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Wild Invitation - Nalini Singh
Wild Invitation - Nalini Singh
Mas como um leopardo dominante do clã, o experiente Nate não quer prender
Tamsyn nas ferozes demandas do acasalamento – um laço conduzido pelo
seu animal interior, quando ela mal teve a chance de se transformar em
mulher. Mas Tamsyn sabe o que ela quer para o Natal, e ela vai conseguir
isso...
Felicidade
ILEGAL.
Foi assim que em 2019, apenas o gelo corria nas veias dos políticos Psy que
queriam tornar o Natal ilegal.
Uma vez que a raça Psy controlava o governo como o faz agora, a Lei 5.198:
Supressão de Natal e Feriados Associados, estava quase certa de ser
aprovada.
Haviam algumas poucas exceções. Alguns Psy idosos – aqueles que tinham
sido muito velhos no início do Silêncio para permitir um verdadeiro
condicionamento – não estavam certos de que queriam que o feriado fosse
ilegal.
rendimentos – a lei 5.198 significava que eles não podiam mais fazer
propaganda de seus produtos em conjunto com o feriado ilegal.
O Conselho Psy viu-se confrontado tanto com uma revolta em massa das
outras raças, quanto por uma considerável oposição das empresas que
apoiaram seu regime. Os Psy podiam não sentir, mas também não gostaram
de ter suas margens de lucro comprometidas. As empresas não foram as
únicas que sentiram o impacto negativo da Lei 5.198, as autoridades não
conseguiam encontrar uma forma de perseguir todos os que violaram a lei
contra o Natal.
As igrejas simplesmente agiram como se a lei não existisse. Mas elas, com
sua dignidade solene, não foram os piores criminosos. Os changelings, em
particular as espécies não predatórias de veados se divertiram bastante
andando pelas ruas em suas formas animais, vestidos como as renas do Papai
Noel.
Então os changelings cavalos decidiram que não iriam ferir seu orgulho
aproveitar e, de dois em dois, transportar os compradores em grandes trenós
ao redor das cidades.
Era inaceitável para os Psy sentirem felicidade. Aqueles que sentiam, tinham
suas mentes limpas e suas personalidades destruídas em um processo horrível
conhecido como “reabilitação”. Mas não foi ilegal para mais ninguém
celebrar a felicidade. E se eles queriam fazê-lo cantando canções, se
encontrando com entes queridos, e frequentando certas cerimônias vestidos
com suas melhores roupas, bem, isso também não era ilegal.
Agora, quarenta anos depois, o Natal é uma festa diferente de qualquer outra.
Embora o Dia da Felicidade tivesse sido aposentado logo após a revogação
da Lei 5.198, os changelings e os humanos sempre souberam que ambos
eram a mesma coisa. É claro que a felicidade não é garantida pela magia do
Natal. Às vezes, uma mulher tem que lutar com tudo dentro dela, com seu
orgulho e sua fúria, seu amor e raiva, com a sua própria alma, a fim de
reivindicar a alegria... Ou o homem, destinado a ela.
Capítulo Um
O garoto tinha sido banhado de sangue, seus pais assassinados diante de seus
olhos. Mas ele lideraria. Não importava que mesmo que eles esperassem uma
década, ele ainda seria muito jovem.
Assim como Tamsyn era muito jovem aos dezenove anos para ser a curadora
sênior do clã leopardo DarkRiver. Sua mentora tinha sido a mãe de Lucas,
Shayla. O ataque à família de Lucas não só tinha roubado sua curadora, mas
deixado o DarkRiver em constante estado de alerta.
Isso não significava que eles tinham se dado por vencidos. Não, eles estavam
em silêncio construindo a sua força até o dia em que poderiam destruir os
ShadowWalkers – o clã que tinha assassinado os seus.
Ela sabia que Nate seria um daqueles que seguiriam o clã vagabundo quando
chegasse a hora.
Ele era alto e forte ao lado de Lachlan, sua concentração no que quer que
fosse que eles estavam discutindo. Aos 29 anos de idade, ele era um dos
melhores soldados do clã, e logo seria uma sentinela, assumindo a posição de
Cian, quando o homem mais velho se aposentasse do dever ativo.
Assustada, ela olhou para longe de Nate, para os brilhantes olhos verdes de
Lysa.
— Eu cheguei há apenas uma hora. — Mesmo agora, ela não acreditava que
estava em casa – os seis meses que tinha passado no hospital universitário de
Nova York tinham sido os mais difíceis de sua vida.
— Sim. Pelo menos essa parte — Ela podia acabar o resto de sua formação
médica mais perto, em São Francisco.
— Nada deu errado quando eu estava ausente? — Ela tinha odiado ter
deixado os DarkRiver aos cuidados de outra pessoa, embora confiasse
totalmente na curadora que tinha segurado as pontas durante a sua ausência.
— Maria?
— Ela partiu esta manhã. Louca para voltar para casa exatamente como você.
— Lysa sorriu. — Foi legal o clã de Maria nos emprestá-la, e ela foi ótima,
mas porra, eu estou feliz por ter você de volta.
— Não. — Ela olhou por cima do ombro. — Ele está ocupado com Lachlan.
— Como se importasse. Todo mundo sabe que vocês dois foram feitos um
para o outro.
Nate estava determinado a que ela tivesse chance de explorar a sua liberdade
antes de se assentarem.
O que ela nunca tinha sido capaz de fazê-lo ver, era que ele era a sua
liberdade. Ela não queria se separar dele. Mas Nate era mais forte do que ela.
E, dez anos mais velho, ele estava acostumado a dar ordens e ser obedecido.
— Tudo bem. Vejo você depois que tiver se organizado — Lysa sorriu. —
Eu tenho que ir falar com Lachlan sobre alguma coisa.
— Com licença. — disse ele para Lachlan, não mais preocupado com a
discussão em mãos. Um Psy chamado Solias King estava aparentemente
fazendo o que ele pensava que fossem discretas indagações a respeito do
alcance territorial dos DarkRiver, e sua capacidade de defesa.
Lachlan estava quase certo que o homem queria roubar suas terras.
— Nathan.
Sua pele era delicada sob sua mão, e ele estava muito consciente de quão
facilmente podia machucá-la. Com seu cabelo preso em um longo rabo, seu
pescoço parecia ainda mais vulnerável. Ele esfregou o polegar sobre a maciez
dela.
— Onde você estava? — O leopardo, que era a sua outra metade não gostou
que ela não tivesse ido a ele primeiro.
Sua fera acalmou. Ela tinha ido à procura dele. Suavizando seu aperto, ele
deslizou a mão para o lado de seu pescoço e puxou-a para ele.
claro que você já teve mulheres. Eu não preciso de ninguém para me pintar
um cartaz. — Um fio de raiva recortado tornou suas próximas palavras
afiadas. — Eu não tenho tido uma amante desde o seu aniversário de quinze
anos. — Ele era um saudável leopardo no seu auge.
Fome sexual não se ajustava bem a ele. Mas também não uma traição a sua
companheira.
— E se alguém está lhe dizendo outra coisa, eu vou arrancar a garganta dele.
Ela piscou.
— Mas eu não gosto de saber que você já teve outras mulheres em sua cama,
que tocaram você, te deram prazer.
Sua franqueza o chocou. Tamsyn não falava com ele daquele jeito.
Ele cruzou os braços para impedi-los de puxá-la de volta contra o seu peito, e
provar a sua besta que ela ainda lhe pertencia.
— Tamsyn.
— Não. Eu estou por aqui! — Ela puxou a borda da mão abaixo do queixo.
— Todas as outras mulheres da minha idade estão tomando amantes à
esquerda, à direita, ao centro, e a única coisa que eu consigo é frustração!
— Se eu tomar você , — ele disse calmamente, — vai ser para a vida toda.
Seu pênis queria tomá-la. Mas ela tinha dezenove anos. Não entendia ao que
estava se comprometendo. Ele não era um gatinho que ia segui-la com sua
língua pendurada para fora como os homens jovens faziam com as fêmeas.
Se ele a tomasse, a manteria. Sexualmente, ele era muito mais maduro do que
ela, e as necessidades sexuais de um leopardo-changeling apenas cresciam
mais intensas com o tempo.
— Eu lhe disse para nunca trazer o assunto dos meus pais de novo.
— Por que não? — Ela estava tremendo. — Eles são a razão pela qual você
está sendo tão estúpido. Só porque sua mãe foi infeliz depois de decidir tomar
um parceiro permanente aos dezoito anos, não significa que eu serei.
Sua mãe tinha sido mais que infeliz. — Ela cometeu o suicídio. —
— Nós não somos seus pais! — Tamsyn repetiu, a voz embargada na última
palavra. — Você é meu companheiro. E eu sou a sua. Sua mãe e seu pai não
tinham essa conexão.
Não, seus pais tinham se paixonado a moda antiga, sem serem impulsionados
pelos instintos de acasalamento dos leopardos. Acontece algumas vezes.
Embora o acasalamento não fosse incomum, nem todo changeling encontrava
seu verdadeiro companheiro, aquele com quem se vinculava em um nível
quase psíquico.
— Eu sou mais velho e mais experiente. — Ela tinha anos antes de alcançá-
lo.
— Tamsyn. — Ele usou o tom de voz que faria até o jovem mais
encrenqueiro parar e prestar atenção.
— Que diabos? — Caminhando atrás dela, ele a alcançou bem a tempo de ver
suas roupas se desintegrarem de seu corpo quando ela mudou
para
sua
forma
de
leopardo.
Ele congelou, como sempre, atordoado por sua beleza. Sua pelagem era
brilhante, as rosetas escuras definidas ricamente contra o ouro. De repente,
ela olhou por cima do ombro e deu-lhe um olhar que só poderia ser descrito
como arrogante. Seus olhos eram verde-ouro, não caramelo, nesta forma, mas
eles eram definitivamente muito femininos.
Ele rosnou ao desafio implícito. Ela estalou os dentes em resposta e saiu. Ele
quase foi atrás dela, suas garras já estavam fora até o momento que colocou a
si mesmo sob controle.
Agora, sua mente estava tão cheia de imagens de suave carne feminina e
carícias de longos dedos, que ele corria o risco de arrebentar suas calças.
Capítulo Dois
Tamsyn mudou de volta para sua forma humana perto da casa de seus pais.
Eles viviam bastante próximos ao círculo do clã, e era onde ela estava
hospedada para o momento, sua vida no limbo — deveria estar morando com
Nate agora. Com os olhos ardendo pela lembrança de sua rejeição, ela
recolheu algumas roupas que tinha escondido para essas eventualidades.
A nudez não era grande coisa no clã, mas ela já estava se tornando um bebê
chorão. Pelo menos poderia ser um bebê chorão vestido.
Vestida, ela caminhou até a porta da frente. Sua mãe abriu antes que ela
pudesse bater. Com seus cabelos escuros e olhos castanho claro, Sadie
Mahaire era uma versão mais velha, e menor de Tamsyn. Sua altura foi
herdada de seu pai. Sua mãe deu uma olhada no seu rosto e abriu os braços.
— Eu não sei o que fazer, mamãe, — ela disse depois do que pareceram
horas mais tarde. Ela estava deitada no sofá, a cabeça no colo da mãe e as
pernas enroladas sobre as almofadas.
Mas... Mas ele não parece sentir o mesmo. — Esse conhecimento a esmagou,
fazendo-a sentir como se estivesse sangrando por dentro.
— Oh, sim, ele sente — Sadie afastou o cabelo fora do rosto de Tamsyn com
mãos delicadas. — Ele simplesmente teve mais tempo para se acostumar com
isso.
— Sim, mas você tinha quinze anos. Sua sexualidade era jovem, imatura —
Ela lembrou-se da onda de calor pesado que se desenrolava em seu estômago,
sempre que estava perto Nathan, a dor suave em locais baixos. — Eu o queria
mesmo assim.
— Mas como uma garota, não como uma mulher. — Sadie beijou sua testa.
— Ele, por outro lado, deve de ter tido um tempo brutal. Você era um bebê e
ele nunca teria se permitido tocá-la, mas ele era um homem e seu animal
sabia que era sua companheira.
— Ele vai ser sentinela, mamãe. — disse ela, orgulhosa, mas com medo. —
Você sabe o tipo de homens que se tornam sentinelas. Sua vontade já era tão
forte como o aço, antes dele descobrir sobre o vínculo.
— Oh, meu bebê. — Sadie apertou seu ombro e Tamsyn sentou-se, limpando
as últimas evidências de suas lágrimas. — Agora escute, — disse
— Mas ele não irá escutar. Ele colocou na sua mente que vamos esperar e
esperar e esperar e— .
Uma espera tão longa que a levaria a loucura. Ela não estava sendo
excessivamente dramática — a falta de contato tátil entre ela e Nate, a
negação dos anseios dos seus animais, doía fisicamente.
— E não é como se eu fosse alguma coisinha sexy que poderia seduzi-lo. —
Saiu antes que ela pudesse se sentir constrangida.
Tamsyn não tinha coragem de dizer a sua mãe que, embora essas qualidades
pudessem ser boas, elas não a fariam exatamente impressionante. Suas mãos
eram as mãos práticas de um curador, os cabelos de um marrom comum, e os
olhos dela... Bem, seus olhos estavam ok. Às vezes, ela achava que pareciam
âmbar escuro. Mas que homem se preocuparia com seus olhos quando
mulheres como Juanita com seu corpo curvilíneo e sedutor estavam
escorregando ao redor? Tamsyn era toda pernas e ossos fortes. Mais cavalo
do que leopardo, pensou sombriamente.
— Isso é para você descobrir. — Sua mãe sorriu. — Mas eu vou te dar uma
dica: Ele é um homem. Trate-o como um.
Duas horas depois, Tamsyn ainda não fazia ideia do que iria fazer.
Arrastando-se de volta para a sala, ela começou a se levar pelo mau humor,
quando avistou uma caixa sobre a mesa do café com o nome dela.
Outra nota:
Tammy, querida, eu achei que você gostaria de fazer isto enquanto as coisas
estão tranquilas (e você está de mau humor). Nós poderíamos fazer alguns
novos. Amor, mamãe.
Ela parou.
hoje, neste momento, ela sentiu como se Shayla estivesse parada bem ao seu
lado,
dizendo
às
verdades
que
ela
precisava
Este seria o segundo Natal desde o ataque. Ninguém havia tido o bom humor
para comemorar o primeiro, mas talvez fosse hora de curar a sua família, seu
clã.
— Sai dessa, — ela ordenou a si mesma. Ficar de mau humor era destrutivo
— ela não deixaria a idiotice de Nate arruinar este Natal para ela. E iria se
certificar de que ele soubesse.
Capítulo Três
ele era forte o suficiente para usar o controle da mente sempre que decidisse.
Solias tinha feito antes — A política não permitia sutilezas como princípios
morais elevados. Seus planos atuais, também, teriam sido muito mais fáceis
de implementar se ele tivesse sido capaz de utilizar suas habilidades
telepáticas para coagir e persuadir. Infelizmente, os changelings tinham
sólidos escudos naturais. Ele poderia ser capaz de transformar um deles — e
isso com muito esforço, — mas ele não conseguiria controlar o clã DarkRiver
inteiro.
— Me dê um resumo.
Solias assentiu.
Capítulo Quatro
— Que diabos você está fazendo aí em cima? — Seus olhos estavam com um
brilho noturno enquanto ela estava sobre um galho de árvore perigosamente a
diversos metros longe do chão, em forma humana. Teria sido diferente se ela
estivesse lá em forma de leopardo. Isso era normal. O
mesmo não poderia ser dito para uma mulher com uma corda de luzes de
Natal pendurada num ombro. Agora, aquela mulher bufou e começou a
colocar a sequência de luzes ao redor e ao longo dos ramos acima de sua
cabeça.
— Tamsyn, eu juro por Deus, — ele cerrou os dentes, seguindo-a para que
pudesse alcançá-la se ela perdesse o equilíbrio, — Se você me fizer ir até aí,
você não irá se sentar sem recuar por semanas.
— Você não vai colocar a mão em mim, Nathan Ryder, — disse ela.
Ela tinha razão, claro. Ele preferiria cortar sua mão a machucá-la.
Ele parou.
— Sua o quê? — O abeto era tão alto que parecia tocar as nuvens noturnas.
Só uma louca tentaria decorá-lo. Mas, em vez de perguntar se ela tinha
perdido a cabeça, com chances de ter sua própria cabeça mordida, ele decidiu
apontar outro fato. — Faltam semanas para o Natal.
— Onde você conseguiu todas essas luzes? — Ele pegou a corda mais pesada
empurrou-a sobre um braço e começou a subir.
— Eu não posso acreditar que estou tendo essa conversa com você.
— Boa ideia. — Ele podia seu sorriso afetado. — Você não deveria estar fora
fazendo coisas importantes de sentinela?
— Tamsyn, — ele começou, com a intenção de gritar com ela. Então sua
besta, de repente, percebeu algo.
— Dói-me saber que uma mulher teve permissão de privilégio total de pele
com você — enquanto eu não mereço um simples beijo.
— Nunca se compare a qualquer outra mulher, — disse ele, sua besta furiosa
com a simples ideia. No instante em que percebeu que ela tinha nascido para
ele, não teve olhos para mais ninguém.
— Tammy.
Ele tinha certeza que ouviu as lágrimas em sua voz. Isso o balançou. Sua
forte, linda companheira nunca chorava.
— Tammy, não.
— Enfeites. Eles vão levar um tempo. Vou buscar as crianças para fazer cada
um.
Tamsyn estava esperando por ele quando ele desceu pela segunda vez.
— Obrigada.
Ele cerrou as mãos para evitar afagar a linha delicada de seu perfil.
— Não até que esteja pronta. — Ela empurrou suas próprias mãos nos bolsos
da calça jeans. — É melhor eu entrar. Está frio.
Ele estava a um passo de puxá-la para um abraço, teria feito isso por qualquer
outro companheiro que precisasse — o toque era a pedra angular de quem
eles eram. Mas se tocasse Tamsyn, não pararia em um simples abraço. Ele
teria tudo dela, reclamaria sua propriedade de privilégio de pele da cabeça
aos pés, gastando um tempo extra em cada curva sedutora feminina entre
isso. Sua voz estava rouca como leopardo quando ele perguntou:
— Não. — Ela deu-lhe um sorriso tenso. — Mas eu também não sou idiota
de castigo. Você pode ter tido anos para se acostumar a resistir ao impacto
total do calor do acasalamento, mas eu não. Então, me ajude, e mantenha
distância.
*****
— Mantenha distância de mim.
Alguma coisa rosnou profundamente nas florestas que cercavam a sua casa e
ele se perguntou quem do seu clã estava correndo sob a lua. Se tivesse que
apostar, teria dito Lucas ou Vaughn, ou talvez ambos. Os dois ainda eram
menores, mas ambos já tinham visto a morte em primeira mão, foram
marcados por suas perdas. Agora, eles esperavam para crescer, para que
pudessem reivindicar sua vingança.
Algo escuro e quase violento nele apertou com o pensamento dela, uma
sensação de certeza completa preenchendo sua alma. Ela era dele, não iria
nunca ser de mais ninguém. O lembrete acalmou a fome visceral de sua besta.
Ele jamais esqueceria o momento quando percebeu que ela era para ele. Por
causa da disparidade de suas idades, tinham amigos diferentes, moviam-se
em diferentes níveis do clã. Mas ele sempre soube quem era ela, a adorava de
uma maneira que era tudo de bom — sua gargalhada acalmava os duros
avanços de sua besta, seu sorriso o fazia querer sorrir de volta.
Ele tocou-lhe nessa ocasião, cobriu seu rosto com a mão. Ela se inclinou para
ele, suave e acolhedora e tudo o que ele sempre quis. Ele sabia que, naquele
momento, poderia lhe pedir qualquer coisa e ela daria a ele. Isso foi o que o
fez recuar.
— Não até que você esteja pronta, — ele disse, encerrando o contato.
Tamsyn pensava que ele estava sendo cruel. Ela não tinha visto o que ele viu
com seus pais.
Sua mãe tinha sido muito jovem, seu pai exigente demais. Dentro de uma
década, eles tinham destruído um ao outro e a si mesmo. A ideia de fazer
aquilo a Tamsyn era seu pior pesadelo. Porque ele sabia que era
muito parecido com seu pai — não seria um homem fácil com quem se
acasalar. Ele esperaria total devoção, exigiria completa rendição sexual,
tomaria posse absoluta.
Hoje à noite, seu corpo ansiava por ela com uma fúria que era mais animal do
que homem. O gato a tinha desejado desde o início. Para o leopardo, ela
cheirava madura aos quinze anos, mas o homem sabia que ela não estava nem
perto de pronta.
Agora... Agora ele poderia te-la — se ele estivesse disposto a olhar em seus
olhos pelo resto de sua vida, e saber que ele tinha roubado o pouco de
liberdade que ela poderia ter tido.
— Não. — Não faria isso com ela. Ela poderia estar frustrada e irritada com
ele, mas iria perdoá-lo. Era o que companheiros faziam.
*****
Tamsyn nunca iria perdoar Nathan por fazê-la passar por isso!
— Eu não aguento mais! — Sua pele estava tão sensível que sentia até
mesmo os lençóis abrasivos. A carne entre suas pernas estava inchada com a
necessidade, e só havia um homem contra o qual ela queria se esfregar, a
única coisa que ela queria fazer. Infelizmente, Nate não queria brincar. Por
que ele apareceu hoje à noite? Para torturá-la? Seu animal tinha se
embriagado com seu cheiro, se viciado no orgulhoso sabor masculino dele.
Ela queria mais. Muito mais. Talvez tivesse sido por isso que ele tinha vindo
— porque seu animal também estava morrendo de fome? Ela bufou. O mais
provável é que ele voltaria para lhe dizer como ela se atreveu a virar as costas
para ele esta tarde.
Isso não havia tirado dela a sensação de fracasso, mas ela tinha entendido. O
vínculo entre companheiros era lindo, poderoso.
Companheiros separados poderiam viver sem o outro, mas doía. Como ela
sabia bem demais.
toque era tão necessário para eles como alimento e ar. Tamsyn não achava
nada demais abraçar e beijar um colega do clã que precisava de tranquilidade.
E seu companheiro nem sequer lhe dava isso...
Enchendo o copo, ela o pegou e foi para frente da janela. Seu plano
— se distrair admirando sua árvore — desapareceu no segundo que viu o
leopardo dormindo em um dos ramos.
Ela não podia decifrar suas marcas, mas já sabia quem era.
Nathan. O homem não a tomaria como sua companheira de verdade, mas ele
achava que tinha o direito de protegê-la? Maldito. Abaixando o vidro, ela
estava na metade da porta, quando olhou para si mesma.
Tudo o que ela usava era uma camisa de futebol velha. Que era de Nate. Ela
tinha roubado dele de forma pouco evidente, necessitando estar rodeada de
seu perfume. Mas como era grande, ela se abria sobre seus seios fartos e só
batia no meio de suas coxas. Talvez devesse se trocar. E
Nate provavelmente não iria gostar dela andando seminua por aí Ela golpeou
sua testa.
— Tamsyn, às vezes você é uma idiota. — Claro que ele não ficaria satisfeito
com ela desfilando semi-nua. A visão de tanta pele poderia incitar sua besta,
tentá-la o suficiente para dominar a vontade do homem.
Capítulo Cinco
— Não rosne para mim, — disse ela e sua respiração voltou ao ar para a
névoa. — Você não pode escolher que partes do acordo de acasalamento
você quer. É tudo ou nada. Vá embora!
Ele andou ao longo do galho de árvore e saltou para o chão aos pés dela, uma
criatura deslumbrante que ela poderia acariciar por horas.
Ela quis provocá-lo, mas ao invés disso, o seu próprio leopardo estava
raspando sob sua pele, de uma forma obscuramente carente que a assustou.
Ele mostrou os dentes e deu um rugido curto e rouco, para chamar a atenção
dela. Seus olhos lhe diziam para levar seu pequeno traseiro para dentro, ou
ele faria por ela. Ela esperava que ele fizesse.
Porque se ele mudasse agora, estaria nu. Enfim, contato pele com pele.
Suas coxas tremiam, mas de alguma forma ela encontrou forças para manter
seus pés e apontar para longe de sua casa.
Ele golpeou sua mão com a cabeça, e ela começou a acariciá-lo, seu corpo
aquecendo de dentro para fora.
— O que você estava fazendo lá fora, Nate? — Ele deitou a cabeça em sua
coxa e resmungou baixinho em resposta.
— É porque meus pais estão fora, não é? — Ela suspirou e tentou não tremer
com a proximidade dele. Ele era tão mortalmente lindo, seu corpo puro
músculo sob suas carícias. — Quando você vai aceitar que eu sou adulta?
Huh?
Nenhuma resposta. O ritmo constante de sua respiração lhe disse que tinha
adormecido. Ela não podia suportar acordá-lo. Lágrimas picaram seus olhos.
Se ela mudasse, ambos estariam na forma de gato e...
Não, ela pensou. Não usaria a profunda necessidade do animal contra Nate.
Foi o homem que quis dar a ela "liberdade" e era o homem que ela tinha de
convencer. O animal já sabia o que era certo. Se apenas a metade humana de
Nate não ficasse no caminho. Exceto, claro, que ela amava aquela parte dele
também. Suspirando, ela passou os dedos por seu pêlo
*****
Nate esperou para levantar a sua cabeça até que teve absolutamente certeza
de que Tamsyn estava dormindo. A última hora tinha sido tanto de dor como
de prazer, tortura e redenção. O animal não conseguia entender por que ele
não a reclamava. Um pensamento, uma fração de segundo mudando para
forma humana, e ele poderia tomá-la ali mesmo na maciez do tapete. A
tentação foi surpreendentemente forte.
Ela era a criatura mais delicada que ele já tinha visto. Um longo, muito alto
drink de mulher. Ele poderia passar a noite toda passando sua mão para cima
e para baixo na maciez de suas coxas expostas por esse tecido que ela tinha
roubado anos atrás. Ele sabia, é claro. Tinha-lhe dado prazer pensar nela
coberta com seu cheiro. Desde que não a tinha visto usando, tinha suposto,
desejado, que fosse sua roupa a escolhida para dormir.
Suas garras cravaram o tapete enquanto ele mudava sua atenção para a forma
orgulhosa de seus seios. Não havia dúvida sobre isso —
Ninguém pensaria ao olhá-la que ela era a curadora deles já havia dois anos.
Ah, os poucos clãs que eles tinham confiado depois do assassinato de Shayla
— clãs com homens e mulheres com descendência dos DarkRiver — tinham
enviado curandeiros sêniores para completar sua educação, mas era a Tamsyn
que o clã procurava. Ela era deles, e profundamente confiável.
Ele lembrou-se dela aos dezessete anos. Sua mentora foi morta e o
companheiro de Shayla, Carlos, estava gravemente ferido. Seu filho, Lucas,
continuava desaparecido. Tammy era então tão pequena, frágil como uma
vara verde, que ele pensou que poderia quebrar sob o peso das
feridas do sentinela que estava morrendo. Mas ela não tinha quebrado.
Em vez disso, ela colocou cada centímetro de suas habilidades para curar
Carlos. Ela não tinha sido capaz de salvar sua vida, mas havia lhe dado forças
para sussurrar suas últimas palavras — As que disseram a eles que Lucas
ainda estava vivo. Tammy tinha sido completamente drenada pelo esforço de
salvar Carlos, mas quando resgataram um Lucas gravemente ferido, ela tinha
de alguma forma encontrado impossivelmente mais para dar. E ela se
manteve lá por semanas.
Ela havia dormido apenas quando Nate a obrigou, preocupado que ela
entrasse em colapso sob a tensão.
Mesmo assim, ela rastejava para fora da cama depois de no máximo algumas
horas. Finalmente, Nate tinha tido que praticamente sequestrá-la. Ele
segurou-a em seu colo e disse-lhe para dormir. E ela o fez, enrolada com
confiança em seus braços.
A menina que tinha sido uma magrela esbelta tinha ido embora.
Ela se transformou em uma mulher de coragem e beleza, mas uma que nunca
tinha tido a chance de ser jovem.
*****
manhã, por volta das seis. Apesar do fato de que ela tinha feito tudo que
podia para seduzir Nate, ele nem a beijou. Era repugnante para ele?
Um soluço ficou preso em sua garganta. Era a primeira vez que ela
considerava que a resistência de Nate talvez se mostrasse, não de seu
esmagador senso de proteção, mas porque ele não queria estar ligado a ela.
Seu lábio inferior tremeu. Ela abraçou a manta ainda mais apertado em torno
de seu corpo, em um esforço inútil de evitar a histeria.
Adorava tudo sobre ele, de sua força ao seu riso, à sua desavergonhada
masculinidade.
Um que ele não poderia dissolver, mas que não teria escolhido se tivesse sido
dada a escolha? Ela era dificilmente um prêmio, sabia, sempre soube disso.
Adicionado a isso, Nate era mais velho, mais experiente. Talvez ele tivesse
esperado e desejado encontrar uma companheira que poderia se igualar a ele,
uma mulher que tinha visto muito mais do mundo do que apenas o pequeno
canto deles.
Isso não importava para ela. Ela era uma mulher de lar e família. Era à
maneira da maioria dos curandeiros. Eles gostavam de estar perto de seu
povo, suas terras. Curandeiros construíam casas permanentes antes da
maioria dos outros, cercando qualquer um que precisasse de sua ajuda, e
amando os seus próprios. Os meses em Nova York quase arrancaram seu
coração, ela tinha estado com tanta saudade.
Mas Nate tinha perambulado. Ele havia deixado o clã por anos como jovem e
voltou um homem, forte, fiel e com um horizonte fogoso em
seus olhos. O que ele via nos dela? Casa — calma, estabilidade, eternidade.
Mas não era muito emocionante. Não admirava que ele não a quisesse!
Tamsyn tinha entrado lentamente em sua completa situação, algo que teria
espantado os que a conheciam, quando o console de comunicação tocou. Era
o código de emergência. Ela piscou e focou sua atenção, a curandeira nela
assumindo.
— Fale comigo.
O ar frio cortava seu rosto enquanto ela corria. Se Dorian não estivesse tão
perto, ela teria tomado um veículo. Mas a esta distância, sua velocidade
changeling era mais rápida do que teria ido o veículo nas estradas
esburacadas da floresta. As estradas foram danificadas de propósito. Era outra
linha de defesa, destinada a atolar os incautos. Os DarkRiver
nunca
iria
ser
pegos
de
surpresa
novamente.
— Nita, você pode me dar um minuto com Dorian? — Ela olhou para a
mulher bonita. Juanita assentiu.
Dorian fez uma careta enquanto falavam sobre ele, mas não disse nada até
que Juanita tinha desaparecido entre as árvores.
Ele deixou que ela o puxasse ainda mais em seu abraço. O toque era o
coração de um clã saudável. Era o que os unia, o que lhes dava sua força.
Sorrindo, ela levantou a mão e começou a escovar os dedos pelos
desordenados cabelos loiros sedosos, enquanto ele se encostava contra ela.
O que quer que tivesse acontecido para quebrar seu braço, não tinha
machucado tanto o seu orgulho.
Ela sorriu.
— Você quer que eu quebre Nate para você? — Parecia que o clã inteiro
sabia como estavam as coisas entre ela e Nathan.
— Pirralho.
— Sim, mas você gosta de mim. — Rindo, ela deu um beijo em seu rosto
antes de se levantar. Ele a seguiu, seus ossos mostrando a promessa de uma
altura que estaria superando a dela por alguns centímetros, pelo menos.
— Cuide-se, Dorian. Se eu ver você mais uma vez este ano, vou fazer algo
desagradável como puxar meu status de curadora e triturar você.
— Dorian! — Com malícia no sorriso, ele se afastou dela antes de virar para
fugir por entre as árvores. Ela manteve seu sorriso escondido até que ele se
foi. Então se abaixou e começou a recolher seu material e equipamentos. Ela
estava contente. Sua formação médica foi muito útil hoje. Caso contrário, ela
teria usado a energia de cura para um propósito inútil. O que fazia, vinha de
dentro dela — ela tinha de conservar sua força para os piores ferimentos...
Como tinha acontecido com Carlos.
Folhas farfalharam à esquerda, e ela olhou acima para ver Juanita sair.
— Você viu meu — ah, lá está ele. — Nita pegou um delgado relógio preto
do chão. — Eu o tirei enquanto estávamos lutando. Esse rapaz é perigoso
quando começa.
Nita era a última pessoa com quem queria conversar, especialmente após
a constatação horrível que ela tinha tido naquela manhã. Então a outra mulher
se abaixou sobre as ancas ao lado de Tamsyn.
Seu núcleo curador veio à tona, enviando a feiúra doente dos ciúmes para um
pequeno canto.
Capítulo Seis
— Mas isso é tudo o que era. Diversão. Éramos amigos então e somos
amigos agora. Nada mais.
— Tudo bem. Eu tenho que ir. — Ela estava com tanta fome pelo toque de
Nate, que mesmo a ideia dele com outra mulher a machucava rudemente.
Juanita não a soltou.
— Você não está ouvindo, Tammy. Eu estou lhe dizendo que aquele homem
nunca olhou para mim com o tipo de calor selvagem que olha para você. Ele
nunca me quis, não como anseia por você.
Juanita riu.
— O homem quer tanto você, que ele está deixando todos os jovens loucos.
Você sabe quão sensíveis eles são à fome sexual, e agora, Nate é um franco-
atirador de mais de um metro e oitenta de pura necessidade animal. E ele não
está interessado em ninguém além de você.
— Mas.
— Sim, você é. Eu não hesitaria em vir lhe pedir conselhos sobre mil e uma
coisas. — As palavras triviais de Juanita, tiraram a respiração de Tamsyn. —
Mas há uma área em que você é como uma criança na floresta.
— Sim. Você foi uma das sortudas — encontrou seu companheiro cedo, mas
isso veio com um preço. — Juanita não tinha necessidade de soletrar. —
Então, confie em mim quando digo que o homem está morrendo por saborear
você.
— Claro que ele é. Ele é teimoso e é dominante. Ele quer fazer isso da
maneira dele. Cabe a você mudar sua mente. Por favor, faça antes que ele
deixe todos loucos. — Respirando fundo, Tamsyn engoliu seu orgulho e
colocou sua fé nos laços do clã. — Você tem experiência. Me ensine o que eu
preciso saber.
Juanita sorriu.
Um dia depois que ele deixou Tammy dormindo perto da lareira, Nate
retornou de uma reunião com Lachlan para encontrar a área ao redor da casa
dela cheia de crianças. Nem todos eles eram exatamente menores de idade.
— O que você está fazendo? — Ele perguntou a Cian, que estava sentado
sobre o que parecia como um banco e mesa fixos roubados do quintal do
alpha.
O velho sorriu.
— Porquê? — Nate insistiu. Cian fez uma careta para ele. — Porque Tamsyn
disse que eu tinha que fazer.
— Você já tentou discutir com ela quando ela quer algo do seu próprio jeito?
— Balançando a cabeça, Cian retornou à sua tarefa. — Além disso, é
divertido. E ela tem os jovens interessados em outra coisa que não levantar o
inferno, o que torna nosso trabalho mais fácil.
Agora que Cian tinha mencionado isso, Nate percebeu como muitas das
crianças mais velhas estavam presentes.
Mesmo Dorian com o braço em uma tipoia parecia estar se divertindo. Nate
viu quando o rapaz se abaixou para ajudar uma menina de cinco anos de
idade. a pintar alguma coisa em seu globo. Quando ela sorria, Dorian sorria
também. Virando a cabeça, Nate encontrou Lucas sentado com outro grupo
de jovens. Vários filhotes estavam tentando usar seu corpo como uma
estrutura de escalada, mas pelo sorriso afiado em seu rosto, ele não parecia
estar preocupado. Ele gritou por outra pessoa e os olhos de Nate seguiram o
seu olhar para localizar outra adição inesperada à coleta de Tamsyn. Vaughn.
Ele era ainda mais solitário do que Dorian. Mas lá estava ele, pacientemente,
ajudando várias das crianças de três anos de idade.
— Eles estão felizes, — disse uma voz feminina ao lado dele. Ele olhou para
baixo.
Ele estendeu a mão para beliscar um pedaço de seu suéter com a ponta dos
dedos. — Que material é esse? — Era tão malditamente agradável, que ele
estava tendo dificuldade em evitar-se de fazer
— Uma mistura angorá. — Ela se afastou de seu toque e deu um passo para
trás. — Você quer pintar um enfeite? Ou você pode ajudar as crianças.
Ele não gostou da distância que ela tinha colocado entre eles.
— Qual é o problema com você? — Algo cintilou em seus olhos antes que
cílios baixassem para ocultar sua expressão. — Eu estou vivendo minha
própria vida. É o que você quer, certo? — Um pequeno sorriso. — Eu
finalmente estou começando a apreciar o que você está tentando me dizer. —
Com isso, ela saiu para verificar um grupo de adolescentes risonhas.
Ela tirou esta atuação do nada. Todos esses meses de luta com ele, de exigir
que ele aceitasse a sua união, e ela ia de repente, entrar na linha?
Certo. Ele acreditaria quando visse. Tamsyn tinha ligado para ele todos os
dias de Nova York, ela não poderia expulsá-lo se tentasse.
Doze horas de quase silêncio depois, muito depois que todos já tinham ido
embora, ele cerrou os dentes e lhe entregou um enfeite.
— Este é o último pronto. — Muitos tinham levado os deles para terminar em
suas casas.
— Onde você vai? — Ele mal manteve o rugido fora de sua voz. Ela lhe
lançou um olhar confuso.
— Quem?
— Espreitando?
— Você sabe o que eu quero dizer. Nós vamos ficar bem. Eu até pedi a
alguns dos outros soldados para passar por aqui, durante o turno da noite.
Você deve ir fazer suas próprias coisas.
Segundos depois, a porta se fechou atrás dela. Ele não se mexeu, preso ao
chão por pura descrença. Ela disse-lhe para se perder. Ninguém dizia a ele
para se perder. Especialmente sua companheira. Ele havia dado o primeiro
passo no caminho até a casa dela, quando sentiu alguém andar para fora da
floresta atrás dele. Ele virou-se para encontrar Juanita.
— Isso faz parte da minha rota noturna. — Ela deu-lhe um olhar curioso. —
O que você está fazendo aqui?
Você está no perímetro leste, Nate. Se você queria uma mudança, deveria ter
dito a Cian. Senão nós vamos ter uma lacuna lá e você sabe que não podemos
nos dar ao luxo. Especialmente com os homens de Solias King farejando.
— Sim, mas você não reivindicou Tammy. Ele provavelmente pensou que
você queria algum espaço longe dela — Você está ficando cada vez mais
irritado. — Seu tom era brusco. — Olha, eu pegaria o turno leste de você,
mas eu estou puxando um duplo, e mesmo assim eu prefiro ficar aqui perto
de casa.
Não havia nada que ele pudesse dizer a isso. Ele era um dos soldados mais
experientes do clã e, como tal, tinha um trabalho a fazer.
— Não deixe que nada aconteça a ela. — Era uma meia advertência, meia
ameaça.
*****
Tamsyn colocou os petiscos com mãos trêmulas. Ela não podia acreditar que
tinha "ignorado" Nate todo o dia. O ato havia esticado seus nervos a ponto de
gritar, a compulsão para falar com ele tão poderosa e tão intrínseca como o
seu batimento cardíaco. Ela estava obcecada por suas palavras de despedida,
quando o zumbido suave da campainha cortou seu pensamento pela metade.
— Ele está furioso. — Ela olhou por cima do ombro da outra mulher,
esperando para ver Nate. — Eu pensei que ele marcharia até aqui e exigiria
que eu—
— Claro. Mas ele está sendo um burro sobre isso. Ele não está exatamente
atendendo suas demandas, está?
— Você não...
Fazia sentido, mas Tamsyn não era um soldado, para pensar em amor como
estratégia. Seu coração era o de um curandeiro — suave e fácil de perdoar.
Então ele vai pular em você e, bang, nós todos vamos viver felizes para
sempre.
Juanita sorriu.
Nate estava olhando de cara feia para ela através do Círculo do clã, uma
necessidade tão violenta nesses olhos azuis meia-noite, que ela poderia sentir
o estômago torcer-se em milhares de nós.
horas, mas se ela não mantivesse os olhos para ela, ele descobriria quão
difícil era para ela manter seu ar distante. Ela sofria por ele, e a dor era uma
batida forte em cada centímetro da sua pele... E pior embaixo, nos locais mais
quentes.
Ele sorriu, as marcas selvagens em um lado do rosto, marcas com que ele
tinha nascido — o faziam parecer mais pantera do que um rapaz.
Rindo, ela o deixou rodá-la com uma dança energética que exigiu tanto de
sua concentração que ela quase parou de pensar em Nate.
Quando o jovem alto a puxou de volta para seus braços, ela estava sem
fôlego.
— Você está de bom humor, — disse ela, feliz por vê-lo feliz pela primeira
vez. Havia escuridão em Lucas, tanta escuridão. Ela sabia que estaria lá até o
dia em que tomasse vingança contra aqueles que tinham roubado sua família
dele. Ele era quatro anos mais novo que ela, mas olhando para aqueles olhos,
ela não viu uma criança, mas um homem.
Lucas um dia seria um alfa de força incrível, isso ela não tinha dúvida. Ele
segurou-a mais perto, tocando-a com o conforto fácil do clã. Ela descansou a
bochecha contra seu ombro e balançou à suave batida que tinha substituído à
música de dança.
— Então?
— Você quer dançar com ele? Porque ele está vindo para cá.
Capítulo Sete
Ela sentiu o rico cheiro de terra do odor característico de Nathan antes que
pudesse responder. Ele bateu em seu sistema como uma droga.
Lucas a soltou.
— Que diabos você está vestindo? — Ele falou contra seu ouvido, o hálito
quente. Foi um esforço para pensar.
— Jeans e um suéter. Isso é um crime?
— Ficou muito bem com seus cabelos e olhos, levantando reflexos dourados
que ela nunca tinha acreditado ser possível.
— Olhe a boca, Nathan Ryder. — Firmando seu tom, ela colocou as mãos
sobre as dele e começou a balançar contra ele. Não foi um ato calculado —
seu corpo simplesmente desejava o contato. — Eu tenho dezenove anos. Isso
é o que as mulheres da minha idade usam. — A respiração dele pareceu
suspensa por um instante.
— Você não.
Não, ela não usava. Sempre lhe pareceu que ela não deveria agravar a
situação entre lhes sendo deliberadamente sexual. Mas hoje, ela seguiu o
conselho de Juanita e se soltou. O jeans — comprado em um capricho, em
Nova York — moldava seu traseiro, e pelos bem-humorados assobios que ela
inspirou nos machos do clã, não era um traseiro ruim.
Quanto ao suéter há muito esquecido, largo quando ela tinha sido uma
desengonçada de treze anos, era feito de um material macio, agradável que
parecia pintado sobre sua figura, agora feminina. Esse era o ponto. Era para
tornar calorosamente claro para Nate que ela era uma jovem mulher sensual,
não uma freira feliz em esperar que ele se decidisse.
— Decidi que era hora de mudar meu estilo pessoal. — Moveu-se contra ele
de novo, requintadamente ciente da crista implacável de sua ereção. — Tendo
alguma diversão antes de nós nos estabelecermos, exatamente como você
queria.
— Pare com isso. — Mas ele não fez nada para deter seus sutis movimentos
eróticos. — Esse tipo de diversão não é bom para a pressão arterial dos outros
homens. — Ele puxou-a ainda mais.
— Eles sabem que eu sou sua, — ela murmurou, sentindo sua pele ruborizar.
— Só sua.
— E o que você vai fazer depois de ficar toda quente com isso?
Ela inclinou a cabeça, levantando seus olhos enquanto ele olhava para baixo.
— Comprei um amigo.
— Um amigo?
Seus dedos estavam pressionando tão forte, que provavelmente iriam deixar
hematomas. Ela não se importava. Não quando ele estava queimando-a com o
calor em seus olhos.
— Não.
— Cristo. — Tirando os braços dela de seu pescoço, ele a girou para que ela
o encarasse. — Não. Use. Essa. Coisa. — Isto era uma ordem.
— Por que não? — Ela se pressionou contra ele, o leopardo nela incitando o
desejo para ser sarcástica, para atormentar. — Muitas mulheres fazem. —
Com os olhos indo para os de gato, ele se inclinou para falar contra seu
ouvido, seus lábios provocando uma subitamente sensível parte de sua
anatomia.
— Se você prometer não usá-lo hoje à noite, — ele sussurrou, — eu vou usar
em você.
— Quando?
— Prometa primeiro.
— Nate.
— Shh. Não será por muito tempo, bebê. — Sua mão acariciou suas costas,
uma inflexibilidade rígida em seu corpo que não tinha estado lá antes. —
Você precisa de um pouco mais de tempo.
— Tamsyn.
— E, — ela continuou, — Eu não vou cair nesse truque sujo de novo. — Ela
começou a recuar para o círculo. — Estou cansada de ser provocada e ser
deixada a desejar. Amanhã à noite, eu vou cuidar dos meus assuntos.
