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Coleção Diplomata - História Geral - Daniel de Araujo
Coleção Diplomata - História Geral - Daniel de Araujo
Araujo, Daniel de
História geral Daniel de Araujo. - São Paulo: Saraiva, 2016. - (Coleção diplomata
coordenador Fabiano Távora) 1. História 2. História - Concursos I. Távora,
Fabiano. II. Título. III. Série.
14-13036 CDD-900.76
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é crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES POR ANO
INTRODUÇÃO
1. A Crise do Antigo Regime
1.1. ESTADO MODERNO EUROPEU OU ANTIGO REGIME
1.1.1. A formação
1.1.2. Absolutismo
1.1.3. Economia
1.1.4. Expansão marítima
1.2. CULTURA
1.2.1. O Iluminismo
2. A Revolução Francesa (1789-1799)
2.1. ANTECEDENTES
2.2. PROTAGONISTAS
2.3. AS FASES
2.3.1. Fase moderada (ou das assembleias): 1789-1792
2.3.2. Fase radical (ou convenção nacional): 1792-1795
2.3.3. Fase conservadora (ou diretório nacional): 1795-1799
3. A Era Napoleônica (1799-1815)
3.1. CONSULADO (1799-1804)
3.2. IMPÉRIO (1804-1815)
3.3. GOVERNO DOS CEM DIAS (março-junho de 1815)
4. A Restauração Europeia
5. As Revoluções Liberais
1820
1830
1848
6. Unificações Tardias
6.1. Itália (Risorgimento)
6.2. Alemanha
6.2.1. Introdução
6.2.2. Origens
6.2.3. Bismarck
6.2.4. Etapas do processo
6.2.5. Consolidação
7. As Revoluções Industriais
7.1. PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
7.1.1. Definição
7.1.2. Pioneirismo britânico
7.1.3. Consequências gerais
7.2. SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
7.2.1. Definição
7.2.2. Características
7.2.3. Consequências gerais
8. Imperialismo ou Neocolonialismo
8.1. Interpretações
8.1.1. Questão econômica
8.1.2. Questão político-social
8.2. Base Ideológica
8.3. Como foi possível?
8.4. Conferência de Berlim (1884-1885)
8.5. O Caso Português
8.6. África do Sul
8.7. Índia
8.8. China
8.9. Japão
8.10. Estados Unidos e América Latina
8.11. Conclusão
9. Os Estados Unidos - Colonização e Independência
9.1. América Inglesa
9.2. O processo de independência
9.3. Instabilidade política inicial
9.4. Marcha para o Oeste
9.5. Guerra de Secessão (1861-1865)
10. A América Espanhola
10.1. Introdução
10.2. Processo de Libertação
10.3. Era dos Cabildos Abiertos
10.4. Movimentos de Libertação
10.5. América Latina no Século XIX
11. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
11.1. Antecedentes
11.2. A Guerra
11.3. Construindo a Paz
11.4. Consequências Gerais
12. A Ascensão do Comunismo
12.1. Império Russo
12.2. Revolução de 1905
12.3. As Revoluções de 1917
12.4. Rússia Comunista - Os primeiros anos
12.5. Stalinismo Soviético até a Segunda Guerra Mundial
13. Os Estados Unidos no Período Entre-Guerras
13.1. Introdução
13.2. Anos 1920 - A Era da Ilusão
13.3. A Crise de 1929
13.4. Grande Depressão
13.5. Anos 1930 - A Recuperação
14. Os Fascismos
14.1. Introdução
14.2. Reino da Itália
14.3. Alemanha
14.4. Características Gerais
15. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
15.1. Antecedentes
15.2. 1939
15.3. FASES DO CONFLITO
15.3.1. Avanço do Eixo (1939-1941)
15.3.2. Equilíbrio de forças (1941-1942)
15.3.3. Vitória dos Aliados (1943-1945)
16. A Guerra Fria (1947-1991)
16.1. Origens
16.2. O início
16.3. Os Blocos de Poder
16.4. Periodização
16.4.1. Guerra Fria Clássica (1947-1955)
16.4.2. Coexistência pacífica (1955-1968)
16.4.3. Détente (1968-1979)
16.4.4. Segunda Guerra Fria (1979-1985)
16.4.5. O Desmonte (1985-1991)
17. As Lutas de Libertação Afro-Asiáticas
17.1. Fatores
17.2. ESTUDO DE CASOS
17.2.1. Índia
17.2.2. África do Sul
17.2.3. África Portuguesa
17.3. O processo de libertação
18. A América Latina no Século XX
18.1. CUBA
18.2. CHILE
18.3. NICARÁGUA
18.4. MÉXICO
18.4.1. Processo insurrecional (1911-1917)
18.4.2. Governo Cárdenas (1934-1940)
18.5. Argentina
18.5.1. Primeiras décadas do século XX
18.5.2. Ascensão de Perón
18.5.3. Perón no comando do país
18.5.4. Processo de reorganização nacional (1976-1983)
Referências Bibliográficas
1. A CRISE DO ANTIGO REGIME
2. A REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
3. A ERA NAPOLEÔNICA (1799-1815)
4. A RESTAURAÇÃO EUROPEIA
5. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS
6. UNIFICAÇÕES TARDIAS
7. AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
8. IMPERIALISMO OU NEOCOLONIALISMO
9. OS ESTADOS UNIDOS - COLONIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA
10. A AMÉRICA ESPANHOLA
11. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
12. A ASCENSÃO DO COMUNISMO
13. os ESTADOS UNIDOS NO PERÍODO ENTRE-GUERRAS
14. OS FASCISMOS
15. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
16. A GUERRA FRIA (1947-1991)
17. AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO AFRO-ASIÁTICAS
18. A AMÉRICA LATINA NO SÉCULO XX
Questões do IRBr
1. A CRISE DO ANTIGO REGIME
2. A REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
3. A ERA NAPOLEÔNICA (1799-1815)
4. A RESTAURAÇÃO EUROPEIA
5. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS
6. UNIFICAÇÕES TARDIAS
7. AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
8. IMPERIALISMO OU NEOCOLONIALISMO
9. OS ESTADOS UNIDOS - COLONIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA
10. A AMÉRICA ESPANHOLA
11. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
12. A ASCENSÃO DO COMUNISMO
13. OS ESTADOS UNIDOS NO PERÍODO ENTRE-GUERrAS
14. OS FASCISMOS
15. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
16. A GUERRA FRIA (1947-1991)
17. AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO AFRO-ASIÁTICAS
18. A AMÉRICA LATINA NO SÉCULO XX
AUTOR
Daniel de Araujo Graduado na Universidade Federal Fluminense, especializou-se
nas áreas de História da África e do Negro no Brasil e Relações Internacionais. Com
mestrado em História Política e Bens Sociais, realizado no CPDOC da Fundação
Getulio Vargas, realizou sua dissertação de mestrado sobre a relação entre o futebol
e a Ditadura Civil-Militar (1964-1985). É professor desde 2000, dedicando-se à
preparação para o CACD nos últimos anos.
A minha esposa, Roberta Lemos de Souza, muito mais que uma companheira ao
longo de infinitos fins de semana perdidos em meio à elaboração, revisão e ao
fechamento desta obra. E não poderia deixar de registrar: desde o dia 29 de março
de 2015, João Vicente de Souza Santos trouxe ainda mais alegria às nossas vidas.
Aos amigos constituídos ao longo dessas três décadas de vida, como meus
padrinhos de casamento, Rodrigo Bueno, Simone Vieira, Alexandre Simas, Gisella
Moura (autora do sensacional O Rio corre para o Maracanã), Lívia Gonçalves
(autora de A taça nas mãos) e Leonardo Gil. Ao professor João Daniel de Almeida,
autor do Manual de história do Brasil da FUNAG, que abriu as portas da preparação
à diplomacia para mim.
A Igor Vieira, Pedro César, Marcelo Caldas, Vicente Delorme e Eduardo Valladares,
pelo companheirismo de sempre.
Aos amigos de infância, Marcio Cardoso Dyonisio, Gustavo Lima e Vivian Gama.
Hoje, percebo que o primeiro passo para a carreira diplomática havia sido dado em
um momento anterior, quando comecei meus estudos de preparação para o
concurso. A preparação para a carreira diplomática exige o desenvolvimento da
capacidade de analisar politicamente a combinação de diferentes fatores da
sociedade. Essa capacidade pode ser adquirida pela leitura atenta de diferentes
pensadores e exposição a diferentes manifestações artísticas, o que requer uma
caminhada de constantes descobertas.
É interessante notar que essa caminhada para dentro é o início de uma carreira feita
para fora, em contato com o mundo. Os diplomatas são os emissários que também
contam para o mundo o que é o Brasil e o que é ser brasileiro. A aprovação no
concurso do Instituto Rio Branco não é, portanto, o primeiro passo da carreira. É o
momento em que a caminhada para dentro do Brasil se completou e passa a ser uma
viagem para fora, para relatar ao mundo o que nós somos e o que pensamos.
Devo confessar que a minha caminhada foi bem difícil. Quando comecei a me
preparar para o concurso, poucas cidades brasileiras tinham estruturas que guiassem
os estudos dos candidatos para o concurso. Apesar de ter certeza de que nunca
nenhuma leitura é inútil, estou certo de que a imensidão de pensadores e artistas que
conformam o pensamento brasileiro é difícil de ser abordada no momento de
preparação para o concurso. Lembro-me de que sempre busquei obras que me
guiassem os estudos, mas não tive a sorte de naquele momento haver publicações
neste sentido.
Foi com muita alegria que recebi o convite para escrever sobre minha experiência
pessoal como jovem diplomata brasileiro em uma coleção que ajudará na caminhada
preparatória dos futuros diplomatas. Esta coleção ajudará meus futuros colegas a
seguir por caminhos mais rápidos e seguros para encontrar o sentido da brasilidade e
a essência do Brasil. Congratulo-me com a Editora Saraiva, com os autores e com o
organizador da coleção, Fabiano Távora, pela brilhante iniciativa e pelo excelente
trabalho.
Aos meus futuros colegas diplomatas, desejo boa sorte nessa caminhada. Espero que
se aventurem a descobrir cada sabor deste vasto banquete que é a brasilidade e que
se permitam vivenciar cada nota da sinfonia que é o Brasil. Espero também que
possamos um dia sentar para tomar um café e conversar sobre o que vimos e, juntos,
contar aos nossos amigos de outros países o que é o Brasil.
Romero Maia
APRESENTAÇÃO**
Indubitavelmente, o concurso para o Instituto Rio Branco, uma das escolas de
formação de Diplomatas mais respeitadas do mundo, é o mais tradicional e difícil do
Brasil. Todos os anos, milhares de candidatos, muito bem preparados, disputam as
poucas vagas que são disponibilizadas. Passar nessa seleção não é só uma questão
de quem estuda mais, envolve muitos outros fatores.
Os livros foram escritos com base nos editais e nas questões dos últimos 13 anos.
Uma análise quantitativa e qualitativa do que foi abordado em prova foi realizada
detalhadamente. Cada autor tinha a missão de construir uma obra que o aluno
pudesse ler, estudar e ter como alicerce de sua preparação. Sabemos, e somos claros,
que nenhum livro consegue abordar todo o conteúdo programático do IRBr, mas,
nesta coleção, o candidato encontrará a melhor base disponível e pública para os
seus estudos.
Portanto, apresentamos aos candidatos do IRBr, além de uma coleção que apresenta
um conteúdo teórico muito rico, bastante pesquisado, uma verdadeira e forte
estratégia para enfrentar o concurso mais difícil do Brasil. Seguindo esses passos,
acreditamos, seguramente, que você poderá ser um DIPLOMATA.
Fabiano Távora
EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES POR
ANO***
INTRODUÇÃO
Objetivando auxiliar os futuros diplomatas a realizar a prova de História Geral, que
vem ganhando mais espaço nos últimos anos no Teste de Pré-Seleção do Concurso
de Admissão à Carreira Diplomática, esta obra é resultado da experiência de anos
trabalhando na preparação de alunos para este concurso e também da leitura de
livros outrora recomendados pela banca para a preparação.
O longo século XIX é abordado aqui com ênfase aos acontecimentos da história
europeia. Existem capítulos dedicados aos Estados Unidos (Capítulo VIII) e
América Latina (Capítulo IX), mas mesmo quando o alvo preferencial são os
continentes africanos e asiáticos, a visão europeísta baliza as abordagens aqui
apresentadas.
Sem dúvida alguma é o “Breve Século XX”, nas palavras de Eric Hobsbawn, que
tem maior espaço tanto nas provas do TPS como nesta obra. O Capítulo Guerra Fria
(1947-1991) tem uma atenção especial, afinal, muitos são os eventos internacionais
diretamente ligados a este tema. O livro História das Relações Internacionais
Contemporâneas, organizado por José Flávio Sombra Saraiva, foi importante para a
divisão cronológica do período, com pequenas alterações por questões didáticas.
Por fim, a América Latina no século XX e a sua tentativa de romper as amarras com
o passado dependente e agroexportador são abordados. Opções pela modernização
conservadora, como nos casos da Argentina e no México, ou aqueles em que a
opção socialista é apresentada (Chile, Cuba e Nicarágua) são contemplados. A
escolha por não abordar o Oriente Médio como um capítulo a parte se explica pela
pouca presença deste nos últimos anos do concurso.
1.1.1. A formação
Com o enfraquecimento dos senhores feudais, era preciso encontrar alguma nova
fórmula para controlar as massas insatisfeitas durante a Baixa Idade Média. A saída
foi o fortalecimento da figura do rei, até então apenas mais um senhor feudal.
O rei recebe o poder político daqueles senhores feudais enfraquecidos que, em troca
da submissão aos interesses do monarca, buscam proteção de seus interesses,
destacando-se a isenção no pagamento dos impostos, o monopólio sobre a terra e
ainda o controle das forças armadas. Classe em ascensão naqueles tempos, a
burguesia tinha interesse na formação do Estado Moderno, pois a unificação de
moedas ou mesmo de tarifas alfandegárias poderia facilitar as suas transações
comerciais. Em troca, seus capitais deram suporte na construção do aparelho
burocrático por parte do rei.
Guerras também fizeram parte das origens do Antigo Regime. A Guerra dos Cem
Anos (1337-1453), citada no capítulo anterior, foi de fundamental importância para
a formação da França (o rei centralizador conduziu seus homens na vitória) e
também da Inglaterra. No caso da ilha, dos escombros da guerra surge a necessidade
de centralizar o poder. Duas casas nobiliárquicas disputavam o trono: os York (Rosa
Branca) e os Lancaster (Rosa Vermelha), resultando na Guerra das Duas Rosas
(1455-1485). Este conflito, longo e intermitente, enfraquece as duas casas, e seu
ponto final ocorre quando o senhor de Richmond, Henrique Tudor, assume o poder
apoiado pelos Lancaster ao vencer a batalha de Bosworth Field. Ao casar-se com
Elizabeth de York, Henrique VII une as duas casas rivais.
1.1.2. Absolutismo
É de notar-se, aqui, que, ao apoderar-se de um Estado, o conquistador deve
determinar as injúrias que precisa levar a efeito, e executá-las todas de uma só vez,
para não ter que renová-las dia a dia. Deste modo, poderá incutir confiança nos
homens e conquistar-lhes o apoio, beneficiando-os. Quem age por outra forma, ou
por timidez ou por força de maus conselhos, tem sempre necessidade de estar com a
faca na mão e não poderá nunca confiar em seus súditos, porque estes, por sua vez,
não se podem fiar nele, mercê das suas recentes e contínuas injúrias. As injúrias
devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, tomando-se-lhes menos o gosto,
ofendam menos. E os benefícios devem ser realizados pouco a pouco, para que
sejam melhor saboreados4.
Uma complexa forma de centralização de poderes nas mãos do rei. Assim podemos
definir o Absolutismo, resultado da evolução política das monarquias nacionais que
surgiram no continente europeu ainda na Baixa Idade Média. A composição do
aparelho burocrático-administrativo é de fundamental importância para reforçar o
poder do Estado, que utiliza-se de seu exército, ministros ou poder real para
submeter aos seus interesses uma decadente nobreza e uma burguesia ainda frágil.
As marcas da Guerra das Duas Rosas (1455-1485) estiveram presentes durante toda
a Idade Moderna na Inglaterra. A principal característica do absolutismo inglês foi o
respeito à Magna Charta Libertatum, assinada ainda no século XIII. Considerado o
primeiro estatuto inglês e base para a constituição britânica, esta coibia as
arbitrariedades do rei e abriu caminho para o fortalecimento gradual do Parlamento,
consultado em casos como o do aumento de impostos e guerras.
“Os fins justificam os meios” e “força é justa quando necessária” são apenas alguns
dos fragmentos retirados da obra clássica dedicada a Lorenço de Médici para
justificar a interpretação mais aceita entre a historiografia: O príncipe trata de
conselhos para o soberano florentino criar um Estado forte que se sobrepusesse a
todos os obstáculos da Itália renascentista.
1.1.3. Economia
Manufaturas bem protegidas, [...] uma marinha poderosa, uma agricultura próspera
e lucrativa, instituições parlamentares e políticas favorecendo a consulta e o
confronto dos interesses, a Inglaterra estava pronta para a grande aventura
industrial. As duas revoluções políticas que ela atravessara no século XVII tinham
liquidado as confrarias, as guildas, os privilégios, muitos vestígios, obstáculos e
preconceitos herdados do passado, e contribuíram para fazer do mercantilismo um
meio muito eficaz de poder e de progresso nacional.6
Se concordamos que a Idade Moderna pode ser interpretada como uma transição do
sistema feudal de produção para o capitalista, é necessário interpretar o chamado
capitalismo comercial. O comércio ganhava importância crescente na Europa desde
os tempos do Renascimento Comercial e Urbano, mas com a formação do Estado
Moderno Europeu torna-se política de Estado. Karl Marx assim explicou o processo
em sua obra O capital:
• Exclusivo (ou também pacto) Colonial: quando a economia de uma colônia está
submetida aos interesses da metrópole.
Ademais, embora difundido pela Europa, o pensamento humanista não poderia ser
considerado um movimento de massas, restrito que estava a uma pequena parcela da
intelectualidade europeia.
1.2.1. O Iluminismo
Movimento racionalista do século XVIII, o Iluminismo não é considerado uma
escola no sentido estrito, mas uma tradição intelectual de valorização do
racionalismo que teve impacto determinante na filosofia, na literatura, nas ciências
sociais, na história, na música, na geografia, transformando-as. Apesar de ter sido
mais famoso na França, o pensamento ilustrado - como o iluminismo também é
conhecido - teve expoentes relevantes em praticamente todos os países europeus e
também na América. O que une todas essas correntes é a valorização da razão como
método para alcançar a verdade, renegando a tradição e a verdade revelada. É
herdeiro do racionalismo estético do Renascimento e do racionalismo naturalista da
Revolução Científica do século XVII, mas se diferencia desses movimentos
ancestrais pela crítica à sociedade, não tendo se restringido à natureza ou às artes,
ainda que sobre elas tenha tido grande impacto.
Surpreende descobrir que a origem social da maior parte dos pensadores iluministas
era a aristocracia. Funcionários da coroa ou membros da burguesia abastada também
produziram obras iluministas. Em todos os casos sugeriam transformações
estruturais na sociedade que atingiriam diretamente seus privilégios de classe.
Tratava-se de uma minoria ilustrada, frequentemente perseguida pelos regimes
absolutistas, mas que por sua vanguarda conseguiu se impor e popularizar suas
ideias ao longo do século XVIII. Figuras como Voltaire e Diderot se tornaram muito
famosas em vida e verdadeiros fenômenos editoriais a ponto de poderem viver dos
livros que publicavam. A Enciclopédia, monumental e ambicioso projeto de
compilação de todo o conhecimento humano avaliado racionalmente, sustentou
Diderot e D’Alembert por meio de assinaturas dos leitores que pagavam
mensalidades adiantadas para financiar a obra que ia sendo entregue
progressivamente ao longo dos anos - sua prisão interrompeu o projeto, mas os
leitores seguiram contribuindo.
Se indagarmos em que consiste precisamente o maior bem de todos, que deve ser o
fim de todo o sistema de legislação, achar-se-á que se reduz a estes dois objetivos
principais: liberdade e igualdade. A liberdade, porque toda a dependência particular
é outro tanto de força tirada ao corpo do Estado; a igualdade, porque a liberdade não
pode existir sem ela. Já disse o que é a liberdade civil; a respeito da igualdade [...]
que nenhum cidadão seja bastante opulento para poder comprar a outro, e nenhum
tão paupérrimo para necessitar vender-se, o que supõe. Por parte dos grandes,
moderação de bens e de crédito; dos pequenos, moderação de ânsia e cobiça. Mas os
fins gerais de toda instituição devem modificar-se em cada país pelas circunstâncias
que nascem, tanto da situação local, como a do caráter dos habitantes. E
considerando estas circunstâncias, deve dar-se a cada povo um sistema de
instituição, que seja o melhor, embora não por si, mas para o Estado a que se
destina10.
Por outro lado não foram capazes de eliminar o obstáculo reacionário encastelado na
aristocracia tradicional e no clero conservador. Ainda que enfraquecidos, só seriam
efetivamente derrotados politicamente, mesmo que não destruídos pelas sucessivas
revoluções que se seguiram à Francesa. A própria França não chegou a viver um
“despotismo esclarecido” para além de medidas reformistas pontuais. Muito pelo
contrário, assistiu às vésperas da revolução um movimento de reacionarismo
aristocrático de retomada dos cargos públicos que excluiu os setores burgueses do
Terceiro Estado do aparado burocrático monárquico, o que contribuiu em alguma
medida para acelerar o descontentamento pré-revolucionário. É também uma razão
possível para entendermos porque a França foi o dínamo difusor do pensamento
ilustrado na Europa. Tratava-se, como se sabe, justamente do centro do poder
absolutista que fora justificado e legitimado ideologicamente por bispos da igreja
francesa a serviço do Estado, como Jean Bodin e Jacques Bossuet.
Destaque especial para a renovação intelectual da Escócia, país periférico que foi
um importante celeiro de iluministas como Adam Smith, David Hume entre outros.
Diferenciava-se do pensamento continental por não aderir ao anticlericalismo e ter
um viés mais pragmático e problem-solving do que as elocubrações filosóficas
teóricas dos pensadores franceses. Assim como os pensadores anglo-saxões em
geral - os federalistas e Thomas Paine, por exemplo - buscaram desenvolver as
ideias de Montesquieu a partir de problemas práticos como os que surgem no
contexto da Independência das Treze Colônias. A partir de exemplos práticos
surgidos após a Revolução Americana e a Revolução Francesa o Iluminismo
ganharia ainda mais fôlego e se tornaria a matriz hegemônica do pensamento
ocidental alcançando todo o mundo. A racionalidade se torna o modelo básico para a
produção de conhecimento nas ciências humanas e a partir do iluminismo sairão as
diversas escolas de pensamento do século XIX, como o positivismo, o liberalismo, o
socialismo. Além disso, o modelo de revolução racional-iluminista será copiado por
todas as revoluções sucessivas dos séculos XIX e XX, sempre na orientação de
ampliar a liberdade ou a igualdade entre os homens, ao menos até a revolução
teocrática iraniana.
Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada.
Que deseja? Vir a ser alguma coisa...
Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem em si tudo o que é
necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que tem
um dos braços ainda acorrentado. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação
não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim, que é o Terceiro Estado?
Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria
infinitamente melhor sem os outros...
É a Corte que tem reinado e não o monarca. É a Corte que faz e desfaz, convoca,
demite os ministros, cria e distribui lugares etc. Também o povo acostumou-se a
separar nos seus murmúrios o monarca dos impulsionadores do poder. Ele sempre
encarou o rei como um homem tão enganado e de tal maneira indefeso em meio a
uma Corte ativa e todo-poderosa, que jamais pensou em culpá-lo de todo o mal que
se faz em seu nome12.
Soma-se a tal instabilidade política e social a grave crise econômica que assolava o
território francês nos mesmos oitocentos. Gastos com os luxos dos 1º e 2º Estados
não impactavam decisivamente no tesouro real, mas foram explorados de forma
hábil pela propaganda iluminista. A participação francesa na Guerra dos Sete Anos
(1756-1763), ainda sob o comando de Luís XV, elevou consideravelmente os gastos
do governo, contexto agravado pelo projeto do ministro Vergennes, que visava
recuperar o prestígio perdido após a derrota diante dos ingleses auxiliando os
colonos americanos na Guerra de Independência das Treze Colônias (1776-1781).
A vitória ao lado dos aliados americanos trouxe efeitos colaterais, uma vez que
expôs a contradição de uma França absolutista em um movimento liberal, além de
proporcionar uma posterior reaproximação com a rival Inglaterra, após a
promulgação do Tratado de Paris (1783). Tal relação fez-se sentir mais fortemente
quando da assinatura do tratado comercial Eden-Rayneval, que permitia a entrada
do vinho francês com baixas tarifas alfandegárias no outro lado do Canal da
Mancha, enquanto os tecidos britânicos obtiveram tarifas diferenciadas na França.
Por conseguinte, as manufaturas francesas acabaram não suportando a concorrência
e muitas decretaram falência, agravando ainda mais a situação econômica do país,
com o aumento do desemprego nas grandes cidades.
Diante desse quadro, o controlador geral das finanças do Estado, Charles Alexandre
de Calonne, acreditava que a única solução seria taxar o clero e a nobreza, pondo
fim aos privilégios que estes possuíam desde os tempos medievais. A reação de tais
classes foi imediata, com críticas contundentes à proposta e ensaios de revoltas, o
que Charles Fourrier chamou de “Revolta dos Notáveis” (1787). Tal mobilização
levou à queda do ministro, substituído por Jaques Necker, que retornava depois de
sete anos fora do cargo. Necker convoca a Assembleia dos Notáveis com um
objetivo: estabelecer as regras pelas quais seria convocada uma instituição que
desde 1614 não tinha papel na França: os Estados Gerais.
Uma das primeiras medidas elaboradas foi a abolição dos direitos feudais (agosto de
1789), que punha fim à isenção no pagamentos dos impostos para o 1º e o 2º
Estados, ao monopólio sobre a terra e à servidão. No mesmo sentido, foram
exterminados os privilégios dos clérigos mediante a Constituição Civil do Clero
(1790), que confiscava os bens dos membros do Primeiro Estado e os transformava
em funcionários públicos, submetidos às regras da Assembleia.
Garantidos o fim dos privilégios e a igualdade jurídica por meio da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, que ainda defendia a propriedade privada, o
direito à liberdade de se rebelar contra os abusos do governo, dentre outros, era
chegada a hora da conclusão da primeira Constituição da França, elaborada em
1791. Dentre seus principais pontos estão:
• voto censitário
• fim da isenção dos impostos;
• laicização do Estado;
• liberdade de crença.
Com tais medidas, torna-se evidente a consolidação de um Estado burguês (por isso
o período também é conhecido como Era das Instituições), no qual os privilégios
baseados no nascimento foram substituídos por restrições econômicas, não alterando
de fato as condições de vida da população pobre, que nem mesmo participação
política possuía segundo os critérios censitários estabelecidos pela carta
constitucional.
