Você está na página 1de 4

O Popular, Política, 29/09/2008.

ELEIÇÕES 2008

Gilvane luta contra o tempo por mais votos

Pausa na campanha: Gilvane encontra-se com as filhas Sofia e Giovana (D)

Núbia Lôbo

Provocador, empolgado e ansioso. Gilvane Felipe (PPS) corre contra o


tempo para tentar conquistar uma votação maior do que estão apontado as
pesquisas. A agenda do candidato está mais longa e apertada. Na ansiedade
de aproveitar cada minuto, adota uma vigilância constante do material de
campanha. A todo momento, pede aos assessores mais folhetos e adesivos.
Raramente Gilvane se envolve em uma conversa por mais de dois minutos.
Mesmo que seja um amigo ou um eleitor desconhecido, as atenções se
dispersam rapidamente. O objetivo agora é falar com o maior número
possível de pessoas.
Durante o dia em que a reportagem do POPULAR acompanhou Gilvane, o
candidato esteve em dois redutos “gilvanistas”: no Palácio Pedro Ludovico
Teixeira, onde fez muitos amigos quando foi secretário de Ciência e
Tecnologia (1999-2002), e no Sebrae, onde também deixou fortes laços de
amizade da época em que foi superintendente da entidade (2003-2006).
Nesses dois momentos, Gilvane deixou transparecer que é o retrato de sua
campanha na TV: provocador quando não é compreendido, simpático
quando é acolhido.
Gilvane recebeu a reportagem às 6h45, em seu apartamento no Setor
Bueno. Depois de muita campainha, o candidato abriu apenas uma
brechinha da porta, colocou a cabeça para fora e disse: “Dá cinco segundos
e entra”. Segundo ele, acordou às 5 horas, leu os jornais pela internet e
estava no banho quando a reportagem chegou. Em um apartamento típico
de solteiro (poucos móveis e sem toques de decoração), um jazz deixava o
clima bem agradável. Em poucos minutos, o candidato estava pronto para
enfrentar mais um dia de campanha.
O café da manhã é na padaria, onde Gilvane, a vice Jacqueline Vieira e os
assessores se encontram. O cardápio se resume a café preto e pão de
queijo. A refeição dura menos de quinze minutos: todos têm pressa.
Chegamos antes das 8 horas no Palácio Pedro Ludovico Teixeira. Gilvane e
Jacqueline se separam para fazer panfletagem. Gilvane é articulado na hora
de entregar panfletos, provocar reflexões, puxar conversa; mas na hora de
pedir votos, o candidato trava. Ele até tenta ser mais claro com o eleitor, mas
o pedido do voto não sai natural.
Entre tantos amigos e simpatizantes de Gilvane que passaram e
demonstraram apoio claramente, alguns eleitores desconhecidos se
aproximaram. O candidato ouviu frases como “Te parabenizo pela sua
conduta, sua trajetória”; “É uma pena Goiânia não reconhecer em você a
eficiência para administrar a cidade”; “Não posso falar alto que vou votar em
você”; e ainda “Tem muita gente aí te ajudando”.
Em alguns momentos, pedestres se recusaram a pegar o panfleto da
campanha de Gilvane. Ele provoca: “Isso é atitude cidadã?”, mas não tem
resposta. “Tem de botar essa galera para pensar”, reforça Gilvane.
Jacqueline usa de cautela para dar o equilíbrio: “Vamos encarar como
democracia, recebe quem quer”.
Depois de uma hora de panfletagem no centro da cidade, o candidato chega
ao Sebrae. Às 10 horas, Gilvane finalmente pede um voto com naturalidade
– ele sabe que está em reduto de amigos fiéis. E por ter essa consciência,
concentra o pedido nos adesivos. “Coloca no seu carro. É importante mostrar
adesão à nossa campanha nessa reta final”, repete aos funcionários.
Nos fundos do prédio, Gilvane mostra a obra de sua gestão no Sebrae que
recuperou o leito do córrego Vaca Brava. “A erosão estava muito próxima do
muro do Sebrae. Resolvemos recuperar o leito do córrego e gastamos R$ 1
milhão. Mas isso prova que nós sabemos fazer obras físicas”, brinca o
candidato. Depois que ele deixou a superintendência da entidade,
funcionários deram continuidade à preservação do local e plantaram árvores.
Hoje, a mata ciliar está praticamente recuperada.

