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O Debate Sobre o

Cálculo Econômico
Socialista
e o desenvolvimento da teoria
austríaca sobre o funcionamento
dos mercados

Prof. Dr. Fabio Barbieri


Roteiro
• Introdução
• sistemas econômicos comparados
• porque o socialismo é popular, ditatorial e não funciona?
• A objeção econômica ao socialismo
• O problema do cálculo econômico
• A pré-história do debate
• O argumento da Impossibilidade
• O socialismo de mercado
• A crítica austríaca
• Os desdobramentos modernos
• O significado do debate
Introdução: sistemas econômicos comparados

• Errado
• Comparar modelo ideal com realidade concreta
• Economista neoclássico: competição perfeita x realidade
• Identificar realidade com sistema defendido por oponente
• Economista marxista: conceito de “capitalismo”

• Certo
• Comparar instituições alternativas em termos de modelo ideal
• Estudar grau de aproximação de realidade com modelos alternativos

• Termos que induzem a erro


• Capitalismo, globalização, neoliberalismo, dicotomia esquerda x direita
• Sowell: esquerda como visão ptolomaica da política
Introdução: sistemas econômicos comparados
Sowell: esquerda e direita
Entre muitos rótulos irrefletidos que se popularizaram, a dicotomia entre a esquerda política e a direita política é uma das mais

notáveis, não apenas por sua ampla aceitação, mas também por sua total falta de definição - ou mesmo por uma tentativa de

definição. Apenas a esquerda é definida - inicialmente pelos tipos de idéias mantidas por aqueles que se sentaram no lado esquerdo

da assembleia nacional francesa no século XVIII. Mas enquanto a esquerda é definida, pelo menos nesse sentido geral, a dicotomia

permanece indefinida porque "a direita" permanece indefinida. Diz-se que os que se opõem à esquerda estão à direita - e quando se

opõem fortemente ou se opõem a um amplo espectro de questões, dizem que estão na "extrema direita". Mas esta é uma visão um

tanto ptolomaica do universo político, com a esquerda política no centro desse universo e todos os que diferem - em qualquer

direção - sendo chamados de “a direita”.

• Sowell: a visão dos ungidos


Introdução: sistemas econômicos comparados
O termo “capitalismo”
• Palavras doninha: adjetivos que sugam (esvaziam) significado do substantivo. Exemplo: social.
• 'I can suck melancholy out of a song, as a weasel suck eggs’ (Shakespeare, As You Like It, II,5)

• Palavras coringa: substantivo que significa qualquer coisa. Utilizado com muitos
qualificadores. Exemplo: capitalismo
• de estado, liberal, de compadres (crony), de ficção, de esquerda, de mercado, monopolista, de
desastre, imperial, de consumo, de laços, de rede, de faroeste, de guerra, de neandertal, de
pilhagem, de costas-quentes, regulatório, natural (verde), industrial, financeiro, selvagem, tardio,
corporativo, de fundos de pensão, de sonho, de jagunço, de araque, neo, pós, tecno-capitalismo,
anarco-capitalismo, socio-capitalismo, turbo-capitalismo, ... (pesquisa no Google)

• Pode ser usado em seu sentido marxista, mas em geral mistura


fragmentos dessa visão de mundo com conceitos de outros referenciais,
significando em última análise... o mundo real!
• Introdução: sistemas econômicos comparados
• os termos “socialismo” e “comunismo”
• Definição pelos fins
• igualdade, solidariedade, altruísmo, justiça social
• Definição pelos meios
• Slogan
• “De cada um conforme sua capacidade, para cada um conforme sua necessidade”
• Economia estatizada?
• Planejamento central?
• Mas Marx previa o fim do estado
• Definição por oposição
• Sem mercados, divisão do trabalho, moeda, lucros, ganância?
• Afinal, o que é?
A Ideologia Alemã
Introdução: sistemas econômicos comparados
Algumas definições do dicionário (Merriam-Webster)
• Socialismo
1. Uma teoria política e econômica da organização social que defende que os meios de produção, distribuição e troca devem
ser de propriedade ou regulamentados pela comunidade como um todo.
2. a: Um sistema de sociedade ou grupo no qual não há propriedade privada.
b: Um sistema ou condição da sociedade em que os meios de produção são de propriedade e controlados pelo estado.
3. Um estágio da sociedade na teoria marxista transitória entre o capitalismo e o comunismo e distinguido pela distribuição
desigual de bens e salários de acordo com o trabalho realizado.

• Coletivismo x Individualismo
 Coletivismo:
1. Uma teoria política ou econômica que defende o controle coletivo, especialmente sobre a produção e distribuição; Também: um
sistema marcado por esse controle.
 Individualismo:
1. Uma doutrina de que os interesses do indivíduo são ou deveriam ser eticamente primordiais;
Também: conduta guiada por tal doutrina (2): a concepção de que todos os valores, direitos e
deveres se originam em indivíduos.
2. Uma teoria que mantém a independência política e econômica do indivíduo e enfatiza a iniciativa,
a ação e os interesses individuais; Também: conduta ou prática guiada por tal teoria.
Sistemas Econômicos Comparados
• Classificação ortodoxa (marxista):
– capitalismo x socialismo
• Classificação clássica (smithiana):
– sistema de liberdades naturais x mercantilismo
• Termos modernos: economia de mercado x intervencionismo
• Problema fundamental:
– relação entre teorias e realidade
• falácia do nirvana:
– Identificação da realidade com sistema oposto
• consequências não intencionais:
– Tese: intervencionismo como consequência de qualquer ideologia
coletivista e portanto estatista na prática
Questões
• Centenário da revolução russa:
– Terror vermelho: silêncio e negação.
• Democídio: dezenas de milhões de vítimas
Vorkuta, Sibéria: campo de
• Silêncio moralmente equivalente à negação do Holocausto trabalho forçado
– Apenas uma forma de socialismo (nacional socialismo) é
condenado, mas seu caráter socialista é negado.
• Por que a ideologia socialista ainda é popular?
– Hayek: as origens intelectuais do coletivismo
• E por que o socialismo não funciona?
– Por que regimes socialistas são ditatoriais?
• Hayek: o caráter totalitário do socialismo
– Por que a economia socialista fracassa?
• Mises: a impossibilidade de cálculo econômico no socialismo
Questões
• Resumo em três perguntas
1. Ideologia: por que socialismo é popular?
2. Instituições: por que socialismo é ditatorial?
3. Economia: por que socialismo não funciona?
• Resumo em uma pergunta:
Qual é o fascínio de uma receita
que continua quebrando ovos
sem gerar omelete alguma?
Primeira Questão:
POR QUE
O SOCIALISMO
É POPULAR?
* URSS lar dos trabalhadores e camponeses
As Fontes dos Impulsos Coletivistas
• F. A. Hayek (1988) - A Arrogância Fatal: os erros do socialismo
• Duas fontes:
1. INSTINTO: moral tribal
2. RAZÃO: construtivismo
• 1. Moral tribal
– Economias simples:
• Relações pessoais, pouca especialização, tecnologia constante
• Comércio: jogo de soma zero
• Esforço como única fonte de prosperidade
– Economias complexas:
• Normas abstratas e impessoais, especialização, mudança constante
• Comércio: jogo de soma positiva
• Trocas como fonte importante de prosperidade
– Tese: socialismo é fruto de moral tribal disfuncional herdada
• Exemplos: desprezo pelo comércio (dos gregos à ficção científica,
passando pelo nazismo), estranhamento das relações impessoais,
demanda por controle consciente
As Fontes dos Impulsos Coletivistas
• 2. Racionalismo construtivista
– Razão requer controle consciente: mentalidade de engenharia social
– Controle requer hierarquia e liderança intelectualmente superior
– Exemplos: o Conselho de Newton de Saint-Simon, a economia de guerra de Neurath
– A crítica à economia de mercado:
• O “caos da produção capitalista” de Marx: falta de controle, duplicidade, desperdício
• Intelectuais são em geral socialistas
• Moral tribal e racionalismo ingênuo combinados
• “alienação” sobre o funcionamento dos sistemas econômicos
• Contraste entre
• Criacionismo social: racionalidade requer controle consciente
• Evolucionismo social: racionalidade requer aprendizado
descentralizado
• Ferguson: Instituições são fruto da ação, mas não da
intenção humana
As Fontes dos Impulsos Coletivistas
• Contraposição: o racionalismo crítico
– Whitehead: complexidade requer abandono de controle consciente
• Exemplo: aprender a dirigir, tocar um instrumento
– Popper / Hayek: racionalismo crítico, evolutivo
• Se conhecimento humano for falível, aprendizado ocorre por tentativas e
erros
• Isso requer liberdade para tentar e mecanismo de correção
• Bartley e a epistemologia evolucionária
• aumento da complexidade e alienação
• Hayek (LLL): evolução institucional
• entre o instinto e a razão
Segunda Questão:
Praça Lubyanka (Лубянская площадь): sede da KGB
POR QUE Piada soviética:

O SOCIALISMO “O prédio mais alto de Moscou: dos seus porões


avista-se a Sibéria.”

É DITATORIAL?
Socialismo e Totalitarismo: definições
• Definição de socialismo
Pelos fins: prosperidade, justiça, igualdade
Pelos meios: abolição da propriedade privada
• Comparação institucional
– Coletivismo
• hierarquia, planejamento central
– Individualismo
• policentrismo, planejamento descentralizado
• Definição de totalitarismo
– forma de governo que procura subordinar todos os
aspectos da vida individual à autoridade do estado
• Problema: é possível socialismo não totalitário?
Sistemas Econômicos e Liberdade
• Longo histórico de análise comparativa
• exemplo: A. Smith

Policentrismo Hierarquia
“Cada indivíduo necessariamente trabalha de forma a tornar a “O homem de sistema ... é freqüentemente tão enamorado com a suposta
beleza do seu próprio plano ideal de governo, que ele não pode sofrer o
renda anual da sociedade a maior possível. De fato, ele geralmente menor desvio de qualquer parte dele. Ele age no sentido de implementá-lo
nem intenciona promover o interesse público nem sabe quanto ele completamente, e em todas as suas partes, sem qualquer consideração seja
o está promovendo. ... ele busca apenas seu próprio ganho, e aos grandes interesses ou aos fortes preconceitos que possam se opor a ele.
nisso ele é, como em muitos outros casos, levado por uma mão Ele imagina que pode arranjar os diferentes membros de uma grande
invisível a promover um fim que não era parte de suas sociedade com tanta facilidade quanto a mão que arranja as diferentes peças
em um tabuleiro de xadrez. Ele não considera que tais peças não têm outro
intenções. ... Ao buscar o seu próprio interesse ele freqüentemente princípio de movimento além daquele que a mão impõe sobre elas; mas que,
promove o da sociedade mais efetivamente do que quando ele no grande tabuleiro da sociedade humana, cada peça individual tem um
realmente intenciona promovê-lo.” (RN) princípio de movimento próprio, inteiramente diferente daquele que a
legislação possa escolher impor sobre ela.” (TSM)
A Arrogância dos Intelectuais
• “Para esses intelectuais e escritores [socialistas], a
relação entre as pessoas e o legislador parece ser a
mesma coisa que a relação entre a argila e o oleiro.”
Frédéric Bastiat , A Lei
• Quando ninguém quer ser a argila, as alternativas são:
• Imposição ou abandono do plano
Oxímoro: socialismo e liberdade
• Hayek: indivisibilidade das liberdades
– coletivismo x individualismo
• sociedade livre não tem objetivos
• coletivismo requer objetivos centrais
– socialismo e ditadura
• coletivismo requer concordância sobre fins
• concordância não existe → coletivismo requer ditadura:
– eliminação de dissidência e obediência
– Abolição da propriedade privada
• controle dos meios → controle dos fins
– Exemplo: monopólio de papel e controle de jornais críticos
• controle dos fins → totalitarismo
• Como controle central não funciona (ponto 3 adiante), fracasso é
atribuído à sabotagem feita por inimigos do povo
Socialismo Real
é Sempre Ditatorial
• Regularidade empírica:
– Partido único, endeusamento de líderes, censura, fim de liberdade de imprensa, proibição de
deslocamentos, denúncia de vizinhos, familiares e colegas de trabalho, fabricação de inimigos
do povo para explicar fracassos do sistema, prisões arbitrárias, torturas, execuções, trabalhos
forçados, democídio.
• Exemplos da URSS:
–Código Penal Soviético, (Art. 58 -10):
•Propaganda anti-soviética e contrarevolucionária
•Inclui piadas contra o governo e porte de literatura subversiva
•Pena: pelo menos 6 meses de prisão. Sob agitação ou guerra: pena de morte e confisco,
incluindo reconhecimento formal como “inimigo dos trabalhadores”. Camboja: Khmer Rouge
–Gulags: campos de trabalho forçado
–Julgamentos encenados
•Assassinato de Kirov (1936): Zinoviev-Kamanev
• Centro trotskista anti-soviético (1937): Pyatakov-Radek
•Bloco dos direitistas e trotksistas (1938): Bukharin-Rykov
–Expurgos
Socialismo moderno e autoritarismo
• A história traiu a causa
• Fracasso do socialismo marxista
• Fracasso do intervencionismo keynesiano
• Fracasso do socialismo chavista
• Deslocamento do referencial explanatório coletivista da economia para outros
contextos
• Referencial tribal: classes e exploração
• Contextos: clima, religião, gênero, etnia, ...
• O caráter autoritário das ideologias coletivista permanece
• Patrulha ideológica via discurso politicamente correto
Socialismo moderno e autoritarismo
• Definições
• politicamente correto: linguagem, políticas ou medidas que pretendem
evitar ofensa ou desvantagem a membros de grupos particulares da
sociedade.
• discurso de ódio: ato de comunicação que inferiorize ou incite contra uma
pessoa ou grupo, tendo por base características como raça, gênero, etnia,
nacionalidade, religião, orientação sexual ou outro aspecto passível de
discriminação.
• Quem seria contra os fins propostos?
• Mas defesa de meios coletivistas, não liberais, implicam nas mesmas
consequências não intencionais já previstas pela teoria e observadas na história
• Estágios da nova censura:
1. Não podemos tolerar os intolerantes (Popper);
2. O fascismo é intolerante;
3. Todos que discordam de mim são fascistas;
4. Logo, tenho o dever de calar a dissidência (censura “do bem”)
Thomas Sowell e o politicamente correto
• The Vision of the Anointed: self-congratulation as the basis of social policy
• Causa primária: arrogância moral e intelectual
• Novo moralismo: discussão de pontos de vista substituída por confronto entre altruístas e
egoístas
• Racionalismo ingênuo: debate entre pontos de vista substituído por confronto entre
esclarecidos e ignorantes
• Pretensão do conhecimento leva ao autoritarismo
Terceira Questão:
POR QUE Piada soviética:
- Os senhores não teriam carne, teriam?

O SOCIALISMO - Aqui é a peixaria. Não temos peixe. É no açougue, do outro


lado da rua, que não tem carne.

NÃO FUNCIONA?
A Economia do Socialismo
• Se fosse economicamente viável, socialismo poderia sobreviver
como gaiola de ouro:
– escolha entre segurança e liberdade

• Mas os problemas econômicos do socialismo são inerentes ao


sistema:
– portanto regimes socialistas precisam de repressão ou
abandono do programa para se manter

• Por que o socialismo não funciona?


