Foto: Erica Candido

Foto: Gil Soares

Fortaleza Além
do Cartão-postal
Cibalena e Ronaldo apresentam-se todos os dias
nos transportes coletivos de Fortaleza // Pág. 06

Jornal Laboratório da Faculdade Cearense | Ano V | Nº 10 | Turma: JOR051 - Fortaleza, janeiro - agosto 2014

Foto: Lorena
Feira livre é atração dos domingos
na Parangaba // Pág. 04
TURISMO CULTURA RELIGIÃO
Barra do Ceará: TV Janela gera Teatro para
beleza revelada oportunidades evangelizar
Pág. 03 Pág. 07 Pág. 06
Foto: Internet

Foto: Ingrid Rayane

Foto: Arquivo do grupo

02 Focas Fortaleza Além do
Cartão-postal

CIDADE
Poço da Draga: 111 anos de amor
e descaso
A HISTÓRIA DA PRIMEIRA COMUNIDADE CENTENÁRIA DE FORTALEZA
Karla Lacerda
“S
e der uma chuva, entra
água na casa da gente. E
ninguém faz nada”. São
com essas palavras que o
comerciante e morador, Félix de Azevedo, que
reside há 54 anos no Poço da Draga, comu-
nidade localizada no coração de Fortaleza,
nos limites entre o Centro e a Praia de Irace-
ma, desabafa sobre a situação de abandono
em que o local se encontra. Segundo Félix, a
construção da obra do acquario de Fortaleza
está parada e o poder público não investiu na
região que se encontra abandonada.
Na primeira metade do século XX, a co-
munidade era usada para o embarque e de-
sembarque de mercadorias, utilizando a antiga
ponte metálica, como intermédio entre os na-
vios. De lá pra cá, muita coisa mudou. Quase
um século depois, a pequena vila aumentou de
tamanho e hoje conta com cerca de seiscentas
famílias que são assistidas pela ONG-VELAU-
MAR.
A ONG foi Fundada em 2000 com o obje-
tivo de integrar os moradores do Poço às de-
mais regiões de Fortaleza através de projetos
sociais. Segundo a líder, todos os moradores
participam do projeto. Entretanto, nem todos
concordam com o projeto. É o caso de uma
das moradores do local, que preferiu não se
Diferença de investimentos barram novos
pólos turísticos em Fortaleza
Luan Gerard
Fortaleza tem uma grande orla marítima
que começa na Barra do Ceará e se estende
até depois do Porto do Mucuripe. Uma parte
dela, localizada na Av. Beira Mar, é bem visi-
tada por turistas. No entanto, outras áreas são
praticamente esquecidas pelos visitantes e
Governo.
Quem conhece a Barra do Ceará sabe
das belezas e do potencial turístico que o lugar
tem. O local poderia ser um polo de turismo e
lazer tanto para quem vem visitar como turis-
tas e nativos. Abrigar pontos históricos, como o
Marco Zero da cidade, uns do mais belos pôr
do sol de Fortaleza, a ponte do Rio Ceará, o
próprio Rio Ceará onde os visitantes podem
navegar em pequenos barcos e até mesmo
barracas de praia. Contudo, isso parece ser
totalmente ignorado pelos gestores do Estado.
“No entorno da ponte, um projeto de tu-
rismo de requalificação nunca existiu, nós es-
tamos esperando até hoje. Fica abandonada
essa parte da ponte [do Rio Ceará]. Não tem
mais passeios ecológicos, travessia dos bar-
identificar e denunciou a ONG.
“Sempre quem consegue as coisas primeiro é
a linha de frente, primos, tios. Os demais não parti-
cipam. Não temos lazer, tiraram a aula de capoeira
para colocarem aula de Muay Thai. A galera já briga,
e agora com isso brigam mais ainda. Quando tem
eventos como quadrilha, eu não posso participar,
porque não tenho dinheiro para contribuir. Tenho
quatro filhos, ou trabalho e sustento a gente, ou dan-
ço quadrilha. Meu sonho é dançar quadrilha, mas
não recebo ajuda para isso, pois moro no lado podre
do Poço”, desabafa.
queiros, todo mundo ficou abandonado”, afir-
ma Francisco Alberto de Sousa, comerciante,
tem uma barraca na praia da Barra do Ceará
há mais de 50 anos.
Mesmo com a diferença de investimento
em locais que poderiam ser grandes polos tu-
rísticos, o turismo do Ceará corresponde a 11,6
% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.
Em 2015, segundo um estudo realizado pela
Secretaria de Turismo (Setur), o Estado teve
uma arrecadação de R$ 110 milhões. A Fun-
dação Getúlio Vargas (FGV), através da pes-
quisa de Sondagem do Consumidor - Intenção
de Viagens, previa que o Ceará seria o terceiro
destino que mais iria movimentar recursos no
Carnaval, com cerca de R$ 140,3 milhões.
A população reclama do descaso. “A gente
fica triste por que não tem investimento aqui.
O Investimento é só para os turistas que vêm
de fora e os nativos não têm. Os governantes
poderiam fazer da ponte Rio Ceará um cartão
postal da cidade para trazer pessoas para
contemplar o pôr do sol mais lindo da cidade”,
sugere o comerciante Alberto de Sousa.
FocasFocas contra
Fortaleza as
Além do
desigualdades
Cartão-postal 03
Obra Acquário de Fortaleza
A obra do acquário do Ceará atualmen-
te se encontra parada, pois aguarda o pro-
cesso de concessão, o empreendimento
será adquirido via PPP – Parceria Público
Privada. A população do Poço da Draga
reclama do descaso público e da falta de in-
vestimento na região. Os moradores ainda
informaram que a falta de saneamento bá-
sico continua trazendo transtornos em pe-
ríodos chuvosos deixando o local alagado.
Em nota, a Companhia de Água e Es-
goto do Ceará, informou que só poderia
executar o sistema de esgoto no local, caso
houvesse uma urbanização adequando as
vias para receber a obra.
Em meio ao descaso público, o Poço
da Draga resiste com seus moradores
tendo a praia como quintal de suas casas.
Para Geraldina Pereira, 90 anos, uma das
