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São Paulo
2006
GUILHERME DE PAULA GALDIANO
Área de Concentração:
Engenharia Química
Orientador:
Prof. Livre-Docente
Gil Anderi da Silva
São Paulo
2006
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.
Assinatura do autor________________________________
Assinatura do orientador____________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
The life cycle assessment (LCA) is a tool for the environmental management
which identifies its aspects and evaluates its environmental impacts related to the
products during its whole life cycle. In other words, a cycle that goes from cradle to
grave. The life cycle begins when all the required resources (material or energetic) to
manufacture a certain product are extracted from the nature and it ends after
accomplishing its function, returning to the environment.
Due to the amount of data to be collected, a study of the life cycle assessment
is only viable in case there is a national data base available formed by inventories of
the main input used by the society, such as raw material, energy, and so on. These
inventories have a regional and representative character, allowing new studies to be
fuller, more reliable and easier to be concluded.
The LCA has taken on a world wise importance. Brazil has been improving
its competence and usage of such technique. The GP2 – Preventing Pollution Group
from the Chemical Engineering Department of Escola Politécnica at USP – has as its
primal objective the contribution to an improvement of necessary Human Resources
and the consolidation of the LCA usage. In this manner, GP2 activities have to be
focused on a data base construction, which should be compulsorily adequate to the
regional conditions.
The present study is inserted in such line of research and has as its purpose
the elaboration on a Life Cycle Inventory (LCI) for the offset paper made in Brazil.
The offset paper belongs to the printing paper category and, lately, represents the
most used type of paper in this country.
The result of such study consists in a solid inventory of the environmental
aspects considered meaningful for wood production, cellulose extraction, offset
paper manufacture and other related subsystems under typical predominant
technological conditions in Brazil.
The quality of this study is significantly related to the production chain of the
offset paper, which was based mainly on primary data. The results of this study
showed to be coherent to the ones achieved in a Chilean study, even though they
were partial results. A more refined analysis on the pursued results in the study,
based on international researches, isn’t necessary, considering the technological
differences and raw material used in the paper life cycle in other countries.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Gil Anderi da Silva, orientador deste estudo, não apenas pelo
seguro norte, mas também pela oportunidade, incentivo e confiança depositada na
minha pessoa e na realização do meu projeto de estudo.
À Cia Suzano de Papel e Celulose, representada pelos Srs. Marcos A.
Cordeiro, Augusto F. Milanez, Jose Luiz Gava e José Luciano Batista Ungari; à
International Paper do Brasil Ltda, representada pelos Srs. Flavio Tesser, Wanderlei
Perón, Luis C. Pereira, Wanderlei Perón, Robson Laprovitera, Edson Eduardo e Sra.
Marina Freitas; à Votorantin Celulose e Papel S.A., representada pelos Srs. Paulo
Cassim e Paulo Rogério Camargo, pela colaboração com o fornecimento de
informações técnicas necessárias à realização do presente estudo.
Aos funcionários das empresas e institutos que gentilmente colaboraram com
seus conhecimentos: Srs. Mario Seixas, Justino M. Rufino e Sérgio Luiz Zegaib da
Imerys do Brasil Mineração Ltda.; Sras. Marcela Trecenti Capoani e Danielle C.
Polowski da Lwarcel Celulose e Papel Ltda.; Sra. Regina Kawai e Sr. César Leporini
da Degussa Brasil; Sras. Cristiane Neri Boaventura, Simoni de Almeida Pinotti, Srs.
Antonio L. Monteiro e Wagner Rodrigues da Carbocloro S.A. Inds. Químicas; Sra.
Mirna Miyoco Bartilotti da Solvay Química Ltda.; Sr. João Humberto Sumere da
CESTESB - unidade de Limeira, Sr. Reginaldo Campos de Souza da CADAM -
Caulim da Amazônia S.A. e Sra. Silvana Porto da ABAM - Associação Brasileira de
Produtores de Amido de Mandioca.
Ao amigo Prof. Dr. Luis Alexandre Kulay, pela atenção, comentários e
sugestões que contribuíram muito para a melhoria deste estudo.
À Sra. Marlene Aparecida do Centro de Informações da BRACELPA, pelo
interesse pelo tema e prestatividade em colaborar.
Aos membros do GP2 - Grupo de Prevenção da Poluição do Departamento de
Engenharia Química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, pelo
incentivo e valioso apoio durante todo o período de trabalho, principalmente aos
amigos: Marcelo Viana, Rita de Cássia, Fúlvia Borges, Paulo Henrique, André
Camargo, Fernanda Vianna, Alexandre Yokote, Flávio Miranda e Yuki Kabe.
À bibliotecária Sra. Maria Lucia Adamo Attar pelo auxílio durante todo meu
período no departamento.
À todos os professores e funcionários do departamento, em particular à Prof.a
Dr.a Patrícia Helena Lara dos Santos Matai e Prof.a Dr.a Isabel Correia Guedes, pela
amizade, colaboração e simpatia. Aos colegas de trabalho: Paulo Renato, Isabella
Pacífico, Rocio Bendezú, Luis Palomino pelo companheirismo.
À minha família, em especial à minha querida mãe Irene Gouvêa e irmãos
pelo apoio incondicional.
À todos que tenham um sonho e acreditem em sua realização, por mais
complicado que se possa parecer.
Esta pesquisa foi viabilizada pelo suporte financeiro, ainda que parcial, do:
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
“Quando plantamos novas árvores, plantamos também as sementes da paz”
Wangari Maathai
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ELEMENTOS E COMPOSTOS QUÍMICOS
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 0
2. OBJETIVO ............................................................................................... 5
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................... 6
3.1. Estado da arte da avaliação do ciclo de vida.................................................... 6
3.1.1. Conceitos................................................................................................... 6
3.1.2. História da avaliação do ciclo de vida....................................................... 7
3.1.3. Os usos da ferramenta de avaliação do ciclo de vida.............................. 10
3.1.4. Abordagem holística ............................................................................... 12
3.1.5. Padronização internacional ..................................................................... 13
3.1.6. Softwares para avaliação do ciclo de vida .............................................. 15
3.1.7. Metodologia ............................................................................................ 16
3.1.7.1. Definição de objetivo e escopo ........................................................ 17
3.1.7.1.1. Objetivo do estudo .................................................................... 17
3.1.7.1.2. Escopo do estudo ...................................................................... 17
3.1.7.2. Análise do inventário do ciclo de vida............................................. 28
3.1.7.2.1. Preparação para coleta de dados ............................................... 31
3.1.7.2.2. Coleta de dados ......................................................................... 31
3.1.7.2.3. Tratamento dos dados ............................................................... 32
3.1.7.3. Avaliação do impacto do ciclo de vida ............................................ 33
3.1.7.4. Interpretação dos Resultados ........................................................... 37
3.2. Cenário atual do setor florestal ...................................................................... 37
3.2.1. As florestas no Brasil .............................................................................. 37
3.2.2. A importância do setor florestal.............................................................. 40
3.3. Panorama geral do setor de papel e celulose.................................................. 42
3.3.1. A indústria de papel e celulose................................................................ 42
3.3.1.1. Produtos e tipos de fábricas ............................................................. 42
3.3.1.2. O eucalipto e o projeto genolyptus................................................... 44
3.3.1.3. O setor de papel e celulose brasileiro............................................... 46
3.3.1.4. A indústria brasileira no contexto mundial ...................................... 52
3.3.2. As categorias de papel fabricadas ........................................................... 55
3.4. O papel offset ................................................................................................. 59
3.4.1. Processos de extração da celulose e produção do papel ......................... 62
3.4.2. Subsistema produção da madeira ............................................................ 65
3.4.2.1. Subsistema transporte da madeira.................................................... 73
3.4.3. Subsistema extração da celulose ............................................................. 73
3.4.3.1. Processos de preparação de pasta celulósica.................................... 74
3.4.3.2. Branqueamento de pastas químicas ................................................. 87
3.4.4. Subsistema recuperação química ............................................................ 93
3.4.5. Subsistema fabricação do papel ............................................................ 105
3.4.6. Subsistema tratamento de efluentes ...................................................... 113
3.4.7. Principais aspectos ambientais.............................................................. 117
3.4.7.1. Cultura do eucalipto ....................................................................... 117
3.4.7.2. Produção do papel .......................................................................... 119
3.4.8. Subsistema energia................................................................................ 137
3.4.9. Subsistema carbonato de cálcio precipitado ......................................... 139
3.4.10. Subsistema clorato de sódio ................................................................ 145
3.4.11. Subsistema dióxido de cloro ............................................................... 148
3.4.12. Subsistema soda cáustica .................................................................... 153
3.4.13. Subsistema peróxido de hidrogênio .................................................... 164
3.4.14. Subsistema ácido sulfúrico.................................................................. 168
4. ELABORAÇAO DO INVENTÁRIO ...................................................... 171
4.1. Metodologia ................................................................................................. 171
4.1.1. Objetivo do estudo ................................................................................ 171
4.1.1.1. Critérios empregados na escolha do tipo de papel a ser inventariado
..................................................................................................................... 172
4.1.2. Escopo do estudo .................................................................................. 174
4.1.2.1. Sistema de produto......................................................................... 174
4.1.2.2. Função do produto ......................................................................... 175
4.1.2.3. Unidade funcional .......................................................................... 175
4.1.2.4. Sistema de produto......................................................................... 175
4.1.2.5. Fronteiras do sistema de produto ................................................... 178
4.1.2.6. Procedimentos de alocação ............................................................ 181
4.1.2.7. Tipos de impacto e metodologia de avaliação de impacto e
interpretação subseqüente a ser usada......................................................... 181
4.1.2.8. Requisitos da qualidade dos dados iniciais .................................... 181
4.1.2.9. Tipo de análise crítica .................................................................... 182
4.1.3.0. Tipo e formato do relatório requerido para o estudo...................... 182
4.1.3. Análise do inventário do ciclo de vida.................................................. 182
4.1.3.1. Inventário para o subsistema produção da madeira ....................... 184
4.1.3.1.1. Inventário para o subsistema transporte da madeira ............... 187
4.1.3.2. Inventário para o subsistema extração da celulose ........................ 189
4.1.3.3. Inventário para o subsistema recuperação química........................ 194
4.1.3.4. Inventário para o subsistema fabricação de papel offset................ 196
4.1.3.5. Inventário para o subsistema tratamento de efluentes.................... 198
4.1.3.6. Inventário para o subsistema energia ............................................. 199
4.1.3.7. Inventário para o subsistema carbonato de cálcio precipitado....... 203
4.1.3.8. Inventário para o subsistema clorato de sódio ............................... 206
4.1.3.9. Inventário para o subsistema dióxido de cloro............................... 208
4.1.4.0. Inventário para o subsistema soda cáustica.................................... 210
4.1.4.0.1. Inventário para o subsistema transporte do sal marinho ......... 212
4.1.4.1. Inventário para o subsistema peróxido de hidrogênio.................... 216
4.1.4.2. Inventário para o subsistema ácido sulfúrico ................................. 218
4.1.4. Inventário consolidado para o ciclo de vida do papel offset................. 223
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...................................................... 228
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................. 229
ANEXOS .................................................................................................. 233
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 268
GLOSSÁRIO............................................................................................ 281
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1: Matriz de bancos de dados do ICV, por situação dos projetos e classes
controladoras (adaptado de NORRIS e NOTTEN, 2002)............................................ 8
Tabela 2: Estrutura ISO consensualmente aceita para a ACV (adaptado de MENDES,
2004) .......................................................................................................................... 14
Tabela 3: Principais Softwares disponíveis para a realização de ACV (adaptado de
CURRAN et al., 2003 e PÅLSSON, 1998) ............................................................... 16
Tabela 4: Tipos de fibras (ABTCP, 2002) ................................................................. 43
Tabela 5: Rede Nacional de Pesquisa Genômica do Eucalipto (SUGIMOTO, 2002)45
Tabela 6: Áreas certificadas no Brasil (SANTANA, 2004)....................................... 46
Tabela 7: Custos de produção estimados por tonelada da celulose de mercado Kraft
de fibra curta branqueada (Hawkings Wright apud VCP, 2002) ............................... 48
Tabela 8: Celulose - Maiores produtores e suas participações na produção nacional
(BRACELPA, 2002) .................................................................................................. 49
Tabela 9: Papel - Maiores fabricantes e suas participações na produção nacional
(BRACELPA, 2002) .................................................................................................. 50
Tabela 10: Desempenho setor de celulose (BRACELPA, 2003)............................... 51
Tabela 11: Desempenho setor de papel (BRACELPA, 2003) ................................... 51
Tabela 12: Produção nacional de pastas celulósicas, em toneladas (adaptado de
AUSTIN SETORIAL, 2003) ..................................................................................... 52
Tabela 13: Produção nacional de papel, em toneladas (adaptado de AUSTIN
SETORIAL, 2003) ..................................................................................................... 52
Tabela 14: Comércio internacional de celulose e pastas de mercado por regiões, em
milhões de toneladas (VALENÇA e MATTOS, 2003b) ........................................... 54
Tabela 15: Produção brasileira de papel offset em 2002 (BRACELPA, 2002)......... 61
Tabela 16: Consumo de defensivos agrícolas por países (SINDAG, 2003) .............. 68
Tabela 17: Quantidade média de nutrientes aplicados no plantio florestal do eucalipto
(GAVA, 2004)3 .......................................................................................................... 69
Tabela 18: Adubação utilizada nos plantios florestais da International Paper Ltda.
(MENEGOL, 2005) ................................................................................................... 70
Tabela 19: Sistema de digestão da celulose dos fabricantes de papel offset
(SUMERE, 2005; INTERNATIONAL PAPER DO BRASIL Ltda., 2005 e KULAY,
2004) .......................................................................................................................... 82
Tabela 20: Notação dos estágios de branqueamento (adaptado de BRACELPA, 2002)
.................................................................................................................................... 90
Tabela 21: Aspectos ambientais da produção de papel, empregando o processo Kraft
(USEPA, 2002) ........................................................................................................ 120
Tabela 22: As principais fontes de poluentes e as medidas de controle interno
adotadas (CETESB, 1990) ....................................................................................... 122
Tabela 23: Principais emissões atmosféricas nas várias etapas do processo sulfato
(UNEP, 1980 apud TECLIM, 2004)........................................................................ 124
Tabela 24: Emissões por tipo de fonte (adaptado de CPRH e GTZ, 1998) ............. 127
Tabela 25: Composição qualitativa de emissões atmosféricas (CPRH e GTZ, 1998;
CETESB, 1990) ....................................................................................................... 127
Tabela 26: Emissões típicas de TRS (kgS/tsa) em fábricas com processo Kraft de
polpação química (ABTCP, 1995)........................................................................... 128
Tabela 27: Concentrações e fatores de emissão típicos de SOx e NOx por fontes no
processo Kraft (CPRH e GTZ, 1998; ABTCP, 1995).............................................. 128
Tabela 28: Valores referenciais de emissões por fontes (CPRH e GTZ, 1998)....... 129
Tabela 29: Pontos de geração de efluentes líquidos (adaptado de CPRH e GTZ,
1998) ........................................................................................................................ 130
Tabela 30: Principais tipos de resíduos por fonte (adaptado de CPRH e GTZ, 1998)
.................................................................................................................................. 136
Tabela 31: Resíduos sólidos de um fabricante de papel offset (SILVA; QUADROS,
2000 e LISBÃO, 1994) ............................................................................................ 137
Tabela 32: Geração de energia elétrica no Brasil em 2000 (MME, 2002 apud
COLTRO; GARCIA; QUEIROZ, 2003) ................................................................. 139
Tabela 33: Fornecedores de carbonato de cálcio precipitado para as indústrias
nacionais de papel e celulose (adaptado de ABIQUIM, 2004)................................ 141
Tabela 34: Matérias-primas para a produção de clorato de sódio (EKA CHEMICALS
DO BRASIL S.A., 2004) ......................................................................................... 148
Tabela 35: Rejeitos gerados na produção de clorato de sódio e a forma de controle
adotada (EKA CHEMICALS DO BRASIL S.A., 2004) ......................................... 148
Tabela 36: Balanço material do processo SVP-LITE e SVP-SCW para produção de
dióxido de cloro (MILANEZ, 2004)........................................................................ 152
Tabela 37: Fornecedores de soda caústica para as indústrias nacionais de papel e
celulose (ABIQUIM, 2004) ..................................................................................... 155
Tabela 38: Fornecedores de ácido sulfúrico para as indústrias nacionais de papel e
celulose (adaptado de ABIQUIM, 2004) ................................................................. 169
Tabela 39: Aplicação de critérios na escolha da categoria e tipo de papel (adaptado
de BRACELPA, 2002)............................................................................................. 172
Tabela 40: Subsistemas considerados e excluídos na elaboração do ICV do papel
offset......................................................................................................................... 178
Tabela 41: Parâmetros típicos para o processo Kraft de polpação da celulose
(PECE/USP, 2005)................................................................................................... 184
Tabela 42: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema produção florestal,
baseado na produção de 1 tonelada de papel offset ................................................. 186
Tabela 43: Distâncias médias das áreas florestais aos principais fabricantes de papel
offset (CORNACCHIONI, 2003; IPAPER, 2006; VCP, 2002) .............................. 187
Tabela 44: Inventário dos aspectos ambientais do transporte da madeira de área
florestal à indústria de papel offset, relativo a 7000 t.km (PRÉ CONSULTANTS,
2003) ........................................................................................................................ 188
Tabela 45: Sequência de branqueamento adotada pelos fabricantes de papel offset
considerados no estudo (SUMERE, 2005; IPAPER, 2005; KULAY, 2004)........... 189
Tabela 46: Consumos específicos de energia térmica e eletricidade dos estágios de
produção de papel e celulose (EWING, 1985 apud BAJAY; BERNI; LIMA, 2005)
.................................................................................................................................. 191
Tabela 47: Estimativa de perdas de fibras em unidades de processo (adaptado de
PECE/USP, 2005) .................................................................................................... 192
Tabela 48: Inventário dos aspectos ambientais consolidado para os subsistemas
extração e branqueamento da celulose, baseado na produção de 1 tonelada de papel
offset......................................................................................................................... 193
Tabela 49: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema recuperação
química do processo Kraft, baseado na produção de 1 tonelada de papel offset ..... 195
Tabela 50: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema fabricação do papel
offset......................................................................................................................... 197
Tabela 51: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema estação de
tratamento de efluentes, baseado em 1 tonelada de papel offset produzida............. 199
Tabela 52: Consumo específico de água, vapor e energia de um fabricante nacional
de papel offset .......................................................................................................... 199
Tabela 53: Inventário do ciclo de vida para 1.000 MJ (1GJ) de eletricidade gerada e
distribuída no Brasil em 2000 (COLTRO; GARCIA; QUEIROZ, 2003) ............... 202
Tabela 54: Fornecedores de carbonato de cálcio precipitado para os fabricantes de
papel offset (adaptado de IMERYS, 2005) .............................................................. 204
Tabela 55: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de carbonato de
cálcio precipitado ..................................................................................................... 206
Tabela 56: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de clorato de sódio
(EKA CHEMICALS/AKZO NOBEL, 2005) .......................................................... 207
Tabela 57: Processos comerciais para a obtenção de dióxido de cloro (adaptado de
MILANEZ, 2004) .................................................................................................... 208
Tabela 58: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de dióxido de
cloro, pelo processo SVP-Lite (adaptado de MILANEZ, 2004).............................. 209
Tabela 59: Fornecedores de soda cáustica para as indústrias de papel offset
consideradas no estudo (CARBOCLORO, 2005 e SUZANO, 2005)...................... 211
Tabela 60: Inventário dos aspectos ambientais do transporte marítimo de 3000 t.km
(adaptado de PRÉ-CONSULTANTS, 2003 apud BORGES, 2004)........................ 213
Tabela 61: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de soda cáustica
pela tecnologia de diafragma (adaptado de BORGES, 2004).................................. 215
Tabela 62: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de soda cáustica
pela tecnologia de mercúrio (adaptado de BORGES, 2004).................................... 216
Tabela 63: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de peróxido de
hidrogênio (HISCHIER, R.; KUNST, H., 2004) ..................................................... 217
Tabela 64: Fornecedores de ácido sulfúrico para os principais fabricantes de papel
offset (GALVANI, 2005; ELEKEIROZ, 2005; NITROQUIMICA, 2005)............. 219
Tabela 65: Inventário dos aspectos ambientais da produção de 1 t de ácido sulfúrico
pelo processo DA/DC (KULAY, 2004)................................................................... 221
Tabela 66: Balanço energético do subsistema produção de ácido sulfúrico (KULAY,
2004) ........................................................................................................................ 222
Tabela 67: Inventário consolidado para a produção de 1 t de papel offset .............. 223
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ca Cálcio
Ca(ClO)2) Hipoclorito de cálcio
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio
CaCO3 Carbonato de cálcio
CaO Óxido de cálcio
(CH3)2H Dimetil sulfeto
(CH3)2S2 Dimetil dissulfeto
CH3SH Metil mercaptana
CH4 Metano
Cl Cloro
ClO2 Dióxido de cloro
ClO3- Compostos clorados inorgânicos
CO Monóxido de carbono
CO2 Dióxido de carbono
H2O Água
H2O2 Peróxido de hidrogênio
H2S Sulfeto de hidrogênio
HClO Ácido hipocloroso
K Potássio
K2O Óxido de potássio
Mg Magnésio
Na Sódio
Na2CO3 Carbonato de sódio
Na2S Sulfeto de sódio
NaClO Hipoclorito de sódio
NaOH Hidróxido de sódio
N Nitrogênio
N2 Nitrogênio molecular
N2O Óxido nitroso
NO2 Dióxido de nitrogênio
NOx Óxidos de nitrogênio
NPK %N - %P2O5 - %K2O
O2 Oxigênio molecular
P Fósforo
P2O5 Anidrido fosfórico
S Enxofre
SO2 Dióxido de enxofre
SO3 Trióxido de enxofre
SOx Óxidos de enxofre
0
1. INTRODUÇÃO
Um dos postulados básicos do pensamento econômico da sociedade industrial
até pouco tempo, foi a imagem de um fluxo unidirecional, com duas extremidades:
recursos infinitos em uma das pontas e um depósito de dimensões também infinitas,
para receber todo o tipo de resíduos no outro extremo. Esta é a razão pela qual, não
se considerava errado consumir indefinidamente os recursos, em particular os não-
renováveis e produzir cada vez mais rejeitos, sejam para o ar, água ou solo.
