Você está na página 1de 18

Tatuí, 20 de agosto de 2023

Prezado Pastor:

Tenho acompanhado pela internet alguns de seus pronunciamentos, onde


Vossa Senhoria declara estar anunciando o correto e puro Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo, numa instituição que também é apresentada como sendo
“bíblica”. Excelente objetivo desse trabalho por se tratar do anúncio da salvação
eterna àqueles que objetivam herdar a “Coroa da Vida Eterna”. Nessa mesma direção
também me tenho esforçado em realizar um trabalho similar aqui no Brasil, como
também em diversos países, como Venezuela, Bolívia, Paraguai, dentre outros da
América do Sul, além de Israel. Ultimamente, minha missão está mais focada nos
diversos rincões da Índia, onde predominam as castas inferiores que seguem o
hinduísmo em sua maioria esmagadora. Nesses locais a população sequer tem
acesso a um exemplar da Bíblia, e, por conseguinte, desconhecem totalmente o
evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. No entanto, muitas igrejas tem sido
levantadas com ajuda de Deus, e muitas almas estão sendo salvas, muito embora,
nos últimos meses, tenha se intensificado vários entraves e perseguições contra os
seguidores de Cristo naquela nação. Mas isso poderemos falar em outra
oportunidade, caso seja pautado.

O assunto da presente carta é outro. Pretendo nesta missiva analisar os


diversos ataques que Vossa Senhoria vem direcionando à CONGREGAÇÃO
CRISTÃ NO BRASIL (CCB), onde sirvo a Deus, tomando-se como referência
principal seu último pronunciamento postado na internet, denominado “História da
Congregação Cristã no Brasil”. Devido à extensão da matéria postada por Vossa
Senhoria, e para que não fique muito cansativa nossa conversa, não pretendo nesta
minha primeira manifestação analisar todo conteúdo, mas parte dele. Dependendo
da receptividade, numa outra oportunidade poderemos nos estender de forma
complementar.

A esta altura, gostaria de fazer uma breve aposentação de minha pessoa. Meu
nome é MELQUISEDEQUE ANTONIO DA SILVA. Sou aposentando pela Secretaria
de Segurança Pública do Estado de São Paulo e, concomitantemente, lecionei em
Escola de Ensino Superior, como também no ensino médio na Rede Pública
Estadual, Municipal e Particular. Do lado espiritual, posso afirmar-lhe que a
conversão a Cristo de minha família se deu na década de 1930. Portanto, sirvo a
Deus nessa instituição desde meu nascimento. Atualmente estou com 67 anos de
idade. Além de membro da CCB, há muito tempo exerço o ministério de ancião na
referida igreja, isto na cidade de Tatuí/SP, onde sempre estarei com as portas abertas
para recebê-lo. Acredito que a recíproca também seja verdadeira. Além de muitos
testemunhos edificantes que poderei compartilhar contigo, tenho também um grande
acervo de documentos, os quais estarão à disposição para análise sem ranço, sem
ódio, sem perseguição e/ou sem discriminação. Afinal, devemos, sobretudo, termos
como bandeira o belo ensino do apóstolo Paulo, registrado em 1 Cor 13:1-13, onde
aprendemos “a excelência do amor fraternal”.

Ainda nesse introdutório, ressalto que esta minha correspondência é de cunho


particular e não estou falando em nome da citada instituição. Portanto, caso haja
alguma resposta e/ou manifestação por parte de Vossa Senhoria, que o faça na
mesma linha, seja da forma tradicional como esta, ou através de meu e-mail e/ou
whatsApp, conforme seguem no final desta missiva. Embora o e-mail seja uma forma
mais adequada para envio de correspondência nos tempos atuais, deixei de usá-lo
por desconhecer seu correio eletrônico. Peço para que o conteúdo desta
correspondência não seja veiculado na internet, evitando-se que pessoas
irresponsáveis venham fazer críticas igualmente irresponsáveis e raivosas, tornando
um embate sem fim, sem o espírito fraterno e sem edificação espiritual. Afinal, esse
não é o meu objetivo.

Antes de ser acusado de exclusivista, quero justificar o motivo de eu usar o


pronome de tratamento “Vossa Senhoria”. Assim o faço somente pelo fato de
desconhecer se me aceita ou não como irmão em Cristo, diante dos fatos em análise,
associado ao conceito nada fraterno que alimenta contra nós. Adianto que, de minha
parte, não há problema algum e considerá-lo como irmão, e assim o chamarei nos
próximos contatos, caso receba um sinal de aceitação de sua parte.

Sabemos que há um enorme campo de trabalho evangelístico diante de nós.


Trata-se de um espaço totalmente aberto a qualquer grupo que se disponha anunciar
Jesus Cristo, dentro das estruturas e das diversas formas em que esse trabalho pode
ser organizado dentro das instituições cristãs. Deve-se realçar que, acima de tudo, é
imperativo a presença do amor e do respeito nessas atividades missionárias,
respeitando-se eventuais diferenças, desde que Cristo seja o alvo principal nessa
anunciação. Sobre o pregar o evangelho, lembremo-nos das sábias palavras do
Mestre, relatadas em Lucas 9:49-50, onde vem à tona uma tentativa de proibição
e/ou crítica do “uso do nome do Senhor” por grupo que não estava fisicamente junto
com os apóstolos. Como resposta, Jesus disse: “não o proibais, porque quem não
é contra nós, é por nós”. Trazendo tal fato para os nossos dias, embora não
estejamos fisicamente no mesmo grupo institucional, o Jesus Cristo que pregamos é
o mesmo e a Ele estamos encaminhando as pessoas que recebem o testemunho.
Salvo melhor juízo, seria um desrespeito à orientação do Mestre, qualquer forma de
sufoco que se faz de cristão contra cristão. Havendo necessidade de algum
alinhamento, é razoável, e biblicamente correto, que se faça numa forma de
aconselhamento pacífico, sempre pautado na mansidão e no amor, pois não
devemos nos afastar das Escrituras. Assim, uma fala sábia nessa direção jamais
deveria estar enveredada à truculência, com colocações duvidosas, pejorativas,
impróprias, inverídicas e com altas doses de um ranço religioso. Sabe-se que tal fato
é peculiar em pessoas desprovidas dos “frutos do espírito”, ou em grupos que
abraçam uma forma de religiosidade violenta. Muitos que agiram dessa forma nos
tempos de Jesus, conforme lemos nas Escrituras, sempre foram rechaçados para
que prevalecesse o caminho da paz e da reconciliação.
Com respeito ao que foi dito até agora, posso afirmar que a CCB sempre pautou
seus ensinamentos no sentido de tratar as pessoas e as denominações com muito
respeito. Acredito que isso deveria valer a todos nós. Dentre muitos ensinamentos
ministrados a esse respeito, destaco este:

”Conforme artigo 1º do Estatuto, a Congregação Cristã


no Brasil, fundamentada na doutrina apostólica, tem por
finalidade propagar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
e o amor de Deus, tendo como cabeça só a Jesus Cristo e por
guia o Espírito Santo, sem distinção de sexo, nacionalidade,
raça, cor ou credo religioso. A Congregação Cristã no Brasil
orienta seus fiéis a não impor suas convicções e modo de ser
às pessoas, não desprezar e nem as ofender, apenas anunciar
a misericórdia e o perdão dos pecados, por Jesus Cristo, que
nos amou” (84ª Assembleia – 2019 – tópico nº 2).

