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Revista

LIFESTYLE
PRISCYLLA NOLASCO
“Como o bom
humor salvou a
minha rotina com a
Esclerose Múltipla? “
SUMÁRIO

ÍNDICE
04 CAPA - PRISCYLLA NOLASCO

Como o bom humor sal vou a mi nha roti na


com Escl erose Múl ti pl a? “ A sua cura está nas
suas ações. ”

06 COLUNA - DR. MATHEUS WASEM

Escl erose Múl ti pl a: Como reverter preconcei tos


em compreensão?

09 HISTÓRIAS - MAIKA LOIS

Conheça um pouco da Hi stóri a de Mai ka Loi s.

11 LIFESTYLE - LILIA SILVA

Depoi mentos de uma pessoa recém


di agnosti cada com Escl erose Múl ti pl a.

ESPAÇO INTERDISCIPLINAR- DRA.


13 LUCIANA SPANHOLI

Escl eeose Múl ti pl a: Por que fazer terapi a?

17 CRÔNICAS DE UMA RARA

Crôni cas da vi da coti di ana. “ “ As i roni as de


uma vi da escl erosada. ”

FEVEREIRO - MÊS MUNDIAL E NACIONAL


18 DAS DOENÇAS RARAS
Texto real i zado pel o Mi ni stéri o da Saúde e
Associ ação Brasi l ei ra de Doenças Raras.

20 PESQUISA CIENTÍFICA - VITAMINA D


DRA. MARGARIDA MAIA - BIOTECNOLOGISTA

Al tas doses de vi tami na D não retardam o


desenvol vi mento de l esões de E. M.

“ A i nformação através da l ei tura é o movi mento de


pessoas de l ocai s geográfi cos rel ati vamente di sti ntos,
que pode auxi l i ar na mel hori a de comportamentos e
fi nal i zação de dúvi das. ”
Revista
Raros
HISTÓRIAS & LIFESTYLE

05 DE FEV/2024 03
Descobri que o bom humor deixaria a
vida com Esclerose Múltipla mais leve.
Comecei a trabalhar com criação de
conteúdo digital ironizando a minha
rotina com a doença. Resolvi
simplificar os meus dias.
PRISCYLLA NOLASCO
LIFESTYLE 04
RevistaRAROS
HISTÓRIAS & LIFESTYLE Fev, 2024.

Alagoana, 40 anos, Enfermeira


Especialista em Gestão e Auditoria de
Sistemas de Saúde, Pessoa com
Esclerose Múltipla, Influencer em Saúde
e Ativista.

Como foi sair da Depressão Profunda, sendo


Como foi para você, descobrir que tinha
conhecida como criadora de conteúdo digital
Esclerose Múltipla?
de Humor e ativista da E.M.?
Tenho várias definições sobre esse momento,
Eu comecei a reagir com meu subconsciente.
entretanto a que mais tem semelhanças é a de
Acredito que esse é o nosso meio de comunicação
ter quatro paredes me espremendo. Mesmo
com Deus. Ele me fez reagir e começou a me fazer
sendo enfermeira e sabendo do que se tratava,
observar a vida ao meu redor, me ensinando aos
entrei em pânico. Foi há exatos 2 anos. Eu
poucos que eu poderia me adaptar e ajudar outras
tinha acabado de comemorar a chegada de
pessoas. Entendi aos poucos que não era o fim e que
2022, cheia de planos. Estava usando cadeira
poderia se tornar o meu maior propósito. Comecei a
de rodas, sem a visão do olho direito e com
atuar nas redes sociais de uma maneira que
dormência em todo o lado esquerdo do corpo.
ninguém nem lia e nem engajava. Resolvi mudar o
Fui internada para fazer pulsoterapia e após o
método e fazer como sempre fiz em sala de aula:
primeiro dia do tratamento medicamentoso,
Ensinar/Explicar com Bom Humor. Na vida, eu
voltei a andar.
sempre fui a pessoa divertida dos grupos. Uni o útil
Comente sobre o seu primeiro mês Pós- ao agradável e deu muito certo. Hoje sou conhecida
Diagnóstico. em todo território Nacional como Influencer de
“ Fiquei 2 meses em depressão.” Saúde
Fiquei em abstinência do cigarro e meus Qual mensagem você quer deixar para quem
músculos tremiam(eu fumava uma carteira por acabou de descobrir uma doença rara?
dia). A fissura pela nicotina nos primeiros meses Você não teve culpa de nada. Tente não absorver
é desumana e não desejo isso pra ninguém. tanta baboseira que irá ouvir. Comece a se informar
Unido a isso, entrei em depressão profunda e melhor sobre sua doença com profissionais
passava o dia todo no quarto, sem emoções, confiáveis. Entenda que você não é coitadinho(a) e
sem me preocupar com nada, sem lembrar da não permita que te tratem como tal. Sorria mais e
EM. Inerte!!! Eu que era workaholic, não via mais saiba que a sua cura está nas suas ações. E me segue,
sentido em nada. Fiquei 2 meses em depressão. claro.
05
Revista