*****
Nate olhou para seu café da manhã e depois para a escala de serviço que ele
tinha acabado de receber de Cian. Perfurando o código do sentinela no
console de comunicação, ele esperou o rosto de Cian aparecer.
— O que diabos você está fazendo? Essa escala é uma piada! — Ele estava
tão irritado, que ele transferia velhice e grosseria para Hades. Cian piscou.
— Ouvi dizer que você queria estar no perímetro, longe de Tammy.
— Você faz um ponto de evitá-la sempre que ela vem atrás de você.
— Ele fez uma careta. Embora ela pareça ter parado de fazer isso
ultimamente. — Essa observação fez os incisivos de Nate ameaçarem vir à
tona. O leopardo não estava satisfeito com Tamsyn agora. Nem o homem.
— Você tem certeza? — Cian fez uma careta. — Você não está exatamente
de bom humor. Quer ficar ao redor de Tammy?
A área de seu novo turno era nas imediações do Círculo do clã e incluia a
casa de Tammy, entre outras. Em sua primeira passagem, parecia que ela
ainda estava dormindo, mas ele pegou a frescura acentuada de folhas de chá
na segunda passagem. Desde que ele permanecia
em
forma
humana,
era
fácil
Ele sabia que ela tinha que ter sentido o cheiro dele, mas ela espiou
desconfiada pela janela da cozinha antes de abrir a porta com uma carranca.
— O que você está fazendo aqui? — Ok, então ela ainda estava brava. Seu
pênis pulsava com a lembrança dos acontecimentos que os levaram à briga.
Ele queria colocar suas mãos sobre as doces curvas da sua parte inferior,
esmagá-la contra ele e um beijo a merda de seu mau humor.
— Bom dia para você, também, luz do sol, — ele conseguiu dizer através do
choque do desejo. Era uma tortura estar perto dela, mas era infinitamente
melhor do que a distância que tinha mantido ao longo dos últimos dias.
— Você só está com fome. — Ela bufou e se virou, deixando a porta aberta.
Ele entrou para encontrá-la no balcão, cortando fatias do que parecia ser um
pão caseiro. Ele se forçou a ficar ao lado em vez de ir atrás dela e curvar-se
para tirar o cheiro deliciosamente feminino ao longo da linha de sua garganta.
— Só pão hoje?
— Eu amo pão. — Ele sabia como afagar sua companheira, quando ela
precisava. Sua mente tomou imediatamente a imagem e correu com ela,
ampliando sua fome para explosiva.
— Por que você está semi-vestida? — Ela estava vestindo sua velha camisa
de futebol e aqueles ridículos chinelos peludos rosa. Sexy e adorável. Uma
combinação assassina.
— Noite ruim?
— Você sabe exatamente o que estou falando! — Ela se virou e cutucou seu
peito com um dedo afiado. — Olhe, eu posso fazer a estúpida, virginal
Tammy Mahaire tão quente que ela não sabe que caminho é para cima. Eu
posso deixar ela ofegante por mim e ir embora como se isso não importasse!
— Hey. — Ele agarrou a mão dela, mas ela se afastou. — Eu não queria dizer
nada disso. Eu não tive uma boa noite de sono, também.
— Oh, isso torna tudo bem! — Ela jogou os braços. — Nós dois estamos
infelizes. Sensacional!
— Nada! — Ela empurrou-o, mas ele era muito mais forte. — Vá embora. Vá
embora e me deixe sozinha. Você não entende isso? Quantas vezes eu tenho
que te dizer?
— Não, Nate, como eu disse antes, você não pode pegar e escolher que partes
do vínculo de acasalamento pretende aceitar. Tanto quanto seu tratamento
comigo, eu não sou sua companheira. Eu sou simplesmente outra jovem,
desinteressante fêmea.
Ele estalou. Como ela podia pensar em substituí-lo com algum objeto
mecânico? Orgulho masculino, necessidade pura, e um calor brutal criaram
uma combinação volátil.
— Nate.
— Você está recuando? Não me quer agora que você se deparou com a
realidade?
— Não assim, — ela sussurrou. — Por que você está sendo tão cruel?
O núcleo de macho protetor nele não podia suportar ver seu olhar tão
emocionalmente ferido, mas eles tinham que ter isso. Ele não poderia lidar a
ser empurrado da forma como ela estava empurrando-o desde seu retorno de
Nova York.
— Eu estou tentando lhe dar alguma coisa — estou tentando te amar da única
forma que eu conheço, e você está rejeitando, porque você está quente para o
sexo? — Isso o machucava. Sua liberdade era o maior presente que ele
poderia dar a ela. Alguns dias, o custo que isso exigia o ameaçava levá-lo ao
assassinato.
— Não. Você é cálida e prática e leal. Você não sai por aí exibindo-se como
uma — Ele conteve-se antes de dizer algo imperdoável.
— Por que eu não termino para você — como uma cadela no cio —
Capítulo Oito
— Maldição, Tammy, não olhe assim. — Foi ele quem cobriu seu rosto desta
vez, sua coluna estava reta, mas ela não conseguia esconder a dor em seus
olhos. — Tudo isso, a forma que você tem falado e se vestido não é nada
normal para você e você sabe disso.
Ela olhou para ele através de seus cílios.
— Vamos, onde está minha doce Tammy? — Ele sentia falta da mulher que
se tornou sua amiga mais próxima ao longo dos anos, aquela com quem ele
poderia totalmente baixar sua guarda. Foi algo que ele não tinha sido capaz
de fazer desde o dia em que ela começou a empurrá-lo.
— Tamsyn?
Algumas das crianças estarão aqui em breve para terminar os seus enfeites. É
melhor eu me vestir. Eu falo com você depois, ok?
— Tem certeza que está tudo bem, bebê? — Seu leopardo estava passeando
dentro de seu crânio, rosnando que algo estava errado.
— Apenas uma dor de cabeça. A falta de sono, você sabe. — Ela deu de
ombros, fazendo do antigo ponto de disputa uma piada. Quando os lábios
dela se curvaram para cima em um sorriso mais profundo, seu leopardo
relaxou.
Ele mordeu-o.
Juanita tinha estado errada. O calor do acasalamento poderia ter forçado Nate
a desejá-la, mas ele realmente não a via como uma mulher sexualmente
desejável. Ele a via tão confortável... Prática. Uma Tamsyn cálida e leal. Se o
vínculo não os tivesse unido, ele provavelmente nunca olharia duas vezes
para ela, não como um homem olha para uma mulher.
Ela poderia ter ficado lá por horas, mas não podia suportar decepcionar as
crianças. Então levantou e se vestiu. O que ela viu no espelho simplesmente
reforçou suas conclusões anteriores. Vestida com uma calça jeans velha e
uma blusa branca e espessa, com o cabelo puxado para trás em um rabo de
cavalo, parecia jovem e... Normal. Ela não era tentadora. Era segura e
sensata, aquela que os jovens viriam pedir ajuda sem julgamento, e as
mulheres maduras pedir ideias sobre como lidar com bebês indisciplinados.
Mesmo os companheiros mais velhos não hesitariam em pedir-lhe conselhos
sobre questões do clã. Porque ela era de confiança, tanto por seu
temperamento estável quanto por seu coração fiel. Nada disso era ruim. Só
que ela não queria que Nathan a visse assim
— ela queria que ele visse como ela o via. Como um amante, um
companheiro de jogos na mais íntima das arenas.
Mas ele não fazia isso. E aquilo a golpeou tão profundamente, que ela mal
conseguia pensar.
*****
Nate viu Tamsyn novamente naquele dia, mas foram horas depois, e com
vários outros enquanto eles se sentaram para jantar na mesa da cozinha dela.
Ela preferiu não se sentar ao lado dele, mas ele podia entender o porquê. A
consciência entre eles só tinha ficado mais forte desde a manhã, até que ele
não pudesse sentir nada além da promessa sensual dela. Ela era tudo o que ele
sempre quis — aquele sorriso, a sagacidade mordaz que parecia mostrar
somente a ele, e o senhor o ajudasse, aquele corpo — e ela era sua. Nenhum
outro homem tinha o direito a ela.
Sua besta quis rugir sua reivindicação, mas ele lutou contra o impulso. Ele
poderia esperar. Poderia esperar... Mas talvez não tanto quanto tinha previsto
inicialmente. Ele lhe daria mais seis meses de liberdade, pelo menos, a
deixaria viver alguns de seus sonhos. Ela poderia viajar se quisesse, explorar
um pouco da vida selvagem. Poderia ser perigoso, mas Tamsyn era mais
esperta e mais madura do que a maioria dos outros jovens leopardos. Ela
estaria bem.
O gato nele não gostou da ideia, sabia o quanto ia doer estar separado dela,
mas isto tinha que ser feito. Ele nunca quis que ela se voltasse para ele —
como sua mãe havia se voltado para seu pai — e o
acusasse de roubar sua vida. Isso iria destruí-lo. Porque ela era a sua vida.
Tammy ruborizou.
— Eu mudei de ideia.
— Você está bem para mim. — Vestida com calças pretas e um cardigã azul
pálido, parecia macio e palpável. Acariciável. Merda. Sua mente estava fora
dos trilhos novamente. Pouco tempo depois, ele poderia começar a pensar
sobre desabotoar seu casaco, e beijar o caminho ............
— Ela parece. Ele cortou a si mesmo antes de dizer o que ele queria dizer,
que ela estava bonita o suficiente para morder.
Juanita lhe lançou um olhar desgostado antes de voltar sua atenção para o
companheiro em seu outro lado. Ignorando-a, Nate voltou para a tarefa
prazerosa de assistir Tamsyn. A besta pulava para prová-la.
Seis meses, disse ele. Seis meses mais e então você pode tê-la. De todas as
formas. E outra vez.
*****
Mas pouco menos que uma semana depois, sua fome por ela tinha ficado tão
ruim, que pediu a Cian para transferi-lo para o perímetro.
Tammy não estava mais tentando pavonear-se para ele — em todo caso, ela
parecia fazer todo o possível para dar-lhe espaço. Paradoxalmente, isso só
ampliou a pressão crescente para acasalar, para tocar e provar e reclamar.
Sem o controle fornecido pelas cicatrizes da memória viva, ele já teria
desistido a uma centena de vezes.
Ainda assim, ele não podia deixar de ir até ela todas as manhãs, apenas para
vê-la sorrir.
Ela lhe deu um, mas não havia nenhum sorriso nos lábios.
— Ele queria senti-la ao seu lado, uma fêmea forte e quente. Ela balançou a
cabeça.
— Não vivendo tão perto— Ela balançou a cabeça. — Um de nós tem que
partir.
Ele pensou em deixá-la livre para viajar, mas agora tinha chegado a isso, ele
descobriu que não podia deixá-la ir. — Não tome decisões impulsivas. Isto
irá se acalmar.
— Não, não irá. Não minta para mim, — ela retrucou, cruzando os braços. —
Estamos enfrentando os estágios finais da dança do acasalamento e isto vai
continuar piorando, especialmente se nossos animais continuamente sentindo
a presença um do outro. Eu estava pensando que eu deveria ir para
— Espere. — Ele fechou suas mãos para não tocá-la. — Vou conversar com
alguns dos outros casais vinculados. Talvez haja alguma coisa que possamos
fazer para diminuir o impacto.
— Eu pensei que você quisesse que eu saísse para o mundo? —
Sua voz estava suave, a pele corada com a necessidade. — Não é por isso que
você continua me empurrando?
Capítulo Nove
Fique, ele disse, mas Tamsyn sabia que ele não quis dizer isso do jeito que
ela precisava que ele dissesse. O instinto de acasalamento insistia para ele
protegê-la, e por isso ele a queria à vista.
Não o faria feliz só vê-la. Não como faria o coração dela florescer
simplesmente por estar na mesma sala que ele.
Ela tinha prometido às crianças que ia conseguir mais luzes para a árvore,
mas agora que estava aqui, decidiu parar na livraria também.
Nate gostava de ler. Ela sabia exatamente o que comprar para ele de Natal.
Esse pensamento a fez querer chorar novamente. Seu nariz entupido cresceu
com as lágrimas retidas enquanto ela caminhou através da pequena seção de
cópias impressas e caras. A maioria das pessoas comprava por downloads,
mas ela queria dar a Nate algo que ele pudesse segurar, algo que o fizesse
pensar nela.
Sua escolha estava esgotada, então ela foi para um dos consoles e pediu outra
cópia. Feito isso, ela pegou suas outras compras e começou ir para a saída.
A mulher Psy — uma estranha com olhos marrom escuro, e pele no mesmo
tom rico — estava ocupando um terminal perto da porta.
Vestida com um terninho preto combinado com uma camisa branca, ela
parecia uma profissional séria. Mas novamente, tudo o que os Psy pareciam
usar eram variações do mesmo tema. Tamsyn nunca tinha visto
Em qualquer outro dia, ela teria continuado andando. Mas hoje, ela não o fez,
seu motivo um mistério até para si mesma.
— Não, eu não quero o terminal. — Tamsyn olhou para ela, em seus olhos de
aparência humana, sua pele clara e a forma do brilhante cabelo de azeviche.
Não havia nada que marcava essa mulher como diferente, como Psy, parte de
uma raça que tinha eliminado as suas emoções. — Eu queria lhe fazer uma
pergunta.
— Eu não posso culpar a sua lógica. — Ela bateu seu dedo na tela para
completar sua compra, e em seguida, virou-se para dar a Tamsyn sua total
atenção.
— Sua pergunta?
— Como você optou por abordar uma Psy, você deve saber a resposta para
essa pergunta. No entanto, eu vou responder, não vejo
— A julgar pela vermelhidão dos vasos sanguíneos de seus olhos, e seu nariz
entupido, eu acredito que eu posso dizer com certeza que o choro não é uma
experiência positiva. Por que eu iria sentir falta disso?
Nós não. É por isso que os Psy governam este planeta. — Com isso, ela deu
um breve aceno de cabeça e saiu.
Aqueles com as emoções são fracos. Ela viu o reflexo do seu rosto
desenhado, apático no terminal e encontrou a si mesma concordando. Por um
segundo, ela desejava que fosse como aquela mulher Psy. Fria, controlada,
focada.
E sem Nathan.
Ela não sabia muito sobre como, e por que a raça Psy tinha parado de sentir,
mas devia ter sido uma coisa terrível que os levou por este caminho. Sua
alma de curadora doía por eles — para o amor que nunca tocariam, mas ela
sabia que não poderia ajudá-los. Não quando eles
Eles não sabiam nada da alegria de correr sob a lua cheia, ouvindo a música
tocada pelo vento, ou sentir a sensação do pelo de um companheiro contra a
pele humana, da vida pura que existia nas florestas que eram seu mundo. Mas
a mulher tinha razão sobre uma coisa: como você pode perder algo que você
nunca experimentou? Nathan nunca tinha sido dela. Seus animais podiam
gritar uns para os outros, mas se a metade humana de Nathan optou por
repudiar esse vínculo, quem era ela para impedi-lo?
*****
Seu amigo, Finn, estava mais do que feliz em voar em curto tempo.
— O curandeiro em nosso clã não tem nem quarenta anos, então eu não vou
conseguir fazer nada sério por enquanto, — disse ele quando ela o encontrou
no aeroporto e acompanhou-o ao seu território.
Finn assentiu.
Desde que pensava o mesmo, ela fez questão de levá-lo primeiramente para
Lachlan. Mesmo com esse atraso, ela estaria pronta para sair do território
DarkRiver no final da tarde.
— Eu vou ficar bem. — Ela apertou suas mãos ao redor das alças da bolsa.
— Mas isso não deveria ser. Você nasceu para ser curadora dos DarkRiver.
— Sem pressa. — O tom de Finn foi gentil. — Eu vou segurar o seu lugar até
que você chegue a seus sentidos. Então eu vou alegremente retornar ao
mundo civilizado de nosso território, em vez desta selva.
Ela sorriu para sua brincadeira, mas enquanto se afastava, teve a sensação de
mal-estar de que poderia nunca retornar. Quando se
aproximou do pinheiro em que tinha amarrado as decorações e luzes de
Natal, seus olhos doeram.
— Sinto muito, Shayla, — ela sussurrou para o fantasma que a repreendia por
ter deixado seu clã quando este ainda precisava dela.
Eles iriam ficar bem, disse a si mesma. Ela iniciou-os no caminho para a
cura. Tudo o que eles tinham que fazer era segui-lo. Por mais tentador que
fosse passar depressa, ela se fez olhar para cima. Havia o enfeite que Vaughn
tinha pintado, ao lado do feito por Cian. Em torno deles tecia a seqüência de
luzes que Nate tinha pendurado depois que ele rosnou para ela para colocar
seu pescoço tolo fora de perigo. E lá estava a estrela que ela quase jogou nele,
de tão brava que estava. —
Capítulo Dez
Nate voltou para casa perto do amanhecer, vindo de uma invasão da noite
para "sugerir" a Solias King procurar outro lugar para seu empreendimento.
O maldito, Psy abusado seguiria seus conselhos, disso Nate estava certo.
Mesmo em forma de leopardo, ele queria sorrir.
Ele ficou de vigia durante horas com Cian e um par de outros com formação
técnica, e tinham metodicamente desmontado cada pedaço de equipamentos
Psy que já estavam no local. Embora isso pudesse ter sido suficiente, Nate
tinha ido um passo adiante, e enterrado várias das peças mais caras em uma
seção de terra DarkRiver que delimitava o território SnowDancer. Nenhum
Psy se atreveria a se aventurar tão perto da terra dos lobos. O clã selvagem
tinha a reputação de arrancar as gargantas dos intrusos e usar os ossos
desbotados como postes.
Apenas no caso de Solias King perder o propósito deles, mesmo depois de
tudo isso, eles também haviam removido os marcadores semi-permanentes de
acompanhamento, e desabilitaram a torre de comunicação rudimentar,
erguida há poucos dias. Era por isso que os DarkRiver tinham permitido a
coisa ser erguida em primeiro lugar — para que eles pudessem destruí-la, e
de uma forma que deixasse claro que não iriam tolerar mais nenhuma ofensa
em suas terras.
Ele não podia esperar para contar a Tammy — ela poderia amarrar suas tripas
por isso. Enfrentar os Psy não era geralmente um assunto para
riso, como a fria raça psíquica não hesitava em matar. Mas de tudo o que
tinham sido capaz de desenterrar, verificou-se que os impulsos mais escuros
de Solias King estavam sendo reprimidos por suas aspirações políticas. Ele
não podia se dar ao luxo de vir com força sobre os changelings. Qualquer
violência e seu próprio Conselho iria se voltar contra ele.
Mudando no segundo que ele avistou a porta de sua casa, ele vestiu uma
calça jeans e um velho suéter de malha. Ele tinha que ver Tamsyn, não
importava a hora ridiculamente cedo. O suéter azul royal tinha sido um
presente dela. Talvez derretesse seu humor — ela tinha estado mais do que
um pouco distante, quando ele tinha aparecido esta manhã.
— Infer— Sua voz cortada quando Nate agarrou-o pelo pescoço e levantou-o
do chão.
— O que você fez com ela? — Ele tentou ignorar o fato de que o homem
estava vestido apenas com um par de calças de pijama, seu cabelo
despenteado.
Não, ela não faria isso com ele. A agonia que sentia ao pensar em Tammy,
sua Tammy, com ninguém, muito menos com esse anão, foi o suficiente para
chamar a besta à superfície. Seus olhos mudaram para os de gato. Ele não
conseguia absolutamente nada com o rugido do sangue martelando em sua
cabeça, estava perigosamente perto de matar.
A única razão por que ele não fez isso, foi que seu leopardo de repente
começou a lutar para encontrar Tammy. Ele jogou de lado o outro homem e
entrou na casa, se preparando para o que iria encontrar. Se ela estivesse na
cama — rasgaria algo dentro dele.
Ele abriu a porta do quarto com um empurrão... e encontrou a cama feita, sem
sinais de recente ocupação.
— Eu dormi no sofá — disse uma voz rouca da porta.
— Companheira? Ela nunca — Ele bateu as mãos, palmas para fora, quando
Nate começou a avançar. — Eu sou um curador. Finn é o meu nome.
Isso parou Nate a meio passo. Curadores, até curadores inimigos, tinham
proteção automática. Só clãs sedentos de sangue, como o ShadowWalkers
quebravam essa regra.
— Ela me pediu para vir e assumir por um tempo. — Finn tossiu algumas
vezes. — Disse que poderia ser permanente. Nosso clã tem um curador sênior
e outro aprendiz, então eles ficaram felizes em me deixar partir.
Nate partiu em uma missão para encontrar Lachlan, mas foi Lucas que
encontrou em primeiro lugar. Ele o teria empurrado, exceto que Lucas, entrou
em seu caminho e disse
Nate parou.
— Você sabia que ela partiu? — Naquele momento, os primeiros raios do sol
nascente bateram na linha da árvore, jogando luz pelas selvagens marcas
faciais de Lucas.
— Você não?
— Por que nós a pararíamos? — O tom de Lucas era duro. — Você a fez
chorar, Nathan. Você fez sua companheira chorar e então não a segurou. —
O golpe o atingiu com força para magoar.
— Eu não sei — você poderia perguntar a Nita, mas eu não acho que ela está
por perto. — Ele olhou para as árvores iluminadas pelo sol.
— Nate? Você está atrás de Lachlan? Eu acabei de deixá-lo, ele está livre
pela próxima meia hora, mais ou menos.
— O que é certo para ela. — Cian não entendia o que era ver uma mulher
desprezar seu homem, se tornar amarga e auto-destrutiva... E, finalmente,
suicida. Ele segurou o corpo de sua mãe morta. Ele se recusou a segurar
Tamsyn. — Ela é muito jovem.
— Ela era muito jovem quando Shayla morreu. Mas você a ouviu reclamar?
— A voz do sentinela era cortante. — Dezessete anos e ela assumiu uma
posição que a maioria das pessoas não alcançam, até que eles cheguem a sua
terceira década.
— Não é esse o seu trabalho como o seu companheiro? Exigir, mas deixá-la
exigir tanto quanto puder, em retorno? Você devia fodidamente partilhar o
fardo, não adicionar-lhe, como esteve fazendo com suas besteiras de auto-
piedade.
— Você pode ser mais velho que eu, — disse Nate, o leopardo em sua voz,
— mas você não é meu pai. — Seu pai estava morto há muito tempo, tendo-
se literalmente levado a uma morte prematura após a morte de sua esposa —
ele envolveu seu carro ao redor de uma árvore. — Você quer me enfrentar, vá
em frente.
— Foda-se. — Cian encolheu os ombros. — Se eu machucar você, Tammy
teria minha cabeça.
Com esse simples comentário, o outro homem desarmou cada parte da raiva
de Nate.
— Diga-me onde ela está. Eu tenho que ter certeza que ela está segura. — O
desespero do leopardo crescia a cada minuto.
— Eu não sei. — Cian empurrou suas mangas para cima. — Para ser honesto,
eu não acho que você merece saber, também. E não adianta perguntar a Nita
— ela não tem ideia de onde Tammy foi depois de sair do carro.
Ele não podia acreditar nisso, não com quão protetores eles se tornaram
depois do que tinha acontecido com Shayla. Como esta inquisição claramente
provado. — Você a deixou sair sozinha sem uma palavra de protesto?
E ela tomou uma de deixá-lo. Nate inclinou-se contra uma árvore e olhou
para o céu do amanhecer. Estava prometendo se transformar num puro,
zombador azul.
Cian bufou.
— Desculpe, você está por conta própria. Você fez a bagunça, pode muito
bem limpar tudo. Mas desde que você parece como se tivesse seu intestino
perfurado, vou dizer-lhe algo que ela disse para Lachlan, quando fez o pedido
para partir, e trazer Finn como substituto.
Nate se endireitou.
— O quê?
— Ela disse que você era mais importante para o clã. Desde que um de vocês
tinha que ir, ela decidiu que seria melhor que fosse ela. — O
homem mais velho sacudiu a cabeça. — Minha Keelie é a parte mais preciosa
da minha vida. Como você pôde deixar sua companheira achar que ela era
menos do que você, Nate?
*****
Nate ainda não tinha encontrado uma resposta para essa pergunta sete horas
depois, quando finalmente localizou o primeiro indício de um rastro. Ele
estava certo de que este era o lugar onde ela havia deixado o carro de Nita.
Ele olhou para cima e encontrou-se perto do Lago Tahoe.
Tamsyn tinha desaparecido em algum lugar nas ruas da cidade. Nathan tinha
a intenção de caçá-la.
Infelizmente, quando voltou à sua casa para pegar suas coisas, ele encontrou
outra surpresa à espera dele, desta vez em sua sala de estar.
— Onde está minha filha, Nathan? — Foi a primeira pergunta de Sadie. Ele
começou a pegar o que precisava.
— Vou encontrá-la.
— Por quê? Assim, você pode fazê-la infeliz? — Ela se moveu para bloquear
a porta, feroz em sua defesa materna. — Deixe-a vaguear. Isso é o que você
está dizendo para ela fazer. Bem, parece que ela o ouviu. Não se atreva a ir
atrás dela.
— Você desistiu disso quando decidiu que não queria ser seu companheiro.
— Sadie sacudiu a cabeça. — Você já fez o suficiente. Deixe meu bebê ir.
— Eu nunca disse que não queria ser seu companheiro. De onde diabos você
tirou essa ideia? — E Tammy pensava o mesmo?
Capítulo Onze
— A única coisa que eu queria era lhe dar um gostinho de liberdade antes.
— Você a queria em sua coleira — perto o suficiente para vigiar para que
pudesse satisfazer a sua besta. — Os olhos de Sadie foram para os de puro
leopardo. — Não importou a você que sua necessidade estava se
transformando numa espécie de lenta tortura. Você não irá fazer isso ao meu
bebê de novo! Deixe-a ir. Deixe que ela encontre alguém que vai amá-la pelo
que ela é.
— Que diabos você está falando? Ela é minha companheira. Isso não é
negociável.
— Não se você não vai deixá-la ser. Se libertá-la, talvez ela se apaixone por
alguém que vai adorá-la como ela deve ser adorada.
Nate saiu sem responder, mas suas palavras não deixariam sua mente, não
importa o quão longe ele foi. Tammy pensava que ele não queria ser seu
companheiro? Como poderia uma ideia tão idiota sequer ter entrado em sua
cabeça? No segundo que a visse, iria rosnar a verdade para ela até que ela
malditamente escutasse.
Bem... talvez ele a abraçaria primeiro. Ele a fez chorar, e não a tinha
abraçado. Lucas estava certo. Isso foi imperdoável. Mas Tammy era sua
companheira. Ela tinha de perdoá-lo. E ela tinha que vir para casa.
Ele não poderia existir sem ela perto. Esses meses que ela passou em Nova
York quase o tinham matado, mas, então, pelo menos ele tinha sido capaz de
dizer a si mesmo que ela ainda era uma menina, não uma mulher.
Mas agora que sentiu o calor exuberante dela, não podia mais se enganar.
Tammy tinha crescido. E ela o deixou.
Não muito tempo depois, ele chegou ao ponto em que ele pegou pela
primeira vez sua trilha — próximo ao Tahoe. De lá, ele poderia tentar
localizá-la pelo cheiro ou... Ou ele poderia fazer a única coisa que certamente
o levaria a ela. Sem nenhuma escolha, realmente.
Quando sua cabeça finalmente parou de girar, ele sentiu o vínculo, e o achou
esticado tenso e claro, uma vibrante corda de necessidade, desejo, da qual ele
pertencia. Ele podia sentir Tammy no fundo do seu ser, como se ele tivesse
um farol ligado apenas ao seu sinal. Era a perfeição. E
ele não tinha certeza se poderia bloqueá-lo novamente. Mas pensaria sobre
isso mais tarde.
Agora, ele tinha que sobreviver a intensidade das emoções derrubadas pelo
vínculo. Parecia como se ele pudesse alcançá-la e tocá-la.
Ela era a doçura e esperança, mulher e fogo, o calor erótico e o afeto suave.
*****
Tamsyn cambaleou sob uma onda direta de pura emoção, deslizando pela
parede para se sentar com as costas apoiadas contra isso.
Nate abriu o vínculo.
Ela passou a mão sobre o peito, e então percebeu que a dor sempre
persistente, o nó duro que aliviava a dor simplesmente... desapareceu. Em seu
lugar, estava a glória resplandecente de um vínculo de acasalamento em
pleno funcionamento.
Ela tremia. Por que ele tinha dado esse passo agora — depois que ela fez o
que ele queria e colocou distância entre eles? Certamente ele não estava
tentando localizá-la?
Ninguém que tivesse sido tão determinado quanto Nate para bloquear seu
acasalamento perderia tanto controle por acidente. Seus olhos caíram sobre o
telefone de prata pequeno que estava na mesa ao lado do sofá. Sua mãe tinha
chamado logo após Tamsyn chegar na cabana. Sadie tinha ficado louca ao
retornar de sua corrida na natureza, e descobrir que sua filha tinha ido.
Tamsyn tinha lhe assegurado a ela mais e mais que estava bem, mas
conhecendo Sadie, ela provavelmente ordenou a Nate localizar
Ela tinha que pensar, tinha que se estabilizar antes que Nathan chegasse,
assim ele voltaria, e diria a Sadie que não havia razão para se preocupar.
Seu sangue liberava calor, enquanto a vibrante energia masculina dele corria
em suas veias. Companheiros estavam unidos num nível extremamente
profundo. Para outros changelings, o cheiro de uma das metades de um casal
vinculado, tornava difícil distinguir da outra, quanto mais tempo eles estavam
juntos. A recusa de Nate, em aceitar o vínculo havia negado a eles essa
proximidade, matando-a de fome. Agora, seus sentidos queriam se
empanturrar.
— Não, — ela disse em voz alta, forçando a calma em si mesma.
Finalmente, após dez longos minutos, ela podia pensar, apesar da força
masculina da conexão emocional fluindo através dela. Então, pela primeira
vez, ela tentou fechar sua extremidade do extraordiário prazer-dor que era a
sua ligação para este homem, que ela adorava além da vida...
Ela fechou as mãos em punhos. Esqueça a conhecida sabedoria que disse que
o vínculo não poderia ser bloqueado, se Nate podia fazê-lo, porque ela não?
Levou uma hora para chegar a algum tipo de resposta. Ela lembrou o que sua
mãe tinha dito — Nate teve de aprender a suprimir suas necessidades, a fim
de permitir a ela o tempo que precisava para chegar à maioridade. Esse
controle parecia ter transitado em tudo o que ele fez em relação a ela. Mas
agora ele tinha liberado as rédeas e deixado o gato sair para brincar.
*****
Mesmo com o vínculo, Nate levou três dias para rastrear Tamsyn até uma
cabana isolada tão ao sul do lago, que não havia mais nada dentro da
distância de um grito.
— O que que diabos você está fazendo no meio do nada? — disse ele, no
segundo que ela abriu a porta.
Cian tinha mentido para ele. Não era exatamente uma surpresa.
Pronto, você me viu. Eu estou bem. — Seu sorriso estava afiado o suficiente
para cortar, seus olhos faíscando de raiva, o que intrigou o leopardo ainda
mais do que seu picante, selvagem, cheiro quente de mulher. — Você pode
partir da mesma forma que veio. — Ela começou a limpar a mesa.
— Abaixe estes pratos. — Ela o ignorou. Cobrindo a distância entre eles, ele
fechou a mão sobre seu pulso. Ela soltou os pratos suavemente na mesa, mas
não se voltou para encará-lo.
— Vamos, bebê. — Seu corpo tremia tão violentamente que ele sentiu sua
pele se mover contra os seus lábios acariciando.
Tudo ficou quieto dentro dele. Levantando a cabeça, ele girou-a em seus
braços. Sua cabeça ficou para baixo, ela não olhava para ele.
Mantendo um braço ao redor dela, não certo de que ela não estava se
preparando para fugir, ele usou os dedos da outra mão até a ponta do queixo.
Seus olhos estavam brilhantes com a umidade, mas ela encontrou seu olhar
sem vacilar.
Deus, ela era tão orgulhosa. Orgulhosa e forte e teimosa. E ela decidiu que
ele não a queria. Ele pretendia ensinar-lhe o erro de sua distância de uma vez
por todas. Mantendo o seu olhar, ele deslizou sua mão pelo pescoço, por cima
do ombro, e ao longo de seu braço até que cobriu as costas da mão com a
dele. Então, ele levantou a mão feminina e colocou-a em sua ereção. Ela
estremeceu em estado de choque. O aperto reflexivo dos dedos quase o fez
chorar.
— Não finja isso para mim! — O primeiro sinal de fogo entrou em seu tom.
— Eu implorei, implorei para você fazer o vínculo real, para ser meu
companheiro de verdade. Mas você disse que não. Você sempre disse não!
Bem, você sabe que eu estou cheia de implorar. Eu estou cheia de não ser boa
o suficiente para você!
Era tudo o que podia fazer para não esmagar seus lábios contra os dela e
beijá-la, para fazê-la aceitar suas palavras.
— Eu a assisto trabalhar, e sinto tanto orgulho, que às vezes acho que meu
coração vai explodir. Eu olho para seu corpo, e tenho que lutar contra o
impulso de mostrar meus dentes e alertar qualquer outro de fazer o mesmo.
Você quer saber por que eu perdi o controle quando você usava aquelas
roupas apertadas e sexy? Foi porque os outros puderam ver o que era meu. —
Foi uma reação possessiva, animal que ele geralmente temperava com
civilidade humana. Mas Tamsyn precisava ver o homem real, garras e tudo.
— Nate!
— Eu queria mostrar a todos que você era minha. Eu queria colocar minhas
mãos em seus seios e meus lábios nos seus, e meu pa—
Ele afastou a restrição, usando a outra mão para algemar a mão livre,
também.
— Onde eu estava? Eu queria você há tanto tempo, que minhas bolas estão
permanentemente azuis. Como
As coisas que ele queria fazer com ela, eram provavelmente ilegais em alguns
países. Que pena. Ele apoiou-a em uma parede com lenta deliberação, não
parando até que seus seios estavam esmagados, quentes e tentadores contra
ele, seus músculos do estômago se apertando contra o granito duro de sua
ereção.
— Mas, querida, eu me apaixonei por você muito tempo antes que o calor de
acasalamento me estimulasse a este mal. Sabe porque eu fui para lhe desejar
feliz aniversário, quando você tinha quinze anos?
— Porque eu adorava tudo sobre você, tanto quanto como eu faço agora, —
ele sussurrou, dando-lhe palavras, porque ela precisava delas, e porque ele a
fez chorar. Não havia desculpa para isso.
— Não era sexual — você era muito jovem. Era só este aperto dentro do meu
peito. Toda vez que você sorria, meu mundo se iluminava. Tudo o que eu
queria fazer era continuar dando-lhe razões para sorrir. No dia que eu percebi
que você era minha companheira, a felicidade quase me matou.
Então, você nunca diga que eu não amo, ou não quero você. Eu escolhi você,
Tamsyn Mahaire. Eu escolhi você.
— Oh, Nate. — Ela escondeu o rosto contra seu peito e, quando ele soltou
suas mãos, ela enrolou os braços em torno dele, como os dele estavam ao
redor dela.
Ela nunca o tinha ouvido falar dessa maneira apaixonada, romântica, nunca
imaginou que faria. E para ela? Para sua companheira prática, sensata—
— Você não vai me deixar, — Ele ordenou, sua voz profunda como um
predador. — Se você quer vagar, eu vou levá-la. Mas não vai me deixar.
Ela gostaria de saber se ele esperava que eles voltassem para o modo como as
coisas eram. Se fosse assim, ele estava prestes a ter uma surpresa. Metade da
confusão em que estava sua relação tinha sido culpa dela. Ela o deixou pensar
que ele era o chefe. Bem, ele não era. Eles eram uma parceria. Quebrando o
abraço, ela tirou sua jaqueta. Ele ficou tão surpreso, que a soltou. Então ela
começou a desabotoar sua áspera camisa de lã.
Os botões voaram por todos os lados. — Eu estou pronta para perder minha
virgindade e você vai me ajudar a fazê-lo. Eu não me importo se eu tiver que
sequestrá-lo e amarrá-lo na cama.
Ele abriu a boca como se fosse falar, mas então ela achatou as palmas de suas
mãos em seu maravilhoso peito duro, e ele estremeceu ao invés disso. A
mesma pressa de virar a cabeça bateu nela, alimentada pelo contato pele com
pele. Privilégios de pele. Ela tinha o tipo mais íntimo.
cabeça. Ele não fez nenhum movimento para impedi-la enquanto ela
acariciava e beijava cada centímetro daquele peito pecaminosamente lindo,
todos os músculos rígidos e de pele reluzente revestido com sedosos fios de
cabelo escuro.
Uma das mãos acariciou baixo, para deslizar sob o suéter. Foi a vez de ela
tremer.
— Tente me parar.
Sem chance.
— Por que você não está usando sutiã? — Ele perguntou beijando antes de
acabar com seu juízo.
Ele a levantou até que suas pernas estavam em volta de sua cintura.
— Você tinha razão para estar nervosa. — Ele beijou-a novamente, depois
correu os lábios pelo seu pescoço, para mordiscar as macias curvas elevadas
de seus seios.
— Nervosa?
um
mamilo.
Nate não a devastou como ela tinha meio que esperado, dada a sua fome
mútua. Ele foi terrivelmente suave e ela sabia o quanto aquele controle tinha
que estar lhe custando.
— É sua primeira vez. Eu vou dizer quando está tudo bem. — Ela poderia ter
tomado essa de maneira ruim, se ele já não tivesse a levado ao orgasmo duas
vezes até então. Seu tom de voz podia ter sido grosseiro, mas suas mãos eram
suaves e sua boca pura magia. Quando ele finalmente decidiu que ela tinha
tido prazer suficiente, ele a tomou com cuidado que trouxe lágrimas aos seus
olhos.
Capítulo Treze
Quando Kinshasa deixou a suíte, Solias desejou saber qual dos seus inimigos
tinha orquestrado o ataque — o envolvimento secreto de um Psy tinha que ser
como os changelings tinham eliminado isso. Era absurdo pensar que ele tinha
sido vencido por um bando de animais.
Capítulo Catorze
ela tinha seios de dar água na boca de um homem, suas doces curvas
femininas, que as palmas dele coçavam para contornar.
Então ela olhou para cima e sorriu, e ele sentiu-o profundamente, no fundo de
seu âmago. Queria ir pegá-la e beijá-la bobamente, mas desde que os olhos
do jovem já estavam alargando, ele decidiu se conter.
— Vejo você hoje à noite. Eu tenho que fazer aquela corrida a San Francisco.
Outro sorriso.
— Ela é uma alma boa, Tammy. Você vai protegê-la, amá-la. Esse é o seu
destino. — Nate olhou para o comerciante, assustado.
— Você vê o futuro?
— As mulheres, elas não sabem o que fazem para nós. É o nosso segredo.
Ele se virou para encontrar uma pequena mulher chinesa ao lado dele, seu
sorriso beatífico. Havia um brilho nos seus olhos que o lembrava alguém.
— Meu marido.
— Ah. — Ele moveu seus pés, um pouco desconfortável num lugar que era
tão intrinsecamente feminino. — Eu quero comprar flores para minha
companheira.
A mulher deslizou suas pequenas mãos nos bolsos da frente de seu avental.
— Ah, uma mulher sensata. — A florista acenou-lhe para seguir enquanto ela
tecia através do emaranhado de sua loja. — Aqui. — Ela apontou para uma
resistente planta verde num vaso com algumas flores brancas. — Esta vai
durar por anos com um pouco de água. Não precisa de muito cuidado ou
atenção. Prática. Será adequada para sua curadora.
— Não.
Ela encolheu os ombros e se moveu para outra área da loja, para apontar para
um monte de margaridas.
— Alegres, fáceis de gostar, mas não haverá tristeza quando elas murcharem.
— Não. — Todo ele — homem e leopardo — foram ficando com raiva, e ele
não conseguia entender o porquê. — Isso não é o que eu quero.
Imperturbável, a florista o levou a outro canto da loja, que era muito maior do
que parecia do lado de fora. — Ah, eu acho que isto deve ser o que você está
procurando. — Ela tocou as bordas de um bouquet áspero. — Estas flores
vão sobreviver, não importa o quê. Muito barato, —
— Ela não é uma curandeira para mim. Ela é minha amante, minha
companheira. — Ao contrário destas flores de estufa, ela era forte. Mas assim
como estas flores raras, ela era tão insubstituível, quanto bonita o suficiente
para quebrar seu coração. — Ela é minha para amar. — Desta vez, o sorriso
da florista foi puro brilho.
*****
Ela cheirou o masculino perfume selvagem de Nathan antes que ele batesse.
Seu coração disparou.
Pensando que ele estivesse com as mãos cheias, ela abriu a porta.
— Nathan, o que — Os olhos dela caíram para as flores em seus braços. Elas
tinham uma cor creme suntuosa, com estrias de ouro que brilhavam com uma
iridescência quase sobrenatural.
— Eu pensei que você gostaria destas, — disse ele, o gato em sua voz.
— Para mim?
— Claro que são para você. — Era mais grunhido do que qualquer coisa
próxima ao ser humano. — Você acha que eu saio por aí dando flores a
outras mulheres?
— Claro que sim. — Ele as colocou nos braços dela e limpou as lágrimas que
ela não tinha tido conhecimento de derramar. — Pare com isso.
— Obrigado.
Ele gemeu.
Ela piscou. Ninguém jamais se ofereceu para cuidar dela. Ela era a curadora
do clã — Tomava conta de todos os outros. Mas Nate achava que ela era uma
garota do tipo orquídea. Ela teve a maravilhosa constatação de que, para ele,
era o que ela sempre tinha sido. Ele viu a mulher por trás da curadora. Outra
lágrima desceu pelo seu rosto.
*****
No momento que girava próximo ao Natal, Solias King era uma lembrança
distante. O Psy havia retirado todo seu equipamento de suas terras, deixando
para trás apenas enfeites e luzes de Natal. Tamsyn tinha ficado mais do que
feliz em usá-los em sua árvore, embora não faltasse decoração. — cada um
de seus companheiros do clã tinha acrescentado um pedaço — ou dez, — de
modo que, no Dia de Natal, a árvore era realmente a árvore de Natal do clã.
— Eu voto pela cabana em Tahoe. — Ela riu. — O que vamos dizer aos
nossos filhos quando eles perguntarem sobre o nosso acasalamento, se
pegarmos Tahoe? Hmm?
— Quer um replay?
— Das orquídeas?
Foi uma pergunta tão inocente que ele quase perdeu a malícia em seus olhos.
— Eu vou fazer você pagar por isso. — Ele passou a mão sobre o traseiro
dela.
Desta vez, ela o abraçou, suas mãos deslizando para cima sob seu suéter.
Ele sorriu.
— Porque você acha que eu comprei aquelas latas de chantilly?
— Eu primeiro.
Epílogo
— Onde está o chantilly? — Nate beijou o caminho para baixo da linha nua
das costas de sua companheira.
Ela olhou por cima do ombro, linda o suficiente para roubar o fôlego dele.
— Eles já vêm fazendo isso por uma hora. — Ela gemeu. — Oooh, de novo.
— Ele obedeceu, beijando a curva na base da sua espinha dorsal.
— O que é isso?
— Como os nossos. — Ele acariciou a mão sobre a curva de sua cintura onde
se alargava para seu quadril. — Deus, eu vou ter que ensiná-los sobre as
mulheres em breve.
Ela riu.
*****
Ela sorriu.
— Mamãe! Ajuda! — eles gritavam agora, entre risos. Nate lhe jogou um
sorriso e alguma coisa ficou quente e apertada em seu estômago. Deus, ela o
amava. Andando mais, ela inclinou a cabeça para se igualar aos seus
— Mamãe!
Rindo, ela soltou um Roman se contorcendo. Ele enchou seu rosto de beijos,
antes de pedir para ser abaixado para que ele pudesse voltar ao jogo. Julian
estava brincando com seu pai, mas esperou para dar a sua mãe um beijo antes
de sumir atrás de seu irmão gêmeo.
— Viu isto — mais alguns anos e eles estarão golpeando todos os outros no
campo. Assim, e sobre a árvore de Natal?
— Fui lá ontem. — Uma árvore de Natal viva havia se tornado uma tradição,
uma memória feliz que tinha sobrevivido a turbulência dos anos desoladores
após o ataque dos ShadowWalkers. — Nossa árvore ainda continua forte.
— Assim como o clã, — disse Nate, ecoando os pensamentos dela.
Ele olhou para baixo, uma ternura em seu olhar que teria surpreendido os que
o viam apenas como o mais experiente dos perigosos sentinelas do
DarkRiver.
— Eu amo você.
— Eu sei.
Ela riu. Ela tinha levado anos para chegar àquele ponto, onde ele acreditava
que ela era realmente feliz com sua vida. Nenhuma vez lamentou o
acasalamento aos dezenove anos. Tinha sido uma das sortudas — Encontrou
seu companheiro cedo.