Acredito que qualquer pessoa sensata tem esse ensinamento como uma postura de
equilíbrio, e que deveria nortear toda e qualquer conversa cristã. Mas, infelizmente,
isso é desprezado quando o assunto é CCB. Qual seria o real motivo de tanto ódio
que se emana contra essa igreja? Deus o sabe.

ÓDIO e FALTA DE ÉTICA

Observa-se que Vossa Senhoria, a exemplo de alguns outros, vem alimentando


um ódio descomunal contra a CCB, promovendo palestras, lives, postagens e
pronunciamentos, sempre atacando a instituição por todas as frentes. Com isso, vem
nutrindo, de forma muito visível, um ódio exacerbado contra essa igreja, trazendo
tristeza no coração de milhões de irmãos que conosco congregam e servem a Deus
pacificamente. A CCB, por outro lado, expressa seus objetivos através de
ensinamentos de “Assembleias Anuais”, os quais são direcionados à membresia,
trazendo sábias orientações para que nenhum de seus membros denigra a imagem
de outras denominações ou de pessoas. Se alguém o faz, estão em desobediência
às orientações da instituição. Não atacamos ninguém porque prezamos pela ética e
como forma de demonstração de um bom porte espiritual. Assim propagamos e
procuramos colocar em prática. É óbvio que surjam algumas discordâncias
doutrinárias diante das diversidades denominacionais, mas não é salutar que haja
entre nós a falta do devido respeito, dentro de um cristianismo calcado na pureza.
Brigas religiosas, além de feio, dá mal testemunho aos que estão de fora. Nações
não cristãs têm explorado tal fato de maneira intensa. Para que não se crie embates
vis nessa direção, nossa membresia é ensinada a sequer chamar outras
denominações de “seitas”, considerando-se que esse termo se tornou pejorativo no
vocabulário atual. Confira, documentalmente, nossos ensinamentos a esse respeito:

“Não é conveniente chamar as denominações evangélicas de seitas,


nem falar contra. Também não se deve mencionar nomes de
denominações evangélicas durante a celebração do culto....” (82ª
Assembleia Anual de Ensinamentos – 2017 – tópico nº 14).

“Cuidado para não mencionar nomes de denominação nas


pregações. Tornamos a dar ensinamento ao ministério de que nos cultos,
e principalmente nas pregações, não devemos mencionar nomes de
denominações religiosas. Assim deve o ministério proceder e ensinar a
irmandade também” (76ª Assembleia Anual de Ensinamentos –
2011, tópico nº 16)

“Não se deve citar nomes de pessoas, nem de seitas ou religiões nas


Congregações e nem durante a Palavra. Deve-se pregar a doutrina de
Nosso Senhor Jesus Cristo, sem atacar quem quer que seja. Todavia,
quando Deus impulsiona para pregar contra doutrinas erradas, prega-se,
mas sem mencionar os nomes” (Assembleia Anual de Ensinamentos
– 1985).

Lamentavelmente essa reciprocidade não está ocorrendo por parte de Vossa


Senhoria e de outros opositores.

A seguir, analisarei o conteúdo de seu pronunciamento, os quais foram


orquestrados contra a CCB. Pautarei os assuntos, sem levar em consideração a
ordem cronológica do discurso:

1ª INVERDADE: A CCB ENSINA QUE BÍBLIA FOI ESCRITA PARA QUE NÃO
SEJA LIDA, POIS A “LETRA DA BÍBLIA MATA” – (eventual mau uso de Cor.
3.6”). A CCB TEM DESPREZO PELAS ESCRITURAS SAGRADAS.

Foi exatamente isso que Vossa Senhoria afirmou aos seus ouvintes. Nada mais
falso, nada mais pueril, nada mais tosco. Ao contrário do que V.Sª afirmou, a CCB
incentiva a leitura da Bíblia, não tem desprezo a ela e não interpreta de forma errônea
o texto acima citado. Transcreverei alguns ensinamentos ministrados em Assembleia
Geral de Ensinamentos a esse respeito, os quais contrariam sua fala:

“Pela leitura da Bíblia vem o conhecimento para a salvação,


por se tratar da Palavra de Deus. A falta do conhecimento pode nos
levar ao erro. Por isso, quando o Senhor Jesus foi interrogado pelos
saduceus sobre a ressurreição, respondeu-lhe “...Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mateus 22.29). O
conhecimento das Escrituras não deve ser confundido com o que
Paulo disse em 2 Coríntios 3.6: “...novo testamento, não da letra,
mas do espírito, porque a letra mata, e o espírito vivifica”. Paulo não
se referia ao conhecimento específico da lei, mas à obediência da
lei do Antigo Testamento, pois em Romanos 3.20 está escrito: “Por
isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei,
porque pela lei vem o conhecimento do pecado”, e no verso 28 diz:
“concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras
da lei”. Assim, é dever de todos a leitura e meditação dos textos das
Sagradas Escrituras, principalmente no Novo Testamento” (82ª
Assembleia – 2017, tópico nº 24). Assim, num único tópico,
corrigimos três falácias nesse primeiro tema:

● PRIMEIRA FALÁCIA: ao contrário que você diz, nossa membresia é


incentivada a ler as Escrituras, sim senhor.
● SEGUNDA FALÁCIA: Não interpretamos o texto de 2 Coríntios 3.6 da forma
que você nos acusa. Pelo contrário, apresentamos a interpretação correta do
referido texto.
● TERCEIRA FALÁCIA: Contrariamente ao que Vossa Senhoria afirmou, a CCB
não tem desprezo pelas Escrituras.

