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Sagarana 1
Sagarana 1
O livro principia por uma epígrafe, extraída de uma quadra de desafio, que sintetiza os elementos
centrais da obra : Minas Gerais, sertão , bois vaqueiros e jagunços , o bem e o mal: "Lá em cima
daquela serra, passa boi , passa boiada, passa gente ruim e boa passa a minha namorada". Sagarana ,
compõe-se de nove contos, com os seguintes títulos:
3.SARAPALHA
4.DUELO
5.MINHA GENTE
6.SÃO MARCOS
7.CORPO FECHADO
8.CONVERSA DE BOIS
Personagens :
-Silvino vaqueiro
-Badu - vaqueiro
Narrativa:
-Sete de Ouro, um burrinho já idoso é escolhido para servir de montaria num transporte de gado.
-Um dos vaqueiros, Silvino , está com ódio de Badu , que anda namorando a moça de quem Silvino
gostava .
-Corre a boato entre os vaqueiros, de que Silvino pretende vingar-se do rival. De fato Silvino atiça
um touro e o faz investir contra Badu que , porém, consegue dominá-lo.
-A caminho de volta, este , Badu , é o último a sair do bar e tem que montar no burro.
-Na travessia do Córrego da Fome, que pela cheia transformara-se em rio perigoso , vaqueiros e
cavalos se afogam .
-"Sete de Ouros", burro velho e desacreditado , personifica a cautela, a prudência e a muito mineira
noção de que nada vale lutar contra a correnteza.
Personagens :
-Maria Rita
-Major Anacleto
-Oscar
Narrativa :
-Volta e encontra a mulher (Maria Rita) amasiada com Ramiro um espanhol que lhe emprestrou um
dinheiro para a viagem
-Pede ajuda a Oscar, filho do Major Anacleto, que lhe arranja um emprego de cabo eleitoral na
campanha do Major.
3 - SARAPALHA
Personagens :
-Jiló - cachorro
Narrativa:
-As pessoas abandonam o povoado deixando tudo para trás, as que não se vão morrem
-Ribeiro começa lembrar da esposa (que era sua prima Luísa) que fugiu com um boiadeiro
-Argemiro amava a mulher do primo e desejava ter sido ele a fugir com ela
-Argemiro confessa ao primo que amava sua mulher e foi morar com eles por causa dela
4 DUELO
Personagens:
-Turíbio Todo
-Cassiano Gomes
-Timpim Vinte-e-um
Narrativa:
-Turíbio quer vingar-se mas mata por engano o inocente irmão de Cassiano
-Cassiano morre do coração, por ter exigido demais de si mesmo durante a perseguição
-Antes de morrer contrata os serviços de um caboclo que lhe devia favores, um tal Timpim Vinte-e-
um
-Ao voltar de São Paulo, acompanhado por um sujeito franzino, ansioso para rever a mulher é
assassinado pelo acompanhante que ero o próprio Timpim que o acompanhava para ter certeza da
identidade da vítima.
5 - MINHA GENTE
Mesmo contendo os elementos usuais dos outros contos analisados até aqui, este conto difere no
foco narrativo ena linguagem utilizada nos demais. O autor utiliza uma linguagem mais formal, sem
grandes concessões aos coloquialismos e onomatopéias sertanejas. Alguns neologismos aparecem:
suaviloqüência, filiforme, sossegovitch, sapatogorof - mas longe da melopéia vaqueira tão gosto do
autor. A novidade do foco narrativo em primeira pessoa faz desaperecer o narrador onisciente
classíco, entretanto quando a ação é centrada em personagens secundárias - Nicanor, por exemplo -
a oniscência fica transparente. É um conto que fala mais do apego à vida, fauna, flora e costumes de
Minas Gerais que de uma história plana com princípios, meio e fim. Os "causos" que se entrelaçam
para compor a trama narrativa são meros pretextos para dar corpo a um sentimento de integração e
encantamento com a terra natal.
Personagens:
-Doutor: O narrador é o protagonista. Só sabemos que é um "Doutor" por intermédio da fala de José
Malvino, logo no início da narrativa: "( Se o senhor doutor está achando qlguma boniteza..."), fora
isso, nem mesmo seu nome é mencioando.
