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PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA

Secretaria dos Negócios Jurídicos


Divisão de Contencioso Geral

Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Terceira Vara Cível da


Comarca de Sorocaba/SP.
PA n.º

PROCESSO N.º 837/99


AÇÃO POPULAR
MOACYR DE TOLEDO FILHO X PREFEITURA MUNICIPAL DE
SOROCABA

PREFEITURA MUNICIPAL DE
SOROCABA, por seu procurador que esta subscreve, nos autos
do processo em epígrafe, vem respeitosamente a presença de
V.Exa. para apresentar sua CONTESTAÇÃO, consubstanciada
nas razões que seguem:.

No que diz respeito a ilegalidade da


transferência de valores do SAAE para a Prefeitura, cumpre
assinalar que não se trata de empréstimo, e que a mesma
(transferência) não possui relevância ou influência no
realinhamento de custos que alterou o preço público.

Os repasses que a autarquia fez a Prefeitura


ocorreram nos anos de 96, 97 e 98, e foram realizados conforme
dispõe o inciso V, do artigo 167 da Constituição Federal.

A autorização legislativa a que alude a


disposição constitucional em referência para as citadas
transferência estão previstas nas leis orçamentárias municipais
5288/96, 5543/97 e 5819/98 (cf. docs. Anexos). Veja-se por
exemplo, o artigo 4° da lei 5543/97, onde se verifica que o
orçamento da autarquia e dos demais entes do Executivo
Municipal estão integrados e o orçamento foi aprovado por
decreto do Executivo.

E tudo isso foi efetivado nos termos do artigo


107 da Lei Federal n° 4320/64, que dispõe, VERBIS: "As
entidades autárquicas e ou paraestatais, inclusive de previdência
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social ou investida de delegação para arrecadação de


contribuições parafiscais, da União, dos Estados, dos Municípios
e do Distrito Federal terão seus orçamentos aprovados por
decreto do Poder Executivo, salvo se disposição expressa
determinar que o sejam pelo Poder Legislativo".

Também a Constituição da República em seu


artigo 165, parágrafo 5°, I, e incisos dispõe que os orçamentos
das entidades supra referidas integrarão a peça orçamentária,
como ocorreu em Sorocaba ( cf. docs. Anexos).

No caso das leis orçamentárias de Sorocaba


acima referidas, o Executivo pode transferir mediante decreto os
recursos já que não existe lei específica em contrário, e existe
autorização a tanto nas citadas leis orçamentárias. Conclui-se
então que as tais transferência são legais e possíveis, conforme
exegese do texto constitucional, da Lei Federal n° 4320/64 e das
leis municipais orçamentárias, razão pela qual, as assertivas
lançadas pelo agravado devem ser desconsideradas.

"In casu", além de inexistir ilegalidade, não


há possibilidade de, sequer em tese, haver lesividade ao
patrimônio público. Com efeito, tanto a Prefeitura Municipal de
Sorocaba, como o ente descentralizado - SAAE - compõem a
estrutura do Poder Público Municipal. O SAAE nada mais é do que
uma autarquia pública que compõe a estrutura administrativa da
Prefeitura Municipal como ente descentralizado. A transferência
de recursos de um para outro ente público " data venia" não
poderia configurar prejuízo ao erário público. "Data venia" seria
como se admitir que determinado cidadão sofreu prejuízo porque
o dinheiro que se encontrava em sua mão esquerda foi
transferido para a mão direita.

Daí porque não restar comprovado sequer


em tese a lesividade e ilegalidade do ato impugnado. Sobre a
questão o Egrégio Tribunal Regional Federal já decidiu:

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"Em se tratando de ação popular há necessidade de se


demonstrar que o ato administrativo atacado produziu lesividade
ao patrimônio público" RT 724/444

Como se vê, a pretensão do autor da Ação


Popular não pode comportar exame de mérito, por ausência de
possibilidade jurídica e de interesse/adequação. Contudo, mesmo
que assim não fosse, o pedido certamente seria improcedente.

A hipótese em questão não se encaixa


naquelas previstas no artigo 167 da CR/88, de forma que não
haveria porque se promulgar lei para um simples repasse
previsto no orçamento da municipalidade, e no caso, como
ocorre com outros órgãos do governo, o valor em questão se
compõe de mero fluxo e refluxo de caixa e não tinha destinação
específica que viesse a jusitificar seu uso especialíssimo
mediante lei, e também, como dito, não se encaixa nas
hipóteses de uso extraordinário e urgente com autorização
posterior do legislativo(v.g. Calamidade, guerra etc).

Destarte, não havendo qualquer prejuízo ao


erário público, e não sendo comprovada a utilização para fins
outros não expressamente previstos como despesas ordinárias,
não há falar-se em desvio de finalidade, impessoalidade, ou
ainda prejuízos aos cofres públicos.

Isto posto, requer a municipalidade seja


julgada improcedente a presente ação popular, por ser medida
de inteira justiça.

Termos em que,
Pede deferimento.

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Sorocaba, 30 de outubro de 2006.

Ruy Elias Medeiros Junior


Procurador Municipal
OAB nº. 115403

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