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HEPATITE

Definição
Hepatite é toda inflamação no fígado. Com a inflamação, são destruídas
células do fígado, com diversas conseqüências ao organismo.
As hepatites virais são todas diferentes em sintomas, gravidade e
tratamento. A hepatite também pode ser causada por infecções generalizadas,
por substâncias tóxicas como o álcool, por doenças auto-imune.
A hepatite pode ser aguda, com sintomas mais intensos ou pode ser
crônica, menos sintomática.
A hepatite A costuma causar apenas a hepatite aguda. Já a hepatite B,
pode apresentar um quadro agudo e depois manter uma inflamação menor por
um longo período, tornando-se crônica. A hepatite C costuma causar apenas
hepatite crônica.
A hepatite aguda pode ser assintomática ou surgir um quadro parecido a
de uma gripe, com mal estar, fraqueza, febre, dores e náuseas. Quadros mais
intenso pode vir com icterícia. Casos mais graves podem se tornar em uma
encefalopatia hepática na qual notamos alterações de comportamento,
sonolência e confusão.
Na hepatite crônica, ocorre uma destruição lenta das células do fígado,
que aos poucos vão se regenerando ou formando cicatrizes. No momento em
que a regeneração não é mais possível e o fígado não é capaz de funcionar
normalmente temos a cirrose.

Tipos de hepatite

Hepatite A
O vírus da hepatite A (VHA) causa uma infecção aguda que se cura
espontaneamente com o passar do tempo. Geralmente é de evolução benigna e
por isso dificilmente leva o indivíduo a estados graves, já que a doença não
cronifica. A transmissão do vírus ocorre principalmente por via fecal-oral. O vírus
tem uma sobrevida de 12 dias a 10 meses na água. Tem como prevenir a
hepatite A através de vacina, em duas doses. Por ser uma doença benigna é
permitida a doação de sangue e órgãos

Hepatite B
A infecção causada pelo vírus da hepatite B (VHB) pode estar associada
com a doença aguda clássica, onde o indivíduo apresenta sintomas
característicos da hepatite (síndrome gripal, fadiga, dores de cabeça, náuseas e
icterícia). A gravidade da doença é variável. Alguns pacientes desenvolvem
doença crônica que, se não for tratada, após alguns anos pode levar à cirrose e
ao câncer de fígado. A transmissão do vírus da hepatite B (VHB) ocorre
principalmente através do contato com sangue contaminado, do contato sexual e
pela transmissão vertical. O grupo de risco seria: politransfundidos; renais
crônicos em hemodiálise; pessoas com múltiplos parceiros sexuais; e usuários
de drogas injetáveis. O vírus tem uma sobrevida de sete dias na água. Tem
como prevenir a hepatite A através de vacina gratuita, em três doses.

Hepatite C
A hepatite causada pelo vírus C (VHC) é uma doença silenciosa que
infectos milhões de brasileiros. Os sintomas agudos dessa infecção são
geralmente leves ou ausentes, por isso passam despercebidos. Freqüentemente
os pacientes descobrem que são portadores somente após 20 a 30 anos da
infecção, quando o quadro pode ser mais grave, podendo também chegar à
cirrose e ao câncer de fígado, a cronificação ocorre em 85% dos casos. A
principal via de transmissão é a sanguínea. O grupo de risco seria: quem
recebeu transfusão de sangue e derivados ou órgãos antes de 1992; usuários
de drogas injetáveis; renais crônicos em hemodiálise; e portadores de HIV. O
vírus tem uma sobrevida de três dias na água.
Hepatite E, D e G
A hepatite causada pelo vírus E (VHE) é transmitida por via digestiva
(transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões. A
hepatite E não se torna crônica.
A infecção causada pelo vírus da hepatite D (VHD) ocorre apenas em
pacientes infectados pelo VHB. Em pacientes cronicamente infectados pelo
VHB, a infecção concomitante com o VHD acelera a progressão da doença
crônica. Aproximadamente 5% dos pacientes com VHB são também infectados
por VHD.
O vírus da hepatite G (VHG), também conhecido como GBV-C é
transmitido através do sangue, sendo comum entre usuários de drogas
endovenosas e receptores de transfusões. O vírus G também pode ser
transmitido durante a gravidez e por via sexual. Aproximadamente 10% a 20%
dos portadores de hepatite C são contaminados com o vírus G.