– Incentivos? Não!
– Impossibilidade do cálculo econômico
A Refutação do Socialismo
• Em 1920, Ludwig von Mises, Max Weber e Boris Brutzkus refutam o socialismo:
– Max Weber (Economia e Sociedade): crítica ao cálculo em espécie
– Boris Brutzkus (Economic Planning in Soviet Russia): fracasso econômico da Rússia devido ao problema do
cálculo e não devido ao esforço de guerra
– Ludwig von Mises (Economic Calculation in a Socialist Commonwealth - 1920 e Socialism - 1922)

• “Sem propriedade privada dos meios de produção não existem mercados. Sem mercados
não há formação de preços de mercados. Sem preços, não é possível realizar cálculo
econômico, ou seja, não se pode estimar a importância e a escassez dos bens de
produção, sem o que uma alocação racional de recursos é impossível.” Mises

• O socialismo, ao abolir propriedade privada, requer planejador


central omnisciente se quiser pelo menos manter o nível de
riqueza presente.
Objetivo do Módulo
• O nosso módulo não trata do socialismo em geral
• Algumas leituras sugeridas:

– Longa tradição socialista (Gray)


• Presença no pensamento grego e cristão, More, Campanella, Rousseau, Godwin, Saint-Simon,
Fourier, Owen, Blanc, Proudhon, Marx, Engels, Lassalle, Rodbertus, Bakunin, Bernstein, Kautsky,
Lenin, ...

– Literatura crítica que eu prefiro:


• Paul Leroy-Beaulieu (1885): Le Collectivisme: examen critique du nouveau socialisme
• Alexander Gray (1945): The Socialist Tradition: from Moses to Lenin
• Ludwig von Mises (1922): Socialism
• Friedrich A. Hayek (1988): The Fatal Conceit: the errors of socialism

• O nosso módulo trata do Debate do Cálculo Econômico Socialista


Introdução: O Problema Investigado
• O Tema: a economia do socialismo
– Tese austríaca: não é possível, sob o socialismo, alocar recursos de forma econômica.

• A Importância do Tema:
– O problema em si:
• Discussão de “sistemas econômicos comparados”: a despeito de seu apelo político, o ideal
socialista não pode ser realizado
• Crítica ao conceito de capitalismo
– A importância para a história das idéias:
• É importante contribuição austríaca à Economia
• O debate influenciou a formação tanto da teoria austríaca quanto da teoria
neoclássica
– Marca diferenças teóricas importantes entre os austríacos e as demais
vertentes da Revolução Marginalista
– Foi crucial no desenvolvimento da teoria austríaca de processo de mercado
Introdução: a história do debate
• O Debate é centenário:
• Envolve diversas escolas
• Influencia e é influenciado pela evolução das teorias

Marxistas Informação
Neoclássicos
Escolha pública
Austríacos

Austríacos Austríacos
t
1871 1930 1970 1990
Introdução: a história do debate
• Em 1920, o economista austríaco Ludwig von Mises lança o seguinte desafio:
– “Where there is no free market, there is no pricing mechanism; without a pricing
mechanism, there is no economic calculation.”
– Sem propriedade privada dos meios de produção não existem mercados. Sem
mercados não há formação de preços de mercados. Sem preços, não é possível
realizar cálculo econômico, ou seja, não se pode estimar a importância e a
escassez dos bens de produção, sem o que uma alocação racional de recursos é
impossível.
• Dessa data até o presente economistas socialistas procuram
refutar (sem sucesso...) a tese de Mises através de
propostas de socialismo que resolvam o problema do cálculo
econômico. O debate consiste na discussão dessas propostas.
Introdução: a essência do argumento
• São logicamente equivalentes: Sem Propriedade Privada
- A implica em B (ou: B é condição
necessária para A). Socialistas de mercado
- Não-B é condição suficiente para Sem Mercados negam estas implicações
não-A

• Em símbolos: Sem Preços


AB BA Socialistas marxistas
Sem Cálculo Econômico desconhecem estas
• No Diagrama: implicações

Sem Alocação Econômica


A B
A Pré-História do Debate: o problema alocativo
• As diferenças entre os programas de pesquisa clássico e neoclássico
(Hicks):
– Clássicos: plutologia - o estudo da riqueza
• Produção e distribuição de riqueza material (Mill)
– Neoclássicos: catalaxia – o estudo das trocas
• Ação humana, a lógica da escolha sob escassez (Mises)
• A alocação de recursos escassos a fins alternativos (Robbins)

• O socialismo marxista é ricardiano, o que faz com que


o problema econômico (catalático) do socialismo
seja ignorado
Plutologia (riqueza):
- produção é problema técnico (capital, população,
tecnologia)
- distribuição é problema político (depende das
forças políticas e instituições)

Exemplo algo caricato - o que produzir é dado: um poço


de petróleo. O único problema é: quem fica com a grana, o
trabalhador, que abre e fecha o registro do poço ou o
empresário, que faz a apresentação de Powerpoint?

Catalaxia (trocas):
 Produção é problematizada: o que produzir? Usos alternativos:
comparar valor com custo de oportunidade.
 Distribuição é relacionada com a produção: valor de um
recurso para produzir algo desejado.
Modelos de Evolução da Teoria Econômica
Modelo kuhniano
escola fisiocrata
escola clássica
1758 revolução marginalista
Fase pré-paradigmática
1776 1871 2000
escola neoclássica

John Hicks: “Revolutions in Economics”

Escola Clássica Escola Neoclássica

Caracterização Plutologia (riqueza) Catalaxia (trocas)

foco na Produção (meio) Relação entre produção (meio) e


consumo (fim)

geração e distribuição de riqueza alocação de recursos escassos a fins


Problema principal
material alternativos
Teoria do valor objetiva subjetiva
Causa do valor custos de produção, trabalho utilidade marginal
Autores principais Smith, Ricardo, Mill Menger, Walras, Jevons
J. S. Mill
• Da Definição de Economia Política e do Método de Investigação próprio a Ela

• Definição de Economia
• Primeiro pratica e só depois pode definir Economia.
• A ciência que investiga o aspecto social do processo de produção e distribuição de riqueza material.
• “A ciência que traça as leis daqueles fenômenos da sociedade que surgem das operações combinadas da humanidade para
a produção de riqueza, na medida em que esses fenômeno não são modificados pela busca de qualquer outro objeto.”

• Noção de Homo economicus:


• Não há talvez uma única ação na vida de um homem em que ele não esteja sob a influência, imediata ou remota, de algum
impulso que não seja o simples desejo de riqueza. Sobre esses atos a economia política nada tem a dizer. Mas há também
certos departamentos dos afazeres humanos nos quais a obtenção de riqueza é o fim principal e reconhecido. A economia
política leva em conta unicamente estes últimos.

• Bobagem: Mill não nega outros valores, apenas isola analiticamente um.
• Contraste com definição de Robbins: para este, não existe atividade econômica,
mas aspecto econômico de qualquer atividade, desde que haja escassez
• Atividade artística, religiosa, amorosa, etc. envolvem escolhas de tempo escasso.
O Problema Fundamental
• Lionel Robbins
• An Essay on the Nature and Significance of Economic Theory (1932, 1935)
• Capítulo 1: O objeto de Investigação da Economia
– definição"Economia é a ciência
materialista (plutológica) que“deestuda
x definição escassez”o
– Definiçãocomportamento
proposta: humano como uma

relação entre fins e meios escassos que
I – diversos fins não atendidos
• II - tempo e meios limitados
• têm usos alternativos.”
III - capazes de emprego alternativo
• IV – fins com importâncias diferentes
• Condições necessárias e conjuntamente suficientes:
I, II, III, IV => LÓGICA DA ESCOLHA
Robbins Problema Técnico
• Capítulo 2: Fins e Meios Meios Fins
– Economia neutra em relação a fins:
• Não existem fins econômicos
– Críticos querem transformar economia em
moralismo:
• Ruskin, Carlyle, Dickins: “pig-philosophy” Problema Econômico
• Visita de Savonarola: sibaritas se tornam ascetas - Meios Fins
muda a alocação de meios de orgias para artigos
religiosos!
– Problema econômico x Problema técnico
• Crítica ao marxismo
• Hans Mayer: “o problema técnica surge quando
existe um fim e uma multiplicidade de meios, o
problema econômico quando ambos os meios e os
fins são múltiplos.”
Catalaxia
• A nova definição implica a centralidade das trocas
– cataláxia: “trocar” ou “admitir na comunidade”
– Meios para obter os fins
• troca
• produção (troca com a natureza)
– Daí se conclui que a produção industrial visa a uma dupla meta: primeiro, multiplicar a quantidade das coisas úteis que apenas
existem em quantidade limitada; em seguida, transformar as utilidades indiretas em utilidades diretas. (Walras, Compêndio,
pg. 25)

