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Enquanto o acordo de colaboração premiada é realizado entre o suspeito e o MP, o de

leniência é feito entre a pessoa jurídica ou pessoas físicas vinculadas e órgãos de


controle e fiscalização ligados ao Poder Executivo (CGU, CADE, etc.), de modo que
o MP apenas pode vir a acompanhar os acordos. O objetivo, em geral, é o mesmo do
acordo de colaboração premiada. Em regra, tal acordo não se aplica a pessoas físicas,
mas a jurídicas com seus representantes.
É possível estender os efeitos do acordo ao grupo econômico, desde que firmem em
conjunto. A CGU atua nos domínios federais e nos que envolvem a AP estrangeira. Os
acordos podem ser feitos para qualquer infração da lei, e até mesmo da lei 8.666,
conforme o art. 17. Trata-se daquelas quatro sanções já conhecidas pela lei de licitações.
O problema é que, se há corrupção (no sentido da Lei Anticorrupção), não há dúvidas
de que atos que atentam contra as licitações são passíveis de leniência. Se não há, porém
(e aqui a lei foi silente), não seria muito lógico, embora o art. 17 autorize. Sendo assim,
fica a dúvida.
Para celebrar o acordo, a pessoa jurídica deve ser PIONEIRA em manifestar esse
interesse. Pode ser feito oral ou por escrito. O segundo requisito é a CESSAÇÃO DA
CONDUTA, que é algo coerente que se espera de quem vai delatar. O
RECONHECIMENTO DA PRÁTICA DO ATO LESIVO é também um requisito
básico. Se o sujeito oferecer a proposta e essa for rejeitada, não se poderá usar a
proposta rejeitada para responsabilizar a PJ. No entanto, tudo isso já deve ser feito
NA PROPOSTA, juntando todos os documentos e afins de maneira
EXTEMPORÂNEA, segundo o Decreto 8.420.
Pestana critica arduamente isso, pois, na prática, se a resposta vier a ser rejeitada,
muito provavelmente usarão das provas (já que se trata de processo administrativo).
Outro dever é o de COOPERAÇÃO. Segundo o decreto, a proposta poderá ser feita
até a conclusão do relatório a ser elaborado no PAR. Após isso, ocorre
DECADÊNCIA. Se não existir processo, Pestana entende que pode a PJ encaminhar a
proposta à autoridade máxima. Agora, uma vez instalado e desenvolvido o
procedimento correspondente, o acordo de leniência somente poderá ser proposto,
pela pessoa jurídica, até o instante em que a Comissão Processante apresente o seu
relatório e consigne a sua recomendação de condenação ou exoneração da pessoa
jurídica envolvida. Também se deve promover a IDENTIFICAÇÃO DOS
ENVOLVIDOS, seus papéis e afins.
A proposta será formalizada mediante TERMO CIRCUNSTANCIADO. Em
seguida, Pestana fala um pouco sobre as cláusulas e afins, mas nada aprofundado. O
acordo deverá ser PÚBLICO, salvo se isso prejudicar o andamento das operações. A
celebração de leniência não implica na colaboração premiada. Um dos EFEITOS do
acordo é a exoneração da publicação do extrato da decisão condenatória na
imprensa, que é uma das sanções previstas. Também poderá receber incentivos,
subvenções e afins. Também é possível a diminuição da multa em até 2/3 do
montante, a depender do grau de contribuição. Até mesmo as sanções da Lei 8.666
podem ser atenuadas. Se a PJ DESCUMPRIR, ficará proibida de celebrar acordo
dentro de 3 ANOS a contar do conhecimento do descumprimento, além de perder os
benefícios mencionados. Lembrando que o acordo de leniência é inserido no
CADASTRO NACIONAL DE EMPRESAS PUNIDAS (CNEP).
Capítulo 14 – Responsabilização e sanções em outros segmentos: os atos lesivos
continuados

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