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or um milénio sem exclusbes © BOF, Leonardo, Saber Cuidar. p. 94-95. BOFF, Leonardo, Reologia.. p. 113. ™ BUARQUE, C. art it * Leonardo Boftdesreve, nos seus éimos vos, citados acim urgéncia, eum novo paradigma cvilizaciona, Boaventura de Sousa Santos, anaisando cise do paradigma vigente nas citncias sovais,postula um nove contato social ~ ef SANTOS, Rosventura de Sousa in: Visos Autores, A Crise dos Paradizmas em fncias Socials e os Desafios para o séeulo XX1, Ed. Contrapoto, Rio de Janeiro, 1999. Hans King se empenka na construgio de um Projeto para uma Nova “hica Global, pois para ele “no averdsobrevivenia do globo sem uma tic global” ~ cf. KUNG, Hans, Projekt Weltethos, R. Pieper GmbH, Munique, 1990. necesidade da frmlagSo de um oateoparadigma 6 a proposta de MOLTMANN, Jigen, L7Avvento di Do. Escatologia Cristiana, Queriniana, Brescia, 1998, p. 207-226 eno tigo"“Le Role... cit. Cf. tamiaém CEPAT Informa, n0, 55/1999, P. 9-15, onde se encontra uma sitese da andlise de J. Moltmann, Jean-Claude Guillebaud insisteno que denomina a rfundagéo do mundo. Cf, GUILLEBAUD, Jean-Claude, La Refondation du Monde, Seti, Pais, 1999, © MOLTMANN, J, “Le Role du.” at. cit Esta, por exemplo, é a intuigo de Hans Georg Gadamer. Cf. a fonga ‘entrevista publicad no joraleletrénico Caffé Europa e raduzida no CEPAT Informa ro, 55/1999, p. 25-27. Cf, também CEPAT Informa no. 54/1999, p. $5-56. John Naisbitt acaba de langar ivro High Tech/High Touch: Technology and Our Seareh for Meaning”, Nicholas Bresley Publishing, 1999 onde afirma: "Nao jpoulemos falar somente de tecnologia, mas devemos escutar os homens das religies capazes de nos explicar outros conceitos e valores: 0 bem, a pureza, © amor” ~ of CEPAT Informa no. 56/1999. % © conceito de paradigma o usamos na acepyio de KUHN, Thomas, Estrutura das revolugées cientifieas, Ed. Perspectiva, Sio Paulo, 1998, ed. Ou soja paradigma significa “Yoda uina constelagdo de opiniGes, valores e métodos ec. participados pelos membros de uma deteeminada sociedade”, fundando um sistema disciplinado mediante o qual esta sociedade se orienta a si mesma e organiza 0 Conjunto de suas relagbes. CE. NEUTZLING, Inécio, “Por uma Sociedade e um Planeta Sustentavel A possivel contribuigdo do Humanismo Social Cristo na construgao de um novo pparadigma cviizacionat",conferéncia apresentada no Simpésio Internacional sobre Humanismo Social Cristio, na UNISINOS, em outubro de 1999. O livro deste ‘Simpésio esté sendo impresso pela Editora Unisinos, artigo é uma breve contribuigdo para a Espirituatidade do “ Sibbileu, esse "tempo sagrado”, “ano de graca e de misericérdia” “Gi temos agora o prvlégo de celebrar A Autora lembra que.0 ‘Jubileuse processa em duas vas: é “Deus procurando o ser humano” ¢ “oser humano a procurade Deus”. Refletetanbém sobre o ubileu “e.a politica da terra”, o Jubilew e “a sociedade de consumo”, 0 Jubileu e “a cultura da privatizagdo”, 0 Jubilew e “a cultura da solidaviedade”, terminando por acenar & dimensao profética ¢ apocaliptica do Jubileu, a dimenséo do “éxodo rumo a wma nova terrae um novo eéu, na esperanga de que se facam novas todas as coisas (Ap 21,5). eranca de ue sefacam ESPIRITUALIDDE DO JUBILEU Enderego do Autor: Cx. Postal 101 193000-970 Sio