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POR UMA IGREJA PENSANTE

MIZAEL DE SOUZA XAVIER

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5S EDITORA
Parnamirim – RN – 2023
Apresentação geral da série

Saberás, pois, que o Senhor, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que
guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o
amam e cumprem os seus mandamentos; e dá o pago diretamente
aos que o odeiam, fazendo-os perecer; não será demorado para
com o que o odeia; prontamente, lho retribuirá. Guarda, pois, os
mandamentos, e os estatutos, e os juízos que hoje te mando
cumprir.

Deuteronômio 7:9-11

A Igreja cristã há tempos tem traçado veredas que a


conduzem para longe de Deus e da sua Palavra. O
continente europeu, berço das grandes missões que
caracterizaram os séculos XVIII e XIX, hoje é considerado
um continente pós-cristão, devido ao liberalismo teológico
que se infiltrou nas igrejas e ao mundanismo que ele
trouxe e que revelou, nada menos, os bodes e as ovelhas.
Esta é a verdade. No Brasil, a principal linha teológica do
liberalismo, bem como do neoliberalismo1, a Teologia da
Prosperidade, tem estendido seus diabólicos tentáculos
até mesmo nas igrejas tradicionais, que veem a sua
teologia e a sua espiritualidade influenciadas pela
Confissão Positiva de E. W. Kanyon, Kenneth E. Hagin e
Benny Hym. Em algumas, com um grau bem mais elevado;
em outras, por meio de uma influência indireta através da
decadente música gospel e da formação do pensamento
dos fiéis na Internet e nas redes sociais. Torna-se
necessário refletirmos sobre todas estas coisas, a maneira
como elas têm afetado a nossa espiritualidade e que
1 Este e um tema abordado no volume desta série: “Por uma Igreja
pensante”. Também veremos um pouco sobre a Teologia da Prosperidade no
volume “Teologia da Prosperidade.”
formas podem ser implementadas para proteger a igreja e
mantê-la sempre no caminho da ortodoxia, da sã doutrina.
Às vezes, é em pequenos temas que se escondem ou se
camuflam grandes problemas e heresias. Um pensamento
aparentemente inocente pode esconder o germe de uma
ideia bem maior e mais pervertida. Por isso, a exortação
de Paulo a Tito é pertinente para a qualificação dos
ministros do Senhor e para todos nós (Tito 1:9; 2:1):

apegado a palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo


que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como
para convencer o que o contradizem… Tu, porém, fala o
que convém à sã doutrina.

No ano em que o Espírito Santo me regenerou e me


converteu a Jesus pela Palavra em mim implantada (Tiago
1:21), 1994, iniciei a minha jornada através do maior de
todos os conhecimentos: o conhecimento de Deus. Ao
comprar a minha primeira Bíblia em uma livraria no
centro da cidade do Natal, não me contentei apenas na
sua leitura, mas passei a estudá-la e a produzir textos, que
eram as minhas reflexões sobre aquilo que eu aprendia na
Palavra de Deus. Hoje, a livraria não existe mais, mas a
minha Bíblia ainda está comigo e nela, a Palavra que me
foi evangelizada e que permanece para sempre (1 Pedro
1:25). Relendo uma agenda de 1995 em que realizava as
minhas primeiras anotações em forma de estudos e
reflexões sobre inúmeros temas, percebo o quando a
graça de Deus me permitiu crescer no meu entendimento
das Sagradas Letras. Creio que é isto que falta à maioria
dos cristãos: interesse pelo conhecimento aprofundado da
Palavra de Deus, em mergulhar neste oceano infinito de
sabedoria e aprendizado que vem do Alto. Existe um
preconceito irracional contra a teologia e os teólogos,
considerados crentes frios e, em muitos casos, desviados.
Enquanto isso, esses mesmos críticos da teologia não leem
a Bíblia com regularidade, não se interessam em conhecer
o Deus a quem dizem servir, não são capazes sequer de
expor o “plano de salvação”2 nem de explicar os ensinos
basilares da fé cristã. Eles constroem o seu conhecimento
com base nos seus achismos, no pragmatismo e no
pregador coach da moda.
Esta série de livros apresenta alguns
questionamentos e convicções que construí ao longo dos
meus anos como discípulo de Jesus, membro do seu
Corpo, evangelista, pregador, estudioso e escritor e,
acima de tudo, servo, para a glória de Deus. A minha
intenção é oferecer ao leitor textos simples e diretos que
respondam às questões propostas em cada tema, para a
edificação, o estímulo à busca pelo maior de todos os
conhecimentos e o crescimento na fé. O que me motivou a
criar esta série foi uma pergunta que me fiz durante o
culto na igreja em que congrego, enquanto o pastor se
esforçava para convencer os irmãos da necessidade da
liberalidade nos dízimos e nas ofertas, informando sobre
contas no vermelho e sobre a criação de um carnê para
que vinte voluntários fizessem uma doação do valor X por
um determinado tempo. Graças a Deus, a igreja em
questão, Batista, passa longe da Teologia da Prosperidade
e trabalha com seriedade em tudo, incluindo a pregação
ortodoxa e a correta administração das finanças. Mas
como administrar o que não existe? Logo me surgiu uma
pergunta na mente, que transformou-se no subtítulo do
primeiro livro desta série: “Por que a maioria dos crentes
não contribui financeiramente com a igreja local?”. Esta
pergunta nos lança em uma longa jornada em busca das

2 Dois livros meus falam sobre a proclamação do Evangelho e o “plano de


salvação”: “Curso de formação de evangelistas em quatro módulos, volume
único” e “Influência Digital e Evangelização”. Ambos à venda na Amazon.
respostas certas, que geram conhecimento, transformam-
se em prática e aumentam a nossa fé.
Estas e outras questões merecem uma reflexão e
uma resposta. A resposta nem sempre vem adornada com
belas e perfumadas flores, mas se está de acordo com a
vontade de Deus expressa na sua Palavra, é boa, perfeita
e agradável, mesmo que, segundo o nosso paladar mental
e espiritual, sejam amargas. Outras perguntas também
surgiram: Por que a maioria dos crentes não evangeliza?
Por que tantas pessoas desprezam dogmas e doutrinas?
Por que o cristão comum menospreza a razão e o
conhecimento? Por que tantos que declaram o seu amor
por Deus não leem a sua Palavra? Sei que muitos grandes
homens de Deus – pastores, teólogos, escritores – têm se
dedicado a estudar essas questões e a respondê-las em
pregações e livros de relevância inestimável. Todavia,
embora sendo o menor servo dos servos do Senhor, não
posso deixar de dar a minha contribuição, de buscar todas
as respostas e de oferecer ao leitor algumas delas.
Tenho certeza de que o conteúdo destes livros,
embora bastante simples, causará um impacto positivo na
mente e na fé de cada um, mas também levantará outros
questionamentos. A minha oração é que cada leitor
aproveite esses questionamentos para buscar respostas,
para estudar a Palavra de Deus, para procurar crescer na
graça e no conhecimento, de modo a jamais serem
induzidos ao erro, como escreveu o apóstolo Pedro, em 2
Pedro 3:14-18:

Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas,


empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem
mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a
longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso
amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que
lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato,
costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há
certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e
instáveis deturpam, como também deturpam as demais
Escrituras, para a própria destruição deles. Vós, pois,
amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos;
não suceda que, arrastados pelo erro desses
insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes,
crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como
no dia eterno.