-Santana: Inspetor escolar intinerante. Bonachão e culto. Tem memória prodigiosa. É um tipo de
servidor público facilmente encontrável.
-José Malvino: Roceiro que acompanha o protagonista na viagem para a fazendo do Tio Emílio.
Conhece os caminhos e sabe interpretar os sinais que neles encontra. Atencioso, desconfiado,
prestitavo e supersticioso.
-Tio Emílio: Fazendeiro e chefe político, para ele é uma forma de afirmação pessoal. É a satisfação
de vencer o jogo para tripudiar sobre o adversário.
-Maria Irma: Prima do protagonista e primeiro objeto de seu amor. É inteligente, determinada,
sibilina. Elabora um plano de ação e não se afasta dele até atingir seus objetivos. Não abre seu
coração para ninguém, mas sabe e faz o que quer.
Narrativa :
-O protagonista-narrador vai passar uma temporada na fazenda de seu tio Emílio, no interior de
Minas Gerais.
- Na viagem é acompanhada por Santana, inspetor escolar, e José Malvino. na fazenda, seu tio está
envolvido em uma campanha política.
-O narrador testemunha o assassinato de Bento Porfírio, mas o crime não interfere no andamento da
rotina da fazenda.
-O narrador tenta conquistar o amor da prima Maria Irma e acaba sendo manipulado por ela e
termina casando-se com Armanda, que era noiva de Ramiro Gouvea.
oa do vaqueiro que buscava uma rês desgarrada e que provocara os marinbondos contra dois
ajudantes;
6 SÃO MARCOS
Personagens :
-José Narrador
Narrativa:
-Um dia caminhando pela mata encontra Aurísio Manquitola. Os dois comentam sobre a “Oração de
São Marcos” que é capaz de atrair coisas ruins. Aurísio para provar esta teoria conta alguns causos :
Gestal da Gaita : Silvério teve de pernoitar com Gestal. Gestal reza a Oração e parte para cima de
Silvério com uma peixeira, Silvério desvia e Gestral começa a subir pelas paredes até bater a cabeça
no teto e cair no chão sem lembrar de nada.
Tião Tranjão : Amigado de mulherzinha; espezinhado por Cypriano que era amante de sua amásia.
Gestal da Gaita com dó ensina a oração a Tião. Tião é acusado de ofender Filipe Turco e na cadeia
apanha dos policiais. A meia-noite Tião reza a oração e consegue escapar, ir para casa e bater na
amante, no amante da amante e quebrar a casa toda.
-José, depois deste enontro com Aurísio, continua andando e se lembra da história dos bambus :
José troca poesias com um “Quem-Será?”, usando os nós dos bambus para deixar as mensagem
para seu interlocutor anônimo, chamado por ele de “Quem será?”
-José segue caminhando pela floresta, descansa debaixo de uma árvore e repentinamente fica cego.
-Caminha desesperado pela mata e resolve rezar a oração de São Marcos. Feito isso deixa a floresta
e chega a cabana de Mangolô descobrindo que este fizera um feitiço para deixa-lo cego a fim de lhe
ensinar respeito.
-José ameaça matar o velho , mas volta a enxergar e resolve ter mais respeito pelo velho feiticeiro.
7 - CORPO FECHADO
Personagens:
-Mane Fulô
-Targino o Valentão
Narrativa:
-O narrador , médico num vilarejo do interior , é convidado por Mané Fulô, para ser padrinho de
casamento.
-Mané detesta qualquer tipo de trabalho e passa o tempo a contar histórias para o doutor: de
valentões; de ciganos que ele, Mané, teria ludibriado na venda de cavalos; de sua rivalidade com
Antonico das Pedras, o feiticeiro.
-Mané possui um cavalo, Beija- Fulô, e Antonico é dono de uma bela sela mexicana; cada um dos
dois gostaria muito de adquirir a peça complementar.
-Aparece Targino o valentão do lugar, e anuncia cinicamente que vai passar a noite antes do
casamento com a noiva de Mané.