Desejos
8 de dezembro de 1960
Eu não estou certa que eu ainda acredito em você, mas eu não sei a quem
mais perguntar, então eu espero que você não seja só imajinário como papai
diz. Eu estou no hospital, mas não se preocupe, eu não quero que você gaste
sua májica para me fazer melhor. O M-Psy veio e olhou para minha perna e
disse que eu andaria novamente. Você sabe os Psy não tem sentimentos. Eu
acho que significa que eles não podem dizer mentiras. E
Não conte a minha mãe, o.k. ? Ela vem me ver, mas ela está sempre tão triste.
Ela olha para mim como se eu estivesse quebrada, como se eu não fosse mais
sua menininha forte. E meu papai não me visita. Ele nunca prestou nenhuma
atensa atenção em mim de qualquer jeito, mas isso ainda faz meu coração
doer.
Eu sei que você não pode fazer meu papai vir para me ver, mas eu estava
perguntando-me, já que você é májico, você acha que podia mandar pra mim
um amigo? Alguém divertido que queira estar comigo e que não se importe
que minha perna esteja toda mutilada. As crianças aqui são legais, mas todas
elas vão para casa depois de pouco tempo. Seria maravilhoso para ter alguém
que é meu, alguém que não tem que partir.
Annie
P.S.: Eu não me importo nem um pouco se você não me der quaisquer outros
presentes.
P.p.s.: Eu sinto muito sobre os erros de iscrita. Eu tive que faltar à escola,
mas agora eu realmente estou tentando por em dia com o tutor de computador
do hospital.
Capítulo Um
Annie olhou para cima e encontrou os olhos bravos da criança de sete anos
sentada na carteira em frente a sua, braços cruzados e lábios projetados em
um bico. Bryan a encarou, a fúria de seu leopardo aparente em cada linha de
seu corpo. Annie estava acostumada a ensinar crianças changeling - muitos
DarkRiver vinham para esta escola, perto como era de seu território. Ela
estava habituada a suas naturezas afetuosas, suas ocasionais transformações
acidentais em leopardo, e até seu pavio curto quando comparadas com os das
crianças humanas. O que ela não estava acostumada era com tal
desobediência descarada.
— Bryan, — ela começou pretendendo, mais uma vez chegar ao fundo disso.
Ele balançou sua cabeça, empinando o queixo. — Eu não vou falar com
ninguém a não ser o Tio Zach.
Annie olhou seu relógio. Ela havia ligado para o tio de Bryan vinte minutos
atrás, logo após o último sinal. — Eu deixei uma mensagem. Mas ele pode
não checá-las imediatamente.
Ela quase sorriu na teimosia dele, mas soube que isso só pioraria as coisas. —
Você tem certeza que não quer me dizer por que você bateu em Morgan?
— Não.
Annie enrolou de volta uma mecha de cabelo que escapou do coque que ela
fez com um par de palitos chineses laqueados em uma vã tentativa de estilo.
— Talvez nós pudéssemos conversar com sua mãe juntos. Você se sentiria
mais confortável discutindo as coisas com ela?
Ela já havia chamado a Sra. Nicholson para lhe dizer que Bryan chegaria
tarde em casa. A mulher levou isso numa boa - ela tem três meninos. — E um
deles está sempre de castigo. — ela disse com uma risada, e amor em cada
sílaba. — Já que você está esperando Zach, ele pode trazer este bebê
malcomportado para casa.
— Não. Você prometeu que eu podia esperar o Tio Zach. — Ele retrucou. —
As promessas devem ser mantidas, é isso que Tio Zach sempre diz.
— Isto é verdade. — Cedendo, ela sorriu. — Vamos esperar que seu tio
esteja aqui logo.
— Encontro quente? — A voz era rica, escura, e completamente fora de lugar
em sua sala de aula.
Vívidos olhos cor de água limpa, cabelo liso preto cortado de um modo
negligente, pele dourado- avermelhada e ossos que falavam de um
antepassado das tribos nativas. — Você ligou.
E ele veio.
Ela sentiu suas bochechas esquentando com o pensamento que passou por sua
cabeça. — Eu sou Annie Kildaire, professora de Bryan.
Ele também estava olhando fixamente para ela. Provavelmente para seu
sempre confuso laço de cabelo, suas bochechas vermelhas brilhantes, seus
olhos marrons mortificados. Puxando sua mão, ela tentou tirá-la. Ele segurou-
a enquanto olhava Bryan. Seu sobrinho continuava
sentado lá com uma expressão amotinada em seu rosto. Vendo suas mãos
apertadas, ele deu a seu tio um olhar que gritava “traidor”.
— Certo. — Ela não se sentou também. Isso não lhe deu muita vantagem - ou
qualquer vantagem para ser franca - mas se ela se sentasse com ele
assomando-se todo grande e intenso acima dela, ela provavelmente perderia o
poder de fala. — Bryan esmurrou um colega durante o último período. Ele se
recusa a me dizer o que causou o incidente.
Ela quis encará-lo ela mesma. Ele sabia perfeitamente bem do que ela estava
falando. — Morgan fica doente muito facilmente. — E tem uma mãe que o
trata como se ele fosse feito de vidro. Dado que a mesma coisa enlouqueceu
Annie quando era criança, ela poderia ter tentado conversar com Sra.
Ainslow sobre isto, mas era óbvio que Morgan gostava da atenção. — Ele
estava muito chateado para ficar próximo de Bryan, apesar de eu preferir
conversar com eles juntos.
— Não, — ela disse, tentando não parecer muito satisfeita por seu olhar de
surpresa. — Cisne.
— Cisnes não são predadores, — o que, Annie sabia, era o porquê da família
de Morgan ter permissão para ficar em território DarkRiver —
Ela lidava com felinos DarkRiver ao longo do ano, mas na maior parte, eles
eram casados, ou casais em relações de longo prazo. Ela não tinha nenhuma
ideia de como lidar com um macho provocador que claramente não era só
ciente do efeito que causava, mas confiante o suficiente para tirar vantagem
disso. Atenção aos fatos, ela disse a si mesma, só o fatos. — Bryan é
normalmente muito bom. — Ele era, na verdade, um de seus melhores
alunos. — Ele é amável, inteligente, e antes de hoje, ele nunca tinha
machucado um colega.
O coração de Annie apertou-se com o jeito absoluto que ele disse isto, como
se fosse simplesmente um fato da vida. Aquele senso inabalável de honra era
uma das coisas que ela mais admirava sobre os machos DarkRiver que ela
conheceu. A outra era o modo que eles não faziam nem a mais sutil tentativa
para esconder a adoração que eles sentiam por suas companheiras. Era...
bom.
Também era ainda outro ponto de discordância entre ela e sua mãe.
— Dê-me uns minutos com ele. — Com um aceno de cabeça, ele caminhou
para seu sobrinho. — Vamos, Feijão Saltitante, vamos conversar.
— Ali. — Bryan levantou e levou seu tio para a parte de trás da sala de aula.
Annie olhou para o outro lado por cortesia, sabendo que ela não conseguiria a
conversa mesmo que eles não se movessem - a audição changeling era
geralmente muito mais aguçada que a dos humanos. Mas, embora ela tentasse
manter seus olhos nos boletins, sua curiosidade levou a melhor.
Ela levantou os olhos até ver que Zach agachou-se em frente de Bryan, seus
braços apoiados livremente nos seus joelhos. A posição levantou a manga de
sua camiseta para expor parte de uma tatuagem em seus bíceps direito. Ela
observou. Era algo exótico e curvilíneo, algo que a chamava para aproximar-
se e acariciar. Felizmente, antes que ela poder se render à urgência de chegar
mais perto, Bryan começou a gesticular tão seriamente, que ela perguntou-se
o que diabos ele estava dizendo.
— Eu nem bati tão forte, tio Zach. — Bryan soltou um forte fôlego que fez
suas mechas marrons escuras dançarem. — Ele é um maricas.
— Bryan.
— Eu quero dizer que ele é “delicado,” — Bryan disse, provando que ele
tinha ouvidos bem grandes. — Ele está sempre chorando, até quando
ninguém faz nada de propósito. Ele chorou ontem quando Holly o acotovelou
sem querer.
— É?
— Sim! Holly é uma menina. E ela é humana.
Zach soube exatamente que Bryan queria dizer. Não importa seu animal,
changelings eram fisicamente mais fortes que humanos. Seus ossos eram
mais fortes, seus corpos se curavam mais rápido, e, no caso de changelings
predadores, eles podiam fazer muito mais dano. — O que não explica por que
você lhe bateu. — Ele conhecia e gostava de seu sobrinho. O menino nasceu
sob um código de honra sólido, um código que tinha sido fortalecido pelas
regras sob as quais os homens DarkRiver viviam. — Você sabe que nós não
ameaçamos pessoas mais fracas.
— O felino ficou bravo? — O leopardo fazia parte de quem eles eram. Mas
para os mais jovens, o lado mais selvagem de sua natureza era às vezes difícil
de controlar.
— Sim, eu acho que eu fiquei meio louco. — Bryan arrastou seus pés.
Zach entendeu. Eles não eram humanos, e eles não eram animais.
Zach soube que às vezes eram aqueles que pareciam mais fracos que eram os
mais sórdidos. Pelo menos Sra. Kildaire pareceu bem ciente disso - ele não
deixou de perceber que ela não culpou automaticamente Bryan.
Kildaire?
— Morgan disse que sua mãe falou que a Senhorita Kildaire está sentada em
uma estante2.
Zach teve que pensar sobre aquilo por alguns segundos. — Ele disse que ela
está numa estante?
— E então Morgan disse que sua mãe falou que Senhorita Kildaire era muito
gorda para conseguir um homem.
Zach teve um desejo súbito para esmurrar o pequeno rato ele mesmo.
— Continue.
— Desculpe.
Zach sentiu seu próprio felino voltando-se dentro dele antes de ficar distraído
pelo odor primoroso da deliciosa Srta. Kildaire. — Tudo bem.
Zach achou-se em um dilema. Ele não podia realmente discordar das ações
do seu sobrinho, mas bater em outra criança era contra as regras. Ele
examinou a expressão inteligente de Bryan e tomou a única decisão que
podia. — JB, você sabe que nós não toleremos este tipo de violência.
Zach abraçou aquele pequeno e robusto corpo e esperou até Bryan recuar
antes de perguntar, — Por que você não chamou seu papai? Ele teria
entendido, também. — Joe dirigia um bar que era um lugar de
— Ele está assistindo partida de futebol de Liam hoje. Eu não quis estragar
isso. Liam tem praticado seus chutes há tipo um mês.
Zach embaralhou o cabelo do seu sobrinho. — Você é uma boa criança, JB.
Levantando-se, ele direcionou a cabeça para as carteiras que se enfileiravam
no fundo da sala de aula. — Pegue seu material enquanto eu vou ajeitar isto
com a Srta. Kildaire.
Relaxando, Bryan foi para a carteira a sua direita e começou a juntar suas
coisas.
Zach observou Annie levantar de sua cadeira enquanto ele andava até ela e
teve que lutar com o desejo de rosnar para que ela se sentasse de volta. Ele
notou sua fragilidade antes - que sua perna esquerda estava incomodando.
Mas se ele dissesse o que queria, ele seria tão ruim quanto aquele idiota,
Morgan. Annie Kildaire tinha que ser perfeitamente capaz se ela estava
dirigindo uma sala de aula com crianças de sete anos.
— Ele disse a você? — Ela perguntou com aquela voz aveludada que alisou
como veludo negro sobre de sua pele. O felino se esticou, pedindo mais. Ser
acariciado pela Srta. Kildaire, ele pensou, ambos os lados dele concordando,
poderia ser o melhor presente de Natal de todos.
Ela esperou. — E?
— E eu não posso lhe dizer — Ele obervou sua sobrancelha subir, seus lábios
se franzirem. Ele não podia decidir se ele queria morder o lábio inferior mais
cheio ou lamber o superior.
— Sr... Zach.
Oh, ele tinha muitos planos para agir como um adulto perto da Srta. Kildaire.
— Eu prometi ao JB.
— Sim.
— O que você sugere que eu faça? — Ela cruzou seus braços. — Eu tenho
que castigá-lo, e eu não posso fazer isso sem saber por que ele fez aquilo.
— É um assunto de escola.
— É um assunto de leopardo.
Capítulo Dois
Zach observou enquanto seu sobrinho ia até a mesa e dizia, — eu sinto muito
por ter est..-uma careta de concentração-estourado na sala de aula. Mas eu
não sinto muito por ter batido em Morgan.
Zach estava olhando para Annie e viu sua luta para esconder um sorriso. —
Isto não é uma atitude muito boa, Bryan.
Ele não se moveu, saboreando a satisfação que o tomou pela garganta. Era
quente, selvagem, certo. Totalmente, absolutamente certo.
O conhecimento fez seu sorriso lento e sedutor. — Por que você não sai
caminhando conosco? — Os corredores estavam quase vazios quando ele
chegou, e ele não conseguia qualquer movimento agora. De jeito nenhum
ele iria sair e deixar a doce Annie Kildaire sozinha em um edifício com a
escuridão invernal só uma a hora de distância no máximo.
Pondo a mão no bolso de trás de sua calça jeans, ele retirou uma barra de
cereal que ele pegou na vinda. — Eu trouxe isto para você para o caminho de
casa.
Bryan o agarrou com seus rápidos reflexos de felino e felizmente foi subir em
uma cadeira com a mochila a seus pés. Enquanto isso, Srta.
Quinn.
— Zach. Você só pode me chamar de Sr. Quinn quando você estiver irritada.
— Sr...
— Zach.
Ele sorriu, gostando que ela já estivesse confortável suficiente para discutir
com ele. Algumas mulheres o achavam um pouco perigoso para brincar. E
ele queria muito brincar com Annie. — Sim, Professora?
— E isso diz o quê? — Olhando pra baixo, ela empurrou seus documentos
em uma pilha desarrumada.
O felino não gostou. O homem também não. — Isso não foi muito legal.
Então, ela fechou sua maleta com força e jogou sobre seu ombro.
Ou tentou. Zach deslizou-a da mão dela e passou a correia por cima de sua
cabeça, colocando-a diagonalmente através de seu corpo.
Seu felino ronronado em interesse, até quando Bryan deu uma risadinha. —
Ninguém chama o Tio Zach assim.
Está frio lá fora. — Ele começou a caminhar para a porta, sabendo que ela
não teria nenhuma escolha a não ser segui-lo.
Depois de um segundo tenso, ela o fez. Ele ouviu o sussurro de sua roupa
quando ela colocou o casaco sobre sua formal calça cinza e bem talhada
camisa branca, sua mente o obrigando a assistir uma fantasia em slide show
da suavidade feminina que ele sabia que se escondia por baixo.
Ela mancava muito de leve, mas mesmo assim significava que o dano devia
ter sido horrível. Isso, ou o problema era algo natural que os cirurgiões não
puderam consertar completamente. E não existiam muitos
Minha perna foi tão esmagada, que ficou quase irreconhecível como nada
além de carne com alguns fragmentos de ossos.
Ele ouviu um orgulho fervilhando nela, e teve a sensação que ela estava
segurando um suspiro. — Eles fizeram um bom trabalho de reconstrução.
Titânio?
Ele podia dizer pela expressão dela que essa não era a resposta que ela
esperava. — Não. Algum novo tipo de plassteel3. Muito alta tecnologia.
— E agora?
— JB, espere. — Sabendo que ele podia confiar no menino para não se lançar
para o lado de fora, ele seguiu Annie pela pequena distância até a enfermaria.
Olhando sobre seu ombro, ele viu o interior escuro. —
Ele se foi.
Vê?
3 NR: “plassteel” seria um aço maleável, deixamos no original por ser uma
substância ainda não inventada.
Mas ele já tinha captado uma picante ferroada de interesse no seu aroma.
Satisfeito, ele seguiu-a, em seu melhor comportamento agora. Não serviria de
nada assustar Annie. Não quando ele planejava mantê-la.
O ar de fora estava frio, mas fez Zach suspirar de satisfação. Estar ao ar livre
estava em seu sangue, a razão por que ele amava seu trabalho diurno como
um guarda-florestal em Yosemite. O trabalho tinha se ajustado naturalmente
com seus encargos como um soldado de DarkRiver
— Onde está seu carro? — Ele perguntou a Annie, notando que seu rosto
brilhou também. A sensual e beijável Annie Kildaire gostava de estar ao ar
livre tanto quanto ele. Agradou o felino, acalmou o homem.
— Ali. — Dando a ele um olhar ainda colorido com temperamento ácido, ela
apontou para um compacto que cortaria suas pernas pela metade se ele fosse
louco o suficiente para tentar dobrar-se dentro. Mas ela é pequena, ele
pensou, perguntando-se se ela se importaria de brincar com um homem mais
alto. A ideia dos jogos que ele queria fazer com Annie o fez sorrir. — JB e eu
lhe acompanharemos.
Ela não discutiu com ele desta vez, simplesmente perguntou sobre seu
veículo. Ele apontou o polegar na direção do forte off Road estacionado
algumas vagas após.
— Eu suponho que você precise disso na floresta? — Sua voz tinha um toque
de ansiedade.
— Apenas nas áreas públicas. — Ela apertou seu polegar na porta de seu
carro, desativando a trava de segurança. — Eu acho que aqueles trechos
compõem somente uma fração minúscula de seu território, certo?
Sua expressão era de surpresa. — Eu — ela fechou sua boca com um estalo, e
ele a viu olhar para sua perna. O movimento foi tão rápido, que ele teria
perdido se não tivesse observando-a de tão de perto.
Alguém, ele pensou, um grunhido crescendo dentro dele, fez um estrago com
sua confiança. — Eu posso levar você lá amanhã, — ele disse, segurando sua
raiva, — mostrar a você algumas das vistas que a maioria das pessoas nunca
chega a ver.
Seu sobrinho pulou para cima e para baixo. — Nós vamos fazer a estória de
como os Psy uma vez tentaram cancelar o Natal. Vai ser tão engraçado!
faminto. Se ela tivesse qualquer pista do que ele verdadeiramente queria dela,
ela nunca entraria em um carro com ele, muito menos o deixaria levá-la à
luxuriante privacidade da floresta. — O clã está ficando rígido sobre quem
nós permitimos entrar.
Ela mordeu aquele cheio lábio inferior, despertando seu ciúme. Ele queria
fazê-lo.
Então Bryan virou o negócio para ele. — Você devia ir, Senhorita Kildaire!
Então depois, você pode vir para o piquenique.
Ele viu Annie derreter naquele apelo infantil e soube que ele a teve.
porque ele deixou o felino vazar em seus olhos, deixando-a ver a fome
sombria bombeada em seu sangue.
de sua parte. Um homem bonito como aquele devia ter mulheres implorando
para rastejar para sua cama.
O cabelo de Zach parecia mais pesado que o dela, mais macio e lustroso.
Seus pensamentos foram do seu cabelo até o que ele poderia parecer na forma
de leopardo. Um predador, todo músculo e poder coberto com uma manta
ouro negro. Ele permitiria a uma mulher acariciá-lo? Seus dedos formigaram
de antecipação, e permanecendo como ela estava na frente do espelho de
maquiagem, ela viu seus lábios se abrirem e seus olhos se arregalarem. A dor
entre suas coxas se transformou em um erótico pulsar.
Ela o ignorou, chocada pela intensidade crua da fome que surgia dentro dela.
Ela nunca antes tinha reagido tão intensamente por um homem, até que seu
corpo inteiro tremeu com esta força. — Senhor tenha clemência! —
Simplesmente se isso acontecia só porque ela estava pensando nele, como no
mundo era ela iria sobreviver estando só com ele por um dia inteiro?
Annie detestava chá de camomila. — Você sabe que eu não gosto disto.
Ela ouvia isso tantas vezes que fazia mais impacto. — Eu acho que eu vou
ficar mal, hoje. — E não era chá de ervas que ela tinha em mente.
Seu pai e eu queremos que você se estabeleça. Nós não estaremos aqui para
cuidar de você para sempre.
— Bem você não pode passar o resto de sua vida só. — O tom da sua mãe era
severo, mas havia uma ponta de desespero. Kimberly estava realmente
preocupada pelo pensamento de sua filha vivendo uma vida solitária. Ela
nunca se preocupava em perguntar se Annie o fazia por escolha. — O
professor Markson é um homem adorável. Você podia fazer muito pior.
O que sua mãe realmente querida dizer, Annie pensou com uma punhalada de
ressentimento antigo, era como se ela não tivesse quaisquer outras opções.
Para Kimberly, Annie estava estragada, e que a maioria de homens passaria
direto por essa frágil criatura. — Caro virá junto?
— Claro que não. — Sua mãe fez um som aborrecido. — Nós queremos a
atenção do professor em você. Por mais que eu goste dela, a tendência da sua
prima é roubar a atenção, mesmo já estando casada.
— Trabalho?
— Não. — Como ela diria isto? — Eu, ahm, combinei uma excursão
detalhada para Yosemite. — Apesar dela não morar longe da floresta, seus
pais moravam mais próximos de São Francisco. Até em um veículo de alta
velocidade, levaria mais de uma hora para fazer a viagem.
— Realmente, Annie. Você sabia que nós estávamos dando este jantar.
invés. — Eu tentarei estar lá assim que eu puder, mas eu não posso prometer
nada.
Esfregando sua testa, Annie foi do quarto para o banheiro, com o telefone
celular ainda na mão. Depois da ligação, ela definitivamente precisava das
propriedades calmantes de um banho livremente abastecido com sais
minerais. Desnudando-se, ela se sentou na extremidade da banheira enquanto
enchia, tomando a chance de massagear alguma tensão fora de sua coxa.
Dói?
Não, Angelica, você não pode fazer isto. Sua perna é muito fraca.
Muito frequentemente, sentiu como se sua mãe tinha nascido na raça errada.
Ela teria dado uma boa Psy, com sua mente analítica e necessidade de
perfeição em todas as coisas.
Seu humor poderia ter piorado novamente, mas ela estava muito ocupada
sonhando em beijar Zach naqueles seus lábios bonitos. O homem era muito
pecaminoso para ser real. E o modo que ele lhe paquerou... uau.
Teria sido bom ser confiante o suficiente para paquerá-lo de volta. — Em vez
de ruborizar e ficar com a língua travada— ela resmungou.
Ela havia visto bastantes casais DarkRiver para identificar o tipo de mulheres
que os dominantes homens changelings achavam atraentes -
E isso era exatamente o que a atraiu para ele. Ela soube depois de tê-lo
encontrado só uma vez que ele nunca diria a ela que ela não poderia
fazer algo. Zach simplesmente esperaria que ela o alcançasse. E isso era
sedução por si só.
O gotejar da banheira a alertou que estava cheia. Ela estava para entrar
quando seu olho bateu no celular que ela deixou em cima de suas roupas
jogadas. Ela o pegou, decidindo ligar para Caro. Sua prima era uma perita em
homens, e essa era a área em que Annie precisava de conselho agora.
— Oi, “eu”.
— Não, eu... — a água gotejou enquanto ela levantou uma mão para
empurrar algumas mechas de cabelo de seu rosto— eu estava só relaxando.
— Na banheira?
Ela piscou, mortificada pela alimentação visual que ela instigou por acaso.
Mas não, nada a ver. — Os leopardos têm bons ouvidos.
Annie disse a si mesma para respirar. — Tudo bem. — Percebendo que ele
não podia vê-la, ela parou de lutar consigo mesma e permitiu que
o prazer que ela tinha de simplesmente escutá-lo se espalhasse pelo seu rosto.
Ela nunca antes havia encontrado um homem com uma voz tão masculina
como a de Zach, mas com aquela sugestão deleitável de brincadeira. Como se
ele enquanto ele pudesse ser uma lâmina afiada de um soldado, ele sabia
como rir, também. — Houve algum problema com Bryan?
— Nenhum. JB está bem. Nenhuma corrida com as outras crianças por uma
semana para ele.
Annie fez uma careta séria. — Eu pensei que ele teria os privilégios de
entretenimento suspensos.
Zach riu, e isso ondulou por ela como fogo vivo. — Esta é sua forma favorita
de entretenimento. Leopardos changelings, especialmente meninos de sua
idade, odeiam ficar presos do lado de dentro.
Nós poderíamos até esbarrar em alguma neve. Se vista com várias camadas.
— Já cansada de mim?
Ela realmente não sabia como lidar com ele. — Não. — Outro macho riu. —
Diga-me algo sobre você, Annie.
— Eu amo isto. — Ela achou que relaxou novamente, acalmada pelo timbre
de sua voz, tão fácil, tão deliciosamente macho. — O que você faz?
O trabalho combinava com ele melhor que qualquer coisa que ela podia ter
imaginado. — Você gosta do que você faz?
Zach abriu a porta para sua pequena casa, já ciente da identidade de seu
visitante. Ele captou o odor no momento em que o outro changeling saia de
seu veículo.
aí? — Lucas entrou, vestido com um terno cinza escuro que dizia que ele
tinha vindo diretamente do QG de negócios DarkRiver.
— Lugar legal.
— Que diabo é isto? — Lucas olhou no pálido líquido azul do lado de dentro.
— E o terno é camuflagem.
— É alguma nova bebida energética que Joe inventou. — Ele girou a tampa.
— Nós devemos dar ele um parecer.
Lucas tomou um gole. — Não é ruim, para algo que parece que brilha no
escuro.
— Não devia ter, mas eu quero que você mantenha um olho extra-afiado. Psy
normalmente não se aventuram em qualquer lugar próximo ao nosso
território, mas eles têm mudado as regras recentemente.
— Você pensa que eles poderiam estar tentando usar a terra para
familiarizarem-se com a floresta, — Zach supôs. Psy não ficavam, via de
regra, confortáveis em espaços abertos. Eles preferiram as cidades, com suas
torres de vidro e aço. Mas como a companheira de Lucas, Sascha, mostrou, a
raça psíquica era supremamente adaptável.
— Eu não acho que tenha acontecido ainda, mas existe uma possibilidade.
Nós seríamos tolos se não nos preparássemos para o inesperado.
Desde que Tammy e Nate eram os vizinhos mais próximos de Zach, fez
sentido.
— O quão frágil são os humanos? — Ele havia tido amantes humanas antes,
mas ele nunca havia desejado qualquer mulher, humana ou changeling, com a
fúria crua que coloria sua ânsia por Annie. Isso o preocupava se ele poderia
machucá-la na hora da paixão. — Quanto eu tenho que conter-me?
Fisicamente, os Psy eram ainda mais fracos que humanos, ainda assim Lucas
era muito felizmente casado com Sascha. — Só não use a mesma força nela
que você usaria em mim ou em um dos outros machos e você estará bem.
— Hoje.
— Ela está um pouco cautelosa, mas ela gosta de mim, — ele disse, pensando
sobre como os olhos dela o tragavam. Um homem podia se acostumar a ser
olhado daquele modo. Especialmente quando a mulher olhando era alguém
que ele gostaria de comer em pequenas e deliciosas mordidas. — Eu vou
cortejá-la primeiro. - Mas ele já a considerava dele -
porque não só Annie Kildaire despertava seus instintos mais primitivos, ela
era sua companheira... e ele era um tipo de felino possessivo.
Capítulo Quatro
Annie estava pronta perto das oito na manhã seguinte. Sentindo-se nervosa e
superexcitada, ela verificou sua roupa no espelho mais uma vez. Ela levou o
conselho de Zach a serio e colocou camadas, começando com uma camiseta
branca lisa e um fino suéter de decote em V de mistura de casimira que
pareceu divina em sua pele. Na parte inferior, ela vestiu sua calça jeans
favorita, junto com um par de botas de caminhada, no caso do passeio se
transformar em um passeio. Completando seu equipamento estava uma
grossa jaqueta inchada à parte.
Oh bem, ela pensou, tirando-a e pondo na pequena mochila que guardava sua
máquina fotográfica e água, não era como se isto fosse um encontro.
Doces sonhos.
A memória da voz de Zach fez o desejo escorrer por suas veias. Tudo que ela
podia pensar era como seria ter essa voz sussurrando em seu ouvido enquanto
aquelas mãos fortes a tocavam com uma confiança ousada. — Oh, homem.
— Ela apertou a mão sobre o estômago. — Calma, Annie. Calma. — Era
difícil de escutar seu próprio conselho quando ela passou a noite inteira
sonhando com ele. A tatuagem que ela vislumbrou em seu bíceps a fascinou.
Em seus sonhos, ela acariciou as linhas exóticas com seus dedos, apertando
seus lábios naquela carne musculosa... e então tocou em outra parte ainda
mais dura de seu corpo.
— Um dia inteiro— ela quase gemeu, e foi passar a mão por seus cabelos
antes de perceber que ela os havia puxado para trás em um rabo-de-cavalo.
Então ela olhou no espelho e fez uma careta. Ela evitou maquiagem - quem
vai para uma floresta com maquiagem? Mas cedeu ao desejo de passar um
pouco de brilho. Ele aumentou seus lábios... como se seus lábios já não
fossem carnudos o suficiente. — Argh. — Tarde demais, ela lembrou por que
ela nunca usava gloss. Ela estava procurando por um lenço para se limpar
quando a campainha tocou. — Quem diabos? —
Tudo o que ela podia fazer era não passar as pontas dos dedos na pele lisa e
aninhar o odor masculino dele em seus pulmões.
— Eu acordei cedo, tinha que ir a algum lugar. — Ele sorriu pra ela, lento e
persuasivo. — E você vai me convidar pra entrar? —
Ela sabia que não deveria deixá-lo seguir seu caminho tão facilmente, mas
recuou para o lado em boas-vindas. — O que você trouxe?
— Venha e veja. — Ele esperou por ela fechar a porta, então a seguiu até a
cozinha através da sala de estar de seu apartamento. — Você gosta de ler.
Ela o viu olhar os livros nas prateleiras, empilhados na mesa de café, capa
para baixo no braço de seu sofá. — Sim.
Ela olhou para ele do outro lado do balcão. — Eu pensei que eu tinha feito
café.
— Certo. — Ele manteve a bolsa fechada. — Mas você não vai ver o que tem
aqui até que você venha para este lado.
Ele
estava
definitivamente
paquerando.
ela
estava
— Para você, talvez. — Ele era tão grande, tão desavergonhadamente macho,
que ele assumia o controle do espaço...
Ele a olhou, sua expressão mudando para algo mais escuro e infinitamente
mais perigoso. — Hmm, você está certa. Você é um pouco menor que eu.
Ela riu através da batida errática do seu coração. — Deus, não. Eu estava fora
de lá aos dezoito.
— Você sempre esteve sozinha, Annie? — Ele perguntou, seu tom um calor
líquido sobre sua pele.
— Eu gosto de viver só. Eu pretendo manter isto deste modo. — Ela pensou
que o surpreenderia com isto, mas em vez de responder, ele ergueu a bolsa e
levantou uma sobrancelha. Era um desafio. Annie nunca se considerou
particularmente corajosa, mas ela deu a volta no balcão. Ele acenou a cabeça
para ela tomar o assento ao lado do seu.
Sabendo que seria tolo recusar, ela subiu, roçando sua coxa com uma mão.
Ele notou. — Dói hoje?
— O que? — Ela olhou abaixo. — Oh, não, para falar a verdade não. É
hábito. — Era sempre um pouco dolorido pelas manhãs. — Então, café da
manhã?
Ela tinha o pressentimento de que jogar com este grade gatinho era uma ideia
muito ruim, mas desde que ela já cedera à loucura, ela disse,
A noção de ter ele alimentando-a fez seu coração bater na velocidade de luz.
— O que eu consigo se eu acertar?
— Sim. — Ela assistiu hipnotizada como ele abriu a bolsa de papel com
aquelas mãos que ela queria ter sobre toda parte dela.
Ela tragou uma fome de um tipo bem diferente e deixou suas pestanas
tremularem abaixo. O que a fez ainda mais ciente do cheiro dele, o calor dele,
a presença absoluta dele. Quando ele mudou sua posição para pôr um de seus
pés no lado de fora de seu banco, interceptando-a eficazmente, ela abriu sua
boca para lhe dizer... algo.
Perdendo sua linha de pensamento, ela fechou seus dentes acima da massa
que ele pôs em seus lábios. O folheado quase derreteu em sua boca, e ela
lambeu seus lábios sem pensar.
Zach pareceu ficar muito quieto, mas quando ele falou, suas palavras eram
luz. — Adivinhe?
— Doce Dinamarquês.
— Errada. — Ela foi abrir seus olhos, mas ele disse, — Não, mantenha-os
fechados.
— Por quê?
— Eu vou dar a você outra chance. Pois agora, você deve uma multa. Vamos
ver se nós podemos igualar as cartas.
Como ela pensava - brincar com este felino era um convite para problemas.
— Agora estou perguntando.
— Mais tarde. Primeiro, saboreie isto. — Ele pôs alguma outra coisa em sua
boca, e ela abocanhou, determinada a acertar dessa vez - ele pareceu
encantado demais pela ideia de ela estar devendo uma multa.
Um dedo roçou acima de seus lábios, fazendo seus olhos abrirem rápido.
— Oh.
Ele não sorriu desta vez, observando-a com uma intensidade que a lembrou
de que mesmo com toda a sua diversão, ele era um soldado DarkRiver. E
DarkRiver controla a grande área de São Francisco. Mais que isto, eles
estavam aliados com os lobos sanguinários SnowDancer.
— Não para você, — ele disse. — Eu não morderia a menos que você pedisse
muito gentilmente.
O calor invadiu suas bochechas com essa promessa provocante, e ela ficou
mais que contente por a cafeteira apitar. — O café está pronto, eu pego.
Ele a deixou ir, mas ela teve um pressentimento que o jogo só estava
começando. E que ela era a presa.
— Café. — Ela pôs uma xícara na frente dele, e ele tomou um gole, tentando
se comportar quando o que ele realmente queria fazer era arrastá-la para perto
e só arrebatá-la. Paciência, ele disse a si mesmo. A última coisa ele queria
fazer era assustar Annie com a fúria selvagem de sua fome.
Ela fez uma careta para a o pecado do chocolate. — Então o ganho e perda
eliminam um ao outro?
— Eu darei para você mais tarde hoje. — Ele queria beber todo seu cheiro,
temperada como era pela sedução de sua estimulação crescente.
Porém aquela estimulação não estava ainda perto o suficiente para saciar a
selvageria de sua própria necessidade. Mas o felino era um caçador paciente.
Até o final do dia, ele planejou ter persuadido e tentado Annie Kildaire até
que ela estivesse tão desesperada por ele como ele estava por ela. — Agora
coma, ou nós nos atrasaremos.
Ela mordiscou seu croissant, jogando para ele olhares rápidos enquanto ele
terminou seu bagel que comprou para si mesmo. — Quando você vai...
coletar? Ela perguntou a seguir, retirando as xícaras com uma eficiência
feminina que fracassava em disfarçar sua suscetível compreensão.
Pronta?
— Você parece muito com um gato quando você sorri desse jeito,
Ele caminhou à frente e pegou a cesta que ela pôs na pequena mesa em um
canto. — O que é isto?
— Você será a nova melhor amiga de Sascha. — Inclinando, ele roçou seus
lábios acima de sua orelha. — E sim, Professora, eu gosto de provocar você.
Annie ainda não tinha se recuperado da sensação de seus lábios em sua pele
quando Zach afastou-se de seu apartamento térreo para a rua. Um amplo
calor sexual apertou a sua provocação, mas ela não estava bastante certa até
onde ele iria com isto. Se ele forçasse, ela se renderia?
A tentação era cegamente forte. Não só era ele bonito no modo mais
masculino, ela gostou inteiramente dele. Estar com Zach, mesmo que só por
uma noite, ela já sabia, seria um deleite. Ele não seria nenhum pouco egoísta,
ela pensou. O prazer da sua parceira importaria para ele. E, dada sua
natureza, não era provável ele querer qualquer tipo de compromisso.
Era perfeito.
Ainda assim Annie achou-se hesitando. Ela reagiu a ele mais profundamente
que a qualquer outro homem em sua vida inteira. O que seria dela se
dormisse com ele, o conhecesse tão intimamente... então vê-
— Olhe.
— Eu li algo sobre uma mostra de carros antigos há uns vinte minutos daqui.
Nós podíamos passar por lá depois do piquenique hoje.
Apesar de seu medo de como tão rápido ele conseguiu entrar debaixo de sua
pele, ela não podia evitar sentir muito prazer com o fato de ele querer passar
mais tempo com ela. Junto com isto veio à decepção. —
Ela entendeu a surpresa em sua voz. Todos os felinos DarkRiver que ela
conhecia tinham uma coisa em comum: que família era a pedra fundamental
de seu mundo. E o clã era uma grande e extensa família até onde lhes dava a
entender. Ela teve membros seniores do clã que vieram as reuniões de pais e
professores mais de uma vez quando os pais estavam doentes ou
inevitavelmente atrasados. — Minha mãe continua tentando me empurrar
homens.
A expressão de Zach mudou e, pela primeira vez, ela viu o soldado inumano
nele. — Que tipo de homens?
— Não.
Ele olhou para ela novamente, e aqueles olhos se tornaram de leopardo para
ela. — Você está bem?
— Então você irá pular o jantar. — Era uma ordem clara e simples.
Annie abriu sua boca. O que saiu foi, — Não, eu vou levar você.
Capítulo Cinco
Ela não podia acreditar que acabou de fazer isto, ordenou algo a ele. Mais, ela
não podia acreditar que ele concordou. — Provavelmente,
“Graças a Deus”.
— Ahm?
— Então?
— Se eles ignoram você, são eles que perdem. Pior para eles. Ele encolheu os
ombros. — Você quer colocar alguma música?
Ela engoliu em seco, percebendo que fez uma bagunça com as coisas. Se ela
não tivesse mencionado o jantar, ela poderia ter evitado isso completamente.
Zach gemeu. — Não me diga, ela é vegetariana? — Ele disse, como se isso
fosse a pior coisa possível.
Desta vez, ele não pôde fazê-la sorrir apesar dela mesma. — Minha mãe é um
pouco— ela tentou achar um caminho fácil dizer isto e falhou—
parcial contra changelings.
— Ah. Deixe-me adivinhar— ela pensa que nós estamos somente a um passo
dos animais?
Ela se sentiu muito, muito estranha discutindo isto, mas ela tinha que o
advertir sobre que ele poderia enfrentar se fosse ao jantar com ela.
— Não é só isso. Ela não tem nenhum problema com outros humanos, e ela
admira os Psy, mas ela não quer que eu tenha encontros, ou fique amiga—
ela levantou seus dedos em aspas— “do rude elemento changeling”.
— Isto é um insulto, Zach, — ela disse com igual suavidade. — Se é isso que
você realmente pensa de mim.
— Eu sei. — Ela não podia culpá-lo por sua reação. — Me deixa realmente
desconfortável, eu tentei fazê-la mudar de ideia, mas nunca funcionou.
— O que ela pensa sobre você dar aula em uma escola com uma população
changeling tão grande?
Minha mãe estava naquele trem comigo. Ela tentou, tentou e tentou me tirar
mesmo que eu estivesse presa debaixo de tantos destroços, e ela não tinha
esperança de mover qualquer coisa. — Sua garganta se fechou com a força da
lembrança. — Seu braço estava quebrado naquela hora, mas ela não chorou
uma única lágrima. Ela só tentava me tirar de lá.
Zach correu suas juntas acima de sua bochecha. — Ela ama você.
Ela achou conforto no toque, e quando ele retornou para sua mão para o
volante, ela percebeu que ele de alguma maneira daria sua força.
— Sim. É por isso que eu a deixo tanto continuar com isso. — Ela se
debruçou sua cabeça contra o encosto. — Esta coisa ela que tem com os Psy,
o modo que ela quase os endeusa, tem suas raízes no acidente, também.
— Como?
— Tinha esse garoto— que eu não sei de onde ele apareceu, mas ele era
pequeno, da minha idade ou mais jovem. Olhos cardeais. — Ela teve um
calafrio com a lembrança do frio naqueles olhos de estrelas-brancas-em-
veludo-negro. Psy vivem destituídos de emoção, mas ela nunca viu uma
criança tão incrivelmente fria. — Ele ergueu os destroços de cima de mim.
Ela meneou sua cabeça. — Ele desapareceu no caos. Eu sempre pensei que
ele tinha se teletransportado de outro local, depois de alguma maneira me ver
na cobertura ao vivo da TV. Eu lembro que havia um helicóptero transmissor
remoto de mídia por lá, e se ele foi forte o suficiente para erguer a quantidade
de destroços que ergueu, ele era forte suficiente para se teletransportar. — Ela
não podia imaginar a força necessária para arcar com tanto poder. — Ele não
pode ter estado no trem, suas roupas estavam imaculadas, e ele não tinha
sujeira em seu rosto.
— Psy não nascem sem emoções, — Zach disse a ela, — eles são
condicionados para isto. Então pode ser que ainda houvesse um resquício
humano suficiente que sentiu a necessidade de ajudar quando viu o que
aconteceu.
Ela não podia imaginar um membro da fria raça Psy abraçando a emoção.
Mas leopardos changeling se acasalam por toda vida, e o laço entre
companheiros era de um deslumbrar tão latente que é claro como um farol até
para um observador humano. Se estas mulheres se casaram com felinos
DarkRiver, elas eram indubitavelmente tão radiantes e fortes quanto as outras
mulheres que ela viu. — Eu as conhecerei hoje?
— Ei, — ele disse, lançando para ela um olhar que falou do soldado interior,
— eu sou um garoto crescido. Eu posso lidar com isto. Prometo.
Decidindo confiar nele, ela tirou o telefone do bolso de sua calça jeans. — Eu
direi a mamãe que eu estarei levando alguém e que nós chegaremos
atrasados.
Zach poderia ter chutado a si mesmo. Ele passou o maior trabalho para
colocá-la em um estado de humor relaxado, então o felino teve uma explosão
de primitivo ciúme. — Assustada?
Precaução cautelosa rastejou em seus olhos, mas ela agitou sua cabeça. —
Você disse que você não morderia a menos que eu pedisse...
muito gentilmente.
— Por favor.
Suas bochechas coloriram, mas ele soube que o calor não era por causa de
constrangimento. Sua estimulação era um sussurro decadente dentro do carro,
uma droga que seu felino podia prolongar por horas. Mas o que ele realmente
queria fazer era lambê-la. Ele se moveu um pouco mais perto.
Ela levantou o telefone. — Eu preciso dar este telefonema. — Sua voz era
ofegante, seu tom incerto.
O instinto insistia que ele continuasse pressionando, mas ele não quis fazê-la
sentir-se encurralada. Não, ele pensou, voltando para o seu assento, ele faria
sua provocação ao ar livre nos braços da floresta. —
Continue, queridinha. — Ele sorriu. — Eu tenho o dia todo para brincar com
você.
— Claro. — Ele os pôs de novo na estrada, sabendo que ela estava falando
sobre mais que sua promessa provocante. A bonita e sensual Annie Kildaire
pensou que eles estavam rumo a um rápido lance quente.
Ela ficou muda por alguns minutos, então ele a ouviu teclando a chamada.
Com ela tão perto, ele podia ambos os lados da conversa. A
maioria dos humanos que viviam com changelings tendem a conseguir fones
de ouvido para o telefone, para que pudessem ter conversas privadas. Ele
teria que conseguir um para Annie, pensou distraidamente.
— Angelica?
Annie apertou seus dedos em sua testa e mentalmente pareceu contar até
cinco. — Eu estou trazendo um convidado, — ela disse sem qualquer
introdução. — Seu nome é Zach.
O silêncio foi mais longo e mais profundo desta vez. Zach podia sentir
angústia de Annie na reação, mas ele orgulhava-se dela por dar as cartas.
— Mãe?
— Você não está um pouco velha para jogos infantis? — Sua mãe perguntou.
— Eu sei que algumas mulheres acham aqueles tipos rudes atraentes, mas
você tem um cérebro. Quanto tempo você pensa que ele poderá manter-se
comprometido?
— Eu não terei esta discussão com você, — Annie disse, em tom de final de
conversa. — Nós estaremos lá para jantar. Se você prefere que não, só diga.
Annie olhou fixamente para o telefone por vários segundos antes de colocá-lo
em seu bolso de trás. — Quanto você ouviu?
— Tudo.
— Annie querida, deixe sua mãe comigo. — Ele a deu um sorriso cheio até a
borda com maldade deliberada. — Hoje, eu quero levar você à perdição.
Ela devolveu um sorriso um pouco tímido, mas repleto de tal travessura que
ele pensou que a maioria das pessoas nunca havia visto.
— Eu prefiro Anjo.
Ele riu. — Não, bebê, eu gosto de minha mulher exatamente como ela é. Ele
soube que a surpreendeu, esperando ver o que ela faria.
Ele não iria mentir para ela. — Você vai fugir se eu disser que sim?
— Eu estou aqui hoje, não é? — Uma pergunta com um leve toque de acidez.