Soli Deo Gloria


Mizael de Souza Xavier
Parnamirim, RN, 2023
A crise da razão bíblica

O cristianismo está em crise. Sem correr o risco de


uma fria generalização, o que se pode perceber é que
a fé cristã parece se distanciar cada vez mais dos
fundamentos bíblicos que a sustentaram desde a
Igreja primitiva. Em se tratando do Protestantismo,
as igrejas reformadas vêm lutando para manterem-se
firmes diante das investidas constantes de uma
teologia liberal, que tirou da Bíblia o seu lugar de
destaque na vida dos cristãos, apresentando
alternativas mundanas e carnais, baseadas nos ideais
gananciosos de poder de pregadores populares. O
neopentecostalismo trouxe à luz o que há de pior na
mente dos falsos mestres e dos falsos profetas, de
modo que até mesmo as igrejas históricas,
consideradas ortodoxas, estão-se deixando impregnar
por essa teologia egocêntrica, sensacionalista,
triunfalista e demoníaca chamada Teologia da
Prosperidade. Aquelas que ainda se mantém firmes
na fé, enfrentam outro grave problema: a falta de
amor e zelo pelo estudo da Bíblia, fruto de uma nova
fé, pautada no imediatismo e no individualismo, onde
o tempo gasto em ler a Palavra de Deus é tempo
perdido em lutar para ser feliz e para alcançar a
vitória tão almejada.
O que precisamos atualmente é de uma Igreja
pensante, capaz de questionar aquilo que entra pelos
seus ouvidos e que se diz Palavra de Deus. Uma
Igreja que se debruça sobre as Escrituras e toma
uma posição enérgica contra as heresias. Uma Igreja
que possui uma fé crítica fundamentada na Bíblia,
uma fé prática e transformadora. É preciso que o
cristão entenda as razões da sua fé e as razões por
que não deve crer nas inverdades. Isto só pode ser
alcançado por meio do amor à Palavra de Deus, da
leitura devocional e do estudo sistemático e
aprofundado das suas doutrinas. Podemos definir
esta Igreja pensante como aquela que atua como
agente de reflexão a partir da leitura da realidade, de
forma organizada ou sistemática, com o intuito de
interagir com ela, questioná-la, buscando uma
verdade bíblica e propondo mudanças para
transformar aquilo que for necessário. Muito mais
que filosófico, esse pensar a realidade é enxergá-la
do ponto de vista de Deus e da sua Palavra,
analisando todas os fatos biblicamente, sob a direção
do Espírito Santo.
Em lugar disso, porém, tem-se incentivado a fé
pelo testemunho pessoal e pelas experiências. A
participação dos cristãos em seminários de teologia
não é estimulada, com a desculpa de que ninguém
precisa saber teologia para testemunhar da sua fé,
basta abrir a boca e contar o que Deus operou em
sua vida. O testemunho pessoal de uma vida salva e
transformada pela graça de Deus é algo essencial,
mas até mesmo aqueles que não creem em Jesus
como Senhor e Salvador podem testemunhar grandes
transformações que ocorreram em suas vidas por
meio da sua fé em Deus ou daquilo que eles creem
ser fé ou acreditam ser deus. E ainda: nem sempre os
testemunhos que ouvimos dizem respeito à salvação
alcançada pelo arrependimento e conversão, mas do
livramento de uma situação financeira delicada ou da
cura de uma enfermidade. Esse testemunho pode ser
bastante questionável, uma vez que não apresenta a
cruz de Cristo como o caminho de Deus para o céu,
mas como um hospital ou uma espécie de caça ao
tesouro. Dos dez leprosos que foram curados por
Jesus, apenas um voltou e foi salvo; todos os outros
provavelmente testemunharam da sua cura, mas não
reconheceram a necessidade de uma restauração
espiritual. O seu testemunho mostrava ao mundo o
“Médico dos médicos”, mas não o Senhor que salva.
A fé que salva o pecador e lhe dá a vida eterna
vem por meio da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo
escreveu aos romanos (10:5-16):

Porque Moisés escreve que o homem que pratica a


justiça que vem da lei viverá por ela. Mas a justiça
que vem da fé diz assim: Não digas em teu coração:
Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a
Cristo;) ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a fazer
subir a Cristo dentre os mortos). Mas que diz? A
palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração;
isto é, a palavra da fé, que pregamos. Porque, se com
a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo; pois é com o coração que se crê
para a justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação. Porque a Escritura diz: Ninguém que nele
crê será confundido. Porquanto não há distinção
entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de
todos, rico para com todos os que o invocam. Porque:
Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo. Como pois invocarão aquele em quem não
creram? E como crerão naquele de quem não
ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem
pregue? E como pregarão, se não forem enviados?
Assim como está escrito: Quão formosos são os pés
dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos
deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor,
quem deu crédito à nossa mensagem? Logo a fé é
pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.

O ouvir que traz a fé e que pode salvar é o ouvir


da pregação da cruz, da verdade que Cristo salva o
pecador. O testemunho pessoal é importante e
essencial na pregação, mas as pessoas se
converterão ao Cristo ressuscitado. Aquele que
despreza a Palavra de Deus, despreza o Deus da
Palavra. Somente a volta às Escrituras é capaz de
devolver ao cristianismo a sua verdadeira identidade,
tirando o homem do centro da pregação para colocar
a cruz de Cristo. Cremos que Jesus é Senhor da
Igreja e esta não será jamais abalada nem as portas
do inferno prevalecerão contra ela (Mt 16:18). Ele é
Soberano e está no controle de todas as coisas. Tudo
o que vivemos hoje já está previsto na Bíblia, como
escreveu Paulo a Timóteo (2 Tm 4:1-5):

Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há


de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo
seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de
tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda
longanimidade e ensino. Porque virá tempo em que
não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande
desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si
mestres segundo os seus próprios desejos, e não só
desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às
fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as
aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério.

