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J. Gresham Machen
aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. Lucas registra
uma declaração similiar de Jesus: “E digo-vos amigos meus: ‘Não temais os
que matam o corpo e, depois, não têm mais o que fazer. Mas eu vos mostrarei
a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para
lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei’.” Há aqueles que nos dizem que
o temor deveria ser banido da religião; deveríamos, é nos dito, não mais
sustentar a idéia de medo do inferno diante dos homens; nos dizem que é
ridículo temer. Aqueles que falam dessa forma, sem dúvida não têm o direito
de apelar a Jesus; pois Jesus certamente empregou, insistentemente, o motivo
de temor. Se você evita esse motivo na religião, então está em contradição
evidente com Jesus. Aqui, como em muitos outros pontos, uma escolha deve
ser feita entre o Jesus real e muito do que falsamente carrega o Seu nome hoje.
Mas quem estaria certo? Seria o próprio Jesus ou os que rejeitam os Seus
ensinamentos acerca de temer ser lançado no inferno? Seria o temor algo
absolutamente inaceitável? Estaria o homem arruinado por ter medo?
Penso, meus amigos, que depende totalmente de quem o homem teme.
As palavras do nosso texto, com uma solene inculcação de temor, são
também uma denúncia sonora do temor. O “temei a Ele” é balanceado pelo
“não temais”.O temor a Deus torna-se aqui um caminho para vencer o temor
ao homem. E os séculos heróicos da história cristã fornecem testemunho
abundante à sua eficácia. Com o temor a Deus diante dos seus olhos, os
heróis da fé permaneceram ousadamente diante de reis e governadores, e
disseram: “Aqui estou, e não posso agir de outra maneira. Que Deus me
ajude! Amém.”
Inaceitável, sim, é temer ser preso e morrer nas mãos do homem; é
ridículo temer aqueles que usam o poder para suprimir o direito. Até mesmo o
temor a Deus pode ser degradante. Tudo depende de como você vê a Deus.
Se pensa que Deus é alguém como você, temê-lo seria algo desprezível. Se
você O vê como um tirano caprichoso, que tem inveja das criaturas que fez,
você estará na mesma posição de um pagão. Mas é muito diferente quando
você está na presença da fonte de toda ordem moral do universo; é muito
diferente quando Deus vem andando no jardim e você não tem desculpa; é
diferente quando você pensa no dia terrível em que as máscaras cairão e você
estiver sem defesa diante do justo trono de Deus. Diferente será quando não
os pecados de outras pessoas, mas os seus estiverem sendo julgados. Meus
amigos, podemos realmente chegar diante do tribunal da justiça de Deus, e
Até mesmo o cristão deve temer a Deus. Mas é outro tipo de temor. É
um temor do que poderia ter acontecido, e não do que está acontecendo; é
um temor do que viria, se nao estivéssemos em Cristo. Sem tal temor não
pode existir nenhum verdadeiro amor; pois o amor pelo Salvador é
proporcional ao horror do qual o homem foi salvo. E quão vigorosas são as
vidas cobertas por tal amor! São vidas valentes, não porque a realidade dos
fatos é ignorada, mas porque enfrentaram tal realidade– vidas essas que têm
por alicerce sólido a graça de Deus. Possam nossas vidas serem assim!
O perfeito amor lança fora o temor. Mas para que o nosso amor possa
lançar fora o temor, ele só pode ser uma resposta ao ato amoroso de Deus.
“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou a nós, e enviou seu Filho para propicição pelos nossos pecados.”
Há a culminância e a transformação do temor. Disse Jesus: “Portanto
qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu
Pai, que está nos céus.”
1
Presbyterian Church of America (PCA).
2
Orthodox Presbyterian Church (OPC).
3
Publicado no Brasil pela Editora Puritanos. (N. do R.)
4
Publicado no Brasil pela Editora Hagnos. (N. do R.)