que o
cristianismo seria um braço, ou uma ramificação do judaísmo. A maioria
os primeiros cristãos eram hebreus, que primavam pela guarda da lei, e
da cultura ou Ethos dos judeus. Havia poucos gentios no seio da igreja
primitiva, com o tempo foram agregando se inúmeros gentios da fé
Cristã, e estes cristãos Hebreus que primavam pela guarda da lei, da
34
cultura ou Ethos dos judeus, passaram a ser conhecidos como
judaizantes. Observe a crença de um judeu messiânico ou “judaizantes”
nos dias da igreja primitiva:

O cristianismo sofreu inúmeras mudanças, isto se deu


principalmente com a mensagem do apóstolo Paulo, o cristianismo
ganhou um novo alvo, a prioridade não era mais a restauração de Israel
e sim o coração dos gentios que eram rejeitados por estes Hebreus
cristãos, o cristo não era um mero profeta escolhido por Deus como
anunciavam os Judeus messiânicos adeptos da Cristologia baixa, a
mensagem do apóstolo Paulo colocava o messias como o Senhor e o
Cristo:
“Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo
a carne, e que com poder foi declarado Filho de Deus segundo o espírito
de santidade, pela ressurreição dentre os mortos-Jesus Cristo nosso
Senhor” (Rm.1:3-4).
Os outros apóstolos também foram influenciados por este novo
prisma que Paulo interpretava o cristianismo, este fenômeno foi
extraordinário, a contribuição de Paulo é tamanha que os teólogos
liberais argumentam que Paulo fundou um novo cristianismo. Na
verdade Paulo aprimora o cristianismo, ele incorpora alguns pontos
doutrinários no cristianismo como o arrebatamento da igreja, a
doutrina da graça, a abolição da lei, o Cristo o messias e divino Senhor
do universo, estas concepções teológicas de Paulo causou uma colisão
com as ideias teológicas dos judaizantes, por esta causa os judaizantes
se afastaram da comunhão da igreja dos gentios.
Na interpretação paulina do cristianismo o rito do batismo abolia
o rito da circuncisão, imagine um Hebreu ouvindo isto no primeiro
século era como uma blasfêmia, na tradição judaica a circuncisão faz
parte da cultura do seu povo, negar a circuncisão é negar a paternidade
de Abraão, pouco a pouco os ritos judaizantes, suas leis, e costumes,
estavam sendo abolidos pelo efeito da graça neotestamentaria, surgia
então os pensamentos opostos, e conflitos teológicos, este era o clima
dos irmãos no séc. I na igreja primitiva31.
35
Paulo além de teólogo, era também um excelente missionário,
levava a mensagem cristã a lugares distantes e inaugurava novas
comunidades ou igrejas nestes lugares por onde passava, delegava
autoridade a um pastor para ali conduzir aquele povo. Paulo era
também o mentor do líder e do povo daquelas comunidades, quando
surgiam duvidas na congregação ou problemas insolúveis o apostolo
Paulo orientava os seus liderados através de cartas, são treze cartas
redigidas as igrejas com instruções, conselhos, claro que nem todos os
eruditos aceitam que todas estas são escritas ou ditadas por Paulo,
alguns teólogos liberais concordam que Paulo elaborou somente sete
destas cartas.
2.2 Os Ebionitas
O efeito da graça ocasionou cismas dentro da igreja primitiva, a
igreja de fato estava mudando o foco da missão, era tempo de alcançar
os gentios, termo usado pelos hebreus para os que não tinham o
sangue Hebreu em suas veias, os próprios apóstolos estabeleceram
este acordo em uma reunião que está registrada no livro de Atos dos
apóstolos (At.15:1-32). Era uma decisão que eliminava qualquer
tentativa de mesclar o judaísmo com o cristianismo, era a cisão, a
separação de judaísmo e Cristianismo; Neste contexto os estrangeiros,
os gentios convertidos ao cristianismo, não seriam mais chamados de
prosélitos (termo hebreu para o convertido ao judaísmo), o gentio que
se convertia a Cristo era um cristão, um filho de Abraão como qualquer
judeu de sua época.

• (At 15:01-32) Normas apostólicas para os gentios

“Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior
encargo além destas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da
prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar. Bem vos vá”
(At.15:28,29). Ficou exposto pelo apostolo Tiago e pelo concilio em
Jerusalém quatro pontos que os gentios deveriam de se abster:

36
Não existia nada de novo na decisão do colégio apostólico, estas
quatro leis citada pelo conselho já haviam sido impostas por Moises no
antigo testamento (Lev 17-18), estas regras eram conhecidas como
regras de comungacão, na lei de Moises os gentios podiam habitar
entre os Hebreus, claro se cumprissem a lei das regras de comungação.
Ainda hoje os teólogos se divergem nas opiniões acerca da
intepretação desta decisão do conselho apostólico. Existem duas
interpretações sobre o assunto, vale a pena dissertar esta duas ideias,
no campo teológico estas duas são as mais aceitáveis. A primeira teoria
aceita a ideia de que a ordem era literal. A segunda teoria alega que a
decisão do conselho eram meramente alegóricas e morais, ou seja,
cada ponto da regra era de cunho pedagógico32.
As regras que foram definidas pelo Colégio apostólico, criaram
uma brecha de convivência entre judeus e gentios. Alguns judeus
convertidos ao cristianismo, ainda sentiam a necessidade de mais
algumas regras que não estavam inseridas na lista de regras de
convivência criadas pelo conselho apostólico, estes itens seriam (o

37
sábado, a circuncisão, e a lei dietética), por estes defesa destes itens
que surge um grupo defensor destas regras mosaicas, estes eram
denominados como os Ebionitas ou judaizantes cristãos. Este
movimento os Ebionitas surgiram no séc. II, a Wikipédia menciona a
probabilidade de os Ebionitas serem uma seita encontrada pelo
historiador Abd alJabbar ibn Ahmad por voltas do ano 1000. Na Arábia
Noroeste, especialmente nas cidades de Tayma e Tilmas, por volta do
século XI, aparecem no Sefer Ha'masaot, o "Livro das Viagens" do rabi
Benjamim de Tudela, um rabi de Espanha. O historiador muçulmano
do século XII, Muhammad al-Shahrastani menciona judeus a viverem
em Medina e Hejaz que aceitavam Jesus como uma figura profética e
seguiam o judaísmo tradicional, rejeitando os pontos de vista da
corrente cristã maioritária. Esta sobrevivência explica a descoberta de
duas pedras gravadas na França meridional, não muito longe de
Rennes-le-Château, uma delas com uma inscrição aramaica
relacionada com algum ritual Ebionita33. Em sintese a teologia desta
comunidade apresentava um evangelho híbrido, uma mistura de
judaísmo com cristianismo. Este grupo vivia na região do mar morto, e
era muito aceito pela igreja em Jerusalém, e nos arredores do Oriente,
porém este movimento não ficou preso neste espaço geográfico. Há
relatos históricos e documentais escrito por Epifânio que este
movimento criou núcleo em Roma e em Chipre. Com base nisto
imagino o quanto não foi difícil para o apostolo Paulo e os missionários
da igreja primitiva evangelizar, e pregar o evangelho com este
movimento contrário aos ensinos da graça de Cristo34.

38
39
 A Origem do grupo
Há algumas controversas acerca da origem desta comunidade,
temos duas teorias sobre a origem dos Ebionitas, as fontes de ambas
as teorias são de dois pais da igreja, são eles Tertuliano e Origines.
A primeira teoria seria a de Tertuliano um dos pais da igreja do
segundo século, Tertuliano alegava que “toda heresia começa com um
herege”35, com base nesta frase podemos entender que os Ebionitas
tinham uma origem no seu líder Ebion. Ao analisar os escritos de
Tertuliano encontramos uma teoria do qual ele fala da possibilidade de
Cristo ter sido inferior aos anjos:
“Esta opinião seria bem confortável para Ebion, que defende que
Jesus é um mero homem, nada mais que um descendente de Davi”. (Na
carne de Cristo - On The Flesh of Christ cap.14; cf. cap.18 e 24 –

40
Tertuliano também faz descrições sobre Ebion no terceiro capítulo da
sua obra – Aginst all Heresies)36.

Os escritos de Tertuliano nos mostram que este movimento tinha


um líder chamado Ebion, e que este grupo não cria na preexistência de
nosso Senhor Jesus Cristo, a Cristologia deste grupo era uma
Cristologia baixa, Jesus era um mero descendente de Davi que se
tornou o messias, não havia nada de divino nele, um homem que se
tornou o messias, esta crença ainda é mantida pela maioria dos Judeus
messiânicos nos dias atuais37.
A segunda teoria seria a de Orígenes um dos pais da igreja, ele
alegava que o nome Ebion em Hebraico quer dizer pobres (De Principiis,
Livro 4, Cap.1)38. Há um certo sarcasmo na concepção de Origines ao
referir se aos Ebonites, ele alega que esta pobreza referia-se a
intelectualidade do grupo, em um dos seus escritos ele satiriza o grupo
(Against Celsus, Livro 2, Cap.1). Esta concepção de Orígenes sobre a
pobreza dos Ebionitas, esta teoria da pobreza do intelecto do grupo foi
abraçada por um historiador chamado Eusébio de Cesárea que cita em
um dos seus capítulos algo muito interessante sobre esta teoria de
Origines: “Assim, em consequência geral de tal curso, também
receberam seu nome, o nome de Ebionitas, manifestando a pobreza do
seu intelecto. Pois é assim que os hebreus chamam ao pobre”39.

• As características e teorias doutrinarias dos Ebionitas


Havia dois tipos de Ebionitas: os moderados e os extremos. Os
moderados eram em menor número, porém a negação do nascimento
virginal de Jesus, a doutrina da encarnação, e a divindade de Cristo,
eram doutrinas negadas por ambos os grupos. Dentro da crença dos
Ebionitas existem seis pontos fundamentais, para compreendermos
ainda melhor esta teoria iremos realizar uma análise sobre estes dois
pontos doutrinários deste movimento, que alegavam ser os
verdadeiros representantes da fé dos primitivos apóstolos de Cristo.
 Eram pobres.
 Faziam votos de pobreza.
Voto de pobreza dos Ebionitas:

41
“[Jesus] lamentava a atitude daqueles que, vivendo nas riquezas e
nos prazeres, não davam coisa algum aos pobres. Recriminava-os
dizendo que haveriam de dar contas por não terem compadecido
daqueles a quem deviam amar como a si mesmos, nem sequer quando
os viam mergulhados na miséria” (Recognitiones 2, 29 – Documento
Pseudoclementido do início do terceiro século)40.

Eram vegetarianos:

Quando eles descrevem João Batista como alguém que se


alimentava de gafanhotos e mel silvestre. No Evangelho dos Ebionitas
lê-se: “Seu alimento, diz ele, era mel silvestre, de gosto semelhante ao
do maná, como se fosse bolo preparado em azeite”. (Epifânio, Heresias,
30.13). E na ocasião em que os discípulos pergunta a Cristo onde ele
teria interesse em comer o Cordeiro Pascal: Onde queres que
preparemos para comeres a Páscoa? E que Ele, da sua parte,
respondeu: Por acaso, desejei comer carne convosco nessa Páscoa?
(Epifânio, Heresias, 30.22)41.

Guardavam o sábado e o domingo:


Entretanto, também sabemos que os Ebionitas eram judeus
zelosos com a prática da lei, como judeus que eram, ou se diziam. Por
outro lado, mantinham o domingo como dia central da fé, como os
cristãos primitivos também entendiam. O mesmo Eusébio reconhece
isso: “Também observavam os sábados e outras disciplina dos judeus,
exatamente como eles, mas por outro lado também celebravam o Dia
do Senhor como nós, para comemorar a ressurreição”42.

• Obediência da lei Judaica:


Leis alimentares (A dieta cosher), e aos outros mandamentos
inseridos na lei veterotestamentária.
6. Cristologia baixa (adocionismo)
O Adocionismo, ou a Cristologia baixa, era a concepção teológica
que os Ebionitas enxergavam o Cristo, alegavam que Cristo seria fruto
da união sexual entre Jose e Maria, o escritor Barth Erdmans fala sobre
isto: “Ou seja, ele era um ser humano real, de carne e osso como todos
42
nós, que nasceu como o filho mais velho da união sexual de seus pais”43.
Na Cristologia Ebionita, Jesus seria um homem comum, nada mais que
um mero descendente de Davi. Esta visão clara negava a preexistência
de Jesus e sua eternidade, abolia a ideia da encarnação de Cristo.

A Cristologia Ebionita não é a Cristologia bíblica, o próprio Cristo


não apoiava esta interpretação:

“E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela


glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo.17:5).

Os apóstolos não apoiavam esta ideia em suas epistolas, Joao em


uma de suas epistolas o chama de verdadeiro Deus e a vida eterna:
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento
para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos,
isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”
(I Jo.5:20).
Judas, um de seus irmãos refuta esta Cristologia Ebionita, em sua
carta ele refuta a ideia de Cristo não ser divino, e ser um mero mortal:
“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este
mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de
Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso,
Jesus Cristo” (Jd.4).
Esta heresia continuou viva no seio da igreja, os pais da igreja
tiveram muito trabalho com alguns hereges que queriam tirar, ou
decepar a divindade de Jesus. Não foram somente os Ebionitas que
atacaram a Cristologia ortodoxa; Esta heresia continuou viva no seio da
igreja, os pais da igreja tiveram muito trabalho com alguns hereges que
queriam tirar, ou decepar a divindade de Jesus. Nos escritos
doutrinários dos pais da igreja a relatos de diversos hereges que
combateram a Cristologia ortodoxa:

43
Herege Heresia
Apolinário Apolinarismo
Ário Arianismo
Nestório Nestorianismo
Sergio de Constantinopla Monergetismo Monotelismo

Para preservar a Cristologia ortodoxa, e a doutrina da encarnação


os pais da igreja criaram um termo teológico (Communicatio
idiomatum), este termo mostra que a Cristologia verdadeira não
decepa, e nem anula, nenhuma das duas naturezas de Cristo Jesus, os
atributos divinos se comunicaram com a natureza humana de Cristo, o
nosso Senhor era Deus, divino, eterno, porem se vestiu da natureza
humana:
“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a
Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-
se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-
se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fl.2:6-8).
“Deus estava em Cristo, portanto em Cristo ele nasceu, comeu,
bebeu, cansou, sentiu fome, dor, chorou, dormiu e em Cristo morreu
por nossos pecados” (II Co.5:19).
Não há como separar o divino e o humano em Cristo Jesus, homem
e Deus, Deus e homem, este é o mistério da encarnação “Deus estava
em Cristo reconciliando o mundo (II Co.5:19). As cartas apologéticas dos
apóstolos, que eram os líderes da igreja primitiva, e as biografias acerca
da vida de Jesus chamadas de evangelho defendem a doutrina da
encarnação. Temos um relato disto no evangelho de São João, em seu
prologo ele descreve o verbo, a doutrina da encarnação:

44
“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi
feito se fez. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça
e de verdade” (Jo.1:2-03-14).

• Documentos Ebionitas, o ódio pelos apóstolos e por Paulo:


Como os Ebionitas firmavam a sus teorias? Quais documentos, ou
escrituras, eram usados por este grupo para se ter uma regra de fé, o
que era valido como escritura sagrada para os Ebionitas? Qual era a
bíblia dos Ebionitas? Como judeus eles prezavam pelo antigo
testamento, na teologia dos Ebionitas, o antigo testamento era a fonte
correta para se conhecer os desígnios, e as intenções de Deus para o
seu povo. Com base nesta informação era obvio que havia um
sentimento de ódio contra o apostolo Paulo, e seus escritos, os escritos
de Paulo combatiam todos os pontos doutrinários dos Ebionitas, entre
estes pontos um dos mais combatidos pelo apostolo era o da
circuncisão, o escritor Barth D. Ehrman comenta sobre isto:
“Na verdade, para eles Paulo estava errado não apenas com
relação a alguns detalhes menores: ele era o inimigo, o herege que
desviou muitos ao insistir que uma pessoa pode ser correta com Deus
sem guardar a Lei e ao proibir a circuncisão, o ‘sinal do pacto’, para os
seguidores”44.

Para os Ebionitas Paulo é um personagem altamente controverso,


observe o que Epifânio escreveu sobre esta opinião dos Ebionitas:
“declaram que ele era grego. Ele foi para Jerusalém, dizem eles, e
passou lá algum tempo, apossou-se dele uma paixão para se casar com
a filha do sacerdote. Por esta razão tornou-se um prosélito [um
convertido ao judaísmo] e foi circuncidado. Então, quando fracassou
em ter a rapariga, enfureceu-se e escreveu contra a circuncisão e o
sábado e a Lei"45.

45
Robert Eisenman diz que Paulo era membro da família real
herodiano46. Os herodianos eram da Idumeia, ou Edom, um estado
independente durante séculos que se tornou vassalo do reino de Judá,
mas que nunca foi inteiramente absorvido por este último. Quer Paulo
tenha sido grego, ou herodiano idumeu, é irrelevante de um dado
ponto de vista pois em ambos os casos ele era um estranho em relação
à cultura judaica47.

Não era somente Paulo, seus escritos, sua liderança e seu


apostolado que os Ebionitas negavam, temos um documento histórico
que revela um sentimento faccioso contra todos os apóstolos e seus
escritos: “Esses, de fato, por um lado pensavam que todas as epístolas
dos apóstolos deviam ser rejeitadas, chamando-os de apóstata da lei,
mas por outro lado, usando apenas o evangelho segundo os Hebreus,
consideravam os outros de pouco valor”48. Nestes documentos
apresentados acima, podemos perceber que os Ebionitas nutriam um
certo ódio contra os apóstolos, e contra Paulo e sua teologia. E neste
período que surgem os primeiros desigrejados, estes eram os Ebionitas,
um movimento paralelo a igreja. A conclusão seria que os Ebionitas não
somente combatiam os escritos apostólicos, como também a
autoridade, e a liderança apostólica. O único líder da igreja primitiva
que era reverenciado pelos Ebionitas era Tiago o justo, fora este havia
este sentimento de insatisfação e descontentamento por parte dos
Ebionitas.
Apesar de defenderem as leis dos judeus como regra de fé, os
Ebionitas não apoiavam os sacrifícios de animais. Claro que a partir do
ano 70 d.C., já não existia mais o templo, talvez por isto o sistema de
sacrifícios estivesse descartado da teologia dos Ebionitas, lembrando
que o cristianismo neste período, reunia se em casas, e não em
templos, isto afastou mais ainda os Ebionitas do sistema de sacrifícios
da antiga teologia judaica.
2.4: O Ebionismo moderno.
No capítulo anterior aprendemos o quanto este movimento, e sua
teologia influenciou na história da igreja, suas heresias não somente
resistiam ao tempo como também se camuflavam com uma roupa
nova, e hoje será que o Ebionismo ainda assombra a ortodoxia da
46
doutrina Crista? Se engane quem pensa que não, o Ebionismo ainda
está vivo e precisa ser combatido com veemência.
Neste ponto vamos abordar as raízes deste movimento, inseridos
em modismos e seitas que se denominam cristãs, porém em suas
regras de fé se assemelham e muito com o Ebionismo. Analisaremos
os movimentos ou seitas que professam tais práticas das doutrinas
praticadas pelos Ebionitas, mas o que estes movimentos têm em
comum? Suas crenças e regras de fé, suas regras de fé e pontos
teológicos se assemelham ao dos Ebionitas. Vamos citar pelo menos
cinco pontos que ambas professam, talvez claro algumas não
professem todos os cinco pontos citados, mas pelo menos concordam
em um ou mais dos pontos que citaremos abaixo:

47
Há inúmeras denominações, porem iremos inserir neste material
somente as mais expressivas igrejas e movimentos já conhecidos no cenário
nacional e Internacional, quero nesta obra destacar pelo menos três
movimentos que se destaca no cenario brasileiro hoje, estas denominações
mantém as mesmas características doutrinarias e teológicas dos Ebionitas,
mantendo assim os padrões teológicos deste movimento ainda vivo,
podemos caracterizar estes grupos como resquícios do Ebionismo ou
Ebionismo moderno:

 Igreja adventista do sétimo dia.

48
A observância do sábado por pequenos grupos, sempre esteve
presente na história da igreja, a igreja procurou tratar destes
judaizantes, o método que a igreja tratava destes assuntos polêmicos
como a questão do sábado seria através de concílios. Houve na história
da igreja dois concílios que tratou sobre este assunto os judaizantes e
aguarda do sábado. O primeiro foi o Concílio de Elvira, foi um concílio
regional celebrado no início do séc. IV em Elíberis ou Ilíberis (Elvira),
uma antiga cidade da Hispânia romana. A localização de Ilíberis / Elvira
é objeto de controvérsia; as teses com mais apoiantes apontam para o
que foi a capital da Taifa de Granada, Medina Elvira (ou Madinat Ilbira),
situada 10 km a sudeste de Granada, ou nesta última cidade50. O outro
concilio, ocorreu em Laodiceia no ano 364 d.C., neste período ainda se
tinha relatos sobre os sabatistas, estes eram os seguidores de Nestor,
observe o que nos informa este documento sobre os seguidores de
Nestor: “Os seguidores de Nestor não comem porco e guardam o
sábado. Não creem em confissão auricular nem no purgatório”51.
O movimento sabatistas fora condenado pela igreja no concilio
de Laodiceia no 364 d.C., porém posteriormente no séc. x, ainda se tem
relatos de grupos que simpatizam pela prática da guarda do sábado, e
das leis dietéticas do período veterotestamentario. O Ebionismo
proliferou suas ideias em pequenos grupos paralelos a igreja, é destes
grupos marginais que surgem os movimentos modernos sabatistas.
Dentre estes, destaca-se um movimento chamado de “O Millerismo”,
este movimento compreende um conjunto de ideias derivadas dos
ensinamentos de William Miller, este movimento atuou no âmbito
social e religioso na primeira metade do século XIX nos Estados Unidos.
Miller era um fazendeiro, membro e pregador leigo da Igreja
Baptista americana. Começando com uma leitura estritamente literal
das idades dos povos mencionados nos primeiros capítulos do Gênesis,
e de datas de outros eventos mencionados na Bíblia, entre eles a
purificação do Santuário relatado no livro do profeta Daniel (8:14),
Miller acreditou que os cálculos precisos eram possíveis para
estabelecer as datas das profecias bíblicas. Miller, juntamente com
diversos religiosos das mais diferentes denominações, chegou à
conclusão de que Cristo Jesus voltaria (grego: parousía, que significa
"vinda", "chegada" ou "presença") à Terra em 22 de outubro de 1844,
ou seja, no "Dia da Expiação" (Yom Kipur) do povo judeu. Durante
49
alguns anos passou a anunciar o Segundo Advento. Cerca de 100 mil
pessoas esperaram Cristo nesta data. Passada a data esperada, houve
uma nova análise dos textos bíblicos. Embora muitos aderentes
retornaram às suas tradições, um número de seguidores continuou a
acreditar na exatidão da data de Miller, este evento é compreendido
pelos adventistas como “O Grande Desapontamento”.
O maior grupo fortaleceu sua compreensão profética na breve
volta de Jesus e na sua intercessão no Santuário Celeste. Entre estes
estava a adolescente Ellen Gould Harmon que, casando-se com Tiago
White, passou a se chamar Ellen Gould White. Esta por sua vez
contribuiu para a formação de um grupo que em 1860, escolheram
para si o nome de Adventistas do Sétimo Dia52.
A instituição igreja Adventista do sétimo dia hoje no Brasil e no
mundo teve um crescimento muito grande, conta hoje com escolas,
faculdades, orfanatos, asilos, um canal de televisão, gráfica, editora,
igrejas com estruturas e acomodações muito boas, por ser adepta das
leis dietéticas do antigo testamento, conta com uma empesa que
fabrica alimentos saudáveis e aliás muito saborosos, isto não posso
negar. Esta parte administrativa da instituição é nobre demais, tudo
isto, claro favorece, e muito para o proselitismo praticado pela igreja
Adventista.
A base de sua mensagem teológica diverge em muito das Igrejas
evangélicas tradicionais, adotam um conceito exclusivista como é
comum das seitas, pregam sim para os não crentes, porém o alvo, a
ênfase, são os cristãos de outras denominações, esta prática é praxe
das seitas exclusivistas, são denominados como “pescadores de
aquário”.

• Pontos doutrinários defendidos pelos adventistas do sétimo


dia:

50
51
Observe a fusão teológica dos Ebionitas, com os pontos
doutrinários dos Adventistas, isto se nota nas regras de fé e doutrinas
relacionadas a: Cristologia, guarda do sábado e leis dietéticas. Se o
prezado leitor quiser saber mais sobre as regras de fé dos adventistas
52
e a defesa teológica destes pontos, recomendo a leitura da bíblia
apologética com apócrifos, nesta bíblia o caro leitor terá a refutação de
todos estes pontos citados acima, e os livros que estão citados no
rodapé abaixo53, adiante também teremos um capitulo que o assunto
adventismo e as suas doutrinas serão dissertados detalhadamente.
Houve muita divergência no seio do Movimento Adventista, isto
ocasionou alguns cismas no seio da instituição. Alguns grupos
cismáticos optaram por permanecer com o nome “Adventista”, apesar
de haver divergências teológicas entre ambos, mesmo assim
mantinham a base. Este termo tem uma esperança escatológica, o
termo “adventista” origina-se da palavra “advento”, ou seja, “vinda”,
refere se a segunda vinda de Cristo a este mundo. Os adventistas creem
que Jesus breve virá, e não tardará (Hb.10:3; Ap.1:7; 22:11-12).
Um fato interessante a ser dissertado neste assunto é que havia o
cisma institucional, porém as igrejas mantinham o nome Adventistas,
este fenômeno deve- ser por que o determinado cisma pode ter
ocorrido por divergências administrativas ou pontos teológicos,
ritualístico ou litúrgico. A crença nos escritos de Ellen G. White como
sendo equivalente a bíblia e nos pontos discutíveis dos escritos desta
profetiza. Notamos nestes cismas que a fé doutrinaria adventista estava
inserida no grupo cismático, os cismáticos somente tinham uma
liberdade dos jugos administrativos da igreja mater do movimento
adventista. Dentre as inúmeras igrejas que surgiram destas cisões
iremos destacar pelo menos seis instituições que são frutos de cismas
adventistas, estas manterão o termo “Adventista” na sua instituição.
Existem também alguns cismas adventistas que optaram por não
continuar usando o termo Adventista, porém concordam em quase
todas as suas bases doutrinárias e teológicas, principalmente com a
guarda do sábado, as leis dietéticas do antigo testamento e a
mortalidade da alma. O que estas igrejas e movimentos tem em
comum? A guarda do sábado, a observância das leis
veterotestamentaria, uma Cristologia parecida com a deturpada, é
nítido a heresia Ebionista está nos dias de hoje claro com uma nova
roupagem, e com algumas adaptações, e alguns ajustes, uma mudança
aqui e outra ali, mas a base é a mesma, trata-se de um evangelho
hibrido, cujo o efeito da graça não é absoluta para a salvação do homem.
De acordo com este evangelho hibrido a salvação do homem depende
53
do cumprimento de ritos mosaicos, é preciso o homem guardar a lei
dietética, e claro o sétimo dia conhecido na nossa cultura como o
sábado. A doutrina adventista e mesclada com as crenças ebionista na
verdade trata se de um retrocesso da fé, são homens tentando costurar
novamente o véu que foi rasgado na cruz do calvário (Mt 27.51). Faz se
necessário o cristão se defender desta teologia judaizante, é preciso nos
defendermos destes argumentos falaciosos. As cartas de Paulo devem
ser analisadas e lidas pelos cristãos, dentre estas destaco duas, a carta
aos Gálatas, e aos Colossenses. A bíblia ainda conta com mais dois livros
que dissertam este assunto com maestria, a carta de Judas e a Carta aos
Hebreus. Estas duas cartas além de serem documentos de cunho
apologético, as duas cartas são indispensáveis para se livrar das
armadilhas teológicas destes grupos sectários Sabatistas.

54
Na dissertação deste assunto temos um fato a notar, observe que
a guarda do sábado e a lei dietética são os pontos mais expressivos
destes grupos, estas doutrinas são o cartão de visitas, as regras de fé
destes grupos. O sábado e a lei dietética são doutrinas que compõe a
graça, ou seja, sem a guarda do sábado não há salvação, a graça não
basta para salvar o pecador. Graça é uma entrega absoluta, é uma
renúncia diária, e não somente um dia na semana, eu posso claro ter o
sábado para descansar, porem isto seria pessoal, e não uma regra de
fé, observe os dias que o apóstolo Paulo orienta a igreja guardar:
“Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.” (Gl.4:10).
Há um documento que servia de Fonte de ensino para a igreja
primitiva, era conhecido como Didaquê ou Didaquê, (Διδαχń, "ensino",
"doutrina", "instrução" em grego clássico), Instrução dos Doze
Apóstolos (do grego Didache kyriou dia ton. dodeka apostolon ethesin)
ou Doutrina dos Doze Apóstolos. É um escrito do séc. I, este documento
seria um catecismo cristão, nele está inserido a forma como os
apóstolos ensinavam a igreja acerca do dia do Senhor, neste
documento este dia não era o Sábado, ou sétimo dia, o dia do Senhor
neste documento seria o primeiro dia: “Mas a cada DIA do
SENHOR…ajuntai-vos e partilhai do pão, e fazei vossas ações de graça
após ter confessado vossas transgressões, para que o vosso sacrifício
possa ser puro. Todavia não deixai ninguém que está em divergência
com seu amigo agregarse a vós, até que eles estejam reconciliados,
para que o vosso sacrifício não possa ser profanado”.
Não se pode negar que o “domingo “foi na verdade o dia solis, ou
dia invictos em homenagem ao Deus sol, e que havia um sincretismo
religioso na veneração deste dia, isto a história da igreja nos afirma. O
que eu não posso é formar uma concepção teológica de que este dia, o
primeiro dia da semana, ou o domingo, seria o sinal da besta de que
está inserido no livro de apocalipse, que os infiéis serão marcados,
(Ap.13:16-18). Esta interpretação é defendida pelos adventistas, e por
comunidades defensoras do sabatismo, consideram a guarda do
sábado como um sinal divino. A base para esta teoria seria dois
versículos do antigo testamento: Demais lhes dei também os meus
sábados, para servirem de sinal entre mim e eles; a fim de que
55
soubessem que eu sou o Senhor que os santifica. E santificai os meus
sábados; e eles servirão de sinal entre mim e vós para que saibais que
eu sou o Senhor vosso Deus56.
Não há base para esta interpretação com estes versículos citados
acima, o contexto não envolve a igreja, e sim Israel no exílio. Observe o
plural “Sábados”, o texto está relacionado a prática dos sete sábados
anuais, ou cerimoniais, isto num contexto veterotestamentario. O que
Deus estava enfatizando para Israel era para manter a fidelidade para
com a sua lei na terra estrangeira no contexto o território seria a
Babilônia no período do Exilio.