A admoestação de Paulo a Timóteo é a mesma


para nós nos dias de hoje, tendo em vista que
estamos vivendo esse tempo descrito pelo apóstolo:
“Tu, porém, sê sóbrio em tudo”. O que precisamos é
de crentes sóbrios e preparados para pregar a
Palavra em todo tempo, admoestar, repreender,
exortar e ensinar. É impossível fazermos isso, porém,
sem uma fé pensante, questionadora, atuante,
fervorosa e prática. Quando falamos sobre
questionar, não estamos nos referindo a colocar em
xeque o conteúdo das Sagras Escrituras, mas em
avaliar os ensinos e as pregações que ouvimos e que
se dizem fundamentados nelas. Os crentes precisam
ser orientados a respeito da ciência da hermenêutica,
aprendendo o que é e como fazer a exegese do texto
bíblico. O café com leite dado nas escolas dominicais
e nos cultos de doutrina não prepara o povo de Deus
para os grandes debates teológicos que surgem na
vida cristã. Alguns tentam proteger a mente dos seus
fiéis argumentando que o crente não deve debater
teologia, pois não foi para isso que Cristo o chamou,
mas precisa evitar o debate a todo custo, o que não é
verdade. Jesus debatia teologia, da mesma forma
Pedro e Paulo. A carta aos hebreus é um debate
teológico. Esse tipo de informação equivocada não
prepara os cristãos para dar respostas da sua fé, o
que pode deixá-los à mercê de falsos mestres e seus
falsos ensinos, uma vez que, como não possuem base
bíblica sólida, estão passíveis de acreditarem em
qualquer coisa que se afirme ser uma verdade
bíblica. Impedir que os crentes debatam questões
relacionadas a fé, torna-os covardes e lança-os ao
mundo despreparados para batalhas que, quer
queiram quer não, eles em algum momento irão
enfrentar. E enfrentarão completamente desarmados.
Devemos também avaliar a realidade de que
nem todos os crentes conseguirão empreender um
curso de teologia ou aprofundar-se nas questões
bíblicas mais complexas. É preciso trabalhar cada
pessoa dentro da sua própria realidade, tendo em
vista que muitos crentes não sabem ler nem escrever.
Vemos testemunhos e pregações poderosos de
pessoas simples, com pouco ou quase nenhum
conhecimento da Palavra, mas isso não é regra, são
raras exceções. E também não pode servir como uma
justificação para nos acomodar. Se podemos oferecer
alimento sólido aos crentes, por que não fazê-lo? Por
que permanecer com o discurso de que nem todo
mundo conseguirá ao invés de tentarmos fazer com
que consigam? Ao menos aqueles que estão
envolvidos ativamente na obra – pastores,
presbíteros, diáconos, evangelistas, líderes de
ministérios, etc. – deveriam se empenhar em
aprender cada vez mais e melhor a Palavra de Deus,
o que geralmente não acontece.
O resultado do desprezo pelo ensino sólido das
Escrituras e a preferência por movimentos e eventos
de celebração e exaltação ao cristão é o
esvaziamento dos seminários, das escolas dominicais
e dos cultos de doutrina. Não existe Igreja sem
Bíblia. Precisamos de uma Igreja pensante,
questionadora, reflexiva, estudiosa, debatedora,
inteligente, racional. E tudo isso não pode ser um fim
em si mesmo, mas deve servir para moldar e
aprimorar o nosso caráter, deve se transformar em
prática de vida e nos levar a amar ainda mais e servir
ainda melhor a Deus.
O desprezo pelo estudo
da Bíblia

Todas essas questões refletem drasticamente na


forma como os crentes encaram o estudo da Palavra
de Deus. Não é de hoje que os pastores têm visto
minguar a frequência dos fiéis nos cultos de doutrina
e na escola bíblica dominical. Este é um fenômeno
que atinge a todas as igrejas evangélicas e que tem
preocupado muitos líderes comprometidos com o
ensino da Palavra de Deus. Por outro lado, outros
tipos de cultos e eventos das igrejas têm recebido um
número cada vez maior de crentes, independente do
dia da semana e do horário em que são realizados.
Em sua maioria, são cultos ligados a temas como
cura, libertação, vitória e prosperidade financeira. As
igrejas que investem nesse tipo de pregação estão
sempre lotadas. Essas mesmas igrejas também veem
o número de fies reduzir drasticamente nos dias de
culto de doutrina, quando este existe. Tal situação
nada mais é do que o reflexo dessa nova teologia,
dessa nova forma de pensar Deus e o seu agir no
mundo.
Nos anos 80, um dos filmes que mais brilhou
nos cinemas foi “Os caça-fantasmas”. Um grupo de
quatro amigos decidiu montar uma empresa
especializada em caçar fantasmas. Bastava discar um
número de telefone e lá estavam eles com suas
máquinas de raios para capturar qualquer
assombração. O refrão da música tema do filme
repetia: “Quem você vai chamar? Caça-fantasmas!”.
O mundo evangélico parece ter um sistema parecido:
são os “caça-Palavra”. No momento da angústia, do
desespero, da dúvida ou qualquer outra emergência,
basta “discar” um versículo e parece que tudo se
resolve. Essa forma de lidar com a Bíblia demonstra o
desprezo de muitos pelo estudo da Palavra de Deus.
Eis alguns “números de emergência” da Bíblia.
Quando está triste, chame João 14; quando você está
preocupado, ligue Mateus 6:19-34; quando a sua fé
precisa de agitação, ligue Hebreus 11; se você se
sente para baixo , ligue Romanos 8:31-39; quando
você quer segurança cristã, ligue Romanos 8:1-30;
quando você quer coragem para um tarefa, chame
Josué 1; segredo de Paulo para a felicidade,
Colossenses 3:12-17; está deprimido, chame Salmo
27; se o seu bolso está vazio, ligue Salmo 37; se está
desanimado no seu trabalho, o Salmo 126 irá lhe
ajudar. Existem muitos outros “disque-soluções” que
os “caça-Palavra” utilizam, como se o simples abrir
da Bíblia, ler ou tomar posse de alguns versículos
fosse resolver algum problema. Ou como se a Bíblia
fosse um mantra que, se repetido várias vezes, trará
algum benefício. A Palavra de Deus só se torna eficaz
na nossa vida quando ela é posta em prática, vivida,
obedecida. Vencer uma barreira, passar por um
problema, alcançar uma vitoria, obter sucesso é
muito mais que folhear a Bíblia, mas envolve
mudança de pensamento e de comportamento,
arrependimento e confissão de pecados, prática do
amor, santidade de vida, libertação de vícios
abandono de si, solidariedade.
Se não conhecemos a razão da nossa tristeza
nem estamos dispostos a dar os passos necessários
para uma vida cristã feliz, de nada nos adiantará
chamar João 14. A nossa preocupação somente
desaparecerá ou será trabalhada se colocarmos em
prática o que nos diz Mateus 6:19-34. Recitar o
Salmo 91 num momento de perigo não nos livrará
das mãos de bandidos, mas ser prudentes e investir
em segurança, confiando na proteção de Deus, sim.
Não venceremos os nossos medos apenas crendo que
o Senhor é o Pastor do Salmo 23, mas abrindo a
nossa vida para que Ele realmente seja Senhor e
Soberano do nosso coração. Se estamos por baixo,
não nos adianta apenas conhecer o que diz Romanos
8:31-39, mas vivenciar o poder do amor de Deus que
pode nos colocar de pé. Quando saímos de casa para
o trabalho ou para uma viagem, ler o Salmo 121 não
fará com que os acidentes fiquem longe ou não
tenhamos nenhum tipo de chateação no meu
emprego. Isso seria superstição.
A Bíblia não é um simples manual de instruções
com fórmulas prontas para todas as ocasiões.
Compreender o que ela nos diz e executar aquilo que
ela nos pede não é tão fácil quanto parece. Viver a
Bíblia e torná-la real em nosso dia a dia envolve, além
do que já dissemos, comprometimento com Deus,
com os valores do seu Reino. O processo da cura
espiritual e emocional é demorado, requer renúncia.
Tornar a Palavra a bússola da nossa vida é mais que
tomá-la nas mãos e abri-la a esmo, mas envolve
impregnar a nossa vontade com o seu aroma suave,
fazer dela o nosso alimento diário. Achar que tudo
será fácil e mágico porque temos a Bíblia nas mãos é
um terrível engano. Não foi fácil nem mágico para
aqueles que a escreveram, por que seria para nós?
Não foi simples para os homens e mulheres de Deus
mencionados em Hebreus 11, por que seria diferente
conosco?
Jesus foi tentado através da própria Palavra. Os
apóstolos pregaram a Palavra e por ela sofreram toda
sorte de perseguições, alguns foram martirizados. O
que Deus espera de nós é que nos deixemos tomar de
tal forma por sua Palavra que ela se torne o nosso
respirar, o nosso caminhar, o nosso ouvir, o nosso
falar, o nosso enxergar. Não simplesmente porque
acreditamos nele, mas acima de tudo porque a
colocamos em prática. A fé é prática. O avivamento
espiritual vem por meio de obediência à Palavra. Ela
é o começo, meio e fim da fé Cristã. Logo, ao invés de
caçar a Palavra, devemos vivê-la em sua inteireza,
pela graça de Deus que nos capacita a isso, pelo
Espírito Santo que nos justifica e santifica. Como
faremos isso, entretanto, se não a conhecemos, se
não nos aprofundamos nos seus ensinamentos?
Podemos pensar em algumas prováveis razões
ou justificativas para essa evasão do ensino bíblico
que impede que sejamos verdadeiramente uma Igreja
pensante. Aqui estão algumas:
Falta de orientação