Parada na casa da mãe para um suflê de milho


O candidato Gilvane Felipe (PPS) se mostra muito incomodado no trânsito,
como quem prevê um acidente a qualquer momento. A toda hora pede ao
motorista para tomar cuidado, olhar para os lados ou no retrovisor, ter
cautela com meninos que pegavam rabeira em um caminhão. “É possível
melhorar o trânsito sim, mas muitas pessoas não acreditam nisso porque não
conhecem a realidade de outras cidades”, afirma Gilvane, citando Porto
Alegre e Curitiba como exemplos de trânsito eficiente.
A parada para o almoço é na casa da mãe de Gilvane, uma residência típica
da “campininha” dos velhos tempos, simples e aconchegante. Bárbara Felipe
preparou o prato preferido do filho: suflê de milho. É nessa hora que ela
aproveita para sugerir atividades de campanha, comentar as entrevistas do
filho, corrigir falhas ou fazer elogios.
Na casa da mãe de Gilvane, uma surpresa: o candidato que preferiu abster-
se de religião tem uma família de raízes católicas profundas. Na mesa do
almoço, um lugar é reservado à imagem de Jesus Cristo. Imagens de santos
e a Bíblia tomam conta dos móveis da sala. Mas quando o assunto é religião,
o prefeitável prefere se ausentar.
Durante a refeição, Bárbara conta que Gilvane, quando criança, “era o dono
da bola”. Pai, irmão, prima, sobrinho e visitas começam a rir. “Quando ele
não queria jogar mais, pegava a bola e ia embora. Mas isso não era só com
a bola. Ele pegava os uniformes de todo mundo para eu lavar em casa”,
lembra a mãe. Gilvane emenda: “É claro, se eles fossem lavar ia manchar
tudo”.
É na hora do almoço também que assessores acertam a agenda dos
próximos dias com Gilvane e a vice Jacqueline Vieira. No horário eleitoral,
todos páram para assistir e a empolgação é geral com o programa da
coligação.
Após uma breve pausa, Gilvane e Jacqueline vão cumprir mais um
compromisso: visitar e apresentar as propostas da candidatura para os
funcionários do Hotel Rio Vermelho, no centro.
Eles levam cerca de uma hora e meia discutindo e mostrando quais são os
principais planos que têm para Goiânia, especialmente na área do turismo no
conceito do mote da campanha “Cidade Criativa”. Proprietários e cerca de 40
funcionários do estabelecimento assistem à apresentação dos candidatos.
Brechas no horário para ver filhas
Gilvane Felipe (PPS) e Jacqueline Vieira (PV), respectivamente candidato a
prefeito e a vice em Goiânia, preparam dois eventos que vão marcar a
última semana de campanha. Nesta terça-feira, um jantar vai arrecadar
fundos para pagar as despesas finais do trabalho de rua e da propaganda de
TV. Na quinta-feira, militantes sairão em caminhada da Praça do Bandeirante
até a Praça Universitária.
Para ficar com as filhas – Geovana, de 8 anos, e Sofia, de 1 ano e 9 meses
–, Gilvane tem de aproveitar as pequenas brechas que consegue durante as
atividades.
Quando aproveitou meia hora de folga para ver Sofia na escola, o tempo do
candidato teve de ser redimensionado pela necessidade da filha. Sofia
agarrou Gilvane e só deixou ele ir embora uma hora depois. “Quando passar
as eleições, vou tirar uma semana para descansar em Alto Paraíso”, planeja.
CRONOLOGIA
5h: Leitura
Acorda e lê as notícias do dia pela internet

7h: Café da manhã


Sai para uma padaria, onde encontra candidata a
vice e assessores

8h: Panfletagem
Vai ao Palácio Pedro Ludovico Teixeira e pouco
depois distribui panfletos

10h: Entre aliados


Chega ao Sebrae, onde pede votos e distribui
material entre conhecidos

12h: Almoço
Na casa da mãe, em Campinas, almoça e acerta
a agenda com os assessores

14h30: Apresentação
Acompanhado da candidata a vice, chega ao
Hotel Rio Vermelho para apresentar proposta

16h: Reunião
Em reunião na agência de publicidade, decide
com a equipe os temas do próximo programa
eleitoral

18h: Pausa
Volta para casa, a fim de descansar e se preparar
para debate na TV

20h30: Debate
Chega ao Câmpus 5 da UCG, onde vai debater
com Sandes Júnior e Martiniano Cavalcante

23h: Descanso
Chega em casa para descansar

Você também pode gostar