Aliás, em se tratando de assuntos espirituais, a CCB, se não é a única, é uma


das poucas igrejas que não divide a Bíblia com obras teológicas humanas. Por
que não? Por pelo menos dois motivos: 1) a Bíblia é nossa ÚNICA E PERFEITA
GUIA DE NOSSA FÉ E CONDUTA de forma plena; 2) Obras literárias, ainda que
taxadas como cristãs, estão em franca contradição entre si (exemplo: calvinismo
x arminianismo; aspersão x imersão; cessacionistas X continuístas, etc). Além
disso, em se tratando de obras teológicas, observa-se que grande parte dessas
publicações são escritas para glória de homens e obtenção de vantagens
pecuniárias. Tais obras sempre seguem o curso das ideologias do tempo em que
vive o escritor e do grupo a que ele pertence. João Calvino, por exemplo, defendeu
até mesmo a inquisição, levando à pena capital diversas pessoas, muitas das
quais foram executadas na fogueira, como foi o médico e teólogo Miguel Servet.
A dúvida quando ao seu relacionamento sadio com o sagrado se dá, quanto
observamos o caráter sanguinário desse teólogo. Logo, essa dúvida paira quanto
à exatidão de seus escritos, como a famosa obra intitulada “As Estatutas”, alicerce
da doutrina calvinista, por ele defendida. Ainda hoje se vê respingos dessa tirania
toda em alguns defensores de João Calvino. Hoje, se Calvino estivesse entre nós,
certamente estaria nas páginas policiais e preso por cometimento de barbárie
contra a humanidade. Com essa exemplificação, justificado está o motivo pelo
qual estamos desprendidos dessas obras extrabíblicas. Digo mais: Da mesma
forma que houve salvos antes da CCB (e concordamos com isso), também houve
salvos antes dessas obras teológicas. Logo, admitir-se-á, em pé de igualmente,
que há salvação sem uso dessas fontes teológicas extrabíblicas, escritas após o
encerramento do cânon sagrado. Encerrando esse tema, aponto o próprio Livreto
que Vossa Senhoria fez referência (Convenção de 1948), onde, às fls. 26, ao se
referir às literaturas extrabíblicas, onde lemos: “...outras luzes não precisamos,
nem queremos. O tempo muda, porém a Palavra de Deus é imutável; mudam os
homens porém o Senhor é o mesmo, Eterno e Fiel”. (grifos acrescentados). Isso
é, em outras palavras, o cumprimento ipsis litteris daquilo que a Reforma
Protestante chama de “Sola Scriptura”.

Não é somente no vídeo em análise que Vossa Senhoria feriu o pilar da “Reforma
Protestante” que ensina a “Sola Scriptura”. Numa outra postagem Vossa Senhoria
afirmou “com todas as letras” que a igreja verdadeira precisa estar alinhada não
somente pela Bíblia, mas também com a história e com a contemporaneidade
teológica. Nesse discurso, digamos nada afeto aos evangélicos em geral, chegou
até mesmo destacar que devemos ter como referência alguns teólogos da atualidade,
dentre os quais o presbiteriano Augustus Nicodemus. Esse teólogo destacado,
embora se apresente como um erudito, é contraditório com outros teólogos que
também são apontados como eruditos. As divergências ocorrem em diversos pontos
doutrinários, dentre os quais sobre doutrina calvinista, batismo infantil, batismo por
aspersão, cessacionismo, maçonaria, etc. Epa. Sr. Paulo Jr! A “Sola Scriptura” foi
para o espaço nessa sua fala? Francamente, ao se fazer um paralelo, sua tese se
alinha mais com a Igreja Católica, pois esta, reconhecidamente, segue uma linhagem
teológica extrabíblica, cujos pilares são a denominada Sagrada Tradição, Sagradas
Escrituras e o dito Sagrado Magistério. Certamente que esse não é o conceito pleno
da igreja reformada! Será que somos nós que desprezamos as Escrituras? Tenha
dó. Vamos ver, ainda, o que assevera a Confissão de fé Batista:

“A autoridade das Sagradas Escrituras,


razão pela qual devem ser cridas, não depende do
testemunho de qualquer homem ou igreja, mas
depende somente de Deus (que é a própria
verdade), o seu Autor; e, portanto, deve ser
recebida, porque é a Palavra de Deus” (A
Confissão de Fé Batista de 1689 – Um Catecismo
Puritano Compilado por C. H. Spurgeon).

Diante do exposto, ainda sobre a falsa informação de que nossa irmandade não é
incentivada à leitura da Bíblia, tem-se a impressão de que Vossa Senhoria, como um
bom plagiador de inverdades alheias, repetiu erros grotescos ao atacar a CCB sobre
esse tema. Assim, visando coibir todos esses falsos oradores (um plagiando o outro),
a igreja, além dos já citados ensinamentos, apresentou outros nessa mesma direção.
Observe que isso ocorreu até mesmo antes de Vossa Senhoria aparecer na internet.
Apresento abaixo outras posições oficiais da igreja, que desmentem os boatos de
botequim ou de pessoas irresponsáveis e maldosas nos quais Vossa Senhoria se
fundamentou. Não se sabe se Vossa Senhoria assim o fez por descuido ou por dolo.
Seja como for, um pedido de perdão seria, no mínimo, um ato de nobreza espiritual
de sua parte. Confirma outras citações:

“A irmandade deve possuir a sua Bíblia e hinário, levando-os


aos cultos. É necessário que os irmãos se dediquem à leitura da
Bíblia a fim de conhecer seu conteúdo. O apóstolo Paulo falou a
Timóteo: “persiste em ler” (1 Timóteo 4:13), e o Senhor Jesus disse
aos saduceus: “errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder
de Deus” (Mateus 22.29) - 78ª Assembleia – 2013, tópico nº
13.

“A irmandade deve ser ensinada e incentivada a ler as


Escrituras Sagradas....” (67ª Assembleia 2022 – tópico 3).
“A irmandade deve ser ensinada e incentivada a ler as
Escrituras Sagradas....” (67ª Assembleia Anual de Ensinamentos
– 2002).

A esta altura poderá surgir o seguinte questionamento? Mas como explicar a


leitura de um tópico da CCB onde há uma afirmação no sentido de que “nossos
irmãos são livres para estudar o que quiser, porém não podemos estudar a Bíblia”?
Sobre isso, posso lhe dizer que há um equívoco de Vossa Senhoria no que diz
respeito à observância da “semântica”. Veja, Paulo Jr, que o senhor usou o verbo
“poder” como se fosse sinônimo do verbo “dever”. Deveras, “não podemos” é
diferente de “não devemos”. Sim, posso adiantar que tais negativas verbais não são
sinônimas. Para explicar isso, se faz necessário adentrarmos no campo da
semântica, um ramo da linguística que cuida do estudo da significação das palavras,
podendo ser utilizado o famoso dicionário Aurélio:

● PODER – v.t.d. (verbo transitivo direto), com a seguinte significação: ter


a faculdade, ter força para, ter força ou energia, ter vigor, ter capacidade,
ter aptidão, etc.
● DEVER -v.t.d (verbo transitivo direto) – ter obrigação de,

Vamos exemplificar:

USO CORRETO DO VERBO PODER: Eu, Melquisedeque, não posso fabricar uma
bomba atômica. Sim, eu não posso porque me falta capacidade e/ou conhecimento
necessário para tal. Por outro lado, o físico J. Robert Oppenheimer pôde fabricar
bombas atômicas em meados do século 20.
USO CORRETO DO VERBO DEVER: Nenhum homem, nem mesmo Oppenheimer,
deveria fabricar bombas atômicas.