Leopoldo RS In. Eligabeth Mendes ‘Mestra em Teologia Espitituale Franciscanismo e Professora no ITESC Bspiritualidade do 1. Elizabeth Mendes jubilew 6 um tempo sagrado. F 0 ano da graga e da misericérdia. O Papa Jodo Paulo TI, em sua Carta Apostélica Tertio Millennig Adveniente, etomando antiga tradica0, convocou a lareja Catslica para celebraro jubileu dos 2000 anos da encamagio do Filho de Deus, como lema: "Jesus Cristo, ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8).Este Ano ‘Santo do Grande Jubiteu comegou na noite de Natal de 1999 e termina na Epifania do ano 2001. Maso Jubileu nao se reduz.8 sua comemoragao. Trata- se de uma reaidade constante na vida humana, enquanto significa Deus que procura o homem (cf. Tertio Millennio Adveniente, 7) ¢ 0 homem em busca de Deus. Portanto, falar da espiritualidade do jubileu é falar de uma agi. profética ¢ apocaliptica existencial, que envolve o relacionamento de Deus, ‘como ser humano e suas implicagSes ético-sociais e eligiosas.. 1, Jubileu: Deus procura o homem Em Jesus Cristo Deus nio s6 fala a0 homem, mas o procura, A ‘encarnagao do Filho de Deus testemunha que Deus procura o homem. E uma busca que nasce no fntimo de Deus € tem o seu ponto culminante na encamago do Verbo. Deus procura o homem, que € a sua “propriedade particular” (TMA 7), de maneira diferente de outras eriaturas, O homem & “propriedade” de Deus, enquanto alvo de uma escolha de amor: Deus busca ‘© homem movido pelo seu coragio de Pai. E 0 busca porque quer gue abandone 0 caminho do mal, da violencia, da degradacao. Deus quer destruir ‘o mal que se entranhou na historia humana: eis a Redeneio, obra de amor do seu Filho encamado, Mas, o secularismo hodierno nio deixa lugar para a encamagaio, o Filho de Deus jé nao encontra acolhida no coragao humano, no tem “terta para morar”, é “escravizado” nos itmiios ¢ nas irmas que so explorados, nio tem direito a “descanso sabitico” e est eternamente endividado, neste nosso sistema de “capitalismo selvagem”. Ora, 0 Jubileu 6 a-volta do divino, um retorao sagrado, dar a Deus o seu lugar em nossa ‘vida, em nossa hist6ria. E adoré-to e, adorando-o, ama 0s irmaos e irmas € construr uma sociedade justae igualitiria, 2. Jubileu: o homem procura Deus Bem Deus que o homem encontraa plena realizagdo de si mesmo: esta ‘a verdade revelada por Cristo (TMA 9). Em Deus somos, vivemas-eexistimos (At17,28).O cumprimento do proprio destino, o homem o realiza somente no ‘dom sincero de si, um dom que 86 € posstvel no encontro com Deus, pois s6 nodivino ohomem ¢ plenamente homem. Dafnasce anecessidade da adoragiio exclusiva ao Deus Uno e Trino, ede santificaro tempo, pois, coma vinda de Cristo se iniciam os “ltimos tempos” (cf. Hb 1,2) € se inicia 0 tempo da Igreja, que duraré até a Parusia: Cristo é 0 Senhor do tempo (TMA 10), Assim, ocristianismo 6 a religiéo da permanéncia na intimidade de ‘Deus, da participagio em sua vida divina, Deus mandounas nossos coragdes ‘Espirito de seu Filho que grita: Abd, Pai (G14,6). 