Nas últimas décadas, a questão ambiental vem adquirindo importância
crescente nas atividades realizadas pelo homem e a sociedade tem se mostrado, cada
vez mais, preocupada em como tratar esta situação. Hoje, uma empresa que ignora a
relevância dos danos que suas atividades podem causar ao meio ambiente, está
determinando os limites de sua existência.
A conscientização de que esta forma de produção não é mais sustentável,
passa a ser encarada pela sociedade como uma realidade contraditória a um modelo
de desenvolvimento equilibrado, em harmonia com o meio ambiente e que respeite
as necessidades das gerações futuras.
Frente a esta realidade, o homem necessita repensar seus conceitos de
desempenho econômico e seu comportamento em relação ao meio ambiente, através
de uma análise mais apurada dos efeitos que os produtos e seus processos de
fabricação podem causar no meio ambiente, das necessidades reais dos consumidores
para sua sobrevivencia, além de questionar a geração de rejeitos, os desperdícios dos
recursos naturais, a globalização dos danos ambientais, refletir a cerca das
desigualdades sociais e encarar mudanças para poder reverter o atual e complexo
quadro de degradação do meio ambiente.
Nos dias atuais, o desempenho econômico de um negócio é associado
intimamente ao seu desempenho social e ambiental. O desempenho ambiental é de
notável importância para as empresas, sendo representado pelas boas práticas
industriais voltadas à prevenção da poluição.
A Prevenção à Poluição (Pollution Prevention), assim como várias outras
práticas similares ou mesmo complementares, como por exemplo, a Produção mais
Limpa (Cleaner Production), as Tecnologias Limpas (Clean Technologies), a
Redução na Fonte (Source Reduction) e a Minimização de Resíduos (Waste
1
Minimization), têm sido empregadas amplamente por todo o mundo, com vistas à
redução ou eliminação de rejeitos ou poluentes (em volume, concentração e
toxicidade) na fonte geradora. Para que isto seja atingido, devem ser desenvolvidas
ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação e uso eficiente dos
recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes em
matérias-primas ou produtos intermediários) e a minimização da quantidade dos
rejeitos gerados por meio de seu reaproveitamento.
As interferências humanas no meio ambiente, de uma maneira geral,
representadas por atividades econômicas, provocam alterações nos ciclos
biogeofísicos, desencadeando impactos ambientais na geração de bens e serviços,
providos por recursos renováveis ou não-renováveis do ecossistema.
O desenvolvimento sustentável requer métodos e ferramentas para auxiliar na
quantificação e comparação de impactos ambientais das atividades humanas no
provimento de bens e serviços para a sociedade. Estes bens e serviços podem ser
resumidos pelo termo produtos, que são criados e utilizados para completar uma
necessidade, atual ou apercebida, da sociedade (REBITZER et al., 2004).
Todo produto tem uma vida, que inclui a extração dos recursos naturais,
passando pelo processamento, manufatura, uso ou consumo, pós-consumo
(reaproveitamento e reciclagem) e disposição final. O conceito de vida de um
produto, que é usualmente referido como o seu ciclo de vida, no qual se inclui a
interação entre as diversas etapas de sua vida. Todas as etapas da vida de produto
interagem com o meio ambiente provocando impactos ambientais, devido à extração
de recursos naturais e a geração de rejeitos.
A busca por um modelo de desenvolvimento sustentável que seja capaz de
conservar e proteger o meio ambiente é um desafio a ser enfrentado pela sociedade e
principalmente, pelos tomadores de decisão, no momento em que a capacidade de
consumo de recursos mostra-se superior à capacidade de reposição natural.
Um primeiro passo nesse sentido foi a mudança do foco das empresas com
relação à sua gestão ambiental. Por meio de uma nova abordagem, o desempenho
ambiental das empresas passa a considerar não só seu processo de produção, mas
toda a cadeia produtiva e de suprimentos. Este novo modelo é conhecido atualmente
como foco sobre o produto.
2
2. OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é a elaboração do Inventário do Ciclo de Vida
(ICV) do papel offset produzido no Brasil. Este inventário consiste em uma base de
dados nacional para compor o banco de dados brasileiro de Avaliação de Ciclo de
Vida, projeto este que vem sendo executado pelo GP2 - Grupo de Prevenção da
Poluição do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP -
Universidade de São Paulo.
O ciclo de vida do papel offset consiste em uma série de estágios, que vão
desde o cultivo da muda de eucalipto até a manufatura do papel, envolvendo uma
série de processos que interagem com o meio ambiente. Por meio da coleta de dados,
este estudo elabora um inventário consolidado dos principais aspectos ambientais dos
estágios de produção da madeira de eucalipto, extração da celulose da madeira e seu
branqueamento, fabricação do papel offset, recuperação química, tratamento de
efluentes, entre outros estágios que se mostrarem significativos na elaboração do
inventário. Os recursos naturais, os insumos químicos, a energia requerida, bem
como as emissões para a atmosfera, os efluentes líquidos e resíduos sólidos gerados
em todo o ciclo de vida considerado são levantados, calculados ou estimados, com
base em critérios pré-definidos na metodologia do estudo.
O estudo pretende retratar a realidade nacional das etapas produtivas do papel
offset e, para isto, aproxima-se das condições tecnológicas típicas em que este
produto é fabricado.
6
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1.1. Conceitos
Segundo CHEHEBE (1998), a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma
técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados
a um produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada das matérias-primas
elementares que entram no sistema produtivo (berço) à disposição do produto final
(túmulo).
De acordo com CURRAN (1996), a ACV avalia os efeitos ambientais de
qualquer atividade desde a extração dos recursos materiais da terra (petróleo,
minérios, etc) até o momento em que todos estes materiais retornam a terra.
A UNEP (1996) define a ACV como o processo de avaliação dos efeitos que
um produto tem no meio ambiente sobre todo o seu ciclo de vida.
A ACV, em síntese, é uma ferramenta da gestão ambiental que identifica os
aspectos ambientais e avalia os impactos ambientais associados aos produtos,
durante todo o seu ciclo de vida, em outras palavras, “do berço ao túmulo” (da
expressão em inglês from cradle to grave). O ciclo de vida inicia-se quando todos os
recursos requeridos (sejam eles materiais ou energéticos) para a manufatura de
determinado produto são extraídos da natureza e finaliza-se após o cumprimento da
função pelo produto, retornando ao meio ambiente.
Para facilitar a leitura, as palavras apresentadas em itálico (que não forem da
língua inglesa) no decorrer do estudo, foram conceituadas no glossário presente no
final do documento.
7
Tabela 1: Matriz de bancos de dados do ICV, por situação dos projetos e classes
controladoras (adaptado de NORRIS e NOTTEN, 2002).
Situação dos projetos em 2002:
1
O Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (CB-38) é o organismo da ABNT responsável pela
publicação de Normas Brasileiras sobre Gestão Ambiental, representando o país na preparação de
9
normas internacionais sobre Gestão Ambiental, especialmente junto ao ISO, na preparação das
Normas da série ISO 14 000. (IVENS CONSULT, 2002)
10
3.1.7. Metodologia
A NBR ISO 14040 (2001) estabelece que a ACV deve incluir as seguintes
fases: definição do objetivo e do escopo, análise do inventário, avaliação de impacto
e interpretação de resultados, conforme mostrado na figura 1.
17
Estrutura da ACV
• Planejamento Estratégico
Análise do Interpretação
inventário • Elaboração de Políticas Públicas
• Marketing
• Outros
Avaliação de
impacto
Sistema de produto
Uma das questões mais importantes da etapa de definição de objetivos e
escopo é a definição do sistema de produto a ser estudado.
A NBR ISO 14041 (2004) define sistema de produto como um conjunto de
unidades de processo, conectadas por fluxos de produtos intermediários, que
desempenha uma ou mais funções definidas. Ainda segundo a norma, entende-se por
unidade de processo, a menor porção de um sistema de produto para a qual devem
ser coletados os aspectos ambientais na realização de uma Avaliação do Ciclo de
Vida.
Os sistemas de produto são subdivididos em um conjunto de unidades de
processo, conforme ilustrado na figura 2.
Fluxos Fluxos
elementares Unidade de elementares
de entrada processo de saida
Fluxos de produto
intermediário
se em conta que um estudo de ACV pode ser demasiadamente abrangente para não
se dizer interminável, mostra-se necessário adotar um modelo representativo.
O modelo representativo consiste em uma simplificação da realidade que seja
passível de análise. À medida que detalhes são acrescentados ao modelo, o sistema
de produto torna-se mais extenso, o que leva a um aumento da complexidade, do
tempo e dos recursos necessários à realização do estudo.
Este modelo consiste em um conjunto de unidades de processo, das quais é
realizado o levantamento qualitativo e quantitativo das correntes de matéria e energia
que são trocadas com o meio ambiente.
Função do produto
Segundo a NBR ISO 14040 (2001), o escopo de um estudo de ACV deve
especificar claramente a(s) função(ões) do produto sendo estudado.
Unidade funcional
A unidade funcional tem o propósito de fornecer uma base de referência para
relacionar as entradas e saídas do sistema de produto (NBR ISO 14040, 2001).
Meio Ambiente
Sistema de Produto
Produto
Subsistema
Unidade
de
Recursos Naturais Processo
(materiais e energéticos)
Rejeitos
(materiais e energéticos)
Fronteira geográfica
Segundo CURRAN (1996), a fronteira geográfica tem importância porque as
práticas industriais, exigências da legislação e os hábitos dos consumidores variam
em diferentes localidades (cidades, estados e países). A geografia é significativa em
estudos de ACV, pois as realidades físicas podem ser diferentes e os efeitos destas
variações podem afetar no resultado de uma ACV (por exemplo, enquanto a região
Amazônica é abundante em chuvas, o semi-árido nordestino sofre com o problema
da seca).
A fronteira geográfica pode ser associada às diferenças geográficas, ou seja,
características que podem variar de região para região, por exemplo, podem ser
representadas nas diferentes partes de um produto produzidas em diversas regiões do
mundo, na infra-estrutura (a produção da eletricidade, o gerenciamento dos rejeitos,
os sistemas de transporte, etc) e na sensibilidade do meio ambiente aos diversos
poluentes (TILLMANN e BAUMANN, 1995).
Segundo BURGESS e BRENNAN (2001), a fronteira geográfica do sistema
pode ser representada ao nível da organização, regional, nacional, continental ou
mundial.
Ainda conforme os autores, a diferenciação geográfica é freqüentemente
questionada quanto ao uso de fatores de equivalência para algumas categorias de
impacto da ACV. Enquanto esta diferenciação não é necessária para problemas
mundiais, como o aquecimento global, existe a sua necessidade para problemas
regionais ou locais, como a acidificação. Como exemplo, a acidificação pode resultar
em praticamente nenhum efeito sobre o meio ambiente, no caso de uma capacidade
de suporte alta (como no mar) ou em efeito muito significativo, quando em uma
capacidade de suporte baixa (como em uma área florestal).
22
Fronteira temporal
Os limites devem ser fixados não somente no espaço, mas também no tempo.
Segundo CURRAN (1996), a fronteira temporal também tem importância, pois as
práticas industriais, as exigências da legislação e os hábitos dos consumidores variam
com o tempo. Como os estudos de ACV requerem a coleta de uma grande quantidade
de dados, mostra-se necessário que os dados de cada operação sejam coletados em
um período de tempo considerado representativo.
As ACVs podem avaliar impactos ambientais para situações no passado, no
tempo presente ou na previsão de cenários futuros.
As limitações da fronteira temporal podem ser representadas, como exemplo,
por novas tecnologias, programa de conservação de energia ou novas
regulamentações para lançamentos industriais (CURRAN, 1996).
Procedimentos de alocação
Segundo BURGESS e BRENNAN (2001), a alocação é o ato de distribuir
proporcionamente a responsabilidade sobre os fluxos de consumo de recursos e
geração de rejeitos de um processo em seu ciclo de vida. Quando um ou mais
produtos de um sistema de produto em estudo são passíveis de comercialização ou
mesmo são usados em benefício de outro sistema, a alocação precisa ser realizada
para particionar suas cargas ambientais. A alocação de subprodutos para fluxos
múltiplos de saída de um sistema de produtos tem sido adotado como uma
23
- tecnologias cobertas;
Deve ser considerada a variação tecnológica, por exemplo, uma média dos
níveis tecnológicos empregados, a melhor tecnologia disponível ou a tecnologia
típica empregada.
De acordo com o nível de detalhes requerido pelo estudo, podem ser
considerados também os seguintes parâmetros:
- precisão;
Medida da variabilidade dos valores de cada categoria de dados, sendo
empregada, por exemplo, a variância.
- completeza;
Percentagem de dados primários em relação ao total de dados para uma
unidade de processo
- representatividade dos dados;
Avaliação qualitativa do nível em que os dados refletem o sistema real de
interesse (por exemplo, período de tempo, área geográfica e tecnologias cobertas).
- consistência;
Avaliação qualitativa da uniformidade da metodologia empregada para os
vários componentes analisados.
- reprodutibilidade;
Avaliação qualitativa da extensão das informações sobre a metodologia e os
dados coletados, permitindo que um especialista independente reproduza os
resultados obtidos no estudo.
Categoria de dados
Segundo a NBR ISO 14041 (2004), os dados requeridos para a realização de
um estudo de ACV são dependentes dos objetivos do estudo. Estes dados são
coletados das unidades de processo consideradas pela fronteira do sistema de
produto. Na prática, as categorias de dados podem incluir uma mescla de dados
medidos, calculados ou estimados. Os principais títulos em que os dados podem ser
classificados, são:
- entradas de energia, matérias-primas, materiais auxiliares e outras entradas
físicas;
- produtos;
- saídas por emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos e outros
aspectos ambientais.
Dentro desses títulos, as categorias de cada dados serão posteriormente
detalhadas para satisfazer aos objetivos do estudo. Sob o título emissões
atmosféricas, por exemplo, as categorias de dados podem ser separadamente
identificadas, como em monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxidos de
nitrogênio etc.
Tipos de dados
Os dados primários são os dados coletados diretamente com suas fontes
geradoras, que podem ser o fabricantes do produto ou mesmo seus fornecedores de
matérias-primas e componentes. Os dados primários descrevem a realidade do local
onde foram medidos e, em um estudo de ACV, podem ser coletados por meio de
questionários ou comunicação pessoal. No caso de dados publicamente disponíveis
por outras fontes, estes são considerados dados secundários.
27
Definiçãode
Definição deobjetivos
objetivo e eescopo
escopo
Preparação para
Preparação para coleta
coletade
dedados
dados
Folha
Folha de
de coleta
coleta dados
de dados
revisada
revisada Folha
Folhasdedecoleta
coletadede
dados
dados
Coleta de dados
Coleta dados
Dados
Dados Coletados
coletados
Validação de
Validação de dados
dados
Dados
Dados Validados
validados
Relacionando os dados
Relacionando às unidades
os dados às
de processo Alocação e reciclagem
Alocação reciclagem
unidades de processo
Dados
Dados validados
validadospor
porunidade
unidadedede
processo
processo
Relacionando os dados
Relacionando à unidade
os dados à
funcional
unidade funcional
Dados
Dados validados
validadospor
porunidade
unidadefuncional
funcional
Agregação de
Agregação de dados
dados
Requisição de
dados ou
Requisiçãodede
unidades
dados adicionais Inventário
InventárioCalculado
calculado
processo
ou unidades de
adicionais
processo Refinamentodos
doslimites
limites do
Refinamento
do sistema
sistema
Inventário
InventárioCompleto
Completo
Classificação
Nesta etapa, todos os aspectos ambientais são classificados de acordo com o
tipo de impactos ambientais que podem contribuir.