Portanto o domingo, ou primeiro dia da semana, nada tem a ver


com a marca da besta, e o Sábado não é o sinal de Deus para a igreja,
uma teoria sem fundamento dos Sabatistas. Com base no que já lemos
até aqui sobre os Sabatistas, chegamos a seguinte conclusão, a guarda
do sábado, a observância da lei veterotestamentaria (Leis dietéticas),

56
uma Cristologia deturpada, mostra a heresia antiga dos Ebionista com
uma nova roupagem. No que tange a questão do sábado, citarei dois
versos como base teológica e doutrinaria:
E dizia-lhes: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para
o sábado; e, para dizer tudo, o Filho do homem é senhor também do
sábado" (Mc.2:27:28).
“Não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." (Rm.6:14).
• Movimentos e congregações judaico messiânicos
Apressar de haver uma similaridade com os Adventistas, pelo
menos em alguns pontos doutrinários, como a guarda do sábado, e a
observância das leis dietéticas, e a Cristologia, nesta última diferem se
por detalhes. O movimento “judeus messiânico”, quero assim
denominá-los, por se tratar de várias células e grupos que professam
esta fé no Brasil e no mundo.
Existem cismas no movimento judaico messiânico, as divergências
teológicas ocorrem por alguns pontos doutrinários. Na verdade
existem dois tipos de Judeus messiânicos, o primeiro seriam judeus
remanescentes do movimento dos Nazarenos e dos Ebionitas do
primeiro século, estes grupos foram segregados por judeus e pelos
cristãos, este grupo aceitava a Cristo como o messias ou maschiach em
hebraico, e por isto não pertenciam mais ao judaísmo e também não
aceitavam o cristianismo pregado por Paulo. Fica evidente que neste
período ser um judeu messiânico não era muito fácil, o indivíduo, ou
comunidade que aderisse a esta crença sofria uma dupla segregação. A
teologia deste grupo era combatida por quase todo os períodos na
história da igreja, os pais da igreja em seus escritos sempre combatiam
esta crença, houve concílios já citados nesta obra que refutaram as
práticas, e as concepções doutrinarias destas comunidades. As práticas
neste contexto seriam (a guarda do sábado, as leis dietéticas), as
concepções teológicas doutrinárias destacada destas comunidades
seriam a Cristologia defendida por estes grupos, a síntese da crença se
definia como Adocionismo, o filho não era divino, nem eterno na
definição da Cristologia destas comunidades, por isto disse que
pareciam com os adventistas. Geralmente estas comunidades negam a
doutrina da Trindade, os adventistas creem na trindade, porém a
maioria das comunidades judaico messiânicas simpatizam por um
57
monoteísmo radical, como o do Islã ou do Judaísmo. Uma das mais
obras mais notáveis contra o judaísmo seria a obra de Justino de
Roma57.
As comunidades de judeus messiânicos divergem sobre a definição
da Cristologia, há divergências de interpretações sobre o assunto, os
grupos se divergem em interpretações sobre este tema. O principal
movimento messiânico crê em Yeshua como sendo "a Torá (palavra)
feita carne", tem como referência o evangelho de João58. No quadro
abaixo iremos citar as teorias das comunidades judaico messiânicas
sobre a divindade de Yeshua, devido às divergências surgem várias
interpretações e pensamentos:

 Ele é um ungido (tal como Elias ou Moisés) de D'us.


 Os Dualistas acreditam que ele é Deus encarnado.
 Os Unicistas acreditam que ele é uma manifestação de D'us.

Os unitários humanistas acreditam que Yeshua é filho de José com


Maria, mas como desde o útero de sua mãe ele teve sobre si o Espírito
do Eterno e como nunca haver transgredido nenhum dos
mandamentos, mas os cumprindo a todos, por causa disto foi lhe
concedido o título de Primogênito Filho do Eterno59. A partir do início
do séc. XIX o movimento “judeus messiânicos” passa a ser conhecido
como judaísmo messiânico moderno, ou movimento messiânico.
Apesar que no ano de 1718 John Toland, em sua obra Nazarenus, havia
sugerido a ideia de que os "cristãos entre os judeus guardassem a
Torá". Somente no início do século XIX nasceu o movimento cristão-
hebreu na Inglaterra. No ano de 1886, foi fundada em Chişinău, na atual
Moldávia, a primeira Congregação JudaicoMessiânica, seu fundador
chamava se Ioseph Rabinovich60.
Também na Inglaterra surge o movimento conhecido como
"hebreu-cristianismo", o princípio básico deste grupo era reunir cristãos
de origem judaica, o propósito também era o de conscientizar de sua
identidade judaica, e reavivá-la, este grupo chamava-se Hebrew-
Christian Alliance of Great Britain, este movimento foi organizado na
Inglaterra, no ano de 1866.

58
No ano de 1915 nos Estados Unidos, surge uma organização similar
foi, a Hebrew Christian Aliance of América, no ano de 1976 este nome
sofreu uma mudança, passou a ser chamada de Messianic Jewish
American Alliance61. Em 1925, uma foi criada uma organização nacional
com o mesmo propósito, seu nome seria Internacional Hebrew-
Christian Alliance, posteriormente passou a se chamar International
Messianic Jewish Aliance.
Em meados de 1979 foi fundada a Union of the Messianic Jewish
Congregations (UMJC), porém foi a partir de 1960 que o moderno
judaísmo messiânico fora "estabelecido", e passou a ser conhecido
como um movimento de raiz judaica, para tanto este movimento se
intitula como um movimento originalmente judaico, fundado por
membros judeus e para judeus, embora ainda hoje não seja
reconhecido com tal. Este movimento difere-se de um outro
movimento chamado Judeus para Jesus (Jews for Jesus), este segundo
é reconhecido como protestante e tem a única finalidade de promover
a conversão dos judeus ao cristianismo, houve uma resposta do
judaísmo para este segundo grupo citado a resposta seria a criação do
movimento Jews for Judaism ("Judeus para o Judaísmo")62.
No ano de 1985 fora fundado o movimento Ebionite Jewish, seu
fundador chamava-se Shemayah Phillips. Esta comunidade tem sua
base teista num estrito monoteísmo, reconhecendo Yeshua como um
profeta justo, e no que tange a sua base escrituristica tem como a base
a Torá e defende uma interpretação judaica do Tanach. A esperança
deste grupo na interpretação das escrituras, é o fato que as escrituras
proporcionem um meio de união entre judeus e gentios, para a
implantação de uma sociedade mais justa, cujo os pilares serão
erguidos tendo como base as escrituras sagradas. Um detalhe
interessante sobre esta comunidade é o cristianismo defendido por
eles, sua teologia cristologica é a cristologia baixa, sendo assim fica
claro e evidente que este grupo, assim também como os outros que
foram citados neste tópico tem a sua teologia num Cristo humano e
não num Deus homem como defende a tradição cristã.
Outra doutrina defendida por estas comunidades seria a
pronunciam do nome do messias corretamente. Os messiânicos alegam
que a pronúncia do nome do messias seria no idioma hebraico. Não
59
aceitam nenhuma pronúncia em português, ou qualquer outro idioma,
a não ser no hebraico. Isto se aplica também a Deus, para estas
comunidades o termo “Deus” não é válido, alegam que Deus é um título
aplicado a qualquer divindade, para estas comunidades o termo refere
se como expressão pagã, por este motivo não gostam desta expressão.
Quando se referem ao divino usam o termo “Eterno”, dizem que o
nome deste eterno seria Hashem63. Claro que existem no mundo, e no
Brasil, inúmeras comunidades, ou grupos que professam a fé judaico
messiânicas, porém quero deixar três grupos, em três em Estados
diferentes64:
• Congregação Adonai Shamah – Rio de janeiro
• Beit Tefila Rechovot (Casa de Oração Rechovot) – Espírito-Santo
• Ensinando de Sião – Minas Gerais

O primeiro grupo acima citado acima difere em alguns aspectos


doutrinários, porém a base não difere em quase nada, é um
cristianismo híbrido, uma mistura de fé no messias, com as leis e as
tradições judaicas. Geralmente ambos os grupos não aderem a prática
da circuncisão, preferem o batismo como na tradição cristã, em
algumas comunidades judaico messiânicas extremistas as
comunidades aderem tanto ao batismo, como também a circuncisão,
para ser salvo é necessário ter participado de ambos estes ritos (a
circuncisão e o batismo).

O segundo grupo é um pouco mais moderado, são na verdade,


igrejas evangélicas que aderiram a pontos de fé ligados ao judaísmo,
guardam o sábado, a lei dietética, e mantém a fé na Torá, e na Tanach.
Neste segundo grupo aderem à prática do batismo em águas, em
algumas comunidades não fazem questão da pronúncia do Nome do
messias em hebraico, os cultos são como reuniões pentecostais,
digamos que são fervorosos, em alguns casos fazem uso da
manifestação do Espírito Santo.
Os apetrechos judaizantes citados acima, a barba grande isto em
ambos os casos, são marcas dos dois grupos de judeus messiânicos.

60
As festas judaicas também são observadas por ambos os grupos, a
ceia é anual, na mesma data da Páscoa judaica, o calendário de
celebração é judaico:” A Pascoa Judaica só foi proibida de ser celebrada
no Concílio de Antioquia, em 341 d.C., e demorou quase 400 anos até
que as pessoas tivessem deixado de vez esta tradição dos apóstolos.
Assim, os cristãos de hoje deveriam obedecer ao apóstolo Paulo e
seguir o exemplo dos primeiros crentes, realizando em suas igrejas e
em suas famílias um jantar festivo, com pão sem fermento, o cordeiro
assado e ervas amargas, para se lembrarem de como a vida era amarga
antes de conhecermos a Yeshua, e como ele nos RESGATOU com mão
forte das garras do inimigo e da escravidão do pecado, e nos fez NOVA
CRIATURA sem o fermento do pecado. Deveríamos todos celebrar
neste dia como o SANGUE do Messias foi derramado por nós, nos
marcando e nos consagrando a Deus”65.
Os elementos da ceia seriam: o pão (asmo) e vinho puro, e na
maioria das comunidades é inserido o lava pés como regra de fé e
doutrina. Estes dois grupos citados acima, não se diferem em quase
nada, a liturgia talvez difira em pouca coisa uma da outra. Vale ressaltar
que o segundo grupo em alguns casos é composto por cismas de igrejas
evangélicas, na maioria dos casos são cristãos renovados ou de origem
pentecostal. Outro aspecto que ambos os grupos se assemelham seria
a definição escatológica, ambos os grupos têm quase uma mesma linha
de pensamento sobre esta ciência teológica, haja visto que alguns que
saíram do ambiente pentecostal, ainda mantém a sua crença na
escatologia pré-tribulacionista, e ainda privam pelo
dispensacionalismo, ou a doutrina do escapismo Darbynista, porém a
linha escatológica predominante por ambos os grupos seria o pré-
tribulacionismo66.
Logo acima na lista consta inúmeras igrejas que tem como
doutrina a guarda da lei mosaica, o sábado e as leis
veterotestamentaria, porém quero destacar quatro movimentos
fortíssimos no mundo e no Brasil:
• Igreja Universal Assembleia dos Santos (IUAS)
• Igreja primitiva Universal de Jesus Nazareno
• Igreja primitiva reinado de Jesus Cristo o nazareno

61
• Ministério Casa de Israel.
Estas comunidades são judaizantes em suas práticas, e crenças
teológicas. Diferem se por pequenos detalhes culturais, porém definem
se como herdeiras das crenças judaico Messiânicas, em suas práticas e
doutrinas está inserido às crenças dos Ebionitas. No fundo escondem
as raízes teológicas dos Ebionitas, de fato é uma heresia antiga, com
uma roupagem nova.
• Movimento do Nome sagrado (MNS).
O Movimento do Nome Sagrado (MNS), ou “Yahweismo”, surge
em meados de 1930, seu início se dá por um cisma dentro de outro
movimento o Adventismo. Este movimento teve como líder Clarence
Orvil Dodd, a ideia deste movimento seria ajustar a fé crista com as
raízes hebraicas. Este movimento passou a ser conhecido pelas siglas
MNS, por causa de sua defesa do uso do nome sagrado YHWH (‫)ה יה ו‬
o Tetragrama, este seria o nome histórico do Deus de Israel. Esta
questão do nome original aramaico, ou hebraico cabe também a Jesus
(Yeshua), que muitas das vezes é transcrito erroneamente como o de
Josué (Yeshoshua).
Existem diversas comunidades que aderem a esta doutrina (MNS),
apesar disto há sérias divergências entre estas comunidades sobre a
pronúncia correta do nome do Messias, algumas comunidades
extremistas condenam ao fogo do inferno aquelas comunidades que
não pronunciarem corretamente o nome do Salvador.

62
Estas comunidades apesar de se divergirem acerca do Nome
sagrado, e da tradução correta, conservam algo em comum, em suma
maioria, privam pelas leis do Antigo Testamento e suas cerimônias,
como a guarda do sábado, festivais inseridos na Torá, e as leis
dietéticas. Este movimento (MNS), após o cisma com o Adventismo,
passa a ser conhecido como Assembleia de Yahweh", o Local de origem
como dito acima foi em Holt, Michigan nos EUA. Nas comunidades do
nome sagrado ocorrem certas divergências sobre algumas questões
teológicas e culturais, dentre eles há aqueles que não creem na
divindade de Cristo, alguns não aceitam o evangelho de Mateus como
autêntico, e ainda outros guardam o sábado e usam roupas distintas
para fins de santidade. A origem destas heresias é como a de muitas
outras, se dá a partir de revelações, paralelas a bíblia, seus líderes
alegavam que um dos membros teria sido visitado por dois anjos que
trouxe a mensagem do verdadeiro nome do Messias, claro não seria
Jesus e sim "Yehoshua”70.

Não demorou muito para que ocorresse cismas no interior da


comunidade, destaca se um líder chamado Jacob O. Meyer, este é o
fundador da organização Bethel, esta independência teria um alcance
nacional nos EUA. Outro cisma na comunidade Assembleia de Yahweh
ocorreu no começo dos anos de 1980, arquitetada por Donald
Mansager, junto dele vários anciãos, deram início a "Assembleia de
Yahweh no Messias"71. Este movimento quando surge pega de
surpresa alguns lideres incautos, estes por não saberem se defender
teologicamente acabaram cedendo a esta heresia. Com a influência
sobre o povo os pastores que aderiram a nova doutrina convenceram
muitos fiéis a se tornarem prosélitos judaizantes. Dentre estes temos
dois que se destacam, são eles: Alan Mansager e Robert Wirl.
Não demorou muito para que houvesse cismas no meio do
MNS, devido a desentendimentos e divergências teológicas surgem
algumas facções e comunidades independentes no início do MNS72.
Alguns eram radicais no que tange a guarda da lei mosaica gerando
um retrocesso na graça, havia ainda a questão da pronuncia do
nome eterno e do Nome de Cristo. Uma das características
marcantes dos fiéis deste movimento é a alteração na cultura, além
do retrocesso teológico é nítido um desprezo a cultura ocidental.
63
Abaixo no quadro está inserido os nomes de algumas
denominações que resultaram destes cismas internos do MNS:

Os grupos acima são movimentos do "Nome Sagrado" e possuem


ligações histórico doutrinários com a "Assembleia de Yahweh" original,
na verdade, são cismas desta primeira comunidade, suas bases tanto
doutrinárias e teológicas são similares ou quase idênticas. Durante os
anos de 1970 este movimento ganhou força no Brasil, conseguindo
penetrar e dividir muitas denominações Pentecostais, vale ressaltar
que a maioria tinha como base a guarda do sábado, e as leis dietéticas.
O cristianismo protestante neste período no Brasil em suma
maioria sofria uma precariedade teológica, esta deficiência foi a brecha
para os divisores inserir a semente da dúvida na mente de algum fiel ali
naquela comunidade, este foi o estopim para um grande cisma. Outro
fato a se notar neste contexto é a mescla teológica que estas igrejas
aderiram para o seio de sua denominação, aa concepções teológicas
aderidas somaram na fragmentação teológica que já existia no seio
destas comunidades. A mescla teológica gera uma fé fragmentada
tendo uma pseuda ortopraxia e uma falsa ortodoxia, isto por que as
bases teológicas do adventismo e do pentecostalismo se divergem em
concepções doutrinarias e teológicas, com base neste argumento
podemos imaginar o quanto esta comunidade se digladiavam acerca de
64
pontos doutrinários e teológicos, nos campos soteriológico e
escatológico são duas doutrinas que poderiam causar colisões e choque
entre os fiéis.
Lista de comunidades que sofreram com a inserção deste movimento .

Em 1987 surge no Brasil, no estado do Paraná na cidade de


Curitiba, mais um movimento do MSN, são chamados de “As
testemunhas de Yehoshua”, seu fundador chama se Ivo Santos de
Camargo, como a maioria dos líderes do MSN o fundador não possui
formação teológica formal, o mesmo alega ter estudado hebraico
durante dois anos, isto após a suposta revelação que o líder teve para
que a seita surgisse, o líder alega que recebeu uma revelação direta de
Deus sobre a pronúncia exata do tetragrama, o nome divino, as quatro
consoantes [YHWH] e que esse nome é o mesmo do Salvador, o messias
no novo testamento73. O líder toma para si o título de filho da
revelação, portanto a sua missão e sua ordenação ministerial seria um
comissionamento, um chamado direto do próprio Deus, assim como foi
com Abraão, Moisés, Isaias, Ezequiel, Jeremias, e outros profetas, neste
caso não houve a necessidade de uma instituição, ou ministério para
consagrar o líder do Movimento a um cargo eclesiástico. Claro que isto
foge do modelo bíblico, em que o Espírito Santo indica, e usa a igreja, e

65
os ministros para efetuar a consagração de um indivíduo ao santo
ministério com o ato da imposição de mãos74.
Em (At.6:1-6) na ordenação de diáconos a prática se repete, os
apóstolos que no caso representam o ministério, ao separar os
diáconos para a função, logo há o ato de imposição de mãos, este ato
representa uma transferência de autoridade. Este é o modelo correto,
bíblico inserido no novo testamento, se não for por este meio trata se
de uma inovação teológica, modismos ou em alguns casos surtos e
delírios.
Com base nesta “revelação” recebida direta de Deus, o fundador e
a seita ensinam que o nome “Jesus” é uma abominação, uma herança
do paganismo, e do catolicismo romano. O nome que veio do céu para
a salvação dos homens seria Yehoshua. Hoje este movimento tem
raízes no Brasil e fora do país. Aqui no Brasil tem comunidades
espalhadas desde o Rio Grande do norte ao Rio Grande do Sul, não
houve um vasto crescimento, o trabalho geralmente é em pequenos
grupos ou células75. Não se tem um número exato de adeptos, nos EUA
alguns acreditam que existem perto de 7.000 adeptos. Aqui no Brasil
não existe estatística exata quanto ao número correto de membros.
Podemos ter uma base pelo tamanho das comunidades existentes,
como dito acima em suma maioria são pequenas células,
possivelmente não ultrapasse a cifra de mil membros76.
• Pontos doutrinários e similaridades doutrinárias
Um dos líderes chamado Josué Breves Paulino, e a comunidade,
alegam ser os restauradores do Nome Sagrado, e que este movimento
esteve adormecido por dois mil anos, e que só agora houve este
despertar devido às revelações que obtiveram do seu líder77.
Vamos fazer uma análise ainda que sucinta nos doze pontos
teológicos, e nos conceitos defendidos por este movimento. Por conta
dos Cismas internos da comunidade que professam o nome sagrado,
temos aqui um perfil doutrinário das comunidades. Temos doze pontos
doutrinários e teológicos deste movimento “As testemunhas de
Yehoshua”, e das outras comunidades que professam o nome Sagrado.
Estes pontos seriam a base de todo o movimento do nome Sagrado78:

66
1. Alguns negam a inspiração do Evangelho de Mateus, sob
alegação de que é um livro apócrifo.
2. Ensinam que o nome correto de Jesus é Yehoshua e que Jesus
significa deus-Cavalo.
3. Fazem ligação entre Jesus (no grego Iesous) com Esus, um deus celta,
pretendendo com isso afirmar que os cristãos são pagãos.
4. Ensinam que o número 666 (número da Besta de Ap.13:6–18) se
enquadra no nome de Jesus.
5. Negam o nascimento virginal de Jesus, ensinando ser ele filho de
José e Maria.
6. Negam a doutrina da Trindade, afirmando que o Pai é o Filho e o
Filho, o Pai.
7. O batismo é realizado em nome de Yehoshua-Maschiach.
8. Crêem em duas classes de pessoas: os cristãos, que vão para o céu; e
os judeus, assírios e egípcios, que irão herdar a terra.
9. Negam a salvação de quem invoca o nome de Jesus. Só há salvação
para quem invoca o nome Yehoshua.
10. Ensinam a guarda do sábado como fator necessário à salvação.
11. Renegam o nome de “cristãos”, dizendo que tal nome foi dado para
escarnecer dos discípulos, é um nome pagão.
12. Guardam festas e dias tipicamente judaicos; outras usam véu,
praticam lava-pés, ósculo santo, comem pão ázimo.

O movimento do Nome Sagrado (MNS), ou Yahweismo, é uma


realidade no Brasil, estes grupos costumam entrar nos templos
pentecostais e durante a reunião manifestar seus credos de fé, isto
gera um transtorno durante a reunião. O Dr. Ezequias Soares em um
dos seus artigos de estudos apologéticos, publicados pelo site CACP,
mostra com clareza está tática das comunidades do Nome Sagrado: “Os
adeptos da nova seita costumam visitar os templos evangélicos em
grupos, para tumultuar o ambiente. Um membro do grupo pergunta ao
pregador sobre Yehoshua e Jesus. É óbvio que dificilmente vai encontrar
alguém que saiba hebraico, nem elas mesmas o sabem, são pedantes.
Quando o pregador se embaraça os demais membros do grupo
começam a gritar criando uma verdadeira balbúrdia no culto. São
67
proselitistas. Estão preocupados em arrebanhar os cristãos
evangélicos, pois estes são pescadores de aquários”79.

• Líderes destes movimentos (MNS).


Apesar da fragmentação das comunidades que professam o Nome
Sagrado, temos no Brasil alguns líderes que se destacam no seio destas
comunidades, é óbvio que existem muitos outros, porém estes se
destacam por escrever literaturas em defesa do movimento do Nome
Sagrado:

• O movimento pentecostal e os neopentecostais.

Ambos os movimentos estão ligados, quero explicar a origem do


movimento neopentecostal, para isto é necessário fazer uma análise
do movimento pentecostal, o fenômeno neopentecostal emerge do
Movimento pentecostal. Houve uma mudança no cenário cristão, este
fenômeno trouxe um reavivamento para a igreja. Temos dentro da
história da igreja diversos movimentos de reavivamento no decorrer
dos séculos, o fenômeno pentecostal seria o resultado, a síntese do
choque do movimento de reforma com os movimentos de
68
reavivamento que veremos abaixo. O pentecoste tem suas raízes
nestes movimentos de reavivamento do passado. Veremos alguns
movimentos de reavivamento que ocorreram nos anais da história da
igreja crista:

Pietismo: Surgiu na Alemanha, no final do séc. XVII, obteve o seu


auge entre 16501800 no seio da igreja Luterana, teve como fundador
Jacob Spener, era conhecido por sua obra Pia desideria num período
em que a base da teologia, da fé, e da instituição era a razão80.
Após este movimento o mundo protestante nunca mais foi o
mesmo, houve o surgimento de movimentos religiosos independentes
de inspiração protestante tais como: o Metodismo, o Movimento de
Santidade, o Evangelicalismo, o Pentecostalismo e o
Neopentencostalismo e grupos carismáticos. Estes movimentos
tiveram influência da teologia liberal de Friedrich Schleiermacher, e a
filosofia de Immanuel Kant81.

Os morávios: O conde Nikolaus Ludwig, Reichsgraf von Zinzendorf,


mais conhecido como Nicolau Ludwig von Zinzendorf, nasceu em uma
família nobre teve uma formação pietista, estudou em Halle dos 10 aos
17 anos. Desde a sua fé em Cristo sempre foi inabalável, sempre
fervoroso e muito temente a Cristo, na sua mocidade, ao ingressar no
serviço público no de 1721, continuou a ter como interesse
predominante o cultivo do temor a Cristo e a “religião no coração, foi
durante este período que entrou em contato com os morávios82.

Os Morávios renovados: Neste tempo fundaram uma vila em sua


propriedade, o nome desta vila era Herrnhut (“a vigília do Senhor”).
Houve um crescimento da comunidade, isto trouxe muitos de longe
para se agregar aquele movimento, logo se uniram a ela muitos
pietistas alemães, e outros entusiastas religiosos83. Logo de início o
conde Zinzendorf não dispensou a eles muita atenção, porem no ano
de 1727, o conde Zinzendorf começa a assumir a liderança espiritual do
grupo, houve no início alguns cismas na comunidade, porém foram
superados com êxito, e no dia 13 de agosto de 1727 foi realizado um
culto que marcou a história do movimento, foi intitulado de “culto de
comunhão”, este evento veio a ser considerado o renascimento da
69
antiga Unitas Fratrum, a Igreja Morávia renovada. A partir deste evento
histórico, Herrnhut tornouse uma fervorosa e disciplinada comunidade
cristã, teve seu destaque na ênfase missionária84.
Movimento restauracionista: O Movimento restauracionista deu
início por volta de 1830 com um ministro escocês chamado Edward
Irving, nasceu em Annan, estudou na Universidade de Edimburgo. Foi
ordenado em 1821 ministro da Igreja da Escócia. Um pregador bem
eloquente, e muito popular, no ano de 1827 inaugurou uma igreja
presbiteriana em Londres em Regent Square. Destacou se como um
bom estudioso da bíblia e das profecias bíblicas, traduziu as obras de
Manuel Lacunza para o inglês e pregava sermões escatológico sobre a
volta de Jesus Cristo. Dentre suas interpretações, alegava que nos
últimos dias haveria uma nova manifestação carismática do Espírito
Santo, esta interpretação valeu sua expulsão do presbitério de Londres
no ano de 183085.

Durante estes períodos de avivamentos, renovação e restauração


espiritual, destaca se o movimento wesleyano que privava pela
santidade e pelos sons espirituais, tanto que eram chamados de
“Movimento de santidade”, grandes pregadores surgiram neste
período que é denominado de Evangelicalismo, podemos destacar
alguns pregadores deste período fervor e renovação da igreja:

Claro que existiam outros pregadores reformados nestes períodos


como George whitefield que era conhecido como o agostinho
americano, Jonathan Edwards, estes claro tiveram grande influência e
contribuição para o cristianismo, porem sua base teológica originava se
do calvinismo, e do movimento puritano, portanto eram aversos em
sua teologia ao movimento chamado Evangelicalismo. Mas há um
relato na história da igreja citado pelo pastor Claudionor de Andrade
que envolvem dois grandes pregadores, de concepções teológicas
diferentes, um era calvinista e o outro simpatizante do movimento do
Evangelicalismo86. Observe a citação desta obra:
70
"No século 18, temos a destacar os irmãos Wesley e o príncipe dos pregadores ao ar
livre, George Whitefield. De conformidade com um relato fidedigno da época, foram os três de
tal maneira visitados pelo Senhor que, certa vez, rolaram pelo chão, tamanho era o poder e a
graça experimentado”. Está evidente que na citação acima não está explícito que houve a
evidência de falar em línguas, sinal importante na teologia Pentecostal para evidenciar o
batismo com o Espírito Santo. Alívio para os calvinistas que são em suma maioria
cessacionistas em sua posição sobre os dons, e o mover do Espírito Santo, porém no texto
citado acima temos a ideia do quão fervorosos eram este dois exímios pregadores.

A chegada do moderno movimento pentecostal, iniciou se com


duas experiências místicas, a primeira ocorreu nos Estados Unidos em
Topeka no Estado americano do Kansas, a data seria no dia 1 de Janeiro
de 1901, foi em uma dia na chamada escola bíblica Betel do pregador
Charles Fox Parham, uma aluna chamada Agnes Ozman, ela teve uma
experiência mística e começou a falar em outras línguas durante a
aula87. Charles Fox Charles Parham era um pregador do Movimento de
Santidade que fora citado acima, era influenciado por Edward Irwing,
bem convicto pelos seus próprios estudos dos Atos dos Apóstolos,
durante este período houve um grande reavivamento na Escola Bíblica
Betel88. Depois do incidente da aluna Agnes Ozman, houve muitos
71
outros relatos de alunos que foram batizados com o “novo” batismo, e
falaram em outras línguas (glossolalia)89, era obvio que os que
presenciavam esses acontecimentos, faziam um paralelo com os
eventos descritos do livro de Atos dos Apóstolos acerca do derramar
do Espirito Santo, muitos alegavam que o movimento tratava se de uma
restauração da fé apostólica, por este fato que Bennett Freeman
Lawrence quando escreveu a primeira história do movimento
pentecostal no ano de 1916, ele deu ao movimento o título de The
Apostolic Faith Restored (Fé Apostólica Restaurada)90. Um de seus
alunos chamado William Seymour, ele era um homem negro, que após
ter passado pela experiência pentecostal, influenciou os Estados
Unidos e o mundo com o movimento chamado “Rua Azusa” em Los
Angeles, isto se deu no ano de 1906, neste período Seymour se torna o
líder desta comunidade, foi a partir daí que houve uma explosão do
movimento pentecostal para o mundo inteiro, até hoje ecoa no mundo
o avivamento da rua Azuza em Los Angeles. A partir do Movimento da
rua Azuza que a mensagem pentecostal passou a incluir o falar noutras
línguas como evidência ou sinal do batismo no Espírito Santo. É claro
que havia outros movimentos na história da igreja, e em diversos países
como na Índia, na Finlândia, e no próprio Estados unidos que tiveram
experiências semelhantes que estava incluído o falar noutras línguas91.
O sociólogo Paul freston ao falar sobre o fenômeno pentecostal,
ele usa a expressão “ondas”, referindo aos três períodos históricos do
pentecostalismo, na verdade seria uma dialética acerca do movimento,
estas ondas seriam a síntese provisória deste movimento no
Brasil92.6Observe estas três ondas ou fases quando se refere do
movimento pentecostal:

A primeira
onda.
(1910-1911).