Saboreando o gosto picante em sua língua, ele decidiu que gostou disto. —
Totalmente sozinha com um felino grande e mau que está repensando sua
política sobre mordidas.
Zach diminuiu a velocidade do veículo, mas o alce captou seu odor e correu
para as árvores. — Desculpe. Eles tendem a fugir no momento em que
cheiram um leopardo. É por isso que eu cuido dos predadores, É
— Eles sabem que eles são presa. — Ela olhou para ele. — Você os caça?
— Quando o felino precisa disto, sim. — Ele olhou para ela. — Você
consegue lidar sabendo disto?
— Eu ensino a muitos pequenos felinos, — ela lembrou-lhe em uma afetada,
verbalização de professora. — Eu posso não ser perita em comportamento
changeling, mas eu aprendi o suficiente para saber que quando em forma de
animal, vocês se comportam de acordo com as necessidades do animal.
Ele não podia se segurar. Ele girou e mostrou suas presas para ela, fazendo-a
saltar. Quando ele começou a rir, seus olhos estreitaram. —
Você é tão mau quanto Bryan. Ele faz isso com Katie o tempo todo.
Seus lábios contraíram-se. — É isso que eu penso, também. A briga era sobre
Katie?
Rindo da cara que ela fez, ele deu um puxão no seu rabo de cavalo. — Você
topa uma pequena caminhada?
Ele estacionou o veículo ao lado da trilha e virou-se. — Eu ainda não sei seus
limites, — ele lhe disse honestamente. — É por isso que eu estou
perguntando.
Ele encolheu os ombros. — Se eu achar que você não consegue fazer algo, eu
me certificarei que você não o faça. — Proteger os vulneráveis era instinto.
Proteger Annie provavelmente se tornaria uma obsessão.
A excitação dela cresceu com suas palavras, mas também sua irritação. —
Como se eu alguma vez acreditasse nisto.
Deus, ela era bonita. Ele se adiantou enquanto ela estava distraída, agarrou
seu queixo. E a beijou.
Capítulo Seis
Ela era mais suave que ele imaginava, mais deliciosa do que qualquer coisa
que ele já experimentara. Felino e homem ambos ronronando interiormente, e
quando seus lábios se separaram em um suspiro, ele engoliu para saborear.
Doce e azedo, inocente e mulher, ela era sua própria combinação pessoal de
veneno.
Ele mordeu seu lábio inferior, sugando-o, deixou-a ofegar em outro suspiro
antes de beijá-la novamente. — Mmm. — Era um som de puro prazer
enquanto ele cedia a sua necessidade de tocar esta mulher. Os leopardos
changelings eram táteis como regra - algo que se traduzia em uma ternura
sensual em um relacionamento. Nem sempre tinha que levar ao sexo. Às
vezes era só sobre o prazer do contato pele-a-pele.
Quando ele recuou, seus lábios estavam um pouco inchados, suas pupilas
dilatadas. Ele esfregou seu polegar sobre seu lábio inferior e tentou suprimir
sua crescente necessidade. Ela não estava pronta, não ainda.
Como ele percebeu esta manhã, sua aparência suave escondia um centro de
feroz independência - no momento que ela descobrisse o que ele realmente
queria, ela pararia de brincar com ele.
E isso simplesmente não era aceitável. — Você sabe como beijar um homem,
Anjo. — Ele deu um olhar para o sobe e desce de seus seios generosos. A
tentação para acariciá-los era tão forte, que ele tirou sua mão de seu queixo e
passou por seus cabelos. — Sobre aquela caminhada... ?
— Me diga se doer.
— Não irá.
Franzindo o cenho, ele agarrou seu queixo novamente e desta vez, ele não
estava brincando. — Eu falo sério, Annie. Eu preciso ser capaz de confiar em
você. Eu estou lhe dando isto. Você me dá honestidade. Isto é justo.
Ele quis beijá-la novamente, mas sabia muito bem que se ele não os tirasse do
carro rápido, ele acabaria por tomá-la ali mesmo - como algum adolescente
imprudente no carro dos pais. — Vamos. — Agarrando sua pequena sacola,
ele colocou sua própria garrafa de água dentro e abriu a porta.
Ela o encontrou a alguns metros do veículo, sua fofa jaqueta amarela uma
ostentação de puro verão. — Eu sei, — ela disse, quando seus olhos
pousaram nela, — eu pareço com um filhote de pato.
Não se importando com um casaco para ele mesmo, ele tomou sua mão. —
Não. Eu gosto dele. — Sua mão era pequena, mas não fraca na dele. —
Combina com você. — Bonita, brilhante e ensolarada, essa era sua Annie.
— Nada comparado com você. — Com uma triste expressão. — Eu sei que
você está segurando o passo por mim.
Ele não notou, o ato tinha sido tão natural. — Claro, — ele disse só pra
constar. — Como eu seria malvado com você se eu deixasse você para trás?
Seu sorriso era de surpresa, mas cresceu até o leopardo vibrar de entusiasmo,
totalmente cativado. — Eu me exercito, — ela disse. — Eu preciso, ou a
perna se paralisa.
— Todo dia?
— Sim. — Ele observou seu rosto se encher de prazer e sentiu uma pontada
dolorida de inveja. O felino não era realmente bom em compartilhar. Nem o
homem - ele queria ser o motivo daquele olhar de encanto em seu rosto.
Logo, ele prometeu a si mesmo.
Ela olhou para ele, o sorriso mudando para um olhar muito feminino de
percepção. — Zach. — Seus lábios se entreabriram.
Foi todo o convite que ele precisou. Inclinando sua cabeça, ele reivindicou
outro forte beijo, curvando sua mão em torno do calor sedoso de seu pescoço.
Quando as mãos dela vieram descansar em seu peito, o felino estirou-se de
prazer dentro dele. Ele quis aquelas mãos em sua pele nua, sua fome por ela
tão extrema que a faria fugir correndo se soubesse.
Com esse pensamento em mente, ele puxou as rédeas. Mesmo assim, ele não
podia deixar de beliscar seus lábios.
Seus olhos se alargaram justo quando suas mãos apertaram seu peito. —
Você só tinha uma multa.
Ele sentiu sua boca se curvando. — Ponha na minha conta, — ele disse sem
um pingo de arrependimento.
Ela riu, e ele soube que hoje iria ser um dos melhores dias de sua vida.
*****
Várias horas mais tarde, Annie suspirou e descansou suas costas contra a
cadeira enquanto Zach os levava para o Círculo do Clã. — Isso foi
maravilhoso. Obrigado.
— Você combina aqui, — ele falou baixo, sua voz sem seu habitual tom
divertido. — A idade das árvores, a imensidão da floresta, não assustam
você.
confiar nele tão rápido - rápido o suficiente para revelar uma vulnerabilidade
que ela manteve escondida até de seus amigos mais íntimos.
— Não me agradeça ainda. Espere até você que você conheça o clã
Ela ficou ainda sentada ali, sua mente inundada com as implicações do que
ele disse, quando ele contornou e abriu sua porta. —
Ela saiu, mas não tomou sua mão. — Você pode cheirar as mudanças em
meu corpo? — Ela lhe observou pegar a cesta de piquenique.
— Sim. — Com a cesta na mão, ele agarrou sua mão de onde ela tinha
cruzado seus braços ao redor de si. — Isso aborrece você? — Um olhar
direto.
Ela não viu nenhum flerte naqueles olhos pela primeira vez em horas. — Um
pouco, — ela admitiu.
Ela não tinha certeza. Privacidade era importante para ela - ela passou quase
um ano no hospital, só para ir para casa e ter sua mãe
natural para nós, — ele disse. — Nós não intencionamos a notar um odor
particular a menos que seja algo que importa.
— Mas outras pessoas saberão, — ela disse, seu estômago dando nós. Ela
podia aceitar seu desejo por Zach, aceitar que ele soubesse, mas ter todo
mundo ciente disto, também?
Zach levantou sua mão para seus lábios e beijou suas juntas, a ternura a
relaxando. Ele era, ela percebeu, uma ameaça para ela maior que inicialmente
pensara. Se ela não fosse cuidadosa, Zach Quinn roubaria seu coração e a
deixaria com nada, seu pior pesadelo tornando-se realidade. Mas mesmo
sabendo disso, ela não conseguia impedir-se de chegar mais perto quando ele
a abraçou.
— Sua excitação é um rastro vibrante para mim, — ele sussurrou com voz
áspera, — mas, para os outros, simplesmente será um ruído de fundo. Eles
estarão enfocados em seus companheiros, amantes, montes de rastros
diferentes. Existem milhões deles em cada instante.
Sua explicação fez sentido, o suficiente para tirar um pouco da tensão em seu
estômago. Porém, ela não podia evitar estar um pouco cautelosa quando eles
entraram no Círculo. Então várias pessoas clamando olás, e, para sua
surpresa, ela percebeu que, apesar de que eles não eram todos pais, ela
conhecia um bom número deles de vários eventos da escola. A amizade
embalou-a em uma onda efervescente.
Não só isto, estava claro de onde Zach tinha herdado sua pele beijada-pelo-
sol e seus ossos.
— Vovó, esta é Annie, — Zach disse, seu amor para sua avó brilhando em
seus olhos. Atingiu-a diretamente no seu âmago, fazendo-a imaginar como
seria ter esse aberto e poderoso amor dirigido a ela. —
Cerise segurou ambas as mãos, seu sorriso tão de boas-vindas que Annie
aceitou o toque sem vacilação. — Não deixe este menino te convencer de
fazer qualquer coisa malvada, — Cerise disse. — Ele tem feito tudo à sua
própria maneira desde o dia ele que olhou para sua mãe pela primeira vez e
que piscou esses lindos cílios.
Annie sentiu seus lábios se curvando, mas antes de ela poder responder, Zach
foi atacado por um par idêntico de meninas adolescentes.
Zach olhou para ela. — Annie, conheça minhas irmãs mais novas, Boba e
Tola.
Cerise apertou suas mãos antes de soltá-las. — Onde estão suas irmãs? — Ela
perguntou as gêmeas.
Annie sentiu seus olhos se alargarem. Mais irmãs? Zach viu espanto e
começou a rir. — Quatro delas, — ele disse. — Quatro. Jess -
ela é mãe de Bryan - e Poppy, são mais velhas que estas duas pirralhas.
— Oh, você sabe que você nos ama, irmãozão. — Lissa alçou-se para dar um
beijo no queixo dele. — Eu irei procurar por elas. Elas irão querer conhecer
sua garota.
Annie não sabia se ria ou sacudia sua cabeça perplexa. — Quatro irmãs mais
novas?
Ele envolveu um braço ao redor de seus ombros e a puxou para seu lado. —
Elas são a razão para meus cabelos brancos. Vê? — Ele abaixou sua cabeça.
A seda escura de seu cabelo a fez querer acariciá-lo. — Seu grande
mentiroso. Você não tem um único cabelo branco. — Em seus braços, ela
nunca se sentiu mais segura ou mais protegida. O medo acendeu. Certo, ela
pensou, anulando a emoção, esta relação estava se tornando mais importante
do que ela acreditava originalmente que seria, mas não era como se ela fosse
fazer algo estúpido - como começar a contar com Zach.
Cerise riu. — Ela está na sua, garotinho. Eu aposto que ela se dará bem com
Jess como uma casa em chamas.
Cerise foi quem respondeu. — Aos vinte. Ela tem trinta agora, só um ano
mais jovem que o Zachary aqui. Seu mais velho tem nove.
— Na perna oca que todo garoto adolescente possui, é claro. — A voz era
masculina e familiar.
Ele sorriu e soltou um beijo rápido em seus lábios. Corando, ela perguntou-se
se tal afeto público era normal dentro do clã. Ela teve sua resposta alguns
segundos depois quando uma mulher exoticamente bonita envolveu seus
braços ao redor do pescoço de Lucas por detrás e pressionou um beijo na sua
mandíbula. Seus olhos, quando eles encontraram os de Annie, eram o céu
noturno de um Psy cardeal. Estrelas brancas em veludo negro.
— Oi, você deve ser Annie. — Sua voz era brisa de verão e fogo aberto,
receptiva e gentil. — Lissa e Noelle, — ela explicou, ante o olhar
surpreendido de Annie. — Elas têm dito a todo mundo que elas cobiçam sua
jaqueta. Elas estão planejando enfeitiçá-la e tirar de você antes de você partir.
Tenha cuidado.
Annie não podia fazer qualquer coisa exceto sorrir em resposta ao calor
daquela voz. — Obrigado pela advertência.
— Você se acostuma com eles. — Ele afagou sua nuca. — Eles só estão
curiosos sobre você.
Ela sentiu outra advertência queimar em sua mente, mas logo outra pessoa
estava gritando o nome de Zach, e ela estava sendo apresentada para mais
pessoas, e então Zach estava a alimentando com o provocante sorriso do
felino paquerador em seus lábios, e ela esqueceu o que quer que a tenha
preocupado.
Capítulo Sete
— Eu posso usar seu chuveiro depois? — Ele ergueu a bolsa com roupas que
ele levava consigo. — Eu consegui que um companheiro do clã passasse na
minha casa e trouxesse isto para o piquenique. Queria dar uma boa primeira
impressão em seu pessoal.
Ele sorriu. — Eu planejo. Mas não hoje. — Ele esfregou seus lábios sobre
sua boca. — Quando eu tomar banho com você, eu não quero um tempo
limitado.
Ele passou o polegar sobre seu lábio inferior antes de chacoalhar sua cabeça e
retroceder. — Vá, antes que eu esqueça minhas boas intenções. Nós nunca
chegaríamos ao jantar então.
Ela hesitou.
Ele lhe deu um leve tapinha no bumbum. — Nem tente. Eu estou conhecendo
seus pais. — Então ele poderia olhá-los nos olhos e deixá-los saber que
independente do que eles pensassem sobre ele, ele estava agora na vida da
sua filha, e eles teriam que lidar com isto. Sem mais encontros às cegas.
— Mandão. — Annie lhe jogou uma careta, mas entrou no quarto para pegar
suas coisas.
— Cristo. — Passando suas mãos por seus cabelos, ele tentou conter a forte
pressão de seu membro. Ele se recusou. Especialmente quando ele podia o
sussurro de tecidos correndo sobre pele, de botas batendo no azulejo, de
renda sendo tirada... Ou talvez fosse sua imaginação.
O chuveiro parou.
Ele a deu mais alguns minutos para se trancar no quarto, sem certeza que ele
poderia resistir se a visse embrulhada na tentação transitória de uma toalha
facilmente removível. Quando ele entrou finalmente no recinto de pequenos
azulejos, foi para encontrá-lo úmido e com cheiro de algumas loções
femininas. Mas o sabonete, ele ficou contente em ver, não era nada muito
feminino. Um homem tinha que ter padrões, ele pensou, e programou o
chuveiro para gelado. Finalmente conseguiu acalmar seu corpo.
— Estou lisonjeado.
Ela o olhou brava. — Não me provoque agora. — Mas ela sentiu seus nervos
soltarem-se um pouco. — Vamos, nós podemos muito bem superar isto. —
Abrindo a porta, ela saiu.
Zach pôs um braço ao redor dela com a graça preguiçosa do leopardo que ele
era. — Eu gosto de seu vestido, — ele murmurou, brincando com as pontas
dos dedos acima de seu quadril.
— Sim. — Ela queria dançar com a impetuosidade dele, sentir o que era ser
tratada como uma mulher bonita, sensual. Mas, além disso, ela queria estar
com este homem que já tinha feito um lugar para ele mesmo no seu coração.
Ela sabia que estava para quebrar uma de suas regras mais fundamentais ao
mergulhar nesta relação, em pôr seu coração na reta, mas ela também sabia
que se não amasse Zach, ela se arrependeria pelo o resto de sua vida. Talvez,
ela pensou pela primeira vez, talvez as escolhas de sua mãe não tivessem sido
tão simples quanto a criança em Annie
sempre acreditava. Talvez com o único homem que importava, não existia
nenhuma escolha, nenhuma proteção para si mesma contra o fim inevitável
do sonho. — Sim, — ela disse novamente. — Você poderá me desembrulhar.
Sua mãe abriu-a alguns segundos depois. Vestida com um severo vestido
preto ornado com um discreto colar de pérolas, seu cabelo escuro trançado
em um lustroso laço, Kimberly Kildaire parecia o que ela era -
A expressão da sua mãe não mudou, mas Annie soube que Kimberly tinha
notado tudo sobre o homem ao seu lado, desde seu terno preto, sua fivela de
prata lisa e lustrosa, até sua fresca camisa branca. O
colarinho aberto, que parecia tanto formal quanto relaxado. Ela quase engoliu
sua língua quando saiu do quarto e o viu esperando-a na porta. O
Zach selvagem já era suficiente para fundir sua mente, mas Zach brincando
de ser manso... uau.
— Sr. Quinn, — sua mãe agora disse, segurando sua mão - a professora
Kildaire podia não pensar particularmente bem de changelings, mas ninguém
poderia jamais criticar seus modos.
— Sra. Kildaire.
Soltando sua mão, Kimberly recuou. — Entre. — Ela os levou pelo corredor
da entrada para a sala de estar recuada à direita.
O sorriso da sua mãe não fez nada para diminuir a fria desaprovação em seus
olhos. — Eu convidei algumas pessoas da universidade. Eu pensei que seu...
amigo sentir-se-ia mais confortável se não fosse só a família.
- mas porque Annie não podia acreditar que sua mãe tentaria sabotar sua
relação com Zach com tal descortesia calculada.
Mas antes que ela pudesse dizer algo de que se arrependesse, Zach apertou
seu quadril ligeiramente, e disse, — estou honrado que você se deu tanto
trabalho para me deixar à vontade. — Sua voz era uísque suave e calor
agradável. — Eu sei o quão próxima Annie é de você, por isso estou
encantado com as boas-vindas.
Annie viu a expressão de sua mãe hesitar por um segundo, mas Kimberly
Kildaire não era nada senão rápida no gatilho. — Claro. Venha, eu
apresentarei você. — Ela os levou para a reunião de pessoas curiosas abaixo.
Caroline foi a primeira a vir. Mesmo que ela dissesse a si mesma para não
ficar, Annie se encontrou ficando tensa enquanto esperava para ver reação de
Zach com sua prima. Caro era uma de suas pessoas favoritas no mundo. Ela
também era bem impossivelmente atordoante. Annie nunca teve ciúmes antes
do modo que sua prima atraia homens para ela como moscas para uma luz -
nenhum homem havia importado o bastante. Mas Zach sim.
Ela o viu sorrir às boas vindas exuberantes de Caroline... mas era o mesmo
tipo de sorriso que ele compartilhava com suas irmãs. —
Caroline irradiou. — Você pode ver? Eu não estou mostrando ainda. Eu mal
posso esperar ficar grande como uma Madonna! Oh, e eu quero que o brilho
que todo mundo fala - eu quero muito o brilho!
Caroline está certa - ela está apenas mostrando. Até a maioria de mulheres
não notam.
Annie mordeu a parte de dentro de sua bochecha para evitar interferir. Caro
tomou a chance para sussurrar, — Oh, ele é bom. Onde você achou o Sr.
Encantador?
Annie sentiu a mão de Zach movendo-se em sua cintura. Era óbvio que ele
tinha ouvido a ultrajante predição de Caro, e que ele gostou da ideia. Porém,
quando ela olhou para cima, foi para encontrar sua atenção não nela, mas em
outra pessoa - um estranho para quem sua mãe tinha acabado de.
Dado que seu próprio temperamento estava perto de acender, Annie imaginou
que Zach explodiria desta vez - que ele tinha sido enfático quando disse que
ele não compartilhava. Mas, para sua surpresa, ele permaneceu
completamente relaxado.
ela disse antes que Zach pudesse responder. — Talvez você se importasse em
me esclarecer.
O professor piscou, como se não esperasse que ela falasse. — Bem, eu...
— Diga a eles sobre seu projeto mais recente, — sua mãe encorajadora,
atirando punhais em Annie.
Sua mãe acenou uma mão. — Você conhece seu pai. Ele provavelmente está
perdido em sua pesquisa. — As palavras eram luz, mas Annie ouviu a dor
que Kimberly nunca parou de sentir. — Ele prometeu que tentaria estar aqui
quando o jantar fosse servido.
Que quis dizer, Annie sabia, que eles teriam sorte se o vissem esta noite. —
Qual o cardápio? — Ela perguntou com um sorriso, odiando a dor que feria o
olhar da sua mãe.
ela disse, quando Caroline abriu sua boca. — Eu fiz sua torta favorita,
também.
Felizmente, a conversação ficou leve e fácil dali em diante. Eles estavam para
se dirigir ao jantar quando, maravilha-das-maravilhas, seu pai entrou. Erik
Kildaire estava vestindo uma roupa amarrotada de um homem que pouco se
importa, mas ele parecia estar com eles hoje, ao invés de algum lugar em sua
cabeça.
Rosto de sua mãe se iluminou por dentro, e Annie sorriu. — É bom ver você,
papai, — ela disse, aceitando beijo entusiasmado do seu pai na bochecha. O
amor inflou em seu coração, mas era um amor que aprendeu a ser cauteloso.
Ela nunca teve uma relação tão próxima com seu pai como que tinha com sua
mãe, mas isso era provavelmente porque ele nunca estava perto para discutir
com ela. Um tipo completamente diferente de dor.
Annie fez as apresentações, mas a reação do seu pai não foi o que ela
esperou.
Zach— A névoa clareou. — O mesmo Zachary Quinn que publicou uma tese
sobre a população de felinos selvagens de Yosemite no ano passado?
— Não é minha área, — seu pai reconheceu, — mas meu bom amigo
Professor Ted Ingram, ficou muito animado sobre isto. Disse que esta era a
melhor tese doutoral que ele viu durante sua inteira carreira.
Felizmente, seu pai disse algo naquele momento e levou sua mãe para longe,
deixando Zach e Annie a sós pela primeira vez desde sua chegada.
Ele teve a graça de olhar um pouco embaraçado. — Para ser honesto, eu não
pensei que ninguém perceberia ou até se importaria. Você me disse que eles
eram pessoas da matemática e física.
— Meu pai conhece tudo sobre todo mundo. E um Ph.D. é um Ph.D.— Ela
bateu um punho suavemente contra seu peito. — Se você tivesse me dito que
tinha um, eu não teria me preocupado tanto sobre a reação da minha mãe –
mesmo porque ela não pode argumentar contra um doutorado.
— Não é sua mãe cuja opinião me importa. O Ph.D. importa para você,
Annie? — Seu olhar era cauteloso.
— eu teria me casado com o físico triplo-Ph.D. que minha mãe escolheu para
mim quando eu tinha vinte e dois anos. Ou o Doutor com mais letras depois
de seu nome que o alfabeto. Ou o multi-publicado grande idiota que olhou
fixamente para nada além de meus peitos durante a refeição inteira.
— Pare de me fazer corar. — Mas ela não estava, não mais. De alguma
maneira, Zach Quinn ganhou a confiança de seu vulnerável coração feminino.
Mas antes que a emoção sombria pudesse crescer, Zach curvou-se para roçar
seus lábios suavemente sobre a sua boca, agindo do modo dos changelings,
sem preocupar-se que tinham um público. Quando ele se afastou, ela se
inclinou para ele, o medo - se não esquecido - pelo menos temporariamente
enjaulado.
Capítulo Oito
Duas horas e meia mais tarde, Zach se encontrava na sacada bebendo café
enquanto Annie estava do lado de dentro, conversando com sua prima. Deus,
mas ela era tão bonita para ele, que tudo que ele queria era levá-la para sua
casa, abraçá-la em segurança, e tê-la só para si mesmo.
Era uma parte inalterável dele, esta possessividade, vindo do felino e homem
juntos. Mas não importam seus instintos primitivos, ele não faria isso com
Annie, não a restringiria desta forma. Mesmo assim, ele precisava marcá-la -
até que seu odor ficasse impregnado tão fundo em sua pele, que ninguém
ousaria questionar seu direito sobre ela. Um desejo animal.
Ainda que, frequentemente, o coração do animal era muito mais puro, muito
mais honrado, do que o do homem. — Sr. Quinn.
— Eu imaginei.
— Eu mudei de ideia.
meu modo de assegurar que ela nunca mais seria posta em perigo. Eu até
rejeitei um brilhante engenheiro como um possível pretendente porque ele ia
frequentemente trabalhar em projetos em locais distantes. Sua humanidade
importava menos que o perigo ao qual ele poderia expor Annie.
— Oh?
— É por causa do modo que você olha para ela, Zach. Como se ela fosse seu
raio de sol. — Sua voz contida. — Eu quero isto para minha filha.
Estava ficando claro para ele que ele teria de longe uma estrada mais difícil
de seguir com Annie do que ele inicialmente pensara. Ela cresceu vendo sua
mãe amar um homem que, bem francamente, não a amava do mesmo modo.
Depois de um só encontro, Zach soube que Erik Kildaire era dedicado ao seu
trabalho, enquanto Kimberly era dedicada a ele. A despreocupação com que
Erik esmagou o coração da sua esposa uma hora atrás – beijando-a na
bochecha e dizendo a ela que tinha algo importante para fazer no laboratório -
tinha enfurecido Zach tanto que ele teve que lutar contra o desejo de dizer
algo.
Annie nunca teria que se preocupar com aquele tipo de dor com ele. Uma vez
que o felino decidia-se por uma mulher, não vacilava. A devoção era quase
uma obsessão entre os de sua espécie, e ele estava em paz com isto. Mas
palavras não convenceriam Annie - ela teria que ser acariciada a confiar nele,
em confiar nele. Porque não só ela era cautelosa em amar, como se tornou
quase amotinadamente independente em seu desejo de evitar se abrir para a
dor.
Isto, ele pensou, o felino tomando uma posição de caça, só isso já era ruim
demais. Mas mesmo enquanto o predador nele se preparava para a caça, uma
feroz vulnerabilidade cresceu em seu coração. Ele precisava da confiança de
Annie, precisava da certeza de saber que ela viria para ele não importasse o
quê. Se ela não fizesse isso... Não, ele pensou, com a mandíbula estalando,
simplesmente não é uma opção. Annie era sua.
Ponto final.
Ela iria ir para a cama com ele, com este homem que ela tinha acabado de
conhecer. Mas sentia como se eles nunca tivessem sido estranhos, era muito
fácil estar com ele.
Cuidado, Annie.
Era isso o que lhe aguardava? Será que esta pergunta importava agora que ela
tinha decidido se arriscar e enfrentar a dor quando viesse?
— Ei. — Zach a trouxe para uma pausa, sussurrando por trás de seu pescoço
enquanto suas mãos fechavam-se sobre seus quadris. — Pare de pensar com
tanta força.
Ela mordeu seus lábios, tentando pensar em um jeito de dizer isto sem
mostrar o quão incrivelmente importante ele havia se tornado para ela em tão
pouco tempo.
— Você não é o tipo para beijar e ir embora como se não significasse nada,
— ele disse, correndo seus lábios ligeiramente acima de sua pele, induzindo a
um calafrio. — Nem eu. Isto não é nenhum caso de uma noite.
Ele a lambeu, e ela sentiu sua bolsa deslizar de sua mão para se soltar para o
chão. — Zach! — Um sussurro, talvez um apelo.
Ele a abraçou mais apertado contra ele. — Nós podemos ser mais táteis que
humanos, mas isto não é nada casual. É sobre amizade, sobre prazer, sobre
confiança.
Naquele momento, ela quase acreditou nele. Entrelaçando suas mãos nas
dele, ela deixou seu corpo derreter em seu forte calor masculino.
— Você é mais que bonita, — ele sussurrou, — você é mais sensual que o
pecado.
— Você está reclamando? — Ela soltou suas mãos enquanto ele movia as
dele ao lado de seu vestido e soltando o laço que segurava tudo junto.
O laço caiu solto. — Eu não gostei do modo como Markson estava despindo
você com os olhos.
— Ele não estava. — Sentindo o vestido aberto na frente, ela virou-se para
que ele pudesse tirar o laço do lado interno. Ele fez... e o tecido caiu.
Mimar.
A palavra lembrou-a que ele não era humano, não era nada manso.
Atrás dela, ele fez um som notavelmente perto de um grunhido, uma mão
acariciando a curva de sua cintura. — Você já sabia isto, Annie.
A declaração rouca fez seu corpo se contrair por dentro, suas coxas tremem.
Ela estava vestindo renda preta... para ele.
— Annie. — Ele gemeu e avançou para abrir seu sutiã. — Eu quero ver.
— Oh! — Ela tremeu ao toque, na visão erótica de sua mão nela. Sua pele
estava bronzeada, cruamente masculina contra sua carne cremosa.
Quando ele apertou, tudo o que ela podia fazer era não desmoronar.
— Você é tão bonita, Annie— ele espalhou os dedos de sua outra mão em
seu estômago— eu poderia engolir você agora mesmo.
Completamente em transe por ele, ela levantou sua mão para alcançar e tocar
seu rosto. Ele a beliscou com seus dentes, rindo quando ela saltou. — Eu
quero estar na cama. Isto vai tomar algum tempo.
Seu cérebro virou purê neste momento, e quando ele se deslocou para segurá-
la em seus braços, ela ficou tão surpresa, que gritou e agarrou seu pescoço. —
Eu sou muito pesada, Zach. Ponha-me no chão.
Quando ele finalmente subiu na cama ao lado dela, ela estava tão pronta que
se levantou para reivindicar um beijo ela mesma. Quando ele beliscou em
seus lábios como parecia gostar de fazer, ela beliscou de volta.
Ele levantou sua cabeça, sua mão fechada possessivamente acima de seu
peito. — Faça isto novamente.
Olhos amplos, ela fez. Ele ronronou em sua boca. Ela quebrou o beijo para
olhar fixamente para ele. — O que foi isto?
— Assim como você. — Vindo sobre ela, ele começou a beijar seu caminho
para baixo na linha de seu pescoço. Ele pareceu ficar distraído entre as curvas
de seus peitos, deixando-a tentar agarrar os lençóis em autêntico prazer
enquanto ele chupava e beijava. Quando dentes ficaram envolvidos, ela
clamou, sentindo seu corpo comprimido em um punho tão apertado, que um
único toque a mandaria longe.
— Venha me beijar. — Ela nunca imaginaria que iria um dia fazer uma
demanda tão descarada, mas Zach a escutou. Mesmo que ele nem sempre
desse a ela o que ela queria.
— Depois de que?
Sua resposta era continuar a beijá-la, indo calmamente mais para baixo.
Quando seus lábios pressionaram a renda preta, ela tremeu. Ele fez isto
novamente. Então ela sentiu o sussurro de algo em volta de suas coxas
- olhando abaixo, ela viu sua calcinha sendo jogada ao lado da cama. —
Como?
— Oh. — Ela olhou para sua mão humana. — Como uma mudança muito
pequena?
Mas nada podia tê-la preparado para o êxtase de seu toque. Zach gostava de
tomar seu tempo - ele a trouxe à beira da loucura repetidas vezes. Poderia tê-
la apavorado apesar de que ele não fazia nenhum esforço para esconder sua
própria excitação, murmurando seu prazer com cada lambida lenta. — Doce,
bonita, Annie, — ele disse. — Minha Annie.
Ela descobriu que ela estava levantando seu corpo para sua boca, movendo
com uma felicidade sensual que era escandalosa em seu erotismo. Ele gostou
disto. Ela soube, porque ele disse a ela tanto, que sua voz chegou perto de um
grunhido.
Quando ela conseguiu pensar novamente, ele estava saindo da cama. Ela
exalou em prazer quando ele desnudou-se para revelar um corpo duro de
estimulação.
— Olhe o que você faz comigo, — ele sussurrou, movendo-se para ajoelhar
entre suas pernas. Ele acariciou com suas mãos abaixo de suas coxas. —
Venha aqui.
Ela tragou ao que ele estava pedindo, sabendo que isto tinha muito mais a ver
com confiança que sexo. Mas ela não podia recusar, tinha a estranha sensação
de que qualquer sinal de rejeição seu o magoaria incrivelmente e
profundamente. Levantando-se, ela apoiou-se em seus ombros e deixou-o
suportar seu peso com seu corpo roçando acima da ponta de sua ereção. —
Zach, — ela sussurrou, afogando na intimidade de seus olhos, — você me
desfaz.
Com a respiração entrecortada, ela desceu sobre ele. Ele a segurou no limite.
Mas ela o queria dentro dela, queria possuí-lo tão absolutamente quanto ele a
possuía. Ela se moveu para baixo e estremeceu. — É demais.
Ele a beijou. — Nós praticaremos até que você se acostume. — Era uma
rouca promessa enquanto ele a deitava de costas, mantendo seu corpo acima
do dela usando suas mãos.
Finalmente, ela entendeu de verdade por que sua mãe ficou com seu pai todos
esses anos. Sua mente se encheu com o eco da voz de Kimberly numa noite
chuvosa há mais de quinze anos atrás.
em que ele poderia olhar para ela como ele uma vez costumava fazer, seria
superada. Foi essa fútil esperança que manteve sua mãe amarrada ao seu pai,
mas, mesmo que ela compreendesse, não era um caminho que Annie se
permitiria seguir jamais.
Quebraria seu coração ver Zach olhar para ela com desinteresse em seus
olhos. Ela partiria antes disto, nos primeiros sinais insidiosos de paixão em
desvanecimento. Estava destinado a acontecer... mas não ainda, ela rezou. Por
favor, não ainda. Com o coração apertado com uma mistura de alegria e dor,
ela deitou ao lado dele, contente em deslizar as pontas de seus dedos sobre
sua tatuagem e observá-lo dormir.
Isso foi quando ela notou que os lábios dele estavam sorrindo.
— Zach. — Um sussurro.
Capítulo Nove
— Meu felino.
Ela segurou sua respiração até que terminou. O leopardo deitado em sua
cama olhou para ela com olhos familiares. Contendo-se por sua proximidade
com uma criatura tão perigosa, ela lutou para sentar-se, segurando o lençol
sobre seus seios. A tentação de tocar era irresistível.
Ela ergueu uma mão hesitante – uma coisa era ter a consciência que era Zach,
outra bem diferente era acreditar nisto.
Quando ela não tocou, o leopardo levantou sua cabeça para sua mão.
Estremecendo, ela cedeu tentação e acariciou-o. Ele relaxou, fechando seus
olhos em contentamento. Fez seu temor se transformar em encanto. — Eu
acho que eu acabei de ser enganada. — Mas acariciando ele, adorando ele,
não era nenhum sacrifício.
Ela se aconchegou nele, posicionando seu corpo de forma que eles deitassem
cara a cara, sua mão agora em seu ombro. — Você é magnífico, e você sabe
disso.
Inocente.
— Ei, você é a pessoa que me levou para o mau caminho. — Ele correu sua
mão até seu bumbum em uma carícia possessiva. — Eu acredito me lembrar
de você exigindo que eu fizesse “a coisa de lamber”
Seu corpo aceso para vida sensual. Decidindo lutar fogo com fogo, ela disse,
— Você não chegou a dar meus prêmios ontem.
então novamente.—
— Gato. — Envolvendo seus braços ao redor dele, ela esfregou seu nariz
afetuosamente contra seu. Pareceu natural, fácil. Ele fez um som de satisfação
e se moveu até que ela estava debaixo dele, contato pele-a-pele por toda
parte. Era sexual, mas também era algo mais. Toque pelo toque, abraçando
porque parecia bom.
Fazer amor com ele era tão atordoantemente bonito, mas este tipo de contato
simples... era de alguma maneira mais profundo, indo além de prazer para
uma espécie de confiança que a deixava ofegante.
— Não.
— Isto é bom, — ela disse, tragando uma pulsação inesperada de dor na ideia
de estar do lado de fora do círculo de seu clã. Se ela fosse sua companheira -
Ela cortou esse pensamento de uma vez, mais que um pouco apavorada com
a ideia de estar amarrada em uma relação que não oferecia nenhuma fuga...
não importando se o amor morreu. — Eu não sou fácil com as pessoas que eu
não conheço bem, — ela disse para cobrir a explosão súbita de medo.
— “Privilégios de pele”'?
Ela perguntou-se se alguma vez se cansaria deste jogo. — Eu acho que você
tem privilégios de pele totais então.
Um som de prazer macho satisfeito consigo mesmo. Fê-la rir, ele era tão sem
vergonha sobre isto. E isso foi quando ela soube. Ela era demais filha da sua
mãe. Ela amaria só uma vez. E ela amaria para sempre.
Por ele, ela quebrara todas as regras, o permitira em sua casa, em sua própria
alma. Por ele, ela saltaria no abismo e se preocuparia sobre as contusões mais
tarde. Porque às vezes, não existia nenhuma escolha.
Ela agitou sua cabeça, contente que ele não era Psy, que ele não podia ler sua
mente. — Ame-me, Zach. — Sempre.
Mas ela soube que ele não tinha entendido o que ela tinha pedido, não
prometendo o que ela precisava. Não importou. Ele era seu, se só por agora, e
ela entesouraria todo momento daquela alegria. A dor podia esperar até
depois que ele se fosse.
Capítulo Dez
A maioria dos homens não teria notado. Mas ele não era a maioria dos
homens. Toda vez que ela recusava sua oferta para ajudá-la de qualquer
modo, toda vez que ela colocava sua independência ao redor dela como um
escudo, ele notava. Feria o felino, confundia o homem. — Mercy, eu posso
você.
Só porque eu deixei.
— Ela está lutando com o elo, — ele se achou dizendo. — Por quê?
Mercy revirou seus olhos. — Você disse a ela que ela é sua companheira, não
disse?
Não só por que se importava com sua felicidade, mas também queria que ela
confiasse nele o suficiente para fazer a escolha – mesmo que só existisse uma
resposta que ele aceitaria. — Eu não acredito que ela reagiria bem à parte
“até que a morte os separe”.
— Então você está fazendo a escolha por ela? — Ela levantou uma
sobrancelha. — Arrogante.
— Está funcionando?
Será que passou pela sua pequena cabeça de macho que talvez ela esteja se
protegendo no caso de você se decidir se saciar com um pouco de sexo
quente, então lhe dar o fora?
Ele rosnou. — Ela sabe que eu nunca faria isto. É sobre compromisso – ela
tem medo de confiar a alguém com seu coração. — Ele não podia culpá-la,
não depois do que ele tinha visto do casamento de seus pais.
— Sim, e daí?
Ela havia dado a ele uma chave de seu apartamento, do lugar que era seu
porto seguro. Seu coração se esmagou contra suas costelas. Não, ele pensou,
ele não podia ter cometido esse grande engano. — Mas o elo—
Ele rosnou.
— E ela esteja pronta para arriscar tudo por você. O que a estaria impedindo
de dar o passo final? — Ela levantou uma sobrancelha. — Você sabe o ditado
que nós temos. Os humanos tendem a pensar que leopardos changelings são
afetuosos, mas casuais.
— Não é isto, — ele insistiu. — Eu disse a ela que era sério desde o começo.
— Deixe-me compartilhar um segredo com você, Zach. Os homens têm dito
coisas a mulheres por séculos. Então eles partem nossos corações.
Ele observou-a subir de volta nas árvores, suas palavras resvalando nele. Ele
realmente tinha sido tão idiota, a ponto de pensar que sabia o que se passava
na cabeça de Annie enquanto estava tão errado?
Annie terminou de colocar suas coisas no lugar com as mãos ávidas. Eram
cinco horas de sexta-feira, o que significava que ela tinha o fim de semana
inteiro para passar com Zach. Ele tinha prometido mostrá-la alguns dos
tesouros secretos de sua floresta, e ela estava ansiosa. Claro, ela pensou com
um sorriso, ainda que ele lhe dissesse que queria assistir ao canal de
entretenimento todo o fim de semana, ela teria tido a mesma reação. Ela
adorava estar com ele, com seu comportamento provocador e tudo.
Especialmente desde que ela ficou ótima em provocá-lo de volta.
— Ei, Professora.
Seu estômago deu um nó. — Oh. — Ela recuou, tentando parecer tranquila.
— O-o que?
Ela não respondeu sua pergunta, sua mente dando voltas. — Você está certo
que eu sou... ?
— Bebê, eu estava certo no primeiro dia que nós nos encontramos.
Isso trouxe lágrimas para seus olhos, porque ele era perfeito para ela,
também. Justamente. — Zach, eu... — Ela piscou, tentando pensar através do
trovão de emoção. — Eu nunca pensei que eu me casaria, —
É o que vem depois. Uma confissão feita numa voz que ameaçava se quebrar.
— É este terror gelado que a promessa, o amor, um dia se transformará em
uma armadilha.
— Eu sei.
— Oh, querida. — Ele tentou chegar mais perto, mas ela levantou sua mão,
lutando para pensar, entender.
— Isto é algo que você nunca terá que temer, — Zach disse, em resoluta
declaração. — Não é possível para companheiros ignorarem um ao outro.
— Mas...
Parte sua queria agarrar essa promessa e nunca soltá-la. Mas outra parte sua,
a parte que tinha sido capturada antes pela dor, então o medo de uma mãe, era
hesitante. Ela estava pronta para dar esse passo baseada na promessa de um
homem? Ela estava pronta para desistir da liberdade pela qual lutou toda vida
para atingir? — Eu estou com tanto medo, Zach.
— Ah, Annie. Você não sabe? Meu felino é dedicado a você. Se você pedisse
para rastejar, eu rastejaria.
Isso a quebrou, o modo que ele rasgou seu coração e jogou a seus pés.
Trêmula, ela colocou dois dedos contra os lábios dele. — Eu nunca pediria
isto.
— Nem eu. — Seus lábios se movendo contra seu toque. — Confie em mim.
Estava aí, o ponto crucial disso. Ela o adorava, amava além de razão, mas
confiança... confiança era uma coisa mais difícil. Então ela examinou aquele
rosto orgulhoso, o coração selvagem do leopardo interior, e soube que
poderia existir uma só resposta. Ela recusou-se a deixar o medo desenganá-la
da promessa de glória.
Ele estremeceu. — Deus, eu estava tão assustado que você fosse dizer não.
Ela sentiu isto então - seu terror, seu amor, sua devoção. Era como se ela
tivesse uma linha direta para sua alma. A beleza a atordoou. — Oh meu
Deus. — Não existiria nenhuma forma deste elo jamais deixar qualquer um
deles ignorar um ao outro. — Zach, eu adoro você. — Ela
podia finalmente admitir, precisava admitir, precisava dizer a ele que ele não
estava só.
— Eu sei. — Ele apertou-a até que uma onda de amor saboroso com a fúria
primitiva do felino atingiu o elo entre eles. — Eu posso sentir você dentro de
mim.
Uma semana depois, Annie sentou-se no colo de Zach, bloqueando sua visão
do jogo de futebol. Ele se levantou para beijá-la. — Quer brincar, Professora?
Ela sempre queria brincar com ele. Mas eles tinham coisas para discutir. —
Não, isto é negócio.
— Não é realmente uma cerimônia. — Ele fez uma careta. — Mais uma
celebração por estarmos juntos.
Ela não podia evitar. Ela levantou o braço para acariciar os dedos por seu
cabelo. — Está ficando mais forte, — ela disse.
— Isto está longe. — Ele deslizou suas mãos debaixo de seu suéter, tocando
a pele. — Nós podíamos fazer isto no Natal. Um presente para nós dois.
— Não, — ela disse, acariciando sua nuca com suas pontas dos dedos. —
Tem que ser na primavera. Eu quero tudo vivo e crescente, —
ela disse a ele, recuperando uma memória que uma vez tinha sido dolorosa,
mas estava agora cheia de maravilha, — eu desejei alguém que fosse meu,
alguém com quem eu pudesse brincar, dividir todos os meus segredos. —
Nunca que ela poderia imaginar o surpreendente resultado final de um desejo
de muito tempo atrás.
Ele moveu suas mãos para baixo para fechá-las sobre suas coxas.
Sua risada se misturou com a dele e o som pareceu luz de estrelas em sua
pele, como a promessa de para sempre... como uma lambida de
“májica.”
In Declaration of Courtship
(Psy-Changeling, # 9.5) por Nalini Singh
Um dos lobos mais submissos no Bando SnowDancer, Grace sabe que nada
pode resultar de seu fascínio sensual pelo grande, mau e bonito Cooper. Ele
pode possuí-la uma e outra vez em sonhos eróticos que a deixam doendo pelo
calor do seu toque, mas ela sabe que, na realidade, ele é muito perigoso para
ela lidar. Então, Cooper decide mudar todas as regras...
Capítulo Um
Muito bem.
Além disso, Grace ficara profundamente vulnerável logo após se mudar para
uma nova toca. Cooper soube que não poderia ir atrás dela
até que formasse novas amizades, criasse um sistema de apoio que lhe daria a
força para rejeitá-lo caso não desejasse ser cortejada por ele.
Suas garras picaram o interior de sua pele ao pensar, mas homem e lobo
sabiam que se ela dissesse não, teria que recuar. Definitivamente.
Porque onde uma fêmea dominante poderia correr para incitar um homem a
persegui-la num desafio que vinha do coração selvagem de seu lobo, se um
submisso corresse e não fosse jogo, ela estava tentando escapar.