06
COLUNA
Revista RAROS
@drmatheuswasem

Dr. Matheus Wasem


Médico Neurologista
Residência Médica pelo Instituto de Neurologia de Curitiba (INC). Observership Em Esclerose
Múltipla no Hospital Johns Hopkins (Baltimore – EUA) e Especialização em Neuroimunologia
pela Universidade Autónoma de Barcelona (ESP). Marido da Andréia e Pai do Pedrinho. Dono do
perfil que fala sobre EM mais ativo do Instagram.

Esclerose Múltipla: Como reverter No caso da EM, osistema imunológico ataca


preconceitos em compreensão? erroneamente a mielina da própria pessoa, uma
substância que protege as fibras nervosas no
A Esclerose Múltipla (EM) é uma condição cérebro, nervos ópticos e na medula espinhal. Essa
complexa do sistema nervoso central (Cérebro, inflamação e o dano consequente à mielina podem
Nervos Ópticos e Medula espinhal). Mais do que resultar em uma variedade de sintomas, visíveis e
sequelas neurológicas físicas e visíveis, a EM invisíveis, incluindo fadiga, problemas de
pode afetar diversas áreas da vida de quem a equilíbrio, dificuldades cognitivas e até mesmo
enfrenta. Como neurologista especializado nessa deficiências motoras.
doença, minha missão é não apenas tratar os
aspectos clínicos, mas também fornecer mas fatores genéticos e ambientais parecem atuar
informações que possam ajudar os pacientes a em conjunto para que a pessoa desenvolva a EM. O
enfrentar os desafios diáriosque surgem mesmo diagnóstico muitas vezes ocorre entre os 20 e 40
antes do diagnóstico. Nesta coluna mensal, anos, e as mulheres são mais propensas a
abordaremos não apenas os aspectos médicos da desenvolver a doença do que os homens.
EM, mas também os preconceitos que muitas
vezes passam despercebidos, mas que têm um Enquanto os sintomas físicos da EM são visíveis
impacto significativo na vida dos pacientes. para muitos, há uma série de desafios invisíveis
que os pacientes enfrentam diariamente. A fadiga
A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune. intensa, por exemplo, pode ser debilitante, mas
Ou seja, suas próprias células de defesa que muitas vezes não é compreendida por quem está ao
deveriam te proteger de invasores (vírus e redor. A EM também pode afetar a cognição,
bactérias, por exemplo), resolve atacar estruturas levando a dificuldades na concentração e na
do próprio organismo. memória (névoa mental), o que pode ser mal
interpretado como desinteresse ou esquecimento.