• A nova definição implica escolha na margem


– A Revolução Marginalista de 1871
– Avaliação de porções concretas dos bens
• A nova definição implica valor subjetivo
– A “escola psicológica”
Implicação
• Conceito marxista de capitalismo contém conceito de
MODO DE PRODUÇÃO,
– Elaborado em contexto ricardiano, clássico, no qual a
produção era central.
• Com a nova teoria econômica e o problema alocativo,
tal conceito se torna obsoleto, assim como o conceito
de “capitalismo”
• Sugestão: que tal usar categorias liberais?
– Sistema de liberdades x intervencionismo
– Existem dois modos de alocação: descentralizado ou
centralizado (Courcelle-Seneuil, Molinari)
A Pré-história do debate: o socialismo marxista
• Classificação marxista: socialismo utópico e
científico
– Critério de cientificidade: método histórico / dialético
empregado por Marx
• Advento do socialismo é descoberto através da análise
teórica da economia
• Comunidades estabelecidas como exemplo não seguem
esse método. Seus advogados seriam então socialistas
não científicos ou utópicos.
• Ilustração: o desenho de um falanstério de Fourier
O “socialismo científico”
From that time forward Socialism was no longer an accidental
discovery of this or that ingenious brain, but the necessary outcome
of the struggle between two historically developed classes – the
proletariat and the bourgeoisie. Its task was no longer to manufacture
a system of society as perfect as possible, but to examine the historic-
economic succession of events from which these classes and their
antagonism had of necessity sprung, and to discover in the economic
conditions thus created the means of ending the conflict.
F. Engels
Autores “utópicos”
• Henri de Saint Simon (1760-1825)
– Obra: “Do Sistema Industrial”: planejamento central vs caos dos mercados (ordem espontânea)
– Sociedade hierárquica: Conselho de Newton (líderes da ciência, artes, indústria) guiam a ação dos demais
• Ecos dos reis filósofos plantônicos
• François M. Charles Fourrier (1772-1837)
– Proposta dos falantérios:
• hotel central, cercado de fábricas e fazendas
• Trabalho voluntário, cooperativo
– Tentados nos EUA
• Joseph Proudhon (1809-1865)
– Propriedade privada = roubo
– Colaboração livre, sem estado
– Defesa de crédito grátis para alcançar o socialismo
• William Godwin (1756-1836)
– Propriedade injusta, fonte dos males
– Abolição da propriedade gera sociedade sem fome, morte, sono, feras são amansadas...
– Anarquismo: fim do estado
Charles Fourier
Não confundir com Joseph
Critica ao liberalismo econômico: detesta Smith, Ricardo, Bentham,...
– Apesar de todos os seus vícios, o comércio é considerado um método de troca perfeito, porque as partes contratantes são livres para aceitar ou aceitar recusar fazê-lo. Essa liberdade é apenas um benefício
negativo. Não tem valor, exceto em comparação com os métodos dos bárbaros, com requisições, máximos, tarifas, etc. É longe de ser suficiente em si mesmo para garantir a equidade, a fidelidade, a confiança
ou a economia nas trocas. Estes e outros benefícios não têm lugar na ordem comercial, que estabelece todos os vícios opostos. O comércio permite que o engano e a pilhagem triunfem; cria um clima de
desconfiança que impede o desenvolvimento das relações econômicas e exige precauções dispendiosas. Finalmente, dificulta e complica todo o processo de troca.
– Crítico a alienação do trabalho
• Princípio da gravitação social: regras segundo motivações positivas, segundo desígnio divino - trabalho harmônico não geraria
desutilidade
• Paixões: sensuais (paladar, tato, visão, gosto, cheiro), espirituais (amizade, amor, ambição e amor paternal) e distributiva (la papillone:
diversidade; la cabaliste: rivalidade; la composite: mistas)
– Falanstérios (1620 hab. , pois existem 810 tipos psicológicos):
• Cooperação gera métodos que aumentam dramaticamente produtividade
• Inclinações infantis para resolver o problema da desutilidade de certas tarefas:
– Bagunceira, barulhenta, imitativa, miniaturas,
– Legião de pequenos que gostam de sujeira: se encarregam de esgotos, domesticação de animais, muito mais produtivos.

• História por fases: 80 mil anos total, 8 mil em Harmonia


• Cauda humana (archibras), anti-bestas, oceanos de limonada, polos amenos, cada mulher com
4 homens ou amantes (Fourier criou o termo feminismo),
• Estimativa (em milhões): 37 poetas como Homero, 37 matemáticos como Newton e
37 dramaturgos como Molière.
Robert Owen
• Industrial do ramo de algodão
• Fábrica na escócia: New Lanark
– Jornada reduzida, sem trabalho infantil, escola para crianças;
– Retorno esperado: afinco maior dos trabalhadores.
• Fazenda em Indiana (EUA): New Harmony
– Sem propriedade, casamento, religiação
– Rejeição de individualismo
– Faliu. Motivo: o problema dos caronas.
• Obra:
– Evidence on New Lanark (1815)
– A New View of Society (1816)
Karl Marx
Tese síntese
Dialética: X
Antítese

O materialismo histórico / dialético:


• Evolução com futuro pré-determinado (compare com Darwin)
• Modelo determinista exige causação unidirecional em larga medida (bottom-up no diagrama)

Superestrutura:
Forças estáticas Religião, ciência, arte, escola

Relações de produção:
Forças dinâmicas Propriedade, salários

Forças materiais de Base material


produção:
Modo de produção
Marx e a centralidade da produção: “modos de produção”
• Modo arcaico (comunismo primitivo)
– Propriedade tribal
– Economia de caça, pesca e coleta: nível de subsistência
– Divisão do trabalho primitiva, sem classes e sem individualismo
– Distribuição igualitária
• Modo asiático (oriental)
– Vila auto-suficiente
– Conquista ou acordo para obter irrigação – governo despótico sobre pequenas comunidades
– Déspota único proprietário, comunidades são posseiros
– Escravidão em geral;
– Modo estável
• Modo antigo
– Escravidão privada, propriedade privada
– Grécia e Roma
– Exploração, liberando elite pensante, desenvolvimento da ciência
Modos de Produção
• Modo germânico e eslavo
– Foco na unidade familiar, separadas por longas distâncias
– Comunidades são associações
– Agricultura auto-suficiente e individualista
• Modo feudal
– População esparsa no campo
– Senhor de terras e servos ligados a terra
– Feudos auto-suficientes: produção para o consumo.
– Troca esparsa
– Trabalho na terra do senhor
Modos de Produção
• Modo capitalista
– Produção de mercadorias: separação consumo e produção via trocas
• Produção para lucro, não para uso.
– Exploração do trabalho despido de capital: mais-valia
• Venda da força de trabalho como mercadoria para o dono do capital
– Aumento de produtividade possibilita socialismo
– Flutuações econômicas
• Modos socialista e comunista
– Pouco escrito a respeito (Gotha Program)
– Sem produção de mercadorias
– Tomada do controle dos meios de produção
– Socialismo: esquema de distribuição baseada na quantidade de trabalho
– Comunismo: “de cada um conforme sua capacidade, para cada um
conforme sua necessidade”
Valor no “capitalismo”
• Teoria do Valor
– Distinção clássica entre valor de uso e troca.
– Valor de troca:
• argumento aristotélico: troca envolve valores iguais x = y
• Elemento comum: geléia de trabalho como essência do valor

casaco
tecido

vinho

trabalho
Exploração
• Teoria da Exploração
– Salário: valor pago que reflete o valor do trabalhador enquanto mercadoria – o necessário
para produzir sua força de trabalho – nível de subsistência.
– Exemplo: 12 hs/ dia: 4 hs paga ao trabalhador, 8 hs de mais-valia.
• Capitalista reinveste diferença: acúmulo de capital.
• Capital não gera mais-valia

• Processo produtivo capitalista


Economia de trocas: C – M - C
Capitalismo: M – C ... P ... C´ - M´ , M’ > M.