Portanto, claro está como o sol do meio dia, “poder”, não é sinônimo de “dever”.

Voltando ao tópico: se lá estivesse escrito “não devemos estudar a Bíblia” aí


sim estaríamos diante de uma proibição e/ou um desaconselhamento para tal, como
Vossa Senhoria procurou incutir na mente de seus ouvintes. Mas o tópico diz outra
coisa: “não podemos estudar a Bíblia”. Realmente, como humanos, e com uso
exclusivo de nosso intelecto, nossa capacidade e/ou nossa aptidão são insuficientes
para estudar o sagrado, pois o divino não se assemelha aos estudos escolares. De
fato, a Bíblia não é um mero livro escolar que se estuda e se aprende num curso
qualquer e pronto. A Bíblia é um livro ímpar que nunca se aprende em sua totalidade.
Sempre algo novo nos é revelado. Trata-se de algo infinitamente mais complexo do
que um simples estudo. Assim, diante de nossa fraqueza herdada pela imperfeição
adâmica, falta-nos a faculdade, capacidade ou aptidão suficiente para estudar a
Bíblia, quando se utiliza apenas de nossos recursos, embora o intelecto seja útil e
necessário para o bom avanço nos estudos seculares. Seria uma ousadia uma
criatura estudar seu Criador com o intelecto humano! As TJs assim o fazem e o fazem
de forma desastrosa. O ensinamento da CCB nos coloca em nosso devido lugar.
Como seres humanos que somos, precisamos reconhecer nossa limitação diante da
amplitude do Ser Divino. A Bíblia somente é entendida corretamente quando se
busca a guia espiritual, a mesma que inspirou os escritores sagrados. Repito: a leitura
de obras seculares depende somente do intelecto humano, enquanto que a Bíblia
depende mais do que isso. É exatamente isso que o tópico quer dizer Sr. Paulo Jr.
Perdoe-me, mas a semântica deveria ser utilizada na interpretação de uma frase para
que não se leve um público ao erro, como de fato o Sr. levou.

De nada adiantaria falarmos de semântica sem o devido embasamento bíblico no


assunto em questão. Vamos lá:

● “mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as fortes e
Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,
para aniquilar as que são, para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1
Coríntios 1:27-29). Caro Pastor, desculpe-me, mas pela maneira forte,
arrogante que discursou, pelo seu exibicionismo, sua carne e o seu saber,
mesmo equivocado no assunto em tela, acabou sendo glorificado perante sua
plateia. Com isso, feriu-se outro pilar da Reforma Protestante: “Somente a Deus
Glória”. Prossigamos:
● “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas
de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder, para que
a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”
(1 Coríntios 2:4-5). Esse texto, por si só, comprova de que lado está a verdade
na vida do crente.
● Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e
não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o
amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra
todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Coríntios 2: 9-10). Note:
“Revelação e estudo” não são sinônimos. Revelação aplica-se quando há ação
do Espírito Santo, enquanto que estudo, aplica-se unicamente ao nosso
intelecto.
● “As coisas encobertas pertencem a Deus, porém as reveladas pertencem a
nós” (Deuteronômio 29.29). Embora o Sr. critique veemente a revelação do
Espírito Santo, pela Palavra de Deus é exatamente nesse poder que nós
devemos caminhar para que seja perfeitamente entendido do querer de Deus
em nossa vida.

Diante dos textos apontados e muito outros, sem dúvida alguma o entendimento
da Bíblia está fortemente ligado à revelação divina. Muitos homens simples, de pouco
saber humano, tem despontado como grandes heróis na fé e de grande saber
espiritual. Outros, intelectuais, até conhecedores da Bíblia, repudiam-na com seus
argumentos humanos. Alguns se dizem amantes da Bíblia, mas com seus estudos
meramente humanos, totalmente desprovido da revelação, pregam heresias
extremistas (ex. TJs). A ligação com Deus somente se faz na humildade, na
reverência, no desprendimento de nosso intelecto, no reconhecimento de nossa
pequenez diante do Criador. Portanto, “não podemos, não temos capacidade
própria” de ter um entendimento correto do sagrado sem a atuação do Espírito
Santo. Isso nada tem a ver com estudo da teologia moderna ministrada nos
seminários, pois tal disciplina está ligada mais ao conhecimento humano e filosófico,
do que na guia e direção vinda de Deus. A falta de uma intimidade com Deus é visível
nesses estudos. Alguns teólogos com quem mantive contato, não hesitou em dizer
que muitos entram crentes nos seminários, e de lá saem ateus. Inclusive, e não é
novidade para ninguém, que há teólogos ateus pregando por aí aos montes. Assim
o fazem por conveniência monetária e por fama. Tais intelectuais têm sábias palavras
em seus discursos, mas são vazios na intimidade com o Espírito Santo. Assim
caminha a igreja longe do verdadeiro professor, o Espirito Santo.

Portanto, com fundadas bases bíblicas, volto a repetir, que o ensino de coisas
divinas não se obtém em seminários teológicos (aliás no NT não há indicação de
nenhum seminário). Uma igreja cristã pode ser saudável mesmo dispensando esses
cursos, os quais, além de onerosos, não trazem crescimento espiritual algum aos
formandos. Outro pormenor a ser destacado, é que o saber espiritual nos é dado por
intermédio do Espírito Santo, mas segundo a medida da fé de cada um, como
também segundo seu querer, sempre visando o bem da obra de Cristo (Romanos
12.3; 1 Coríntios 12:1-11). Mais ainda, é gratuito: “Mas nós não recebemos o espírito
do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o
que nos é dado gratuitamente por Deus, as quais também falamos, não com palavras
de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as
coisas espirituais com a espirituais” (1 Coríntios 2:12-13).

Para encerrar este assunto, apresentarei três textos explicativos, elaborados pela
nossa irmandade:

I)
“O estudo é do lado humano, o revelar é de Deus.

A teologia está impregnada na letra, descobrimento do sentido do texto,


significados, etc. Revelação no sentido elevado é aquela que descobre ou
descortina o que está por trás da letra. Essa vem do Espírito de Deus.