07
Dr. Matheus Wasem
No entanto, um dos aspectos mais desafiadores da
vida com EM é o preconceito diário que muitos
pacientes enfrentam. Muitas vezes, as limitações
impostas pela doença não são compreendidas pelos
outros, levando a julgamentos precipitados e falta de
empatia. Este preconceito pode se manifestar de várias
formas, desde olhares de desconfiança até comentários
insensíveis sobre a aparente "normalidade" do
paciente. Afinal, muitos pacientes escutam de seus
médicos que com o tratamento eles terão uma “vida
normal” e quando a realidade mostra que a vida de
quem tem EM não é nada normal, os pacientes e seus
familiares se frustram.

imperativo que todos nós, como sociedade,


trabalhemos para desmistificar os mitos em torno da
Esclerose Múltipla. A EM não tem cara, não é doença
de velho, não é infecto-contagiosa, não é doença
mental e principalmente não é uma sentença de vida
limitada. Os pacientes podem levar vidas plenas e
significativas com o tratamento medicamentoso e não
medicamentoso adequado. A conscientização sobre a
doença e seus desafios invisíveis por toda sociedade é
crucial para combater o preconceito.

É essencial que amigos, familiares e colegas de


trabalho entendam que nem todas as limitações são
visíveis e que o paciente de EM merece respeito e
compreensão. A educação é a chave para promover a
empatia e construir uma sociedade mais inclusiva.
Somente assim o paciente pode chegar perto de levar
uma “vida normal”, que na verdade será uma “vida
adaptada ao novo normal” e assim reverter
preconceitos em compreensão.

Fev/2024

08
09
05 DE FEV/2024
CONHEÇA UM POUCO
DA HISTÓRIA DE
MAIKA LOIS.
Carioca, 43 anos.
Pessoa com Esclerose Múltipla / Influencer e Ativista
Em tratamento: Mavenclad.

1. O QUE MUDOU DEPOIS DO DIAGNÓSTICO DE 4. DE 0 A 10, COMO CLASSIFICARIA A SUA REDE DE APOIO?
ESCLEROSE MÚLTIPLA?
M udou tudo após o diagnóstico. Não existe M inha rede de apoio desde o começo foi zero.
Isso realmente foi muito difícil pra mim.
voltar a vida anterior. Você fica mais
Agora, depois que abri o perfil e começo
frágil, mesmo que as sequelas sejam
meu trabalho de ativismo posso dizer que
poucas, o impacto na sua vida funcional
fiz tão boas amizades que minha rede de
é gigantesco. A sensação que tenho é
apoio pulou pra 10. Me sinto extremamente
que nasci de novo em um corpo diferente
feliz em relação a isso
e preciso aprender a viver bem com ele.

2. VOCÊ PRATICA EXERCÍCIOS FÍSICOS? 5. TEM DIFICULDADES COM ACESSIBILIDADE


ONDE VOCÊ MORA?
A doro praticar exercícios físicos. Salvam
minha saúde mental, inclusive. Pratico N ão tenho grande problemas de mobilidade.
Mas boa dias em que estou com fadiga ou
musculação, série direcionada para
desequilibro mesmo portando identificação
fortalecimento muscular/equilíbrio e
de deficiência oculta tenho dificuldades em
recentemente comecei a dançar. Faço
usar minha prioridade. Tem dias que evito
Pole Dance. Minha rotina de atividade
inclusive sair de casa por causa disso.
física acontece todos os dias da semana.

3. QUAL CONSELHO VOCÊ DARIA PARA QUEM 6. VOCÊ FARIA UM TRATAMENTO EXPERIMENTAL QUE
ACABOU DE DESCOBRIR A E.M.? PROMETE CURAR A DOENÇA?
B usque o maior número de informações N ão faria tratamento experimental. Sou
possíveis, siga perfis ligados a causa, favorável a práticas alternativas e
perfis de profissionais de saúde de complementares no manejo dos sintomas
diferentes áreas. Pondere, estude, da EM inclusive mas como tratamento
converse: muito importante entender específico.
as opções de tratamentos disponíveis.

