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Teoria Crítica

Mauro Wolf –
Teorias da Comunicação
Teoria Crítica
• Tentativa de fundir o comportamento crítico nos
confrontos com a ciência e a cultura com a
proposta política de uma reorganização racional
da sociedade, de modo a superar a crise da
razão.(instrumental)
• Identidade central: teoria da sociedade como um
todo; construção analítica dos fenômenos que
investiga e atribuição desses fenômenos a
forças sociais que os provocam;
Teoria Crítica
• Pretende evitar a função ideológica das ciências
e disciplinas setorizadas, que consideram
“dados de fato”(meras técnicas de pesquisa, de
recolha e classificação dos dados ‘objetivos’),
• enquanto a TC os considera fruto de uma
situação histórico-social específica:
“os fatos são pré-fabricados: através do caráter
histórico do objeto percebido e do caráter
histórico do órgão perceptivo”;
Teoria Crítica
• Denuncia a separação entre o indivíduo e a
sociedade, resultante da divisão das classes;
parte da análise do sistema da economia de
mercado;
• Originalidade: enfrentarem temáticas novas:
o autoritarismo, a indústria cultural e a
transformação dos conflitos sociais;
• Propõe uma teoria da sociedade que implique
uma avaliação crítica da própria construção
científica (citação – p 72)
A Industria Cultural como sistema

• Indústria Cultural X Cultura de Massa (cultura


que nasce espontaneamente das massas)
• - IC: “filmes, rádio e semanários constituem um
sistema. Cada setor se harmoniza entre si e
todos se harmonizam reciprocamente;
• Mercado de massas: impõe estandartização e
organização: os gostos do público e suas
necessidades impõem estereótipos e baixa
qualidade –> círculo de manipulação e de
necessidade;
• Ambiente: a racionalidade técnica é a
racionalidade do próprio domínio (sobre a soc.)
A Industria Cultural como sistema

• Oferece ao público uma hierarquia de qualidade


em série; sob as diferenças, a identidade do
domínio; o novo é a representação de algo
sempre igual ( a “fórmula”);
• Esse sistema condiciona o processo de
consumo e a autonomia do consumidor;
• A máquina da IC prefere a eficácia de seus
produtos, determina o consumo e exclui tudo
que é novo, o q se configura como risco inútil;
O Indivíduo na era da Indústria Cultural

• O Indivíduo deixa de decidir, adesão acrítica aos valores


impostos; a vida é reduzida ao consumo puro e simples;
o consumidor não é soberano, não é o sujeito da IC,
mas o seu objeto: O homem encontra-se em poder de
uma sociedade que o manipula ;
• Lazer/divertimento: cópias e reproduções do processo
de trabalho; operação regulada;
• Divertir-se significa estar de acordo, não dever pensar,
esquecer a dor mesmo quando essa dor é exibida;
é mais que fuga da feia realidade, é fuga da última idéia
de resistência que a realidade ainda pode ter deixado;
O Indivíduo na era da Indústria Cultural
• A individualidade é substituída pela pseudo-
individualidade: controle psicológico;
transformam a mensagem de uma obediência
irreflexiva em valor dominante e avassalador;
• O conformismo e o formalismo, inscritos nos
folhetins, foram traduzidos em prescrições:
o que se deve e o que não se deve fazer;
a explosão dos conflitos é pré-estabelecida;
a sociedade é sempre vencedora e o
indivíduo não passa de um fantoche
manipulado pelas normas sociais
O Indivíduo na era da Indústria Cultural

• O consumidor é como o prisioneiro que cede à


tortura e acaba por confessar seja o que for,
mesmo aquilo que não fez;
• o mesmo acontece com o ouvinte de música
ligeira: destrói sua resistência, provoca nele
uma má consciência motivada pela sua vontade
de resistir;
• a repetição faz parecer parte do mundo natural;
a unidade do Indivíduo começa a desmoronar.
A Qualidade do Consumo dos
Produtos Culturais
• Os produtos da indústria cultural são feitos para
impedir a atividade mental do espectador;
• o espectador não deve agir por sua própria
cabeça: o produto prescreve todas as reações;
• Construídos para um consumo descontraído,
refletem o mecanismo econômico que domina o
tempo do trabalho e o tempo do lazer; reflete a
lógica da dominação; perda da expressividade
A Qualidade do Consumo dos
Produtos Culturais
• (A fórmula) - Terreno seguro: cada espectador
de um filme policial televisivo sabe com absoluta
certeza como se chega ao fim – o mesmo
ocorre com a música ligeira:
• respostas uniformes, condicionadas – limitado a
alternativas precisas e pré-fixadas ->
• despoja espontaneidade; linguagem da música:
os consumidores pensam ser a sua;
Os ‘efeitos’ dos mass media