Congregacao cristã no Brasil. Assembleia de Deus


(1910). (1911).

72
A segunda onda: A segunda onda pentecostal ocorre em meados
dos anos 50 e início dos anos 60, durante este período houve alguns
cismas no movimento pentecostal resultando no surgimento de alguns
outros grupo. Podemos destacar que ainda os muitos grupos dissidentes
ainda permanecem com a mesma estirpe, ou seja ainda professam a

A segunda onda

Igreja evangélica
Igreja do evangelho Igreja pentecostal Deus
pentecostal
Quadrangular é amor
O brasil para Cristo
(1951). (1962)
(1955)

crença no mover do Espirito-Santo, este grupos são conhecidos como


pentecostalismo clássico. Um detalhe interessante a ressaltar nesta
dissertação é o fato que os cismas que resultaram nesta segunda onda
sofreram uma influência das Assembleias de Deus, esta foi a
denominação que obteve um vasto crescimento durante os anos 50 e
60, sua dinâmica litúrgica com cruzadas evangelísticas o incentivo e o
investimento missionário.

A Terceira onda: A terceira onda ou fase histórica do


pentecostalismo brasileiro se iniciou no final dos anos 70 e ganhou
força na década de 80, a ênfase das comunidades que surgiram com a
terceira onda está na teologia da prosperidade, este fenômeno chama
se Neopentencostalismo, no ano de 1960 houve um grupo que se
73
desligou das assembleias de Deus, dando início a um pentecostalismo
de classe média menos legalista, este grupo era liderado pelo bispo
canadense Roberto McAllister, surgia a igreja Nova Vida, está
comunidade seria uma das precursoras desta terceira onda o
Neopentencostalismo.
As igrejas que surgiram deste movimento tinham uma estratégia
evangelística diferente das outras instituições que surgiram
anteriormente, a tática consistia na exploração da miséria do povo que
sofre com a corrupção governamental. É incomum numa liturgia
Neopentecostal haver exposição das escrituras em suas liturgias, os
textos sugeridos para prédica no decorrer do rito litúrgico geralmente
são textos veterotestamentario e fora de seu contexto. As instituições
Neopentecostais ao invés de proporcionar ao seu público um
crescimento cultural e teológico, suas liturgias são um verdadeiro
espetáculo tendo como atrações: sessões de exorcismos, palestras de
auto ajuda e motivacionais. As reuniões litúrgicas ao invés de priorizar
os princípios divinos e os conceitos do seu reino, acabam se tornando
reuniões antropocêntricas. Abaixo está inserido algumas instituições
que resultaram desta terceira onda:

A terceira onda

Igreja Igreja de
Igreja universal
Internacional da graça Nosso Senhor Jesus
(1977) Cristo.
de Deus.

Igreja
Igreja Comunidade
paz e vida.
Renascer em Cristo. Sara Nossa Terra.

Igreja
Comunidades
plenitude do
evangelicas.
trono de Deus.

74
O que este movimento o Neo- pentencostalismo tem a ver com os
Ebionitas? A maioria destas comunidades não aderem a guarda do
sábado, e das leis veterotestamentaria, ou as leis dietéticas. Um
detalhe importante sobre estas comunidades, claro não estou
generalizando, mas em sua maioria reina a política da
antiintelectualidade. Para manter o povo alienado em suas ideias
ensinam a teologia da prosperidade, sendo assim o ensino da Teologia
sistemática fica extinto no seio destas comunidades93. Esta aversão não
é somente a teologia sistemática, mas sim a qualquer outro modo de
ensino das escrituras, o caro leitor deve observar que é raro de se ter
escolas dominicais ou cultos voltados a exposição e ensino da palavra
de Deus. A grande verdade é que em suma maioria não existem nestes
movimentos simpósios ou escolas bíblicas94.
Apesar de não guardarem as leis veterotesmentaria, estas
comunidades em sua maioria aderem ao usos de apetrechos
judaizantes em suas liturgias, e em alguns casos até no cotidiano
social95, estes acessórios fazem parte da liturgia na maioria destas
comunidades, festas judaicas são comemoradas, chegam ao extremo
de ter por base o calendário lunar em lugar do calendário Gregoriano,
em sua maioria nestas comunidades: Páscoa, pentecostes, cabanas,
Yon kipur (Dia do perdão - Lv 23:27), esta última é comemorada como
o perdão de pecados, uma substituição ao sacrifício vicário de Cristo na
Cruz do calvário. Todas estas festas, claro envolvem votos e ofertas
milionários96. No relato bíblico o animal era morto, dilacerado, e as
vísceras arrancadas e queimadas no altar, e o sangue é aspergido como
sinal de cobertura ou expiação (Lv 16). Nestas campanhas o dinheiro
substitui o sacrifício animal, e o líder assume a função do Sumo
sacerdote97. Neste processo de judaização, alguns líderes alegam até
ter em sua estirpe raízes judaicas, é o caso do apóstolo Agenor Duque,
o teólogo e mestre em ciências da religião Marcos Scarpioni cita em um
dos seus artigos para a revista Saberes em ação da faculdade
messiânica, um fato importante sobre o caso deste Apóstolo:
“Agenor Duque é casado com Ingrid Duque, também reconhecida
como bispa. Estes constituem a liderança da Igreja Apostólica Plenitude
do Trono de Deus (IAPTD), que foi fundada em setembro de 2006, já que
comemorou seu sétimo aniversário neste ano. É nascido no estado de
75
Rio Grande do Norte, portanto, tendo suas origens nordestinas como a
de Walnice. Mas, diferentemente de Milhomens, Duque em um dos
seus programas televisivos, diz não possuir formação acadêmica, mas
declara vir de uma linhagem judaica com forte tradição cristã, já que
seus avós são de origem judaica, e que carrega um sobrenome de peso,
já que o mesmo tem como significado: ‘abençoado’, por isso, afirma “eu
sou homem de Deus”, “sou abençoado”98.
Dentro deste cristianismo Neopentecostal híbrido, de liturgias e
reuniões repletas de sincretismo, destaca se também a IURD (Igreja
Universal do Reino de Deus), liderada pelo bispo Edir Macedo, esta
comunidade que não somente simpatiza com o judaísmo e com seus
apetrechos, e pelos seus elementos misticos. Recentemente a
instituição construiu o maior templo do Brasil que supera em quatro
vezes o tamanho de espaço construído do Santuário Nacional de
Aparecida (SP), o custo estimulado da obra seria de seiscentos e oitenta
e cinco milhões. De acordo com a assessoria da igreja Universal, foram
quarenta mil metros quadrados de pedras importados da cidade de
Hebron, na Cisjordânia. Dentro das dependências do local, há doze
oliveiras, trazidas do Uruguai, para reproduzir o Monte das Oliveiras 99.
Além da reprodução do templo de Salomão, houve também a criação
de uma réplica da Arca da aliança100. O líder Edir Macedo se veste como
um rabino, com kipá, talit, todo o adereço de um judeu, uma mescla de
judaísmo com cristianismo101.
Outro líder que tem destaque nesta onda do Neo-pentencostalismo
e adere aos elementos, acessórios, e a os utensílios judaicos é o apóstolo
Renê Terra Nova, ele lidera a instituição (MIR- Missão Internacional de
Resgate). A visão desta comunidade se distingui de alguns grupos
neopentecostais, como já disse acima que há divergências entre estas
comunidades nas práticas e crenças, o método ou visão do líder e sua
comunidade citado acima é conhecido como g12. Um fato marcante que
aconteceu no ministério de René Terra Nova, os pastores que estão sobre
sua cobertura apostólica, termo dado aos que aderem ao movimento e a
liderança do citado apóstolo, não importa se pertencem a outras
denominações, estes liderados o proclamaram como patriarca102. No ano
de 2009 Morris Cerullo referendou a unção de patriarca em um “ato

76
profético”, a partir de então Renê Terra Nova passou assinar e se auto
proclamar Paipostolo, uma espécie de Papa gospel103.
A comemoração de festas judaicas: Pascoas, Pentecostes, Purim,
Festa dos Tabernáculos, Yom Kipur que seria um ano novo judaico,
Chanucá dentre outras, este processo de judaização assemelha o
movimento neo- pentecostal com o Ebionismo. Geralmente é comum na
maioria dos neo- pentecostais realizarem viajens ou ajuntamentos em
caravanas para a nação de Israel, porém o objetivo principal destes
ajuntamentos geralmente é realizado no periodo durante as datas das
festas citadas acima. O objetivo da viajem não seria para ensinar as
verdades espirituais destas festas ao povo, o propósito na verdade é
outro, os lideres reunem as comunidades dispersas para ouvir da boca do
líder e patriarca a última visão dada por “deus” ao iluminado, ou para
queimar pedidos no Monte sinais como é o caso da fogueira santa, outro
intuito seria fazer orações especiais e atos proféticos com usando
elementos da terra de Israel tais como: Agua do Jordão, Azeite, pão e
dentre outros. Portanto o objetivo central é gerar um grande comércio em
torno da peregrinação até Israel, aonde são promovidos a maioria destes
encontros. Vale ressaltar que os elementos consagrados durante a
peregrinação serão comercializados para os fiéis no Brasil e geralmente
com preços exorbitantes. A potencialização dos elementos e dos objetos
usados na liturgia destes movimentos resulta numa veneração em torno
dos elementos ou objetos, não é nada incomum o uso de óleos, água ou
qualquer objeto que venha de Israel se tornar santificado. Apesar de haver
uma polarização entre estas comunidades acerca de alguns assuntos
administrativo ou doutrinários, em suma maioria estas comunidades se
concordam entre si, principalmente quando se trata de ritos e acessórios
judaicos.
A base doutrinaria central destas comunidades baseia se na
teologia da prosperidade e não na mensagem do calvário, podemos usar
o termo igreja mercado para referir-se a estes movimentos, são eles que
transtornam o a mensagem do evangelho e o transformam num comercio
evangélico. Seus lideres inserem na mente do povo que as ofertas podem
manipular o sagrado, a ideia proposta é que o reino do ceu é como uma
bolsa de investimento, o lema proposto por estes lideres é o seguinte:
“quando maior a contribuição, maior será o seu resultado. Com base neste
77
argumento fica claro a perversidade e a exploração da teologia da
prosperidade, isto por que neste teologia a comunhão com Deus nesta
neste sistema teológico esta baseado na ideia de débito e crédito, ou seja
o ato de dar uma oferta proporciona ao fiel uma linha de crédito com
Deus, caso o fiel não queira ofertar ou talvez não tenha condições ele está
em débito com Deus. O exagero é tamanho que recentemente circulou
um vídeo na internet no qual um líder de uma comunidade
neopentecostal entrevistava um homem que estava supostamente
“endemoniado”, prática comum em quase todos as reuniões destas
comunidades, na entrevista o pastor exorcista mostra o dinheiro de
alguém que não é dizimista, o sujeito “endemoniado” rasga o dinheiro, e
diz: “é meu”; logo em seguida o pastor pega o dinheiro de um dizimista e
tenta dar ao homem “endemoniado” que se negar a pegar e diz “neste
não posso tocar”; o público vai a delírio diante desta cena teatral, a
intenção do lider daquela comunidade era mostrar ao público que nem
mesmo o diabo tem o poder de tocar em quem contribui com ofertas e o
dízimo, este claro é um caso entre milhares de aberrações teológicas
inseridos nas comunidades neopentecostais 104.
Estes movimentos se divergem sobre a manifestação do Espirito
Santo, ou o mover do Espirito, algumas comunidades privam e dão muita
ênfase a isto, em alguns casos é cometido até um exagero, a suposta
“unção” está ligada aos animais, em uma de suas publicações o teólogo e
escritor Renato Vargens dá um termo para esta unção “Zooteologia”,
unção do leão a pessoa ruge, unção do cachorro o sujeito da latidos, e
assim sucessivamente105. Outro fenômeno que está inserido neste
contexto é a unção do riso, os seus seguidores reagem a ação do Espírito
dando risadas em público106.
Há outras comunidades que não enfatizam o movimento do
Espírito em suas reuniões, suas liturgias se definem em fetichismo e
sincretismo religioso. Os temas de suas campanhas ou reuniões mesclam
práticas espíritas, e superstições, podemos chamar de “mandingas
gospel”: sessão de descarrego, sabonetes ungido, azeites enterrados em
Montes e desenterrados depois de dias, um pedaço de pão representando
o pão vida, tijolo ungido, travesseiros ungidos, meias ungidas aonde pisar
Deus vai prosperar, etc., está claro que nestes ambientes a prática de
fetichismo em torno dos objetos consagrados e sagrados em suas
78
reuniões107. Todos os utensílios se tornam sagrados após a unção do
missionário, bispo, apóstolo sobre o utensílio que será a utilizado na
liturgia, geralmente para se participar destas campanhas se dá uma oferta
no início para se ingressar ou no final para agradecer a bênção recebida108.
Quero deixar claro que não estou escrevendo contra o dízimo e as ofertas,
estes são meios bíblicos e são mecanismo litúrgicos ou praxe nas liturgias
das igrejas católica e protestantes, o que estou relatando neste tópico é
sobre o comércio gerado em torno dos utensílios, a chantagem emocional
e a manipulação que é proposta para se participar e dar a ofertas como
um ato de sacrifício cujo o resultado será mágico. O cerne do assunto
tratado neste tópico é a falta de escrúpulo, a exploração e a chantagem
emocional nestes ambientes, a coação e o condicionamento chega ser
absurdo. A audaçia é tamanha a tal ponto destes lideres dizerem: “se o fiel
dar a oferta ele obterá a bênção, se caso não der a oferta ele não obterá
a benção”. Infelizmente é este o método empregado por estas
comunidades, este meio pode ser lucrativo entretanto esta não está
relacionado com a palavra de Deus, a mesma ensina que a oferta se dá
com alegria, o que Deus requer do homem é a generosidade (I Co.15:7-
11). O cristianismo apresentado pelo neopentencostalismo é híbrido, suas
práticas litúrgicas estão repletas de fetichismo e sincretismo religioso.
Estas comunidades apesar de não serem extremos com as leis e os
costumes veterotestamentarios, entretanto aderem aos acessórios,
elementos e aos utensílios do culto judaizante, deixando bem claro
ainda a presença da antiga heresia do Ebionismo, podemos afirmar que
o Ebionismo se camuflou e se escondeu durante muito tempo e agora
adquiriu uma nova roupagem chamada Neopentecostalismo. (Ap.3:9).

79
80
CAPÍTULO III
O MONTANISMO
• 3.1 Quem foi montano.
Montano ou Montanus é citado em quase todos os livros de
história da igreja, bastante conhecido entre os teólogos e estudantes
da bíblia. Um pouco sobre sua história é citado por um historiador
chamado Eusébio de Cesareia, de acordo com os escritos de Eusébio,
Montano era um religioso nascido na Frigia (Ásia menor Turquia) na
cidade de Ardabau109. Antes de se converter ao cristianismo, era um
sacerdote pagão devoto de Cibele uma deusa Romana cujo o culto
estava ligado as religiões de mistério da antiguidade110. Montano foi o
responsável por um terrível cisma na igreja, sendo esta talvez a
primeira divisão organizacional no cristianismo111. Este cisma resultou
no surgimento de um movimento repleto de sincretismo religioso,
Montano e seus seguidores apreciavam um ascetismo religioso,
conceitos extremos e rigorosos (jejuns severos, proibição do
casamento, e das relações sexuais)112. Toda esta estrutura religiosa
proposta por Montano era herança do paganismo do qual ele
pertencia, sua estratégia foi fundir os conceitos pagãos com os
princípios cristãos, o resultado foi um sincretismo religioso. A liturgia
deste novo movimento se dava em torno de transes, ele Montano
acredita receber mensagens do Espirito Santo, estas revelações eram
delírios, ele anunciava ser o enviado de Cristo para uma nova era, a
loucura era tamanha que um dia chegou a dizer que era o próprio Deus
falando através de sua boca, para tanto ele se intitulava o “Paraclito”,
sendo este o portador da nova profecia e da nova revelação para a
igreja113.
Outro ponto a se notar em torno da vida e da heresia proposta por
Montano era a sua rejeição a autoridade, e aos escritos dos pais
apostólicos. Durante décadas sempre houve extrema preocupação por
parte da igreja quanto os autoproclamados profetas, havia uma
desconfiança sobre estes indivíduos, por conta deste episódio de
Montano e de outros que surgiriam posteriormente na história da
igreja. A solução proposta pela igreja e pelos bispos tinha o intuito de
81
preservar a união em uma estrutura visível e organizacional, para
preservar a liderança e os ensinos apostólicos, decidiram adotar um
conceito chamado sucessão apostólica, com base neste conceito o
bispo tinha que remontar sua linhagem de ordenação ao ministério
cujo o topo seria um dos apóstolos do século primeiro114. O objetivo
de Montano era criar uma autoridade paralela a autoridade apostólica,
neste caso a autoridade apostólica seria substituída pela autoridade do
tal profeta. De acordo com um documento pós apostólicos chamado
Didaquê nestes dias já existiam profetas carismáticos inseridos no seio
da igreja, geralmente estes eram aventureiros, em suma maioria
itinerante115. Neste documento é mostrado os problemas da igreja com
estes profetas, o Didaquê oferece conselhos em como lhe dar com
profetas aventureiros, porém o Montano foi um caso excepcional no
seio da igreja.
O movimento gerado por Montano começa a se organizar a partir
do ano 160 d.C., suas profecias eram de cunho apocalípticas,
escatológicas, dizia que os cristãos teriam que se reunir na cidade de
Pepusa na Frigia, pois de lá surgiria uma nova Jerusalém. Já neste
período, em várias cidades do vasto Império Romano, havia duas
congregações distintas, uma era ortodoxa e seguia um Bispo de
sucessão apostólica, e a outra seguia os ensinos de Montano, não havia
mais jeito o cisma havia acontecido, possivelmente esta foi a primeira
divisão organizacional dentro do cristianismo116. Montano teve
inúmeros seguidores, porem a duas discípulas que estavam em todo
tempo ao seu lado, eram elas Priscila ou Prisca e Maximila, ambas
deixaram seus maridos para servir ao Senhor através da heresia de
Montano117. O reverendo Angus Stewart em um artigo publicado na
internet sobre o tema: era o direito da igreja condenar o Montanismo?
Neste artigo ele cita o argumento de Trevett que é uma estudiosa e
feminista, e que recentemente argumentou que Priscilla foi a profetisa
mais importante do grupo, e, que "Montanus foi de fato o 'defensor'
[isto é, apoiador, ajudante] de Prisca e Maximila." A professora Trevett,
que é uma feminista mais suave argumenta que nós não devemos
assumir que Montanus ou Priscilla eram os líderes deste movimento,
ela propõe uma argumentação em torno de um esquema mais
"igualitário", embora ela admita que Montanus foi o primeiro a
profetizar118.

82
Além destas duas seguidoras fiéis de
Montano, no grupo destaca-se também um dos
pais da igreja que infelizmente acabou cedendo
a esta heresia, ele acabou caindo na teia deste
mal. O personagem em questão é ilustre
Tertuliano de Cartago, este era um dos grandes
mestres da igreja, mas infelizmente ele
abandonou a fé apostólica e aderiu aos ensinos
insanos de Montano. A queda de Tertuliano
nesta heresia se dá por sua conduta extrema
sobre a santidade, os bispos eram acusados por
Tertuliano de Cartago. Montano e seus seguidores de serem
apostatas, corruptos, e destituídos da vida
cristã. A mensagem de Montano vinha na contra mão da corrupção dos
bispos, ele apregoava um asceticismo, uma santificação extrema
conforme citado acima, com inúmeras proibições, estes exageros fez
com que um dos grandes homens do cristianismo fosse ceder a esta
heresia o Montanismo119.

• Pontos da teologia de Montano.


• Profecias
 Apocalíptica (escatológica)
 Santidade e asceticismo
 Restauracionismo
 Exclusivismo religioso

O cisma foi inevitável, porém a igreja e os bispos reagiram contra


esta heresia, medidas extremas foram tomadas por parte dos líderes
da igreja naquele período, a liturgia sofreu mudanças após este
episódio de Montano e seu exclusivismo religioso. Todas estas
mudanças aconteceram com o intuito de evitar a proliferação do
Montanismo e também com o surgimento de outras comunidades
semelhantes que se inspirassem na atitude de Montano.
3.2 Uma síntese da teologia de Montano.
Os pontos apresentados acima acerca da doutrina e dos
ensinamentos de Montano, ficou conhecido posteriormente como
83
Montanismo. A síntese destes ensinos seriam o Exclusivismo religioso,
o Restauracionismo, e o Asceticismo exagerado, estes três pontos
seriam a base das doutrinas apresentadas por Montano.
• O Exclusivismo religioso: é a crença ou doutrina que afirma que
apenas um determinado sistema de religião, igreja ou líder, seria a
única crença verdadeira. Geralmente neste sistema a palavra do líder,
e suas doutrinas são inquestionáveis. Suas literaturas para a
comunidade são equivalentes ou acima da bíblia, quando a
comunidade é confrontada sobre os seus ensinamentos, optam pela
literatura do líder como regra de fé. O exclusivismo religioso seria uma
lavagem cerebral na comunidade através dos ensinamentos do líder.
• Restauracionismo: é a postura histórico-teológica presente em
algumas denominações religiosas, acreditam ter havido uma apostasia
no cristianismo histórico, sendo necessário restaurar o cristianismo
primitivo da era apostólica.
• Asceticismo: é uma das doutrinas mais associadas à religião devido
ao seu conceito espiritual, o indivíduo ou grupo que a segue
geralmente tem o objetivo de alcançar um estilo de vida virtuoso, se
libertar das posses, dissociar se dos prazeres. Nesta busca de dissociar
dos prazeres se isolar do mundo, e também de pessoas que não
pertencem a um círculo religioso, que não tem esta a mesma visão de
mundo, alguns grupos acabam cometendo excessos teológicos, são
regras impostas sobre o que comer, o que vestir, o que falar. Tudo fora
dos conceitos da comunidade ou do grupo é pecado. Em suma maioria
estes grupos colocam agregamentos na palavra de Deus, alguns
acréscimos e exageros em regras e normas bíblicas, é daí que surge o
fanatismo religioso.
No caso de Montano este Restauracionismo seria a ideia de que
todos, até mesmo os apóstolos se corromperam, somente ele e os seus
ensinamentos estariam imune da corrupção, somente Montano é o
caminho para o céus. Ele seria o restaurador da igreja, seus ensinos
seriam a nova base para se chegar à salvação.

3.3 O Montanismo nos dias atuais.

84
Quais seriam os movimentos ou comunidades que se identificam
com o Montano e sua heresia o Montanismo? E comum vermos nestas
comunidades uma certa áurea de santidade sobre o líder, geralmente
são vistos não como homens comuns, seu ministério goza de uma
infabilidade, suas palavras ou profecias estão equivalentes ou acima da
palavra de Deus. Nestas comunidades o líder passa a ser um mediador,
uma ponte entre Deus e os homens. O sistema doutrinário em alguns
casos é a bíblia, porem a ótica e as interpretações do líder para a
comunidade se tornam as regras de fé, neste caso a bíblia é
interpretada e adaptada na visão do líder. Em alguns casos mais
extremos até o culto é dedicado a personalidade, até mesmo em
memória do líder fundador, ou profeta da comunidade, chamamos este
fenômeno de Antropocentrismo.
Este controle sobre a comunidade faz com que este líder mentor e
idealizador da comunidade, cria regras, normas, preceitos e
mandamentos de acordo com o seus dele rios e caprichos, em alguns
casos este líder cria interpretações equivocadas da bíblia, geralmente
movidas por sonhos ou visões. Geralmente as regras criadas por estes
líderes criam um etos na comunidade, o modo de vestir, os adornos
tanto no homem como na mulher são extremamente proibidos, em
alguns extremos as mulheres que usam brinco ou maquiagem é
chamada de Jesabel, que era rainha dos fenícios, inimiga do povo
hebreu, está rainha tinha o hábito de pintar o entorno dos seus olhos
(II Rs.9:30); uma interpretação distorcida do líder no verso citado, se
torna uma regra para as mulheres da comunidade: “Proibido
maquiagem se fizer vai para o inferno”; é desta maneira que os líderes
conseguem exercer o controle das pessoas, a palavra do líder nestas
comunidades é a palavra de Deus. Estas regras chegam ao extremo em
algumas comunidades, geralmente são mais rigorosas com as
mulheres, alguns líderes proíbem o corte dos cabelos, e até a depilação
higiênica é pecado, em alguns casos a relação sexual do casal se dá com
a concepção do líder e somente para a reprodução. Para os homens
geralmente as regras estão baseadas na questão moral, nas
vestimentas, no caso bermudas e roupas que não sejam longas e que
expõe algima parte do corpo são proibidas no seio da comunidade. O
Montanismo moderno e os profetas do pseudo Restauracionismo estão
inseridos no quadro abaixo:

85
Líder Movimento

Willian Branham Tabernáculo da fé

Santa vó Rosa Igreja Apostolica

Ellen G. White Igreja Adventista do Sétimo dia

Louis Francescon Congregação Cristã do Brasil

Joseph Smith Igreja dos Santos dos últimos dias - Mórmons

Willian S. Santiago A Voz da pedra Angular

Kakou Phillipe O clamor da meia noite

3.4 As personalidades e as instituições Montanistas.


 William Branham.

William Marrion Branham foi um pregador e


pastor norte americano, tendo um destaque
ministerial com base no reavivamento e no dom da
cura divina. Apesar de ter viajado por inúmeros
países o pastor William Branham nasceu num
simples lugar, em uma cabana nas montanhas do
Kentucky no dia 06 de Abril de 1909, ele era o
primogênito dos nove filhos do casal Charles e Ella
Branham. O reverendo William Branham faleceu
no dia 24 de Dezembro na cidade de Amarillo em 1965 num trágico
acidente de carro, abaixo temos inserido um documento que narra o
ocorrido:
The Friona Star
Colisão de Frente Mata 1 e Fere 6
Jimmie Ramos, 20 anos, foi morto Sábado à noite quando o carro modelo 1956 chocou-se quase de frente com
um modelo Station Wagon 1964 transportando três moradores do Arizona em direção à Indiana para as festas
de Natal.
O Rev. William Branham, de Tucson, Arizona, motorista do Station Wagon, e sua esposa Meda permanecem em
terapia intensiva no Hospital Northwest Texas na terça-feira desta semana após serem transferidos do Parmer
Country Community Hospital no último Sábado. Um dos passageiros de Ramos, Rodolfo Melendez, também está
na unidade de terapia intensiva. Os outros passageiros no carro de Ramos eram Raynaldo Melendez e Daniel
Cocanegra. Uma filha de 14 anos de idade, Marie Branham, foi a outra passageira no automóvel dos Branham.
O impacto aconteceu cerca de 6 milhas a oeste de Friona em Parmerton Hill, por volta das 8:15 da noite de
Sábado. Ambos os carros foram demolidos, e levou-se mais de duas horas para limpar os destroços. Unidades
do Departamento do Corpo de Bombeiros de Friona foram chamados para assistir a remoção das vítimas da
colisão dos veículos. Ramos faleceu ao chegar no hospital local. Os serviços fúnebres foram realizados terça-
feira, sob a direção da Casa Funeral Clabor4

4
Fonte extraída do Site: Doutrina da mensagem.com.br. Tema: Reportagem sobre o acidente do
irmão Branham. Tradução: Diogenes Dorneles.
86
Um fato interessante que deve ser inserido nesta dissertação é o
fato da cerimonia de velório, que devido ao fanatismo de alguns fiéis
que mantinham a crença de que o reverendo William Branham iria
ressucitar dos mortos. Por este motivo o velório e o sepultamento não
ocorreu normalmente, sendo realizado três meses após o incidente,
este fato revela o antropocentrismo e a devoção a personalidade que
até hoje é parte fundamental nas comunidades religiosas que aderem
como regra de fé a doutrina pregada pelo reverendo William Branham.
Mas por que esta devoção em torno do ministerio do reverendo William
Branham? De acordo com relatos do próprio Branham em seus sermões,
a sua vida foi repleta de manifestações de fenômenos sobrenaturais, ele
é identificado teologicamente pela comunidade que segue os seus
ensinamentos como uma manifestação do Cristo na terra, um profeta,
o Elias que havia de vir conforme a profecia veterotesmentaria
registrada no livro do profeta Malaquias (Ml 04.05).
Iremos destacar algumas manifestações sobrenaturais relatadas
por Branham em seus sermões, que ocorreram desde que ele era um
recém-nascido. Outra manifestação sobrenatural foi a voz que ele
alegou ouvir, de acordo com os seus escritos esta voz falou acerca da
cidade que ele havia de morar posteriormente:
E eu nasci dia seis de abril de 1909. Claro, você sabe, isso quer dizer que tenho um pouco mais de vinte e cinco
agora. E assim, na manhã em que eu nasci, mamãe disse que eles abriram a janela. Agora, não tínhamos médico;
havia uma parteira, simplesmente. . . E aquela parteira era minha avó. E assim quando nasci e comecei a chorar,
e - e mamãe queria ver seu filho. . . E - e ela mesma não era mais do que uma criança. E quando eles abriram
a janelinha, bem ao amanhecer, mais ou menos às cinco horas da. . . Ali havia um velho pinta-roxo sentado ao
lado de um arbusto pequeno. Como todos vocês têm visto a fotografia disto em - em meu livro da história da
minha vida. . .Um velho pinta-roxo estava sentado ali cantando com tudo o que tinha.
46 Eu sempre gostei de pinta-roxos. Agora, vocês meninos aí no alcance do rádio, não atirem em meus
passarinhos. Veja você, eles são - eles são – eles são. . . Eles são meus passarinhos. Você já ouviu a lenda do
pinta-roxo, como ele ficou com seu peito vermelho? Vou parar aqui um momento. Como ele ficou com seu peito
vermelho, havia o Rei dos reis que estava morrendo um dia na Cruz, e Ele estava sofrendo e ninguém vinha a
Ele. Ele não tinha ninguém para ajudá-Lo. E havia um passarinho marrom que queria tirar aqueles pregos
de Cruz, e ele continuava voando à Cruz e dando puxões naqueles pregos. Ele era muito pequeno para tirá-los,
e ele sujou seu peitinho todo de vermelho com sangue. E desde aquele tempo seu peito tem sido vermelho. Não
atirem nele, meninos. Deixe-o em paz.
47 Ele estava sentado ao lado da janela, cantando como os pinta-roxos cantam. E - e papai empurrou a janela
para trás. E quando eles empurraram a portinha da janela para trás, aquela Luz que você vê na fotografia entrou
girando pela janela, diz minha mãe, e pairou sobre a cama. Vovó não sabia o que dizer.
48 Agora, nós somos - não éramos uma família religiosa. Meu povo é católico. Eu sou irlandês nos dois lados.
Meu pai é estritamente irlandês: Branham. Minha mãe é Harvey; só que seu pai se casou com uma índia
cherokee, assim sendo isso quebrou a pequena linhagem do sangue dos irlandeses. E papai e mamãe não iam à
igreja, e eles se casaram fora da igreja, e eles não tinham religião alguma. E lá longe nas montanhas nem sequer
havia uma igreja católica.
Assim sendo eles vieram com os colonizadores no começo, dois Branhams vieram, e daí procedeu a geração
inteira dos Branhams; é a genealogia da família.
49 E então ela abriu. . . Quando eles abriram esta janela e esta Luz pairou ali dentro, eles não souberam o que
fazer. Papai tinha comprado (mamãe disse) um macacão novo para este acontecimento. Ele estava de pé com

87
os. . . seus braços no peitilho do antigo macacão, como os lenhadores e madeireiros usavam naqueles dias. E
aquilo os assustou5.
58 Agora, eu sei que você acha que eu não poderia pensar e me lembrar disso. Mas o Senhor Deus, Que é Juiz,
da terra e céus e tudo o que há, sabe que estou dizendo a verdade.
59 Aquele pássaro, quando voou, uma Voz veio de onde o pássaro estava na árvore, como um vento enroscado
no arbusto, e Ela disse: “Você viverá perto de uma cidade chamada New Albany.” E tenho vivido desde o tempo
que tinha três anos de idade até agora, dentro de três milhas [Cinco quilômetros-Tradutor] de New Albany,
Indiana6.
O ministério de William Branham teve por um periodo de tempo
uma parceria com a uma associação religiosa chamada “Homens de
negócios do evangelho pleno”. Esta instituição tinha como meta
propagar a salvação a todos os povos, além ainda tinha também como
objetivo propagar a doutrina pentecostal pelo mundo. As cruzadas
evangelísticas contavam inúmeros pregadores, porém o reverendo
William Branham devido ao seu destaque no dom da cura divina e das
revelações divinas, atraindo multidões em suas cruzadas por inúmeros
países.
 As comissões do profeta William Branham.