-Este fica desesperado, ninguém pode ajudá-lo, pois Targino domina o lugarejo.
-Aparece então Antonico e propõe um trato a Mané : vai "fechar-lhe o corpo, mas exige em
pagamento o cavalo.
-O casamento realiza-se sem problema e Mané Fulô assume o posto de valentão, por Ter matado
Targino apenas com uma faquinha.
8 - CONVERSA DE BOIS
O conto Conversa de Bois está inserido entre aqueles que compõem o primeiro livro do autor: é o
penúltimo entre os nove contos que se encontram em SAGARANA, livro publicado em 1946. A
marca roseana de contador de "causos" aparece logo no primeiro parágrafo: "Que já houve um
tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e discutível, pois que bem
comprovado nos livros das fadas carochas ( ..) "
Personagens:
-Os Bois : Buscapé, Namorado, Capitão, Brabagato, Dansador, Brilhante, Realejo e Canindé
Narrativa:
-O fato começou na encruzilhada de Ibiúva, logo após a cava do Mata-Quatro, em plena manhã, por
volta das dez horas
-Temos um carro de boi com um guia, ainda criança, Tiãozinho, e o carreador Agenor Soronho
levando uma carga de rapadura para a vila.
-Sobre a preciosa carga, um defunto a ser enterrado, o pai de Tiãozinho que falecera naquele manhã.
Velho, doente e entrevado, assistia à mulher em agrados com Soronho, seu amante, não tendo com
ele próprio nenhuma paciência. Seu filho Tiãozinho é que lhe dava comida na boca.
-Ao menino, Soronho também tratava com dureza e o moleque chega a desejar a morte do carreiro.
-Enquanto andam, os bois falam entre si, intercalando-se às falas dos humanos.
-Um dos bois parece incorporar-lhe o espírito, entende seu desejo a dispara, derrubando o carreiro
que cochilava e passando com as rodas sobre o seu pescoço, matando-o...
9 - A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
Pela estrutura narrativa, pela riqueza de sua simbologia e pelo tratamento exemplar concedido à luta
entre o bem e o mal e às angústias, que essa luta provoca em cada homem durante toda a vida , este
conto é considerado o mais importante de Sagarana.
Personagens :
-Joãzinho Bem-Bem
Narrativa :
-Nhô Augusto é o maior valentão de todo o lugar, gosta de briga e de deboche, tira as namoradas e
mulheres de outros, não se preocupa nem com sua mulher nem com sua filha e deixa sua fazenda
arruinar-se,
-Um dia sobrevém o castigo : A mulher o abandona, seus capangas, mal pagos, põem-se a serviço
de seu maior inimigo, Major Consilva.
-Nhõ Augusto vai até a fazenda do Major para vingar-se, mas os capangas do Major o espancam,
marcam sua nádega direita com o ferro quente de marcar o gado do Major e o jogam numa valeta
crendo que ele já estava morto.
-Todo ferido, é encontrado por um casal de pretos que o tratam; aos poucos se restabelece.
-Matraga começa, então uma vida penitência, com os velhinhos vai longe até um lugarejo bem
afastado e lá trabalha duramente de manhã a noite, é manso servidor para todo mundo, reza e se
arrepende de sua vida anterior.
-Um dia , passa o bando do destemido jagunço Joãozinho Bem- Bem, que é hospedado por Matraga
com grande dedicação.
-Quando o chefe dos jagunços lhe faz a proposta de integrar-se à tropa e receber ajuda deles,
Matraga vence a tentação e recusa. Quer ir para o céu, "nem que seja a porrete" , e sonha com um
"Deus valentão" .
-Um dia, já recuperada a sua força, despede-se dos velhinhos. Chega a um lugarejo onde reencontra
o bando de Joãozinho Bem- Bem, prestes a executar uma cruel vingança contra a família de um
assassino que fugira.
-Augusto Matraga opõe-se ao chefe dos jagunços. No duelo ambos se matam. Nessa hora , Nhõ
Augusto é identificado por seus antigos conhecidos.
Espaço :
Rala Coco , onde encontra sua hora e vez, duelando com Joãozinho Bem- Bem.