Você está na página 1de 8

DECRETO DE FISCALIZAÇÃO

Decreto Estadual nº. 628 de 21 de dezembro de 2023

1. Poder de Polícia
a. Art. 1º Ao Corpo de Bombeiros Militar, no exercício do Poder de Polícia que
lhe é atribuído, compete no âmbito do Estado, vistoriar e fiscalizar toda e
qualquer edificação ou local de risco, de uso público ou privado, existente ou
em construção, bem como todo o serviço de segurança contra incêndio e
pânico, aplicando, quando necessário, as sanções administrativas previstas
na Lei nº 12.149, de 16 de junho de 2023, nas formas estabelecidas neste
Decreto e Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar (NTCB).
b. Poder de polícia é a faculdade que tem o Estado de limitar, condicionar o
exercício dos direitos individuais, a liberdade, a propriedade, por exemplo,
tendo como objetivo a instauração do bem-estar coletivo, do interesse público
(Maria Sylvia Di Pietro, 2017, 158).

2. Irregularidades - Lei nº. 12.149/2023


a. Art. 3º, XI - irregularidade: considera-se irregularidade qualquer ação ou
omissão que viole as disposições desta Lei, de seu regulamento ou de
normas técnicas editadas ou adotadas pelo CBMMT, e que comprometa o
perfeito funcionamento ou a operacionalização de um sistema, provocando
riscos à integridade e à vida das pessoas e à segurança do patrimônio
público e privado;

3. Irregularidades - Decreto nº. 628/2023


i. I - deixar de instalar as medidas de segurança especificadas em
norma técnica regulamentar;
ii. II - instalar as medidas de segurança em desacordo com as
especificações do projeto de prevenção contra incêndio e pânico ou
em desacordo com as normas técnicas regulamentares;
iii. III - não realizar a manutenção adequada das medidas de segurança
especificadas em norma técnica regulamentar, alterar-lhes as
características, ocultá-las, removê-las, inutilizá-las, restringir-lhes o
uso, destruí-las ou substituí-las por outras que não atendam às
exigências legais e regulamentares;
iv. IV - ausência de Projeto de Segurança contra Incêndio e Pânico
aprovado ou este estar desatualizado, cassado ou anulado;
v. V - ausência do Alvará de Segurança contra Incêndio e Pânico ou de
Certificado de Segurança contra Incêndio e Pânico ou, ainda, posse
destes com prazo de validade vencido, cassado ou anulado;
vi. VI - pessoa física ou jurídica atuando em atividades de segurança
contra incêndio e pânico sem estar cadastrada junto ao CBMMT.
vii. VII - pessoa jurídica exercendo atividade de formação e/ou
atualização de brigadista, brigadista profissional e/ou bombeiro civil,
ou ainda a prestação de serviços de brigadista profissional e/ou
bombeiro civil sem credenciamento vigente no CBMMT ou
comercializando materiais e/ou equipamentos de segurança contra
incêndio e pânico sem certificação pelo Instituto Nacional de
Metrologia. Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO ou outra
certificação reconhecida.
viii. VIII - pessoa física atuando como instrutor na formação e/ou
atualização de brigadista, brigadista profissional e/ou bombeiro civil
sem a devida habilitação junto ao CBMMT:
ix. IX - pessoa física ou jurídica desempenhando atividades de
competência exclusiva do CBMMT.
x. X - dificultar, embaraçar ou criar resistência à ação fiscalizadora dos
vitoriadores do Corpo de Bombeiros Militar e/ou utilizar-se de artifícios
ou simulações com o fim de fraudar a legislação pertinente ou as
normas em vigor que versem sobre a matéria de segurança contra
incêndio e pânico.

Parágrafo único irregularidades não especificadas, de condutas


compatíveis com os incisos deste artigo, serão regulamentadas em
Normas Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar (NTCB), para fins de
aplicação das sanções administrativas previstas neste Decreto.

4. Notificação - Decreto nº. 628/2023


a. Art. 3º A Notificação é um documento que formaliza ao responsável pela
edificação ou local de risco a condição de irregularidade perante o CBMMT,
não possuindo prazo e caráter de sanção administrativa.
b. Parágrafo único A Notificação tem por finalidade conscientizar e cientificar
formalmente o responsável pela edificação ou local de risco, quando
constatadas infrações à legislação de segurança contra incêndio e pânico,
definidas no capítulo 2 deste Decreto.

