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Patrícia Monteiro Moreno - patricia.monteiro.moreno@gmail.com - CPF: 723.676.602-04


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ficado – 2024.

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disciplina de Realidade Brasileira.

Nele foi inserido toda a teoria sobre a matéria cobrada no certame, para facilitar a sua
compreensão, e marcações das partes mais importantes.

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Caso tenha qualquer dúvida, você pode entrar em contato conosco enviando seus
questionamentos para o suporte: suporte@cadernomapeado.com.br e WhatsApp.

Bons Estudos!

Rumo à Aprovação!!

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Patrícia Monteiro Moreno - patricia.monteiro.moreno@gmail.com - CPF: 723.676.602-04
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 6
FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO.......................................................................................... 7
1) Introdução.................................................................................................................................................. 7
2) Antecedentes da Independência do Brasil ......................................................................................... 7
2.1) Independência da República .............................................................................................................. 8
3) Período Regencial .................................................................................................................................. 10
3.1) Primeiro Reinado ................................................................................................................................ 10
3.2) Período Regencial ............................................................................................................................... 11
3.3) Segundo Reinado ................................................................................................................................ 14
3.3.1) Economia durante do Segundo Reinado ................................................................................... 16
3.3.2) Abolição da Escravatura................................................................................................................. 17
4) Primeira República ................................................................................................................................. 18
4.1) República da Espada .......................................................................................................................... 18
4.2) República Oligárquica ........................................................................................................................ 18
4.2.1) Revoltas no período da República Oligárquica ........................................................................ 19
5) Estado Getulista ...................................................................................................................................... 21
5.1) Governo Provisório............................................................................................................................. 21
5.2) Governos Constitucional ................................................................................................................... 22
5.3) Estado Novo ......................................................................................................................................... 22
6) Democracia e Rupturas Democráticas na Segunda Metade do Séc. XX ................................... 24
6.1) Governos da Quarta República ........................................................................................................ 24
6.2) Ditadura Militar Brasileira ................................................................................................................ 25
7) Redemocratização e a Busca pela Estabilidade Econômica ......................................................... 27
7.1) Governos na Nova República Brasileira ........................................................................................ 27
7.1.1) Governo José Sarney (1985-1990) .............................................................................................. 28
7.1.2) Governo Fernando Collor de Melo (1990-1992) ...................................................................... 28
7.1.3) Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) ................................................................ 28
7.1.4) Governo Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010) ........................................................................ 28
7.1.5) Governo Dilma Rousseff (2011-2016) ........................................................................................ 29
7.1.6) Governo Michael Temer (2016-2018)......................................................................................... 29
7.1.7) Governo Jair Bolsonaro (2018-2022).......................................................................................... 29
HISTÓRIA DOS NEGROS NO BRASIL ...................................................................................................... 30
1) Introdução................................................................................................................................................ 30
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 30

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3) Luta Antirracista ..................................................................................................................................... 31
4) Conquistas Legais ................................................................................................................................... 32
5) Desafios na Atualidade ......................................................................................................................... 33
HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL .................................................................................. 35
1) Introdução................................................................................................................................................ 35
2) Contexto Histórico ................................................................................................................................. 35
2.1) Independência do Brasil na Perspectiva do Norte do Brasil .................................................... 36
3) Luta por Direitos..................................................................................................................................... 36
3.1) Movimento das Comunidades Rurais Negras de Oriximiná ..................................................... 37
3.2) Negociações e Reivindicações dos Caboclos Ribeirinhos do Lago Sapucuá ........................ 37
3.3) Resistência dos Ribeirinhos do Lago Juruti Velho ...................................................................... 38
4) Demarcação das Terras Indígenas ...................................................................................................... 39
4.1) Questão Raposa Serra do Sol ........................................................................................................... 40
4.2) Questão Yanomami ............................................................................................................................ 41
4.3) Waimiri Atroari.................................................................................................................................... 42
5) Desafios Atuais ....................................................................................................................................... 44
5.1) População Indígena ............................................................................................................................ 44
5.2) Terras Indígenas .................................................................................................................................. 45
5.3) Principais Desafios Indígenas .......................................................................................................... 45
DINÂMICA SOCIAL NO BRASIL ................................................................................................................ 46
1) Introdução................................................................................................................................................ 46
2) Estratificação ........................................................................................................................................... 46
3) Desigualdade e Exclusão Social .......................................................................................................... 47
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS, MOVIMENTOS SOCIAIS E GARANTIA DOS DIREITOS ............... 48
1) Introdução................................................................................................................................................ 48
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 49
3) Manifestações Culturais........................................................................................................................ 49
4) Movimentos Sociais e Garantias dos Direitos das Minorias ........................................................ 50
4.1) Garantias dos Direitos das Minorias............................................................................................... 51
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ..................................................................................................... 53
1) Introdução................................................................................................................................................ 53
2) Considerações iniciais ........................................................................................................................... 53
2.1) Contexto Histórico ............................................................................................................................. 53
2.2) Características ...................................................................................................................................... 54
2.3) Estrutura do Texto .............................................................................................................................. 56
3) Consolidação da Democracia .............................................................................................................. 56
4) Representação Política .......................................................................................................................... 57

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5) Participação Cidadã ............................................................................................................................... 59
5.1) Cidadania .............................................................................................................................................. 59
POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO BRASILEIRO ............................................................ 60
1) Introdução................................................................................................................................................ 60
2) População Brasileira .............................................................................................................................. 60
2.1) Estrutura, Composição e Dinâmica ................................................................................................. 61
3) Desenvolvimento Urbano .................................................................................................................... 61
3.1) Redes Urbanas e Metropolização.................................................................................................... 61
3.2) Crescimento das Cidades e Problemas Urbanos ......................................................................... 62
4) Infraestrutura Urbana e Segregação Socioespacial ....................................................................... 64
DESENVOLVIMENTOS ECONÔMICO, SUSTENTÁVEL E RURAL ........................................................ 65
1) Introdução................................................................................................................................................ 65
2) Desenvolvimento Econômico .............................................................................................................. 65
3) Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente ........................................................................ 67
3.1) Biomas Brasileiros............................................................................................................................... 67
3.1.1) Uso Racional, Conservação e Recuperação ............................................................................... 68
4) Desenvolvimento Rural......................................................................................................................... 70
4.1) Sistemas Produtivos e Relação de Trabalho no Campo ............................................................ 71
MATRIZ ENERGÉTICA ................................................................................................................................. 73
1) Introdução................................................................................................................................................ 73
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 73
3) Fontes Renováveis e Não Renováveis de Energia .......................................................................... 74
4) Mudanças Climáticas ............................................................................................................................. 74
5) Transição Energética.............................................................................................................................. 74
A INSERÇÃO DO BRASIL NO SISTEMA INTERNACIONAL ................................................................. 76
1) Introdução................................................................................................................................................ 76
2) Histórico do Brasil no Sistema Internacional .................................................................................. 76
3) Aspectos Importantes do Brasil na Economia Mundial ................................................................ 76
3.1) MERCOSUL – Mercado Comum do Sul .......................................................................................... 77
3.2) BRICS...................................................................................................................................................... 78
3.3) UNASUL – União de Nações Sul-Americanas ............................................................................... 79

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pessoal!

Antes de iniciarmos o estudo de Realidade Brasileira, apresentaremos os assuntos que são cobra-
dos no edital. Siga firme com os estudos que a aprovação virá!!

CONTEÚDO

1 Formação do Brasil contemporâneo: 1.1 Da independência à República. 1.2 Primeira República: elite agrária
e a política da economia cafeeira. 1.3 O Estado Getulista. 1.4 Democracia e rupturas democráticas na segunda
metade do século XX; 1.5 A redemocratização e a busca pela estabilidade econômica.

2 História dos negros no Brasil: luta antirracista, conquistas legais e desafios atuais.

3 História dos povos indígenas do Brasil: luta por direitos e desafios atuais.

4 Dinâmica social no Brasil: estratificação, desigualdade e exclusão social.

5 Manifestações culturais, movimentos sociais e garantia de diretos das minorias.

6 Desenvolvimento econômico, concentração da renda e riqueza.

7 Desenvolvimento sustentável e meio ambiente.

8 Biomas brasileiros: uso racional, conservação e recuperação.

9 Matriz energética: fontes renováveis e não renováveis; mudança climática; transição energética.

10 População: estrutura, composição e dinâmica.

11 Desenvolvimento urbano brasileiro: redes urbanas; metropolização; crescimento das cidades e problemas
urbanos.

12 Infraestrutura urbana e segregação socioespacial.

13 Desenvolvimento rural brasileiro: estrutura e concentração fundiária; sistemas produtivos e relação de


trabalho no campo.

14 A inserção do Brasil no sistema internacional.

15 Estado Democrático de Direito: a Constituição de 1988 e a afirmação da cidadania.

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FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO

1) Introdução

Vamos iniciar os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Formação do Brasil contemporâneo: Da independência à República. Primeira República:


elite agrária e a política da economia cafeeira. O Estado Getulista. Democracia e rupturas de-
mocráticas na segunda metade do século XX; A redemocratização e a busca pela estabilidade
econômica.

2) Antecedentes da Independência do Brasil

A independência do Brasil, proclamada em 1822, está diretamente ligada aos eventos que se desen-
cadearam em 1808, quando a família real portuguesa, fugindo das tropas francesas que ocupavam
Portugal, se estabeleceu no Brasil.

A chegada da família real resultou em uma série de transformações que impulsionaram o desenvol-
vimento comercial e econômico do Brasil, culminando na sua independência. Sob o reinado de D.
João VI, várias medidas foram implementadas, contribuindo significativamente para o progresso do
país. Ao se instalar no Rio de Janeiro, o monarca português tomou medidas-chave, como a abertura
dos portos brasileiros para nações aliadas e o estímulo ao comércio entre brasileiros e ingleses,
promovendo avanços econômicos e comerciais significativos.

Essas e outras iniciativas adotadas pelo monarca português evidenciavam um claro desejo de mo-
dernizar o país, como parte de uma estratégia para a transição do Brasil de uma simples colônia
portuguesa para uma parte integral do Reino de Portugal. Essa intenção foi oficializada em 16 de
dezembro de 1815, quando D. João VI decretou a elevação do Brasil ao status de parte do Reino
Unido.

Essa decisão efetivamente acabou com o status de colônia do Brasil, integrando-o completamente
ao Reino português, que passou a ser denominado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Tal
medida foi crucial para o Brasil, uma vez que, seu principal propósito era prevenir a possibilidade de
fragmentação revolucionária, similar àquela que ocorreu na relação entre os EUA e a Inglaterra.

A estada da família real no Brasil resultou em avanços significativos, porém, ainda assim, manifesta-
ções de descontentamento surgiram por meio da Revolução Pernambucana de 1817. A transfe-
rência da corte para o Brasil acarretou um considerável aumento de impostos e interferiu direta-
mente na administração da capitania.

A Revolução Pernambucana de 1817 foi violentamente reprimida. Três anos após essa repressão, o
rei D. João VI enfrentou descontentamentos em Portugal, evidenciados pela Revolução Liberal do
Porto de 1820, que marcou o início do processo de independência do Brasil.

Portugal enfrentava uma profunda crise política e econômica devido à invasão francesa. Além disso,
havia um forte descontentamento em Portugal devido às transformações ocorridas no Brasil, espe-
cialmente a liberdade econômica conquistada com as medidas de D. João VI.

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A Revolução Liberal do Porto irrompeu em 1820, liderada pela burguesia portuguesa inspirada por
ideais liberais. Um dos principais objetivos dos portugueses era o retorno do rei a Portugal. Na pers-
pectiva da burguesia portuguesa, Portugal deveria ser o centro do Império português.

Outra demanda relevante dos portugueses foi a reinstauração do monopólio comercial sobre o
Brasil, o que gerou grande insatisfação no país, pois evidenciava a intenção portuguesa de manter
os laços coloniais. Pressionado pelos eventos em sua terra natal, o rei português decidiu retornar a
Portugal em 26 de abril de 1821.

Cerca de quatro mil pessoas acompanharam D. João VI em sua viagem de volta para Portugal, inclu-
indo uma considerável quantidade de ouro e diamantes dos cofres do Banco do Brasil. Com a partida
de D. João VI, Pedro de Alcântara assumiu o papel de regente do Brasil.

2.1) Independência da República

O processo de independência do Brasil efetivamente teve lugar durante a regência de Pedro de


Alcântara. As Cortes portuguesas, estabelecidas após a Revolução do Porto, implementaram medi-
das altamente impopulares no Brasil, como a exigência de transferência das principais instituições
criadas durante o Período Joanino para Portugal, o aumento do contingente militar no Rio de Janeiro
e a demanda pelo retorno imediato do príncipe regente a Portugal.

Essas medidas, somadas à intransigência portuguesa durante as negociações com representantes


brasileiros e ao tratamento desrespeitoso em relação ao Brasil, intensificaram a resistência dos bra-
sileiros contra os portugueses, especialmente no Rio de Janeiro, alimentando a ideia de separação.
A exigência de retorno de D. Pedro desencadeou uma reação imediata no Brasil.

Em dezembro de 1821, a ordem para o retorno de D. Pedro chegou, desencadeando a formação do


Clube da Resistência. Em janeiro de 1822, durante uma audiência do Senado, mais de 8 mil assina-
turas foram entregues a D. Pedro, exigindo sua permanência no Brasil. Supostamente motivado por
isso, D. Pedro pronunciou as históricas palavras: "Como é para bem de todos e felicidade geral da
nação, estou pronto; diga ao povo que fico." Este evento ficou conhecido como o Dia do Fico. Apesar
de alguns ainda desejarem manter os laços com Portugal em janeiro de 1822, os acontecimentos
subsequentes precipitaram a ruptura.

Durante o processo de independência, duas figuras exerceram grande influência sobre D. Pedro: sua
esposa, Maria Leopoldina, e José Bonifácio de Andrada e Silva. A separação tornou-se cada vez
mais evidente com as medidas aprovadas no Brasil. Em maio de 1822, foi decretado o "Cumpra-se",
determinando que as leis portuguesas só seriam válidas no Brasil com o consentimento do prín-
cipe regente. No mês seguinte, convocou-se a eleição para uma Assembleia Constituinte no Brasil.

Essas medidas fortaleceram a crescente separação entre Brasil e Portugal, uma vez que as ordens
portuguesas já não tinham validade no Brasil, conforme estabelecido pelo "Cumpra-se", e delineou-
se a elaboração de uma nova Constituição com a convocação da Constituinte. A relação entre as
Cortes portuguesas e as autoridades brasileiras permaneceu irreconciliável, e em 28 de agosto de
1822, ordens de Lisboa chegaram ao Brasil, exigindo o retorno imediato de D. Pedro e o fim dos
"privilégios" considerados pelos portugueses.

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Tome nota!

A principal característica é a presença da Divisão dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judici-
ário), conforme proposto por Montesquieu, subordinados ao Poder Moderador exercido pelo Im-
perador. Sempre que surgia discordância entre os três poderes, o Poder Moderador do Imperador
era invocado, garantindo que as decisões refletissem sempre a vontade de D. Pedro.

Essa ordem convenceu Maria Leopoldina da necessidade de independência, levando-a a organizar


uma sessão extraordinária em 2 de setembro, onde assinou uma declaração de independência e a
enviou a D. Pedro, que estava em viagem a São
Paulo. O mensageiro alcançou D. Pedro próximo
ao Rio Ipiranga, onde ele, embora sofrendo de
problemas intestinais, ratificou a ordem de in-
dependência com um grito, conforme regis-
trado na história oficial, embora atualmente os
historiadores careçam de evidências que confir-
mem tal evento.

O 7 de setembro não marcou o término do pro-


cesso de independência do Brasil, que prosseguiu com uma guerra de independência. Nos meses
seguintes, ocorreram eventos importantes, como a Aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil
em 12 de outubro, e sua coroação em 1º de dezembro.

Importante!

Dentre as repercussões do processo de independência do Brasil, destacam-se:

O surgimento do Brasil como uma nação independente;

O fortalecimento da identidade nacional brasileira;

O estabelecimento de uma monarquia nas Américas, sendo a


única no continente, juntamente com as do Haiti e México;

O endividamento do Brasil, através do pagamento de 2


milhões de libras como compensação aos portugueses -
Tratado de Paz e Aliança

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Momento da Questão

Questão inédita – Qual evento histórico marcou o início do processo de independência do


Brasil, influenciado pela presença da família real portuguesa no país e pelo descontentamento
crescente dos brasileiros com o domínio colonial?

a) A Revolução Pernambucana de 1817.

b) A chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808.

c) A abertura dos portos brasileiros às nações amigas por Dom João VI em 1808.

d) A elevação do Brasil para parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1815.

e) A declaração da independência do Brasil por Dom Pedro I em 1822.

Gabarito: Letra B.

Comentário: O evento que marcou o início do processo de independência do Brasil foi influen-
ciado pela chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, que desencadeou uma série de
transformações políticas, econômicas e sociais na colônia e, posteriormente, pelo ato de indepen-
dência proclamado por Dom Pedro I em 1822.

3) Período Regencial

O período regencial no Brasil foi uma fase da história no país que ocorreu entre 1831 e 1840, imedi-
atamente após a abdicação de D. Pedro I e antes da maioridade de seu filho, D. Pedro II. Durante
esse período, o país foi governado por regentes, já que D. Pedro II era menor de idade.

O período regencial foi marcado por uma série de desafios políticos, sociais e econômicos, mas
também foi uma época de intensa mobilização popular e debates sobre a organização política e
social do Brasil.

Este período foi encerrado em 1840, conhecido como Golpe da Maioridade, que garantiu a coroa-
ção de D. Pedro II como Imperador do Brasil.

3.1) Primeiro Reinado

O Primeiro Reinado no Brasil foi um período que compreendeu os anos de 1822 a 1831, iniciado
com a independência do Brasil em relação a Portugal e encerrado com a abdicação de D. Pedro
I. Após a Proclamação da Independência, houve conflitos armados em várias regiões do país entre
as forças brasileiras e as tropas portuguesas leais ao rei de Portugal. Como já estudamos, neste

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período D. Pedro I outorgou uma Constituição em 1824, que esta-
belecia um sistema político centralizado e autoritário, conferindo
amplos poderes ao imperador.

Além do autoritarismo, da violência e da crise econômica, as disputas


políticas também desempenharam um papel crucial em enfraquecer
a posição do imperador. Durante o Primeiro Reinado, surgiram gra-
dualmente dois grupos políticos entre os líderes: o partido brasi-
leiro e o partido português. Enquanto o primeiro se opunha ao im-
perador, o segundo lhe oferecia apoio.

O período foi marcado por conflitos políticos e revoltas em várias partes do país:

Confederação do Equador

Crise econômica açucareira no Nordeste - com aumento de


impostos

Conflitos políticos Insatisfação de Pernambuco com o governo

Guerra da Cisplatina (independência do Uruguai)

Noite das Garrafadas

Esses conflitos entre brasileiros e portugueses resultaram em um confronto aberto, conhecido como
a Noite das Garrafadas, que se estendeu por vários dias pelas ruas do Rio de Janeiro. Como conse-
quência desses eventos, D. Pedro I renunciou ao trono.

Ao abdicar do poder, o imperador ofereceu o trono a seu filho, Pedro de Alcântara. No entanto,
como o príncipe só poderia assumir o governo ao completar 18 anos, o país entrou em uma fase
de transição, conhecida como Período Regencial.

3.2) Período Regencial

O Período Regencial foi marcado por uma intensa atividade política no Brasil, com debates acalora-
dos centrados em três grupos políticos que eventualmente se transformaram nos dois principais
partidos políticos do Segundo Reinado:

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•Geralmente monarquistas que defendiam a restrição do poder
Liberais moderados imperial. Propugnavam por uma monarquia constitucional no Brasil,
tendo o padre Feijó como seu principal representante. - ximangos

•Defensores declarados do federalismo, buscavam aumentar a


autonomia das províncias brasileiras. Alguns exaltados eram
Liberais exaltados
partidários da república, sendo Cipriano Barata o nome mais influente
desse grupo. - farroupilhas

•Advogavam pelo retorno de D. Pedro I ao trono brasileiro, tendo os


Restauradores irmãos Andrada, com destaque para José Bonifácio, como seus
principais líderes. - caramurus

Ao longo do Período Regencial, esses grupos foram se transformando nos dois principais partidos
políticos que dominaram a cena política do Segundo Reinado. O Partido Liberal emergiu da fusão
dos liberais moderados com os exaltados, enquanto o Partido Conservador surgiu da fusão dos
liberais moderados com os restauradores.

O Período Regencial teve uma duração relativamente breve, abrangendo apenas nove anos. Durante
esse período, o Brasil passou por quatro regências distintas, cada uma delas representando um
marco divisório do Período Regencial. Esses quatro períodos foram:

Regência Trina Provisória (1831)


Período Regencial

Regência Trina Permanente (1831-1834)

Regência Una de Feijó (1835-1837)

Regência Una de Araújo Lima (1837-1840)

Quando o Período Regencial teve início, o Brasil foi governado por uma Regência Trina Provisória.
Os três senadores eleitos para essa regência foram Francisco de Lima e Silva, Nicolau Pereira de
Campos Vergueiro e José Joaquim Carneiro de Campos. Essa regência provisória tomou algumas
medidas importantes, como a restituição de ministros demitidos por D. Pedro I, a convocação de
uma nova Assembleia Legislativa para a criação de novas leis, o anistiamento de criminosos po-
líticos e a remoção de estrangeiros "desordeiros" do Exército.