Não corra de mim, querida, ele pensou enquanto dava os últimos passos até
ela. Só mordo um pouco. Não era bem verdade, mas planejava ficar em seu
melhor comportamento até que ela confiasse nele o suficiente para lidar com
a sensualidade agressiva que era um aspecto integral de sua natureza.
— Grace.
*****
Grace sentiu seu coração chutar contra suas costelas ao som daquela profunda
voz masculina, a qual era tão sombriamente deliciosa quanto perigosa para
seus sentidos.
Era a mesma coisa que dizia a si mesma uma e outra vez desde seu primeiro
dia na toca de San Gabriel, quando Cooper a recebera na região.
Grande, mortal e lindo como era, não era difícil ver por que roubou seu
fôlego à primeira vista. O homem era um afrodisíaco vivo, respirando. Se
estivessem sozinhos, não tinha certeza de que teria sobrevivido a esse
encontro sem fazer algo muito estúpido.
Como tentar reivindicar privilégios de pele de um macho que estava certa que
ninguém ousava tocar sem sua permissão explícita.
da hierarquia – seu lobo sabia que Cooper poderia mastigá-la e cuspi-la sem
perceber.
E ainda assim, toda vez que ele se aproximava dela, seu corpo inteiro se
esticava com expectativa.
— Olá, — ela disse, sem levantar a vista de sua posição ajoelhada num canto,
ao lado de um condutor de aquecimento que precisava de um pequeno
retoque.
Ela perguntou, adivinhando ser por isso que Cooper foi pessoalmente
localizá-la. Com o chefe e o vice-chefe de seu departamento em diferentes
conferências de tecnologia, Grace era atualmente a responsável. — Posso
olhar imediatamente... isso não é urgente.
— Como está indo nesta seção? — Ele perguntou, sua voz saiu num nível
que ela reconheceu como cuidadoso.
Ela lutou contra a vontade suicida de jogar uma ferramenta na cabeça dele.
Seu lugar na hierarquia não determinava toda a sua personalidade. Como em
qualquer outro nível de dominância, os submissos podiam ser tímidos ou
exuberantes, alegres ou temperamentais, sensuais ou reservados. Grace podia
ser calma e um pouco tímida em comparação com a maioria de seus
companheiros de
matilha, mas podia lidar com vozes altas – afinal, crescendo com dois irmãos
adotivos mais velhos, dominantes que herdaram o temperamento ardente de
seu pai, ela ouviu mais do que sua parcela.
Ela torceu a chave uma fração mais forte e quase quebrou o tubo.
— Maldição.
Ela afastou os olhos das mãos dele, o rosto esquentou ainda mais com as
imagens vívidas que se formaram inesperadamente em sua mente
Seu pulso aumentou quando olhou para aquela mão forte, de pele escura, tão
quente e gentil, os calos em sua palma uma abrasão sensual.
Ela não podia falar, a onda de ruído dentro de sua cabeça era muito alta,
afogando tudo mais.
Mas Cooper não ordenou. Ele pediu... De uma maneira que fez com que a
mulher em Grace tremesse de atenção. Agora, seus olhos se encontraram com
os olhos intenso e quase negro dele e desviaram.
Quando ele não fez nada além de esperar com uma paciência que ela nunca
esperou dele, levantou seus cílios novamente, seu olhar travando com o dele.
– assim como ela tinha seus instintos, dominantes tinham os deles. Se uma
das partes interpretasse o contato visual como desafio, poderia acabar mal. O
fato de que na maioria dos casos em que tal coisa acontecia, ambas as partes
estavam em forma de lobo não fazia nada para negar o perigo de desencadear
uma resposta violenta inadvertida.
— Nunca tem que temer nada de mim, Grace. — Era um murmúrio, o animal
verbalizando seus sentidos. — Se quer que eu pare em qualquer momento,
em qualquer lugar, a única palavra que precisa dizer é Não.
Certo?
Ela movimentou a cabeça para cima e para baixo, sua garganta tão seca
quanto as areias cintilantes do Mojave.
— Mas, — ele continuou, — Não pretendo ir embora até que me diga para ir.
Planejo cortejar você.
O esforço falhou.
O líquido fresco molhou sua garganta, mas não fez nada para acalmar a febre
em seu sangue.
vida real quase certamente entraria em pânico se alguma vez estivesse nessa
posição, sua loba se apoderando de sua mente para apresentar calma
submissão ao predador na cama com ela, mas a dura realidade da hierarquia
não importava em suas fantasias.
Se Cooper tivesse a convidado para a cama dele, essas fantasias poderiam ter
dado a ela algum tipo de fundamento em que se basear, ainda que fosse
efémero. No entanto, um macho changeling como Cooper não usava a
palavra cortejar quando queria uma mulher para compartilhar seu corpo e sua
cama, seja para uma noite ou mais. Não, ele falava sério.
Capítulo Dois
Quase prestes a acreditar que havia imaginado a coisa toda, Grace levou o
interior de seu pulso ao rosto, atraindo o aroma de terra selvagem e intenso
âmbar de Cooper de sua pele. As notas complexas fizeram com que quisesse
enfiar o nariz na garganta dele e respirar fundo, até que pudesse separar os
elementos que compunham o todo luxuriante.
Mesmo agora, o sussurro persistente daquilo fazia sua pele pinicar, sua mente
cascateando com memórias sensoriais do intenso calor daquele corpo
musculoso, o intenso bronzeado da pele, os cabelos pretos que ele costumava
raspar tão perto do crânio, que ela precisava lutar constantemente contra o
desejo de se aproximar e passar a mão nas pontas. Como aqueles na
mandíbula dele.
Como seria sentir aquela mandíbula friccionada contra sua pele nua na
privacidade de seu quarto?
Beleza gelada, essa era a impressão inicial que Grace teve de sua colega de
engenharia, com seu cabelo preto liso preso em um elegante rabo-de-cavalo e
olhos amendoados marrom, suaves contra a impecável
pele branca. Então Vivienne sorriu – como fazia agora – com um calor
contagiante, revelando a alegre realidade de seu espírito.
Porque quando se tratava disso, eles não eram humanos; eram changeling,
eram lobos.
Grace piscou ante a resposta inesperada. — Você não sabia. E não sou a
mulher dele. — Parecia tão estranho dizer essas palavras, até mesmo
considerar a ideia fora de suas fantasias.
Vivienne afastou com um aceno a colocação dela. — Certo, tudo bem, eu não
sabia, sabia, mas suspeitava. Cresci nesta toca, tinha dezessete anos quando
Coop assumiu, e deixe-me te dizer: o homem pode ter mantido distância
desde que chegou, mas nunca olhou para uma mulher da maneira como olha
para você. Todo intenso, protetor e voraz,
A ideia da boca de Cooper em sua pele fez Grace apertar suas coxas juntas,
mesmo quando outra parte dela gritava que havia enlouquecido.
Ela não tinha as ferramentas para lidar com um homem assim – forte, cru,
exigente – na cama. — Você não está ajudando.
— Gostar não seria a palavra que eu usaria, — Grace disse; sua voz rouca,
com emoção. — Eu... Ele é sexy. Extremamente. — O tipo de sexy que
poderia arruiná-la para outros homens, mesmo enquanto a transformava em
cinzas. — Mas, ele é um tenente.
— Está usando a posição dele para pressionar você? Não posso ver Coop...
— Não! Não, ele nunca faria isso. — Ele podia ser durão por fora, mau, de
uma forma que seu lado sensato advertia que ela estava fora de sua liga
sexual, e definitivamente perigoso, mas também era profundamente honrado.
Mais de uma vez, Grace pediu a uma dominante irritada e frustrada que a
ajudasse em alguma tarefa que poderia fazer, consciente de que a influência
de seu lobo acalmaria o dela. Tais coisas faziam parte do ritmo de uma
matilha saudável. Aquelas matilhas que perderam seu complemento natural
de submissos – seja por acidentes ou falta de cuidado e respeito – e não
reparavam o desequilíbrio eventualmente estilhaçado, tinham a energia na
toca tornando-se violenta.
— como precisamos da força deles para nos fazer sentir seguros, os soldados
e outros dominantes precisam de nós para manter sua humanidade. É por isso
que SnowDancer é uma matilha tão poderosa.
— Mas, — ela continuou, o coração apertado pelo eco da voz gentil de seu
pai perdido, — Lobos como eu não namoram companheiros de matilha tão
fortes como Cooper. — Desejo alterava as regras a nível fundamental,
mudava o efeito de sua loba sobre o dele, e o dele sobre ela, até que já não
podia prever como qualquer um deles poderia reagir em qualquer situação.
— Entendi. Coop não é um homem que alguma vez seria um tipo fácil de
amante.
Sobre como parte da razão que aceitei a promoção e me mudei para cá foi por
causa de quão super protetora minha família estava sendo? — Até que loba e
mulher não sabiam o que era bom para ela.
Embora amasse seus pais e irmãos adotivos com todo seu coração, e soubesse
que era acarinhada por sua vez, em momentos como este, sentia tanto a falta
do seu Papa e Mama que doía. Seu pai era um submisso, ele a entendia num
nível fundamental, sua mãe, um soldado dominante que acasalou e amou um
submisso por tempo suficiente para ter adquirido uma compreensão inerente
do que sua filha precisava para florescer. Ambos reconheceram que a
necessidade de Grace de se sentir segura não era igual a uma parede rígida de
proteção.
*****
Ele a assustou.
E agora assustava todos os outros. Esfregando uma mão sobre seu rosto na
tentativa de desalojar sua carranca, seu polegar escovando sobre
O bando nem sempre fora tão agressivo. Entretanto, sua disciplina e foco na
família fez seus inimigos acreditarem que os SnowDancer eram fracos; o
derramamento de sangue que se seguiu devastou o bando. Tantos se
perderam na carnificina – inclusive os pais de Grace.
Daniel sorriu.
Passando as mãos sobre o áspero couro cabeludo depois que o soldado partiu,
Cooper olhou melancolicamente para a vista do lado de fora de sua janela.
Enquanto a maioria da toca era subterrânea, seu escritório estava localizado
no nível mais alto, inclinado numa curva natural da montanha. O vidro era
tratado para não refletir, mas proporcionava uma boa vista do caminho
principal até a toca. Hoje, banhada pela luz do sol, a terra lá fora estava
verdejante com árvores, não parecendo que o deserto de Mojave se
esparramava logo além da colina.
Gostava de ser capaz de manter um olho nas coisas daqui, mas a falta de
janelas na sala principal não incomodava seus lobos – adoravam voltar para
casa numa toca confortável, um lugar onde seus filhotes eram sempre
protegidos. Além disso, os túneis eram amplos e banhados em simulada luz
do dia e luar, dependendo da hora do dia, os mecanismos de filtragem de ar e
controle de temperatura aperfeiçoados para criar uma suave transição entre o
exterior e o interior.
Sua mão apertou, seu cenho voltou ao se lembrar de como ela tremeu sob seu
toque. Sim, podia ser assustador – inferno, era um trunfo quando se tratava de
proteger o bando – mas não queria assustar Grace.
Capítulo Três
Ela ameaçou puxar a orelha dele – provavelmente teria se ele não a superasse
por muitos centímetros. — Cerca de quinze deles se juntaram para limpar
aquela erva invasora que de alguma forma fez seu caminho num dos riachos.
Passamos o fim de semana inteiro nisso, e a partir de hoje, a erva daninha é
história. Seria bom se pudesse passar por lá.
Foi Bethany quem cuidou dele no luto, com sua raiva dos dezesseis anos,
envolvendo-o em amor. O que não fez foi tentar reverter a súbita idade adulta
que lhe fora empurrada naquela noite fria e chuvosa – porque algumas coisas
não podiam ser mudadas e a perda de sua infância foi permanente.
— No entanto, — ele acrescentou quando ela ficou na ponta dos pés para
alisar sua camiseta sobre seus ombros, — Cairei em seus planos astutos.
— Sempre foi um bom garoto, Cooper, mesmo durante seus anos juvenil. —
O sorriso dela era um eco de sua mãe, causando uma dor familiar em seu
peito. — Agora vá, antes que eles terminem de almoçar.
comer mais bolo do que seria bom para eles – a tensão deixara seus
músculos.
Nada podia alterar o fato de que era um dominante agressivo, mas como os
filhotes e jovens mostraram, tinha a capacidade de ganhar a confiança até
mesmo dos mais vulneráveis da matilha. Levaria tempo com Grace, a
confiança que ele pedia uma profunda intimidade, mas Cooper foi chamado
de bastardo teimoso mais de uma vez. Não era uma acusação injusta.
A noite toda.
O dia todo.
Sempre.
*****
Meio aliviada, meio desapontada por não ter visto Cooper novamente desde
sua declaração de namoro, Grace colocou as ferramentas em seu escritório,
depois tirou seu macacão preto para revelar as calças jeans e a elegante
blusinha preta que usava embaixo. Estava com fome depois do longo dia,
deveria ir para casa. Mas vestindo seu suéter azul favorito, o tecido leve em
vez de pesado, verificou seus cabelos e rosto no espelho, em seguida, virou
na direção da arena de treinamento interno, onde ouviu que Cooper estava
trabalhando com alguns dos soldados novatos.
Vendo a porta de acesso à frente, usou a impressão de sua palma para passar,
depois a fechou. A coisa boa sobre estar em manutenção de sistemas era que
conhecia todos os recantos escondidos e fendas da toca.
Grace caminhou para a janela com passos rápidos, feliz por ver que estava
limpa, como definido no regulamento de segurança. Além do vidro, parecia
que os novatos foram divididos em duas equipes e estavam em guerra,
embora pudesse ver chutes sendo retraídos e socos transformados em tapas
leves. Ainda assim, as pessoas caíam às vezes – alguém contava os pontos, e
certo número era igual a incapacitado ou morto.
Vestidos apenas com calças cargo, com os pés nus, os dois dominantes
tomaram posição um contra o outro e começaram a passar por uma rotina de
combate que até mesmo Grace poderia dizer que estava na metade da
velocidade, para auxiliar no ensino dos novatos. Shamus era bem construído
– sexy, ela supôs – mas tudo que Grace podia ver era Cooper, suas ações
fluidas parecidas com música rústica. Como esse
Mesmo quando seus dentes afundaram em seu lábio, mesmo quando seu
fôlego travou, sua loba passeou agitada e confusa. Lembrou que as exigências
de Cooper seriam ferozes, sua necessidade furiosa. A possibilidade de que
não estivesse à altura de satisfazê-lo fez seu humor ficar negro, especialmente
quando finalmente, voltou sua consciência para os homens e mulheres que
assistiam a luta – vendo que três outros adultos se juntaram ao grupo. Todos
do sexo feminino, e duas delas tinham os olhos em Cooper.
Sua mulher.
Depois, ouviu Shamus interrogar o grupo. Eles não foram muito mal, e
Cooper dispensou a classe depois de emparelhá-los para uma sessão prática
no dia seguinte. Enquanto os novatos saíam, viu Shamus ir para sua
companheira, uma professora de matemática. Com os olhos escuros e cabelo
preto, a Sra. Lopez – como os filhotes a chamavam –
E vamos para esse quarto agora, onde pretendo fazer coisas que você só
poderá sonhar em sua cama fria e solitária.
Cooper viu Emma bater no peito de Shamus por aquela provocação sem
vergonha quando os dois desapareceram pela porta.
Margot foi quem respondeu, seus olhos azuis dançando. — Sobre os planos
de Shamus ou os novatos?
Vitória ofegou, uma ondulação selvagem de seus olhos, seus cabelos uma
explosão de marrom e preto com singulares fios vermelho-loiro inesperados.
— O rumor é que Emma desapareceu no almoço hoje, assim como Shamus.
Margot fez uma pausa para um efeito dramático, a pele dourada de seu rosto
marcada por uma fina mancha esverdeada causada por uma bola de beisebol
perdida. — Aparentemente, quando Shamus se transformou algumas horas
atrás, foi apontado que ele poderia ter queimaduras de tapete na bunda.
Mas se está oferecendo o que acho que está oferecendo, não sabia que eram
tão próximas.
Maldita matilha. Curiosa como o inferno. — É por escolha, — ele disse sem
rodeios, sabendo que as mulheres não o considerariam um insulto, pois não
aceitou a oferta afetuosa para aliviar sua crescente fome de toque – uma fome
focada numa mulher e apenas uma mulher. Ele queria as mãos de Grace em
seu corpo ou as de ninguém. — Estou comprometido.
Foi ele quem bufou desta vez. — Lobos fofocam como mulheres velhas. —
Era o outro lado da sua incrível lealdade – todo mundo queria enfiar o nariz
nos negócios dos outros. — Vou dizer quando estiver pronto para dizer. —
Não que não se tornaria óbvio em breve. Não planejava perseguir Grace em
segredo; não era do tipo sutil. Embora, como deveria
Outro beijo no seu rosto oposto, este de Margot, a soldado alta o suficiente
para que não tivesse que se esticar como Vitória. —
Rindo de suas brincadeiras, ele estalou os dentes. — Fora. Tenho coisas para
fazer. — Uma loba submissa para perseguir.
Seu humor mais alegre do que esteve durante seis longos meses, fechou a
porta e se dirigiu aos seus aposentos para tomar banho. Puxando um par de
calças cargo pretas e uma camiseta verde-oliva, passou uma mão pelo queixo,
sentindo o restolho e decidindo se barbear. Feito isso, deu um tapa com
alguma loção pós-barba, e achou que era o melhor que ficaria. Bonito ele não
era.
levar sua água e comida quando queria entrar na floresta em forma humana,
guardou a caixa dentro e colocou a mochila sobre o ombro.
Várias pessoas disseram olá enquanto caminhava pela toca, e ele devolveu a
saudação, mas não parou. Ninguém prestou muita atenção quando bateu na
porta de Grace – todo mundo estava acostumado a vê-lo falar com pessoas de
diferentes partes da toca, e na ausência de seus dois superiores imediatos,
Grace era a responsável pelo departamento dela.
Capítulo Quatro
Com as bochechas coradas com uma cor suave que queria lamber, ela deu um
passo atrás. — Não, aqui está bem.
Não dando tempo para ela mudar de ideia, ele entrou e cutucou a porta até
que estivesse quase fechada, criando a privacidade que desejava.
— Oi. — Finalmente sozinho com ela, o cheiro dela acariciando sua pele, se
sentiu uma fração mais no controle.
Grace colocou os cachos úmidos de seu cabelo atrás da orelha, seu sorriso
tímido. — Oi.
Puxando sua mochila, abriu-a para pegar a caixa. — Trouxe isso para você.
— Ele nunca cortejou ninguém antes, não sabia se deveria trabalhar nisso,
mas queria dar um presente para ela e não viu o ponto em fingir o contrário.
Nenhuma parte dele queria que sua mulher sentisse qualquer tipo de
desvantagem num relacionamento.
É claro, ele pensou, enquanto ela aceitava o presente com um obrigada rouco,
que se ela sentisse desejo de desafiá-lo no nível privado masculino /
feminino, ele aceitaria o desafio num piscar de olhos. A ideia de Grace
confiar nele o suficiente para brincar com ele num nível tão íntimo fazia seu
corpo inteiro apertar em necessidade.
— Aqui. — Ele estendeu a mão para a fita que ela havia desamarrado.
Quando ela a entregou com um sorriso mais profundo, ele ousou dar um
passo mais perto, seu lobo roçando a pele dele. Ela se mostrou tão impaciente
com o presente quanto ele – rasgou o papel, e alguns segundos depois, ela
segurava a caixa em suas mãos.
— Obrigada, Cooper.
Ele podia os lábios dela formando seu nome para sempre. Músculos tensos
contra o impulso de abraçá-la, seu próprio embrulho pessoal de mulher
calorosa e confiante, foi fechar o fecho. Seus dedos pareciam muito grandes,
muito desajeitados para a tarefa – como pareciam muito ásperos para tocar
em Grace. Ele sabia ao contrario, sabia que nunca a machucaria. — Aí. —
Mantendo a mão dela, passou o polegar pela pele.
Ela estremeceu, mas não se afastou. — Eu não deveria ficar com isso. É
demais.
Sua pele era tão suave, tão atraente para seu toque que ele fez de novo. — É
normal dar flores durante o namoro.
— Não posso mentir, — ela admitiu com um sorriso deliciado que o atingiu
diretamente no coração, — Já adoro isso. Vou usá-lo o tempo todo.
Deus, mas queria cobrir aquela boca gostosa com a dele, prová-la longa e
profundamente. Lentamente, maldito, lento. — Vem passear comigo? — Ele
perguntou, mantendo seus olhos escrupulosamente fora da cama que podia
vislumbrar atrás de uma tela de shoji5 modelada com brotos de bambu verde.
— Podemos escapar pelo túnel de acesso para a entrada dos fundos. —
Embora ele quisesse que todos, especialmente os homens não casados,
soubessem que ela estava fora dos limites, Grace não era uma idiota como
ele, encontraria a atenção difícil de lidar.
*****
Grace encostou-se à porta depois que Cooper saiu, respirando fundo depois
de uma respiração espasmódica. Deus, ele era perigoso –
Não virei a cauda e corri, não é? — Não, ela fez valer sua simples opinião...
Esperança, uma rica especiaria em seu sangue, saiu para descobrir que estava
no final do corredor, conversando com Shamus, que – pelo recipiente em sua
mão – correu para a cozinha para pegar uma fatia de torta de limão. Enquanto
Grace não conhecia bem o soldado sênior, se tornou amiga íntima da
companheira dele, Emma, depois de conhecer a doce materna dominante no
clube de livros que Vivienne organizava uma vez por mês. Então, sabia que a
torta era a favorita de Emma, assim como o batom num tom particular de
vermelho vibrante, um traço do qual marcava a mandíbula de Shamus. Grace
sorriu, vendo quão loucos eram um pelo outro.
Cooper respondeu antes que ela pudesse ficar nervosa. — Pensei em apontar
uma das vias de evacuação para Grace em caso de emergência.
Shamus jogou a cabeça para trás numa risada, seu grosso cabelo marrom
pegando a luz. — E eu estava prestes a dizer que era uma noite romântica.
Divirta-se.
Acenando adeus, esperaram até que ele estava fora de vista antes de entrar no
corredor de acesso estreito que levava a uma saída raramente usada. Embora
beijada por um vento frio que prometia chuva, a noite
estava tão linda quanto Shamus disse, o preto acetinado do céu pontilhado
com o que pareciam ser um milhão de estrelas.
— Certo?
— É bom que Shamus não saiba disso, — ele disse, puxando-a para dentro
das árvores, acariciando seu polegar daquele modo enlouquecedor e
excitante. — Acho que você gostará disso.
A ideia de pertencer a Cooper fez sua loba dar patadas em torno de sua pele
numa confusão de pânico e prazer, mais uma vez. Mas nenhuma parte dela
queria estar em nenhum outro lugar, exceto aqui, neste instante exuberante e
requintado. Talvez este namoro fosse ridículo e impossível, fadado ao
fracasso, mas não desistiria, não desistiria de Cooper, sem tentar.
— Aqui. — Seu corpo roçou o dela enquanto a fazia parar no que parecia ser
uma pequena clareira. — Sente o cheiro?
Estendendo a mão para arrancar uma baga de uma das galhas que os
cercavam, a roçou nos lábios dela. — Abra para mim, bonita e sexy, Grace.
Ele passou uma baga em seu lábio inferior, pintando-a com o suco enquanto
o calor masculino do corpo dele se infiltrava em cada uma de suas células, e
o rosto dele bloqueava a noite. — Eu vou te beijar. — A voz dele vibrou
onde seus seios pressionavam contra a força do peito dele, fazendo seus
mamilos doerem. — Não diga não.
Soltando a mão quando ela ficou em silêncio ao pedido de voz áspera, ele
levantou seu queixo com os dedos e sugou o lábio inferior encharcado de
suco. A sensação doce e quente acabou quase antes que ela soubesse, seus
olhos se abriram. Ele voltou para outro sabor de sucção, persuadindo-a mais
perto enquanto o fazia. — Mmm. — Era um profundo som de prazer
masculino, sua mão deslizando de seu queixo para cobrir o lado de seu
pescoço. — Você tem um sabor delicioso. — Desta vez, os lábios dele
cobriram os dela, o beijo uma sedução íntima.
Ela apertou as mãos em no peito dele quando se levantou em direção à sua
boca pecaminosa, sentiu o flexionar do músculo quente e tenso sob o algodão
da camiseta. Gemendo, ele varreu a língua através da costura de seus lábios,
uma das mãos dele alcançando a parte inferior das suas costas, o calor rígido
da ereção dele empurrando contra seu abdômen...
A loba não queria correr. Sabia que tal ação nunca funcionaria, que só
enfureceria o predador. Em vez disso, exigia que ela se deitasse, deixasse
Cooper fazer o que quisesse, seus instintos de sobrevivência profundamente
enraizados colidindo contra sua necessidade humana de fazer uma escolha
consciente. Era tudo o que podia fazer para conter o impulso de mostrar a
garganta ao macho, cujo aroma permanecia rico e selvagem em sua boca;
choramingar em primitiva submissão – uma submissão que terminaria com
essa relação antes que começasse, porque esse tipo de rendição estúpida a
humilharia e horrorizaria Cooper.
Cooper, permanecendo imóvel até agora, moveu-se para arrancar uma baga
da árvore perto dele e colocá-la na boca. Ela o observou engolir, queria traçar
o movimento dos tendões de seu pescoço com os lábios, lamber o intenso
âmbar e a rica terra de seu cheiro. Quando finalmente arrastou os olhos para o
rosto dele, seus lábios estavam curvos. — Vai funcionar, — ele murmurou,
comendo outra baga. — Pode exigir muitas e muitas preliminares, mas vai
funcionar.
— Não, não, — ele murmurou num tom que falava do dominante que era. —
Ainda não. Mesmo que não possa confiar em mim de outra maneira, confie
em mim neste instante – no instante em que sua loba a dominar sem sua
vontade consciente, eu vou parar.
Ela o sentiu se aproximar, mas ele não enterrou o rosto no pescoço como ela
ansiava, mesmo sabendo que sua loba não estava em condições de aceitar a
intimidade abrasadora de tê-lo perto de sua jugular. Mesmo agora, enterrou a
cabeça em suas patas, triste, assustada e querendo tudo de uma vez. — Como
saberá? — Ela perguntou; incapaz de esconder o tremor de esperança em sua
voz.
— Acho que é parte do que me faz ser um tenente – ser capaz de sentir
quando o lobo está perto da pele de um membro da matilha.
Os nós dos dedos dele escovaram seu rosto. — Não posso esperar para te
alimentar. — Um baixo ronronar numa declaração que fez com que sua
respiração acelerasse.
Grace sabia que estava com um problema. Grande, sexy, perigoso problema.
Capítulo Cinco
Após conduzir Grace para a sala de jantar com a chuva caindo numa
tempestade imprevista, Cooper esperava passar a noite rolando e virando
como resultado da prolongada frustração sexual. E ei, não era contra alguns
sonhos quentes e eróticos com sua engenheira favorita.
Estava sentado sob uma ponta de rocha do lado de fora da toca, confortável e
protegido das gotas frias, desfrutando de sua música. Sempre gostou da chuva
até aquela noite. De vez em quando, contraía a cauda para afugentar um
corvo suicida que não podia ser incomodado com um estalar de dentes...
E então estava em forma humana numa longa e reta estrada, observando duas
enormes luzes se aproximando dele. Não estava com medo. Sabia quem
eram, e que parariam.
Eles o fizeram.
Abrindo a porta, entrou no banco de trás como se fosse uma coisa normal
entrar num carro no meio da estrada. Sua mãe virou, rindo de algo que seu
pai dissera enquanto estendia a mão em direção a Cooper, os brincos de
pérolas que tanto gostava piscando na luz flamejante do fogo.
Ele estava fora do carro, gritando para que parassem, mas ambos ainda
estavam rindo, vestidos com as roupas que usavam para assistir ao
casamento, e não o am, nem o viram...
...Fogo! Ele estava preso dentro do carro e as chamas empolavam sua carne.
Ele gritou, estendeu a mão para seus pais... Mas eles tinham se transformado
em ossos, carbonizados e pretos. — Não! Não! — Ele gritou enquanto sua
carne derretia.
Ficou até que o chuveiro estava tão cheio de vapor, que não conseguia ver as
mãos que apoiou na parede. Fechando o registro, saiu, se secou, e – toalha
enrolada em torno de seus quadris – olhou para o espelho. Sua mandíbula
estava escura com restolho, então se concentrou nisso, raspando-a. A tarefa
demorou alguns minutos, e então já não tinha sequer essa mera desculpa
contra os ecos do pesadelo.
Desta vez foi pior, porque não esperava, ele não se preparara para o horror
que o esperava na escuridão da noite. Tantos anos desde que esteve preso
dentro desse carro fantasma, queimando e queimando e queimando.
A toca estava quieta quando saiu, não inesperado às cinco da manhã. Quase
se virou para o quarto de Grace, desejando desesperadamente pedir que ela o
deixasse abraçá-la, somente isso. Mas não tinha o direito de empurrar os
privilégios de pele, então se forçou até seu escritório e começou a passar por
uma série de relatórios financeiros que Jem havia encaminhado.
Durante todo o tempo, a chuva continuava caindo para além da janela, e não
importa o que fizesse, não podia esquecer o preto dos corpos carbonizados de
seus pais.
*****
Olhando com ar culpado, viu que permanecia sozinha. Mas o momento foi
suficiente para que voltasse sua atenção ao trabalho.
Com a citação de Vivienne, ela hesitou. Nenhum lado de sua natureza estava
confortável em perseguir um macho, mas este deixou seu interesse claro.
Respirando fundo, guardou as ferramentas no escritório e depois procurou
Cooper. Ele não estava no escritório dele, mas Bethany a viu descendo as
escadas de pedra lisa e disse: — Se está tentando caçar Coop, ele está com a
equipe, lidando com um deslizamento causado pela chuva da noite passada.
— Eu não havia ouvido. — Não foi mencionado no boletim diário.
— Alguém se machucou?
Bethany sacudiu a cabeça. — Mas está numa rota de evacuação, por isso
precisa ser limpa, a terra estabilizada. Pelo menos a chuva parou por
enquanto.
— Estive dentro da toca o dia todo, — disse Grace, esperando que a tia de
Cooper aceitasse as palavras dela. — Posso levar café para a equipe, esticar
as pernas.
Levou apenas dez minutos para caminhar até o local do deslizamento usando
as instruções que Bethany forneceu. Cooper estava de costas quando ela
chegou, a camiseta presa à pele, botas cobertas de lama. Ela viu que abriram
um caminho, trabalhavam num sistema temporário de retenção até que as
árvores danificadas pela tempestade pudessem recuperar o controle sobre o
solo, ou novas árvores pudessem ser plantadas. Enquanto olhava, Cooper
empurrou a pá abaixo... E virou para olhar para ela, os olhos em um preto
intenso, com emoção tão crua que apunhalou seu coração.
batendo na outra.
— Sabia que podia contar com você. — Todd a beijou na bochecha antes de
ir para o chá.
Só então, quando os outros três estavam ocupados, Cooper tocou seus dedos
na parte inferior das suas costas numa carícia fugaz, mas inegavelmente
possessiva. — Sabe que Todd gosta de chá.
Seus lábios subiram nos cantos pela provocação gentil quando aceitou a
xícara, e fez algo para ela saber que o fez sorrir. — Obrigado, Grace.
Exceto que ele devolveu seu olhar por um único segundo elétrico antes de
voltar sua atenção para o soldado sênior.
Nesse instante, Grace sentiu que seu corpo inteiro ganhava vida...
Grace estava bem ciente de que, muitas vezes, a única maneira que uma
mulher conseguia fazer com que um macho dominante se abrisse era atirar
em suas defesas. Só que ela não era do tipo de empurrar, não sabia se tinha
esse direito, seu relacionamento era uma coisa nascente. — Me acompanha
um pouco?
Grace parou quando iam virar a esquina e fora de vista do resto da equipe.
Então fez o que veio naturalmente a ela nessa situação e deslizou seus braços
em torno do calor musculoso do corpo dele, o cheiro de suor limpo e
masculino de Cooper em seus pulmões. — Sinto muito pelo que quer que
seja que colocou esse olhar em seus olhos.
Seus braços vieram ao redor dela, a bochecha dele esfregando contra sua
têmpora enquanto sua loba esfregava contra ele num esforço para oferecer
conforto. Naquele instante, ela não sentiu medo por essa força, apenas a
necessidade de temperar a dor dele.
*****
beijo um presente gostoso que lhe deu montes de ideias sobre ganhar outro
dela esta noite, no jantar que ela prometeu ter com ele.
— Tenho uma ideia. Falei com Todd e ele acha que dará certo.
Tendo passado o resto da tarde em 4B, Grace foi para casa às seis da tarde.
Tudo que queria era lavar a sujeira de rastejar em corredores de acesso e
canais estreitos que sabia que foram limpos há apenas duas semanas.
Oi, mãe. — Foi uma escolha que fez quando criança, chamar Milena e James
de mãe e pai. Dava a eles o lugar amado que mereciam em sua vida,
diferenciando-os de sua mamãe e papai perdidos.
— Sei que fala com Pia e Revel, também, — Milena disse depois de atualizá-
la em algumas coisas, — Mas não sei quanto tempo serei capaz de impedir os
dois, para não mencionar seu pai, de fazer uma visita para verificar você.
Tantas crianças tornaram-se órfãs, mas nenhuma ficou sem apoio, sem
família. Milena, James e seus filhos adolescentes, Pia e Revel, tornaram-se
dela. Velhos o suficiente para não se importar com a pequena intrusa na casa
deles, os adolescentes jogaram sua proteção sobre Grace.
Dificilmente surpreendente, uma vez que tanto Pia como Rev eram
dominantes fortes que agora ocupavam status de soldado sênior.
Mas sabe como são teimosos. — Então ela riu, os olhos castanhos brilhando.
— Olha para quem estou falando, sempre foi uma coisa teimosa. Lembro-me
de ter tentado fazer com que soltasse seu cobertor para poder lavar. Não
gritou, não chorou, não me pegou ou grunhiu, mas o soltou? Não. Precisei
roubá-lo uma noite semanas depois, quando finalmente adormeceu sem ele
apertado em seu pequeno punho.
A história era a favorita de sua mãe e ainda fazia Grace rir. Agora, estendeu a
mão e pegou o peludo ursinho de pelúcia que Milena fez a partir dos restos
do cobertor depois que finalmente se rasgou. Ele sobreviveu à sua infância e
agora sentava alegremente em sua estante, ao lado de fotos de sua família. —
Eu o lavo, juro.
— Menina insolente. — Sorrindo e soprando um beijo, Milena disse,
— É melhor eu ir. Prometi a seu pai que faria suas quesadillas favoritas.
Eu te amo, amor.
Quando terminou o telefonema, Grace agradeceu a Deus que nem Pia nem
Rev fossem enviados para esta toca – teriam ficado horrorizados com a ideia
de sua irmã namorando um tenente. Grace diria aos dois para irem embora, é
claro, mas preferia brincar com Cooper sem ninguém olhando por cima do
seu ombro.
Coop.
XxX
— Grace.
— Ele sempre foi uma lei para si mesmo, — Bethany refletiu quando Grace
entrou no assento do motorista da resistente 4x4, — Então, tudo que vou
dizer é – submissa ou não, tenha certeza de não apenas sentar e cuidar dele.
Você devolve.
precisará disso com Coop. Aquele garoto gosta de fazer o que quer. Boa
sorte.
*****
Após ajudar a acabar com a comida que Grace trouxe, Cooper recusou a
oferta dela de ficar e ajudar com a árvore, recebendo apoio inesperado de
Todd.
O resto da limpeza pode ser feito amanhã por uma equipe de novatos.
Grace cruzou os braços com uma expressão de motim. — Bem. Mas vou
esperar e levar todos para a toca.
Todd soltou uma gargalhada, seguido por Bill. Quando Grace franziu o
cenho, Cooper inclinou o queixo e beijou-a numa carícia rápida e leve que
não a assustou nem assustou sua loba. — Está com três dominantes. — Ele
sorriu; seus lábios escovando os dela enquanto falava.
— Certo, vou te dar isso. — Um sorriso divertido, mas seus olhos patinavam
na direção de Todd e Bill, que nem sequer fingiam não vê-los, com sorrisos
de merda em seus rostos.
Tocando seu quadril numa carícia protetora, Cooper apontou um dedo para os
dois homens. — Jurem segredo.
— Ah, vamos lá, Coop! — Foi o refrão conjunto, mas ele esperou o
consentimento deles... E mais tarde naquela noite, recebeu outro beijo tímido
e sexy de Grace por seu problema, o lobo dela esfregando contra sua pele
com um carinho que ele devolveu.
Mas assim que caiu na cama, cansado até os ossos, com o sabor requintado
de Grace em sua boca, sonhou com o horror. — Não! Não!
*****
Foi só depois de tomar banho que Grace percebeu que Cooper não disse nada
sobre vê-la hoje à noite quando foi verificar o progresso da reparação. Claro,
não foi um momento particular – e Cooper se esforçava
para dar tempo para ela se acostumar com o relacionamento privado antes
que inevitavelmente fosse público.
Não seria muito mais, ela sabia disso, especialmente depois do beijo na
árvore. Os machos changeling predatórios, independentemente do lugar deles
na hierarquia, eram abertamente possessivos. O fato de Cooper lutar contra
seus instintos todo este tempo... Bem, ele simplesmente a fazia derreter por
ele ainda mais.
Franzindo o cenho, sentou na cama e refletiu. Dado que Cooper deixou claro
como cristal que estava interessado nela... Em mantê-la –
Era uma forma muito sutil de jogo de dominância, e não importa o quanto a
mulher e a loba adorassem Cooper, Grace não tinha intenção de ser
conduzida numa coleira.
Capítulo Sete
O sangue de Cooper gelou quando ninguém parecia saber para onde Grace
foi. Ele pegou seu telefone celular para ligar para ela, sabendo que ela veria
como um controle da parte dele, mas precisava saber que estava bem, estava
segura. A chuva era apenas um chuvisco no momento, mas isso não
significava que as estradas não fossem perigosas.
Emma me abandonou para jantar com Grace e Vivienne. Quer pegar uma
pizza?
ele conseguiu dizer. — Preciso correr. Mas acho que alguns dos outros estão
na sala de descanso.
— Vamos guardar uma fatia. — Shamus se virou, correndo atrás dele por
alguns metros. — Estive lá fora. Ainda chovendo e parando, mas o vento
parou e a lua saiu – a melhor vista fica além das cachoeiras gêmeas.
Grunhindo sob sua respiração, abriu caminho e correu até que pudesse pensar
através da neblina caótica de suas emoções. Queria ir
Como era habitual quando estava sozinho em seu escritório a esta hora da
noite, mais de um membro da matilha parouava para falar ou pedir conselhos.
Isso o manteve ocupado, e estava bem na primeira meia hora, ok até a
segunda. A terceira e a quarta foram como ter pregos batidos em sua carne. A
única coisa que tornava suportável era saber que Grace não estava sozinha e
que Shamus certamente estava em contato com Emma. Se qualquer coisa
acontecesse, Cooper teria a informação em questão de minutos.
Ela o assustou.
Odiava a sensação, mas também sabia que suas cicatrizes não eram culpa de
Grace. Ela agira como qualquer loba faria com um homem que ousou tomá-la
como certa; não podia ter ideia da resposta violenta que incitou nele. E se
fizesse o que queria, ele nunca a teria. Cooper não queria que seus pesadelos
dessem sombra à vida que pretendia construir com ela.
— Olá, Grace. — Ele encostou-se ao batente da porta, sem fazer nada para
esconder sua avaliação do belo corpo dela. Seus mamilos empurraram contra
o fino tecido da camiseta conforme sua respiração engasgava, então percebeu
que não usava sutiã, e o autocontrole se tornou um inferno de teste. — Deixei
minha bolsa aqui no outro dia.
O sorriso se aprofundando, ele deixou seu olhar demorar nos lábios dela. —
Fiz?
O peito subindo e descendo num ritmo cada vez mais rápido, ela engoliu. —
Está sendo agressivo. — Era uma acusação rouca.
As bochechas dela coloriram daquela cor bonita, que o fazia querer lamber
cada centímetro da pele dela. — Não foi um desafio.
Essa mulher era dele. Não queria compartilhar. Não essa noite. —
Ao invés de fazer cara feia por sua arrogância como ele esperava, Grace
franziu o cenho, seus olhos encarando-o por um instante único e curiosos. —
Cooper, o que há de errado? — Ela disse, e ele se perguntou o que deixou
mostrar, o que ela viu. — Há...
Não lhe dando chance de continuar, ele estendeu a mão e tirou a camiseta. O
suspiro dela foi um golpe para seu ego, mas ele queria mais do que isso.
Precisava mais do que isso, o medo irracional que o agarrou pela garganta
deixando as bordas ásperas em seu rastro doía a cada respiração.
Graças a Deus.
Era um pensamento sincero, porque o fato era que seu corpo era mais do que
um pouco espancado, tinha uma série de cicatrizes – até mesmo como
changeling – a cura rápida não conseguia consertar tudo.
que foi uma leve sugestão na resposta que percebeu nos olhos de Grace assim
que a alcançou.
— Isso não é justo com você. — Palavras calmas, seus olhos ainda o
comendo de uma forma que deixou seu pau rigidamente atento.
Seus seios chamaram sua atenção enquanto ela puxava uma respiração, seus
mamilos duros contra a camiseta. Com água na boca, ele colocou as mãos nas
costas e trancou os braços, segurando um de seus pulsos com a outra mão. —
Eu, — ele murmurou, — Te dou permissão para me punir por meu
comportamento hoje à noite.
Não menos hesitante, ela se levantou na ponta dos pés e o beijou, suas mãos
segurando a cintura dele. Ele aproveitou ao máximo, persuadindo e
seduzindo-a com a boca, a língua. Ela o deixou entrar, e quando ele sugou
sua língua, ela ecoou a carícia íntima, os seios apertados contra seu peito, os
pequenos mamilos eram pontos duros que queria rolar entre as pontas dos
dedos, puxar e apertar até que soubesse exatamente o que a fazia gemer, o
que a fazia se contorcer e derreter em torno de seu pau.
Prazer balançou seu corpo inteiro, quase o partindo em dois. Quando ela
repetiu a carícia do outro lado do peito, ele teve que apertar os dentes para se
impedir de jogá-la na cama, tirar suas calças e montar nela no mais primitivo
dos acasalamentos. Queria ver aquelas curvas se movendo contra ele, queria
alcançar abaixo e brincar com seus seios cheios enquanto deslizava seu pau
dentro e fora dela num ritmo acelerado.
— Cara a cara, você aberta debaixo de mim, suas pernas trancadas em torno
de meus quadris, e meu pau enterrado até as bolas em você.
Ela engoliu com a sexualidade crua das palavras dele, mas ele não acabara.
— Eu beijaria você uma e outra vez porque amo seu gosto, mas teria que
brincar com esses seios bonitos. Chupar, lamber, e talvez até morder um
pouco. Não se importa com dentes, não é, Grace?
Uma sacudida de sua cabeça, sua pele ruborizada, o perfume opulento de sua
excitação como uma droga.
— Bom. — Ele deixou cair seu olhar em seus seios. — Enquanto estivesse
fodendo você, lento e profundo, tão malditamente profundo, fecharia minha
mão sobre um dos seus seios, apertando e afagando. E
*****
Mas sabia uma coisa: o tenente usava o prazer viciante de privilégios de pele
íntimos para distraí-la. E fazendo um trabalho brilhante. A excitação a
agarrou pela garganta, tornando sua pele tão sensível que suas roupas
pareciam abrasivas, a carne delicada entre suas coxas, inchada e molhada.
Foi então que sua loba dançou sem aviso, consciente de que o homem que
acariciava com tais mãos proprietárias poderia dominá-la num piscar de
olhos. Como podia pensar em estar nos braços dele quando não podia garantir
que sua submissão seria uma resposta consciente e voluntária, em vez de
nascer do instinto primitivo?
E se tudo o que visse fosse uma submissa olhando para ele, choramingando e
quiescente, a personalidade humana de Grace submergida em obediência?
Medo ameaçando parar seu coração, ela se afastou. — Coloque sua camiseta.
— Então poderia se concentrar, poderia pensar.
Cooper rosnou.
Por alguma razão, aquela resposta rosnada a fez relaxar, aproveitando para
levantar o olhar. — A frustração sexual sempre te deixa tão mal-humorado?
Calor queimava suas bochechas, mas não permitiria que ele fizesse isso com
ela novamente. — Cooper, eu não sou idiota. Sei que algo incomodava você
quando bateu na porta.
Ele fez um som de ranger de dentes. — Fiquei com raiva por você ter saído
sem me dizer, ok? Não pensei que gostaria se eu apontasse.