Algumas categorias de impactos ambientais conhecidas são: esgotamento dos
recursos naturais e energéticos, aquecimento global, oxidação fotoquímica,
acidificação, eutrofização, toxicidade humana, ecotoxicidade aquática, degradação da
camada de ozônio etc (UNEP, 1996).
As categorias de impactos ambientais a serem empregadas para um estudo de
ACV, conforme já mencionado no escopo do estudo, são adotadas arbitrariamente
devido à falta de um padrão recomendado.
Caracterização
Na caracterização, a contribuição de cada impacto ambiental é quantificada.
Existem diversos modelos ambientais sendo desenvolvidos para este propósito e
estabelecem meios de como tratar as diferenças locais.
35
Ponderação
A última etapa da avaliação de impactos é a ponderação, esta possibilita
agregar os resultados da classificação e caracterização em um índice ambiental, então
validando as diferentes categorias de impactos, umas contra as outras.
36
HCFCS
Degradação da camada de ozônio % do Efeito
estratosférico (equivalente kg CFC11) global
CH4
Índice
ambiental
HC Formação de oxidantes % do Efeito
fotoquímicos (equivalente kg C2H4) global
NOx
Acidificação
(equivalente kg SO2)
SO2
HCl
Floresta Plantada
0,50%
Outros Usos
33,50%
Floresta Natural
66,00%
1.600
1.400
1.200
1.000 ha
1.000
800
600
400
200
0
MG SP PR BA SC RS ES MS OUTROS
PINUS EUCALIPTOS
Existe ainda um terceiro grupo de celulose cujas fibras não são obtidas da
madeira, como no caso do:
· algodão (semente); ou
· linho, juta, kenaf, cânhamo, rami, crotalária etc (caule); ou ainda
· sisal, fórmio, pita etc (folhas).
As fibras extraídas desses vegetais são muito longas e por isso mesmo
denominadas fibras têxteis, amplamente utilizadas na indústria de tecelagem. Ainda
dentro deste grupo, porém com fibras de menor comprimento, temos o bambu e o
bagaço de cana.
Na tabela 4 é apresentado o tipo de fibras provenientes de florestas folhosas,
florestas coníferas ou de outros vegetais.
A tabela 13 mostra que, em 2002, a evolução dos papéis para fins sanitários
(acréscimo de 8,4%) seguido do papel cartão (8,0%) não foram suficientes para um
melhor desempenho da produção, haja vista que os papéis de imprimir e escrever
registraram pequena evolução (1,7%) e as cartolinas uma regressão da produção
(-6,5%) (AUSTIN SETORIAL, 2003).
Outros
Chile Aracruz
9%
Tailândia 5% 28%
5%
Portugal
11%
Espanha
13% Outras empresas
brasileiras
29%
5,16% 3,19%
7,11%
8,63%
47,80%
28,11%
Papéis de embalagem
Os papeis de embalagem são empregados principalmente na produção de
caixas de papelão ondulado, utilizadas no transporte de diferentes produtos. O Brasil
é o maior fabricante, contribuindo com 2,8% da produção mundial dessa categoria de
papel. É a categoria de papel mais consumida e produzida, representando cerca de
48% do volume total de papel fabricado e de 47% do total consumido.
As cinco maiores empresas - Klabin, Rigesa, Orsa, Trombini e Irani -
concentram aproximadamente 58% da produção e apresentam-se integradas desde a
floresta até as unidades de produção de caixas de papelão ondulado.
Papel cartão
Essa categoria de papéis tem seu uso final concentrado no atendimento da
embalagem de produtos de limpeza; alimentos em geral; produtos farmacêuticos;
cosméticos; produtos congelados; leite e produtos lácteos; sucos e bebidas em geral
etc.
A produção de papel cartão representou, em 2002, cerca de 7% do volume
total de papel produzido. O País é o 15º produtor mundial de papelcartão, com
participação de 1,9% no volume mundial fabricado. As cinco maiores empresas
produtoras - Klabin, Suzano, Ripasa, Papirus e Itapagé - concentram mais de 80% da
produção e a indústria gráfica representa seu maior cliente.
A utilização dessa categoria de papel está muito ligada aos hábitos dos
consumidores, e o seu incremento acompanha as exigências do mercado por
embalagens mais sofisticadas e com maior apelo visual. A Klabin teve ampliada sua
capacidade de produção; Suzano e Ripasa investiram na modernização e ampliação
58
de suas plantas e a Ibema construiu nova máquina que começou a operar no final de
2002.
Papéis de imprensa
Essa categoria de papéis é empregada, principalmente, para a impressão de
jornais e periódicos. O papel de imprensa no Brasil é produzido apenas pela Norske
Skog, segunda maior produtora mundial. Sua chegada ao Brasil deu-se com a
aquisição da Fletcher Challenge, então proprietária da Pisa.
A máquina em funcionamento (Norske Skog Pisa) atende a menos de 1/3 do
consumo nacional. Do volume total de importações de papéis no Brasil, 45%
correspondem a essa categoria de papel.
No Brasil, o aumento da demanda desta categoria de papel é esperado, devido
ao potencial de melhoria na distribuição de renda, mas seu consumo deverá em
médio prazo, seguindo as tendências mundiais, ser mais afetado pela mídia
eletrônica. O País é o 14º entre os maiores consumidores mundiais desta categoria de
papel. Tendo em vista o grande déficit de oferta interna de papel de imprensa, a
Norske Skog estuda a viabilidade para a instalação de uma nova máquina, com
capacidade de 350 mil toneladas/ano.
59
0,68%
35,45%
63,87%
vendas domésticas
vendas externas
consumo próprio
Toras de madeira
Lenha
água
cascas
Descascamento
vapor
Caldeira de biomassa
toras descascadas
cavacos
Preparação de cavacos água
superdimensionados
cavacos
licor de cozimento
agentes de Branqueamento Caustificação
branqueamento (licor branco: Na2S e
celulose branqueada NaOH)
Efluentes para CaCO3
tratamento CaO
Máquina de papel gás natural
Forno de
calcinação da
cal vapor
Papel
Figura 11: Fluxograma simplificado da extração da celulose e fabricação de papel da Cia. Suzano de Papel e Celulose S.A. (adaptado de
CIA. SUZANO DE PAPEL E CELULOSE S.A.,1998 apud VELÁZQUEZ e STORTINI, 2000)
65
Preparo do solo
O preparo do solo para fins de cultivo do eucalipto tem apresentado uma
ampla evolução com o passar dos anos, passando do mais esmerado ao cultivo
mínimo, que tem sido adotado amplamente pelo setor florestal.
Até meados da década de 1990, o plantio de pinus e eucaliptos era precedido
da queima dos resíduos do solo, como na agricultura. Segundo o IPEF - Instituto de
Estudos e Pesquisas Florestais, a queima dos resíduos disponibiliza os nutrientes:
cálcio, nitrogênio, fósforo, potássio e carbono para o solo em um primeiro momento,
mas causa o seu empobrecimento a longo prazo e o torna suscetível à erosão (VCP,
2004).
Atualmente, o trato com o solo é realizado com o mínimo de agressão
possível, para isso o uso de tratores ou máquinas pesadas é dispensado, a não ser que
seja imprescindível (FESSEL, 2003).
2
Informação obtida com o Eng. José Luiz Gava, coordenador de P&D em Manejo, Solos e Nutrição
Florestal da Companhia Suzano de Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail
jgava@suzano.com.br, em 03 set. de 2004.
67
Antes do plantio das mudas (cerca de 5 dias), são distribuídos micros porta
iscas no terreno para o controle de formigas e logo após o plantio é realizada outra
aplicação.
69
Consumo de fertilizantes
De acordo com a espécie cultivada e análise da composição do solo, a
realização de uma adubação correta pode melhorar as condições dos solos
empobrecidos ou compactados, favorecendo o crescimento das mudas, a resistência
das plantas contra insetos, fungos e doenças, por meio da disponibilização dos
nutrientes necessários.
Para VCP (2004), a adubação das mudas de eucalipto, pela adição de fósforo,
nitrogênio e potássio, deve ser realizada a cada três meses e apenas no primeiro ano
da árvore. Após a copagem, a adubação torna-se desnecessária, pois a ciclagem de
nutrientes é feita de forma natural.
Segundo GAVA (2004) 3, nos plantios de eucalipto, podem ser empregados os
seguintes nutrientes: nitrogênio, fósforo, potássio, boro, zinco e cobre. Conforme esta
fonte, as quantidades de nutrientes usados podem variar muito de ano para ano. Na
tabela 17, é apresentado os valores médios aplicados até o 3° ou 4° ano de idade dos
plantios, considerando que o corte da madeira é realizado no 7° ano.
3
Informação obtida com o Eng. José Luiz Gava, coordenador de P&D em Manejo, Solos e Nutrição
Florestal da Companhia Suzano de Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail
jgava@suzano.com.br, em 03 set. de 2004.
70
Tabela 18: Adubação utilizada nos plantios florestais da International Paper Ltda.
(MENEGOL, 2005) 4
UM3 kg/ha N P2O5 K2O CaO MgO S B Cu Zn Época Aplicação
calcário 2.200 660 264 0-5 meses Área total
8:32:16 250 20 80 40 3 4 1,5 plantio Localizado
0:0:54 180 97 1,8 5-9 meses Filete contínuo
0:0:54 180 97 1,8 12-16 meses Área total
Nota: NPK (8:32:16): elementos usados: MAP (fosfato de monoamônio), sulfato de amônia, superfosfato simples, cloreto de
potássio e zincobor e NPK (0:0:54): elementos usados: cloreto de potássio e bórax.
Plantio do eucalipto
Após a adoção das medidas silviculturais (como, o preparo do solo e sua
fertilização mineral em doses apropriadas), o plantio das mudas em campo pode ser
realizado, respeitando as épocas apropriadas para a espécie (início de período de
chuvas, entre os meses de setembro e novembro).
As mudas dos viveiros são transplantadas para o campo com um tamanho
médio de 20 cm, o plantio destas pode ser manual, semi-mecanizado ou mecanizado.
O método escolhido para o plantio deve ser condicionado à topografia do terreno,
extensão da área de plantio e aos custos associados.
O plantio mecanizado, em geral, pode ser realizado em áreas planas enquanto
o plantio manual em áreas com topografia acidentada. No Brasil, o principal método
usado é o sistema manual devido ao baixo custo da mão-de-obra, embora grandes
plantadores, como a VCP, Ripasa e Aracruz Celulose já utilizem equipamentos
adaptados para essa operação. As ferramentas utilizadas para o plantio manual são o
cucho e a transportadora de acionamento manual e no plantio mecanizado pode ser
realizado com as semeadoras, as plantadoras ou as transplantadoras (FESSEL, 2003 e
VCP, 2004).
Segundo FESSEL (2003), as semeadoras são equipamentos destinados ao
plantio de sementes, as plantadoras empregadas no plantio de culturas que se
4
Informação obtida com o Sr. Osmar Menegol da empresa International Paper do Brasil Ltda., através
de contato pelo e-mail (sac@ipaperbr.com), em 22 set. de 2005.
71
Manejo florestal
Os tratos silviculturais têm por objetivo eliminar a competição entre
indivíduos, árvores e ervas daninhas invasoras, até que a floresta em formação seja
capaz de dominar esta competição. Os principais tratos silviculturais são a desrama e
o desbaste, outras atividades comuns nesta fase, segundo BAJAY, BERNI, LIMA
(2005), são a capina manual, mecânica ou química, a manutenção de estradas de
acesso, aceiros e terraços, aplicação de defensivos etc.
A poda de galhos ou ramos, também conhecida como desrama, é empregada
para melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras desprovidas de nós.
Segundo SIMÕES (1989 apud COUTO; MÜLLER; TSUKAMOTO, 2005), para a
espécie de Eucalyptus sp., a primeira desrama normalmente é realizada aos 12 ou 18
72
Corte do eucalipto
O corte do eucalipto normalmente é raso e realizado no 7º ano quando se
objetiva quantidade de toras; a brotação da próxima cultura pode ser orientada para a
rotação e a próxima colheita deve ser realizada em idade semelhante.
Conforme a espécie cultivada, a altura do corte (com relação ao solo) define a
percentagem de sobrevivência das brotações. A fertilização mineral, para SIMÕES
(1989 apud COUTO; MÜLLER; TSUKAMOTO, 2005), pode ser empregada para
aumentar a sobrevivência e vigor das brotações e, normalmente, emprega uma
formulação de 150 g por cepa, aplicada em sulco nas entrelinhas ou a lanço, antes do
corte.
A talhadia foi um sistema de regeneração florestal muito usado para manejar
plantios de eucalipto no Brasil. Atualmente, este sistema não tem sido muito
empregado pelas empresas, devido ao decréscimo da produtividade observado nas
rotações posteriores e a disponibilidade, no mercado, de material genético de alta
qualidade.
Segundo COUTO e DUBÉ, (2001 apud COUTO; MÜLLER;
TSUKAMOTO, 2005), o replantio da cultura, após o primeiro corte, tem sido
empregado pelas empresas, preferencialmente, a brotação da cultura.
A partir da década de 90, as intensificações das operações de colheita
mecanizada da madeira aumentou a preocupação com a compactação dos solos. A
compactação pode ser definida como um novo arranjo e aproximação das partículas
do solo, apresentando redução da macroporosidade e aumento da densidade do solo.
73
O processo de compactação dos solos provoca uma redução das taxas de infiltração
da água e da aeração do solo, além de um aumento da resistência a elongação
radicular das plantas. Avaliando os efeitos da colheita mecanizada de eucalipto na
compactação do solo, foi observado, segundo FESSEL (2003), uma redução
significativa da produtividade do eucalipto aos 7 anos de idade.
O corte manual da madeira de eucalipto deve ser chanfrado ou em bisel,
podendo ser realizado com o emprego de machado ou motosserra.
5
Informação obtida com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa International Paper do
Brasil Ltda. (www.internationalpaper.com.br), em 23 de jun. de 2006.
74
Pasta Mecânica
2,87%
Pasta Química
93,15%
Processo Mecânico - MP
As toras de madeira, neste caso preferencialmente coníferas, são prensadas à
úmido, contra um rolo giratório cuja superfície é coberta por um material abrasivo,
reduzindo-as a uma pasta fibrosa denominada “pasta mecânica” (groundwood),
alcançando um rendimento que varia de 93 a 98 %.
75
Neste processo não ocorre uma separação completa das fibras dos demais
constituintes do vegetal, obtendo-se então uma pasta barata cuja aplicação é limitada,
pois o papel produzido com ela tende a escurecer com certa rapidez, mesmo depois
de passar pela etapa de branqueamento, devido à oxidação da lignina residual.
A pasta mecânica pura ou em composição com outra, é muito usada para a
fabricação de papel para jornal, revistas, embrulhos, toalete etc.
Processo Semiquímico
Os processos semiquímicos empregam condições mais brandas na digestão
que os processos químicos: menor carga de reagentes químicos, ou redução do tempo
e temperatura de cozimento.
Neste caso, acrescentam-se produtos químicos em baixas porcentagens, para
facilitar ainda mais a desfibragem, contudo, sem reduzir demasiadamente o
rendimento (60 a 90 %).
Porém, vem ganhando muito interesse um tipo de pasta derivado da TMP,
onde um pré-tratamento com sulfito de sódio ou álcali é feito antes da desfibragem,
no refinador a disco. Esta pasta é denominada pasta quimiotermomecânica - CTMP.
76
A celulose obtida por esse processo não apresenta nenhuma restrição ao uso.
É muito empregada para a produção de papéis cuja resistência seja o principal fator,
como para as sacolas, sacos para cimento etc.
Na figura 14, pode se verificar que mais de 96% da pasta química produzida
no país, em 2002, foram obtidas pelo processo Kraft, seguida pelo processo soda e
sulfito.
78
Soda
Sulfito
3,37%
0,37%
Kraft
96,26%
Figura 14: Produção brasileira de pastas químicas por processos em 2002 (adaptado
de BRACELPA, 2002)
Preparo da madeira
A madeira, matéria-prima utilizada na fabricação de celulose é cortada após
atingir certa idade, para o eucalipto no Brasil 7 anos em média.
A madeira recebida das florestas, de maneira geral, encontra-se na forma de
toras sem cascas, mas a retirada de sua casca pode ser realizada também na fábrica.
As toras descascadas têm dimensões em torno de 2,2 a 2,8 m de comprimento e
diâmetro variável de 7 a 40 cm. O transporte da região florestal até a fábrica é
realizado por meio de rodovias.
Após a chegada à fábrica, a madeira pode ser processada imediatamente ou
então, ser mantida em estoque, na forma de toras ou cavacos, para utilização futura.
O armazenamento da madeira em clima quente e úmido provoca, em poucas
semanas, a perda de fibras e de sua qualidade devido à formação de manchas pela
ação de fungos (CETESB, 1990).
Mas antes de ser enviada ao processo de polpação é submetida a uma série de
operações com o objetivo de fornecer a madeira de forma e pureza desejadas e em
quantidade suficiente e constante. Estas operações envolvem um considerável
consumo de energia elétrica.
Nos pátios de madeira, realiza-se o descascamento da madeira, pois a casca,
além de possuir fibras utilizáveis em quantidade relativamente pequena, consome
maior quantidade de reagentes na polpação e no branqueamento, resultando
possivelmente em maior degradação das fibras e menor rendimento do processo,
além de afetar negativamente as propriedades físicas do produto, aumentando o teor
de impurezas na pasta. Se o descascamento for realizado na floresta, a casca servirá
para enriquecimento do solo, pela formação de húmus, caso contrário as cascas
podem ser utilizadas como combustível nas caldeiras para geração de vapor
necessário ao processo.
Segundo CETESB (1990), o descascamento pode ser executado por uma das
seguintes vias:
- mecânica: em que descascadores de faca ou fricção são utilizados, um
mecanismo de baixa eficiência, alto consumo de energia, podendo também ter um
alto consumo de água.
80
Digestão da celulose
O cozimento da madeira tem por objetivo a dissolução das substâncias que
ligam suas fibras celulósicas constituintes, tais como: lignina, hemicelulose e outras
substâncias não-celulósicas, para a obtenção de uma polpa formada de fibras
individuais (CETESB, 1990). Durante o cozimento ocorre a geração de licor negro e
dos gases de digestão.
O cozimento pode ser realizado em digestores contínuos ou por bateladas
(conhecidos também por descontínuos ou Batch), que são grandes recipientes de
cocção a pressão. No entanto, as grandes empresas de papel e celulose, assim como
os principais fabricantes de papel offset, têm se modernizado tecnologicamente e
substituído seus digestores descontínuos existentes em operação por digestores
contínuos.
