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Indústria cultural, Adorno e

Résumé da indústria cultural

Theodor Adorno
• Histórico

• Surgiu em 1923 na Alemanha, fundada pelo industrial Felix


Weil, com o nome de Instituto de Pesquisa Social da
Universidade de Frankfurt (Institut für Sozialforschung).

• A designação “Escola de Frankfurt” é informal e não era


usada pelos seus integrantes.

• Embora de orientação marxista, os integrantes da Escola


não quiseram associar seu trabalho exclusivamente a
Marx.

• Carl Grünberg, um intelectual marxista, foi o primeiro


diretor da Escola, no período 1923-1929.

• Em 1930, assume sua direção Max Horkheimer, que


enfatizou a relação entre a filosofia e a ciência.
• De 1933 a 1935, o instituto foi transferido para
Genebra, na Suíça, devido à ascensão do
Nazismo.

• Em 1935, mudou para Nova York. Em 1941,


passou a ser sediado na Califórnia.

• Em 1953, depois do final da Segunda Guerra, o


instituto volta para a Universidade de Frankfurt.

• Em 1955, Theodor Adorno assume a direção ao


lado de Horkheimer. Ambos morreram em 1969.
• 2. Formação
• A Escola reunia marxistas dissidentes, críticos severos do
capitalismo que acreditavam que as idéias de Marx estavam
sendo usadas de maneira muito estreita pelos comunistas
ortodoxos ou pelos social-democratas.

• Influenciados especialmente pelo fracasso das revoluções


operárias na Europa ocidental depois da Primeira Guerra
Mundial e pela ascensão do Nazismo e o avanço da
tecnologia na Alemanha, eles selecionaram partes da obra
de Marx que poderiam explicar uma realidade que o próprio
Marx jamais viu.

• Eles fizeram aproximações com outros autores, entre os


quais Max Weber, Freud (no caso de Herbert Marcuse),
procurando superar o pensamento positivista, o materialismo
e a fenomenologia, resgatando o pensamento de Kant e
Hegel.

• No caso deste último, davam ênfase à negação e à


contradição como sendo elementos inerentes da realidade.
• Ideias teóricas

• A teoria crítica

• Ela tem por objetivo não só o estudo de determinados


temas da sociedade, mas visa uma mudança radical.

• A teoria crítica queria reabilitar a partir de seu enfoque


filosófico um direcionamento para a revolução social numa
época em que ela já estava em declínio.

• Isso significa, numa perspectiva marxista, criticar as


ideologias da sociedade (por exemplo, as ideias de
“liberdade individual” e igualdade”, sob o sistema
capitalista) ao compará-las com o que acontece de fato
(exemplo: a subordinação do indivíduo à estrutura de
classe e às desigualdades do capitalismo).
• 4. As fases
• Na primeira fase, nas décadas de 1920-1930, os teóricos da Escola de
Frankfurt buscaram entender como a ideologia (entendida como
parte da “superestrutura”, conforme o pensamento marxista) controla
os indivíduos, a partir da cultura de massa e da estética.

• Os estudos desta fase mostram a habilidade do capitalismo de destruir


as condições para a formação da consciência política.

• Nesta fase, reconhece-se a ideologia como elemento formador da


estrutura social. Podem-se destacar as obras de Adorno, Max
Horkheimer e de Walter Benjamin.

• Na segunda fase, com os livros “Dialética do Esclarecimento” (1947) e


“Mínima Moralia” (1951), Adorno faz uma crítica à racionalidade
ocidental, que para ele é uma fusão de dominação da racionalidade
técnica, subjugando toda a natureza. Nesse processo, no entanto, o
sujeito acaba sendo engolido e não consegue se emancipar.
• Na terceira fase, alguns dos pontos da fase anterior se
mantiveram.

• No período do pós-guerra, os teóricos vão reconhecer


que a estrutura do capitalismo e a história mudaram tanto
que os modos de opressão operam de maneiras
diferentes, e que a classe operária não é mais a negação
do capitalismo.

• Essa constatação levou a teoria a um método negativo,


como na obra de Herbert Marcuse o “Homem
Unidimensional” e a “Dialética Negativa” de Adorno.
Nesse mesmo momento, Jürgen Habermas faz uma
crítica ao desenvolvimento da democracia na
modernidade, com o livro “Mudança na Esfera Pública
Burguesa” (1962).
• Principais teóricos
• Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter
Benjamin, Herbert Marcuse, Leo
Löwenthal, Franz Neumann, Friedrich
Pollock, Erich Fromm, Jürgen Habermas,
Oskar Negt, Axel Honneth.
• Visão de Theodor Adorno e Max Horkheimer

• Dialética do esclarecimento (1947)

• Esclarecimento x barbárie

• Autonomia x heteronomia

• Modernidade x dominação
• Defende a tese de que a modernidade,
em vez de gerar a liberdade, levou o
indivíduo à sujeição ao sistema capitalista.