Em primeiro lugar está a falta de orientação


dos pastores, tanto pelo fato de não serem orientados
por seus líderes maiores a estudarem com afinco as
Escrituras, quanto ao fato de eles mesmos não
orientarem os seus fiéis a estudarem-nas. Este
problema deve ser encarado sob duas ópticas. Existe
de fato uma má vontade, que é produto da má fé. Isto
é: tais líderes não desejam que seus fiéis estudem a
Bíblia para poder manter o poder sobre eles e a sua
fé. Se as pessoas começassem a ler e entender as
Escrituras Sagradas, poderiam passar a questionar
as doutrinas da sua denominação e a não se
conformar mais com certas pregações e ensinos.
Desta forma, muitas denominações não realizam
culto de doutrina, limitando-se ao cardápio teológico
oferecido pelo neopentecostalismo de cura,
libertação e prosperidade financeira. Por seu turno,
os fiéis também não almejam o estudo da Palavra de
Deus, porque o que eles de fato esperam receber de
Deus é o alimento do cardápio que lhes é oferecido.
Outro fato é a tradição pentecostal, ainda mais
acentuada na teologia neopentecostal, de
dependência total do Espírito Santo, ao ponto de o
estudo da Bíblia não ser valorizado, alegando ser esta
uma forma de impedir que o Espírito Santo fale a aja.
Dentro desta óptica, o estudo da Palavra de Deus é
tanto incorreto como desnecessário, uma vez que o
Espírito é quem inspira no crente o que ele precisa
saber e falar no momento exato, interpretando de
maneira equivocada o texto de Mateus 10:19,20. Tal
inverdade não leva em conta outros textos da Palavra
de Deus e distorce o sentido verdadeiro do texto de
Mateus, que fala de um momento específico de
tribulação, onde as condições não permitem sequer
ter uma Bíblia em mãos. É preciso também entender
que o estudante da Palavra de Deus não apreende o
seu sentido espiritual por sua própria capacidade de
raciocínio, mas através da intervenção do Espírito
Santo. De qualquer forma, é o Espírito que trabalha
na mente humana para compreender, aplicar e
ensinar com propriedade os textos bíblicos.

Despreparo

Quando o problema não é a falta de orientação,


o despreparo está presente. O ensino correto e sadio
da Bíblia depende da preparação de pessoas para
realizá-lo. A boa vontade em fazer algo pode ser
parte dos ingredientes, mas não é nem o único nem o
principal. Ela precisa estar aliada à preparação
daqueles que irão ministrar à Igreja o estudo da
Bíblia. Essa preparação ocorre em dois níveis. O
primeiro é o espiritual, isto é: quem se prontifica em
ensinar a Palavra de Deus deve fazê-lo com a
autoridade de quem acredita na Bíblia e a pratica.
Isto não significa que o professor de ensino bíblico
deva ser perfeito, mas alguém comprometido com a
fé evangélica, com os valores do Reino de Deus.
Logo, ele precisa ensinar primeiramente a si próprio,
tornar real na sua própria vida aquilo que aprendeu e
que pretende ensinar. É esta a sensível diferença
entre o ensino dos doutores da lei e do Senhor Jesus
(Mt 7:28,29). Muitos pregadores e mestres nas
igrejas não ensinam corretamente porque não
possuem autoridade. Pode ser que um dos grandes
motivos para a pouca frequência nos cultos de
doutrina e na EBD esteja na observação da vida
espiritual dos professores, quando se percebe que
aqueles que ensinam não praticam o que eles
mesmos procuram transmitir.
O segundo nível da preparação é o técnico.
Como foi dito, boa vontade não é o suficiente. Pode-
se afirmar, também, que santidade também não
basta, embora seja o fator decisivo. A Igreja precisa
investir na capacitação da sua liderança naquilo que
diz respeito ao ensino das Sagradas Escrituras.
Numa reunião de professores de EBD de certa
denominação de linha pentecostal, foi sugerido ao
pastor e líder que naquele ano se investisse na
capacitação técnica dos professores, por meio de
cursos, palestras e participação em congressos e
seminários ligados ao ensino da Bíblia na Igreja. A
ideia foi imediatamente rechaçada pelo líder, que
afirmou que os professores possuíam o Espírito Santo
e a Bíblia, e que isso era suficiente. De fato, nenhuma
técnica de ensino poderá substituir e atuação
poderosa do Espírito Santo, mas isso não significa
que o crente não deva aprender “como ensinar”,
como utilizar o conhecimento dado por Deus, aplicá-
lo e repassá-lo de maneira didática e eficaz.
Esse pensamento distorcido da realidade tem
esvaziado as EBDs, uma vez que o nível de ensino
oferecido não é de qualidade, mas repetitivo, sem
atrativo algum e sem consistência. Muitas igrejas
passam anos ensinando as mesmas coisas, os
mesmos temas, invariavelmente. Aquilo que o aluno
aprendeu hoje, aprenderá no próximo mês com
palavras diferentes. O ensino na Igreja nem sempre
acompanha o nível de desenvolvimento espiritual e
intelectual dos fiéis, oferecendo àquele que possui
vinte anos de Evangelho o mesmo conteúdo que
oferece a um novo convertido. Líderes, pregadores e
professores precisam investir constantemente em
atualização, novas técnicas de ensino, treinamento.
Tudo isso não significa desprezo pela atuação do
Espírito Santo, muito pelo contrário: é um respeito à
excelência do estudo e do ensino do Livro que Ele
inspirou.