Fazia sentido... Mas o que ela vislumbrou foi uma emoção muito mais
violenta, de alguma forma, antiga. Semelhante à dor que viu nos olhos dele
no local do deslizamento. — Não precisa fingir ao meu redor, —
— Grace, nenhum homem quer irritar uma mulher já chateada, a quem ele
tem toda a intenção de levar para a cama o mais rápido possível.
O rosnado dele levantou cada cabelo em seu corpo. — É muito bom que
funcione. — Uma declaração de um homem que costumava obter o que
queria.
Ela ia abrir a boca para discutir, mas empurrara os limites de sua loba o
suficiente, que agarrou-se à superfície, arrancando as rédeas de suas mãos e
fazendo o que considerava necessário para pacificar um dominante irritado.
Cooper congelou.
Capítulo Oito
Grace caiu de joelhos quando a porta se fechou atrás de Cooper, seu corpo
tremendo.
Ele segurou sua bochecha, esfregou a dele contra a sua têmpora com um
afeto que acalmava o pânico de sua loba, antes de dizer: — Boa noite, Grace,
— e sair.
Soluços escaparam de sua boca e encheram seu peito até que mal podia
respirar.
Simplesmente não foi feita para lidar com as paixões de sangue quente e
brutal intensidade de emoção de um homem com a força de Cooper. Nada
poderia mudar a própria composição de seu ser. E se na próxima vez que
acontecesse eles estivessem na cama? E se Cooper estivesse dentro dela?
A resposta veio da parte minúscula dela que não era uma confusão completa.
E era verdade. Cooper sempre pararia – como fez hoje. Mas isso não
significava que tivesse qualquer direito de colocá-lo nessa posição, qualquer
direito de exigir que ele amordaçasse a beleza crua de sua sexualidade, sua
personalidade. O que ela disse era uma verdade absoluta e inevitável – ele
estrangular seus instintos seria um ato terrivelmente prejudicial.
Foi quando lavava seu rosto devastado pelas lágrimas que percebeu que
precisava falar com alguém que passou por isso. Exceto que ninguém o fez.
Sim, conhecia – era amiga – de um bom número de submissos que se
acasalaram ou viveram relacionamentos amorosos permanentes com
dominantes. Nenhum desses relacionamentos, no entanto, espelhava o abismo
de poder extremo que separava ela e Cooper.
Estava com doze anos quando a família mudou de toca, lembrou-se bem da
encantadora mulher, com deslumbrantes olhos índigo, que sempre tinha um
abraço e um elogio para ela após deixar a creche.
Tarah era uma submissa não muito mais forte que Grace. Seu companheiro,
Abel, em contraste, era um dominante muito forte, um soldado que ocupava
um cargo sênior na matilha. Uma de suas filhas era tenente, a outra submissa,
próximo à Grace na hierarquia. Se alguém pudesse entender as forças que
rasgavam Grace, era Tarah.
Foi Abel quem respondeu. — Quase me pegou, — ele disse depois de uma
breve pausa, — Mas nunca esqueço um dos filhotes de Tarah.
— Ela encontrou o cinza escuro de seus olhos pelo segundo mais curto. —
Sei que é tarde. Sinto muito. Queria falar com Tarah e não pensei na hora.
Conversaram por alguns minutos antes que Tarah desviasse aqueles olhos
perceptivos da tela. — Querido, dê-nos alguns minutos, sim?
Conversa de meninas.
Abel bufou. — Se te conheço, será mais como uma hora. —
— Agora, — Tarah disse uma vez que seu companheiro se foi, seu rosto
segurando uma bondade que era inata, — Qual é o problema?
A expressão de Tarah era simpática. — Dará trabalho, não vou mentir sobre
isso. Mas é possível, e quando funciona... Abel é minha rocha e o batimento
do meu coração.
As palavras de Tarah faziam muito sentido. — Obrigada por ser tão honesta.
Nosso.
*****
Cooper decidiu que devia se odiar ao entrar em seu quarto à uma e meia, após
tentar se esgotar no ginásio. Sabia que Grace não podia evitar sua reação – e
tudo esteve bem até os sonhos. Ele teve a força para ser paciente, realmente
foi um tipo de embriagante diversão persuadi-la, beijo por beijo. Agora,
porém, estava num inferno ao prender suas emoções mais primitivas.
Entrando numa ducha fria num esforço para controlar seu corpo rebelde, se
sacudiu à moda lobo depois e puxou calças de moletom. Então caiu de costas
na cama. Dormir, é claro, era uma esperança vã, com seu pau como um torno,
e não era como se acordasse bem descansado.
Cristo, o que faria quando Grace e ele se tornassem amantes?
— Quem quer que você seja, — veio a voz áspera do sono profundo,
— Vou caçar você, rasgar seu baço, e comê-lo frito com cogumelos.
— Uh-huh.
— Acho que quero te dar um soco. — Uma boa briga era o que precisava,
mas nesse estado de espírito, mataria qualquer um, exceto outro tenente, ou o
alfa. — Não sabe quão sortudo é por estar quase do outro lado do estado.
Queria que ela se preocupasse com o que ele fazia com o corpo dele, queria
que considerasse seu maldito negócio.
— Bem, faz menos de uma semana – se sua submissa está permitindo que se
aproxime o suficiente para você ter bolas azuis, diria que já está fazendo as
coisas direito. Nós dois sabemos que você é um pouco demais até mesmo
para algumas das fêmeas dominantes.
Cooper estremeceu porque Riaz estava certo. Era exigente, na cama e fora
dela. Mesmo quando tentava se controlar, só durava um tempo. —
Grace pode comigo. — Ela precisava... porque esperou por ela a vida inteira.
— Embora, talvez deva tentar uma abordagem mais sutil, pelo menos por um
tempo.
— Tenho que perguntar, Coop. Tem certeza disso? — Os olhos de seu amigo
brilharam no escuro do quarto. — Sua Grace, ela não tem garras, não em
comparação com você.
Cooper se eriçou. — Parece mais certo do que qualquer outra coisa na minha
vida; ela é mais forte do que todos pensam. Já me desafiou uma vez. Sei que
ficará de igual-a-igual comigo uma vez que sua loba aceite que nunca usarei
meu domínio contra ela.
— Nesse caso, bola pra frente, cara. — Riaz bocejou. — Sem coragem, sem
glória.
— Fracote.
Riaz mostrou o dedo para ele. — Durma um pouco e persiga sua loba
amanhã. — Outro bocejo. — E Coop? Esqueça o sutil. Esse não é seu estilo.
*****
Corando, mesmo enquanto o alívio a percorria por ele não correr assustado
ontem à noite, guardou o cartão escandaloso em seu bolso bem quando o
telefone tocou.
— Índigo, — ela disse, reconhecendo a tenente assim que teve contato visual.
— O Chefe está com o curandeiro, ele torceu o tornozelo esta manhã. Disse
para lhe dizer que entrará em contato mais tarde.
— Sem problema, — Índigo disse num tom distraído. — Essas flores em sua
mesa são lindas.
— Claro que sim. — A ponto de todo o seu corpo doer pelo toque dele. —
Deus, que mulher de sangue vermelho se afastaria de um homem como
Cooper?
Índigo riu. — Desculpe por isso, — ela disse um pouco timidamente. — Sei
que não é da minha conta, mas ele é meu amigo.
Estava certa. E isso foi antes de Cooper a roubar para almoçar, já que
precisava estar no turno noturno numa seção de perímetro e não a veria no
jantar. — Gostou das flores? — Ele perguntou, mantendo o braço dela acima
da cabeça no tronco de árvore em que ela se inclinou.
Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo que ela sentiu uma onda de afeto
selvagem. — Sim. — E porque não havia nenhuma dor nos olhos dele hoje,
não citou a preocupação que continuava fervendo dentro dela em saber o que
quer que o feria. Em vez disso, ela o acariciou com suas palavras, suas mãos.
— Sentirei sua falta esta noite.
É claro que sua família não estava tão entusiasmada com a notícia de seu
relacionamento com Cooper. A única maneira pela qual Grace os impediu de
vir se intrometer na situação foi ameaçar nunca voltar para casa para uma
visita novamente. Quando finalmente saiu do telefone com eles, caiu na
cama, sua loba esgotada pela discussão.
Capítulo Nove
Atormentada por sonhos eróticos, nos quais se entregou aos mais deliciosos
pecados com Cooper, Grace entrou em seu escritório no dia seguinte para
encontrá-lo cheio de balões, e seus companheiros de trabalho ao redor com
enormes sorrisos nos rostos.
A parte dela que foi forçada a rebelião num esforço para combater a
superproteção de sua família pensou que deveria estar irritada com a maneira
como Cooper estava acelerando as coisas, mas olhou além disso, para o
núcleo de quem ela era e sabia que estava encantada. Este macho, disse sua
loba, sabia como fazer sua mulher se sentir bem.
A verdade era que não precisava das rédeas do namoro, não se sentiria à
vontade com elas. E enquanto ocasionalmente a fazia corar, podia lidar com a
brincadeira bondosa e gentil da matilha. É claro que Cooper precisava
continuar atacando – caixas de chocolates finos entregues na sua casa e
escritório – um telegrama de amor entregue por um verdadeiro gorila do
amor, o que deixou toda a equipe em histeria... E
presentes muito mais particulares.
Sabia que era de propósito, que estava a seduzindo com uma pequena e
deliciosa mordida de cada vez, tomando o cuidado de não ativar os instintos
de sobrevivência de sua loba como fez naquela noite em seu quarto, mas ela
doía, frustração sexual era uma brasa queimando lentamente em seu interior.
Foi quando Cooper a localizou naquela tarde que disse: — Está me deixando
louca.
Não! — Eu... — E porque ele importava, porque ela nunca queria que
pensasse que não podia ser quem era com ela, encontrou coragem para dizer,
— Gosto quando você é mau.
Ele estendeu a mão para passá-la sobre sua coxa e as brasas brilhavam num
vermelho intenso e quente. — Não tem ideia do quanto gosto de te
corromper. — Um aperto. — Me deixará louco pensar em você deitada
nesses lençóis, sua pele cremosa, suas curvas mordíveis.
— O que?
Ela riu, o som suave, rouco. Ele a fazia se sentir forte, selvagem e corajosa,
sua loba se atrevia a se esfregar contra o dele. Ela queria, precisava cuidar
dele por sua vez – continuava frustrando-a que ficasse
teimoso com ela quando se tratava de algo que estava colocando marcas cada
vez maiores de tensão no rosto dele.
Sabia que era muito mais do que isso, mas mesmo uma sugestão de confronto
sobre o assunto o fazia se fechar, e havia um ponto além do qual sua loba
simplesmente se recusava a empurrar. Isso a preocupava no nível mais
profundo, porque seu relacionamento não podia sobreviver se ele não
compartilhava seus problemas – ficaria furiosa vendo-o ferido sem ser capaz
de fazer nada sobre isso, faria com que se sentisse inútil, em vez de parceira.
— Claro que sim. — Ele a abraçou ao seu lado. — Só porque seus pais se
foram não significa que nunca esquecerá a maneira como te amaram e como
os amou. — Dedos tocavam seu cabelo.
Chorei a noite toda, até que fiquei doente. — Ela estendeu a mão para
juntar sua mão com a que ele tinha em seu ombro. — Você compreende.
— Ele perdeu os pais também, embora não na violência que levou os seus.
— Sim. — Ela se aconchegou no calor dele depois que ele puxou a barra de
segurança e seu assento se moveu para frente um pouco. — Você está?
O pedido sussurrado a fez corar – e inclinou o rosto para outro beijo. Ele deu-
lhe isso, mais, antes de passar os lábios pela mandíbula e pela garganta.
Grace estava tão acostumada aos beijos dele que esqueceu que nunca tivera
em seu pescoço antes. Chocou-a quando o medo a dominou numa onda
brutal, sua loba dizendo para não se mover, para não incitar o predador que
tinha os dentes tão perto de sua carótida, sua jugular.
Ele ouviu o rápido gaguejar de seu coração, sentiu seu incipiente pânico,
porque levantou a cabeça imediatamente. — Não estou exigindo submissão.
— Era um grunhido irritado. — Quando, e se eu fizer, será porque estaremos
brincando no quarto. Entendeu?
A loba de Grace estremeceu com a raiva na voz dele... Mas também estava
ciente da maneira protetora que continuou segurando-a. — Como seria se um
lobo alfa fosse para sua garganta? — Ela disse em vez de recuar.
Cooper sorriu, de forma lenta e ampla, porque não havia nenhum medo
nessas palavras, apenas indignação feminina. Se tivesse que fazer Grace ficar
louca para fazer com que esquecesse o desequilíbrio da dominância entre
eles, ele a frustraria, provocaria e a incomodaria tanto quanto possível. —
Diria a Hawke que ele não era meu tipo.
Olhando para ele, enfiou a cabeça contra seu peito. Ele se permitiu sorrir, seu
lobo presunçoso. Grace talvez não percebesse, mas deram um grande passo
em seu relacionamento. Muito em breve ele teria sua engenheira rosnando
para ele na cama enquanto raspava as unhas nas costas dela.
Estava frio lá fora, e não gostava que estivesse desconfortável, mas teve a
percepção súbita de que sua amante submissa tentava preparar as coisas para
que fosse muito menos propensa a entrar em pânico. Saindo, foi encontrá-la
na frente do carro. Já podia ver tensão nos movimentos
dela. Não lhe dando tempo para nervosismo, ele a pegou e a colocou no capô,
movendo-se para ficar entre as pernas dela.
Mas então sua doce, sexy e incrivelmente forte Grace, disse: — Posso beijar
seu pescoço?
Estremecendo com o prazer de sentir a língua dela sair para prová-lo, deixou
o lobo ressoar em seu peito, sentindo a excitação dela perfumar o ar. — Eu
quero te lamber, — ele disse, tocando os dedos de sua mão livre sobre o
quadril dela. — Abra suas coxas e chupe, morda e prove até que goze.
Ele sentiu suas coxas tensas quando ela o apertou, olhos castanhos nebulosos
se encontrando com os dele por um instante cegante quando ela levantou a
cabeça do pescoço dele... Para se inclinar um pouco atrás e arquear a garganta
num ato de confiança consciente que o humilhou. Estremecendo, passou um
dedo pela esbelta coluna. — Tanta pele bonita, tão fácil de marcar. — Ele
acariciou novamente. — Eu deveria chupar fortemente, Grace? Deixar um
hematoma que ninguém confundirá?
Ela choramingou, mas não mudou de posição, e aquele som, não foi de
submissão medrosa.
— Acho que você gosta da ideia. — Inclinando-se, passou a língua por seu
pulso, levando o cheiro erótico dela para seus pulmões. — E se eu fizesse a
mesma coisa com esses belos seios, hmm? — Um roçar das pontas dos dedos
sobre um montículo maduro. — Essas marcas especiais seriam apenas para
meus olhos. Lamberia cada um até que murchasse, sugando o outro.
Mas sabia que ela não estava pronta, não estava no ponto onde confiava nele
não só na frente dela, mas em suas costas. Ele queria tudo antes de jogá-la na
cama, porque não havia como resistir ao cumprimento de suas fantasias sobre
vê-la se mover contra ele enquanto a montava.
Dedos quentes na nuca. — Por que raspou a maior parte de seu cabelo?
Ele não era um homem vaidoso, mas gostava de ser acariciado por Grace. —
Por conveniência.
— Sim, acho que ainda sou um pouco idiota. — Ele segurou o rosto dela
contra ele e sibilou um suspiro quando ela mordeu seu pulso. —
Suas coxas se espremeram... E desta vez, quando ela inclinou a cabeça para
trás, havia apenas antecipação no arco de sua espinha.
Foi quando ele sentiu o uivo selvagem de seu lobo, soando o início da dança
de acasalamento.
Capítulo Dez
Feliz, excitada e um pouco aterrorizada – como uma mulher que sabe que um
homem sexy e perigoso estaria logo em sua cama – ela foi trabalhar com um
sorriso no rosto, pronta para lidar com as provocações.
O que não estava pronta era para ver seu irmão e irmã aparecer.
Não somente isso, é um tenente com uma reputação de ser um total fodão.
Slender Rev foi mais elegante na escolha de palavras, mas não menos
violento em seu repúdio. — Precisa de alguém gentil, alguém que saiba tratar
sua loba com cuidado. Graças a Deus, conversamos com o
papai para não vir conosco, ele estaria pronto para derramar sangue depois de
ver esse hematoma no seu pescoço.
Quando ela abriu a boca para apontar que o hematoma era uma mordida de
amor muito bem-vinda e que viu algo muito parecido nas gargantas das
várias amantes de Revel, sua irmã virou, então cruzou os braços e esperou.
Pia acabaria ficando sem energia, ou pausaria para recuperar o fôlego.
Enquanto isso, Rev esperava a resposta de Grace para refutar suas palavras.
Era um padrão agravantemente familiar – mas ela sabia que os idiotas
estavam apavorados porque a amavam.
— Qual é o problema?
A resposta dele foi colocá-la atrás da parede de músculo que era seu corpo.
— Vocês, — suas palavras foram dirigidas a Pia e Ver, — têm três segundos
para explicar por que ousaram colocar as mãos nela.
— Ela é nossa irmã. — Toda cabelos negros e olhos de lobo, Pia era
magnífica em sua raiva – também seria picadinha se Cooper se ofendesse
com a agressão dela. — E não tem o direito de usar sua posição para forçá-la
a compartilhar privilégios de pele.
Grace queria bater a cabeça dela contra uma montanha de tijolos por aquela
feia declaração de sua irmã de coração generoso, por falar antes
Eles pararam, choque sem verniz em suas expressões. Grace nunca gritou.
Não com eles.
Satisfeita por ter ganhado uma fração mais de tempo, com os pés ainda
fincados no chão, inclinou-se, e fez a coisa mais corajosa que já fizera em sua
vida. Mordeu fortemente a mandíbula de Cooper... E não obteve resposta,
além de um grunhido ligeiramente irritado, o olhar dele fixo em seus irmãos.
— Cooper, — disse, cavando suas garras mais profundamente na carne dele,
— Você me ignora agora e é isso. Estamos terminados.
Olhos amarelos a encaravam, e ela sabia que o lobo escutava, mas não estava
convencido, especialmente quando seus irmãos continuavam gritando no
fundo.
Uma pausa, então... — Eu diria que ela deu à luz a filhotes estúpidos.
Rosnados sombrios dos filhotes em questão, mas sabia que o perigo havia
passado. A resposta de Cooper foi nítida, sarcástica. — Obrigada, —
sussurrou, porque esse lobo dominante lhe dera um presente, desde que seu
instinto era responder a qualquer desafio com uma demonstração de violenta
força.
Suas palavras seguintes foram subvocais, apenas para os ouvidos dela. —
Gosto de suas garras. Da próxima vez, use-as nas minhas costas enquanto
estiver dentro de você. — Envolvendo um braço em torno de sua cintura após
esse pedido malicioso, a colocou ao lado dele, ignorando suas tentativas de
verificar o dano que fez nos antebraços dele.
Ele a soltou, mas ela sentiu que os olhos dele observavam-na a cada passo do
caminho quando entrou nos braços de Revel, apertando-o com força, fazendo
o mesmo com Pia. Antes que pudesse falar, explicar para eles por que sua
relação com Cooper a fazia tão, tão feliz, Revel a empurrou para trás, seus
olhos acenando para Cooper por cima do ombro.
— Merda, — ele murmurou, mas não baixo o suficiente para que ela não
ouvisse. — Vamos, Pia. Precisamos pegar esse ônibus.
Grace olhou enquanto eles desapareciam nas árvores, uma suspeita sombria
se formando em seu interior. Havia apenas uma coisa que eliminaria a
preocupação protetora de seus irmãos com uma eficácia tão absoluta. —
Cooper, estamos na dança de acasalamento? — O macho sempre sabia
quando a dança começava, e mais do que alguns deles estavam menos do que
inclinados a dizer a parte feminina até que a dita fêmea estivesse demasiado
empenhada em recuar.
— Se estivermos? — Um desafio.
Então ele sorriu. — Não tem medo do lobo grande e ruim, Grace.
— Pare.
Durante a luta, estava naquele modo protetor, onde uma submissa poderia se
tornar estranhamente feroz, o corpo cheio de adrenalina.
Mas o fato era que ela só lhe oferecera sua garganta ontem à noite.
Era muito cedo para esperar mais, qualquer demanda capaz de empurrá-la em
submissão instintiva que marcaria os dois. — Sinto muito. — Ele
Dedos em seus lábios. — Não tenho medo de sua raiva, — ela sussurrou; os
olhos se agitando para encontrar os dele por um único e brilhante instante. —
De fato, — um sorriso lento, — Estou orgulhosa por ter parado um tenente e
o forçado a me .
Um beijo no nariz que lhe disse que era totalmente maliciosa, mesmo quando
suas mãos acariciavam os cortes já cicatrizados. — Mas no fundo, — ela
continuou, — A loba já sabia que você é feito para proteger, em vez de
machucar aqueles como eu. O resto... Os privilégios íntimos de pele... Isso é
novo, inesperado, e a vulnerabilidade que pede... Assusta minha loba até que
ela se esqueça do que já compartilhamos e recua nas regras da hierarquia.
Por mais que quisesse usar as próprias mãos, as manteve no tronco da árvore,
e apesar do fato de usar sua marca na garganta, não tentou mover a boca para
aquela área sensível. Não hoje, quando inadvertidamente assustou a loba dela
em sua impaciência. Hoje, ele a beijaria... E planejaria o próximo passo em
sua dança de acasalamento.
*****
Chegando em casa depois de um turno de meia-noite a seis no perímetro,
Cooper caiu por algumas horas. Sentia como se o pesadelo o
Quando finalmente se atreveu a ir até ela naquela tarde, seus olhos dançaram
para ele e teve que roubar um beijo, apertando seus quadris o tempo todo. O
toque dela aqueceu os lugares gelados em seu interior que nenhuma
quantidade de água quente podia alcançar, seus dedos macios contra a
bochecha dele. — Não dormiu bem. — Ela escovou as manchas sob seus
olhos, um franzir de testa.
— Sim, vou dormir cedo esta noite... A menos que queira rastejar na cama
comigo? Então tenho certeza que poderia estar motivado para ficar acordado.
— O que?
Quase quebrou, mas não podia, ele não a mancharia com sua dor, não queria
que se sentisse enjaulada pela necessidade dele. — Por que você não fala
comigo? Ouvi dizer que sairá com sua equipe de engenharia.
Sabia que não. Ele também sabia que essa era sua cruz para suportar. — Não
há nada com que se preocupar.
A noite foi excruciante. Voltando do bar, ele e Shamus ficaram presos num
engarrafamento causado por algum tipo de protesto e não voltaram para a
toca até às onze horas. Consciente de que era tarde demais para acordar
Grace, ele, no entanto, passou pelos aposentos dela, esperando contra toda
esperança ver luz debaixo da porta. Mas ela estava dormindo... Ou não. E não
havia ninguém que pudesse perguntar para confirmar sem revelar demais,
então, em vez disso esperou o amanhecer e voltou para levá-la para o café da
manhã.
Quando a abraçou demoradamente, ela soube que algo estava muito errado.
Ele esquivou-se das perguntas dela novamente, embora soubesse que não
poderia seguir assim para sempre. Mas hoje, só queria
— Os boatos são que ela tem você enrolado em torno de seu dedo,
— seu alfa disse a ele dois dias depois, um olhar divertido em olhos tão
claros, que eram como os de um husky em forma humana. — Estão
apostando no que fará para cortejá-la. Ouvi falar do violinista.
— Esta matilha tem muito tempo em suas mãos, — Cooper murmurou, mas
mesmo privado de sono como estava, tinha muito bom humor para ficar
louco. Porque Grace o deixava persegui-la – e seu lobo adorava um desafio.
*****
Vivienne assobiou ao lado dela. — Oh, agora o homem está jogando duro.
Grace ouviu falar das tendências exibicionistas dos lobos machos durante a
dança de acasalamento, mas Cooper sabia muito bem que ela era tímida sobre
certas coisas. — Vou matá-lo, — ela murmurou, tentando evitar os olhos do
chefe e Paul enquanto passavam pelo escritório dela pela terceira vez, os
pescoços se esticando.
Alguém bateu.
Quando Vivienne franziu o cenho e abriu a porta uma fração, Emma enfiou a
cabeça para dentro, a lustrosa escuridão de seu Chanel balançando em sua
bochecha. — Tive tempo antes de uma aula, e ouvi...
O estômago de Grace deu uma pequena volta. Meu cara. Isso soava
agradável. Gostaria de chamar Cooper de seu cara. Após matá-lo. — Ele
poderia mandar entregar no meu quarto.
— Por favor, Grace. — Vivienne bufou. — A lingerie pode ser para você,
mas a mensagem é para todos os outros. Mãos fora da Grace sexy.
Grace olhou para ela enquanto Emma se derretia em risos... Mas quando
Vivienne começou a bater no peito, mostrando os dentes, tudo acabou.
Alguns minutos depois, enxugou as lágrimas de seus olhos e, cedendo às suas
aduladoras, puxou a fita. — Respire uma palavra do que está dentro e vou me
certificar de que a iluminação do seu quarto fique presa no brilhante sol do
meio-dia toda a semana.
— Feito.
Emma hesitou. — Posso contar a Shamus? Por favor. — Ela apertou as mãos.
— Poderia, você sabe, dar ideias para ele.
— Nenhuma palavra.
— Ok, ok. — Fazendo mímica de fechar seus lábios, a outra mulher disse: —
Abra-a antes que eu exploda.
Grace acariciou a roupa, apaixonada. Nunca a teria comprado para ela, teria
considerado muito luxo, muito caro. — Talvez eu não o mate, —
— Não vai abrir os outros pacotes? — Ela apontou para dentro da caixa.
Suas
amigas
fizeram
sons
desapontados,
mendigando
— Eu, — ela murmurou para ele mais tarde naquela noite, enquanto o
montava no banco traseiro do SUV que ele tirou da garagem,
— Preciso estar de muito, muito, muito bom humor para usar aquela
camisola. Poderia muito bem ser feita de tecido. — Em vez de delicadas
rendas vermelhas que cobriam seus seios e deslizavam sobre seu abdômen
sem a intenção de esconder nada.
— Isso é porque estão na parte de trás. — Deixando claro que não era uma
peça de vestuário que uma mulher colocaria ou tiraria sozinha.
— Esperemos que não muito. — Ele puxou até o joelho a ponta da saia
esvoaçante que ela vestiu nesta noite, numa decisão consciente que a fez se
sentir travessa da maneira mais adulta. — Diga que a está usando.
Com o coração batendo na garganta, ela balançou a cabeça... Sua mão subiu
lentamente, tão lentamente, amontoando a saia cada vez mais alto acima de
suas coxas. A respiração de Cooper era áspera, alta no interior do SUV, seus
olhos um amarelo selvagem que rastreava cada centímetro que descobria. Era
intoxicante, seu desejo cru a fazia se sentir como uma sereia sexual, quando
sempre pensou que sua sensualidade era uma chama suave.
Não havia nada gentil com sua necessidade ou sua possessividade em relação
a Cooper. Ele podia excitá-la com uma palavra, um olhar, e ela ansiava que
ele completasse sua reivindicação, seu corpo num estado constante de
prontidão. Não demoraria muito, pensou ela, antes que sua loba desse esse
último passo em absoluta e incessante confiança.
Com a pele úmida de suor, ela manteve a saia onde estava. — Qual é o meu
incentivo?
Suas pernas tremeram. Deixando cair a saia, ela se inclinou até que bateu nas
costas do banco da frente, seu peito subindo e descendo enquanto lutava para
aspirar ar suficiente para limpar a neblina em sua mente.
— Então me deixe defender meu caso. — Mantendo seu olhar, ele a segurou.
Removendo a mão, ele a colocou contra o corpo dele, uma mão segurando
sua nuca, a outra em suas costas. Ela envolveu os braços ao redor do pescoço
dele e respirou a terra rica e âmbar escuro de seu cheiro, sua loba esfregando
suavemente contra o dele num silencioso pedido de desculpas.
A resposta dele foi um rosnado baixo. — É minha culpa por ter comprado
aquelas calcinhas.
Colocando a cabeça contra o ombro dele, acariciou seu peito bonito. — Sim,
— ela concordou, — É.
*****
A hora, Grace pensou, não podia ser pior. A região se encaminhava para uma
nova tempestade, com previsão de acontecer nesta noite. Estava destinada a
ser tão ruim que uma equipe foi despachada para trazer para a toca os lobos
selvagens que compartilhavam o território, a fim de passarem a noite. —
Elizabeth e Diego estão lá em cima? — Ela perguntou, referindo-se aos dois
técnicos sêniores da estação.
— Sugeri isso, mas Elizabeth diz que se deixarem o problema pode acabar
prejudicando a estação, levando semanas para consertar. Se isso acontecer,
então dependeremos das baterias de reserva nos sistemas críticos – os
geradores só devem funcionar por alguns dias, no máximo, —
Grace sabia que mesmo com a matilha pedindo pressa ao fabricante dos
painéis especialmente calibrados, levaria pelo menos mais uma semana para
conseguir tudo no lugar. — Paul é nosso especialista em ar, — ela disse,
odiando a ideia de enviar qualquer um de seu pessoal com este tempo.
— Tentei com ele, mas não está nos aposentos dele e não fez um
cronograma. Achei que poderia saber onde está trabalhando.
Foi quando Grace lembrou por que não viu Paul hoje. — Droga, eu esqueci.
Dei-lhe dois dias de folga para que pudesse ir à festa de aniversário do seu
pai em Los Angeles. Saiu esta manhã.
— E Jenson?
— Ela franziu o cenho. — Jenson deve ser capaz de lidar com qualquer coisa
aqui, mas chame Paul em L.A. e o tenha fornecendo apoio remoto e
orientação. Se não conseguir localizar Paul, chame Zang na toca de San
Rafael ou Shae na toca principal.
Dez minutos depois, ela jogou uma bolsa para a noite numa caminhonete e
enviou uma mensagem a Cooper.
Capítulo Doze
Ela estava a vinte minutos de distância quando ele ligou para o sistema do
carro.
— Você fique seguro também. — Ela sabia que ele seria o primeiro a sair na
tempestade se acontecesse alguma coisa. — Tem um telefone por satélite? —
Provando o ditado de que o problema vinha em três, a principal torre de
comunicações caiu a quarenta minutos, deixando uma enorme zona morta até
a recepção móvel normalizar. A única boa notícia era que, graças ao
cabeamento subterrâneo, as linhas conectadas da toca permaneciam
funcionais.
— Sim. Você?
Idem.
Esqueci o meu na pressa de chegar até aqui, mas Diego é mais organizado...
Como era seu único meio de comunicação com a toca, decidiram voltar para
a agora noite escura a fim de procurá-lo – apenas para serem empurrados para
dentro pela força do vento, o qual transformava até mesmo o menor objeto
num torpedo. Um pesado galho quebrado quase arrancou a cabeça de
Elizabeth se Grace não a tirasse do caminho.
Os outros dois riram, mas foi construído ao lado de uma pequena colina, com
apenas uma porta para mostrar que estava lá, o posto de controle não tinha
janelas. Todos os três sabiam que com as falhas imprevisíveis do ar, não
havia como saber com certeza quanto ar respirável era deixado nas entranhas
da instalação, dois níveis abaixo daqui... Cuja área abrigava o sofisticado
computrônico necessário para operar a Estação de água.
*****
Bile cobriu a garganta de Cooper, um suor frio escorrendo pela sua coluna.
— Vou lá em cima. Você está no comando. — Sabia que o soldado sênior
poderia lidar com qualquer coisa que ocorresse em sua ausência.
— Jesus, Cooper. Seja sensato.
Ele acenou com a cabeça, incapaz de expressar o pensamento que era uma
navalha em sua garganta.
Sabia que era estúpido, que mesmo que algo tivesse saído errado na estação,
envolveria sufocação lenta conforme o ar se transformava em veneno, não
uma explosão. Não importava. Fogo era seu horror e era o que o assombrava.
Crash!
Girando o volante, quase não evitou que a árvore esmagasse a terra, os olhos
de seu lobo varrendo o vento – e a chuva – estreitados para sinais de mais
perigo.
Foram as três horas mais agonizantes de sua vida adulta, a jornada levando o
dobro do tempo. Quando parou diante da porta da estação de controle, foi
para ver o veículo que sabia que Grace tirou da garagem virado e quebrado
numa árvore.
*****
Ela o reparou, sabia que este pelo menos funcionava bem agora.
A mãe lobo rosnou, mas um único rosnado violento de Cooper e ela recuou,
envolvendo-se protetoramente ao redor de seus bebês.
Lágrimas borrando seus olhos, ela o abraçou o mais forte que pôde.
— Não deveria ter dirigido até aqui. Não deveria. — O medo por ele fazia
seu coração falhar, a loba empurrando a pele dela para se aproximar dele.
Quando Cooper recuou e olhou ao redor, seu olhar ainda desumano, ela
encontrou o fôlego para dizer. — Eles estão dormindo. —
— Nós três conversamos sobre isso, — ela disse, falando para preencher o
terrível silêncio, — E decidimos não ir para o centro computrônico. Se a
estação falhar e o banco perder a força, não será um desastre total – somos
lobos, lidaremos com isso, e sempre poderemos arranjar algo, se necessário,
em lugares como a enfermaria.
Ela tentou não olhar fixamente o marrom escuro da pele de Cooper enquanto
ele se despia, envolvia a toalha em torno de seus quadris, e vinha se sentar ao
lado dela. Ainda sem dizer uma palavra, ele a pegou e a colocou no colo. —
Você não ligou.
Parecia demorar muito para a pele dele se aquecer, a rígida tensão de seus
músculos se dissolvendo. — Vai me dizer? — Ela perguntou, esfregando a
bochecha contra a dele quando ele finalmente relaxou no abraço nela.
Ele não falou por um longo tempo, mas ela não empurrou suas defesas. Não
agora, não quando estava tão vulnerável. Em vez disso, continuou tocando-o,
acalmando-o. — Está tudo bem, — ela murmurou.
Ele balançou a cabeça. — Não... Está na hora. — Uma aspereza na voz dele,
as palavras seguintes vibrando com emoção antiga. — Quando eu tinha
dezesseis anos, meus pais saíram do estado para um casamento.
hambúrgueres. Então minha mãe deixou escapar que fez minhas pizzas
favoritas, congelando os pacotes, e meu pai colocou créditos duplos em
minha conta de jogos, mesmo não os tendo ganhado fazendo tarefas extras.
Grace podia o amor dele por seus pais em cada palavra. — Que sorte.
Sabia que algo horrível estava chegando, mas não interrompeu, sabendo que
ele precisava que ouvisse, compreendesse.
Ela quase podia vê-lo, um jovem esguio, seus olhos sonolentos quando se
despediu dos pais.
— Disse para mim que estava sendo estúpido por estar tão preocupado, mas
havia esta pedra no meu estômago que ficava cada vez mais pesada. Entrei
em contato com os idosos da matilha e tentaram
também, eles entraram em contato com os policiais para ver se uma estação
de pedágio registrou o carro dos meus pais quando passaram, mas... Nada.
Palavras ásperas. — Foi o tempo que esperei que voltassem para casa antes
do veículo deles ser encontrado na parte de baixo de um desfiladeiro.
Umidade contra seu pescoço, uma das mãos dele apertada em seu cabelo. —
Eles pegaram um desvio ao longo de uma estrada rural com quase nenhum
tráfego. O carro estava de acordo com as especificações de segurança, tinha
toda a tecnologia anti-derrapante, anti-colisão, mas algo os fez desviar para a
barreira – talvez um animal – e o carro explodiu quando atingiu o fundo da
ravina. Não deveria. Um acidente estranho, disseram as autoridades.
Disseram-me que meus pais deviam ter morrido no impacto, mas podia ver
que não podiam ter certeza. O fogo…
Cooper levantou a cabeça, segurou seu olhar com os olhos apagados. — Terá
um telefone via satélite, e se o esquecer, nunca vou perdoá-la.
Pela primeira vez, foi ele quem quebrou o penetrante contato visual.
— Não. Prometi a mim mesmo que não faria isso – não quero controlar você,
Grace. — Ela passou o polegar pelas bochechas dele, enxugando os restos
das lágrimas. — Sei que o problema é meu, então se quiser sair e
Ela ouviu o fio tenso na voz dele e soube o que o silêncio dela custaria a ele,
soube que ele nunca a responsabilizaria. — Isso não me incomoda, Cooper.
— Honesta em sua escolha, ela o beijou, os ombros dele como seda quente
sob suas mãos. — Gosto de ser cuidada, de saber que é atento comigo.
Isso fazia com que sua loba se sentisse segura no nível mais íntimo, e não
tinha nenhum problema com quem ela era, o que a fazia feliz – e uma dessas
coisas era dar ao seu homem o que precisava para sentir o mesmo. — Mesmo
se estivermos brigados, vou enviar mensagens de texto mal-humoradas de
vez em quando. Minha maneira de cuidar de você. —
Como era parte da personalidade dele protegê-la. — Avise-me, ok? Não faça
essa coisa de dominante orgulhoso e venha louco para cima de mim.
Deus, Cooper pensou, ela era linda. Pegando algo que quase o esmagara,
ameaçando destruir seu orgulho, e transformando para que fosse ele quem lhe
desse um presente. — Como ficou tão forte, Grace? —
Forte o suficiente para não se preocupar em ser vista como fraca por aqueles
que não sabiam melhor, não entendiam a beleza de seu espírito.
O sorriso dela foi lento e só para ele. — Eu tenho que ser – pretendo bancar a
menina má com um tenente.
Totalmente escravizado por ela, ele correu os dedos sob a borda da camiseta
dela, tocando a pele macia e sedosa, o contato aliviando a agonia da memória.
— Algum tenente em particular?
— Retire isso. — Sabia que ela brincava com ele num esforço para diminuir
sua dor e a amou ainda mais por isso.
— Grr. — Ele beliscou o pescoço dela, lembrando tarde demais que deveria
ter cuidado com aquele ponto vulnerável... Mas ela riu, então deu um tapa na
boca.
Capítulo Treze
Cooper correu a mão pelo corpo dela, tão encantado que não se importava
com quem os ouvia, a sombra persistente de dor eclipsada por uma alegria
abrasadora. — Qual meu incentivo? — Ele perguntou, deleitando-se com o
cheiro dela. Mulher morna e luxúria pura. A mulher dele.
Uma mão curvada sobre sua nuca, dedos tocando seus lábios. —
Cooper.
Essa voz, esse tom. — Uh-uh, — ele disse, com a garganta seca. —
Não vai me seduzir nesta pequena cama. — Ele queria levar seu tempo com
ela, queria que ela se sentisse livre para gritar.
E sabia que estava perdido. Rosnando baixo em sua garganta, mais uma
vibração que som, abaixou e acomodou sua ereção, a toalha perdida há muito
tempo. Não foi por prazer, mas forçou-se a desacelerar. Nenhuma fêmea loba
ficaria impressionada por um homem que se derramava sobre ela em seu
primeiro toque.
Ele já tinha a mão e a boca em sua carne madura; tão cremosa, cheia e
tentadora. Ela tremeu sob ele, a mão segurando sua nuca e um grito sufocado
escapou da boca dela. Respirando pesadamente, ele se levantou, exigindo um
beijo enquanto acariciava e alisava um dos seios, e recebeu.
— Estou prestes a gozar como um estudante, — ele disse, e poderia ser uma
confissão embaraçosa... Se Grace não tivesse relaxado ainda mais e esticado a
mão para curvar os dedos em torno da dura evidência de sua necessidade.
Não era descarado, mas tampouco era hesitante. Não, era o aperto possessivo
de uma mulher que sabia que podia reivindicar qualquer privilégio de pele
que quisesse quando se tratasse dele.
O orgasmo rasgou sobre sua espinha, curvou suas costas, pulso após o pulso
perfurando através de seu corpo.
Com a respiração pesada no rescaldo, lutou para não cair sobre ela. — Te
deixei pegajosa.
Ele empurrou na mão dela novamente, sua ereção perto da força total mais
uma vez. E pensou que poderia passar a noite toda com ela, mas tinha outras
prioridades. Forçando-se a levantar, usou a camiseta ainda úmida para limpar
a evidência de seu desejo. Grace o observou com olhos preguiçosos o tempo
todo e quando ele jogou a camiseta de lado para mover as mãos para o botão
do jeans dela, ela afundou os dentes em seu lábio e levantou os quadris do
lençol para que ele pudesse puxá-los, os jogando de lado.
Suas calcinhas eram pretas como o sutiã, mas de renda em vez de algodão,
insinuando os cachos escuros abaixo. Movendo-se para o pé da cama, abriu
as coxas e se acomodou entre elas, respirando fundo seu almíscar. — Quero
te devorar, Grace, — ele murmurou, apertando um beijo no umbigo enquanto
levantava as pernas ao redor de seus ombros, seu olhar contemplando aqueles
gloriosos seios para os quais ele tinha planos.
Ele sorriu. — Falo demais e faço muito pouco? — Ele murmurou, usando
uma garra para cortar a lateral da calcinha para que pudesse arrancá-las. —
Deixe-me lamber melhor.
Ela respirou fundo. — Gosto das coisas que diz. — Uma sussurrada admissão
que o desfez.
— Você é tão bonita aqui, Grace. — Ele acariciou seu umbigo antes de
levantar a cabeça e deslizar as mãos sob as nádegas para incliná-la até a boca.
Usando os polegares, a abriu para ele. — Tão cor-de-rosa, molhada e
carnuda.
mas pela maneira como estava fundida contra sua língua, sabia que não.
Mudando seu apoio para os joelhos, abriu as coxas ainda mais e festejou no
gosto de Grace. Quando ela começou a gozar, usou uma das mãos para
levantar o lado do travesseiro para que pudesse enterrar o rosto nele e abafar
seus gritos; ele lambeu e sugou-a através do prazer, em seguida, inseriu um
único dedo em sua fenda.
Olhando para cima, ele se assegurou de que estava com ele antes de empurrar
novamente e novamente. Uma nova mancha cobria seu dedo.
Ele a removeu e usou a boca sobre ela mais uma vez, tendo cuidado com seu
clitóris, o qual sabia que devia estar sensível. Mas ela não protestou, seu
corpo ondulando em direção a ele. A queixa veio quando ele parou. —
Cooper.
Soprando sobre a carne que provocara até a necessidade cremosa, ele disse:
— Quero estar dentro de você.
Um estremecimento ondulou sobre ela... E ela abriu as coxas para ele, os pés
na cama. Mordendo um som primitivo de prazer, ele se levantou sobre ela,
parando para chupar um mamilo. — Guardarei esses para mais tarde, — ele
disse quando soltou o mamilo duro para beijar seus lábios. —
Para a sobremesa. — Ele cutucou o calor dela com seu pênis, seu braço
apoiado ao lado da cabeça dela, a mão livre no quadril dela. Incitando-a a
envolver uma perna em torno de sua cintura, começou a empurrar, a olhando
fixamente.
Ela correu suas garras levemente pelas costas dele. — Sim. Oh, por favor,
não pare, Cooper.
O suor escorria pela sua testa, mas ele trancou os músculos no lugar. —
Preciso ver seus olhos, preciso saber que está realmente bem. —
Que isso não era submissão primordial, mas um ato de paixão, de entrega
consciente.
Ter ambos os lados da natureza dela dançando com ele, era o presente mais
magnífico que já recebeu. Acariciando-a e beijando-a, continuou
persuadindo-a a manter seu olhar enquanto se movia dentro dela. — Minha
linda e sexy Grace, — disse, e empurrou até o punho, suas bolas batendo na
carne dela.
O grunhido dela provocou uma forte vibração em seu peito, ele a ajustou e
começou a empurrar lenta e profundamente até que ela choramingou num
esforço desesperado para sufocar os gritos.
*****
O coração de Cooper ainda batia como a chuva lá fora quando caiu de costas,
levando Grace com ele, para que acabasse esparramada em seu peito.
Deslocando uma mão, ele a descansou na bunda, acariciando-a. Ela esfregou
o pé sobre a canela dele em resposta, circulando um de seus mamilos com a
ponta de um dedo preguiçoso. — Não quero ficar quieta da próxima vez.
Ele bateu na bunda brincalhão e respirou fundo para dizer: — Não teria que
ficar quieta neste momento se tivesse esperado.
— Você se arrepende?
— Acabei de ter um orgasmo que quase me matou, e tenho Grace nua como
cobertor. Sim, sinto muito.
Levantando para que pudesse olhar para o rosto dele, Grace olhou para ele,
então bateu no peito dele. — Sim. Absolutamente. Essa sou eu, uma mulher
que anda por aí compartilhando privilégios de pele com alguém que parece
triste. Contei sobre o engenheiro que quebrou sua ferramenta favorita no
outro dia? Tive que fazer com que ele tirasse a roupa e...
Ele terminou o discurso dela com um beijo risonho que fez as garras
femininas picar seu peito. — Desculpe, — ele disse, quando aquelas garras
cavaram uma fração mais profunda em advertência. — Sou homem.
Precisava perguntar.