0 homem eleva sua ‘voz semelhanga de Cristo, o qual se dirige“‘com gritos e légrimas” (Hb 5,7) ‘aDeus, especialmente no Getsémani e na Cruz: ohomem gritaa Deus como _ritou Jesus e testemunha assim a sua co-filiagio por obra do Espfrito Santo, ‘O Espirito Santo, que 0 Pai enviow em nome do Filho, faz.com que o homem participe da vida intima de Deus. Faz.com que o homem seja também filo, & semelhanga de Cristo, herdeiro dos bens que constituem a parte do Fitho {f. G14,1). Espirito Santo, que escruta a profundidade de Deus ( 2,10), introduz. os homens em tal profundidade em virtude do sac Cristo (ef. TMA 8), 3. Jubileu e politica da Terra (0 jubiteu, no AT, era um tempo dedicado de modo particular a Deus e, ‘em Deus, ao homem. Sua forma primitiva ocorria a cada sete anos, segundo a lei de Moisés: era 0 “ano sabético”, durante 0 qual se deixava a terra repousar e era libertos os escravos. A Lei previa também o perdao de todas 1s dividas, Tudo era feito em honra de Deus. No ano peculiarmente jubilar (a cada cinglenta anos) as usangas do ano sabtico eram ampliadas ecelebradas com muito mais solenidade, Uma das conseqiténcias mais significativas do is40 de todos os habitantes necessitados de libertagio”. Nessa ocasio, cada israeita retomava a posse da terra de seus iinguém podia ser privado definitivamente da terra, porque a terra pertencia a Deus. O'ano jubilar devia restituir a jgualdade entre todos os filhos de Israel, Devia repristinarajustiga social, Hoje a chamada “politica da terra”, ou seja, a questo da reforma agréria terra para todos, moradia, ecologia etc, ¢ uma causa que integra perfeitamente a espiritualidade jubilar. O Ano Santo do Jubileu é uma restauragao de valores, ist 6, procura fazer acontecer © Reino de Deus onde a tera ¢ de irmios, terra de livres: nem eseravos e nem senhores, mas irméos. Onde a terra 6a “grande mie”, fecunda e acolhedora, sensfvel etermamente materna, O Jubileu nos recorda que o ser humano & 0 senhor da criagio e colaborador de Deus na sua conservagio, 4, Jubileu e sociedade de consumo 0 Jubileu, para a Igreja, é um ano de gragas: ano da remissdo dos pecados e de indulgéncias pelos pecados, ano de reconciliagiio, ano de ‘converses e de peniténcias sacramentais e extrasacramentais (cf. TMA 14). Espiitalidade do jubilea ‘Mas, acivitizago contempordinea impele para outra ded, Tempos modemos do descartivel, do soft, do light. Tempos de desperdicio, de supérfluo, de tecnologia desenfreada, de busca ansiosa de novidade, do diferente, dg exético, do esotérico, A nossa é uma sociedade que apregoa o facil, que aboliu a dor, o sofrimento, ¢ até a morte se transformou num espetécuto, © ‘Ano do Jubileu vem recordar-nos que Jesus é 0 Senhor do tempo e da hist6ria, E1Nele, com Ble e por Ble que esperamos wm novo cét wna nova terra (cl 2Pd 3,13), ou seja, uma nova sociedade onde reine a justiga, a paz, amor, solidariedade ea partitha 5. Jubileu e cultura da privatizagao (Otermo “Iubileu” fala de jbl, alegria; nfo s6 de uma alegria interna (ad intra), mas de um jubilo que se manifesta exteriormente (ad extra). Pois a vinda de Deus € um evento também exterior, visivel, audivel etangtvel (cf. Vo 1,1). Indica, portanto, que a Izreja se alegra efetivamente pela salvagio. Convida todos a jubilarem ¢ se esforga por criar condigdes, para que as energias salvificas possam ser comunicadas a todos. Vemos assim que os dois mil anos do nascimento de Cristo representam um Jubileu extraordingrio ‘io s6 para 0s cristaos, mas indiretamente para toda a humanidade. [No entanto, falar da espiritualidade do