O ano de 1791 deixa bem claro que, para a alta burguesia, a revolução já tinha
acabado. Leis como a Le Chapelier, que proibia greves e coalizões populares ou
ações como a atuação da Guarda Nacional em relação a agitação popular no Campo
de Marte, em Paris, quando esta abriu fogo contra a multidão desarmada matando
50 pessoas, seguida de prisões e o fechamento de jornais e clubes populares,
demonstram este fato. Na Assembleia Nacional estes rumos se refletiram na divisão
política de seus membros, em especial, na separação entre girondinos e jacobinos.
Em abril de 1792, a França declara guerra à Áustria e à Prússia que, por sua vez,
criaram o Exército Contrarrevolucionário com o intuito de evitar a difusão dos
ideais iluministas pela Europa. Com apoio de nobres emigrados com o início da
Revolução (e principalmente com o Grande Medo), tal Coligação Internacional
marchou rapidamente em direção a Paris. Segundo Hobsbawm, as dificuldades
financeiras se agravavam (especulação financeira associada a uma inflação sem
precedentes) paralelamente ao descontentamento dos setores populares, que
defendiam o republicanismo.
Diante do perigo externo, a solução foi armar o povo, formando assim a Comuna
Insurrecional de Paris, que contava com alguns dos mais famosos representantes
jacobinos na sua liderança, como Robespierre e Marat. Lutando pela primeira vez
por sua nação e não por um rei, embalados pela Marselhesa e por suas bandeiras
tricolores (branco, que representava a realeza agora encontrava-se somado às cores
vermelha e azul de Paris), derrotaram os emigrados na batalha de Valmy.
Período conhecido também como a Era das Antecipações, este é o único momento
durante o processo revolucionário em que a alta burguesia está alijada do poder, de
acordo com Albert Souboul.13 Marcada pelas conquistas sociais, a Convenção
jacobina adota um novo calendário, o Republicano, abandonando aquele gregoriano
(radicalização do Estado laico), sendo o nome de seus doze meses de trinta dias
relacionados aos ciclos agrícolas e à natureza (Vindimário, Frimário, Nivoso,
Pluvioso, Ventoso etc.).
A principal obra do período foi a Constituição do Ano I (ou 1793), que buscava uma
sociedade mais democrática através de:
Mesmo com as medidas em prol de uma sociedade com menores diferenças sociais,
a divisão interna não foi erradicada na França. Para tentar deter aqueles que eram
considerados “inimigos da revolução” - que iam desde membros do clero refratário
àqueles que violavam a Lei do Máximo (que estabelecia preço máximo para preços
e salários) -, o Comitê de Salvação Nacional, responsável pela segurança interna,
juntamente com o Tribunal Revolucionário, executaram, entre agosto de 1793 e
julho de 1794, cerca de 40 mil pessoas na guilhotina, após julgamentos sumários,
nos quais os réus não tinham direito à apelação.
O governo revolucionário tem necessidade de uma atividade extraordinária,
precisamente porque está em guerra. Suas regras são uniformes e rigorosas, porque
as circunstâncias são tumultuadas e inconstantes [...]. O governo revolucionário não
tem nada em comum com a anarquia nem com a desordem. Sua meta, ao contrário,
é de reprimi-las para implantar e consolidar o reinado das leis14.
Apesar de contar com o apoio de facções que desejavam uma maior igualdade social
como os sans-culottes e os enregês, os jacobinos não poderiam abandonar o
principal fator que levava à desigualdade: a propriedade privada. A luta de facções
intensificava-se cada vez mais entre os jacobinos. Os partidários de Hébert
defendiam a intensificação do terror, enquanto os dantonistas se colocaram a favor
da suspensão do regime de exceção e os aliados de Robespierre eram contrários às
duas facções anteriores.
Na minha carreira se encontrarão vários erros, sem dúvida; mas [...] eu soterrei o
abismo anárquico e pus ordem no caos. Eu limpei a Revolução, enobreci os povos e
fortaleci os reis. [...] Minha ambição foi a de consagrar o império da razão. [...]
Milhares de séculos decorrerão antes que as circunstâncias acumuladas sobre a
minha cabeça encontrem outro na multidão para reproduzir o espetáculo18.
3.1. CONSULADO (1799-1804)
Após a queda do Diretório (1795-1799), Napoleão instalou um novo governo
baseado em uma Constituição, a quarta, em menos de dez anos: a Constituição do
ano VIII, aprovada por referendo popular e que entra em vigor a partir de 1800.
Nesta, o poder encontrava-se centralizado no Executivo, comandado por três
cônsules, que, dentre suas funções, tinham o poder de escolher os senadores que,
por sua vez, determinavam os membros do Tribunato (Poder Judiciário) e aqueles
do Corpo Legislativo. Tal carta ambém mantinha o voto censitário, excluindo a
maior parte da população francesa da política. Com a posterior Constituição do ano
X (1802), o primeiro cônsul (no caso, Napoleão Bonaparte) passou a ter poderes que
se sobrepunham aos demais e tornava-os conselheiros por um período de dez anos, o
que foi alterado com a Constituição do ano XII (1804), que garantiu vitaliciedade
para Napoleão Bonaparte.
Obras públicas, como a contrução de estradas e portos, tal qual a reforma que
modificou a própria cidade de Paris, geravam emprego e aumentavam ainda mais a
idolatria com relação a Bonaparte.
Aproveitando este contexto muito favorável aos seus interesses, Napoleão incentiva
a votação, por parte dos deputados, que põe fim à República e estabelece um
Império. Como este deveria ter base nos princípios das luzes, em plebiscito o povo
referenda a vontade napoleônica.
3.2. IMPÉRIO (1804-1815)
Mesmo sendo um imperador, Napoleão não possuía poderes ilimitados, na teoria,
afinal, a existência de uma Constituição e da Câmara dos Deputados mantinham o
liberalismo presente no país. No entanto, ainda se trata de um Império, que possuía
uma nobreza hereditária sem privilégios e uma nova corte, sendo adotados
emblemas que remetiam ao Antigo Regime.
O catolicismo foi uma importante ferramenta utilizada por Napoleão para formatar o
novo cidadão francês, que segundo os manuais do catecismo imperial “honrar e
servir nosso Imperador é, pois, honrar e servir a Deus”.
No campo militar, a retomada dos conflitos foi o grande tema neste período. As
hostilidades entre ingleses e franceses tinha cunho econômico, uma vez que ambas
temiam a concorrência no comércio internacional. As monarquias absolutistas,
interessadas na extinção do modelo liberal-revolucionário francês, se associaram aos
insulares. Já em 1805, a Terceira Coligação (Inglaterra, Rússia e Áustria) entra em
confronto com o Grande Armée francês, que, auxiliado pela Espanha, tenta invadir a
Inglaterra na famosa batalha de Trafalgar.
Pouco tempo depois, os laços com a Espanha foram rompidos, o que levou à
retirada dos Bourbons do poder e a imposição de José Bonaparte como rei. Os
boiardos, a aristocracia russa que necessitava exportar seu trigo para a Inglaterra,
forçaram o czar Alexandre I a romper o Tratado de Tilsit. Com cerca de 600 mil
homens é iniciada a campanha da Rússia, que não trouxe bons resultados para os
franceses que, enfrentando a tática de terra arrasada e um intenso frio (o famoso
“General inverno”), retornam para seu país com menos de cem mil soldados
“derrotados não tanto pelo inverno russo quanto por seu fracasso em manter o
Grande Exército com suprimento adequado”.
“Com homens iguais a vós, a nossa causa não estaria perdida. Mas a guerra teria
sido nossos interesses aos interesses da pátria [...].” (Napoleão. Despedida em
Fontainebleau, em 20 de abril de 1814).
O exílio agora ocorre na ilha de Santa Helena, situada no Atlântico Sul e distante a
léguas do continente europeu. Em 1821, sob circunstâncias suspeitas e controversas,
morre Napoleão Bonaparte, cujo corpo retorna para a França apenas em 1840,
repousando até hoje no mausoléu construído no Hotel dos Inválidos.
4. A Restauração Europeia
Reunindo-se entre setembro de 1814 e julho de 1815 o Congresso de Viena tornou-
se o principal marco diplomático para o estabelecimento da Restauração, nome pelo
qual ficou conhecido o Período posterior às Guerras Napoleônicas. A Restauração
tem uma vertente política explicitamente reacionária, de retorno aos princípios
legitimistas e absolutistas do Antigo Regime, mas igualmente uma vertente
internacional capaz de viabilizar a reconstrução no mapa Europeu. Tal reconstrução
nos moldes anteriores à Revolução Francesa era notoriamente percebida como
inviável, por várias razões. Dentre elas percebemos os interesses das potências
vitoriosas em ampliar seu território e esfera de influência - notoriamente os
Prussianos e Russos; a necessidade de acolher em alguma medida as imensas
transformações político-territoriais implementadas por Napoleão Bonaparte - como
a extinção do Sacro Império Romano Germânico - impossíveis de serem
simplesmente revogadas; e a necessidade de dar destino a Estados que apoiaram
direta ou indiretamente Napoleão, como a Saxônia e os poloneses, em que a
aplicação do princípio legitimista puro seria contraditória do ponto de vista da
conjuntura política da derrota napoleônica.
A historiografia resume cada uma dessas dificuldades no que ficou conhecido como
princípio do Equilíbrio. Buscou-se não simplesmente a restauração pura e simples
do status quo ante mas em termos territoriais o estabelecimento de um novo mapa
europeu que viabilizasse alguma forma de equilíbrio de poder que evitasse a eclosão
de novas guerras.
De um modo geral, até por ter tido sua obra subsumida na eclosão de sucessivas
rebeliões liberais das décadas seguintes, a avaliação posterior da obra do congresso
é negativa. Se tornou um símbolo do reacionarismo conservador na historiografia
burguesa e marxista dos século XIX e XX. O advento do Estudo das Relações
Internacionais lançou - sobretudo a escola realista - um novo olhar sobre o evento de
1814-15, notoriamente graças ao trabalho de Henry Kissinger, que em 1854
publicou O Mundo Restaurado, analisando o Congresso e o sistema que lhe sucedeu
sob as lentes do realismo clássico e das vantagens do sistema de equilíbrio de poder,
um dos conceitos mais caros ao realismo. Para Kissinger, mais que a vitória de
Tayllerand, o grande nome do Congresso foi o Príncipe de Metternich, sendo Viena
a pedra de sustentação de sua obra diplomática conservadora que duraria mais três
décadas.
Afora os quatro grandes que tentaram excluir a França, representada por Tayllerand,
havia também as “potências menores”. A República de Gênova, Suécia, Portugal e
Espanha eram as principais. Tayllerand manobrou habilmente para institucionalizar
uma coalizão com este grupo e questionar os métodos e procedimentos impostos
pelos quatro grandes. O fez de modo bem-sucedido e acabou sendo, após algum
tempo, incluído nas negociações das potências, o que evitou o isolamento francês
em Viena e na ordem que se seguiria.
O Congresso seguiu negociando ao longo do governo dos 100 dias (que na verdade
duraram 111 dias) e, possivelmente por conta da fuga de Napoleão e da percepção
sobre a necessidade de um governo francês legítimo confiável e fortalecido, foi
possível chegar a um acordo nas principais controvérsias. O Reino da Saxônia foi
mantido, mas perdeu 40% do seu território para os Prussianos, que também
incorporam a parte oriental da Polônia. O Ducado de Varsóvia, maior parte da
Polônia, é incorporado pela Rússia que também incorpora ao seu território a
Finlândia que tinha sido território sueco até 1809.
A eclosão das revoluções liberais nos anos de 1820 e 1830 na Itália, Polônia,
Espanha, América, Holanda, Grécia e mesmo na França era explícita dos limites da
Restauração na Era das Revoluções. Com o advento da primavera dos povos em
1848, a queda de Metternich e a Guerra da Crimeia na década seguinte, concluía-se
a experiência reacionária e tinha fim o “Sistema de Metternich”.
5. As Revoluções Liberais
Após o Congresso de Viena e a tentativa de Restauração do Antigo Regime, o ano
de 1815 é marcado pelo retorno - ainda que provisório - das monarquias retiradas do
poder por Napoleão Bonaparte, e o liberalismo, associado naquele momento às
guerras napoleônicas, é alijado dos centros políticos europeus. Contudo, as ideias
liberais defendidas pela burguesia sobreviviam e o nacionalismo - desejado em
especial por povos submetidos à nova ordem europeia -, a partir de 1820, abalaria o
Equilíbrio Europeu.
Herdeiro do trono, D. Pedro I abdica em favor de sua filha, D. Maria da Glória, que,
ao desembarcar em Portugal, traz consigo a Carta Constitucional de 1826. Inspirada
na Carta Outorgada brasileira de 1824, o texto traz como principal novidade o Poder
Moderador, embora mantivesse em suas principais bases o liberalismo. Nem mesmo
o maior autoritarismo desta carta arrefeceu os ânimos dos miguelistas, defensores da
tese de que o direito de hereditariedade de D. Pedro I sobre o trono português
caducou quando este assumiu o trono brasileiro, tornando-se assim D. Miguel o
legítimo rei de Portugal. A Guerra Civil, que a partir de 1831 contou com a presença
de D. Pedro I - que abdicara do trono brasileiro -, tem seu fim com a vitória dos
liberais e a assinatura da Convenção de Évora-Monte, em 1834.
1830
Bélgica: Desde 1815 fazendo parte do Reino dos Países Baixos, a Bélgica busca sua
autonomia por meio de um movimento insurgente em 1830. Os atritos possuíam
motivações econômicas, uma vez que os belgas desejavam o protecionismo para as
suas nascentes indústrias, enquanto os comerciantes holandeses defendiam o livre
comércio; além disso, questões culturais também estavam presentes, em especial no
que diz respeito à religião, uma vez que a Bélgica era católica e a Holanda,
protestante.
França: A restauração francesa iniciada por Luís XVIII em 1814 foi marcada por
uma conciliação entre setores progressistas - derrotados com a prisão de Napoleão -
e os absolutistas, sendo a Constituição de 1814 um símbolo destes novos tempos
pós-Revolução Francesa. A participação no Congresso de Viena (1814-1815) e a
intervenção já mencionada na Espanha (1823) são exemplos da tentativa francesa de
reconquistar o prestígio perdido com as derrotas militares de Bonaparte.
Uma síntese desta primeira fase da unificação italiana seria, portanto, perceber três
correntes políticas. A corrente hegemônica, reacionária, absolutista, que controlava
toda a península. Impopulares, tais soberanos eram garantidos pelos austríacos que
controlavam diretamente o nordeste do país e indiretamente os arquiducados do
centro-oeste da península. A corrente neoguelfista, que via no papa uma alternativa
de unificação, apesar do próprio pontificado ser uma instituição conservadora. E,
finalmente, a corrente liberal, herdeira da Revolução Francesa e das reformas
liberais napoleônicas que se organizavam em sociedades secretas como os
carbonários. Por serem secretas as “vendas” dos carbonários não faziam propaganda
de suas atividades e, portanto, tinham dificuldades para mobilização popular,
essencial para a vitória revolucionária. Tais contradições evidenciam perfeitamente
as ambiguidades do discurso liberal burguês que se por um lado queria destruir o
absolutismo, por outro, tinha interesse em evitar ampla mobilização popular que
pudesse resultar em jacobinismo e radicalizações. Temiam igualmente a repressão
austríaca e, por isso, precisavam da legitimidade que seria conferida por um
príncipe, que se dispusesse a aceitar uma constituição. Uma alternativa era Carlos
Alberto do Piemonte-Sardenha, outra alternativa era o papa Pio IX. Ambas se
provaram falsas promessas em 1848.
O ano de 1848 encerraria essa fase e inauguraria uma nova etapa no processo de
unificação italiano. O rei Carlos Alberto, católico, largamente influenciado pelo
papa Pio IX, recém-eleito, que já havia sido regente no reinado de Carlos Félix e
dera mostras de ambiguidade política, faz promulgar em 1848 o Estatuto
Fundamental, uma carta constitucional largamente embasada na constituição
francesa de 1830. Decide ainda, influenciado pela opinião pública e por Cavour,
declarar guerra à Áustria, no que, apesar dos sucessos iniciais, é fragorosamente
derrotado, sendo forçado a abdicar do trono em 1849 em favor de seu filho Vittorio
Emmanuel. Foi acusado frequentemente de pouco sincero em suas medidas liberais
- apoiou o carlismo espanhol e o miguelismo português na península ibérica, ambos
movimentos absolutistas - e várias vezes voltou atrás em decisões políticas, o que
lhe valeu o apelido de “O Hamlet Italiano”. Morreu exilado em Portugal meses
depois.
O próprio papa declarou em Abril de 1848 que não concordava com a guerra entre o
Piemonte e não era candidato a liderar uma unificação acabando com as esperanças
dos guelfos. O papado de Pio IX foi considerado liberal, logo após sua eleição. Ele
promoveu uma série de reformas nos Estados Pontifícios, construiu ferrovias,
incentivou a modernização agrícola, cancelou a obrigatoriedade de judeus
frequentarem missas e concedeu imediata anistia a todos os presos políticos dos
Estados Pontifícios, sendo considerado um governante modelo, e celebrado em todo
o mundo por liberais. Sua incrível popularidade durou vinte meses. Até a eclosão da
“Primavera dos Povos” parecia que o novo papa era de fato uma alternativa liberal
de unificação da Itália. Uma vez que eclodiu a chamada República Romana em
1849, no entanto, a posição liberal de Pio IX desaparece. Liderada por Giuseppe
Mazzini e os liberais romanos foi estabelecida a República Romana em fevereiro de
1849 declarando liberdade religiosa nos Estados Pontifícios e promulgando uma
constituição Liberal. O papa é obrigado a fugir e só é restaurado ao poder após as
tropas do então presidente Luiz Bonaparte derrotarem as forças de Giuseppe
Garibaldi, em junho deste mesmo ano.
Uma vez reinstituído no poder em 1850 - apenas depois de ter garantida a não
ingerência francesa nos assuntos temporais dos Estados Pontifícios -, Pio IX vai se
mostrar o mais conservador dos pontífices revogando muitas de suas medidas
anteriormente liberais. O exemplo mais notório é a relação com o judaísmo, única
religião afora o catolicismo autorizada nos Estados Pontifícios. O gueto judaico é
reinstituído e o papa chega a ponto de mandar sequestrar uma jovem criança judia -
Edgardo Montara - que teria sido batizada secretamente como católica por uma
empregada católica que temia que a criança, gravemente doente, morresse sem
batismo. As leis proibiam crianças católicas de serem criadas por pais judeus, ainda
que fossem seus pais naturais, e o papa, apesar dos apelos internacionais e da
campanha pela devolução do jovem Montara, adotou-o e mais tarde ordenou-o
sacerdote. Pio IX se torna o bastião mais conservador do absolutismo monárquico
na Península Itálica.
O sucessor de Carlos Alberto, seu filho Vittorio Emmanuel, foi, ao contrário de seu
pai, capaz de conquistar o respeito e a confiança dos liberais da Sardenha e se tornar
o candidato mais viável da península a comandar a unificação. Respeitou a
constituição recém-instituída e nomeou Camilo Cavour para primeiro ministro.
Estabeleceu um modus vivendi com os grupos liberais e com os austríacos ao
mesmo tempo que reprimia rebeliões radicais em Gênova. De certo modo, é com
Vittorio Emmanuel que a unificação ganha dínamo graças à unificação do grupos
Dinásticos que viam nos Savoia uma alternativa de manutenção da monarquia
aristocrática e o afastamento do perigo jacobino e dos liberais que viam no novo rei
da Sardenha um príncipe que aceitava a monarquia constitucional.
No plano cultural a frase “fizemos a Itália agora precisamos fazer os italianos”, dita
por Massimo D’Azeglio, retrata bem a realidade de um estado fragmentado
linguística e culturalmente em uma miríade de subregiões cada qual com seu dialeto
e história definidos e que tiveram que ser homogeneizados por meio da ação cultural
e educacional do Estado que estimulou o uso da língua italiana e reprimiu o uso dos
dialetos. O processo de homogeneização cultural durou décadas e ainda hoje não é
completo.
Uma vez derrotado Napoleão, seus vencedores, reunidos em Viena, veem no fim do
Sacro Império uma forma de organizar politicamente a instável região, criando
assim a Confederação Germânica, já mencionada em outros capítulos desta obra.
Com seus trinta e nove Estados componentes, esta foi por décadas peça de
fundamental importância no Equilíbrio Europeu.
6.2.2. Origens
Desde as campanhas napoleônicas destacava-se a força da Prússia, que passara pelo
processo reformador ilustrado no século XVIII e, já no início do século XIX,
buscava aumentar a sua influência sobre a região do Sacro-Império. Em 1815,
prevaleceu a tese de Metternich do Equilíbrio, mas a projeção econômica do Estado,
governado pelos Hohenzollern (com grandes reservas de carvão e quilômetros de
malha ferroviária), auxilia em seus intentos expansionistas.
6.2.3. Bismarck
Otto Von Bismarck ganha projeção na política alemã quando é designado pelo rei
Guilherme I (1861-1888) para ser o representante prussiano na Dieta de Frankfurt, o
principal órgão político da Confederação Germânica. Em Frankfurt, o proprietário
de terras de Schönhausen destaca-se por suas ideias conservadoras e antiaustríacas.
Após esta experiência, que segundo o próprio Bismarck foi fundamental na sua
formação política, tornou-se embaixador, com atuação destacada em São Petesburgo
e Paris. Mesmo atuando no exterior, nas visitas à Prussia não deixava de expressar
suas opiniões em temas polêmicos na política. Quando propôs, no Memorial de
Baden Baden, a criação do parlamento do Zollverein sem a participação da Áustria,
atraiu a simpatia dos nacionalistas e a desconfiança de Guilherme I.
Em meio à crise entre Guilherme I e o Reichstag, uma vez que o monarca desejava
investir no exército enquanto a assembleia se opunha a tal medida, Bismarck é
indicado para o cargo de primeiro-ministro em 1862. Com ele, a supremacia junker
e o militarismo são ressaltados e há uma significativa melhora nas relações entre os
poderes após diversas crises institucionais.
6.2.5. Consolidação
Ao final da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), a Alemanha finalmente completa
o processo de formação nacional. Em sua composição, Guilherme I é coroado
imperador, tendo Bismarck uma posição sui generis, sendo ao mesmo tempo
chanceler e ministro do exterior da Prússia (o junker de Schönhausen mantém este
título até a sua saída do poder em 1890).
• Kulturkampf
• Bismarck busca, por meio da crise de “guerra à vista” (1875), mais uma vez
estimular o nacionalismo alemão, analisando a possibilidade de uma guerra
preventiva contra a França, devido a seu rápido crescimento após 1871. No entanto,
foi duramente criticado pelos políticos do Partido do Centro e também por
nacionais-liberais, assim como russos e britânicos que eram contra um novo conflito
europeu.
• Base: Dreikaiserbund (ou a Liga dos Três Imperadores), formada entre 1872-1873.
• Obstáculo: Questão do Oriente, uma vez que era desejo russo e austríaco expandir
seus territórios e dominar a região dos Bálcãs, aproveitando a fragmentação do
Império Turco-Otomano.
• Base: Dupla Aliança, formada entre Império Alemão e Império Austríaco em 1879.
• Não desejando deixar-se isolar, o Império Russo propõe uma nova Dreikaiserbund
(1881-1887), agora formal e com um dispositivo no qual seria renovada a cada três
anos.
• A solução encontrada por Bismarck diante desta situação foi, ao mesmo tempo,
defender a manutenção do status quo no Mediterrâneo (Tratado do Mediterrâneo,
assinado com Inglaterra, Itália e Império Austríaco) e assinar com os russos o
Tratado do Resseguro (1887).
Com a morte de Guilherme I, Bismarck tem dificuldades para continuar sua atuação
política, já que o novo kaiser, Guilherme II, não admitia a interferência do junker
em suas decisões. Desta forma, em 1890, Bismarck é destituído de seus dois cargos,
dedicando o final de sua vida à escrita de suas memórias.
7. As Revoluções Industriais
7.1. PRIMEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
7.1.1. Definição
O processo de industrialização ocorrido na Grã-Bretanha, a partir da segunda
metade do século XVIII consistiu, basicamente, na gradual substituição do homem
pela máquina, isto é, na introdução da tecnologia no processo produtivo,
promovendo a maquinofatura em lugar da manufatura. É parte componente da dupla
revolução que caracteriza o período 1789-1848, juntamente com a Revolução
Francesa, de acordo com o historiador Eric Hobsbawm.
Embora o termo Revolução Industrial tenha surgido anos depois do processo em si,
inventado por um grupo de socialistas europeus, seus impactos já se faziam
presentes por toda parte ainda no século XVIII, em especial a partir de 1780,
constituindo-se em um dos maiores acontecimentos da História mundial.
Jaime II, o novo rei inglês, não se submete ao juramento do Ato da Prova, deixando
claro que não abriria mão de sua fé católica. Alguns parlamentares defendem a
posse do filho ilegítimo de Carlos II, outros defendiam a ascensão da filha
protestante de Jaime II, Maria Stuart. Neste contexto, os whigs (liberais) apoiam o
Ato de Exclusão para retirar o novo soberano do poder, algo não aceito pelos tories
(conservadores), sendo a vontade dos últimos respeitada.
Outra medida importante foi criada ainda nos tempos de Oliver Cromwell: os Atos
de Navegação. Estes estabeleciam que mercadorias comercializadas pelos ingleses
somente poderiam chegar aos seus portos por navios britânicos ou do país
importador. Além de atacar a força comercial neerlandesa, que possuía hegemonia
marítima naqueles tempos, os britânicos aumentaram sua arrecadação com o frete de
seus produtos e desenvolveram a construção naval britânica. Os atos somente foram
abolidos no início do século XIX, com o avanço das ideias liberais, mas,
principalmente, quando estes tornaram-se obsoletos diante da força naval britânica,
chamada desde então de “rainha dos mares”.
No que diz respeito às questões sociais, com o capitalismo industrial duas classes
são claramente definidas. Os burgueses seriam aqueles que detêm capital para obter
a propriedade privada dos meios de produção (máquinas, matéria-prima e
instalações), conseguindo lucros crescentes com o desenvolvimento da economia.
Chamamos de proletário todo aquele que, sem condições de controlar os meios de
produção, sobrevive da venda de sua força de trabalho.
Os homens do século XIX ensurdecem a história com o clamor de seus desejos [...]
Longe dos odores do povo - é conveniente arejar após a permanência prolongada da
empregada, após a visita da camponesa, após a passagem da delegação operária - a
burguesia, desajeitadamente, trata de purificar o hálito de casa. Latrinas, cozinha,
gabinete de toalete pouco a pouco deixarão de exalar seus insistentes aromas [...] O
que significa essa acentuação da sensibilidade? Que tramas sociais se escondem por
detrás dessa mutação dos esquemas de apreciação?24.
7.2.2. Características
Antes restrita aos domínios britânicos, a Revolução Industrial estende-se a novas
áreas de desenvolvimento - França, Prússia, Japão e Estados Unidos. Neste
contexto, a produção industrial é impulsionada por uma nova fase de experimentos e
invenções, estimulando a criação de novos setores produtivos - por exemplo, os
automóveis - marcando a nova fase do processo de industrialização, agora realizada
também em outros continentes para além do europeu.