mais antigas moradoras do lugar, o mar
traz esperança a ela todos os dias. “Olhe
para o meu quintal! Aqui pulsa as batidas
O centenário Poço da Draga ainda sofre com da cidade, aqui foi onde tudo começou. Não
a falta de saneamento básico. Segundo Izabel, du- saímos daqui porque amamos esse lugar”,
rante o período da quadra chuvosa em Fortaleza, a enfatiza a aposentada que conclui dizendo
comunidade fica ilhada. “São 111 anos de descaso
público. Enquanto foram investidos milhões nos ar- “falta esgoto, mas não falta amor”.
redores, aqui foi construído um aquário de lama e
lixo. O nosso abre alas no carnaval é cantado por
“Olhe para o meu quin-
nós para não morrermos afogados”. tal! Aqui pulsa as batidas
da cidade, aqui foi onde
tudo começou”.
para participação da iniciativa privada em
RESPOSTAS alguns pontos incluindo a Barra do Ceará.
Procurada, a Setufor, através da assesso-
A Prefeitura de Fortaleza, por meio da Se- ria de imprensa, afirmou que ainda não de-
cretaria Municipal de Turismos (Setufor), finiu nenhuma ação específica para o local
apresentou em março deste ano o Plane- até o publicação desta matéria.
jamento Estratégico para o turismo de For-
taleza. Entre as pautas existia uma ação
04 Focas
Focascontra
Fortalezaas
desigualdades
Cartão-postal
Além do
QUEM DERA SER UM PEIXE...
Obra do Acquario Ceará está
parada há quase um ano
Adal Júnior
E
m uma entrevista para a Rádio O Povo CBN, no dia
28 de março de 2017, o governador do Ceará, Cami-
lo Santana afirmou que diante do momento de seca
decidiu não investir mais dinheiro no Acquario. “Eu
tomei a decisão de procurar parceiros da iniciativa privada para
a construção do Acquario. Já temos alguns interessados, e acho
que essa obra é muito importante para o turismo do Estado. A
obra que teve início em 2012 seria um importante ponto turístico
para a Copa do Mundo de 2014”,
Desde o início do projeto, no ano de 2008 quando o governa-
dor ainda era Cid Gomes, o Acquario Ceará vem trazendo junto
com ele muita polêmica. O orçamento total da obra gira em cerca
de R$ 300 milhões. Em sua maior parte, o dinheiro foi dividido
entre equipamentos tecnológicos e a estrutura do complexo. No
portal de transparência do governo, desde 08 de julho de 2014
não existe mais atualizações sobre valores.
A obra atualmente está parada, pois aguarda o processo de
concessão. O empreendimento será adquirido via PPP – Parce-
ria Público Privada. Isso acaba trazendo alguns questionamentos
sobre o complexo. E o dinheiro que já foi investido? Com essa
parceria como o Estado lucrará com o equipamento? Como será
o retorno para as comunidades que se localizam perto da obra?
Esses questionamentos são feitos pela própria população que é
contraria ao equipamento, como por exemplo, o professor Pedro que ainda tem gente, mas a noite fica vazia por conta da falta de iluminação.
Jorge Chaves Mourão, doutor em sociologia pela Universidade A assessoria da Secretária de Turismo (SETUR) afirma que, “O Acquario Ce-
Estadual do Ceará. Ele, que participou de ações na comunidade ará será incluído no pacote de concessões do Governo do Ceará e deve ficar
do poço da Draga, questiona o governo. “Aumento de turistas é pronto em 2018. Está com 75% das obras de infraestrutura prontas e cerca
renda direta para a população que precisa ou é aumento de renda de 30% da parte de equipamentos concluída. Será um diferencial único para
para o empresariado hoteleiro?”. O professor também traça um divulgar a cidade de Fortaleza. Vai ser um equipamento com fortíssimo poten-
paralelo entre a região em que está sendo construído o Acquario cial de incremento no afluxo turístico para o Estado. Vai aumentar o raio de
com outras regiões da capital. “Com esse modelo de política pú- captação de turistas, alongando o período de estadia e, como conseqüência,
blica o Governo construiu um Aquário em Fortaleza que já existe os gastos dos visitantes no mercado local. A expectativa é que o equipamento
há anos. Quem mora no belo “aquário” da Fortaleza turística vive receba cerca de 1,2 milhão de visitantes por ano.”
bem, tem hospitais, postos de saúde, polícia e todos os equipa-
mentos sociais de primeiro mundo. Aí vem meu questionamento...
E quem mora fora desse Aquário do governo, o que recebe? Mes-
mo tendo pago da mesma forma pela obra através dos impostos?
Não acho que esse modelo justo e acredito que ninguém que es-
tude as políticas públicas a sério consiga levar esse modelo do
Governo a sério”. A população da região onde está sendo constru-
ído o Acquario também questiona a construção, como é o caso de
Cristina Costa, comerciante. Ela possui uma lanchonete localiza-
da em frente ao Aquário e já trabalha há mais de 20 anos no mes-
mo lugar. Segundo ela, o investimento parado a alguns meses
acabou não ajudando em nada no seu comércio. “Por conta do
Aquário o movimento aqui caiu muito. Fizeram essa expectativa
“Por conta do Aquário o movimento aqui caiu muito. Fi-
que ia trazer movimento para Praia de Iracema, mas ta aí, obra zeram essa expectativa que ia trazer movimento para
inacabada e dando prejuízo”, diz. A comercianteainda fala sobre Praia de Iracema, mas ta aí, obra inacabada e dando
as saudades que tinha da época em que o local era bastante
prejuízo”, diz Cristina.
movimentado. “Tinha pizzaria, sorveteria. Só no pôr-do-sol