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Entretanto, devido à turbulência política e aos distúrbios que se espalhavam pelo país, a Regência
Trina Provisória teve uma vida breve. Em junho de 1831, foi eleita a Regência Trina Permanente,
composta por José da Costa Carvalho, João Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva.

Durante o período da Regência Trina Permanente, três acontecimentos marcantes merecem desta-
que. Primeiro, foi criada a Guarda Nacional, uma força pública formada por eleitores do sexo mas-
culino entre 21 e 60 anos de idade, com o objetivo de controlar manifestações e evitar revoltas.

Além disso, houve uma reforma no Poder Moderador, reduzindo suas atribuições e aumentando
a capacidade de supervisão dos deputados e senadores sobre as ações do Executivo. Por fim, ocorreu
um embate político entre José Bonifácio e o padre Feijó, resultando na retirada de José Bonifácio da
vida política brasileira.

Diogo Antônio Feijó, conhecido como padre Feijó, destacou-se como uma figura importante da po-
lítica brasileira durante o Período Regencial. No entanto, a Regência Trina Permanente não foi capaz
de conter os conflitos políticos no país. Os confrontos entre os grupos Moderados, Exaltados e Res-
tauradores persistiam, e revoltas eclodiam em diversas regiões:

Cabanagem (1835-1840) - Pará Sabinada (1837-1838) - Bahia

Balaiada (1838-1840) - Maranhão Revolta do Malês (1835) - Bahia

Revolução Farroupinha (1835-1845)


- Rio Grande do Sul e Santa
Catarina

A continuidade das tensões políticas no Brasil evidenciava um conflito entre o governo central e as
províncias, principalmente relacionado à questão da centralização do poder versus o desejo das
províncias por maior autonomia (federalismo). Para atender às demandas provinciais e estabilizar a
situação política, foi aprovado o Ato Adicional de 1834, uma emenda à Constituição de 1824.

O Ato Adicional trouxe mudanças significativas:

Fim do Poder Moderador durante o Período Regencial;

Dissolução do Conselho de Estado;

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Criação de Assembleias Legislativas provinciais;

Aumento dos poderes dos presidentes das províncias, embora suas nomeações ainda fos-
sem atribuição do imperador;

Substituiu a regência trina por uma regência una.

Essas alterações delinearam um modelo que concedia às províncias uma considerável autonomia e
aproximava o Brasil de um sistema republicano. Assim, muitos historiadores consideram o Perí-
odo Regencial como uma experiência republicana no intervalo entre dois reinados.

Com a determinação de que o país seria governado por um único regente, foram realizadas eleições.
Em 1835, o padre Feijó venceu a eleição, derrotando Holanda Cavalcanti. Sua regência foi marcada
pela Cabanagem, no Pará, e pela Revolta dos Farrapos, no Rio Grande do Sul. No entanto, Feijó
enfrentou forte oposição política e, eventualmente, solicitou seu afastamento.

Após a saída de Feijó, ocorreu uma nova eleição, na qual Pedro de Araújo Lima foi eleito regente.
Durante sua regência, os políticos conservadores, uma fusão dos Liberais Moderados com os Res-
tauradores, ganharam influência. Araújo Lima tentou reverter algumas das liberdades conquistadas
pelas províncias com o Ato Adicional de 1834. No entanto, a oposição persistia, e o Brasil continuava
a enfrentar desafios políticos significativos durante o Período Regencial.

O término do Período Regencial foi marcado por uma disputa política entre liberais e conservado-
res. Os liberais, descontentes com a regência de Araújo Lima, um conservador, defenderam a ante-
cipação da maioridade de Pedro de Alcântara, príncipe do Brasil. Obtendo o apoio da maioria dos
deputados e senadores, os liberais realizaram o Golpe da Maioridade em 1840.

Com esse golpe, Pedro de Alcântara teve sua maioridade antecipada, tornando-se imperador do
Brasil aos 14 anos de idade. Esse evento marcou o início do Segundo Reinado e atendeu aos de-
sejos dos liberais, pois retirou o poder das mãos dos conservadores. Além disso, os liberais espera-
vam que a coroação do imperador pusesse fim à série de revoltas provinciais que assolavam o país.

3.3) Segundo Reinado

O segundo reinado teve início em 1840 e se estendeu até 1889, sendo marcado pela ascensão de
D. Pedro II ao trono imperial. Com a antecipação da maioridade de Pedro de Alcântara, que se
tornou imperador com apenas 14 anos, o Brasil entrou em uma fase de estabilidade política sob o
governo de D. Pedro II. Apesar de jovem, o imperador demonstrou habilidade política e liderança.

Assim teve início o Segundo Reinado, um período que se estendeu por 49 anos e pode ser subdivi-
dido da seguinte forma:

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O imperador consolidou seu poder sobre o país,
colocando políticos e províncias rebeldes sob seu
Consolidação
controle. D. Pedro II estabeleceu sua autoridade de
(1840-1850)
acordo com sua visão, estabelecendo uma base sólida
para seu governo.

O poder do imperador atingiu seu auge, com sua


Períodos do 2º posição firmemente estabelecida. D. Pedro II desfrutou
Auge (1850-
Reinado no de amplos poderes e uma posição de destaque,
Brasil 1865)
enquanto o Brasil experimentava um período de
relativa estabilidade política e crescimento econômico.

Surgiram contestações contra a posição de D. Pedro II


durante esta fase, enquanto a economia do país
enfrentava dificuldades. O imperador começou a
Declínio (1865- enfrentar críticas e desafios à sua autoridade, à medida
1889) que o descontentamento crescia entre diferentes
setores da sociedade brasileira. Este período culminou
na queda do regime monárquico com a proclamação
da República em 1889.

Durante o Segundo Reinado, a política brasileira foi marcada pela atuação dos dois principais parti-
dos políticos: o Partido Conservador e o Partido Liberal, que surgiram durante o Período Regen-
cial. A disputa pelo poder entre conservadores e liberais gerava instabilidade política, levando o
imperador a adotar uma política de revezamento no gabinete ministerial como forma de reduzir
conflitos.

Os conservadores defendiam uma forte centralização do poder nas mãos do imperador, en-
quanto os liberais buscavam maior autonomia para as províncias. Apesar das diferenças ideológi-
cas, críticas à atuação dos partidos destacavam a falta de divergências reais entre eles.

O imperador detinha amplos poderes políticos, representando o Poder Moderador e liderando o


Executivo, que incluía o Conselho de Estado. No Legislativo, destacavam-se os senadores e deputa-
dos.

Um aspecto importante da política do Segundo Reinado foi o chamado parlamentarismo às aves-


sas, em que o imperador interferia na política para proteger seus interesses. Ele podia destituir pri-
meiros-ministros desagradáveis e dissolver a Câmara em caso de medidas desfavoráveis.

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3.3.1) Economia durante do Segundo Reinado

A economia brasileira passou por transformações significativas, influenciadas por fatores como o
aumento da produção de café, a consolidação da mão de obra escrava e a expansão das ferrovias.
O café tornou-se o principal produto de ex-
portação do Brasil, impulsionando a economia
e consolidando o país como o maior produtor
mundial.

Essa expansão da cultura cafeeira estimulou


a migração de pessoas para as regiões produ-
toras, especialmente no interior de São Paulo
e do Rio de Janeiro.

As plantações de café operavam sob o sistema


de plantation, caracterizadas por grandes la-
tifúndios, monocultura e utilização de mão de obra barata, composta principalmente por escra-
vizados e imigrantes. O Oeste Paulista também se destacava na produção de café, devido às suas
terras férteis adequadas para esse cultivo. Os fazendeiros dessa região preferiam empregar mão de
obra assalariada, o que resultou em um aumento significativo da imigração para essa área.

Os vultosos lucros provenientes da exportação do café deram origem aos influentes barões do café,
que exerciam grande poder e influência no cenário político e econômico do país. Além disso, os
investimentos no comércio do café contribuíram para a centralização política e econômica no
Sudeste do Brasil e incentivaram a expansão das redes ferroviárias pelo país, facilitando o transporte
e escoamento do produto para os portos de exportação.

A escravidão continuou sendo a base do sistema produtivo, fornecendo mão de obra barata e abun-
dante para as plantações de café, bem como para outras atividades econômicas, como a mineração
e a produção de açúcar. Apesar dos debates e pressões
internacionais pelo fim do tráfico negreiro, o Brasil só abo-
liu oficialmente a escravidão em 1888, como iremos es-
tudar a seguir.

O governo imperial incentivou a construção de ferrovias


como meio de integrar as diferentes regiões do país, faci-
litando o transporte de produtos agrícolas e impulsio-
nando o desenvolvimento econômico. As ferrovias se tor-
naram um importante símbolo do progresso e moderniza-
ção do Brasil durante o Segundo Reinado.

No entanto, apesar do crescimento econômico impulsionado pela produção de café e pelo desen-
volvimento das ferrovias, o Brasil ainda enfrentava desafios socioeconômicos, como a concentração
de terras, a desigualdade social e a dependência do trabalho escravo. Esses problemas contribuíram
para a instabilidade política e social que culminaria na Proclamação da República em 1889.

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3.3.2) Abolição da Escravatura

Outra questão importante durante o Segundo Reinado, a questão da abolição da escravatura ocu-
pou um lugar central nos debates políticos do Brasil. O processo rumo à abolição teve seu ponto de
partida com a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibiu o tráfico negreiro em
território brasileiro.

Essa lei representou um passo significativo em direção à abolição, uma vez que o tráfico transatlân-
tico era o principal meio de manter o elevado número de escravizados no país. A partir desse
momento, iniciou-se uma transição gradual em direção à abolição, embora a elite econômica do país
buscasse postergar esse processo o máximo possível.

Ao longo dessa transição, foram promulgadas diversas legislações, as quais esquematizamos no


quadro abaixo:

Legislação – Escravatura

Lei Feijó Promulgada durante o Período Regencial, especificamente durante a regência de


Diogo Antônio Feijó, em 1831. Essa lei tinha como objetivo principal regulamentar
a administração das províncias brasileiras durante a ausência do monarca.

Bill Aberdeen Não é uma lei brasileira, mas sim uma lei britânica. O Ato Aberdeen, também co-
nhecido como Lei Aberdeen, foi aprovado em 1845 no Reino Unido e tinha como
objetivo regulamentar o tráfico negreiro, restringindo-o.

Lei Eusébio de Quei- Promulgada em 1850 durante o Segundo Reinado, essa lei proibiu o tráfico ne-
rós greiro no Brasil. Ela foi uma resposta às pressões internacionais e aos movimentos
abolicionistas, representando um marco no caminho rumo à abolição da escrava-
tura no país.

Lei do Ventre Livre Instituída em 1871, a Lei do Ventre Livre determinava que os filhos de mulheres
escravizadas nascidos a partir daquela data seriam considerados livres. No en-
tanto, essas crianças deveriam permanecer sob a tutela de seus proprietários até
atingirem certa idade.

Lei dos Sexagenários Também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, foi promulgada em 1885. Esta lei
estabelecia a libertação dos escravos com mais de 60 anos de idade, represen-
tando outro passo significativo rumo à abolição da escravidão no Brasil.

Lei Áurea Assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea foi a legislação
que efetivamente aboliu a escravidão no Brasil. Ela declarou a libertação de todos
os escravos do país, encerrando oficialmente a instituição da escravidão.

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O ápice desse movimento ocorreu em 13 de maio de 1888, quando a princesa Isabel assinou a Lei
Áurea, que decretou oficialmente o fim da escravidão no Brasil. No entanto, é importante destacar
que a abolição foi resultado não apenas de ações políticas, mas também da intensa mobilização
popular e das inúmeras revoltas e rebeliões protagonizadas pelos próprios escravizados contra essa
instituição desumana.

4) Primeira República

A Primeira República do Brasil, também conhecida como República Velha, refere-se ao período da
história que se estende de 1889 a 1930, marcado pelo estabelecimento do regime republicano após
a queda da monarquia. Essa fase é dividida em dois momentos distintos: a República da Espada e
a República Oligárquica.

4.1) República da Espada

Como o edital não exige conhecimentos aprofundados neste período da república, não nos apro-
fundaremos no tema! Mas é importante o conhecimento desta fase.

Após a Proclamação da República, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu a presidência do Brasil


em caráter provisório. Seu governo perdurou por dois anos, de 1889 a 1891, e foi marcado pela
promulgação da Constituição de 1891, um marco significativo na história do país.

A partir de 1890, políticos liberais brasileiros passaram a demandar a convocação de uma Assembleia
Constituinte para redigir uma nova Constituição. Após a convocação dessa Assembleia, uma comis-
são composta por cinco membros foi designada para redigir o texto constitucional.

A Constituição resultante desse processo foi revisada por Rui Barbosa e submetida à apreciação
dos parlamentares brasileiros, sendo promulgada em fevereiro de 1891. Esse documento constituci-
onal trouxe mudanças significativas para o Brasil, estabelecendo os fundamentos políticos e jurídicos
do novo regime republicano.

No entanto, o governo de Deodoro da Fonseca ficou marcado pelo seu caráter autoritário e suas
tentativas de consolidar seu poder. O autoritarismo de Deodoro culminou no fechamento do Con-
gresso em 3 de novembro de 1891. Essa medida provocou uma reação imediata, incluindo um le-
vante da Marinha, conhecido como Primeira Revolta da Armada, que acabou por forçar Deodoro
a renunciar à presidência em 23 de novembro de 1891.

4.2) República Oligárquica

Já a República Oligárquica foi marcado pelo domínio político das oligarquias agrárias sobre o
sistema político do país. Antes de nos aprofundar neste período republicano, precisamos entender
o conceito de oligarquia.

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Tome nota!

A oligarquia é um sistema de governo em que o poder está concentrado nas mãos de um pequeno
grupo. Geralmente, esses indivíduos pertencem à elite econômica ou politica e exercem influência
significativa sobre as decisões políticas, econômicas e sociais do país.

Durante o período da República Oligárquica, o Brasil era dominado por uma elite agrária composta
por poucas famílias poderosas, principalmente nas regiões de São Paulo e Minas Gerais, conheci-
das como a política do café-com-leite. Essas oligarquias detinham um enorme controle sobre os
processos eleitorais, manipulando votos para garantir a con-
tinuidade de seus interesses políticos e econômicos.

O Governo Federal apoiava sem reservas os governos esta-


duais, visando à união dos interesses dos políticos locais
com o governo central para assegurar o controle político.
Nesse cenário, o coronelismo emergiu como um sistema
político caracterizado pela influência e domínio dos coro-
néis, grandes proprietários de terras, sobre a política local e
regional. O coronelismo era fundamental para a operação da
política dos governadores no Brasil, sendo sustentado pela prática do voto de cabresto, na qual os
eleitores eram coagidos ou influenciados pelos coronéis locais a votar nos candidatos indicados pe-
las oligarquias.

4.2.1) Revoltas no período da República Oligárquica

No decorrer do período da República Oligárquica, várias revoltas e movimentos contestatórios


surgiram em diferentes regiões do Brasil em resposta ao domínio político das elites agrárias e ao
sistema coronelista.

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• Ocorrida no sertão da Bahia, envolvendo o governo brasileiro e os seguidores do
líder religioso Antônio Conselheiro. A guerra teve diversas batalhas sangrentas,
Guerra dos Canudos com grande número de baixas de ambos os lados. Após vários meses de conflito
(1893-1897) e inúmeras perdas, as forças governamentais conseguiram tomar Canudos em
outubro de 1897, destruindo a comunidade e matando grande parte de seus
habitantes.

• Ocorrida no Rio de Janeiro, foi uma manifestação popular contra a


Revolta da Vacina obrigatoriedade da vacinação contra a varíola imposta pelo governo federal. A
(1910) população pobre, descontente com as condições de vida precárias e a falta de
saneamento básico na cidade, protestou violentamente contra a medida.

• Ocorrida na região do Contestado, entre Santa Catarina e Paraná, foi uma revolta
Guerra do Contestado liderada por sertanejos e trabalhadores rurais contra a exploração econômica, a
(1912-1916) concentração de terras e a presença do poder público na região. Foi reprimida
com violência pelo governo federal.

•Liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto, a Revolta da Chibata foi um


Revolta da Chibata levante de membros da Marinha contra os castigos físicos e maus-tratos
(1910) impostos pelos superiores. Os revoltosos exigiam o fim dos castigos e melhores
condições de trabalho e vida para os marinheiros.

Além das revoltas descritas no esquema acima, precisamos estudar de forma mais aprofunda sobre
a Revolução de 1930, que marcou o fim da Primeira República no Brasil. O contexto político e eco-
nômico que antecedeu a revolução foi de grande insatisfação popular devido à crise econômica
provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, que afetou significativamente
a economia brasileira, especialmente os setores agrícola e cafeeiro. Além disso, havia uma crescente
oposição ao governo oligárquico, caracterizado pela política do "café com leite" e pela falta de al-
ternância de poder entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.

A Revolução de 1930 teve origem na insatisfação liderada pela Aliança Liberal, uma coalizão política
encabeçada por figuras como Getúlio Vargas e João
Pessoa, descontentes com o governo de Washington
Luís. Após as eleições de 1930, marcadas por fraudes
e manipulações, os conflitos e protestos contra o go-
verno se intensificaram.

Em 24 de outubro de 1930, eclodiu uma insurreição


armada liderada por militares dissidentes e civis apoi-
adores, resultando na deposição de Washington Luís
da presidência. O movimento revolucionário recebeu
apoio de diversas camadas da sociedade brasileira, incluindo setores urbanos, trabalhadores, milita-
res descontentes e líderes regionais.

A Aliança Liberal contestou os resultados eleitorais, mas permaneceu passiva até que, em 26 de julho
de 1930, o assassinato de João Pessoa em meio a conflitos políticos regionais serviu como cata-
lisador para ação. Aproveitando o incidente, a Aliança Liberal se organizou e mobilizou-se para a

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tomada do poder, buscando apoio dos generais das Forças Armadas para a deposição de Washing-
ton Luís e a ascensão de Getúlio Vargas à liderança nacional. Em 3 de outubro de 1930, teve início a
intervenção armada. Juarez Távora liderou incursões no Nordeste, enquanto o general Góis Monteiro
encabeçou o movimento no Sul. As tropas avançaram em direção ao Rio de Janeiro, onde depuseram
Washington Luís e entregaram a presidência da República a Getúlio Vargas.

Com o governo deposto, Vargas assumiu o poder provisoriamente e, posteriormente, foi eleito
presidente em 1934, dando início ao Estado Novo. A Revolução de 1930 marcou o fim da hegemo-
nia das oligarquias e o início de uma nova fase na política brasileira, com maior participação do
governo federal e mudanças significativas nas estruturas políticas e sociais do país.

5) Estado Getulista

A Segunda República refere-se ao período em que Getúlio Vargas esteve no poder, assumindo ini-
cialmente de forma provisória e governando até 1945. Esse período de 15 anos pode ser dividido
em três fases distintas: o Governo Provisório (1930-1934), o Governo
Constitucional (1934-1937) e o Estado Novo (1937-1945).

Getúlio Dornelles Vargas foi um importante líder político brasileiro que


exerceu uma influência significativa na história do Brasil durante o século
XX. Ele nasceu em 19 de abril de 1882, no município de São Borja, no Rio
Grande do Sul, e faleceu em 24 de agosto de 1954, no Rio de Janeiro.

Vargas foi um líder carismático e controverso, que dividiu opiniões ao


longo de sua carreira política. Ele é lembrado por suas contribuições para
a industrialização e modernização do Brasil, mas também por seu au-
toritarismo e pelas contradições de seu governo. Sua morte, em 1954, foi
marcada por um suicídio, que teve um grande impacto na política brasileira e na memória coletiva
do país.

5.1) Governo Provisório

Durante o governo provisório, inicialmente concebido como uma fase transitória para a convocação
de uma Assembleia Constituinte, Getúlio Vargas demonstrou sua habilidade política ao adiar a rea-
lização desse processo, consolidando sua posição de poder. Medidas de centralização foram toma-
das, como a dissolução do Congresso Nacional.

A postergação das eleições e da Constituinte provocou tensões, evidenciadas pela Revolução Cons-
titucionalista de 1932 em São Paulo, um movimento mal sucedido que resultou na nomeação de
um interventor civil nascido em São Paulo e na promessa de eleições em 1933 para a Constituinte,
culminando na promulgação da Constituição de 1934.

Esta nova Carta Constitucional foi considerada avançada para sua época, concedendo o sufrágio
universal feminino, conforme estipulado no Código Eleitoral de 1932. Vargas foi reeleito indireta-
mente para a presidência entre 1934 e 1938, período em que se concentrou em combater os efeitos

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da Crise de 1929, adotando medidas como a compra e queima de estoques de café para valorizar
o produto, além de intervenções na área trabalhista, como a criação do Ministério do Trabalho e a
regulação dos sindicatos.

5.2) Governos Constitucional

Durante a fase constitucional, o governo de Vargas, em teoria, deveria estender-se até 1938, uma
vez que o presidente não poderia concorrer à reeleição. Entretanto, o cenário político brasileiro,
incluindo Vargas, estava se radicalizando, dando origem a grupos que expressavam essa tendência:

Ação Integralista Brasileira (AIB): um grupo de extrema-direita inspirado no fascismo italiano,


surgiu em São Paulo em 1932, promovendo valores nacionalistas e, em alguns casos, antissemitas,
sob a liderança de Plínio Salgado.

Aliança Nacional Libertadora (ANL): de orientação comunista, começou como uma frente an-
tifascista e evoluiu para um movimento revolucionário liderado por Luís Carlos Prestes. A ANL
esteve por trás da Intentona Comunista de 1935, uma tentativa fracassada de tomar o poder em três
cidades brasileiras (Rio de Janeiro, Natal e Recife).

