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Eu não sei o que dizer.

Não há mais o que dizer, você não quer mais me


ouvir e por mais que eu queira prolongar isso....não tem mas nenhum
resquício seu para me segurar aqui.
Depois que você foi embora eu não aguentei ficar aqui sozinha, acabei
com uma cartela de remédio e liguei pra Érica. Não fazia muito tempo
desde que ela tinha ido embora mas ela já sabia o que tinha acontecido
antes de me atender. Ela me avisou quando a deixei na casa da vó dela.

Só a vi entrando e pegando minha bolsa e minha mão. Eu não tinha


condições nem de falar com ela de tanto que estava chorando.
Ela não podia dormir aqui de novo mas não queria me deixar sozinha e eu
tinha que esquecer você por alguns minutos antes de fazer besteira.
Ainda bem que eu a tenho, a gente foi até a casa da mãe dela lá nos
quintos dos infernos de tão longe. Primeira vez que fui carregada de
verdade na bicicleta. Foi muito legal, tinha esquecido a última vez que rir
tanto assim. Quase fomos atropeladas várias vezes e quase caímos nos
morros que ela descia rápido e eu gritava.
Ela me deixou tentar andar na rua mais tranquila mas bati no muro e
depois quase bati no carro e decidi desistir.
Ela me segurou enquanto eu chorava, limpou meu rosto e cuidou de mim
o tempo que pode até ter que me trazer de volta. Ela parou no lugar que
costuma ver o céu a tarde e me deixou observar por um tempo. O cheiro
do entardecer me lembrou por incrível que pareça Kayky. E as vezes que
ele cuidava de mim quando vinha me ver.

Eu disse a ela que talvez o erro seja meu, talvez você não me ache
suficiente pra você, talvez eu seja o problema. Ela disse que não, que você
só não me ama mas que na minha cabeça ama. Que se amasse de verdade
não teria me deixado sozinha, não teria me olhado nos olhos e ido
embora, não teria me abandonado assim tantas vezes.
Ela me pediu pra ligar pra Juliana, ficar sozinha era pior pra mim por agora.
E foi o que eu fiz, não consigo não ver você saindo pela porta toda vez que
eu passo. Não consigo não me segurar na cama e beber todo remédio que
encontro.
Juliana estava em um velório da tia do namorado dela em outra cidade. Ela
disse que me avisaria quando chegasse em casa, disse pra qualquer coisa
eu ligar pra ela.
Liguei pra minha outra prima, não queria dormir em casa sozinha hoje.
Acabei nem percebendo que estava ligando para o número antigo dela e
por isso não atendeu. Tive que ficar aqui mesmo.

Sua irmã disse que você é complicado, que talvez quem sabe se eu
insistisse você não voltaria com o tempo....ou algo assim. Eu disse que já
insisti, que faço isso a um ano que não dá mais para fazer.
Acho que ela gosta de mim, falou para não perdermos a amizade. E é claro
que não, eu gosto dela também. Gosto da sua família.

Consegui cochilar um pouco com três remédios engolidos mas acordei


agora sentindo meu coração pulsar tão forte que não consigo dormir de
novo.
Mais três devem resolver.

O pessoal do trabalho volta amanhã, pelo menos vou ter alguma coisa pra
ocupar minha mente em determinado momento do dia. Mas isso nunca
impediu de sentir sua falta.

Kayky deve ter terminado, começou a postar coisas que estava sofrendo.
Curtiu algumas coisas minhas e postou um vídeo tocando violão. Talvez eu
consiga dormir ouvindo a música, acho que ainda tenho alguns vídeos dele
tocando guardados.

Não consegui reparar direito mas acho que a blusa que estava usando
quando veio aqui é a mesma que usou quando passeamos por aquela
praça meio zoológico de domingos martins.
Acho que nunca te vi mostrar que se importa menos assim comigo quanto
hoje. Sei que estava com presa, mas também sei que não queria ficar por
minha causa.
Sinto sua falta morceguinho. Não tenho mais você, preciso me conformar
que não vou nunca mais ter e que você não vai acordar em um dia e me
desejar de novo, que você não se importa comigo e que se eu sumir vai ser
um alívio pra você.
Dói em mim tanto quanto se você estivesse perfurando meu coração.

Gabriel está me enchendo de mensagens perguntando se ele fez alguma


coisa, perguntando se pode me ver amanhã. Vou precisar contar a ele a
verdade. Não posso dar esperanças a alguém assim.
Preciso dizer que meu coração ainda te pertence, que não sei se consigo
amar outra pessoa como eu te amo, que estou machucada. Que estou tão
ferida que mesmo se eu desse uma chance pra ele seria apenas para
deixar minhas feridas sangrarem em cima dele. Seria egoísmo da minha
parte o usar pra te esquecer.

A sua ausência total me machuca tanto, ver que não se importa nem sobre
me responder me deixa atordoada. Esperei uma resposta sua, qualquer
coisa. E seu silêncio foi o que eu recebi. Como consegue? Você realmente
não tem vontade de me dizer nada ? Não escreve suas respostas e depois
apaga ou as guarda em algum lugar?

Juro. Tenho uma lista imensa de músicas que me lembram você, até te
enviei uma que estava ouvindo.
O que eu faço com essa dor, Tiago? Você diz que a sente mas não tanto
quanto eu. O que você faz para amenizar? Pra seguir em frente? Me diz
pra que eu faça também.
Os remédios estão indo embora rápido e eu não vou conseguir ficar
dopada por muito tempo. Preciso de um alivio.

Eu tinha coisas a te falar, fiquei a noite toda ontem pensando que talvez
você poderia dar uma chance a nós dois. Mínima que fosse. Que se
tentássemos de novo seria por minha conta em risco. Que sinto tanta a
sua falta que isso está me sufocando, que os únicos momentos que
consigo respirar são quando por breves segundos você conseguia fingir
que era meu e me beijava.

O que eu faço, Tiago? Me diz o que fez para amenizar essa dor. Só me
ajuda a te esquecer.

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