Preconceito

A falta de amor pelo estudo da Palavra de Deus


também está ligada ao preconceito que alguns
cristãos irracionalmente nutrem contra o ensino
teológico. Para muitos, o ensino da teologia em
seminários endurece o crente, apaga a luz do Espírito
no seu coração e produz uma fé totalmente racional e
desprovida de intimidade com Deus. De fato, muitos
cristãos fracos na fé não conseguem aliar o estudo
sistemático das Escrituras a uma fé viva, quando na
verdade um fator depende do outro. A espiritualidade
não pode ser desprovida de conhecimento bíblico
nem este pode estar desvinculado da uma vida
espiritualmente ativa, com oração, leitura devocional
da Bíblia, comunhão com os irmãos e santidade.
Mesmo fora dos seminários, nos cultos e na EBD, o
preconceito ainda existe, o medo de se tornar um
crente meramente racional, desprovido de emoção e
experiência mística com Deus. Esses indivíduos que
têm esse tipo de preconceito não levam em conta
todos os seminaristas, estudiosos, pastores,
missionários e líderes que se empenharam no estudo
teológico e que são grandes homens de Deus e servos
valorosos, que dedicam suas vidas ao Reino de Deus
de forma bastante louvável e exemplar.
Outra forma de preconceito é o desprezo pelo
ensino dos grandes teólogos, de homens e mulheres
de Deus que se empenharam em estudar a Bíblia
para fornecer aos crentes compêndios teológicos que
explicam a fé. O discurso é que não se pode basear a
fé naquilo que os estudiosos escreveram – como os
comentários de roda-pé das Bíblias, por exemplo –
mas apenas naquilo que está escrito no texto
Sagrado. Desta forma, nomes como A. W. Tozer,
Abraham Kuyper, Alister McGrath, Augustus
Nicodemus, C. S. Lewis, Charles Hodge, Charles
Spurgeon, Martin Lloyd-Jones, Franklin Ferreira,
George Whitefield, J. I. Packer, John Bunyan, John
MacArthur, John Stott, Jonathan Edwards, Louis
Berkhof, Paul Washer, R. C. Sproul, Russel Shedd,
Wayne Grudem, D. L. Moody, Philip Yancey, William
Lane Craig, Hernandes Dias Lopes, entre outros, são
desprezados. Não queremos afirmar que tudo o que
esses estudiosos escreveram está 100% de acordo
com as Escrituras ou que são inerrantes, mas que a
sua contribuição ao estudo da Palavra de Deus é
imensa e deve ser levada em conta. O estudioso da
Bíblia saberá discernir, tendo a mente de Cristo, o
certo da heresia.

A preferência pelo testemunho pessoal

Tem-se ouvido muitas pregações que afirmam


que para pregar o Evangelho não é necessário ser um
estudioso da Bíblia ou fazer um curso de teologia.
Essas pregações estimulam os fiéis a pregarem
através do seu testemunho, contar o que Jesus fez na
sua vida. E insistem que o testemunho vale mais do
que muita teologia. Existem três mensagens
perigosas por trás disso. A primeira é a
desvalorização do próprio Evangelho: ele pode ser
facilmente trocado pelo testemunho pessoal de
alguém que, diga-se de passagem, nem sempre
condiz com o Evangelho. A segunda é que o teólogo
não possui testemunho. Para muitas pessoas, ou o
crente tem muito conhecimento ou tem testemunho;
os dois não podem caminhar juntos, o que é um
julgamento preconceituoso e equivocado. A terceira
mensagem afirma que o ensino teológico não é tão
importante quanto parece, que é possível construir
uma teologia própria baseada nas próprias
experiências pessoais.
A situação degradante da igreja evangélica,
puxada pelo carrossel do neopentecostalismo,
mostra-nos o resultado de uma pregação sem
teologia, de um testemunho sem base bíblica e de
uma religiosidade pautada apenas na experiência dos
outros. Não é preciso ser cristão para ter testemunho
de cura e mudança de comportamento. Todas as
religiões possuem essas coisas. Mas é preciso
conhecimento bíblico da doutrina da salvação para
levar um pecador à verdadeira conversão, não a que
se emociona com o testemunho do pregador e quer
ser igual a ele nas suas vitórias e milagres, mas
aquela que é convencida do pecado pelo Espírito
Santo e passa a viver para Deus. O apóstolo Paulo
não pregava a si mesmo, embora testemunhasse das
maravilhas que o Senhor operava na sua vida. Ele
pregava o Evangelho da graça, fundamentado nas
Sagradas Escrituras, que citava abundantemente. O
testemunho precisa caminhar ao lado da Bíblia e para
isso é preciso compreendê-la por meio da sua leitura
e estudo.