7. INDIQUE 3 INFLUENCIADORES OU PROFISSIONAIS


QUE VOCÊ SEGUE NO INSTAGRAM?

P riscyllaNolasco, Ana Carolina Rocha e


Dr. Guilherme Olival

8. COMO VOCÊ SE VÊ DAQUI A 10 ANOS?

D aqui a 10 anos gostaria de estar em paz


com qualquer destino que a EM me
reserve.

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Revista

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Eu nunca fui considerada uma pessoa muito saudável. Desde
que nasci, sempre ocorreram idas e vindas a hospitais. Aos 6
anos, tive dengue hemorrágica, chegando a ficar na UTI. Desde
então, lidar com o ambiente hospitalar, principalmente as
"furadas", me causou um trauma sem igual. Era impossível tomar
vacina ou fazer exame de sangue, por exemplo, sem que eu
passasse mal.No entanto, em dezembro de 2022, descobri a
Esclerose Múltipla. Dentre os vários desafios que essa doença
trouxe, um dos maiores foi a medicação intravenosa uma vez ao
mês. Logo, o medo tomou conta de mim. Uma das coisas que eu
mais temia iria se tornar parte da minha rotina, não só através
da medicação mensal, mas também em conjunto com os
diversos exames que sempre seriam necessários a partir
daquele momento, devido à descoberta da doença. Dessa vez,
tive que encarar meus traumas de frente para conseguir
encontrar a qualidade de vida que eu precisava. Tive que
aprender a ter consciência das minhas fragilidades e pude
contar com o apoio da minha família, de amigos e da minha
psicóloga, que foi fundamental para que eu me preparasse
emocionalmente. Além disso, o trabalho acolhedor dos
profissionais da área da saúde que encontrei no caminho foi
crucial. Ainda não é fácil lidar com tantas "furadas" e passar por
procedimentos invasivos com frequência. Acredito que nunca
conseguirei me acostumar, na verdade, mas percebo o quanto
estou mais fortalecida e sei lidar de um jeito mais saudável e
acolhedor comigo mesma perante essas situações.
Viver com a Esclerose Múltipla é isso, ter diferentes desafios em cada
momento da vida, seja por conta dos sintomas, das sequelas, do
tratamento, da falta de conhecimento a respeito da doença ou do difícil
acesso a um tratamento digno, entre tantas outras coisas que aparecem
no dia a dia e que, em conjunto, causam um grande impacto no nosso
emocional. Por vezes, me peguei chorando, me sentindo angustiada,
irritada, exausta e questionando o porquê disso tudo. Ter uma doença
como a EM impacta diretamente na nossa saúde mental, gerando ou
intensificando os quadros de ansiedade e depressão, por exemplo. É
preciso entender que cada pessoa vai ter sua própria maneira de lidar e
falar sobre a doença. Acredito que o falar seja o mais importante, não
apenas conscientizar o mundo sobre o que é a EM, mas também sobre
como nos sentimos perante ela, principalmente para as pessoas que estão
no nosso convívio. Muitas pessoas me questionam como ajudar uma
pessoa com EM, e eu digo: a melhor forma de nos ajudar é nos deixando
falar. Seja sobre nossas necessidades, frustrações, experiências, medos,
expectativas ou até mesmo sobre não querer falar da doença. Sejam bons
ouvintes de verdade e acolham sem julgamentos. Não pressionem
também utilizando discursos repletos de positividade tóxica. Ao invés disso,
incentivem a procura por um acompanhamento profissional psicológico,
para assim conseguir gerenciar de uma maneira mais assertiva todos os
desafios impostos pela EM. A nossa saúde mental importa e é fundamental
para que se obtenha resultados positivos perante o tratamento. Assim,
enfrentando as “furadas” da vida, percebi que a verdadeira força se
encontra na aceitação, no diálogo aberto e na importância do cuidado
integral da saúde mental. Na minha trajetóriacom a Esclerose Múltipla,
aprendi que essa força surgenão apenas da resistência física, mas na
potencialidade que se manifesta quando compartilhamos nossas
vulnerabilidades, procuramos superar nossos traumas e caminhamos em