Além ainda dos fenômenos sobrenaturais que supostamente


acontceram sobre o ministerio de William Branham, abaixo iremos
dissertar sobre as comissões proféticas de seu ministerio. Estas
comissões são muito importantes e devem ser dissertadas para que
todo o leitor entenda o que de fato aconteceu no ministerio de William
Branham, os relatos destas comissões é narrado pelo próprio William
Branham em suas mensagens, cabe ao leitor saber que as narrativas
são interpretadas pelo grupo que segue os ensinamentos de William
Branham como regras de fé e como escrituras inspiradas. Abaixo o
leitor terá acesso aos detalhes das duas comissões de William Branham,
iremos analisar com detalhes as citações, e posteriormente serão
expostas as distorções em torno das narrativas.
A primeira comissão no Rio Ohio.
Esta primeira comissão aconteceu nas margens do rio Ohio nos
Estados Unidos no ano de 1933, a cena se desenrolou durante uma
liturgia batismal, foi após esta comissão que ela tem uma importância
teológica, é após ela que William Branham será visto como um
personagem veterotestamentario o profeta Elias. No quadro abaixo o

5
Branham. M, William. A historia da minha vida. Sermão pregado no dia 09 de Abril de 1959 em Los
Angeles- California nos EUA. Paragrafos: 45-49. Págs: 09,10.
6
Ibid. Paragrafos:58,59. Págs: 11,12.
88
leitor terá acesso as narrativas do próprio William Branham em alguns
de seus sermões sobre os ocorridos no rio Ohio.
O primeiro relato.
25 Tão somente seis meses depois daquilo eu tive meu primeiro batismo aqui no rio quando a luz
desceu aqui na Rua Spring. Muitos de vocês pode que queiram descer, e dar uma olhada a ela, na Rua
Spring e Water, justamente em frente ao rio. E ali foi onde o Anjo do Senhor apareceu em público primeiro,
e às 2:00 horas, numa tarde. E uma Voz veio dela, disse: “Como João Batista foi enviado para precursar a
primeira vinda de Cristo, tua mensagem precursará a segunda vinda.”
26 Isto é trinta anos mais tarde, e aqui estou ainda proclamando aquela Mensagem. Tem ido ao
redor do mundo, e me agrada estar de novo em meu povo nesta noite para representar a este Senhor Jesus
Cristo que todavia amo com todo meu coração. Cada dia Ele se torna mais doce que no dia anterior. Nunca
tenho mudado um jota em minha doutrina. Com a primeira coisa que comecei, ainda creio na mesma coisa
nesta noite. Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre7.

O segundo relato.
266- Foi Ele quem me disse trinta anos atrás ali no rio como um mocinho, parado ali como um
pequeno pregador no rio a trinta anos atrás de pé ali quando aquela Luz e o mesmo Pilar de Fogo desceu
dos céus e se pôs ali e disse: “Assim como enviei a João Batista a precursar a primeira vinda de Cristo, tua
mensagem precursará a segunda vinda” a todo o mundo. Como poderia ser quando meu próprio pastor riu
e criticou isso? Porém sucedeu exatamente assim. Isso é correto. Foi Ele quem o disse. Sim senhor!8

 A segunda comissão: A visita do anjo na caverna.


 A terceira comissão: A coluna de fogo na foto.
 A quarta comissão: A Nuvem.
A terceira comissão aconteceu em 1950 durante um debate
entre William Branham e o teólogo batista o reverendo Best, o local foi o
salão San coliseu em Hilton no Texas, esta comissão é conhecida entre os
adeptos da doutrina de William Branham como a “aparição da coluna de
fogo”. O fenômeno foi capturada através de uma fotografia dos estúdios
Douglas e pelo fotografo Tedd Kippermam, de acordo com William
Branham aquela coluna era o fenômeno sobrenatural da coluna de fogo
que apareceu no deserto no periodo veterotestamentario (Ex 13.21). O
relato de William Branham acerca da visão:
279 Elias estava em pé lá olhando para aquelas carruagens de fogo, e tudo mais. E Geazi olhou por todos os
lados, ele não podia vê-las em nenhuma parte. Deus disse: “Abra seus olhos para que veja.” E então ele os viu,
vê. Mas ele era um moço bom, em pé lá olhando por todos os lados, mas ele não podia ver. Claro. A alguns é
dado ver, e a outros não. E isso é verdade. 280 Mas agora vocês que jamais A viram, nunca A viram, e você que
A viu com seu olho natural e nunca viu a foto, mesmo aqueles que viram a foto têm uma prova maior do que
você que A viu com seu olho natural. Porque vocês, com seu olho natural, poderiam estar enganados, poderia
ter sido uma ilusão óptica. Está certo? Mas Isso não é uma ilusão óptica; Isso é a Verdade, onde pesquisa
científica prova que é a Verdade. Assim o Senhor Jesus tem feito isto. “O que você acha que é Isto então,” você
diz, “irmão Branham?” 281 Eu creio que Isto é a mesma Coluna de Fogo que guiou os filhos de Israel do Egito à
Palestina. Creio que é o mesmo Anjo de Luz que entrou na - na prisão e veio a São Pedro e o tocou, e foi adiante
e abriu a po rta e o pôs para fora, na luz. E creio que é Jesus Cristo o mesmo ontem, hoje, e eternamente.
Amém! Ele é o mesmo Jesus hoje que Ele era ontem. Ele será eternamente o mesmo Jesus. 282 E enquanto
estou falando sobre Isso, aquela mesma Luz que está naquela foto está em - parada a não mais de dois pés

7
Mensagem: Alma que estão em prisão agora. 10 de Novembro de 1963. Jefferson Ville, Indiana,
EUA. Paragrafos: 55,56.
8
Mensagem: Por que clamas? Fala! 14 de Julho de 1963. Jeffersonville, Indiana, EUA. Paragrafo:
266.
89
[Mais ou menos meio metroTradutor] de onde eu estou em pé agora mesmo. É isso mesmo. Não posso vê-La
com meus - meus olhos, mas eu sei que está parada aqui. Eu sei que está pousando dentro de mim agora
mesmo. Oh! Se você somente pudesse saber a diferença quando o poder do Deus Todo-poderoso atinge, e como
as coisas parecem diferentes9.

Na época da aparição do fenomeno os adeptos da mensagem do


profeta para provar a veracidade do evento sobrenatural sobre a cabeça de
William Branham, realizaram um exame sobre a fotografia, de acordo com os
fieis da doutrina de William Branham o que consta nesta foto é literalmente
uma aparição da coluna de fogo que de acordo com as escrituras guiava o povo
de Israel no deserto durante o periodo veterotestamentario (Ex 13.21)10.

A coluna de fogo
Foto: Diogenes Dornelles.

A quarta comissão profética de Branham é conhecida como a nuvem


sobrenatural ou a constelação de anjos. O fato aconteceu no dia vinte oito de
fevereiro de 1963 no estado do Arizona nos EUA, trata-se de uma nuvem com

9
Mensagem: Como o anjo veio a mim e a sua comissão. 17 de Janeiro de 1965. Chicago, Illinois,
EUA. Parágrafos: 279-282.
10
Mensagem: Abraão restaurado. 11 de fevereiro de 1961. Long Beach, California-EUA. Tradução:
Goiania.
90
uma vasta dimensão, alguns relatos calculam esta nuvem com aproximadamente
cinquenta milhas de comprimento, trinta milhas de largura e vinte e seis milhas
de altura 11 . Os adeptos de Branham alegam que naquele dia houve uma
cuidadosa investigação provando que o fenômeno não se tratava de um rastro da
nuvem de um foguete ou avião12. A nuvem misteriosa foi capa em duas revistas
hiper conceituadas no mundo cientifico; em 1963 no dia dezenove de abril na
revista Science13, e no dia dezessete de maio do mesmo ano na revista Life. O
profeta Branham interpreta o fenômeno como uma aparição de sete anjos como
sendo sete anjos que vieram a ele, o fenômeno ficou conhecido posteriormente
como a terceira puxada.
O fenômeno da nuvem é parte fundamental da doutrina de William
Branham, de acordo com o relato do mesmo ele foi arrebatado até os céus, e lá
ele recebeu a missão de abrir os sete selos apocalípticos. Os sermões
escatológicos do profeta William Branham transformou se posteriormente num
livro, que na verdade trata-se de um comentário escatológico chamado: “Uma
exposição das sete eras da igreja”. Este livro foi redigido tendo como base as
interpretações escatológicas de Branham acerca do livro do Apocalipse, de
acordo com os simpatizantes da mensagem do profeta Branham somente ele
pode interpretar a bíblia e os mistérios contidos nas escrituras, eles usam o termo
“O absoluto” para referir-se a infabilidade da mensagem de seu profeta. A obra
citada neste tópico seria uma síntese das mensagens pregadas por Branham
durante o periodo de quatro a onze de Dezembro de 1960, nesta obra o profeta
registra um episódio em que ele alega ter recebido uma visita do próprio Jesus,
de acordo com esta narrativa foi revelado ao profeta eventos que aconteceriam
no desenrolar do futuro da humanidade, este relato é conhecido como as sete
visões14. Vale ressaltar nesta dissertação no que tange a revelação da nuvem,
podemos citar a revelação que Branham recebeu acerca do rosto de nosso
Salvador, o profeta Branham alega que a nuvem revelou para a humanidade o
rosto de Cristo. Em um de seus sermões relatando acerca da experiência com a
nuvem, Branham alega que o rosto de Cristo foi pintado pelo grande pintor
Hofmam, em síntese pode se afirmar que para Branham a pintura de Hofmam era
inspirada, na maioria das comunidades que defendem a doutrina de Branham

11
Artigo extraído do site: Um profeta em pleno século xx. Tema do artigo: Uma nuvem cercada de
mistérios. Autor: anônimo.
12
Ibid.
13
Revista Science. 19 de abril de 1963. Volume: 140. Numero: 3564.
14
Branham, M. William. Uma exposição das sete eras da igreja. 2. Edição: Jefersonville, Indiana.
Editora: A voz de Deus. 2009. Pág: 289.
91
não é incomum encontrar o quadro do rosto de Cristo pintado por Hofmam
inserido na nuvem15.
A experiência de Branham com a nuvem e a constelação de anjos o coloca
na posição de alguns outros homens que também tiveram uma experiência com
o Cristo ressucitado. Alguns deste encontros ou visões estão relatados nas

escrituras e outros foram relatados na historia da igreja cristã, podemos citar


algumas revelações das escrituras, temos o apostolo Paulo no caminho de
Damasco (At 09.03,05) e o apostolo João na ilha de Patmos (Ap 01.13).

A partir da “terceira puxada” o profeta William Branham alegou ter


recebido as seguintes revelações: a semente da serpente, as sete eras da igreja
e a abertura dos selos. Ao analisar alguns sermões de Branham que
posteriormente se tornariam literaturas após o episodio da nuvem, é claro o
exclusivismo inserido no conteúdo literário, a ideia proposta nos sermões é a
superioridade de Branham sobre os outros pastores e a sua comunidade seria a
única igreja escolhida dentre as inúmeras do cenário cristão, temos esta ideia

15
Mensagem: Obra e fé expressada. 26 de Novembro de 1965. Shreverport, Louisiana,EUA.
Paragrafo: 255. Goiania.
92
explicita no sermão da semente da serpente, de acordo com Branham a serpente
era um animal diferenciado de todos, inclusive Branham chega a alegar que o
animal tinha três metros e meio de altura16, sendo este o elo perdido17. Além
ainda o animal teve relações sexual com Eva no paraíso, resultando numa
gravides e gerando o “fruto” proibido18. De acordo com Branham Eva foi expulsa
gravida do paraíso, desta semente descendem uma semente hibrida e religiosa,
para referir-se a esta geração o grupo usa o termo “a semente da serpente”. Esta
seria uma geração condenada e não aceitaria a mensagem do profeta Branham.
Em contra partida há uma outra semente que descende de Adão e Eva, esta sim
seria o povo eleito e aceitaria a mensagem de seu profeta. A ideia proposta por
Branham é inserir no seu público uma aversão a teologia ou a qualquer escrito
histórico dos pais da igreja, a interpretação de Branham para o seu grupo é
absoluta e suficiente para a comunidade, é através dela que a comunidade tem
a sua estrutura de fé.
 Uma síntese da teologia de Branham.
A teologia de William Branham é baseada em suma maioria nas
experiências ou interpretações bíblicas e particular de seu lider, dentro deste
vasto conteúdo literário e doutrinário de William Branham nesta obra quero
destacar somente alguns pontos que são aversos a fé cristã tradicional. De
acordo com a doutrina de Branham o individuo predestinado para a vida eterna
aceitará todo o conteúdo da mensagem de Branham sem questionar todas as
regras doutrinarias e teológicas do grupo. Vale ressaltar que algumas destas
doutrinas alegam ter como base as escrituras, porém o verso ou texto citado é
interpretado fora de seu contexto, resultando numa interpretação distorcida das
escrituras. Abaixo será inserido um quadro com algumas doutrinas de William
Branham que posteriormente serão refutadas nesta obra.

16
Mensagem: A semente da serpente. 28 de Setembro de 1958. Jeffersonvile, Indiana, EUA.
Paragrafo: 128.
17
Ibid. Paragrafo: 113.
18
Ibid. Paragrafo:100.
93
A mensagem de Branham é de tamanha complexidade que existem
vários celeumas entre os seguidores do profeta, atualmente existem diversas
comunidades que se divergem acerca de pontos da mensagem de Branham.
Até mesmo a personalidade do profeta é discutida entre os seus seguidores,
alguns acreditam que ele era o sétimo anjo descrito no Apocalipse (Ap 10.07).
Nesta concepção os seis anjos citados no apocalipse cada um com uma
determinada missão, de acordo com esta teoria os seis anjos seriam celestiais
(Ap 09.13), más o sétimo seria um homem com uma mensagem (Ap 11.15);
usam como base para esta argumentação o texto do livro do profeta
Malaquias (Ml 03.01,03). O próprio Branham deu margem em suas
mensagens para haver diversas interpretações acerca de sua pessoa, existem
trechos da mensagem em que ele alega ser Deus em forma de homem19. Esta
concepção não é falada somente pelos seus asseclas, o pregador T.L Osborn
encantado e fascinado com a vida de William Branham chegou a afirmar que
este poderia ser Deus em forma humana:
“Esta geração está incumbida: uma geração na qual Deus tem caminhado em
carne humana na forma de um profeta. Deus tem visitado o seu povo. Por que um
grande profeta tem se levantado entre Nós” 20.

19
Mensagem: O único lugar de adoração. 28 de fevereiro de 1965. Shreveport, Louisiana, EUA.
Paragrafo: 264.
20
Artigo extraído do Blog: Um profeta chamado William Branham. O profeta do ultimo século.
Tema: T.L Osborn diz que Branham é um profeta!
94
Outra base estrutural da mensagem de Branham é vincular a sua
personalidade a do profeta Elias e do periodo Veterotestamentario e
também a de João o Batista, assim como estes profetas foram perseguidos
pelo sistema, o profeta Branham e a sua mensagem também seria perseguido
por sua mensagem contra o sistema. De acordo com a profecia de Malaquias
este personagem restauraria todas as coisas (Ml 04.05,06), as escrituras
neotestamentaria aponta que João o Batista veio na virtude de Elias (Mt
11.13,14). Cristo ao falar sobre o Elias prometido afirma que o seu ministerio
seria de restauração, Cristo afirmou e os discípulos compreenderam que
tratava-se de Joao o Batista (Mt 17.10-13). Os seguidores de Branham para
inseri-lo no contexto profético alegam que a profecia de Malaquias cumpriu
parcialmente sobre João Batista sendo o precursor do Messias (Ml 03.01-03),
e a continuação da profecia de cunho escatológico seria uma referencia há
uma outra virtude de Elias (Ml 04.05,06). Este segundo Elias seria o profeta
William Branham. As sua teologia aleogoriza a ideia do fato
veterotestamentario do profeta Elias, assim como este foi perseguido por
jezabel a rainha pagã por denunciar os erros de Acabe (1 Rs 18.12).
Semelhantemente o também profeta Branham sofreu uma forte perseguição
por ser contra o sistema teológico doutrinários das igrejas. Vale ressaltar que
as interpretações de Branham no que tange as escrituras em suma maioria
eram realizadas de maneira alegórica carecendo de uma analise exegética
cultural e sociológica das pericopes textuais. Em síntese a teologia de
proposta por Branham seria a ideia de que da mesma forma que o profeta
Elias sofreu perseguição por parte de Acabe e Jezabel o casal idolatra e pagão,
ele tambem sofreria perseguição das outras instituições cristãs que não
aceitariam a sua mensagem que de acordo com ele mesmo era o: “Assim diz
o Senhor”.

95
 As Refutações das heresias de William Branham.

1. O Ultimo profeta.
Os adeptos e asseclas das mensagens de William Branham declaram
que a sua palavra é a continuação da bíblia, em sua teologia alegam haver a
palavra escrita e a palavra falada. O profeta Branham em suas mensagens cita
de forma indireta que as pirâmides poderiam ter sido criadas através do poder
da palavra falada21, ele chega a referir-se as pirâmides como se fosse uma
bíblia escrita22. O reverendo William Branham afirmava em suas mensagens

21
Mensagem: A mensagem da graça. 27 de agosto de 1961. Jefferson Ville, Indiana, EUA. Paragrafo:
53.
22
Mensagem: Adoção. Misterio predestinado da sua vontade. Jefferson Ville, Indiana, EUA.
Paragrafo: 22.
96
haver três bíblias descritas para a humanidade: a primeira seria o zodíaco, a
segunda as pirâmides e a terceira seria a sua própria palavra 23. Temos um
relato por William Branham em uma de suas mensagens que ele alega que a
sua palavra era equivalente a do Criador, a similaridade era tamanha a tal
ponto de ele afirmar que assim como Deus tinha o poder de criar as coisas do
nada. Em um episodio relatado por ele conhecido como a criação dos esquilos,
neste episodio o reverendo William Branham ao abrir a sua boca foi criado os
esquilos do nada24. Outro episodio que os adeptos usam para sustentar esta
doutrina do poder da palavra falada tem o seu registro no sermão: “Ouvi, mas
agora vejo”. Neste sermão Branham através do poder da palavra falada
ressuscitou um peixinho morto25; as pericopes em analise servem como base
doutrinaria para a comunidade que adere a teologia de Branham, de acordo
com esta teologia este poder da palavra é dado somente ao profeta, sendo
este um ser humano excepcional acima dos demais.
O caro leitor deve notar que em seu ensinamento dogmático William
Branham além de cometer muitos erros teológicos, fica evidente também a
ideia de um sincretismo religioso. Durante varias vezes os zodíacos que são
caracterizados como ensinamento esoterico é citado como sendo parte da
teologia genuína e cristã. Todo cristão deve saber que esta doutrina nada tem
a ver com os conceitos bíblicos e teológicos, cremos na soberania de Deus, o
destino dos fatos históricos e dos homens não são guiados pelos astros e sim
por Deus em sua soberania (Sl 139.01-18). A palavra de Deus é absoluta e
eterna (Jo 17.17), a palavra falada dos profetas veterotestamentario e os
escritos neotestamentarios são inspirados por Deus (2 Tm 03.16), os registros
bíblicos contem as verdades suficientes para a salvação dos homens, podemos
encontrar a veracidade desta doutrina na trigésima carta de Atanasio de
Alexandria no 397 d.C, neste documento estava incluído uma lista de livros do
antigo testamento do novo testamento. Um detalhe interessante é que neste
documento foi excluído os livros apócrifos, posteriormente esta regra foi
estabelecida nos sínodos de Roma (382 d.C), Hippo Regius (393 d.C) e Cartago
(397 d.C). O Canon é a base de toda as doutrinas do cristianismo, é por ele que
as bases teológicas são norteadas, o teólogo Paul Tillich em sua obra alega
uma verdade muito importante sobre o assunto: “foi o Espirito quem criou o

23
Mensagem: Estatura de um varão perfeito. 14 de Outubro de 1962. Jefferson Ville, Indiana, EUA.
Paragrafo: 233,234.
24
Mensagem: O novo ministerio. 15 de Novembro de 1969. Jefferson Ville, Indiana, EUA. Paragrafo:
73-127.
25
Mensagem: Ouvi, mas agora vejo. 17 de Novembro de 1965. Sheveport, Louisiana, EUA. Paragrafo:
17-21.
97
Canon”26. Portanto nenhuma doutrina pode ser inserida no seio da igreja se
não tiver como base as escrituras, nada além das escrituras deve ser instituída
como regra de fé e doutrina.
O ministerio de William Branham acarreta um descredito desde de o seu
nascimento, em sua biografia Branham afirma que uma cigana enxergou uma
luz sobre ele e que o seu nascimento foi envolto de sinais, e que ele tinha um
dom de Deus27. Esta confirmação vindo de uma astróloga contradiz a palavra
de Deus (Lv 19.26), a prova real de que esta afirmação não se trata de uma
evidencia sobre a sua chamada profética e que na verdade ele era um
embusteiro da fé, iremos usar as escrituras, nelas está claro que o oficio de
profetas duraram até João o Batista (Lc 16.16). Portanto crer que depois de
Cristo ainda existe o oficio de profeta é caracterizado biblicamente e
teologicamente como um desvio doutrinário gravíssimo. A igreja de Cristo tem
como verdade axiomática e absoluta que somente o Cristo hoje exerce os três
ofícios (Rei, Profeta e Sacerdote). No periodo veterotestamentario para o
individuo exercer qualquer um destes ofícios era necessário haver um ato de
unção, entretanto nenhum ser humano conseguiu exercer os três ofícios de
uma vez em seu ministerio, somente Cristo consegue este feito, hoje todos
nós estamos debaixo desta unção (2 Co 01.21,22), ele é o Cristo o ungido de
Deus.
A plenitude do ungido de Deus está registrado nas escrituras, ele é o
profeta prometido por Moises que deve ser ouvido por seu povo (Dt 18.15),
este é o verdadeiro profeta que havia de vir ao mundo (Jo 06.14). A mulher
Samaritana o revelou como o Taheb, termo usado pelos samaritanos como
uma referencia para o profeta prometido por Moises (Jo 04.19). As escrituras
registram que o seu ministerio profético era uma visitação de Deus para o seu
povo (Lc 07.16); é através do ministerio profético de Cristo que Deus fala com
o seu povo, ele é a ultima revelação de Deus ao mundo (Hb 01.01). O
Consolador prometido veio em seu nome e tem como base teológica as
palavras de Cristo (Jo 14.26). O ultimo profeta que em seu ministerio terreno
exerceu o oficio de profeta-mor foi Joao o Batista, seu ministerio é diferente
de Cristo, João o batista é o ultimo homem (2 Co 05.19); Cristo é o Deus eterno
encarnado, ele tinha as duas naturezas, humana e a divina. Os teólogos para
referir a este fenomeno usam o termo natureza Teantrópica. Em síntese o
ultimo a exercer o oficio de profeta foi Cristo Jesus, no periodo

26
Tillich, Paul. Teologia sistemática. 5. Edição: São Leopoldo. Editora: Sinodal. 2005. Pág: 50.
27
Mensagem: A Historia da Minha vida. Los Angeles, California, EUA. Paragrafos: 163-188.
98
neotestamentario existe somente o dom de profecias, somente Cristo é o
único ungido que exerce os três ofícios em prol de sua igreja amada.
As escrituras distinguem o oficio de profeta do dom de profecias, hoje no
periodo neotestamentario as escrituram falam sobre o dom de profecias (Rm
12.06; 1 Co 14.06,22), as escrituras nos orientam a não desprezar este dom (1
Ts 05.20). Os profetas pós Cristo são pessoas que exercem um dom de profecia
(At 11.28), porém esta profecia é dirigida pelo Espirito-Santo (At 21.11), e deve
ter como a base as escrituras, isto por que elas são a base de todo o mover
profetico (Ap 01.03). O dom de profecia também pode ser usado pelo
ministerio pastoral, o profeta também pode ser uma referencia ao pregador
ou expositor da palavra de Deus, se não haver a exposição da lei o povo se
corrompe (Pv 29.18). O apostolo Paulo em sua epistola aos Corintios exalta o
dom de profecias, ele explica para a igreja a razão do dom e qual a sua utilidade
na igreja de Deus (1 Co 14.03). O dom de profecia era útil na igreja e para os
seguintes feitos, ele servia para edificar, exortar e consolar. Ao analisar estas
três utilidades do dom da profecia no reino de Deus o leitor já pode ter a
resposta apologética contra o oficio ilegal de profeta proposto por William
Branham.