Após o fracasso da Intentona Comunista, Vargas intensificou as medidas centralizadoras e autori-


tárias, culminando com o Estado Novo. Esta fase constitucional da Era Vargas durou até novembro
de 1937, quando Vargas realizou um autogolpe, cancelando a eleição de 1938 e estabelecendo um
regime ditatorial no país. O pretexto para o golpe foi a divulgação do Plano Cohen, um documento
falso que alegava uma conspiração comunista em curso no Brasil.

5.3) Estado Novo

O Estado Novo representou a fase ditatorial da Era Vargas e perdurou por oito anos. Durante esse
período, Vargas consolidou seu poder, restringiu as liberdades civis e implementou a censura.
Além disso, foi marcado por intensa propaganda política e pela consolidação da política de aproxi-
mação das massas por parte de Vargas.

No âmbito político, Vargas governava por meio de decretos-leis, os quais tinham força de lei sem a
necessidade de aprovação pelo Legislativo. O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as
Câmaras Municipais foram fechados, e todos os partidos políticos foram banidos e colocados na
ilegalidade.

A censura foi estabelecida sob a responsabilidade do Departamento de Imprensa e Propaganda


(DIP), encarregado de reprimir opiniões contrárias ao governo e promover a propaganda que enal-
tecia o regime e seu líder. Para divulgar a propaganda governamental, foi criado o jornal diário na
rádio denominado "A Hora do Brasil".

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No contexto econômico, Getúlio Vargas impulsionou a industrialização por meio da racionalização
burocrática dos órgãos da administração pública e da criação de várias indústrias estatais:

Companhia Siderúrgica Nacional


(1941);

Companhia Vale do Rio Doce (1942);

Industrialização de
Fábrica Nacional de Motores (1942);
Vargas

Companhia Nacional de Álcalis (1943);

Companhia Hidrelétrica do São


Francisco (1945)

Durante esse período, destacou-se também a política trabalhista, que incluiu a instituição do sa-
lário-mínimo em 1940 e a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Os
sindicatos foram colocados sob controle estatal.

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e o desgaste do projeto político autoritário


enfraqueceram o Estado Novo perante a sociedade. Diante das demandas por novas eleições, Var-
gas, pressionado, convocou eleições presidenciais para o final de 1945 e, em outubro do mesmo
ano, foi deposto do poder pelos militares.

Momento da Questão

Questão inédita – Durante a Era Vargas, qual evento político marcou a transição do governo
provisório para o Estado Novo, caracterizando um momento de ruptura democrática no Brasil?

a) A promulgação da Constituição de 1934 e a realização das eleições presidenciais diretas em 1938.

b) O fechamento do Congresso Nacional e a instauração do Estado Novo após o autogolpe de Var-


gas em 1937.

c) A Revolução Constitucionalista de 1932 e a Intentona Comunista de 1935, que levaram à radicali-


zação política.

d) O assassinato de João Pessoa em 1930 e a derrota da Aliança Liberal nas eleições presidenciais
manipuladas.

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e) A criação do Ministério do Trabalho em 1930 e a implantação do salário-mínimo e da Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT) em 1943.

Gabarito: Letra B.

Comentário: Durante a Era Vargas, o evento político que marcou a transição do governo pro-
visório para o Estado Novo foi o autogolpe realizado por Getúlio Vargas em 1937. Esse ato resultou
no fechamento do Congresso Nacional e na instauração de um regime ditatorial, caracterizando uma
ruptura democrática no Brasil. O Estado Novo foi marcado pela concentração de poderes nas mãos
de Vargas, pela repressão política, censura e suspensão das liberdades civis, além do controle estatal
sobre a economia e os sindicatos.

6) Democracia e Rupturas Democráticas na Segunda Metade do Séc. XX

O período que se estende da queda do Estado Novo (1945) até o Golpe Militar de 1964 ficou conhe-
cido pelo fenômeno do Populismo, embora tenha havido líderes políticos, como o presidente Dutra,
que estiveram ativos durante esse período, mas não foram considerados populistas. Da mesma
forma, é possível encontrar políticos de outras épocas que foram ou são identificados como popu-
listas, como os ex-presidentes Collor (1990-1992) e Lula (2003-2011).

Importante!

O termo populismo tem sido associado a regimes e líderes que adotam um discurso direcionado às
massas, buscando dividir a sociedade em dois grupos distintos. Nessa abordagem, o líder se apre-
senta como o defensor das vontades populares na luta contra um inimigo comum da sociedade,
como a elite considerada corrupta.

6.1) Governos da Quarta República

Ao longo da Quarta República, o Brasil teve nove presidentes, dos quais cinco exerceram mandatos
de longa duração. Os cinco presidentes mais destacados desse período foram:

Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) – Política de liberalismo conservador com inclinação entre-
guista. Dutra implementou políticas econômicas alinhadas ao liberalismo conservador, promovendo
a abertura econômica e a estabilidade monetária. Sua gestão foi marcada pela influência dos
Estados Unidos, com uma política externa pró-EUA e uma economia voltada para o capital estran-
geiro.

Getúlio Vargas (1951-1954) – Governança pautada pelo nacional estatismo com tendências
nacionalistas. Vargas retornou ao poder em um contexto de maior autonomia em relação aos Estados
Unidos. Sua gestão foi caracterizada por políticas intervencionistas do Estado na economia, com o

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incentivo à industrialização nacional e a criação de empresas estatais. Vargas também promoveu
políticas sociais, como a criação da Petrobras e a Eletrobrás e a implementação da CLT (Consoli-
dação das Leis do Trabalho).

Juscelino Kubitschek (1956-1961) – Adotou uma política nacional-desenvolvimentista. Kubits-


chek implementou um ambicioso plano de desenvolvimento econômico conhecido como "Plano de
Metas" – com o slogan 50 anos em 5, que visava modernizar o país e impulsionar o crescimento
industrial e infraestrutural. Sua gestão ficou marcada pela construção de Brasília, a implantação de
indústrias automobilísticas e a expansão da rede rodoviária, entre outras obras de grande porte.
Apesar dos avanços alcançados, esse governo também se destacou pelo aumento da desigualdade
social no país e por desafios significativos, como o baixo investimento em educação e alimenta-
ção, que persistiram como questões críticas em nossa sociedade.

Jânio Quadros (1961) – Seguiu uma linha de liberalismo conservador com inclinação entre-
guista. Apesar do curto período no poder, Jânio Quadros adotou uma postura populista e antico-
munista. Sua gestão foi marcada por medidas controversas, como a proibição do jogo do bicho e
do uso de biquínis nas praias, além de uma política externa instável, com tentativas de se alinhar
tanto aos Estados Unidos quanto à União Soviética.

João Goulart (1961-1964) – Governou sob o viés do nacional estatismo com tendências nacio-
nalistas. Goulart (conhecido também como Jango) assumiu a presidência após a renúncia de Jânio
Quadros, enfrentando forte oposição política e militar. Sua gestão foi marcada por uma agenda
reformista, com propostas de reforma agrária, nacionalização de empresas estrangeiras e amplia-
ção dos direitos trabalhistas. No entanto, suas políticas enfrentaram resistência das elites econô-
micas e militares, culminando no Golpe Militar de 1964.

6.2) Ditadura Militar Brasileira

O Golpe Militar de 1964 marcou o início de um período sombrio na história do Brasil, conhecido
como Ditadura Militar. Esse golpe foi resultado de uma série de tensões políticas e sociais que
culminaram na deposição do presidente democraticamente eleito, João Goulart. Os militares, apoi-
ados por setores conservadores da sociedade civil e lideranças políticas, justificaram sua interven-
ção como um ato de combate ao comunismo e de restauração da ordem e da estabilidade.

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Apesar das promessas iniciais de uma intervenção
breve, o regime ditatorial militar se estendeu por
21 anos. Ao longo desse período, a ditadura foi se
consolidando por meio da promulgação de diversos
Atos Institucionais, sendo o Ato Institucional Nú-
mero Cinco (AI-5) de 1968 um marco significativo,
que vigorou por uma década. A Constituição de
1946 foi substituída pela Constituição de 1967, e, si-
multaneamente, o Congresso Nacional foi dissol-
vido, as liberdades civis foram suprimidas e foi ins-
tituído um código de processo penal militar. Esse código conferiu amplos poderes ao Exército bra-
sileiro e à Polícia Militar, permitindo a prisão e o encarceramento de indivíduos considerados sus-
peitos, sem a possibilidade de revisão judicial.

A Ditadura Militar brasileira foi marcada por um regime de exceção, caracterizado pela repressão
política, perseguição de opositores, tortura e violações dos direitos humanos. Além disso, o governo
militar implementou políticas econômicas e sociais que beneficiaram as elites econômicas, enquanto
grande parte da população enfrentava condições precárias de vida.

O regime adotou uma orientação nacionalista, desenvolvimentista e anticomunista. Alcançou seu


pico de popularidade na década de 1970, durante o chamado "milagre econômico", mesmo en-
quanto reprimia a liberdade de expressão e perseguições políticas, incluindo tortura e exílio de dis-
sidentes. Na década de 1980, como ocorreu em ou-
tros regimes militares latino-americanos, a ditadura
brasileira enfrentou uma crise, incapaz de reanimar
a economia, conter a hiperinflação crônica e lidar
com os crescentes níveis de desigualdade e po-
breza decorrentes de suas políticas econômicas.
Isso impulsionou o movimento pró-democracia.

Durante os anos de chumbo, como ficaram conhe-


cidos os anos de ditadura, houve resistência e mo-
bilização por parte de diversos setores da socie-
dade, incluindo movimentos estudantis, sindicatos,
artistas e intelectuais. No entanto, a repressão do regime militar foi implacável, resultando em prisões
arbitrárias, tortura e até mesmo assassinatos de opositores políticos.

O modelo ditatorial brasileiro influenciou outras ditaduras na América Latina, através da "Doutrina
de Segurança Nacional", que justificava ações militares como necessárias para proteger o "interesse
da segurança nacional" em tempos de crise. A Ditadura Militar no Brasil chegou ao fim em 1985,
com a redemocratização do país e a realização de eleições diretas para a presidência.

Apesar de evidências de tortura e assassinatos durante o regime, as Forças Armadas negaram ofici-
almente tais práticas até setembro de 2014, em resposta à Comissão Nacional da Verdade. Em
maio de 2018, documentos do Departamento de Estado dos Estados Unidos indicaram que a lide-
rança da ditadura brasileira não apenas estava ciente, mas também autorizava as práticas de tor-

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tura e assassinato contra opositores. Estima-se que 434 pessoas tenham sido mortas ou desapareci-
das durante o regime, além de um genocídio de povos indígenas, que resultou na morte de mais de
8,3 mil indígenas brasileiros devido a negligência e ações deliberadas visando ao extermínio.

7) Redemocratização e a Busca pela Estabilidade Econômica

Após mais de duas décadas de Ditadura Militar, o Brasil passou por um processo de redemocrati-
zação na década de 1980, marcado por intensas mobilizações sociais e políticas que culminaram
na abertura política e na restauração da democracia
no país. A redemocratização veio através da campanha
Diretas Já, movimento político social, que exigia elei-
ções presidenciais diretas no Brasil. Este movimento foi
uma resposta à transição democrática que estava
ocorrendo na época, após o regime militar.

Finalmente, em 1985, Tancredo Neves foi eleito pre-


sidente pelo Colégio Eleitoral, encerrando oficialmente
o regime militar e dando início a um novo período de-
mocrático no Brasil. Embora Tancredo Neves tenha falecido antes de assumir o cargo, seu vice, José
Sarney, assumiu a presidência e liderou o processo de transição para a democracia, que culminou
com a realização de eleições presidenciais diretas em 1989.

Uma das principais conquistas desse período foi a promulgação da Constituição Federal de 1988,
conhecida como a Constituição Cidadã, que estabeleceu os princípios e os fundamentos do Estado
brasileiro, garantindo direitos individuais e sociais, além de definir o funcionamento dos poderes
executivo, legislativo e judiciário.

No campo econômico, um dos planos mais importantes foi o Plano Real, lançado em 1994 durante
o governo de Itamar Franco e consolidado durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso. O
Plano Real foi responsável por estabilizar a moeda brasileira, o real, e controlar a inflação, propor-
cionando um ambiente econômico mais estável e favorável ao desenvolvimento.

Além do aspecto econômico, a redemocratização também promoveu avanços significativos no


campo social e político. Houve uma ampliação da participação popular na vida política do país,
com o fortalecimento da sociedade civil, o aumento da liberdade de expressão e o surgimento de
novos movimentos sociais e organizações não governamentais.

7.1) Governos na Nova República Brasileira

Os governos da Nova República referem-se ao período político do Brasil após a redemocratização,


que teve início em 1985 com a eleição indireta de Tancredo Neves para a presidência. Esse período
foi caracterizado por uma série de mudanças políticas, sociais e econômicas significativas, bem
como por uma certa instabilidade política. Vamos estudar as principais alterações políticas até os
dias atuais.

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7.1.1) Governo José Sarney (1985-1990)

Com o país abalado pela morte do presidente eleito Tancredo Neves, seu vice José Sarney assumiu
o governo brasileiro acompanhado pelo ministério escolhido pelo falecido Tancredo Neves. Iniciou-
se então um processo de redemocratização, com Sarney concedendo aos analfabetos o direito de
votar e estabelecendo eleições diretas para os cargos políticos. Durante seu mandato, Sarney en-
frentou desafios econômicos, lançando o Plano Cruzado na tentativa de estabilizar a economia do
país. No entanto, apesar das medidas adotadas, a inflação continuou a crescer, levando a novas
tentativas de controle econômico.

7.1.2) Governo Fernando Collor de Melo (1990-1992)

Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto após o regime militar.
Seu governo iniciou com a promessa de combate à corrupção e de reformas econômicas radicais,
conhecidas como Plano Collor, que incluíam o confisco de poupanças e o controle de preços. O
movimento dos caras pintadas foi fundamental para o processo de impeachment, com a juventude
brasileira protestando nas ruas pela saída de Collor do cargo. No entanto, o governo enfrentou gra-
ves denúncias de corrupção, o que culminou em seu impeachment em 1992.

7.1.3) Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

O Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso elaborou o Plano Real em 1994, que acabou
com a hiperinflação e proporcionou estabilidade econômica ao país. Fernando Henrique Cardoso
se tornou presidente em 1995, sendo reeleito em 1998. Seu governo foi marcado pela estabilidade
macroeconômica, apesar das crises econômicas internacionais que afetaram o país. Além disso, fo-
ram realizadas privatizações e criadas agências reguladoras para fiscalizar diversos setores da indús-
tria.

7.1.4) Governo Luiz Inácio Lula da Silva (2002-2010)

Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito presidente em 2002, reele-
gendo-se em 2006. Durante seu governo, houve estabilidade macroeconômica, redução da taxa
de inflação e aumento da renda per capita. Lula expandiu programas sociais, como o Bolsa Família,
e promoveu o desenvolvimento econômico, elevando o Brasil ao status de país promissor. No en-
tanto, seu governo também enfrentou escândalos de corrupção, como o Mensalão.

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7.1.5) Governo Dilma Rousseff (2011-2016)

Dilma Rousseff, do PT, foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil em 2010, sendo reeleita
em 2014. Seu governo foi marcado por desafios econômicos e políticos, enfrentando protestos po-
pulares e uma grave crise econômica. O impeachment de Dilma Rousseff em 2016, baseado em
acusações de pedaladas fiscais, resultou na ascensão de seu vice-presidente, Michel Temer, ao
cargo de presidente.

7.1.6) Governo Michael Temer (2016-2018)

Michel Temer assumiu a presidência em 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, e governou
até 2018. O país testemunhou uma série de reformas polêmicas propostas pelo presidente, que se
autodenominou como um governo "reformista". Utilizando seu amplo apoio no Congresso Nacional,
Temer impulsionou uma agenda que incluía medidas como o estabelecimento do teto dos gastos
públicos, a reforma do ensino médio, a reforma trabalhista e a da previdência. No entanto, a última
reforma mencionada foi suspensa em 2018, não apenas devido à falta de apoio no Congresso, mas
também devido à intervenção federal no Rio de Janeiro, que impediu, por força de lei, que a
reforma fosse aprovada naquele momento.

Ao final de seu mandato, Michel Temer deixou o cargo com uma alta taxa de rejeição, sendo con-
siderado ruim ou péssimo por uma parcela significativa da população brasileira. Apesar de ter con-
seguido avanços no controle da inflação, o país ainda enfrentava altos índices de desemprego,
atingindo 13,7% da população em abril de 2017.

7.1.7) Governo Jair Bolsonaro (2018-2022)

Com o término do governo Temer, o cenário político brasileiro passou por mais uma transição, cul-
minando na eleição de Jair Bolsonaro em 2018. O governo Bolsonaro foi caracterizado por uma
polarização política intensa e por uma série de medidas controversas, incluindo uma ampla flexi-
bilização no acesso às armas e a implementação da reforma da previdência. Enfrentou críticas e
controvérsias relacionadas à sua gestão da pandemia de COVID-19 e a questões ambientais, além
de protestos e tensões políticas.

Momento da Questão

Questão inédita – O Brasil foi palco de diversas mudanças regimentais durante o século XX.
Durante o período de transição da ditadura militar para a redemocratização, o Brasil enfrentou
um momento crucial em sua história política e econômica. Nesse contexto, qual foi o principal
objetivo dos governos brasileiros?

a) A aplicação de medidas repressivas para conter os movimentos sociais.

b) O fortalecimento do controle estatal sobre os meios de produção.

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c) A promoção da abertura democrática e o reforço das instituições republicanas.

d) A concentração do poder executivo para lidar com as crises econômicas.

e) A ampliação da intervenção estatal na economia para controlar a inflação.

Gabarito: Letra C.

Comentário: Durante esse período, o foco principal dos governos brasileiros era promover a
abertura democrática e consolidar as instituições republicanas, visando garantir a estabilidade polí-
tica e econômica do país. Essa abertura democrática incluiu a realização de eleições livres e diretas,
o respeito aos direitos civis e individuais, além do estabelecimento de políticas econômicas voltadas
para o controle da inflação e o estímulo ao crescimento sustentável.

HISTÓRIA DOS NEGROS NO BRASIL

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – História dos negros no Brasil: luta antirracista, conquistas legais e desafios atuais.

2) Considerações Iniciais

A história dos negros no Brasil é uma narrativa marcada por uma jornada de luta, resistência e
enfrentamento de desafios persistentes. Desde os tempos sombrios da escravidão, os negros fo-
ram subjugados a condições desumanas, privados de liberdade e tratados como mercadoria. Apesar
dessa brutal opressão, eles desenvolveram estratégias de resistência, preservando suas culturas e
tradições, e buscando incessantemente sua liberdade.

O racismo, por sua vez, é uma ideologia que fundamenta a crença na superioridade de certos
grupos étnico-raciais sobre outros, resultando em discriminação, preconceito e sistemática opressão
contra pessoas pertencentes a grupos racialmente minoritários. Essa forma de discriminação pode
se manifestar de diversas maneiras, desde sutis exclusões e estereótipos até formas explícitas de
violência e marginalização.

Após a abolição da escravatura em 1888, os negros conquistaram formalmente sua liberdade, mas
foram relegados à margem da sociedade, sem acesso à terra, educação e oportunidades econômicas.
A segregação racial persistiu por meio de práticas discriminatórias e políticas de exclusão social,
alimentadas pelo racismo enraizado nas estruturas sociais, econômicas e políticas do país. Mesmo
após o fim oficial da escravidão, o racismo continua a se manifestar, perpetuando desigualdades em
áreas fundamentais como educação, saúde, moradia, emprego e segurança.

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3) Luta Antirracista

A luta antirracista teve suas raízes desde o momento em que o primeiro indivíduo negro chegou
às terras brasileiras. Em cada fase histórica, os desafios e estratégias foram distintos, moldados pelas
condições do sistema escravocrata que ainda reverberam na contemporaneidade. Durante a época
colonial, destacaram-se formas de resistência como fugas, suicídios, ataques contra os senhores
de escravos e suas famílias, além do banzo (uma tristeza profunda que muitas vezes levava à morte),
a recusa em trabalhar, o sacrifício de crianças por mães que não desejavam vê-las sujeitas ao mesmo
destino, e as tentativas constantes de fuga para regiões de difícil acesso.

No Brasil, o movimento de fuga de escravizados deu


origem a uma das mais notáveis resistências ao sis-
tema escravocrata: o Quilombo dos Palmares. Ao
longo de mais de cem anos, esse sistema econômico,
político e social paralelo à colônia desafiou a ordem
estabelecida. O Quilombo representava uma ameaça
ao status quo da colônia brasileira, levando a Coroa
a empreender esforços incansáveis para erradicá-lo,
mesmo após a morte de seu líder, Zumbi dos Palmares.
Sua existência perdurou, tornando-se o símbolo mais
duradouro de resistência e liberdade na história brasileira.

Nesse contexto, também surgiram as Irmandades do Rosário, instituições religiosas permitidas pela
igreja católica e pela Coroa portuguesa. Além de cumprir preceitos religiosos, essas irmandades se
dedicavam à defesa das viúvas e órfãos, bem como à formação de pecúlio para o enterro e assistên-
cia aos associados. Durante o movimento abolicionista, contribuíram significativamente para a com-
pra da liberdade de muitos escravizados.