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busca de uma vida significativa e que vale a pena viver.
Revista

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Dra. Luciana Spanholi
psicóloga (CRP 07/12728) e pessoa com a Esclerose Mútlipla (EM) desde 2003.
Especialista em Neuropsicologia e Com formação em Terapia Cognitivo
Comportamental, Coaching Cognitivo Comportamental, Técnicas Cognitivas e
Comportamentais em Psicologia da Saúde e Hospitalar, e Terapia de Aceitação e
Compromisso, atua como psicoterapeuta há mais de 20 anos. Foi colaboradora do
ambulatório de EM do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, conduziu grupos de
apoio, treinamento e orientação para pessoas com EM, além de participar de
eventos como palestrante.

Apesar de ser mal vinda, é preciso


aceitar que a EM existe e que nos acompanhará
para sempre. A aceitação é a chave para o
engajamento no tratamento. A EM não tem cura
mas tem tratamento e o sucesso dele depende -
também - de nós.

Para ter uma vida com qualidade e com um


mínimo de impacto da doença na minha saúde e
envelhecimento, eu tive que mudar algumas
crenças, melhorar a qualidade do meu diálogo
interno, adotar uma alimentação consciente e
uma rotina diária de exercícios físicos e
meditação. Eu decidi que faria o melhor que
pudesse para nunca mais me deparar com um surto
que, além de sofrimento, poderia trazer mais
uma sequela. Além de evitar um surto, eu também
precisava reduzir o impacto da fadiga, do
estresse e das comuns dificuldades cognitivas
que costumam assombrar quem tem EM.

Esclerose Múltipla: Por Valeu e tem valido a pena: a EM hoje é


que fazer terapia? muito presente na minha vida, mas não por seus
surtos e/ou sintomas, e sim porque sou
psicóloga e me dedico ao cuidado da pessoa que
Esclerose Múltipla: um nome horroroso que
convive com uma doença crônica e muitos dos
gera pensamentos e sentimentos igualmente
meus pacientes têm EM. A partir da Terapia
horrorosos. Se deparar com o adoecimento, com
Cognitiva Comportamental (TCC) e da Terapia de
uma falha no funcionamento do corpo, com
Aceitação e Compromisso (ACT), que costumam ser
sintomas diversos e imprevisíveis não é fácil. as abordagens mais indicadas, eu venho
Nos sentimos com medo, vulneráveis, facilitando o autoconhecimento e as adaptações
lidamos com perdas que, muitas vezes, podem e mudanças necessárias para promoção de saúde,
ser bastante dolorosas. Depressão e física e mental.
transtornos de ansiedade muitas vezes
acompanham a EM, que, somados à fadiga, às Definitivamente, a Esclerose Múltipla (e
dificuldades cognitivas e à insônia, fazem da qualquer doença crônica) exige um tratamento
EM uma doença extremamente desafiadora. multidisciplinar e a presença do psicólogo

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especializado é fundamental.
Dra. Luciana Spanholi

TRATAMENTO TERAPIA & PSICÓLOGO


Este profissional pode te ajudar a:

Aceitar e desenvolver uma boa relação com


01 a doença;

Assumir a sua responsabilidade no


02 tratamento;

Promover autoconhecimento;
03

Regular as emoções;
04

Manejar o estresse e a fadiga;


05

Desenvolver hábitos mais saudáveis;


06

Ter mais qualidade de vida.


07
Você faz terapia? Se não, considere com carinho fazer. Ela pode
transformar o teu diagnóstico, assim como transformou o meu, e
te ajudar a ter uma vida que vale a pena ser vivida.

