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A estrada Santa Luzia-Açailândia


 29 de fevereiro de 2020 Artigos de O Estado do Maranhão By José Sarney 

Como um humanista, cuja vocação não era a política — e que nela entrou seguindo a
máxima de Napoleão de que a política é um destino, e não uma vocação —, exerci o
destino com a visão de construir, sem caráter partidário, nem de facção, nem de divisão,
nem de considerar os que não pensavam comigo como inimigos.

Todas as ações Sarney e o Maranhão e no Maranhão foram pensando no conjunto do


Estado e no objetivo maior da Política com P maiúsculo, como dizia Nabuco, pensando
coletivamente e procurando melhorar a sorte do meu Estado e do meu País. Deus deu-
me a graça de poder conduzir-me dessa maneira em todos os encargos que Ele colocou
em minhas mãos.

Jovens poetas, eu e meus companheiros pensávamos que não devíamos somente fazer
versos e avançar nos gêneros literários, mas também colocar nossas inteligências a
serviço do povo de nossa terra.

Como disse no início dessa série de artigos sobre as coisas pelas quais fui responsável,
encarnei uma função de liderança, que exerci sem nunca passar por cima de ninguém.

O Maranhão, como disse, era um Estado desintegrado, sem nenhum recurso,


mergulhado num obscurantismo que era um prolongamento do século XIX. Para
integrá-lo territorialmente, precisávamos integrar a faixa da Amazônia que cava em
nosso território e vivia, sob a dependência do Rio Tocantins, sem ligações profundas,
nem culturais, nem econômicas, com o resto do Maranhão e sua capital, São Luís.

Candidato a governador, como já disse, um dos nossos propósitos era incorporar essa
região e o sertão, para que pudéssemos buscar a nossa unidade territorial.

Assim, no programa que submetemos ao povo, tínhamos que ligar a Belém-Brasília a


São Luís. Então, lembro uma noite, no sítio Natal, onde nos reuníamos, em que
tentamos traçar uma estrada que atravessasse a Floresta Amazônica e a ligasse à São
Luís-Teresina, que também pretendíamos asfaltar.

Calcule o que não era, há 50 anos, vir de Imperatriz a São Luís. Nem Carolina, que era a
cidade mais representativa do sertão, era ligada à Belém-Brasília. Para sair de lá e ir à
nossa capital, tínhamos que ganhar os caminhos que demandavam o Sul e o Nordeste
e entrar no território maranhense pelo Piauí, e então pegar a intransitável São Luís-
Teresina, então quase um caminho de carro de boi.

Pegamos o mapa e riscamos um traçado que, saindo de Santa Luzia, rasgasse a oresta
e chegasse à Belém-Brasília. Dois lugares, pequenos acampamentos da construção
daquela estrada, existiam como pequenos povoados: Frades e Açailândia. Nesta
morrera Bernardo Sayão — o construtor da Belém-Brasília —, quando, muito ferido, ali
chegou para embarcar num teco-teco. Seria a Santa Luzia-Açailândia.

Hoje ninguém sabe o que signi cou essa epopeia, abrir o linhão e começar o seu
traçado. Lembro-me bem com que emoção eu, em Açailândia, então um lugarejo,
dirigindo um trator, derrubei a primeira árvore. Açailândia hoje é uma referência
nacional, com a mais moderna aciaria do Brasil, unindo hoje a área do Tocantins, o
sertão, ao Maranhão.

Eu já havia construído a estrada de Carolina-Estreito, possibilitando que as estradas do


sertão também tivessem acesso a essa nova via, a Santa Luzia-Açailândia.

Hoje ninguém se lembra, nem os que ali transitam, que ela nasceu de um planejamento
e de uma visão de um Maranhão Novo, que a nal surgiu.

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Tags: Amazônia Belém-Brasília biogra a estradas Imperatriz infraestrutura

Maranhão Rio Tocantins São Luís

José Sarney
José Sarney foi Presidente do Brasil, Presidente do Senado Federal, Governador do
Maranhão, Senador pelo Maranhão e pelo Amapá e Deputado Federal. É o político
mais longevo da História do Brasil, com mais de 60 anos de mandatos. É autor de
122 livros com 172 edições, decano da Academia Brasileira de Letras e membro de
várias outras academias.

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