A palavra "teologia" significa literalmente "estudo de Deus" (Theo = Deus +


logia = estudo), mas Deus não pode ser "estudado" pelo homem ou "revelado" a
partir de um estudo humano. Na realidade é Deus quem se revela ao homem e se
faz conhecer. Essa maneira de Deus se manifestar nada tem a ver com "teologia".
Esse conhecimento revelado acontece pela unção do Espírito Santo. Então, o
homem pode usar suas faculdades para examinar o que Deus tem deixado nas
Escrituras, mas sempre rogando ao Senhor que o ilumine pelo seu Espírito para
que tenha um correto entendimento da Palavra Escrita. E isso só é possível pelo
Espírito do Deus que Se auto revela. Sem a guia do Espírito Santo há uma
teologia deturpada da Palavra de Deus, de onde derivam falsos ensinos, dando
origem às falsas profecias, gerando líderes cegos guiando outros cegos. Teologia
sem a unção de Deus é lâmpada queimada, nada ilumina, pelo contrário, mais
confunde do que explica. Esse é o caminho que leva à multiplicidade de doutrinas
esposadas pelas religiões.
Bom é a pessoa aplicar-se às Sagradas Letras, mas confiando sempre na unção
de Deus para guiá-lo a um entendimento correto. Paulo falou da aplicação no
conhecimento das "letras", João apóstolo deixou escrito que o "ensino" a nós nos
é ministrada pela "unção do santo", não de nós mesmos. Isso, para ninguém se
gloriar em si mesmo, mas em Deus.

"Se algum de vós falta de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá


liberadamente, mediante a fé, sem duvidar" (Tiago 1:5-6).
Sabedoria que se fala aqui, é da Palavra de Deus. Quando nos esforçamos,
Deus nos abre os céus para nos revelar tesouros ocultos dos seus mistérios”.

II.
“Quem tem a *guia* do Espírito de Deus não tem escola ou professor melhor do
que o próprio Mestre iluminando a mente e explicando as coisas do Espírito de
Deus. Estou "matriculado" na mesma "escola" da igreja primitiva. Aliás... Nos
primeiros séculos do cristianismo havia seminário de teologia, escola teológica
ou até mesmo Escola Bíblica Dominical ou cursos por correspondência para os
membros das igrejas cristãs??? Claro que não. Eles não aprendiam de homem
algum, dependiam unicamente de Deus em suas leituras diárias nos seus próprios
lares. A "teologia" que conhecemos hoje em dia começou a surgir com os
chamados "Pais da Igreja", ali iniciou-se as especulações filosóficas que hoje é
um dos pilares da teologia - a filosofia. O que sei não aprendi de homem algum,
mas através da minha leitura particular com oração. Nenhum dos apóstolos
fundaram escola teológica. Nenhum dos apóstolos fundaram faculdade,
seminário teológico ou Escola Bíblica Dominical... Sabe por que? Porque todos
eles confiavam que o próprio Espírito Santo guiaria os membros das igrejas
dando luz e sabedoria em suas leituras devocionais nos próprios lares. Ser
guiado pelo Espírito de Deus é o cristão depositar sua fé na total dependência no
poder de Deus, isso exclui concorrência humana. É o poder sobrenatural de Deus
agindo no salvo. Sim, sinto-me guiado pelo Espírito de Deus fonte da sabedoria
e do conhecimento. Deus não fornece diploma a ninguém, a sabedoria humana é
quem fornece diploma ao homem.
(Texto do irmão Romário Neves)

III.

“Assim como nos tempos primitivos, nossos irmãos são livres para estudar.
E também como naquele tempo, Deus não faz acepção de pessoas para usar
no ministério da Palavra. Assim temos anciães estudados e temos também
anciães de pouco estudo, igualzinho aos tempos de Pedro e Paulo. Nunca
reprovamos o fato de alguém estudar, pois a Igreja também necessita deles
para administrar o patrimônio material da Congregação, para traduzir as
letras dos hinos e outros textos para outras nações etc.
Agora, quanto a nossa possibilidade de estudar a Bíblia nos moldes de um
estudo acadêmico, não usamos tal prática, diante de nossa pequenez em se
comparado com a Divindade a nós revelada nas Escrituras. Dizemos:
examinar, meditar ou ler as Escrituras, como ela se apresenta a nós. Aquele
que estuda um texto, lança sobre ele o seu entendimento, procurando dissecá-
lo. Não fazemos assim. Debaixo do Espírito Santo da Graça, a Palavra de
Deus se torna viva e reverente. Quando a examinamos, assim o fazemos para
dela receber a luz, sendo-nos revelada a vontade de Deus para as nossas
vidas. A Palavra de Deus é uma fonte inesgotável que jamais se pode dissecar.
Por isso, ela é sempre nova. Não existe lição passada, como também não
existem professores e alunos, mas apenas aprendizes de um único Mestre,
Nosso Senhor Jesus Cristo. O Verbo “estudar” não é aplicado na doutrina
bíblica senão para nos alertar que o “muito estudar é enfado da carne” (Ecl.
12:12), enquanto o examinar as Escrituras é desfruto do espírito. Os famosos
“estudos bíblicos” produziram a grande diversidade de Igrejas existentes,
com divergências enormes. Por outro lado, se todos tivessem a mente de
Cristo (I Co. 2:16), então viriam para um mesmo aprisco e se tornariam um
só rebanho para um único Pastor.
Observe o seguinte: Quando alguém lê um “estudo bíblico”, não está
examinando as Escrituras, mas apenas absorvendo a interpretação daquele
que o escreveu. Muitas pessoas passam a vida inteira lendo esses “estudos
bíblicos”, muitas vezes contraditórios entre si, perdendo tempo precioso de
desfrutar diretamente na Palavra de Deus, o verdadeiro alimento para nossas
almas e luz para os nossos caminhos. Por que beber água pelas mãos dos
outros, quando temos diante de nós a Fonte? A única que realmente sacia e
leva à vida eterna”.

Também há também muitos textos similares escritos por pessoas fora da CCB,
inclusive batistas, denominação que lhe dá suporte teológico. Assim o farei em outra
oportunidade se necessário for.

2ª INVERDADE: HOMENS SENTAM-SE À DIREITA E MULHERES À


ESQUERDA NOS TEMPLOS DA CCB.
Não se trata de um assunto relevante. Porém serve para provar seu
desconhecimento sobre a CCB e como são realizados nossos ajuntamentos. Mesmo
com esse desconhecimento, insiste em tecer críticas contra essa denominação.
Embora homens e mulheres se sentem separados na Congregação, não há definição
exata de que lado cada grupo fica. Por coincidência, a igreja que eu presido, as
mulheres se sentam à direita. Quando projetamos a edificação de um templo, leva-
se em consideração que, do lado feminino, há necessidade de maior espaço, isto
pelo fato de existir maior número de irmãs (um fenômeno comum em todas as igrejas)
e que as mesmas, em muitos casos, também carregam seus filhos. Por conseguinte,
do lado feminino também deverá apresentar um maior número de sanitários, bem
como a existência de cômodos especiais para amamentação fora da nave da igreja,
troca de fraldas, dentre outras necessidades específicas das irmãs. Agora também
estamos projetando templos com disponibilidade do “Espaço Infantil”, onde as
crianças (de 04 a 12 anos), separadas dos adultos, aprendem as Sagradas
Escrituras, cujas aulas são ministradas por irmãs, enquanto os pais participam dos
cultos no salão principal do templo. Tudo isso é planejado de acordo com as
condições do terreno onde o templo é edificado.