• Doutrina Social da Igreja: O papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum
em 1891. Por meio desta, revivificou a religião como instrumento de justiça social,
atacando firmemente os excessos da exploração capitalista. Segundo esta, “o capital
e o trabalho deviam viver em colaboração um com o outro, obedecendo princípios
da caridade cristã”.
O mundo está quase todo parcelado, e o que dele resta está sendo dividido,
conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos
que jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse; penso sempre
nisso. Entristece-me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes26.
8.1. Interpretações
O fênomeno do Imperialismo (ou Neocolonialismo) seria, de maneira geral, a
exploração de alguns países europeus, mais Japão e Estados Unidos, sobre a África,
a Ásia e a América Latina, por meio do domínio direto (colônia/protetorado) ou
mesmo de relações econômicas assimétricas (áreas de influência). As frases acima,
que compõem a abertura deste capítulo, foram proferidas por Cecil Rodhes, um dos
maiores ideólogos da conquista ultramarina pelo Império Britânico, e evidenciam
como pensavam os gestores da política externa europeia do final do século XIX.
Mas algumas questões sempre ficaram em aberto: seria o mercado consumidor afro-
asiático suficiente para pôr fim à crise europeia? Apenas questões econômicas
motivaram o imperialismo? Seriam os setores ligados a burguesia hegemônicos a
ponto de determinarem os rumos da política externa das potências europeias?
Em um primeiro momento, que pode ser demarcado, grosso modo, até o início da
década de 1890, o imperialismo servia como “válvula de escape” para as principais
tensões nacionalistas europeias. Como exemplo, a França buscava amenizar as
consequências do isolamento imposto pela Realpolitik de Bismarck e a humilhação
no pós-guerra franco-prussiana (1871) com a conquista de territórios no ultramar. O
caso da Argélia, conquistada de forma gradual desde a década de 1830, é
emblemático: para lá foram enviados os alsacianos que optassem pela cidadania
francesa até que esta região fosse reconquistada.
Mais importante do que eleger como verdade absoluta uma das correntes de
interpretação é saber quais são as suas bases e associá-las, assim podendo entender
de forma completa o fenômeno imperialista, sem se comprometer com ideologias ou
tendências historiográficas.
8.2. Base Ideológica
Neste momento, nas principais academias e entre os intelectuais europeus,
desenvolvia-se uma adaptação do darwinismo (e da teoria da evolução das espécies
daí decorrente) às ciências humanas: o chamado darwinismo social. A crença em tal
ideologia estimulou milhares de europeus a enfrentarem as dificuldades do ultramar
para participarem do processo imperialista.
Não vamos deixar a África para os pigmeus, quando uma raça superior se está
multiplicando ... Esses indígenas estão destinados a serem dominados por nós ... O
indígena deve ser tratado como uma criança, e o direito eleitoral lhe é proibido pelas
mesmas razões do álcool (Cecil Rhodes, inglês, fundador da Rodésia).
8.3. Como foi possível?
É comum louvar os Estados por seu papel na resistência à invasão europeia [...] Na
realidade [...] esse papel foi ambíguo. Se é verdade que alguns resistiram muito bem
[...] muitas outras sociedades constituídas em Estados, em compensação, entraram
em colapso no contato com os europeus [...] Por outro lado, a resistência das
sociedades sem Estado foi muitas vezes duradoura e heroica [...]29.
Convocada com o intuito de discutir os rumos do Congo, naquela época visto como
fundamental para o escoamento da produção europeia (a bacia do Congo, por
completo desconhecimento dos europeus, era considerada navegável em toda a sua
extensão), a Conferência insere-se na breve tentativa de Bismarck em buscar
dividendos políticos de uma possível política expansionista.
Inicia-se a interiorização dos boers rumo ao nordeste, no que ficou conhecido como
o Grande Trek (1836-1844), resultando no Estado Livre de Orange (1842) e na
República do Transvaal (1852), livres da tutela inglesa e com uma legislação
baseada na superioridade racial. A descoberta de diamante e ouro, porém,
incrementaram o desejo inglês de controlar tais áreas, uma vez que estes nunca
aceitaram a autonomia boer. Após diversos pequenos atritos, explodiu a Guerra dos
Boers (1899-1902), com o recrudescimento do nacionalismo boer, enorme
dificuldade inglesa para submeter a região sob seu controle, exposição da
fragilidade militar da metrópole e a consequente conciliação com os nativos
brancos, resultando na criação da República Sul-Africana, em 1910.
8.7. Índia
Região inicialmente dominada pelos franceses, a Índia foi transferida aos britânicos
ao final da Guerra dos Sete Anos (1756-1763). A partir daí, a populosa possessão
gradualmente transforma-se, ao longo do século XIX, na mais importante colônia
britânca, chamada então de “a joia da coroa”.
Uma vez controlada tal rebelião, a Companhia das Índias Orientais foi retirada da
administração, passando o local a ser organizado de forma conjunta pela Coroa
britânica e pelo vice-rei da Índia. Ao longo da segunda metade do século XIX,
outras modificações nas relações ocorreram, tais como a coroação da rainha Vitória
como Imperatriz da Índia em 1877 ou mesmo a criação do Congresso Nacional
Indiano em 1885, partido fundamental no processo posterior de independência.
8.8. China
Império milenar e que despertava muita atenção dos ocidentais com seus produtos
típicos (principalmente seda, chá e porcelana faziam muito sucesso na Europa), era
uma área muito restrita ao contato com o resto do mundo. Os produtos
industrializados europeus tinham dificuldade em penetrar no amplo mercado chinês,
seja pelas restrições impostas pelas autoridades locais (que mantinha aberto somente
o porto de Cantão) ou pelo pouco interesse que despertavam na população local, o
que incomodava especialmente os britânicos. Para amenizar o “déficit comercial”, a
venda ilegal de ópio apresentou-se como uma solução, provocando dependência
química em boa parte da população de algumas cidades litorâneas (principalmente
Cantão) e resultando em lucros extraordinários principalmente aos súditos da Coroa
inglesa.
Temendo não só pelas finanças, mas também pelo crescente número de viciados, o
Imperador Daoguang (1820-1850) procura reforçar a ilegalidade do ópio em 1839,
lançando novo decreto de proibição, juntamente com uma campanha de
conscientização da população. Após incidente envolvendo marinheiros ingleses,
Daoguang determina a expulsão de todos britânicos de seu império, aproveitando o
contexto favorável para confiscar milhares de barris do produto em Cantão.
Esta carestia da prata provém de que ela sai do país em massa, drenada pelo
comércio do ópio. Esse comércio é feito pelos ingleses. Este povo, não tendo de que
viver na sua terra, procura debilitar os habitantes [...] consumo que fará secar nossos
ossos, verme que roerá o nosso coração, ruína das nossas famílias e das nossas
pessoas. Desde que o Império existe, nunca ocorreu um tão grande perigo. É pior
que uma invasão de animais ferozes. Peço que o contrabando do ópio se inscreva no
código entre os crimes punidos com a morte30.
Era a oportunidade que parte do parlamento britânico desejava para “abrir” a China
por meio da força. Prolongado debate foi travado entre seus deputados, envolvendo
questões comerciais, humanitárias e políticas. O resultado foi a Primeira Guerra do
Ópio (1840-1842), que expôs a superioridade naval britânica diante dos navios à
vela dos chineses. Bombardeadas Nanquim e Cantão, com dificuldades de
comunicação com a capital, a única solução para o Imperador Daoguang seria travar
uma guerra no continente, mas a insatisfação de grande parte da população com a
Dinastia Qing poderia resultar na queda do próprio imperador. Sendo assim, em
agosto de 1842 era assinado o primeiro dos diversos tratados desiguais impostos à
China ao longo do século XIX.
De acordo com o Tratado de Nanquim, seriam abertos cinco portos para o comércio
britânico (Xanguai, Fuchou, Amói, Cantão e Ningpo), Hong Kong ficaria sob o
controle inglês e ainda seria paga uma indenização pelos prejuízos causados pela
guerra. A resistência das autoridades locais (os mandarins) às resoluções do
“acordo” resultaram em uma Segunda Guerra do Ópio (1857-1858), desta vez sendo
a Inglaterra auxiliada pela França. Após nova vitória militar, os ocidentais exigem a
abertura de onze novos portos ao comércio com o Ocidente e a livre movimentação
de missionários e comerciantes (muitos traficantes de ópio). O novo imperador
Qing, Xianfeng, apesar de tentar resistir a tal violação da soberania nacional de seu
país, com a Convenção de Pequim, aceita o Tratado de Tianjin. De forma gradual,
estadunidenses, alemães e até mesmo japoneses passam a realizar comércio com a
China ao final do século XIX, totalizando mais de 50 portos abertos e diversas áreas
de influência.
Alguns eventos foram decisivos para que o Japão se distinguisse das demais regiões
orientais em suas relações com os imperialistas na segunda metade do século XIX.
Logo após a assinatura dos tratados com os Estados Unidos, este país enfrenta uma
prolongada Guerra Civil (1861-1865), o que posterga a execução das cláusulas
comerciais, as quais os estadunidenses tinham direito desde a década de 1850.
Enquanto isso, um debate político se estabelecia: estaria o Xogunato correto ao
admitir tais acordos com os ocidentais? Este é o principal motivo para a Guerra
Boshin (1867-1868), que opôs os partidários do fortalecimento do Imperador e
aqueles que controlavam o governo descentralizado.
Não só o Japão mantém a sua independência, mas também consegue realizar seu
próprio imperialismo, obtendo áreas de influência na China e derrotando o Império
Russo, até então, encarado como uma potência ocidental, na Guerra da Manchúria
(1904-1905).
8.10. Estados Unidos e América Latina
Desde a adaptação do isolacionismo dos foundings fathers na década de 1820, por
meio da Doutrina Monroe, os estadunidenses têm na América Latina o horizonte de
suas intenções expansionistas, seja do ponto de vista comercial ou, ainda, em termos
territoriais. Já na década de 1840, por meio do Corolário Polk, o México foi alvo do
crescimento territorial estadunidense (tema abordado no capítulo sobre a história
dos Estados Unidos).
Foi nas presidências de Makinley e, após a sua morte, do vice Theodore Roosevelt
que o imperialismo estadunidense de fato afirmou-se na América Latina. A Guerra
Hispano-Americana seria o ponto de partida para as intervenções militares cada vez
mais presentes na região. Cuba e Porto Rico eram o resquício do império espanhol
no continente e lutavam arduamente pela sua autonomia, quando obtêm o precioso
apoio da Marinha dos EUA. Sob a alegação de que os espanhóis teriam participado
do Desastre do navio Maine (algo que não aconteceu, uma vez que uma explosão
espontânea levou ao afundamento da embarcação), os EUA entram no conflito em
1898, sendo fundamentais na derrota dos ibéricos.
• Guerras étnicas/religiosas nas áreas coloniais entre tais grupos rivais citados
anteriormente, em alguns momentos estimuladas pelas potências imperialistas;
Escutei tuas palavras, mas não vi qualquer motivo para obedecer-te, antes preferiria
morrer. Se o que queres é amizade, estou pronto a oferecer-te, hoje e sempre; mas
quanto a ser teu súdito, isso nunca! Se o que queres é guerra, estou pronto para ela,
mas ser teu súdito, nunca! Não cairei a teus pés, porque és uma criatura de Deus,
assim como eu. Sou sultão aqui na minha terra. Tu és sultão lá na tua!31.
• Exploração da mão de obra local, agora não mais sob o regime escravista (ao
menos oficialmente). Muitas metrópoles usam o artifício da cobrança de impostos
para obrigar a população local a trabalhar em seus estabelecimentos, uma vez que
para obter dinheiro a fim de pagar os tributos estes tinham que se empregar com os
colonizadores.
Esse documento, que teve Thomas Jefferson como principal autor, baseava-se
especialmente na defesa dos direitos individuais e do direito de revolução,
comunicando oficialmente que as Treze Colônias não mais faziam parte do Império
Britânico. Diante da recusa inglesa em aceitar a independência de suas colônias,
iniciou-se um conflito militar (1775-1781) no qual os colonos formalizavam a luta
pela autonomia, contando com apoio francês (Tratado de Aliança Franco -
Americana) e espanhol.
• Estado laico;
• Manutenção da escravidão.
Mas a aprovação do texto constitucional nos estados não foi tarefa fácil. Federalistas
como Alexander Hamilton, John Jay e James Madison, defenderam a ratificação da
Constituição nos chamados Papéis Federalistas, uma série de artigos publicados em
jornais em defesa do governo central forte que respeitasse a tripartição de poderes. A
antipatia dos antifederalistas somente foi suplantada com a aprovação de 10
emendas em defesa dos direitos individuais, aprovadas pelo Congresso, conhecidas
como a Declaração dos Direitos. São algumas delas:
Ao mesmo tempo em que assistia à expansão de seu território, o país viu crescer
também as disparidades regionais, especialmente no que diz respeito às diferenças
entre os estados do Norte e os do Sul.
• Compromisso Clay (1850): a Califórnia era admitida como território livre, mesmo
com parte de suas terras ao sul.
Com um resultado final de seiscentos mil mortos, boa parte do Sul devastada, e o
decreto de abolição da escravidão finalmente assinado, a guerra civil trouxe como
consequência nefasta uma radicalização ainda maior da segregação racial no país,
dando origem a associações racistas como a Ku-Klux-Klan, fundada em Nashville
no ano de 1867, que não aceitava a integração dos negros como homens livres com
direitos adquiridos e garantidos por lei após 1865. Vestindo capuzes cônicos e
longos mantos brancos, a fim de não serem reconhecidos, os membros da KKK
organizavam manifestações racistas, linchamentos, espancamentos, incêndios de
residências e assassinatos, não apenas de negros, mas também, em menor escala, de
brancos que com eles simpatizavam, judeus, católicos e hispânicos.
Apesar dos prejuízos causados pelo conflito, a recuperação econômica dos Estados
Unidos foi rápida, possibilitando a expansão do modelo capitalista-industrial de
Norte a Sul e transformando o país na grande potência do continente americano
entre os séculos XIX e XX.
10. A América Espanhola
Porventura, este imenso território, seus milhões de habitantes devem reconhecer a
soberania dos comerciantes de Cádiz e dos pescadores da Ilha de Léon? (...)
Porventura, terão passado a Cádiz e à Ilha de Léon, que fazem parte da Andaluzia,
os direitos da Coroa de Castela, à qual foram incorporadas as Américas? Não,
senhor; não queremos seguir a sorte da Espanha, nem ser dominados pelos
franceses. Resolvemos tomar de novo o exercício de nossos direitos de nos
salvaguardarmos a nós mesmos34.
10.1. Introdução
O processo de independência das colônias espanholas na América insere-se no
contexto de difusão das ideias iluministas pelo continente, consolidadas
especialmente após a emancipação das Treze Colônias, ainda no século XVIII e a
expansão do iluminismo revolucionário francês com Napoleão Bonaparte.
No entanto, podemos elencar alguns fatores mais específicos no que diz respeito à
relação metrópole-colônia na região, a partir de meados dos anos 1700. Nesse
sentido, a política metropolitana de restrições comerciais típicas do pacto colonial e
a profunda insatisfação com a organização político-social marcaram o período de
crise do antigo sistema colonial na América espanhola.
Marcada pelo preconceito racial, a sociedade colonial era dividida de acordo com o
nascimento. Os chapetones (cerca de 0,3% da população total) eram espanhóis
nomeados pelo Conselho Real e Supremo das Índias para ocuparem os órgãos
administrativos; logo abaixo na hierarquia social vinham os criollos
(aproximadamente 20% da população), brancos nascidos na América, que
formavam a elite colonial, detentores das minas, terras e altos postos no exército e
na Igreja colonial, porém tinham participação limitada na política (somente atuavam
nas câmaras municipais, os cabildos) enquanto os não brancos levavam uma vida
miserável, trabalhando de forma compulsória (índios na mita e encomienda),
escrava (negros) ou em atividades de pouca qualificação (mestiços).
Lord Canning almejava o apoio dos Estados Unidos, que é rejeitado na medida que,
influenciado por John Quincy Adams, o presidente James Monroe divulga um
conjunto de princípios de política externa baseados na ideia de “América para os
americanos”: era a Doutrina Monroe (1823). O governo estadunidense reconhecia as
independências americanas e negava qualquer tipo de cooperação com as potências
europeias.
• Agustín de Iturbide
• Bernardo O’Higgins
• Filho de um general espanhol que fora vice-rei do Peru, O’Higgins foi um dos
membros da elite que se recusou a aceitar o governo de José Bonaparte, criando
uma Junta Governativa em setembro de 1810. Eleito deputado do Congresso chileno
de 1811, contou com o apoio dos soldados de San Martín na longa luta pela
libertação contra a Espanha terminada em 1818. Após a assinatura da Ata de
Independência, em 1818, um longo período de instabilidade política ocorre fruto do
choque entre os que defendiam a visão centralista e os federalistas. Até a década de
1830, guerras e golpes de Estado foram constantes no país quando, por fim, a facção
conservadora centralista venceu a disputa pelo poder.
• José Artigas
• Simón Bolívar
Por exemplo, na Argentina, até a década de 1860 viram diversos caudilhos lutarem
para o poder, tais como Juan Manuel Rosas, que foi retirado do poder depois de uma
guerra (com intervenção brasileira) por Justo José de Urquiza (1854-1860) que, por
sua vez, foi suplantado pelos desejos unitaristas de Bartolomeu Mitre (1860-1868).
Tal instabilidade favoreceu o Brasil que, com sua política estável com a chegada de
D. Pedro II ao poder em 1840, atraiu capitais estrangeiros.
• É assinado um Pacto de União por meio de uma aliança defensiva, sem efetivas
consequências.
Ainda que alguns dos principais elementos deste período tenham origens no período
de Bismarck - como o afastamento em relação ao Império Russo, o esboço de uma
política imperialista e o fortalecimento da indústria pesada germânica - é com Graf
von Caprivi que a promoção de uma política mundial alemã é incrementada. A
insatisfação cada vez maior com suas parcas possessões ultramarinas faz com que o
Império Alemão invista cada vez mais em sua Marinha, incrementando não somente
as tensões interimperialistas, mas acirrando também os ânimos nacionalistas.
Enquanto isso, o momento britânico não era dos mais favoráveis no início do século
XX; o incidente de Fashoda (1898) marcava uma dissociação com a França devido
às disputas territoriais ao norte da África, e a Guerra dos Boers (1899-1902)
repercutiu muito mal entre os europeus, recebendo os britânicos críticas dos
principais meios de imprensa do continente. O crescimento naval alemão resultou
no chamado navy scare, sendo o contexto favorável para uma profunda mudança na
política externa realizada há décadas pela ilha.
Dois anos depois, com a abdicação russa de suas pretensões no extremo oriente
(após a derrota na Guerra da Manchúria seguida da Revolução de 1905), os
britânicos pleiteiam a entrada do Império Russo na Tríplice Entente (1907).
Formada ainda em 1882, em meio à gestação do segundo sistema bismarckiano, a
Tríplice Aliança era composta por países que pretendiam melhores condições de
exploração na África-Ásia (Itália e Império Alemão) e aqueles unidos pelo
pangermanismo (Império Alemão e Império Austro-Húngaro).
Disputas territoriais também compunham este instável cenário europeu que antecede
a Primeira Guerra Mundial. A região dos Bálcãs era alvo de complexas tensões,
sendo a fragmentação do Império Turco-Otomano sua origem imediata.
Nacionalismos locais, potências expansionistas regionais (Bulgária e Sérvia) e
grandes potências aproveitaram-se desse vácuo de poder para impor suas próprias
agendas. No início do século XX, o principal território em disputa era a Bósnia,
pretendida tanto pelo Império Austro-Húngaro (defensor do Pangermanismo) como
pela Sérvia, que integrava o Pan-eslavismo. O choque entre os nacionalismos leva à
forte insatisfação dentro da Bósnia, que possuía população eslava, mas estava sob o
domínio dos austríacos.
Ainda nesse contexto, os russos pretendiam obter a sua saída para o “mar quente”,
uma vez que seu litoral norte congelava durante a maior parte do ano, dificultando a
comunicação com o exterior. Aproveitando o processo de declínio do Império
Turco-Otomano, o Império Russo pretendia, através da conquista dos estreitos de
Bósforo e Dardanelos, resolver sua dificuldade histórica, conseguindo desta forma
“nadadeiras para o urso”.
Enquanto isso, acreditava-se que a Europa estava em paz; mas o cenário era de “paz
armada”, uma vez que boa parte dos orçamentos era destinada ao incremento do
setor bélico. Eram tempos de hegemonia da belle époque nos grandes salões, e as
exposições tecnológicas contribuíram para a maior parte da população europeia
ignorar o que acontecia nos bastidores políticos. Bastaria um pequeno incidente para
transformar o momento de tensão em guerra de proporções inimagináveis.
O Império Alemão parecia pronto para concentrar suas forças na frente ocidental.
Mas a entrada do exército estadunidense e a introdução de novas armas, como
tanques, armas químicas e aviões de guerra superaram as trincheiras e provocaram a
retomada da Guerra de Movimentos. Sucessivas derrotas, enfraquecimento
progressivo de aliados como o Império Turco-Otomano e a Bulgária, assim como as
revoltas internas na Alemanha levaram à renúncia do imperador Guilherme I. O
Império Austro-Húngaro pede um armistício com base na proposta de paz
estadunidense ainda em outubro. Isolada, não resta outra alternativa à república
alemã a não ser assinar o Armistício de Compiegne, pondo fim à Grande Guerra.
11.3. Construindo a Paz
Sucessivos armistícios compuseram o final dos embates armados e, findas as
operações militares, era a hora da reunião entre os vitoriosos para decidir acerca do
pós-guerra. Na Conferência de Paz de Paris (1919), as propostas estadunidenses e
franco-britânicas se opunham. Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Wodrow
Wilson, ignorava os anseios populares expressos por meio do Congresso
conservador, que desejava o afastamento das questões políticas europeias, ingleses e
franceses desejavam uma paz punitiva aos alemães.
1. Inaugurar pactos de paz, depois dos quais não deverá haver acordos diplomáticos
secretos, mas sim diplomacia franca e sob os olhos públicos;
8. Todo território francês deve ser libertado e as partes invadidas restauradas. O mal
feito à França pela Prússia, em 1871, na questão da Alsácia-Lorena, deve ser
desfeito para que a paz possa ser garantida mais uma vez, no interesse de todos;
14. Criação de uma associação geral sob pactos específicos para o propósito de
fornecer garantias mútuas de independência política e integridade territorial dos
grandes e pequenos Estados.
Segundo o tal tratado, a Alemanha foi considerada culpada pela guerra, obrigada
desta forma a acatar uma série de pontos que visavam enfraquecer a recém-criada
república. Entre os principais pontos destacam-se:
• Acesso da Polônia ao mar por uma faixa de terra dentro do território alemão, que
desembocava no porto de Danztzing;
É também neste contexto que foi oficializada a criação da Liga das Nações,
organismo com o objetivo de manter a paz mundial e resolver os principais conflitos
internacionais por meio do arbitramento e da negociação. A Secretaria Geral era
sediada em Genebra, tendo como principais órgãos a Assembleia Geral e o Conselho
Executivo, composto inicialmente por Grã-Bretanha, França, Itália e Japão como
membros permanentes, já que a Liga não tinha a participação da Alemanha e da
União Soviética, que posteriormente iriam compor o Conselho Executivo, cujos
membros não permanentes seriam escolhidos pela Assembleia Geral (o Brasil foi
um destes membros entre 1919 e 1926).
Tal aproximação fez crescer a preocupação britânica com relação à situação alemã.
A profunda crise econômica alemã de 1923 e a ocupação francesa, com o
recrudescimento das posições bilaterais, são seguidas por um movimento delicado: a
desvalorização do franco faz com que a França pegue empréstimo de banqueiros
estadunidenses interessados em um fortalecimento da economia alemã. Em 1924, o
Plano Dawes de ajuda estadunidense à Alemanha previa não apenas a diminuição da
dívida alemã, mas também a facilidade do pagamento das reparações de guerra, e,
em contrapartida, a França, comprometida com os banqueiros dos Estados Unidos,
se comprometeu a evacuar Ruhr e uma parte da Renânia.
A Revolução de Outubro teve repercussões muito mais profundas e globais que sua
ancestral, pois, se as ideias da Revolução Francesa, como é hoje evidente, duraram
mais que o bolchevismo, as consequências práticas de 1917 foram maiores e mais
duradouras que as de 1789. A Revolução de Outubro produziu, de longe, o mais
formidável movimento revolucionário organizado na história moderna. Sua
expansão global não tem paralelo desde as conquistas do Islã em seu primeiro
século40.
12.4. Rússia Comunista - Os primeiros anos
Governo Lenin (1917-1924)
3) Quaisquer danos causados aos bens confiscados, que pertencem, daqui por diante,
ao povo, é crime punido pelo tribunal revolucionário41.
O decreto sobre os povos da Rússia concedia liberdade àqueles que por séculos
foram oprimidos pelo Império czarista, enquanto o decreto sobre o controle operário
transferia a administração das fábricas para o proletariado russo. O decreto sobre a
terra inicia a reforma agrária tão esperada pelos camponeses e, por fim, o Tratado de
Brest-Litovsk retira a Rússia da Primeira Guerra Mundial, mediante a cessão de
diversas terras no leste para a Alemanha.
Para além destas primeiras medidas, a economia russa passa por diversas alterações
para se adaptar aos novos tempos socialistas, como a estatização imediata dos bens
de produção e a declaração da moratória. No plano político, a Igreja Cristã Ortodoxa
é fechada e, para que não restasse qualquer possibilidade de retorno dos Romanov
ao poder, a família real é executada. O temor da articulação dos seus inimigos leva à
reforma do exército, agora chamada de Exército dos Trabalhadores e Camponeses,
comandado por Leon Trotsky.
No início da década de 1920, a maior parte do que fora antes de 1914 o Império
Russo dos czares emergiu intacta como império, mas sob o governo dos
bolcheviques e dedicada à construção do socialismo mundial. Foi o único dos
antigos impérios dinástico-religiosos a sobreviver à Primeira Guerra Mundial, que
despedaçara tanto o Império Otomano - cujo sultão era califa de todos os
muçulmanos - quanto o Império Habsburgo, que mantinha relação especial com a
Igreja romana42.
Diante de uma crise econômica sem precedentes e de uma forte insatisfação social,
reformas eram necessárias e urgentes. Ainda em 1921, Lenin anuncia um conjunto
de modificações que sinalizavam a conciliação entre medidas comunistas e
capitalistas, objetivando a dinamização da economia soviética. Eram tempos de
Nova Política Econômica (NEP), de “um passo atrás para dar dois passos à frente”,
com a permissão de investimentos estrangeiros, a diferenciação dos salários,
propriedades privadas no campo aliadas à liberdade de comércio em alguns setores.