Hepatite Auto-Imune
Esta inflamação crônica do fígado pode ser causada por um descontrole
no sistema imunológico que passam a reagir contra células e tecidos normais,
causando inflamação, destruição e perda da função do órgão atingido. Ainda não
se conhecem os mecanismos que levam ao aparecimento dessa doença.
Acredita-se que exista uma predisposição genética para desenvolvimento
da doença, e que vírus e bactérias poderiam ser fatores desencadeantes do
processo auto-imune. É tipicamente uma doença de mulheres jovens, mas pode
atingir crianças e adultos de qualquer sexo.
Os sintomas desta doença são: fraqueza, cansaço fácil, perda de apetite,
perda de peso, febre, dores no corpo e nas articulações, icterícia, fezes claras,
urina escura. Os casos sem sintomas são raros e descobertos em exames de
rotina, assim como aqueles de forma fulminante com evolução rápida para o
coma hepático. Excesso de pêlos, espinhas e alterações menstruais são
comuns em mulheres jovens. Até metade dos pacientes tem outras doenças
concomitantes como diabetes da criança e adolescente, algumas doenças da
tireóide, artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico.
Não há um exame que confirme exatamente o diagnóstico. A partir de
suspeita pelas queixas do paciente e pelo exame clínico, o médico
solicita exames de sangue que visam excluir outras causas mais comuns
de hepatite, como, por exemplo, as causadas por vírus. Dentre os
exames que induzem fortemente o diagnóstico estão os que detectam
anticorpos sanguíneos anormais. Ecografia e biópsia hepática são usadas para
elaboração do diagnóstico, podendo demonstrar desde inflamação leve e
diferente da hepatite por vírus até cirrose.
A maioria dos casos de hepatite auto-imune é tratada com corticóides
associados ou não a outros medicamentos, como a azatioprina. A função disso é
diminuir a formação e a ação de anticorpos que estão "desreguladas", causando
lesões em áreas sadias do próprio organismo. O tratamento controla a
inflamação em 80 a 90% dos casos, porém a doença volta quando este é
suspenso. Por isso, na maioria das vezes, o tratamento é permanente.

Encefalopatia hepática
A encefalopatia hepática ou porto-sistêmica acomete de 50% a 70% dos
cirróticos no curso da sua doença. Tem curso flutuante e caráter progressivo se não
identificada e tratada adequadamente. É caracterizada por sinais e sintomas
neurológicos em portadores de insuficiência hepática ou "shunt" porto-sistêmico e
que não podem ser atribuídos a outra causa. Tem graus variáveis de gravidade,
desde manifestações subclínicas até o estupor e coma profundo. As manifestações
não são específicas; alteração de nível de consciência, asterix, hálito hepático e
outros sintomas neuropsiquiátricos podem estar presentes em uma série de outras
patologias que devem ser excluídas, como eventos vasculares cerebrais ou infecção
no sistema nervoso central. Portanto, o diagnóstico de encefalopatia hepática é
geralmente de exclusão, devendo-se atentar para a presença de sinais e sintomas
que sugiram outra etiologia para alteração no nível de consciência, como déficits
focais, alteração em pares cranianos ou irritação meníngea. Fatores predisponentes
também auxiliam na suspeita diagnóstica e incluem: o aumento da produção de
amônia ou da difusão de amônia pela barreira hemato-encefálica (por uremia,
hemorragia digestiva, infecção, entre outras), o comprometimento da perfusão
hepática (por hipovolemia, paracentese), drogas depressoras do sistema nervoso
(benzodiazepínicos, opióides), "shunt" porto-sistêmico (TIPS, cirúrgico) e diminuição
da reserva funcional hepática (progressão da hepatopatia, hepatocarcinoma).
Na maioria das vezes, existem fatores precipitantes que obrigatoriamente
devem ser identificados e tratados para que a encefalopatia seja revertida de forma
rápida e efetiva. A utilidade da dosagem sérica de amônia é bastante controversa na
literatura. Geralmente não é útil, pois entre 20% e 30% dos pacientes com
encefalopatia hepática podem apresentar amoninemia normal enquanto níveis
séricos elevados não garantem que a etiologia da alteração da consciência tenha
relação apenas com a encefalopatia hepática.

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