No período do Império, essas formas de resistência persistiram, uma vez que as mudanças políticas
não alteraram as relações de trabalho, permanecendo a escravidão como pilar do sistema. Contudo,
a resistência à opressão violenta assumiu novas formas. Com o surgimento de novas cidades e es-
tratos sociais, novos pensamentos se disseminaram na sociedade. O movimento abolicionista co-
meçou a ganhar força, reunindo grupos opositores ao sistema de trabalho compulsório. Diversas
ações individuais e coletivas convergiram para a libertação dos escravizados, destacando-se a atua-
ção de Luiz Gama, conhecido como o Tigre da Abolição, que utilizou seus conhecimentos jurídicos
para libertar muitas pessoas escravizadas ilegalmente.

No final do Império e início da República, surgiram em todo o país clubes e associações negras,
que não só forneciam assistência e educação às crianças e jovens, mas também promoviam o lazer.
Essas organizações, como a Sociedade Floresta Aurora, fundada em 1872 em Porto Alegre, resisti-
ram ao longo do tempo, tornando-se símbolos da luta negra no Brasil.

Durante o período republicano, clubes e associações negras proliferaram, proporcionando espaços


de lazer e preservação da identidade cultural. As associações de auxílio mútuo, que reuniam traba-
lhadores por profissão, foram precursoras das organizações sindicais modernas. Destacam-se tam-
bém a Frente Negra Brasileira, fundada na década de 1930, que promovia aulas de teatro e cursos

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de formação política, chegando a fundar um partido político, posteriormente cassado durante o
governo ditatorial de Getúlio Vargas.

Ao longo da história brasileira, as organizações negras desempenharam um papel fundamental na


luta contra o racismo, denunciando suas injustiças e exigindo políticas para promover a população
negra. São elas que, em grande medida, impulsionaram os avanços conquistados até o momento
em prol da causa negra.

A partir dos anos 1990, observamos um aumento significativo das políticas voltadas para a promoção
da população negra. O reconhecimento pelo governo brasileiro da existência do racismo na
sociedade, a criação de grupos de estudos para analisar a realidade dos negros, o estabelecimento
de ministérios, fundações e secretarias dedicadas à formulação de políticas para os negros, bem
como a instituição de leis para o reconhecimento das comunidades quilombolas, são alguns exem-
plos desse movimento.

4) Conquistas Legais

Como vimos anteriormente, a abolição da escravatura foi um marco importante para a luta antirra-
cista, com o início das conquistas legais que dão maior proteção e visibilidade ao direito dos negros.
O Movimento Negro Unificado (MNU) é uma importante organização que surgiu no Brasil durante
a Ditadura Militar, com o propósito de unificar as lutas e rei-
vindicações dos negros no Brasil. Ele desempenha um papel
fundamental na luta contra o racismo, a discriminação racial
e a busca por igualdade de direitos para a população negra.

O MNU defende diversas pautas, incluindo políticas afirmati-


vas, o combate do racismo estrutural, a valorização da cultura
afro-brasileira, denúncia de violações de direitos humanos
contra a população negra e a defesa dos direitos dos negros.

Desde sua fundação, o Movimento Negro Unificado (MNU)


acumula uma série de conquistas significativas. Um momento
emblemático para o MNU foi a elaboração das demandas
do movimento negro durante a elaboração da Constituição Cidadã, durante a Assembleia Consti-
tuinte de 1988.

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a estabelecer o racismo como um crime inafiançável,
imprescritível e sujeito a penalidades. Dentre os princípios fundamentais, a nova Constituição en-
fatiza a promoção do bem de todos "sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação".

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Lei 1.390/51 - inclusão
Lei 9.315/69 -
entre as contravenções Lei 7.716/89 - Define
reconhecimento de Zumbi
penais a prática de ato crime o preconceito
dos Palmares como heroi
resultante de preconceitos resultante de raça ou cor
nacional
de raça ou cor

Decreto 4.887/03 -
Lei 10.639/03 - torna
Demarcação de terras
obrigatório o ensino de
Lei 12.288/10 - instituição quilombolas para a
história e cultura afro-
do Estatuto da Igualdade preservação e
brasileira nas escolas de
Racial reconhecimento da
ensino fundamental e
herança cultura
médio
afrodescente

Lei 12.519/11 - institução


Lei 12.990/14 -
do Dian Nacional de Zumbi Lei 12.711/12 -
implementação de política
e da Consciência Negra, implementação da política
de cotas para concursos
celebrado em 20 de de cotas nas universidades
públicos em âmbito federal
novembro

Lei 14.759/23 - declara Emenda Constitucional


Lei 14.532/23 -
feriado nascional o dia 111/21 - incentivo a
equiparação da injúria
nacional de Zumbi e da candidaturas de mulheres e
racial ao crime de racismo
Consciência Negra pessoas negras

5) Desafios na Atualidade

Na atualidade, apesar dos avanços legais e conquistados pela luta antirracista, o Brasil ainda enfrenta
diversos desafios no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial. Diante desse cenário,
a luta antirracista segue sendo uma pauta urgente e necessária, com a mobilização da sociedade
civil, a conscientização sobre os impactos do racismo e a promoção de políticas públicas efetivas
para combater a desigualdade racial e garantir a igualdade de oportunidades para todos os brasilei-
ros, independentemente de sua cor ou origem étnica.

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Segundo os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pú-
blica divulgados no dia 20/07/2023 pelo Fórum Brasileiro
de Segurança Pública (FBSP), o racismo e a injúria racial
cresceram 67% em 2022 em comparação com o ano an-
terior.

Além disso, ainda sobre a estatística da luta interracial, a


pesquisa PoderData, realizada de 24 a 26 de setembro de
2023, mostra que 76% dos brasileiros dizem existir ra-
cismo no Brasil. Outros 14% consideram que não há pre-
conceito contra negros e 10% preferem não responder so-
bre o tema1.

Como vimos, o racismo está arraigado nas estruturas so-


ciais, políticas e econômicas do país, perpetuando desigualdades sistêmicas em áreas como educa-
ção, emprego, saúde e justiça.

Ademais, pessoas negras continuam sendo alvos de discriminação, preconceito e violência em di-
versos contextos, desde interações cotidianas até abusos policiais e homicídios motivados por ódio
racial.

Outro fator determinante é a desigualdade socioeconômica. A população negra enfrenta maiores


taxas de desemprego, subempregos e pobreza em comparação com a população branca, refletindo
um cenário de desigualdade socioeconômica persistente.

Por fim, o negacionismo em relação à existência do racismo e a sua minimização como um problema
social relevante representam obstáculos para conscientização e ação efetiva na luta contra o pre-
conceito racial.

Momento da Questão

Questão inédita – Como vimos, o Brasil enfrenta dificuldades importantes na luta antirracista.
Qual é o principal desafio enfrentado pela administração pública federal brasileira na imple-
mentação de políticas de equidade racial?

a) Falta de legislação específica que obrigue a implementação de cotas raciais em todos os órgãos
públicos.

b) Resistência de parte da sociedade brasileira em reconhecer a existência do racismo estrutural e a


necessidade de ações afirmativas.

c) Limitações orçamentárias que impedem a destinação de recursos para a promoção da diversidade


e da igualdade racial.

1
Fonte: https://www.poder360.com.br/poderdata/76-veem-racismo-no-brasil-mas-so-36-admitem-preconceito-contra-
negros/#:~:text=Pesquisa%20PoderData%20realizada%20de%2024,n%C3%A3o%20responder%20sobre%20o%20tema.
(acesso em 06.02.2024).

34
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d) Ausência de profissionais capacitados e conscientes sobre a importância da equidade racial no
serviço público.

e) Inexistência de indicadores e métricas claras para avaliar o impacto das políticas de equidade
racial implementadas.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A questão aborda os desafios enfrentados pela administração pública federal bra-
sileira na promoção da equidade racial. Entretanto, o principal desafio na implementação de políticas
públicas é a resistência social em reconhecer o racismo estrutural e a necessidade de ações afirma-
tivas pode dificultar a implementação de políticas eficazes nesse sentido.

HISTÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – História dos povos indígenas do Brasil: luta por direitos e desafios atuais.

2) Contexto Histórico

No início do século XIX, a administração na Amazônia tornou-se mais presente e organizada. Nas
cidades maiores, uma classe social distinta de proprietários e comerciantes emergiu, estabelecendo
vínculos diretos com Lisboa. Laços familiares, interesses comerciais e as vantagens da navegação
estreitaram essa conexão.

Naquela época, viajar de Belém para Lisboa era mais rápido do que para o Rio de Janeiro devido aos
ventos mais favoráveis. A partir de 1850, as embarcações a vela na Amazônia começaram a ser subs-
tituídas por barcos a vapor.

No entanto, a economia da região ainda estava centrada na exploração das "drogas do sertão" e
permanecia pouco desenvolvida. Como mencionado anteriormente, os negócios na região eram
fortemente dependentes da mão de obra indígena, que diminuiu drasticamente nos primeiros sé-
culos de colonização. Nesse período, coincidindo com o início da industrialização global, os preços
dos produtos da região caíram, e os novos desafios da Amazônia colonial foram enfrentados por
meio de pesadas taxações sobre os produtos naturais e cultivados. Essas medidas levaram à deca-
dência econômica da província. Entre 1806 e 1819, as capitanias do Grão-Pará e Rio Negro enfren-
taram uma crise, o que contribuiu para o surgimento de ideias de independência em relação a Por-
tugal.

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2.1) Independência do Brasil na Perspectiva do Norte do Brasil

No final de 1820, surgiu na Amazônia um grupo político insatisfeito com o sistema colonial. Seu
objetivo principal era proporcionar mais oportunidades econômicas para os habitantes locais, es-
pecialmente aqueles que se haviam mudado para as cidades e não tinham acesso à educação. Esse
grupo buscava um governo que verdadeiramente assegurasse os direitos desses cidadãos. Enquanto
a classe dominante acusava essas pessoas de serem improdutivas, na realidade, elas eram as princi-
pais forças de trabalho e, frequentemente, não recebiam remuneração adequada pelo seu labor. Os
contestadores foram influenciados pelas ideias do Iluminismo francês, que começaram a circular
no Grão-Pará por volta de 1809, em parte devido ao conflito entre Portugal e França em Caiena, na
Guiana Francesa.

A Proclamação da Independência do Brasil ocorreu em 1822, mas somente por volta de 1823 as
capitanias do Grão-Pará e Rio Negro se uniram à causa da independência. Isso se deveu às ordens
de Dom Pedro I, que enviou o almirante John Grenfell a Belém em 11 de agosto daquele ano com
um ultimato, exigindo que o Pará aderisse à independência. Caso as autoridades locais se recusassem
a declarar a região independente de Portugal, uma esquadra em Salinas estaria pronta para bloquear
o acesso ao porto de Belém, isolando o Pará do restante do Brasil. Diante dessa pressão, os gover-
nantes cederam e proclamaram a adesão ao restante do país. Em 15 de agosto, após uma assem-
bleia no Palácio Lauro Sodré, a adesão foi oficializada com a assinatura de um documento. A partir
desse momento, a capitania do Grão-Pará foi elevada à categoria de província do Império do
Brasil.

Importante!

A adesão à independência do Brasil é comemorada no Pará com um feriado em 15 de agosto,


conhecido como "Adesão do Pará".

Inicialmente, o Grão-Pará e o Rio Negro resistiram à independência devido à relação mais estreita
e intensa que mantinham com Portugal em comparação com as demais províncias do Brasil. O Rio
Negro só se submeteu ao Império do Brasil em 9 de novembro de 1823, mas permaneceu sob ad-
ministração da província do Grão-Pará até 1850, quando se tornou a província do Amazonas em 5
de setembro.

3) Luta por Direitos

Na Amazônia Brasileira, mesmo diante da remoção de moradores em Barcarena-PA para dar lugar
às fábricas de produção de alumínio da Albrás e Alunorte; dos impactos sociais e ambientais decor-
rentes da mineração de bauxita promovida pela Mineração Rio do Norte - MRN em Oriximiná-PA;
dos conflitos nas proximidades do Programa Grande Carajás, onde a Companhia Vale do Rio Doce
estabeleceu o maior polo minero-metalúrgico da região; e dos efeitos prejudiciais do projeto da
Caulim Amazônia (CADAM) no vale do Jari em Almerim-PA nas décadas de 1970 e 1980, até o final

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da última década, não surgiram movimentos significativos de questionamento às mineradoras, nem
de grupos identificados como "atingidos pela mineração".

O que se observou, até o início do século XXI, foi o surgimento ou fortalecimento de movimentos
sociais populares nas áreas influenciadas pelas grandes corporações mineradoras. Contudo, esses
movimentos não abordavam diretamente a exploração dos recursos minerais ou os impactos socio-
espaciais resultantes da mineração. Em vez disso, focavam na luta pelo direito à terra, ao território
e por outros direitos fundamentais dos cidadãos.

3.1) Movimento das Comunidades Rurais Negras de Oriximiná

O Movimento das Comunidades Rurais Negras de Ori-


ximiná (MCRNO) é uma iniciativa que tem como objetivo
representar e defender os interesses das comunidades ru-
rais negras localizadas na região de Oriximiná, no estado
do Pará, Brasil. Esse movimento emerge em um contexto
marcado por questões relacionadas à terra, à justiça social
e aos direitos das comunidades negras.

As comunidades rurais negras em Oriximiná enfrentam


desafios como a luta pela posse e uso sustentável da terra,
a preservação de suas tradições culturais e a promoção de condições de vida dignas. O MCRNO
busca atuar como um agente de mobilização e advocacia, buscando soluções para essas questões e
promovendo o empoderamento das comunidades negras rurais.

Dentre as principais pautas do Movimento das Comunidades Rurais Negras de Oriximiná, podem
estar inclusas a defesa dos direitos territoriais, a promoção da igualdade racial, o enfrentamento
de práticas discriminatórias e a busca por políticas públicas que atendam às necessidades espe-
cíficas dessas comunidades.

Tome nota!

É importante ressaltar que a atuação de movimentos como o MCRNO contribui para a visibilidade e
o reconhecimento das comunidades rurais negras, além de promover a conscientização sobre as
questões raciais e sociais que permeiam a realidade dessas populações.

3.2) Negociações e Reivindicações dos Caboclos Ribeirinhos do Lago Sapucuá

As negociações e reivindicações dos caboclos ribeirinhos do Lago Sapucuá envolvem questões rela-
cionadas à terra, recursos naturais e direitos culturais. Essas comunidades ribeirinhas muitas vezes
buscam garantir sua sobrevivência, preservar suas tradições e proteger o meio ambiente em que
vivem.

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As comunidades de caboclos ribeirinhos do
Lago Sapucuá são grupos étnicos tradicionais
que habitam as áreas ribeirinhas desse lago,
geralmente caracterizados pela interação ín-
tima com ambientes aquáticos, como rios, la-
gos e igarapés na região amazônica. O termo
"caboclo" historicamente foi utilizado para
descrever a população resultante da miscige-
nação entre indígenas e colonizadores euro-
peus.

Essas comunidades ribeirinhas possuem uma forma de vida intimamente ligada à natureza e depen-
dem dos recursos naturais locais para subsistência. Suas atividades incluem a pesca, a agricultura
de subsistência, a coleta de frutas e plantas da região, entre outras práticas tradicionais. O modo
de vida dessas comunidades muitas vezes é influenciado pelas condições ambientais específicas da
região em que vivem.

As negociações e reivindicações dessas comunidades podem envolver questões relacionadas ao re-


conhecimento de seus direitos territoriais, a preservação ambiental, o acesso a serviços básicos, a
participação nas decisões locais e a proteção de sua cultura e modo de vida tradicionais.

Na última década, uma das principais batalhas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Oriximiná
foi pleitear uma porção de cerca de 10% da Floresta Nacional, acrescida da área correspondente à
zona de amortecimento, para a titulação coletiva das comunidades caboclas ribeirinhas locali-
zadas às margens do rio Trombetas e do lago Sapucuá. Conforme argumentado na moção apre-
sentada pelo STRO, ARQMO, ACPLASA e outras organizações de Oriximiná, a criação da FLONA em
1985, nos últimos quatro dias do mandato do presidente da república José Sarney, foi considerada
"um ato antidemocrático repleto de autoritarismo e arbitrariedade, ainda sob a mentalidade militar
do regime ditatorial. Além disso, afastado da realidade, politicamente incorreto, socialmente exclu-
dente e economicamente favorecendo a Mineração Rio do Norte". A FLONA continua a ser alvo de
críticas contundentes, especialmente em relação à sua função preservacionista, ao abrigar ativida-
des mineradoras que, segundo as organizações, impactarão mais de 30% da área de preservação até
a conclusão do empreendimento. Além disso, é acusada de privar os povos tradicionais centenários
de seus direitos à terra e aos recursos naturais.

3.3) Resistência dos Ribeirinhos do Lago Juruti Velho

Os ribeirinhos do Lago Juruti Velho referem-se às comunidades que habitam as áreas ribeirinhas
desse lago, localizado na região amazônica. O termo "ribeirinho" é frequentemente usado para
descrever populações tradicionais que vivem nas proximidades de rios, lagos e outros corpos d'água
na Amazônia.

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O último caso examinado refere-se aos con-
flitos e mobilizações das comunidades tra-
dicionais ribeirinhas do lago Juruti Velho
nos arredores do empreendimento da
transnacional americana ALCOA, na pri-
meira década do século XXI, no município
de Juruti-PA. Este projeto de mineração in-
dustrial, inserido em um novo contexto po-
lítico, econômico e social do país, desdo-
brou-se de maneira distinta em relação aos
casos descritos anteriormente.

A história da ocupação no lago Juruti Velho


remonta ao período colonial, quando foi fundada a Vila de Muirapinima com o propósito de cate-
quizar os índios da tribo Mundurucus. Ao longo do tempo, a região testemunhou diversas ativida-
des econômicas, desde a criação da Vila Amazônia, doada aos japoneses na década de 1930, até a
chegada intensiva de madeireiras a partir dos anos 1970. As comunidades, predominantemente pra-
ticando um modo de vida agroextrativista, viram-se diante de desafios sociais e ambientais, culmi-
nando na resistência contra a ALCOA na primeira década do século XXI.

Os conflitos com as madeireiras na década de 1990 foram fundamentais para a articulação da co-
munidade do lago Juruti Velho como um movimento político em defesa do território. Contudo, foi
a resistência às ameaças do projeto ALCOA que intensificou os processos de organização e mobili-
zação das comunidades, resultando na criação da Associação das Comunidades da Região da Gleba
Juruti Velho (ACORJUVE). A oposição à mineradora se transformou em um movimento de resis-
tência, ganhando visibilidade nacional e internacional.

A Igreja Católica, especialmente através da figura da irmã Brunilde, desempenhou um papel central
na organização do movimento, estabelecendo redes de alianças em níveis local e global. A resistên-
cia, inicialmente conduzida pacificamente por meio de negociações e denúncias, eventualmente en-
volveu a ocupação da área de lavra e canteiros de obra em 2009. O movimento adotou uma abor-
dagem não violenta, buscando a via legal e a pressão política para enfrentar a ALCOA.

A luta pela terra tornou-se uma prioridade para as comunidades, pressionando o INCRA para a de-
marcação coletiva do Assentamento Agroextrativista de Juruti Velho. Essa demarcação permitiu à
ACORJUVE obter compensações financeiras da ALCOA, fortalecendo o movimento e conduzindo a
novos acordos compensatórios. A resistência em Juruti evoluiu ao longo do tempo, assumindo uma
postura mais próxima ao movimento antimineração a partir de 2012, unindo-se a outras organiza-
ções para denunciar os impactos da ALCOA e exigir o cumprimento de promessas e acordos.

4) Demarcação das Terras Indígenas

A demarcação de terras indígenas é um processo essencial para garantir os direitos territoriais dos
povos indígenas, estabelecendo os limites de suas terras como meio de preservar suas identidades.
Esse procedimento, previsto por lei, é respaldado pela Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto

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do Índio, uma legislação específica. A responsabilidade pela demarcação recai sobre a Fundação
Nacional do Índio (Funai).

A relevância da demarcação reside na proteção contra invasões e ocupações por não indígenas,
salvaguardando assim a identidade, modo de vida, tradições e cultura desses povos. A Funai destaca
que esse processo contribui para reduzir conflitos pela posse de terras, permitindo que estados e
municípios atendam às especificidades dos povos indígenas com políticas adequadas, fortalecendo
o controle estatal em áreas vulneráveis e de difícil acesso.

Entretanto, o processo de demarcação não está isento de desafios e conflitos. As comunidades indí-
genas frequentemente enfrentam resistência na defesa de seus direitos territoriais, que remontam à
chegada dos europeus ao Brasil. O Estatuto do Índio, criado em 1973, e a Constituição de 1988
representaram avanços significativos ao reconhecerem os direitos indígenas e atribuírem à União a
responsabilidade pela demarcação e proteção das terras de uso desses povos.

Apesar das leis existentes, a realidade é marcada por desrespeito aos direitos indígenas, com inva-
sões frequentes e exploração ilegal de recursos naturais em suas terras. Os conflitos por demarcação
persistem, evidenciando a complexidade da situação.

O processo de demarcação é conduzido pela Funai, com etapas que incluem estudos de identifica-
ção, delimitação física, levantamento fundiário, homologação e, quando necessário, a retirada de
ocupantes não indígenas. No Brasil, atualmente, existem 462 terras indígenas regularizadas, corres-
pondendo a aproximadamente 12,2% do território nacional. Essas terras são distribuídas principal-
mente nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, representando um patrimônio coletivo essencial
para a preservação das culturas indígenas e para o equilíbrio ambiental.