A utilização do digestor continuo pode trazer ganho ambiental, notadamente
quanto à emissão de odores (TRS), pois a operação considerada continua e selada,
82
não possui abertura para carga e descarga como nos digestores descontínuos. Após a
digestão, a massa é continuamente descarregada em um tanque (blow tank) com
temperatura inferior a dos digestores descontínuos (LOPES, 2003a).
Na tabela 19, são apresentados os sistemas de digestão da celulose empregados
por alguns fabricantes de papel offset.
6
Informação obtida com o Sr. João Humberto Sumere, analista de Controle da CETESB - Agência
Ambiental de Limeira, em 10 fev. de 2005.
7
Informação obtida com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa International Paper do
Brasil Ltda. (www.internationalpaper.com.br), em 14 mar. de 2005.
8
Informação obtida com o Prof. Dr. Luiz Alexandre Kulay, pós-doutorando do Depto. de Engenharia
Química da Escola Politécnica da USP, em 05 jun. de 2004.
83
Os nós podem retornar ao digestor para que sejam recozidos e os palitos constituem-
se em resíduo, podendo ser reaproveitados ou não.
Na figura 17, é apresentado um balanço de massa consolidado para algumas
unidades de processo da polpação Kraft.
Lavagem Alcalina
A lavagem tem por objetivo separar, da melhor maneira possível, a polpa
celulósica do licor negro. Segundo CETESB (1990), sob o ponto de vista ambiental,
é de fundamental importância lavar o máximo possível a celulose, antes que ela vá
para o branqueamento, onde o efluente gerado não poderá ser recuperado, sendo
então enviado à estação de tratamento de efluentes.
A adição de água à lavagem da polpa celulósica deve ser bem controlada, uma
vez que o filtrado final obtido (licor negro fraco) deve ser evaporado, queimado e os
sais de sódio recuperados. Uma quantidade maior de água necessitará de maior
energia para a evaporação do licor. Por outro lado, uma lavagem insuficiente
9
ODMT é a sigla para tonelada métrica seca ao forno (tradução do inglês oven-dried metric tons),
refere-se a celulose com “zero” (0%) de umidade (ENVIRONMENTAL DEFENSE FUND et. al.,
1995).
85
Lavagem
Após a etapa de pré-branqueamento com oxigênio, onde é dissolvido o licor
impregnado nas fibras, uma segunda lavagem das fibras é realizada para a remoção
do licor negro. No primeiro filtro da série, o filtrado é coletado e armazenado,
constituindo-se no licor negro fraco que é enviado à recuperação, sendo também
utilizado na diluição do licor de cozimento e no tanque de descarga (CETESB,
1990).
O balanço mássico dos subsistemas pré-deslignificação da celulose com
oxigênio seguido da segunda etapa de lavagem é apresentado na figura 19.
Massa 16,17/1,62
BOMBA MC Vapor e gases diluídos ~ 0,66
Soda ou LB oxidado 0,85
REATOR DE O2 Efluentes ~ 5,90E-02
Vapor 1,49
BLOW TANK
Oxigênio 4,4E-02
Massa 17,39/1,57
Diluição 62,73
DEPURAÇÃO
ÁGUA DE LAVAGEM
LAVAGEM 2
LAVAGEM 1
NÓS E PALITOS
LICOR NEGRO
P/ EVAPORAÇÃO
OXIGÊNIO
TANQUE MASSA
DA POLPAÇÃO
REATOR
TANQUE DE MASSA
PRÉ -BRANQUEADA
D0 – DIÓXIDO
NaOH 2,00E-02
DE CLORO
O2 2,10E-02 Água quente p/ recuperação 21,89
EXTRAÇÃO
ALCALINA NaOH +
ClO2 3,30E-02
H2O2
Efluente alcalino 9,26
H202 7,10E-03 D1 –DIÓXIDO DE
Vapor 1,49 CLORO
Água refrig. / lavagem ~ 35,17 TANQUE DE MASSA Efluente ácido 8,79
Legenda:
F Vazão (t/h) / % ss
Figura 21: Balanço de massa da etapa de branqueamento ECF (adaptado de
PECE/USP, 2005)
TANQUE DE MASSA
PRÉ -BRANQUEADA TORRE DE MASSA
BRANQUEADA
DIÓXIDO DE CLORO
(ClO2)
MÁQUINAS DE PAPEL
Evaporador de
Contato Indireto
Caldeira de
Recuperação
Clarificador de
Licor Verde
Clarificador de
água de processo Lavador de Lama lama de cal Licor Branco
Estocagem do digestores
Licor Branco
fase, o licor negro passa por evaporadores de contato indireto, onde sua concentração
aumenta para 70% a 80% de sólidos totais (CPRH e GTZ, 1998).
Segundo MORAES (2002), os evaporadores a placas ganharam o mercado
brasileiro, substituindo os evaporadores tubulares, pois apresentam elevada
capacidade de evaporação, oferecem maior estabilidade às operações, sem contar
com os aspectos mais importantes, que são os de segregar os condensados e captar os
gases para tratamento, de modo a evitar a formação de odores nas indústrias.
Os condensados gerados em cada um dos efeitos são despejos industriais
importantes, conforme poderá ser visto mais à frente.
A massa negra viscosa resultante não apresenta todos os componentes
inorgânicos originais do licor branco, devido às perdas mecânicas e à
impossibilidade de se retirarem todos os íons inorgânicos na lavagem. Portanto, há
necessidade de se compensar a perda pela adição de produtos químicos. Geralmente,
o sulfato de sódio é adicionado em quantidade equivalente à perdida. A mistura é
feita antes da fornalha, onde os compostos orgânicos são queimados, liberando calor
e produzindo dióxido de carbono, que pode ser absorvido pelo resíduo de caráter
alcalino, formando carbonato de sódio.
O calor da fornalha pode ser utilizado para gerar vapor superaquecido para as
turbinas geradoras de energia, como também vapor para o processo.
Em algumas instalações mais antigas, empregavam-se evaporadores de
contato direto onde o licor é concentrado pela passagem dos gases quentes
provenientes da caldeira de recuperação. O contato dos gases de combustão com o
licor contendo sulfeto de sódio, leva a formação e liberação significativa de H2S para
a atmosfera. Para reduzir este problema, o licor negro que saia dos evaporadores de
múltiplo efeito, era oxidado num tanque de oxidação (através da passagem de ar)
antes de ir para o evaporador de contato direto. Desse modo, o sulfeto de sódio do
licor negro transforma-se em tiossulfato de sódio, que é mais solúvel e não evolui a
H2S quando da redução do pH do licor, causado pelo contato com os gases de
combustão da caldeira (CETESB, 1990).
Quase todas as fornalhas de recuperação instaladas desde 1968 têm o
processo de evaporação de contato indireto que evita este problema. Atualmente, o
96
processo de oxidação não tem sido visto em fábricas com modernas caldeiras de
recuperação.
O balanço mássico do subsistema de evaporação é apresentado na figura 24.
Vazão (t/h) / % ss
Figura 24: Balanço de massa da etapa de evaporação (adaptado de PECE/USP,
2005)
LN 70% 3,21/2,25
Gases de combustão (CO2, vapor
Ar terciário 2,35
H2O, TRS, O2, MP, Ar, N2) 14,53
CALDEIRA
DE Ar secundário 5,34
RECUPERAÇÃO
Ar primário 4,12
Combustível 0,12
Fundido (smelt)
0,99 H2O 1,33
Ar 1,13
Gases p/ caldeira
1,17/0,39E-04
9,9E-02
LAVADOR
GASES DILUÍDOS
TANQUE DE LN 15%
CALDEIRA DE RECUPERAÇÃO
EVAPORAÇÃO
TANQUE DE LN 70% TANQUE DE SMELT
A cal é adicionada a partir dos silos de cal queimada ou de cal nova para a
reposição de perdas, no apagador, em quantidade correspondente ao carbonato de
sódio presente no licor verde. O licor verde deve chegar no apagador com
temperatura entre 85ºC e 95ºC, pois se a temperatura fosse baixa, haveria um atraso
da hidratação da cal e diminuição da eficiência da reação.
O equipamento de caustificação possui uma seção cilíndrica onde se dá a
mistura auxiliada por agitador e o apagador de cal constitui-se de um canal inclinado
onde há um classificador com raspadores para retirar os sólidos não dissolvidos
(como areia, pedregulho, calcário e outras impurezas que não reagiram de acordo).
Estes resíduos conhecidos por gritts são precipitados, removidos e, geralmente,
dispostos em aterro industrial.
No apagador de cal, ocorrem as reações de hidratação da cal e cerca de 90%
da caustificação. A qualidade da cal, medida pelo seu teor em óxido de cálcio ativo,
influi, consideravelmente, na extinção e, portanto, no processo em geral. Após o
apagador de cal, a suspensão passa para os caustificadores. Embora o ciclo de
caustificação comece no apagador de cal, uma máxima conversão exige um tempo de
reação, com agitação moderada, de aproximadamente 90 minutos à temperatura de
100 a 105ºC. Normalmente, para melhorar a eficiência, são empregadas três unidades
em série.
- o hidróxido de cálcio reage com o carbonato de sódio para formar o
hidróxido de sódio, sendo essa reação denominada caustificação (causticizing) ou,
simbolicamente:
Ca(OH)2 + Na2CO3 ↔ 2 NaOH + CaCO3 (s) (II)
Como esta reação é reversível, não se consegue, mesmo sob as condições
mais favoráveis, uma conversão maior que de 85 a 90%.
Embora apresentada em dois estágios, as reações, na realidade, sobrepõem-se,
partes da caustificação ocorrem simultaneamente com a hidratação da cal.
A eficiência da caustificação depende da concentração dos compostos de
sódio no licor verde, soluções mais diluídas promovem conversões relativamente
maiores. O uso de licores muito diluídos para se maximizar a conversão significa,
entretanto um aumento do custo da evaporação.
102
FITROS DE LV LB 4,69
LV 5,47
FILTROS
Cal - Lama 1,32/0,99
LAVADORES DE
Cal 0,39 DREGS Gritts 0,78E-02/0,39E-02
SLAKERS
Dregs 1,90E-02/1,13E-02
CAUSTIFICADORES
H2O 2,15
FILTROS DE LB LBF 2,04 Legenda:
Vazão (t/h) / % ss
Figura 27: Balanço de massa consolidado para algumas unidades de processo da
caustificação (adaptado de PECE/USP, 2005)
Segundo esta fonte, a água usada na lavagem da lama de cal pode vir dos
condensados do 2º, 3º, 4º, 5º e do 6º evaporador, neste último, após esta passar por
uma cisterna de evaporação (hotwell) e por um processo de destilação (stripping).
A figura 28 apresenta o balanço mássico para o subsistema forno de cal e
precipitador eletrostático.
Efluentes ~0,78E-01
Lama de cal 1,32/0,99
FORNO DE CAL
Combustível 0,78E-01 Gases p/ atmosfera 3,25/0,15E-03
PRECIPITADOR
ELETROSTÁTICO
Legenda:
Ar de combustão 2,39 CaO 0,54
Vazão (t/h) / % ss
Figura 28: Balanço de massa para o subsistema constituido pelo forno de cal e
precipitador eletróstático (adaptado de PECE/USP, 2005)
Recuperação de cal
O forno rotativo (do inglês rotary kiln) consiste em um cilindro revestido com
material refratário, aberto nas extremidades, inclinado do extremo de alimentação ao
extremo de descarga, girando em torno de seu eixo longitudinal. A lama de cal do
filtro, junto com o calcário de reposição, alimenta o forno, passando pelas zonas de
eliminação da umidade, de aquecimento e de calcinação, onde o carbonato de cálcio
precipitado (Equação II) é convertido em óxido de cálcio, conforme a equação:
CaCO3 → CaO + CO2 (III)
Os fornos de cal, atualmente, consomem gás natural em substituição ao óleo
combustível. O óxido de cálcio (cal virgem) formado é apagado, fornecendo o
hidróxido de cálcio usado em seguida na caustificação do licor verde, como foi
mostrado na equação I.
104
GASES CONCENTRADOS
PÓS
QUEIMADOR
GAS NATURAL
FILTROS DE LICOR VERDE
QUEIMA NA
CALDEIRA FORNOS DE CAL
STAND BY
GAS NATURAL
CAL
DREGS
TANQUE DE
SMELT GRITS
REATORES
LAMA DE CAL
FILTRO DE LICOR
BRANCO
Preparação da massa
Nas fábricas integradas, a celulose chega ao sistema de preparação de massa
na forma de uma suspensão em água, com consistência de 3 a 6%, ou até 12%.
Quando a fábrica de celulose não é integrada a de papel, a celulose pode ser recebida
na forma de blocos ou rolos, sendo desfeitos em tanques desagregadores.
No Brasil, os principais fabricantes de papel offset são integrados a de
produção de celulose.
107
Refinação
Segundo IPT e SENAI (1982), a refinação é um processo complexo, que
apesar de muitos estudos realizados neste campo, existem ainda dúvidas e teorias não
aceitas totalmente.
Não se atendo ao que ocorre dentro da fibra e a influência de uma série de
variáveis, o que mais interessa ao fabricante de papel são os efeitos do processo
sobre o produto acabado.
Na refinação, as fibras recebem tratamento mecânico em máquinas
denominadas holandesas e modernamente nos refinadores (cônico e de discos), com
a finalidade de prepará-las para dar um papel com boa formação e resistência
mecânica adequada. O principal efeito da refinação da celulose é a fibrilação interna.
(IPT e SENAI, 1982)
A fibrilação interna, de uma maneira geral, significa a ação de esgarçamento
total ou parcial das camadas mais externas das fibras, o que durante fabricação de
papel proporciona uma maior área de contato entre estas, permitindo a formação de
ligações por pontes de hidrogênio entre as fibras vizinhas.
Depuração
Esta operação que consiste em fazer a massa diluída atravessar um depurador,
para eliminação de aglomerados de fibras ou impurezas das matérias primas e das
diversas fases do processo de fabricação, como nós, estilhas, areia, partículas
metálicas e outros materiais estranho. A depuração é realizada imediatamente antes
da caixa de entrada da máquina de papel. Dependendo da matéria prima empregada
(especialmente quando são empregadas aparas sujas), a depuração pode ser feita
também em outras seções da preparação da massa. (IPT e SENAI, 1982)
Os métodos mais empregados são as peneiras (planas, rotativas e
pressurizadas) e os limpadores centrífugos para retirar partículas com alto peso
108
específico, cuja remoção seria muito difícil, ou mesmo impossível, pelo emprego
apenas das peneiras.
Revestimento do papel
É o nome mais usado dentro da indústria de papel e na literatura
internacional, para designar a operação tecnicamente chamada de revestimento do
papel com pigmentos, que consiste em cobrir o papel de um ou dois lados com uma
camada de adesivo, pigmento e outros ingredientes secundários, denominada tinta de
revestimento. Em nosso país, usam-se também os termos cobertura do papel, pintura
do papel ou mesmo as formas estrangeiras coating e couché. A operação de
revestimento pode ser feita na máquina de papel, ou em uma instalação
109
Acabamento
O acabamento é o setor da fábrica responsável pela conversão em folhas
cortadas e pela embalagem de todos os produtos acabados. Para este processo dispõe
de modernos equipamentos que são responsáveis pelo corte, empacotamento e
paletização dos papéis de expediente. Hoje em dia devido ao alto grau de tecnologia
na maioria das fábricas toda a produção é realizada, automaticamente, sem contato
manual.
O papel de impressão e de escrever é vendido em bobinas ou em embalagens
com folhas pré-cortadas, chamadas tamanho padrão (VCP, 2002).
Na figura 30 é apresentado o balanço mássico da fabricação de 1 t de papel
offset. No Anexo I são apresentados o fluxograma original da produção de papel
offset (PECE/USP, 2005) e a metodologia de cálculo empregada para relacionar as
entradas e saídas das unidades de processo que integram a cadeia produtiva do papel.
110
Fibras do rec.
16,41/10,24
Água clarificada
Aditivos Refugo
5,54
0,18E-01/0,10 2,70/2,20
Figura 30: Balanço de massa para o subsistema fabricação de papel offset (adaptado de PECE/USP, 2005)
111
Caulim
O caulim é uma rocha constituída de material argiloso, granulometria fina,
que apresenta, em geral, cor branca ou quase branca, devida ao baixo teor de ferro. É
considerado um dos mais sofisticados minerais industriais por suas propriedades
química e física, apresentando assim, um vasto campo de utilização.
É um dos minerais mais abundantes do topo da crosta terrestre, formado por
um grupo de silicatos hidratados de alumínio, principalmente caulinita e haloisita. O
caulim contém também outras substâncias, sob a forma de impurezas (40-50% em
volume), como areia, quartzo, palhetas de mica, grãos de feldspato, óxidos de ferro e
titânio etc. Embora o mineral caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O) seja o principal
112
materiais mais caros (como o TiO2 - dióxido de titânio), ou utilizado como cobertura
para tornar a superfície do papel macia, ou ainda, como carga funcional, visando
melhorar a aparência do papel, opacidade, receptividade a tinta e impermeabilidade.
Talco
O talco é um silicato hidratado de magnésio, insolúvel em água e
quimicamente inerte. Geralmente, o talco é extraído de depósitos naturais por
processos mecânicos.
Para CGEE, 2000, o talco brasileiro não apresenta competitividade no
comércio internacional, e no país está muito vulnerável a substituições por
importações da China e minerais de melhor desempenho técnico e econômico.
Este pigmento é usado freqüentemente como agente controlador de pitch em
celulose e papel, sendo considerado o mercado de mais alto valor agregado para o
talco, que é abastecido integralmente por talco importado (CGEE, 2000; IPT e
SENAI, 1982).
Pré-tratamento
No primeiro estágio são removidos os sólidos, como areia, detritos, cinzas
inorgânicas, pedregulhos entre outros. Este tipo de operação é feita por tanques de
sedimentação ou sistema de peneiramento.
Normalmente, no pré-tratamento é realizado o ajuste de temperatura, pois
temperaturas acima de 40ºC podem interferir no tratamento secundário por alterar as
condições do processo de oxidação biológica. Este ajuste pode ser feito por torres de
resfriamento, tanques providos por aspersores, sistemas de cascatas ou por tanques
de homogeneização.
Realiza-se também o ajuste de pH do despejo líquido, que deve ficar entre 6 e
9, para um adequado tratamento secundário.
Tratamento primário
A principal função do tratamento primário é a remoção dos sólidos em
suspensão que pode ser obtida por decantação e/ou flotação.
Antes da decantação primária, pode ser empregada a floculação, pois a
quantidade de matéria coloidal e substâncias químicas dispersas nos despejos podem
inibir a sedimentação.
Após a floculação, realiza-se a decantação ou flotação com ar dissolvido.