Ainda sobre esse assunto, tenho a declarar que esse bom costume dos homens
sentarem em lado oposto das mulheres, não é uma invencionice da CCB. Trata-se
de uma prática cristã primitiva que é citada, inclusive, em documentos antigos como
nas “Constituições Apostólicas”, prática essa vigente nas primeiras Igrejas Batistas
no mundo. A CCB apenas preservou esse bom costume. Acredito que Vossa
Senhoria não tinha conhecimento desses fatos históricos. Se tinha, foi omisso em
seu discurso. Portanto, seu discurso no vídeo em análise não pautou pela verdade.

3ª INVERDADE: A CCB NÃO EXIGE O DÍZIMO E COM ISSO DESPREZA O TEXTO


NEOTESTAMENTÁRIO DE MATEUS 23:23.
Caro pastor Paulo Jr: Respeitosamente tenho a dizer-lhe que seu equívoco é
da cabeça aos pés. O fato de um texto estar inserido na parte da Bíblia intitulada de
Novo Testamento, não deve ser usado como critério para considerá-lo como sendo
um ensinamento neotestamentário. Se assim o fosse, por exemplo, seria a mesma
coisa admitirmos que igreja da atualidade deve praticar a circuncisão ao oitavo dia
nos filhos de cristãos, nos termos do relato que encontramos em Lucas 2:21-24
(também no Novo Testamento). Na realidade Jesus era judeu e como tal viveu até
sua morte. No caso de Mateus 23, trata-se de uma orientação (por sinal dura) que o
Mestre proferiu aos escribas e fariseus, portanto mestres judeus, que eram
contemporâneos a Ele. Estes, como sabemos, embora estudiosos das Escrituras,
opunham-se à missão de Jesus. Discorrendo sobre o tema, como se vê nos versos
2-5, Jesus afirma que o povo deveria observar todo ensino ministrado por esses
mestres (a Lei), mas não os ter como exemplo, pois o modo de vida deles era oposto
aos seus discursos. Pregavam uma coisa e faziam outra. Atavam fardos pesados
para colocar nos ombros alheios, mas eles sequer moviam com um só dedo. Não se
tratava de um ensino à igreja, mas uma correção dentro do próprio judaísmo, muito
corrompido àquela altura. Lembre-se: A igreja ainda não havia nascido, pois o
Testador, Jesus Cristo, ainda não havia morrido para nos resgatar. A igreja somente
nasceu na cruz, quando o Senhor Jesus bradou: “está tudo consumado”, entregando
seu espírito (Jo 19.30), rasgando-se o véu do templo em dois, de alto a baixo (Mt.
27:51, Mc 15:38, Lc 23.45). Confirmamos essa verdade também em Hebreus 9:15-
17, onde lemos que um testamento somente tem força após a morte do testador.
Repito: a igreja somente nasceu após a morte de nosso Salvador e o derramamento
do Espírito Santo que veio a seguir. Dali para frente, com o derramamento do Espírito
Santo, o povo ficou desobrigado a cumprir as ordenanças do Antigo Pacto, pois Cristo
já havia cumprido tudo na cruz. Assim, na atual dispensação não há lugar para
dízimo, nem para outras observâncias judaizantes, ou até mesmo costumes
anteriores à Lei. Em Cristo tudo se fez novo.
O mais preocupante de tudo isso é o seguinte: A maioria dos teólogos, sejam
eles reformados ou não, sabem dessa realidade, mas diante do povo ocultam essa
verdade, cobrando dízimo das pessoas inocentes, até de forma vexatória, para que
essas pessoas continuem ligadas na comunhão. Alguns até o fazem de forma
ameaçadora, rogando pragas aos não dizimistas. Com esse proceder agem de forma
idêntica aos escribas e fariseus (sabem, mas agem ao contrário), numa verdadeira
hipocrisia. Os textos abaixo confirmam que sabem a verdade:

“O Novo Testamento não ensina o dízimo. O dízimo é matéria


sobre o qual não temos mandamento explícito no Novo
Testamento” (O Jornal Batista, quinta-feira, 20/04/1939, página 8,
edição 16).

“Porque o dízimo pertence à Lei, e nós pertencemos à graça.


Os judeus davam o dízimo porque a Lei assim o ordenava. Era
legalistas. Dizimavam até as coisas insignificantes (Mateus
23.23). Jesus condenou-lhes a atitude legalista. E nós, muitas
vezes, estamos sujeitos à prática desse erro condenável. “O
Jornal Batista, 03/05/1962, página 7, Edição 18.

“Não há indicação de que os membros das igrejas primitivas


praticassem o dízimo” – “O Jornal Batista, 16/01/1936, página 6,
Edição 3).

“É digno de nota que, ao contrário do Velho Testamento, Jesus


Cristo não impôs aos seus discípulos uma regra de
contribuição. Por isso, muitos crentes julgam-se desobrigados
dando uma qualquer coisa, quando e muito bem querem, e
mesmo não dando coisa alguma”. (O Jornal Batista, 21/03/1910.
Página 4, Edição 16).

Realmente, muitos estão escondendo essas verdades do povo. Há


centenas de referências, mas a citação dessas quatro é mais do
que suficiente.

AS CONTRADIÇÕES:

O mais incrível é que, ainda sobre o dízimo, utilizando-se do mesmo


periódico oficial da Igreja Batista, deparamos também com posições
contraditórias aos ensinamentos acima referidos, agora aprovando
a exigência incondicional desse tributo à igreja. Confira:

“A condenação que Ele lança sobre Israel será nossa, pelo


mesmo motivo, se continuarmos com o mesmo propósito:
‘com maldição sois malditos, porque me roubais a mim, sim,
toda a nação. O dízimo é para todos os tempos e povos; e, por
isso, deve ser observado por todos os crentes”. (O Jornal
Batista, 201/01/1905, página 3, Edição 2).

“Logicamente que Jesus está no céu tomando e recebendo os


nossos dízimos”. (O Jornal Batista, 29/03/1923, página 8, Edição
13). Que é isso? Jesus não recebeu o dízimo aqui na terra e agora
resolveu receber lá no céu? No ano seguinte à publicação desse
disparate, a Igreja Batista, através da mesma fonte oficial, desdisse
essa afirmação insana, nos seguintes termos: “Sim, é verdade que
Cristo nunca ordenou o mandamento do dízimo, como não
impôs mandamento algum, mas disse, tão somente: ‘se me
amais, guardais os meus mandamentos” (o Jornal Batista,
25/04/1929, página 4, Edição 17).