Jubileu, que é solidariedade, partiha ¢ comunho, nfo condiz,com a cultura da privatizago, onde os bens {if nfo so de todos, mas de alguns. Fala-se do “latifiindio da terra” mas também podemos falar, hoje, do “latifindio da comunicago”, do “latifindio da economia’, do “latfiindio da informstica”, etc. Tudo esti nas maos de “alguns”, que tudo manipulam segundo as préprias especulagies procuram garantir lucros cada vez. maiores, as custas do empobrecimento da grande ‘maioria da populagZo. Estamos privatizando tudo: os servigos piblicos, as ‘escolas, a saide,.. Serd que as experiéncias de Deus passario também pela terceirizagio? 6. Jubileu e cultura da solidariedade Quanto a0 contetido, este Jubileu seré, de certo modo, igual aos: ‘outros. Mas ser ao mesmo tempo diferente e, de todos os outros, © mais relevante, A Tgreja respeita as medidas do tempo: horas, dias, anos, séculos. Sob este aspecto, a Tgreja caminha ao ritmo de cada ser humano, consciente ‘de quai intrinseca € a presenga de Deus ede sua agio salvifica em cada uma dessas medidas do tempo. E nesse espirito que a Igreja se alegra, rende _gragas a Deus, pede perdao, apresenta stiplicas ao Senhor da historia © das ‘consciéncias humanas (cf. TMA 16). Ir. Elizabeth Mendes Entre as siplicas mais fervorosas, a Igreja implora do Senhor que cresga a unidade entre todos os crstios, “para que 0 mundo creia’ (Jo 17, 21), Einesse sentido que o Jubileu nos levaa tomar consciéncia da importincia de forjarmos a “cultura da solidariedade”, para “combater” firmemente 2 “cultura da privatizago”, a “cultura do hedonismo”, a “cultura do laicismo”, (Que a celebrago dos dois mil anos da encamagio do Senhorilumine nossa ‘ida, de modo que El, “o Sol da justica” brie radioso sobre a humanidade, 7. Jubileu e apocalipse Por iltimo, falar de espiritualidade do Jubileu, de tempo de Gragae de Reconciliagio e Perdio, é falar de uma espiritualidade profundamente proféticae apocaliptca. Se de um lado Jubileu é Deus procura do homem @ohomem em busca de Deus, por outro lado o Jubilew nos recorda que € hora de desmascarar e denunciar a situago desumana pela qual passam tantos filbos ¢ filhas de Deus. & hora de resgatar a. espiritualidade © a esperanga, Esse resgate, antes de ser um projeto acabado, 6 uma forga que nos coldca como pessoas, grupos, comunidades e povos, na dimensio do xodo rumo a uma nova terra e um novo céu, na esperanca de que se facam novas todas as coisas (Ap 21,5). ‘Viveraespiritualidade do Jubilew é engajar-se, como Jesus, na luta pela vida, cujo centro é a pessoa humana (cf Jo 10,10), a qual merece ser tratada com muito mais earinho etemura. Hoje, agora, é 0 tempo da graga—] Bibliografia (M. Barros, A danga do novo tempo: 0 nove milénio,o jubileu biblico e uma cespiritualidade ecuménica, CEBI 1997. AAV, 0 ano do jubileu — Estudos Biblicos 58, Peteipolis 1998. H.Reimer LR. Reimer, Zempos de Graca~ Ojubilew eas tradigdesjubilares ‘na Biblia, CEBI 1999 LR. Reimer, “O jubileu como viveneia de espistuaidade”, Por rs da Palavra, 1° 114, CEBI 1999, 9-12 Fr. A. Moser, “O grande jubilew e a busca da reconciliagio”, Convergéncia, 1°34, julholagosto de 1999. Enderego do Autora: Rua Lauro Linhares, 1921, apto. 101, bloco A '88032.002 Florianépolis- SC

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