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Crônicas de
uma RARA.
Antes de descobrir que eu tinha a
Esclerose Múltipla, fui em uma loja de
artigos médicos para comprar uma
bengala para minha vó. Ela odiou a ideia
e nunca tirou nem da embalagem. Ficou
no guarda-roupa dela por mais de um
ano, intacta e intocável.
Dois anos depois…Descubro que
tenho a doença e fiquei com limitações
físicas. Depois de muitas quedas de
própria altura por falta de equilíbrio,
meu neurologista sugeriu a utilização de
um dispositivo auxiliar de locomoção(A
bengala).
Cheguei na casa da minha vó, fiquei
olhando por um bom tempo o “presente”
que eu havia dado para ela e que agora
era eu que estava precisando. Confesso
que fiquei triste no início, pois estava
tudo ainda muito recente. Mas, do nada,
veio uma risada tão gostosa com toda
aquela situação, que já fui batizando ela
de Doroty e indo enfrentar a realidade
pela primeira vez usando ela.
O lado bom de usar a Doroty é que
eu parava o trânsito, tinha prioridade
nas filas sem precisar enfrentar os
olhares de dúvida sobre minha condição
e principalmente, ficava mais segura ao
caminhar.
Pois é, o “Presente de Grego” da
minha vó, se tornou o meu meio de
transporte mais viável.
Ironias de uma vida esclerosada.
05 de FEV/2024
Escrito por: Priscylla Nolasco 17
DIA MUNDIAL E DIA
NACIONAL DAS DOENÇAS
RARAS – ÚLTIMO DIA DO
MÊS DE FEVEREIRO
FONTES: MINISTÉRIO DA SAÚDE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DOENÇAS RARAS

A data foi criada em 2008 pela As doenças raras são caracterizadas


Organização Europeia de Doenças por uma ampla diversidade de sinais e
Raras (Eurordis) para sensibilizar sintomas e variam não só de doença
governantes, profissionais de saúde para doença, mas também de pessoa
e população sobre a existência e os para pessoa acometida pela mesma
cuidados com essas doenças. O condição. Manifestações relativamente
objetivo é levar conhecimento e frequentes podem simular doenças
buscar apoio aos pacientes, além do comuns, dificultando o seu diagnóstico,
causando elevado sofrimento clínico e
incentivo às pesquisas para
psicossocial aos afetados, bem como
melhorar o tratamento. No Brasil, a
para suas famílias.
data foi instituída pela Lei nº
13.693/2018.
Geralmente, as doenças raras são
crônicas, progressivas e incapacitantes,
Considera-se doença rara aquela podendo ser degenerativas e também
que afeta até 65 pessoas em cada levar à morte, afetando a qualidade de
grupo de 100.000 indivíduos, ou vida das pessoas e de suas famílias.
seja, 1,3 pessoas para cada 2.000 Além disso, muitas delas não tem cura,
indivíduos. O número exato de de modo que o tratamento consiste em
doenças raras não é conhecido, mas acompanhamento clínico, fisioterápico,
estima-se que existam entre 6.000 a fonoaudiológico e psicoterápico, entre
8.000 tipos diferentes de doenças outros, com o objetivo de aliviar os
raras em todo o mundo. sintomas ou retardar seu aparecimento.