• A Indústria Cultural seria o principal


agente de manutenção das relações de
poder.
• Conceito marxista de alienação

• Não se reconhecer no trabalho.

• Ideologia – infraestrutura – superestrutura


(ideologia)

• A ideologia: ideias fora do lugar.

• Ideologia de classe.

• Só uma arte negativa ou uma dialética negativa


(sem a síntese) pode levar à consciência.
• Résumé da Indústria cultural

• Termo “indústria cultural” em “Dialética do


Esclarecimento” em vez de “cultura de massa”

• “Em todos os seus setores são fabricados de modo mais


ou menos planejado, produtos talhados para o consumo
de massas e este consumo é determinado em grande
medida por estes próprios produtos”.
• “Promove união forçada das esferas de
arte superior e arte inferior. Para prejuízo
de ambas”.

• Arte superior: banalização.


• Arte inferior: controlada socialmente.
• O consumidor é passivo:

• “O consumidor não é, como a indústria


cultural gostaria de fazer acreditar, o
soberano, o sujeito desta indústria
cultural, mas antes o seu objeto”.
• O conteúdo da indústria cultural é
determinado pelo lucro de seus produtos,
e não pelo conteúdo:

• “As mercadorias culturais da indústria se


orientam [...] pelo princípio da sua
valorização, e não pelo seu próprio
conteúdo e da sua forma adequada”.
• Vê certa contradição no uso do termo
“indústria”.

• Sempre há autonomia para os artistas,


mesmo quando o sistema de produção é
“industrial”, como o cinema.
• A indústria cultural reproduz a ideologia
capitalista, destacando o individualismo.

• Ela é determinada pela técnica (ex. faixa


de música de três minutos para caber no
disco)

• Não apresenta “aura”, conforme o


conceito benjaminiano.
• Há intelectuais “domesticados”, que veem
com bons olhos da indústria cultural.

• “A indústria cultural daria aos homens, em


um mundo que se presume caótico, algo
como critérios de orientação, e só isto
seria um fato apreciável”.
• As pessoas são “enganadas” pela IC

• “O dito segundo o qual o mundo quer ser


enganado se tornou mais verdadeiro que nunca.
Não apenas os homens caem - como se costuma
dizer - de vertigem, desde que isto lhes
proporcione uma ainda que efêmera gratificação;
querem frequentemente o engano que eles
próprios intuem; têm os olhos tenazmente
fechados e aprovam como em uma espécie de
autodesprezo aquilo o que lhes sucede e do qual
sabem porque é fabricado. Mesmo sem admiti-lo,
têm o sentido de que a sua vida se tornaria
absolutamente insuportável quando deixassem
de agarrar-se a satisfações que não são
satisfações”.
• A IC inculca uma ordem às pessoas:

• “deves adaptar-te, sem especificar ao que:


adaptar-te àquilo que imediatamente é, e
aquilo que, sem reflexão tua, como reflexo
do poder e da onipresença do existente,
constitui a mentalidade comum”.
• Efeito anti-iluminista

• “O efeito global da indústria cultural é o de um anti-


iluminismo; nela o iluminismo (Aufklärung), como
Horkheimer e eu tomamos o progressivo domínio técnico
da natureza, torna-se engano das massas, meio para
sujeitar as consciências. Impede a formação dos
indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar
e se decidir conscientemente. Pois bem, estes seriam os
pressupostos de uma sociedade democrática que
somente indivíduos emancipados podem manter e
desenvolver. Se se engana as massas, se pelo alto se as
insulta como tal, a responsabilidade não cabe por último à
indústria cultural; é a indústria cultural que despreza as
massas e as impede da emancipação pela qual os
indivíduos seriam maduros como permitem as forças
produtivas da época”.
• Exemplo de crítica baseada nos pressupostos da teoria
de Adorno

• Hesitando entre a rudeza do discurso feminista e a


hostilidade da competição no mercado profissional, ela
buscaria refúgio no mito da delicadeza, do amor
romântico ou mesmo imaculado como o da Virgem:
afinal sua relação erótica já não seria com o homem que
de noite ronca a seu lado e de dia compete com ela;
seria com o livro, com o personagem, com o guerreiro
mágico, Deus ou Cristo, que a levasse desse mundo
terreno para uma fuga paradisíaca qualquer onde ela
"vencesse na vida", como sempre vencem as heroínas
de [Sidney] Sheldon[1].
[1] FELINTO, Marilene. Mulheres que leem bobagens.
Folha de S. Paulo, 29 jan. 1995. Mais!, p. 3.

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