Outra medida elaborada no contexto de recuperação foi a criação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), unindo os territórios da Transcaucásia,
Ucrânia, Rússia e Bielorrúsia. Federalista em sua forma, ao longo de toda sua
existência a URSS transparece características centralizadoras. A recuperação
econômica ocorre de forma gradual até 1928, embora o líder bolchevique não
estivesse mais à frente de seu povo quando a NEP foi concluída.
Mesmo não participando da Liga das Nações, o kantianismo pacifista não foi
esquecido na Secretaria de Estado. Em 1928, Frank B. Kellogg, secretário de
Estado, foi protagonista na elaboração do Tratado de Renúncia à Guerra, também
conhecido como Pacto Kellog-Briand, no qual seus signatários “renunciavam à
guerra como instrumento de política nacional”.
Outro elemento explorado pelo autor são as consequências da Lei Seca (ou Volstead
Act), aprovada em 1919. Tendo raízes nos Movimentos de Temperança do século
XIX, o Ato de Proibição Nacional era um exemplo da força de uma sociedade
conservadora, que baseava-se nas escrituras para pautar sua ação política. Qualquer
bebida com mais de 0,5% de teor alcoólico seria considerada intoxicante e
automaticamente teria sua fabricação, venda e distribuição proibidas pelo governo.
Para alguns analistas tratava-se também de uma forma de controlar os operários para
além do muro das fábricas. As consequências são amplamente conhecidas:
trabalhadores com graves problemas de saúde por ingerir bebidas caseiras altamente
tóxicas, o estabelecimento de inúmeros speakeasies (bares clandestinos) e o
fortalecimento da máfia, que ganhou espaço ao traficar bebidas para as mais
diversas cidades, sendo a Chicago de Al Capone um símbolo deste período.
Os excluídos do American Way of Life eram fortemente reprimidos quando
tentavam romper esta barreira. A Ku Klux Klan crescia em número e influência nas
mais altas esferas governamentais, ampliando também seus alvos: para além dos
negros, os cavaleiros da KKK também reprimiam judeus e católicos, uma vez que
estes também não se encaixavam no modelo WASP (White, Anglo-Saxo and
Protestant).
Em busca de lucro rápido, a especulação na bolsa de valores eleva o preço das ações
de inúmeras empresas que não possuíam real valor. Enquanto o índice da Bolsa de
Valores de Nova York subiu de 105 para 220 pontos entre 1926 e 1929, o volume de
negócios produtivos cresceu somente de 105 para 120 - a diferença era pura
especulação. O governo estimulava a concessão de créditos fáceis, para que o
cidadão comum investisse também na bolsa, muitas vezes podendo comprar lotes de
ação por apenas 10% do seu valor, sendo o restante liquidado com os lucros da
própria aplicação.
A crise seria fruto da percepção de que a economia real não crescia no mesmo ritmo
da especulação na bolsa, buscando retirar seu dinheiro do mercado financeiro em
busca de investimentos mais seguros. Desde o início de 1929 os grandes banqueiros
estavam preocupados com os créditos abundantes diante da crescente volatilidade
do mercado, que atingiu seu momento mais crítico entre a quinta-feira negra (24 de
outubro) e o total desespero na terça-feira dia 29 de outubro. Era o Crack (quebra)
da Bolsa de Nova York.
13.4. Grande Depressão
A partir da Crise de 1929, a economia estadunidense e também mundial entram em
um profundo processo de recessão. Em Washington, o presidente republicano
Herbert Hoover exortava a população a manter a calma e repetia o mantra dos
liberais, afirmando que “o próprio mercado iria resolver o problema”. Mesmo com o
Congresso disponibilizando uma linha de crédito para o governo, o ultraliberal
Hoover pouco investiu pois não acreditava na intervenção do Estado nas questões
econômicas.
• Falência de Empresas.
• Miséria e fome.
• Camponeses perdem suas terras para os bancos, uma vez que não conseguiram
pagar suas hipotecas e, para piorar, a região do Meio Oeste enfrentou ondas de seca
em 1930, 1934 e 1936.
• Conjunto de medidas para auxiliar uma das regiões mais pobres do país e,
portanto, que mais sofreram com a Crise de 1929. Construção de represas e
incentivos para a criação de empresas são os destaques.
• Leis Trabalhistas
• Atenção especial foi dada pelo governo para o setor trabalhista. Ações como o
incremento do salário mínimo ou mesmo a redução da jornada de traballho
estimularam não somente a criação de novos cargos de trabalho, mas também
aumentaram o poder de consumo das classes mais baixas.
• Lei Wagner
• Não somente criar leis trabalhistas, mas também estimular seu cumprimento. Para
isso, esta lei, idealizada pelo senador Robert Wagner, estimulava a sindicalização ao
defender o direito de greves e também promoveu a proteção de trabalhadores
sindicalizados.
Crise. Esta é a palavra que melhor define o reino de Victorio Emanuel III após a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mesmo participando do lado vitorioso do
conflito. O sentimento geral na Itália naquele momento era de humilhação, uma vez
que os Aliados (em particular os ingleses) violaram o Tratado de Londres (1915)
quando das negociações de paz em Versalhes. Mesmo os tratados cedendo aos
italianos àreas austríacas ao Norte (Trentino e Alto Ádige), região da costa da
Dalmácia e as fronteiras da recém-criada Iugoslávia, não foram anexadas aos Reino
da Itália, sendo as aspirações eslavas defendidas em detrimento do Irrendentismo.
Como resultado direto desse episódio, o rei Vitório Emanuel III, com apoio de
importantes setores da indústria italiana e do governo, que acreditavam ser o
fascismo uma solução para os graves problemas políticos e sociais do reino, convida
Mussolini para assumir o cargo de Primeiro Ministro. O líder fascistas assumia o
poder, mas ainda não possuía maioria parlamentar para poder alterar as bases da
política italiana. Para isso, usa de todos os meios legais e ilegais para ganhar as
eleições 1924, obtendo maioria absoluta dos votos.
Encarada por muitos como a mais organizada da Europa, a esquerda alemã dividia-
se com diversas estratégias para chegar ao poder. Enquanto os sociais-democratas
buscaram a via eleitoral e o aumento de sua representatividade no Reichstag
(Parlamento) alemão, os espartaquistas de Rosa Luxemburgo, defensores de uma
espécie de comunismo libertário, foram brutalmente reprimidos. Para completar o
quadro instável, o Partido Social Democrata Independente radicalizou suas ações ao
tomar o poder e, por algumas semanas, implementar a êfemera experiência da
República Soviética da Baviera em 1919.
Na sequência dos fatos, mais um avanço eleitoral nazista ocorre e, com maior poder
em suas mãos, Hitler promove o fechamento de sindicatos e partidos de esquerda,
sendo seus recursos confiscados e suas sedes invadidas49. Com a lei de depuração,
o governo inicia uma autêntica “caça às bruxas”no funcionalismo público, sendo
expulsos não somente judeus, como comunistas e defensores da democracia em
bases liberais. Já em 1933, os 45 Lager (campos de concentração) possuíam cerca
de 45 mil presos, sendo esta uma pequena amostra do que ainda estava por vir.
• Totalitarismo
• O Estado está acima de tudo, sendo a frase de Benito Mussolini emblemática desta
forma de governo: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. O
indivíduo está subordinado às necessidades do Estado e, à medida que a civilização
assume formas cada vez mais complexas, a liberdade do indivíduo se restringe cada
vez mais”. A filósofa alemã Hannah Arendt em sua obra As origens do
totalitarismo51 identificava tais características mais presentes na Alemanha Nazista
e na URSS Stalinista do que na Itália Fascista. Existem críticas crescentes a esta
ideia.
• Antiliberalismo
• Antidemocracia
• Unipartidarismo
• Anticomunismo
• Uma das principais bandeiras, levantadas desde o surgimento dos partidos, era a
luta contra o comunismo. O medo vermelho foi muito explorado, como visto
anteriormente, pelos fascistas. A burguesia e a classe média, temendo ideias como a
abolição da propriedade privada, apoiam a ascensão dos fascismos e a consequente
repressão aos “vermelhos”.
• Repressão
• O uso da violência contra os opositores políticos (democratas, liberais, socialistas,
comunistas, anarquistas ou simplesmente aqueles que se opunham ao totalitarismo
nazista). Antes mesmo de chegarem ao poder a violência contra os opositores era
largamente utilizada, sendo as milícias notórias neste quesito. No caso italiano, os
“camisas negras”. No caso alemão, as Seções de Assalto (SA) e, posteriormente, as
Seções de Segurança (SS).
• Ultranacionalismo
• Militarismo
• Expansionismo
• Censura e Propaganda
• Culto ao líder
• Corporativismo
O revanchismo alemão, a busca italiana por uma resposta à humilhação ao ver suas
ambições territoriais negadas em 1919 ou mesmo a pouca importância concedida
aos asiáticos que participaram na Primeira Guerra Mundial nas negociações de paz
são fatores apontados como determinantes para que os regimes fascistas
conseguissem angariar apoio suficiente para envolver seus povos em um novo
conflito militar pouco mais de duas décadas após o fim das hostilidades iniciadas
com o assassinato de Francisco Ferdinando.
Diante de tal expansionismo e articulação entre os fascistas era esperada uma reação
forte por parte das potências capitalistas ocidentais - principalmente Inglaterra e
França - ou mesmo daquele órgão criado para garantir a paz mundial: a Liga das
Nações. Porém, refletindo os receios de seus populares, que ainda tinham em mente
os horrores da Primeira Guerra Mundial e não queriam repetir desgastante
experiência, ingleses e franceses nada fazem para deter o avanço do Eixo.
Apostavam também os anglo-franceses que o discurso anticomunista dos fascistas
acarretaria em um ataque à URSS, o que seria salutar para aqueles países que, em
menor grau, também sofriam com o “medo vermelho”.
Desejando controlar de forma mais direta a Manchúria, o que até então era realizado
em associação com os “senhores da guerra” chineses, o Japão aproveitou-se do
Incidente de Mukden (1931), quando dissidentes chineses foram acusados de atacar
uma ferrovia de propriedade japonesa ao sul da região para invadir a Manchúria.
Como resultado direto desta situação é criado o Manchukuo (1932-1945), um
Estado satélite do Japão Imperial, comandado pelo último imperador da China, que
pertencia à Dinastia Qing de origem manchu. Pu Yi assume o trono em 1934, e
comanda a região até 1945.
A Liga das Nações demonstrou toda a sua fragilidade ao longo de todo o processo,
iniciado ainda em 1928, quando os italianos violaram a fronteira construindo um
forte em território etíope. Membros de pleno direito neste órgão, teoricamente o
Reino da Itália e a Abissínia possuíam a mesma força. Mas a política do
apaziguamento franco-britânica aqui também atuou, sendo a soberania africana
sacrificada em nome dos interesses geopolíticos europeus.
Foi além no ano de 1936, quando violou mais uma vez o Tratado de Versalhes
remilitarizando a região de fronteira com a França. Em um contexto em que o
governo francês promovera um acordo com a URSS de Stalin de assistência mútua,
o Pacto Laval-Stalin (1935), Hitler remilitariza a Renânia. Divididos internamente
em uma luta fraticida entre as esquerdas e os fascistas, a população francesa pouco
reagiu com a tal ocupação, talvez por confiar demasiadamente na Linha Maginot.
A aceitação por parte das potências ocidentais motivou Hitler a discutir a questão da
população alemã que vivia na região dos Sudetos. Conhecida na Tchecoslováquia
como a “Sentença de Munique”, a Conferência de Munique (setembro de 1938) foi
simbólica com relação à política do apaziguamento. O Führer alemão aproveita a
ocasião para conseguir junto a Neville Chamberlain e Edouard Daladier a permissão
para a anexação da região dos Sudetos tchecos, o que é realizado mediante um
compromisso de que não mais iria reivindicar outros territórios para a Alemanha -
era o Acordo de Munique.
Mesmo depois de tantas ações ousadas em sua política exterior, Hitler ainda tinha o
poder de surpreender o mundo e o faz mais uma vez no oitavo mês no ano. Após
anos de isolamento diplomático, a URSS gradualmente rompia as amarras impostas
pelo “cordão sanitário”. A dificuldade dos anos 1920, quando o Tratado de Rapallo
(1922) e o Tratado de Berlim (1926) com a República de Weimar era uma exceção,
foi superada na década seguinte. Em 1932 os soviéticos participaram da Conferência
Mundial do Desarmamento; no ano seguinte foram estabelecidas relações
diplomáticas com os Estados Unidos e, finalmente, em 1934, a URSS é admitida na
Liga das Nações. Acordos bilaterais, como o já mencionado Laval-Stalin (França-
URSS), também foram estabelecidos na segunda metade da década de 1930, o que
justificava o grande trânsito de diplomatas estrangeiros em Moscou.
O que não se esperava era que, da visita do ministro do exterior do III Reich,
Joachim von Ribbentrop, um amplo pacto de apaziguamento fosse construído. Com
a chegada dos nazistas ao poder, a questão racial ganha força novamente,
revigorando a oposição entre pan-germanismo e pan-eslavismo do início do século
XX. Para os nacional-socialistas, os povos de etnia eslava eram considerados
untermenschen (sub-humanos) e, para aumentar a dose de ódio, Marx era judeu, o
que fazia com que o bolchevismo soviético fosse associado ao antissemitismo. O
ódio aos comunistas era uma das bases do nazismo, sendo o Pacto Anticomitern
uma consequência natural de todo o processo.
Mas no dia 23 agosto de 1939 todo o histórico de oposição e ódio foi deixado de
lado quando Ribbentrop assina com o Vyacheslav Molotov o conhecido Pacto
Germano-Soviético. Naquele momento, interessava ao III Reich evitar uma possível
guerra em duas frentes de batalha como ocorrera na Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Pelo lado soviético, em meio ao terceiro Plano Quinquenal iniciado
em 1938, interessava evitar a entrada na guerra a todo o custo e, ao mesmo tempo,
contar com o beneplácito nazista com relação ao expansionismo no leste europeu.
Fica acertado entre as duas nações, além de uma paz de cinco anos entre os dois
gigantes (não agressão), o afastamento bélico e o distanciamento com relação aos
rivais diretos. Era importante tal medida naqueles tempos, lembrando que em julho
de 1938 os soviéticos entraram em confronto com o Japão. O regime expansionista
nipônico tentou alterar a fronteira mongol à força, respondendo a URSS com o
ataque do Exército Vermelho. A Batalha do Lago Khasan deixou claro para os
japoneses que os soviéticos eram adversários duros de serem superados, mudando o
foco da sua expansão. Para os soviéticos, havia a sensação de que seria difícil
manter suas fronteiras intactas diante do fortalecimento dos fascistas e, para tal, o
pacto de fevereiro de 1939 teria forte contribuição.
Mas gera muita polêmica nos anos 1950 a divulgação, por parte de Nikkita
Kruschev no contexto da desestalinização, das cláusulas secretas do Pacto. Nestas, a
Europa Oriental era dividida em zonas de influência entre germanos e soviéticos, a
invasão mútua da Polônia (que deixaria de existir novamente, sendo partilhada pelos
dois países) é acertada e os homens de Stalin comunicam a posterior ocupação
soviética da Finlândia. Relações comerciais também estavam neste acordo, sendo
interessante para a Alemanha nazista poder contar com o petróleo soviético
enquanto a reconstrução do exército soviético contava com o material bélico
alemão.
Caiu como uma “bomba”em Paris e Londres tal acordo. As autoridades franco-
britânicas, que apostaram em um possível ataque à URSS por parte dos fascistas,
encaravam neste momento o fracasso da Política do Apaziguamento. Era tarde em
demasia para conter o fortalecimento do Eixo, mas não restava outra alternativa para
as potências ocidentais reafirmar que não telerariam outros avanços nazistas neste
contexto. Iniciava-se uma “Guerra de Nervos”54.
Enquanto isso, França e Inglaterra pouco faziam com relação à mobilização militar.
A imprensa chamava o conflito de “a guerra estranha”, pois poucas ações efetivas de
guerra foram tomadas pelos dois gigantes europeus. Na verdade, isso era reflexo da
“fadiga de guerra” mencionada anteriormente como um dos fatores para a Política
do Apaziguamento. Franceses acreditavam (ou queriam acreditar) que a “Linha
Maginot” impediria qualquer avanço nazista sobre seu território, enquanto os
britânicos confiavam na defesa natural (o mar) contra a Wehrmacht.
[...] Iremos até ao fim. Lutaremos na França. Lutaremos nos mares e oceanos,
lutaremos com confiança crescente e força crescente no ar, defenderemos nossa ilha,
qualquer que seja o custo. Lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de
desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas colinas; nunca nos
renderemos, e se, o que eu não acredito nem por um momento, esta ilha, ou uma
grande porção dela fosse subjugada e passasse fome, então nosso Império del além-
mar, armado e guardado pela Frota Britânica, prosseguiria com a luta, até que, na
boa hora de Deus, o Novo Mundo, com toda a sua força e poder, daria um passo em
frente para o resgate e libertação do Velho.
Uma visão otimista fez Hitler almejar o petróleo do Cáucaso soviético. Para o
Führer, a URSS era como uma casa podre, onde “só precisamos chutar a porta da
frente [...] então toda a apodrecida estrutura interna irá desmontar”. Alegando
violação de fronteira, Hitler invade a URSS sem declaração formal de guerra ou
mesmo um ultimato comum nestes casos. Stalin não esperava a violação do Pacto
Germano-Soviético naquele momento, chegando mesmo a acreditar que poderiam
ser dissidentes nazistas que queriam jogá-lo contra o Führer. Mais de uma semana
depois de iniciada a Operação Barbarossa, Stalin convoca os trabalhadores para
ingressar em uma “Guerra Patriótica”, inclusive libertando generais do Exército
Vermelho presos nos Processos de Moscou (1936).
O local escolhido para o ataque japonês foi a base de Pearl Harbor na manhã do dia
7 de dezembro de 1941. Mesmo com sinais colhidos ao longo dos meses sobre um
possível ataque do Japão, as autoridades estadunidenses não se prepararam
devidamente para tal, nem mesmo estando a base em alerta máximo para minimizar
possíveis perdas, o que até hoje gera especulações sobre tal postura. Com quase
duzentos aviões destruídos e dois mil e quinhentos estadunidenses mortos em tal
ataque, seguiu-se a declaração de guerra dos Estados Unidos ao Japão, ordenando o
presidente Roosevelt um ataque a Tóquio.
Quatro dias depois, era o III Reich que declarava guerra aos Estados Unidos, que
ingressavam definitivamente na guerra, antes limitando sua participação aos lend-
and-lease acts, importantes para a o fornecimento de armas e outros suprimentos
militares para as nações aliadas que lutavam contra o Eixo. Ainda no início de 1942,
é convocada a III Conferência do Rio de Janeiro, em que os estadunidenses
conseguem, sob a justificativa de salvar a “unidade continental”, uma moção que
recomendava o rompimento de relações com o Eixo.
O Brasil sinaliza o apoio aos Estados Unidos ao final do encontro em sua capital,
rompendo relações diplomáticas com o Eixo no dia 28 de janeiro de 1941. Tal
posição brasileira recebe como resposta sucessivos ataques de submarinos alemães
ao seu vasto litoral, o que favorece as pressões populares e estadunidenses para a
entrada na guerra. É somente em agosto que Getúlio Vargas decreta o estado de
beligerância (22 de agosto) e, a seguir, o estado de guerra (31 de agosto) contra
Alemanha e Itália. Bases aéreas estadunidenses foram montadas no nordeste
brasileiro, destacando-se aquela de Natal, chamada por muitos de “o trampolim para
a vitória” dos Aliados ao norte da África.
É neste momento que ganha força a Resistência Francesa, que tinha nos general
Henri Giraud e no marechal Charles de Gaulle seus principais líderes militares.
Comandando o governo da França Livre, de Gaulle gradualmente conseguiu
controlar algumas das principais colônias francesas e também colocar a França em
posição de destaque nas conferências entre os principais líderes políticos aliados,
sendo a primeira de grande importância sediada no Marrocos francês.
Mais importante batalha da Segunda Guerra Mundial, aquela que ocorreu entre
julho de 1942 e fevereiro de 1943 tem algumas peculiaridades a serem ressaltadas.
Após serem expulsas dos subúrbios de Moscou, quando Stalin apelou ao sentimento
nacional para fortalecer a resistência militar criando até mesmo hino para a URSS,
as tropas nazistas deslocaram-se para o sul soviético objetivando a região do
cáucaso. Para isso, deveriam ocupar a cidade que era batizada com o nome do líder
máximo da URSS desde 1924, o que simbolicamente seria significativo.
Em novembro de 1943 acontece a primeira reunião entre os três grandes líderes das
forças antifascistas. Na Conferência de Teerã (novembro-dezembro de 1943),
Roosevelt, Stalin e Churchill lançam as bases para a futura divisão do mundo em
áreas de influência. Importante também foi o reconhecimento de Tito como líder das
forças aliadas na Iugoslávia, o reconhecimento da presença soviética no Báltico e a
promessa estadunidense de que, em breve, colocariam em ação suas tropas na
Europa continental por meio da Operação Overload. Outros temas como a entrada
da Turquia na guerra e a crise do Irã foram alvos de longas discussões na
conferência, garantindo os três principais aliados auxílio econômico para o novo
governo iraniano mesmo em um contexto de privações devido à guerra. Analistas
ressaltam a importância da aproximação pessoal entre Stalin e Roosevelt neste
momento, apostando o presidente estadunidense que poderia alterar algumas das
políticas soviéticas por meio da aproximação com Moscou. Roosevelt, inclusive,
prometeu auxílio econômico para a reconstrução soviética no pós-guerra.
Stalin ainda esperou até o dia 6 de junho de 1944 para ver as forças alemãs divididas
em duas frentes de batalha do continente europeu. Com o desembarque aliado na
Normandia, o “Dia D”, inicia-se a “desnazificação”da Europa Ocidental, sendo
Paris oficialmente libertada no dia 25 de agosto de 1944. Neste contexto, as tropas
aliadas almejavam a invasão da Alemanha. Sob a percepção de uma derrota
iminente, Hitler ordena a execução da “solução final” nos campos de concentração,
enquanto se resguardava em um dos diversos bunkers espalhados por Berlim.
A proximidade da paz e a certeza de que a vitória era uma questão de tempo fez com
que os aliados buscassem arquitetar como seria o mundo do pós-guerra. Do ponto de
vista econômico, a interpretação é de que a guerra foi fruto das dificuldades no
comércio mundial nos anos 1930 com o crescente protecionismo fruto da Grande
Depressão. Assim, era preciso fomentar as relações comerciais entre os países e,
para isso, são organizadas as Conferências de Bretton Woods reunindo
representantes das 44 nações aliadas, tendo como centro dos debates o Hotel Mount
Washington, em New Hampshire. Ao final das conversações, o Acordo de Bretton
Woods foi assinado, definindo um sistema de regras, procedimentos e instituições
como o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento e o Fundo
Monetário Internacional. Fundamental para o incremento das trocas comerciais seria
a adoção de um política monetária que mantivesse a taxa de câmbio dos países
membros indexada ao dólar - era o padrão dólar-ouro.
Ainda restavam algumas questões em aberto para serem decididas entre as potências
e os aliados se reúnem pela última vez em julho de 1945. Roosevelt não mais estava
lá e Churchill chega a participar dos primeiros encontros, mas perde as eleições
inglesas para o representante do Partido Trabalhista Clement Attlee, que o substitui
na Conferência de Potsdam (julho-agosto/1945). Entre as principais decisões
tomadas, estavam a divisão da Alemanha e de Berlim em quatro áreas de influência
(URSS, EUA, Inglaterra e França), a oficialização de uma nova fronteira entre a
Polônia e a URSS (Linha Oder-Neisse) e o julgamento dos nazistas por crimes
contra a humanidade no Tribunal de Nuremberg. Como a guerra ainda existia no
Oriente, Stalin promete mais uma vez direcionar suas tropas para o Pacífico
Asiático.
Em meados de 1945 restava apenas o Japão no conflito que, com a utilização de
pilotos kamikazes, ainda realizava estragos consideráveis nas regiões comandadas
pelos aliados, atirando seus aviões sobre encouraçados dos estadunidenses. Diante
da recusa nipônica em abandonar o conflito, os Estados Unidos, de maneira
unilateral, optam pelo lançamento de uma bomba atômica na cidade de Hiroshima.
Fruto do Projeto Manhattan que, sob a direção do major-general Leslie Groves,
desde 1942 buscava elaborar uma arma a partir da fissão do átomo, muitas vezes
obtendo informações importantes de pesquisas alemães que iam no mesmo sentido.
Como o Japão não se rende, mesmo após os estragos realizados pela bomba,
Washington decide por um novo ataque nuclear, dessa vez tendo como alvo a cidade
de Nagasaki. É somente após este segundo golpe que os japoneses assinam a
rendição no dia 15 de agosto de 1945.
Nos últimos quatro meses de 1945, as atenções mundiais são divididas entre os
impactos que as bombas atômicas provocaram no território japonês e o início do
Julgamento de Nuremberg, quando os nazistas aprisionados foram julgados pelos
crimes de guerra cometidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Muitos dirigentes ligados ao nacional-socialismo conseguiram fugir da Europa (para
a Argentina, por exemplo, através da Operação Odessa), mas daqueles que
enfrentaram os Processos de Guerra de Nuremberg apenas três foram absolvidos
(Franz von Papen, Hans Fritzsche e Hjalmar Schacht) e outros 12 foram condenados
à morte. Iniciava-se a reconstrução do mundo nos escombros da longa guerra
mundial.
16. A Guerra Fria (1947-1991)
16.1. Origens
A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade mergulhou no que
se pode encarar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mundial, embora uma
guerra muito peculiar. Pois, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, “a
guerra consiste não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo em
que a vontade de disputar a bataha é suficientemente conhecida”. A Guerra Fria
entre EUA e URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do
Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos. Gerações inteiras se criaram
à sombra de batalhas nucleares globais que, acreditava-se firmemente, podiam
estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade55.
Mas a Guerra Fria ainda não começara. A URSS, preocupada com a sua
reconstrução, desmobilizou o poderoso exército vermelho. A economia ainda sofria
com os efeitos do conflito, devido à desestruturação de suas indústrias e ao recuo
pela metade de sua produção agrícola. Stalin aguardava pelos empréstimos
prometidos por Roosevelt em Yalta.
Como um líder de uma nova cruzada, o presidente dos Estados Unidos faz um
emblemático discurso no Congresso, no qual deixava evidente que a oposição entre
os ex-aliados aprofundou-se a ponto de colocar o mundo diante de uma nova guerra.
Nesta, a Europa não se apresentava mais no epicentro das decisões mundiais, sendo
Moscou e Washington os novos protagonistas. O mundo apresentava-se dividido
entre duas tendências ideológicas: o comunismo e o capitalismo. Mergulhado na
tensão gerada pelo conflito político entre Estados Unidos e União Soviética, o
mundo agora encontrava-se bipolarizado.
Enquanto isso, na URSS, o grande foco era superar a crise do pós-Segunda Guerra
Mundial. Com o fim das esperanças de receber auxílio estadunidense para a
reconstrução do Leste europeu, o politburo soviético decide por atuar em dois
vieses: por um lado, o fortalecimento de sua estrutura militar e, de outro, a
promoção da sovietização do Leste Europeu.