5. Penalidades - Decreto nº. 628/2023


a. Art. 4º A infração às normas de segurança contra incêndio e pânico sujeitará
os infratores às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das sanções
de natureza civil e penal:
i. I - advertência;
ii. II - multa;
iii. III - interdição;
iv. IV - suspensão;
v. V - cassação.

A advertência é a mais branda das sanções administrativas, que consiste em


cientificar e estabelecer prazo para sanar irregularidades, quando constatadas infrações à
legislação de segurança contra incêndio e pânico.
No caso de ações de fiscalização em situação que não tenha sido emitido
Notificação prévia, poderá, a critério da administração pública, aplicar de forma
concomitante, a Notificação e Advertência.

A multa é uma sanção administrativa que implica o pagamento de um valor


monetário em decorrência de infrações e/ou descumprimento à legislação de segurança
contrai incêndio e pânico, aplicada nas formas previstas neste Decreto.
A interdição refere-se a medida restritiva que proíbe temporariamente o
funcionamento ou realização de determinada atividade de uma edificação ou local de risco,
podendo ser total ou parcial, em razão do descumprimento de penalidades previstas neste
Decreto ou ainda, quando a situação indicar iminente risco à vida ou à integridade das
pessoas.

A suspensão é o ato que interrompe temporariamente os efeitos de vigência do


Alvará de Segurança contra Incêndio e Pânico, de Certificado de Aprovação de Projeto de
Credenciamento, Cadastramento e de Termo de Ajustamento de Conduta, ou ainda ,que
impede por tempo determinado a Pessoa Jurídica de credenciar junto ao CBMMT.

A cassação é o ato que interrompe definitivamente os efeitos de vigência do Alvará


de Segurança Contra Incêndio e Pânico, de Certificado de Segurança Contra Incêndio e
Pânico, de Certificado de Aprovação de Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico, de
Certificado de Credenciamento, Cadastramento e de Termo de Ajustamento de Conduta.

CICLOS DE FISCALIZAÇÃO

1) Edificação, Local de Risco ou Eventos


a) Será procedida a suspensão do Alvará de Segurança Contra Incêndio e
Pânico ou Certificado de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de
Bombeiros Militar, quando constatadas irregularidades na edificação ou local
de risco previamente notificada, devendo o vistoriante registrar a suspensão
na Advertência do processo correspondente.
Serão cessados os efeitos da suspensão após a correção integral das
irregularidades apontadas em Advertência, dentro do prazo estabelecido.
b) Será procedida a cassação do Alvará de Segurança Contra Incêndio e
Pânico ou Certificado de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Corpo de
Bombeiros Militar, quando não for regularizada a situação de suspensão do
respectivo documento, no prazo estabelecido, devendo o vistoriante registrar
a cassação na Advertência do processo correspondente.
Nos casos dos procedimentos declaratórios emitidos para locais que não
atendem os critérios estabelecidos, deverão ser cassados imediatamente,
independente de notificação ou advertência prévia.
Caracterizada a má-fé na obtenção do procedimento declaratório, o caso
poderá ser encaminhado para providências à autoridade policial competente.
Somente será expedida nova via de ASCIP e CSCIP do Corpo de Bombeiros
Militar mediante solicitação e aprovação em vistoria técnica.
c) Caso o responsável pela edificação ou local de risco não tenha sanado as
irregularidades previstas nos Grupos de Infração Grave e Gravíssima da
Tabela 1 da Lei nº 12.149, de 16 de junho de 2023, o vistoriante deverá
proceder a interdição da edificação ou local de risco, devendo adotar as
seguintes providências:
I - o imediato fechamento do local;
II - selar ou lacrar as entradas de acesso ao local;
III - a comunicação da medida à autoridade policial competente.
Em casos excepcionais, quando haja grande comoção social, ou presença de
público, por exemplo, a interdição poderá ser realizada sem o cumprimento
dos incisos I e II deste artigo, sendo suficiente a lavratura da interdição com a
assinatura do responsável, e a comunicação à autoridade policial.
d) A interdição de que trata este artigo poderá ser total ou parcial:
i) a interdição total abrangerá o fechamento completo da edificação ou
local de risco, incluindo a suspensão das atividades desenvolvidas no
seu interior.
ii) a interdição parcial abrangerá o fechamento ou proibição de
funcionamento de área ou dependência de uma edificação ou local de
risco.