Lucro:
s/k = s/(c+v)
S = mais-valia; C = capital constante; V = capital variável
A Pré-História do Debate: o marxismo
• a investigação sobre a natureza econômica do socialismo, sob o ponto de vista
do materialismo dialético, é desprezada como ‘socialismo utópico’.
• embora não tenhamos em Marx uma descrição sobre como seria o
funcionamento econômico do socialismo, temos algo como uma imagem no
negativo, a partir dos elementos condenados no capitalismo: o caos da
produção, propriedade privada, e categorias como valor, lucros, juros, preços,
entre outras, são dispensadas.
• Contudo, podemos perceber nos escritos marxistas que, conforme se tornava
mais provável a tomada do poder, maior era a preocupação prática com o
problema alocativo (Kautsky e Bukharin).
Historicismo marxista
Therefore, economic categories, too, are the ‘theoretical
expression of historical relations of production, corresponding to
a particular stage of development in material production. On no
account are they eternal, as bourgeois scholarship maintains,
which immortalizes them because it immortalizes the capitalist
mode of production. (Bukharin, 1979:149)
Vladimir I. Lênin
• O Estado e a Revolução
• Discussão de táticas de tomada do poder
Forward, to the victory of communism
• Primeira fase: ditadura do proletariado
– Postula estado dirigente das atividades econômicas
» Comparação com Correios
• Segunda fase: comunismo
– Desaparecimento do estado
• Pretende discutir a “economia da transição”,
mas não contém qualquer discussão de
natureza econômica, apenas táticas de
chegada ao poder.
Lênin: ignorância do problema econômico fundamental
‘Com tal fundamento econômico, é possível, imediatamente, no prazo de vinte e
quatro horas, derrubar capitalistas e burocratas e substituí-los no controle da produção
e distribuição e na repartição do trabalho e dos produtos, por trabalhadores armados.
A questão do controle e da contabilidade não deve ser confundida com a questão dos
engenheiros cientificamente educados ... Escrituração e controle - estas são as
principais coisas necessárias para o suave e correto funcionamento da primeira fase da
sociedade comunista. ... A escrituração e o controle necessários para isso foram
simplificados pelo capitalismo ao máximo, até se tornarem as operações
extraordinariamente simples de observar, gravar e emitir recibos, algo ao alcance de
qualquer pessoa que possa ler regras.”
(Lenin, 1920:106)
A Ignorância Marxista do Problema
Econômico Fundamental
• Continuação...
– Todas as funções sociais do capitalista são agora realizadas por funcionários assalariados.
O capitalista não tem mais função social do que o de embolsar dividendos, rasgar cupons 1919: “Morte ao capital ou morte
sob as botas do capitalismo!”
e apostar na Bolsa de Valores, onde os diferentes capitalistas espoliam o capital um do
outro (Engels, 1914: 122)
– O proletariado no poder, na primeira fase de sua supremacia, enfrenta estratos
parasitários (ex-proprietários de terras, investidores de todo tipo e empreendedores
burgueses que tinham pouco a ver com o processo de produção), capitalistas comerciais,
especuladores, corretores de bolsa, banqueiros (Bukharin, 1979:160)
• críticos:
– Uma característica do socialismo científico é a visão unilateral da produção, que
considera meramente como um processo de trabalho mecânico (Brutzkus, 1920:80)
– A falácia cardinal implícita nestas e todas as propostas afins é que eles analisam o
problema econômico da perspectiva do funcionário subalterno, cujo horizonte intelectual
não se estende além das tarefas subordinadas. Eles consideram a estrutura da produção
industrial e a alocação de capital para os vários ramos e agregados produtivos como
rígidos e não levam em conta a necessidade de alterar essa estrutura para ajustá-la às
mudanças nas condições. (Mises, 1949: 707)
Rússia: experiência com comunismo puro
• Economia de guerra (1917-1921):
– Abolição de mercados, moeda e preços gera caos e risco de perda de poder
• Reintrodução de mercados, moeda e preços (regulados) na NEP em 1921
• Causa real do fracasso: problema do cálculo
• Racionalização do fracasso:
– No começo, o Poder Soviético e seus instrumentos não tinham relatos precisos sobre o que estava acontecendo. Não
havia lista de empresas; não havia tabelas sobre os fornecimentos de matérias-primas, combustíveis e bens finais;
não havia registro das possibilidades produtivas, nenhuma idéia definida sobre o quanto as empresas que estavam
sendo nacionalizadas eram competentes para produzir. (Bukharin e Preobrazhesky, 1922: 263)
– Devido à escassez, muitas vezes fomos obrigados a fechar algumas das maiores empreendimentos (na indústria têxtil,
por exemplo). Ainda hoje devemos a estas causas a persistente desorganização parcial da produção. O principal
problema aqui, no entanto, não é a falta de organização propriamente dita, mas a falta de coisas materiais
necessárias para a produção. (Bukharin e Preobrazhesky, 1922: 270).
• Abolição da propriedade no campo e a tragédia na Ucrânia:
– Resultado: confiscos de 100% da produção, fome induzida pelo sistema,
maleabilidade do conceito de kulak.
Planos Quinquenais refutam Mises?
• Processo:
– Apura produção passada de planta industrial
– Estabelece meta superior
– Aumenta meta nos vários níveis de agregação
– Desconsidera relações entre setores
• Custos de oportunidade dos recursos.

• Crítica da Michel Polanyi:


– isso seria tão planejado quanto um líder de uma equipe de xadrez afirmar
Plano quinquenal: fantasia, utopia
que seu time pretende, em média, avançar 45 peões em uma casa, mover desvairada
20 bispos na média de três casas, 15 torres na média de cinco casas, etc.”

• Consequência: fracasso
– Motivo real: problema do cálculo econômico
– Desculpa usada: sabotagem dos engenheiros,
kulaks, espiões, trotskistas, ...