Assim, Pastor Paulo Júnior, com essas citações contraditórias, podemos entender os
motivos que o levaram a esse estado de confusão. Diante desse quadro, ao invés de
ficar raivoso contra a CCB por instruir corretamente povo a esse respeito, sem esse
vai-e-vem todo, acredito que seria mais produtivo e honesto aos olhos de Deus
ensinar a verdade ao povo. E a verdade você sabe qual é. Se não quiser usar a CCB
como referência (é um direito seu), use os textos já divulgados pela própria Igreja
Batista acima, desprezando-se as publicações contraditórias. O importante é que a
verdade seja proclamada, seja de uma forma ou de outra.

4ª INVERDADE: O BATISMO DA CCB É ESTRANHO

Estranho é a fala e os argumentos espúrios apresentados por Vossa Senhoria.


Estranho é usar como referência um teólogo (como o fez em outro vídeo) que
defende um batismo antibíblico no mínimo em dois pontos: 1) batismo infantil (que
são incapazes de crer); 2) e por aspersão. Estranho é o Sr. considerar como igreja
bíblica, aquela que ensinou, através de um concílio, que somente aceita uma pessoa
naquela instituição religiosa desde que seja rebatizada por aspersão,
desconsiderando-se completamente a forma bíblica anteriormente realizada por
imersão. Isso sim é muito estranho, antibíblico e um verdadeiro retrocesso.

Mas vamos ao tema. O Sr. considera estranha as palavras proferidas por


ocasião de um batismo na CCB, quais sejam:

“Irmão (ã), em Nome de Jesus Cristo te batizo, em Nome


do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, procedendo-se a imersão.

Para um bom entendedor não há nada de estranho nessas palavras, mesmo


porque está totalmente harmônico com a Palavra de Deus. Quando se fala EM NOME
DE JESUS CRISTO (At 2.38), estamos dizendo que o ministro está realizando aquele
serviço por ordem e sob autoridade de Jesus. Pela Bíblia sabemos que somente se
chega à trindade por intermédio de Jesus Cristo (Ele é a porta, Ele é o intercessor).
Assim, a primeira parte da fala não se trata de uma fórmula batismal, mas refere-se
à pessoa que faz o serviço, que tem por missão evocar a porta chamada Jesus Cristo,
em cujo nome se deve fazer todos os serviços divinos. A segunda parte da fala, onde
se evoca a trindade, aí sim estamos utilizando a fórmula batismal, referindo-se à
pessoa a ser imergida. Como uma aula de reforço, repito: Quando o ancião pronuncia
as palavras já citadas, tem a seguinte significação: irmão, por ordem e sob autoridade
de Jesus Cristo (isto é, EM NOME DE JESUS CRISTO), te batizo “Em nome do Pai,
e do Filho e do Espírito Santo” (Mt. 28.19). O que está estranho nisso? Nada.
Estranho é não entender o óbvio.

Mais estranho fica, quando o Sr. critica a CCB sobre o uso dessas palavras por
ocasião do batismo, mas desconhece que não estamos sozinhos nesse ponto de
vista. Dentre muitos, destaco o teólogo assembleiano Nels Lawence Olson, em sua
obra “O Batismo Bíblico da Trindade” (CPAD), que que escreveu o seguinte:

“Torna-se muito claro que não existe nenhuma discrepância


entre a fórmula de Mateus 28.19 e as expressões sobre a
“autoridade” ou “em nome do Senhor Jesus”, ou de “Jesus Cristo”,
nas quatro referências supracitadas (em Atos). Muitas vezes
quando efetuo um batismo emprego tanto a fórmula como a
expressão da autoridade, dizendo: “irmão, em nome (ou sob
autoridade) do Senhor Jesus Cristo, te batizo em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo”. Com isso todas as partes poderão ficar
satisfeitas, pois assim estamos em plena obediência ao Mestre e
seguindo o exemplo que os apóstolos nos deixaram....... Em
Colossenses 3.17, Paulo diz: “E tudo o que fizerdes, seja em
palavras, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por
Ele graças a Deus Pai” (fonte acima citada, fls. 62/64).

E agora, como fica Pr. Paulo Júnior? Se evocar o nome de Jesus Cristo é
rebaixá-lo, como você afirma na palestra, pergunto-lhe: a não evocação dessa porta,
desse intercessor, como você defende, seria uma espécie de exaltação de Jesus?
Claro está que sua fala beira à insensatez.

5ª INVERDADE: a CCB REBAIXA A PESSOA DE CRISTO.

Com essa fala, Vossa Senhoria induz seus seguidores a crer numa inverdade
que também beira à insensatez, conforme já dito. Jamais rebaixamos a pessoa de
Cristo, ainda que você recorra à doutrina da “União Hipostática de Cristo”, doutrina
correta que defende que “Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, plenamente Deus e
plenamente homem” (Concílio de Calcedônia, em 451 d.C). Contrariando o que você
declara, é exatamente nessa doutrina que cremos. Vejamos as fontes:

“Nós cremos que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é a Palavra feita


carne, havendo assumido uma natureza humana no ventre de
Maria virgem, possuindo Ele, por conseguinte, duas naturezas, a
divina e a humana; por isso é chamado verdadeiro Deus e
verdadeiro homem e é o único Salvador, pois sofreu a morte pela
culpa de todos os homens” (Lucas 1.27; João 1.1-4, João 1.14;
I Pedro 3.18). Pontos de Doutrina e da fé que uma vez foi dada
aos Santos – Tópico nº 3.

Embora em duas naturezas (humana e divina), Jesus “....


conserva para sempre – e inquestionavelmente inalterada – a sua
natureza de Deus, intercedendo por nós (Resumo de
Ensinamentos 86ª Assembleia – 2022).

Ao que parece, a Igreja Batista, com quem Vossa Senhoria tem plena
comunhão e lhe dá suporte teológico, já emitiu ensinamentos contra a “União
Hispostática de Cristo”. Assim, o chapéu deveria ser colocado na cabeça dessa
denominação, não da CCB. Confira:

“Ele conservou a sua divindade pessoa como, por exemplo, a sua


santidade, pureza e amor divino, e era mais poderoso na sua bondade do que
na sua onipotência” – (O Jornal Batista, 30/11/1905, página 4, Edição 26). Ora, está
certo dizer que Jesus teve sua onipotência diminuída? Prosseguindo:“Ainda que Ele
era a ‘semente da mulher’, não tendo pai carnal, pois o seu Pai era o Espírito
Santo, ainda que Ele era um verdadeiro Filho do Homem”. (O Jornal Batista,
30/11/1905, Edição 26). Veja, Pr. Paulo, em lugar nenhum das Escrituras
encontramos que Jesus era filho do Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade.
Jesus Cristo, na realidade, é filho da Primeira Pessoa da Trindade.