Nas modernas instalações tem sido empregado decantadores mecanizados em
substituição as lagoas de sedimentação. Os decantadores com remoção mecanizada
do lodo podem atingir valores de 80 - 90% de remoção de sólidos suspensos e total
de sólidos sedimentáveis, com tempo de detenção de 3 a 4 horas (CETESB, 1990).
Segundo esta fonte, os lodos produzidos nos decantadores mecanizados
devem ser submetidos a processos de tratamento antes da disposição final. Algumas
técnicas para redução de seu volume tem sido adotadas, como a secagem em filtros à
vácuo, filtros prensa, centrífugas ou prensas.
115
Tratamento secundário
O tratamento secundário tem como principal objetivo reduzir a demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) por meio de processos de oxidação biológica,
considerando que o tratamento primário tem pouca influência sobre este aspecto do
despejo.
Antes do início do tratamento biológico, devem ser adicionados nutrientes, na
forma de nitrogênio e fósforo, que são essenciais para a existência e balanceamento
dos organismos biológicos necessários a oxidação e estabilização do material
orgânico do despejo (FONSECA et. al., 2003). Os sistemas biológicos mais
empregados são as lagoas de estabilização, lagoas aeradas e lodos ativados.
- lagoas de estabilização
As lagoas de estabilização são utilizadas tanto para regularizar as descargas
no corpo receptor como também para reduzir a carga de DBO.
Entre as principais vantagens das lagoas de estabilização, estão: baixo
investimento e custo operacional, relativa eficiência, corresponder favoravelmente ao
tratamento e boa flexibilidade operacional. Suas desvantagens devem se ao elevado
tempos de detenção requeridos (cerca de 10 a 30 dias) e a grande extensão territorial
necessária (FONSECA et. al., 2003 e CETESB, 1990).
- lagoas aeradas
Face as maiores vazões das indústrias de grande porte, as lagoas aeradas
surgiram para melhorar o desempenho das lagoas de estabilização, que se
encontravam sobrecarregadas.
116
- lodos ativados
O sistema de lodos ativados é empregado principalmente em fábricas onde
não exista área suficiente para a implantação de lagoas de estabilização. Neste
processo biológico, o influente e o lodo ativado são intimamente misturados,
agitados e aerados. Parte do lodo separado por sedimentação, do efluente tratado,
retorna ao processo e o restante em excesso é retirado do sistema via desaguadoras e
encaminhado para a destinação final.
Este processo possui taxas de remoção de DBO superiores a 80% e tempos de
detenção que variam entre 4 e 8 horas (CETESB, 1990).
As vantagens desse sistema estão relacionadas a excelente qualidade do
efluente obtido, flexibilidade operacional, volume pequeno do reator, estabilidade e
segurança do processo.
As maiores desvantagens deste processo, comparada aos outros, são o maior
custo, pouca resistência a cargas de choque e a formação de grandes quantidades de
lodo (em torno de 0,75 kg lodo/kg de DBO5 removida), que devem ser destinadas
adequadamente (CETESB, 1990).
Tratamento terciário
O tratamento terciário pode ser empregado quando o objetivo é conseguir
remoções adicionais de poluentes das águas residuárias, antes de seu lançamento no
corpo receptor, este processo é também conhecido por polimento.
117
Hipoclorito (HClO,
VOCs (acetona, cloreto de
NaOCl, Ca(OCl)2) Emissão
metileno, clorofórmio, metil-etil-
atmosférica /
cetona, clorometano,
Dióxido de cloro Efluente líquido
tricloroetano)
(ClO2)
Resíduos particulados
Aditivos, Compostos orgânicos
Fabricação do papel Polpa Branqueada / Papel / papelão Tintas inorgânicas Efluente líquido
Polpa não branqueada DBO
acetona
Lodo Residuo sólido
VOCs (terpenos, álcoois, fenóis,
Emissão
metanol, acetona, clorofórmio,
atmosférica
metil-etil-cetona)
DBO
Sistema de Tratamento Águas residuárias do SST
Efluente tratado
de Águas Residuárias processo DQO
Cor
Efluente líquido
Clorofenólicos
VOCs (terpenos, álcoois, fenóis,
metanol, acetona, clorofórmio,
metil-etil-cetona)
Cinza de fundo: fibras
Carvão Residuo sólido
incombustíveis
Caldeira de energia Madeira Energia
SO2,, NOx, cinzas volantes e Emissão
Resíduos de madeira
partículas grosseiras atmosférica
Sistema de Recuperação Química
Não-condensáveis do evaporador
(TRS, compostos orgânico Emissão
voláteis: álcoois, terpenos, atmosférica
Evaporadores Licor negro Licor negro forte
fenóis)
Condensáveis do evaporador
Efluente líquido
(DBO, sólidos em suspensão)
Caldeira de Fundido Emissão
Licor negro forte Particulas finas, TRS, SO2, NOx
Recuperação Energia atmosférica
121
Etapa do processo Entradas materiais Saídas do processo Principais poluentes de saídaa Forma de poluição
Licor branco
Dregs Resíduo sólido
recuperado
Efluente líquido /
Caustificação Fundido Lama de cal Resíduos sólidos da lama
Resíduo sólido
Grits do apagador de
sólidos Residuo sólido
cal (Slaker)
Calcinação (Forno de Emissão
Lama de cal Lama Partículas finas e grosseiras
cal) atmosférica
Notas:
a
Poluentes de saída podem diferir significativamente conforme o processo industrial e as entradas
materiais (por exemplo: conteúdo de resina nos cavacos da madeira).
b
Lista de poluentes baseada na tecnologia de branqueamento ECF (livre de cloro elementar)
c
Clorato somente é produzido significativamente em indústrias que consumam altos níveis de dióxido
de cloro.
SST: sólidos totais sedimentáveis
Consumo de água
A água é um recurso muito importante no processo de fabricação de papel e
celulose, sendo de modo geral, obtido dos rios que passam próximos às fábricas.
No Brasil, o consumo de água em uma indústria de papel e celulose,
considerando as grandes diferenças na capacidade produtiva das empresas, pode
variar de 40 a 150 metros cúbicos por tonelada de pasta seca ao ar, sendo que a etapa
de branqueamento responde por 50% a 60% desse valor (ABTCP, 1999).
As empresas vêm adotando várias técnicas com a finalidade de reduzir o
consumo de água e a carga lançada nos corpos d’água. Com a recente legislação que
dispõem sobre a cobrança pelo uso da água e criação dos comitês (responsáveis pela
implementação das leis) das bacias hidrográficas do Rio Paraíba do Sul,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Alto Tietê, as empresas do setor de papel e celulose
devem se adaptar a esta nova realidade nacional.
122
Consumo energético
O consumo de energia nas indústrias de papel e celulose, em geral, ocorrem
em dois níveis: a energia térmica proveniente da biomassa e derivados de petróleo e
a energia mecânica para acionamento, proveniente da eletricidade comprada de
concessionárias.
Os grandes consumidores de energia mecânica nas plantas de papel e
celulose, de acordo com BAJAY S. V.; BERNI, LIMA (2005), são os refinadores de
massa, os depuradores, as bombas de vácuo e o acionamento da máquina de papel. A
energia térmica, entretanto, é consumida basicamente nas operações de secagem. A
indústria tem utilizado a biomassa obtida como subproduto do processo, assim como
123
Emissões atmosféricas
As emissões atmosféricas da indústria de papel e celulose constituem-se
basicamente de material particulado, de compostos reduzidos de enxofre e nas
caldeiras de geração de vapor, de emanações dependentes do combustível utilizado
(CPRH E GTZ, 1998).
As principais emissões atmosféricas, em termos de significância, em fábricas
de celulose são apresentadas na tabela 23.
124
Tabela 23: Principais emissões atmosféricas nas várias etapas do processo sulfato
(UNEP, 1980 apud TECLIM, 2004)
Compostos
Dióxido de Óxido de
Fontes de emissão reduzidos de Partículas
enxofre nitrogênio
enxofre
Cozimento S NS NS NS
Lavagem S NS NS NS
Evaporação do licor S NS NS NS
Caldeira de recuperação S S S S
Caustificação S NS NS S
Forno de cal S S S S
Nota: S = significativa e NS = não significativa.
Emissões gasosas
A utilização de produtos à base de enxofre na composição do licor de
digestão, leva a ocorrência de reações secundárias com alguns componentes
orgânicos presentes na matéria-prima, dando origem a materiais gasosos com odor
desagradável, os organossulfurados.
Sob o aspecto da poluição do ar, esses materiais gasosos são uma mistura dos
gases de sulfeto de hidrogênio, metil mercaptana, sulfeto de dimetila e dissulfeto de
dimetila, emitidos durante o processo Kraft de polpação. Todos esses gases são
chamados de compostos reduzidos de enxofre (TRS), sendo que os três últimos
também podem ser classificados também como compostos orgânicos de enxofre
(CETESB, 1990).
Segundo OSSES (1991, apud MOURA; FOELKEL; FRIZZO, 2002) os
compostos reduzidos de enxofre são severos poluentes atmosféricos, mesmo a níveis
de partes por bilhão, podendo causar desde irritação nas vias respiratórias até a
morte. Independentemente da matéria-prima e do processo utilizado para a produção
de celulose, existem inúmeras possibilidades para a geração destes gases odoríferos,
125
Emissões de particulados
A emissão de particulados ocorre principalmente na caldeira de recuperação,
mas outras fontes podem ser os fornos de cal, os tanques de fundentes, a caldeira de
geração de vapor e respiradouros.
Na caldeira de recuperação, a queima do licor negro concentrado resulta em
apreciável quantidade de particulados. A composição dos sólidos arrastados pelos
gases de exaustão depende das condições de operação da fornalha e da composição
do licor. O maior constituinte químico das partículas emitidas pela caldeira é o
sulfato de sódio (Na2SO4), além de quantidades menores de carbonato de sódio
(Na2CO3) e cloreto de sódio (NaCl). No tanque de dissolução, o fundido recuperado
é dissolvido em água, podendo gerar desprendimento de vapor d’água contendo
compostos de sódio dissolvidos.
Outras fontes de emissão de particulados são as caldeiras alimentadas, de
forma parcial ou total, com cascas. Os particulados provenientes destas fontes são
constituídos principalmente por cinzas (CETESB, 1990).
Na tabela 24, é apresentado um resumo das emissões atmosféricas da
indústria de celulose pelo processo Kraft, por tipo de fonte.
127
Tabela 24: Emissões por tipo de fonte (adaptado de CPRH e GTZ, 1998)
Fonte Emissões
Digestor Vapor de água e gases odoríferos
Depuradores e tanques de lavagem Névoas e gases odoríferos
Armazenamento de licor negro
Torre de oxidação de licor negro Gases odoríferos
Evaporadores de múltiplos efeitos
Caldeira de recuperação Particulados, gases odoríferos, SOx, NOx
Tanque de dissolução de fundidos Névoas, SO2 e gases odoríferos
Forno de cal Particulados, gases odoríferos, SO2, NOx
Tanque de caustificação Névoas e gases odoríferos
Caldeira para geração de energia Particulados, SO2, NO2, CO e CH4
Tabela 26: Emissões típicas de TRS (kgS/tsa) em fábricas com processo Kraft de
polpação química (ABTCP, 1995)
Fonte de emissão H2S CH3SH (CH3)2S (CH3)2S2 Total
Digestor Batch
- gases do Blow tank 0,0 - 0,1 0,0 - 1,0 0,0 - 2,5 0,0 - 1,0 0,0 - 4,6
- gases de alívio 0,0 - 0,1 0,0 - 0,3 0,1 - 0,8 0,1 - 1,0 0,2 - 1,3
Digestor contínuo 0,0 - 0,1 0,5 - 1,0 0,1 - 0,5 0,1 - 0,4 0,7 - 2,0
Tanque de filtrado do lavador 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,4
Evaporadores 0,1 - 1,5 0,1 - 0,8 0,1 - 1,0 0,1 - 1,0 0,4 - 4,3
Tanque de licor negro oxidado 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,4 0,0 - 0,3 0,0 - 0,9
Caldeira de Recuperação 0,0 - 25 0,0 - 2,0 0,0 -1,0 0,0 - 0,3 0,0 - 28,3
Tanque de dissolução (Smelt) 0,0 - 1,0 0,0 - 0,8 0,0 - 0,5 0,0 - 0,3 0,0 - 2,6
Forno de cal 0,0 - 0,5 0,0 - 0,2 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,9
Apagador de licor verde 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,1 0,0 - 0,4
Nota: kgS/tsa - kilograms de enxofre por tonelada de celulose seca ao ar
Tabela 27: Concentrações e fatores de emissão típicos de SOx e NOx por fontes no
processo Kraft (CPRH e GTZ, 1998; ABTCP, 1995)
Concentração Fator de emissão
Fonte
(ppm por volume) (kg/t celulose seca ao ar)
SO2 SO3 NOx SO2 SO3 NOx
(como NO2) (como NO2)
Caldeira de recuperação:
• sem combustível auxiliar 0-1.200 0-100 10-70 0-40 0-4 0,7-5
• com combustível auxiliar 0-1.500 0-150 50-400 0-50 0-6 1,2-10
Forno de cal 0-200 - 100-260 0-1,4 - 10-25
Tanque de dissolução 0-100 - - 0-0,2 - -
Caldeira de força - - 161-232 - - 5-10 (b)
(b) kg/t óleo combustível
Tabela 28: Valores referenciais de emissões por fontes (CPRH e GTZ, 1998)
Fontes Material particulado Dióxido de enxofre TRS
5,0 ppm, (8% O2)
125 mg/Nm3, (8% O2)
3,0 ppm, base seca, (8% O2)
107 mg/Nm3, base seca, 8% O2
Caldeira de recuperação 200 mg/Nm3, (8% O2) 2,0 ppm, base seca, (8% O2)
100 mg/Nm3, (8% O2)
1,5 ppm, base seca, (8% O2)
80 mg/Nm3, base seca, 8% O2
1,0 ppm, base seca, (8% O2)
150 mg/Nm3, (10% O2)
8,0 ppm, base seca (10% O2)
Fornos de cal 143 mg/Nm3, base seca, (10% O2)
3,0 ppm, base seca (10% O2)
100 mg/Nm3, (10% O2)
0,1 g/kg de sólidos secos do licor
Tanque de dissolução de negro 0,0084 g/kg de sóli-dos secos do
3
fundidos 200 mg/Nm , (10%O2) licor negro
100 mg/Nm3 , (10%O2)
200 mg/Nm3
Caldeira de biomassa
100 mg/Nm3
Nota: os valores não guardam correspondência nas linhas.
Efluentes líquidos
Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos da indústria de papel e celulose, de um modo geral são
classificados como não perigosos e cerca de 50% são de natureza orgânica. Os
133
Cascas e refugos
As cascas são produzidas no descascamento das toras de eucalipto. Se o
descascamento for realizado na floresta, a casca servirá para enriquecimento do solo,
pela formação de húmus; caso contrário, as cascas podem ser utilizadas como
combustível nas caldeiras para geração de vapor necessário ao processo.
Algumas práticas de reaproveitamento dos resíduos sólidos são muito comuns
nas industrias de papel e celulose, como por exemplo, a queima dos refugos de
cavacos das peneiras classificatórias na caldeira de biomassa e reciclagem no
digestor dos rejeitos (nós) da depuração de massa (CETESB, 1990).
Cinzas
As cinzas são resíduos provenientes do processo de queima das caldeiras, que
se dividem em cinzas pesadas e finamente divididas. As cinzas pesadas não são
arrastadas pelos gases das caldeiras, depositando-se no fundo do equipamento, já as
cinzas finamente divididas são arrastadas pelos gases de exaustão e passam pelo
precipitador eletrostático e multiciclone que as removem (BARCELLOS, 1998).
As cinzas, proveniente da queima de cascas na caldeira de biomassa, face as
suas características orgânicas, uma vez que são ricas em nutrientes do solo
(especialmente em potássio) podem ser utilizadas como condicionadores de solos
ácidos (STFI, 2002).
As cinzas coletadas pelo precipitador eletrostático depositam-se no fundo
deste equipamento de controle de poluição, devendo ser retiradas continuamente por
134
Lodos
Os lodos provenientes das estações de tratamento de águas residuárias, como
resultado final dos sistemas de remoção de sólidos e oxidação biológica da matéria
orgânica, representam o maior volume de resíduos sólidos gerados na fabricação de
papel e celulose (BARCELLOS, 1998).
No passado, a disposição do lodo em depósitos ao ar livre ou lagoas foram
práticas bastante usuais, desconsiderando os impactos ambientais desta forma de
disposição, com resultados danosos, seja pela contaminação das águas subterrâneas e
do solo, da geração de odores etc.
Atualmente, o lodo destas estações vai, juntamente com os gritz e dregs, ser
disposto em aterros industriais projetados e manutenidos de forma ambientalmente
segura. Na Suécia, segundo STFI (2002), estes resíduos juntamente com as cinzas da
caldeiras vão suprir a necessidade de adubo e corretivo de pH do solo de áreas de
reflorestamento ou mesmo serem dispostos em aterro.
Existem diversas opções de gerenciamento do lodo da indústria de papel e
celulose, incluindo soluções térmicas ou não.
Tradicionalmente, a destinação do lodo em aterro tem sido preferida como
forma de disposição final. De qualquer modo, os aterros são soluções não totalmente
confiáveis e muito questionáveis do ponto de vista ambiental, tendo em vista que
podem representar grandes riscos de contaminação do solo e da água, além de seu
imprevisível custo necessário para sua manutenção pós-fechamento.
Quando se compara com outras formas de disposição do lodo, assim como a
cobertura direta do solo, o condicionamento de solo ou o aterramento, a incineração
apresenta muitas vantagens, como a redução da massa sólida, o baixo custo de
disposição (devido à redução do volume de resíduos), destruição ou redução da
matéria orgânica presente no lodo e o potencial de recuperação energética que pode
ser também um caminho para a obtenção de incentivos econômicos para geração de
energia elétrica. No entanto, o seu uso para geração de energia, por meio da técnica
de incineração, envolve um custo de investimento relativamente alto, além da
135
Gritz
Segundo BARCELLOS (1998), os grits são resíduos do preparo da cal
hidratada, utilizada no processo de caustificação do licor que será empregado no
cozimento da madeira. Para HANSEN (2004), os grits são materiais não calcários
que foram arrancados junto com a rocha calcária.
Dregs
De acordo com BARCELLOS (1998), os dregs são resíduos de cor escura,
sedimentados e removidos na clarificação do licor verde. Tem sua formação
pronunciada na queima do licor negro no processo de recuperação dos licores
residuais gerados no polpeamento da madeira. Já para HANSEN (2004), os dregs são
pedras calcárias que não foram convertidas em cal.
Resíduos Perigosos
Os resíduos perigosos gerados na industria de papel e celulose não
representam quantidades significativas. Suas fontes típicas principais, conforme
CPRH e GTZ (1998), são resíduos de manutenções, como em serviços de
desengraxamentos e pinturas.