"Com grande trabalho,


cumpriremos o plano.”
Exemplo 1: China e o Grande Salto Adiante
 Organização do trabalho como exército
• Fins sem consideração por custos de oportunidade
• Exemplos:
• metas de produção de aço, trigo, projetos de irrigação
– Bens metálicos de consumo final fundidos,
tijolos de casas usadas como adubo.
• A campanha das 4 pragas
– Extermínio dos pardais
 Plantio denso e aragem profunda
 Quotas não preenchidas:
• Trabalho escravo
• ração por produtividade Todos vem para derrotar os pardais.
• expurgos
 Saldo: 45 milhões de mortos
(Applebaum) A cantina da comuna é
poderosa. Os pratos são
deliciosamente feitos. Você
come à vontade. Metas de
produção crescem.
Exemplo 2: Rússia e o Canal entre Mares Branco e Báltico
•Projeto do 1º plano quinquenal:
– início em 1931, pronto em 24 meses
•Utilidade: quase nenhuma. Pouco profundo.
•Trabalho escravo: prisioneiros do gulag
–Morte de 60 a 240 mil trabalhadores *
–faziam sua próprias ferramentas
–Cartaz
“soldado do canal: seu trabalho derreterá a duração da sua pena”

•Cumplicidade dos artistas:


– Gorki e outros:
•livro louvando a construção
–* 60 m (Applebaum), 240 m (Solzhenitsyn)
A Pré-História do Debate: similitude formal
• Com a revolução marginalista, o problema alocativo passa para o primeiro plano da
análise econômica.
• Tal problema, afirma o argumento de similitude, se faz presente em qualquer
sociedade. Faz-se então um ataque a tese historicista de que as categorias
econômicas são relevantes apenas para economias de mercado.
• Wieser (Natural Value): valor e custos de oportunidade em uma ‘economia natural’.
• Böhm-Bawerk (Capital e Juros): preferência temporal
• Pareto e Barone: ‘formalizam’ o argumento ‘austríaco’ de Wieser em termos da
teoria de equilíbrio geral - uma economia socialista deveria resolver um conjunto de
equações para que seja obtida uma alocação ótima.
Similitude Formal: citações
•Even in a community or state whose economic affairs were ordered on communistic principles, goods would
not cease to have value. Wants there would still be, there as elsewhere; the available means would still be
insufficient for their full satisfaction; and the human heart would still cling to its possessions. All goods which
were not free would be recognized as not only useful but valuable; they would rank in value according to the
relation in which the available stocks stood to the demand; and that relation would express itself finally in the
marginal utility. (Wieser, 1889)

•Under socialism it would be the economizing state itself which would apply – and indeed be forced to apply –
as against its citizens the principle of interest, ,and the practice of exacting a deduction from the product of
labor – a practice which today’s socialist reviles as “exploitation.” (Böhm-Bawerk, 1959)

•Riassumendo dunque, se un´organizzazione socialista, quale che sia,


voul ottenere il massimo di ofelimità per la società, può operare solo sulla
ripartizione, ch´essa muterà DIRETTAMENTE sotraendo agli uni quel che
darà algi altri. La produzione dovrà essere organizzata esattamente como
in un regíme de libera concorrenza e di appropriazione dei capitali.
(Pareto, 1896)
Marie-Espirit Léon Walras (1834-1910)
• Problema alocativo
– Conjunto dos fundamentos da economia:
• Preferências, recursos, tecnologias e dotações
– Busca de vetor de preços de equilíbrio
• Equações descrevendo o comportamento dos consumidores
• Equações descrevendo o comportamento das firmas
• Equações de igualdade entre custos e preços
• Tateamento
• Existência: contagem de equações e variáveis.
O cálculo em espécie: qual socialismo seria realmente científico?
• Tschayanoff: programa de planejamento inspirado na engenharia
• Otto Neurath (positivista do Círculo de Viena)
– economia de guerra: coletivismo
– Cálculo em espécie: grande problema de engenharia
• A social engineering construction treats our whole society and above all our economy in a way similar to a giant
concern. The social engineer who knows his work and wants to provide a construction that shall be usable for
practical purposes as a fist lead, must pay equal heed to the psychological qualities of men, to their love of novelty,
their ambition, attachment to tradition, willfulness, stupidity, in short everything peculiar to them and definitive of
their social action within the framework of the economy, as does the engineer to the elasticity of iron, to the breaking
point of copper, to the color of glass and to other similar factors. The levers and screws of the machinery of life are of
a strange and subtle kind. But the difficulty of the task has never yet frightened a courageous thinker and man of
action. (Neurath 1973:151)
O Argumento da Impossibilidade
Em 1920 surge simultaneamente 3 versões da tese de
impossibilidade do socialismo:

–Max Weber (Economia e Sociedade): crítica ao cálculo em espécie

–Boris Brutzkus (Economic Planning in Soviet Russia): fracasso econômico da


Rússia devido ao problema do cálculo e não devido ao esforço de guerra

–Ludwig von Mises (Economic Calculation in a Socialist Commonwealth -


1920 e Socialism - 1922)
O Argumento da Impossibilidade
• Precursor:
... the cause of suffering of the working class is not to be found in the established
property relations; thus this suffering cannot be corrected by the abolition of the
institution of private property. Moreover, only with the establishment of private
property can the yardstick be found for the determination of the optimal quantity
of each commodity to be produced under given circumstances. This follows from
the previously found laws of pleasure and the related rise and fall in the value of
any commodity (with the decrease or increase of its quantity) and the manner by
which prices are determined. Consequently, the central authority – projected by
the communist – for the purpose of allocating the different types of labour and
their rewards would soon find that it has set itself a task that far
excess the powers of any individual.
H.H. Gossen
O Argumento da Impossibilidade
• Ludwig von Mises

– Supõe mercados de consumo final e socialização dos bens de capital


– ênfase na necessidade de moeda para comparar o valor da produção com seu
custo de oportunidade
– ênfase na propriedade privada para que se formem preços que reflitam as
valorações individuais
– complexidade do problema alocativo: ‘divisão intelectual do trabalho’
– problema relevante para economias reais, em constante
mudança: em equilíbrio o problema seria irrelevante
Capital Theory: T-Rex metaphor
Capital as a homogeneous fund Capital as a structure Capital as a crystal
No production rigidities Temporal complementarity, partial Technical choice
• Neoclassical, keynesian substitutability •Marxist
• Austrian

Clay capital Old Lego capital Modern Lego capital

Austrian capital: fossils of past plans (Lachmann)


Mises:
… monetary calculation …affords us a guide through the
oppressive plenitude of economic potentialities. It enables us
to extend to all goods of a higher order the judgment of value,
which is bound up with and clearly evident in, the case of
goods ready for consumption, or at best of production goods
of the lowest order. It renders their value capable of
computation and thereby gives us the primary basis for all
economic operations with goods of a higher order. Without it,
all production involving processes stretching well back in time
and all the longer roundabout processes of capitalistic
production would be gropings in the dark.
Mises hayekiano: o problema do conhecimento
… the mind of one man alone—be it ever so cunning, is too weak to grasp the
importance of any single one among the countlessly many goods of a higher
order. No single man can ever master all the possibilities of production,
innumerable as they are, as to be in a position to make straightway evident
judgments of value without the aid of some system of computation. The
distribution among a number of individuals of administrative control over
economic goods in a community of men who take part in the labor of producing
them, and who are economically interested in them, entails a kind of intellectual
division of labor, which would not be possible without some system of
calculating production and without economy.
O Problema não é estático...
• The static state can dispense with economic calculation. For here the same
events in economic life are ever recurring; and if we assume that the first
disposition of the static socialist economy follows on the basis of the final
state of the competitive economy, we might at all events conceive of a
socialist production system which is rationally controlled from an economic
point of view. But this is only conceptually possible. For the moment, we
leave aside the fact that a static state is impossible in real life, as our
economic data are forever changing, so that the static nature of economic
activity is only a theoretical assumption corresponding to no real state of
affairs, however necessary it may be for our thinking and for the perfection
of our knowledge of economics.
Em condições dinâmicas...
• But then we have the spectacle of a socialist economic order
floundering in the ocean of possible and conceivable economic
combinations without the compass of economic calculation.
• Thus in the socialist commonwealth every economic change
becomes an undertaking whose success can be neither
appraised in advance nor later retrospectively determined.
There is only groping in the dark. Socialism is the abolition of
rational economy.
O Socialismo de Mercado (SM)
• Socialismo de Mercado:
– propostas de socialismo que incorporam elementos de mercado
• O debate em alemão - Mises contra:
– Karl Polanyi; Eduard Heiman
• O debate em inglês - Hayek contra:
– Dickinson: a solução matemática
– Taylor, Lange: a solução por tentativas e erros
– Durbin: competição entre monopólios estatais em mercados reais
– Lerner: desenvolvimento das regras a serem seguidas pelas firmas
– Dobb: supressão da soberania do consumidor
O Socialismo de Mercado
• O SM utiliza a teoria microeconômica não para explicar o funcionamento
dos mercados, mas para construir um mercado artificial:
– A sociedade capitalista, com seus desvios do equilíbrio devido as desigualdades de renda individual, a competição, ao
monopólio, e a ignorância mútua dos empresários a respeito das atividades dos outros empresários é uma
aproximação muito imperfeita do ideal econômico. Os sistemas econômicos de equilíbrio econômico descritos por
Böhm-Bawerk, Wieser, Marshall e Cassel não são descrições da sociedade presente, mas visões proféticas da
economia socialista do futuro. (Dickinson, H.D. “Price Formation in a Socialist Economy”, The Economic Journal.
Vol.43, No. 170. 1933, p.247 ).