Seu olhar se ergueu para ele novamente, um pouco tímido, mas sem medo em
nenhum sentido. — Eu acho... Só precisava saber que você precisava de mim
em algum nível. — Foi uma declaração dolorosamente honesta. — Você é
tão forte – minha loba entende o importante papel de uma submissa na
matilha, mas não conseguia entender o que poderia lhe dar, como poderia ser
sua parceira. — Uma mão segurando a bochecha dele. — Agora sei que não é
sobre poder, mas sobre coração, sobre amar.
Sua resistência quebrou. Ele caiu sobre ela, fez amor com ela novamente, e
desta vez, foi lento, cheio de promessas sussurradas e carícias, uma dança tão
bela que quebrou suas defesas restantes.
Talvez fosse por isso que adormeceu enrolado em volta dela depois.
Nunca saberia o que o acordou, mas se empurrou numa posição sentada para
ver que era pouco depois das quatro e meia. Desde que Grace continuava
dormindo, ele não gritara, e não tinha o mau gosto do pesadelo em sua boca.
Engolindo, foi até a porta que Grace pediu sonolenta para que deixasse
entreaberta, como precaução de segurança antes de dormir, e usou a luz do
corredor para verificar o indicador de ar portátil, confirmando que tudo estava
bem nesse ponto. Só então entrou no chuveiro minúsculo no final do corredor
para se lavar e respirar fundo algumas vezes.
Quando voltou para a cabine de dormir, Grace havia se deslocado, mas seus
olhos permaneciam fechados. Movendo-se com o máximo de furtividade
possível, encontrou seu jeans, puxou-os, o material duro, mas usável. No
entanto, pensou, poderia muito bem voltar correndo em forma de lobo, uma
vez que planejava deixar seu telefone e veículo para Grace.
Seu tom ferido era uma flecha no coração dele. — A tempestade, querida.
Terá feito uma bagunça nas coisas. Ficarei amanhã à noite.
Piscando, ela olhou para ele por um longo tempo, e ele quase pôde ver as
rodas girando na cabeça dela. — Está sempre no escuro, tem muito mais
turnos noturnos do que deveria, e é claro que não dorme o suficiente.
Por quê?
Grace saiu da cama, o lençol enrolado ao redor dela como uma toga, e fechou
a porta completamente com um ruído silencioso. — Temos que falar sobre
isso.
Capítulo Catorze
— Eu lhe disse, — ele rosnou; calmo, mas inflexível, seus olhos batendo
contra os dela, a fúria neles uma coisa selvagem. — Basta deixar para lá. —
Sua dominância a empurrou.
— Não vou deixá-lo quando sei que algo está machucando você lá no fundo.
Quando ele abriu a boca para responder, ela continuou falando, suas palavras
um sussurro tenso enquanto lutava com o desejo de gritar.
— Acha que não sei como está privado de sono? Que não sinto a exaustão de
seu lobo? Conheço você, e sei que está com dor, então vai falar comigo.
Ele mostrou os dentes, ficando cara-a-cara com ela. — Aja como uma
maldita submissa.
Lágrimas picaram seus olhos por aquelas palavras mal-humoradas, mas não
eram lágrimas de dor ou mágoa. — Eu estou. Estou agindo como sua
submissa. — Aquela que sabia que ele morreria antes de esmagar seu
espírito, não importa se tal ato ganharia a discussão.
Grace passou a mão sobre o couro cabeludo dele, compreendendo por que
lutava tão amargamente contra dizer a ela. Para um dominante confessar tal
fraqueza, ele se sentiria desmascarado – e já estava emocionalmente cru
depois da noite passada. Mesmo agora, podia vê-lo se retirar, o lobo dele se
recusando a encontrar seu olhar.
Mas havia algo importante no que ele disse, algo que estava muito perto de
ver. — Disse que os pesadelos começaram mais ou menos quando começou a
me cortejar seriamente.
— É porque eu importo, Cooper. — Isso fez seu coração doer por entender o
quanto. — Se preocupa comigo de uma maneira que não se preocupa com
ninguém desde que era menino.
Cooper não disse nada por muito tempo. — Sempre me preocuparei com
você.
— Idem. — Pressionando os dedos nos lábios dele, ela disse, — Mas talvez
os pesadelos não venham quando você souber, sem qualquer dúvida, que
estou sã e salva. Não posso estar mais segura do que em seus braços.
Ele não parecia convencido, mas não lutou contra ela quando pediu que
viesse para a cama dela novamente na noite seguinte. Ela sabia que ele não
dormia corretamente, determinado a manter a escuridão na baía, mas no
terceiro dia, estava tão exausto que caiu. Desta vez, foi Grace que não
dormiu. Sabia o que faria se ele acordasse gritando – então o beijaria ao
primeiro sinal de dificuldade, o seduziria até que esquecesse o que
originalmente perturbara seu sono.
Era a única resposta que tinha, e se falhasse, não sabia o que fariam. Cooper
estava tão orgulhoso, tão certo que o salvaria se não pudesse vencer a luta
contra os pesadelos, porque seu lobo via como uma luta. Precisava vencer
esse desafio, precisava proteger a mulher que era sua contra as sombras na
escuridão.
E acordou amoroso.
Ela sentiu os lábios dele se curvarem contra ela enquanto lambia a marca.
*****
Grace olhou para aquilo. Não tinha ideia de como levou essa coisa até o
quarto, muito menos como organizou para que a água estivesse na
temperatura perfeita quando chegasse em casa. Tirando as roupas, deslizou
dentro com um gemido de puro prazer. Ninguém poderia dizer que seu
homem não sabia como cortejar uma mulher – a matilha inteira se perguntava
por que levava seu amante em tal perseguição, mesmo aplaudindo sua tática.
O fato era que custava um nível agonizante de autocontrole de sua parte não
se render ao vínculo. Ela ficou cambaleando na manhã seguinte na estação,
mas depois da confissão dele sobre os pesadelos, sabia que precisava esperar,
não importa se a fome do vínculo com ele fosse uma dor constante dentro
dela. Nunca queria que ele se perguntasse por que aceitou o vínculo, que
tivesse feito isso só para que sempre soubesse que estava segura.
Ele esteve um pouco trêmulo nos primeiros dias, seu lobo esperando o
machado cair. Mas como as noites continuaram passando, sem sonhos e
pacíficas, ele começou a ficar exasperado pela resistência dela ao vínculo. Ela
dançou de alegria quando ele reiniciou sua campanha implacável, cheia de
entregas de românticos chocolates artesanais...
Inscritos com favores sexuais nas costas; a súbita aparição de uma nova
ferramenta cobiçada em sua caixa de ferramentas; e pedidos diários de
canções de amor na estação de rádio interna SnowDancer, que tinha todos
Sua favorita era a que ele dedicou a: A loba obstinada que pensa que eu
deveria aprender o significado da paciência. Uma pausa antes de seu rosnar
se tornar sedoso. Embora ontem à noite tenha ameaçado me matar quando
tentei demonstrar quão bom aprendiz eu sou.
Cooper agachou depois que o último soldado partiu, acariciando a mão pelas
suas costas. — Você é uma loba bonita, Grace.
Dê-me um minuto.
Levou menos do que isso para tirar e guardar as roupas na cavidade criada
pelas grossas raízes de uma gigante da floresta. Uma maravilha de luz e cor, e
se viu diante de um forte lobo que se tornara um familiar companheiro de
brincadeiras. Ele era pelo menos uma mão maior do que ela, talvez o dobro
de seu peso, os olhos cintilantes e a pele de um luxuriante vermelho escuro.
Ela estremeceu quando ele pressionou o corpo contra o dela, agindo de forma
tímida... Antes de se abaixar para agarrar o pescoço dele com os dentes. Ele
estalou seus próprios dentes num grunhido fingido e beliscou sua orelha
enquanto ela pulava para trás, fazendo-a soltar um barulho estridente.
Um riso lupino.
Rosnando, ela o atacou e rolaram na grama, lutando e chicoteando um ao
outro. Ela sabia que ele estava deixando-a brincar – ele era muito maior e
mais forte, não levaria um segundo para tomar o controle. Mas ela também
sabia que se divertia. Então, quando um galho chicoteando o distraiu, ela
fugiu.
Ele se moveu ao lado dela e soltou um oomph quando ela se jogou sobre ele
novamente, brincalhona como um filhote. — Olá, Cooper.
As bochechas dele vincaram enquanto ele ficava deitado de costas com ela
sobre ele. — Oi, Grace.
— O que?
Sua espinha se curvou quando o laço se encaixou no lugar, tão suave e feroz
como Grace. Jogando a cabeça para trás, ele uivou sua alegria, ouvindo os
lobos selvagens uivarem. E então ouviu sua Grace, a voz dela se fundindo
com a dele em harmonia, que era a canção deles do coração.
Superação.
O exército Pure Psy, formado por militantes Psy que acreditam que o
Protocolo do Silêncio é a salvação de sua raça, que a emoção é o inimigo, e
que os changelings, com seus corações selvagens, representam tudo que está
errado no mundo, foi derrotado. Quebrado nas asas de uma aliança que se
estendeu através das três raças que formam o triunvirato que é o mundo.
Humano.
Psy.
Changeling.
Capítulo Um
Lara acordou pele a pele com um corpo macho, longo e duro, a cabeça
enfiada debaixo do queixo, as mãos contra o peito, as pernas entrelaçadas
com as dele. Músculo magro e um calor masculino áspero a cercava, a
possuía.
Meu.
Isso foi o que seu companheiro lhe deu. E tinha toda a intenção de tirar
proveito, sua sede por ele infinita. Como poderia ser diferente quando era um
homem tão inteligente, perigoso, bonito? A leveza do sono não fazia nada
para esconder o fato de que era magro e forte. Ombros largos, abdômen
estriado, músculos rígidos, e uma vontade semelhante ao aço, este era um
homem que ficaria firme contra qualquer vento. E ele era dela, tocando-a com
uma devoção que era de tirar o fôlego em sua paixão, profundamente
honesto.
Ele era, ela pensou, um daqueles homens que só se tornariam melhores com a
idade, a força determinada de sua personalidade refletida em seu rosto. Dado
que já era o homem mais sexy que conhecia, estaria em sérios problemas com
o passar dos anos – um único olhar, e tinha a sensação de que dobraria como
espaguete cozido.
Lara não teria se incomodado em verificar a hora se não fosse por Marlee e
Toby, filhotes que estavam sob a proteção de Walker... E agora eram dela.
Sua família. Uma era a filha dele, o outro seu sobrinho, mas era pai de
ambos, esse homem disposto a desistir de sua vida pela pequena chance de
que as crianças encontrassem um refúgio em SnowDancer.
Corpo alinhado com o calor dele, ela correu o dedo através do cabelo dele e
perguntou, — As crianças estão bem?
Ele continuou acariciando as costas dela, os calos em sua palma criando atrito
sensual contra sua pele gananciosa.
A filha.
A sobrinha e sobrinho.
A irmã perdida.
O irmão.
Eles foram e eram uma família por causa de Walker, porque ele se recusou a
permitir que se fragmentassem, recusou-se a desistir de qualquer um deles,
seja o assassino de olhos frios ou a criança de coração partido.
— Marlee me disse que Ben está roncando em forma de lobo, ela o deixou
muito cansado.
Antes que pudesse dar voz aos seus pensamentos, os olhos de Walker
pegaram os dela, segurando-os. — Não sou susceptível de ser um
companheiro fácil.
A declaração rígida foi inesperada, mas sabia sua resposta, — Acho você
maravilhoso. Meu companheiro perfeito.
Empurrando-o antes que pudesse tomá-la como refém, os dentes de sua loba
desnudos num grunhido, ela segurou a glória do laço que veio de um lugar
além do medo ou dúvida, um lugar não manchado pelas sombras do passado.
No entanto, tudo que disse, foi, — Tudo bem, — porque ela conhecia
Walker. Ele estava marcado profundamente pela vida que viveu, pelas
escolhas que precisou fazer. Levaria tempo para confiar na felicidade, num
para sempre, onde já não andava sozinho. — Mas me prometa uma coisa?
— Gosto de sua calma. — Ele era tão centrado, tão sólido, que se tornou sua
âncora. — A única coisa que vai me machucar é se usar esse silêncio como
arma.
Ela sorriu e soube que mostrou tudo que sentia por ele, sua alma desnuda.
Alguns diriam que estava numa desvantagem enorme nessa relação, suas
emoções nuas enquanto ele estava protegido atrás de mil camadas de
controle, mas sabia de outra coisa. Nunca esqueceria o dia em que ele
entregou seu coração.
— Marlee, — ela disse com a garganta cheia de emoção, — Deve ter sido
uma surpresa. — A filha de Walker era conversadora, alegre e com uma
risada contagiante. Seu prazer com o mundo era tão aberto, tão inocente, que
parecia mais jovem que seus anos, mas Lara viu o trabalho escolar de Marlee
– a garota era incrivelmente inteligente. Ela simplesmente amava a vida.
— Não sei como ficou assim. — O sorriso fraco nos lábios dele se
desvaneceu enquanto falava. — Marlee, sabe, não era essa garota na Net.
Lara se lembrou do dia que a família Lauren entrou na toca, há mais de três
anos. Inconsciente na época, Marlee estava nos braços de Sienna, Toby nos
de Walker, o menino muito mais baixo e leve do que atualmente. Ambas
foram duramente atingidas pela reação de separação da PsyNet, a rede
psíquica que fornecia a raça Psy com o biofeedback necessário para a vida.
Também os mantinha presos, à mercê do Conselho e de um protocolo que
proibia alegria, afeto e amor. A única razão pela
Judd foi o primeiro que viu, seu olhar de assassino nunca se afastando dos
soldados SnowDancer, os olhos sombrios escoltando a família para a
enfermaria. Ela soubera imediatamente que mataria para proteger os outros.
Então seus olhos se uniram com aqueles verdes mais claros; viu a maneira
como o estranho segurava a criança nos braços, e compreendeu que este
homem poderia muito bem ser o mais perigoso, apesar de sua calma exterior.
Walker, Lara percebeu, teve que assistir por anos como sua filha foi instruída
a ser uma bem-educada peça na máquina PsyNet, seu espírito esmagado a
cada turno.
Envolvendo o rosto dele, ela disse: — Você a tirou, e se certificou que nunca
mais terá que silenciar sua personalidade novamente.
Lara riu, então ofegou conforme a mão dele se movia sobre suas curvas mais
baixas. — Vejo que está completamente acordado.
Iniciando um beijo quando ele a trouxe sobre seu corpo, seus mamilos
esfregando contra a abrasão de seu peito e uma das mãos dele apertando seus
cabelos, Lara pensava que esta era uma maneira fina e delicada de acordar de
uma soneca quando o comunicador tocou.
Ela gemeu, seu corpo chorando. — Preciso atender. — Como curandeira de
SnowDancer, nunca ignorava um alerta de comunicação.
— Não significa nada. Alguns dos jovens quebram uma perna, então não
usam o código de emergência porque podem aguentar a dor. —
Virando para ficar deitada de costas, ela esticou seu corpo frustrado sob
algum tipo de controle, quando Walker disse, — Sim? — Para o
comunicador.
Dentro dela, a loba de Lara ergueu a cabeça num uivo, feliz que mais e mais
jovens da matilha começaram a voltar para a toca das áreas seguras onde
resistiram à tempestade da batalha. — Continue, —
— Sei que deve estar exausta, — desculpas em cada sílaba, — Mas o filhote
com quem eu fui emparelhada não para de chorar porque a mãe e o pai não
estão aqui. Gostaria de entrar em contato com a creche, mas sei o quanto
Mason gosta de você...
quando seus ricos olhos castanhos nadavam enormes e molhados. — Sua mãe
e seu pai estão a caminho, — ela disse, certa que Walker teria assegurado
esse resultado. — Não estão feridos.
— Mamãe! Papai!
E embora soubesse que seu amor era forte como aço, nunca se dobraria ou
quebraria, seu coração doía quando se perguntava se algum dia lhe contaria
esses segredos... Ou se parte dele permaneceria para sempre fechada, para
sempre um mistério.
Capítulo Dois
— Poderia tomar banho aqui, — ela disse, sentindo-se insegura pela primeira
vez naquele dia, — Ou te encontrar depois para ir encontrar as crianças.
Ele fechou a distância entre eles, segurou seu maxilar, seu olhar direto. —
Você quer?
— Não. — Saiu rouco, nenhuma parte dela queria se separar dele.
Ainda não. Não quando o vínculo era tão novo, tão cru, chocando seus
sentidos cada vez que se conscientizava disso.
Um sorriso tranquilo que quebrou sua ansiedade, fez seu estômago apertar e
seus dedos do pé curvarem. — Nunca compartilhei um chuveiro antes, — ele
murmurou.
Não sabia como conseguiu chegar ao seu apartamento para pegar uma muda
de roupa. Porque conhecia aquele olhar nos olhos de seu companheiro. Era o
mesmo que viu antes de decidir explorar o conceito de sexo oral. A versão de
Walker de explorar a deixou uma pilha incoerente, trêmula e prazerosa de
geleia em forma de Lara.
Como provou mais uma vez no chuveiro, quando correu as mãos com
sabonete sobre seu corpo e murmurou que queria explorar a ideia de ter sexo
em pé. Não que Lara se importasse de estar presa ao azulejo molhado pelo
corpo duro de seu companheiro, as pernas travadas em
torno de seus quadris magros e água quente cascateando sobre eles enquanto
exploravam o conceito até o fim.
Sem surpresa, levou mais tempo para se vestir após saírem do chuveiro, seu
corpo desossado. — Por alguma razão, — ela disse, dando um beijo no
centro da nuca dele, antes de vestir uma camisa nova. —
Nunca esperei que você fosse tão físico. — Muito exigente naquela maneira
tranquila e determinada de Walker, que fazia cada célula feminina em seu
corpo cantar.
Ele passou um dedo sob a alça de seu sutiã quando ela o circulou para ficar
na frente dele, uma carícia leve, fácil. — Tenho uma vida de sensação para
recuperar o atraso. — Puxando-a mais perto com um puxão na alça, correu a
mão pelas costas dela. — Com você.
Oh cara. Ela realmente não tinha chance. — Pare com isso. — Saiu soando
menos que firme. — Crianças, lembra?
Toby, que parecia ter crescido um centímetro desde a última vez que o viu –
não havia mais nenhuma dúvida de que ficaria tão alto quanto seus tios – a
abraçou com braços finos, mas fortes, quando ela o encontrou chutando uma
bola do lado de fora, sua alegria em seu acasalamento não revelado. — Estou
realmente feliz por você ser nossa família agora, — ele disse. — Mesmo
naquele primeiro dia na enfermaria, quando estava com tanto medo de tudo,
nunca tive medo de você. — Palavras pungentes com a memória. — Suas
mãos eram gentis. Como as da minha mãe.
— A mãe de Toby lutou por ele até que o violento poder de seu dom
telepático a sugasse. Um dom que seu filho herdou, seus olhos o céu
O sorriso de Toby foi doce... Com um toque fino e delicado de malícia que
dizia que ele poderia se transformar num jovem diabólico. —
Você já me ama, ama todos os filhotes da matilha. Posso sentir isso. — Ele a
abraçou novamente, sussurrando, — Mas se quer amar especialmente Marlee
e eu, não vou dizer não.
Rindo, ela foi tirar o cabelo dos olhos dele quando Marlee surgiu com Walker
e correu para tentar abraçar Lara.
Toby riu do grito dela, mas era o riso bondoso de um irmão mais velho – e
era isso que era, independentemente da relação real entre eles –
Lara levantou o olhar com uma risada própria, pegando Walker observando
as crianças, sua expressão sombreada. Indo até ele, deslizou a mão na dele,
tocando os dedos de sua mão livre na suavidade de seu maxilar raspado até
que ele encontrou os olhos dela. — O Conselho nunca mais roubará o direito
deles de serem felizes.
Ele não disse nada, seu companheiro. Mas ela o amava, o conhecia... E sentia
a violenta profundidade das emoções dele no aperto dos braços que se
fechava ao redor dela.
O humor dele parecia muito mais leve no dia seguinte, e quando ele saiu para
fazer uma ronda na fronteira naquela noite, ele disse: — Você está estragando
eles. — O roçar dos nódulos contra sua bochecha, os lábios em sua orelha.
Brincando com os botões da camisa dele, seu peito largo e forte, ela disse: —
Está tudo bem, não é? Por apenas alguns dias? — Embora ela tivesse cuidado
de muitos filhotes, sempre foi de curta duração, onde não importava se ela era
indulgente. — Pensei que depois de tudo, mereciam um pouco mais de
mimos.
Então percebeu numa onda de prazer ósseo que ele podia. Sempre que
quisesse. Ela lhe deu esse direito. — Posso ver que terei que ser o resistente
aqui, — ele murmurou após ambos os corações se transformarem em trovões.
Ela franziu o cenho embora alisasse as mãos sobre o peito, de forma afetuosa
e possessiva. — Posso ser dura. Basta perguntar aos jovens.
tivesse. Sua filha aprendeu as duras realidades do mundo numa época em que
seu espírito deveria ser inocente, sem um único hematoma. Em vez disso, foi
chutada no coração pela própria pessoa que deveria a ter protegido acima de
todos os outros.
Nunca perdoaria Yelene pelo olhar quebrado nos olhos de seu bebê naquele
dia feio, meses após sua deserção, quando Marlee se virou para ele e disse:
— Papai, minha mãe não queria vir conosco?
Pela primeira vez na vida mentiu para sua filha, dizendo que Yelene não foi
capaz de sair a tempo. Não queria feri-la compartilhando a brutal verdade –
que Yelene apagou a filha de sua vida no instante em que se tornou uma
inconveniência perigosa. Mas Marlee, sua menina com a alma sábia, sacudiu
a cabeça e abraçou-o. — Está tudo bem, papai. Sei que ela não nos amava.
— Walker?
Ele engoliu a lembrança da raiva fria que o agarrou pelos dentes naquele dia,
enquanto segurava a filha, não querendo que o passado manchasse a
maravilha que era sua família, sua companheira. — É melhor ir ou chegarei
atrasado.
— Cuide-se, — Lara disse, seus olhos parecendo ver através dele, em lugares
que ela nunca alcançou.
— Sejam bons para Lara, — ele disse para as crianças enquanto ela o levava
até a porta.
— Papai!
— Tio Walker!
permaneceu nos lábios dele enquanto prosseguia para tomar sua posição no
perímetro. Embora não fizesse muitas vezes uma ronda de segurança, tendo a
missão de supervisionar a educação e o desenvolvimento geral dos garotos de
dez a treze anos, estava na lista de apoio. E com uma porcentagem
significativa dos sentinelas ainda nas zonas seguras que foram evacuadas,
fazia sentido seu serviço intensificar.
Eram bons garotos, pertenciam a ele tanto quanto aos pais deles. Essa era
uma verdade que levara muito tempo para entender – que todos cuidavam das
crianças em SnowDancer.
também colocava alguns na cama, quando necessário. Talvez não fosse tão
afeiçoado como um pai changeling, mas as crianças pareciam se sentir
seguras com ele, e isso era o que importava.
— Parte decano, parte professor, parte treinador, parte mãe, parte pai.
Foi assim que Hawke explicou a posição a Walker quando o alfa estendeu
pela primeira vez a oferta.
— Será responsável por certificar-se de que cada filhote navegue nesta época
de crescimento de uma maneira que deixe ele ou ela com as habilidades
necessárias para a próxima fase de seu desenvolvimento. Se for bom no que
faz, os filhotes o verão como outro pai.
— Sim, mas sou apenas um. É por isso que temos pessoas encarregadas de
todas as faixas etárias separadamente – de modo que uma criança ou jovem
nunca se sinta perdido ou isolado, mesmo que seus pais tenham que ficar
longe da toca.
Bom.
Quanto mais cedo esta terra começasse a curar, mais cedo Sienna seria capaz
de chegar a um acordo com o que fez. Porque enquanto sua sobrinha
colocava uma boa cara, sabia que as vidas que levou a assombrava. Que
fossem do inimigo não fazia diferença – e por isso Sienna conservava sua
alma diante de um poder que poderia muito bem tê-la corrompido de dentro
para fora, transformando-a numa presença tão maligna quanto a do
Conselheiro que a tomara quando criança e tentou transformá-la numa arma.
Uma aceitação brutal, feita sem desculpa, embora seu irmão mais novo fosse
um menino indefeso quando seus pais o entregaram aos horrores das salas de
treinamento do esquadrão. Nenhuma vez Walker ouviu Judd tentar justificar
suas ações letais como um Arrow. Não, seu irmão assumiu a
responsabilidade, carregou o peso, e ao fazê-lo, encontrou sua redenção.
Era uma ilusão, é claro, mas ainda... — Algo te fez feliz. — Mesmo agora,
era estranho dizer isso, reconhecer que seu irmão quebrou o frio silêncio
forjado nele pela aplicação implacável de dor e tortura; que era livre para
sentir, livre para amar.
O silêncio de Walker nunca foi tão puro, embora tivesse escondido as falhas
usando habilidades telepáticas tão sutis que ninguém o considerava uma
ameaça. Foi sua própria necessidade de esconder o fato de que morreria por
seu irmão e irmã... E mais tarde por sua filha, sua sobrinha, seu sobrinho que
o levaram a desenvolver e aperfeiçoar suas habilidades no mais delicado,
mais complexo dos enganos telepáticos.
Brenna, — ele disse, — Me fez sentar num desfile para encontrar o vestido
de noiva perfeito. Não só isso, ela insistiu para que eu desse opiniões sobre os
vestidos.
A imagem era incongruente, mas então, este Judd não era o mesmo Judd que
trabalhou friamente ao lado de Walker para garantir que sua deserção não
falhasse, pronto para parar corações, cortar gargantas, pegar reféns, o que
fosse necessário. Sua própria vida era uma consideração insignificante para
Judd, seus olhos mortos, sem esperança.
Por que esse desfile interessaria a Brenna? Walker perguntou, e era uma
conversa surreal para ter com seu irmão assassino... E ainda assim parecia
estranhamente bom. Como se fossem homens normais com vidas normais e
amores. Changelings não tendiam a escolher vestidos de casamento
tradicionais para seus casamentos ou cerimônias de emparelhamento. Brenna,
lembrava, usou um de seda azul-gelo com prata, o qual fascinou Marlee.
Tem opiniões?
Quando Judd sorriu de novo, Walker sentiu algo dentro dele finalmente
fechar seus olhos atentos. Judd poderia ser uma espada mortal, mas era o
irmão mais novo de Walker primeiro, dele para proteger.
Exceto que Walker não foi suficientemente forte, nem tinha idade
suficiente para impedir Judd de ser levado, de ser ferido até que estava quase
quebrado, o menino inocente que Walker conheceu uma vez sob a solidão
irritada de acreditar que foi abandonado por toda a sua família.
Ver seu irmão feliz, centrado, era um presente. — O que queria discutir?
— Já falei dos meus contatos com outros Arrows, — disse Judd no silêncio
noturno, — Mas lembra de Aden, especificamente?
Capítulo Três
Parecia frágil, com os ossos esticados contra a pele, mas aquele menino tinha
uma vontade semelhante a dos Lauren e uma mente que ecoava a do próprio
Walker – um telepata descartado como um poder porque sua habilidade era
tão sutil, tão bem afinada. Como Walker, Aden foi classificado
incorretamente, seu nível de poder muito, muito mais perigoso do que
indicado por sua classificação oficial.
Os olhos dele se arregalaram uma fração quando Aden percebeu que Walker
sabia a verdade. — Você contará? — A voz de uma criança, mas o olhar de
um antigo.
— Porque merece viver sem medo ou dor. Não posso te dar isso, mas posso
te dar uma arma, mostrar como usá-la para que possa lutar quando chegar a
hora.
Tantos dos mais jovens, suas emoções ainda não esmagadas sob o peso do
Silêncio, acabaram chorando em seus braços ante a pequena bondade. Ainda
podia sentir o peso de seus minúsculos corpos contra ele, suas lágrimas
encharcando a camisa dele, o condicionamento nascente fraturando dentro da
parede telepática de proteção formada por suas mentes... Liberdade por um
instante fugaz.
Aden, ele lembrou, nunca chorou, nunca quebrou... E nunca perdeu a alma.
— Ele costumava balançar a cabeça para mim quando eu tentava mantê-lo
depois da aula, — porque o menino tinha contusões que nenhuma criança
deveria ter, seu braço mostrando sinais de ter sido quebrado e curado várias
vezes, — E me dizia para manter uma das crianças mais novas.
— Sou mais forte. Vou sobreviver. Eles precisam de descanso mais do que
eu.
Lake foi quem levantou a cabeça, deu um aceno de cabeça para os dois.
Walker reconheceu a saudação com uma mão levantada quando Judd disse:
— É bom estar em casa, não é?
*****
Ele não discutiu, simplesmente acariciou-a com os dedos para verificar sua
prontidão antes de empurrar lento e fácil. Seu suspiro foi engolido num beijo,
seus mamilos esfregando contra os cabelos crespos em seu peito quando se
levantou o suficiente para tirar a camisola antes de retornar, até que estavam
pele a pele.
Era algo que percebeu sobre seu companheiro. Agora que ela quebrou as
barreiras que o mantinham tão distante, ele amava o contato com a pele, fosse
ou não sexual. Nunca se sentia à vontade com os privilégios de pele quando
se tratava da maioria das pessoas – mas com ela era exigente, e por isso fazia
o coração dela doer.
Levando seus dedos aos cabelos que lhe roçavam a nuca, ela trancou os
tornozelos nas costas dele e gemeu suavemente ao sentir o estiramento
requintado, enchendo-a. Quando ele mergulhou a cabeça para lamber seus
mamilos com leveza lânguida, suas unhas escavaram em suas costas. —
Mais, querido.
O prazer ondulou sobre ela – não num estrondo, mas numa onda lânguida,
seu orgasmo infinito. Sentiu-o enrijecer, moveu a boca para a garganta,
beijando-o e acariciando-o através de seu próprio orgasmo até que ele caiu
sobre ela, um peso delicioso.
— Isso foi como um despertador, — ela murmurou muito mais tarde, quando
ele despertou o suficiente para virar de costas, com sua metade esparramada e
metade fora de seu corpo.
Ele desenhou círculos nas costas dela com os dedos. — Estou feliz que
aprove. Como sabe, eu era virgem há não muito tempo.
Ela riu do lembrete provocador de como ela se ofereceu para ser gentil com
ele. — É um aprendiz rápido, Sr. Lauren. — Bocejando, ela arrastou o lençol
para cobri-los. — Como foi a vigia?
Percebendo que queria dizer mais do que dizia, estendeu os dedos sobre o
calor tenso de seu peito. — Ele queria recuperar o atraso?
*****
O céu era uma deslumbrante imensidão azul, o spray fino da cachoeira fria
contra sua pele, mas sua loba estava focada apenas no jovem macho ao lado
dela. — Como está, Tai?
Não, não parecia. Olhos azuis-verdes vívidos levantados nas bordas e pele de
um marrom dourado, seus ombros largos, parecia forte, novo e gloriosamente
vivo. Mas ele era um dominante, e admitir fraqueza era uma coisa que lutaria
com dentes cerrados e punhos fechados. Então ela manteve seu tom discreto
quando disse: — A maioria dos changelings não tem que enfrentar sua
mortalidade até que estejam bem e prontos. —
Tanto homens como mulheres, achavam que eram invulneráveis nessa idade,
e era assim que deveria ser. — Você foi forçado a entrar nela.
Tai olhou para a cachoeira, os olhos sem piscar. E ela pensou que ele
simplesmente se recusaria a falar. Se o fizesse, pouco poderia fazer a respeito
– sim, superava-o, mas uma ordem não lhe daria nada, não com um lobo tão
forte e determinado como Tai. Ele precisava confiar nela.
— O que?
— Que nunca mais teria uma briga estúpida com Evie. — Ele deu um sorriso
torto, aquele rosto formoso de repente bonito. — Estúpido, hein?
Ela aliviou sua preocupação ao não nenhuma amargura no tom dele. — Gosta
da briga ou do que vem depois?
Evie, também, pensou Lara, olhava para Tai com a mesma devoção.
— Tai murmurou. — A primeira vez que olhei para Evie, recebi um olhar de
gelo e tudo se encolheu.
Rindo de sua referência a tenente que era a irmã mais velha de Evie
Aposto que fugia com Evie antes que alguém soubesse que vocês dois eram
um par.
— Realmente estou bem, Lara, — ele disse quando falou novamente. — Sei
que a maioria dos caras da minha idade não pensa sobre a morte e outras
coisas, mas minha geração não teve escolha. Nascemos antes ou depois da
violência na toca.
Essa violência, incitada por uma feia experiência Psy, devastou o grupo.
Muitos de seus próprios morreram, deixando para trás filhotes que
eram de repente órfãos de mãe ou pai, ou nos piores casos, dos dois. Tai não
perdeu seus pais, mas foi cercado pela perda, mesmo assim perdeu o tio, o pai
de seu melhor amigo, o primo soldado novato, e a lista continuava. Claro que
entendia a morte.
Já falou com Evie sobre o que aconteceu? — Mesmo aceitando que ele
pensava sobre a morte como abstrata, enfrentar a sua própria seria um duro
tapa, e precisava reconhecer isso para alguém.
Tai bufou. — Acha que ela me deu uma escolha? Submissa, minha bunda.
Rindo, ela segurou o rosto dele e beijou-o na boca com a afeição fácil de um
colega de matilha que brincou com ele quando era um bebê e curou suas
lesões durante sua terrível adolescência. — Sabichão. Pode me levar de volta
para... — Parando, ela sorriu para o homem que apareceu entre as árvores. —
Pensando bem, chôoo.
— Só tenho cinco minutos. — Fechando a mão sobre a dela, ele trouxe seus
nós dos dedos até a boca, a carícia inesperada fazendo sua respiração prender.
— Vi você beijar Tai.
O primeiro instinto de Lara foi rir, provocá-lo por seu ciúme injustificado,
mas algo na expressão dele a fez pausar, pensar. O toque era uma coisa
preciosa para Walker, e não algo que compartilhava levianamente. E um
beijo na boca... Era um ato que só fazia com ela. —
Não sabia que ia te machucar, — ela disse, beijando seus nós dos dedos por
sua vez, — E sinto muito.
— Nunca pediria isso a você. — Era uma promessa calma, seu cabelo
levantando na brisa enquanto olhava para ela com aqueles olhos
impressionantes a sombra de folhas novas sob a luz solar. — Sei quem é,
Lara. Fico orgulhoso de ser seu companheiro.
Mas... Não na boca, se for um macho adulto. Não posso lidar com isso.
— Sinto muito, sei que estou sendo difícil, — ele disse, e foi um comentário
carregado com coisas não ditas.
Uma única sobrancelha levantada que lhe dizia que não gostava muito dessa
descrição. Comprovado um segundo depois pelo beijo que deu. — Eu
pretendo ser muito razoável esta noite, — ele ameaçou quando rompeu o
beijo para que ela pudesse respirar fundo.
E quando tomou sua boca de novo, percebeu que seu companheiro complexo,
fascinante e viciante havia derrubado outro escudo, aberto outra porta...
Convidando-a mais para dentro dele.
Capítulo Quatro
Lara disse a ele que toda a seção foi projetada para ser transformada dessa
forma quando chegasse a hora. — Os curandeiros sempre têm filhos ao seu
redor, — ela disse quando comentou sobre o aumento da metragem quadrada.
— Nossa, adotada, companheiros de matilha... É uma boa coisa que já esteja
acostumado com isso. — Ela lhe deu um sorriso que veio do coração. —
Provavelmente também teremos estranhos companheiros de quarto para
dormir. Não vai se importar, vai?
— Não. — Sabia que ela curava tanto com sua gentileza e afeição como com
suas habilidades. Não seria nenhuma dificuldade fazer de sua
casa um lugar onde a matilha se sentisse bem-vinda e amada. — A família
também é importante para mim. — E a matilha era família.
Walker nunca realmente teve uma figura materna em sua vida, foi o patriarca
de sua família desde que era jovem; por isso, às vezes, se surpreendia pelo
modo como Aisha se relacionava com ele, tratando-o como imaginava que
poderia ser um filho. Era uma sensação estranha, mas não desagradável,
especialmente desde que Aisha nunca esquecia que ele era um homem adulto.
Curiosamente, era seu irmão assassino que ela tratava como muito mais
jovem.
— Vai nos fazer engordar, — Judd comentou quando ela apareceu na porta,
embora pegasse dois biscoitos de manteiga de amendoim do prato que ela
segurava.
— Então vou colocar você de dieta. Por agora... — Ela deu-lhe mais dois
biscoitos antes de entregar dois para Walker e seguir na direção da cozinha e
sala de estar/jantar. — Toby! Marlee! Biscoitos no balcão.
Isso lhe rendeu uma bofetada na nuca enquanto Aisha saía do apartamento.
— Me chame de velha e viva para se arrepender, moleque.
Rindo, seu irmão esfregou a cabeça. Walker sentiu suas bochechas vincarem.
Walker nunca soube que seu irmão se sentia assim. Até Lara, eu não
compreendia a falta. A segurança de sua família era sua única preocupação.
Aden diz que sabe que fizemos isso, temos vidas, isso lhe dá esperança,
embora não use essa palavra. Não sei se ele sequer entende isso. Judd ficou
em silêncio até que acabaram de reposicionar a mesa de jantar. Pode parecer
cruel, mas estou feliz por ele não entender o que é ter o que tenho com
Brenna, e você com Lara.
Walker pensou na vida que Aden viveu, uma vida que já foi a de Judd. Acha
que o conhecimento o deixaria louco?
Não faria isso conosco? Saber exatamente o quanto nunca poderíamos tocar?
Ela se inclinou contra ele, brilhantes olhos cardeais com estrelas enquanto
falava. — Fiz uma varredura final no lugar, vasculhei todas as possibilidades
e objetivos. Está limpo, mas Evie, as crianças, e eu vamos fazer outra vistoria
amanhã para ter certeza de que está pronto para os próximos ocupantes.
Era uma rede extraordinária, bonita e forte como aço. Nunca mais um
membro de sua família teria de lutar sozinho, estar ferido sozinho.
— Sim.
O sorriso de Lara foi lento, profundo, para ele... Como naquela noite, quando
o apertou nas costas e o provava com uma paixão não escondida e uma doce
possessividade feminina, até que seus nervos estavam sobrecarregados de
sensação, sua espinha bloqueando um prazer tão intenso, o trovão
atravessando seu sangue.
*****
Duas noites após a mudança, Lara rosnou enquanto rasgava a camisa que
tirava, suas garras escapando para pinicar o algodão fino.
Walker baixou as mãos dos botões de sua própria camisa, olhando para ela
daquele seu jeito – como se pudesse ver através da própria pele.
— Precisa caçar?
Mas... — Ela respirou fundo, num esforço para limpar o nevoeiro em sua
cabeça, — Eu poderia dar uma longa corrida.
Sua loba agarrava o interior de sua pele, pronta para correr pela floresta, o
vento na pele, os aromas da noite afiados e brilhantes em seu nariz. Podia
quase sentir o ar frio cortando suas narinas, quase sentir o crepitar de folhas
sob as pontas de suas patas, sua pele brilhando com a necessidade de mudar.
Walker abotoou os botões que abriu, eliminando uma visão que ela
desfrutava, apesar de seu temperamento. — Pedirei a Judd para vigiar as
crianças.
— Não, você fica aqui, — disse ela, tirando os sapatos e balançando a saia.
— Voltarei daqui uma hora. — Após fugir da frustração que a mordia,
viciosa e implacável.
Uma pausa perigosa antes que seu companheiro voltasse a falar, sua voz
plana, calma... Letal. — Realmente acha que te deixarei sozinha à noite
quando o inimigo estava na porta da matilha há menos de duas semanas?
Lara não estava prestes a ser intimidada. — E acha que te deixarei insultar
minha inteligência? — Saiu um grunhido, seu corpo e mente prontos para
uma briga. — Não sou uma criança. Sei o suficiente para ficar nas zonas
seguras.
Walker não gritou, não ficou com raiva, o que só aumentou sua irritação. Em
vez disso, ele cruzou o espaço e puxou seu corpo tenso em
seus braços, sua pele quase nua nivelada contra o corpo dele completamente
vestido. O arranhar do tecido era demais para sua carne hipersensibilizada, e
ela o empurrou. — Não posso lidar com isso agora.
Ele a soltou, mas o aperto de sua mandíbula deixou claro que ela não ia sair
sozinha. Tudo bem, ela pensou, e não se incomodando em tirar sua roupa
íntima, ela mudou, seu corpo se transformando num milhão de partículas de
luz antes de se unir à loba que era sua outra metade.
*****
A música selvagem era a mais bela harmonia que já ouviu, tão viva que o fez
querer adicionar sua própria voz, tão selvagem que tirou o verniz civilizado
para deixar apenas o coração primitivo para trás.
Somente quando a música terminou, a noite calma, mas com uma complexa
intensidade, que lhe dizia que ele não ouvia tudo que ela fazia, passou a mão
pela linha orgulhosa das costas dela, o pelo grosso e suave sob a palma da
mão. — Algo está errado, e você precisa me contar.
Um levantar de cabeça que ele não precisava ser lobo para ler.
Um piscar de olhos... E tocava a pele esfriada pela noite, uma mulher com
olhos de raposa marrom se ajoelhando diante dele, as mãos segurando seu
rosto. — Não é você, não somos nós. Você é meu tudo.
Sentiu algo nele quebrar com a honestidade feroz dela, não entendia bem o
que era, suas emoções presas em sua garganta. — Venha aqui, — ele disse,
sua voz era uma voz rouca.
Uma vez que estava no colo dele, ele acariciou-a sem exigências adicionais
até que ela se enrolou nele, a mão dela em seu coração. Ele sabia que ela
tinha uma alta tolerância ao frio, mas tirou a camisa que usava e a fez
encolher os ombros.
Ela fez isso sem discussão, e colocou a cabeça contra seu ombro, as pernas
sedosas sob seu toque. — Ninguém, — um suspiro longo e apreciativo, —
Jamais me convencerá de que há um lugar mais bonito nesta terra.
Walker não podia negar as palavras dela, a noite da Sierra era uma coisa de
beleza quase dolorosa, mas a atenção dele estava em sua companheira, no
que poderia ter causado sua irritação com ele dessa maneira tão fora do
normal. Havia apenas uma resposta possível.
Capítulo Cinco
— Ela não merece morrer sem nunca viver. Descobri hoje que tinha minha
idade quando a levaram – nunca teve chance de completar seu trabalho, se
apaixonar, ter filhos. Os bastardos roubaram isso dela. — As lágrimas
rolaram pelo rosto dela. — Quero devolver a vida dela, mas não posso!
Ele a aproximou do seu calor. — Sabe que o que fizeram com Alice foi um
processo experimental de alto risco – o fato de conseguir mantê-la viva é uma
indicação de sua habilidade.
— A lógica não ajudará, não quando minha loba quer curá-la.
Impotente, ele percebeu, era assim que ela se sentia. E para uma mulher tão
forte e dedicada à cura como Lara, isso seria um golpe terrível.
Muito mais tarde, após voltarem para a toca e para a cama, ela deu um beijo
na garganta dele. — Obrigada por . — Outro beijo suave, os dedos
acariciando seu peito, as pernas entrelaçadas com as dele. — Estou aqui
quando precisar do mesmo.
*****
A conversa com Lara ainda estava viva em sua mente no início da tarde do
dia seguinte, quando sentou na frente de Sienna numa pequena e isolada
clareira. Os dois descobriram este local – completo com os tocos que usavam
como assentos – seis meses após se juntarem aos SnowDancer. Ao longo dos
anos, tornou-se um ponto de encontro não oficial para discussões familiares.
Estarei aí em quinze.
— Estou surpreso por Hawke não estar com você, — ele disse após
responder ao irmão. — Especialmente considerando o assunto. — Tão logo
após o roçar de Sienna com a morte, o lobo alfa estava violentamente protetor
dela.
Walker sabia por que ela não podia lhe dar uma resposta absoluta.
Sienna viveu toda a sua vida temendo a fúria do poder que vivia dentro dela –
o fato de que não era mais totalmente incontrolável levaria tempo para
encaixar. Olhando para a rede mental que os ligava, focou na mente de
Sienna. Brilhava dourado carmesim, com um poder belo e mortal, que então
caía no laço familiar dos Walker, alimentando o vórtice giratório no centro de
sua própria mente.
Sienna disse num tom tão calmo que ele precisou se concentrar para ouvi-la,
seus olhos meia-noite com tensa emoção. — De acordo com minhas
estimativas, não podemos fazer uma análise adequada até pelo menos a marca
de seis semanas após a liberação.
— De acordo.
— Claro. — Ele capturou seu olhar assustado quando ela levantou a cabeça,
esta menina que era tão sua filha quanto Marlee. — Qualquer Psy com uma
habilidade de Gradiente elevado precisa fazer o mesmo –
sabe que Judd está sempre ciente do nível exato de sua força telecinética.