4.1) Questão Raposa Serra do Sol

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol é uma área localizada no estado de Roraima, na Região
Norte do Brasil. Ela é habitada por diversos grupos indígenas, incluindo os Macuxi, Wapichana, Tau-
repang, Ingarikó e Patamona. A demarcação dessa terra tornou-se um ponto focal de discussões e
conflitos, destacando desafios e questões relacionadas aos direitos indígenas, território e desenvol-
vimento.

Apesar de ter sido oficialmente concluída administrativamente em 2005, por meio da emissão do
decreto presidencial correspondente, uma iniciativa policial para remover arrozeiros que ocupavam
parte da área resultou em uma reação violenta. Essa ação foi interrompida devido a uma decisão
liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2008. Essa situação provocou uma resposta
enfática por parte do comandante militar da Amazônia, que se posicionou contra a política indige-
nista. Subsequentemente, ocorreram manifestações tanto a favor quanto contra a demarcação, com
ampla cobertura da imprensa.

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Em 2009, o STF emitiu uma decisão histórica reconhe-
cendo a demarcação contínua da Terra Indígena Ra-
posa Serra do Sol, garantindo a posse permanente
dos povos indígenas sobre a área. Essa decisão esta-
beleceu princípios importantes para outras demarca-
ções no país, incluindo a necessidade de demarcação
contínua, a proibição de presença de não indígenas
na área demarcada e a possibilidade de indenização
aos não indígenas que ocupavam a região.

A demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol


é vista como uma vitória para os direitos indígenas e a preservação ambiental. Ao garantir a posse
permanente dos povos indígenas sobre a área, a decisão reconhece a importância da preservação
cultural e ambiental desses povos. Além disso, destaca a necessidade de desenvolvimento sustentá-
vel que respeite a soberania dos povos indígenas sobre suas terras.

Importante!

Tenha em mente a diferença entre a demarcação contínua e descontínua. A demarcação contínua


refere-se à delimitação de uma área indígena de maneira ininterrupta, sem quebra ou fragmentação,
enquanto a demarcação descontínua implica na delimitação de uma área indígena de maneira fra-
gmentada, com partes não conectadas entre si.

4.2) Questão Yanomami

A questão Yanomami refere-se a uma série de desafios e conflitos enfrentados pelo povo indígena
Yanomami, que habita uma área de aproximadamente 192 mil km2 na região da Amazônia (RR e
AM), entre o Brasil e a Venezuela.

Os Yanomami frequentemente enfrentam conflitos com garimpeiros


ilegais, que invadem suas terras, causam danos ambientais e repre-
sentam uma ameaça direta à saúde e à segurança dos indígenas. Esses
conflitos têm resultado em confrontos violentos e impactos significa-
tivos na saúde da população Yanomami.

O avanço da fronteira agro mineral, que engloba o extrativismo e a


agropecuária, na região Norte do Brasil contribuiu para a deterioração
progressiva da situação dos Yanomami ao longo dos anos. Dados do
Instituto Socioambiental (ISA) indicam que, no final da década de
1980, dezenas de milhares de pessoas se estabeleceram na área, de-
dicando-se a atividades econômicas como o garimpo de ouro e esta-
belecendo núcleos permanentes de exploração, principalmente no estado de Roraima.

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O aumento da população não indígena nas
proximidades das terras yanomamis e a inten-
sificação das práticas de garimpo, agropecuá-
ria, caça e pesca ilegal têm impactado direta-
mente o modo de vida das comunidades indí-
genas.

A disputa pela posse das terras, acompanhada


pelo aumento da violência, a introdução de do-
enças anteriormente desconhecidas pelos Ya-
nomami, a contaminação das águas e do solo
resultante das atividades econômicas, junta-
mente com o desmatamento, são alguns dos
desafios enfrentados por esse povo.

Nos últimos anos, a falta de atenção e o esva-


ziamento de órgãos públicos destinados ao
cuidado das comunidades indígenas agrava-
ram ainda mais a situação, resultando em uma
grave crise sanitária e humanitária entre os Ya-
nomami.

Registrou-se um alarmante número de mortes de crianças devido à desnutrição severa, além de


sintomas e doenças tratáveis, como diarreia e pneumonia. O ano de 2022 testemunhou mais de 11
mil casos confirmados de malária, afetando especialmente a população idosa e os indígenas mais
jovens. A gravidade dessa situação levou o governo brasileiro a decretar estado de emergência em
saúde pública em janeiro de 2023.

4.3) Waimiri Atroari

O Linhão de Tucuruí se refere a uma linha de transmissão de energia elétrica que se estende da
Usina Hidrelétrica de Tucuruí, localizada no estado do Pará, até o Sistema Interligado Nacional (SIN).
A Usina de Tucuruí é uma das maiores hidrelétricas do Brasil, situada no Rio Tocantins, e desem-
penha um papel significativo na geração de energia para a região Norte do país.

O Linhão de Tucuruí é uma infraestrutura crucial para transportar a eletricidade gerada por essa
usina para outras regiões do Brasil, contribuindo para a integração do sistema elétrico nacional. Essa
integração é fundamental para garantir o abastecimento de energia em diferentes partes do país,
permitindo o compartilhamento de recursos e a otimização da matriz energética.

Roraima é o único estado que não faz parte do Sistema Nacional de Energia (SNE). O Linhão de
Tucuruí, com extensão de 715 km, é considerado o fim do isolamento elétrico e das interrupções
frequentes no fornecimento de energia. O início da construção enfrentou um impasse ao longo de
11 anos, devido aos 122 km de torres que atravessarão a reserva Waimiri Atroari. Os indígenas
concordaram com a proposta de compensação apresentada pelo governo federal.

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O Linhão de Tucuruí foi objeto de licitação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em
2011, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Desde então, o projeto enfrentou desafios legais,
resultando em uma disputa judicial envolvendo os indígenas residentes na reserva Waimiri Atroari.
Estes exigiram do governo federal um plano abrangente de compensações socioambientais devido
aos impactos irreversíveis que a construção terá na floresta.

A extensão total da obra será de 721,4 km, conectando Manaus a Boa Vista. Desse percurso, 122
km atravessarão a reserva Waimiri Atroari, onde estão previstas a instalação de 250 torres de trans-
missão de energia. A maior parte do linhão, aproximadamente 425 km, será construída em Roraima.

Momento da Questão

CESGRANRIO 2007 – Leia o texto abaixo e responda à questão.

A Região Norte do Brasil sempre teve sua economia marcada pelo extrativismo vegetal e, pelas
próprias condições socioespaciais, pela utilização da mão-de-obra indígena. Contudo, no iní-
cio do século XX, duas mudanças são sentidas: o aparecimento de uma mão-de-obra não in-
dígena e a queda da borracha no mercado internacional.

O fator que justificou o surgimento da mão-de-obra não indígena na região foi a:

a) saída dos holandeses do Nordeste, provocando o desmantelamento das pequenas empresas e o


crescente desemprego dos nordestinos.

b) grande seca no sertão do Nordeste no final do século XIX, provocando a migração de nordestinos
para a região.

c) escravização dos negros africanos comprados pelos regatões para o trabalho nos seringais.

d) decadência da cafeicultura do Sudeste, resultando no deslocamento da mão-de-obra ociosa para


o Vale do Guaporé.

e) libertação dos escravos africanos e seu consequente emprego no extrativismo amazônico, como
mão-de-obra livre.

Gabarito: Letra B.

Comentário: O deslocamento de nordestinos em direção à Amazônia, visando trabalhar nos


seringais, teve início nas primeiras décadas do século XIX. Entretanto, sua intensificação ocorreu de-
vido ao aumento da demanda por matéria-prima e à grave seca ocorrida nos anos de 1879 e 1880.
Enquanto os cafezais do Sudeste eram abastecidos com trabalhadores europeus, os seringais da
Amazônia foram supridos principalmente por migrantes nordestinos, que se deslocaram para lá de
forma voluntária ou incentivada, muitas vezes com auxílio do governo brasileiro. Esse movimento foi
ampliado em resposta às severas secas que assolaram o nordeste no final do século anterior.

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5) Desafios Atuais

Antes de aprofundar os conhecimentos sobre os desafios atuais que a população indígena enfrenta
no Brasil, iremos estudar sobre a extensão da população indígena na Amazonia atual.

Mundialmente, a Amazônia é notável pela vasta floresta que a caracteriza e pela presença significa-
tiva de comunidades indígenas em seu território. Com o total de 266 povos indígenas habitantes
no Brasil e diversos grupos isolados, a maioria dessas comunidades ocupam uma extensão de cerca
de 110 milhões de hectares na Amazônia. Para ilustrar a grandiosidade desse cenário, a Terra Yano-
mami, situada em Roraima e no Amazonas, abriga uma população superior a 25 mil indígenas. As
terras indígenas desempenham um papel crucial na proteção dos direitos e da identidade desses
povos, cujos modos de vida são fundamentais para a preservação da floresta e de seus recursos ao
longo de várias gerações.

5.1) População Indígena

Levando em consideração o Censo de 2022, a população indígena atual brasileira totaliza 1.693.535
cidadãos ou 0,83% da população brasileira. De acordo com o mesmo censo, cerca de 51,25% da
população indígena reside na região da Amazônia Legal.

Os municípios da região norte que possui a maior proporção de população indígena em relação aos
residentes são: Uiramutã (RR) com 96,60% de habitantes indígenas; Santa Isabel do Rio Negro (AM)
com 96,12% de habitantes declarados indígenas.

O recenseamento nas regiões indígenas foi possível em razão de alguns fatores determinantes para
o aumento da população indígena brasileira.

maior autodeclaração

efetiva participação das associações


indígenas no recenseamento
Aumento da População
Indígena
atuação de movimentos

políticas afirmativas

Tome nota!

Em razão da autodeclaração da população indígena, os municípios com maior densidade popula-


cional são: Manaus (71,7 mil), São Gabriel da Cachoeira (48,3 mil) e Tabatinga (34,5 mil), todos
localizados no estado do Amazonas.

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5.2) Terras Indígenas

As terras indígenas no Brasil são áreas demarcadas e destinadas à posse permanente e à reprodu-
ção física, cultural, social e econômica dos povos indígenas. Elas são protegidas pela Constituição
Federal de 1988 e representam uma importante ferramenta para a preservação da diversidade cul-
tural e ambiental no país.

O território brasileiro abrange uma área total de


851.196.500 hectares, correspondendo a 8.511.965
km². As terras indígenas compreendem 760 regiões, ocu-
pando uma extensão total de 117.896.220 hectares
(1.178.962 km²). Dessa forma, 13,9% da área total do país
é destinada aos povos indígenas.

A maioria das terras indígenas está concentrada na Ama-


zônia Legal, totalizando 430 áreas e abrangendo
115.803.611 hectares. Isso equivale a 23% do território
amazônico e representa 98,25% de toda a extensão das
terras indígenas no Brasil. A parcela restante, correspon-
dente a 1,75%, distribui-se pelas regiões Nordeste, Su-
deste, Sul, além dos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.

O levantamento aponta ainda que há 573 Terras Indígenas no Brasil, conforme dados da Funai. Os
estados com maior número de população indígena morando em terras indígenas são Amazonas
(149.047), Roraima (71.412) e Mato Grosso do Sul (68.534).

A Terra Indígena Yanomami (AM/RR) tem a maior população: 27.152 pessoas vivem nela. Depois,
vem Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176, e Évare I (AM), com 20.177.

Importante!

Cuidado com a pegadinha na prova! O estado de Roraima possui a maior proporção de população
indígena em relação a sua população total, com 15,29% de sua população, enquanto o Amazonas
possui a proporção de 12,45% da população.

5.3) Principais Desafios Indígenas

Ainda há muito a ser feito para mitigar as lutas enfrentadas pelos povos indígenas no Brasil. Seus
direitos continuam sendo desrespeitados e ignorados pelas instituições estatais, abrindo espaço
para grandes indústrias de hidrelétricas, mineração e agronegócio explorarem terras que não lhes
pertencem, ampliando ainda mais as dificuldades de habitação e alimentação para milhares de indí-
genas.

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Além das questões territoriais, os povos indígenas continuam a enfrentar problemas como racismo,
preconceito, violações dos direitos das mulheres indígenas, falta de acesso a serviços de saúde
e públicos, bem como uma alimentação escassa e carente em nutrientes.

Esses desafios foram agravados durante a pandemia de coronavírus, que ceifou a vida de milhares
de indígenas e colocou em risco muitos outros, especialmente em áreas remotas onde o acesso à
saúde é limitado e o apoio do Estado tem sido insuficiente, com medidas ineficazes para conter a
propagação do vírus nos territórios indígenas.

Esses são apenas alguns dos desafios enfrentados pela população indígena no Brasil, e abordá-los
requer uma abordagem multifacetada que inclua políticas eficazes de proteção territorial, promo-
ção de direitos humanos, investimentos em infraestrutura e serviços básicos, além do respeito e
valorização da diversidade cultural e étnica do país.

DINÂMICA SOCIAL NO BRASIL

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Dinâmica social no Brasil: estratificação, desigualdade e exclusão social.

2) Estratificação

A estratificação social é um conceito que descreve a organização hierárquica da sociedade em


diferentes camadas ou estratos, com base em crité-
rios como: renda, ocupação, status social e acesso a
recursos. Essa estratificação influencia significamente
a distribuição de poder, prestígio e recursos entre os
membros da sociedade.

No contexto brasileiro, a estratificação social é mais


conhecida pela estrutura de classes. Em outras pala-
vras, a sociedade brasileira tradicionalmente é divi-
dida em diferentes classes sociais, que incluem a
elite, a classe média e a classe trabalhadora.

Tome nota!

Uma maneira direta de compreender a estratificação social é visualizá-la como um conjunto de


disparidades que afetam diversos indivíduos em uma sociedade, distinguindo-os de alguma ma-
neira dos demais.

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Dois teóricos se destacaram no campo de estudo da teoria de classes: Karl Marx e Max Weber.
Ambos fundamentaram suas análises na ideia de que uma classe é composta por um grupo de pes-
soas que compartilham semelhanças em relação à posse de meios de produção. Identificaram-se,
assim, duas classes sociais principais distintas: os industrialistas ou capitalistas, que detêm os
meios de produção (como indústrias, fábricas e manufaturas), e o proletariado, que depende uni-
camente de sua própria força de trabalho para subsistir.

Weber, por sua vez, embora concordasse com Karl Marx quanto à influência da realidade material
na estruturação da sociedade, argumentava que outros fatores, além da condição material do indi-
víduo, também influenciavam a construção social. Para ele, as teorias exclusivamente materialistas
eram inadequadas para capturar a complexidade das relações sociais entre as classes. Aspectos da
vida social, como a desigualdade, não se restringiam apenas à condição econômica de cada pessoa.
Era necessário considerar outras variáveis que moldavam o sujeito social, como o status social, de-
finido pelas diferenças entre grupos sociais e pelo prestígio conferido pelos outros membros da
sociedade. Essa dinâmica de status, por exemplo, transcendia as divisões econômicas, sendo deter-
minada pelo reconhecimento social adquirido por meio de interações em diversos contextos. Isso
conferia ao indivíduo certa capacidade de agência, para além daquela determinada por seus bens
materiais.

Uma das consequências mais significativas da estratificação social é a disparidade de oportunida-


des. Grupos posicionados nas camadas inferiores da hierarquia enfrentam consideráveis obstáculos
para obter educação de qualidade, empregos dignos e acesso a serviços essenciais. A estratificação,
frequentemente, reforça e amplifica as desigualdades, criando um ciclo difícil de ser interrompido.

Essa realidade tem impactos na saúde mental e emocional das comunidades. A constante conscien-
tização das disparidades sociais pode gerar tensões e conflitos, enquanto a percepção de falta de
oportunidades pode cultivar sentimentos de desesperança e exclusão. Além disso, o acesso diferen-
ciado a cuidados de saúde e serviços sociais acrescenta camadas de complexidade a essa situação.

3) Desigualdade e Exclusão Social

O Brasil é conhecido por sua alta desigualdade de renda e riqueza, onde uma pequena parcela da
população detém a maior parte dos recursos econômicos, enquanto a maioria enfrenta condições
precárias de vida e trabalho.

Além disso, grupos marginalizados, como popu-


lações indígenas, quilombolas, moradores de fa-
velas e pessoas em situação de rua, muitas vezes
enfrentam exclusão social e econômica, com
acesso limitado a serviços básicos e oportunida-
des de participação na sociedade.

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Há diversos tipos de exclusão social no Brasil, cada um caracterizado por seus próprios fatores e
manifestações específicas. Vamos explorar as principais:

•Refere-se à falta de acesso a recursos econômicos,


empregos dignos, salários justos e oportunidades de
Exclusão econômica crescimento econômico. Pessoas excluídas economicamente
enfrentam dificuldades para atender às suas necessidades
básicas, como moradia, alimentação e cuidados de saúde.

• Envolve a falta de acesso a uma educação de qualidade e


oportunidades de aprendizagem ao longo da vida. Isso
Exclusão educacional pode resultar em lacunas de habilidades e conhecimentos,
limitando as perspectivas de emprego e participação plena
na sociedade.

•Refere-se à marginalização de grupos sociais inteiros, como


populações indígenas, pessoas com deficiência, LGBTQ+ e
Exclusão social outros grupos minoritários. Essa exclusão pode se
manifestar em formas de discriminação, estigma social e
falta de participação na vida comunitária.

• Envolve a falta de acesso ou habilidades para utilizar as


tecnologias da informação e comunicação (TICs), como
Exclusão digital internet, computadores e smartphones. Isso pode limitar o
acesso a oportunidades de educação, emprego, serviços
públicos e participação na vida digital e na economia digital.

•Refere-se à falta de acesso a moradia adequada e segura.


Pessoas excluídas residencialmente podem viver em favelas,
Exclusão residencial assentamentos informais ou em situação de rua,
enfrentando condições precárias de vida e falta de acesso a
serviços básicos.

•Envolve a marginalização de grupos étnicos, religiosos ou


culturais, resultando na perda de identidade cultural e na
Exclusão cultural
negação de direitos culturais básicos, como o direito à
língua, religião e práticas culturais.

•Refere-se à falta de participação e representação política de


certos grupos na tomada de decisões políticas e na
Exclusão política governança democrática. Isso pode ocorrer devido a
restrições legais, discriminação política ou falta de acesso a
recursos para participação política eficaz.

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS, MOVIMENTOS SOCIAIS E GARANTIA DOS DIREITOS

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Manifestações culturais, movimentos sociais e garantia de diretos das minorias.

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2) Considerações Iniciais

As minorias sociais referem-se a grupos de pessoas que enfrentam desvantagens ou discrimina-


ção com base em características como raça, etnia, religião, gênero, orientação sexual, identidade de
gênero, idade, deficiência, status socioeconômico ou qualquer outra característica que as coloque
em uma posição de marginalização em relação à maioria da população. No Brasil, podemos destacar
as principais minorias:

Indígenas

Negros

LGBTQIAP+
Minorias Sociais
Pessoas em situação de Pobreza

Pessoas Idosas

Pessoas com Deficiência

Esses grupos muitas vezes têm menos acesso a recursos, oportunidades e direitos, e enfrentam obs-
táculos adicionais em suas vidas cotidianas devido à discriminação e estigma social.

3) Manifestações Culturais

A diversidade cultural brasileira é uma das maiores do mundo. A cultura da população é o resul-
tado das contribuições de diversos povos que vieram ao Brasil no período da colonização, imigra-
ção e império.

A diversidade cultural do Brasil tem diversos impactos no país, abrangendo não apenas aspectos
culturais, mas também políticos e econômicos. A população brasileira é profundamente influenciada
pelas diversas expressões culturais presentes no país, o que contribui significativamente para a
preservação das tradições locais e para a continuidade da cultura nacional ao longo do tempo. Além
disso, essa diversidade cultural enriquece a experiência da população, que tem acesso a uma ampla
gama de práticas culturais presentes em todo o território nacional.

Temos diversidade cultural em diversos aspectos, quais sejam:

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ASPECTOS DA DIVERSIDADE CULTURAL BRASILEIRA

Mistura Étnica O Brasil é conhecido por sua diversidade étnica, com uma população formada
por uma mistura de povos indígenas, europeus, africanos, asiáticos e outras
origens. Essa mistura étnica resultou em uma ampla variedade de traços cul-
turais, costumes, tradições e práticas religiosas que enriquecem a identidade
nacional.

Culinária A culinária brasileira reflete a diversidade cultural do país, com influências de


diferentes regiões e grupos étnicos. Pratos típicos como feijoada, acarajé, chur-
rasco, moqueca e tapioca são exemplos da riqueza gastronômica brasileira,
que varia de acordo com os ingredientes disponíveis em cada região e os cos-
tumes locais.

Manifestações Culturais O Brasil é conhecido por sua rica cena cultural, que inclui música, dança, arte,
literatura, folclore e festividades populares. Gêneros musicais como samba,
bossa nova, forró, frevo e música caipira são apenas alguns exemplos da di-
versidade musical do país. Além disso, festivais como o Carnaval, festas juninas
e celebrações religiosas como o Círio de Nazaré e a Festa do Divino são im-
portantes expressões da diversidade cultural brasileira.

Religião O Brasil abriga uma variedade de práticas religiosas, incluindo o catolicismo, o


protestantismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras como o candomblé
e a umbanda, o judaísmo, o islamismo, o hinduísmo e outras crenças. Essa
diversidade religiosa contribui para a pluralidade cultural do país e influencia
aspectos da vida cotidiana, como rituais, festividades e valores morais.