• Questão metodológica: as simplificações teóricas legítimas


para a primeira tarefa ainda são legítimas para a segunda?
– Problema do realismo da teoria
O Socialismo de Mercado (SM)
• Taylor (1929): tabela de preços via tentativas e erros
1. estabelecem-se os preços dos fatores de produção em níveis que se
acredita que sejam adequados;
2. as funções administrativas seriam realizadas como se esses preços fossem
absolutamente corretos;
3. observar-se-iam resultados que indicassem que alguns dos valores
provisórios estariam incorretos;
4. os preços tabelados seriam corrigidos para cima ou para baixo conforme o
tipo de erro detectado, e, finalmente;
5. os passos (1) a (4) seriam repetidos até que desaparecessem as
divergências.
O Socialismo de Mercado (SM)
• A solução matemática: Dickinson
– obter empiricamente dados sobre os fundamentos da economia a fim de alimentar
as equações de Barone, obtendo-se um equilíbrio estático eficiente no socialismo,
corrigindo não só a distribuição de renda, mas também as falhas de mercado no
capitalismo
– problemas com os dados são devidos aos segredos industriais: as “paredes de
vidro” do socialismo:
Although the forms of capitalistic organization are maintained, there is one
fundamental difference in that there is fullest publication of output, costs, sales,
stocks, and other relevant statistical data. All enterprises work as it were within
glass walls. (Dickinson, 1933:239)
O Mega-IBGE de Dickinson
• Computo de funções concretas de:
– demanda em função do preço;
– produção;
– igualdades entre custo e preço;
– demanda por fatores.
• Cálculo matemático do vetor de preços e quantidades de
equilíbrio:
– Solução de um sistema linear
Dickinson
• Falta de sofisticação metodológica:
– vício ricardiano
– Transferência da simplicidade do modelo para o mundo modelado:
• Under capitalism, demand schedules are apt to exist in the real of faith
rather then in that of works, but within the glass walls of the socialistic
economy they would become much easier to draw up. (Dickinson,
1933:240)
• Contradição: o problema das avós pianistas
– Salário reflete produto marginal, mas existe igualdade de renda.
O Socialismo de Mercado (SM)
• A solução de Lange
– Mercados artificiais. O planejador : p

Cmg Cme
– Estabelece vetor de preços arbitrários
– Dita duas instruções para as firmas:
• as firmas escolhem recursos a fim de minimizar o custo médio
• as indústrias decidem tamanho de forma a minimizar o custo médio
q
– Corrige preços conforme ocorram excessos de demanda ou oferta,
até que se atinjam valores de equilíbrio.
– Os preços são contábeis: não há troca de moeda.
– Investimento:
• Curto prazo: quantidade fixa de capital
• Longo prazo: CPB escolhe juros ou escolhe poupança, ignorando preferências
intertemporais.
O Socialismo de Mercado (SM)
• A solução de Lange
• Our study of the determination of equilibrium prices in a socialist economy has shown that the process of
price determination is quite analogous to that in a competitive market. The Central Planning Board performs
the functions of the market. It establishes the rules for combining factors of production and choosing the
scale of output of a plant, for determining the output of an industry, for the allocation of resources, and for
the parametric use of prices in accounting. Finally, it fixes the prices so as to balance the quantity supplies
and the demanded of each commodity. It follows that a substitution of planning for the functions of the
market is quite possible and workable. (Lange, 1936-7:65, ênfase adicionada)

• Dúvidas:
– Como funciona o mercado de bens finais e trabalho?
– Crença: computo de preços não precisa ser refeito com frequência .
• Proposição curiosa:
– inovação no socialismo seria maior do que no capitalismo, pois a destruição criadora
diminui o valor do capital já estabelecido.
O Socialismo de Mercado (SM)
• A solução de Durbin
– Mercados reais - as firmas trocam em mercados reais, mas seguem
as regras de minimizar custos médios. Os preços são estabelecidos
nos mercados.
– Existência de trustes setoriais
– “Let us suppose that the Central Authority has instructed all Trusts to
compete with each other in the market for the mobile factors of
production – land, unspecialized labour and new capital”
– Método de Bowm-Bawerk:
• que as firmas calculem o produto marginal dos fatores
móveis em sua produção;
• que os recursos móveis sejam sempre movidos ao
emprego de maior produtividade.
O Socialismo de Mercado (SM)
• A crítica de Lerner
D

– Os socialistas de mercado B
procuraram erroneamente
estabelecer na prática o modelo da P

competição perfeita. A’
C

– As condições para que o modelo


seja válido não estão presentes na D’
maioria dos mercados e uma Q
alocação ótima requer apenas que
se iguale o valor ao custo marginal.
A regra do custo médio estaria
errada.
Lerner e rent-seeking...
• “The uncontrolled economy may be likened to an automobile
without a driver but in which many passengers keep reaching
over to the steering wheel to give it a twist while complicated
regulations prescribe the order and degree to which they may
turn the wheel so as to prevent them from fighting each other
about it. The controlled economy has a driver, so these
regulations are unnecessary.” Lerner (1944:4)
O Socialismo de Mercado (SM)
• A supressão da soberania do consumidor: Dobb
– Dobb também não acredita na complexidade do problema e na
necessidade de se levar em conta as preferências dos consumidores.
– Lerner critica Dobb:
• rejeição do paternalismo ditatorial
• mesmo que não se leva em conta as opiniões dos agentes, ainda
assim o problema persiste - o ditador faz o papel de ‘consumidor’,
ele tem que fazer escolhas e alocar recursos segundo sua própria
escala de valor.
A Crítica Austríaca
• Ludwig von Mises
– irrelevância da solução estática; problema real é lidar com incerteza inerente ao mundo em
mudança. Socialistas de mercado confundem atividade empresarial com atividade meramente
administrativa: a primeira é sempre especulativa.
– As equações do equilíbrio não são instruções para a ação fora do mesmo.
– importância dos mercados financeiros.
• Lionel Robbins
– argumento da computação: impossível coletar e processar as informações no modelo de
Dickinson
• Friedrich A. Hayek
– Dickinson: computação, conhecimento disperso e tácito.
– Lerner: não se conhece custos sem processo competitivo.
– Lange: equilíbrio é alvo móvel, sistema de ajuste é rígido, o espaço de
bens é complexo, ignora expectativas, assume conhecimento dado.
A Crítica Austríaca: Hayek
• Crítica à Microeconomia tradicional:
– O problema fundamental da economia não é o estudo da
melhor alocação de meios dados a fins conhecidos
– A teoria ocupa-se exclusivamente com a compatibilidade de
planos no equilíbrio estático
– A teoria supõe conhecimento perfeito, que na verdade só é
obtido por meio do atividade competitiva fora do equilíbrio,
atividade essa condenada pela teoria estática.
– A atividade das firmas é mecânica, maximizadora:
ignora o valor da diversidade.
A Crítica Austríaca: Hayek
• Para a abordagem austríaca, por outro lado:
– O problema fundamental da economia é a rápida adaptação às contínuas
mudanças nas condições específicas de tempo e local dos mercados.
– Deve ser uma teoria de processo, explicando como a ação fora do equilíbrio
leva a uma relativa compatibilidade de planos ao longo do tempo.
– Deve supor conhecimento falível e explicar como os agentes aprendem ao
longo do tempo, com o auxílio do sistema de preços.
– Enfatiza a atividade empresarial: competição é rivalidade entre opiniões
diversas sobre o estado dos mercados. Competir é
tentar soluções diferentes.
Friedrich A. von Hayek
– (1935) Collectivist Economic Planing , (1948) Individualism and
Economic Order e (1991) The Fatal Conceit: the erros of
socialism
• o problema do conhecimento: realidades e dados subjetivos, o papel
do sistema de preços;
• o significado da competição: processo e rivalidade;
• descentralização como única forma de aumentar a complexidade de
uma ordem espontânea face a limitação do
conhecimento.
Hayek: o intelectual mais distorcido da História
Do Espantalho à Realidade
FILTRO:
o contexto dos debates