“Quando assim examinamos as passagens que nos mostram as causas que


levaram Deus a vir sofrer e morrer (...)”. (O Jornal Batista, 30/11/1905, página 6,
Edição 26). “Pode Deus morrer? Certamente que sim” (Taylor, William Cary –
Doutrinas, páginas 98,99, Rio de Janeiro 1952). Refuta-se essa heresia Batista,
conforme consta nessas publicações, pelo fato de Jesus Cristo padecer e morrer em
sua natureza humana apenas, NÃO em sua natureza divina, isto pelo fato de um dos
atributos de DEUS é a IMORTALIDADE. Em 1 Pedro 4.11 lemos o seguinte: “Ora,
pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com esse
pensamento: que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado”. Portanto, a
ortodoxia cristã sadia ensina que um dos atributos de Deus é a IMORTALIDADE e
não se fala mais nisso.

6ª INVERDADE – O FATO DE CONSTAR EM NOSSO PONTO DE FÉ QUE A


BÍBLIA CONTÉM A PALAVRA DE DEUS SIGNIFICA QUE CREMOS QUE HÁ
CONTEÚDO BÍBLICO QUE NÃO PODE SER CONSIDERADO COMO PALAVRA
DE DEUS.
Sinceramente, pela boa retórica de Vossa Senhoria, e de alguns outros também,
esperávamos um discurso mais inteligente e, no mínimo, razoável. É inaceitável uma
afirmação tão esdrúxula como essa, por vários motivos:

✔ A APRESENTAÇÃO DA PROVA CABE A QUEM ACUSA: É uma grande


verdade no mundo jurídico que se pode encaixar muito bem nesse seu discurso
infundado. Pergunto-lhe: Se realmente a CCB crê que há alguma coisa na
Bíblia que pode ser desconsiderada como sendo a “Palavra de Deus”, qual
seria esse livro, texto ou versículo? Essa mentira cai por terra, por si só,
simplesmente pelo de Vossa Senhoria, e nenhum outro, apontar tal texto. Pelo
contrário, todos sabem que na CCB pode ser lido e pregado qualquer texto
bíblico (de Gênesis a Apocalipse). Repito: qual seria o texto espúrio? Logo, se
não há como apontar, sua inócua acusação está ruída da cabeça aos pés.
Trata-se de uma tese inteiramente falsa. Mais uma vez prevaleceu o sábio
provérbio: “a mentira tem pernas curtas”. E sendo falsa essa afirmação jamais
deveria estar na boca de quem foi escolhido para pregar a Palavra de Deus.

✔ DESMONTA-SE A FALÁCIA DE SEU DISCURSO NO PRÓPRIO TÓPICO Nº


1 DOS PONTOS DE DOUTRINA DA CCB (onde apresenta a crença na Bíblia).
O aludido texto traz a seguinte conclusão “a Ela nada se pode acrescentar ou
d’Ela diminuir..”. Sem delongas, qualquer um entende que nossa crença na
Bíblia não é parcial, MAS TOTAL.

Mas vamos esmiuçar ainda mais esse tema:

✔ O TERMO “CONTÉM” nunca significou que parte de alguma coisa devesse ser
excluída. Pelo contrário, tem um sentido de abrangência total, de globalização.
Vamos a um exemplo prático: Temos em mãos os exemplares bíblicos, tanto
da SBB como da JUERP, dentre outras editoras, onde lemos nas contracapas
das edições a seguinte informação: “A BÍBLIA SAGRADA CONTENDO O
VELHO E O NOVO TESTAMENTO”. Esse exemplo denota que termo em
análise tem um sentido de englobar. É uma totalidade sem exclusão de coisa
alguma.

✔ SUA ACUSAÇÃO TAMBÉM CONFLITA COM OS PRÓPRIOS BATISTAS,


GRUPO QUE LHE DEU SUPORTE TEOLÓGICO. Vejamos:
1) “Creio na Bíblia porque contém a divina Palavra” (O Jornal Batista,
26/01/1950, página 1, Edição 4). Como explicar isso Pr. Paulo Jr?
2) “A Bíblia é a Palavra de Deus por três motivos: Primeiro porque nela se acha
o que Deus revelou. Nesse sentido é verdadeira a frase: A Bíblia contém a
Palavra de Deus” (O Jornal Batista, 26/01/1950, página 1, Edição 4). Onde está
a verdade: no ensino da Igreja Batista, ou no seu ensino?
3) veja essa: “A Bíblia é e contém a Palavra de Deus. (...). É a Palavra de Deus
como um todo, projeto executado pelo Espírito Santo, e contém, porque
também nela se verifica a palavra do diabo, de homens e mulheres ímpios”...
(O Jornal Batista, 06/01/2008, página 16, Edição 1). E agora?
4) “Unicamente a Bíblia é e contém a Palavra de Deus e Sua revelação total
para esta dispensação” (Dr. Aníbal Pereira Reis, O Vaticano e a Bíblia, página
121, Edições Caminho de Damasco). Acho melhor o Sr. mudar o discurso.
5) “A Bíblia é o maior dos LIVROS SAGRADOS porque contém as revelações
divinas em que se funda o cristianismo” (O Jornal Batista, 11/12/1966, página
6, Edição 50). Encerro com chave de ouro as citações batistas, embora existam
outras.

Diante do exposto, caso Vossa Senhoria continue insistindo nessa tese


esdrúxula contra a CCB, podemos concluir que seu comportamento, além de
conflitante, pode adentrar no campo da hipocrisia. Espero que o senhor esteja longe
disso. Digo isso porque, após ficar evidenciado que é injusto insistir nessa tese
insana, no mínimo o senhor deveria reconsiderar seus ataques contra a CCB. E tem
mais: como podemos ver, a CCB, por fazer uso desse termo uma única vez, foi
bombardeada, recebendo uma verdadeira chiadeira e gritaria dos opositores, dentre
os quais Vossa Senhoria. No entanto, a Igreja Batista nunca foi criticada pelo fato de
aprovar o mesmo termo POR DIVERSAS VEZES, isto de forma oficial. Quem age
dessa forma, vale-se de um juízo injusto, popularmente conhecido como dois pesos
e duas medidas. Isso não é salutar a um pregador da Palavra de Deus. Caso o
senhor apresente a desculpa de que o Jornal Batista não é uma manifestação oficial,
ou algo que deva ser levado a sério, sugiro que estude mais a respeito desse
periódico, pois veja o que ele representa à instituição: “É, pois, o Jornal Batista o
orientador, o instrutor, o defensor, a mente e a boca, o porta-voz, o mensageiro, o
pregador, o unificador, o despertador, a atalaia e o telégrafo da denominação Batista
no Brasil” (O Jornal Batista, 04 de janeiro de 1923, página 7, Edição 1). Ponto final.

Você também pode gostar