A Teologia da Prosperidade

O liberalismo teológico e o neopentecostalismo


implantaram na mentalidade evangélica a
compreensão de que o objetivo claro da Bíblia é
satisfazer às necessidades particulares do crente, de
modo que as pessoas que recorrem às igrejas que
pregam e vivem esse tipo de ensino estão em busca
de resolver os seus problemas pessoais e obter as
vantagens oferecidas por uma fé triunfalista e vazia.
A teoria vigente na Teologia da Prosperidade é a de
que o crente não precisa esperar chegar ao Paraíso
para desfrutar de todos os “direitos” prometidos por
Deus na sua Palavra e adquiridos por Cristo na sua
expiação. Ao contrário, ele pode desfrutar hoje
mesmo de todos os benefícios de uma vida no céu,
onde não existe doença e pobreza, onde só há saúde
e prosperidade. Não é feito, no entanto, alusão
alguma ao fato de que no céu não existe dinheiro ou
um corpo físico para ter ou não saúde, portanto todas
as bênçãos desfrutadas são espirituais. Mas a falta de
formação teológica dos pregadores da prosperidade,
a sua cegueira espiritual e seu ministério de falsos
mestres e falsos profetas explicam essa gafe.
Hagin, um dos grandes gurus desse tipo de
teologia, afirma: “Uma razão porque nós, cristãos,
vivemos em descrença e nossa fé tem sido obstruída,
é a falta do conhecimento da redenção e dos nossos
direitos na redenção, e essa falta de conhecimento é
a maior inimiga da fé.” (in PIERATT, 1993, p. 66). Ele
e tantos outros pregadores da prosperidade insistem
em afirmar que os crentes têm direitos conquistados
e outorgados por Cristo, direitos à saúde física e
prosperidade financeira, que são efeitos da libertação
efetuada por Cristo na cruz. Se todas estas coisas
eram consequências do pecado e Cristo morreu para
refazer tudo o que pelo pecado fora desfeito, então
elas são um direito que a igreja deve gozar aqui e
agora. Se os crentes estão em situação difícil, é
porque lhes falta o conhecimento dessas coisas. A
falta de conhecimento dos direitos do cristão é que
faz com que tantos permaneçam na miséria e
adoeçam, de acordo com essa linha de pensamento.
Esse tipo de ensino está presente de forma
aberta nas igrejas da prosperidade e tem penetrado
de maneira embrionária em denominações
consideradas históricas. A preferência geral é por
cultos de cura e libertação, por pregações
triunfalistas e antropocêntricas, levando os cultos de
doutrina e a EBD a um estado crítico de quase
inexistência. O conhecimento incentivado atualmente
ao crente é o necessário para que ele adquira aquilo
que lhe pertence, que lhe foi dado por Cristo na cruz.
A partir do momento em que o crente “toma posse”
dos seus direitos e crê que Deus fará tudo conforme o
prometido, deve passar a “exigir” a sua bênção.
Comentando João 14:13, Soares (2009, p. 17) traz ao
leitor uma “grande revelação”: a palavra “pedirdes”,
nesse texto, foi mal traduzida. O correto seria
traduzi-la como “determinardes”. Segundo ele, o
verbo pedir é sozo no original grego e tem o sentido
de determinar, exigir, mandar. Por isso, não é preciso
pedir nada a Deus, mas apenas exigir que Ele
manifeste aquilo que já nos foi dado segundo a sua
Palavra. É como se o crente possuísse uma conta
poupança no céu e a fé fosse a senha que liberasse as
bênçãos que já estão lá ao seu dispor. Por que o
crente pediria algo que já é dele? É preciso exigir.
Uma das grandes armas das seitas é impedir o
acesso dos seus fiéis ao conhecimento que poderia
libertá-los. Por isso é importante que o crente jamais
deixe de ler a Bíblia nem os livros de grandes
teólogos usados por Deus para explicar a sua
Palavra. Ele não pode esperar uma revelação especial
para compreender as Escrituras além das próprias
Escrituras, mas estudar a Bíblia sistematicamente,
tendo a mente iluminada pelo Espírito Santo e
utilizando-se de uma correta hermenêutica. A ideia
de “orar pedindo a Deus que revele o que Ele quer
falar por meio da sua Palavra” está por trás das
grandes heresias, quando religiosos “sentem” Deus
lhes revelando tal e tal sentido das Escrituras.
Quando o estudo sério e direcionado pelo Espírito
Santo é feito, a realidade do falso ensino e da falsa
doutrina vem à tona. A oração do crente deve ser
para que o Espírito de Deus ilumine a sua mente e o
capacite a entender a verdade revelada, utilizando-se
de instrumentos de interpretação direcionados pelo
mesmo Espírito.

Individualismo descompromissado

Toda essa teologia triunfalista e desprovida de


apoio escriturístico tem criado uma nova forma de
pensar, sentir e viver o Evangelho. Esse novo formato
gera crentes que não compreendem a razão do seu
chamado ou sequer se entendem como pessoas
salvas, com uma nova natureza, um novo padrão de
vida e uma missão a cumprir. O neoliberalismo
teológico fomentou um individualismo que impede
que aqueles que se “convertem” se sintam de alguma
forma comprometidos com a fé que abraçaram. Esse
problema se inicia nas pregações que oferecem ao
pecador a oportunidade de vencer as suas dores e as
suas crises financeiras por meio do poder que há no
Nome de Jesus, alcançando pessoas desesperadas,
que procuram soluções rápidas e fáceis para vencer
suas agruras. A solução apresentada na pregação
neopentecostal é um Deus que está obstinado em
abençoar o “pobre sofredor”, a curar todas as feridas
da sua alma, a satisfazer todos os seus desejos e
vontades, a cobri-lhe de ricas bênçãos materiais.
Desde cedo, os fiéis desse tipo de teologia aprendem
que o seu objetivo de vida é pedir; e que a obrigação
de Deus, é dar.
A razão da evasão do ensino bíblico é que as
pessoas de fato estão em busca daquilo que
massageie o seu ego e supra as suas expectativas.
Não há tempo para o aprendizado sistemático,
apenas para a apresentação de soluções rápidas para
os seus problemas. O que se espera ouvir são
pregações triunfalistas que falem das promessas de
Deus, que preguem a vitória do crente aqui e agora,
que deem às pessoas uma razão para adorar a Deus.
Isto é: Deus só merece a atenção dos seus filhos
enquanto os estiver abençoando, enchendo seus
corações de promessas maravilhosas. Uma das
consequências naturais desse tipo de fé é a falta de
compromisso com o Evangelho, tanto na observação
dos seus mandamentos quanto na prática das boas
obras e no envolvimento ativo na obra do Senhor. As
igrejas estão lotadas de convertidos às bênçãos de
Deus e vazias de convertidos ao Deus das bênçãos.
Uma conclusão sincera dessa situação afirmaria que
a razão pelo desprezo do estudo da Bíblia é a falta de
conversão. Somente aqueles que são crentes
verdadeiros possuem amor pela Palavra de Deus e
desejam ardentemente aprendê-la.
O Deus desfigurado