18
ALGUMAS DOENÇAS
CONSIDERADAS RARAS:
– Acromegalia;
– Anemia aplástica, mielodisplasia e
neutropenias constitucionais;
– Angioedema;
– Aplasia pura adquirida crônica da série
vermelha;
– Artrite reativa;
– Biotinidase;
– Deficiência de hormônio do crescimento –
hipopituitarismo;
– Dermatomiosite e polimiosite;
– Diabetes insípido;
– Distonias e espasmo hemifacial;
– Doença de Crohn;
– Doença falciforme;
– Doença de Gaucher;
– Doença de Huntington;
– Doença de Machado-Joseph;
– Doença de Paget – osteíte deformante;
– Doença de Wilson;
– Epidermólise bolhosa;
– Esclerose lateral amiotrófica;
– Esclerose múltipla;
– Espondilite ancilosante;
– Febre mediterrânea familiar;
– Fenilcetonúria;
– Fibrose cística;
– Filariose linfática;
– Hemoglobinúria paroxística noturna;
– Hepatite autoimune;
– Hiperplasia adrenal congênita;
– Hipertensão arterial pulmonar;
– Hipoparatireoidismo;
– Hipotireoidismo congênito;
– Ictioses hereditárias;
– Imunodeficiência primária com
predominância de defeitos de anticorpos;
– Insuficiência adrenal congênita;
– Insuficiência pancreática exócrina;
– Leucemia mielóide crônica (adultos);
– Leucemia mielóide crônica (crianças e
adolescentes);
– Lúpus eritematoso sistêmico;
– Miastenia gravis;
– Mieloma múltiplo;
– Mucopolissacaridose tipo I;
– Mucopolissacaridose tipo II;
– Osteogênese imperfeita;
– Púrpura trombocitopênica idiopática;
– Sarcoma das partes moles;
– Síndrome hemolítico-urêmica atípica (Shua);
– Síndrome de Cushing;
– Síndrome de Guillain-Barré;
– Síndrome de Turner;
– Síndrome nefrótica primária em crianças e
adolescentes;
– Talassemias;
– Tumores neuroendócrinos (TNEs).
19
“A suplementação de alta dose de
vitamina D não retarda o
desenvolvimento de lesões de
Esclerose Múltipla."
O estudo é consistente com
descobertas anteriores que não
demonstram mudança.

Um estudo abrangente, conduzido


pela renomada pesquisadora Dra.
Maria Rossi, e publicado na revista

PESQUISA
Multiple Sclerosis and Related
Disorders, trouxe à tona descobertas
significativas sobre o papel da
vitamina D na progressão da esclerose
múltipla (EM). A pesquisa abordou a
VITAMINA D
eficácia da suplementação de
vitamina D em altas doses como um
complemento ao tratamento padrão
da EM.

Os resultados revelaram que a adição


de altas doses de vitamina D não teve
impacto na redução do
desenvolvimento de novas lesões, na
progressão da deficiência ou na
frequência de recaídas em pacientes
com EM. Essas descobertas são
consistentes com estudos anteriores
que sugerem que a vitamina D, apesar
de sua importância para saúde óssea e
muscular. Pode não alterar
significativamente o curso da doença
em períodos de até cerca de dois
anos.
20
Pesquisa Científica - Vitamina D

“A vitamina D, pode não alterar


significativamente o curso da doença em
períodos de até cerca de dois anos.”
Além disso, a pesquisa destacou uma
correlação entre níveis mais baixos de
vitamina D e um funcionamento cognitivo
comprometido em pacientes com EM.
Aspectos como atenção, velocidade de
processamento de informações e memória
verbal foram particularmente afetados em
pacientes com deficiência de vitamina D.

Essas descobertas ressaltam a


necessidade de estudos adicionais para
esclarecer completamente a relação entre
a vitamina D e a EM, bem como para
explorar como a deficiência de vitamina D
pode influenciar a progressão da doença e
suas manifestações clínicas. O trabalho da
Dra. Maria Rossi e sua equipe destaca a
importância contínua da pesquisa nessa
área crucial da neurologia, visando
melhorar o tratamento e a qualidade de
vida dos pacientes com EM.

Sobre a autora da pesquisa.


Margarida Maia, PhD Margarida é uma bioquímica (Universidade do Porto,
Portugal) com um doutorado em ciências biomédicas (VIB e KULeuven,
Bélgica). Seu principal interesse é a comunicação científica. Ela também é
apaixonada por design e pelo diálogo entre arte e ciência.
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