99
Uma das utilidades do dom de profecia no seio da igreja é a de
edificar ou inserir uma base no seio da comunidade cristã. Entretanto esta
base não pode estar desvinculada dos ensinamentos escrituristicos e
cristocentricos (1 Co 03.10,11), em síntese a estrutura da igreja é Cristo e não
Branham, somente as escrituras devem servir como base doutrinaria e fonte
teológica para a igreja, todo dom de profecia deve ter como base as escrituras
sagradas (1 Co 14.37).
 A síndrome de Elias.
A vida de Branham se divide em dois períodos que devem ser
analisados, no primeiro periodo de seu ministerio William Branham era um
pregador pentecostal que era dotado do dom de cura divina, durante este
periodo do seu ministerio ele recebia o patrocínio de ministros de outras
denominações através da instituição evangelística chamada Homens de
negocio do evangelho. No segundo periodo do seu ministerio acontece uma
cisão ou ruptura com as outras instituições, devido a sua popularidade
alcançada e o como um ser acima dos demais, é ele que abre os sete selos do
Apocalipse, ele é o ultimo mensageiro da igreja, somente ele podia ter a
interpretação absoluta das escrituras, além ainda ele é identificado como um
profeta na virtude de Elias. Sua missão era como a de João o Batista, este
preparou o mundo para a vinda do Messias, o profeta William Branham e a
sua mensagem iriam preparar o mundo para a vinda do Messias, podemos
entender este fenômeno como um restauracionismo. A ideia de um novo Elias
não foi aceita pela teologia ortodoxa, foi questão de tempo para William
Branham ter o seu grupo isolado no cenário cristão, sua mensagem gerou nos
seus asseclas uma teologia exclusivista e restauracionista, nesta teologia as
escrituras só teriam sentido quando lidas com as lentes de William Branham.
Ao estudar a historia do protestantismo americano
pode se notar inúmeros outros lideres protestantes que
introduziram a figura de Elias no seu ministerio, as
experiências se divergem, alguns alegavam ter tido um
encontro com o profeta Elias e recebido deste uma
missão especial 28 . No quadro citado com as
informações sobre as supostas aparições e os supostos
Elias, o caro leitor deve se atentar as datas em que os
ministerios se desenvolveram. Possivelmente William
Jonh A. Dowie Branham deve ter plagiado a teoria do Elias

28
Joseph Smith.
100
neotestamentario da biografia do pregador Alexandre Dowie, este era um
escocês que teve o alge do seu ministérios nos Estados Unidos. O ministério
de Dowie conseguiu o feito extraordinário de administrar a cidade de Chicago
nos moldes do cristianismo, este quartel general era considerado por Dowie e
seus seguidores como uma cidade consagrada, para referir-se a ela usavam o
termo Sião, sendo esta uma alusão a cidade santa de Jerusalém29. Ele era o
administrador desta cidade, o fanatismo religioso e o carisma de Dowie
fizeram com que os homens daquela cidade levantassem a hipótese de que
ele era o Elias prometido por Malaquias30. Em sua utopia restauracionista ele
arquitetava um grande plano urbanistico, ele queria transformar pequenas
cidades americanas em cidades apostólicas e logo em seguida conquistar
também as maiores. Após ganhar um bom território e juntar uma boa
economia seu intuito era construir ao redor de Jerusalém, na verdade o seu
plano era de comprar dos turcos Mulcumanos e dos Judeus e transforma-la
num centro cristão.
Tanto Dowie como Branham se aproveitaram da crença fanática e
religiosa de seus seguidores, ambos criaram um cenário para se auto
promover, no caso de Branham ele cita a sua identidade profética em suas
mensagens por inferência e não diretamente como no caso de Dowie, este até
mesmo se vestia com as roupas típicas de um sumo sacerdote hebreu.
Entretanto podemos deduzir que Branham plagiou o ministerio de Dowie não
de maneira absoluta mas em alguns aspectos. Portanto o ministerio de
Branham não se trata da manifestação do profeta Elias veterotestamentario,
trata-se de uma farsa religiosa, por isto que o ministerio de Branham deve ser
constestado, um homem ortodoxo e com a consciência cristã jamais permitiria
ter o seu ministerio relacionado ao profeta veterotestamentario Elias.
Existem duas formas de interpretação em torno do assunto dissertado,
temos a interpretação judaica que tem como base a transmigração da alma, a
teologia judaica interpreta como uma volta literal do profeta Elias. Em
contrapartida a interpretação judaica ortodoxa alega a volta do profeta Elias
não de uma maneira literal, na tradição judaica é comum os hebreus deixarem
uma taça de vinho no aguardo do retorno do profeta Elias 31 . A segunda
interpretação é a ortodoxa cristã, tem como base as ideias escrituristicas

29
Liardon, Roberts. Os generais de Deus. 1. Edição: Kensignton, PA, USA. Editora: The way. 2008.
Págs: 13,14.
30
Ibid. Pág:18.
31
Blech, Benjamim. O mais completo guia sobre o judaísmo. 1. Edição- São Paulo. Editora: Sheed
Publicações. 2010. Pág:178.

101
neotestamentarias, alegam que o retorno do profeta Elias não seria de forma
literal, trata-se de ministérios que teriam a virtude do profeta Elias, as
escrituras registram duas passagens com personagens distintos que carregam
em seu ministerio as virtudes do profeta Elias, o primeiro é joão o Batista e os
outros dois são as duas testemunhas descritas no Apocalipse (Mt 17.10,12; Ap
11.06). Com base nesta argumentação podemos constatar que é impossível
haver ortodoxia no evangelho apresentado por Branham, o cristianismo
ortodoxo não tem a sua esperança num Elias vindouro, é o Espirito-Santo e
não um profeta que através da palavra de Cristo tem o poder de convencer o
homem do pecado e do juízo vindouro (Jo 16.08), a igreja é guiada por ele, a
sua mensagem é a verdade absoluta (Jo 16.13). O Espirito-Santo usa os
homens porém ele não é um homem, ele é o mentor da igreja (Jo 14.26). O
Consolador vem da parte de Deus (Jo 14.26), todos os membros da igreja tem
o direito de recebe-lo no seu interior (Jo 14.17; 20.22). Portanto alegar que há
um profeta mensageiro e restaurador é negar a ação do Espirito-Santo, no
cristianismo não há espaço para esta heresia proposta pelos asseclas de
Branham.

102
 A semente da serpente.
Esta doutrina surge como pretexto para o exclusivismo restauracionista
de Branham, ele divide a humanidade em duas sementes. Aqueles que
aceitarem a sua mensagem são denominados de eleitos ou presdestinados por
Deus; Em contrapartida aqueles que não aceitarem a mensagem do profeta
são chamados de semente da serpente. O profeta Branham através de suas
interpretações alegóricas das escrituras alegou ter recebido por revelação o
segredo do pecado original, ele tomado por um delírio profético afirmou que
o fruto que do bem e do mal citado no livro do Genesis analogicamente
representava Eva e o seu fruto seria a relação sexual32. Na verdade esta teoria
não se tratava de um revelação especial para William Branham, o Talmude
judaico já alegava esta teoria muito antes, de acordo com este documento Eva
teria tido relação sexual com Samael e ficou gravida gerando posteriormente
um hibrido chamado Caim. Na verdade Branham omitiu alguns pontos e
trabalhou no documento, na verdade ele retira alguns pontos da teologia
judaica como no caso o anjo Samael. Em síntese Branham não teve revelação
extraordinária alguma ele era um plagiador de ideias e teorias.

A teoria da semente da serpente quando confrontada com as escrituras


não se sustenta, caracteriza-se um desvio doutrinário gravíssimo. Não existe

32
Mensagem: A semente da serpente. Jeffersonville, Indiana, EUA. Paragrafos: 129, 130.
103
uma geração que foi gerada pela serpente, as escrituras citam que todos
somos descendência de um só homem cujo nome é Adão (At 17.23). Outrosim
se a arvore do conhecimento do bem e do mal for uma analogia a Eva então
quem é a outra mulher que representa a arvore da vida? Outra alegoria que
não se sustenta é afirmar que o fruto desta arvore é o sexo, este pensamento
de Branham coloca Deus como o criador e um incentivador do pecado (Gn
01.28). Deus é santo e jamais iria incentivar o homem a praticar o pecado, esta
doutrina na verdade é plagiada e adaptada por Branham, esta mensagem era
ideal para a pratica do proselitismo religioso, na verdade o intuito era propagar
o exclusivismo e o restauracionismo de sua mensagem.

 Os erros do profeta Branham.

Todos os homes são falhos e estão sujeitos a cometerem erros a todo


instante, entretanto no caso do profeta Branham estamos analisando um
homem que é compreendido pelo seu grupo como o absoluto, alegam não
haver erros no ministerio em sua mensagem. Fica claro que esta
argumentação não passa de uma falaçia, dentre os inúmeros equívocos
doutrinários e teológicos cometidos por Branham iremos dissertar somente
dois episódios que devem ser dissertados neste documento. O primeiro fato é
o vinculo que ele mantinha com Jim Jones, este era um lider religioso de uma
seita chamada templo dos povos. Ele orquestrou um suicídio em massa de
novecentos e dezoito pessoas, estes eram adeptos de suas ideias e desvios
teológicos. A aliança entre Branham e Jones teve o seu inicio a partir de 1955,
o foco de ambos eram as cruzadas de reavivamento que foram promovidas
nos Estados Unidos. Esta união não durou por muito tempo, Jones alegou que
Branham era um mercenário como os outros pregadores pentecostais e
decidiu romper com a parceria 33 . É fato que se William Branham fosse o
profeta na qualidade de Elias é obvio que o próprio Deus teria de alguma
forma avisado acerca do perverso Jones, principalmente no caso de Branham
que alegava que havia um ser que ele denominava como o anjo que o
acompanhava o teria avisado acerca de Jones? O apostolo Paulo em sua
epistola aos Corintios tratando de um caso de jugo desigual relata uma
pergunta em sua missiva que deve ser usada neste contexto 34 : “Que
comunhão pode ter as trevas com a luz?”.

As escrituras tem um método de chancelar a vida de um profeta, não


pode haver nada relativo em suas profecias, se de fato era Deus falando em

33
Site
34
1 Cor: 06.14.
104
sua boca é fato que nenhuma de suas palavras irá se perder. Quando é Deus
quem fala ele vela por sua palavra e cria os meios para cumprir na integra
aquilo que foi dito (Is 55.11), isto por que o Assim diz o Senhor não pode ser
escarnecido, ela não é homem para mentir e nem filho do homem para se
arrepender (Nm 23.19). Desde os dias antigos existia uma praga no meio do
povo de Deus chamado falso profeta, suas palavras parecem ser verdadeiras
e acabam convencendo até hoje alguns irmãos mais fracos. Porem as
escrituras nos orientam em como mostrar a chancela de Deus sobre a palavra
de um profeta e desmascarar os falsos profetas, a veracidade da palavra do
profeta está no cumprir, se Javé falou vai cumprir saiba que o profeta
profetizou por soberb

105
106
Com base na argumentação acima podemos afirmar que Branham é um
falso profeta, dentre as inúmeras visoes relatadas em seus sermões que ele alega
serem revelações vindas exclusivamente a ele por parte de Deus e também das
inúmeras profecias que ele alega ter recebido, nesta argumentação como prova
documental iremos citar apenas duas:

1. O fim do mundo em 1976.


2. O alagamento de Los Angeles.

O primeiro fato é uma afirmação de Branham sobre o fim do sistema ou


a implantação do milênio, no ano de 1933 após uma serie de afirmações,
conjecturas e cálculos, em torno da temática do ano do Jubileu o profeta
Branham se equivocou e afirmou o fim do sistema para o ano de 197735. Com
base na própria alegação de Branham alguns defensores alegam que neste
contexto ele não profetizou e sim que ele predisse esta mensagem
escatológica36. Esta defesa piora ainda mais a situação de Branham, isto por
que ele mesmo insere detalhes escatológicos no sermão e ainda afirma que
aquilo se tratava de uma visão que havia tido por parte do Senhor. Em Deus
não pode haver confusão (1 Co 14.33), um profeta deve ter certeza do que
fala, ele não deve profetizar por presunção ou contando com a sorte, as
escrituras registram que os profetas não contam com o talvez, ele é um porta
voz e fala em nome de Deus, portanto a sua palavra terá que se cumprir, por
que ela é a palavra de Deus na boca de seu profeta.

O outro fato é a inundação de Los Angeles, sobre este assunto não há


nenhuma literatura impressa sobre o assunto. A profecia de Branham
acontece durante uma conversa informal com o seu filho Billy Paul, neste
dialogo Branham garantiu e afirmou que os tubarões iriam nadar naquela
cidade, e o seu filho Billy não ficaria velho o suficiente para ver isto. Este
dialogo foi confirmado pelo próprio Billy Paul em uma visita ao Brasil no ano
de 1998 o próprio Billy Paulo afirma a veracidade da conversa. Entretanto nos
dias atuais o referido filho Billy Paul atualmente é um senhor idoso e a profecia
não teve o seu cumprimento.

Ambas as profecias não tiveram o seu cumprimento, podemos afirmar


que não se tratava de uma profecia chancelada por Deus e sim de um delírio
por parte de um homem comum que se auto promovia as custas de seguidores

35
Mensagem: As setenta semana de Daniel. Jeffersonville, Indiana, EUA. Paragrafos: 196-201,213-
215.
36
Mensagem: A religião Hibrida. Jeffersonville, Indiana, EUA. Parágrafo: 29.
107
leigos, as profecias de Branham não passam pelo crivo das escrituras, todo
seguidor de sua mensagem deve saber que é impossível haver ortodoxia no
cristianismo apresentado por Branham. As profecias de Deus são verdades
absolutas e não pode haver relativismo nelas, portanto estes dois relatos
desmascaram o pseudo profeta e as suas profecias.

 O plágio da teoria das sete eras.

Sem a teoria das sete eras William Branham seria um pastor e pregador
comum, esta distorção teológica é importante para os asseclas de Branham
que o nomeiam como o ultimo profeta da era de laodiceia. O caro leitor deve
se lembrar que o profeta citado Branham recebe a missão de abir os sete selos
do apocalipse e desvendar os mistérios escatológicos. Na verdade os adeptos
da mensagem de Branham seguem as suas interpretações sobre os assuntos,
o resultado não poderia ser outro, as interpretações pessoais de Branham
resultaram em diversas distorções teológicas. Na teoria das sete eras o profeta
alegou ser uma revelação pessoal e especial para o seu ministerio 37 ; a
tendenciosidade é tamanha que para Branham as escrituras e o apocalipse só
tem um sentido quando lido com as suas lentes.

O caro leitor deve saber que Branham não é o primeiro e nem o único a
interpretar as sete igrejas da Asia descritas no Apocalipse como períodos que
ele usa como referencia o termo “eras”. Em cada período tem um anjo
mensageiro que é como um patrono daquele periodo a sua mensagem é o
absoluto para os seus dias, os adeptos de Branham usam o termo “o maná do
dia” como uma referencia a mensagem do ultimo mensageiro de Laodiceia,
este seria o próprio Branham. Os seguidores de Branham tem como bas
doutrinaria e teológica o quadro das eras, nele estão contidas as informações
numéricas de cada mensagem. A doutrina das sete eras proposta por Branham
podemos referir de maneira alegórica que esta seria a peca que faltava na
engrenagem, esta doutrina revela a importância do ministerio de profeta que
Branham, ele anexou a sua personalidade no grupo, tornando assim
impossível a qualquer individuo adentrar ao grupo e não aceitar a sua
“mensagem”. O termo usado para referir-se a William Branham é o
“mensageiro da era”, como a maioria dos pseudos profetas a sua mensagem
para o grupo é de cunho escatológica somente ele foi capaz de interpretar as
escrituras corretamente, de sua boca saiu o “Assim diz o Senhor”, a sua palavra
para o grupo é absoluta e infalível, alias este é o ultimo profeta da era de

37
Mensagem: A festa das trombetas. Jeffersonville, Indiana, USA. Paragrafos: 38-41.
108
Laodiceia. De acordo com a teoria apresentada William Branham seria o
restaurador da igreja que se apostatou da verdade, todas as igrejas falharam
em anunciar a verdade, somente ele o profeta e a sua mensagem é a revelação
absoluta de Deus, por esta razão que o grupo se comporta de maneira
exclusivista diante de outras instituições, a forma evangelística do grupo é de
caráter proselitista.

As sete eras da igreja

A afirmação da suposta revelação de Branham sobre as sete eras da igreja não


se sustem quando analisada no contexto, esta teoria já havia sido exposta antes
de duas maneiras e por duas pessoas diferentes. O primeiro a expor esta teoria
foi Charles T. Russel, o fundador das testemunhas de Jeova, ele defendia esta
teoria e também alegava ser o ultimo mensageiro das sete eras. O profeta
109
Branham tinha tanta admiração por Russel que os túmulos de ambos tiveram o
direito de terem uma pirâmide como símbolo de suas missões. O quadro abaixo
mostra que Charles T. Russell tinha personagens diferentes do de Branham,
entretanto a esquemática é a mesma, um profeta para cada era e o ultimo seria
interpretado como um restaurador da ortodoxia cristã que se corrompeu com o
passar das eras. A fonte de informação do quadro das eras de Russell é de um
documento publicado no de 1917 chamado: O mistério completo. No Volume
sete na pagina três é apresentado aos seguidores o pastor Russell como o único
homem na terra a ter a comida na hora certa, para aqueles que conhecem os
seguidores de Branham sabem que somente o profeta tem a mensagem da hora,
podemos concluir que esta frase foi uma adaptação em torno do dizer dos
seguidores de Russell. O segundo a interpretar as sete eras da igreja antes de
Branham foi o pastor Batista Clarence Larkin, sua obra tem como base uma
escatologia dispensacionalista baseada nas teorias de Darby. Um fato importante
é que o Larkin não tinha a síndrome do profetismo, em suas dissertações ele não
aparece como o restaurador da era ou profeta mensageiro de uma era. As
dissertações de Larkin sobre escatologia dispensacionalista foram em sua maioria
plagiadas por Branham, entretanto ele não teve a humildade de revelar a sua
fonte literária. Ao invés ele alterava o conteúdo de larkin e implantava as suas
ideias heréticas, o próprio Branham chamava estas ideias de “pontos de vistas”38.
No caso de Larkin ele palgiou não somente as ideias das sete eras da igreja,
inúmeras ideias escatológicas sofreram alteracão de Branham, algumas como no
caso a proposta do anti Cristo ser o cavaleiro branco registrado na escritura de
(Ap 06.01), foram ideias plagiadas na integra por William Branham. Portanto não
havia nada de revelação divina no conteúdo escatológico restauracionista
apresentado por Branham, trata-se de um bom plagiador das ideias de outros
teólogos, ele simplesmente mantinha a proposta idealística do texto como no
caso das sete eras, o conteúdo era alterado e transformado através de suas
interpretações de cunho restauracionista e exclusivista. As ideias propostas na
escatologia de Branham são de fontes diferentes, na citação proposta
anteriormente ele alega pesquisar alguns escritos de um teólogo adventista.
Sabemos que as interpretações escatológicas do movimento adventista diverge
da teologia pentecostal, além ainda esta teologia contem a heresia doutrinaria
do juízo investigativo. Podemos afirmar que William Branham não recebeu
revelação divina alguma sobre o assunto das sete eras da igreja, através desta
dissertação fica evidente que William Branham era um bom plagiador de ideias.

38
Mensagem: A festa das trombetas. Jeffersonville, Indiana, EUA. Paragrafo: 40.
110
As sete eras da igreja de Clarence Larkin.

Os absurdos da teoria das eras proposta por Branham não se resume somente
na mentira da falsa revelação, na cronologia de mensageiros das eras proposta
por Branham dentre os seis citados antes de sua personalidade iremos destacar
três: Paulo, Irineu e Lutero. Estes três defendiam pontos doutrinários que para
Branham e seu grupo são tidas como erros doutrinários, inclusive Branham
combatia em seus escritos pontos que estes defendiam como verdade absoluta.
A contradição começa pela doutrina da trindade, os três defendem a doutrina da
Trindade, em contrapartida Branham tem a sua posição doutrinaria influenciada
pelo modalismo, doutrina esta que nega a veracidade da doutrina da trindade.
Em seus escritos absurdos teológicos Branham chega a afirmar que a doutrina da
Trindade é a marca da besta39. Se o que Branham diz for verdade nem mesmo o
apostolo Paulo escapou da marca da besta, é nítido em suas missivas a defesa
apologética em torno da doutrina da Trindade (2 Co 13.14). A teoria das sete eras
proposta por Branham não se sustem quando contrastada escrituristicamente e
historicamente, além de ser cheia de contradição trata-se de uma interpretação
distorcida e tendenciosa das escrituras e dos fatos historicos cujo a intenção é

39
Mensagem: As sete eras da igreja. Pág: 341.
111
exaltar a personalidade de um pseudo profeta e de um restaurador da doutrina
apostólica.

 Refutação em torno da luz sobre a cabeça do profeta.

A luz sobrenatural que foi fotografada sobre a cabeça de William


Branham como já foi dissertado anteriormente é considerado como uma
aparição sobrenatural, entre os seguidores de Branham é comum encontrar
aquela foto em algumas repartições de seus templos. Entretanto existe um
numero elevado de contradições em torno deste episodio, a pseuda aureola
que aparece sobre a cabeça de Branham na fotografia pode ser o resultado da
posição da luz durante a fotografia, no ato a câmera pode ter capturado o
excesso de iluminação que continha no estudio. Existem outras fotografias
que foram tiradas no mesmo local e a mesma foto de outro ângulo
comprovam a inveracidade do fato, observem a luz no interior da foto é vista
durante o uso da plataforma. O profeta William Branham na defesa da teoria
da luz sobrenatural ele por cita por diiversas vezes em suas mensagens que a
foto foi periciada pelo FBI, de acordo com ele o responsavel pela analise foi o
perito George J. Lacy40. Entretanto não há registros no FBI sobre Lacy, ele era
um perito particular e gozava de uma certa influência em Houston, neste
estado ele mantinha um escritório particular, destacou se atuando em
diversos casos no de maior destaque foi o de Bonnie e Clayde.

O esclarecimento destes dois fatos desmonta todas as heresias de


William Branham em torno destes episódios, o desvelar dos fatos revelam as
mentiras criadas para manter um sistema em torno de uma personalidade
humana, fica mais do que claro que não existe na foto nenhuma aparição
sobrenatural, não se trata da coluna de nuvem que de acordo com as
escrituras guiou Israel no deserto. Entretanto Branham criou uma doutrina em
torno de uma falsa narrativa e conseguiu corromper inumeros fiéis ate o dia
hoje.

40
Mensagem: Provando a sua palavra. Paragarafo: 224.
112
mesma que da plataforma hora discurso .

113
As sete eras da
igreja.
Charles T. Russell.

114
 A santa Vó Rosa e a Igreja Apostolica da Santa vó Rosa.

Apesar da igreja ter um programa radiofónico em diversas emissoras de


rádio chamado a hora milagrosa e conta ainda com diversos templos
espalhados pelo território brasileiro, inclusive com templos abertos fora do
Território nacional. Por incrível que pareça a igreja Apostólica da Santa Vó Rosa
ainda é desconhecida por muitas pessoas que compõe o meio evangélico. A
igreja é conhecida pelo rigor extremo em seus costumes culturais e moral, e
por sua base Teologica conter um sincretismo religioso, trata-se de uma
mistura de catolicismo romano, espiritismo. Toda esta mistura ideológica e
teológica está camuflada atrás de uma placa de igreja evangélica. O assunto
em dissertação carece de provas documentais, isto por que como a maioria
das seitas a instituição em análise não simpatiza e tem aversão pelo ensino
académico e teológico. Em sua liturgias costuma ser um verso das escrituras
no novo testamento, outro detalhe interessante que deve ser inserido no
documento é a aversão da seita pelo Antigo Testamento. A reflexão é inserida
numa espécie de boletim liturgico, este é distribuído em todas às filiais, os
pregadores ao invés de expor os textos das escrituras passam a expor ideias já
falecido líder Aldo Bertonni, de acordo com a crença da igreja o irmão Aldo
subia ao céu na quarta feira e trazia as mensagens de Deus e da Santa Vó Rosa
para a congregação.

A fundação da IASR sigla correspondente ao nome da igreja Apostólica


da Santa Vó Rosa, a instituição surgiu em 1954 através do casal Eurico e Odete,
ambos eram pregadores e realizavam as suas reuniões em uma tenda. Este
método era comum dentre os anos 50 e teve a sua origem no evangelicalismo
americano, dentre os inúmeros pregadores das tendas podemos destacar o
americano William M. Branham e o brasileiro Manoel de Mello. O casal Eurico
e Odete conheceram a senhora Rosa Vicente naqueles dias ela já era uma
viúva e passava por uma crise financeira, a pseudo consoladora da IASR para
se sustentar comercializava sabão caseiro. Com o passar do tempo Rosa
Bertonni começou a inserir as suas crenças pagãs como regra de fé e doutrina,
dentre estas heresias propostas por Rosa destacamos pelo menos seis: A
devoção a Maria e a sua virgindade perpétua, atribuir a Santa Vó Rosa ao cargo
de terceiro consolador, conceber a Aldo Bertonni poderes sobrenaturais ele
seria uma espécie de mediador entre a Santa Vó Rosa e seu povo.

115
Casal Eurico Matos Coutinho e Odete Corrêa.

• A veneração a Maria.

A veneração a Maria foi estabelecida como doutrina dogmática da igreja


Católica Apostólica romana no ano 431 d.C no concílio de Efeso, para referir-
se a este credo a igreja romana usa dois termos: Hiperdulia e "Theotocos". O
segundo termo no grego significa a mãe de Deus. Vale ressaltar nesta obra que
a ideia de referir se Maria como Mae de Deus não se tratava de uma devoção,
era na verdade um termo apologético para defender a doutrina da encarnação
do logos divino de Cristo que no terceiro seculo estava sendo atacada pelo
arianismo e posteriormente por Nestorio41. No séc 11 é aprovado pela igreja
a reza "Ave Maria", no conteúdo da oração é nítido que Maria intercede ou
roga pela humanidade junto à divindade, portanto o fiel deve dirigir as suas
súplicas a Maria. Na igreja Apostólica é comum nas saudações dos pregadores
fazerem a alusão a virgem Maria santíssima, é também uma característica
comum dos fiéis citar o nome da virgem Maria em sua orações e súplicas. Aliás
a pratica da oração para Maria é ensinado como uma regra de fé da igreja.

41
Kelly, J.N.D. Patristica origem e desenvolvimento. Tradução: Marcio Loureiro Redondo. 1. Edição.
São Paulo. Editora: Vida Nova. 1999. Págs: 234-236.
116
• Refutação do Marianismo.

Na teologia protestante está personagem das escrituras chamada Maria


é uma serva do Senhor, uma mulher agraciada por Deus, ela foi a mulher
escolhida para ser a mãe do messias (Lc 01.28,30,35). Devido a influência da
devoção à virgem na idade medieval alguns reformadores como no caso
Lutero tinham uma flexibilidade sobre a posição de Maria, era aconselhado
aos membros não darem a Maria veneração ou adoração. No catolicismo
romano o Marianismo termo teológico usado para a liturgia que venera a
virgem Maria, nesta teologia ao inverso das escrituras que nos apresenta
Cristo como o suficiente mediador, Maria é apresentado como o mediador
entre Deus e os homens.

Entretanto o cristianismo pentecostal extingue qualquer possibilidade do


Marianismo em sua liturgia, caracteriza-se um fato paradoxal a igreja
apostólica que era um movimento evangélico carismático aderir a pratica da
mariolatria em suas liturgias. Uma das explicações para a comunidade
Apostólica aderir à mariolatria pode ser explicado através de dois fatos. O
primeiro refere-se a personalidade central da comunidade a Santa vó Rosa,
por ser uma mulher é período em que a comunidade está desenvolvendo um
amplo crescimento está em evidencia a cultura machista, talvez o grupo busca
a veneração de Maria por causa do feminino, sendo este um apoio a
veneração da também santa vó Rosa. O segundo fato seria a estratégia do
culto sincretico, vale ressaltar que Rosa Bertonni foi educada na tradição
católica portanto ela mesmo depois de converter-se ao cristianismo não
abandona a doutrina herética da mariolatria, uma igreja em que o fiel não
precisa abandonar a sua crença Mariana seria de certa forma um caminho
mais fácil para uma pseuda conversão.

As escrituras advertem contra esta doutrina maléfica chamada


mariolatria, a virgem foi um instrumento usado por Deus para realizar o
propósito messiânico porém em nenhum momento Cristo pediu que os
homens a venerassem como um ser divino. Por ser um ser humano Maria
estava inserida no contexto de pecador, e como tal não podia ser venerada
(Rm 03.23,24). O próprio Cristo nas escrituras proibiu qualquer tipo de
veneração a Maria (Mt 11.27,28), por mais que possa ter havido um
sentimento fraternal entre ambos não há uma hierarquia no seio cristão, de
acordo com o próprio Cristo todos que seguem a sua palavra são considerados

117
sua família (Lc 08.21). Além ainda não há registro de nenhum dos apóstolos
venerando Maria, ao invés o apóstolo Pedro afirma que somente no nome de
Cristo há salvação (At 04.12).

• A virgindade perpétua de Maria.

É comum nas pessoas que devotam a Maria referir-se a ela como a


virgem ou santíssima, estes adjetivos referente a pessoa de Maria além de
colocá-la num patamar superior aos demais seres humanos caracteriza se
também uma alusão à doutrina da virgindade perpétua de Maria. Este dogma
foi implantado na igreja no aonde 1854 pelo Papa Pio 11, de acordo com esta
doutrina Maria foi preservada imune do pecado original. A igreja apostólica ao
referir-se a Maria atribui a ela o adjetivo de "santíssima", esta referencia deixa
claro a devoção e a crença no dogma católico da virgindade perpétua de
Maria.

• Refutando o dogma da virgindade de Maria.

A igreja apostólica adere a mesma heresia que a igreja romana, este


sincretismo religioso resulta numa teologia cujo a base não são as escrituras e
sim a tradição romana. O dogma da virgindade perpétua de Maria não se
sustenta nas escrituras e nem na tradição apostólica. É fato Maria que ela era
virgem quando concebeu Jesus (Lc 01.34-38), mas após o parto ela não
permaneceu mas virgem, as escrituras fazem alusão a vida sexual ativa de
Maria com o seu esposo José, o que as escrituras registram que ela não teve
relação sexual com José durante o período de gestação (Mt 01.25), observe
que está inserido na pericope a palavra "enquanto", o escritor deixa
entendido que não tiveram relações somente por um período e logo após
tiveram uma vida marital comum e normal como qualquer outro casal. À prova
da veracidade deste fato está registrado nas escrituras elas afirmam que Jesus
tinha outros irmãos (Mt 12.46; 13.55,56; Mc 03.31-35; Lc 08.19; Jo 07.03-05;
20.17; At 01.14; Gl 01.19). Agrega romana nega estas verdades alegando que
os irmãos seriam os seus primos ou filhos de José em um outro
relacionamento. Mas diante de inúmeras pericopes citadas podemos ter a
certeza que Jesus tinha outros irmãos e Maria não continuou virgem após o
período de gestação.

Diferente de qualquer ser humano Cristo foi concebido através do


método bioplasmatico e não pelos meios naturais (hiloplasmatico), somente
Cristo é o único que não pecou, ele foi tentado como um ser humano comum
(Hb 04.15), este foi o único que nunca pecou (2 Co 05.21; 1 Jo 03.05). O
118
apóstolo Pedro era defensor desta verdade em sua carta afirmou que nunca
foi achado nenhum pecado em sua boca (1 Pd 02.22), na sua teologia Cristo é
apresentado como o cordeiro sem defeito e sem mancha (1 Pd 01.18,19).
Portanto a Mariolatria não se sustenta como uma doutrina ortodoxa, somente
Cristo é puro, sem pecado e deve ser adorado entre os cristãos. A igreja
Apostólica é uma instituição cujo a base teologica é a mesma da igreja católica
apostólica romana a grande Babilônia e meretriz, as escrituras nos orienta a
sair da Babilônia (Ap 18.04), o caro leitor deve saber que o cristianismo
ortodoxo não combina com Mariolatria, pois esta é uma doutrina que fere a
santidade de Deus.