Como podemos estar certos de que o Deus que


dizemos crer é o verdadeiro e único Deus? A
passagem do apóstolo Paulo por Atenas e a sua
pregação no Areópago (Atos 17:16-31) devem nos
levar a questionar a nossa própria crença em Deus
por meio da maneira como nos relacionamos com
Ele. Não desejo questionar aqui existência de Deus,
mas a sinceridade da nossa fé nele. O que Paulo
encontrou na cidade grega de Atenas? Em suas
palavras, indivíduos “acentuadamente religiosos” (v.
22). Este elogio revestido de crítica deveu-se à
profunda idolatria que corroía a alma daquelas
pessoas, como vemos no v. 16: “Enquanto Paulo os
esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em
face da idolatria dominante na cidade”. Como
sabemos, tanto os gregos como os romanos, os
egípcios e os demais povos da antiguidade eram
politeístas ou panteístas, como muitas religiões e
crenças da atualidade. Os grandes castigos sofridos
pela nação de Israel nos tempos antigos, até o exílio
babilônico, estão ligados à desobediência por meio da
idolatria, até que, enfim, Israel tornou-se uma nação
monoteísta, conforme Deus lhes ordenara que fossem
(cf. Êxodo 20:3,4; Levítico 19:4; Ezequiel 14:1-9).
Em suas caminhadas por aquela cidade de
milhares de altares, templos e ídolos, Paulo notou a
existência de um altar dedicado “AO DEUS
DESCONHECIDO” (v. 23). A partir daí, ele construiu
a sua mensagem evangelística, que apresentou aos
seus ouvintes o Senhor do céu e da terra, criador e
mantenedor de todas as coisas, transcendente e
imanente, que não pode ser retratado por meio de
imagens de escultura nem pode habitar em lugar
algum ou ser servido por mãos humanas (vs. 24-29).
Sobre este Deus, Paulo também falou: “Ora, não
levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora,
porém, notifica aos homens que todos, em toda parte,
se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em
que há de julgar o mundo com justiça, por meio de
um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos” (vs. 30,31). O
Deus criador também é salvador.
Os atenienses adoravam um deus desconhecido
porque não conheciam o verdadeiro e único Deus.
Em cada um dos seus deuses, eles tentavam imprimir
a imagem de uma divindade que a sua cegueira
espiritual não os permitia enxergar. Não há diferença
alguma entre a Atenas de mais de dois mil anos e a
época em que vivemos, pois desde a Queda o ser
humano virou suas costas rebeldes para Deus e o
substituiu por falsos ídolos, sendo o maior e mais
poderoso de todos eles o seu ego. Escrevendo aos
romanos, Paulo diz que os ímpios contemplam a
criação sem reconhecer e adorar o Criador, mas, em
vez disso, deturpam a própria criação e a subvertem
com sua iniquidade (Romanos 1:18-32).
O que era verdade naquela época, permanece
verdade ainda hoje, tendo o ser humano evoluído em
suas perversidades e oficializado, por meio de leis,
muitos dos pecados denunciados por Paulo. O que é
isso além da falta de Deus e da crença nos falsos
deuses Podemos resumir a relação do ser humano
caído com a divindade oubo sagrado da seguinte
maneira:

1. Criamos nossos próprios deuses para adorá-los,


como acontece nas religiões politeístas e panteístas.
Uma característica interessante dessa "”ábrica de
deuses” é que o próprio ser humano determina a
natureza, a forma, o caráter, os atributos de poder e
a maneira como cada deus deve ser adorado e
servido, com base em lendas, fábulas e histórias
mitológicas. Eles servem aos interesses dos seus
deuses para que seus deuses satisfaçam os seus
interesses.

2. Negamos a existência de qualquer divindade e


servimos de deuses para nós mesmos. Até mesmo os
ateus possuem seu próprio panteão: dinheiro, poder,
bens materiais, família, amigos, fama, vícios, o
Estado, entre tantos outros pelos quais vivem e
morrem, dos quais dependem e nos quais depositam
sua fé, sua esperança, sua segurança e seu valor
como pessoas. São capazes de quebrar a estátua de
um ídolo, mas jamais destroem os ídolos do seu
coração. Desprezam aqueles que creem em Deus e
são totalmente idólatras de si mesmos.
3. Criamos para Deus a nossa imagem ideal da sua
natureza, do seu poder, da sua vontade, de acordo
com nossos interesses. Este tipo de idolatria, como
não deveria ser, faz parte da fé de um grande número
de pessoas que se declaram cristãs, que creem no
Deus que a Bíblia revela na pessoa de Jesus Cristo.
Elas creem em Deus, mas da sua maneira,
manipulando-o de acordo com seus próprios
interesses. Como ocorre na idolatria pagã, esses
crentes determinam o caráter de Deus, seus
atributos, sua maneira de agir, sua vontade, seus
planos, sua moral, tudo para suprir suas próprias
demandas, encobrir seus erros e legitimar seus
pecados. O Deus verdadeiro é desfigurado, mutilado
e moldado para servir a diversas crenças e
propósitos. A sua Palavra sofre acréscimos e
decréscimos de acordo com as demandas e os
interesses destes ou daqueles indivíduos e/ou grupos
religiosos.

Ao contrário do que afirma o senso comum, o


importante não é ter fé em Deus, porque isso é algo
que os próprios demônios têm, como escreveu Tiago:
“Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os
demônios creem e tremem” (Tiago 2:19). Mesmo a fé
mais fanática de um cristão pode ser de todo inútil,
quando não está fundamentada nas Sagradas
Escrituras. A fé que realmente faz sentido e que nos
conecta a Deus é a fé salvífica em Jesus Cristo.
Podemos até mesmo crer em Jesus, como muitos o
fazem ao selecionarem alguns dos seus aspectos que
melhor lhes convêm. Mas se essa fé não teve seu
início na escuta da Palavra de Deus, do Evangelho da
salvação (Romanos 10:17); se ela partiu da pregação
que confrontou o pecador com sua situação miserável
diante da ira condenatória de Deus; se esta fé não é
uma obra do Espírito Santo, ela não salva (Efésios
2:8,9).
O Deus que a Bíblia revela e que se releva em
Cristo é o único e verdadeiro Deus (Hebreus 1:1-4;
João 1:1-14). Ao contrário dos deuses que dizem ser
alguma coisa sem ser coisa alguma, o nosso Deus se
comunica conosco desde os primórdios da sua
criação. Ao subir aos céus, o Senhor Jesus enviou o
Consolador, o Espírito Santo, que nos esina todas as
coisas e, juntamente com o Filho, intercede por nós
(João 14:16-26; Atos 2:1-5; Romanos 8:26,27;
Hebreus 7:24,25). Os falsos deuses de Atenas eram
como espantalhos em um pepinal (Jeremias 10:5). A
imagem desfigurada que muitos forjam de Deus de
acordo com seus próprios interesses é uma egolatria
diabólica. Mesmo tateando não podemos encontrar
Deus, porque a nossa natureza depravada faz
separação entre Ele e nós (Isaías 59:1-3). Somente
quando Deus nos busca e nos encontra é que nossos
olhos se abrem para a sua gloriosa presença.
Deus se revelou àquele povo idólatra de Atenas
e continua a se revelar a nós hoje na sua Palavra e na
pessoa de Jesus: “E Jesus clamou, dizendo: Quem crê
em mim crê, não em mim, mas naquele que me
enviou. E quem me vê a mim vê aquele que me
enviou” (João 12:44,45). “Eu e o Pai somos um” (João
10:30). “Todo aquele que nega o Filho, esse não tem
o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o
Pai” (1 João 2:23). Somente por meio de Cristo
podemos ir até Deus (João 14:6), pois Ele é o único
mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5,6).
E como iremos a Cristo? O próprio Senhor responde:
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o
que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora...
Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não
o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia... E
prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito:
ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for
concedido” (João 6:37,44,65).
O DEUS DESCONHECIDO só se torna
conhecido quando se revela a nós, quando nos atrai
com sua misericórdia e nos salva por sua graça.
Quando conhecemos a Deus sendo, primeiramente,
sendo conhecidos por Ele, todos os nossos ídolos são
quebrados, como escreveu Paulo aos gálatas:
“Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a
deuses que, por natureza, não o são” (Gálatas 4:8).
Nossos ídolos nada são, muito menos a imagem de
Deus forjada pelos nossos interesses egoístas e
gananciosos. Quando Deus nos justifica pela fé em
Jesus Cristo, somos libertos do pecado e
regenerados. Os nossos olhos espirituais são abertos
e todos os nossos ídolos são quebrados. Paulo
escreveu aos crentes de Tessalônica:

Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só


na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte
se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de
não termos necessidade de acrescentar coisa
alguma; pois eles mesmos, no tocante a nós,
proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no
vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos
convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e
verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho,
a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que
nos livra da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1:8-10).