— O ato não era mais consciente para seu irmão, mas sim uma resposta quase
autônoma. — Previne o risco de causar uma lesão inadvertida.
Tem que aprender a bloquear sua psicometria no dia-a-dia para garantir que
não se afogue sob o influxo das memórias e emoções de outras pessoas. —
Ps-Psy tinham especialidades diversas dentro de sua designação, mas a base
de seu poder era a capacidade de pegar ecos de memória deixados em objetos
físicos, de uma maçaneta de porta a um botão.
Ele mudou de discurso verbal para discurso mental para seu próximo
exemplo. Um telepata mantém um escudo contra o estranho ruído a cada
instante de sua existência – você aprendeu a fazer isso quando criança.
Nunca mais queria ver a mocinha que viu depois da morte de Kristine. Sienna
foi levada para a instrução pelo conselheiro Ming LeBon aos cinco anos de
idade e não tinha permissão para nenhum contato familiar, exceto por tempo
limitado com sua mãe. Depois do suicídio de sua irmã, a única maneira pela
qual Walker conseguiu entrar para ver Sienna foi usando a mais fria e
mercenária das racionalidades – que a jovem era geneticamente uma Lauren e
suas habilidades pertenciam à unidade familiar. Como executor da
propriedade de Kristine, que incluía seu legado genético, Walker tinha
direitos de acesso.
Ming negar a reivindicação dele teria violado as leis que estavam no alicerce
da sociedade Psy. E nesse ponto, o Conselheiro ainda usava sua máscara de
civilidade; à Walker foi concedida a permissão para se encontrar com Sienna,
embora sob circunstâncias firmemente controladas, mas a menina que
encontrou em sua primeira reunião era uma sombra torcida da criança
vibrante e levada que ele recordava.
*****
Seu peito se apertou como sempre com essa memória. Isso era o que
acontecia com Walker – não falava muito, não fazia grandes gestos, mas
quando falava... — Estou tão apaixonada por você, — ela sussurrou,
pensando no modo como a segurou, ouviu e falou com ela na escuridão
íntima de sua cama.
Seu companheiro tranquilo, forte e intensamente privado vinha para ela, um
passo de cada vez.
Ela e sua enfermeira, Lucy, decidiram usar a pausa proporcionada pelo atual
estado saudável do grupo para encarar uma série de tarefas práticas, com
Lucy se oferecendo como voluntária para colocar o armazém em ordem. O
caos da batalha deixou pouco tempo para sutilezas como limpeza e registro
de suprimentos, e o inventário pré-batalha estava lamentavelmente
desatualizado.
Duas horas depois, com os olhos secos e lutando contra um bocejo, olhou
para cima para encontrar Riordan pairando na porta de seu escritório. O
jovem machucou o braço de um modo muito familiar. O tédio desapareceu
sob a preocupação. — Quebrado? — Ela perguntou, já contornando a mesa.
— Não.
Suas habilidades disseram que era uma fratura ruim. Franzindo o cenho para
as bordas irregulares que podia sentir, pediu para ele deitar de costas. Ele
resistiu até que levantou uma sobrancelha numa ameaça silenciosa. Ambos
sabiam que ela o superava.
— Precisarei endireitar isto, — Lara disse assim que ele estava na posição
que ela solicitou, então administrou um analgésico forte através de sua pele
antes que ele pudesse lutar contra isso. Os dominantes –
jovens ou velhos – eram sempre os piores. A última vez que Índigo foi ferida,
Lara teve que ameaçar trazer a mãe da tenente antes que a mulher de pernas
longas cooperasse.
Riordan estremeceu até mesmo com a leve pressão da injeção dérmica, que
lhe dizia exatamente como estava machucado. Consciente do orgulho dele,
ela usou suas habilidades para diminuir ainda mais a dor persistente. Somente
quando a tensão desapareceu do corpo dele que ela passou as mãos sobre o
braço novamente, confirmando a posição e a gravidade da fratura.
— Hmm? — Esta era uma lesão incomum – quase como se o osso estivesse
esmagado. Se Riordan não fosse changeling, com uma maior densidade
óssea, provavelmente lidaria com uma massa de estilhaços em vez de
pedaços de osso sólido.
Era devido a grande parte dessas interações que ela tinha uma visão mais
matizada dos Psy, mesmo antes da família Lauren ter desertado para
SnowDancer. Os alunos Psy que conhecia poderiam usar linguagem
estritamente técnica em vez de termos emotivos, mas todos tinham dedicação
para ajudar os doentes e os machucados, uma dedicação que significava que a
designação M era a mais conhecida e aceita de todas as designações entre os
não-Psy.
Ela manteve um olho constante nas veias e vasos sanguíneos finos quando
realizou a manobra, não querendo cortar ou causar outros danos.
Ele fez uma careta. — Shh. — A voz dele caiu num sussurro. —
Cor beijou as maçãs do seu rosto, seu olhar se lançando para a porta. Lara se
aproximou e a fechou antes de voltar a trabalhar nele.
Ela manteve seu tom mais suave, sem julgamento. — Ok. — Partes maiores
de osso alinhadas, trabalhou em reparar o pior dos danos, o que incluía a
remoção de qualquer lasca de osso para que os estilhaços não se
transformassem em coágulos na corrente sanguínea. Sua habilidade permitiu
que ela puxasse os fragmentos para a superfície, mas teve que usar finas
pinças cirúrgicas para arrancá-los.
Riordan gemeu.
— Não olhe.
— Não, vou estimular seu corpo a se unir. — Não muito correto, quando ela
era a principal fonte de energia, mas perto o suficiente. — É
por isso que terá fome depois. Certifique-se de comer uma refeição de alto
teor calórico.
— Ok.
Capítulo Seis
É legal.
ela disse; ciente de como a honestidade era crucial para Walker após sua
experiência com Yelene. — Mas esses segredos são dados a mim em
confiança, para não ser compartilhados. Você entende?
Walker afastara o cabelo do rosto dela daquela maneira que fazia e a encarou.
— Os segredos que mantém são um tributo à fé de seus companheiros de
matilha em você. Não são para eu saber.
— Esse incidente é uma lenda. — A notícia de que Hawke levou Sienna por
cima do ombro se espalhou pela matilha com a fúria desenfreada de um
incêndio. — Nunca vamos esquecer enquanto todos nós vivermos.
E ela pensou – este é o homem que ele será. Rápido para rir, grande de
coração, mas com uma profundidade que surpreenderia as pessoas que viam
apenas a superfície.
— Ah. — Ela começou a verificar cada fino vaso sanguíneo, observando com
um canto de sua mente que não se sentia tão esgotado
como normalmente estaria após uma operação complexa deste tipo. — Sua
moça está levando você para uma dança?
— Não, quero dizer, não é isso. Não me importo de brincar com ela.
— Outro sorriso, o do lobo que era. — Acho que isso tem o potencial de ser
sério.
— Mas?
Mas vou sussurrar no ouvido dele, de qualquer maneira, não sobre você e sua
garota especificamente, mas sobre toda a situação de namoro inter-matilhas.
Riordan estendeu a mão para tocar a dela. — Obrigado, Lara. Eu mesmo faria
isso, — disse, e ela sabia que isso era verdade, — Mas não quero que ele ou
Lucas prestem muita atenção em nós ainda. É... Novo.
— Entendo. — Ela apreciou o fato de que seu namoro com Walker foi um
assunto privado na maior parte, e poderia entender a necessidade de Riordan
pelo mesmo. — Mas me falará sobre ela?
— Não, mas Lissa sabe... Acho que Noelle nunca guardou um segredo dela.
— Isso te incomoda?
Lara franziu o cenho. — Por quê? Zach é tão forte quanto qualquer soldado.
— Sim, mas está um pouco louco agora, com Annie grávida e tudo.
Lara conhecera Annie numa reunião de pais e professores que foi em nome
de um casal que estava fora da cidade na época, e ficou em contato com ela
desde então.
— Só descobriram há uma semana, — Riordan disse com um sorriso.
Ainda sorria com a notícia uma hora depois, quando encontrou Walker para o
almoço, os dois escolhendo um local na encosta com vista para o lago.
*****
Walker balançou a cabeça quando Lara lhe ofereceu um garfo de seu risoto
de cogumelos e ervas que pegara para ela da cozinha – Aisha e ele estavam
em perfeito acordo quando se tratava de cuidar de Lara, embora sua
companheira nem sempre apreciasse a parceria deles. —
Ela se aconchegou mais perto dele, seu quadril pressionando contra o dele, o
caloroso cheiro feminino dela em cada respiração dele. —
Ele terminou meio sanduíche e pegou a segunda metade após tomar um gole
do café que Lara assumiu a responsabilidade de trazer. —
Não. — Parecia estranho, mas perfeito provocá-la, saber que ele tinha
capacidade de brincar dessa maneira.
Enrugando o nariz para ele, ela comeu outra garfada antes de dizer:
Seu amor o atordoava, como sempre fazia... Mas pensou que poderia estar se
acostumando com isso profundamente em seu interior.
— Fiz uma cura bastante complexa mais cedo, — ela disse, tomando um gole
do café quando ele levantou o copo até os lábios dela, —
Abrindo seu olho psíquico, Walker olhou para as correntes de energia que
ondulavam ao longo das ligações familiares e de sangue, viu o
reencaminhamento que devia ter acontecido esta manhã. — Você tem
prioridade, — ele murmurou, fechando uma das mãos sobre seu joelho
levantado. — Quando precisa da energia, ela vai diretamente e somente para
você.
— É bom saber disso. Se estiver numa situação de triagem, serei mais capaz
de julgar o que posso ou não fazer. — Tendo terminado seu risoto, Lara
colocou o recipiente na bolsa térmica.
Espero que tenha trazido mais comida para você. É muito alto e musculoso
para sobreviver com dois sanduíches, tediosos ou não.
O cenho dela franziu enquanto procurava dentro da bolsa, fazendo partes
dele, que acreditou estarem enterradas há muito tempo, se esticarem
entusiasmadas para a vida. Ninguém se preocupava com ele, não como Lara
fazia. Se tivesse pensado nisso antes de se tornarem casal, provavelmente
teria predito uma reação aborrecida a esse tipo de cuidado
– mas não estava nem um pouco irritado com o desejo de sua companheira de
cuidar dele.
Puxando-a para ele com a mão na sua nuca, ele beijou a risada dela em sua
boca. — Coma sua fruta, — ele murmurou depois, beliscando seu lábio
inferior... E chupando quando isso não foi suficiente.
Não estava seguro de como a comida foi afastada, Lara se esticando na grama
abaixo dele, mas eles estavam emaranhados num beijo quente e molhado, a
mão esticada na pele sedosa do abdômen dela quando alguém pulverizou
água em todas as suas costas e nuca.
Ben rosnou para ele, batendo em seu queixo com garras minúsculas que não
fizeram nenhum dano.
Ben deu um grande suspiro, mas sentou sobre seus calcanhares, o focinho
virou para Walker e as orelhas tão em pé que poderiam muito bem estar
congeladas. Querendo rir, Walker cortou metade do sanduíche e o estendeu
para que o filhote o agarrasse com os dentes.
— Quer um seu?
Changelings são menos férteis que Psy ou seres humanos, por isso pode levar
tempo, mas espero que não. — Jogando seus braços ao redor do pescoço
dele, ela encheu seu rosto de beijos, a felicidade dela era um calor luminoso.
— Marlee e Toby serão tão bons irmãos mais velhos. Não quero uma
diferença de idade muito grande.
Com a garganta grossa, ele a segurou apertado. Ninguém a teria culpado por
esquecer Toby e Marlee neste momento, mas ela não o fez, seu coração
enorme.
Um nariz frio cutucou entre eles, seguido por um corpo balançando, Ben
animado para se juntar à diversão, embora seus olhos curiosos dissessem que
não entendia o que acabara de acontecer. Rindo, Walker abraçou o filhote de
lobo.
Capítulo Sete
Lara assegurou que estava fértil novamente no segundo que voltou para a
enfermaria, cada célula em seu corpo zumbindo de antecipação ao
pensamento de nutrir uma vida em seu ventre, uma vida criada a partir da
beleza do amor que sentia por seu companheiro. Curandeiros não tinham
vantagem sobre o resto da população quando se tratava de concepção, mas
esperava com toda sua força que não demorasse muito.
Mesmo que demorasse algum tempo, o atraso era menos importante que o
fato da terrível ferida no coração de Walker ter sido, se não curada, pelo
menos, já não debilitante. Lenta, mas seguramente, seu companheiro
fascinante, complexo e maravilhoso jogava fora os grilhões persistentes do
Silêncio e mostrava-lhe as partes de si mesmo que precisou enterrar para
sobreviver.
Ela pensou em sua risada sobre Ben, seu lento beijo de despedida, e sentiu os
lábios se curvarem num sorriso bobo.
— Meu Deus, — grunhiu Ava, afundando na cadeira do outro lado da
escrivaninha, — Está totalmente aniquilada. É tão doce que acho que farei
um buraco.
Lara jogou um brinquedo macio que uma paciente deu a ela na cabeça de sua
melhor amiga. — Sou recém-casada, — apontou. — Com o direito de estar
aniquilada, muito obrigada.
Suspirando, Ava passou a mão pela escuridão sedosa de seus cabelos longos.
— É verdade, não é uma velha cínica como eu.
Ava sorriu, sem se desculpar. — Ei, temos um bebê e uma criança de cinco
anos e meio com o pior caso de curiosidade do mundo. Precisamos ser
criativos.
tirando
fotografia
após
fotografia
transmitindo-as
Lara achava que sua melhor amiga não falava sobre a proeza de Spence com
uma câmera. — Ele sempre tira fotografias quando você, você sabe?
– mesmo doce como é, Toby ficará louco a qualquer dia agora. Então vou rir.
A ideia de um bebê com Walker fez borboletas explodirem numa dança louca
em seu abdômen. — Estou tão aniquilada.
As palavras dele fizeram sua loba querer jogar a cabeça para trás e cantar em
alegria. — Conversamos sobre isso ontem à noite, — ela disse, colocando
uma data no calendário do datapad. — Pode ser essa data?
— Será um pouco mais de duas semanas após a cerimônia de Hawke e
Sienna, — disse Riley. — Tudo bem com você?
— Parece perfeito. — Walker precisava ver Sienna abraçar sua nova posição
em SnowDancer e desfrutaria muito mais a noite dele e Lara depois. E como
curandeira, Lara sabia que o acasalamento de Hawke e a celebração era
fundamental para a saúde do bando. Todos precisavam de uma oportunidade
para dançar, esquecer o sangue e a dor da batalha, e uivar sua alegria com o
acasalamento de um alfa que sangrou pela matilha desde que era pouco mais
que um menino.
Calor se espalhou por cada centímetro de seu corpo nas palavras dele. —
Terei um esboço preliminar para você na próxima semana ou assim. — Nisto,
Walker estava sendo o típico macho – aceitava tudo o que ela sugeria.
Frustrada, sugeriu bailarinos masculinos untados com óleo, com chantilly e
uma ou duas franjas estrategicamente colocadas. Isso recebeu uma resposta –
um Não muito firme.
— Eu sei, — ela disse com um sorriso que sabia que gritava seu prazer por
seu companheiro, e retornou o abraço afetuoso de Riley, o corpo dele sólido
como uma parede. — Aonde vai agora?
— Descer, para fazer uma escavação na seção que está sendo replantada.
A papelada a manteve ocupada até dez depois das cinco horas, interrompida
apenas por uma pausa de quinze minutos, quando Toby e Marlee voltaram
para casa para se trocar e comer um lanche antes de partir para suas
atividades depois da escola. Embora Toby tivesse idade suficiente para
supervisionar sua prima, Lara gostava de passar esse tempo com eles.
— Lucy, vá para casa! — Ela gritou para sua enfermeira, fechando o arquivo
em que trabalhava.
— Colocando as mãos na parte inferior das costas, Lucy inclinou para trás
para esticar os músculos.
— Espero que a lista de Ava inclua muitos homens quentes de outros setores.
— Não tem ideia – todo mundo gosta de mim, mas quero ser arrebatada! A
linda Lucy quer um lindíssimo homem para ver e devorar a Sexy Lucy. —
Balançando a cabeça, ela saiu da enfermaria com Lara, seus próprios
aposentos do outro lado do corredor. — Tive um par de soldados aparecendo
sem avisar hoje. Ajudaram-me com os suprimentos. Nós conversamos.
Era por isso que Lucy era uma enfermeira excepcional – entendia que nem
todas as curas aconteciam na enfermaria e que Lara precisava ser mantida
atualizada com a saúde da matilha.
Estava vazio, as atividades das crianças agendadas para acabarem tarde, mas
tinha a marca da família. Mochilas escolares espalhadas, livros e datapads de
jogo na mesa de centro, o casaco de Walker pendurado ao lado do seu no
gancho à esquerda da entrada, o cheiro calmo e profundo de água negra e
abetos cobertos de neve subjacentes aos aromas mais vivos das crianças.
Loba e mulher, cada parte dela sentia uma felicidade simples e profunda por
estar em casa.
— E porque é muito boa no que faz. — Lucy tinha uma bondade inerente de
coração que poderia colocar qualquer um à vontade, jovem ou velho. —
Como estão?
— Acho que funcionou, mas os fiz saber que estou sempre lá quando
quiserem conversar.
Não menos envergonhada, Marlee agarrou uma maçã em seu caminho para
abraçar Lucy. — Olá, Lucy! Vai ficar para o jantar? Quer ver meu projeto de
arte?
— Sim, fique, Lucy, — disse Lara. — Estou com vontade de cozinhar, pode
ser minha sub-chefe.
Ele inclinou seu queixo e beijou-a, para o deleite das crianças e Lucy, antes
de voltar para a mesa. Não foi até depois de todos terem enchido seus pratos
que o viu observando Toby e Marlee. Marlee ria com o filhote que chegou
em casa com Walker enquanto os meninos conversavam com Lucy sobre a
eficácia de uma torção num filme recente.
Todas as crianças estavam claramente de bom humor, mas havia algo nos
olhos de Walker, a mesma sombra de dor que viu no dia de seu acasalamento,
quando Toby girou Marlee. Ela soube, naquele momento, que havia lacunas
no conhecimento do que acontecera na vida dele imediatamente antes da
deserção.
Ele fechou a mão sobre a dela. — Às vezes, vejo Marlee rir, — ele disse num
tom áspero, tão baixo que mal chegou aos seus ouvidos, — E
me lembro de uma época que minha filha não entendia o que era ser feliz.
Só o que era ser ferida. — O olhar dele mudou para o sorriso de Toby, as
memórias uma dor suave em sua voz enquanto falava. — E Toby, ele estava
com tanta dor depois do suicídio de Kristine, que temi que nós o perdêssemos
também, o querido filho da minha irmã.
E sabia que não perguntaria sobre as sombras, não esta noite. Não, o amaria,
neutralizaria qualquer sussurro de tristeza com afeto, prazer e tato. Ele lhe
diria quando estivesse pronto – ela tinha fé na confiança que os ligava, não
tinha mais medo de nunca conhecer o coração desse incrível homem que era
seu.
*****
Walker acordou por volta da meia-noite com Lara encolhida contra ele, e
percebeu que não podia imaginar nunca mais passar a noite sem ela ao seu
lado. Até mesmo a ideia causava uma agonizante dor dentro de seu peito. Era
uma sensação assustadora para um homem que sempre chegou numa cama
fria, que acreditava ser totalmente autossuficiente, mas não tinha vontade de
lutar. Queria um para sempre tingido com o calor dela contra sua pele, a mão
dela em seu coração, os cachos fazendo cócegas em seu maxilar.
Movendo-se com cuidado para poder olhar para o rosto adormecido, passou o
dedo pela delicada concha de sua orelha. Sua companheira era tão adorável e
tão gentil. Muito boa. Isso que a fazia curadora. Ela poderia ser SnowDancer,
mas se lhe trouxesse o corpo quebrado de um conselheiro Psy, se esforçaria
para curar o inimigo, independentemente do fato de que o inimigo poderia
golpeá-la e matá-la.
matar nele, entendeu que sua bússola moral não era como a dela, mas o
amava da mesma forma.
Ele não sabia o que fez para merecê-la, merecer esta vida onde era tão
apaixonadamente amado que era um brilho incandescente contra seu coração,
mas sabia que lutaria até a morte para segurá-la. Lara era dele.
Capítulo Oito
Deslocando seu foco, tocou a fina alça no ombro esquerdo, a ponta do dedo
caloso raspando contra a pele dela. Ele não se afastou – Lara deixou claro que
amava as mãos dele. Em vez disso, ele deslizou a alça pelo braço e se
inclinou para pressionar os lábios na quente pele sedosa que havia
descoberto, o gosto dela um vício que pretendia entregar-se para o resto de
sua vida.
Fazendo um som sonolento, ela enfiou uma mão no cabelo dele, segurando-o
enquanto ele deslizava a mão sobre a coxa e o quadril dela, ao mesmo tempo
em que empurrava para cima o tecido acetinado da curta camisola.
Experimentara sensações, várias camadas desde que deixou a Net, mas cada
vez que tocava Lara, descobria que havia mais para sentir, para explorar.
Beijos ao longo da garganta dela, o pulsar batendo contra a língua dele, o seio
duro e perfeito em sua palma.
Não pare.
Lara beijou o pescoço dele, abrindo as coxas para acomodar melhor seu
corpo. — Ela está crescendo numa matilha changeling. — Um pastoreio de
dentes. — Aposto que não a incomodaria.
Ele tinha a sensação de que ela estava certa. Changelings eram muito
respeitosos do espaço pessoal um do outro, nunca assumindo privilégios de
pele casuais com pessoas que não conheciam, mas a nudez era aceita como
um estado natural de ser, um resultado lógico do fato de que cada changeling,
jovem ou velho, saía nu da transformação.
Lara riu, a respiração quente contra sua pele. — Tão tímido, meu pobre
querido.
Tirando-a de sua garganta para reclamar sua boca e bebendo seu riso, ele
moveu a mão pelo o umbigo dela a fim de alcançar o laço de sua calcinha,
beijando-a lenta e profundamente até que ela ficou úmida contra
Sua companheira estava mais do que feliz em cooperar quando ele puxou o
tecido sedoso, e suspirou ao perceber que ele tirou o pijama antes de voltar
para ela. Esfregando os seios parcialmente descobertos contra seu peito
quando ele se curvou para a boca dela novamente, visto que beijá-la era um
de seus prazeres favoritos, ela envolveu as pernas em torno de seus quadris, a
camisola encolhida em sua cintura.
Movendo uma mão entre seus corpos para agarrar sua ereção e posicionando-
a no calor apertado da entrada dela, ele disse: — Sim?
As palavras dela eram uma carícia tão intoxicante quanto o aperto possessivo
de seu corpo.
Baixando a boca até a garganta, beijou seu caminho até os seios, provocando-
a com os dentes, os lábios... Enquanto balançava para ela, de forma lenta e
fácil. Estavam casados apenas por um curto período, mas ele sabia como o
corpo de sua companheira, nunca esquecendo um único detalhe do que lhe
dava prazer.
— Hmm. — Abaixando, insinuou a mão entre seus corpos mais uma vez, a
fim de tocá-la exatamente onde e como ela amava mais; conhecimento que
possuía porque ela sussurrou a ele quando lhe pediu para mostrar seus pontos
de prazer; sua companheira sensual e selvagem que não lhe negava nada. —
Assim é melhor?
Ele puxou-a até a garganta, sugando uma respiração enquanto ela lambia um
ponto particularmente sensível. — Possivelmente.
Eu sou o sortudo.
*****
Feliz.
Foi a palavra errada para pensar esta noite, a chave errada para virar depois
do flash de memória na mesa de jantar.
Walker?
Lara cutucou-o até que deslocou seu corpo o suficiente para permitir que ela
se virasse para encará-lo. — Somos mais fortes do que memórias, mais fortes
que machucados. — Um sorriso luminoso. — Somos um par acasalado, uma
família.
Tão simples, tão poderosas, as palavras dela quebraram a barragem dentro
dele. Mas levou tempo para falar, tempo para pensar além da violenta neblina
carmesim incitada por esse fragmento particular do passado. Lara não
empurrou, não tentou forçar. Não, sua companheira simplesmente se
aproximou e o abraçou, como se soubesse que neste instante ele precisava
mais de seu toque do que nunca.
Walker acariciou a mão dela, sentindo a raiva vibrando através dela. — Era
como se ela nunca tivesse sido a guardiã dela, — ele disse; a lembrança não
tendo mais sentido agora do que teve então, — Nunca jurou cuidar dos filhos.
— Não deixe que o mal dela coma você, — disse sua companheira, as mãos
dela acariciando suas bochechas, forçando-o a encarar os ameaçadores olhos
de lobo âmbar resolutos. — Não é sobre-humano – e não é adivinho, não
poderia prever o futuro. Fez a melhor escolha na situação em que estava.
Quando ele tentou falar, Lara sacudiu a cabeça, a voz firme enquanto
continuava. — Vai se perdoar. — Foi um comando. — Porque se
não fizer isso, sua culpa desnecessária manchará sua felicidade – e Walker?
As crianças seguem seu exemplo. Se não pisar completamente na luz, eles
também não o farão.
Tremendo porque sabia que ela estava certa, pressionou a testa na dela. —
Quero que se comportem mal, — ele sussurrou. — Quero que voltem a falar
conosco e façam birras. — As crianças eram tão boas que ele se preocupava
que alguma parte deles temesse outra terrível rejeição.
E sua sobrinha foi uma criança diabólica, de acordo com Aisha (que tinha um
ponto fraco pela criança diaba depois do tanto de louça que Sienna lavou nas
cozinhas em recompensa por seus crimes). — Eles terão que trabalhar duro
para vencer o recorde dela de punições. — Ele nunca admitiria isso para
Sienna, mas algumas de suas acrobacias agora infames fizeram com que
quisesse sorrir de orgulho.
— Ouvi dizer que são com os tranquilos que tem que se preocupar.
— Lara murmurou para ele com uma voz rouca por gritar seu prazer não há
muito tempo.
Ele sabia que era pesado demais para ela, mas estremeceu e cobriu o corpo
dela com o dele, seus braços e pernas envolvendo-o, uma de suas
mãos acariciando o cabelo dele. — Está tudo bem, querido, — ela disse
novamente. — Está tudo bem.
Abraçado por ela em todos os níveis, o calor dela dentro de seu próprio
coração, Walker fez o que sua companheira ordenou e quebrou a enferrujada
cadeia final que o ligava à vida que viveu antes da reabilitação... Dando os
primeiros passos na estrada para o perdão.
Capítulo Nove
Passando uma mão nos cabelos do mesmo tom único de ouro-prateado de sua
pele em forma de lobo, Hawke soltou um suspiro. —
Hawke assentiu com a cabeça, os cabelos claros vívidos à luz do sol. — Não
é o único com problemas. O pior é com os adolescentes mais velhos, os que
estão no limite da idade adulta.
Felicidade, alívio e preocupação com o que está por vir. É difícil eu bloquear
tudo, mas estou ficando melhor em blindagem.
Sim, sabia. Mas, — Percebe que não serei racional sobre isso. —
Ela estava sob a proteção dele, e essa proteção não terminou simplesmente
porque se acasalou. Era para sempre.
— Há mais como eu. — Uma verdade que compreendeu na primeira vez que
viu um pai limpar as lágrimas do rosto de uma criança. — Na PsyNet.
Pessoas cujo Silêncio é exteriormente perfeito, mas que lutarão até a morte
para proteger seus filhos. — Não porque essas crianças fossem um legado
genético, mas por causa do instinto governado por uma necessidade muito
mais visceral.
— Eu sei. — Hawke, esse alfa que viu o pior da raça Psy quando criança,
cruzou os braços, os olhos azuis-lobo olhando para um futuro que ficava mais
espinhoso a cada momento que passava. — O despertar está chegando. Não
pode sentir isso?
A mudança era uma força que tinha o mundo em seu aperto implacável.
*****
Chocada, num suspiro de dor pela súbita ausência de emoção, correu para a
pequena unidade de comunicação em sua mesa e ligou para o telefone de
Walker. Ele tocou, então foi para a caixa de mensagem, o que não fez nada
para negar sua preocupação. Ela pensou no que ele contou sobre sua agenda
para esta tarde – uma simples caminhada com um pequeno grupo de crianças
sob sua autoridade, com o objetivo de elaborar os parâmetros de um novo
projeto num ambiente livre de estresse.
Ele nunca arriscaria as crianças levando-as para uma seção que não estivesse
limpa pela segurança SnowDancer, e não ouviu nenhum alarme que indicasse
um ataque de algum tipo. No entanto, Walker quase desapareceu sob a força
brutal de um controle de ferro que a fazia sentir como se o laço de
acasalamento estivesse sendo estrangulado até a morte.
Ela mal chegara ao meio da Zona Branca, a área de jogo segura para os mais
novos SnowDancers, quando Walker explodiu das árvores, o corpo inerte de
uma criança em seus braços. O instinto de curandeira entrou em força, e
estava correndo em sua direção antes que conscientemente decidisse agir.
— O que aconteceu? — Era Tyler nos braços dele, a pele marrom escuro do
menino brilhava com uma fina camada de suor que cheirava errado aos seus
sentidos.
— Tanto quanto posso entender, — disse Walker, com o peito arfando por
sua própria corrida, — Ele teve uma reação alérgica. Uma mordida de inseto,
talvez uma planta. Desmaiou após se queixar de falta de ar e tonturas – foi
uma reação rápida, menos de trinta segundos da queixa ao colapso.
— Acho que nem um Tk poderia trazer Tyler tão rápido quanto você.
Virando-se para encará-la, ele disse: — Tenho que ir. Deixei os outros
filhotes sozinhos e estão em choque.
Lucy estava lá para ajudar depois que Walker saiu – passando a mão sobre os
cachos pretos de Tyler e um toque da ponta dos dedos na bochecha de Lara.
Quando os pais do menino chegaram, Lucy se certificou de que o casal
perturbado não perturbasse Lara.
— Tenho você agora. Ficará bem, — ela murmurou, injetando-o com uma
droga projetada para neutralizar o pior dos efeitos, antes de usar suas
habilidades para estabilizar os sistemas do corpo dele. Ela não só acalmou as
bordas irregulares, mas trabalhou para ter certeza de que ele nunca mais
responderia da mesma maneira perigosa ao mesmo tipo de picada.
— Enquanto você quiser. — Abraçando Lara, o casal saiu para sentar com
seu filho adormecido.
— Não está na toca, mas entrei em contato com ele com uma atualização. —
Lucy a bloqueou quando Lara iria para seu escritório. —
Exausta, Lara não discutiu... Mas não importava o quanto tentasse, não
conseguia relaxar. Não quando o vínculo permanecia tão friamente calmo no
lado de Walker. O afastamento dele a fez querer gritar, sua loba agarrando o
interior de sua pele. Ela olhou nos olhos dele, vislumbrando a preocupação
intensa e protetora que o rasgava, e ainda, se fosse julgar pelo vínculo, diria
que ele estava impassível diante de uma possível tragédia.
*****
Soltando a respiração que prendeu, se virou para olhar para a mulher que
caminhava em sua direção, franzindo o cenho quando percebeu que não a
sentiu até que estava quase nele.
— Tyler está acordado. — Ela se juntou a ele contra a pedra da toca. — Não
se lembra do que aconteceu, o que é uma bênção, acho.
— Não precisava disso. Foi mais sobre total concentração. — Ela soltou a
mão dele para acenar para Marlee quando a filha olhou para o outro lado.
O fato era que a mente de Walker entrou numa fase de hiper calma no
instante que percebeu o que acontecia, as emoções se fechando.
Não como perdeu tantas crianças Arrows, seus corpos e mentes quebrando
sob o regime impiedoso de treinamento, não importa o que Walker fizesse
para aliviar o sofrimento deles. Lembrava-se de cada rosto, cada nome. O
assombravam. Recusava-se a adicionar outro fantasma ao número deles.
e foi uma resposta alimentada pelas décadas que viveu na gaiola do Silêncio,
sua mente ainda no piloto automático. — Gostaria de vê-lo. —
Ele pegou a mão dela novamente, precisando dela num nível visceral.
Ele ficou imóvel nas primeiras palavras, congratulou-se com o golpe da bola
de futebol errante que bateu contra sua perna. Se afastando, chutou a bola de
volta e agarrou o antebraço de Lara quando ela se virou e se afastou. — Sabia
quem eu era quando aceitou me namorar. — Se não pudesse aceitá-lo como
era, as fraturas dentro dele seriam permanentes e irreversíveis.
— E você sabia quem eu era. — Loba âmbar brilhou contra o tom exuberante
de sua pele. — Não sou frágil. Não quebrarei se me deixar ver sua dor, sua
fúria, sua preocupação.
O pânico lutou para recuar sob seu voto apaixonado, acertando um obstáculo.
— Então, por quê? — Por que se afastava dele, rasgando-o em pedaços?
Seu coração bateu na boca, sua pele quente e fria. — Se eu não puder ser tão
aberto? — Ele aprendeu muito jovem a manter sua mente contida, suas
emoções escondidas, especialmente em situações de alto estresse.
Capítulo Dez
Walker não estava certo do que esperar de Lara quando foi para casa naquela
noite depois de uma reunião programada com companheiros cujas
responsabilidades na toca eram semelhantes ou alinhadas com as suas.
Maternais, professores, instrutores, outros treinadores, eles se reuniam
regularmente para garantir que nenhum filhote perdesse a atenção que ele ou
ela precisavam para prosperar. Sua cabeça não estava no jogo, a necessidade
de solidão o atingindo, mas havia deixado suas emoções caóticas porque
essas reuniões eram ainda mais importantes agora do que antes da batalha.
Olhando para o quarto de Marlee, ele a viu esparramada em sono, seus braços
e pernas jogados em todos os lados. Isso o fez querer sorrir. Ela era assim
desde que era uma criança. O Silêncio não conseguira consertá-la antes que a
família desertasse.
Ele puxou o cobertor e beijou uma bochecha suave e quente do sono, então
deu uma leve batida na porta de Toby, entrando apenas quando Toby
respondeu. O rapaz tinha agora uma idade em que precisava de sua
privacidade, algo que Walker tinha que fazer um esforço consciente para se
lembrar – para ele, Toby sempre seria o filho de sua irmã, dado a ele em
confiança.
— Oi. — Seu sobrinho abaixou o romance de espião que estava lendo, a capa
digital exibida em seu leitor de um laranja berrante com silhuetas pretas.
Walker sentou na beira da cama. — Tem certeza de que tem idade suficiente
para ler isso?
Conversaram por alguns minutos, com Toby dizendo a ele que estava sendo
encarregado de uma equipe de futebol júnior. — Os filhotes pensam que as
regras são sugestões. — Ele revirou os olhos, mas Walker podia dizer que
estava satisfeito com a responsabilidade.
As palavras diziam muito menos do que ele sentia, seu orgulho por Toby uma
coisa enorme.
Um olhar firme. — Eu sei, apenas copio as coisas que vejo você fazendo.
Quero ser como você.
Com o coração girando, ele se inclinou para abraçar aquele corpo desajeitado,
sentindo os braços de Toby se fecharem ao redor dele. E sabia que tinha
muito a aprender com esse menino que era seu sangue. O
coração aberto de Toby era uma coragem que muitos não possuíam. —
Não fique acordado até tarde, — foi o que disse quando recuou, mas Toby
deu o sorriso de uma criança que não tinha dúvidas sobre seu lugar no
coração da família.
Nunca foi um homem que hesitou, mas o fez hoje à noite, inseguro como ler
o silêncio dela. Lara sempre falava com ele, mesmo quando estava zangada.
Caminhando para o chuveiro sem quebrar o silêncio, tirou as roupas e entrou
na ducha aquecida. Uma vez lá, não se concentrou no jeito que o deixara esta
tarde, caminhando sem um olhar para trás, mas em como ela se sentia dentro
dele, seu amor inabalável.
Seu controle sobre a verdade simples e inexorável do amor dela; ele limpou-
se, e enrolando a toalha em torno de seus quadris, voltou para o
quarto. Lara pousou o leitor, apagou a luz do lado dela, deitando de costas
com um braço acima da cabeça... E viu o que não vira antes.
Tudo veio a vida vibrante dentro dele quando percebeu que ela falava com
ele. Ele simplesmente não ouviu bem o suficiente. Não era um erro que
cometeria novamente.
Jogando a toalha sobre uma cadeira, deslizou debaixo do lençol, apagando a
própria luz, e estendeu a mão para ela. Ela veio, morna e macia, e dele. Ele se
moveu para cercá-la com seu corpo, seus antebraços de cada lado da cabeça
dela. — Será que nós, — ele sussurrou, — Estamos tendo nossa primeira
briga de casados?
Lara sentiu cada grama de tensão sair dela com aquela pergunta silenciosa.
Quando ele entrou no chuveiro sem dizer uma palavra, ela quase começou a
chorar. Agora, acariciou a garganta dele, atraindo seu perfume limpo e
masculino, o pelo de sua loba esfregando-se contra sua pele. — Sim. Esta é a
parte de fazer as pazes.
Ele mudou de peso para se estabelecer mais intimamente entre as pernas dela.
— Nesse caso, já estou ansioso pela nossa próxima briga.
Percebeu que ele estava brincando com ela, este homem que não acreditava
que tinha a capacidade de tal leveza de coração. Com a garganta grossa de
emoção, ela curvou uma perna sobre o quadril dele, correndo suas mãos pela
pele ligeiramente úmida dos ombros – ele nunca os secava corretamente e ela
normalmente precisava terminar a tarefa.
— Sinto muito por ter gritado com você e depois sair, — disse ela, sentindo-
se terrível por ter evitado o toque dele. Foi um esforço inconsciente para se
proteger da dor, mas no instante que ela esfriou o suficiente para pensar,
percebeu que o magoara, machucando seu companheiro. Ela o matou. — Não
queria negar seus privilégios de pele.
*****
Demorou tanto tempo para responder que estava meio adormecida quando a
voz dele cortou o cheiro persistente do prazer que encontraram um no outro.
— Após a deserção, sabia que tinha que dar às crianças, incluindo Sienna, o
apoio emocional que precisavam para prosperar, mas o fato é que, enquanto
posso trabalhar com esse escudo abaixado durante o curso normal dos
acontecimentos, nem sempre estou consciente de que se encaixa numa
situação de alto estresse.
— ela admitiu, deslocando para olhar o rosto dele. — Foi a primeira vez que
ficou tão distante, até o ponto que mal conseguia sentir você, e o choque fez
minha loba ter muito medo.
Sentindo a angústia dele por lhe causar dor, acariciou o peito dele.
— Você não sabia. Entendo o escudo agora, então não entrarei em pânico.
— Ela se preocuparia, mas iria se conter, segurá-lo quando viesse para ela.
Porque sempre a buscaria. Como fez hoje. — Só não faça isso de propósito,
ok? — Ela afastou longos fios de loiro escuro da testa dele. —
O silêncio de Walker foi profundo, seus olhos segurando os dela até que se
sentiu perdida no verde translúcido. — Por que é tão paciente comigo? — Ele
perguntou finalmente, seu tom bruto. — Deve frustrá-la eu ser tão diferente
dos machos changeling. — Homens que mostravam suas emoções em seus
rostos e não escondiam a adoração que tinham por suas mulheres.
Lara riu, seu deleite contagiante. — Eu te amo por causa de quem é, não
apesar disso, meu homem maravilhoso. — Um beijo apaixonado que o
marcou como dela, o fez querer se esticar de prazer como um dos felinos.
— Me provocando de novo?
— Talvez.
— Não, mas algo semelhante. — Saindo do outro lado, puxou o pijama que
ignorou antes.
— Nós estamos aqui, querida. — Lara inclinou para afastar o cabelo enrolado
de Marlee dos olhos. — Diga-nos o que está errado. — Seu olhar encontrou o
dele, a preocupação nas profundezas dos olhos castanhos.
Marlee?
Estou tão assustada, foi tudo que saiu antes que as lágrimas assumissem
novamente.
Walker acenou com a cabeça para ele entrar. Colocando o leite sobre a mesa
de cabeceira, Toby sentou ao lado de Lara e se inclinou para puxar os cabelos
de Marlee. — Não chore, Marlee-Barley, vai se transformar em um nabo.
Ainda acordava sem aviso algumas noites, certo que sua nova vida era um
sonho, que dormia num quarto estéril em vez de ao lado do calor de Lara, sua
família a salvo do mal.
— Isso não acontecerá, — ele disse com firmeza enquanto Lara levantava seu
braço livre de Toby o suficiente para limpar os restos das lágrimas de Marlee
e alisar os cabelos dela. — Fazemos parte de SnowDancer agora, e nossa
matilha está conosco. — Ninguém machucaria qualquer criança em
SnowDancer e fugiria com ela.
— Tio Walker, Tio Judd, Sienna e Hawke são muito assustadores para o
Conselho.
Apenas a ajudei um pouco. Tirei o pior do medo para que ela pudesse pensar.
Como está? Experimentar a escuridão que tomava de outro era o preço que
um empata pagava por seu dom.
— Babier nem sequer é uma palavra. — Toby agarrou o corpo dela em seus
braços quando ela se virou para ele, ambos rindo enquanto Toby fingia se
defender das garras de Marlee.
— Sim.
Epílogo
Lara não podia acreditar que já era a noite de sua cerimônia de acasalamento.
Segura nos braços de seu companheiro enquanto balançavam com a música
da banda de jazz ao vivo, ela olhou ao redor do círculo da matilha, a área de
dança no centro cercada por mesas de piquenique de madeira. Essas mesas
continham uma variedade de iguarias que tinham as crianças e os adultos em
êxtase – sua mãe, Lara pensou com um sorriso, sem dúvida planejava o
cardápio desde o dia em que Lara acasalou com Walker.
— Olhe para o que meu bebê fez, — disse Ava com prazer naquele dia,
apontando para uma borboleta pintada com um entusiasmo alegre que fez a
criatura parecer viva. — O talento artístico dos Stone claramente verdadeiro.
— Tão feliz.
O prazer da matilha pelo seu casamento estava claro desde que a notícia
sobre o namoro com Walker se espalhou, mas Lara não percebeu a extensão
total até essa noite. Beijos na bochecha, abraços, parabéns sussurrados
acompanhados por presentes criativos, continuavam chegando. Walker se viu
apertando as mãos de pessoas durante a noite, abraçado por inúmeras
crianças.
— Está se divertindo? — Ela perguntou; ciente de que ele preferia ficar fora
do centro das atenções.
— Walker.
Inclinando a cabeça e deslizando uma mão ao redor de sua nuca, ele a beijou
lentamente e com paciência requintada... Tão longo e intenso que os uivos
cresceram ao redor deles. Mas seu companheiro não a soltou até que estava
bem e pronto. Agitada e satisfeita, as mãos apertadas no fino algodão de sua
camisa branca, ela respirou fundo. — Só quando pensei que poderia prever o
que faria em seguida...
Walker passou o polegar pelo lábio dela, a outra mão esticada na parte
inferior das costas para segurá-la. — Eu te amo mais do que nunca serei
capaz de dizer, nunca serei capaz de descrever. Você é a luz das estrelas
numa noite escura.
— Sim, claro, — disse ela, fungando as alegres lágrimas. — Não está tão
barulhento.
— Sim, eu... — seus olhos se arregalaram quando percebeu que não viu a
boca dele dar forma às palavras. — Isso é impossível. — Sabia de dois casais
de changeling/Psy que tinham um nível de verdadeira
Walker cobriu o rosto, dobrando os joelhos para que ficassem olhos nos
olhos. — Sim, mas tem uma habilidade que pode muito bem ser Psy.
Faz sentido racional que haja uma conexão, ainda que a cura changeling não
seja mais reconhecida como um verdadeiro dom psíquico.
Lara tentou pensar, perdeu o fio, sua mente um lugar de caos delirante. —
Vamos falar sobre a lógica disso mais tarde. — Borbulhando com excitação,
foi quem o beijou desta vez, beliscando seu lábio inferior, chupando a dor
sensual, sua loba quase explodindo fora de sua pele. —
Meu tudo.
FIM
ORDEM DA SÉRIE:
3. Caressed By Ice
4. Mine to Possess
5. Hostage to Pleasure
6. Branded By Fire
7. Blaze of Memory
8. Bonds of Justice
9. Play of Passion
11 - Tangle of Need
14 - Shards of Hope
CONTOS:
(EX:
Wild
Invitation
Wild
Embrace)
Então, você pensa que não para de sair conto, mas na verdade, alguns são
compilados.
Outro ponto - Temos Cenas deletadas e Free Short Stories, que são
disponibilizada no site da autora e eles possuem 3-7 páginas. Mas são
cadastrados no goods como contos, e então assustamos quando vemos essa
quantidade, mas pelo menos metade são apenas essas Historias
***
---: Daqui para baixo são Cenas deletadas e Free Short Stories - tudo em
tradução.
10.8 - Pancakes
13.1 - Kaleb and Sahara’s Meeting with Sascha and Lucas 13.2 -
Housewarming at the Orchard