Quando a situação da edificação ou do local de risco indicar iminente risco à vida ou à


integridade das pessoas, será procedida a interdição de forma imediata, independentemente
de prévia notificação.

Nos casos de eventos temporários, a existência de irregularidade que não seja possível de
sanar antes do início do evento implicará em interdição, total ou parcial, a depender do caso.

Caberá ao responsável pela edificação ou local de risco a manutenção da interdição, até


que seja realizada a desinterdição pelo CBMMT.

Ocorrendo o descumprimento da interdição, o CBMMT informará às autoridades


competentes para as providências pertinentes.

Será procedida a desinterdição quando o responsável sanar todas as irregularidades


constantes na Interdição e a edificação ou local de risco apresentar todas as medidas de
segurança instaladas e em funcionamento.

Nos casos de interdição por iminente risco à vida ou à integridade das pessoas, a
desinterdição será procedida quando cessado o motivo que deu causa à mesma.
Constatada a pessoa física ou jurídica, atuando em atividades de segurança contra
incêndio e pânico sem estar cadastrada no CBMMT.
O processo de fiscalização deverá ser remetido à Seção de Credenciamento para posterior
homologação e efetivação das sanções administrativas aplicadas, obedecidos os prazos
recursais correspondentes.

Constatada pessoa jurídica sem credenciamento vigente no CBMMT, exercendo


atividade de formação e/ou atualização de brigadista, brigadista profissional e/ou
bombeiro civil, prestação de serviços de brigadista profissional e/ou bombeiro civil,
ou atuando em desacordo com as condições estipuladas no credenciamento.
Pessoa física atuando como instrutor na formação e/ou atualização de brigadista,
brigadista profissional e/ou bombeiro civil sem a devida habilitação junto ao CBMMT,
devendo o vistoriante registrá-la em processo específico.
O processo de fiscalização deverá ser remetido à Seção de Credenciamento para posterior
homologação e efetivação das sanções administrativas aplicadas, obedecidos os prazos
recursais correspondentes.

Constatada pessoa jurídica comercializando materiais e/ou equipamentos de


segurança contra incêndio e pânico sem certificação pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO ou outra certificação
reconhecida.
O processo de fiscalização deverá ser remetido à Seção de Credenciamento para posterior
homologação e efetivação das sanções administrativas aplicadas, obedecidos os prazos
recursais correspondentes.

Constatada pessoa física ou jurídica desempenhando atividades de competência


exclusiva do CBMMT, a saber aquelas estabelecidas no Art. 82 da Constituição
Estadual do Estado de Mato Grosso, extrapolando as vedações e limitações de
atuação profissional estabelecidos nas legislações pertinentes.
O processo de fiscalização deverá ser remetido à Seção de Credenciamento para posterior
homologação e efetivação das sanções administrativas aplicadas, obedecidos os prazos
recursais correspondentes.

DOS PRAZOS
O Corpo de Bombeiros Militar fixará prazos para o cumprimento das irregularidades
apontadas em documento de fiscalização, sob pena de aplicação das penalidades previstas
neste Decreto, devendo ser observado o seguinte:
I - Primeira Advertência: Prazo de 90 (noventa) dias;
II - Segunda Advertência: Prazo de 60 (sessenta) dias;
III - Terceira Advertência: Prazo de 30 (trinta) dias;
§1º As multas terão prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data da emissão do
Documento de Arrecadação (DAR), para recolhimento do valor.
§2º A interdição terá prazo indeterminado, perdurando até que sejam sanadas as
condições que motivaram a interdição.

PRORROGAÇÃO DE PRAZO - Sumária


A prorrogação de prazo sumária será, concedida de ofício uma única vez por advertência,
mediante deferimento do Chefe da SSCIP ou Coordenador de Fiscalização.
O prazo a que se refere o caput deste artigo será estabelecido de forma discricionária pela
autoridade competente, limitado a quantidade de dias estabelecido na Advertência objeto da
prorrogação, devendo o ato ser público em Boletim Geral Eletrônico da Instituição.

TAC
A prorrogação de prazo através de Termo de Ajustamento de Conduta será celebrada entre
o Órgão de Serviços Técnicos do CBMMT e o responsável pela edificação ou local de risco,
mediante a observância dos requisitos mínimos de segurança estabelecidos em Norma
Técnica do Corpo de Bombeiros Militar (NTCB) específica.
§1º As condições e critérios para concessão e fiscalização da execução do Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC) serão definidas em Norma Técnica específica.
§2º O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado deve ser publicado em Boletim
Geral Eletrônico do CBMMT.