Perante tal contexto, era imperioso evitar que o exemplo do titoísmo resultasse no
enfraquecimento da influência soviética nos demais países do Leste Europeu. O
Komitern, extinto em 1943, foi substituído pelo Komiform, cujo objetivo era
semelhante no sentido de auxiliar no esvaziamento da ideologia comunista.
Violando unilateralmente a Declaração da Europa Libertada, a URSS promove as
chamadas “revoluções pelo alto”, impondo, com muita dificuldade, partidos aliados
na Hungria, Tchecoslováquia e Polônia.
Com um vasto histórico de domínio russo em sua história - sendo os mais recentes
aqueles que levaram à dissolução do país após o Congresso de Viena, sem
esquecermos da invasão resultante do Pacto Germano-Soviético ainda em 1939 -,
faziam do sentimento antissoviético um obstáculo para os planos de Stalin, que
enfrentou o Levante de Varsóvia (1944) e colocou o Partido dos Trabalhadores
Poloneses, oriundos da Resistência comunista, no poder.
Segundo José Flávio Sombra Saraiva, Stalin tinha a concepção de que a Europa
Oriental era parte do Império Soviético, sendo assim “o controle político na região
recrudesceu, o monitoramento e a planificação das economias foram ampliados e a
regra do arbítrio foi imposta sobre as vozes dissonantes da democracia política”.
Considerado como uma resposta ao Plano Marshall, cria-se o Conselho de Ajuda
Mútua Econômica (CAME ou Comecom), que objetivava promover a integração
das economias do Leste, com o intuito de criar uma espécie de “mercado comum”
entre os comunistas. Foram criados acordos de comércio preferencial, de
complementação econômica e mesmo sobre tarifa externa comum. Este órgão foi
ampliado ainda em 1962 com o ingresso da Mongólia e, nos anos 1970, com a
inserção cubana (1972) e vietnamita (1978).
Do ponto de vista militar, uma aliança militar foi realizada em maio de 1955 sob a
liderança da União Soviética. Além desta, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia,
Albânia, Bulgária e Alemanha Oriental estabeleceram um compromisso de auxílio
militar mútuo em caso de agressões. Mesmo que as suas principais ações tenham
ocorrido por questões internas e não devido a uma ameaça externa ao bloco
soviético, esta aliança militar preventiva e defensiva pretendia ser uma antagonista
aos países que compunham a OTAN.
16.4. Periodização
Mesmo sabendo que existem diferentes interpretações sobre as fases que compõem
a Guerra Fria, é importante para fins didáticos a escolha de algum tipo de corte
cronológico. Desta forma, segue uma divisão básica em cinco períodos.
No dia 11 de maio de 1949 o bloqueio foi encerrado. Seu principal resultado foi a
criação de dois países: a República Popular Democrática Alemã (RDA) e a
República Federal da Alemanha (RFA). A Alemanha estava oficialmente dividida.
Formar um novo Estado na China foi tarefa árdua. Yat-sen apoiou a posse do líder
do novo exército (com bases ocidentais de organização), Yuan Shikai, como
presidente, mas suas ambições imperiais levaram-no ao isolamento e sua
consequente saída do poder em 1916. A partir daí, a República é dividida entre os
chamados senhores da guerra (chefes militares que detinham o poder em diversas
regiões do país) e a tentativa de unificação promovida pelo Kuomitang.
Após a retirada japonesa, a guerra civil é retomada. Sendo um dos cinco membros
do Conselho de Segurança da ONU, era interessante para as potências uma paz
negociada, que fracassou. Os estadunidenses, preocupados com as ações vitoriosas
do PCC, repassam armas e dinheiro para o Kuomitang, que mesmo assim não
consegue êxito em seus esforços. No dia 1º de outubro de 1949, contando com
limitado apoio soviético, Mao Tsé-tung proclama a República Popular da China. Os
nacionalistas transferem seu governo para Taiwan, sendo reconhecidos pela ONU
como o legítimo representante da China em sua estrutura.
Tal reação da ONU diante da Revolução Chinesa causou protestos na península da
Coreia. Parte do Império Japonês desde 1910, a Coreia foi libertada por tropas
estadunidenses ao sul e soviéticas ao norte, o que resultou na divisão do país através
do paralelo 38. Em 1948, o líder da resistência contra a ocupação japonesa Kim II-
sung tornou-se a principal liderança política da República Popular Democrática da
Coreia do Norte enquanto na República da Coreia do Sul fora colocado como
presidente Syngman Rhee, liderando um governo de notáveis que haviam
colaborado com o Japão.
Com a chegada de Kruschev ao poder, que possuía uma tendência mais “liberal” que
seu antecessor, ocorre a chamada desestalinização. Baseado na tese de que o
socialismo soviético fora vitimado por uma doença - o “culto à personalidade”de
Stalin, fonte de graves perversões dos princípios do partido, da democracia
partidária e da legalidade revolucionária, Kruschev denuncia e usa o XX Congresso
do PCUS para denunciar os “crimes de Stalin”. Em discurso marcante no
Congresso, Kruschev assim se refere aos tempos do georgiano:
É neste momento que a URSS de fato torna-se uma potência mundial. Na segunda
metade da década de 1950, os soviéticos finalmente recuperam-se dos estragos da
Segunda Guerra Mundial nos planos econômico e demográfico, refletindo esta
estabilidade na conquista do espaço com o lançamento do Sputinik (1957) e o fim
da vulnerabilidade nuclear, conquistando um real equilíbrio neste campo com os
europeus ocidentais.
A adoção da doutrina da contra-insurgência fez com que, nos anos que se seguiram,
não só a política externa dos Estados Unidos retomassem os princípios
intervencionistas (ocupação de São Domingos em 1965), como realizasse uma
completa reciclagem da função das forças armadas latino-americanas. Os militares,
subentendia-se, não seriam apenas os guardiães das normas constitucionais e das
fronteiras nacionais mas passariam a exercer diretamente eles próprios o poder em
seus respectivos países, se as circunstâncias assim o determinassem. Para os altos
estrategistas do Departamento do Estado a debilidade da democracia nos países
latino-americanos fazia com que ela fosse alvo fácil dos assaltos da subversão,
obrigando que medidas extraordinárias fossem tomadas para contê-la. Expedientes
que, fatalmente, conduziam a um sacrifício temporário das normas democráticas e à
suspensão dos direitos gerais dos cidadãos, visto que o inimigo ideológico (as várias
agrupações e partidos marxistas espalhados pelos continente) aproveitava-se das
instituições e das garantias constitucionais de um Estado de Direito para semear a
discórdia e difundir programas que insuflavam a luta armada contra a ordem
instituída.
Ou seja, o que podemos perceber é que aliados, para os americanos, eram aqueles
que apoiavam sua política externa e abriam sua economia interna para os Estados
Unidos. E a marca comum desses três governos é o domínio social, a pacificação de
conflitos sociais com alguma preocupação com o desenvolvimento interno.
Interessante é notar que poucos deles sobreviveram ao vendaval golpista que se
desencadeou sobre a América Latina após a morte de John Kennedy em novembro
de 1963.
Se o temor de uma guerra nuclear serviu para o início de uma nova diástole entre as
duas maiores potências mundiais, sendo marcante a construção de um complexo
sistema de comunicação entre a Casa Branca e o Kremlin, conhecido como
“telefone vermelho” ou mesmo acordos como aquele que proibia testes nucleares
“sob a água, na atmosfera e no espaço extraterrestre”, o impacto das negociações
que culminaram na retirada dos mísseis instalados em Cuba foram desastrosos para
Nikita Kruschev.
Acusado de cometer erros políticos graves, Kruschev foi destituído em uma espécie
de golpe palaciano ainda em 1964. O líder soviético responsável pelo programa
espacial soviético que levou o cosmonauta Yuri Gagárin ao espaço era acusado de
não solucionar o grave problema agrário originado ainda na coletivização forçada e
inserir a URSS em uma guerra armamentista que interessava tão somente aos EUA.
Os conspiradores aproveitaram as férias de Kruschev para retirá-lo do poder,
assumindo então uma troika (triunvirato) liderada por Leonid Brejnev, primeiro-
secretário do partido, que contava ainda com Alexey Kossiguin, presidente do
Conselho de Ministros, e Nikolai Podgorny, presidente do Soviet Supremo.
• Teoria do Efeito Dominó, assim explicada por Diem: “Se vocês colocarem uma
série de peças de dominó em fila e empurrarem a primeira, logo acabará caindo até a
última... se permitirmos que os comunistas conquistem o Vietnã, corre-se o risco de
se provocar uma reação em cadeia e todo os estados da Ásia Oriental tornar-se-ão
comunistas um após o outro”;
Enquanto ao sul a Guerra Fria mostrava-se cada vez mais intensa, com disputas
entre comunistas e capitalistas em diversos países, ao Norte o conflito entrava em
sua fase “congelada”, onde EUA e URSS possuíam interesses cada vez mais
próximos, inaugurando uma nova fase do confronto.
A partir do encontro entre os dois grandes líderes em Moscou, uma série de novas
reuniões foram acertadas entre soviéticos e estadunidenses. Intercâmbios
econômicos foram assinados, facilitados pela aprovação do Export Administration
Act (1969) pelo Congresso dos Estados Unidos. Até mesmo a cláusula que cedia aos
soviéticos o status de nação mais favorecida está neste contexto. Ainda em 1974, foi
assinado o acordo que proibia os testes nucleares subterrâneos com a potência maior
a 150 quilotons. O auge desta aproximação, já com Gerald Ford na presidência
estadunidense, o acordo final da Conferência de Helsinki, determinava as cláusulas
de inviolabilidade das fronteiras nacionais e o respeito pela integridade territorial.
Kissinger também foi protagonista da mudança nas relações entre Estados Unidos e
a República Popular da China, tensas desde a Revolução de 1949. A aproximação
entre as duas potências acontece a partir de um encontro entre atletas que
participavam de um campeonato internacional de tênis de mesa no Japão. O atleta
estadunidense Glenn Cowan entrou por engano no ônibus da delegação chinesa,
sendo recebido de forma amistosa pela maior estrela chinesa, o tênis mesista
Zhuang Zedong, que confessou posteriormente ter seguido orientação do próprio
Mao para buscar boas relações com a equipe oponente capitalista. Ainda em 1971,
Kissinger arquiteta a Diplomacia do Pingue-Pongue, que tem seu auge quando
Nixon visita a China em 1972. O resultado desta foi um comunicado conjunto no
qual os dois países negligenciavam a busca por hegemonia naquela região. Diziam
também que nenhuma outra potência poderia almejar o mesmo, em clara referência
à URSS que, naqueles tempos, mantinha excelentes relações com a Índia.
Entretanto, não podemos afirmar que este período de aproximação entre as duas
potências é ausente de tensões e, até mesmo, de conflitos. Na URSS ruídos no
relacionamento com seus satélites novamente aparecem. Na Tchecoslováquia, em
janeiro de 1968, reformas democráticas são implementadas por Alexander Dubcek
que, apoiado por intelectuais, concede não apenas a ampliação dos direitos
individuais, mas também o relaxamento do controle da imprensa e mudanças na
economia planificada. Conhecida como a Primavera de Praga, esta tentativa de dar
ao socialismo de bases soviéticas “um rosto mais humano”foi recebida por Moscou
com receio.
A porta principal abriu novamente e alguns altos oficiais da KGB entraram [...]. O
pequeno coronel rapidamente sacou uma lista de todos os membros do Partido
Comunista presentes e nos disse que estávamos sendo postos “sob sua proteção”.
Realmente estávamos protegidos, sentados ao redor da mesa - cada um de nós tinha
uma metralhadora apontada para a nuca66.
O republicano ganhou as eleições de 1968 sob o lema “paz com honra no Vietnã”.
Mas sua estratégia de fortalecer os vietnamitas do Sul ainda não tinha resultado em
avanços concretos para a paz, sendo o conflito estendido até o então neutro
Camboja. O vazamento dos Pentagon Papers influenciou fortemente nas pressões
contra Nixon, pois ficava evidente para a opinião pública que muitos dos
argumentos utilizados pelo Departamento de Estado para justificar a intervenção
não se sustentavam.
A “vietnamização da guerra” foi iniciada ainda em 1971, com a redução das tropas
da Austrália e Nova Zelândia, assim como a diminuição da presença de soldados
americanos, que seguiriam um calendário para a retirada total das tropas, neste
momento já tomadas pelo desânimo, consumo de drogas, conflitos raciais e
insubordinações crescentes.
Após a controversa vitória sobre o democrata George McGovern, marcada pelos
debates sobre o futuro da intervenção no Vietnã e soluções para a crise econômica,
Nixon anuncia em janeiro de 1973 a retirada das tropas e assina os Acordos de Paris
com o Vietnã do Norte. O auxílio aos capitalistas do sul continua até 1975, quando
finalmente a Frente Nacional de Libertação ganha o conflito e unifica o país, dando
origem à República Socialista do Vietnã (1976) que não só ingressaria no
COMECOM, mas também expandiria sua influência na península da Indochina,
transformando Laos e Camboja em uma espécie de “protetorados”, entre 1977 e
1979.
Com o passar dos meses de governo, Carter parecia não conseguir superar
problemas como a crise econômica e enfrentava crescente descontentamento de
setores conservadores com relação à sua política externa. Ao final do mandato,
quando tentava a reeleição, sucessivas crises internacionais afetaram sua campanha.
A chegada de um governo socialista na Nicáragua foi a de menor impacto naqueles
tempos.
Nem mesmo o retorno das tensões com a União Soviética conseguiu salvar os
democratas, acusados de fragilidade nas posições externas. As represálias
estadunidenses aos comunistas soviéticos ocorreram porque estes invadiram o
Afeganistão. A URSS tinha relações históricas com o Afeganistão, que remontavam
ainda os tempos czaristas, aprofundadas na década de 1970 e que chegaram ao auge
com a consolidação do Partido Democrático Popular do Afeganistão no poder. E foi
justamente para defender a manutenção deste no poder, temendo o fortalecimento
dos fundamentalistas rebeldes do movimento Mujahidin, que a URSS invadiu o
país, iniciando a longa Guerra Afegã-Soviética (1979-1989).
Enquanto isso, a URSS passava por um delicado momento político. Entre a morte
de Brejnev e a posse de Gorbatchev passaram-se pouco menos de três anos, e outros
dois dirigentes soviéticos no poder (Tchernenko e Andropov). Envelhecido, o
politburo soviético não conseguia solucionar os principais problemas do gigante do
Leste. A insatisfação dos camponeses com a coletivização forçada no campo
resultavam em fracos números na produção agrícola; na política externa, os
problemas no Afeganistão continuavam, arrastando uma guerra de alto custo para os
soviéticos; na economia, a URSS exportava petróleo e importava máquinas e outros
produtos industrializados, evidenciando o atraso de seu parque industrial
(principalmente aquele ligado aos bens de consumo) comparado aos das potências
capitalistas; e, por fim, os subsídios dados os satélites pesavam nas contas
soviéticas, que não mais conseguia sustentar a corrida armamentista.
O bloco terceiro-mundista esfacelava-se em meio ao aumento da dívida externa. O
segundo Choque do Petróleo (1979) arrastou os países “em desenvolvimento” a uma
crise sem precedentes, o que dificultou a unidade entre os mesmos e proporcionou
aos Estados Unidos a promoção de acordos bilaterais. Na segunda metade da década
de 1980, a hegemonia estadunidense era algo evidente, não restando outra solução
aos soviéticos senão promover intensas mudanças estruturais.
Para reduzir os gastos com a defesa seria necessário uma aproximação com os
Estados Unidos. Em 1986, a cúpula estadunidense e soviética encontraram-se na
Islândia para negociações sobre a redução dos arsenais nucleares. A chamada
Cimeira de Reiquiavique não logrou em um acordo imediato, mas as conversações
resultaram no Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, no ano de
1987. Além de permitir inspeções mútuas de instalações militares e tratar de
questões sobre os direitos humanos, o tratado determinava a extinção dos mísseis
balísticos e de cruzeiros (nucleares ou convencionais) localizados na Ásia e na
Europa até o início dos anos 1990.
Em 1988, outra intervenção tinha fim. Os Acordos de Nova York assinados por
Angola, Cuba e África do Sul na ONU - sob intermédio das superpotências -
estabeleciam não somente a retirada das tropas estrangeiras e a paz em Angola, mas
também a independência da Namíbia. Eram tempos da Doutrina Sinatra, descrita
desta forma pelo porta-voz da URSS ao programa de entretenimento estadunidense
Good Morning America em 1989: “Nós temos agora a doutrina de Frank Sinatra.
Ele tem uma música, I Did It My Way. Assim, cada país decide sobre qual o
caminho a tomar.” Quando perguntado se isso incluiria Moscou aceitando a rejeição
dos partidos comunistas do bloco soviético, ele respondeu: “Isso com certeza...
estruturas políticas devem ser decididas pelo povo que lá vive.”
A chamada Revolução de 1989 tem seus últimos capítulos na Bulgária, onde o líder
comunista Todor Jivkov abandona o poder após 35 anos, abrindo espaço para as
reformas democráticas que levariam à vitória eleitoral da União das Forças
Democráticas, em 1991. Na Tchecoslováquia, os reivindicações encapsuladas desde
a “Primavera” de 1968 originaram uma série de manifestações estudantis nos dois
últimos meses do ano. O governo anunciou o fim do Estado de partido único. Era a
Revolução de Veludo, que culminou na pacífica dissolução da nação em 1993.
Enquanto isso, na Romênia, o ditador Nicolae Ceausescu era executado juntamente
com a sua mulher, marcando assim o fim de um governo de 24 anos e que seria
substituído a partir das eleições de 1990.
A liberalização aconteceria bem antes do previsto por todos, com muitas mudanças
promovidas pelos vizinhos do Leste. Repercute na Alemanha principalmente a
abertura das fronteiras húngaras, pois esta levou milhares de alemães orientais para
o lado acidental sem precisar passar pelos tão temidos postos de fronteira instalados
no Muro. As posições autoritárias do líder comunista alemão Erich Honecker foram
de encontro à política de Gorbachev, sendo este publicamente contra a política
repressora liderada pela Stasi (polícia secreta) quando de sua visita à Alemanha
Oriental em outubro de 1989. O Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED)
decidiu retirar Honecker do poder, colocando Egon Krenz, que era favorável às
reformas. As pressões populares pelo livre trânsito e pelo fim do Muro de Berlim
saíram do controle do SED, que assistiu não somente à queda do Muro em
novembro, mas também ao acelerado processo de reunificação, concluído já em
outubro de 1990.
Historiadores divergem sobre qual fato que realmente pôde assinalar o fim da
Guerra Fria. É certo, contudo, que com o fim da URSS definitivamente não mais
existia um mundo caracterizado pela disputa por hegemonia entre a União Soviética
e os Estados Unidos. Era também, para Eric Hobsbawn, o fim do “breve século
XX”, a “Era dos Extremos”.
17. As Lutas de Libertação Afro-
Asiáticas
A África passou por uma experiência colonial relativamente curta no tempo
decorrido, mas muito intensa no sentido das mudanças econômicas, sociais e
culturais. A expansão colonial europeia sobre o continente africano adquiriu maior
vigor na virada do século XIX para o XX, quando precisou defrontar diversas
resistências pulverizadas de maior ou menor envergadura, mas ainda sem os
desenhos das lutas políticas nacionais que se delineariam a partir de meados do
século XX. Passado pouco mais de meio século, a dominação colonial europeia
enfrentaria um desejo de independência mais consistente por parte dos africanos.
Desejo esse que se transformaria numa inadiável realidade no pós-Segunda Guerra,
em especial a partir dos anos 195067.
17.1. Fatores
Com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as principais potências
europeias colonialistas voltaram as suas atenções para seus problemas internos.
Gastos com a reconstrução e o medo da expansão do comunismo pelo continente
sugaram as forças destes agora combalidos Impérios. Ao mesmo tempo, os
movimentos de libertação nacional, alguns gestados ainda no período entre-guerras
(1918-1939), se fortaleciam sobremaneira.
• Não ingerência nos assuntos internos de outros países, assim como o direito de
cada nação se defender só ou coletivamente, conforme a Carta da ONU;
• Passeatas;
Em 1930 Gandhi promoveu a Marcha do Sal, onde conseguiu reunir mais de 60 mil
em uma passeata pacífica em direção ao mar que duraria mais de 24 dias. A ideia era
mostrar ao povo indiano que era possível romper pacificamente o monopólio
britânico sobre o sal. Uma vez preso, as manifestações nas ruas estavam sem
controle, as autoridades metropolitanas perceberam que um confronto direto seria
impossível, adotando a estratégia de libertação gradual da sua principal colônia.
Ainda com relação ao território da antiga Índia, no extremo sul da região, na ilha de
Celião, forma-se o Sri Lanka, com maioria da população budista. Criada em 1971, a
República de Bangladesh fica independente depois de uma guerra de libertação
contra o Paquistão Ocidental.
• Banto Education Act: destinava aos negros uma educação inferior do que aquela
destinada aos brancos.
Em 1989, Frederik De Klerk, chefe do Partido Nacional, admitia que a única forma
de combater a crise econômica, resultado da fuga de capitais e boicotes
estabelecidos, seria negociar com o CNA o fim do apartheid. Nelson Mandela,
advogado e ativista contra o apartheid, condenado à pena de morte convertida à
prisão perpétua na ilha Robben, torna-se uma figura-chave nas negociações, assim
como o bispo Desmond Tutu, que livre pregava a “intolerância positiva” contra as
leis injustas.
O regime salazarista não poderia perder suas colônias. Sua economia estava baseada
na exploração indireta das colônias, uma vez que permitia que mineradoras e
petrolíferas multinacionais explorassem suas colônias em troca de parte dos lucros.
Em Moçambique, o principal porto, por exemplo, era utilizado pela África do Sul
para exportar os seus produtos.Além disso, o discurso nacionalista salazarista
difundia a ideia que as colônias seriam o resquício do Império Ultramarino
português formado ainda no século XV. As colônias não poderiam ficar
independentes.
Para conter as críticas vindas da ONU (sob o lema “orgulhosamente sós”), o
governo fascista português transforma suas colônias em províncias ultramarinas e
utiliza os escritos de Gilberto Freyre em que o autor brasileiro destacava a posição
do colonialismo português desde os tempos de América portuguesa, afirmando que
as relações eram baseadas no luso-tropicalismo, onde existe uma relação próxima
entre negros e brancos em sua obra clássica “Casa Grande e Senzala”.
Enquanto Salazar batalhava para manter intactas as bases de seu regime, o processo
de lutas de libertação (ou descolonização) chegava no continente africano,
destacando-se o período entre 1956 e 1962, quando 36 países autônomos surgiram
no continente. Nas áreas lusófonas, a maior exploração portuguesa é o aumento da
imigração de brancos metropolitanos, que ocupariam o espaço econômico dos
crioulos (uma diminuta elite urbana resultado de uma mestiçagem cultural - aquele
branco, mestiço ou negro que tem, simultaneamente, elementos das culturas africana
e europeia). É justamente este segmento letrado que protagoniza o início da
contestação ao colonialismo português, reunindo-se em clubes e associações, muitas
vezes dialogam com o marxismo. Os principais movimentos nacionalistas a levantar
a bandeira do anticolonialismo na África Portuguesa eram:
Marcelo Caetano, percebendo que não tinha condições de resistir, rende-se ao final
do dia. A população já estava nas ruas, em demonstração de apoio ao novo regime.
Poucas foram as mortes e o novo governo tinha um desafio pela frente: organizar as
libertações no ultramar.
17.3. O processo de libertação
Portugal reconhece a independência da Guiné-Bissau (10 de setembro de 1974),
Cabo Verde (19 de dezembro de 1974) e São Tomé e Príncipe (25 e julho de 1975).
O PAIGC foi reconhecido como único partido no poder tanto na Guiné Bissau como
em Cabo Verde, fomentando não apenas a construção do socialismo, mas também a
união das duas ex-colônias portuguesas que, a partir de então, possuíam o mesmo
presidente: Luís Cabral, irmão de Amílcar, assassinado pouco antes da
independência, ainda em 1973.
A partir deste momento, a luta a ser travada pelos movimentos é pela legitimidade:
qual dos movimentos deveria comandar o país? A utopia de um governo de
transição parecia possível somente para Portugal (afinal estes movimentos já
lutavam entre si antes de Portugal entregar o poder), e o primeiro semestre de 1975
apresenta rupturas dentro deste governo, com a quebra de acordos e conflitos
armados no interior do território.
A corrida pelo fortalecimento de suas posições e pelo poder faz com que os
movimentos de libertação nacional, que divergiam em aspectos étnicos,
econômicos, políticos e em termos de vínculos de solidariedade, passassem a se
valer do antagonismo internacional para fortalecer suas posições internas e
conseguir o poder do país, aprofundando desta forma a luta interna pelo poder.
Começa a 2ª Guerra de Independência.
A FNLA finca raízes ao norte do país, e a ajuda do Congo de Mobuto, que, com
armas (inclusive chinesas) e apoio estratégico na fronteira, possibilitou o domínio
desta região por parte das forças de Holden Roberto. Ao sul, os membros da UNITA
contavam com a ajuda de mercenários ingleses(contratados juntos a uma empresa
privada ligada ao M16), além da África do Sul. Este país atende aos pedidos de
Jonas Savimbi, decidindo ajudar o movimento mais fraco militarmente naquele
momento com tropas, campos de instrução, armamentos e 18 instrutores colocando
em prática a Operação Savannah em outubro71, pois temia a influência de processo
de independência angolana, liderada pelo MPLA (que já tinha tendências
socialistas) na luta da Namíbia por sua autonomia (país este que faz fronteira com
Angola e que era dominado pela África do Sul) e também que o futuro governo do
MPLA impedisse a ação do capital sul-africano no país72.
Com estes apoios internacionais e também contando com a ajuda do capital
estadunidense, que era enviado por meio da CIA, a FNLA e a UNITA caminhavam a
passos largos para a capital Luanda. Na luta travada pelos movimentos pela
conquista da capital Luanda no dia 11 de novembro (o que “legitimaria” o comando
do país), o MPLA conta com um importante aliado para permanecer neste local:
Cuba.
Sendo para muitos uma surpresa, o auxílio militar cubano aos socialistas do MPLA,
a chamada “Operação Carlota”, inicia-se com o envio de técnicos cubanos ao campo
de batalha e é incrementado no início de novembro de 1975. São pegas de surpresa
as tropas da FNLA, da UNITA e de seus aliados africanos da África do Sul e do
Congo, e também os agentes da Central de Inteligência Americana. Nem mesmo os
soviéticos esperavam a ajuda contundente que o aliado de longa data, Fidel Castro,
prestou a seu amigo (como repetido inúmeras vezes ao longo de seus discursos)
Agostinho Neto, que possibilitou a este, às vinte horas do dia 11 de novembro,
proclamar a independência em Luanda.
Muitas coisas nos unem a Angola: a causa, os interesses comuns, política, ideologia.