• “Os mass media não são apenas a soma total das


ações que descrevem ou das mensagens que
irradiam. Compõem-se também de vários
significados sobrepostos uns aos outros: todos
contribuem para o resultado”.(Adorno, 1954, 384);
• estratégia de manipulação da indústria cultural: o
que ela comunica foi organizado com o objetivo de
seduzir os espectadores (psi); a mensagem
oculta pode ser mais importante do que a que se
vê; efeitos nos níveis latentes das mensagens:
fingem dizer uma coisa e dizem outra;
Os ‘efeitos’ dos mass media
• reforçam o estado de servidão:
o observador é continuamente colocado, sem o
saber, na situação de absorver ordens,
indicações, proibições.
• tendência para canalizar a reação do público :
“a maioria dos espetáculos televisivos visa a
(re)produção de muita mediocridade, de inércia
intelectual e de credulidade, que parecem
adequar-se aos credos totalitários, mesmo que
a mensagem explícita e visível possa ser
antitotalitária”.
Os Gêneros

• Estereotipização: uma das táticas de domínio da IC;


triunfo do capital investido; Indivíduo como cliente
• Estereótipo: elemento indispensável para se organizar e
antecipar as experiências da realidade social;
impede o caos social, a desordem mental;
instrumento necessário de economia na aprendizagem;
-> Estereótipo = óculos esfumaçados
• Gêneros televisivos: jogos policiais, comédia,
etc.. .-> formas rígidas, fixas
-> definem o modelo de atitude do espectador
acerca do modo como o conteúdo é percebido:
Teoria Crítica (TC) X
Pesquisa Administrada (P.E.)
• T.C.: denuncia a contradição entre I e S como produto
histórico da divisão de classes (não natural);
• tendência a tratar a mentalidade das massas como um
dado imutável;
• anula toda a individualidade e qualquer ideia de
resistência – triunfo do pseudo-individualismo, que
mascara a aceitação excessiva dos valores impostos -
• P.E.: provoca a fragmentação do todo social - falta
dinâmica histórica ao fato social; se limita a estudar as
condições presentes e inclina-se ao monopólio da IC.
P.E. trata do modo de manipular as massas ou de
atingir melhor determinados objetivos do sistema.
Teoria Crítica (TC) X
Pesquisa Administrada (P.E.)
• P.E. confia nos espectadores como fontes
credíveis de conhecimentos reais acerca dos
processos comunicativos da IC:
• Adorno: “devemos tentar compreendê-los
melhor do que eles se compreendem a si
próprios”;
• TC x PE: os dados recolhidos empiricamente
permitem apenas analisar as relações inerentes
ao sistema produtivo; os produtos da IC
funcionam como ‘cimento social’, mas esta
lógica é inacessível aos seus consumidores;
Teoria Crítica (TC) X
Pesquisa Administrada (P.E.)
• PE renuncia a qualquer momento de auto-reflexão sobre
seus métodos e princípios;
• Mass Media: reproduzem as relações de força do
aparelho econômico e social (TC);
P.E.:instrumentos utilizados para atingir determinados
objetivos: vender mercadorias, elevar o nível intelectual
da população ou melhorar a sua compreensão das
politicas governamentais (dimensão operativa, aplicativa
-> fornecer informações, não analisar)
• P.E. foi apresentada (pela TC) como teoricamente
irrelevante, privada de uma análise do contexto sócio-
econômico e de uma visão global dos problemas
eventuais (essas lacunas existem, mas nem todas as
PE tem esses limites);
Os Gêneros

• classificação dos espetáculos -> “o espectador se


aproxima de cada um deles com um modelo
estabelecido de expectativas, antes de se encontrar
perante o próprio espetáculo”. (Adorno)
• Quanto mais dura e complicada é a vida moderna, mais
as pessoas se sentem tentadas a agarrar-se a clichês
que parecem conferir uma certa ordem àquilo que, de
outra forma, seria incompreensível;
• (Des)Esperança: a falsa substituição do individual pelo
estereótipo tornar-se intolerável para os homens;

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