O pedidos de prorrogação de prazo deverão ser protocolizados antes do término do prazo


estipulado em Advertência.
Os prazos concedidos através de prorrogação serão somados ao prazo já concedido em
Advertência.
As prorrogações não se aplicam a eventos temporários.

DIREITO DE DEFESA
Para a interposição da contestação e recurso junto ao Corpo de Bombeiros Militar deverão
ser observados os procedimentos gerais quanto ao processamento, tramitação e prazos,
para que tal recurso seja conhecido e apreciado.

● Contestação - Caso o fiscalizado não concorde com as irregularidades ou


penalidades aplicadas, poderá contestar, por escrito, enquanto o prazo estabelecido
no documento fiscalizatório estiver vigente.
§1º O prazo para contestação contar-se-á do recebimento ou da publicação do
documento emitido.
§2º No caso de documento emitido pelo CBMMT sem concessão de prazo, fica
estipulado prazo de 30 (trinta) dias úteis para contestação.
§3º A contestação deverá ser protocolizada nos Órgãos de Serviços Técnicos do
Corpo de Bombeiros Militar, e deverá conter a explicação detalhada da questão,
acompanhada dos documentos necessários à verificação dos fatos.
Caberá à Diretoria de Segurança Contra Incêndio e Pânico acolher ou não os termos
da contestação, de acordo com os aspectos técnicos e legais da matéria.
§1º Até a decisão da contestação pelo Diretor de Segurança Contra Incêndio e
Pânico, ficam suspensos os prazos estabelecidos nos documentos de fiscalização,
retornando a contagem na data em que o responsável pela edificação ou local de
risco tomar ciência da decisão.
§2º Para melhor instruir o exame da contestação, a autoridade especificada neste
artigo, poderá determinar a realização de diligências, bem como solicitar do
interessado que junto ao processo documentos outros indispensáveis à verificação
dos fatos.
§3º O Diretor de Segurança Contra Incêndio e Pânico terá o prazo de 30 (trinta) dias
úteis para proferir a decisão, contados da data do protocolo, podendo ser prorrogado.
§4º A decisão será publicada no Boletim Geral Eletrônico do CBMMT e a parte
interessada notificada.

● Recurso - O fiscalizado, não concordando com a decisão adotada pelo Diretor de


Segurança Contra Incêndio e Pânico, poderá interpor recurso, por escrito, ao
Comandante Geral do CBMMT, no prazo de até 30 (trinta) dias úteis, contados a
partir da ciência da decisão.
§1º O recurso deverá ser protocolizado nos Órgãos de Serviços Técnicos do Corpo
de Bombeiros Militar.
§2º Até a decisão do recurso, pelo Comandante-Geral, ficam suspensos os prazos
estabelecidos nos documentos de fiscalização, retornando a contagem na data em
que o responsável pela edificação ou local de risco tomar ciência da decisão.
Após examinar todos os aspectos constantes do recurso, o Comandante-Geral
manterá ou reformará a decisão da Diretoria de Segurança Contra Incêndio e Pânico.
§1º O Comandante-Geral terá o prazo de até 30 (trinta) dias úteis para proferir a
decisão, contados da data do protocolo, podendo ser prorrogado.
§2º A decisão será publicada no Boletim Geral Eletrônico do CBMMT e a parte
interessada notificada.
§3º O julgamento proferido pelo Comandante-Geral do CBMMT será irrecorrível na
esfera administrativa.

Disposições finais
Os prazos começam a correr a partir da data de cientificação do fiscalizado,
excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte, se o vencimento
cair em dia em que não houver expediente na repartição ou este for encerrado antes
da hora normal.
Constatada a ocorrência da conduta estabelecida no Art. 34 da Lei nº 12.149, de 16
de junho de 2023, a situação deverá ser prontamente reportada à Corregedoria Geral
do CBMMT, seguindo os trâmites administrativos regulamentares.
Os procedimentos para aplicação das demais sanções previstas na Lei nº 12.149,
não tratadas neste Decreto, serão regulamentadas em Normas Técnicas do Corpo
de Bombeiros Militar (NTCB) correspondentes.

Você também pode gostar