• O outro consolador.

A tenda passa a ter conflitos eclesiásticos entre o Missionario americano


e o casal Eurico e Odete, com um anseio restauracionista e de cunho
exclusivistas as ideias de Rosa Vicente passam a ser aceitas pelo grupo, aos
poucos Rosa Vicente conquistou a admiração e a confiança de seus pastores.
Com o tempo Rosa passa alega ter experiências sobrenaturais,
gradativamente ela se torna a profetiza do grupo e passa a manipular os
líderes e o seu público. As experiências sobrenaturais de Rosa eram
caracterizadas através de sonhos e visões, em uma destas experiências ela
recebe a visita do próprio Jesus, de acordo com o relato de Rosa ela foi
alertada sobre uma divisão que iria acontecer na igreja. Ela concebia a ideia
que o missionário americano que este período estava de retorno dos Estados
Unidos era mundano e não compactuaria de suas ideias exclusivistas e
restauracionistas. Os líderes Eurico e Odete aderem as revelações de Rosa e
com o tempo a cisão foi inevitável, eles começaram um novo trabalho na rua
Tuiuti no Tatuapé. Neste novo trabalho Rosa tem uma autoridade sobre a
comunidade, apesar de não ser a líder eclesiástica ela manipula todas as
normas internas do grupo a sua palavra é absoluta para a comunidade.
Registros documentais afirmam que Rosa era extrema a tal ponto de vigiar os
irmãos na sua vida cotidiana e na reunião ela usava uma varinha nas mãos e
monitorava o tamanho da saia das irmãs. Em 1970 no dia 23 de Outubro a
igreja Apostólica sofreu uma grande perda, a senhora Rosa Vicente foi
atropelada por um taxista vindo a falecer posteriormente. Segundo consta por
testemunhos de fiéis Rosa era casada novamente com um marido bem mais
novo, eliminando assim a teologia de beatíssimos.

O seu sobrinho Aldo Bertonni que antes já era apresentado pela senhora
Rosa Vicente como um jovem promissor e com um dom especial, durante o
119
velório ele alegou ter tido uma visão com a falecida vó. Havia uma promessa
feita pela senhora Rosa Vicente, ela havia alegado em vida que após a sua
morte ela ressuscitaria e levaria a igreja consigo para o céu. Os fiéis nutrindo
a esperança nesta promessa demoraram sete dias para realizar o
sepultamento de seu corpo. Como o fato não aconteceu no intuito de
preservar a fé do povo o seu sobrinho Aldo Bertonni alegou ter tido uma visão
da assunção da Vó Rosa aos céus. A visão de Aldo Bertonni seria a espinha
dorsal do dogma que seria implantado posteriormente como regra de fé da
comunidade " A era do Consolador". O grupo passa a interpretar que havia um
sentido especial sobre a vida daquela senhora, ela não era um ser humano
comum, sua morte é interpretado como uma espécie de desencarnação, além
de ser considerada uma santa mesmo no pós morte ela tem poderes de se
comunicar com a instituição ao qual ela antes fazia parte, é atribuído a ela o
título de Consolador. Com o intuito de provar a farsa a comunidade usa as
escrituras como base, interpretam que ela seria o outro Consolador prometido
por Jesus (Jo 14.16), alegam viver " a era do Consolador".

• A refutação sobre a heresia do novo Consolador.

O erro em torno desta heresia chega a ser bizarro pois eleva a criatura
no nível do seu criador, esta teoria não se sustenta de modo algum nas
escrituras. No teísmo ortodoxo o termo Consolador é uma referencia ao
Espírito Santo, a expressão deriva se do grego (paracletos), a ideia proposta é
que a terceira pessoa da Trindade realizaria a tarefa de estar com a sua igreja
guiando a sua igreja em toda a palavra de Jesus Cristo (Jo 16.13), o Consolador
é o absoluto da igreja ele não é uma força ativa, trata-se de uma pessoa co-
eterna com o Pai e o Filho (At 05.03,04). No assunto em questão nota-se
claramente a discrepância e a controvérsia Teologica da igreja apostólica,
referir-se a vó Rosa com o título de Consolador é ferir a santidade de Deus,
essa senhora não passava de uma criatura pecadora, que como todos os seres
humanos carecem da graça de Deus para se salvarem (Ti 02.11-14).

Na economia da trindade o Espírito Santo assim como o pai e filho recebe


nas escrituras o atributo de criador (Gn 01.02), de maneira excepcional e de
forma bioplasmatica gerou vida no ventre da virgem Maria (Mt 01.20; Lc
01.35). Cabe ainda analisasr as ações do verdadeiro Consolador sobre o
homem, entre os testamentos notamos que as formas de ação se divergem.
No antigo testamento ele realizava alguns feitos agindo sobre o homem (Jz
03.10; Is 61.01; Ez 11.05,06), no período neotestamentario ele está inserido
no interior do homem (Jo 20.22), executando diversas obras em prol de sua
120
igreja. Nesta obra iremos destacar pelo menos três obras do Espírito Santo no
período neotestamentario:

1. Capacitar a igreja com os seus dons (At 02.04; 10.47.48; 19.06; 1 Co


12,04-13).

2. Capacitar e escolher os novos ministros (At 13.03,05).

3. Guardar e preparar a igreja para o arrebatamento e inibir a aparição


do anti-Cristo (2 Ts 02.06,07).

A teoria proposta pelos asseclas da igreja Apostólica para justificar esta


heresia caracteriza-se uma distorção de uma pericope que está inserido no
evangelho de João (Jo 16.13), entretanto a palavra outro no grego é "allós",
indicando não uma outra pessoa e sim outro da mesma espécie. A tradução
favorece a doutrina da Trindade, o Consolador Deus como o Pai e o Filho. Com
base nesta resumida argumentação podemos afirmar que é impossível Rosa
ser o Consolador prometido a igreja, ela é um ser mortal e o Espírito Santo é
Deus, em hipótese alguma Deus dará a sua glória a outro (Is 42.08). Atribuir
um título desta envergadura para um ser humano é caracterizado como um
pecado de Antropolatria, este pecado futuramente será a base do império do
anticristo (2 Ts 02.03,04).

Rosa vicente- A santa vó Rosa.

• O primaz Aldo Bertonni.


121
O título de primaz é conferido ao senhor Aldo Bertonni, o termo na
verdade seria uma referencia a sua liderança, de acordo com a doutrina da
igreja Apostólica ele é o pastor diagrama, seus ensinos são absolutos e suas
decisões inquestionáveis. Ele é o sobrinho do ícone teológico da igreja
Apostólica a senhora Rosa Vicente, por este motivo ele é visto como o sucessor
de seu legado profético. O primaz não era um ministro liturgico, ele era um
administrador e costumava cumprimentar os adeptos após as reuniões e
também dava atendimento privado em seu gabinete. Toda programação
litúrgica da igreja Apostólica é de maneira uniforme, todas as filiais seguem as
orientações que são impressas até hoje nos boletins. As mensagens de
reflexão eram de autoria de Aldo Bertonni, podemos concluir que não havia a
necessidade de ele subir numa plataforma para realizar o ato de pregação ou
apascentar literalmente uma comunidade.

De acordo com a crença da igreja Apostólica o primaz recebia mensagens


de sua tia que agora era chamada pelo epíteto de Santa Vó Rosa, neste sistema
ele é o mediador da era do Consolador prometido para a igreja Apostólica, a
missão de Aldo Bertonni é manter os ensinamentos da Santa Vó Rosa vivos no
seio da igreja, inclusive uma de suas marcas era identificado pelos mesmos
excessivos rigor doutrinário de sua venerada tia.

Por ter este dom a igreja inclui na sua veneração o nome de Aldo
Bertonni, a maioria dos sermões dos pregadores desta instituição trazem ao
publico os fatos e exemplos da vida do primaz Aldo Bertonni, os corais inserem
o nome de Aldo em suas composições e até nas orações dos fiéis está inserido
o seu nome. Em síntese o nome do primaz é uma das partes principais do
devocional da instituição, sendo este uma peça fundamental no conceito
teológico da comunidade, a devoção em torno de seu nome é uma regra de fé
registrada no estatuto da igreja Apostólica.

No final de sua vida o “primaz" Aldo Bertonni foi noticia em rede nacional,
a imagem de santo foi deteriorada pelas denuncias de abuso sexual, mas
mesmo assim ainda hoje na instituicao em analise o nome Aldo Bertonni ainda
é reverenciado e adorado equivalente a trindade.

122
 O sincretismo em torno da IASVR.

No que tange a doutrinas eclesiásticas a base ou estrutura deve se as


escrituras sagradas, entretanto em suma maioria os estatutos destas
instituições estão repletos de versículos das escrituras. Porém estes versos
estão isolados de seu contexto, a interpretação em torno das escrituras são
torcidos para servir de referencia para uma inovação doutrinária. Nesta
instituição em análise temos uma ocorrência deste fenómeno, com o intuito
de provar a doutrina do "outro consolador" o grupo usa um verso bíblico (Jo
14.16). Neste contexto as escrituras servem somente de camuflagem para
esconder as heresias pregadas por estes grupos sectários, de maneira
analógica chamamos este fenomeno de colcha de retalhos. Com o intuito de
convalidar as ideias do líder aderem à textos escrituristicos com o intuito de
anexar as ideias do líder ou profeta mor das instituições sectárias, geralmente
as ideias destas tais estão repletas de doutrinas diversas. Este fenómeno é
conhecido na esfera teológica pelo termo sincretismo religioso, o fenómeno
123
refere-se a inserção de doutrinas adversas as ideias cristãs, estas são inseridas
como regras de fé num sistema religioso. Na igreja da santa vó Rosa de
maneira desvelada nota se a inserção da teologia católica apostólica romana
e do espiritismo, como se não bastasse a devoção a Maria o grupo para
confirmar qualquer assunto administrativo pede ainda os conselhos dos
ícones Vó Rosa e Alo Bertoni, e acordo com a instituição ambos chegaram a
condição de "santos" e mesmo depois de mortos ainda se comunicam com a
diretoria da pseuda igreja apostólica.

A pratica de consultar os mortos tem a sua origem desde de os tempos


antigos, existem relatos de religiões primordiais que praticavam o contato com
os mortos na sua liturgia. O termo teológico para referir a esta pratica chama-
se necromancia. Entretanto a maioria das pessoas conhece esta doutrina
através do espiritismo moderno, a diferença do espiritismo para as religiões
antigas está na ideia da incorporação. O espiritismo tem a sua forma de
comunicação através da incorporação, ou através de um sensitivo que se
comunica com o mundo sobrenatural e até escreve as mensagens do "além"
para a família ou alguém que fazia parte da vida do morto, o termo usado para
referir a este fenómeno é psicografia. O fato de Rosa já falecida se comunicar
com o seu sobrinho Aldo Bertonni que na época ainda estava vivo é
caracterizado como uma heresia gravíssima, nota-se fragmentos da doutrina
espírita inserido na base teológica e litúrgica desta instituição. De acordo com
as escrituras nenhum morto pode interferir nos assuntos terrestres (Ec
09.05,06; Hb 09.27), além ainda a pratica é citada como um pecado horrendo
(Lv 19.31). Portanto é notório o fato de que a IASVR pratica um culto sincrético
que nada tem haver com a genuína teologia ortodoxa cristã, suas crenças não
estão baseadas na palavra de Deus, fica evidente o fato de que esta instituição
tem as suas regras de fé estruturada em lendas e mitos que carecem de ser
verdades.

124
 Ellen G White, a voz da profecia.

O casal Ellen e Tiago

A historia do movimento adventista seria incompleta sem Ellen G White,


nascida numa pequena vila próximo a Portland nos Estados Unidos, no dia 26 de
Novembro de 1827. Teve uma educação com base nos ensinos e preceitos cristão
protestante, seu pai era um fervoroso diácono na igreja Metodista 42 , ela se
batizou por imersão no ano dia 26 de Junho de 1842 na instituição que seu pai

42
Raul, Dederem. Tratado de Teologia Adventista. 1. edição. São Paulo, Tatui. Editora: Casa
Pubilcadora Brasileira. Pag: 02.
125
prestava serviços ministeriais como diácono 43 . Na infância sofreu um trauma
terrível, foi atingida por um colega de classe por uma pedrada, após este fato ela
teve dificuldade de frequentar a escola novamente, sua formação pedagógica se
deu com os ensinamentos pessoais de seus pais e com o habito da leitura 44 .
Posteriormente casou –se com o pioneiro Tiago White, a instituição fez questão
de deixar registrado em seu tratado teológico a importância deste casal, neste
documento é conferido a eles o titulo de principais construtores da instituição45.

No século passado estava em evidencia um movimento chamado Milenaristas,


estes eram pregadores e pesquisadores das escrituras, a base central destes
pregadores eram as profecias escatológicas. No ano de 1840 a jovem Ellen ouviu
uma palestra do pregador milenarista Guilherme Miller, a partir de então as
profecias em torno do advento passaram e a ideia restauracionista passam a
influenciar a jovem. Após o grande desapontamento que já foi citado com
detalhes anteriormente nesta obra, as visões místicas de Ellen White passam a
servir como base de esperança para o grupo46. Gradativamente as visões e os
extases proféticos de Ellen White se tornaram de extrema importância para os
pioneiros do movimento Adventista, a tal ponto de serem consideradas
equivalentes as escrituras 47 . Os teólogos adventistas alegam que as crenças
teológicas da IASD tem como base somente as escrituras e que as visões e as
profecias de Ellen White não são equivalentes as escrituras, alegam que os
ensinos de Ellen White de maneira metafórica é uma luz menor que conduzira a
luz maior no caso as escrituras 48 . Entretanto este argumento não se justifica
diante das evidencias documentais da própria instituição, a revista Adventista
declarou que a os ensinos de Ellen White são equivalentes e não se diferem das
escrituras49. O renomado escritor do nicho adventista Cristianini em uma de suas
obras alega que as doutrinas de Ellen White são infalíveis e absolutas50. Portanto
na teologia adventista a voz da profecia é o filtro de interpretação das escrituras,
a voz da profecia tem autoridade no mesmo nível e grau das escrituras51.

43
Ibid. Pag: 08.
44
Ibid. Pág: 07.
45
Ibid. Pág: 07.
46
Ibid. Pág: 08.
47
Ibid. Pág: 09.
48
O copoltor. Pág: 125.
49
Revista Adventista. Editora: Casa publicadora brasileira. 2. Edição. Fevereiro de 1984. Pág: 37.
50
Cristianini. B, Arnaldo. Subtilezas do erro. 1. Edição. Santo André. Editora: Casa publicadora
brasileira. 1965. Pág: 114.
51
Douglas E. Herbet. Mensageira do Senhor, o ministério profético de Ellen G. White. 1. Edição.
Tatui. Editora: Casa publicadora brasileira. Pag:416.
126
Os ensinamentos de Ellen White na verdade diferem a teologia proposta pela
igreja Adventista dos demais grupos cristãos, temos inserido no conteúdo
doutrinário do adventismo doutrinas extra bíblicas nunca defendidas pelos pais
da igreja, dentre muitas podemos citar pelo menos três: O juízo investigativo,
crença em vida interplanetária e a não ressurreição dos negros, escravos e indios.
Os escritos e as doutrinas apresentadas por Ellen White são analisadas pelos
adventistas como parte fundamental da fé, são credos que compõe todo um
sistema teológico organizacional, sendo assim é nítido a simbiose que existe entre
a literatura da profetiza e a igreja Adventista. A conclusão é que a profetiza Ellen
White através de seus escritos e de suas interpretações criou um sistema
organizacional cujo a base é o restauracionismo teológico da fé cristã, um detalhe
interessante é que a IASD assumiu também uma postura exclusivista diante das
outras igrejas.

Ao analisar os ensinos de Ellen de White tendo como filtro as escrituras fica


evidente as contradições e as heresias ensinadas por esta profetiza, existem
diversos assuntos contraditórios de Ellen White que poderíamos citar nesta obra,
porém iremos refutar apenas três pontos doutrinários propostos por Ellen White
e a sua proposta restauracionista:

Pontos doutrinarios
em analise

A inspiraçao de seus A viajem até saturno O sabado como uma


escritos e orion regra fé.

Refutacao: A inspiração dos escritos de Ellen White.

No tópico anterior apresentamos algumas obras literárias que tem a chancela


teológica e doutrinaria da IASD as provas da representatividade dos escritos da
profetiza para a comunidade Adventista, como a maioria dos movimentos
restauracionistas as personalidades proféticas alegam ter como base para os seus
ensinamentos as escrituras. Porém quando contrastado com as escrituras de fato
as teorias se colidem, geralmente as teorias não passam de equívocos e
distorções interpretativas das escrituras, resultando em heresias que
127
comprometem todo o sistema teológico ortodoxo cristão. Como já citado
anteriormente o individuo que adere as crenças de fé da comunidade Adventista
deve aceitar as escrituras acopladas com os ensinos da profetiza Ellen White, esta
norma é imposta antes do batismo, o candidato deve assinalar no documento
que acredita na luz da profecia, portanto tratasse de um pacto entre o canditado
ao batismo com a instituição.

As escrituras são absolutas já os escritos e as profecias de Ellen White estão


repletos de incoerências com as escrituras, para dissertar este assunto começo
com a proposta de Ellen White sobre a questão da ressurreição dos negros,
escravos e índios. Em uma de suas obras a profetiza adventista ensina que
haveriam um grupo de escravos que devido ao sofrimento estes não teriam
direito durante a ressurreição, além ainda ela degrada estes seres humanos a tal
ponto de dizer que são inferiores aos animais52. Esta afirmação de Ellen White
pode ser caracterizada como uma aberração teológica e antropológica, não há
base nas escrituras para alegar tal coisa, trata se de uma afirmação de cunho
preconceituoso de Ellen White, isto por que não foram somente negros que
sofreram as atrocidades e as torturas dos seus senhores, a historia registra que já
houve escravos brancos, portanto Ellen White foi infeliz em sua colocação para
com os negros. Este ensinamento não está pautado nas escrituras, um ser
humano não perde a sua humanidade, não existe degradação humana, o próprio
Deus na criação distinguiu os homens dos animais inserido neles a imago dei (Gn
01.25-31). Sendo assim as escrituras de maneira absoluta afirma que todos os
homens tem o direito a ressurreição, claro que alguns para a vida eterna e outros
para o juízo (Jo 05.28,29).

Em um de seus extases proféticos a profetiza Ellen White alegou ter visto uma
visão na eternidade, o fato refere-se a quase conversão de satanás. O dialogo
entre Cristo e Satanas está inserido na obra literária de autoria da profetiza Ellen
White chamada Historia da redenção:
Satanás treme ao contemplar sua obra. Ele está sozinho meditando sobre o
passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como
com uma tempestade. Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma
entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que
está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a
tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio
comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás mas disse-lhe, como
pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia
ser colocado em perigo. Todo o Céu seria manchado se fosse recebido de volta,
pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam

52
Ebook. Primeiros escritos. Pág 276.
128
nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e
irremediavelmente arruinara não só a si mesmo mas a hoste de anjos, que teria
sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar mas
não podia perdoar.53

O dialogo que Ellen White alegou haver entre Cristo e o diabo tendo como base
a sua conversão não há registro algum nas escrituras, trata-se de uma pseuda
revelação, de acordo com a teologia ortodoxa o anjo caído é conhecido pelos
seguintes adjetivos: Antiga serpente, Satanás e Diabo (Ap 12.09). O sacrifício de
Cristo na cruz foi realizado em prol da humanidade e não dos anjos caidos (Jo
03.16), estes de maneira conscientes perderam o seu lugar no ceu, em
contrapartida os anjos fieis confirmaram a sua eleição através de sua fidelidade a
Deus (2 Tm 05.21). Portanto a teoria proposta por Ellen White de um dia ter
havido uma possível conversão de Satanás não encontra fundamento
escrituristico.

3.5 A Refutação do Montanismo moderno.

53
Material extraído do site: Centro White. Ebook. White. G. Ellen. A historia da redencão. 2008.
Págs: 23,24.
129
A base da igreja é Cristo (I Co.3:11) e a regra de fé é a bíblia
sagrada, nada substitui os escritos da bíblia, nenhum escrito, líder ou
profeta está equivalente a bíblia sagrada (II Tm.3:16). O cristianismo
não está preso a uma denominação ou líder, a igreja é invisível, é
composta por pessoas não importa aonde estejam, não há donos, ou
senhores no cristianismo, somente Cristo é o dono e Senhor da igreja.
Qualquer instituição exclusivista, restauracionista, está atrelada às
Heresias de Montano, somente Cristo leva homem a Deus, ele é o único
caminho até a eternidade (Jo.14:6), em suma maioria nestas
instituições Montanistas a palavra do profeta, ou pertencer a
instituição garante a salvação, isto não condiz com a bíblia, Cristo é o
absoluto na bíblia.
Por mais que o líder de uma instituição foi usado por Deus, com
milagres e sinais de Deus no seu ministério, seus ensinos não podem
superar a bíblia sagrada, sua vida sim pode ser um exemplo moral, um
referencial, um exemplo a ser seguido, mas não uma regra teológica, a
igreja de Cristo está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e
profetas. (Ef.2:20)
Após Cristo não há mais profetas, o que temos na bíblia são
pessoas com dons de profecias (I Co.12:4-11), no ministério o líder
pode ter o dom da profecia através da exposição da palavra de Deus
(Ef.4:11-12), porém a função de profeta como no antigo testamento
cessou, no período neo-testamentario Cristo é o ungido, que lê que tem
a tríplice função (Rei, profeta e sacerdote), o último profeta antes de
Cristo foi João o Batista (Lc.16:16), nenhum profeta pode profetizar
nada mais se não estiver como base a bíblia (At.10:43), é dado a igreja
o direito de julgar as profecias, como o prova de que o profeta não é o
absoluto. (I Co.14:29)
Portanto a salvação não está na crença em nenhum profeta, ou em
seus escritos, ou em alguma instituição que alega ser privilegiada
dentre as demais como o único caminho para os céus, não mediadores
entre Deus e os homens, somente Cristo é o mediador (I Tm.2:5),
nenhum meio humano a garante a salvação, somente Cristo salva, é ele
o absoluto, o único meio de graça, somente por ele.

130
CAPÍTULO IV

ÁRIANISMO
4.1 Quem foi Ário
Ário era um presbítero da igreja nascido na Líbia entre os anos (250
e 260 d.C.) discípulo de um ícone de sua época o professor Luciano de
Antioquia. Apesar de ser de origem Líbia Ário morava em Alexandria no
Egito e teve uma discordância com o Bispo de Alexandria Alexandre, a
discussão girou torno de um assunto acerca da divindade de Cristo, na
concepção de Ário Cristo era uma criatura e não um ser divino
préexistente, ele negava e até debochava da doutrina da encarnação
de Cristo121.
Ário foi refutado no concílio de Nicéia em 325 d.C., porém suas
doutrinas se difundiram muito entre alguns povos da Europa, e
continuou viva até os dias de hoje.

4.2 ARIANISMO COM ROUPAGENS NOVAS

No final do séc. XIX nos Estados Unidos em Pittsburgh na


Pensilvânia um grupo de estudantes liderados por Charles taze Russel,
começaram a publicar literaturas, era o início das Testemunhas de
Jeová, um grupo fechado que não se diz evangélico, com conceitos
doutrinários nada ortodoxos122. Este grupo tem como regras de fé
diversos pontos controversos a palavra de Deus, porém faremos uma
análise na sua Cristologia. Nota se que houve uma herança do
Árianismo em sua Cristologia pelos seguintes pontos: as testemunhas
de Jeová negam a divindade de Cristo, para eles Cristo era um servo
obediente que se tornou filho de Deus, a Cristologia baixa seria o termo
para esta teoria, sendo assim negam a doutrina da encarnação de
Cristo. Alegam que Cristo seria uma criatura, e não um ser eterno,
negam a divindade de Jesus123.
Com base na teoria citada acima encontrei uma página na Internet
da torre de vigia, é por este site que o grupo propaga suas doutrinas,
131
nesta pesquisa encontrei este ponto interessante: Uma vez que o
teólogo dissidente Ário, do séc. IV declarou a verdade bíblica de que “o
Filho não deixa de ser gerado”, e As Testemunhas de Jeová aceitam tal
verdade, declara The New Enciclopédia Britânica (Nova Enciclopédia
Britânica): A Cristologia das Testemunhas de Jeová, também, é uma
forma de arianismo124. Notamos mais uma vez que o herege morre,
porém suas ideias controversas e heréticas ainda continuam vivas. O
Arianismo nos dias hoje está com uma nova indumentária, uma nova
roupagem, chamados de “As testemunhas de Jeová”.

4.3 Análise sobre a Cristologia das Testemunhas de Jeová

 Negam a doutrina da Trindade


 Negam a divindade de Jesus
 Negam a doutrina da encarnação
 Negam a ressurreição corporal de Jesus
As testemunhas de Jeová alegam como os adventistas citados
acima, que Cristo e o Arcanjo Miguel seriam a mesma pessoa. Em um
dos artigos do site da instituição chamado JW.org, no tema: “Quem é o
Arcanjo Miguel”, encontramos explícito o pensamento da instituição
acerca de Cristo e Miguel observe:
A criatura espiritual chamada Miguel é mencionada poucas vezes
na Bíblia. Mas, quando é mencionada, está sempre em ação. No livro
de Daniel, Miguel guerreia contra anjos maus; na carta de Judas, ele
tem uma disputa com Satanás; e em Apocalipse, guerreia contra o
Diabo e seus demônios. Por defender o governo de Jeová e lutar contra
os inimigos de Deus, Miguel faz jus ao significado de seu nome: “Quem
É Semelhante a Deus?” Mas quem é Miguel?
Há casos em que as pessoas são conhecidas por mais de um nome.
Por exemplo, o patriarca Jacó é conhecido também como Israel, e o
apóstolo Pedro, como Simão. (Gn.49:1; Mt.10:12) Da mesma forma, a
Bíblia indica que Miguel é outro nome de Jesus Cristo, antes e depois
de sua vida na Terra. Vejamos algumas razões bíblicas para chegarmos
a essa conclusão.

132
A Palavra de Deus fala de Miguel, “o arcanjo” (Judas.9) Esse termo
significa “anjo principal”. Note que Miguel é chamado de o arcanjo. Isso
sugere que existe apenas um anjo assim. De fato, a palavra “arcanjo”
ocorre na Bíblia apenas no singular, nunca no plural. Além do mais, o
cargo de arcanjo se relaciona com Jesus. Sobre o ressuscitado Senhor
Jesus Cristo, (I Ts.4:16 diz: “O próprio Senhor descerá do céu com uma
chamada de comando, com voz de arcanjo.” A voz de Jesus é descrita
aqui como de arcanjo). Portanto, esse texto indica que o próprio Jesus
é o Arcanjo Miguel.
Líder militar. A Bíblia diz que “Miguel e os seus anjos batalharam
contra o dragão e os seus anjos”. (Ap.12:7) de modo que Miguel é o
Líder de um exército de anjos fiéis. Apocalipse também se refere a Jesus
como Líder de um exército de anjos fiéis. Ap.19:14-19). O apóstolo
Paulo menciona especificamente o “Senhor Jesus” e “seus anjos
poderosos”. (II Ts.1:7) Portanto, a Bíblia fala tanto de Miguel e “seus
anjos” como de Jesus e “seus anjos”. (Mt.13:41; 16:27; 24:31; 1
Pe.3:22) Visto que a Palavra de Deus em nenhuma parte indica que
existem dois exércitos de anjos fiéis no céu — um comandado por
Miguel e outro por Jesus —, é lógico concluir que Miguel não é outro
senão o próprio Jesus Cristo no seu papel celestial125.
4.3 A Refutação da Cristologia Ariana
Um dos pontos doutrinários mais difundidos pelas Testemunhas
de Jeová seria a negação na doutrina da Trindade, porém este assunto
sobre a doutrina da Trindade será abordado no capítulo seguinte. Neste
ponto iremos refutar dentro da bíblia e da tradição da igreja a posição
Cristologica desta instituição.
A negação da doutrina da encarnação de Cristo já era antiga, na
pág. 24 desta obra temos um quadro de hereges que negavam a
doutrina da encarnação de Cristo Jesus. Antes de Ário o herege, já havia
dois grupos que também negavam a doutrina da encarnação, eram
estes os Ebionitas, e os gnósticos, claro nem todos os gnósticos criam
que Cristo nesta Cristologia baixa havia gnósticos que criam na
Cristologia alta chamada de Docetismo, porém ambas as teorias negam
a doutrina da encarnação.