Mas nós também estamos unidos por laços de sangue. (aplausos) E eu digo de duas
formas: do sangue de nossos ancestrais e do sangue que jorramos unidos no campo
de batalha!(aplausos prolongados)74.
A reação da África do Sul era de total espanto com a reversão tão rápida da situação
militar em Angola. Jornais estampavam nas primeiras páginas o sucesso da
“Operação Carlota”. Um dos mais importantes jornais do país, o Cape Times, trouxe
uma reportagem no dia 21 de novembro dizendo que os comandantes da FNLA e da
UNITA estavam muito admirados com a coragem(do que diziam ser) mercenários
de Cuba combatendo com o MPLA.
[...] Mas havia outros interesses. Em primeiro lugar, tratava-se de uma fronteira
marítima nossa e, em segundo lugar, os angolanos falam português, a nossa língua.
Já disse que éramos a favor das colônias portuguesas que se emancipavam de
Portugal. Achávamos que nosso apoio a Portugal nesse terreno tinha que mudar,
inclusive porque somos anticolonialistas. [...] O importante é que em Angola há
petróleo!77.
Eles acreditaram que o MPLA era fraco. Acreditaram que a FNLA era um
movimento poderoso. Era uma ficção, subvencionada pela CIA. Eles pagavam US$
300 mil ao Mobutu por informações. Acreditavam no Mobutu78.
A internacionalização do conflito é aprofundada no final da década de 1970 e na
primeira metade dos anos 1980, com o discurso anticomunista de Ronald Reagan
atingindo o território angolano, chegando até mesmo ao ponto de anunciar ao
congresso uma ajuda financeira de 15 milhões de dólares à UNITA.
A paz momentânea abriu espaço para que as urnas decidissem qual movimento
ficaria no poder, algo que não aconteceu em 1975. As eleições parlamentares
ocorreram em 1992, sendo vitorioso o presidente José Eduardo dos Santos, o
sucessor de Agostinho Neto que chegara ao poder ainda em 1970. Jonas Savimbi
não aceita o resultado das eleições e retoma as hostilidades militares. É interessante
observar que parte da UNITA aceita o resultado, ficando dividido este movimento.
Mais uma década de guerra civil impõe severas dificuldades econômicas para a ex-
república socialista. É somente em fevereiro de 2002 que finalmente a guerra acaba,
quando o líder da UNITA, Jonas Savimbi, é assassinado pelo exército regular no dia
22 de fevereiro. Dez anos depois, “eleições democráticas” novamente acontecem
para que os angolanos pudessem escolher o mandatário do Executivo nacional.
Novamente José Eduardo dos Santos, conhecido como “o velho”, ganha nas urnas o
direito de manter-se no poder e reconstruir um país assolado pelas minas terrestres
escondidas, milhares de mutilados e o descrédito de políticos que protagonizaram
um dos episódios mais violentos do século XX.
18. A América Latina no Século XX
18.1. CUBA
Nenhuma revolução poderia ter sido mais bem projetada para atrair a esquerda do
hemisfério ocidental e dos países desenvolvidos, no fim de uma década de
conservadorismo global; ou para dar à estratégia da guerrilha maior publicidade. A
revolução cubana era tudo: romance, heroísmo nas montanhas, ex-líderes estudantis
com a desprendida generosidade de sua juventude - os mais velhos mal tinham
passado dos trinta -, um povo exultante, num paraíso turístico tropical pulsando com
os ritmos da rumba. E o que era mais: podia ser saudada por toda a esquerda
revolucionária79.
Por trás do governo cubano a partir da Revolta dos Sargentos de 1933 estava
Fulgêncio Batista. Militar de formação, Batista liderou a revolta que destituiu o
ditador Gerardo Machado (1925-1933) e assumiu o comando das Forças Armadas
do país sendo “de fato” o comandante da nação até 1940 (período chamado de
“batistiano sem Batista”), quando foi eleito pela Coalizão Socialista Democrática.
Após o fim de seu governo em 1944, Batista exilou-se nos Estados Unidos alegando
questões de segurança. Entre Nova York e Miami continuou ativo na política
cubana, retornando ao país como senador eleito no final da década de 1940, abrindo
espaço para a formação de uma nova agremiação chamada Partido da Ação
Progressista. Nas eleições de 1952 estava em terceiro lugar nas intenções de voto
quando optou por um golpe militar para chegar ao poder, acabando com a frágil
democracia que o país vivia desde 1944 com os governos de Grau San Martin
(1944-1948) e Prío Socarrás (1948-1952).
Era uma vez uma República. Tinha uma Constituição, suas leis, suas liberdades;
possuía presidente, congresso, tribunais; todo mundo podia reunir-se, associar-se,
falar e escrever com inteira liberdade. O governo não satisfazia o povo, mas o povo
podia substituí-lo e só faltavam alguns dias para fazê-lo (…) Certa manhã, a
população despertou estarrecida….Não. Não era um pesadelo. Tratava-se da triste e
terrível realidade: um homem chamado Fulgêncio Batista acabava de cometer o
terrível crime que ninguém esperava80.
Porém tal desenvolvimento não podia ser desfrutado por todos. As desigualdades
sociais agravadas neste período serviram de catalizador para os movimentos que
viram fechados os meios democráticos para se chegar ao poder. Alguns destes
optaram pela luta armada como principal método de ação contra a Ditadura de
Batista, como aquele liderado por um jovem advogado que tentara a vaga de
deputado pelo Partido Ortodoxo em 1952: Fidel Castro. Filho de um rico fazendeiro
de origem espanhola, Fidel estudou na Universidade de Havana e lá desenvolveu
atividades políticas estudantis.
Condenado a quinze anos de prisão, reescreveu sua defesa, publicada com o nome
de A História me Absolverá, de forma clandestina. Sem dúvidas, este documento
contribuiu para a eclosão de movimentos populares pela sua libertação. Após sair da
prisão, Fidel vê suas atividades censuradas pelo governo e decide pelo exílio no
México, onde encontraria condições mais adequadas para organizar o MR-26 de
julho (data do desastre do La Moncada, erro que jamais seria cometido novamente
segundo Fidel). Nos tempos passados na Cidade do México encontra o argentino
Ernesto Guevara, que decide ingressar como médico no pequeno barco de turistas
Granma com outros 82 nacionalistas para derrotar Batista no dia 26 de novembro de
1956.
Ao entrar em Havana, sendo ovacionado pela população de seu país, Fidel Castro
provavelmente não estava pensando em uma das principais dificuldades do regime
que acabava de fundar: a legitimação internacional e, principalmente, as relações
com os Estados Unidos da América. Poderia se pensar que a capa da revista Times
saudando os “barbudos” de Sierra Maestra ou a visita de Fidel aos Estados Unidos
seriam prenúncios de relações estáveis.
Acordos econômicos, como aquele em que Cuba vendia açúcar a preços altos para o
Leste europeu e comprava petróleo a preços baixos, são emblemáticos. Importante
lembrar que, em 1972, Cuba é incorporada ao Comecon, aumentando sua
dependência com relação aos soviéticos. Aproveitando tal relação, acordos militares
também são realizados. Neste contexto, bases para a instalação de mísseis atômicos
russos são construídas em Cuba. Logo descobertas por aviões espiões
estadunidenses, o episódio da Crise dos Mísseis (outubro de 1962) transformou-se
no momento mais crítico da Guerra Fria.
Após negociações diretas entre a Casa Branca e o Kremlin, as bases são retiradas de
Cuba, enquanto os estadunidenses retiram seus mísseis obsoletos apontados para a
União Soviética da Turquia. Fidel não foi consultado por Kruschev, o que marcou
de forma negativa as relações entre os dois líderes até a queda do soviético em
outubro de 1964. A distensão das relações entre as potências se reflete em Cuba,
pois as preocupações com uma possível invasão estadunidense diminuem na medida
em que a ilha busca afirmação no cenário internacional.
A entrada cubana ao lado dos países terceiro-mundistas seria parte do plano castrista
de consolidação de Cuba em um mundo bipolarizado: uma vez exercendo liderança
sobre o bloco dos não alinhados, Cuba seria importante aos soviéticos em uma
tentativa de trazer África para sua órbita de influência; e fazendo parte da
comunidade socialista teria a tão esperada “imunidade” perante as agressões
estadunidenses, o que garantia ao país uma relativa tranquila com relação aos
perigos de uma nova “Operação Pluto” em seu território.
Após o final da crise dos mísseis em 1962, que deixou Fidel Castro muito
insatisfeito com o líder da URSS Nikita Kruschev (este afirmava que o único
perdedor com o final deste episódio tinha sido Cuba), as relações entre os dois
países deterioram-se e o resultado deste distanciamento foi uma política externa
mais agressiva de Cuba em relação à África, com o objetivo de exportar a
revolução, o que ia de encontro com o planejamento soviético para a região.
Nesta nova fase das relações entre Cuba e África, há o envio de tropas para ajudar o
líder da Argélia Ben Bella em sua luta contra o Marrocos. Aproximadamente dois
mil negros cubanos participam desta ação em 1963. Anos depois, uma viagem de
três meses para o continente do ícone socialista Che Guevara aprofunda os
entendimentos entre a ilha e o continente negro, uma vez que há encontros entre
Che e os principais líderes dos movimentos de libertação africanos e também
importantes chefes de estado. Nestes encontros, foram traçados planos de ajuda para
movimentos como o MPLA (que aprofundaremos mais adiante), mas o principal
objetivo era estabelecer as bases para uma intervenção direta na guerra civil no
Congo88. No ano de 1965, Che Guevara pessoalmente liderou uma coluna de 120
homens que entraram no Congo por meio da Tanzânia, enfrentando condições de
luta que desapontaram o mártir latino-americano, tanto que esta aventura ficou
conhecida como “o ano perdido no Congo”89. A experiência congolesa foi um
desastre, o que não desestimulou o guerrilheiro, que acaba assassinado na Bolívia.
É então após 1968 que a política africana de Cuba vai ao encontro com os interesses
soviéticos na região. É neste momento que as relações dos dois aliados voltam-se
para a luta entre as colônias portuguesas e o imperialismo salazarista. Os
movimentos de libertação que tinham o socialismo como horizonte para uma “Nova
África” terão ajuda militar e política não só da URSS, mas também dos cubanos,
que mais uma vez evocam as raízes africanas, “la cubanidad”, para consolidar a sua
influência na região e fincar a bandeira do socialismo no continente91.
Nos anos 1980, a crise no leste europeu chega também a Cuba. Ainda no governo
Andropov a cooperação militar com Cuba tem refluxo significativo, enquanto com o
processo de Perestroika os acordos econômicos que sustentavam a Revolução foram
suspensos. Com o fim do socialismo real, os principais parceiros comerciais de
Cuba agora estavam mais preocupados em integrar-se ao sistema capitalista, o que
resulta em escassez de alimentos e energia na ilha caribenha.
Cuba vive o chamado Período Especial em Tempos de Paz, na década de 1990. A
fome e os constantes apagões em Cuba, juntamente com o incremento do embargo
econômico estadunidense com as Leis Torricelli e Helms-Burton, dificultam muito
as condições de vida do povo. Ataques da opinião pública internacional criticando a
violação dos direitos humanos são maiores e a Revolução parecia fadada ao fracasso
em meados da última década do século XX. A saída foi uma “reinvenção” do
processo: a implementação de join-ventures, um significativo afluxo de capitais com
a abertura ao turismo, e o incremento das relações com a Venezuela de Hugo
Chávez deram uma sobrevida ao regime de Fidel Castro.
Após a renúncia por motivos de saúde em 2008, Fidel passa seus poderes ao irmão
Raul Castro, que desde então procura modernizar Cuba, por meio de medidas de
maior abertura econômica. Provavelmente somente os efeitos do “deus cronos”
promoverão mudanças mais profundas na ilha onde os Buick, Chevrolet Bel-air e
Dodge ainda circulam como nos anos 1950.
18.2. CHILE
Na década de 1960, o Chile vivia sob um governo do Partido Democrata-Cristão.
Eduardo Frei Montalva (1964-1970) foi eleito em 1964 com uma proposta de
promover reformas econômicas juntamente com a ordem, controlando os
movimentos de esquerda como o MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária).
Porém pouco fez neste sentido e, mesmo mudanças legislativas significativas, como
a aprovação da Lei da Reforma Agrária aprovada em 1967, não saíram do papel.
Salvador Allende assume o poder em novembro de 1970. Apesar das ações da CIA
para tentar impedir a posse do socialista, o Exército legalista liderado pelo general
Carlos Prats garante a normalidade do processo, sendo consolidada a “Via Chilena
para o Socialismo”. Nos primeiros meses de governo, mesmo com a oposição da
burguesia e dos Estados Unidos, que mantiveram agentes da inteligência no Chile, o
crescimento econômico era notório.
Líder do golpe militar chileno, Augusto Pinochet comanda o triunvirato que domina
o Executivo chileno durante a Ditadura Militar (1973-1990). Ao chegar ao poder, os
militares iniciaram uma verdadeira “caça às bruxas”, perseguindo de forma
indiscriminada todos aqueles que se identificavam, de alguma forma, com o
governo socialista de Allende. Um dos principais palcos desta barbárie foi o Estádio
Nacional, transformado em uma grande prisão onde torturadores brasileiros
auxiliaram os militares chilenos recém-empossados.
A partir de então inicia-se uma ditadura familiar no país, uma vez que de forma
direta ou indireta a família Somoza controla o país. Os dois filhos de Anastácio,
Luís (1956-1963) e Anastacio Somoza Debayle (1967-1972/1974-1979), sucedem o
pai no comando da Nicarágua, mantendo o perfil autoritário e repressor do
progenitor, associando-se aos interesses do capital estadunidense, podendo assim o
país ser encaixado no perfil “República das Bananas” cunhado pelo cronista
estadunidense O. Henry em 1904.97
Em meio à nacionalização dos bens do clero e à divisão das terras no país, Juárez e
os mexicanos são surpreendidos com o projeto expansionista napoleônico. Napoleão
III aspirava resturar o Império e para tal indicou o arquiduque austríaco
Maximiliano, que tinha o apoio dos conservadores europeus para retomar a
influência perdida sobre o continente. O rei mexicano nunca conseguiu governar de
forma estável o país, sendo deposto ainda na década de 1860 pelas forças liberais
mexicanas.
Na década seguinte, Porfírio Díaz surge como principal figura política do país,
chegando ao poder em 1876. Seu discurso é modernizador: chegou a criar leis para
inserção social dos indígenas (que, na prática, não saíram do papel), promoveu um
intenso desenvolvimento capitalista investindo em infraestrutura (estradas de ferro
foram construídas, por exemplo), proporcionando a intensificação do comércio
externo e uma maior industrialização do país. Politicamente, o perfil oligárquico e
personalista marcaram as mais de três décadas em que porfírio Díaz esteve à frente
do Executivo mexicano (com uma pequena interrupção entre 1880 e 1884, quando
era uma espécie de “eminência parda”durante o governo de Manuel Gonzáles).
Para as oligarquias que governavam juntamente com Díaz, não interessava alterar o
perfil da inserção do México na divisão internacional do trabalho. Logo, um dos
pontos mais controversos na política econômica era a abertura aos Estados Unidos,
fato este criticado fortemente pelo empresariado local, insatisfeito com a
concorrência predadora estadunidense. Ao norte do país, setores como o minerador,
eram completamente dominados por aqueles que vivem acima do Rio Grande.
O governo de Porfírio Díaz sofre forte oposição da classe média, que não se vê
representada pelo governo oligárquico; pelo empresariado mexicano, que desejava
maior proteção perante a hegemonia econômica estadunidense; e pelo campesinato,
que sofre nas mãos dos grandes proprietários de terra e tem como principal bandeira
a reforma agrária. No apogeu do porfiriato, a maior parte da população mexicana
convivia com a miséria, aproximando-se dos limites mínimo de sobrevivência.
A repressão era utilizada de forma indiscriminada por Díaz, sustentada por oficiais
que apoiavam seu projeto de governo - eram os chamados científicos, que eram
influenciados pelo positivismo francês. No início do século XX a insatisfação contra
o desgastado governo do septuagenário Díaz era grande, organizando-se a oposição
principalmente no Centro Antirreeleicionista, liderado por Francisco Madero.
Tendo como principal obstáculo a expectativa gerada pelas suas inúmeras promessas
apresentadas no Plano Ayala, o governo Madero é marcado pela forte instabilidade
política. Sua primeira dificuldade é com os vizinhos ao norte do Rio Grande, uma
vez que este implementa as medidas nacionalistas exigidas pelo empresariado
mexicano desde os tempos de Díaz. Por outro lado, as forças populares que
atenderam o pedido de Madero em 1910 sentiam-se traídas pois as medidas sociais
foram completamente ignoradas pelo novo presidente.
Com o fim da ditadura, uma intensa luta entre as diversas facções formadas ao
longo do processo revolucionário ocorre. Com o apoio das forças chamadas de
constitucionalistas, Carranza consegue o reconhecimento de figuras como Obregón
para se declarar presidente do país (20 de agosto de 1914). Emiliano Zapara e
Pancho Villa mantinham-se em revolução, sendo a ação mais espetacular deste
período a entrada de 50 mil combatentes liderados pelos dois na Cidade do México
no dia 6 de dezembro de 1914, sendo a foto destes no Palácio Nacional a mais
emblemática da Revolução. Tentaram indicar Eulalio Gutierrez para a presidência
do país em oposição a Carranza, mas logo foram derrotados pelos
constitucionalistas.
Com relação aos trabalhadores urbanos, o Estado procura ser o principal interlocutor
nas relações entre o trabalho e o capital, criando diversas leis trabalhistas. Por outro
lado, o governo pretendia exercer o controle do proletariado mexicano por meio do
corporativismo na Central dos Trabalhadores Mexicanos (CTM). Ao mesmo tempo,
é promovida uma ampla reforma educacional, que é acompanhada, na cultura, pela
valorização da Revolução Mexicana, com destaque para o movimento do
Muralismo. Dentre os muralistas, destacam-se Diego Rivera e David Alfaro
Siqueiros (que participaram de uma das diversas tentativas frustradas de assassinar
Trotsky).
Até hoje, a identidade nacional do país é marcada pela valorização da ideia de uma
europeidade (no Brasil, valoriza-se a ideia de miscigenação, no México, a
ancestralidade indígena/asteca), não apenas na arquitetura das principais cidades,
mas também em outros aspectos da sociedade argentina, principalmente a portenha.
Esta modernização é liderada pela União Cívica Radical (UCR), partido liberal da
Argentina, que reunia setores desta nova sociedade emergente - principalmente
empesários. Por outro lado, a formação de um proletariado organizado leva à
criação do Partido Socialista, refletindo uma maior mobilização das classes
populares.
Mesmo entre os conservadores que tomaram o poder não existia uma unidade com
relação ao Pacto Roca-Runciman, sendo esta heterogeneidade exacerbada com a
eclosão da Segunda Guerra Mundial. Políticos defensores dos ideais
agroexportadores defendiam um alinhamento com a Inglaterra, enquanto aqueles
setores militares mais à direita eram simpatizantes do Eixo. Enquanto isso, a
mobilização operária crescia, aproveitando-se da insatisfação proletária com os
poucos benefícios dados aos trabalhadores urbanos após a saída dos radicais. O
comunismo era forte naquele país em que o Partido Comunista primeiro se alinhou à
III Internacional na América Latina.
Trabalhadores, há quase dois anos, deste mesmo balcão, afirmei ter três pontos de
honra: o de ser soldado, o de ser patriota e o de ser o primeiro trabalhador argentino.
[...] Por isso, senhores, quero nesta oportunidade, misturado com esta massa suada,
estreitar profundamente a todos contra meu coração, como faria com minha
mãe103.
Quando Getúlio Vargas retorna ao Palácio do Catete, Perón tenta uma aproximação
com o brasileiro ao propror uma restauração do Pacto ABC105, objetivando tanto
um poder maior de barganha com os Estados Unidos quanto uma melhora de sua
posição comercial e política no mundo na década de 1950. As pressões políticas
sofridas por Vargas no plano interno, quando os setores liberais-conservadores
acusam o ex-ditador de aproximar-se de Perón para criar uma República Sindicalista
no Brasil, levam ao afastamento do Itamaraty com relação a Casa Rosada, deixando
o pacto apenas no papel106. A principal polêmica nestes tempos é a grande
imigração de ex-nazistas para o país, inclusive com o auxílio de importantes figuras
do governo por meio da Operação Odessa.
Perón chamava a sua política de justicialista, sendo encarada como uma forma de
atenuar o sofrimento dos cabecitas negras (trabalhadores urbanos egressos do campo
sem qualquer ligação com as grandes cidades e carentes da tutela dos grandes
latifundiários, portanto mais facilmente manipulados, segundo algumas
interpretações) e diminuir a histórica concentração de capitais do país. Neste
contexto, é formado o Partido Justicialista (também conhecido como Partido
Peronista) em 1947.
A atuação de Eva Duarte Perón é uma das principais bases do peronismo. Seria ela o
elemento carismático e a união dos dois contava com a simpatia dos argentinos.
Evita, como era chamada de forma carinhosa pelo seus admiradores, contava com
sua beleza e a experiência como atriz de radionovela para aproximar-se dos mais
carentes com incansáveis ações assistencialistas por meio da Fundação Eva Perón.
No que diz respeito aos direitos da mulher, lidera a campanha pelo voto feminino
implementado em 1947 e pela igualdade entre os gêneros assegurada por lei.
Apesar do baixo desemprego, uma das exigências dos comandantes militares aos
economistas contratados, a incapacidade do governo de superar os obstáculos
econômicos fortalecia a oposição de grupos como o Exército Revolucionário del
Pueblo e, principalmente, os Montoneros. Logo, a resistência popular é muito maior
que nos outros países - como consequência, a repressão também. Eram tempos de
“Guerra Suja”, em que os militares produziram entre 25 e 35 mil desaparecidos num
período de apenas 7 anos, sendo o sequestro de crianças um dos aspectos mais
nefastos deste processo.
Mas à medida que o tempo passava, as glórias da Copa do Mundo eram esquecidas
pelo povo, enquanto as dificuldades econômicas mantinham-se as mesmas. Era
preciso um novo evento nacionalista capaz de unir todos os argentinos com um
propósito comum. A reconquista das Ilhas Malvinas, conquistadas pelo
imperialismo inglês em 1833, seria este evento. Discussões sobre o assunto
aconteciam na ONU, mas a Junta Militar111 concluiu que os Estados Unidos
estariam interessados em uma solução favorável a seu país no caso das
Malvinas/Falklands, como condição quase imprescindível para a construção de uma
estrutura defensiva do Atlântico Sul, com a criação de uma espécie de cordão de
bases militares, capaz de enfrentar e conter a União Soviética.
Mas Washington não tinha esta visão quando do início da Operação Rosário que
invadiu e ocupou as Malvinas no dia 2 de abril de 1982. Vernon Walters vai a
Buenos Aires com a missão de exigir de Galtieri a retirada de suas tropas do
arquipélago e, como Galtieri não mais tinha condições de recuar, uma vez que tinha
conseguido a tão esperada coesão nacional ao reacender militarmente uma causa
quase que sagrada para a Argentina, não restou ao governo Reagan outra alternativa,
em face da opinião pública estadunidense e dos seus compromissos com a OTAN,
senão o apoio oficial à Grã-Bretanha. Assim, a esperança argentina de uma possível
ação conjunta do TIAR não sai do papel. Apesar da Doutrina Monroe, os Estados
Unidos nunca reconheceram a soberania da Argentina sobre as Malvinas e
entenderam que o TIAR não implicava nenhum compromisso de defendê-la, uma
vez que ela iniciara o conflito, ao atacar um território sob o domínio da Grã-
Bretanha.
Nos anos 2000, a fuga de capitais gera uma grave crise econômica que abalou o
país, sendo o auge da crise durante o corralito estabelecido por Fernando de la Rúa
para tentar evitar a quebra do sistema financeiro do país. A instabilidade política e
econômica foi interrompida com a chegada do governador da província de Santa Fé
à presidência, o ex-montonero Nestor Kirchner. Buscando restabelecer a ordem e o
crescimento econômico no país, Kirchner renegocia a dívida externa com os
credores e promove algumas medidas de reinserção do Estado em alguns setores da
economia. Na política, sua história pessoal de perseguido político legitima a
suspensão da Lei do Ponto Final e da Lei da Obediência Devida, retomando o
processo contra os militares.
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2. A REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
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XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. v. 3.
Resposta: E
Resposta: E
3. (IRBr 2010) Quanto aos vários sentidos de que se revestiu historicamente a noção
de liberalismo político, assinale a opção incorreta:
Resposta: Alternativa B
Resposta: E
Resposta: C
2. A REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
1. (IRBr 2010) Assinale a opção correta com relação às transformações
institucionais introduzidas pela Revolução Francesa.
Resposta: Alternativa E
A busca incessante dessa pureza motivou os artistas do início do século XX, o que
resultou na produção de obras que deram corpo a uma notável revolução cultural.
Resposta: C
Resposta: C
4. A RESTAURAÇÃO EUROPEIA
1. (IRBr 2012) A respeito da ordem internacional decorrente do Congresso de Viena,
encerrado em 1815, assinale a opção correta.
Resposta: Alternativa B
Tendo o texto acima como referência e considerando as questões por ele suscitadas,
assinale a opção correta.
Resposta: Alternativa C
Resposta: E - C - C - E
Resposta: C - C
5. (IRBr 2015 - Adaptada) O título dado por Henry Kissinger a sua tese de
doutoramento - O Mundo Restaurado - desvela a correta dimensão do Congresso de
Viena (1815). Aparentemente, vencida estava a etapa histórica representada pela
Revolução Francesa e pelo expansionismo napoleônico. Todavia, cinco anos depois,
iniciaram-se ondas revolucionárias (1820, 1830, 1848) que convulsionariam a
Europa e, em larga medida, a América. A respeito do Congresso de Viena, julgue (C
ou E) os itens que se seguem.
Resposta: C - Anulado - E
5. AS REVOLUÇÕES LIBERAIS
1. (IRBr 2007) Poucas vezes, a incapacidade dos governos em conter o curso da
história foi demonstrada de forma mais decisiva que na geração pós-1815. Evitar
uma segunda Revolução Francesa, ou ainda a catástrofe pior de uma revolução
europeia generalizada tendo como modelo a francesa, foi o objetivo supremo de
todas as potências que tinham gasto mais de vinte anos para derrotar a primeira.
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
A primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa, ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrâneo, com a Espanha, Nápoles e a Grécia como seus epicentros. A
Revolução Espanhola reavivou o movimento de libertação na América Latina.
A terceira e maior das ondas revolucionárias foi a de 1848. Nunca houve nada tão
próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos que essa
conflagração espontânea e geral. O que, em 1789, fora o levante de uma só nação
era, agora, assim parecia, a primavera dos povos de todo um continente.
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-
30 (com adaptações).
Resposta: E - E - E
A busca incessante dessa pureza motivou os artistas do início do século XX, o que
resultou na produção de obras que deram corpo a uma notável revolução cultural.
Resposta: C - C
3. (IRBr 2010) Quanto aos vários sentidos de que se revestiu historicamente a noção
de liberalismo político, assinale a opção incorreta:
a) rejeição sistemática ao status quo.