Que a nossa fé esteja no Deus vivo e verdadeiro


e naquele que virá em breve resgatar a sua Igreja.
“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos
tem dado entendimento para reconhecermos o
verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho,
Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida
eterna” (1 João 5:20). Você está no verdadeiro?
Considerações finais

Existe algo que acredito e defendo ferrenhamente: o


estudo sistemático da Palavra de Deus. Muitos
cristãos acreditam que para entendermos aquilo que
Deus está falando conosco por meio da sua Palavra,
dependemos que Ele nos “revele” o sentido do texto
que estamos lendo. Existem aí inúmeros problemas.
O maior de todos está contido na própria história do
Cristianismo, onde muitos decidiram, de acordo com
as “revelações” que tiveram das Escrituras Sagradas,
aquilo que era a verdade de Deus, criando inúmeras
heresias e dando ensejo à formação de diversas
seitas. A Teologia da Prosperidade e as seitas
neopentecostais são exemplos claros disso.
Uma questão vem à tona: as Escrituras já são a
Revelação de Deus para nós. Não há nada a ser
revelado nelas que nelas já não esteja contido. Isto
significa que o cristão deve buscar, por meio da
iluminação do Espírito Santo, o sentido real do texto
bíblico. E onde está este sentido? Está inserido no
próprio texto. Logo, o leitor da Bíblia se verá
obrigado a aprofundar-se no texto Sagrado e extrair
dele o que o Senhor nos revelou por meio dos
escritores sagrados. É uma tarefa que demanda
preparo, tempo e esforço; que requererá do leitor ou
estudioso da Bíblia algum conhecimento das regras
da hermenêutica, de modo que a sua compreensão do
texto parta de uma exegese correta. Tudo isso, claro,
sob a direção do Espírito, que nos dá sabedoria e
graça para compreendermos as coisas espirituais.
Tantos problemas podem ser solucionados a
partir de uma entrega irrestrita a Jesus, de uma
conversão genuína que leve o crente a compreender
que precisa da Palavra de Deus como necessita do ar
para respirar. Transformar uma igreja individualista
e alienada em uma Igreja pensante deve ser a meta
de líderes e leigos que amam o Senhor Jesus e estão
desejosos por mudanças significativas na visão e na
prática de vida dos cristãos. Vamos concluir este
estudo com algumas características principais dessa
Igreja pensante que tanto carecemos. Ela é uma
Igreja que:

1. Entende as razões da sua fé e por isso pode


prestar um culto racional a Deus e dizer as razões
daquilo que crê com fundamento bíblico (Rm 12:1; 1
Pe 3:15; 2 Tm 3:15).

2. É aprovada como obreira por manejar bem a


Palavra da verdade (2 Tm 2:15; 3:17).

3. Está apta para discernir os falsos mestres e as


suas falsas doutrinas, agindo prontamente contra a
sua má influência (Mt 7:15-20; 1 Ts 5:20,21; Rm
16:17,18; 1 Tm 6:3-5; 1 Jo 4:1; 2 Pe 2:1-3; Mq 3:5-7).

4. Não se deixa levar por todo vento de doutrina, mas


submete qualquer pregação ao crivo da Bíblia (At
17:11; Gl 1:6-9; Ef 4:14).
5. Ama a Palavra de Deus e a coloca acima da
experiência, ao passo em que submete a experiência
ao escrutínio da Palavra de Deus (Hb 10:15-17; Sl
42:1,20; 119:127).

6. Entende que deve obedecer à Palavra de Deus


como Igreja salva e santificada por esta Palavra (Jo
1:1-14; 17:17; 1 Pe 1:22,23; Gl 5:24; 1 Ts 5:23; Rm
1:16; 10:17).

7. Possui uma fé inabalável em Deus e persevera na


Palavra da verdade (Hb 4:2; At 2:42).

8. Deixa-se ensinar, corrigir, repreender e educar


pela Palavra de Deus e possui autoridade espiritual e
teológica para promover o ensino e a disciplina entre
os irmãos (Hb 4:12; 1 Tm 4:13; 2 Tm 3:16,17; Jo
15:3).

9. Está alerta contra o pecado, deixando-se moldar


pelo Espírito Santo e por meio da Palavra de Deus (Sl
119:11; 19:11; 2 Tm 2:2; 1 Co 10:10-12).

10. É uma Igreja repleta de alegria, gozo, sabedoria,


entendimento e, acima de tudo, amor e oração (Jr
15:16; Sl 19:7-10; 2 Pe 3:18).
Sobre o autor

Olá! Sou o Mizael Xavier, poeta e escritor. Tenho 52 anos


de idade. Comecei a escrever poemas aos 12 anos, quando
eu e meu irmão sonhávamos montar uma banda de Rock;
os meus poemas seriam as letras das nossas músicas. Sou
natural da cidade de Petrópolis, RJ, e resido no Rio
Grande do Norte há 28 anos. Sou cristão reformado,
divorciado, conservador, pai de Thiago e Milena. Possuo
inúmeros artigos publicados em jornais de Natal. Realizei
vários trabalhos como ator, diretor e multiplicador de
Teatro do Oprimido. Além de escrever, sou ensaísta e
teólogo. Em 2013, formei-me em Gestão de Recursos
Humanos pela Universidade Potiguar. Sou autor dos livros
físicos “Eu te amo” (poesia), “Memórias do Silêncio”
(autobiografia/Bullying), “Até onde o amor pode alcançar”
(poesias) e “Minha poesia” (antologia poética) Participei
de duas antologias da editora Lírio Negro (Brasilidade em
Versos e Fragmentos de almas eternizadas), e da
antologia ¨Poemas do coração V: Em busca da Paz”, da
editora Antologias Brasil. Além disso, possuo mais de 120
e-Books publicados na Amazon. Sou membro da Igreja
Batista.

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Outros títulos previstos


para a série
 Teologia da Prosperidade: O que realmente diz
Deuteronômio 28:1-14?
 João 3:16: Por que Deus amou o mundo?
 Evangelismo: Por que a maioria dos crentes não
evangeliza?
 A letra mata: Por que muitos crentes acham que
não precisam ler a Bíblia?
 Doutrina: Por que a maioria das pessoas rejeita
dogmas e doutrinas religiosas?
 Falsos profetas: Como saber se você é um falso
profeta?

Obrigado por sua leitura. Se gostou deste livro,
compartilhe com todos os seus contatos e grupos. Deus te
abençoe sempre.

Mizael de Souza Xavier


Escritor e editor

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