Língua O português é a língua oficial do Brasil, mas o país é também lar de uma
grande diversidade de línguas indígenas, assim como de dialetos e sotaques
regionais que refletem as influências culturais de cada região.

Patrimônio Cultural O Brasil possui uma rica variedade de patrimônio cultural, incluindo sítios ar-
queológicos, arquitetura histórica, museus, festas tradicionais, artesanato e
práticas culturais imateriais reconhecidas pela UNESCO, como o frevo, o samba
de roda e o círio de Nazaré.

4) Movimentos Sociais e Garantias dos Direitos das Minorias

Os movimentos sociais são um dos pilares na luta pela garantia dos direitos das minorias, promo-
vendo a conscientização, mobilização e advocacy em prol da igualdade e da justiça social. Os movi-
mentos sociais muitas vezes atuam como porta-vozes das comunidades minoritárias, defendendo

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suas necessidades, demandas e direitos perante as autoridades governamentais, instituições e a so-
ciedade em geral. Eles pressionam por mudanças legislativas, políticas e sociais que visam garantir a
igualdade de tratamento e oportunidades para as minorias.

Adicionalmente, possuem o caráter educacional, expondo a discriminação, o preconceito e as in-


justiças que esses grupos enfrentam, promovendo a educação sobre os direitos humanos, a diversi-
dade cultural e a inclusão, visando combater os estereótipos e promover uma cultura de respeito e
aceitação.

Tome nota!

Possivelmente o mais antigo movimento de massas que podemos reconhecer como um precursor
dos movimentos sociais foi a Queda da Bastilha, um evento emblemático que marcou o início da
Revolução Francesa em 1789, resultando na queda da monarquia absolutista francesa. Outro notável
movimento de massas que evoluiu para um movimento social organizado foi o movimento sufra-
gista, destacado como parte da primeira onda do feminismo. Este movimento, liderado por mulhe-
res, reivindicava o direito ao voto e à participação cidadã na política.

Os movimentos sociais podem ser compostos por uma variedade de grupos que compartilham uma
mesma causa, como o movimento feminista, que apresenta diversas vertentes, o movimento negro,
composto por uma ampla gama de coletivos, e o movimento LGBTQ+. No entanto, cada grupo ou
célula desses movimentos possui suas próprias estratégias de organização para promover a militân-
cia social.

Ex.: MST – Movimento Sem Terra / APAE – Associação de Pais e Amigos de Excepcionais / MAB –
Movimento Atingidos por Barragens / Movimento Marcha das Vadias / Movimento do Passe Livre /
SOS Mata Atlântica, entre outros.

4.1) Garantias dos Direitos das Minorias

Os direitos das minorias referem-se aos direitos fundamentais garantidos às pessoas pertencentes
a grupos minoritários em uma sociedade. Esses direitos visam proteger esses grupos da discrimina-
ção, promover a igualdade de oportunidades e assegurar sua participação plena e igualitária na vida
social, econômica, política e cultural.

No Brasil, existem algumas normas que visam proteger os direitos das minorias, abordando aspectos
de discriminação e desigualdade. Os direitos das minorias são fundamentados no princípio da
igualdade e não discriminação, não se limitando a um conjunto mínimo de direitos. É evidente que,
além dos direitos universais garantidos a todos os indivíduos, como o direito à vida, liberdade de
expressão e proteção contra tortura, as minorias possuem certos direitos essenciais, tais como o
direito à existência, identidade e medidas afirmativas.

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O direito à existência refere-se ao direito coletivo à preservação da vida, protegendo os grupos mi-
noritários contra a ameaça de genocídio, conforme estipulado pela Convenção para Prevenção e
Repressão do Crime de Genocídio. No entanto, para que as minorias possam se desenvolver inte-
gralmente, outros direitos são necessários, como o direito à identidade. A mera existência física
não garante a preservação das manifestações culturais, portanto, os membros de grupos minoritá-
rios devem ter o direito de desenvolver suas expressões culturais, individualmente ou coletivamente,
como parte essencial de sua identidade.

Por outro lado, as medidas afirmativas são cruciais para promover a identidade das minorias e
proporcionar condições para o pleno exercício de seus direitos. Os Estados devem oferecer apoio
às minorias de maneira equitativa em relação à maioria da população, ou até mesmo adotar me-
didas diferenciadas para garantir a igualdade de oportunidades na prática dos direitos. Os direitos
das minorias, incluindo os direitos sociais e culturais, demandam uma participação efetiva do Estado
em sua implementação.

É importante ressaltar que o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, em seu artigo 11,
reconhece o direito de todos à moradia adequada. O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Cul-
turais elaborou um Comentário Geral enfatizando a necessidade de adaptação cultural da moradia
e a implementação de políticas públicas que levem em consideração a expressão da identidade cul-
tural dos diversos grupos.

Momento da Questão

Questão inédita – No Brasil, assim como em muitos outros países, as minorias étnicas, raciais,
de gênero e outras enfrentam desafios significativos relacionados à discriminação, exclusão e
falta de oportunidades. Nesse contexto, as medidas afirmativas têm sido amplamente discu-
tidas e implementadas como uma maneira de abordar essas desigualdades e promover a in-
clusão social. Qual é o principal objetivo das medidas afirmativas em relação aos direitos das
minorias?

a) Garantir a supremacia de um grupo sobre os outros.

b) Ignorar as diferenças culturais e étnicas dentro da sociedade.

c) Excluir a participação das minorias na sociedade.

d) Limitar os direitos das minorias para favorecer a maioria.

e) Promover a igualdade de oportunidades e combater a discriminação.

Gabarito: Letra E.

Comentário: As medidas afirmativas têm como objetivo corrigir desigualdades históricas e pro-
mover a inclusão das minorias na sociedade, garantindo-lhes oportunidades equitativas e comba-
tendo a discriminação. Ao contrário do que algumas pessoas erroneamente acreditam, essas medi-
das não buscam privilegiar um grupo sobre os outros, mas sim garantir que todos os membros da
sociedade tenham acesso justo e igualitário aos direitos e oportunidades.

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ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Estado Democrático de Direito: a Constituição de 1988 e a afirmação da cidadania.

2) Considerações iniciais

O Estado de Direito é o princípio fundamental que implica que o governo e todos os cidadãos estão
sujeitos às leis, garantindo a igualdade perante a lei e a proteção dos direitos fundamentais. Isso
significa que o exercício do poder deve ser limitado pelas normas jurídicas, prevenindo arbitra-
riedades e assegurando a justiça.

No contexto brasileiro, o Estado de Direito é consagrado pela Constituição Federal de 1988. Agora,
precisamos entender o conceito de Constituição: a constituição é um documento jurídico funda-
mental que estabelece a estrutura, os princípios fundamentais, os direitos e deveres de um Estado
ou país. Ela serve como lei suprema que orienta a organização e o funcionamento das instituições
governamentais, define os limites e poderes do governo, além de reconhecer e proteger os direitos
fundamentais dos cidadãos.

2.1) Contexto Histórico

A Constituição Federal de 1988, também conhecida como a "Constituição Cidadã", foi promulgada
em 5 de outubro de 1988 e é a atual constituição do Brasil. Ela foi criada em um contexto histórico
marcado por uma série de acontecimentos e transformações políticas, sociais e econômicas.

Os principais acontecimentos podem ser sintetizados como: i) redemocratização; ii) Assembleia Na-
cional Constituinte; iii) fim da hiperinflação; iv) avanços em direitos sociais; v) reconhecimento de
direitos indígenas e ambientais e vi) participação popular.

Redemocratização: A Constituição de 1988 marcou o fim do período de ditadura militar no


Brasil, que durou de 1964 a 1985. A redemocratização do país foi um processo gradual que culminou
na realização de eleições diretas para a presidência em 1989. A Constituição foi um marco importante
nesse processo, estabelecendo os princípios de um Estado democrático de direito.

Assembleia Nacional Constituinte: A elaboração da Constituição de 1988 foi feita por uma
Assembleia Nacional Constituinte eleita especificamente para esse propósito em 1986. Essa assem-
bleia era composta por representantes de diversos partidos políticos e setores da sociedade, inclu-
indo sindicatos, empresários, intelectuais e representantes de minorias. Foi um processo de discus-
são e negociação intensas que resultou em um texto constitucional muito abrangente.

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Fim da hiperinflação: Nos anos que antecederam a Constituição de 1988, o Brasil enfrentou
uma grave crise econômica, caracterizada pela hiperinflação. Isso afetou a vida cotidiana das pessoas,
tornando o dinheiro praticamente sem valor. A estabilidade econômica tornou-se uma prioridade
durante a elaboração da Constituição, e o texto incluiu várias medidas para controlar a inflação e
estabilizar a economia.

Avanços em direitos sociais: A Constituição de 1988 é conhecida por suas disposições progres-
sistas em relação aos direitos sociais, estabelecendo garantias como educação gratuita e universal,
assistência à saúde, previdência social e direitos trabalhistas. Essas medidas refletiam o desejo de
criar uma sociedade mais igualitária e justa após décadas de desigualdades sociais.

Reconhecimento de direitos indígenas e ambientais: A Constituição de 1988 também reco-


nheceu os direitos dos povos indígenas sobre suas terras ancestrais e estabeleceu disposições para
a proteção do meio ambiente. Isso refletia a crescente preocupação com a preservação da Amazônia
e outros recursos naturais do Brasil.

Participação popular: O processo de elaboração da Constituição foi marcado por um alto grau
de participação popular, com audiências públicas, consultas populares e ampla discussão na socie-
dade civil. Isso contribuiu para a legitimação do texto constitucional.

Em síntese, a Constituição Federal de 1988 foi elaborada em um momento de transição democrá-


tica, crise econômica e busca por justiça social no Brasil. Ela reflete os valores e as aspirações da
sociedade brasileira da época e continua sendo um documento fundamental na vida política e jurí-
dica do país.

2.2) Características

A Constituição Federal de 1988 do Brasil é conhecida por suas características distintas e progres-
sistas. Suas principais características podem ser sistematizadas como sendo:

Principais Características da Constituição Federal do Brasil

Cidadã e Democrática A Constituição de 1988 é frequentemente chamada de "Constituição Cidadã"


devido ao seu foco na proteção e promoção dos direitos fundamentais dos
cidadãos. Ela estabelece um Estado democrático de direito como princípio
fundamental, garantindo a participação popular nas decisões políticas.

Ampla e Detalhada É uma das constituições mais longas e detalhadas do mundo. Ela aborda uma
ampla gama de temas, desde direitos individuais até a organização do Es-
tado, direitos sociais, culturais e econômicos, questões ambientais, proprie-
dade e muito mais.

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Garantia de Direitos Fun- A Constituição de 1988 reconhece uma ampla gama de direitos fundamen-
damentais tais, incluindo direitos à igualdade, liberdade, segurança, saúde, educação,
cultura, lazer, previdência social, entre outros. Ela também proíbe a tortura, a
pena de morte e a discriminação.

Separação de Poderes A Constituição estabelece os três poderes do Estado (Executivo, Legislativo e


Judiciário) e define claramente suas atribuições e responsabilidades, garan-
tindo o sistema de separação de poderes.

Federalismo O Brasil é uma república federativa, e a Constituição de 1988 delineia a dis-


tribuição de poderes entre o governo federal, estados e municípios. Ela tam-
bém estabelece os princípios da autonomia dos estados e municípios em
questões administrativas, legislativas e financeiras.

Proteção do Meio Ambi- A Constituição traz disposições específicas para a proteção do meio ambi-
ente e Direitos Indígenas ente e reconhece os direitos dos povos indígenas sobre suas terras tradicio-
nais.

Defesa da Propriedade Embora proteja a propriedade privada, a Constituição também estabelece


Privada que a propriedade deve cumprir sua função social, o que permite a desapro-
priação de terras ociosas para fins de reforma agrária, por exemplo.

Justiça Social A Constituição de 1988 enfatiza a justiça social e a redução das desigualda-
des no Brasil. Ela estabelece políticas públicas para promover a igualdade e
a distribuição de riqueza.

Mecanismos de Reforma A Constituição é flexível em relação às mudanças, permitindo emendas cons-


titucionais para ajustar seu texto ao longo do tempo. No entanto, ela tam-
bém estabelece cláusulas pétreas, que são disposições que não podem ser
emendadas, garantindo a proteção de certos princípios fundamentais.

Participação Popular A Constituição de 1988 promove a participação popular em várias esferas da


vida política e social, incluindo a realização de plebiscitos, referendos e audi-
ências públicas.

Essas características fazem da Constituição Federal de 1988 um documento fundamental na vida


política e jurídica do Brasil, refletindo os valores democráticos e sociais da sociedade brasileira. Ela
tem sido um guia para a construção de um país mais inclusivo e igualitário desde sua promulgação.

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2.3) Estrutura do Texto

A estrutura do texto Constitucional é dividida em três partes:

Preâmbulo: A parte introdutória, que não é considerada uma norma constitucional, portanto
não serve para determinar a constitucionalidade das leis;

Corpo normativo: Onde se encontra boa parte das normas da Constituição Federal, que vão do
art. 1º até o art. 250.

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT): O conjunto de regras que disciplina
a transição entre as normas jurídicas anteriores e as novas normas, que entraram em vigor com a
Constituição, com o intuito de não haver choque entre um ordenamento jurídico e outro.

Corpo normativo
art. 1º ao 250

Preâmbulo ADCT

Estrutura do
Texto da
Constituição
de 1988

3) Consolidação da Democracia

A consolidação da democracia no Brasil é um processo gradual e contínuo de fortalecimento e


aprofundamento das instituições democráticas no país. Esse período tem raízes na transição política
ocorrida nas décadas de 1980 e 1990, que marcou o fim da ditadura militar e o retorno ao regime
democrático.

A promulgação da Constituição Federal em 1988 representou um marco fundamental na consoli-


dação da democracia. Ela estabeleceu princípios como a separação dos poderes, a garantia dos di-
reitos fundamentais, a descentralização do poder e a promoção da participação popular.

Desde a redemocratização, o Brasil tem realizado eleições regulares e livres para escolher seus re-
presentantes em todos os níveis de governo. Esse processo eleitoral é crucial para a expressão da
vontade popular e alternância de poder.

Além disso, a democracia tem buscado promover a participação da sociedade civil por meio de
mecanismos de plebiscitos, referendos, conselhos populares e conferências. Isso fortalece a relação
entre governo e cidadãos, permitindo que estes tenham maior influência nas decisões políticas.

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A consolidação da democracia está associada ao fortalecimento das instituições democráticas,
como o Poder Judiciário, o Ministério Público, Tribunal de Contas, entre outras. A independência e
eficácia dessas instituições são essenciais para o bom funcionamento do Estado de Direito.

Ainda no tocante a democratização do país, o respeito aos direitos humanos é um elemento crucial
para a sua consolidação, uma vez que os avanços na proteção dos direitos civis, políticos, sociais e
econômicos contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A consolidação da democracia envolve a construção de uma cultura política democrática na soci-


edade, com respeito às diferenças, tolerância, diálogo e aceitação da diversidade como valores fun-
damentais. Ademais, a existência de uma imprensa livre e plural é fundamental para o funciona-
mento da democracia, fornecendo informações à sociedade, promovendo o debate público e fisca-
lizando o poder.

A estabilidade política e institucional é um fator determinante na consolidação da democracia. A


capacidade de superar crises e manter a estabilidade contribui para a confiança nas instituições de-
mocráticas.

Momento da Questão

Questão inédita – Qual foi o marco fundamental na consolidação da democracia no Brasil,


estabelecendo princípios como separação dos poderes, garantia dos direitos fundamentais, a
descentralização do poder e a promoção da participação popular?

a) Eleições regulares e livres.

b) Transição política nas décadas de 1980 e 1990.

c) Promulgação da Constituição Federal em 1988.

d) Participação da sociedade civil por meio de plebiscitos e referendos.

e) Estabilidade política e institucional.

Gabarito: Letra C.

Comentário: A constituição Federal de 1988 representou um marco fundamental na consolida-


ção da democracia no Brasil ao estabelecer princípios como a separação dos poderes, a garantia dos
direitos fundamentais, a descentralização do poder e a promoção da participação popular. As demais
alternativas referem-se a aspectos importantes no contexto democrático brasileiro, mas não repre-
sentam o marco específico mencionado na pergunta.

4) Representação Política

Como vimos, a democracia brasileira é pautada pela participação ativa da sociedade no meio político,
através de ferramentas de representação política. A representação política é o processo pelo qual

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os cidadãos elegem indivíduos para agirem em seu nome no governo. Isso ocorre por meio de elei-
ções, em que os eleitores escolhem seus representantes para ocuparem cargos em diferentes ní-
veis de governo, como legislativo e executivo. A representação política é fundamental em sistemas
democráticos, onde a participação dos cidadãos é essencial para a tomada de decisões governa-
mentais.

Existem diferentes formas de representação política, as quais vamos nos aprofundar agora:

representação direta

representação indireta ou representação


representiva

Formas de representação
política sistema de partidos políticos

democracia representativa

pluralismo

Representação Direta: Neste modelo, os cidadãos participam diretamente na formulação de


políticas e na tomada de decisões por meio de referendos, plebiscitos ou assembleias populares.
Esse tipo de representação é mais viável em comunidades menores.

Representação Indireta ou Representação Representativa: A forma mais comum de represen-


tação política, onde os cidadãos elegem representantes para agirem em seu nome. Esses represen-
tantes podem fazer parte do legislativo, do executivo ou de ambos, dependendo do sistema político
adotado.

Sistema de Partidos Políticos: Muitos sistemas democráticos operam com base em partidos
políticos. Os cidadãos votam em partidos, e os representantes desses partidos ocupam os cargos
políticos de acordo com a proporção de votos recebidos. Isso contribui para a estabilidade e para a
organização do sistema político.

Democracia Representativa: Este conceito implica a eleição de representantes que, uma vez
eleitos, tomam decisões em nome dos eleitores. Os representantes são responsáveis perante os ci-
dadãos e devem prestar contas de suas ações.

Pluralismo: Refere-se à diversidade de interesses e opiniões representadas na esfera política. Um


sistema político pluralista reconhece a existência de múltiplos grupos e interesses na sociedade e
busca integrá-los no processo de tomada de decisões.

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5) Participação Cidadã

A participação cidadã refere-se à ativa e voluntária envolvimento dos indivíduos na vida política,
social e comunitária. Esse conceito é fundamental em sociedades democráticas, onde se busca ga-
rantir que os cidadãos tenham uma voz ativa na tomada de decisões que afetam suas vidas. Em
outras palavras, a participação cidadã é pilar fundamental da democracia, pois seu objetivo é que os
cidadãos participem ativamente do processo de tomada de decisões políticas.

A participação cidadã pode ocorrer em diferentes níveis e contextos, incluindo:

Participação Política: Envolve a participação dos cidadãos no processo político, como votar em
eleições, candidatar-se a cargos públicos, envolver-se em atividades partidárias ou participar de pro-
testos e manifestações.

Participação Comunitária: Refere-se à participação dos cidadãos em atividades e decisões que


impactam suas comunidades locais. Isso pode incluir a participação em assembleias comunitárias,
conselhos locais, grupos de bairro e projetos de voluntariado.

Participação Social: Envolve o engajamento em questões sociais mais amplas, como direitos
humanos, igualdade de gênero, meio ambiente, entre outros. Os cidadãos podem participar de or-
ganizações não governamentais (ONGs), movimentos sociais e campanhas de conscientização.

Participação Digital: Com o avanço da tecnologia, a participação cidadã também se estende ao


ambiente digital. Os cidadãos podem expressar suas opiniões, participar de debates e petições on-
line, bem como acessar informações relevantes por meio das plataformas digitais.

Mecanismos de Participação Direta: Alguns sistemas democráticos incluem mecanismos for-


mais de participação direta, como referendos, plebiscitos e iniciativas populares, nos quais os cida-
dãos têm a oportunidade de votar diretamente em questões específicas.

A participação cidadã é considerada essencial para a vitalidade de uma democracia, pois promove a
representação mais fiel dos interesses da sociedade, aumenta a transparência e responsabilidade do
governo, e fortalece o senso de comunidade e pertencimento. Ela também contribui para a constru-
ção de uma cultura política mais inclusiva e engajada.

5.1) Cidadania

A cidadania é o conjunto de direito e deveres do indivíduo como membro de uma comunidade,


geralmente vinculado a um Estado-nação. Ela ainda implica uma série de responsabilidades, privi-
légios e participação ativa na vida pública.

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responsabilidades

Cidadania
participação
ativa
privilégio

A cidadania envolve o reconhecimento de direitos fundamentais, como a liberdade de expressão,


direito à educação, participação política e proteção legal. Ao mesmo tempo, os cidadãos têm deve-
res, como respeitar as leis, pagar os impostos e contribuir para o bem comum.

POPULAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO BRASILEIRO

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – População: estrutura, composição e dinâmica. Desenvolvimento urbano brasileiro: redes


urbanas; metropolização; crescimento das cidades e problemas urbanos. Infraestrutura urbana
e segregação socioespacial

2) População Brasileira

A população brasileira é definida como o conjunto de indivíduos que residem no território nacional.
Segundo dados do Censo de 2022 do IBGE, a popula-
ção atual do Brasil é de 203.062.512 habitantes. De-
vido à vasta extensão territorial do país e ao processo
histórico de ocupação, a distribuição populacional
ocorre de maneira irregular entre as diferentes regi-
ões e estados. Adicionalmente, o Brasil é caracterizado
por sua alta taxa de urbanização, uma vez que a mai-
oria de seus habitantes reside em áreas urbanas.