Na tabela 30 são apresentados os principais resíduos sólidos, suas respectivas
fontes e sua classificação de acordo com seu grau de periculosidade.
136
Tabela 30: Principais tipos de resíduos por fonte (adaptado de CPRH e GTZ, 1998)
Resíduos Fonte Classificação
Cascas, serragem e areia Beneficiamento da madeira Classe II
Cinzas Caldeira de vapor (carvão e biomassa) Classe II
Nós e palitos Depuração de massa
Refugos de cavacos Peneiras Classificatórias
Dregs Clarificador de licor verde Classe II
Grits Apagador de cal (Slaker) Classe II
Lama de cal (quando não há forno de cal) Clarificador de licor branco Classe II
Lodos primários (físico-químicos) Sistemas de tratamento de águas
Classe II
Lodos secundário (biológicos) residuárias
Diversos Escritórios, refeitório, etc
10
Paridade térmica é a forma de operação em que a quantidade de eletricidade gerada é definida a
partir do consumo de vapor do processo (VELÁZQUEZ, 2000).
138
Cavacos e Usinas
Lixívia resíduos hidroelétricas Óleo combustível / Carvão Mineral
do processamento gás natural
da madeira
Tabela 32: Geração de energia elétrica no Brasil em 2000 (MME, 2002 apud
COLTRO; GARCIA; QUEIROZ, 2003)
Geração Porcentagem
Fonte
(1000 tepa) (%)
Hidroelétrica 87.404 77,3
Hidroelétrica - (energia elétrica recebida de Itaipu - Paraguai) 11.525 11,0
Hidroelétrica - energia elétrica recebida de fornecedores independentes 1.804 1,6
Total hidroelétrica 100.733 89,0
Termelétrica 7.234 6,4
Termelétrica - energia elétrica recebida de fornecedores independentes 4.400 3,9
Energia elétrica recebida da Argentina 765 0,7
Energia disponível 113.132 100,0
Consumo total 96.162 -
Consumo industrial 42.288 -
Perdas de energia (transmissão e distribuição) -16.970 15,0
a
tep = tonelada de óleo equivalente
Mudanças Geológicas
ORGANISMOS (Pressão e Temperatura) CALCÁRIO (LIMESTONE) Calor
MARINHOS CALCITA CAL
Ação Mecânica
(Moagem) •Cristalina
•Normalmente possuem elevada •Elevada pureza química
alvura (>Chalk) •Alta alvura
•Maior abrasividade •Propriedades controladas
Carbonato de Cálcio
•Partículas de formato irregular
Natural (GCC) Cretáceo
•Cretáceo
•Pureza química elevada
•Grande variação de cor
•Partículas de formato irregular
Figura 32: Origem dos diferentes tipos de carbonato de cálcio (RUFINO, 2005) 11
11
Informação obtida com Sr. Justino M. Rufino da empresa Imerys do Brasil Comércio de Extração
de Minérios Ltda., através de contato pelo e-mail jrufino@imerys.com, em 08 fev. de 2005.
140
12
Informação obtida com o Gerente de Negócios Sr. Mario Seixas da divisão de papéis da empresa
Imerys do Brasil Mineração Ltda, através de contato pelo e-mail mseixas@imerys.com, em 06 jan. de
2005.
141
A injeção de gás é mantida até que todo o hidróxido de cálcio seja convertido
a carbonato de cálcio. O PCC produzido é então purificado passando por etapa de
peneiramento.
O PCC em suspensão (cake) produzido compreende certa porcentagem de
material sólido, onde a dimensão dos grãos e a forma dos cristais são controladas
pela temperatura, concentração dos reagentes e tempo de reação (SOLVAY, 2005).
O PCC em suspensão pode ser bombeado diretamente para o consumidor na
concentração em que foi produzido (plantas satélites), ou pode seguir pelas seguintes
etapas:
- filtração (ou desaguamento) e dispersão, no caso do fornecimento em lama (slurry
cake) com alto teor de sólidos, ou
- para o fornecimento do produto seco, após o processo de filtração, a torta de filtro
(filter cake) passa pela secagem, desaglomeração em trituradores e ensaque.
O fluxograma simplificado do processo de produção do PCC é apresentado na
figura 33.
143
Rocha calcária
Calcinação
do calcário
Apagamento
Água de processo CaO
Purificação Desaguamento
Ca(OH)2
Estocagem Rejeito
Dióxido de carbono Ca(OH)2
Lavagem / Carbonatação
Aditivo Resfriamento Ca(OH)2 Gás de exaustão
13
Informação obtida com Sr. Justino M. Rufino da empresa Imerys do Brasil Comércio de Extração
de Minérios Ltda., através de contato pelo e-mail jrufino@imerys.com, em 08 mar. de 2005.
144
água
Tratamento da
cloreto de sódio salmoura
água
Circulação H2 Purificação do H2 puro
eletricidade Eletrólito Hidrogênio
Cristalização
Filtração
Secagem
Clorato de sódio
Descrição do processo
A solução da salmoura é feita com água abrandada ou água condensada de
um evaporador e sal isento de cálcio e magnésio. Em princípio, a salmoura deve ser
tratada para a remoção de impurezas, como íons de cálcio e magnésio. No preparo da
solução, para a reação, são adicionados ácido clorídrico (HCl) para correção do pH e
dicromato de sódio (Na2Cr2O7) que inibe a corrosão da célula eletrolítica. Nesta
etapa, há a formação do hipoclorito de sódio pela presença do ácido clorídrico. (EKA
CHEMICALS, 2003 e SHREVE, 1977)
A cuba eletrolítica de aço fica cheia com a salmoura ou com uma solução
salina obtida pela recuperação do clorato, dissolvida em água do evaporador. A
temperatura da cuba é mantida em torno de 40ºC por água de arrefecimento.
Segundo EKA CHEMICALS (2004) e SHREVE (1977), o clorato de sódio é
formado pela eletrólise da salmoura, conforme a seguinte reação global:
NaCl(aq) + 3H2O(l) + Eletricidade → NaClO3(aq) + 3 H2(g)
14
Informação obtida com o Sr. Paulo Barbieri da empresa Eka Chemicals do Brasil Ltda., através de
contato pelo e-mail paulo.barbieri@eka.com, em 24 jan. de 2005.
147
distinção dos processos podem ser realizada através dos diferentes agentes de
redução empregados na conversão do clorato de sódio ao dióxido de cloro e
diferentes ácidos.
O processo SVP vem sendo modificado e melhorado com o passar dos anos
permitindo o uso de diferentes matérias-primas e a obtenção de diferentes sub-
produtos.
Com exceção do ClO2 produzido na própria indústria, geralmente, os outros
reagentes empregados no branqueamento são obtidos diretamente das específicas
unidades produtivas.
Os processos mais empregados em plantas modernas de geração de dióxido
de cloro no país, de acordo com MILANEZ (2004) 15, tem sido o SVP-LITE (baseado
no uso do metanol) e o SVP-HP.
O processo SVP-LITE surge como uma adaptação do R8 e a patente é
propriedade da Eka Nobel. Por meio deste processo, é obtido um produto livre de
cloro elementar e sub-produtos reaproveitáveis com um mínimo de desperdício.
Segundo EKA CHEMICALS (2002a), o processo SVP-LITE caracteriza-se
pela produção do dióxido de cloro a partir da reação entre clorato de sódio, metanol e
ácido sulfúrico, como mostrado na seguinte reação global:
15
Informação obtida com Sr. Augusto F. Milanez da área de Pesquisa e Desenvolvimento da
Companhia Suzano Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail amilanez@suzano.com.br, em 21
dez. de 2004.
151
H2O
CH3OH
Na3H(SO4)2
Recuperação do Na2SO4
sesqui-sulfato
de sódio
16
Informação obtida com Sr. Augusto F. Milanez da área de Pesquisa e Desenvolvimento da
Companhia Suzano Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail amilanez@suzano.com.br, em 21
dez de 2004.
153
Tecnologias de produção
A produção industrial de cloro e soda cáustica, por eletrólise do cloreto de
sódio (NaCl), pode ser realizada pelas principais tecnologias de diafragma, mercúrio
e membrana.
Conforme ABICLOR (2004), o processo diafragma é o mais utilizado no
Brasil, seguido pelo processo de mercúrio e de membrana, conforme figura 36.
Membrana
4%
Mercúrio
25 %
Diafragma
71%
Químico ou
Outros Petroquímico
27,90% 27,50%
Sabões e
Detergentes
8,00% Papel e Celulose
Alumínio 19,60%
17,00%
Processos de Produção
A industria de cloro-álcali produz cloro (Cl2) e solução cáustica (NaOH)
simultaneamente por meio da decomposição de uma solução de sal em água. Durante
este processo tem-se a produção de hidrogênio (H2).
No processo de eletrólise, a solução de cloreto de sódio é decomposta
eletroliticamente por corrente direta. Nas três tecnologias: diafragma, mercúrio e
membrana, o cloro produzido no anodo é separado da soda cáustica e hidrogênio
produzidos, direta ou indiretamente, no catodo (IPPC, 2001).
A solução de salmoura é preparada, com concentração de 300 g/L, e
purificada com carbonato de sódio e soda caustica para precipitação dos íons de
cálcio e magnésio, respectivamente (CAII, 2004).
São apresentadas a seguir, segundo IPPC (2001), as três tecnologias de
produção de soda cáustica.
157
Saturação da salmoura
salmoura impura
precipitantes
Precipitação
resíduo
Filtração
salmoura purificada
Resaturação da
salmoura
ácido hidroclórico
gás cloro
Eletrólise
hidrogênio
solução cáustica
Resfriamento Resfriamento
sal
Concentração Remoção de oxigênio Secagem
Resfriamento Compressão
Estocagem Liquefação
Evaporação
sal
salmoura diluida
Resaturação da salmoura
solução cáustica
salmoura impura
precipitantes
Precipitação
De-cloração da salmoura
resíduo
Filtração
Pré-aquecimento
ácido hidroclórico
gás cloro
Eletrólise
mercúrio amálgama
água
Decomposição da Resfriamento
solução cáustica Amálgama
hidrogênio
Estocagem Liquefação
Evaporação
Por muitos anos, a produção de cloro e soda por células de mercúrio tem sido
uma significativa fonte de poluição ambiental, devido às perdas de mercúrio do
processo para a água, atmosfera, produtos e resíduos. O mercúrio inorgânico pode ser
metabolizado por bactérias anaeróbicas para a forma altamente tóxica de metil
162
água sal
salmoura diluída
Resaturação da salmoura
solução cáustica
salmoura impura
precipitantes
Precipitação
NaHSO3
resíduo
De-cloração da salmoura Filtração
salmoura purificada
água
solução cáustica
Resfriamento
Resfriamento Secagem
hidrogênio
Concentração Compressão
Resfriamento Liquefação
17
Informação obtida com Srta. Regina Kawai, responsável pela Tecnologia de Aplicação da empresa
Peroxygen Chemicals (Degussa), através de contato pelo e-mail regina.kawai@degussa.com, em 06
dez. de 2004.
165
Descrição do processo
O processo cíclico Riedel-Pfleiderer ou BASF tem sido a base tecnológica
para todos os modernos processos de auto-oxidação orgânica. Algumas melhorias
implementadas estão relacionadas, basicamente, ao emprego de soluções de trabalho
estáveis e de catalisadores seletivos para a hidrogenação (ULMANN´S, 1989).
A solução de trabalho consiste em uma mistura de vários solventes, onde
parte são solventes aromáticos (HISCHIER, R.; KUNST, H., 2004).
Na figura 42, são apresentados os princípios básicos da produção de peróxido
de hidrogênio pelo processo de auto-oxidação da antraquinona.
166
gases gases
vapor
Tanque de
estocagem da Tanque de Absorvedor de
Hidrogenador Filtração Separador
solução de Oxidação carvão ativado
trabalho
água desmineralizada
ar
hidrogênio
efluente
antraquinona
solvente
Figura 42: Produção de peróxido de hidrogênio pelo processo de auto-oxidação da antraquinona (ULMANN’S, 1989)
167
Hidrogenação
A solução de trabalho do tanque contida no tanque de armazenamento alimenta o
hidrogenador, onde é hidrogenada em suspensão catalítica, suporte catalítico ou mesmo
em um leito catalítico fixo. Geralmente, tem sido empregado uma suspensão catalítica,
por exemplo, liga de paládio, de níquel ou um suporte de paládio.
Na sequência, o estágio de filtração retém o catalisador que retorna para o
processo de hidrogenação.
O calor liberado na reação durante a hidrogenação pode ser removido: antes da
etapa de hidrogenação, pelo resfriamento da solução de trabalho oxidada, durante esta
etapa, pelo resfriamento do reator ou depois desta etapa, pelo resfriamento da solução de
trabalho hidrogenada.
Oxidação
A solução de trabalho que contêm hidroquinona antes de alimentar a etapa de
oxidação, necessita passar por um estágio seguro de filtração, isto é particularmente
importante, pois os catalisadores da hidrogenação no processo de auto-oxidação (liga de
paládio e níquel) também catalisam a decomposição do peróxido de hidrogênio. E uma
pequena quantidade destes nas etapas de oxidação e extração subsequentes, poderiam
provocar um grande perda de peróxido de hidrogênio, além de sérios distúrbios no
processo.
Na etapa de oxidação, é injetado ar na solução de trabalho hidrogenada, as
hidroquinonas dissolvidas são oxidadas a quinonas e o peróxido de hidrogênio é
formado.
Depois da solução de trabalho ter sido separada, o ar empregado na oxidação
passa por adsorvedores de carvão ativo e o solvente adsorvido é recuperado.
168
Processos auxiliares
Alguns processos auxiliares são necessários para poder se manter uma boa
operação do processo de auto-oxidação. Por exemplo, tem-se a etapa de regeneração
catalítica, onde parte dos catalisadores é removida, regenerada, retornando ao
hidrogenador. Além das perdas processuais de quinona e solvente na solução de trabalho
que necessitam serem compensadas, por meio de uma reposição periódica de
antraquinona e solvente.
FUSÃO DO ENXOFRE
enxofre
elementar condensado
SECAGEM
enxofre líquido DE AR
ar seco
vapor
gases de SO2
TC1 TC2
vapor água
água vapor
CONVERSÃO
TC3 I
II
vapor
III
TC4
IV
ABSORÇÃO
água INTERMEDIÁRIA
TC5
ABSORÇÃO
FINAL TANCAGEM
H2SO4
H2SO4 98%
Fi VI 3 Di ái d d D l Ab ã D l C (DA/DC) d ã d á id lfú i
Figura 43: Diagrama do processo de dupla adsorção (DA) para produção de ácido sulfúrico (KULAY, 2004)
171
4. ELABORAÇAO DO INVENTÁRIO
4.1. Metodologia
Este estudo foi conduzido utilizando a estrutura metodológica baseada nas
recomendações da ISO (International Organization for Standardization). De acordo com
a NBR ISO 14040 (2001), a ACV é dividida em quatro fases: definição de objetivo e
escopo, análise do inventário, avaliação de impactos e interpretação.
produto acabado - o papel offset, o que corresponde aos subsistemas “do berço ao portão
da fábrica” (da expressão em inglês from cradle to gate).
defensivos pela indústria de papel e celulose são temas para outros trabalhos, que
poderiam ser compreendidos em novos estudos de ACV.
A segunda fase é a de manejo florestal, que visa à obtenção de madeira durante o
período de crescimento da floresta, com qualidade necessária ao seu uso final, ou seja, a
produção de papel offset pelas indústrias integradas de papel e celulose consideradas no
modelo. Na etapa de crescimento da floresta deve ser considerado o seqüestro de
carbono da atmosfera.
A terceira fase é a da colheita da madeira, que compreende as etapas de
derrubada, de descascamento, do corte e do transporte da madeira. Nesta etapa, o
aspecto mais importante a ser considerado refere-se a distância média percorrida no
transporte da madeira da área florestal até a unidade industrial.
Subsistema energia
No cenário atual, a energia requerida pelas indústrias, consideradas no modelo
em estudo, não é satisfeita pela eletricidade e calor produzidos on-site, sendo
complementada pela energia elétrica comprada de uma rede concessionária.
Este subsistema inclui o consumo de energia elétrica da fonte externa e a energia
autogerada na indústria, pela queima do licor negro, biomassa e derivados do petróleo.
Subsistema transporte
Este subsistema consiste em levantar os aspectos ambientais das atividades de
transporte dos materiais requeridos entre as unidades de processo consideradas. Esta
etapa compreende as formas de transportes adotadas e distâncias percorridas na
movimentação da madeira retirada das áreas florestais e dos insumos necessários ao
processo, do local onde são produzidos, até a fábrica de papel offset.
178
Produção do Separação do
hidrogênio oxigênio do ar
Mudas de
Madeira Preparo da Madeira Polpa Depuração, Polpa Polpa Fabricação do Papel offset
Produção Florestal Branqueamento
e Cozimento Lavagem e Pré-O Papel Offset
eucalipto
Celulósica celulósica celulósica
branqueada
Recuperação
Química
Produção de
metanol
Legenda: Produção do
sulfato de sódio
Fronteira Geográfica
A fronteira geográfica deve ser definida de acordo com as características das
indústrias de papel offset consideradas significativas para o presente estudo.
O sistema de produto sob estudo baseou-se nos 5 principais fabricantes de
papel offset que, conforme já apresentados, são em termos de maior produção: a
International Paper do Brasil Ltda., a Votorantim Celulose e Papel S.A., a Cia
Suzano de Papel e Celulose, a Bahia Sul Celulose S.A. e a Ripasa S.A. Celulose e
Papel.
As indústrias nacionais de papel offset empregam, de maneira geral, matérias-
primas, processos florestais, produtivos e tecnologias muito semelhantes. Desse
modo, a fronteira geográfica adotada para o estudo, à primeira vista, poderia ser
representada pelo escopo geográfico delimitado pelas 5 empresas consideradas no
estudo, incluindo suas áreas florestais e os fornecedores de insumos utilizados no
processo de produção do papel offset. No entanto, essas empresas possuem
representatividade em termos de produção nacional e assim, a validade deste estudo,
desde que considerada suas limitações, suposições e estimativas adotadas, pode ser
extrapolada para o escopo geográfico da produção nacional.
Fronteira Temporal
Este estudo visa retratar a situação atual das indústrias nacionais de papel e
celulose que produzem o papel offset. Os dados coletados foram obtidos no periodo
relativo aos anos de 1998 à 2006.
Para fazer frente ao crescimento da demanda e oferta mundial de celulose e
papel, os principais fabricantes de papel offset vêm, a algum tempo, por meio de
saltos tecnólogicos adequando-se as melhores práticas tecnológicas disponíveis. Sob
este aspecto, o estudo possui um válidade de 5 anos, após este período faz se
necessário uma análise crítica e atualização dos dados, este período foi adotado
considerando o crescimento programado do setor, que já se encontra em fase de
implementação.