133
Por causa de facções inseridas no seio do cristianismo, surge a
tradição escrita, são chamados de os evangelhos, ou biografias da vida
de Jesus. Estes escritos foram redigidos alguns anos após o surgimento
da igreja. Estes documentos além de narrar a biografia de Cristo, estas
obras também são de cunho apologético para a igreja. Existem obras
que são chamados de evangelhos apócrifos, e outros chamados de
canônicos, na bíblia temos quatro obras ou biografias da vida de Jesus
o Cristo (Mateus, Marcos, Lucas, João), estes quatro são os evangelhos
canônicos, estes fazem parte da bíblia que hoje temos. Nestes
evangelhos canônicos temos muitas provas da doutrina da encarnação
de Cristo Jesus, uma das maiores evidências seriam os escritos do
nascimento de Cristo Jesus, três dos quatro evangelho citam o
nascimento de Cristo, nestas citações notamos claramente a defesa da
doutrina encarnação:
Mateus: o escritor ao narrar o nascimento de Cristo, este cita que
ele foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de Maria a virgem, neste
prisma ele não foi gerado pela matéria, ou pelos meios naturais e sim
de uma maneira milagrosa e sobrenatural:
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua
mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter
concebido do Espírito Santo. E, projetando ele isso, eis que, em sonho,
lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito
Santo”. (Mt.1:18-20)
Lucas: em sua escrita Lucas o médico, ao relatar o modo como se
sucedeu o nascimento de Cristo, ele relata a ação divina sobre o ventre
de Maria a virgem. O que nela foi gerado não era um mero humano
gerado através da relação sexual entre um homem e uma mulher, nesta
escrita Lucas relata a Ação divina no nascimento de Cristo Jesus:

“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo,


e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também
o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”. (Lc.1:35)

134
Joao: o seu capítulo primeiro é considerado o novo Genesis, pelo
fato de o escritor Joanino em seu prologo citar as mesmas palavras
iniciais do Genesis no ato da cosmogonia (Gn.1:1), as palavras seriam
“No princípio”. João está enfatizando a pré-existência de Cristo, e a sua
encarnação:
“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
(Jo.1:1-14)
Os evangelhos citam o nascimento de Cristo Jesus como defesa da
crença cristã na encarnação de Cristo, e para mostrar que ele era
humano, esta segunda colocação era para combater os docetistas que
não acreditavam na humanidade Cristo Jesus.
As citações dos evangelhos de Lucas e Mateus, deixam evidente
que Cristo foi concebido de uma maneira milagrosa no ventre da
virgem, houve um meio sobrenatural, uma ação divina, é desta ação
que surge o milagre da encarnação. Neste prisma o Cristo não foi
concebido pelos meios naturais, ou humanos. Mas qual a diferença da
concepção de Cristo e da Raça humana? Vamos fazer uma análise
etimológica na palavra Hilo plasmática, este seria o termo científico
usado para identificar o modo como a raça humana é gerada. Este
termo está ligado a questão da matéria, o prefixo “hilo” deriva se do
vocábulo “hily” que tem o significado de matéria, no ponto de vista
filosófico, matéria seria o que dá realidade concreta a uma coisa
individual, o objeto de intuição no espaço e dotado de uma massa
mecânica. O que entende se por matéria neste contexto seria a
substância física; no entanto a expressão plasmática tem sua origem
em “plasmar” que significa formar. Podemos concluir então que um
corpo gerado (hilo) é um corpo gerado pela matéria, este é o método
comum e humano de concepção, é chamado também de meios
naturais, e se dá através da relação sexual entre um homem e uma
mulher.
O meio natural humano já é um milagre, a vida se desenvolver no
ventre da mulher, é algo estupendo. O processo de formação da
criança no ventre, isto é coisa divina para a nossa mente tentar
135
entender isto. Porém de acordo com as narrativas acima, Cristo foi
concebido por um método diferente, no caso acima o meio chamado
de método natural, houve a penetração de um espermatozoide em um
óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Na
concepção de Maria, Cristo foi gerado através da concepção
Bioplasmática, a etimologia desta palavra tem origem no grego, “bios”
deriva-se do grego “vida”, e o sufixo “plasmático” como já foi dito
acima, vem de ”plasmar” que significa “formar”, sintetizando o assunto
Cristo foi gerado pela vida, o ventre de Maria recebeu vida como aquele
boneco de barro no Éden recebeu vida (Gn.2:7), a origem da vida, este
gerou vida no ventre de Maria que ainda era virgem; Este seria o
método de concepção narrado pelos evangelhos citados acima, acerca
do nascimento de Cristo Jesus, a concepção Bioplasmática. Vale
ressaltar que a forma como isto se deu, ou seja, o modo como Cristo
foi gerado, só foi possível graças a Maria, ela teve participação
fundamental na sua natureza humana. (Lc.1:35)
Com base nesta explicação, é possível combatermos não somente
o Árianismo que negava a eternidade e a pré-existência de Cristo, como
também eliminarmos outras heresias, que também como o Árianismo
negavam a doutrina da encarnação, estes também não criam na
encarnação do verbo eterno, em um corpo humano. Estas verdades
citadas acima, desmitificam o Docetismo que alegavam que a matéria
era má, por isto a encarnação de Cristo foi uma farsa. O Nestorianismo
que afirmavam que as duas naturezas de Cristo estavam em formas de
pessoas distintas. E por último o Eutiquianismo que elucida que a
natureza humana foi absorvida, ou engolida pela divina.
Não somente os evangelhos defendiam a doutrina da encarnação
do verbo divino, podemos encontrar defesas também nas cartas
apostólicas, estas cartas eram documentos que serviam como
referência para a fé cristã, eram orientações sobre diversos assuntos,
tais como Morais, éticos e comportamentais, e também assuntos
dogmáticos, verdades absolutas e imutáveis, dentre estas inúmeras
verdades a doutrina da encarnação está inserida, (Hb.1:1-14; I
Pe.1:1920; I Jo.1:1-2; 5:06-7). Estes versos estão inseridos nas cartas
apostólicas, e servem como base para defesa da fé cristã, são escritos
de cunho apologético, em defesa da fé cristã.
136
O apóstolo Paulo em suas cartas também defende a doutrina da
encarnação, em um dos seus escritos, uma carta endereçada aos
Filipenses, o apóstolo tratando sobre a humildade de Cristo, ele cita o
termo kenosis, termo que deriva-se do grego esvaziamento: “De sorte
que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual
a Deus.
Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo
se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou
se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. (Fp.2:5-7)
Este trecho é conhecido como hino de Filipenses, ou hino de Cristo
aos Filipenses, é considerado um poema primitivo a celebrar a
encarnação de Cristo.
Dentro da tradição da igreja existiam escritos que serviam de
consulta na defesa da fé, estes escritos eram chamados de credos,
também posteriormente a igreja criou o cânon do novo testamento.
Estes escritos seriam as bases doutrinárias e teológicas da comunidade
cristã. Vamos fazer uma análise nesta questão do cânon do novo
testamento:
 Alguns dos livros do Novo Testamento circulavam entre as igrejas.
(Cl.4:16; I Ts.5:27)
 Clemente de Roma mencionou ao menos oito livros do Novo
Testamento. (95 d.C.)
 Inácio de Antioquia reconheceu cerca de sete livros. (115 d.C.) 
Policarpo, um discípulo de João o Apóstolo, reconheceu 15
livros.
 Irineu mencionou 21 livros. (185 d.C.)
 Hipólito reconheceu 22 livros. (170-235 d.C.)

O primeiro cânone foi chamado de Canôn Muratoriano, está obra


foi compilada no ano 170 d.C., neste cânon não conta três livros:
Hebreus, Tiago, e 3 João. No concílio de Laodicéia ficou estabelecido
que somente o velho testamento e os apócrifos, e os vinte e sete livros
do novo testamento deveriam ser lidos durante o período litúrgico na
igreja. Em Hipona no ano 393 d.C., e posteriormente em Cartagena no
137
ano 397 d.C., ficou definido através destes dois concílios a autoridade
dos 27 livros.
Além destes documentos como mostrados acima, havia os credos,
estes eram regras de fé, e a síntese de embates teológicos da igreja
contra os hereges e suas heresias.
Credo apostólico
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi
concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria;
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e
sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está
sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para
julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão


dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida
eterna. Amém.

Há evidência histórica e documental, que havia um credo muito


semelhante a este, que já era usado no ano 150d.C. Portanto apesar de
receber o nome de Apostólico, não há nenhuma evidência de que o
documento foi escrito pelos próprios apóstolos. O título “Credo
Apostólico” foi usado pela primeira vez no ano 390 d.C., no Sínodo de
Milão. A história sobre o credo Apostólico, foi escrita em um
comentário sobre o credo, por Tirano Rufino no ano 404 d.C., nesta
história da provável origem do credo Apostólico ele cita: “Os apóstolos
no dia de Pentecostes, antes de cumprir a ordem de ir aos confins da
terra, teriam se reunido e cada um contribuído com alguma parte do
credo”126.

Apesar de não se ter uma verdade absoluta sobre este credo


Apostólico, chegamos à conclusão de que o documento reproduz o
ensino dos apóstolos, com seu fundamento nas escrituras. (I Co.8:6;
12:13; Fp.2:5-11; I Tm.2:4-06; I Tm.3:16)

138
O Credo de Cesárea (325 d.C.)

o Cremos num só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador das coisas visíveis e


invisíveis.
o E no Senhor Jesus Cristo, porque Ele é a Palavra de Deus, o Deus de
Deus, o Luz da Luz, o Vida da Vida, seu único Filho, o primogênito de
todas as criaturas, o gerado do Pai antes de todo o tempo, por quem
também tudo foi criado, que se encarnou para nossa redenção, que viveu e
padeceu entre os homens, ressuscitou ao terceiro dia, retornou ao Pai, o e
virá de novo um dia em sua glória para julgar os vivos e os mortos. O
Cremos também no Espírito Santo.
o Cremos que cada um dos três existe e subsiste: o Pai verdadeiramente
como Pai,
o Filho verdadeiramente como Filho, o Espírito Santo verdadeiramente
como Espírito Santo, como Nosso Senhor também disse quando mandou
seus discípulos para pregar:

“Ide e ensinai a todos os povos, e batizai-os em nome do Pai e do Filho e


do Espírito Santo.”

Credo Niceno (325 d.C.)

Creio em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra,


e de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o
unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos,
Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado
não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas
foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, desceu dos
céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito
homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele
padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as
Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há
de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá
fim. E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do
Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado,
que falou através dos profetas. Creio na Igreja una, universal e

139
apostólica, reconheço um só batismo para remissão dos pecados; e
aguardo a ressurreição dos mortos e da vida do mundo vindouro.

Este credo sofreu pequenas modificações no concílio de


Calcedônia no ano 451 d.C., também no concílio de Toledo na Espanha
no ano 589 d.C. Na verdade, este credo é a defesa doutrinária contra
o Árianismo, sua síntese seria a crença na doutrina da Trindade, e a
doutrina da consubstanciação. Credo Atanasiano (Séc. IV –V d.C.)

Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que
sustente a fé universal. 2. A qual, a menos que cada um preserve
perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre. 3. Mas a fé
universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a
Trindade em unidade. 4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a
substância. 5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do
Espírito Santo outra. 6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma
mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade. 7. O que o Pai
é, ele é o Filho, e o Espírito Santo. 8. O Pai é não criado, o Filho é não
criado, o Espírito Santo é não criado. 9. O Pai é ilimitado, o Filho é
ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado. 10. O Pai é eterno, o Filho é
eterno, o Espírito Santo é eterno. 11. Contudo, não há três eternos, mas
um eterno. 12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três
ilimitados, mas um não criado e um ilimitado. 13. Do mesmo modo, o
Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente. 15.

Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. 16.


Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus. 17. Portanto o Pai é
Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. 18. Contudo, não
há três Senhores, mas um só Senhor. 19. Porque, assim como
compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa
separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos
pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores. 20. O
Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado. 21. O Filho
procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado. 22. O
Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem
gerado, mas procedente. 23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um
140
Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. 24.
E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou
menor. 25. Mas todas as três pessoas co-eternas são coiguais entre si;
de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em
trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada. 26. Logo,
todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação
à Trindade. 27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que
se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo. 28. É,
portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem. 29. Ele é Deus
eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo
da substância da sua mãe. 30. Perfeito Deus, perfeito homem,
subsistindo de uma alma racional e carne humana. 31. Igual ao Pai com
relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua
humanidade. 32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois, mas
um só Cristo. 33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em
carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade. 34. Um,
não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade
de pessoa. 35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem
um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo. 36. O
qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos
mortos ao terceiro dia. 37. Ascendeu ao céu, sentou-se à direita de
Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos. 38.
Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão
conta de suas obras. 39. E aqueles que houverem feito o bem irão para
a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia
firmemente nela, não pode ser salvo.

Martinho Lutero considerou este documento como “a maior


produção da igreja desde os tempos dos apóstolos”. Esta obra é uma
confissão apologética magnifica sobre a doutrina da trindade.

Apesar do documento levar o nome de um defensor da doutrina


da divindade de Cristo no embate contra o herege Ário, este foi um
grande teólogo, era conhecido como o Anão negro, Santo Atanásio.
Apesar disto não há razoes e nem uma posição absoluta acerca do
141
autor deste credo. A origem do credo é, entretanto, obscura, desde o
século IX alguns o atribuíram a Atanásio, o heroico defensor da
doutrina da divindade de Cristo contra Ário. Entretanto, há três razões
para que se possa não atribuir a Atanásio a autoria do credo:

o Este credo seria posterior a Atanásio (também chamado


“Quicunque” – pois ele inicia com estas palavras: “Todo aquele... “).

o O documento ataca as heresias que surgiram logo após a morte de


Atanásio. Neste período surgem, Nestório e Êutico introduzindo
heresias sobre a Trindade e a pessoa de Cristo.

o Dar-se a entender que o autor desse credo era versado nos escritos de
Agostinho, que viveu entre os anos de 354 e 430 d.C.

CREDO DE CALCEDONIA – 451 DC

Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes,


ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor
Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à
humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma
racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e
consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a
nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes
de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por
nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um
e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em
duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a
distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é
preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar
uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em
duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus,
o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca
dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo
dos santos Pais nos transmitiu.

142
Em todos os credos notamos a crença da igreja na doutrina da
encarnação, vemos uma doutrina que tem Amparo na bíblia e na
tradição da igreja. Portanto a conclusão que chegamos é que o
Árianismo foi combatido pela igreja através dos seguintes meios:
 Evangelhos de Cristo
 Cartas apostólicas
 Cartas Paulinas
 Credos ecumênicos
Cristo era totalmente homem, e totalmente Deus, esta era a
crença da doutrina ortodoxa defendida ainda hoje, para se defender e
compreender esta doutrina foi criado um termo teológico pelos pais da
igreja “Communicatio idiomatum”, é um conceito cristológico sobre a
interação, a união entre as duas naturezas, a divina e a humana na
pessoa de Jesus Cristo. Os atributos divinos se comunicaram com a
natureza humana neste conceito, Deus se vestiu de carne e osso na
bendita pessoa de Cristo Jesus. (I Co.5:19)
No árduo combate contra o Arianismo fora criado um outro termo
chamado “Homoousios” seu significado seria "de igual, ou da mesma
essência". Este termo é muito usado entre os teólogos para descrever
a relação entre o Pai e o Filho no tocante à essência.
Os hereges arianos no intuito de explicar sua doutrina, e negar a
doutrina da encarnação do verbo, usam um termo quase que
semelhante ao citado acima “Homoiousios” é um termo que significa
"de essência semelhante [mas não igual]". Usado pelos arianos para
descrever a relação entre o Pai e o Filho no tocante à essência,

143
conforme os arianos creem.
Homoousios a mesma substância
Homoiousios Substância similar

A base ortodoxa defende a ideia da consubstancialidade, o pai e


Cristo tem a mesma essência, a mesma natureza:” Eu e o Pai somos
Um” (Jo.10:30). Os teólogos chamam este mistério de União
Hipostática, estes termos serão abordados com mais detalhes um
pouco mais à frente no capítulo sobre a doutrina da Trindade.
Não podemos negar a doutrina da encarnação de Cristo Jesus, a
bíblia, e os credos da igreja evidenciam esta crença, portanto negar
esta doutrina, seria negar a autoridade dos ensinos apostólicos.
(Ef.2:20)
Portanto com base na bíblia e nos credos temos as seguintes
conclusões acerca da cristologia ortodoxa:
 Ele não é uma criatura
 Ele não é um anjo
 Ele não é um mero homem ungido por Deus

As testemunhas de Jeová usam um verso para tentar provar que


Cristo é uma criatura, inclusive quero citar aqui a deturpada versão da
tradução do novo mundo: “Ele é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação” (Cl 01:15). As testemunhas de Jeová, e
outros grupos que defendem a Cristologia baixa, herdeiros do
Árianismo, cometem um equívoco na interpretação destas palavras do
verso citado acima, “O Primogênito de toda criação”, alegam que Cristo
seria um ser criado e não um ser eterno. Em alguns casos para apoiar
esta ideia, pervertem a tradução da bíblia, como é o caso das
144
Testemunhas de Jeová e a sua tradução, ( Tradução do Novo Mundo
das Escrituras), nesta tradução, que é de uso exclusivo das
Testemunhas de Jeová, inserem a palavra “outras” em quatro versos
do texto citado acima (Cl 01:15-20), a intenção desta inserção no texto
seria a de mudar o sentido do texto, a intenção é afirmar que Jesus fez
as “outras” criaturas é como dizer que uma criança está brincando com
os outros gatos. Neste exemplo notamos que criança não é gato, e
Jesus não é criatura. Ele é eterno, ele já existia no princípio, se fez carne
(Jo.1:10-14), Ele é Deus conosco (Mt.1:23); se revelou como o EU SOU
do antigo testamento:
Êxodo.3:14 JESUS CRISTO JO.8:24-
58

EU SOU
Se ele é eterno, sempre existiu, é o criador, e não uma criatura, como
explicar este verso de Paulo, referindo-se a ele como o “Primogênito de
toda a Criação” (Cl.1:15), qual seria a explicação mais óbvia?
Primogênito na bíblia nem sempre tem o sentido do primeiro filho que
nasceu; esta palavra é usada várias vezes na Bíblia para mostrar a
posição de honra ou privilégio que é dado a alguém. Observe este
exemplo: Deus chamou Israel de primogênito entre os povos
(Êxodo.4:22). É claro que existiam inúmeras nações a muitos séculos
antes de Deus criar a nação de Israel, neste contexto a palavra
Primogênito está relacionada a posição de honra que Deus havia
colocado a nação de Israel, eles a nação de Israel estava acima das
outras nações na ótica divina.
Temos também um exemplo no Novo Testamento, todos os filhos
de Deus são primogênitos (Hb.12:23), claro a mesma aplicação dada
acima se aplica aqui, porém neste contexto não se trata de Israel, e sim
da igreja, Deus colocou a igreja numa posição de honra. Podemos
deduzir através do esclarecimento dado acima, que o apóstolo Paulo
está usando o mesmo sentido, o Pai colocou Cristo Jesus numa posição
de primazia acima de todas as criaturas.
Não podemos diminuir Cristo Jesus, ele não é um mero Salvador,
ele é o Salvador, a bíblia comprova esta verdade, os pais da igreja
145
defendiam esta verdade. Houve um homem chamado Atanásio, era
conhecido como o Anão negro, que travou um embate com o filho do
imperador Constantino, que era adepto das ideias Arianas, Atanásio
chegou a dizer que seria uma blasfêmia negar a doutrina da encarnação
do Cristo, e que negar esta verdade seria uma doutrina do anticristo. A
síntese de Atanásio acerca do assunto da encarnação do verbo, se
resume em uma de suas frases:
“Assim, o Verbo, querendo devidamente socorrer os homens,
deveria residir na terra como homem, tomar corpo semelhante ao
deles, e agir através das coisas terrenas, isto é, por obras corporais.
Desta forma, os que não haviam querido reconhecê-lo por causa de sua
providência e seu domínio universais, reconheceriam pelas obras
corporais o Verbo de Deus encarnado, e por Ele, o Pai”.
Portanto o Cristo na visão Ário, não é o Cristo apresentado nos
evangelhos, nem nas cartas apostólicas, pelo apóstolo Paulo, e tão
pouco pela tradição da igreja, em síntese o Cristo Ariano é estranho e
paradoxal aos ensinamentos citados acima.
O Cristo que cremos, é o apresentado nos evangelhos, também nas
cartas apostólicas, paulinas, e também na tradição da igreja, que
possamos manter e defender estas mesmas convicções nos dias de
hoje, que possamos confessar com toda liberdade, baseado na
confissão do apóstolo Tomé, quando este viu a Cristo ressuscitado, ele
afirmou que Cristo não era um mero homem, Cristo não era mais um
profeta, ou um revolucionário hebreu. Sua confissão expressa a crença
da igreja até os dias atuais, que possamos ter a mesma convicção que
Tomé o apóstolo teve, e crermos neste messias, que é eterno, o Deus
que se fez homem, o verbo de Deus encarnado.
Tomé respondeu e disse-lhe:” Senhor meu, e Deus meu!”
(Jo.20:28).

146
CAPÍTULO V

MODALISMO

Neste capítulo faremos uma análise sobre o Modalismo, iremos


aprender que nova roupagem esta antiga heresia se veste atualmente,
como e aonde se camufla esta antiga heresia. Esta também é uma
heresia que está relacionada a doutrina da natureza de Cristo, e é um
ataque frontal e radical contra a doutrina da Trindade.

Esta doutrina o Modalismo, seria na verdade a síntese de uma


dialética de doutrinas entre o séc. II e III, quais doutrinas se colidiram
para se nascer o Modalismo? Na verdade, por ambas tratarem sobre a
Cristologia, elas se parecem e muito, porém se diferem em alguns
aspectos, estas doutrinas seriam o Árianismo e o Monarquianismo
dinâmico (Adocionismo).
ARIANISMO MONARQUIANISMO DINÂMICO

(ADOCIONISMO)

Modalismo

5.1 Monarquianismo dinâmico (Adocionismo)


Os Monarquianos, se dá este termo aos adeptos desta heresia,
este grupo surge no final do séc. III, ela é o resultado de um cisma no
seio da igreja. O grande propagador desta doutrina fora Teódoto de
Bizâncio, ele e seus discípulos Asclepiódoto e Teódoto o jovem, o
assunto que ocasionou o cisma fora a doutrina da Trindade, eles foram
excomungados pelo Papa Vitor I no ano 190 d.C.
No séc. III, um século depois do cisma citado acima, surge no
cenário cristão um homem diferenciado do seu tempo, chamava-se
147
Paulo de Samosáta, ele exercia funções eclesiásticas e políticas. Na
função eclesiástica ele era o bispo de Antioquia, na função política ele
era um dos homens mais importantes no governo de Zenobia, rainha
da Palmira. Este homem também era um exímio pregador, tinha um
carisma fortíssimo com o povo a tal ponto que havia um coral feminino
que cantava em sua homenagem, sua pregação era acompanhada por
alguns gestos e algumas “Pirotecnias”, aplausos, gestos violentos e
acenos de lenços. Este fora o precursor de uma heresia chamada
Monarquianismo, o teor de sua mensagem era uma Cristologia baixa,
o Adocionismo, reduzia o Salvador divino há um homem comum, que
se tornou divino127.

Este grupo os Monarquianos tinham um extremo zelo sobre a


unidade de Deus, por conta disto se posicionaram contra qualquer
doutrina que concediam Deus com as três personalidades distintas da
Trindade, negavam as doutrinas desenvolvidas nos credos para explicar
a doutrina da trindade, a consubstanciação das pessoas da trindade, e
a União Hipostática128. A explicação da Trindade soava como heresia,
alegavam que Trindade seria herança do paganismo, era um conflito no
seio da igreja entre trinitários e os Monarquianos.
Na preocupação de zelar pelo monoteísmo, os Monarquianos
rejeitaram a doutrina da Trindade. O grande problema da interpretação
dos Monarquianos seria conciliar a doutrina de Deus e Cristo. A base
Cristologia dos Monarquianos seria uma Cristologia baixa, ensinavam
que Jesus nasceu humano, tornando-se posteriormente divino no
evento do seu batismo. Sendo assim Jesus (um homem comum), havia
encarnado o Logos (Deus Pai) e, que, ao ser batizado, recebera a graça
ou adoção divina (Dynamis) e que, por isso, era igualmente divino,
porém de uma divindade inferior a Deus.
A partir deste ponto foi adotado como filho de Deus (Adocionismo). O
Monarquianismo acabou se tornando um Unitarismo antigo, a
concepção teológica dos Monarquianismo negava a divindade de
Cristo. Um monarquista acredita na unidade de Deus, ou monoteísmo
radical, a palavra latina monarchia significa "reino único", com base
nesta interpretação extrema sobre a unidade de Deus, chegavam ao
ponto de negar a natureza trina de Deus.

148
Tanto o Modalismo e o Monarquianismo, ambos se apegam
inevitavelmente à doutrina do Patripassianismo, o ensinamento de que
Deus Pai sofreu na cruz com ou como o Filho, está interpretação está
intimamente relacionado ao Sabelianismo.
• Síntese do Monarquianismo

 Teódoto de Bizâncio
 Asclepiódoto
 Teódoto o jovem

5.2 O Modalismo
As raízes desta interpretação o Monarquianismo Modalista, está
no falso ensinamento de Noeto de Esmirna por volta do ano 190 d.C.
Noeto tinha um delírio, ele achava que era Moisés, e por conta deste
delírio chamava seu irmão de Arão. Sua base teológica era a seguinte:
“se Jesus era Deus, então Ele deve ser o mesmo que o Pai”129. Um dos
pais da igreja chamado Hipólito de Roma se opôs a essa falsa
interpretação em seu "Contra Noetum"130.
Uma forma primitiva do Monarquianismo Modalista também foi
ensinada por um sacerdote da Ásia Menor chamado Práxeas, que
viajou para Roma e Cartago por volta de 206 d.C. Tertuliano rebateu o
ensinamento de Práxeas em “Contra Práxeas” por volta de 213 d.C. O
Monarquianismo Modalista e suas heresias correlatas também foram
refutadas por Orígenes, Dionísio de Alexandria e o Conselho de Nicéia
em 325. Esta heresia começa a ser difundida por Práxeas, que influencia
Sabelio, este fora um dos grandes propagadores do Modalismo.
149
Sabelio nasceu na Líbia ou Egito no ano 215 d.C., porém sua
carreira teológica se dá em Roma ele se torna o líder do movimento
precursor chamados de Monarquianismo modalista, para eles o pai, o
filho e o Espírito Santo compartilham da mesma substância, porem se
constituem em uma única pessoa131. Este grupo Negavam também
qualquer distinção entre os termos teológicos substância (Ousia) e
hipótese (Hipóstases), como vimos acima, estes termos eram usados
para a compreensão do dogma, e das três pessoas da Trindade132.
O Modalismo e Monarquianismo são duas doutrinas que estão
interligadas, ambas são duas interpretações errôneas acerca da
natureza de Deus, e de Jesus Cristo, ambas apareceram no segundo e
terceiro séculos d.C. A teoria Modalista interpreta e compreende a
divindade, ou Deus, como uma pessoa, em vez de três pessoas. A
definição da crença Modalista seria a seguinte: O Pai, o Filho e o Espírito
Santo, seriam simplesmente modos, ou formas diferentes da mesma
Pessoa divina, e não três pessoas como no dogma da Trindade. Nesta
interpretação Modalista, Deus pode alternar entre três manifestações,
ou modos de ação diferentes.
Um monarquista acredita na unidade de Deus, ou monoteísmo
radical, a palavra latina monarchia significa "reino único", está
interpretação nega doutrina da natureza trina de Deus. Tanto o
Modalismo quanto o Monarquianismo se apegam inevitavelmente à
doutrina do patripassianismo, o ensinamento de que Deus Pai sofreu
na cruz com (ou como) o Filho e está intimamente relacionado ao
Sabelianismo133.
• Um quadro explicando a visão Modalista:

150
O Monarquianismo Modalista e suas heresias correlatas também
foram refutadas por alguns teólogos da igreja: Orígenes, Tertuliano e
Dionísio de Alexandria. Os concílios que trataram este assunto, e
condenaram esta interpretação foram: O Concílio de Nicéia em 325
d.C., e o concilio de Constantinopla no 553 d.C.

5.3 O Modalismo Moderno


Mesmo após a condenação, o movimento modalista não
desapareceu da história, esta doutrina e suas contradições ressurgem
com muita ênfase no sec. xx, claro que agora eles aproveitam a onda
de deslocamento de pessoas para os Estados unidos por causa do
movimento pentecostal. O ano marco da restauração deste movimento
ocorreu em 15 de abril de 1913, um pregador canadense chamado
reverendo R.E McAllister passou a combater a doutrina da Trindade em
suas campanhas, este movimento cresce junto ao lado do movimento
pentecostal. No ano de 1916 a convenção geral das Assembleia de
Deus, nesta reunião foi reafirmada a doutrina da Trindade houve o
primeiro cisma entre protestantes e unicistas134.
Este movimento obteve um grande crescimento nos Estados
Unidos e no Brasil. No caso o Brasil este vasto crescimento do
movimento unicista se deu por conta do desprezo ao ensino teológico
da igreja pentencostal entre os anos 80 e 90. A falta de preparo
teológico de líderes, isto contou e muito para a proliferação desta
doutrina.