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2.1) Estrutura, Composição e Dinâmica

Atualmente, observa-se uma tendência de desaceleração do crescimento populacional e envelhe-


cimento da população. Estima-se que, por volta de meados deste século, o Brasil inicie um processo
de declínio demográfico.

Com um vasto território abrangendo 8.510.318 quilômetros quadrados (IBGE, 2023), a distribuição
da população brasileira ocorre de forma heterogênea entre as regiões, estados e municípios do país.
Essa disparidade é principalmente resultado do processo histórico de ocupação, que teve início nas
áreas litorâneas, e do desenvolvimento econômico, que inicialmente concentrou núcleos populaci-
onais no Nordeste e posteriormente no Sudeste.

Apesar de ser um país populoso, o Brasil é relativamente pouco povoado, com uma densidade de-
mográfica média de aproximadamente 23,86 habitantes por quilômetro quadrado. A região Su-
deste é a mais populosa, abrigando 84.847.187 habitantes, o que corresponde a 41,78% da popula-
ção total do país. Em seguida, o Nordeste é a segunda região mais populosa, com 54.644.582 habi-
tantes, representando 26,91% da população brasileira. A região Sul segue em terceiro lugar, com
29.933.315 habitantes, equivalentes a 14,74% da população.

Por outro lado, as regiões Norte e Centro-Oeste são menos densamente povoadas. O Norte possui
17.349.619 habitantes, representando 8,54% da população total, e é a região menos populosa e a
menos densamente povoada, com uma densidade demográfica de apenas 4,51 habitantes por qui-
lômetro quadrado. Por fim, o Centro-Oeste é a região menos populosa, com 16.287.809 habitantes,
correspondendo a 8,02% da população brasileira.

3) Desenvolvimento Urbano

O desenvolvimento urbano é um processo complexo que envolve o crescimento e a transformação


das áreas urbanas, abrangendo diversos aspectos sociais, econômicos, ambientais e infraestruturais.
Esse processo é influenciado por uma série de fatores, incluindo o crescimento populacional, as mu-
danças na economia, as políticas públicas, as tecnologias disponíveis e as demandas da sociedade.

A trajetória de urbanização no Brasil assemelha-se à observada em outros países emergentes, carac-


terizando-se por um processo acelerado e desordenado, desprovido de um planejamento ade-
quado. Embora tenham surgido importantes cidades e grandes metrópoles, a urbanização brasileira,
conduzida dessa maneira, resultou na concentração excessiva de atividades urbanas em determi-
nadas áreas, conhecida como macrocefalia urbana, e no agravamento das disparidades socioeco-
nômicas e espaciais dentro das cidades.

3.1) Redes Urbanas e Metropolização

As redes urbanas referem-se à interconexão de cidades e centros urbanos por meio de fluxos de
pessoas, bens, serviços, informações e capital. No Brasil, as redes urbanas são formadas por cidades
de diferentes tamanhos e funções, que se complementam e se relacionam de diversas maneiras. As
principais cidades de uma rede urbana geralmente atuam como centros de serviços, comércio,

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educação, saúde e cultura para as áreas circundantes, desempenhando um papel vital na economia
regional e nacional.

Ex.: Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Salvador (BA). Porto Alegre (RS), Recife (PE), Fortaleza (CE)
e Brasília (DF).

Já a metropolização refere-se ao processo de crescimento e expansão das áreas metropolitanas,


caracterizado pela concentração de população, atividades econômicas e infraestrutura em torno de
uma cidade central ou metrópole. No Brasil, as regiões metropolitanas são espaços urbanos que
abrigam uma proporção significativa da população e das atividades econômicas do país. As me-
trópoles exercem influência não apenas sobre suas áreas metropolitanas, mas também sobre cidades
e regiões adjacentes, formando uma rede de relações interurbanas complexas.

Ex.: Região Metropolitana de São Paulo – abrange diversas cidades como: São Paulo, Guarulhos,
Osasco e Santo André, que estão interligadas por uma extensa malha rodoviária e ferroviária.

3.2) Crescimento das Cidades e Problemas Urbanos

A urbanização no Brasil é um processo intrinsecamente ligado às mudanças econômicas e aos ciclos


econômicos que ocorreram ao longo da história do país, especialmente a partir da segunda metade
do século XX.

Inicialmente, devido à colonização que se estendia ao longo da costa, as primeiras cidades brasileiras
surgiram em áreas litorâneas. As vilas e cidades que se desenvolveram posteriormente no interior
estavam vinculadas às atividades agropecuárias e extrativistas, como a mineração e o extrati-
vismo vegetal.

A reestruturação da economia brasileira entre o final do século XIX e o século XX teve um impacto
significativo na distribuição espacial da população, impulsionando o crescimento dos centros urba-
nos na região Sudeste. Com o surgimento da indústria e o consequente processo de industrializa-
ção, houve um aumento substancial das áreas urbanas e da população que residia nas cidades.

Além disso, a modernização do campo e a mecanização agrícola resultaram na migração permanente


de muitos habitantes para as áreas urbanas em busca de novas oportunidades, um fenômeno co-
nhecido como êxodo rural.

A urbanização no Brasil ganhou impulso a partir da década de 1950, impulsionada pelo êxodo rural,
decorrente da modernização agrícola e da maior oferta de empregos nas áreas urbanas, além
do processo de industrialização. No entanto, esse crescimento ocorreu de maneira desordenada,
sem um planejamento adequado, resultando em diversas consequências para a população, a es-
trutura urbana e o ordenamento territorial. Entre essas consequências, destacam-se:

Macrocefalia urbana, caracterizada pela concentração desigual de recursos e serviços em uma


cidade que cresce sem um planejamento eficaz, acarretando problemas de mobilidade urbana, am-
bientais e socioeconômicos.

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Agravamento dos problemas ambientais nas áreas urbanas, como poluição do solo e da água,
enchentes e deslizamentos de terra, como resultado da macrocefalia urbana.

Distribuição desigual da população nas áreas urbanas, com aumento da segregação urbana,
especialmente em regiões metropolitanas e grandes cidades.

Crescimento da periferia urbana e expansão das favelas, que concentram grande parte da
população de baixa renda das cidades brasileiras.

Aumento do trabalho informal e do setor terciário devido à falta de oportunidades no mercado


de trabalho e à baixa qualificação profissional.

Distribuição desigual da população urbana em todo o território brasileiro, com o Sudeste


sendo a região mais urbanizada, onde 93% da população vive nas cidades, enquanto o Nordeste,
apesar de ter o maior número relativo de municípios, possui apenas 73% de sua população vivendo
em áreas urbanas, sendo a região menos urbanizada do país.

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando o contexto histórico da urbanização no Brasil, qual fator eco-
nômico teve o maior impacto no processo de urbanização do país, especialmente a partir da
segunda metade do século XX?

a) A expansão das atividades agrícolas no interior do país, impulsionada pela modernização do


campo.

b) O desenvolvimento da mineração nas áreas litorâneas, que atraiu grande parte da população para
as regiões costeiras.

c) O surgimento da indústria e o processo de industrialização, que resultaram em um rápido cresci-


mento das áreas urbanas.

d) O aumento da produção artesanal em áreas rurais, que estimulou a migração para cidades me-
nores.

e) A intensificação do extrativismo vegetal na região Nordeste, que levou ao surgimento de peque-


nas comunidades urbanas.

Gabarito: Letra C.

Comentário: Durante o século XX, o Brasil passou por um intenso processo de urbanização,
impulsionado principalmente pelo desenvolvimento da indústria e pela subsequente industrialização
do país. A expansão do setor industrial gerou um aumento significativo das áreas urbanas, atraindo
migrantes do campo em busca de emprego e melhores condições de vida nas cidades.

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4) Infraestrutura Urbana e Segregação Socioespacial

A infraestrutura Urbana é o conjunto de serviços essenciais como abastecimento de água, coleta e


tratamento de esgoto, fornecimento de energia elétrica, transporte público, serviço viário, coleta de
resíduos sólidos, telecomunicações, saúde, educação, segurança, entre outros.

A disponibilidade e a quantidade desses


serviços variam de acordo com a localização
geográfica e as características socioeconô-
micas das áreas urbanas. Os princípios téc-
nicos para investimentos em infraestrutura
devem ser compilados em manuais especí-
ficos direcionados aos Estados, Distrito
Federal e Municípios, contendo orienta-
ções detalhadas e propostas viáveis para
implementação. Estes manuais devem ser elaborados com base nos recursos do Orçamento Geral
da União destinados à Ação de apoio à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, visando favo-
recer uma série de iniciativas relacionadas à infraestrutura urbana, tais como saneamento, coleta de
resíduos sólidos, tratamento de esgoto, pavimentação, fornecimento de água e transporte público.
Essas medidas têm como objetivo primordial melhorar a qualidade de vida da população.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) representa uma das principais fontes de recursos para financiar
projetos de infraestrutura urbana. Para acessar esses recursos, os Chefes do Poder Executivo dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios devem pleiteá-los de acordo com as necessidades
específicas de cada localidade. Os investimentos em infraestrutura urbana têm como finalidade ofe-
recer suporte às iniciativas de implantação ou aprimoramento de obras de infraestrutura nas
cidades brasileiras, contribuindo assim para o desenvolvimento urbano sustentável e a melhoria da
qualidade de vida dos cidadãos.

A distribuição desigual da infraestrutura urbana muitas vezes reflete e reforça a segregação socio-
espacial. A segregação socioespacial, também conhecida como segregação urbana, é um fenômeno
caracterizado pela disparidade socioeconômica
entre diferentes grupos populacionais, refletida
principalmente na questão habitacional. Esse pro-
cesso ocorre, por exemplo, quando comunidades
carentes se estabelecem em áreas próximas a
condomínios de alto padrão. A desigualdade so-
cial é a principal causa desse tipo de segrega-
ção urbana, que pode se manifestar de várias for-
mas, incluindo a formação de favelas e assenta-
mentos precários em diversas cidades brasileiras.
Essa segregação resulta em consequências nega-
tivas, como o aumento da vulnerabilidade social e a ampliação das disparidades socioeconômicas.
O Brasil apresenta inúmeras cidades marcadas por esse fenômeno de segregação urbana.

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Tome nota!

Nos decretos de número 11.466 e 11.467, ambos publicados em 2023, o Governo Federal introduziu
medidas destinadas a fomentar os investimentos tanto públicos quanto privados no setor de sane-
amento no Brasil. Essa nova regulamentação visa assegurar as condições essenciais para alcançar a
universalização dos serviços de saneamento básico até o ano de 2033.

DESENVOLVIMENTOS ECONÔMICO, SUSTENTÁVEL E RURAL

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Desenvolvimento econômico, concentração da renda e riqueza. Desenvolvimento susten-


tável e meio ambiente; Biomas brasileiros: uso racional, conservação e recuperação. Desen-
volvimento rural brasileiro: estrutura e concentração fundiária; sistemas produtivos e relação
de trabalho no campo.

2) Desenvolvimento Econômico

O desenvolvimento econômico é uma meta perseguida por países em todo o mundo, com o intuito
de elevar os padrões de vida, reduzir a pobreza e fomentar o progresso. No entanto, a relação entre
desenvolvimento econômico e concentração de renda levanta questões cruciais sobre a equidade
do processo.

O desenvolvimento econômico refere-se ao crescimento sus-


tentável e à melhoria das condições de vida de uma popu-
lação. Tradicionalmente medido por indicadores como o Pro-
duto Interno Bruto (PIB), a geração de empregos e o
avanço em áreas como saúde e educação, o desenvolvi-
mento econômico transcende métricas puramente quantitati-
vas. Ele também envolve a promoção de uma distribuição
equitativa dos benefícios gerados.

No contexto brasileiro, o desenvolvimento econômico en-


frenta desafios significativos relacionados à concentração de
renda e riqueza. Apesar dos avanços observados em várias
áreas, como o crescimento do PIB e melhorias em indicadores
sociais, a desigualdade socioeconômica persiste como uma
questão central no país.

A concentração de renda no Brasil é evidenciada pela dispa-


ridade entre os estratos sociais, com uma pequena parcela
da população detendo a maior parte da riqueza do país. Isso se reflete em diversos aspectos, como

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a distribuição desigual de terras, a discrepância nos salários e a falta de acesso equitativo a serviços
básicos, como saúde e educação.

A concentração de riqueza, por sua vez, é observada através da predominância de grandes conglo-
merados econômicos e de indivíduos extremamente ricos, em contraste com uma grande parte
da população que enfrenta condições de vida precárias e falta de oportunidades econômicas.

Essa desigualdade socioeconômica não apenas perpetua a exclusão e a marginalização de grupos


vulneráveis, mas também representa um obstáculo ao desenvolvimento sustentável e inclusivo
do país. Enfrentar a concentração de renda e riqueza tornou-se, portanto, uma prioridade para o
Brasil, exigindo políticas públicas eficazes e medidas que promovam uma distribuição mais equitativa
dos benefícios do crescimento econômico.

Momento da Questão

Questão inédita – O desenvolvimento econômico de um país muitas vezes é medido pelo cres-
cimento do Produto Interno Bruto (PIB), pela geração de empregos e pelo avanço em indica-
dores sociais. Contudo, é importante considerar também a distribuição de renda e riqueza
resultante desse processo. No contexto brasileiro, a concentração de renda e riqueza tem sido
uma questão central, impactando diretamente a equidade social. Diante disso, qual das se-
guintes afirmativas melhor descreve a relação entre desenvolvimento econômico, concentra-
ção de renda e riqueza?

a) A concentração de renda e riqueza é um fenômeno natural que ocorre em todos os países desen-
volvidos e em desenvolvimento, sendo um reflexo do sucesso econômico.

b) O desenvolvimento econômico sustentável depende da redução da desigualdade de renda e ri-


queza, pois a concentração excessiva pode gerar instabilidade social e econômica.

c) A concentração de renda e riqueza é benéfica para o desenvolvimento econômico, pois incentiva


o investimento e a inovação por parte dos mais ricos.

d) O desenvolvimento econômico e a concentração de renda e riqueza são fenômenos independen-


tes, não influenciando significativamente um ao outro.

e) A redução da concentração de renda e riqueza é uma preocupação secundária em relação ao


desenvolvimento econômico, uma vez que a prioridade deve ser o crescimento do PIB.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A concentração de renda e riqueza é um aspecto importante a ser considerado no


contexto do desenvolvimento econômico de um país. Embora o crescimento do PIB e a geração de
empregos sejam indicadores positivos, a distribuição desigual dos benefícios econômicos pode levar
a disparidades sociais e econômicas prejudiciais.

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3) Desenvolvimento Sustentável e o Meio Ambiente

O desenvolvimento sustentável é um conceito que busca conciliar o progresso econômico, a equi-


dade social e a preservação ambiental, garantindo que as necessidades das gerações atuais sejam
atendidas sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessida-
des.

Ao longo da história, o desenvolvimento econômico frequentemente ocorreu à custa do meio am-


biente, com a exploração desenfreada de recursos naturais, a poluição e a degradação dos ecos-
sistemas. No entanto, cada vez mais, percebe-se a necessidade de adotar práticas sustentáveis que
garantam a conservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos ambientais.

Dessa forma, o desenvolvimento sustentável busca promover a harmonia entre o crescimento eco-
nômico e a preservação ambiental, incentivando o uso racional dos recursos naturais, a adoção de
tecnologias limpas, a redução da emissão de poluentes e o investimento em energias renová-
veis. Além disso, busca-se promover a conscientização ambiental e a participação da sociedade na
tomada de decisões que afetam o meio ambiente.

Assim, o desenvolvimento sustentável e o meio ambiente estão intrinsecamente interligados, sendo


essencial promover políticas e práticas que garantam o equilíbrio entre as necessidades humanas e
a conservação dos recursos naturais para as futuras gerações.

3.1) Biomas Brasileiros

Os biomas brasileiros são conjuntos de ecossistemas com características naturais semelhantes, que
abrangem grandes extensões territoriais e possuem uma biodiversidade única. O Brasil é reconhe-
cido mundialmente pela sua riqueza e diversidade biológica, abrigando seis principais biomas:
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa.

A vegetação desempenha um papel crucial na manutenção


dos ecossistemas, influenciando diretamente a existência de
habitats para as espécies, a prestação de serviços ambientais e
o fornecimento de recursos essenciais para as populações hu-
manas.

Vamos observar as características específicas de cada bioma.

Amazônia: Localizada na região norte do Brasil, a Amazô-


nia é a maior floresta tropical do mundo, conhecida pela sua
biodiversidade exuberante e pela importância na regulação do
clima global. É lar de milhões de espécies de plantas e animais,
além de povos indígenas que dependem diretamente dos recursos naturais da região.

Cerrado: O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, caracterizado por uma vegetação di-
versificada, que inclui desde formações de savana até matas ciliares e veredas. Abriga uma grande

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variedade de espécies vegetais e animais, muitas das quais endêmicas, e desempenha um papel
fundamental na regulação hídrica e na manutenção da biodiversidade.

Caatinga: Presente principalmente na região nordeste do Brasil, a Caatinga é um bioma semiá-


rido, marcado por uma vegetação adaptada à escassez de água e às condições climáticas áridas.
Apesar das condições adversas, abriga uma diversidade surpreendente de espécies vegetais e ani-
mais, incluindo cactos, bromélias e diversas espécies endêmicas.

Mata Atlântica: Originalmente estendendo-se ao longo da costa leste do Brasil, a Mata Atlântica
é um dos biomas mais ameaçados do mundo devido à intensa urbanização e ao desmatamento.
Apesar disso, ainda abriga uma biodiversidade incrível, com uma grande variedade de espécies ve-
getais e animais, muitas delas encontradas apenas nesse bioma.

Pantanal: O Pantanal é a maior área alagada do mundo e abrange parte dos estados de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. É um ecossistema único, caracterizado por uma grande diversidade
de habitats, que incluem áreas alagadas, matas ciliares, campos inundáveis e savanas. Abriga uma
rica variedade de vida selvagem, incluindo aves, mamíferos, répteis e peixes.

Pampa: Localizado no extremo sul do Brasil, o Pampa é um bioma de transição entre a Mata
Atlântica e os campos da Argentina e Uruguai. Caracteriza-se por uma vegetação herbácea, adaptada
às condições de clima temperado, e abriga uma diversidade de espécies animais, incluindo aves,
mamíferos e répteis.

3.1.1) Uso Racional, Conservação e Recuperação

A sustentabilidade dos recursos naturais e a preservação dos ecossistemas devem ocorrer com o
uso racional, a preservação e a recuperação desses recursos. Esses princípios visam garantir que as
atividades humanas sejam realizadas de forma a garantir a disponibilidade dos recursos naturais
para as gerações presentes e futuras, bem como a manutenção da biodiversidade e dos serviços
ecossistêmicos.

A Política Nacional do Meio Ambiente visa garantir o direito de todos a um ambiente ecologica-
mente equilibrado, conforme estabelecido no princípio fundamental descrito no artigo 225 da
Constituição Federal de 1988. Além da norma constitucional, existem diversas leis infraconstitucio-
nais, ou seja, que estão hierarquicamente abaixo da CF, que visam à proteção ambiental e à promo-
ção do desenvolvimento sustentável.

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Estabelece princípios e diretrizes
Lei da Política Nacional para a proteção, preservação e
do Meio Ambiente (Lei conservação do meio ambiente,
nº 6.938/1981) bem como para o uso sustentável
dos recursos naturais.

Define os crimes ambientais e


Lei de Crimes suas penalidades, como
Ambientais (Lei nº desmatamento ilegal, poluição,
9.605/1998) caça e pesca predatória, entre
outros.

Estabelece o regime jurídico das


Sistema Nacional de unidades de conservação, como
Normas
Unidades de parques nacionais, reservas
infraconstitucionais
Conservação da biológicas e áreas de proteção
de proteção ao Meio
Natureza (Lei nº ambiental, com o objetivo de
Ambiente
9.985/2000) conservar a biodiversidade e os
ecossistemas.

Regulamenta a utilização e
proteção das florestas e demais
formas de vegetação nativa,
Código Florestal (Lei nº
definindo as áreas de
12.651/2012)
preservação permanente (APPs) e
as reservas legais, entre outras
disposições.

Define as áreas de preservação


Lei de Áreas de permanente em meio urbano e
Preservação Permanente rural, estabelecendo diretrizes
(Lei nº 12.727/2012) para sua conservação e
recuperação.

Momento da Questão

Questão inédita – O desenvolvimento sustentável busca equilibrar o crescimento econômico


com a preservação do meio ambiente, garantindo que as necessidades atuais sejam atendidas
sem comprometer as gerações futuras. No contexto dos biomas brasileiros, é essencial adotar
práticas de uso racional, conservação e recuperação para garantir a manutenção da biodiver-
sidade e dos serviços ecossistêmicos. Diante desse contexto, qual das seguintes afirmativas
melhor reflete os princípios do desenvolvimento sustentável e da gestão dos biomas brasilei-
ros?

a) A exploração intensiva dos recursos naturais dos biomas brasileiros é necessária para impulsionar
o desenvolvimento econômico do país, mesmo que isso resulte em danos ambientais irreversíveis.

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b) O desenvolvimento sustentável exige a promoção de atividades econômicas que respeitem os
limites ambientais e contribuam para a conservação dos biomas brasileiros, como o ecoturismo e a
agricultura orgânica.

c) A conservação dos biomas brasileiros é uma responsabilidade exclusiva do governo, e a população


não precisa se envolver ativamente na preservação do meio ambiente.

d) A recuperação dos biomas brasileiros é uma tarefa impossível devido aos danos irreversíveis cau-
sados pela atividade humana, sendo mais viável focar apenas na exploração de recursos alternativos.

e) O uso racional dos recursos naturais dos biomas brasileiros deve ser priorizado apenas em áreas
de conservação, enquanto nas demais regiões é aceitável a exploração descontrolada para fins
econômicos.