181
- coleta de dados
As folhas elaboradas para a coleta de dados foram enviadas aos cinco
principais fabricantes de papel offset, assim como aos fornecedores dos insumos
necessários ao processo de produção do papel. Dentre os fabricantes de papel offset
contatados, cerca de 40% responderam as folhas de coleta de dados. Para este
porcentual, foram considerados também os dados parciais (dados relativos a unidades
de processo específicas) recebidos das empresas consideradas no modelo.
183
NBR ISO 14041 (2004), que define os dados secundários em estimados, calculados
ou da literatura.
e uma densidade básica (Db) em torno de 0,50 t/m3, foi possível estimar o peso de
uma árvore de eucalipto Pe, pois:
Pe = Ve . Db = 0,2297 . 0,50 = 0,11485 t
Considerando que 1 ADMT 18 equivale a 0,90 ODMT 19, a quantia de 3,2828
toneladas de madeira ODMT necessária à produção de 1 tonelada de papel offset,
obtida para o balanço mássico dos subsistemas extração da celulose e fabricação de
papel offset, passa a ser referenciada em ADMT, em um valor calculado de 3,6476
toneladas.
Somando-se a este valor, as cascas (12%) e umidade (valor médio de 35%) de
acordo com a tabela 41, obteve-se o valor de 5,5152 toneladas de madeira ADMT.
Dessa maneira, guardada a relação de que 1 árvore de eucalipto pesa 0,11485
tonelada, para o valor encontrado, ou seja, para se produzir 1 tonelada de papel
offset, serão necessárias cerca de 50 árvores de eucalipto.
O inventário dos aspectos ambientais do subsistema produção florestal é
dividido nas seguintes unidades de processo: viveiro, plantio e corte do eucalipto,
conforme apresentado na tabela 42. Os dados secundários foram calculados com base
nos dados obtidos em VESOVIC et. al. (1998). Os aspectos ambientais apresentados
neste estudo são referentes à produção florestal do eucalipto (Eucalyptus globulus)
no Chile e, na ausência de dados primários, foram corrigidos e empregados,
conforme apresentado no anexo L. Esta complementação somente pode ser satisfeita,
devido à similaridade dos valores apresentados por este inventário com a parcela dos
dados coletados para cada unidade de processo correspondente.
18
ADMT: tonelada métrica seca ao ar (tradução do inglês: air-dried metric tons), refere-se à celulose
com 10% de umidade em peso (ENVIRONMENTAL DEFENSE FUND et. al., 1995).
19
ODMT: tonelada métrica seca ao forno (tradução do inglês: oven-dried metric tons, refere-se à
celulose com “zero” (0%) de umidade (ENVIRONMENTAL DEFENSE FUND et. al., 1995).
186
Tabela 42: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema produção florestal,
baseado na produção de 1 tonelada de papel offset
VIVEIRO
Parâmetros Quantidade Unidade Fonte
ENTRADAS
Água para irrigação 580,00 L (90 dias) dado primário
Energia requerida 225,61 KJ dado calculado
Fertilizantes 2,71 g dado primário
Defensivos 0,09 g dado primário
mudas/sementes 58 mudas dado calculado
outros aspectos
Área requerida 5,64E-06 ha dado calculado
SAIDAS
produto
plantas 53,00 plantas dado calculado
Emissão atmosférica
CO2 (fóssil) 1,58 g dado calculado
Resíduos sólidos
Resíduos 0,07 g dado calculado
PLANTIO
Parâmetros Quantidade Unidade Fonte
ENTRADAS
plantas 53,00 plantas dado calculado
L (3 irrigações/
Água 318,00 dado primário
ciclo - 7 anos)
calcário 63,80 kg/ciclo (7 anos) dado primário
Fertilizante (como NPK) 29,00 kg/ciclo (7 anos) dado primário
Defensivo - Herbicidas 0,46 L/ciclo (7 anos) dado primário
Defensivo - Formicidas 0,29 kg/ciclo (7 anos) dado primário
Energia requerida 4,51 MJ dado calculado
CO2 fixado 3,16 t dado calculado
outros aspectos
Área requerida
plantio 2,9E-02 ha dado calculado
preservação e outras atividades 1,6E-02 ha dado calculado
SAIDAS
Emissão atmosférica
CO2 (fóssil) 0,26 kg dado calculado
Resíduos sólidos
Resíduos 6,77E-03 kg dado calculado
CORTE
Parâmetros Quantidade Unidade Fonte
ENTRADAS
Energia requerida 83,47 MJ dado calculado
SAIDAS
produto
187
CORTE
Madeira para indústria de papel e
3282,80 kg dado primário
celulose
emissão atmosférica
CO2 (fóssil) 5,42 kg dado calculado
CO2 (renovável) 263,96 kg dado calculado
Resíduos sólidos
Resíduos 2,48 kg dado calculado
Tabela 43: Distâncias médias das áreas florestais aos principais fabricantes de papel
offset (CORNACCHIONI, 2003; IPAPER, 2006 20; VCP, 2002)
20
Informação obtida com o Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa International Paper
do Brasil Ltda. (www.internationalpaper.com.br), em 23 jun. de 2006.
188
maior quanto mais energia este consome, os autores afirmam ainda que, geralmente,
um metro cúbico estéreo de madeira, posta no pátio da fábrica, custa cerca de 3 vezes
mais que a mesma quantidade de madeira na forma de árvores em pé.
Considerando que os caminhões empregados no transporte da madeira para
suprimento de uma das fábricas de papel offset transportam uma carga líquida de 35 t
de madeira, como visto na pág 73. Para a distância de 200 km adotada no modelo, o
fluxo de referência adotado para este subsistema é de 7000 t.km.
O inventário empregado para o transporte da madeira foi obtido da base de
dados Truck 40t ETH U do SimaPro (PRÉ CONSULTANTS, 2003), que considera o
transporte por caminhões de 40 t de capacidade, movidos a óleo diesel e com
consumo de combustível de 1.0 MJ/tkm. Este inventário contempla os aspectos
ambientais da construção do caminhão e da infraestrutura rodoviária. A unidade
funcional adotada por esta base de dados é de 1 t.km, ou seja, a atividade de
transporte é modelada em tonelada-quilômetros.
Na tabela 44, é apresentado o inventário do transporte da madeira ajustado
para o fluxo de referência de 7000 t.km.
Guardada a relação que 1500 árvores fornecem aos 7 anos de idade, cerca de
200 m3 de madeira sem casca. Em um hectare que compreende por volta de 1666
árvores, proverá então aproximadamente 222 m3 de madeira sem casca. Por meio do
balanço mássico do sistema de produto, foi identificado que para produzir 1 tonelada
de papel offset são necessárias cerca de 50 árvores.
E para este valor, a madeira necessária será de cerca de 6,66 m3 sem casca.
Assim o consumo de energia elétrica da extração das cascas das toras em kWh/m3
pode ser ajustado para kWh, bem como os valores da produção e classificação de
cavacos e da movimentação de materiais.
O consumo energético da polpação Kraft pode ser corrigido pela
multiplicação do valor da literatura por 0,979 t celulose escura, valor este obtido
através da análise das perdas de fibras da polpação, calculadas a partir do balanço
mássico do subsistema, conforme apresentado na tabela 47.
192
SAÍDAS
Produto
Celulose 823,46 kg dado primário
Emissões Atmosféricas
TRS
polpação contínua 0,30 kg dado primário
central de lavagem 0,37E-01 kg dado primário
evaporação 0,58E-01 kg dado primário
Efluentes Líquidos
vazão
194
24
Informação obtida com. o Serviço de Atendimento ao Consumidor da empresa International Paper
do Brasil Ltda (www.internationalpaper.com.br), em 04 out. de 2004.
197
Tabela 50: Inventário dos aspectos ambientais para o subsistema fabricação do papel
offset
Parâmetros Quantidade Unidade Fonte
ENTRADAS
Recursos Materiais
celulose 823,46 kg dado primário
dado estimado
água 19,13 m3 (baseado em VCP,
2005)
PCC (carbonato de cálcio precipitado) 105,00 kg dado primário
aditivos
dado literatura
colagem interna 1,00 kg (baseado em
BIERMANN, 1996)
outros aditivos – não especificados 19,00 kg dado estimado
Recursos energéticos
dado literatura
energia elétrica 610,00 kWh (baseado em EWING,
1985 apud BAJAY;
energia térmica 5,75 GJ BERNI; LIMA, 2005)
SAÍDAS
Produto
Papel Offset 1,00 t dado primário
Emissões atmosféricas
SO2 0,00 kg dado primário
Efluentes líquidos
vazão
máquina de papel offset 1,80 m3 dado primário
preparação de aditivos 0,12 m3 dado primário
sólidos totais
máquina de papel offset 3,40 kg dado primário
preparação de aditivos 2,73 kg dado primário
sólidos suspensos
máquina de papel offset 2,11 kg dado primário
preparação de aditivos 1,80 kg dado primário
DBO5
máquina de papel offset 1,01 kg dado primário
preparação de aditivos 0,00 kg dado primário
Resíduos sólidos
aparas de papel 98,49 kg dado primário
198
Adensador
celulose
lodo lodo
Efluente alcalino - celulose 0,5% ss Decantador 3% ss 4% ss Máquina
celulose desaguadora
1000 m3/h (4 bombas)
energia elétrica
para aeradores
1 kgf/cm2--------------------------0,09806 MPa
14,3 kgf/cm2 ------------------------- y MPa
y ≅ 1,4 MPa
Para este valor tem-se a entalpia H2 = 2.803,3 KJ/kg (CNP; FINEP; IPT,
1985) para um vapor na temperatura de 200ºC.
A figura 46 ilustra a cogeração de energia em turbina a vapor em ciclo
combinado. Os sistemas em ciclo combinado são constituídos por turbinas a gás de
ciclo aberto - colocadas em série com caldeiras de recuperação - com ou sem queima
auxiliar, nas quais é gerado vapor a alta ou média pressão. Esse vapor é, então,
expandido numa turbina de contrapressão ou de extração/condensação, permitindo
que o vapor de escape seja utilizado como vapor de processo.
201
combustíveis
Energia Elétrica
Tabela 53: Inventário do ciclo de vida para 1.000 MJ (1GJ) de eletricidade gerada e
distribuída no Brasil em 2000 (COLTRO; GARCIA; QUEIROZ, 2003)
Quantidade/
Parâmetros Unidade
1GJ de energia
Entradas
Energia
Total 1.584,00 MJ
Recursos Naturais
Reservas Bióticas 4,87 kg
Carvão 12,84 kg
Gás natural 0,76 kg
Óleo 1,21 kg
Água (Termelétrica - evaporada) 231,44 kg
Água utilizada (Hidroel. - escoamento LPA*) 116,32 m3
Outros Recursos
Materiais secundários 0,90 kg
Urânio 0,18 g
Uso da Terra
Uso da Terra 0,25 m2
Saídas
Resíduos Sólidos
Resíduos do solo 13,37 dm3
Resíduos processuais 10,70 kg
Emissões Atmosféricas
Ácidas (HCl) 0,03E-03 g
CH4 54,80 g
CH4 - renovável 484,75 g
203
Fornecedores de carbonato de
25
Informação obtida com Sr. Mario Seixas, Business Manager - Paper Division de Imerys do Brasil
Mineração Ltda, através de contato pelo e-mail mseixas@imerys.com, em 04 ago. de 2005.
205
Calcário
(jazida de Doresópolis-MG)
Extração do
Calcário
Transporte
Produção de PCC
(unidade de Arcos-MG)
Segundo o estudo, todas as etapas do ciclo de vida - from cradle to gate, foram
consideradas, ou seja, as etapas incluídas foram: a extração do recurso natural, a
produção da matéria-prima e a produção de energia. A unidade funcional empregada
para este estudo foi de 1 t de clorato de sódio, isto quer dizer que a carga ambiental
apresentada é válida para 1000 kg de clorato de sódio. Foi feita a consideração de
que o clorato de sódio da Eka Chemicals contêm ≥ 99,5% de clorato de sódio.
Na tabela 56 é apresentado o inventário dos aspectos ambientais da produção
de clorato de sódio.
26
Informação obtida com Sr. Augusto F. Milanez da área de Pesquisa e Desenvolvimento da
Companhia Suzano Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail amilanez@suzano.com.br, em 21
dez de 2004.
209
Pan Americana
Solvay Indupa
Braskem S.A.
Carbocloro
Igarassu
Nexen
International Paper do Brasil Ltda. X
Votorantim Celulose e Papel S.A. X
Cia Suzano Papel e Celulose X X X X - - -
Bahia Sul Celulose S.A. X X X X - - -
Ripasa S.A. Celulosa e Papel X
1
Nota: Estes dados são relativos a fornecedores habilitados, podendo haver variação da quantidade
fornecida por cada um, de acordo com o período considerado. Os campos em branco (não
preenchidos) são fornecedores potenciais, considerando que não foi possível obter as informações das
referidas empresas.
27
Informação obtida com a Srta. Cristiane Néri Boaventura do atendimento ao mercado/logística da
empresa Carbocloro, através de contato pelo e-mail cristianeboaventura@carbocloro.com.br, em 16
mar. de 2005.
28
Informação obtida com o Sr. José Luciano Batista Ungari da divisão de suprimentos da Companhia
Suzano Papel e Celulose, através de contato pelo e-mail jungari@suzano.com.br, em 16 mar. de 2005.
212
Sal Marinho
(Estado do Rio Grande Sal Marinho
do Norte) (Importado do Chile)
Extração do Extração do
Sal Marinho Sal Marinho
Transporte Transporte
60,28% 39,72%
Soda Cáustica
consumida pelos fabricantes de
papel offset
Legenda:
Fronteira considerada para o subsistema em estudo
Figura 48: Modelo adotado para a soda cáustica consumida pelos fabricantes
nacionais de papel offset
Tabela 60: Inventário dos aspectos ambientais do transporte marítimo de 3000 t.km
(adaptado de PRÉ-CONSULTANTS, 2003 apud BORGES, 2004)
Parâmetros Quantidade Unidade
Entradas
Bauxita 8,94 g
Petróleo 24,57 t
Energia (não especificada) 61,08 MJ
Gás natural 1566,00 g
Água 720,00 mg
Saídas
Emissões atmosféricas
Aldeídos 75,60 mg
Amônia 37,80 mg
CO 212,10 g
CO2 74,10 kg
CxHy 171,00 g
MP 5,34 g
Metais 223,50 mg
N2O 90,60 mg
NOx 1374,00 g
SO2 1116,00 g
Fuligem 2100,00 mg
SOx 2013,00 mg
VOC 3,87 g
Efluentes líquidos
DBO 11,34 mg
Cl- 223,50 mg
DQO 56,40 mg
Petróleo 1092,00 mg
CxHy 447,00 mg
SDT 23,94 g
SST 11,34 mg
H2 672,00 mg
214
Fornecedores de ácido
sulfúrico
Fabricantes de papel offset
Jaríi Celulose
Nitroquímica
Morro Velho
Elekeiroz (1)
Galvani (2)
CPM
International Paper do Brasil Ltda. - X -
Votorantim Celulose e Papel S.A. X - X
Cia Suzano Papel e Celulose X X X
Bahia Sul Celulose S.A. - - -
Ripasa S.A. Celulosa e Papel X X -
(1)
O fornecedor atende regularmente as empresas Cia Suzano Papel e Celulose e Ripasa S.A. Celulose
e Papel e indiretamente através de um revendedor a empresa Votorantim Celulose e Papel S.A. Em
um momento passado, esta empresa atendeu também a International Paper do Brasil Ltda. e a Bahia
Sul Celulose S.A.
(2)
O fornecedor atende de forma esporádica também a empresa Bahia Sul Celulose S.A.
Nota: Os campos em branco (não preenchidos) podem correlacionar outros fornecedores,
considerando que não foi possível obter esta informação com as empresas referidas.
29
Informação obtida com o Sr. Moacir da empresa Galvani Indústria, Comércio e Serviços Ltda.,
através de contato por telefone (11 3768 0044), em 21 jul. de 2005.
30
Informação obtida com o Sr. Carlos Eduardo Villani da Assistência Técnica e Marketing da
empresa Elekeiroz, através de contato pelo e-mail carlos.villani@elekeiroz.com.br, em 21 jul. de
2005.
31
Informação obtida com o Eng. Esley, Gerente de Processos da empresa Nitroquímica, através de
contato por telefone (11 61373180), em 21 jul. de 2005.
220
Extração do Enxofre
Transporte
Produção de Ácido
Sulfúrico (Tecnologia de
dupla-absorção ou duplo-contato)
Ácido Sulfúrico
consumido pelas indústrias
Legenda: brasileiras de papel offset
Figura 49: Modelo adotado para o ácido sulfúrico consumido pelas indústrias
brasileiras de papel offset
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
compreendidos no ciclo de vida do papel offset, que podem ser representativos para a
elaboração de inventários nacionais de diversos outros tipos de papéis.
Levando-se em consideração o tempo e recursos despendidos no estabelecimento
dos contatos com os fabricantes de papel offset e na fase de coleta dos dados, os
resultados encontrados podem ser empregados com uma primeira aproximação da
produção brasileira de papel offset, enquanto não existirem novos trabalhos de ICV do
papel offset que venham a complementar este estudo.
Como previsto na metodologia da Avalicação do Ciclo de Vida, os inventários
do Ciclo de Vida necessitam ser revistos com o passar dos anos e, desse modo, este
estudo prevê a necessidade de sua atualização após um período de 5 anos. Recomenda-
se que nessa etapa seja dada uma atenção, em particular, aos aspectos ambientais
relacionados ao consumo energético dos fabricantes de papel offset, uma vez que os
dados empregados nesta análise foram extraídos, principalmente, da literatura. Outras
sugestões que agregariam mais valor ao estudo seria a substituição dos inventários
parciais, baseados em dados secundários, por valores obtidos junto as suas fontes
geradoras e a inclusão de algum subsistema, a princípio, excluído.
A dificuldade de uniformizar critérios gerais para a adoção de modelos
representativos em estudos de Avaliação do Ciclo de Vida é notável em referências
internacionais. As considerações feitas no decorrer do estudo, embasadas em
informações obtidas junto aos fabricantes de papel offset e fornecedores de insumos
associados, contribuiram na elaboração de modelos mais consistentes, conferindo maior
confiabilidade e menor subjetividade aos resultados finais.