GARGALO:
conhecimento das teorias
econômicas debatidas
Hayek: 4 artigos fundamentais
• Economics and Knowledge
• The Uses of Knowledge in Society
• The Meaning of Competition
• Competition as a Discovery Procedure
Teoria de Processo de Mercado
• O mercado competitivo é um processo de descoberta empresarial.
• Competição não se resume ao estado final de equilíbrio
• Regulações baseadas no modelo de competição perfeita ignoram atividade competitiva
• Informações são fruto do processo
• Logo: regras de alocação eficientes cometem falácia de petição de principio

• Atividade Empresarial
• Empresário é alerta a oportunidades até então desconhecidas
• Não se reduz à um fator de produção com valor esperado estimado
• Empresário cria oportunidades: imaginação

• Que instituições promovem ou bloqueiam atividade empresarial


...e processo de descoberta.
Equilíbrio x Processo
• Teoria neoclássica de equilíbrio:
– supõe que existe equilíbrio e estuda suas propriedades
– explicação funcional: argumento matemático
• preço de equilíbrio é cruzamento de curvas.

p s

q
• Teoria austríaca de processo:
– quer explicar a emergência da coordenação
– explicação genético-causal: argumento lógico
• Processo de formação de preços baseado na ação humana proposital.
Teoria de Processo de Mercado
Teoria Neoclássica Teoria Austríaca
•Estática: equilíbrio sempre •Dinâmica: processo de mercado
•Conhecimento perfeito •Conhecimento falível
•Risco (alternativas e probabilidades conhecidas) •Incerteza genuína (descoberta, surpresa)
•Atividade de maximização de funções •Atividade empresarial: descoberta de
conhecidas alternativas
•Competição é estado (p=CMg) •Competição é atividade rival
•Produto homogêneo, conhecimento perfeito, •Diversidade de produtos, publicidade, fidelidade
livre entrada a marcas
•Eficiência: ótimo de Pareto •Adaptação, coordenação, inovação
•Nirvana Aproach: mundo real condenado, •Comparação de instituições do mundo real: grau
diferente do modelo de competição de coordenação
Debate Interno: Mises e Hayek
• Continuismo: diferenças em termos de interlocutores
diferentes
– Boettke, Lavoie, Horwitz, Kirzner
• Ruptura: negação do problema do conhecimento
– Rothbard, Salerno, Hoppe, ...
• Diferença real:
– Lógica pura da escolha é suficiente?
– Diferenças explicáveis em termos do referencial teórico do
oponente
• Mises: dialoga com marxistas
• Hayek: dialoga com neoclássicos
Os desdobramentos modernos
• A Economia da Informação
– Grossman e Stiglitz interpretam os argumentos sobre o conteúdo informacional dos
preços em termos da teoria da informação assimétrica
– Stiglitz (Whither Socialism?) aplica a teoria para criticar o socialismo de mercado
– Incentivos - problemas de agente-principal em 3 esferas: administração-trabalhador,
planejador-administração e público-planejador
– Novas propostas:
– Bardhan: firmas associadas a bancos
– John Roemer: socialismo de mercado com bolsa de valores
• Novas críticas:
– Shleifer e Vishny: escolha pública: falhas de governo
– Kornai: restrição orçamentária tênue
Escolha Pública: Pressupostos Comportamentais
• Tullock critica a “visão bifurcada do comportamento humano”:
– No mercado, os agentes são auto-interessados;
– Na política, os agentes buscam o bem coletivo.
– O político e o eleitor são pessoas diferentes quando estão no mercado!
– Virtualmente todos os cientistas sociais adotam a visão bifurcada, inclusive os economistas: identificada
uma “falha de mercado”, a regulação corretiva supõe implicitamente falta de auto-interesse dos
reguladores.

• A escola da escolha pública desafia essa inconsistência:


– Individualismo metodológico nega a existência de objetivos do estado pelo estudo do objetivos dos
agentes públicos;
– Todos os agentes estão sujeitos aos mesmos pressupostos comportamentais;
– Pressuposto: os agentes públicos (políticos e funcionários públicos)
também são auto-interessados.
– Ao transferir o pressuposto de auto-interesse para a o setor público,
a Escola da Escolha Pública desenvolve a “Economia da Política”.
A Economia da Política
• O Problema da Informação Imperfeita
– A quantidade de informação que um comprador de um carro decide adquirir é
maior do que a de um eleitor. Logo, a assimetria de informação é mais severa
em política.
– Os eleitores são “racionalmente ignorantes”:
• as questões de política econômica são complexas, demandam muito estudo, o que é custoso.
• Porém, o impacto de um voto é negligenciável no resultado final.
• O benefício para o eleitor da adoção de cada projeto é diluído.
• Logo, é racional para o eleitor se informar pouco sobre questões políticas.
• De fato, empiricamente as pessoas (normais!) são desinteressadas
por política; só conhecem projetos que afetam diretamente seu
próprio bem estar.
– Quais são as conseqüências desse problema para a eficiência da
ação governamental?
Rent Seeking Monopólio legal:
• Definição
atividade legal ou ilegal com o propósito de obter privilégios
especiais, como obtenção de monopólio, de zoneamento especial,
restrições quantitativas, tarifas de importação, etc. (Tullock) pm CMg
• Custo da atividade de busca de renda: pc
– Antes de Tullock, havia uma tendência a reduzir o custo de
rent-seeking apenas aos triângulos de Harberler. O
retângulo era visto como mera transferência que não
reduz riqueza. D
– Mas a obtenção da renda não é gratuita. A competição
pela renda pode chegar até a área do retângulo em si. O qm qc RMg
custo do rent-seeking é igual à área azul do gráfico.
– Análise marginal mostra que o custo marginal de se
dedicar a atividade produtiva e de rent-seeking, dado um
conjunto de instituições qualquer, deve ser o mesmo
O significado do debate
• Aplicações de política
– Crítica à capacidade de moldar a sociedade segundo plano
pretensamente racional
– Crítica as políticas governamentais sob intervencionismo
– Limites ao tamanho das firmas nos mercados

• Importância teórica
– Importante na formação de uma abordagem teórica mais realista,
capaz de capturar os aspectos cruciais sobre o
funcionamento das economias: a teoria austríaca do
processo de mercado
Conclusão
The Mask of
• Por que o socialismo é popular? Sorrow,
– Instintos tribais disfuncionais + monumento em
– Racionalismo construtivista Magadan, cidade
siberiana
construída pelos
• Por que socialismo é ditatorial? prisioneiros dos
– Complexidade frustra utopia, duas campos de
alternativas: trabalho forçado
• Abandona plano central ou nas minas de
Kolima, os mais
• Impõe plano com violência
mortais da URSS.

• Por que o socialismo não funciona?


– Impossibilidade de cálculo
econômico

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