Resposta: Alternativa A
Resposta: C - E
5. (IRBr 2004) Há algo que não se pode dizer do século XX: que foi um tempo de
brumas, silêncios e mistérios. Tudo nele foi a céu aberto, agressivamente iluminado,
escancarado e estridente. E, no entanto, ele é ainda um enigma - um claro enigma,
parafraseando Drummond -, e dele não podemos fazer o necrológio completo. E
porque findou como uma curva inesperada da história, em um astucioso desencontro
do que achávamos ser o futuro, turvou nossa memória e nosso olhar. E tornou-se
pedra e esfinge, com um brilho que ainda cega e desafia.
O século XX foi, sem dúvida, um século das utopias. O seu andamento coincidiu
com a máxima expansão das categorias fundamentais do mundo moderno - sujeito e
trabalho -, eixos que presidiram a atualização e exasperaram os limites do
liberalismo e do socialismo, as duas grandes utopias da modernidade. E talvez por
isso exiba uma característica única e contraditória: parece ter sido o mais preparado
e explicado pelos séculos anteriores e, simultaneamente, o que mais distanciou a
humanidade de seu passado, mesmo o mais próximo, decretando o caráter obsoleto
de formas de vida e sociabilidade consolidadas durante milênios. O século XX
sancionou o Estado-nação como a forma, por excelência, de organização das
sociedades em peregrinação para o futuro e em busca de transparência. Os Estados
nacionais ergueram-se como personagens privilegiadas de uma história humana
cada vez mais cosmopolita, para lembrar Kant, modificando de forma radical a
paisagem do mundo. Com eles, o direito assumiu progressivamente a condição de
um idioma universal, reagindo sobre o passado e destruindo velhas estruturas
hierárquicas fundadas em privilégios e na tradição.
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). Apud:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (org.). Pensar o século XX. São Paulo: Unesp,
2003, p. 15-9 (com adaptações).
A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem, relativos à evolução histórica
do Brasil republicano.
( ) Exemplos de violência não faltam neste século XX, classificado também no texto
como o tempo “do medo e das tragédias injustificáveis”. Entre eles, podem ser
destacados os artefatos nucleares e os fascismos, síntese incontrastável do que
Hannah Arendt definiu como a banalização do mal.
Resposta: E - C
( ) A Inglaterra foi pouco atingida pela onda revolucionária de 1848, pois já vinha
adotando medidas liberais.
Resposta: E - E - E - C
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
A primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa, ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrâneo, com a Espanha, Nápoles e a Grécia como seus epicentros. A
Revolução Espanhola reavivou o movimento de libertação na América Latina.
A terceira e maior das ondas revolucionárias foi a de 1848. Nunca houve nada tão
próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos que essa
conflagração espontânea e geral. O que, em 1789, fora o levante de uma só nação
era, agora, assim parecia, a primavera dos povos de todo um continente.
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-
30 (com adaptações).
Resposta: Alternativa C
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
A primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa, ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrâneo, com a Espanha, Nápoles e a Grécia como seus epicentros. A
Revolução Espanhola reavivou o movimento de libertação na América Latina.
A terceira e maior das ondas revolucionárias foi a de 1848. Nunca houve nada tão
próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos que essa
conflagração espontânea e geral. O que, em 1789, fora o levante de uma só nação
era, agora, assim parecia, a primavera dos povos de todo um continente.
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-
30 (com adaptações).
Resposta: E
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1981, p. 127.
Resposta: Alternativa A
6. UNIFICAÇÕES TARDIAS
1. (IRBr 2015) Entre 1870-71, completou-se o processo de unificação política da
Alemanha e da Itália, o que alterou substancialmente o mapa político europeu. Em
1914, a eclosão da Grande Guerra sepultou as ilusões da Belle Époque e destruiu
uma estratégia de convivência entre as potências que se pretendia assentada no
equilíbrio. Com relação ao período entre 1871 e 1914, julgue (C ou E) os itens a
seguir.
Resposta: E - E
Resposta: Alternativa A
( ) Absorvido pela política interna da Prússia, o chanceler Otto von Bismarck não
empreendeu projetos na área econômica que pudessem contribuir para a Alemanha
como um todo.
Resposta: E - E - E - C
Resposta: C
Resposta: E - E - C - C
Rüdiger Safranski. Romantik. Eine deutsche Affäre. München: Carl Hanser, 2007, p.
12 (trad. com adaptações).
a) Alguns escritores europeus da segunda metade do século XIX, tais como Johann
Wolfgang von Goethe, Charles Baudelaire e James Joyce, pertenceram à chamada
geração ultrarromântica, marcada por atitude pessimista em relação à vida, gosto
pelo macabro e pela vida boêmia.
Resposta: Alternativa D
7. (IRBr 2012) A ideia de uma União Europeia, de uma forma ou de outra, não era
nova. O século XIX havia experimentado na Europa Central uma variedade de
uniões alfandegárias, com diferentes graus de sucesso, e, mesmo antes da Primeira
Guerra Mundial, ocasionalmente, falava-se com idealismo a respeito da noção de
que o futuro da Europa estava na convergência das diversas partes. A própria
Primeira Guerra Mundial, longe de dissipar essas visões otimistas, parece ter-lhes
conferido mais vigor: conforme Aristide Briand insistia, chegara o momento de
superar rivalidades passadas e pensar e falar como europeu, sentir-se europeu.
Tony Judt. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro: Objetiva,
2008, p. 166 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando a temática por ele
abordada, julgue (C ou E) o item que se segue.
Resposta: E
Resposta: E
Considerando as razões pelas quais o texto acima define 1870 como “marco
cronológico fundamental” para o mundo contemporâneo, julgue (C ou E) os
próximos itens.
Resposta: E - E
7. AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS
1. (IRBr 2013) A partir de meados do século XIX, acompanhando o processo de
desenvolvimento da industrialização, o proletariado buscou desenvolver formas de
solidariedade. Nessa perspectiva, surgiram cooperativas, associações de ajuda mútua
e, por fim, sindicatos. Muitos governos chegaram a desenvolver políticas sociais,
provavelmente para enquadrar o movimento operário, como evidencia a avançada
política habitacional na Alemanha de Bismarck. Relativamente a esse cenário,
assinale a opção correta.
a) Com o apoio das tropas prussianas, a Comuna de Paris logrou assumir o controle
da capital francesa e nela implantou o modelo anarquista de administração pública.
Resposta: Alternativa E
Resposta: C - C - E - C
Resposta: C
4. (IRBr 2013) Por volta de 1860, uma nova palavra entrou no vocabulário
econômico e político do mundo: “capitalismo”. O triunfo global do capitalismo é o
tema mais importante da história nas décadas que sucederam 1848. Foi o triunfo de
uma sociedade que acreditou que o crescimento repousava na competição da livre
iniciativa privada, no sucesso de comprar tudo no mercado mais barato (inclusive
trabalho) e vender no mais caro.
Eric J. Hobsbawm. A Era do capital (1848-1875). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982,
p. 21 (com adaptações).
Resposta: E - C - C - E
d) O fato de ter um sistema financeiro ainda precário não impediu que a Inglaterra
levasse adiante seu processo de industrialização.
Resposta: Alternativa E
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). In:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (orgs.). Pensar o século XX: problemas políticos e
história nacional na América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 16 (com
adaptações).
Resposta: C
9. (IRBr 2004) Há algo que não se pode dizer do século XX: que foi um tempo de
brumas, silêncios e mistérios. Tudo nele foi a céu aberto, agressivamente iluminado,
escancarado e estridente. E, no entanto, ele é ainda um enigma - um claro enigma,
parafraseando Drummond -, e dele não podemos fazer o necrológio completo. E
porque findou como uma curva inesperada da história, em um astucioso desencontro
do que achávamos ser o futuro, turvou nossa memória e nosso olhar. E tornou-se
pedra e esfinge, com um brilho que ainda cega e desafia.
O século XX foi, sem dúvida, um século das utopias. O seu andamento coincidiu
com a máxima expansão das categorias fundamentais do mundo moderno - sujeito e
trabalho -, eixos que presidira a atualização e exasperaram os limites do liberalismo
e do socialismo, as duas grandes utopias da modernidade. E talvez por isso exiba
uma característica única e contraditória: parece ter sido o mais preparado e
explicado pelos séculos anteriores e, simultaneamente, o que mais distanciou a
humanidade de seu passado, mesmo o mais próximo, decretando o caráter obsoleto
de formas de vida e sociabilidade consolidadas durante milênios.
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). Apud:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (org.). Pensar o século XX. São Paulo: Unesp,
2003, p. 15-9 (com adaptações).
Resposta: C
10. (IRBr 2015) Iniciada nas últimas décadas do século XVIII, na Inglaterra, a
Revolução Industrial é um processo que se prolonga no tempo. A partir de meados
do século XIX, ela conheceu novo e extraordinário impulso, etapa normalmente
definida como Segunda Revolução Industrial. Esse período é assinalado pela
difusão do uso do aço, da eletricidade e do petróleo, entre outras inovações. Com
referência a esse período da moderna industrialização, julgue (C ou E) os próximos
itens.
Resposta: E - E - C - C
11. (IRBr 2006) Compreender o processo histórico protagonizado pelo século XIX e
seus desdobramentos no século seguinte requer, em meio a tantos outros aspectos
essenciais, o exame da trajetória seguida pelo capitalismo. A propósito desse cenário
histórico, julgue (C ou E) o item seguinte.
Resposta: C
12. (IRBr 2003) Não podemos comparar o mundo do final do breve século XX ao
mundo de seu início, em termos de contabilidade histórica de mais e menos.
Tratava-se de um mundo qualitativamente diferente em pelo menos três aspectos.
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 23-4 (com adaptações).
( ) O mundo que o século XX deixa para o XXI é, em linhas gerais, uma aldeia
global, possível também pela acelerada revolução das comunicações e dos
transportes. Nessa perspectiva, a globalização em marcha na atualidade corresponde
a uma ruptura histórica com o capitalismo que a precedeu, tamanhas e fundas as
diferenças entre o modelo econômico gestado pela Revolução Industrial e o
praticado, em escala planetária, nos dias de hoje.
Resposta: C
Resposta: C - C - E - E
8. IMPERIALISMO OU
NEOCOLONIALISMO
1. (IRBr 2012) Com relação ao colonialismo europeu no século XIX, julgue (C ou
E) os itens que se seguem.
Resposta: C - C - C - E
Resposta: C - E
( ) Em 1904, como resultado da primeira guerra entre uma potência europeia e uma
potência asiática, a Rússia vitoriosa deteve temporariamente a ascensão japonesa.
Resposta: E - C - E
( ) Ainda que possa ser interpretada como uma continuidade da expansão ocorrida
na Idade Moderna, a expansão capitalista ao longo do século XIX assumiu novas
características em termos de motivações inspiradoras, métodos utilizados e objetivos
perseguidos.
Resposta: E - C - C - C
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). In:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (orgs.). Pensar o século XX: problemas políticos e
história nacional na América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 16 (com
adaptações).
No quadro mais amplo da contemporaneidade, o texto aproxima e distingue
tendências do século XIX e do século XX. Nesse contexto, julgue (C ou E) o item
seguinte.
Resposta: E
( ) Foge aos padrões tradicionais a forma pela qual o Japão reagiu às pressões
externas para que abrisse seu mercado ao comércio internacional. A Era Meiji,
iniciada nesse contexto de expansão do capitalismo, significou a decisão de se
proceder à modernização do país, inserindo-o na nova economia mundial, sem que
se abdicasse da soberania.
Resposta: C - C - E
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 23-4 (com adaptações).
Resposta: C
Resposta: E
Resposta: E - E - C
Resposta: C - C - E
11. (IRBr 2011) O conceito de imperialismo é polissêmico, tendo sido utilizado pela
historiografia mundial em referência a diferentes processos históricos. Acerca do
imperialismo formal no final do século XIX e início do século XX, julgue (C ou E)
os itens subsequentes.
Resposta: E - C - C - E
( ) Maior potência industrial do século XIX, a Inglaterra, que optou pela mediação
política de autoridades locais em suas colônias, não se beneficiou da corrida
imperialista na mesma proporção alcançada por seus concorrentes diretos, como a
Alemanha.
Resposta: C - E
9. OS ESTADOS UNIDOS - COLONIZAÇÃO
E INDEPENDÊNCIA
1. (IRBr 2014) Com base no processo histórico durante o século XIX, quando os
Estados Unidos da América se constituíram potência econômica e política, julgue (C
ou E) os próximos itens.
Resposta: E - E - E - C
Resposta: C
Resposta: E - E
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
A primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa, ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrâneo, com a Espanha, Nápoles e a Grécia como seus epicentros. A
Revolução Espanhola reavivou o movimento de libertação na América Latina.
A terceira e maior das ondas revolucionárias foi a de 1848. Nunca houve nada tão
próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos que essa
conflagração espontânea e geral. O que, em 1789, fora o levante de uma só nação
era, agora, assim parecia, a primavera dos povos de todo um continente.
Eric J. Hobsbawm. A Era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-
30 (com adaptações).
Resposta: E
Resposta: C - E - C - E
Resposta: C
Resposta: E
10. A AMÉRICA ESPANHOLA
1. (IRBr 2015) Entre fins do século XVIII e as primeiras décadas do século
seguinte, a maior parte das colônias americanas conquistou sua independência. Em
geral, malgrado a singularidade de cada colônia, essas emancipações enquadraram-
se no contexto mais amplo de crise do Antigo Regime europeu e, sobretudo em
relação às colônias ibéricas, também refletem o quadro histórico suscitado pela Era
Napoleônica. Com relação ao processo de independência nas Américas, julgue (C
ou E) os itens a seguir.
Resposta: C - E
Resposta: E - E - C - E
Resposta: C - C - C - E
Resposta: C - C - C - E
11. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-
1918)
1. (IRBr 2012) A Belle Époque terminou subitamente em 28 de junho de 1914, dia
do assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo
jovem sérvio Gavrilo Princip. Aquele ato de terror perpetrado em Sarajevo, nos
turbulentos Bálcãs, empurrou as potências para a guerra geral que ninguém
desejava.
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando o contexto histórico que
antecedeu a Primeira Grande Guerra, julgue (C ou E) os itens seguintes.
( ) A Belle Époque, destruída pela guerra, é definida como o espírito que prevaleceu
na Europa antes de 1914, compartilhado por todos os estratos sociais e assentado
nos sonhos otimistas e grandiosos provocados pela prosperidade e pelos avanços
tecnológicos da Segunda Revolução Industrial.
Resposta: C - E - C - E
Resposta: Alternativa D
3. (IRBr 2008) Para o surrealista André Breton, “a beleza tem que ser convulsiva
para deixar de sê-lo”. Uma arte que se concentrava na visão interna é o que se
depreende da afirmativa de Picasso de que a arte “não é o que você vê, mas o que
você sabe que está lá”. Considerando esses pontos de vista e o cenário cultural do
Ocidente nas primeiras décadas do século XX, julgue (C ou E) os itens que se
seguem.
Resposta: C - E - E - E
4. (IRBr 2005) Quando as 5 mil pequenas lâmpadas iluminaram a fachada do
Palácio da Eletricidade, por ocasião da inauguração da Exposição Universal de Paris
(1900), causando assombro à multidão que assistia ao espetáculo, comprovou-se o
triunfo da ciência e a soberania da máquina. A luz vencera o limite da noite e
instaurava as 24 horas como o novo tempo da cidade.
A busca incessante dessa pureza motivou os artistas do início do século XX, o que
resultou na produção de obras que deram corpo a uma notável revolução cultural.
( ) Nos anos 20 do século passado, o cinema mudo alcançou seu apogeu. Hollywood
despontou como uma produção marcante, em que se destacaram a comédia - aponte-
se o sucesso de Charles Chaplin - e as chamadas superproduções, que tiveram em
Cecil B. de Mille sua mais fulgurante estrela.
Resposta: E - C - E
Resposta: C - C - E - E
Resposta: E - C - E - C
7. (IRBr 2009) No início da década de 1920, a maior parte do que fora antes de
1914 o Império Russo dos czares emergiu intacta como império, mas sob o governo
dos bolcheviques e dedicada à construção do socialismo mundial. Foi o único dos
antigos impérios dinástico-religiosos a sobreviver à Primeira Guerra Mundial, que
despedaçara tanto o Império Otomano - cujo sultão era califa de todos os
muçulmanos - quanto o Império Habsburgo, que mantinha relação especial com a
Igreja romana.
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 362 (com adaptações).
Resposta: C - E - C
Para alguém que observasse o mundo dos anos 1960 e o comparasse com o de 1870
ou 1880, nada seria mais impressionante, talvez, que a mudança que se operou na
estrutura das relações internacionais. A explicação mais óbvia para essa mudança é a
exaustão da Europa em duas guerras mundiais. Isto, somado à ascensão dos EUA e,
paralelamente, à ascensão da Rússia no plano das potências mundiais foram, de fato,
os acontecimentos decisivos que propiciaram o advento de um novo período na
política mundial. Quando, no início de 1917, o presidente Wilson proclamou que
“não deve haver um equilíbrio de poder, mas uma comunidade de poder, não
rivalidades organizadas, mas uma paz comum organizada”, ele estava anunciando,
com efeito, que a velha estrutura de relações internacionais ficara obsoleta em uma
época de política em escala mundial. Depois da revolução bolchevista na Rússia,
tomou forma tangível a divisão do mundo em dois grandes blocos de potências
rivais, inspirados por ideologias manifestamente inconciliáveis. Wilson e Lenin
sabiam, desde o princípio, que estavam competindo pelo sufrágio da humanidade; e
foi para impedir que Lenin ganhasse o monopólio dos planos de edificação do
mundo de pós-guerra que, em janeiro de 1918, Wilson publicou os seus famosos
Quatorze Pontos. “Wilson ou Lenin”, escreveu o socialista francês Albert Thomas;
“democracia ou bolchevismo... uma escolha a fazer”.
Resposta: Alternativa B
Resposta: Alternativa B
10. (IRBr 2005) Não são poucos os historiadores que veem na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) o fim do historicamente longo século XIX. Quer pela
complexidade de suas causas, quer por seus efeitos profundos, um dos quais a
vitória bolchevique na Rússia, a Grande Guerra assinala o epílogo de uma era e o
início propriamente dito do século XX. A esse respeito, julgue (C ou E) os itens
seguintes.
Resposta: C - E - E
11. (IRBr 2005) O período que se seguiu à Grande Guerra pode ser decomposto em
três grandes fatias: de 1919 a 1924-28, quando todos os países europeus procuraram
liquidar os resquícios deixados pela guerra e voltar às condições econômicas
normais, equivale dizer, às condições dominantes em 1914; de 1924-28 a 1931-33,
com o grande surto de prosperidade, que trazia, no seu bojo, os elementos da crise
detonada nos EUA em 1929; de 1932-33 a 1939, quando os 10 governos se
empenharam no esforço coletivo para superar a crise, desenvolvendo práticas
intervencionistas não adotadas até então.
( ) A entrada dos EUA na etapa final do conflito (1917) foi decisiva para selar a
derrota dos chamados impérios centrais. Terminada a guerra, esse país viu-se na
inovadora condição de grande credor internacional, com excepcionais condições de
se transformar em potência mundial.
( ) Sob o ponto de vista político, a crise do Estado liberal que se seguiu à Grande
Guerra de 1914 materializou-se, sobretudo, na ascensão de regimes totalitários, dos
quais as mais diversas formas de fascismo seriam exemplos exponenciais.
Resposta: E - C - C
12. (IRBr 2003 - Adaptada) “Não podemos comparar o mundo do final do breve
século XX ao mundo de seu início, em termos de contabilidade histórica de mais e
menos. Tratava-se de um mundo qualitativamente diferente em pelo menos três
aspectos.
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 23-4 (com adaptações).
( ) A Grande Guerra de 1914 resulta, entre tantos e múltiplos fatores, das disputas
interimperialistas notadamente aquelas que colocam frente a frente duas forças
econômicas, a declinante Grã-Bretanha e a ascendente Alemanha - e do peso
ponderável do nacionalismo, em particular daquele conduzido e manipulado pelos
Estados. Quando o conflito chega ao fim, uma Europa em crise assiste à emergência
mundial dos Estados Unidos da América (EUA) e à quase generalizada decadência
dos regimes políticos liberais.
Resposta: C
Resposta: E - E
14. (IRBr 2011 - Adaptada) A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais foram objeto
de interpretações historiográficas divergentes, que se estendem aos dias atuais.
Acerca desse debate historiográfico, julgue (C ou E) os itens que se seguem. Em
reação às acusações franco-britânicas de que a
( ) Alemanha seria a única responsável pela ocorrência dos dois conflitos mundiais
do século XX, historiadores alemães defenderam consensualmente, na última
década, a tese segundo a qual as provocações feitas pelo czar russo, no início do
século XX, teriam assegurado à Alemanha o direito de legítima defesa.
Resposta: E - E
12. A ASCENSÃO DO COMUNISMO
1. (IRBr 2013 - Adaptada) Rússia e China protagonizaram as duas mais importantes
revoluções socialistas que o século XX conheceu, cujos passos, na América Latina
do pós-Segunda Guerra Mundial, foram seguidos por Cuba. Relativamente aos
processos revolucionários que exerceram considerável impacto na história do
mundo contemporâneo, assinale C ou E.
Resposta: C - E
2. (IRBr 2009) “No início da década de 1920, a maior parte do que fora antes de
1914 o Império Russo dos czares emergiu intacta como império, mas sob o governo
dos bolcheviques e dedicada à construção do socialismo mundial. Foi o único dos
antigos impérios dinástico-religiosos a sobreviver à Primeira Guerra Mundial, que
despedaçara tanto o Império Otomano - cujo sultão era califa de todos os
muçulmanos - quanto o Império Habsburgo, que mantinha relação especial com a
Igreja romana.”
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 362 (com adaptações).
Resposta: E
Resposta: Alternativa E
4. (IRBr 2005) Não são poucos os historiadores que veem na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) o fim do historicamente longo século XIX. Quer pela
complexidade de suas causas, quer por seus efeitos profundos, um dos quais a
vitória bolchevique na Rússia, a Grande Guerra assinala o epílogo de uma era e o
início propriamente dito do século XX. A esse respeito, julgue (C ou E) o item
seguinte.
Resposta: C
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). In:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (orgs.). Pensar o século XX: problemas políticos e
história nacional na América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 16 (com
adaptações).
Resposta: C
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo:
Companhia das Letras, 1994, p. 62 (com adaptações).
Resposta: C - E - E - C
Resposta: E
13. OS ESTADOS UNIDOS NO PERÍODO
ENTRE-GUERRAS
1. (IRBr 2013) O colapso econômico de 1929 foi único em termos de profundidade
e amplitude. Já houvera crises cíclicas antes, mas nunca como essa. A economia dos
países industrializados permaneceu desintegrada por mais de cinco anos, com
redução de um quinto na produção e desemprego que atingiu um quarto da força de
trabalho. Crises financeiras e cambiais se reproduziram no mundo todo em um
intervalo de semanas, fazendo que economias inteiras afundassem juntas. Nenhuma
das principais nações foi poupada.
Resposta: E - E - C - C
II. Após o final da Primeira Guerra Mundial, a economia dos principais países da
Europa era dependente do comportamento do dólar americano, o que afetava
diretamente a balança de pagamentos e interferia negativamente no poder de compra
interno e nos salários.
( ) Nas Américas, enquanto o New Deal, de Roosevelt, reiterava a aposta dos EUA
na viabilidade do modelo ultraliberal de capitalismo, a experiência brasileira sob o
regime de Vargas, no Estado Novo, apontava para a crescente presença estatal na
economia.
Resposta: E
Resposta: C
5. (IRBr 2005 - Adaptada) O período que se seguiu à Grande Guerra pode ser
decomposto em três grandes fatias: de 1919 a 1924-28, quando todos os países
europeus procuraram liquidar os resquícios deixados pela guerra e voltar às
condições econômicas normais, equivale dizer, às condições dominantes em 1914;
de 1924-28 a 1931-33, com o grande surto de prosperidade, que trazia, no seu bojo,
os elementos da crise detonada nos EUA em 1929; de 1932-33 a 1939, quando os 10
governos se empenharam no esforço coletivo para superar a crise, desenvolvendo
práticas intervencionistas não adotadas até então.
Resposta: E
6. (IRBr 2015) O crash da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929, foi
o sinal do que ocorreria nos próximos anos: uma crise econômica sem precedentes,
na qual falências, desemprego e falta de perspectivas se somaram para configurar
um cenário socialmente dramático. A eleição do democrata Franklin D. Roosevelt
desalojou os republicanos do poder e inaugurou uma nova era para os EUA.
Relativamente à política de Roosevelt para enfrentar a referida crise, julgue (C ou E)
os itens seguintes.
Resposta: E - E - C - C
7. (IRBr 2009) “Seis décadas após o fim da Segunda Guerra, a Aliança do Atlântico,
firmada entre a Europa e os Estados Unidos, estava em desalinho. De certo modo, a
situação era o resultado previsível do fim da Guerra Fria - embora pouca gente
desejasse seu desmantelamento, a organização, em seu estado presente, não fazia
muito sentido. A Aliança fora criada para compensar a incapacidade da Europa
Ocidental de se defender sem a ajuda norte-americana. O fracasso contínuo dos
governos europeus em constituir a sua própria força militar eficaz foi responsável
pela sobrevivência da organização. Dez anos depois da assinatura do Tratado de
Maastricht, a União Europeia (UE) estava prestes a estabelecer uma Força de
Reação Rápida, composta por 60 mil indivíduos, para realizar intervenções e
missões de paz.”
Tony Judt. Pós-Guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008. p. 773-4 (com adaptações).
( ) Embora desprovido de base teórica que orientasse suas ações, o Estado do pós-
Segunda Guerra, classificado, no texto, como regulador ou de bem-estar social, teve
êxito graças ao aumento da produção, da renda e do emprego, enquanto se
comprimia a demanda como forma de impedir a volta da inflação.
Resposta: E
14. OS FASCISMOS
1. (IRBr 2007) O período entre as duas guerras mundiais do século XX foi marcado
pela radicalização política. A instalação de regimes totalitários em vários países
europeus contribuiu para o acirramento das tensões, que, ao lado de outros fatores,
colaborou decisivamente para a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A
respeito desse quadro histórico, julgue (C ou E) os itens subsequentes.
Resposta: C - E - E
Resposta: E - C - E
15. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-
1945)
1. (IRBr 2013) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é, geralmente, considerada
o grande momento de inflexão do século XX. Decorrência de duas décadas de
instabilidade política, comoção social e crise econômica, ela foi o mais
universalizado dos conflitos e, ao chegar ao fim, gerou uma ordem internacional que
se afastava dos padrões vigentes, a rigor, desde a Idade Moderna. Relativamente aos
fatores que determinaram o início de hostilidades e às conferências que
estabeleceram as balizas do novo cenário mundial, assinale a opção correta.
c) A Liga das Nações condenou a anexação da Áustria pela Alemanha nazista, tendo
sido veemente o protesto da França e da Inglaterra, que romperam relações
diplomáticas com Berlim.