A conquista de um modelo de desenvolvimento que seja capaz de suprir as
necessidades presentes da sociedade, ao mesmo tempo em que proteja e conserve o meio
ambiente, garantindo a capacidade das gerações futuras em suprir suas necessidades, é
um dos maiores desafios a sobrevivência da humanidade. A mudança de foco das
empresas com relação aos seus produtos, como parte fundamental da gestão ambiental
corporativa é um dos primeiros passos rumo ao desenvolvimento sustentável. Este
enfoque tem sido muito bem compreendido pela ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida,
231
Por fim, desejo registrar um fato impressionante, que análisa um dos papéis
valiosos prestados pela floresta, notadamente, sua reciclagem da chuva para o interior
dos continentes tornando o produtivo e habitável. Frequentemente, quando se descobre o
papel que as florestas desempenham já é tarde demais, após as árvores terem sido
derrubadas. O exemplo da China, que é apresentado na sequência, conforme BROWN
(2003), demonstra como a ação do homem pode representar em reações muito rápidas e
indesejáveis do meio ambiente.
No verão de 1998, a bacia do Yangtzé, na China, sofreu a maior enchente da
história. Cerca de 120 milhões de pessoas foram desabrigadas pelas águas.
Comprovadamente, 3.656 pessoas morreram. A inundação recorde com prejuízos
atingindo US$ 30 bilhões ocorreu num ano quando as chuvas, embora bem acima da
média, nem chegaram perto de um recorde. A grande diferença em relação aos anos de
igual precipitação foi a perda florestal. Em 1998, a bacia do Yangtzé já havia perdido
85% de sua cobertura original, restando pouco para absorver as chuvas de monção,
acima do normal.
Embora tenha sido tarde demais para evitar o desmatamento maciço, em agosto
de 1998, as autoridades chinesas anunciaram a imposição de uma proibição total de
derrubadas na região superior da bacia hidrográfica. Uma alta autoridade observou que
árvores de pé valiam três vezes mais que árvores cortadas. As madeireiras estatais que
derrubavam as matas foram transformadas em organizações reflorestadoras.
Uma vez que o desmatamento aumenta o risco de inundações, acelera a erosão
do solo, inibe a recarga de aqüíferos e dizima a vida vegetal e animal, afeta diretamente
232
várias outras tendências que estão determinando nosso futuro. Embora não dependamos
tão universalmente das florestas para lenha como outrora, elas ainda fornecem material
para construirmos nossas casas e fabricarmos o papel, que continua sendo o principal
meio de comunicação. Além disso, 2 bilhões de pessoas dependem das florestas para seu
combustível.
Desde os primórdios da agricultura, o mundo já perdeu quase a metade de suas
florestas. Grande parte da perda ocorreu durante o último século. Embora alguns países,
individualmente, tenham revertido a maré de perda florestal, a área mundial continua a
encolher. À medida que as florestas diminuem, também se reduzem as perspectivas da
humanidade.
233
ANEXOS
ANEXO A
De acordo com EIA (1999), uma categoria de impacto de grande importância que
deve ser adotada futuramente é a análise da alteração do habitat e impactos sobre a
biodiversidade, pois a ACV até este momento não possui parâmetros para a realização
desta análise.
234
ANEXO B
ANEXO C
ANEXO D
Imprensa
Produção 274 243 266 233 248
Exportação 16 22 14 8 3
Imprimir / Escrever
Embalagem
Importação 73 50 51 28 23
Papel Cartão
Importação 44 23 34 31 31
Exportação 40 64 90 88 100
Importação 1 2 4 2 4
238
Exportação 22 28 24 32 48
ANEXO E
1 PAPÉIS DE IMPRIMIR
Bíblia
Papel fabricado com pasta química branqueada, gramatura máxima de 50 g/m2,
teor elevado de carga mineral e elevada opacidade. Usado para impressão de bíblias e
similares, podendo conter ou não linhas d’água.
Bouffant
Bouffant de 1ª: Papel fabricado com pasta química branqueada, não colado, com
alta carga mineral, acima de 10 %, bem encorpado e absorvente. Usado para impressão
de livros, em serviço geral de tipografia e mimeografia, podendo apresentar linhas
d’água.
Bouffant de 2ª: Papel de impressão, semelhante ao “bouffant de 1ª”, porém
contendo pasta mecânica.
Couché
Papel de impressão, que reúne o máximo de qualidades necessárias para a
reprodução perfeita de “clichés”, conferidas pelo revestimento com cargas minerais em
uma ou duas faces. Divide-se em subgrupos, que são destacados a seguir:
Base para couché: Papel para ser revestido em sua superfície com cargas
minerais na máquina de revestir.
Couché fora de máquina: Papel “base para couché” (suporte) revestido com
cargas minerais aglutinadas com colas, em uma ou nas duas faces, na máquina de
revestir.
Couché de máquina: Papel fabricado e revestido totalmente na própria máquina
de papel, em uma ou nas duas faces.
240
Imprensa
Papel de impressão de jornais e periódicos, fabricado principalmente com pasta
mecânica ou mecano-química, na gramatura entre 45 a 56 g/m2, com ou sem linhas
d’água no padrão fiscal, com ou sem colagem superficial.
Jornal
Papel de impressão, similar ao “imprensa”, porém, sem limitação de gramatura,
alisado ou monolúcido. Usado para impressos comerciais, blocos de rascunho e outros.
Mimeógrafo
(Excluído - ver classificação Bouffant)
Monolúcido
Papel caracterizado pelo brilho em uma de suas faces, obtido em máquinas
dotadas de cilindro monolúcido.. Divide-se em subgrupos, que são destacados a seguir:
Monolúcido de 1ª: Papel fabricado com pasta química branqueada, com brilho
em uma das faces. Usado para rótulos, cartazes, sacolas, embalagens e papéis fantasia.
Monolúcido de 2ª: Papel semelhante ao “monolúcido de 1ª”, porém contendo
pasta mecânica ou aparas.
Offset
Papel de impressão, fabricado essencialmente com pasta química branqueada
com elevada resistência da superfície. Usado geralmente para impressão em “offset”.
(Exemplos de papel offset: papel empregado na produção de livros, revistas, apostilas
etc)
2 PAPÉIS DE ESCREVER
Apergaminhado
Apergaminhado com marca (Bond com marca): Papel fabricado com pasta
química branqueada, com marca d’água, alisado, colado e com boa opacidade. Usado
geralmente para correspondência.
Apergaminhado (Bond): Papel fabricado com pasta química branqueada, alisado,
colado e com boa opacidade. Usado para correspondência em geral, formulários,
impressos, cadernos escolares e envelopes.
241
3 PAPÉIS DE EMBALAGEM
Papéis de embalagens leves e embrulhos
Estiva e maculatura: Papel fabricado com aparas, em cor natural, acinzentada,
geralmente na gramatura entre 70 a 120 g/m2. Usado para embrulhos que dispensam
apresentação, tubetes e conicais.
Manilhinha - Padaria: Papel fabricado com aparas, pasta mecânica ou
semiquímica, em geral na gramatura entre 40 a 45 g/m2, monolúcido ou não, geralmente
na cor natural e em folhas dobradas. Usado essencialmente nas padarias.
Manilha - HD - Hamburguês - Havana - LD - Macarrão: Papéis fabricados com
aparas, pasta mecânica e/ou semiquímica, em geral na gramatura entre 40 a 100 g/m2,
monolúcidos em cores características ou cor natural. Usados para embrulhos nas lojas,
indústrias e congêneres.
Tecido: Papel de embalagem, fabricado com pasta química e pasta mecânica ou
aparas limpas, na gramatura entre 70 a 120 g/m2, com boa resistência mecânica e
geralmente nas cores creme, bege e azul. Utilizado essencialmente para embrulho de
tecidos e na fabricação de envelopes.
Fósforo: Papel de embalagem, fabricado com pasta química, na gramatura de 40
g/m2, monolúcido ou não, na cor azul característica. Utilizado essencialmente para forrar
caixas de fósforos.
Strong
Strong de 1ª: Papel de embalagem, fabricado com pasta química geralmente
sulfito e/ou aparas de cartões perfurados, na gramatura entre 40 a 80 g/m2, em geral
242
Folha simples de alta qualidade: Papel fabricado com pasta química e/ou apara
branqueada de boa qualidade, tratadas quimicamente, macio, em folha única, branco ou
em cores, na gramatura entre 25 a 28 g/m2.
Folha dupla de alta qualidade: Papel fabricado com pasta química e/ou apara
branqueada, incluindo ou não aparas de boa qualidade tratadas quimicamente, macio, na
gramatura entre 16 a 18 g/m2, para uso em folha dupla, branco ou em cores.
Toalha de cozinha e de mão
Papel fabricado para fim específico, natural ou em cores, na gramatura entre 25 a
50 g/m2. Usado em folha única ou dupla.
Guardanapo
Papel crepado ou não, fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não
aparas de boa qualidade tratadas quimicamente, para fim específico, na gramatura entre
18 a 25 g/m2, para uso em folha única ou dupla, branco ou em cores.
Lenço
Papel fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não aparas de boa
qualidade tratadas quimicamente, na gramatura entre 15 a 18 g/m2, para uso em folhas
múltiplas na confecção de lenços faciais ou de bolso, branco ou em cores.
Lenço hospitalar
Papel fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não aparas de boa
qualidade tratadas quimicamente, na gramatura entre 15 a 30 g/m2, para uso específico.
5 PAPELCARTÃO
Papelcartão
Produto resultante da união de várias camadas de papel e sobrepostas, iguais ou
distintas, que se aderem por compressão. Celulose virgem e materiais celulósicos
recicláveis podem ser urilizados. O papelcartão é fabricado com 200 a 500 g/m2, com ou
sem revestimento superficial. Tipos mais comuns de papelcartão:
Duplex: Possui a superfície branca e apresenta miolo e verso escuros. Utilizado
em embalagens diversas, tais como: sabão em pó, medicamentos, cereais, gelatinas,
mistura para bolos, biscoitos, brinquedos, auto peças, utencílio doméstico etc.
246
Triplex: Sua superfície e verso são brancos e seu miolo é escuro. Normalmente
usado em embalagens de chocolates, cosméticos, medicamentos, fast food e bebidas.
Sólido (Folding): Apresenta todas as suas camadas brancas. Usado em
embalagens de cigarros, cosméticos, medicamentos, higiene pessoal, fast food, capas de
livros e cartões postais.
Cartolina
Produzida por massa única (mono camada) com ou sem revestimento superficial,
pode apresentar-se em várias cores.
Para copos: Rigidez controlada, resistente a recravagem, com alta colagem,
fabricada com pasta química branqueada, na gramatura entre 150 a 270 g/m2, para
confecção de copos (fundo e corpo).
Branca e cores para impressos: Fabricada essencialmente com pasta química
branqueada, em uma só massa e uma só camada, com ou sem tratamento superficial,
alisada ou super calandrada, na gramatura entre 120 a 290 g/m2.
Usada para impressos, pastas para arquivos, cartões de visita e comerciais,
confecção de fichas e similares.
Outras branca e cores: Fabricadas com pastas químicas, semiquímicas, aparas
e/ou pasta mecânica, em uma só massa e em várias camadas, na máquina de papel ou de
colar (bristol), alisada ou monolúcida, na gramatura entre 120 a 290 g/m2. Usada para
confecção de pastas para arquivos, calendário, etiquetas, encartes escolares, fichas
pautadas, cartões de ponto, capas de livros e cadernos, separadores de matéria, etc.
Papelão
Cartão de elevada gramatura e rigidez. Fabricado essencialmente de pasta
mecânica e/ou aparas, geralmente em várias camadas da mesma massa. Sua cor é
conseqüência dos materiais empregados na sua fabricação. Usado na encadernação de
livros, suporte para comprovantes contábeis, caixas e cartazes para serem recobertos.
Comercializado em formatos e identificados por números que indicam a
espessura das folhas contidas num amarrado de 25 quilos. Vide subitens para melhor
classificação:
247
6 PAPÉIS ESPECIAIS
Base para carbono
Papel para fim específico, fabricado com pasta química, geralmente na gramatura
até 24 g/m2, branco ou em cores. Usado como base para fabricação de papel carbono.
Cigarro e afins
Cigarro: Papel para fim específico, fabricado com pasta química branqueada, de
fibras têxteis e/ou madeira, geralmente contendo carga mineral até 26%, nas gramaturas
entre 13 a 25 g/m2, não colado, de alta opacidade, com marca d'água, "velin" ou marca
filigrana, com combustibilidade controlada, com ou sem impregnantes. Usado em
bobinas para confecção mecânica de cigarros ou em resmas e mortalhas, quando para
confecção manual.
Ponteiras: Papel fabricado com pasta química branqueada, nas gramaturas entre
30 a 40 g/m2, com alta opacidade, branco ou em cores, usado como envoltório externo
de filtro de cigarros.
248
Bastão: Papel fabricado com pasta química branqueada, nas gramaturas entre 25
a 30 g/m2, para envoltório interno de filtro de cigarros, ou seja, diretamente em contato
com o filtro.
Crepados
Papel para fins específicos, com crepagem obtida durante a fabricação para
aumentar sua elasticidade e maciez, fabricado essencialmente com pasta química. Usado
para reforço de costura em sacos multifolhados, base para fitas adesivas, germinação de
sementes, base para lençóis plásticos, etc.
Desenho
Papel para fim específico, fabricado com pasta química, geralmente nas
gramaturas de 100 a 280 g/m2, com acabamento de máquina e tratado na massa ou na
superfície, de modo a resistir a ação da borracha.
Heliográfico
Papel para fim específico, fabricado com pasta química branqueada, com baixo
teor de ferro, com absorção uniforme, nas gramaturas de 40 a 120 g/m2, bem colado,
alisado, branco ou levemente colorido.
Absorvente e filtrante
Papéis para fins específicos. Vide subitens para melhor classificação:
Filtrante: Papel fabricado geralmente com pasta química, nas gramaturas de 80 a
400 g/m2, com características definidas quanto ao uso.
Absorvente base para laminados: Papel fabricado com pasta química sem
colagem, com formação e espessura uniformes, de alta absorção, geralmente com 150 a
270 g/m2, utilizado para impregnação com resinas sintéticas na fabricação de laminados
plásticos.
Papel Kraft absorvente para impregnação: Papel fabricado com pasta química
essencialmente de fibra longa, com formação uniforme, isento de furos, com alta
absorção e gramaturas entre 18 a 150 g/m2, de acordo com as finalidades a que se
destinam, usado para impregnação com resinas fenólicas e outras sintéticas, na
fabricação de tubos e placas.
249
8 NÃO CLASSIFICADOS
Kraft especial para cabos elétricos: Papel Kraft neutro fabricado com celulose
Kraft natural isenta de metais e outros materiais condutores de eletricidade, com elevada
resistência mecânica e elétrica, com gramaturas de 30 a 150 g/m2, sem furos ou grumos,
usado para fabricação de cabos elétricos.
Kraft especial para fios telefônicos: Papel Kraft natural ou cores (verde, azul e
vermelho), com elevada resistência mecânica, fabricado nas gramaturas de 30 a 60 g/m2,
sem furos ou grumos, e usado no espiralamento individual de cada fio condutor de cabos
telefônicos.
Kraft especial para condensadores: Papel fabricado com pasta química sulfato
e/ou pastas de fibras de algodão ou outras fibras anuais. Com permeância ao ar, absorção
de líquidos e eletrolíticos e pureza química específicos, isento de cloretos solúveis.
Papéis para utilização em envelopes
Produzidos a partir de pasta química de madeira de fibra curta branqueada,
misturada com pasta mecânica ou pasta química de fibra longa, geralmente nas
gramaturas entre 60 e 150 g/m2.
Papéis decorativos
Produzidos a partir de pasta química de madeira de fibra curta branqueada,
misturada com pasta química de fibra longa, geralmente nas gramaturas entre 30 a 150
g/m2. Usado para revestimento de chapas de madeira ou compensados, utilizados em
móveis e pisos.
Papéis químicos
São papéis que recebem tratamento químico em sua superfície, o que possibilita a
obtenção de cópias, através de reação química. O tratamento químico prevê revestimento
que, em conjunto, originam vários tipos de papéis químicos. Utilizado em notas fiscais,
formulários, aparelhos de fax, etc.
250
ANEXO F
ANEXO G
ANEXO H
Semi-reação eº , V
O3 + 2 H+ + 2e- → O2 + H2O 2,07
H2O2 + 2 H+ + 2e- → 2 H2O 1,78
HClO2 + 3 H+ + 4e- → Cl- + 2 H2O 1,56
HOCl + H+ + 2e- → Cl- + H2O 1,49
HSO5- + 2 H+ + 2e- → HSO4- + H2O 1,44
Cl2 + 2e- → 2 Cl- 1,36
ClO2 + H+ + e- → HClO2 1,15
CH3CO3H + 2 H+ + 2e- → CH3CO2H + H2O 1,06
ClO- + H2O + 2e- → Cl- + 2 OH- 0,90
HOO- + H2O + 2e- → 3 OH- 0,87
ClO2- + 2 H2O + 4e- → Cl- + 4 OH- 0,78
O2 + 2 H2O + 4e- → 4 OH- 0,40
256
ANEXO I
Fibras do reciclo
444,27/10,242
Água clarificada
Aditivos Refugo
150
0,297/0,10 73,20/2,20
Vazão (t/h) / % ss
Fibras do rec.
683,63/10,24
Água clarificada
Aditivos Refugo
230,82
0,75/0,10 112,64/2,20
Celulose 892,40/18,30
REFINADORES TANQUE DE
1049,50/20,47 CAIXA DE NÍVEL MISTURA Água branca 552,42/1,80
6916,79/4,50
1576,47/30,74 PCC 5,42/4,92
Efluentes Celulose branq.
1110,23/21,64 DEPURAÇÃO DEPURADOR
TANQUE DE
ESTOCAGEM CENTRÍFUGA DESAERADOR VERTICAL
Água p/ celulose
1327,96/0,65
Figura 2: Balanço de massa da fábrica de papel offset relativo à produção de 41,67 t/h
de papel (adaptado de PECE/USP, 2005)
259
ANEXO J
ANEXO K
Folha de coleta de dados
FORMULÁRIO
Nome da empresa:....................................................................................
Unidade Industrial: ....................................................................................
Responsável pelo preenchimento: ............................................................
Telefone de contato: ..................................................................................
Número de fax: ..........................................................................................
e-mail: ........................................................................................................
Característica da empresa:
( ) Celulose integrada a produção de papel
( ) Celulose e pasta integrada a produção de papel
( ) Celulose de mercado
Quantidades Produzida:
( ) Celulose Fibra Curta
Branqueada:....................................t/dia;.....................................t/ano
262
Processo Produtivo:
( ) Sulfato / Kraft
( ) Soda
( ) Sulfito
( ) ECF
( ) TCF
Efluentes Líquidos
Possui sistema de Tratamento de Efluentes? ( )Sim ( ) Não
Compreende:
( ) Sistema para remoção de sólidos
( ) Sistema para Tratamento biológico.
Qual?........................................................................................
Percentual da vazão tratada:.................%
1) PRODUÇÃO FLORESTAL:
Energia Quantidades
Elétrica:
Resíduos Sólidos Quantidades Destinação
Combustíveis:
ANEXO L
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Entrevista.asp?IDEntrevista= 13&iditem=97>, em 30 ago. de 2005.