Gabarito: Letra B.

Comentário: O desenvolvimento sustentável requer a adoção de práticas que conciliem o cres-


cimento econômico com a conservação ambiental, especialmente em relação aos biomas brasileiros,
que possuem uma rica biodiversidade.

4) Desenvolvimento Rural

O desenvolvimento rural é um processo que envolve a melhoria das condições de vida e trabalho
das populações que habitam áreas rurais. Esse desenvolvimento abrange diversos aspectos, como
o aumento da produtividade agrícola, a diversificação das atividades econômicas no campo, a pro-
moção do acesso a serviços básicos (como saúde, educação e saneamento), a preservação ambiental
e a valorização da cultura e identidade locais.

No contexto brasileiro, o desenvolvimento rural é de grande importância devido à relevância do


setor agrícola na economia do país e à significativa parcela da população que vive nessas áreas.
Promover um desenvolvimento rural equilibrado e inclusivo é fundamental para reduzir as desigual-
dades regionais e promover o bem-estar das comunidades rurais.

A estrutura fundiária brasileira é caracterizada pela concentração de terras em poucas mãos, o que
significa que uma parcela significativa
das terras está nas mãos de um pe-
queno grupo de proprietários. Essa
concentração fundiária é um legado his-
tórico que remonta aos tempos coloni-
ais e é um dos principais obstáculos para
o desenvolvimento rural sustentável. A
falta de acesso à terra por parte de pe-
quenos agricultores e comunidades tra-
dicionais limita suas oportunidades de
produção, aumenta a desigualdade so-
cial e contribui para conflitos agrários.

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Importante!

A estrutura latifundiária brasileira refere-se à predominância de grandes propriedades rurais, conhe-


cidas como latifúndios.

A estrutura fundiária brasileira ainda é caracterizada pela concentração de grandes propriedades


rurais nas mãos de um reduzido número de proprietários. Segundo dados atualizados do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a pesquisa denominada "Relação Total dos Imó-
veis Rurais no Brasil" revela que:

O Brasil possui mais de 8 milhões de estabelecimentos agropecuários cadastrados, abrangendo


uma área total de mais de 600 milhões de hectares (sendo que 1 hectare equivale a 10 mil m²).

Mais de 55% das propriedades rurais são compostas por estabelecimentos agropecuários com
mais de 1000 hectares. No entanto, o número de estabelecimentos nessas grandes propriedades
rurais representa uma minoria.

Menos de 11% da área ocupada por estabelecimentos agropecuários são propriedades rurais
com menos de 10 hectares. No entanto, em termos de número de estabelecimentos, estas proprie-
dades são maioria.

Esses dados evidenciam a persistência da concentração fundiária no Brasil, com a predominân-


cia de grandes propriedades em detrimento de pequenas e médias propriedades, o que impacta
diretamente na distribuição de terras e na inclusão social no meio rural.

4.1) Sistemas Produtivos e Relação de Trabalho no Campo

Os sistemas agrícolas referem-se ao conjunto de técnicas e práticas utilizadas na produção agrícola,


que podem ser classificados em dois tipos principais: intensivo e extensivo. Essa classificação leva
em consideração fatores como a tecnologia empregada, a escala de produção e o tipo de mão de
obra utilizada.

Na agricultura intensiva, encontramos uma produção em larga escala, utilizando tecnologias mo-
dernas e avançadas, voltadas para a maximização da produtividade. Geralmente, essa modalidade
está associada a grandes propriedades, agroindústrias e cultivo de commodities agrícolas.

Por outro lado, na agricultura extensiva, predominam propriedades menores, como as de assenta-
dos, posseiros e agricultura familiar, que empregam técnicas tradicionais de produção. Aqui, a
escala de produção é menor e a mão de obra familiar é predominante, com a participação direta dos
membros da família em todas as etapas do processo produtivo.

No campo, as relações de trabalho são diversas, incluindo mão de obra familiar, posseiros, parcerias,
arrendatários e trabalhadores assalariados. Esses últimos são comuns em propriedades maiores e

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agroindústrias, sendo contratados para realizar diversas atividades, como plantio e colheita. Muitas
vezes, o trabalho é temporário, especialmente em atividades sazonais, como a colheita de deter-
minadas culturas.

Assim, o cenário agrícola brasileiro é marcado por uma diversidade de sistemas agrícolas e relações
de trabalho, com a agricultura familiar desempenhando um papel importante na produção de ali-
mentos no país.

A migração sazonal de trabalhadores é uma prática comum em setores agrícolas como a produção
de frutas, cana-de-açúcar e café. Muitos desses trabalhadores vêm de regiões mais pobres do país
e migram temporariamente para
as áreas de produção durante os
períodos de colheita. Essa migra-
ção sazonal é motivada pela
busca por oportunidades de tra-
balho temporário e melhores con-
dições de renda.

No entanto, a regularização e for-


malização do trabalho no campo
representam desafios significati-
vos em algumas áreas. Muitos tra-
balhadores, especialmente em
pequenas propriedades, estão
envolvidos em relações informais, o que pode prejudicar seus direitos trabalhistas e previdenciários.

Além disso, o setor agrícola enfrenta desafios relacionados às condições de trabalho, como longas
jornadas, exposição a agrotóxicos e falta de infraestrutura adequada. Essas questões são objeto de
debates e discussões sobre a necessidade de melhorar as condições laborais e promover práticas
mais sustentáveis no campo.

Momento da Questão

Questão inédita – O desenvolvimento rural brasileiro é marcado por uma série de desafios,
incluindo a estrutura e concentração fundiária, bem como os sistemas produtivos e as relações
de trabalho no campo. Considerando esse contexto, qual das seguintes afirmativas melhor
descreve uma característica do desenvolvimento rural no Brasil?

a) A estrutura fundiária brasileira é caracterizada pela distribuição equitativa de terras entre peque-
nos produtores rurais, garantindo uma produção agrícola diversificada e sustentável.

b) A concentração fundiária no Brasil contribui para a ampliação da produtividade agrícola, promo-


vendo o desenvolvimento econômico das áreas rurais e a redução das desigualdades sociais.

c) Os sistemas produtivos predominantes no campo brasileiro priorizam a agroecologia e a agricul-


tura familiar, visando à preservação ambiental e à promoção da segurança alimentar.

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d) As relações de trabalho no campo brasileiro são caracterizadas pela ausência de condições dignas
de trabalho, incluindo longas jornadas laborais e baixos salários, especialmente para os trabalhado-
res rurais assalariados.

e) O desenvolvimento rural no Brasil é impulsionado principalmente pela expansão de grandes mo-


noculturas voltadas para a exportação, gerando impactos negativos na sustentabilidade ambiental e
na segurança alimentar.

Gabarito: Letra D.

Comentário: O desenvolvimento rural brasileiro enfrenta diversos desafios, incluindo a concen-


tração fundiária e as condições precárias de trabalho no campo.

MATRIZ ENERGÉTICA

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – Matriz energética: fontes renováveis e não renováveis; mudança climática; transição ener-
gética.

2) Considerações Iniciais

A matriz energética de um país é a composição das fontes de energia utilizadas para atender às
necessidades de consumo energético da sociedade. Ela reflete as fontes primárias de energia uti-
lizadas na geração de eletricidade, trans-
porte, aquecimento.

Uma matriz energética diversificada é


considerada mais robusta e resiliente a
choques externos, como flutuações de pre-
ços de commodities ou interrupção no for-
necimento. A diversidade reduz a depen-
dência excessiva de uma unia fonte de
energia.

Além disso, uma matriz energética equili-


brada pode contribuir para a segurança
energética de um país, garantido o acesso
confiável e estável à energia. Isso pode ser alcançado através diversificação dessa matriz.

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3) Fontes Renováveis e Não Renováveis de Energia

As fontes renováveis e não renováveis de energia são categorias distintas de recursos energéticos,
que têm diferentes impactos ambientais, disponibilidade e capacidade de regeneração.

•São recursos naturais que se regeneram continuamente


ao longo do tempo ou que são virtualmente ilimitados.
Fonte Renovável
•Exemplos comuns incluem energia solar, energia eólica,
energia hidrelétrica, biomassa e energia geotérmica.

• São recursos naturais que se esgotam com o tempo, pois


sua taxa de consumo é muito maior do que sua taxa de
Fonte Não Renovável regeneração natural.
• Exemplos incluem petróleo, carvão mineral, gás natural e
urânio (para energia nuclear).

4) Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas são fenômenos globais que afetam o clima de diferentes regiões do mundo,
incluindo o Brasil. O desmatamento na Amazônia é uma das principais preocupações em relação
às mudanças climáticas no Brasil. O desmatamento contribui significativamente para as emissões de
gases de efeito estufa e para a perda de biodiversidade, além de afetar o ciclo hidrológico regional
e global.

O Brasil enfrenta um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como


secas prolongadas e chuvas intensas. Isso pode ter impactos significativos na agricultura, na segu-
rança hídrica e nas comunidades vulneráveis, especialmente em regiões semiáridas do Nordeste.

Já as mudanças climáticas também estão causando o aumento do nível do mar, o que pode ter
consequências graves para as regiões costeiras do Brasil, incluindo o risco de erosão costeira, in-
trusão salina e danos à infraestrutura costeira.

Além disso, importante ter em mente que as mudanças climáticas também estão contribuindo para
a perda de biodiversidade no Brasil, afetando ecossistemas terrestres e marinhos. Isso pode ter
impactos negativos na saúde dos ecossistemas, na produção de alimentos e na segurança alimen-
tar.

5) Transição Energética

O Brasil tem adotado políticas para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas, incluindo o es-
tabelecimento de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, o fortalecimento da
fiscalização e do combate ao desmatamento ilegal, e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis.

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Muitos países estão buscando uma transição para uma matriz energética mais sustentável e de
baixo carbono, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e aumentando a participação de
fontes renováveis. Isso requer políticas públicas, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e
mudanças nos padrões de consumo e produção de energia.

No Brasil, apesar do progresso alcançado na universalização do acesso à energia, ainda existem


populações isoladas que dependem de usinas termelétricas ou outras soluções locais para suprir
suas necessidades energéticas. No entanto, essa realidade afeta atualmente menos de 1% da carga
total do sistema energético do país.

Além disso, o Brasil já conta com um sistema energético consideravelmente baseado em fontes
renováveis, que têm previsão de representar cerca de 50% da matriz energética até 2022. No que
diz respeito especificamente à geração de energia elétrica, o Brasil se destaca ainda mais, com apro-
ximadamente 85% da matriz de geração proveniente de fontes renováveis.

Momento da Questão

Questão inédita – Com o aumento das preocupações globais com as mudanças climáticas e a
necessidade de transição para uma matriz energética mais sustentável, muitos países têm bus-
cado reduzir sua dependência de fontes não renováveis de energia. No contexto brasileiro,
qual é uma das principais estratégias adotadas para promover essa transição energética?

a) Aumento da exploração de petróleo e gás natural em reservas offshore.

b) Incentivo ao uso de carvão mineral para geração de eletricidade.

c) Investimento em tecnologias de energia solar e eólica para aumentar a participação de fontes


renováveis na matriz energética.

d) Ampliação da capacidade de usinas nucleares para suprir a demanda energética do país.

e) Redução dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento de fontes renováveis devido aos altos
custos de implementação.

Gabarito: Letra C.

Comentário: A transição energética para uma matriz mais sustentável é essencial para mitigar
os impactos das mudanças climáticas e garantir a segurança energética a longo prazo. No Brasil,
uma das principais estratégias adotadas para promover essa transição é o investimento em tecnolo-
gias de energia solar e eólica. Essas fontes renováveis têm se mostrado cada vez mais viáveis econo-
micamente e ambientalmente, contribuindo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e
diversificar a matriz energética do país.

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A INSERÇÃO DO BRASIL NO SISTEMA INTERNACIONAL

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre a matéria de Realidade Brasileira para o Bloco 8 – Nível Intermediário:

1 – A inserção do Brasil no sistema internacional.

2) Histórico do Brasil no Sistema Internacional

O histórico do Brasil no sistema internacional é marcado por uma série de eventos e transformações
ao longo dos séculos, desde os períodos colonial e imperial até os dias atuais. No período colonial,
o Brasil estava submetido ao domínio de Portugal, que explorava seus recursos naturais e utilizava o
território como colônia de exploração. A inserção do Brasil no sistema internacional estava limitada
às relações comerciais com a metrópole e outras potências coloniais.

Com a independência em 1822, o Brasil passou a se estabelecer como uma nação soberana no
sistema internacional. O país buscou consolidar sua posição no cenário global, estabelecendo rela-
ções diplomáticas com outras nações e participando de tratados e alianças internacionais. A abo-
lição da escravidão em 1888 e a Proclamação da República em 1889 tiveram repercussões internaci-
onais. O país passou a ser visto como um defensor dos direitos humanos e da democracia, am-
pliando suas relações com outros países e organizações internacionais.

Durante as duas Guerras Mundiais do século XX, o Brasil participou ativamente como aliado das
potências democráticas, enviando tropas para combater ao lado dos Aliados. Esses eventos tive-
ram impacto significativo na política externa brasileira e nas relações internacionais do país.

O período da ditadura militar (1964-1985) teve implicações na inserção internacional do Brasil, com
políticas externas marcadas por alinhamentos geopolíticos e restrições à democracia. Com a re-
democratização, o país retomou uma política externa mais autônoma e voltada para a defesa dos
direitos humanos e da democracia. Nas últimas décadas, o Brasil enfrenta novos desafios no sistema
internacional, como a globalização, a integração regional, as questões ambientais, a segurança glo-
bal e o desenvolvimento sustentável.

3) Aspectos Importantes do Brasil na Economia Mundial

Antes de nos aprofundarmos sobre os aspectos relevantes do Brasil na economia mundial, precisa-
mos entender a economia do Brasil. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais

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de commodities agrícolas, tais como: soja, milho, café, açúcar, entre outros. Sua agricultura mo-
derna e eficiente, aliado ao clima tropical, contribui para o abastecimento global de alimentos e para
a segurança alimentar de muitos países.

Além disso, o Brasil possui uma basta reserva de re-


cursos naturais, incluindo minério de ferro, petróleo,
gás natural, minerais e água doce. Esses recursos são
essenciais para a economia global, fornecendo ma-
téria-prima para diversos setores industriais e ener-
géticos.

Já no setor industrial, o Brasil conta com grandes


empresas brasileiras com presença internacional em
diversas áreas: automóveis, aviação, siderurgia, quí-
mica, petroquímica e tecnológica. Ademais, com
uma população de mais de 200 milhões de habitan-
tes, o Brasil possui um grande mercado consumi-
dor interno, o que atrai investimentos estrangeiros
e impulsiona o crescimento econômico. O consumo
doméstico é um motor importante para a economia
brasileira e para as empresas globais que atuam no
país.

A política externa brasileira é marcada por uma pos-


tura ativa e engajada em assuntos globais, como o
desenvolvimento sustentável, a paz e a segurança in-
ternacionais, os direitos humanos e a cooperação Sul-Sul. O país participa ativamente de organi-
zações multilaterais, como as Nações Unidas, o G20 e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O Brasil também desempenha um papel crucial na preservação ambiental, especialmente da Ama-


zônia, considerada o "pulmão do mundo". A conservação da biodiversidade e o combate ao des-
matamento são temas importantes na agenda internacional, nos quais o Brasil tem influência e res-
ponsabilidade.

3.1) MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

O MERCOSUL, abreviação para Mercado Comum do Sul, é uma organização internacional de inte-
gração econômica formada por países da Amé-
rica do Sul. Foi criado em 1991 com o Tratado
de Assunção, assinado pelos fundadores Argen-
tina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O principal ob-
jetivo do MERCOSUL é promover a integração
econômica e o desenvolvimento dos países
membros por meio da livre circulação de bens,
serviços e fatores produtivos, além da coorde-
nação de políticas macroeconômicas e setoriais.

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O MERCOSUL estabelece uma zona de livre comércio entre seus membros, eliminando gradualmente
as tarifas e barreiras comerciais entre os países signatários. Além da livre circulação de bens, o
MERCOSUL adota uma política comercial comum em relação a países terceiros, estabelecendo uma
tarifa externa comum (TEC) para produtos importados de fora do bloco.

Ademais, o MERCOSUL busca promover a integração econômica entre os países membros, coorde-
nando políticas macroeconômicas, harmonizando regulamentações e incentivando investimentos e
cooperação em áreas como indústria, agricultura, energia e infraestrutura.

Além dos aspectos econômicos, o MERCOSUL promove a cooperação política, social e cultural entre
os países membros, buscando fortalecer os laços de amizade e solidariedade na região sul-ame-
ricana. O MERCOSUL tem buscado ampliar sua inserção internacional, estabelecendo acordos e par-
cerias com outros blocos e países ao redor do mundo. Além disso, mantém um diálogo político e
econômico com outros blocos regionais, como a União Europeia e a Aliança do Pacífico.

Apesar dos avanços alcançados, o MERCOSUL enfrenta desafios como assimetrias econômicas entre
os países membros, dificuldades na implementação de políticas comuns e questões políticas internas
que afetam sua eficácia e coesão. No entanto, o bloco continua a desempenhar um papel importante
na integração regional e na promoção do desenvolvimento econômico e social na América do Sul.

3.2) BRICS

O BRICS é um agrupamento de cinco países de economias emergentes que se uniram para promover
a cooperação econômica e política. O nome BRICS é um acrônimo formado pelas iniciais dos pa-
íses membros: Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul. Este grupo foi formalmente estabelecido
em 2006, quando os líderes dessas nações se reu-
niram na Cúpula de Brasília.

O principal objetivo do BRICS é promover a coo-


peração econômica entre seus membros, bus-
cando oportunidades de comércio, investi-
mento e desenvolvimento conjunto. Os países
do BRICS representam uma parte significativa da
economia global e têm um grande potencial de crescimento e influência.

Uma das iniciativas mais importantes do BRICS foi a criação do Novo Banco de Desenvolvimento
(NBD), também conhecido como Banco dos BRICS, em 2014. Este banco tem como objetivo financiar
projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros e em outras eco-
nomias emergentes.

O BRICS realiza reuniões anuais de cúpula, bem como encontros ministeriais e fóruns temáticos em
áreas como economia, comércio, ciência e tecnologia, cultura e educação. Esses eventos fornecem
oportunidades para a troca de ideias, o estabelecimento de parcerias e a elaboração de estratégias
conjuntas.

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3.3) UNASUL – União de Nações Sul-Americanas

A União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) foi uma organização internacional criada em 2008
com o objetivo de promover a integração regional e a coo-
peração entre os países sul-americanos. Seu estabeleci-
mento foi formalizado pelo Tratado Constitutivo da UNA-
SUL, assinado em Brasília, Brasil.

A UNASUL visava promover a integração política, econô-


mica, social e cultural entre os países sul-americanos, bus-
cando fortalecer os laços de amizade e cooperação na região.
A organização buscava facilitar o diálogo político entre os pa-
íses membros, promovendo a resolução pacífica de conflitos e a cooperação em questões de inte-
resse comum, como segurança, defesa e governança regional.

A UNASUL desenvolveu projetos e iniciativas conjuntas em diversas áreas, incluindo infraestrutura,


energia, saúde, educação, cultura e meio ambiente, com o objetivo de promover o desenvolvimento
sustentável e o bem-estar dos povos sul-americanos. A UNASUL contava com diversos órgãos e
instâncias de cooperação, incluindo a Secretaria-Geral, o Conselho de Chefes de Estado e de Go-
verno, o Conselho de Ministros das Relações Exteriores e outros comitês temáticos e grupos de
trabalho.

Apesar de seus objetivos ambiciosos, a UNASUL enfrentou desafios como divergências políticas
entre seus membros, dificuldades na implementação de acordos e projetos conjuntos e mudanças
de liderança em alguns países que afetaram a coesão do bloco. Em 2018, a UNASUL entrou em um
período de crise institucional e, desde então, suas atividades foram suspensas, com alguns países
membros optando por se retirar da organização.

Momento da Questão

Questão inédita – Desde o início do século XX, o Brasil tem buscado uma inserção ativa no
sistema internacional, participando de diversas organizações multilaterais e estabelecendo re-
lações diplomáticas com outros países. Essa inserção visa promover os interesses nacionais e
contribuir para a paz e estabilidade regional e global. Nesse sentido, é importante compreen-
der os objetivos principais que orientam a política externa brasileira e sua atuação no cenário
internacional. Considerando a inserção do Brasil no sistema internacional, qual foi o principal
objetivo dessa abordagem?

a) Expandir sua influência militar globalmente.

b) Aumentar a cooperação econômica com os países vizinhos.

c) Promover a segurança energética através de acordos bilaterais.

d) Defender os interesses nacionais e promover a paz e estabilidade regional e global.

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e) Isolar-se do contexto internacional para proteger sua soberania.

Gabarito: Letra D.

Comentário: Diante dos desafios e oportunidades presentes no contexto internacional, o Brasil


busca uma atuação que prioriza a defesa de seus interesses nacionais, assim como a promoção da
paz e estabilidade regional e global. Essa postura reflete uma política externa baseada no diálogo,
cooperação e respeito mútuo entre as nações, visando contribuir para um mundo mais seguro e
próspero.

Parabéns por ter concluído o estudo da matéria!

Bora para cima!

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