Resposta: Alternativa A
II. Traçar planos para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a
ordem financeira e monetária do pós-guerra foi um dos principais objetivos do
encontro de representantes de mais de quatro dezenas de países, em 1944, em
Bretton Woods.
III. Harry Dexter White e John Maynard Keynes, representantes das autoridades
monetárias anglo-americanas, destacaram-se na conferência de Bretton Woods,
coroando um trabalho iniciado havia alguns anos visando à formulação de propostas
para as relações monetárias internacionais e os investimentos globais do pós-
Segunda Guerra Mundial.
IV. O texto aponta para os efeitos danosos da Segunda Guerra Mundial na economia
europeia. Continente fisicamente devastado que sofrera elevadas perdas humanas,
cujo prestígio fora abalado e cuja posição no comércio global se alterara
profundamente, a Europa não teria condições de, por suas próprias forças,
empreender o dispendioso esforço de recuperação e de reconstrução.
Resposta: Alternativa A
( ) Stalin buscava uma base territorial para promover, no imediato pós-guerra, ações
desestabilizadoras contra governos da Europa ocidental.
Resposta: E - E - C - C
5. (IRBr 2009) O período posterior à Segunda Guerra Mundial foi marcado pela
reconstrução europeia e japonesa, pela Guerra Fria, pela descolonização e pela
internacionalização da hegemonia americana. Foi, também, um período de enorme
crescimento produtivo nos países desenvolvidos. O fato é que os primeiros trinta
anos do pós-guerra constituíram uma era única na história contemporânea. A
espantosa recuperação do mundo capitalista, quanto ao crescimento econômico e
avanços tecnológicos, revolucionou as pautas de consumo e comportamento até
então existentes. A interdependência gradual dos mercados, combinando-se com um
Estado que assumia tarefas econômicas e sociais, propiciou o que Hobsbawm
definiu como “o grande salto”. Era o Estado regulador ou de bem-estar social.
Enrique Serra Padrós. Capitalismo, prosperidade e Estado de bem-estar social. In:
Daniel Aarão Reis Filho, Jorge Ferreira e Celeste Zenha (orgs.). O Século XX: o
tempo das crises - revoluções, fascismos e guerras. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2000, p. 229-236 (com adaptações).
Resposta: C - C
( ) Bretton Woods, Dumbarton Oaks, Ialta, Potsdam e São Francisco foram algumas
das mais importantes reuniões ocorridas na etapa final da Segunda Guerra, quando
aspectos fundamentais da ordem econômica e política, a vigorar após a cessação das
hostilidades, foram fixadas mediante arranjos diplomáticos e militares.
Resposta: C - E
7. (IRBr 2005) O período que se seguiu à Grande Guerra pode ser decomposto em
três grandes fatias: de 1919 a 1924-28, quando todos os países europeus procuraram
liquidar os resquícios deixados pela guerra e voltar às condições econômicas
normais, equivale dizer, às condições dominantes em 1914; de 1924-28 a 1931-33,
com o grande surto de prosperidade, que trazia, no seu bojo, os elementos da crise
detonada nos EUA em 1929; de 1932-33 a 1939, quando os 10 governos se
empenharam no esforço coletivo para superar a crise, desenvolvendo práticas
intervencionistas não adotadas até então.
O texto faz do ano de 1939 - não por acaso, o que assinala o início da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945) - seu marco cronológico final. A propósito desse
conflito, cujo caráter mundial é bem mais acentuado do que o daquele que o
antecedeu, julgue (C ou E) os itens subsequentes.
( ) Nos encontros entre os líderes aliados, na etapa final da Segunda Guerra, traçou-
se a estratégia de uma nova ordem internacional, na qual ficaram nítidas a força e a
intenção dos vitoriosos de conter o poderio dos integrantes do Eixo.
Resposta: C - E - C - E
d) O regime nazista manteve-se na Alemanha, mesmo com baixa adesão das classes
populares e elevada reação dos setores tradicionais da política alemã.
e) Mesmo sofrendo o impacto da crise econômica e política das décadas de 1920 e
1930, o continente americano conseguiu reagir aos efeitos da crise sem apelar para a
solução autoritária ou adotar regimes mais acentuadamente centralizados, o que
significou manter praticamente intactas as instituições liberais.
Resposta: Alternativa B
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). In:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (orgs.). Pensar o século XX: problemas políticos e
história nacional na América Latina. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 16 (com
adaptações).
Resposta: C - C
10. (IRBr 2015) Em pleno desenrolar da Segunda Guerra Mundial, reuniões eram
feitas entre as principais lideranças aliadas com vistas à reconfiguração geopolítica
mundial pós-conflito. Na nova ordem que emergiu a partir de 1945, também se
traçou o destino da América Latina e se discutiu a posição que ela iria ocupar no
sistema bipolar. Relativamente aos múltiplos aspectos que envolvem essa questão,
julgue (C ou E) os itens subsequentes.
Resposta: C - E - C - E
11. (IRBr 2003) “O curso das duas décadas que vinculam o ano de 1947 ao de 1968,
no âmbito das relações internacionais, foi ditado pela supremacia de dois gigantes
sobre o mundo. Os EUA e a União Soviética (URSS) assenhorearam-se dos espaços
e criaram um condomínio de poder que só foi abalado no final da década de 60 e
início da de 70. Existiram, no entanto, nuances no sistema condominial de poder. Da
relação quente da Guerra Fria (1947-1955) à lógica da coexistência pacífica (1955-
1968), as duas superpotências migraram da situação de desconfiança mútua para
uma modalidade de convivência tolerável. Da corrida atômica do final da década de
40 e início da de 50 às negociações para um sistema de segurança mundial
sustentado no equilíbrio das armas nucleares, os dois gigantes evoluíram nas suas
percepções acerca da avassaladora capacidade destrutiva que carregavam.”
José Flávio Sombra Saraiva. Dois gigantes e um condomínio: da Guerra Fria à
coexistência pacífica. In: José Flávio Sombra Saraiva (org.). Relações
internacionais: dois séculos de História - entre a ordem bipolar e o policentrismo (de
1947 a nossos dias). Brasília: IBRI, 2001, p. 19 (com adaptações).
( ) A mesma linha idealista que presidiu a criação da Liga das Nações após a Grande
Guerra de 1914, guardadas as naturais singularidades de um outro momento
histórico, está presente na Conferência de São Francisco (1945), da qual surgiu a
Organização das Nações Unidas (ONU). A existência de uma Assembleia Geral com
poder deliberativo, em que todos os Estados se igualam no direito à voz e ao voto, e
de um Conselho de Segurança com razoável simetria entre seus membros, reforça o
clima de concórdia que, pouco mais de duas décadas antes, embalara os 14 pontos
do presidente Wilson.
Resposta: C - E
16. A GUERRA FRIA (1947-1991)
1. (IRBr 2012) Considerando as negociações sobre armamentos estratégicos, julgue
(C ou E) os itens que se seguem.
( ) O Tratado de Não Proliferação Nuclear, cujo objetivo era evitar que os países não
signatários desenvolvessem armas nucleares, foi um dos acordos decorrentes do
avanço das negociações entabuladas no contexto do Plano Salt.
Resposta: E - E
( ) O fato de URSS e EUA terem lutado do mesmo lado na Segunda Guerra Mundial
explica que, a despeito de todas as diferenças entre ambos, o programa de ajuda
norte-americana para a recuperação europeia - Plano Marshall - contemplou também
os países identificados como satélites de Moscou.
Resposta: C - E - E
( ) Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a política externa dos EUA passou a
sustentar-se na ideia de ação de longo prazo vinculada à necessidade de contenção
das tendências expansionistas da União Soviética.
Resposta: E - C - C - E
Resposta: E - E - E
( ) Por seu tom conciliatório, a Doutrina Truman indicava que, para os EUA, a
expansão comunista não constituía uma ameaça.
Resposta: E - C - E - E
Resposta: E - E - E - E
Demétrio Magnoli. O mundo contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2 (com
adaptações).
( ) A Crise dos Mísseis, em 1962, trouxe para o continente americano toda a carga
de dramaticidade que envolvia o sistema bipolar do pós-Segunda Guerra. Após
tensas negociações secretas, a URSS concordou em retirar os armamentos instalados
em Cuba ante o compromisso norte-americano de não mais investir na derrubada do
regime cubano.
Resposta: E - E - C
9. (IRBr 2006) No que respeita ao novo tempo nas relações internacionais que
marcou a construção dos cenários posteriores à Segunda Guerra Mundial, como
expresso no texto, julgue (C ou E) os itens que se seguem.
Resposta: C - E - E
10. (IRBr 2003) “O curso das duas décadas que vinculam o ano de 1947 ao de 1968,
no âmbito das relações internacionais, foi ditado pela supremacia de dois gigantes
sobre o mundo. Os EUA e a União Soviética (URSS) assenhorearam-se dos espaços
e criaram um condomínio de poder que só foi abalado no final da década de 60 e
início da de 70. Existiram, no entanto, nuances no sistema condominial de poder. Da
relação quente da Guerra Fria (1947-1955) à lógica da coexistência pacífica (1955-
1968), as duas superpotências migraram da situação de desconfiança mútua para
uma modalidade de convivência tolerável. Da corrida atômica do final da década de
40 e início da de 50 às negociações para um sistema de segurança mundial
sustentado no equilíbrio das armas nucleares, os dois gigantes evoluíram nas suas
percepções acerca da avassaladora capacidade destrutiva que carregavam.”
Resposta: C - E - C
11. (IRBr 2004) “Há algo que não se pode dizer do século XX: que foi um tempo de
brumas, silêncios e mistérios. Tudo nele foi a céu aberto, agressivamente iluminado,
escancarado e estridente. E, no entanto, ele é ainda um enigma - um claro enigma,
parafraseando Drummond -, e dele não podemos fazer o necrológio completo. E
porque findou como uma curva inesperada da história, em um astucioso desencontro
do que achávamos ser o futuro, turvou nossa memória e nosso olhar. E tornou-se
pedra e esfinge, com um brilho que ainda cega e desafia. O século XX foi, sem
dúvida, um século das utopias. O seu andamento coincidiu com a máxima expansão
das categorias fundamentais do mundo moderno - sujeito e trabalho -, eixos que
presidiram a atualização e exasperaram os limites do liberalismo e do socialismo, as
duas grandes utopias da modernidade. E talvez por isso exiba uma característica
única e contraditória: parece ter sido o mais preparado e explicado pelos séculos
anteriores e, simultaneamente, o que mais distanciou a humanidade de seu passado,
mesmo o mais próximo, decretando o caráter obsoleto de formas de vida e
sociabilidade consolidadas durante milênios. O século XX sancionou o Estado-
nação como a forma, por excelência, de organização das sociedades em
peregrinação para o futuro e em busca de transparência. Os Estados nacionais
ergueram-se como personagens privilegiadas de uma história humana cada vez mais
cosmopolita, para lembrar Kant, modificando de forma radical a paisagem do
mundo. Com eles, o direito assumiu progressivamente a condição de um idioma
universal, reagindo sobre o passado e destruindo velhas estruturas hierárquicas
fundadas em privilégios e na tradição. Mas o século XX não é apenas um tempo de
esperanças. É também o século do medo e das tragédias injustificáveis. A dura
realidade dos interesses provoca dois grandes conflitos mundiais, um tenso período
de guerra fria e uma interminável série de guerras localizadas. Um século de
violência dos que oprimem e dos que se revoltam.”
Rubem Barboza Filho. Século XX: uma introdução (em forma de prefácio). Apud:
Alberto Aggio e Milton Lahuerta (orgs.). Pensar o século XX. São Paulo: Unesp,
2003, p. 15-9 (com adaptações).
( ) Uma “curva inesperada da história”, como diz o texto ao se referir à forma pela
qual o século XX chegou ao fim, pode ser identificada na desintegração da União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e no desmonte do denominado
socialismo real do Leste Europeu, sacramentando a morte de um sistema bipolar de
poder mundial que vigorou, com maior ou menor intensidade, desde o pós-Segunda
Guerra.
( ) O fato de a URSS de Stalin ter conseguido fabricar a bomba atômica, mas não a
de hidrogênio, impediu que durante a fase de tensão mais pronunciada da Guerra
Fria houvesse um equilíbrio entre as superpotências em termos de poder de
destruição do inimigo, o que levou o governo de Moscou a manter uma atitude de
prudente cautela em momentos críticos, como os ocorridos na Coreia (1951), Vietnã
(1954) e Cuba (1962).
Resposta: C - E - C - E
( ) Em uma economia que mais e mais aprofundava seu caráter global, a formação
de blocos regionais e continentais passou a ser uma tendência, o que se justifica,
entre outras motivações, pela necessidade de juntar forças para a atuação em um
mercado acentuadamente competitivo.
( ) Nos anos 80, havia uma nítida convergência das posições do governo dos EUA e
do governo do Reino Unido. Com efeito, a Era Reagan-Thatcher notabilizou-se pela
ação moderada e tolerante na política externa e, sob a ótica da economia, por ter
levado ao extremo a defesa do Estado de Bem-Estar Social.
Resposta: C - E - E
13. (IRBr 2003 - Adaptada) Não podemos comparar o mundo do final do breve
século XX ao mundo de seu início, em termos de contabilidade histórica de mais e
menos. Tratava-se de um mundo qualitativamente diferente em pelo menos três
aspectos. Primeiro, ele tinha deixado de ser eurocêntrico. Trouxera o declínio e a
queda da Europa, ainda centro inquestionado de poder, riqueza, intelecto e
civilização ocidental quando o século começou. A segunda transformação foi mais
significativa. Entre 1914 e o início da década de 1990, o globo foi muito mais uma
unidade operacional única, como não era e não poderia ter sido em 1914. Na
verdade, para muitos propósitos, notadamente em questões econômicas, o globo é
agora unidade operacional básica, e unidades mais velhas como as economias
nacionais, definidas pelas políticas de Estados territoriais, estão reduzidas a
complicações das atividades transnacionais. A terceira transformação, em certos
aspectos a mais perturbadora, é a desintegração de velhos padrões de
relacionamento social humano, e com ela, aliás, a quebra dos elos entre as gerações,
quer dizer, entre passado e presente.
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 23-4 (com adaptações).
Resposta: C - E
14. (IRBr 2009) “Seis décadas após o fim da Segunda Guerra, a Aliança do
Atlântico, firmada entre a Europa e os Estados Unidos, estava em desalinho. De
certo modo, a situação era o resultado previsível do fim da Guerra Fria - embora
pouca gente desejasse seu desmantelamento, a organização, em seu estado presente,
não fazia muito sentido. A Aliança fora criada para compensar a incapacidade da
Europa Ocidental de se defender sem a ajuda norte-americana. O fracasso contínuo
dos governos europeus em constituir a sua própria força militar eficaz foi
responsável pela sobrevivência da organização. Dez anos depois da assinatura do
Tratado de Maastricht, a União Europeia (UE) estava prestes a estabelecer uma
Força de Reação Rápida, composta por 60 mil indivíduos, para realizar intervenções
e missões de paz.”
Tony Judt. Pós-Guerra: uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008. p. 773-4 (com adaptações).
( ) Certamente por cálculo estratégico, mas também para não ampliar os gastos de
uma economia em relativo estado de escassez, o governo soviético - sob o comando
de Stalin e seus sucessores, até a década de 60 do século passado - optou por não
criar estrutura militar semelhante à OTAN, embora mantivesse elevados
investimentos na produção de arsenal nuclear e na corrida espacial.
Resposta: C - E - E - E
15. (IRBr 2015) Um dos mais expressivos resultados da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) foi a nova configuração geopolítica do mundo contemporâneo: de um
lado, a emergência de um sistema de poder assentado na bipolaridade americano-
soviética e, de outro, um vigoroso processo de descolonização protagonizado,
sobretudo, por asiáticos e africanos. Em relação ao cenário histórico mundial pós-
1945, julgue (C ou E) o item subsequente.
Resposta: E
16. (IRBr 2009) Com relação à vitória comunista na China em 1949, julgue (C ou
E) os itens seguintes.
( ) O Partido Comunista, liderado por Mao Tsé-tung (Mao Zedong), assumiu a
vanguarda do movimento revolucionário.
( ) A revolução chinesa somente se tornou possível com o apoio ativo, desde 1936,
da União Soviética à estratégia de luta armada do Partido Comunista chinês.
Resposta: C - E - E - E
Resposta: C
17. AS LUTAS DE LIBERTAÇÃO AFRO-
ASIÁTICAS
1. (IRBr 2015 - Adaptada) Um dos mais expressivos resultados da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) foi a nova configuração geopolítica do mundo
contemporâneo: de um lado, a emergência de um sistema de poder assentado na
bipolaridade americano-soviética e, de outro, um vigoroso processo de
descolonização protagonizado, sobretudo, por asiáticos e africanos. Em relação ao
cenário histórico mundial pós-1945, julgue (C ou E) os itens subsequentes.
( ) A vitória militar francesa na batalha de Dien Bien Phu, em 1954, preservou por
mais alguns anos a Indochina - uma artificial invenção do colonialismo - e permitiu
ao governo de Paris comandar o processo de negociação que levou à independência
gradual do Vietnã, do Laos e do Camboja.
Resposta: E - E - C
( ) Nas colônias portuguesas na África, uma diminuta elite local, cujas lideranças
tinham educação formal, desenvolveu, nos anos 60, um nacionalismo
anticolonialista, influenciado pelo marxismo.
Resposta: E - C - E - C
3. (IRBr 2014) O termo Terceiro Mundo designa, a partir da Guerra Fria, o conjunto
de países que se afastam dos blocos ocidental e soviético. Preocupados em passar da
independência jurídica ao desenvolvimento autônomo, os países que saíram há
pouco da condição de colônia reúnem-se, logo depois da Segunda Guerra, em
grupos de solidariedade.
Serge Berstein; Pierre Milza. História do século XX, 1945-1973. Rio de Janeiro:
Companhia Editora Nacional, v. 2.
Resposta: C - C - E - C
Eric Hobsbawm. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das
Letras, 1995, p. 214-5 (com adaptações).
A partir do fragmento de texto acima e considerando o processo de descolonização
no século XX, assinale a opção correta.
Resposta: Alternativa D
( ) A China, civilização milenar e até então com estrutura política própria, foi
dividida em protetorados sob domínio das potências ocidentais, ficando o imperador
com sua autoridade restrita a Pequim e arredores.
Resposta: E - C - E - C - C
6. (IRBr 2008) Ao chegar ao fim, a Segunda Guerra Mundial desvelava um novo
cenário mundial. Ao declínio europeu e à emergência de um sistema internacional
bipolar, soma-se o movimento de independência na Ásia e na África. Relativamente
a esse processo de descolonização, julgue (C ou E) os itens que se seguem.
( ) Tendo em conta que a libertação nacional era objetivo comum, não se verificam
diferenças significativas no pensamento e na ação de líderes como Nehru (Índia),
Lumumba (Congo), Nasser (Egito) e Ho Chi Minh (Vietnã).
Resposta: C - C - E - E
Houve três ondas revolucionárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848.
A primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa, ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrâneo, com a Espanha, Nápoles e a Grécia como seus epicentros. A
Revolução Espanhola reavivou o movimento de libertação na América Latina.
A terceira e maior das ondas revolucionárias foi a de 1848. Nunca houve nada tão
próximo da revolução mundial com que sonhavam os insurretos que essa
conflagração espontânea e geral. O que, em 1789, fora o levante de uma só nação
era, agora, assim parecia, a primavera dos povos de todo um continente.
Eric J. Hobsbawm. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981, p. 127-
30 (com adaptações).
Resposta: E
Resposta: C - E - C
d) Depois de nove anos de guerra, que deixou número expressivo de vítimas e que
assinalou a firme disposição francesa de não abrir mão de sua colônia, a Argélia
conquistou a independência em 1962, em meio a uma conjuntura emancipacionista
que envolveu parte significativa do continente africano.
Resposta: Alternativa D
Demétrio Magnoli. O mundo contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2 (com
adaptações).
No que respeita ao novo tempo nas relações internacionais que marcou a construção
dos cenários posteriores à Segunda Guerra Mundial, como expresso no texto, julgue
(C ou E) o item que se segue.
Resposta: C
Resposta: C - C - C - C
d) A Revolução dos Cravos foi liderada por setores militares insatisfeitos com o
rumo da guerra colonial empreendida por Portugal.
Resposta: Alternativa B
18. A AMÉRICA LATINA NO SÉCULO XX
1. (IRBr 2012 - Adaptada) Em 1945, o sistema econômico-financeiro mundial
apresentava-se profundamente desorganizado. Elementos de continuidade
misturavam-se às evidentes rupturas provocadas pela guerra, tanto com referência
aos diferentes agentes públicos e privados, Estados e empresas, quanto à hierarquia
e à natureza das relações que eles mantinham entre si. Sob a influência
predominante dos EUA, e também em grande parte sob a égide da Organização das
Nações Unidas (ONU), erguia-se uma nova ordem mundial, que, baseada em um
liberalismo renovado, perpassava tanto a disciplina monetária quanto as regras do
comércio internacional. Em um mundo politicamente dividido e economicamente
heterogêneo, a reconstrução liberal não conseguiu derrubar todas as barreiras que
teimavam em dividir a economia mundial.
Resposta: E
Resposta: E - E - E - E
Resposta: C
4. (IRBr 2010) Acerca da Revolução Mexicana de 1910 e da política mexicana no
século XX, julgue C ou E.
Resposta: C - E - C - E
5. (IRBr 2007) Seguindo uma tendência que a África e a Ásia levaram ao extremo,
também a América Latina teve sua trajetória marcada pela radicalização política nas
décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial. A esse respeito, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
Resposta: C - C - C - E
6. (IRBr 2014) Os projetos de Bretton Woods se mostraram irrelevantes perto do
objetivo urgente de reconstruir as economias das nações que estiveram em guerra. O
pior conflito do mundo foi mais destrutivo para economias e sociedades do que o
previsto. No pós-guerra, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos aliados
europeus - URSS, França, Bélgica, Holanda e outros - correspondia a menos de 4/5
do que valia em 1939; na maioria desses países, os índices de 1946 estavam bem
menores que os do início da década de 20. As condições nos países derrotados eram
muito piores. A mudança de posição da Europa Ocidental na economia internacional
dificultaria a recuperação. Para se reconstruir, o continente precisava importar
alimentos, matérias-primas e equipamentos tecnológicos. No entanto, boa parte da
capacidade europeia de ganhar dinheiro para financiar as importações havia se
esgotado. Com a Guerra Fria, a Europa Ocidental passou a não ter mais acesso aos
mercados das partes oriental e central do continente. Enquanto isso, os EUA e o
restante do hemisfério ocidental desfrutavam de prosperidade.
Resposta: C
Resposta: C - E
8. (IRBr 2003) O Estado desenvolvimentista, de características tradicionais, reforça
o aspecto nacional e autônomo da política exterior. Trata-se do Estado empresário
que arrasta a sociedade no caminho do desenvolvimento nacional mediante a
superação de dependências econômicas estruturais e a autonomia de segurança. O
Estado normal, invenção latino-americana dos anos noventa, foi assim denominado
pelo expoente da comunidade epistêmica argentina, Domingo Cavallo, em 1991,
quando era ministro das Relações Exteriores do governo de Menem. Aspiram a ser
normais os governos latino-americanos que se instalaram em 1989-90 na Argentina,
Brasil, Peru, Venezuela, México e outros países menores. O terceiro é o paradigma
do Estado logístico, que fortalece o núcleo nacional, transferindo à sociedade
responsabilidades empreendedoras e ajudando-a a operar no exterior, de modo a
equilibrar os benefícios da interdependência mediante um tipo de inserção madura
no mundo globalizado.
Resposta: C
* As opiniões deste Prefácio são de cunho pessoal, não refletindo necessariamente
as posições do Ministério das Relações Exteriores.
*** Nas tabelas, o “0” significa que não foi cobrada nenhuma questão do assunto e
o “-” significa que a disciplina não constava no Edital.
5 “[...] O príncipe que baseia seu poder inteiramente na sorte se arruina quando esta
muda. Acredito também que é feliz quem age de acordo com as necessidades do seu
tempo, e da mesma forma é infeliz quem age opondo-se ao que seu tempo exige.”
Idem, ibidem.
9 Em sua principal obra, O espírito das leis, Montesquieu afirmava: “É uma verdade
eterna: qualquer pessoa que tenha poder tende a abusar dele. Para que não haja
abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo
poder”.
16 WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Cia. das Letras, 1986.
21 “[...] os inumeráveis rebanhos que cobrem hoje toda a Inglaterra são de tal sorte
vorazes e ferozes que devoram mesmo os homens e despovoam os campos, as casas,
as aldeias. Onde se recolhe a lã mais fina e mais preciosa, acorrem, em disputa de
terreno, os nobres, os ricos e até santos abades. Eles subtraem vastos terrenos da
agricultura e os convertem em pastagens, enquanto honestos cultivadores são
expulsos de suas casas” (Adaptado de Thomas More, Utopia. São Paulo: Nova
Cultural, 2000, p. 7 e 29-30).
25 Idem, Ibidem.
26 RHODES, 1895.
38 Sob o domínio do Império Alemão desde os anos 1880, o Sudoeste Africano era
administrado pela Curadoria Colonial, atraindo germânicos como nenhuma outra
região da África subsaariana - minerais como diamante e cobre exerciam esse
fascínio entre os europeus. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Sudoeste Africano
foi invadido por tropas da União Sul-Africana e, com o advento do Tratado de
Versalhes, tal região ficou sob protetorado sul-africano sob os auspícios da Liga das
Nações. A incorporação total a Pretóris aconteceu em 1946.
39 HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1994, p. 199.
43 CROUZET, M. História geral das civilizações. São Paulo: Difel, 1975. v. 15, p.
45.
49 Idem, ibidem.
61 Tal termo foi cunhado a partir de um romance escrito em 1954 por Ilya
Ehrenburg, chamado Degelo.
70 HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro,
2005, p. 253.
81 Idem, ibidem.
83 Idem, Ibidem.
87 Idem, ibidem.
91 Idem, ibidem.
95 CÁCERES, Florival. História geral. 4. ed. São Paulo: Moderna, 1997, p. 467.
97 Quando este cunhou tal termo referia-se a Honduras, mas posteriormente tal
termo foi difundido para as demais repúblicas centro-americanas.
100 BETO, Frei. Nicarágua livre: o primeiro passo. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1980.
102 Esse episódio seria utilizado por Vargas para promover a CSN, uma vez que a
US Steel retira seus investimentos no continente. Além da US Steel, outras empresas
estrangeiras controlavam setores estratégicos no México. Por exemplo, o setor
petrolífero era dominado pela Royal Dutsch-Shell e pela Standard Oil de Nova
Jersey, afastadas pelo governo em 1938.
107 Tentando manter a chama do culto a Evita, Juan Domingo Perón determina que
o corpo de sua segunda esposa deveria ser embalsamado. Mesmo após a sua morte,
Perón continuou usando o nome Evita em obras e outras ações do governo.
108 Com a abertura de processos contra aqueles que violaram os direitos humanos
naqueles tempos no governo Kirchner, Maria Estela Martinez enfrenta processo por
compactuar com tais ações.