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Acorrentado pelo silêncio, como um escritor no nascer do sol, olhando pra o mar estendido nos olhares,

como um pescador acordando.

Nesse momento você percebe que todos nós somos solitários procurando um vazio que pode nos
preencher, nossos corações são dilúvios encantados pelo vazio que sempre levamos dentro de nós:
procuramos um vazio que pode preencher outro vazio.

Espero que essa carta chegue nas boas mãos, tentei me libertar e me livrar desse apogeu de
pensamentos e sentimentos profundos e fundos. Chega um momento que o tempo congela e os
sentimentos também, a sensibilidade e a sensação já não existem mais nesse momento, é profundo
pensar assim, que tudo que parece perfeito um dia às vezes acaba depressa. Parece que o mundo seja
um lugar que o Bauman projetou, um mundo líquido onde tudo flui e nada é pra durar pra eternidade.

Às vezes é necessário se libertar pra correr riscos, quem sabe a liberdade possa me ensinar, me ensinar
a correr riscos, a perder e a aprender comigo mesmo.

Nesses últimos dias a minha mente abriu-se como os paraquedas, dei um pulo pra o abismo dos meus
sentimentos e emoções e senti essa queda, fui tão longe quanto pareça, me perdi e me achei. Às vezes é
necessário seguir caminhos desconhecidos pra poder se achar consigo mesmo.

Quem me dera não precise usar palavras pra exprimir essa dor que sinto dentro desse peito rasgado.
Tanta angústia num só cenário, a alegria é um desespero, é um inferno da Divina Comédia de Alighieri. E
mesmo assim eu não deixo de sorrir das minhas lindas angústias como flores de um jardim desértico.
Elas se vão, elas voltam, é um vice e versa.

A última carta dizia: "Somos presas, e a única coisa que pode nos libertar dos nossos predadores é o
conhecimento." Bacon dizia: "O conhecimento é poder." Mas é só poder se for colocado em prática,
colocado em potencialidade.

Estava aqui a rever aquelas fotos, ontem reli uma das cartas que escrevi pra ti. Senti um aperto no
fundo, eram efeitos colaterais da saudade. Momentos nostálgicos cercaram minha mente e coração,
fiquei refém dos meus próprios sentimentos, lembrei que existia um lugar, lugar esse que aconteceu o
primeiro contacto entre nossos belos oceanos, pacífico foi sentir aquele momento não acabar nunca,
horizonte Índico, pernas cruzadas, olhando ao mar fazendo seus marés, olhando aos lares fracassados
pelos olhares, querer amar nunca mais, sorrir sempre nunca, atravessamos desertos, buscando oásis da
felicidade alheia, cruzamos e encurtamos caminhos, buscando uma aldeia, o caminho é sempre um
desafios, sentimentos derretem, a chama inflama e chama o AMOR doido que reside nos corações
valentes, viver ou não ser, existe um caminho, o caminho do saber, saber esse que é um novo horizonte,
que nos mostra que os anjos podem ter asas, mas também caem, assim é esse sentimento amoroso com
seus sinônimos e antônimos, dias ruins e dias bons, feliz e infeliz, sorriso e choro, chuva e Sol, alegria e
tristeza, riqueza e pobreza. O prazer da vida é sempre aprender, é sempre buscar e nunca desistir das
coisas que queremos ter ou alcançar. Perdemos e ganhamos, morremos e nascemos, é tudo uma
dualidade.

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