A assessoria da Secretária de Turismo (SETUR)
afirma que “o Acquario Ceará será incluído no pa-
cote de concessões do Governo do Ceará e deve
ficar pronto em 2018. Está com 75% das obras de
infraestrutura prontas e cerca de 30% da parte de
equipamentos concluída. Será um diferencial único
para divulgar a cidade de Fortaleza. Vai ser um equi-
pamento com fortíssimo potencial de incremento no
afluxo turístico para o Estado. Vai aumentar o raio de
captação de turistas, alongando o período de estadia
e, como conseqüência, os gastos dos visitantes no
mercado local. A expectativa é que o equipamento
receba cerca de 1,2 milhão de visitantes por ano”.
Linha do tempo
das obras do Acquário
2008 – CONCEPÇÃO DA OBRA
2012 – INÍCIO DAS OBRAS
2013/ 2014 – PARALISAÇÕES DAS MAIS DIVERSAS FIZERAM A OBRA PARAR
2015 – OBRAS SÃO RETOMADAS
2016 – OBRAS NOVAMENTE PARALISADAS, DESSA VEZ O GOVERNO ALEGA FALTA DE
DINHEIRO
2017 – O GOVERNADOR CAMILO SANTANA AFIRMA QUE NÃO INVESTIRÁ MAIS DINHEIRO PÚBLICO
NA OBRA, A CONCLUSÃO SE DARÁ POR MEIO DE CONCESSÃO
2018 – NOVO PRAZO DE TÉRMINO DA OBRA
Peixe morre pela boca
Em 2008 o então governador do Ceará, Cid
Gomes, decidiu que deveria ser construído um
aquário em Fortaleza. Segundo ele, o turismo
da cidade ganharia um forte destaque. Com
21,5 mil metros quadrados, o Acquario do
Ceará seria o terceiro maior do mundo. Mesmo
com uma forte campanha da oposição contra
o investimento, em 2012 a ideia saiu da cabeça
e foi para ação. O problema é que esse “sonho”
de mais de R$ 350 milhões do Ferreira Gomes
seria bancado com dinheiro público através de
um financiamento de um banco internacional.
Os anos se passaram e o aquário que deveria
estar pronto em 2015, hoje, parece mais um
reservatório de mosquitos Aedes Aegypti.
FocasFocas contra
Fortaleza as
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Cartão-postal 05
Agora na gestão Camilo Santana o inteligentes nas próximas eleições
Governo decide entregar a obra para a vamos acabar com esses peixe grandes
iniciativa privada depois de investido que não servem para sociedade.
cerca de R$ 138 milhões de dinheiro
público. O atual Governador disse que não
vai colocar nenhuma verba no Acquario
alegando que não tem como investir em
um equipamento como esse em tempos
de seca. Ele só não lembrou que a seca
não é de hoje, que várias famílias estão
sofrendo com a falta de água no estado,
que os pequenos produtores do sertão
estão quase falindo. Cid e Camilo nada
mais são que a concretização do conceito
de que políticos só sabem falar e não fazem
nada que realmente mude o panorama do
estado. Tudo isso tá registrado e se formos
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