151
O movimento pentecostal no Brasil viveu um período no Brasil cujo
foco era o evangelismo, ganhar Almas, por conta disto o ministro teria
que ser meramente um bom ganhador de Almas, não havia a
preocupação em ensinar teologicamente o ministro. O movimento
pentecostal por um tempo não dera tanto valor ao ensino teológico,
portanto a maioria dos líderes pastoreavam grandes igrejas, porém em
suma maioria leigos, não tinham preparo acadêmico e teológico para
combater, e vacinar a igreja, contra estas heresias, portanto seus
obreiros e ovelhas eram presas fáceis para os lobos.
Estamos lidando com um movimento que em suma maioria não
buscam Almas no pecado e sofrendo no mundo, o método de
crescimento deste movimento é chamado de proselitismo, há um
termo usado para este método de evangelismo “Pesca de aquário”.
Este método tem como alvo, os descontentes, confusos, e outros que
não querem aprender teologia e estudam por conta própria,
geralmente estes são os alvos dos “pescadores de aquário”. A tática dos
hereges é sempre a mesma, se aproveitar da debilidade do povo,
principalmente no meio Pentencostal e neopentecostal.
Nos anos 80 e 90, houve um crescimento vasto do movimento
unicista, porém é neste período que surgem grandes defensores da fé
cristã no seio do movimento pentecostal, são eles: Esequias Soares,
Natanael Rinaldi, António Gilberto, Severino Pedro, Carlos Padilha,
Geremias do Couto, Valdir Nunes Bicego, Abraão de Almeida,
Claudionor de Andrade. Claro a lista é extensa, porém estes foram um
dos que mais se destacaram na defesa da fé Cristã. Podemos dizer que
houve um despertar teológico no movimento pentecostal durante este
período.
5.4 Unicistas (Movimentos Modalistas)
Contaremos aqui algumas igrejas que professam o credo de fé
unicista, estas igrejas não estão somente em solos nacionais, algumas
delas tem suas origens em outros países:
• Tabernáculo da Fé - William Branham • Ministério Pentencostal viver para
• Igreja Pentecostal unida do Brasil cristo no Brasil

• Igreja Voz da verdade • Ministério Atos 2


• Ministério unidos pelo Sangue
152
• Espaço pentecostal • Igreja Honrai A Palavra De Deus
• Igreja Monte Sião da Unicidade • Igreja Apostólica Betel
• Igreja apostólica Deus em Cristo • Caminho Para o Amanhã
• Ministério Apostólico Gileade • Assembleia Apostólica No Brasil
• Ministério Ebenézer obra de • Ministério Nova Aliança
Restauração • Ministério Pentecostal Viver Para
• Igreja evangélica Hagias Cristo No Brasil Igreja Missionária
• Igreja pentecostal unicista do Brasil • Pentecostal Morada Do Céu •
• Ouça Jesus Comunidade-Evangélica
• Igreja do Nome de Jesus Remanescente Um Novo Tempo

• Só Jesus • Igreja Pentecostal Jesus É Deus


• A igreja de Deus no Brasil • Igreja Cruzada Paz Celestial
• Igreja Apostólica do Brasil • Ministério: Igreja as Maravilhas De
Jesus
• Igreja a Nova Israel
• Igreja Jesus é a Verdade
• Igreja Pentecostal Jesus É Vida
• Igreja Cruzada Paz Celestial
• Ministério Internacional Fonte de
vida • Igreja Pentecostal Jesus É Deus
• Igreja Cristã Apostólica Do Brasil • Igreja Pentecostal Unidos Em Cristo
• Igreja Unicista Vida Em Foco • Igreja Pentecostal Unicista Betel
• Igreja Apostólica Pentecostal Do • Igreja Assembleia De Deus Do
Brasil Avivamento
• Igreja Mundial Sinais De Deus
• Igreja As Maravilhas De Jesus • Iglesia Pentecostal Unida De
• Iglesias apostólica del SENHOR JESUS Cristo- Venezuela
• Primeira Igreja De Jesus Cristo em Chile.
• Iglesia alianza apostólica del JESÚS Moçambique – Moçambique
CRISTO - CHILE • Primeira Igreja De Emmanuel Mission
• Iglesia Pentecostal Apostólica - Church of Malawi - Malawi Central
Argentina África
• Iglesia Efésios 2:20 - Argentina

Estes movimentos são exclusivistas, rebatizam os cristãos de


outras denominações, não aceitam a fórmula do batismo trinitário de
algumas denominações baseado em (Mt.28:19), afirmam que a
fórmula verdadeira para o batismo seria em nome de Jesus Cristo, e
153
para isto citam estes versículos inseridos no livro de Atos dos apóstolos
(At.2:38; 8:16; 10:48; 19:5), e que a crença na doutrina da Trindade, e
a fórmula batismal trinitária seriam herança do catolicismo Romano.
Alguns chegam ao extremo de afirmar que a doutrina da Trindade seria
o sinal da besta, William Marrion Branham um Modalista do século
passado afirmou isto em uma de suas mensagens: “Com o sistema
mundial de igrejas sujeito a ela, Roma estará controlando, e esta
imagem (sistema de igrejas) será obediente à Roma, porque Roma
controla o ouro do mundo. Desse modo, todas as pessoas têm que
pertencer ao sistema mundial de igrejas ou ficar à mercê da situação
porque não podem comprar nem vender sem a marca da besta na mão
ou na cabeça. Esta marca na cabeça significa que terão que aceitar a
doutrina do sistema mundial de igrejas a qual é o trinitarismo, etc., e a
marca na mão que significa fazer a vontade da igreja mundial. Com esse
grande poder esses sistemas eclesiásticos perseguirão a verdadeira
noiva”135.
Outra comunidade modalista a ser observada seria a igreja Voz
da verdade, está comunidade é muito aceita nos ambientes
trinitarianos, por conta dos hinos cantados pelo conjunto musical que
leva o nome da comunidade “Voz da verdade”, de fato alguns louvores
deste conjunto são muito lindos, porém a doutrina professada pelo
grupo é totalmente oposta a fé trinitária. O conjunto musical se
introduziu até mesmo em Camboriú no evento de Missões dos GMUH,
diversas vezes se apresentou no maior evento de Missões do Brasil. Até
algumas igrejas das Assembleias de Deus convidam o conjunto para
seus eventos, isto é um perigo porquê de acordo com uma informação
o Pastor e vocalista Carlos A Moysés costuma distribuir em seus shows,
ou apresentações um cd cujo título é “O Mistério de Deus “– Cristo.
Neste cd o referido pastor faz apologia das doutrinas Modalista e
Unicistas, alega haver uma única pessoa que se manifestou ora como
Pai, ora como o Filho e como Espírito Santo, cujo nome seria Jesus. E
neste cd prega ainda o batismo somente em nome de Jesus”136.
Abrir a porta de um evento seja na igreja, ou fora dela em
ginásios ou algo do gênero, pode trazer sérios problemas no seio da
igreja. Temos alguns relatos de embates causados por este conjunto
com pastores, igrejas e instituições trinitárias. O primeiro seria este dia
154
11 de maio de 1993, o CLC (Centro de Literatura Cristã) enviou uma
carta para o Ministério Voz da Verdade suspendendo a distribuição do
seu material, até que o referido explicasse a possível evidência de
louvores a deuses estranhos. A resposta foi dada pelo pastor da Voz da
Verdade cinco dias depois dizendo que não precisava do CLC e que
seria um favor o CLC não adquirir seu material: "Não precisamos do
Centro de Literatura Cristã; vocês e nada são a mesma coisa!"137.
Temos outro ocorrido registrado pelo mesmo escritor citado
acima o Dr. Esequias Soares: Inconformado com as verdades reveladas
na lição 5 da revista da Escola Dominical, intitulada "Seitas Modalistas",
do segundo trimestre de 1997, em que o pesquisador Esequias Soares
da Silva menciona o conjunto Voz da Verdade com sua igreja na lista
das seitas unicistas, o pastor Feud Moisés telefonou para o pastor
Esequias ameaçando levar o caso aos tribunais. Após isso, o conjunto
resolveu produzir um CD, distribuído gratuitamente para os crentes,
com três estudos bíblicos defendendo o unicismo138.

Outro episódio marcante sobre o embate Voz da verdade e


igrejas trinitárias, ocorreu em maio de 2001. O evento chamava-se
Fest-Gospel 2001, durante a apresentação do conjunto ao público, em
um dado momento o pastor Carlos A. Moisés desafiou os pastores
presentes a provarem que Deus tem sócio. Argumentou que a doutrina
da Trindade seria herança romana, e doutrina Papal.
O pastor Carlos A. Moises foi questionado pelo CACP via e-mail,
o pastor enviou a seguinte resposta: "Primeiramente, eu gostaria de lhe
informar que quem vos escreve é o mesmo que estava gritando no palco
em São José do Rio Preto. Em segundo lugar, não estou nem um pouco
preocupado... você e nada para mim é igual a NADA. Alguém, como
você, que nega o nome de JESUS não é merecedor de minha apreciação.
Se a tua igreja não cantar, MILHÕES de igrejas cantarão por todo o
Brasil, por isso você não faz DIFERENÇA. O dia que você conseguir fazer
com que as igrejas de todo o país parem de cantar nossos hinos, aí você
será um vencedor”139. 83.

Com base nos fatos acima, notamos que a igreja e o conjunto


voz da verdade, é uma ameaça seria a igreja do Senhor, concordo com
155
o Dr. Esequias Soares quando diz que a defesa da doutrina da
Trindade, é uma questão de vida ou morte. O fato é que alguns líderes
no Brasil não estão interessados na defesa da fé cristã, pelo contrário
cedem a igreja, o púlpito e fazem de suas ovelhas, ouvintes e
consumidores das músicas e CDs do conjunto Voz da Verdade,
portanto a mensagem embutida através do evento é de um deus na
concepção Modalista, que se manifesta ao homem através de
manifestações ou máscaras.

5.5 REFUTAÇÃO
Para refutar um unicista basta interpretar o texto por ele citado
dentro do seu devido contexto histórico e exegético, em suma maioria
os versículos citados por Unicistas são isolados, e descontextualizados.
No novo testamento os versículos geralmente apresentados por este
grupo mostram Cristo como Deus, são citados para persuadir os outros
cristãos ao erro doutrinário, estes versos são de cunho apologético, e
estão combatendo a Cristologia baixa dos gnósticos.
Outra alegação Unicista, seria sobre a origem da doutrina da
Trindade, dizem que o termo não está na Bíblia, que está doutrina foi
invenção do imperador Constantino no Concílio de Niceia no ano 325
d.C. mas o fato é que a doutrina da Trindade já era defendida bem
antes disto pelos pais da igreja, no caso podemos ver Tertuliano em
sua defesa falando da economia de Deus140, e em sua defesa
apologética contra Praxeas um Modalista.
O unicista tem a ideia de que nós que professamos a doutrina da
trindade, negamos, ou diminuídos a divindade de Jesus, ou que somos
politeístas, porque adoramos três deuses. Neste caso é muito
importante separarmos o termo Trindade de Triteismo, são termos
totalmente diferentes, é esta separação que os unicistas não
compreendem, eles confundem os termos. Nós não somos triteístas,
não cremos em três deuses, mas cremos que estes três é Deus e não
deuses, apesar de ser pessoas distintas, os três tem a mesma
substância, ou essência: pai, filho e Espírito Santo, são três pessoas
distintas, da mesma essência, da mesma natureza e também da mesma
substância. Com base nisso chegamos à conclusão de que não há uma

156
hierarquia na Trindade, claro o oposto do Triteismo, onde nesta teoria
há uma hierarquização da divindade, sobre a outra divindade.
A síntese do assunto seria o seguinte: os três são distintos e
unidos, é o mistério da Trindade, os três são um, e Trindade não é
Triteismo. No mistério da Trindade existe uma distinção nas pessoas, e
uma União na essência. No mistério da Trindade plural e singular se
encontram, porém não se separam, observe os versos citado por Jesus,
veja o plural e o singular juntos:

“Eu e o pai Somos Um “(Jo.10:30). “Para que todos sejam um,


como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um
em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a
glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um”.
(Jo.17:21-22)

Observe nas falas de Jesus: somos um. O plural indica pessoas


distintas “Somos”, unidos na mesma essência “Um”. Pessoa seria a
tradução dos termos gregos “prosopon” e “hypostasis” ou no Latim
“persona”, termo este que foram usados pelos pais da igreja para
indicar as distinções da Divindade. Durante muito tempo os teólogos
gastaram muito tempo na tentativa de encontrar uma palavra que
melhor definisse o sentido da distinção da trindade. É bom também
entendermos que o termo essência nos fala da unidade de Deus,
enquanto o termo pessoa ou subsistência nos fala das distinções que
existem no ser divino. Pessoa é o elemento diferenciador na Trindade,
Deus Pai é uma pessoa, Jesus outra pessoa, o Espírito Santo é outra. A
união das três pessoas está no amor. Todos os três compartilham dos
mesmos atributos (por isso são iguais em essência), são Onisciente,
Onipotente e Onipresente, não sendo, por isso, nenhum inferior ao
outro. Portanto só há uma essência, e três pessoas, ambas
compartilham da mesma essência. Deus em sua essência pode ser tri
pessoal, sem deixar de ser um.

157
Esta teoria da unidade composta está clara na bíblia desde o antigo
testamento, em um dos versos mais importantes para os Judeus, aliás
este verso é chamada de “Shema Israel” (Ouça Israel), aqui está a
revelação da unidade composta: “Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus
é o único Senhor” (Dt.6:4). A palavra hebraica para unidade absoluta é
“Yashid- ‫”ד יש י‬, no verso acima a tradução da palavra Um ou Único no
hebraico é esta “Echad- ‫”אח‬, significa unidade composta141.
Podemos ver desde a criação do homem, e em outras passagens
da bíblia provas desta unidade composta, vamos fazer uma análise
nestes versos, aonde podemos ler o singular e o plural inseridos nas
ações da divindade:
1. E disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre
a terra” (Gn.1:26).
2. Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós,
sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome
também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente (Gn.3:22).
3. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda
um a língua do outro.
Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de
edificar a cidade (Gn.11:7-8)
4. No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo.
Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de
ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. (Is.6:1-8)

158
Todos s textos citados acima estão relacionados a ação do
divino, percebe-se a unidade composta em todos, no primeiro
encontramos na expressão “Façamos”, no segundo nas expressões
“Desçamos e confundamos”. Já na terceira e na quarta citação
encontramos a unidade composta da Divindade na expressão
“Nós”. Nestes versos há uma mistura de singular e plural nas ações
divinas, está definição seria a unidade composta. É com estas
bases que combatemos a unidade absoluta que é a base da
doutrina dos unicistas descendentes direto da heresia de Sabelio.

Com base na refutação da heresia Modalista, temos também


mais alguns argumentos bíblicos que exigimos respostas dos
Modalistas. Se Deus é uma unidade absoluta como creem os
unicistas herdeiros da heresia Modalista, então a quem Jesus
orava? (Jo.11:41,42), quem em forma de pomba pousou sobre a cabeça
de Jesus após o ato de batismo realizado por João Batista no rio Jordao,
e quem falou no batismo: “Este é o meu filho amado, em quem me
comprazo”? (Mt.3:16-17), no momento da crucificação a quem Jesus
entregou o espírito? (Lc.11:46), e quem deu todo poder a Jesus, após a
sua ressurreição (Mt.28:18)? A quem Jesus entregará o Reino, e a quem
Cristo se sujeitará? (I Co.15:24-28). Outras indagações também são
propostas em passagens que Cristo cita a vinda do Espírito Santo, o
consolador após a sua subida, é impossível não perceber a ação, e
atuação da Trindade nestas três passagens:

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que


fique convosco para sempre”. (Jo.14:16)
“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de
enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de
mim”. (Jo.15:26)
“Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque,
se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-
loei”. (Jo.16:07)

159
Na primeira passagem vemos a doutrina e a ação da Trindade
exposta por Cristo, observe a expressão eu “rogarei ao pai”, se há uma
unidade absoluta como ensinam os unicistas, há quem ele vai rogar?
Não a são mesma pessoa? Há uma referência ao Espírito Santo neste
verso, Cristo diz que ele é o “outro”, ou seja, o Espírito Santo é o
diverso, indicando sua distinção como pessoa na doutrina da Trindade.

Nos outros dois versos notamos a sua ação no plano divino, e


alusões a doutrina da unidade composta, ele procede do Pai, mas não
é o pai. Quando entendemos a unidade composta, temos uma
compreensão destes versos citados com mais clareza, há de fato uma
unidade na essência e uma distinção nas pessoas.
Se a doutrina da Trindade e a doutrina da União composta é pagã
como afirmam os Modalistas, então o apóstolo João também é um
pagão, em uma de suas cartas e ele cita a doutrina da Trindade, e
explica a doutrina da unidade composta:
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o
Espírito Santo; e estes três são um. (I Jo.5:7)
Temos alusão da doutrina a Trindade até mesmo pelo próprio
Cristo na fórmula batismal (Mt.28:19), também nas cartas paulinas (I
Co.13:13) portanto temos a segurança no que cremos.
Os Modalista alegam que a doutrina da Trindade é uma invenção
pagã, criada pelo imperador romano Constantino no concílio de Nicéia
em 325d.C, por isto deve ser refutada pela igreja. Mas isto é uma
inverdade, a doutrina da Trindade já era defendida, e elaborada por
Tertuliano um dos pais da igreja, aproximadamente no ano 160 d.C.,
este foi o teólogo responsável pelo desenvolvimento do termo
Trindade, foi ele quem criou a palavra “Trindade” (no latim, Trinitas),
foi a partir de sua época que o termo tornou-se característico da
teologia cristã. Portanto a doutrina da trindade tem sua base na bíblia,
nos credos apostólicos que são documentos redigidos antes da
elaboração do Canon da bíblia, e na tradição dos pais da igreja142.
Em suma maioria os Unicistas refutam a doutrina da Trindade até
mesmo no ato batismal, sua fórmula batismal não se dá em nome do
160
Pai, do Filho e do Espírito Santo como é a ordem de Cristo (Mt.28:19),
e como era a tradição da igreja143. Os unicistas usam estas expressões
em seu ato batismal “em nome de Jesus”, ou “em nome do Senhor Jesus
Cristo”, com base nestas passagens:
E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom
do Espírito Santo. (At.2:38)
Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente
eram batizados em nome do Senhor Jesus. (At.8:16)
E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então,
rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias (At.10:48).
E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.
(At.19:05)
Observe que não há uma forma uniforme, os textos se alteram, no
primeiro episódio dos três citados acima, o verso está “Em nome de
Jesus Cristo”, no segundo episódio se nota que há uma alteração o
verso está “Em nome do Senhor Jesus”, o terceiro episódio também é
evidente a alteração “Em nome do Senhor”, no quarto verso a
expressão esta alterada do seguinte modo “Em nome do Senhor Jesus”.
Mas por que estes não usaram a fórmula trinitária? Estas alterações
ocorrem por que os versos citados não se trata de uma, se fosse uma
formula não haveria alteração, é evidente que toda formula é
padronizada, não pode haver alteração, e os versos acima se alteram,
portanto chegamos à conclusão que os versos citados acima estão
afirmando que estas pessoas estão sendo batizados na autoridade do
nome de Jesus Cristo. (At.3:16; 16:18).
Há única fórmula inalterável, foi proposta pelo Cristo em
(Mt.28:19), em nome do Pai, só Filho e do Espírito-Santo, está é a
fórmula padronizada, inalterável e aceito pela igreja Cristã desde os
cristãos primitivos.
Quanto ao batismo, faça assim: “depois de ditas todas essas
coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”144. 86.

161
Fim! Soli deo gloria nunc et semper.

BIBLIOGRAFIA

O Cristianismo através dos séculos, uma história da igreja cristã. Earle E.


Cairns. Ed. Vida nova.
Manual de história da Igreja e do pensamento Cristão. Jorge Pinheiros,
Marcelo Santos. Ed. Fonte Editorial
História da teologia Cristã. Roger E. Olson. Ed. Vida.
Documentos da igreja. H. Bettenson. Ed. ASTE
Evangelhos perdidos. Barth D.Ehrman. Ed. Record
História Eclesiástica. Eusébio de Cesárea. Ed. CPAD
O que Jesus disse. E o que Jesus não disse – Barth D. Ehrman. Ed. Harper
collins Brasil.
Panarion| Editora Morcelliana| G.pinni Editor
New Schaff-Herzog Encyclopedia, artigo “Nestorians”. Ed Baker.
FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In:
ANTONIAZZI, Alberto et al. Nem anjos nem demônios: interpretações
sociológicas do Pentecostalismo. Ed. Petrópolis Vozes
Didaquê. Organizadores: Severino.C da Silva, Sérgio P. Da Silva, Fabrício
Possebom.
ED Ideia.
Dicionario teológico. Claudionor C. De Andrade. Cpad
Contra Heresias. Irineu de Liao. Ed Paulus QUINSON, Marie-Therese
(1999). Dicionário cultural do cristianismo. Edicoes Loyola.
Primeira e segunda apologia Diálogo com Trifão. Justino de Roma.Ed.
Paulus Manual de Apologética Cristã, Esequias Soares da Silva. Ed.CPAD.

162
ANOTAÇÕES

CAPÍTULO I

1 – Dicionário teológico. Claudionor C. De Andrade, Pág. 144


2 – Contra Heresias. Irineu de Liao
3 – Artigo publicado no site: Fraternidade Secular Agostiniana Recoleta –
Tema: O Lacaiato em Santo Agostinho.
3 – Dicionário Teológico. Claudionor C. De Andrade, Pág. 157
4 – Dicionário Teológico. Claudionor C. De Andrade, pág.63
5 – Ibid, Pág. 35
6 – Dicionário Teológico. Claudionor C. De Andrade, pág.63 7 – História
Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia, Pág. 242 8 – Wilkipedia – Lapsis,
Novacianos.
9 – Manual da História do Pensamento da Igreja. Jorge Pinheiro, Marcelo
Santos, pág. 200- 209.
10 – Ibid, pág. 193.
11 – Documentos da igreja Cristã. H. Bettenson, Pág.136.
12 – História da teologia Cristã. Roger Olson, pág.310-312.

CAPÍTULO II

30 – Artigo publicado no site: G23HI. Os Zelotas, quem foram?


31 – Paralellus Revista de Estudo da Religião - Unicap. Helenismo versus
judaísmo: Limites e tensões do corpus paulinus. Ronaldo Robson Luiz,
pág.149. 31 – Ibid
33 – Wikipédia. Ebionismo

163
34 – Artigo no site (Teologando), Ebionitas primitivos. Marcelo Berti 35
– Evangelhos perdidos. Barth D. Ehrman, pág.152
36 – Artigo no site (Teologando), Ebionitas primitivos. Marcelo Berti 37
– Ibid
38 – Ibid.
39 – História Eclesiástica. Eusébio de Cesárea, pág.105.
40 – Wikipédia. Ebionismo.
41 – Artigo no site (Teologando), Ebionitas primitivos. Marcelo Berti
42 – Panarion. Epifânio de Salamina
43 – Evangelhos perdidos. Barth D. Ehrman (Pág. 126)
44 – Artigo no site (Teologando), Ebionitas primitivos. Marcelo Berti
45 – Panarion. Epifânio de Salamina
46 – Evangelhos perdidos. Barth D. Ehrman (Pág. 126) 47 – Ibid
48 Artigo no site (Teologando), Ebionitas primitivos. Marcelo Berti. 49 –
Lista publicada na página da igreja Adventista do Sétimo de Andradina 50 –
Wikipédia. Artigo Elvira, concílio.
51 – New Schaff-Herzog Encyclopedia, artigo “Nestorians”. Ed Baker
52 – Fonte Wikipédia- millerismo
53 – Bíblia Apologética com apócrifos, Ed (ICP). Uma resposta exegética a
crença adventista. Itard V.C de Lima – Ed Cacp. O sabatismo a luz da
bíblia. Natanael Rinaldi, Paulo C. da Silva, João F.
Martínez- Ed Cacp
54 – Didaquê 14:1, Padres Ante–Niceianos Vol. 7, pg. 381.
55 – Ap.13:16-18
56 – Ez.20:12-20
57 – Primeira e segunda apologia Diálogo com Trifão. Justino de Roma -
(Editora Paulus).
58 – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
(Jo.1:14) 59 – Fonte Wikipédia. Movimentos judaicos messiânicos.
60 – Site da Cacp. Artigo: Judaísmo Messiânico- autor: Prof° João Tocalino
61 – Fonte Wikipédia. Movimentos judaicos messiânicos
62 – Fonte Wikipédia. Em hebraico, O Nome. É uma forma frequente para
designar Deus dentro do judaísmo, em qualquer contexto, visto que,
para os praticantes religiosos, o nome próprio e original de Deus não se
pode pronunciar no hebraico, devido à sua natureza sagrada e absoluta.
164
63 – Revista digital Gospel Prime- Mundo Cristão. Judaísmo Messiânico
o que é e como surgiu – Artigo publicado em 20 de setembro de 2011.
64 – Artigo publicado no site do (Cates), Ministério Ensinando de Sião.
Matheus Z. Guimarães
65 – Artigo publicado no site: Libertar in. Ministério Casa de Israel.
67 – Axioma Final, Artigo publicado no blog. Ivonil F. De Carvalho 68 –
Revista defesa da fé, (ICP). Artigo publicado também no site: Sola
Scriptura- TT. Org |Seitas. Ezequias S. Da Silva.
69 – Axioma Final, Artigo publicado no blog. Ivonil F. De Carvalho
70 – Ibid
71 – Ibid
72 – Axioma Final, Artigo publicado no blog. Ivonil F. De Carvalho.
73 – Ibid. 75 – Ibid
76 – O que é o movimento do Nome Sagrado, Artigo publicado pelo site:
CACP. Prof° Paulo C. Da Silva.
77 – Revista defesa da fé, (ICP). Artigo publicado também no site: Sola
Scriptura- TT. Org |Seitas. Ezequias S. Da Silva.
78 – O que é o movimento do Nome Sagrado, Artigo publicado no Site:
CACP. Ezequias S. Da Silva
79 – As testemunhas de Yehoshua, artigo publicado pelo site: CACP.
Ezequias S. Da silva
80 – História da Teologia Cristã. Roger Olson – pág. 49.
81 – Ibid – pág. 500.
82 – Artigo publicado pela Revista Impacto, Tema: Os Morávios e as
missões. Data: 11|01|2017- Ano 34- n° 04.
83 – Artigo publicado no Site: Portal da Teologia, Tema: Missões
Moravianas.
84 – Ibid
85 – Artigo publicado: CPAJ Mackenzie Eduard Irving: Precursor do
Movimento Carismático na igreja Reformada- CPAJ. Aldemir de S.
Matos.
86 – "Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento". Claudionor de
Andrade, pág. 105
87 – Artigo publicado no Site: Teologia contemporânea - Pentecostalismo:
Parham, Seymour e o avivamento místico-pietista do século vinte. Léo
Gonçalves.
165
88 – Ibid
89 – Artigo publicado no Site: Napec - O movimento pentecostal na
América Latina e suas quatro faces no Brasil.
90 – Manual de História da Igreja e do pensamento Cristão. Jorge Pinheiro,
Marcelo Santos. Pág.347-348.
91 – Artigo publicado no Site: Teologia contemporânea - Pentecostalismo:
Parham, Seymour e o avivamento místico-pietista do século vinte. Léo
Gonçalves.
92 – Artigo publicado pela Revista brasileira de História: Os pentecostais
entre a fé e a política vol.22 no.43 São Paulo 2002.
93 – Revista Rhêmata Revista de escola dominical publicada pela Igreja
Presbiteriana semestralmente em Ipatinga, Artigo: O
Neopentencostalismo e suas implicações. Rev. Roberto Laranjo. 94 –
Artigo publicado no Site: Monergismo.com- Pontos Discutíveis no
Movimento Neopentecostal. Wemerson Marinho
95 – Artigo publicado site: Isaltino Gomes Coelho Filho- O PERIGO DA
JUDAIZAÇÃO DA IGREJA – Igrejas evangélicas estão adotando costumes
judaicos. Luiz C. N de Araújo. Apostolo, “bispa”, e seus rituais mágicos:
Observações Antropológicas sobre a igreja Apostólica Plenitude do
Trono de Deus (IAPTD). Paulo H. Figueiredo.
96 – Ibid
97 – ibid
98 – Revista saberes em Ação, Ano 03, n°05. Jan|Jun ano 2015 – pág. 16-
revista de estudos da faculdade Messiânica. Marcos Scarpioni. 99 –
Revista digital Gospel mais- Templo de Salomão faz Cristo Redentor
parecer penduricalho, diz imprensa internacional. Autor da publicação:
Thiago Chagas.
100 – Folha de São Paulo- Réplica da Arca da Aliança vai voltar para
Templo de Salomão, em São Paulo. Matéria publicada por: Mônica
Bergamo.
101 – Ig. Último segundo Brasil: Rabinos criticam o uso de símbolos
judaicos no templo de Salomão. Autor da publicação: David Shalom. 102
– Revista digital Gospel mais: Apóstolo Renê Terra Nova, do MIR, recebe
o título dado por Deus a Abraão: Patriarca.
103 – Informação publicada pelo site: Conhecendo a verdade. Tiago
Marchesan.

166
104 – 10 – Vídeo está no You tube no canal do Apóstolo Davi Adelino de
Carvalho: O tranca rua não toca no dinheiro de dizimista Fiel.
105 – Artigo publicado no site: Rocha fé – tema: A unção da Bicharada.
Renato Vargens
106 – Artigo publicado no Site: CACP- Centro Cristão de Pesquisa
Apologética
107 – Artigo publicado na revista eletrônica Ultimato: Tema a Mandinga
evangélica 108 Ibid

CAPÍTULO III

109 História Eclesiástica. Eusébio de Cesárea - Pág. 182


110 Ibid
111 História da Teologia Cristã. Roger E. Olson- Pág. 31-32.
112 Artigo publicado no Site da Igreja Reformada protestante da Aliança
(CPRC) Era o direito da igreja condenar o Montanismo? Rev. Angus
Stewart.
113 História da Teologia Cristã. Roger E. Olson- Pág.32.
114 História da Teologia Cristã. Roger E. Olson.
115 Didaquê. Organizadores: Severino.C da Silva, Sérgio P. Da Silva,
Fabrício Possebom.
116 História da Teologia Cristã. Roger E. Olson.
117 Artigo publicado no Site da Igreja Reformada protestante da Aliança
(CPRC) - Era o direito da igreja condenar o Montanismo?
118 Rev. Angus Stewart. 119 Ibid

CAPÍTULO IV

120 – História da Teologia Cristã. Roger E. Olson - Pág. 145.


121 – Ibid
122 – CACP-Centro Apologético Cristão de Pesquisa-Os quatro perigos das
Testemunhas de Jeová.
123 – Artigo publicado pelo Site: JW. Org - Adoramos o que conhecemos
124 – Ibid
125 – Artigo publicado pelo Site: JW. Org - “Quem é semelhante a Deus?

167
Mas quem é Miguel?
126 – Bíblia de Estudo Apologética.
127 – O Cristianismo Através dos Séculos, uma História da Igreja Cristã.
Earl E.
Cairns – Pág.83
128 – Ibid
129 – Artigo no site: Got Question. Tema: O que é Modalismo|
Monarquianismo.
130 – Ibid
131 – Fonte Wikipédia – Sabelio.
132 – Documentos da igreja Cristã. H. betteson – Pág. 71.
133 – História da Teologia cristã. Roger E. Olson – Pág. 96-99.
134 – Wikipédia - Movimento só Jesus
135 – Mensagem as Sete Eras da Igreja, pág.341. W. Marrion Branham.
136 – Site CACP: Igreja Voz da Verdade: Uma seita Unicista. Prof° Paulo C.
Da Silva.
137 – Manual de Apologética Cristã, Esequias Soares da Silva, pág. 334.
138 – Ibid, pág. 333.
139 – Ibid
140 – Artigo escrito no Site: Bereianos Apologética e teologia reformada.
Postado por: Ruy Marinho.
141 – Chabad.Org. Shema Israel, Echad ou Yachid?
142 – Artigo publicado no site: Catolicismo Primitivo. José M. Arráiz.
143 – Didaquê CAPÍTULO VII.
144 Ibid
145

168

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